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O QUE É A REDENÇÃO

(Revelação dada a Jakob Lorber em 14 de junho de 1840)

(Diz o Senhor): “Esta é uma pergunta dirigida aos Meus filhos, uma vez que estão penetrando nas moradas do seu amor para que se lhes abra uma pequena porta. Devem contestá-la com toda a tranquilidade do seu coração, para que se reconheçam a si mesmos e ao Meu Amor, e para que, levados por este Amor, nele se incendeiem por Mim como uma chama viva. Pois só Eu posso redimir a alma mediante o renascimento do espírito (Novo Nascimento – João 3:3-7) e, através dele, a toda a Criação.

Perguntas importantes a serem formuladas: Como a lei de Moisés leva do amor ao livre arbítrio, do amor ao renascimento, e do renascimento à vida eterna?

Porque foi necessária a redenção como condição prévia para a lei de Moisés, se para o renascimento não faz falta mais que cumprir a lei por puro amor a Mim?

Portanto, que é a redenção, como afecta o homem e como este pode participar nela?

A resposta a esta pergunta será muito difícil para todo aquele que queira provar pela perspicácia da sua inteligência carnal. Porém, aquele que arde em amor e humildade por Mim encontrará resposta cabal numa pequena câmara em seu coração. Sem nenhum obstáculo, darei uma resposta exaustiva ao meu pobre e débil servo Jakob Lorber, para que de imediato possais compará-la com a vossa, examinando no vosso coração e na profundidade a que chega o vosso amor. Eu, o grande Mestre em todas as coisas. Amém!

Esta é a resposta completa à pergunta principal que havemos formulado, cuja importância se manifestará plenamente na mesma resposta. Porém, para compreendê-la bem, é necessário dar uma explicação sobre a natureza do homem nos seus aspectos natural e espiritual. Sem estes conhecimentos prévios seria inútil explicar, pois que tudo se dirige unicamente ao espírito, e isto para fazer reviver o amor na sua origem. E para estimular-vos, vos fiz esta pergunta inicial.

O homem é composto por um corpo físico que é um recipiente cujos diversos órgãos permitem que nele se vá formando uma alma viva, pois mediante a procriação não se forma senão um corpo físico. Só ao sétimo mês, quando mediante a vida vegetativa dentro do seio materno e quando todos os órgãos do feto se tenham formado, ainda que a sua forma não esteja completada, no oco epigástrico do feto se abre um glóbulo procedente do procriador, que contém a substância da alma, invisível para vós. Esta substância se transmite a todo o organismo através do sistema nervoso e, servindo-se dum fluído magnético existente em todos os nervos o transforma em substância própria, penetrando à velocidade de um raio em todos os demais órgãos, menos no miocárdio, no qual só penetra normalmente após sete dias depois, e às vezes, algo mais tarde.

Então, pouco a pouco, o coração começa a dilatar-se paulatinamente à medida que lhe vai chegando a substância anímica. Quando o coração se tenha carregado convenientemente, de maneira semelhante a um condensador eléctrico, descarrega o fluído nas artérias por um ventrículo superior. O fluído descarregado penetra nos líquidos presentes e os obriga a entrar em todos os tecidos, onde se misturam com os líquidos que há neles. Desde aí, os líquidos caminham pelas veias para voltarem ao coração que, entretanto, já recebeu uma nova carga de fluído anímico e encaminha num novo ciclo os líquidos que regressaram.

Assim começa o bater do pulso, a circulação dos líquidos, e só mais tarde, do sangue procedente destes. Graças à circulação e ao intercâmbio contínuo do sangue se vai desenvolvendo a massa do corpo, e graças à substância anímica contida nos líquidos subtis, se reforça, de maneira electromagnética, a solidez da alma.

Quando posteriormente, com a ajuda dos líquidos e do sangue do corpo da mãe destinados a este fim, o estômago se desenvolveu suficientemente para poder admitir líquidos alimentícios um pouco mais pesados, o homem se vai separando dos laços alimentares da mãe para nascer no mundo externo, dotado de cinco sentidos naturais para poder perceber o mundo físico, quer dizer, as diversas substâncias da luz, do som, do gosto, do olfacto e, finalmente, a percepção dos sentidos. Todos estes sentidos estão destinados a impulsionar a alma, a qual deseja crescer no corpo segundo as suas necessidades, o que sucede durante o tempo da sua vida. Eis aqui a totalidade do homem, quer dizer, um material e, dentro dele, um substancial (todavia mais tarde haverá um essencial).

Agora escutai! Aproximadamente três dias antes do nascimento se forma outro glóbulo extremamente subtil, na região do coração; um glóbulo de uma substância anímica mais fina e ao mesmo tempo mais sólida. Neste glóbulo se vai incorporando um espírito que, em seu tempo (tempo anterior), era maligno, porém segundo a sua essência é uma chispa do Amor divino. Não importa que o corpo seja masculino ou feminino, pois o espírito nele não tem um sexo definido, e só com o tempo adquirirá alguma tendência sexual, o que se manifestará em suas apetências.

Resulta que este espírito está, todavia, morto, tão morto como estava desde os inimagináveis tempos que passou encerrado na matéria. Porém a alma é um ente substancial imponderável e por isso indestrutível, como também os seus sentidos já totalmente desenvolvidos: As orelhas equivalendo ao raciocínio, os olhos ao entendimento, o gosto ao gozo das impressões procedentes dos sons e da luz, o olfacto à percepção do bem e do mal, e finalmente, o tacto à existência dos sentimentos em geral, à consciência de uma vida natural na alma activada pela evolução contínua das substâncias subtis nos seus órgãos correspondentes a todo o corpo. Assim como os líquidos do corpo, graças à sua circulação através do mesmo, formaram a essência da alma mediante as substâncias recebidas do mundo exterior, assim também se nutre o espírito encerrado no glóbulo: Mediante a circulação das substâncias mais subtis através dos órgãos da alma, até que o mesmo espírito amadureça o suficiente para poder romper o glóbulo e, pouco a pouco, penetrar em todos os órgãos da alma, como esta antes fez no corpo. Desta maneira o espírito chegará a formar um terceiro corpo, graças ao alimento que recebe: A forma de pensar da alma.

Isto sucede da forma seguinte: Igual ao corpo e à alma, também o espírito tem os seus órgãos, espirituais, correspondentes. O ouvido do corpo e o raciocínio da alma correspondem à sensação e à percepção do espírito; a luz e o entendimento à vontade; o gosto e o gozo das impressões procedentes dos sons da luz, à capacidade de assimilação de tudo que é terreno em suas diversas formas; o olfacto e a percepção do bem e do mal correspondem à faculdade de distinguir entre o verdadeiro e o falso, e finalmente, a existência de sentimentos em geral e à consciência de uma vida natural corresponde o amor que surge de tudo isto.

Da mesma forma que os alimentos do corpo estão determinados pelos seus sentidos, também os alimentos para a alma e para o espírito estão dependentes dos seus sentidos respectivos. Se o alimento é mau, como regra geral, finalmente tudo será mau e por isso repreensível. Porém se o alimento em geral é bom e aceitável, no final tudo será bom e aceitável. Estas são as relações naturais entre corpo, alma e espírito. Agora podemos perguntar: Qual é o alimento mau e qual é o bom?

Tudo que é mundano (materialista) é fatal, porque volta a encaminhar o espírito na direcção da noite do mundo de cuja cela mortal, a matéria, Eu o arranquei, colocando-o no coração da alma para que ali possa reviver e purificar-se de todo o sensualismo natural e mundano (material), e para que finalmente se capacite para acolher a Vida que surge de Mim. Porém se lhe é oferecido um alimento mau, de novo se torna mundano e sensual. Finalmente se tornará material de todo, pelo que permanecerá morto antes de nascer. O mesmo sucede com a alma no corpo, a qual, assim, se tornará carnal. Porém se o espírito recebe um bom alimento – a Minha vontade manifestada e a Minha intervenção através da obra da redenção, ou seja, o Meu Amor – esse há uma fé profunda e viva, então no coração do espírito se vai formando um novo glóbulo no qual se encerra uma chispa pura do Meu Amor. O que sucedeu anteriormente quando se formou a alma e a partir dela o espírito, o mesmo sucede com esta nova formação de um tabernáculo (templo/santuário). Quando este glóbulo amadurece e este santo amor rompe a estrutura delicada do seu recipiente, então – parecido ao sangue do corpo, e às finas substâncias da alma o Amor do Espírito – este santo amor se derrama em todos os órgãos do corpo espiritual. Este processo é o renascimento (Novo Nascimento).

Porém se no momento da procriação, sobretudo quando esta foi realizada por mera satisfação de instintos sensuais, o inferno coloca uma grande quantidade de glóbulos de amor satânico na região do baixo- ventre e nos órgãos sexuais, estes glóbulos de amor satânico amadurecem quase ao mesmo tempo que os do Meu Amor. E, assim como os vermes nascem ao calor do Sol natural e na Primavera, também o gerado satânico nascerá e se desenvolverá com o calor nascente do Meu Sol divino no espírito do homem.

Provêm daí as tentações, pois cada um destes seres gerados de Satanás intenta continuamente intervir na vida da alma, onde e quando possível. Se o homem não faz frente a estas bestas com vontade enérgica, armado com o Amor de Deus renascido nele, elas penetram em todos os órgãos da alma e, como pólipos, se colarão firmemente naqueles lugares onde o espírito penetra a alma, evitando assim que possa absorver a Vida do Espírito e com ela o Amor divino. Quando o espírito nota que não pode expandir-se para acolher uma nova vida procedente de Deus e na maior abundância possível, então volta a retirar-se discretamente ao seu glóbulo e, junto com ele com mais razão ainda, o Meu Amor que é Deus no homem.

Se isto ocorre, o homem se voltará novamente para o material e sensual, o que é a sua perdição porque ignora o que se passou. Pois, desde o princípio, o germe satânico seduziu os seus sentidos inadvertidamente, de maneira suave e agradável, pouco a pouco, capturando-o totalmente, sem que o homem perceba alguma coisa que tenha a ver com a vida espiritual.

Então sofrerá tribulações como não houve desde o princípio até ao presente nem haverá no futuro, e terá grandes desejos de ser libertado e o homem empenhar-se-á em refugiar-se em Deus, primeiro mediante as orações, sobretudo dirigidas ao Pai, e logo mediante o jejum e a leitura da Escritura Sagrada.

Se o homem toma o seu estado a sério e vê que está cheio de dúvidas tenebrosas, então Eu começarei a actuar externamente até vencer a morte o inferno através das Obras de Redenção, fazendo chegar a Minha Misericórdia em forma de cruz e sofrimento, segundo a Minha Sabedoria. Com isto o mundo e os seus prazeres lhe parecerão tão desagradáveis, que lhe darão asco, e empenhar-se-á em desejar a salvação desta vida de sofrimentos. Como então as artimanhas satânicas já não recebem alimento da alma pecaminoso do mundo exterior, retrocedem fracos até quase se secarem, caindo assim em um estado de inconsciência de sua existência.

Como, porém, o Amor e a Misericórdia de Jesus Cristo, actuando no plano exterior, começa a fluir tanto nos órgãos enfermo do corpo como nos da alma, iluminando-os e manifestando-se na alma mediante uma consciência que adverte dos enganos pecaminosos e satânicos, então a alma se angustia, o que se manifesta por uma opressão do coração e um sufoco do peito na região do estômago. Se a alma com esta dor, que produz um arrependimento verdadeiro, pede a Deus a Sua Graça e Misericórdia com toda a humildade e por amor ao Crucificado (Jesus Cristo), o espírito percebe e de novo começa a mover-se no glóbulo de onde se havia retirado. Ele faz que o homem volte a recordar-se da lei de Moisés, desde a primeira à última, graças ao Amor misericordioso de Deus que o insta a cumpri-los seriamente em humildade e abnegação, até ao profundo de sua alma. Se trata de idêntico processo de uma lavadeira que torce e escorre a sua roupa, uma e outra vez até que saia dela toda a sujidade com a água, de maneira que a própria água tem de sair limpa; só então colocará a roupa ao Sol.

Vede, estas são as leis de Moisés, em número de dez, que é um número divino. Estas leis assinalam que o homem, quando tenha caído em tal tribulação, antes de tudo tem que crer que Eu Sou, tendo-Me o máximo respeito, e convencendo-se que ele mesmo é o culpado de estar em tal situação. Logo, entre os sete dias, o homem deve santificar o sábado, recomendado como dia do verdadeiro descanso no Senhor, empregando este dia para aprender a concentrar-se cada vez mais profundamente, conhecendo assim os parasitas que invadiram os órgãos da sua alma, e dirigindo-se a Mim, para que Eu, da maneira que já indiquei, acabe com eles e os lance fora.

Quando um homem chegou ao ponto de humilhar-se profundamente perante a Minha Grandeza, Poder e Força, então há que “torcer e escorrer a roupa”, quer dizer, tem de cumprir os outros sete mandamentos de forma que também se humilhe profundamente perante os seus semelhantes, refreando perante eles, todas as suas baixas tendências e apetites.

Romperá ou acabará com a sua vontade própria e a submeterá inteiramente à Minha vontade, abstendo-se de todos os seus apetites, submetendo à Minha vontade até os menores desejos do seu coração. Então chegarei Eu com o Meu Amor para aquecer a morada do seu espírito como uma galinha que cobre os seus pintinhos que ainda não saíram do seu ovo. Então, graças ao Amor do calor divino, renascerá o espírito que antes já havia principiado a reanimar-se, e penetrará de novo em todas as partes da alma purificada, absorvendo ansiosamente o Amor misericordioso que desde o exterior entrou nos órgãos purificados da sua alma, fortalecendo-se assim o seu espírito … Enquanto o Amor da Minha misericórdia tenha penetrado profundamente em seu coração, onde todavia jaz o glóbulo do Amor divino primário, então, estimulado pelo Amor do Filho que já purificou a alma, este glóbulo puramente divino em que estava encerrado o santuário (ou templo) do Amor do Pai Eterno e Santo, se abre de novo. Na continuação, unindo-se intimamente com a alma, o Amor da Minha Misericórdia penetra com a claridade do Sol nascente na totalidade do espírito, e desta maneira também na alma, e através dela finalmente a carne morta para o pecado.

Isto faz com que o homem volte a nascer de novo (reviva) totalmente, e esta nova vida recuperada é a ressurreição da carne.

E quando desta maneira tudo está penetrado pelo Pai, e Filho será acolhido por Ele no Céu, quer dizer, no Coração do Pai. O Filho, por Sua vez, leva consigo o espírito do homem; o espírito do homem leva consigo a alma e esta, o corpo, que leva consigo o espírito dos nervos que já conheceis, porque o resto do corpo não é senão lixo.

A partir do momento em que o Pai com o Seu Amor se activa no homem, se faz Luz nele, pois a Sabedoria do Pai nunca está separada do seu Amor. Assim o homem se encherá também de amor, sabedoria e poder, renascido totalmente com este amor e Sabedoria. Vós podeis imaginar quanto esforço, indulgência e paciência Me custa cada vez salvar um só de entre milhares. E quantas vezes até esta vida interpreta mal os Meus esforços, os despreza, os maldiz e até mesmo os calca aos pés. Mesmo assim, nunca Deixarei de chamar-vos: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. ”

Resulta fastidioso pregar aos surdos e aos cegos, que se tenham envolvido nos tormentos deste mundo, envolvendo-se na sua matéria, na sua carne que traz a maldição do inferno pestilento cujo fedor fétido é uma autêntica fatalidade para a alma. Por isso é necessário que Eu faça vir de novo um dilúvio desde os céus, o que quer dizer amargas obras de redenção. Uma vez que o solo da alma besuntado de maldições, se tenha purificado, e os ventos da Graça tenham voltado a secar os pântanos e os lodaçais, só então existirá outra possibilidade de pregar os caminhos para a Vida que há em Mim.

Como já venho falando há muito tempo, vos convido a seguir a Minha Voz para que volteis ao rebanho das Minhas ovelhas amadas. Então como único bom Pastor, os conduzirei aos pastos da Vida e cada um de vós me dará a lã branca como a neve, da qual Prepararei um vestido que vos adornará para toda a eternidade.

Quando um agricultor que tenha uma pequena horta. Vê que as suas árvores não dão fruto senão somente folhas, pensará: que devo fazer? Se arranco as árvores do solo a minha horta se transformará num deserto, e se planto outras novas, no principio serão mais débeis que as anteriores e tampouco trarão fruto imediato. Assim, limparei cuidadosamente estas árvores de todas as pragas, para depois buscar no momento apropriado, ramos nobres de árvores boas e enxertar naqueles ramos que estejam fortes e sãos. Assim, com a ajuda do Alto, algum dia brotarão frutos doces e bons. Se o sábio agricultor fizer como havia determinado, dentro de poucos anos terá uma colheita abundante e satisfatória.

De modo que, vós como progenitores, sois como esse agricultor em cujos campos terrenos ou carnais, só se criaram germes do inferno, que causam imundície e a lascívia, como foi o caso em Sodoma e Babilónia. Por isso deveis limpar todos os arbustos de todas estas pragas com afã redobrado, o que significa que tereis de rechaçar todos os desejos e apetites que tenham proveniência do germe infernal inferior. Deveis destruir tudo isto como Vos Indiquei, podando também desde o inicio os rebentos inúteis da vontade própria que frequentemente parece ser boa, porém é um obstáculo que sempre debilita a vida do tronco. Assim fazendo, tereis uma árvore sã e forte. Quando chega o tempo de preparar os enxertos – o que corresponde à introdução da lei surgida do Meu Grande Amor dada por Moisés – podereis esperar que as vossas árvores infrutuosas, bem limpas e cuidadas, absorverão ansiosamente a Minha Vontade, depois que a sua própria lhes tenha sido retirada ao podá-las e que, graças à Minha colaboração eficaz, em breve darão abundantemente os melhores e mais belos frutos, sobre tudo se os regais copiosamente com a água da Vida para que as suas copas cresçam com rapidez muito para o alto bem junto ao Céu.

Assim se ampliará o horizonte espiritual e cada vez absorverá mais Luz e com o seu calor poderá renascer a Vida eterna em toda a criatura.

A redenção é que o Pai Santo e o Seu Amor sejam reconhecidos, esse Amor que sangrava na Cruz, redimindo o mundo e santificando-o de novo, e com o último golpe da lança no Seu Coração de Amor eterno abriu, até para os mesmos criminosos, o portal sagrado da Luz e da Vida Eterna. Tal como um obteve a visão, e a sua fé e amor se tornaram vivos, assim todos poderão obter a visão, e a sua fé poderá tornar-se viva para que os raios do Sol e da Graça possam fecundar de novo o glóbulo do Amor eterno, e para que mediante as Obras do Filho, o antigo Amor do Pai, com toda a Força e Poder do Espírito Santo de ambos, possa brotar em vós, um amor puro no vosso coração renascido.

Vos direi o que representa a Obra da Minha Redenção. Em primeiro lugar é a Obra maior do Amor eterno; porque desta maneira Eu mesmo, o Altíssimo, em toda a plenitude do Meu Amor e da Minha Divindade, me tornei homem, até mesmo um vosso Irmão, tomando sobre o Meu corpo toda a carga dos pecados do mundo, salvando assim a terra da antiga sentença emitida pela Santidade divina intocável. Em segundo lugar, é a subordinação do inferno à Força do Meu Amor, pois antigamente só estava submetido ao Poder da Divindade encolerizada. Portanto, distantes de toda a influência do Meu Amor, que é a arma mais eficaz contra o inferno, por ser justamente o amor o oposto ao que é infernal; basta tão-somente pronunciar o Meu Nome com amor e devoção, e o inferno é separado e lançado em outra dimensão do infinito. Em terceiro lugar, a Obra da Minha Redenção é também a Porta do Céu e da Vida Eterna, e ao mesmo tempo o sinal dela, pois que não só reconhece de novo a Santidade divina, como também mostra como haveis de humilhar-vos perante o mundo, se quereis que Deus vos eleve. Além disso vos ensina a suportar a cruz das zombarias e os sofrimentos de todo o género, por Amor a Mim e aos vossos irmãos, com toda a paciência, mansidão e subordinação da vossa vontade humana e também vos ensina a bendizer a vossos inimigos com o Amor divino de vosso coração.

Como o mundo não é outra coisa, senão a forma exterior do inferno e como a Terra, bendita de novo pela redenção, se voltou outra vez portadora do inferno, o mundo impera na Terra e vive em altos edifícios, no esplendor do egoísmo, no engano de si mesmo, e reinam o amor- próprio, a luxúria, a lascívia, o bem-estar, a riqueza, a avareza e a usura e, em geral, a ambição egoísta do poder. Porém para que a terra não seja novamente profanada, o Sangue do Amor eterno a santificou. E onde quer que a serpente descarregue suas imundícies – guerras ou negócios sujos, roubos ou imundícies, prostituição, negação de Deus e adultério em sentido natural e espiritual – no mesmo instante actuará o dilúvio redentor do Amor Crucificado: Surgirão homens e profetas divinos que eliminarão da terra as imundícies da serpente, retraindo-a e empurrando- a para os “armazéns” (casas palácios) dos grandes deste mundo. Os seus corações mundanos se regozijarão com semelhantes tesouros, ainda que os Meus filhos tenham que sofrer misérias durante certo tempo porque a terra se tornará estéril durante esse mesmo tempo. Mas, desde que estes Meus filhos se refugiem debaixo da Minha cruz e escutem a Minha voz que lhes falará através da boca dos Meus profetas e videntes, e ansiosamente esperem o regar da terra árida com a abundante água do poço de Jacó, a terra será santificada de novo para poder trazer os melhores frutos de toda a espécie. Esses frutos serão por sua vez a participação na grande Obra da Redenção, que foi consumada na Cruz.”

***

O GRANDE CÍRCULO DAS CRIATURAS DE DEUS

Esta revelação foi dada ao profeta Jakob Lorber em 6 de julho de 1842, respondendo o Senhor a perguntas formuladas pela esposa de um grande amigo do profeta.

Disse o Senhor: “Escreve esta mensagem que Eu vos dedico com alegria, pois Me causa felicidade responder a questões que se originam em corações puros como os vossos.

Vede, aqui um círculo, uma linha totalmente circular em volta de um ponto central. Vede, este ponto central Sou Eu, e o círculo é o poder da Minha Ordem Eterna, a qual continua a existir de Mim. Neste círculo é que estão todas as criaturas.


Este círculo, porém, está dividido em sete círculos concêntricos.

No círculo que se encontra mais próximo de Mim (o ponto central) é onde estão as pessoas da Terra, os que são Meus Filhos. No segundo círculo encontram-se os habitantes das estrelas. No terceiro círculo encontram-se os animais da Terra. No quarto círculo encontram-se os animais das estrelas. No quinto círculo encontram-se todos os vegetais dos planetas, sem distinção alguma. No sexto círculo encontram-se os planetas, luas e cometas. Finalmente no último círculo encontram-se os sóis, sem distinção de tamanho.

Vede, esta é a Minha Ordem. Do ponto central emana toda a vida e todo o ser. E tudo passa por todos os círculos, desde o mais próximo do centro até ao mais afastado. Mas em cada círculo tudo toma a forma espiritual condizente a eles. Os Meus sete Espíritos se renovam continuamente e existem sempre. Este é o motivo porque Eles se chamam – Os Sete Espíritos de Deus – que não são nada mais que as criações organizadas do ponto central e que actuam ao seu modo próprio, vindos de Mim.

Imaginai, pois, o primeiro, o mais interno. Nele se encontra a mulher – com a cabeça voltada para o ponto central – e o homem – cuja cabeça ultrapassa o círculo – situado no lado oposto da mulher. Surge então a pergunta: Qual a razão disto? Vede, a Ordem Original, que começa no ponto central, passa por todos os círculos até chegar ao sétimo, onde ricocheteia e volta ao ponto central.

Como é que acontece o tal retorno de toda a vida? O ser humano é absorvedor desta vida que está voltando para si, devido à sua posição e à sua consistência. No momento em que estiver se carregando com substância de vida, ele permite que ela flua para a sua réplica, no lado oposto. Aqui a vida é alimentada e é renascida para uma perfeição maior. Quando tiver alcançado esta perfeição, então ela retorna ao ponto central como uma vida livre e auto consciente. Esta perfeição, porém, é novamente expelida em direcção aos círculos de fogo dos sóis, para que novamente se fortifique ao passar pelos círculos por Mim criados.

Se, porém, observastes este posicionamento verdadeiro, dizei-Me quem está mais próximo a Mim, o homem ou a mulher? A vossa resposta com certeza é: A mulher, pois está posicionada dentro do círculo mais central. Mas agora traçai uma linha desde o núcleo até ao círculo dos sóis. O que significa esta linha? Vede, esta linha significa a Minha paciência.

Já que a mulher se encontra dentro do primeiro círculo e consequentemente Me está mais próxima do que o homem, que projecta a sua cabeça para fora do mesmo, qual é a conclusão natural? Que a Minha linha da Paciência, que toca a mulher antes do homem, é bem mais curta na mesma, pois, emanando a mulher, só após tocá-la é que atingirá o homem.

Já que isto está assim estabelecido na Minha Ordem por eternidades, que tipo de regras serão as da mulher? Ouve bem, a mulher deve ser muito mais dócil do que o homem; se não for assim, Eu chegarei com o Meu castigo justo muito antes para ela, do que para o homem (quero dizer que, se a mulher não for dócil, será castigada com muito mais rigor que o homem).

Mas como uma mulher consciente e dócil pode ser a raiz de toda a vida – feito Maria – uma mulher não dócil e descrente pode ser a base de toda a desgraça e destruição. Esta é a razão por que a Minha Linha de Paciência para a mulher é bem mais curta que a do homem.

Observa isto muito bem, tu, Minha amada mulher. Tu e tuas filhas assim estareis sempre sadias e vivas espiritualmente, pela eternidade. Amém! ”

***

O FOGO DE NOSSOS CORAÇÕES

(Recebido por Jakob Lorber)

Você pergunta: Como tiraremos o fogo de nossos corações para que possamos usá-lo para acender esta lenha? Ó irmão e amigo! Que pergunta a sua!

Um único pensamento sobre Jesus não é suficiente para fazer seu coração arder de alegria por ele? Ó irmão e amigo! Se você pudesse compreender o que significa este nome de todos os nomes, o que é e que efeito tem, você teria imediatamente que passar para um amor tão poderoso por Jesus, cujo fogo seria suficiente para inflamar um exército inteiro de sóis. E eles gostariam, portanto, de brilhar mil vezes mais do que atualmente em suas infinitamente vastas áreas espaciais.

Eu te digo: Jesus é algo tão grande, que quando este nome é pronunciado, todo o infinito estremece de demasiada admiração.

Se você diz “Deus”, então você também chama o ser mais elevado; mas você o chama em seu infinito, porque Ele preenche o universo infinito e trabalha com Seu poder infinito de eternidade em eternidade.

Mas no nome “Jesus” você designa o centro perfeito, poderoso e essencial de Deus; para ser mais claro, Jesus é o Deus verdadeiro e mais autêntico, essencial como ser humano, de quem toda divindade, que preenche o infinito, emerge como o espírito de Seu infinito poder, poder e forma, como os raios do sol. Jesus é, portanto, o epítome da plenitude completa da divindade. Em Jesus a divindade habita na Sua plenitude mais infinita e num ser verdadeiramente físico. É por isso que todo o infinito divino é sempre estimulado quando este nome infinitamente santíssimo é pronunciado!

Ao mesmo tempo, esta é também a graça infinita do Senhor, que Ele se tenha permitido aceitar o humano limitado. Mas por que Ele fez isso? Ouça, agora quero revelar um segredinho para você!

Antes do advento do Senhor, nenhum ser humano jamais poderia falar com a verdadeira essência de Deus. Ninguém jamais poderia vê-Lo sem perder completamente a vida, como disse Moisés: “Ninguém pode ver a Deus e viver ao mesmo tempo!”

Na igreja primitiva, assim como na igreja de Melquisedeque, o Senhor fez tal qual Abraão confessou, provavelmente se mostrou com mais frequência e falou com seus santos, Ele mesmo ensinou seus filhos. Mas aquele Senhor pessoal não era realmente o próprio Senhor, mas sempre foi apenas um espírito angélico cheio do Espírito de Deus para este propósito. De tal espírito angélico, o espírito do Senhor então falou como se o próprio Senhor estivesse falando diretamente. Mas em tal espírito angélico a mais perfeita plenitude do Espírito de Deus nunca esteve presente, apenas na medida em que era necessária para o propósito em questão.

Pode acreditar: Durante esse tempo, nem mesmo os mais puros espíritos angélicos poderiam ver a divindade de maneira diferente de como você vê o sol no firmamento. E nenhum dos espíritos angélicos jamais ousaria imaginar a divindade sob qualquer imagem, já que o povo israelita foi estritamente ordenado a jamais ousar isso, mesmo durante o tempo de Moisés; ou seja, que eles não deveriam criar uma imagem esculpida de Deus e, portanto, não ter qualquer representação pictórica Dele.

Mas agora ouça: Este ser infinito, Deus mesmo, uma vez Se agradou − num momento em que as pessoas menos pensavam nisso − em se unir aos homens com toda a Sua infinita plenitude e nesta união aceitar a natureza humana!

Agora pense consigo mesmo: Deus vem ao mundo como Jesus, cheio do mais infinito Amor e Sabedoria! Ele, o Infinito, o Eterno, de cujo sopro as eternidades se espalham como palha solta, caminhou e ensinou Suas criaturas, Seus filhos, não como um pai, mas como um irmão!

Mas tudo isso ainda seria muito pouco. Ele, o Todo-Poderoso, permitiu-Se até ser perseguido, capturado e morto fisicamente por suas criaturas inúteis!

Diga-me: Você poderia imaginar um amor infinitamente maior, uma condescendência maior do que aquela que você conhece em Jesus?!

Por este ato incompreensível, Ele mudou todas as coisas no Céu. Mesmo que Ele viva em Seu sol de graça, do qual a luz flui inesgotável para todos os céus, Ele ainda é completamente o mesmo Jesus físico que caminhou na Terra em toda a Sua plenitude divina como um verdadeiro pai e irmão, como um ser humano perfeito entre Seus próprios filhos presentes. Ele dá a todos os Seus filhos toda a Sua Graça, Amor e Poder e os orienta pessoal e essencialmente para trabalharem infinita e poderosamente em Sua ordem!

Anteriormente, havia uma lacuna infinita entre Deus e os homens criados, mas em Jesus essa lacuna foi quase completamente eliminada; pois Ele mesmo, como vocês sabem, nos mostrou isso visivelmente;

− em primeiro lugar através de sua descendência humana;

− em segundo lugar, chamando-nos de irmãos não uma vez, mas em várias ocasiões;

− em terceiro lugar, comendo e bebendo conosco e levando conosco todas as nossas queixas;

− em quarto lugar, que Ele, como o Senhor do infinito, até obedeceu ao poder mundano;

− em quinto lugar, que Ele até se permitiu ser capturado pelo poder mundano:

− em sexto lugar, que Ele até se permitiu ser influenciado por poderosas intrigas mundanas que fizeram Ele ser pregado na cruz e morto;

− finalmente, em sétimo lugar, que através de sua Onipotência Ele próprio rasgou a cortina do templo que separava o Santo dos Santos do povo!

Portanto Ele é o único caminho, a vida, a luz e a verdade. Ele é a porta pela qual podemos chegar a Deus; ou seja, através desta porta atravessaremos o abismo infinito entre Deus e encontraremos Jesus, o eterno, infinito irmão santo!

Agora podemos certamente amá-lo mais do que tudo, pois a lacuna foi eliminada!

Como eu disse no início, um único pensamento deveria certamente ser suficiente para despertarmos o nosso amor por Jesus; apenas dizer o Seu nome em nossos corações deveria ser eterno o suficiente para ardermos com todo o amor por Ele! Portanto, pronunciem este nome dignamente em seus corações e verão por si mesmos em que plenitude o fogo do amor explodirá de seus corações para acender a lenha da vida, através da qual os gentios devem curar no novo altar sacrificial.

Ainda existem muitos gentios em nosso tempo, como aqueles que meu irmão Paulo uma vez converteu; sim, existem pagãos que se autodenominam “cristãos”, mas são piores em seus corações do que aqueles que antes adoravam Moloch e Baal.

E quando a lenha deste altar queimar, vocês verão pela primeira vez muitas coisas extraídas de vocês mesmos que vocês ainda não viram; pois eu vos digo que no mundo dos espíritos existem profundezas insondáveis. Nenhuma mente criada poderia medi-las. Mas estamos no Espírito do Senhor, e Seu Espírito vive, governa e trabalha em nós. Neste Espírito, nenhuma profundidade é insondável para nós; pois ninguém pode saber o que há no espírito,

senão somente o Espírito Divino. Portanto, ninguém pode saber o que há em Deus, exceto o Espírito de Deus.

Jesus − o Deus unificado em toda a Sua plenitude − nos encheu com o Seu Espírito. E com este Seu

Espírito em nós também podemos penetrar nas Suas profundezas divinas.

Então agora pense no nome de todos os nomes, no mais Santo de toda a santidade, no Amor de todo amor, no Fogo do fogo, e a lenha do altar há de se queimar!

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