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Cenas da Morte
Informações úteis sobre a passagem de diferentes personalidades
Prefácio
Recebido por Jacob Lorber, em 27 de julho de 1847
O irmão deseja saber como acontece a passagem do mundo material ao espiritual, que costumais chamar de Além. Esta passagem é muito fácil e sua descrição é muito natural. Vede, que diferença faz à água, se nela cair um poderoso ou um pobre? Ambos se afogam da mesma maneira. Que diferença faz ao fogo? Ele destrói um rei da mesma maneira que o mendigo. Se um rei ou ministro e um mendigo caíssem de uma torre ao mesmo tempo, ambos encontrariam a morte pela queda. Que diferença faz o túmulo grande ou pequeno, rico ou pobre, bonito ou feio, velho ou jovem? Nenhuma! Tudo apodrece, se torna alimento dos vermes, depois vira pó e se reintegra ao solo. O mesmo que acontece ao corpo morto no reino dos chamados elementos naturais, acontece com as almas no reino dos espíritos. Se ela foi um rei ou um mendigo, no reino espiritual não importa. Lá não existe nenhuma exceção para ninguém. E que não se tenha qualquer ilusão... O poderoso não deve ficar ofuscado pelo seu poder de outrora, o mendigo não deve se sentir injustiçado pelo tanto que sofreu na Terra, e o religioso que não espere qualquer pagamento, ao alegar: “Pelo tanto que me sacrifiquei pela religião...”. Mas como já varias vezes foi dito, no Além nada tem valor, que não seja o puro amor.
Todo o resto é o mesmo que pedras jogadas na lama mal cheirosa do mar. Elas permanecem lá sendo o que eles são. Mas o pedregulho tem muito mais chance de se desmanchar para uma nova vida do que o diamante. Eis a diferença de seus destinos.
Assim também acontece com a nobreza e os poderosos da atualidade (isto se não for uma nobreza puramente hereditária, mas sim aquela em que o coração se sente nobre e superior, tal como acontece com a “humildade” mundana). Estes todos ficarão por longo tempo vivendo na lama mal cheirosa do mar, pensando serem o que eram no mundo material: rei, mendigo, religioso, falso-humilde; pois todos acham que “merecem” o reino do Céu. Mas jamais alguém merece nada. Não adianta chegar lá dizendo “eu mereço” o reino dos céus por estas ou aquelas razões. Todos compartilharão a mesma sorte, mas o mendigo terá mais chances devido ao seu físico mais fraco e as chagas que nele se formaram. Isto poderá elevá-lo acima da lama e levá-lo a um patamar mais elevado, até encontrar a eterna luz.
Com este exemplo, que é uma lei eterna, podereis entender a passagem de cada pessoa. Por isto amai sempre e assim tereis um destino melhor. Amém. Amém. Amém.
Primeiro exemplo
Passagem de um homem extremamente famoso
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de julho de 1847
Vamos nos aproximar do leito de um homem poderoso e extremamente famoso no mundo, que se encontra a poucas horas de sua passagem para a eternidade. Observemos seu comportamento aqui neste mundo e sua entrada no lado de lá, como estes dois mundos se encontram e se unem num instante. Logo vereis que a lei que vos foi apresentada no prólogo é verdadeira e acontece neste caso como em todos os outros.
Vede, os atos e os pensamentos deste homem eram tão famosos e universalmente conhecidos, que todos os olhares da Terra se concentravam nele e suas ações eram mundialmente discutidas, uns pró outros contra. Escreveu-se tanto sobre o mesmo, que o papel gasto daria para cobrir toda a Europa. E agora eis o grande homem, o filantropo, prostrado no leito, desesperado e cheio de medo da hora final que inexoravelmente se aproxima, da qual não há a mínima esperança de se escapar.
Apesar de ser religioso, ele no fundo de seu coração é ateu. Na sua confusão mental, ele vê aproximar-se a eterna destruição, o eterno “nada mais”, a destruição do universo que aqui criou para si. Cheio de dor e desprezo, lá se encontra nosso “todo-poderoso”. Foi por isto que no seu testamento exigiu seu embalsamento, pois não quer apodrecer e teme acordar no túmulo. Seu coração bem como suas entranhas devem ser depositados em local onde nenhuma pessoa vá. Mas entre tantos pensamentos destrutivos, aparece, muito de vez em quando, o catolicismo em que foi criado. E surge com todos os infernos ameaçadores, sobre os quais ele, quando homem adulto, ria e debochava em segredo, enquanto achava que ainda teria mais de cem anos de vida. Mas estas ameaças voltavam constantemente, como fúrias desgovernadas, e atormentavam este nosso homem poderoso. Bem sabia que tinha muita culpa na consciência, e nem a comunhão, os óleos ou as rezas ininterruptas conseguiram afastar. Nem mesmo as missas e o constante badalar dos sinos das igrejas adiantavam, e sua alma via as chamas do poço elevarem-se cada vez mais.
Toda sua “hombridade” desaparece, toda sua filosofia de vida já era, e seu coração aos pedaços afunda lentamente no breu da noite da morte. Sua alma, imersa num enorme pavor, procura uma última luzinha de esperança nos recônditos de seu coração já morto, este coração que no mundo era tão valente...; mas agora nele tudo está vazio, e em lugar de consolo somente encontra as chamas do inferno e a eterna destruição, com todas as suas horripilantes ameaças.
É assim que se apresenta a situação, mas vamos dar uma olhada no além!
Vede, lá estão três anjos encapuzados, parados junto a um leito exatamente igual ao de nosso homem moribundo. Eles o olham fixamente.
Agora o anjo A diz ao B: - Irmão, acho que para ele o mundo terreno está no fim! Neste espinhal não há nenhuma esperança de crescer frutas e flores. Vê como sua alma se contorce e não encontra nenhuma saída, vê como o espírito que se encontra nela está triste e preocupado!
Com tuas mãos, penetra nas estarrecidas entranhas e arranca a alma de sua noite. Então eu a bafejarei em nome do Senhor e desperta-la-ei para este mundo. Toma a alma em tuas mãos e leva-a ao caminho pelo Senhor destinado, considerando a “liberdade de seu amor”. Que assim seja!
O anjo B segura as entranhas do moribundo em suas mãos e diz: - Irmão, em nome do Senhor, desperta e te torna livre, de acordo com teu amor. Que assim seja!
Agora do lado de cá o corpo mortal cai na poeira, mas do lado de lá uma alma totalmente cega se eleva.
O anjo A chega junto dela e diz: - Irmão, porque estás cego?
E o recém-desperto responde: - Eu estou cego! Fazei-me ver, se puderes, para que eu descubra o que aconteceu comigo, pois todas as dores desapareceram de repente!
Então o anjo A bafeja os olhos do desperto, que os abre e olha com surpresa a sua volta. Não vê ninguém além do anjo B, a quem pergunta: - Quem és tu, e onde estou? O que aconteceu comigo?
O anjo: – Eu sou o mensageiro de Deus - o Senhor Jesus Cristo - e me determinaram te guiar, se assim desejares, pelo caminho de Deus! Tu, porém, estás eternamente morto para o mundo material. Não tens mais teu corpo mundano e te encontras aqui, no mundo dos espíritos.
Aqui podes seguir por dois caminhos: o caminho que leva ao Senhor, no paraíso, ou o caminho do poder, para o inferno! Depende somente de ti como desejas andar, pois aqui és totalmente livre e podes fazer o que queres.
Se queres que eu te guie, se queres me seguir, será para teu beneficio; mas se queres tu mesmo te determinar, és livre para fazê-lo. Mas ouve: Aqui só há um Deus, um Senhor e um Juiz, e este é Jesus, o que foi crucificado pelo mundo. Deves dirigir-te somente a Ele e assim chegarás à luz e à vida verdadeira; tudo além será engano, ilusão de tua fantasia, na qual estás a viver agora e de onde ouves tudo isto.
A isto diz o desperto: - Bem, isto é uma lição bem nova e é contrária aos ensinamentos de Roma! Não passa de heresia! E tu, que te aproveitas da minha solidão para forçar-me a crer nisto, mais pareces um enviado do Inferno do que do Céu1 Portanto afasta-te de mim e não me tentes mais!
E o anjo diz: - Bem, tua liberdade me libera de qualquer preocupação para contigo, em nome do Senhor! Pois que se faca tua luz! Que assim seja!
O anjo B desaparece, e o desperto entra em sua esfera natural. Acha-se entre seus conhecidos do mundo e não se lembra mais do que lhe tinha acontecido. Ele vive numa situação de sonho (do sono espiritual) e continua a fazer tudo o que fazia no mundo. Não se preocupa quase nada sobre o Céu, o Inferno e muito menos Comigo, o Senhor, pois tudo isto para ele são três assuntos ridículos, qual ilusão de pesadelo, e todo aquele que o alerta sobre isto é imediatamente afastado de seu convívio. Deste exemplo vos será fácil adivinhar em que águas esta nossa celebridade caiu; quero dizer, como qualquer um, caiu em suas próximas “águas da vida”.
Os próximos exemplos seguintes vos aclararão ainda mais.
Segundo exemplo
A despedida daqui e a chegada de um cientista ao Além
Recebido por Jacob Lorber, em 02 de agosto de 1847
Cheguemos junto ao leito do enfermo, um cientista que está nos últimos momentos de sua vida terrena, e observemos este segundo homem famoso, como ele se sente nos últimos momentos aqui e como ele desperta do outro lado, sempre de acordo com a orientação de seu amor.
O homem a quem agora observamos era no mundo um filósofo, como também um exímio astrônomo. Este homem, com mais de quarenta anos, no seu afã de observar suas amadas estrelas numa noite gelada de inverno, foi encontrado quase que congelado junto ao telescópio, de onde foi levado a sua residência e imediatamente submetido ao tratamento necessário, que o recompôs de modo a lhe perbvmitir ditar a um amigo suas últimas vontades:
- Em nome da divindade inescrutável...! Se não é possível saber por quanto tempo um homem ainda permanece nesta vida horrorosa e já que se sabe o que a substituirá, então eis a minha vontade: Vós, meus queridos amigos, por favor embalsamem meu cadáver (se eu morrer), para que meu corpo seja protegido do apodrecimento. Logo após coloquem-no num caixão de cobre, selado, e deixem-no no sepulcro onde já se encontram vários de meus colegas e que de certa maneira me aguardam. As entranhas que decompõem em primeiro lugar coloquem num tubo de vidro com álcool e deixem no meu museu, num lugar que todos possam ver, para que eu continue a viver em suas memórias, já que não existe nenhuma continuidade além desta.
Em relação a minha fortuna, vós, meus amigos, sabeis que um cientista possui somente o que lhe é necessário para sobreviver, e isto é o que acontece comigo. Eu jamais possuí dinheiro e assim não posso deixar nada de herança. Após minha passagem, fazei o que vos pedi e mais ainda: publicai todos os meus ensaios e experiências.
Aos meus três filhos ainda vivos, todos numa boa situação financeira, notificai o ocorrido após minha partida. O mais velho, meu preferido, que seguiu os meus passos científicos, será o herdeiro de meus livros e escritos. Deverá editar e publicar meus escritos ainda não publicados.
Com isto considero acabado meu testamento e fechado este meu lindo mundo de estrelas, no qual não mais poderei ver nem mais poderei calcular.
Ah, como o humano é um ser miserável, cheio de idéias sublimes, cheio de esperanças extraterrestres, enquanto ainda está cheio de saúde neste mundo. Mas à beira do túmulo tudo isto desaparece, feito os sonhos e castelos de ar de uma criança. No seu lugar aparece uma triste verdade: a morte, como o último momento de nossas vidas, e com ela a destruição sem limites.
Amigos, é um pensamento aterrorizante para mim, que me encontro à beira do túmulo. Meu interior grita: “Tu vais morrer, tu vais morrer! Agora só restam poucos minutos, e sobre teu ser se estende a escuridão da eterna noite e da destruição!” Amigos, esta voz é aterrorizante para aquele que se encontra à beira do túmulo, com um dos olhos ainda observando as lindas estrelas e com o outro a eterna noite morta, onde nada acontece, onde nada jaz, nenhuma consciência, nenhuma memória.
Para onde será levada esta poeira em mil anos? Que tufão a arrancará do túmulo, que onda do mar ou que outro túmulo a engolirá?
Amigos, dai-me uma bebida, pois estou com muita sede. Daí um consolo a este meu medo tão forte, aliviai de meu peito este meu pavor. Dai-me o melhor vinho, muito vinho, para que eu consiga me embebedar mais uma vez e assim aguarde melhor a terrível morte.
Tu, morte horrível, tu és a maior desgraça para a poderosa raça humana, esta raça que tantas invenções e descobertas honrosas consegue fazer. Este espírito tem que morrer agora, e a grande desgraça, a eterna destruição, é o seu prêmio!
Que destino! Divindade, vós conseguistes estás lindas e eternas estrelas..., porque não um humano que não morresse? Em verdade, numa casa de loucos poderia ter sido criado algo melhor que isto aqui, esta criação mortal, criada por uma divindade extremamente sábia!
A esta altura os amigos o aconselharam a descansar. Isto lhe seria útil a sua recuperação, pois não poderia ser que este resfriado, por certo bem forte, o levasse à morte; porém sim, estes seus pensamentos tão exaltados sim, estes o poderiam levar a morte. Mas estes conselhos de pouco valeram, e em curto espaço de tempo nosso astrônomo continuou: - Fora, fora com vossa ajuda, fora com esta vida maldita e terrível. Se o homem não pode viver eternamente, então a vida é o maior dos logros e das mentiras, e a morte e o “não-ser” são a verdade. Um sábio deveria se envergonhar com uma vida que só dura de hoje até amanhã. Por isto eu não quero mais viver! Eu tenho mil vezes mais nojo desta vida miserável, do que desta morte, por mais nojenta que seja! Maldita seja esta vida, esta vida de inseto! Eterna maldição à divindade, força primária, ou qual outro espírito de cloaca que seja, que não pôde ou não quis dar uma vida digna à humanidade, uma vida que fosse tão longa como a das estrelas bonitas do firmamento!
Por isto, fora com esta vida! Fora com esta adoração à divindade. Se ela não consegue dar aos humanos uma vida digna e boa, então que se dane, que fique com esta vida para si mesma. Adeus, meus queridos amigos, eu morro, eu quero morrer sim, eu tenho que morrer, pois de agora em diante não conseguiria agüentar mais esta vergonha de vida”.
Novamente os amigos e médicos o aconselham a ficar quieto, para economizar suas forças. Administram-lhe medicamentos, fazem compressas e massagens, mas ele nada aceita. Fica cada vez mais agitado e logo começa a agonizar. Com o passar do tempo este estertor pára, mas em seu lugar se apresenta um delírio bem ativo, onde o doente, com uma voz aguda de idoso, vê-se a gritar: “Onde estais vós, estrelas tão lindas que eu tanto amei? Por acaso tendes vergonha de mim, pois ocultais vossa linda face de meus olhos? Por favor não tenhais vergonha de mim! Também passareis pela mesma situação que estou passando agora! Mas não vos zangueis com o Criador, como eu me zanguei! Vede, tenho certeza que Ele estava com a maior boa vontade, mas possui muito pouca sabedoria e forca, por isto todas as suas obras são tão débeis e limitadas. Ele certamente teria feito muito melhor, se não tivesse criado nada, pois com o que Ele fez - para nós, seres sábios - Ele só passou vergonha, pois uma obra imperfeita não nos permite acreditar num Criador perfeito. Bem, não vamos mais nos zangar com este pobre coitado, pois no fim dos tempos Ele terá muito a fazer, para sobreviver com estas suas obras tão desastrosas e tão finitas. Pobre Criador... Só agora me dou conta que Tu és um ser mui bom e que terias a maior alegria em constatar que Tua criação tinha resultado em algo melhor... Mas “ultra posse nemo tenetur” (ninguém pode além do que possui). É um tolo quem acha que pode fazer algo melhor do que ele próprio é. Tu, porém, não ultrapassaste Teu poder, e por isto não és um tolo. Oh, Tu, querido e pobre homem Jesus, deste ao mundo os melhores ensinamentos em moral e amor, mas os destes a quem não merecia, uma corja, cambada de vigaristas e canalhas!
Tu também confiaste demais no poder de teu suposto Pai-Deus, Aquele que Te abandonou - talvez devido a Sua fraqueza evidente - no momento em que mais precisavas de Seu poder e ajuda para enfrentar teus inimigos. Quando estavas na cruz, certamente era tarde demais para exclamares: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?”. Vê, Teu Deus teve que Te abandonar, pois Sua força e Seu poder há muito o tinham abandonado. Ele fez o que podia... Teria, com prazer, feito muito mais; mas vê, aqui novamente podemos aplicar o ditado: “Ultra posse nemo tenetur.”.
Mas que coisa engraçada... Acabo de morrer, mas continuo vivo como um perfeito tolo! O mais engraçado de tudo é que tenho a impressão que é totalmente impossível morrer. Mas onde está a Terra e meus queridos amigos? Eu não vejo nada, nem ouço nada. Estou só e só consigo ouvir a mim mesmo, mas eu estou completamente consciente. Pareço estar no ventre materno. É extraordinário! Será que a Divindade vai me mostrar que Ela é capaz de muito mais do que eu esperava Dela ultimamente? Ou será que meu corpo ainda vive os últimos instantes de destruição e esta minha vida é um reflexo, como acontece com aqueles sóis que ainda nos mandam sua luz após terem sido apagados por trilhões de anos? É esta a vida que eu tenho agora?
Mas estou completamente consciente que possuo tal vida ilusória (matematicamente eterna, pois o raio de luz não encontrará nenhum limite e não baterá em nenhuma fronteira, por isto jamais terá fim), sim mil vezes mais consciente do que na minha vida anterior, embora eu nada veja nem ouça, a não ser a mim mesmo. Atenção, fique bem quieto! Eu tenho a impressão de ouvir um suave murmúrio. Também estou quase caindo num sono doce e reparador, no entanto não é um adormecer; não, não é somente um sono do qual eu devo acordar! Bem, quieto agora! Eu escuto vozes que vêm de longe, vozes conhecidas; sim, vozes bem conhecidas e que chegam cada vez mais perto!”
Agora nosso astrônomo calou-se definitivamente e nem mais move os lábios. Os médicos e amigos acham que ele agora faleceu, mesmo porque mais da metade do que ele falou acima não passou, para eles, de um ruído desarticulado e sem nexo, emitido por um organismo já começando a ficar rígido.
Os médicos ainda fazem esforços sobre-humanos para ressuscitá-lo, mas sem nenhum resultado. Então deixaram o astrônomo descansando na sua profunda letargia e aguardaram pacientemente que a natureza seguisse seu caminho. Eles se retiraram, e nós vamos acompanhar nosso astrônomo para o Além, para vermos o que ele lá vai aprontar e para onde irá.
Ele de fato ainda está como estava no mundo, em seu leito e junto aos mesmos três anjos que já conheceis. E atrás dos três mensageiros está mais alguém. Vede, ele ainda fala ele diz: “ Puxa, agora não ouço mais nada de novo. Que tipo de ilusão acústica foi esta? Tudo agora está num silêncio absoluto! Eu ainda existo, ou já acabou tudo? Nada acabou, pois eu ainda me sinto, estou bem consciente, penso, lembro-me de tudo muito bem de tudo que aprontei...; só noite agora, noite, infeliz noite esta que não quer se afastar. Só para me divertir, vou começar a chamar. Vou gritar bem alto, talvez alguém me ouça só por brincadeira. Alô!? Alô! Ninguém aqui para me ajudar a sair desta noite? Socorro, se existe alguém que me escute ou possa me ajudar !”
Agora o mensageiro A fala para o B: - Irmão, eleva-o de seu túmulo . O anjo B se inclina sobre o astrônomo e diz: - Que aconteça contigo o que o Senhor de toda a eternidade, de toda a vida e de todos os seres sempre quer. Eleva-te de teu túmulo material, de teu corpo material; tu, irmão mundano.
Imediatamente o astrônomo se levanta e seu corpo cai como uma pedra. Daí ele exclama: - Irmão, já que me retiraste do túmulo, por favor, me retira desta noite.
Fala o anjo C: - Como é da vontade eterna do Senhor que todas Suas criaturas, especialmente Seus filhos, tenham e caminhem na luz, abre, pois, teus olhos imortais e vê o que te é de agrado. Que assim seja.
O nosso astrônomo abre seus olhos pela primeira vez no mundo espiritual e se alegra muito, pois acha que está vendo pessoas e que está em solo firme. Ele então pergunta: – Querido amigo, quem sois vós e quem sou eu? Pois isto aqui é bem esquisito e bem estranho, além do que eu me sinto bem leve e tão extraordinariamente saudável... Não consigo entender como cheguei aqui e como a força de vossas palavras me fez voltar a ver, pois, em verdade, eu estava mais cego que uma toupeira.
O anjo A diz: - Tu morrestes para o mundo e para teu corpo material. E nascestes para o espírito, para a vida, pois aqui é a verdade, aqui é o real mundo espiritual e da vida. Nós três, porém, somos anjos do Senhor, que nos enviou para junto de ti, para te despertar e te guiar pelo verdadeiro caminho que leva ao Senhor, teu e nosso Deus, para junto de teu Pai santo, muito santo; Aquele que tu, nos teus últimos momentos na Terra, chamaste de “divindade fraca”. Mas ele tudo perdoou, porque estavas cego e fraco. Bem, agora que tudo sabes, atua de acordo e serás feliz eternamente, tal como nós o somos.
Diz o Astrônomo – Irmãos, amigos de Deus! Guiai-me para onde desejardes. Eu vos seguirei, mas se eu for digno de chamar a divindade, por favor, fortificai-me com todo vosso poder. Pois eu me sinto miserável demais e sem valor algum para conseguir agüentar esta visão maravilhosa. Mas lá está alguém que nos olha com tanta simpatia. Quem é ele tão maravilhoso? Com certeza um mensageiro do Céu!
A então diz: - Sim, um mensageiro do céu! Vai para junto Dele, pois dali o caminho é curto. Ele tudo te revelará.
O astrônomo se dirige para lá e o tal Alguém vai ao seu encontro, dizendo: – Irmão, não Me conheces?
- Como poderia conhecer-Te? Eu Te vejo pela primeira vez. Quem és Tu, maravilhoso e querido irmão?
O homem simpático diz: – Vê as Minhas chagas. Vê, Eu sou o fraco Jesus e venho ao teu encontro, para ajudar-te com Minha fraqueza na tua fraqueza! Se Eu viesse com Meu poder, tu não viverias. Vê, cada vida que se inicia é como uma plantinha que não se desenvolve sem o ar, mas o vendaval mata esta plantinha. Foi por isto que Eu Me aproximei de ti como uma brisa suave, para te vivificar, não como um vendaval a te destruir. Ama-Me como Eu te amo, na eternidade, então terás a verdadeira e eterna vida .
– Meu bem amado Jesus! És tu, Aquele que deu tantos ensinamentos maravilhosos para os habitantes da Terra, os que Te crucificaram em paga? Mostra-me o caminho certo, o que leva a Deus e nos ensinaste. Eu prometo que não Te crucificarei. Mas, se Te for possível, permite que eu olhe toda a Criação com toda sua clareza,Criação que me atraiu durante toda a vida.
- Que aconteça de acordo com teu amor. Destes três anjos escolhe um para te guiar, para te auxilia ar, no fim de tua viajem, reconhecer que o tal de Jesus de fato é Aquele que conheces como homem que foi crucificado!
Novamente vede como este astrônomo procura sua água, para poder nela nadar até Mim, sem se dar conta que Eu já estava junto Dele e ele estava Comigo.
Cuidai de evitar as águas científicas excessivas dos astrônomos e geólogos, pois elas não tendem em Minha direção, mas na direção da profissão. Este foi um exemplo bem longo, mas necessário. Mais outros virão. Amém.
Terceiro exemplo
A última hora de um rico e sua chegada no Além
Recebido por Jacob Lorber, em 03 de agosto de 1847
Novamente estamos no leito de morte de um homem, que era muito rico, que administrava sua fortuna corretamente, que educou seu filho relativamente bem e que sempre se lembrava dos pobres, especialmente para usufruir os favores das irmãszinhas que por alguma moeda se prestaram a todo tipo de diversão. Mas, no entanto, ele dava grande importância às escrituras sagradas e as lia com freqüência, com toda seriedade, acreditando com todas as suas forcas que Jesus era de fato Jeová. Pois ele aprendeu isto nos livros de Schwedenborg, os quais tinha lido quase todos.
Esta sua leitura o tornava bem exaltado, quando alguém se referia a Jesus com desprezo ou com indiferença. E se algum destes anticristos estivessem na sua presença, logo tinha que se retirar, para assim evitar conseqüências bem desagradáveis. Em poucas palavras, nosso homem era um verdadeiro herói em cristandade. Este homem adoeceu já idoso, mas esta doença aconteceu após uma festa regada a vinhos e boa comida. Ele, talvez pelo excesso de vinho, logo a seguir foi ter relações sexuais com uma irmãzinha bem jovem.
Ao chegar em casa, ele se sentiu um pouco tonto, mas achou que era uma “ressaquinha”. Estava errado! Ao tentar entrar na cama, seus pés cederam. Ele caiu no chão e morreu imediatamente.
Que os seus tudo fizeram para reviver o seu pai e dono de casa é de se entender, mas tudo foi em vão, pois o que entrou no mundo espiritual buscado pelos espíritos dos anjos não mais acorda neste mundo.
Então quase nada há mais de ver ou ouvir deste homem do lado de cá. Vamos logo ao mundo espiritual, observar como nosso homem lá se comporta, o que ele faz e para onde se dirige.
Mas deveis entender que pessoas que morrem de forma abrupta não sabem e não se dão conta do que aconteceu com elas, especialmente de que e como morreram. Elas não sentem nenhuma mudança, nem no seu lar, que é igual ao da Terra, nem em como elas mesmas estão, apenas se sentem extremamente sadios. Não vêem nada do mundo espiritual em que se encontram e habitam locais bem conhecidos de suas casas.
Assim também acontece com nosso amigo, como num sonho bem vivo. Vós o vedes no mundo dos espíritos, e lá ele sobe ao leito com facilidade, em seu quarto de dormir acolhedor, que aqui é exatamente igual ao do mundo.
Ele se espreguiça alegremente na cama e aguarda a chegada do sono, mas isto desperta incerteza em nosso amigo, pois para os espíritos não existe dormir. Eles possuem uma certa situação que lá se chama “calma”, mas que não tem a mínima semelhança com o dormir na Terra.
Vamos então observar o que ele faz em sua cama e como ele se comporta nesta situação. Ele fala: - Lini (é o nome da esposa ), estás a dormir?
Lini se senta e diz: - Que queres, querido Leopoldo? Estás te sentindo mal? (A esposa, os filhos e o pessoal doméstico são representados por espíritos, que para isto foram chamados).
Diz o homem: - Não, nada me falta, estou bem, Graças a Deus estou sadio, só o sono..., nem uma leve aproximação de sono eu consigo sentir. Vai, dá-me minhas pílulas de dormir. Vou tomar uma, isto certamente resolverá o problema.”
Lini se levanta de pronto e satisfaz o desejo do marido. Ele toma a pílula, mas o sono não aparece.
O homem: – Lini, dá-me mais algumas pílulas. Vê, o sono não vem, e eu fico cada vez mais acordado.
Lini: – Nada de pílulas! Poderias ter problemas no estomago. Vem, vamos fazer sexo, que depois certamente o sono chega, já que queres dormir.
- Pois, querida Lini, este ato vai ser um pouco difícil para mim. Tu bem sabes, após tantos anos, que eu nada consigo após uma bebedeira. Eu sempre falho..., minha natureza não me ajuda. Dá-me, pois, as pílulas.
– Estranho, meu querido senhor marido, é conhecido por todos que, após um porre bem farto, um rico senhor chamado Leopoldo sempre vai à casa de uma tal Cilli e lá se comporta de tal maneira, que muitos jovens poderiam usar a ação como exemplo. E quantas vezes a compreensiva Lini, já não tão jovem como as outras, quando lembra que é sua mulher e que também não consegue dormir, vê Leopoldo começar uma ladainha de argumentos filosóficos, teosóficos e outros “óficos”, para justificar sua falta de vontade e para que a mulher não mais tenha coragem de pedir a satisfação de seus desejos já bem raros. Vê Leopoldo, tu, que és o arauto da verdade, como te sentes quando mentes descaradamente à mulher que sempre te foi fiel? Quantas vezes discursastes sobre como é pecaminoso o adultério? Mas o que dizes para ti mesmo, ao contar as tantas vezes que me traíste na cama de outras? Tu és um adúltero!
Leopoldo (bem assustado): – Lini, de onde conheces estas ações que eu pratiquei? Em verdade te afirmo que só pude fazer isto enquanto estava totalmente bêbado e tenho fé que tu, caso eu tenha mesmo feito tais pecados, não uses isto para escandalizar e colocar nossa casa toda contra mim. Foram só pecadinhos, e espero que tenhas paciência de entender. Sê esperta, querida mulher, sê esperta e não fales mais sobre isto, pois é por isto que eu gosto tanto de você. Sê boazinha, querida esposa; sê boazinha, que eu não mais farei nada disto em toda minha vida.
– Acredito, pois já convivi com isto toda minha vida. A cada quatorze dias, no máximo, traías tua fiel e confiável esposa. Até conseguiste pegar doenças bem terríveis, e acho que já está na hora de parar com estas aventuras. Que farias tu se o Senhor te chamasse de repente? Bem sabes do dito: “Adúlteros e prevaricadores não entrarão no reino do Céu”. Como estaria toda sua santidade? Ou por acaso tens um documento escrito por Deus que vai te permitir viver, até que te tenhas purificado todos os fundamentos de tua vida? Não falo nada sobre teus sentimentos em relação à irmã Cilli, mas sim pelos sentimentos que expressastes por nossa filha mais velha antes dela casar; isto sim é um pecado imensurável ante Deus e a comunidade, se chegasse a saber disto. Dize-me o que e dizer a respeito a todos ou a Deus?
Leopoldo (muito mais assustado ainda): – Mulher, começas a me torturar seriamente, e com toda razão, infelizmente, pois eu seria mais do que tolo se quisesse negar tudo isto. Eu lamento muito e me espanta que jamais tenhas deixado transparecer o teu saber durante toda nossa vida em comum. De repente abres todas as comportas e queres me destruir. Reconhece que nós humanos somos fracos em nossa carne, mesmo que tenhamos um espírito bem forte. Então poderás perdoar minhas fraquezas com facilidade. Considera que o Senhor não condenou a mulher adúltera. Acho que um adúltero arrependido encontrará Nele o mesmo perdão. Querida mulher, não me julgues tu também, pois reconheço meu erro e me arrependo de minha atitude, minha grande culpa para contigo e para com nossa filha casada. Que o Senhor me perdoe, e o mesmo espero de ti!
A mulher de “faz-de-conta” : – Bem, então que tudo que aconteceu te seja perdoado, mas não uses mais esta tua pretensa fraqueza no futuro, pois terás muito poucas bênçãos com este meu perdão. Eu ainda te agüentarei por uma temporada, a te observar. Porém dormir, não dormirás mais. Vê e escuta: Tu não estás mais na Terra, mas sim no mundo espiritual. E Eu, que viste até agora como tua mulher tantas vezes traída, sou teu Senhor, teu Deus. Eu deixo que escolhas. Se quiseres, podes ficar aqui com tua vida costumeira; mas se quiseres evoluir, sai desta cama pecaminosa e segue-Me.
O homem Me reconhece e cai aos Meus Pés.
Eu, porém, lhe digo: – Levanta-te. Teu amor é maior que teu pecado. Que, portanto, te seja perdoado; mas ainda não te é permitido conviver Comigo, pois ainda levas muito do campo material. Mas vê, lá estão os anjos que te levarão pelo caminho certo. E quando tua família no mundo for fustigada com pobreza e miséria por estes teus guias, poderás procurar aconchego Comigo e encontrarás um novo lar para a eternidade. Amém.
Quarto exemplo
A morte prematura e a última hora de um janota
Recebido por Jacob Lorber, em 05 de agosto de 1847
Alem de fumar, jogar, comer, beber, tentar namorar todas as mulheres bonitas, dançar bem e tocar valsas ao piano para agradar o universo feminino, ele praticamente não sabia mais nada, apesar de ter passado a maior parte de sua vida em colégios e universidades. Este nosso exemplo de perdulário era filho de pais ricos, cujo delicado filho aprendeu o ABC e nada mais precisou fazer na vida além de estudar. Para que o delicado filho não sofresse demais nas suas aulas de latim, ele foi colocado numa pensão, onde foi superalimentado para crescer bastante, claro que não em sabedoria, misericórdia ou fé em Deus e nas pessoas, mas somente de corpo. E para que os estudos não o perturbassem demais, lhe foi permitido repetir cada ano, pois geralmente lhe era esforço demais fazer o ano letivo uma só vez. Os professores eram sempre criticados, especialmente no estudo fundamental, e sempre havia um instrutor particular para resolver suas dúvidas.
Desta maneira, o nosso estudante conseguiu passar para a escola elementar, sempre à beira da repetência. Conseguiu o atestado, mas sua cabeça continuava vazia como no principio. Como ele detestava os estudos, dedicou-se sempre às “matérias” mencionadas acima: fumar, beber, comer, flertar, etc, etc.
Ao terminar seus estudos, com notas muito baixas, ele tentou a advocacia, mas o ar impregnado de papel e de tinta não era de seu agrado, não lhe fazia bem. Ele recebia bastante dinheiro de sua mãe, o que lhe permitia levar uma vida confortável, mesmo sem advogar. Em primeiro lugar, ele fazia a corte a todas as jovens nobres e prometia casamento a todas. Com isto conseguia favores, e muitas delas engravidaram.
Também andava com prostitutas, que bem menos lhe custavam e não o embaraçavam com alguma gravidez inesperada. Mas foi assim que ele se contagiou de sífilis de todos os tipos e graus. No fim era tão aguda, que nem os melhores médicos especialistas conseguiram ajudar. A secura geral dos líquidos da vida foi conseqüência de tais hábitos devassos. Para esta doença Eu, o Senhor e Criador, Me “esqueci” de criar a erva que a curasse. Assim o “playboyzinho”, mesmo a contra-gosto, teve que se aprontar para morrer. Claro que foi algo extremamente horrível para alguém que tanto amava o mundo, especialmente a mulher e toda sua graça. Mas assim é: todos têm que andar no “caminho da carne”. Assim nosso exemplo, que tanta felicidade obteve através da carne, teve realmente que trilhar o “caminho da carne”.
Olhai para o leito malcheiroso onde nosso homem se encontra. Observai como ele se contorce, como ele chora por ar e por água, mas nada consegue mais engolir, nada para em seu estomago, todos os tendões de sua garganta estão carcomidos e não conseguem comandar nem uma gota de água para o estomago. Sua respiração é entrecortada e muito dolorosa, pois seus pulmões há bastante tempo estão ressequidos. Sua voz está alquebrada, só palavras curtas e soltas ele consegue balbuciar, mas na qualidade de um aluno principiante. Ainda deseja dizer algumas frases aprendidas de Voltaire e Sir Walter Scott ou então praguejar, mas a total secura não o permite. As dores constantes não permitem que ele consiga concatenar um pensamento, por mais simples que seja. Por isto ele permanece prostrado em silêncio, ou então estertorando. E muito de vez em quando ele emite aquele tom de fagote mal tocado, vindo de sua garganta ressecada. Vede, é assim que muitas vezes acontece a morte de pessoas libertinas. Mas como não temos mais nada a ver deste lado de cá, vamos observar nosso “playboy” entrando no reino espiritual.
Seu leito é o mesmo que aquele do mundo material. Lá está ele ainda prostrado, mas junto ao leito encontra-se um único anjo com uma tocha na mão, cuja chama espiritual destina-se a secar a última gota de vida de nosso janota.
Para este tipo de pessoa só aparece um anjo, pois nela alma e espírito estão como que mortos. Aqui só funciona o anjo carrasco, pois a ele compete trabalhar com a carne e com os nervos. Ele tem que torturar o moribundo, para que os pedaços da alma despedaçada sejam forçados de volta ao serviço espiritual e assim se evite a total e eterna morte do ser moribundo.
O anjo não diz nada para esta pessoa, mas, com seu fogo, simplesmente o retira do mundo natural e o transporta em sua chama ao Além. Assim tem que ser, pois sem este manuseio misericordioso, os libertinos estariam eternamente mortos.
Este ato é igual ao que os pagãos representam em Prometeus, pois os primeiros habitantes da Terra, bem mais espiritualizados, viam o que acontecia no Além com tais pessoas. Naquela época isto acontecia muito menos que na atualidade. A época atual é mil vezes pior que a de Sodoma e Gomorra. Eles ainda tinham narrativas de passagens, mas com o passar das épocas elas foram completamente deturpadas.
Aqui se apresenta o Prometeus original novamente, atuando como é do seu feitio e trabalho. Vede, agora o anjo solitário acabou com êxito sua tarefa. A carne espiritual de nosso janota se transformou totalmente em cinzas. E vede, delas se eleva lentamente, não o maravilhoso pássaro fênix, mas sim um macaco que mais parece um velho babuíno. Ele é totalmente mudo e só pode enxergar um pouquinho. Tal animal tem um motivo: tais pessoas, através de suas paixões, dilapidaram completamente as finas partículas especificas da alma humana, só ficando com um resto de específicos animalescos. Neste pelo menos sobrou uma alma de macaco, mas há outros que se tornam horríveis anfíbios.
Este macaco agora será entregue a espíritos a ele superiores, que talvez em cem anos consigam lhe dar uma forma humana novamente.
Mais não é possível dizer sobre esta pessoa. Vamos então ao próximo exemplo.
Quinto exemplo
Morte prematura de uma dançarina
Recebido por Jacob Lorber, em 06 de agosto de 1847
Aqui temos a narrativa da morte prematura de uma dançarina que num baile dançou demais à procura de um pretendente rico; porém, em vez disto, dançou até a morte.
Uma jovem no vigor de sua juventude, dezenove anos, recebeu um convite para um baile na alta sociedade, o qual, com a concordância de seus pais, aceitou alegremente. A seguir iniciou se uma verdadeira romaria a todos os locais onde havia tecidos e todos os demais artigos. Feito isto, foi-se à procura de uma costureira, onde se exigiu que o vestido fosse confeccionado pelo último grito da moda (não de Paris ou Londres, mas sim de Madrid e Nova York, que eram o fino do fino naquela época), para que, num baile tão brilhante, a moça se destacasse pela sua originalidade e glamour. O costureiro tinha bastante medo de realizar tal tarefa, pois conhecia bem seus clientes e todos os caprichos que lhe imporiam. Mas esmerou-se ao máximo e conseguiu uma obra de arte de vestido de baile, que satisfez seus clientes. Este vestido podia ser usado sem espartilho, mas tinha tantas fitas a amarrar, que a dona quase ficou com a cintura menor que o pescoço.
Mas este modelito de Nova York foi o motivo de sua morte prematura, pois, como ela era a rainha da beleza e graça no baile, ela dançou muito com um jovem muito rico, com tanta vontade e com tanta excitação, que uma veia bem grande explodiu em seus pulmões apertados demais, causando uma hemorragia que a matou em minutos. Caída no salão a perder sangue pela sua linda boca, para horror das damas também apertadas em seus espartilhos, correram ao seu socorro seus pais, parentes e médicos, que a trataram com compressas geladas e outros métodos, todos em vão. Ela estava morta. Todos choravam e se lamentavam em alto som. Os pais e o jovem cavalheiro eram os mais afetados, outros amaldiçoavam tal destino, outros lamentavam a sorte da menina. Muitos se retiraram e levaram para casa uma boa advertência, mas que não foi levada muito a sério.
Vede, lá está nossa heroína deitada no solo cheio de sangue, e a uma pequena distância podemos ver um anjo com os braços em cruz, observando cheio de pesar a cena que se lhe apresenta. Pois como anjo da guarda muito lamenta a tolice que ataca as pessoas, contra a qual nada pode fazer.
Mas o que será que este anjo triste fará aqui? Ele se aproxima da menina morta, que também é assim vista no mundo espiritual. Agora, junto dela, ele diz: “Ó tu, garota tola! O que eu posso despertar em ti, em ti, onde tudo está morto, não consigo uma faísca de vida. Senhor, olha para cá com misericórdia. Aqui a forca que tu me destes não basta, por isto estende Tua Mão Onipotente e faze com esta tolinha o que é de Teu Agrado”.
Vede, lá já vem um outro anjo, um anjo flamejante. Ele e o seu fogo envolvem a morte, e num instante a transforma em cinzas. (no mundo material isto não pode ser visto, pois esta ação só acontece no corpo espiritual). Algo começa a se mexer na cinza. O anjo ora sobre as cinzas. As suas últimas palavras são: ... “que se faça a Tua Vontade, Senhor”!
Neste momento este segundo anjo se afasta das cinzas que estão a se mexer cada vez mais, e o primeiro anjo permanece no local. Mas este movimento é a organização e junção das partículas especificas humanas que estavam esparramados e danificadas, o que acontece pelo Meu Poder. Em poucos instantes, veremos quanto e o que sobrou das específicas desta menina!
Vede, agora uma nuvenzinha cinza-escura se eleva! A nuvenzinha aumenta, se destaca do solo, e eis que aqui já temos uma figura. Não é possível qualquer comparação com algo da Terra. A cabeça é semelhante à do morcego, o tronco é como um gafanhoto gigante, as mãos são como patas de ganso e os pés são de uma cegonha. Que achais desta moda oriunda daquela mundana? Nada de muito grave sobre o aspecto, mas esta tolinha, uma quase suicida, somente com muito esforço conseguirá alcançar a luz.
Nada mais poderemos aprender aqui. Vamos ao próximo exemplo.
Sexto exemplo
A morte de um Senhor da Guerra
Recebido por Jacob Lorber, em 10 de agosto de 1847
Eis que nos encontramos em aposentos reais. Aqui tudo é ouro, prata, pedras preciosas e algumas das mais valiosas pinturas do mundo. O chão do aposento é coberto por tapetes finíssimos, e as grandes janelas envidraçadas têm cortinas. Com o preço de uma delas se poderia alimentar mil pobres por um mês. Há móveis valiosíssimos e os mais famosos médicos estão à beira de nosso grande senhor, que inutilmente espera por uma cura. Fazem-se contínuas juntas médicas, e os medicamentos são trocados a cada hora. No aposento vizinho, dois monges por vez rezam orações lidas em latim num livro preto e vermelho. Onde há alguma casa de oração, cerimônias religiosas são realizadas a cada instante, para pedir pela saúde de tão poderoso homem. Mas nada disto tem alguma utilidade! Para este senhor da guerra não existe qualquer remédio em farmácia alguma, nem orações suficientemente poderosas no breviário ou no missal que o possam ajudar. Para ele só vale o seguinte: “Vem e te deixamos ver o que foram os teus feitos”.
Observai ao doente e vede como ele se mantém cheio de coragem, mas isto é só para o exterior, pois lá no seu interior nosso herói está apavorado e desesperado, amaldiçoando a dolorosa doença que o acomete.
Tudo combina! Os monges rezam somente “pró-forma”, a coragem também é falsa e o doente não pára de praguejar contra sua sorte. A sua dor aumenta cada vez mais, fica quase que insuportável, e nosso paciente, cheio de ódio, começa a esbravejar: “Ó maldita vida perdulária! Tu Criador - se é que existes - podes tirá-la de mim. Diabos - se houver algum - escarrem o que eu faria, se me fosse possível. Vós, médicos incompetentes, não valeis nem o ar que respirais! Dai-me uma pistola carregada, para que eu acabe com esta vida de merda! Seria um remédio através do cérebro, o único que me serviria!”.
Um dos médicos se aproxima do leito. Quer tomar o pulso e pede ao paciente que se acalme. Mas o doente se senta na cama e grita: “Chega aqui cretino, tu, cachorro imprestável, para que eu possa esfriar minha ira em ti. Vai pro inferno, tu, asno incompetente! Não queres me martirizar novamente com ópio? Vede como estes canalhas são espertos. Quando não sabem o que fazer, eles logo vêm com o ópio, para que o doente adormeça. Assim eles se livram da repreensão que bem merecem. Estão a rir entre si, devido à conta que vão apresentar após a minha morte. Será bem alta, pois não sou rico e poderoso. Há, há, estou a destruir vossos planos! Fora daqui, cachorros danados, senão eu ainda os mato com estas minhas últimas forcas. E lá, no aposento adjunto, o que vejo? Dois canalhas pretos? Eu acho que eles estão a rezar por minha alma! Quem os chamou? Fora com eles, senão eu me levanto e os mato qual cachorros loucos !”. Ao ouvirem estas palavras ameaçadoras, os monges vão embora e os médicos dão de ombros. O paciente se cala e começa a agonizar, contorcendo sua face em dor. Nós, porém, vamos para o mundo espiritual, pois deste lado nada mais vai acontecer.
Cá estamos, e lá, no leito, o paciente. Ele ainda emite sons guturais, tentando desesperadamente respirar. Morde sua língua de tanto ódio em sua alma zangada.
Já se encontra a postos o anjo-carrasco, pronto para libertar a alma zangada de nosso herói de sua carne orgulhosa e arrogante. Ele está armado com uma espada flamejante, como prova de seu grande poder por Mim auferido e de seu destemor ante tais “heróis” da Terra e de todo o inferno.
Agora a última partícula de areia da ampola acaba de cair. O anjo toca o moribundo com sua espada flamejante e diz: “ Levanta-te tu, alma frágil; e tu, poeira orgulhosa, retorna ao grande mar de tua insignificância!”.
Agora o corpo desaparece e não se enxerga mais o leito cheio de luxo mundano, mas, como é bem fácil visualizardes, no seu lugar eleva-se uma alma cinza-escuro, muito frágil e fraca, parada sobre a areia que ameaça engoli-la. Zangada, assustada e desconcentrada ela olha em sua volta, mas nada vê, a não ser a si mesma. Mas se vê de forma bem diferente do que nós a vemos. Ainda se enxerga como um senhor da guerra, cheio de medalhas e com seu espadim.
“Onde estou?” - pergunta o herói. “Que diabo me trouxe até aqui? Nada! Somente nada! Não importa para onde eu olhe, tudo o que vejo é nada, até debaixo de mim não existe nada. Será que sou sonâmbulo ou estou a sonhar? Ou será que eu de fato já morri? Puxa, isto aqui é uma situação pra lá de maldita!
Estou me sentido curado, não sinto mais nenhuma dor e me lembro de todos os detalhes de minha vida. Eu estava extremamente doente, daí me livrei dos médicos tolos, mandei aqueles dois urubus para o inferno e na minha dor, no meu desespero, confesso que insultei o Senhor e Criador; tudo isto está bem claro diante de mim. Eu também sei que estava muito irado e poderia despedaçar tudo de ódio, mas agora tudo isto passou. Tudo estaria bem, se eu soubesse onde de fato estou e o que aconteceu comigo! Sim, existe alguma claridade a minha volta, mas quanto mais estendo meu olhar, cada vez fica mais escuro, e não vejo nada, nada e novamente nada! Isto é uma situação maldita. Quem não se torna gente do diabo neste caso, certamente não o será pela eternidade! Que engraçado, cada vez estou mais bem disposto, cada vez mais vivo, mas em minha volta tudo fica cada vez mais vazio. Eu acho que me encontro num estado letárgico! Mas é sabido que aqueles neste estado ouvem e vêem tudo o que acontece a sua volta; eu, porém, não ouço nem vejo nada a não ser a mim mesmo. Definitivamente não posso estar letárgico! Aqui não está frio nem quente, nem totalmente escuro, mas tenho certeza que no ventre materno eu não era menos solitário, o que me é completamente inexplicável. Mas estou bem disposto, mais feliz e até conseguiria fazer palhaçadas. Em verdade se eu tivesse uma coisa..., não, não, se eu tivesse um companheiro, eu poderia me esquecer... sim, sim, eu poderia esquecer do senhor da guerra com todos os seus gloriosos ancestrais. Sim para uma pessoa nesta minha situação eu adoraria ter, não importa a classe social de quem comigo estivesse. Ah, se eu pudesse compreender onde eu realmente me encontro.... Se esta situação durar por muito tempo, tenho certeza que tudo ficará muito chato. Sim, uma vez ouvi falar sobre um certo Deus. Vou me dirigir a Ele com muita seriedade. Sei que me comportei bastante mal com ele, mas Ele, se realmente existir, não me tomará isto a sério. Hei Deus, meu Senhor, se Tu existires, vem ao meu encontro e me livra desta situação tão fatal.
Imediatamente um anjo se aproxima e diz: - Amigo! Aqui permanecerás enquanto não abandonares o último vestígio de tua arrogância e orgulho. Com isto pagarás até a última gotinha de sangue que fizeste milhares de infortunados irmãos teus derramar! Livra-te de todas as tuas insígnias militares e tu encontrarás chão, mais luz e até companhia. Mas cuida de evitar os teus pares (semelhantes em poder e orgulho), pois senão estarás perdido. Mas, por princípio, dirige-te ao Senhor, e teu caminho será fácil e curto! Amém!
Nosso herói ainda não obedece este conselho, e assim o anjo o abandona. Ele ainda permanecerá nesta bruma por mais de cem anos. Vedes disto qual é sua “água”. Vamos pois ao próximo exemplo.
Sétimo exemplo
Um papa
Recebido por Jacob Lorber, em 11 de agosto de 1847
Neste exemplo vamos iniciar nosso trabalho já no Além. Vamos observar um homem que foi muito importante no mundo, que no seu fim achava que o mundo só existia por sua causa, que poderia fazer com ele o que bem entendesse, pois era o representante de Deus; esta era sua firme convicção. Mas indiferente a isto, ele teve que “ver a grama crescer pelas raízes”. Nem seu poder e sua “representação” o protegeram deste destino. Vede, lá está ele em direção à meia noite. Uma figura masculina bem magra, de uma cor bem escura. Ele olha a sua volta, procurando e examinando. Junto a ele podeis ver um homenzinho, como se fosse um macaco retinto, que rodopia em volta de nosso homem e finge que ambos têm coisas bem importantes a realizar. Mas vamos chegar mais perto, para que possamos escutar o que este homem, que não nos vê e não vê o seu acompanhante, conversa consigo mesmo.
Bem, já estamos bem perto, escutai o que ele fala: “Tudo mentira, tudo embuste! E o mais enganador é o mais feliz, é um embusteiro que o faz com conhecimento. Infeliz é o embusteiro que mente e engana sem o saber, pois ele é um asno que puxa outro, e ambos se contentam com a pior comida. Mas eu, o que sou eu? Eu era um potentado, um maioral, todos tinham que acreditar e fazer o que eu mandava. Eu, porém, fazia o que desejava, pois eu tinha em minhas mãos as chaves do poder. Eu fui aquele que o tomou sem perguntar se tinha algum direito de fazê-lo. Eu conhecia tudo. Eu sabia que tudo isto era mentira e trapaça, mesmo assim eu forçava todos a aceitar esta mentira, esta trapaça. E aquele que não aceitava e cria que tudo que vinha de mim, escrito ou não, era castigado. Eu achava que no mundo toda a morte do corpo era o fim de todo o ser. Esta era minha crença mais secreta, uma crença bem definida e firme, e nenhuma sabedoria do mundo poderia modificar esta minha crença. Esta era a única verdade em meu coração, mas vejo que isto também é mentira; eu continuo a viver, apesar de ter morrido em corpo. Eu mandei pregar retratos do Inferno e do Purgatório em milhares de igrejas, outorguei leis e nomeei muitos mortos como “santos”, determinei jejuns, orações, confissões e comunhões. Agora estou aqui e não sei o que é isto, nem mesmo onde estou. Se houvesse um julgamento, eu já teria sido julgado. Se houvesse um Céu, eu teria a primazia de nele me encontrar, pois, pela vontade de Deus, eu me tornei o representante legal da divindade e da igreja de Cristo. E tudo o que eu fiz, tenho certeza que foi tudo da vontade superior, pois sem a mesma, segundo as escrituras, não cairá um cabelo de nenhuma cabeça. Desta forma eu me confessava e comungava seguindo as antigas leis, apesar de ter podido me excetuar disto facilmente, pois eu tinha o poder de isentar para sempre qualquer pessoa, tanto da confissão como da comunhão, o que não fiz nem desejei por razões políticas.
Se houvesse um inferno, haveria milhares de razões para lá me encontrar, pois ante Deus todo ser humano é um assassino. No mínimo eu deveria estar no purgatório, pois isto deve acontecer com todo o mundo, pelo menos por três dias, como aconteceu com Jesus Cristo. Mas nada disto me foi dado. Por isto, Deus, Maria, Jesus, Céu, Inferno e Purgatório tudo é mentira e engano. O humano só vive pelas forças da natureza. Pensa e sente de acordo com a concentração destas forças que nele existem. Estas forças certamente se unem, perfazendo uma unidade indestrutível pela eternidade. Minha tarefa agora é estudar estas forças e, com o conhecimento que obterei, fundar para mim um céu.
Mas eu sinto um constante puxão no meu manto pontifical. Será que há um espírito invisível na minha proximidade, ou será que é algum vento? É bem estranho, aqui, neste deserto infinito. A gente pode ir para qualquer lugar, e mesmo assim ficamos sempre sós. A gente pode chamar, gritar, amaldiçoar, praguejar ou então orar para quem quiser, mas nada toma conhecimento, nada se importa. Ficamos, tanto antes como depois, na mais absoluta solidão e silêncio. Tenho certeza que já se passaram alguns anos desde que eu morri na Terra, de um jeito extremamente doloroso e fatal, mas eu continuo só. Nada além de um deserto totalmente vazio debaixo de meus pés. Espaço eu tenho com certeza, e isto é mais uma verdade; mas... para onde ir, o que fazer no futuro? Será que viverei desta maneira eternamente, ou será que em alguma hora acabarei totalmente? Isto é uma charada sem solução. Bem, vamos estudar estas forças da Natureza que existem em mim, e no seu conhecimento saberei o que vai acontecer comigo”.
Ouvistes o que ele falou e como ele raciocina, ele, o representante de Deus na Terra. Bem, ainda levará muito tempo raciocinando desta maneira, só e abandonado, não sabendo que é a tudo induzido pelo seu acompanhante invisível, pois é este o destino dos que, por prepotência, se isolaram na Terra: a solidão.
Mas este isolamento é uma grande bênção para eles, pois só assim é possível levá-los de volta ao caminho certo, mas isto leva um longo tempo. Eles devem passar por todos os graus de escuridão, de dor e de miséria, como acontece no inferno. Ao fim desta viagem solitária, talvez após quinhentos, mil até dez mil anos, só então ele obtém a companhia de espíritos severos. Se ele não os obedecer, será abandonado novamente e lhe serão apresentados todos os atos de terror que sob seu regime, ou sob o regime de seus antecessores, aconteceram. Neste caso, ele sentirá todas as dores das vitimas. Se nem esta lição o trouxer ao caminho de Deus, então o deixarão à fome como também à sede, pois geralmente estes dois “mestres” conseguem muito em pouco tempo.
Eis mais um retrato no qual conhecereis o Além um pouco mais, bem como a água que tal potentado deverá atravessar, nadando até chegar à margem do Amor, da Paciência e da Humildade. Nada mais com este homem. Vamos ao próximo exemplo.
Oitavo exemplo
A morte material de um ministro
Recebido por Jacob Lorber, em 12 de agosto de 1847
Mesmo os grandes poderosos devem morrer, pois contra esta fatalidade ainda não acharam nada que a impeça, por mais esforço que façam, por mais leis que emitam. O seu dia chegará, como chega o de um mendigo.
Claro que a morte é para estes poderosos a mais desagradável certeza no mundo, mas isto não impressiona o anjo-carrasco em nada. Quando a medida está completa, ele atua sem dó nem piedade.
Nosso ministro, um homem respeitado por todos e com idade avançada, foi atacado por uma febre reumática que em um mês e meio o judiou com dores atrozes, contra as quais a medicina pouco conseguiu fazer, parecia até que as aumentava. Quando estava no fim, ele odiava aos médicos e constantemente os ameaçava com prisão, punição, etc.
Mas passados dezesseis dias de enfermidade, ele morreu. No último momento, fez seu testamento. Fez doações à Igreja, como era de bom tom. Deixou algumas migalhas para os pobres, como era politicamente correto. Depois caiu em coma, da qual não mais acordou, morrendo sem ter se confessado nem recebido os óleos, como era exigido pela sociedade, e com o que ele pouco se importava. Com isto, esta vida acabava aqui para o mundo. Daí ele se vê em seu aposento secreto, todo paramentado em suas roupas cerimoniais, com todas as insígnias e medalhas conquistadas ao longo de sua vida publica, cercado pelos quadros de seus ancestrais (mais de 50 gerações). Neste aposento de trabalho ele vê quatro pessoas, mas a nós ele não vê. Estes quatros são espíritos de anjos vestidos como pessoas do governo. Aos berros ele corre para chamar ajuda, mas a sineta não toca. - Ladrões, ladrões! - ele exclama. - Como ousastes entrar neste gabinete secreto, onde se realizam reuniões ultra-secretas e onde se encontram documentos confidenciais? Traição! Sabeis que a pena por traição é a morte? Quem de vós estragou a sineta, para que eu não pudesse chamar socorro? Que quereis aqui, meliantes infames?”
Um dos anjos diz: - Escuta com paciência o que vou te dizer. Eu bem sei que no mundo ninguém além de ti e do rei pode entrar sem autorização neste teu aposento. Se ainda estivesses no mundo, jamais teríamos entrado aqui sem tua permissão. Ouve, tu morrestes e agora te encontras no mundo espiritual, onde só existe um Senhor, onde todos os outros espíritos são irmãos, bons ou maus, dependendo do que fizeram na Terra, o que realizaram e como se portaram com seus próximos. Bem, recebemos do Senhor uma missão de amor: visitar todo aquele que chegou ao mundo dos espíritos, para informá-lo de seu novo estado e oferecer-lhe os nossos serviços; isto se ele nos for accessível, como tu ainda o és. Esta é de fato a nossa missão. O Senhor quer te informar isto e te revelar que aqui nesta vida acabaram todas as tuas regalias e honrarias, como também toda a política. E este aposento, tua roupagem, todos os documentos secretos, não passam de uma quimera, de uma miragem provocada por teu forte apego ao mundo. Desaparecerão tão logo decidires nos seguir. Se nos seguires, terás um caminho certo e fácil para o reino verdadeiro do Amor de Deus e da vida eterna. Se não quiseres nos seguir, terás uma difícil e longa jornada, até conseguires entrar no reino da Vida eterna. Vê, com o consentimento de Deus, na Terra foste um homem poderoso e influente, mas não usaste da maneira correta o que por Ele te foi dado. O poder te subiu à cabeça e te tornaste arrogante e orgulhoso. Perdeste até a fé em Deus e muito mais ainda: o teu parco amor ao próximo e te tornou totalmente inútil para o reino de Deus.
Mas o Senhor sabe muito bem o peso que tens que carregar e tem grande piedade por ti. Por isto Ele nos enviou, para que te salvemos e o levemos ao Seu reino, tão logo te livres da carga mundana que trouxestes para cá. Não penses que é o teu julgamento, pois no reino espiritual não existe julgamento e nenhum juiz, a não ser a livre vontade de cada ser. Também não penses no inferno, mas que a Palavra do Senhor Jesus seja tua vontade. Por esta Palavra, procura-o. Se o encontrares, terás todos os céus e um poder bem diverso do poder que tu tinhas: o poder do Amor. Agora que estás a par de tudo, faze como manda tua vontade livre. Amém.
O ministro diz: - Em verdade vossa fala é sábia, e eu sinto que tudo é assim, mas que o tal judeu Jesus é o único Deus, isto não consigo entender. O que é então o “Pai” e o “Espírito Santo” ? isto não combina com os ensinamentos de Jesus, que foi o primeiro a falar na Trindade. Por isto perdoai-me, mas não posso segui-los tão depressa como desejais, a não ser que me convençais de vosso ensinamento.
Diz o Anjo: - Calma, calma irmão, não tão depressa. Em primeiro lugar, tens que te desfazer desta tua roupa cerimonial e usar uma roupa de arrependimento e da humildade. Com o tempo, por ti mesmo te convencerás da veracidade do que te dissemos.
Ministro – Bem, tomai conta de mim e ajeitai-me. Esfregai-me bastante, para retirar de minha alma tudo o que é do mundo, e então vossa afirmativa será exposta ao meu coração.
Os três anjos retiram toda a roupa do ministro e lhe colocam um manto cinzento, bem rasgado e bastante sujo. Daí o segundo anjo lhe diz: - Agora estás com vestes da humildade, mas só isto ainda não basta. Tu tens que mostrar tua humildade na ação, no teu viver. Por isto segue-nos.
O homem os segue. Vede, eles chegam a uma fazenda e lhe dizem: - Aqui mora um homem bem rude que tem uma grande criação de porcos. Aqui tu terás que servir, sem receber nenhum salário. Deves aceitar humildemente o que te servirem. Ele também aparentará ser duro e injusto contigo; deves suportar tudo com paciência, e entregar tua sorte na misericórdia do Senhor. Se ele te bater, não revides; mas sim, como um escravo, ajeita tuas costas, para que ele as alcance. Do mesmo modo observavas com prazer na Terra, enquanto estavas no Exército, como pobres soldados se deitavam no banco, para receber acoites muitas vezes injustos. Se aceitares isto com paciência, em pouco tempo terás outro destino.
A isto diz o Ministro: - Eu agradeço com todo respeito por este ensinamento! Devolvei-me minhas vestes mundanas, vós embusteiros. Eu já vou, eu mesmo, encontrar os caminhos. Olhai estes trapos, quereis que eu, com mais de cinqüenta ancestrais, me torne um servo na pocilga! Se eu ainda estivesse no mundo, com certeza não vos livraríeis de minha chibata. E estes vagabundos ainda se apresentam como “mensageiros de Deus”... Ainda vos arrependereis amargamente deste embuste.
Vede, os anjos lhe devolvem as vestes de gala e dizem: - Como quiseres! Eis tua roupa mundana! Se não queres caminhar a trilha da vida, então segue com tuas próprias roupas, mas nosso trabalho contigo acabou!” .
Vede amigos em que “água” nosso amigo se colocou. Ele terá que nadar por muito tempo, até encontrar o caminho que levou o filho perdido de volta ao Pai. Cuidai, cada um de vós, do desejo de mandar, do orgulho, da arrogância, pois todos têm a mesma conseqüência horrível. Amém”.
Nono exemplo
Bispo Martim
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de agosto de 1847
Ver o livro “Bispo Martin” – páginas 4 a 9.
Mais sobre o destino deste homem religioso e suas maneiras, vede no livro Bispo Martim. Aqui só mais isto: Martin, após um aprendizado curto porém bem severo, conseguiu entrar no reino de Deus.
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Décimo exemplo
O pobre
Recebido por Jacob Lorber, em 16 de outubro de 1848
Esta é a cena da morte - ou melhor dito, da saída de uma vida de privação para a verdadeira vida espiritual eterna - de um simples operário, ao qual muitas vezes chamam de “canalha”, “maltrapilho” ou preguiçoso”.
Vinde Comigo para um quartinho bem pobre, que mais se parece um buraco de urso do que a habitação de um humano. O quarto é extremamente pequeno, com uma porta bem estragada que leva para o seu interior. Acima dela existe uma abertura pela qual entra um pouquinho de luz, muito prejudicada pelo mundo de um estábulo de um rico. Esta luz permite que tenhamos uma visão bem difusa do interior do aposento, que basta apenas para que os setes habitantes deste buraco consigam desviar um do outro. Esta maravilha de residência não tem nem fogão, nem forno, o que é substituído por um tijolo sujo num cantinho, sobre o qual os moradores deste túmulo de animais “cozinham” as suas “refeições”, isto quando são bastante felizes em conseguir trabalho ou algo comestível, enquanto mendigam nas ruas. É de se observar que para este palácio os moradores têm que pagar ao rico proprietário um aluguel mensal de um ducado. Eles ainda estão satisfeitos, pois o senhorio não os enxota quando não conseguem pagar o aluguel do mês, mas sim lhes dá quatorze dias de prazo de espera. O senhorio é tão generoso que, considerando a doença do velho pai, já com setenta anos, lhes vendeu uma palha bolorenta a um desconto de dez centavos e aguardou dez dias pelo pagamento. Em verdade vos digo, que um senhorio tão bom e paciente, certamente um dia terá as mesmas bondade e paciência de Minha parte!
Vede, sobre este maravilhoso “colchão” vendido por vinte ducados, que está num cantinho escuro deste minúsculo buraco, encontra-se prostrado nosso pobre trabalhador. Ao trabalhar numa difícil construção ele caiu, faz alguns anos, de um andaime deficiente. Quebrou duas costelas e um baço, foi levado a um hospital para pobres, lá foi maltratado por meio ano e, mal curado, teve alta pelo parecer de médicos indiferentes a sua saúde.
Desde então nunca mais conseguiu realizar trabalho pesado. Ele e a sua mulher, também adoentada, tiveram que depender do que os filhos conseguiam com seu trabalho ou na mendicância. A idade, o frio, alimento ruim e uma ferida cancerosa, conseqüência do acidente sofrido, o colocaram na situação que o encontramos neste momento.
Magro, feio, uma múmia egípcia dos tempos dos faraós, com todo o corpo em chagas devido a dureza do “leito” e pela falta de carne a proteger os ossos, mais ainda com o estômago vazio, sem qualquer alimento a vários dias, ele fala com a mulher : - Mãezinha! Não tens de fato mais nada? Nenhuma sopinha quente? Nenhuma batata cozida? Um pedacinho de pão? Meu Deus, meu Deus, não imaginas como eu estou com fome! Não consigo me mexer de tanta dor, e ainda mais esta fome! Deus, meu, Deus me liberte deste tormento!
Diz a mulher, que de tanta fome e cansaço mal consegue ficar em pé: - Pobre e querido marido! Já às seis da manhã os três mais velhos saíram a procurar trabalho ou então algum donativo em comida. Já são três da tarde e eles ainda não voltaram. Eu estou tremendo de medo, só de pensar que algo de ruim lhes possa ter acontecido. Jesus e Maria! Se eles caíram na água ou então nas mãos impiedosas da policia? Com a ajuda de Deus, vou lá perguntar se não sabem para onde nossos pobres filhos foram.
Diz o doente: - Sim, querida mãezinha, vai logo. Eu também estou bem preocupado, mas não te demores muito e traze algo para comer, senão eu morro de fome. Considera que já faz três dias que nós todos não comemos nada. Eu me admiro de como as três meninas não caíram de inanição. Meu Deus, será que todo este horror não tem fim? A mulher sai e, quando chega numa viela, enxerga um dos policiais enxotando as três crianças à sua frente. A mãe, ao ver isto, emite um grito. Com as mãos sobre a cabeça exclama: “Deus misericordioso, Jesus, estas são as minhas crianças!”. As crianças, chorando, dizem à mãe: - Mãe, mãe, este homem selvagem nos pegou numa rua, na qual estávamos pedindo um bocadinho de comida para nosso pai moribundo. Ele nos encerrou num quarto escuro, já que nos conhecia, pois nos tinha visto mendigar outras vezes. Ele voltou mais tarde com um homem mais desagradável ainda, que parecia um senhor. Este homem permitiu que nos batessem com um bastão, mesmo que lhe pedíssemos por misericórdia de joelhos. Nós estamos com as costas todas feridas. Depois grosseiramente nos perguntou onde morávamos, quando quase não conseguíamos falar de tanta dor. Ele ordenou a este homem horrível, este que nos bateu, que nos levasse em casa. Mãezinha, como dói!”
A mãe, quase sem voz, suspirou e dirigiu-se a Mim: “Senhor, Deus misericordioso e justo. Se tu existes, como podes permitir tal terror e não castigá-lo? Deus, meu Deus, como podes permitir que tanta miséria nos atormente?”
Em seguida ela começa a chorar amargamente, e o policial proíbe a mãe a se lamentar desta maneira na rua, pois estava chamando a atenção dos passantes. Ele lhe ordenou ir imediatamente para sua residência.
A mãe se desculpa por ser mãe e diz chorando: - Senhor, posso me comportar de outra maneira? Só me resta chorar. Meu marido idoso está doente, prostrado sobre palhas, faminto. Faz três dias que nada comemos. Este outono está muito úmido e frio, e não temos um pedacinho de lenha para aquecer nossa casa fria e úmida. Eu mesma sou doente e fraca, estas três meninas eram nossa única ajuda e vós as aleijastes de tanta paulada. Como poderia eu calar-me ante isto? Como podeis vós proibir-me o choro justo? Não sois humanos? Não sois cristãos?
O policial tenta empurrá-la, mas de uma esquina um senhor piedoso pula em sua direção e grita: - Pare! Basta amigo, nenhum centímetro a mais! Eis aqui, pobre mãe, trinta ducados. Alimenta tua família e a ti mesma, como bem quiseres. E tu, chefe de carrascos infeliz e maldoso, vai agora imediatamente, ou colocarei algumas balas neste teu corpo animalesco”.
Ao ouvir isto o policial tenta prender o homem. O benfeitor o ameaça com arma, e o policial logo começa a correr, apavorado com a seriedade do outro
Quando o policial desaparece, o homem calmamente segue seu caminho. A mãe e as crianças lhe jogam beijos de gratidão. A mãe, apoiada nas meninas que ante o ato de bondade até esqueceram sua dor, vão à mercearia comprar pão, vinho e carne. O vencedor faz uma cara desconfiada, quando recebe uma nota de dez ducados para trocar, vinda de pessoas tão miseráveis; entretanto ele pensa: Dinheiro é dinheiro, se roubado ou obtido pelo trabalho. Troca a nota e entrega a mercadoria. Indo depressa para casa, a mulher molha o pão no vinho e dá ao doente, enquanto a filha mais velha vai comprar lenha, fósforos e algumas velas. Ao retornar, ela encontra dois policiais à porta, pois esperavam encontrar o benfeitor ou ao menos conseguir extorquir seu endereço da mulher ou das crianças. Se não falassem, eles deveriam prender a todos.
Sob esta ameaça, eles adentraram ao casebre, exigindo que fosse iluminado e ameaçando a mulher, que deveria dar toda ou qualquer informação sobre aquele homem que a ajudou, ou então seria levada à delegacia. Ao ouvir isto, a pobre mulher desmaiou de medo. A filha mais velha, tremendo de medo, acende a luz. Os policiais, ao verem o homem semimorto e esquelético, se assustam por um momento. Então se lembram de sua missão e perguntam à mulher tudo sobre o benfeitor. A mulher treme e não é capaz de dar alguma resposta. Os carrascos acham que são artimanhas para lhes negar informação. Indiferentes aos pedidos do homem doente e das crianças, agarram a mulher e se dirigem para a porta, a fim de levá-la para delegacia. Mas à sua porta aparece nosso homem com mais três robustos companheiros, os quais, após libertarem a mulher, aplicam nos meliantes uma tal surra, que eles mal conseguem se mexer: Então os amigos avisam: - Se não quiserdes passar por pior castigo, nunca mais vos atreveis a chegar perto desta casa, onde moram anjos de Deus. Se vós, bestas asquerosas, tentardes isto mais uma vez, nossa vingança cairá sobre vós e toda a delegacia. Nós não somos humanos, somos anjos de guarda e estamos protegendo estes anjos aqui, que estão resgatando os últimos dividendos desta vida de provação!
Os quatro desaparecerem, e os dois policiais vão embora cheios de respeito, jurando não mais voltar. A mulher se recupera e, em primeiro lugar, Me agradece pela salvação e pelo fato do velho ainda poder receber uma sopa bem quentinha. A sopa logo fica pronta e é dada ao velho sob grandes bênçãos de felicidade. Ele a toma com apetite, agradecendo-Me pela bênção e agradecendo pelos seus também. Mais fortificado, ele fala aos filhos e à mulher: - Tu, querida mulher, e vós, meus filhos, agüentastes muito por mim, mas também vistes que a Mão do Senhor está sobre vós e que ele afastou os inimigos de nossa porta. Confiai, pois, sempre no Senhor. Ele estará mais perto de vós quando o perigo estiver no mais alto grau. Perdoai todos que foram duros convosco. Eles são instrumentos mecânicos de um sistema policial arrogante e orgulhoso, totalmente cego, e fazem coisas sem questionar e sem saber o que realmente estão fazendo. Só o Senhor é o juiz. Carregai vossa cruz com paciência e não procureis a felicidade neste mundo, pois os filhos felizes do mundo não são filhos de Deus, exceto em raríssimos casos. O que é maravilhoso para o mundo é um horror para Deus. Não temais nada mais do que a felicidade no mundo, pois esta é a desgraça dos espírito. Que valor teria minha vida aqui, se eu tivesse sido um homem rico e mau? Eu agora estaria à beira da morte eterna. Vede, meu corpo já se encontra frio e morto sobre o leito, mas minha alma e meu espírito estão libertos, totalmente libertos desta carga que tiveram que carregar por mais de dez anos. Estou livre, estou na vida eterna e não senti absolutamente nada da morte do corpo. Tocai em meu corpo e convencei-vos de que ele está morto (a mulher e os filhos assim o fazem e sentem que o corpo está frio, morto e já rígido), no entanto aqui estou a conversar convosco. Eu estou me sentindo muito bem, melhor do que jamais na Terra, e a razão disto é que eu sempre acreditei em Jesus - o crucificado - e agia, na medida do possível, segundo Seus ensinamentos. No Templo ele ensinou que os que nele criam não sentiam a morte em seu corpo, e isto se concretizou comigo! Eu deixei o corpo sem perceber! Não vos deixo nenhuma fortuna, minha pobreza mundana é vossa herança, o que é um tesouro para o espírito. Se todos soubessem disto, evitariam o dinheiro como evitam a peste; mas, na sua cegueira, consideram o que os matará como loucos. Sede feliz como eu sou neste momento. Acreditai que eu já estou no Além e que continuo a conversar convosco. Quanto maior e mais pesada a cruz de alguém, tanto mais leve será sua passagem para este mundo, pois nada o prende, nada mais tem valor; pois todos que desejam seguir o caminho de Cristo têm que carregar a cruz. Toda a carne tem que ser crucificada com Cristo e Nele morrer, pois sem isto não conseguirá ressuscitar. Pela miséria e outras provações, a carne já é crucificada em Cristo; pois quem morre nos braços do Senhor não sentirá a morte, a vida eterna lhe vem sem qualquer mudança. Não mais morrerá, mas sim ressuscitará para a eternidade. Aquele que não seguir este caminho terá uma longa jornada aqui no Além, até encontrar seu Pai. Todos algum dia o farão, por isto foi criada a matéria, mas uns demorarão menos e outros mais.
Que estas minhas últimas palavras neste mundo sejam vossa maior herança, e por esta não precisareis pagar impostos. Este meu corpo retirai logo do quarto, pois está completamente morto. Pelo amor de Deus, não realizeis nenhuma cerimônia, pois elas são um horror. Também não paguem nenhuma missa, pois Deus, o Senhor, odeia estas orações pagas. Tudo que podeis fazer será louvar o Senhor por ter me dado tamanha bênção. A Ele todo louvor, toda honra e todo nosso amor para sempre. Amém. Com estas palavras o homem emudece para o mundo.
Imediatamente ele percebe ao seu lado três homens que com afeto e lhe estendem as mãos, para incluí-lo em sua irmandade. Alegre, ele vai ao encontro, esquecendo tudo do mundo. Está sentado em seu corpo e lhes diz: - Vós, meus queridos, amigos ainda desconhecidos irmãos no Senhor Jesus Cristo, que bom que estais aqui! Durante sete dezenas de anos que passei no mundo material tive poucas alegrias, e os últimos anos definitivamente foram os mais amargos, pois neles só havia dor e miséria; mas que este sacrifício seja em honra do Senhor, que meu amor para com Ele seja eterno, e que Sua santa Vontade sempre se faça.
Fala um dos homens: - Querido amigo, o que farias tu, se o Senhor te colocasse no purgatório por um certo tempo, devido a teus pecados, mesmo após este teu ato de fé? Neste purgatório, onde terias que sofrer dores cruéis? Ainda conseguirias louvar o Senhor nas chamas dolorosas do purgatório, ainda conseguirias amá-lo?
Diz nosso pobre: - A divindade eterna e infinita do Senhor talvez exija uma pureza maior, àquele que deseja ao Seu lado. Terei que passar por mais provações, para me tornar digno de olhá-Lo? Se for isto que a divindade exige, vejo aí também seu Amor, pois vai purificar a alma de tal maneira, que se tornará digna para a vida eterna. Tudo o que Ele fizer será bem feito. Por isto, que se faca a sua santíssima vontade. Se eu pedisse por piedade, tenho certeza que não seria bom para minha alma, pois o Senhor é a Sabedoria e saberá o que é melhor para mim. Por isto novamente digo: Todo louvou ao Senhor Jesus Cristo e que se faca Sua santa Vontade, pois Ele é nosso amado Pai que reina no infinito por toda a eternidade.
Fala o anjo: “ Falaste corretamente. É a mais completa verdade. Mas lembra-te que morreste sem confessar e sem receber a comunhão. Ao chegares ante o juiz Jesus Cristo, poderá ser que te descubra um pecado mortal e que tenhas que ir ao inferno por toda a eternidade, segundo os ensinamentos de tua igreja. Como louvarias o Senhor?”
Pobre: - Amigos, o que podia fazer eu fiz. Que não pude me confessar não foi minha culpa, mas três semanas passadas eu me confessei, e o ouvinte me afirmou que não precisaria fazê-lo por bastante tempo. Mas se eu por acaso tiver um pecado mortal, por piedade amigos, pedi ao Senhor que me perdoe, pois ir ao inferno após uma vida terrena tão sofrida seria algo terrível... Senhor, que Tua vontade se faça, mas, por favor, sê misericordioso com esta pobre alma pecadora!.
Anjo: - Bem amigo, com nossa petição nada será possível, se tu de fato tiveres um pecado mortal. Bem sabes, pelos ensinamentos de tua igreja, que após a morte não se pode esperar misericórdia de parte de Deus. Ele é um juiz severo aqui no Além, e agrava-te o fato de quase nunca usavas os santos para pedirem por ti. No fim então, só falavas com Deus diretamente. Os donativos para a igreja pedir por ti também desconsideravas totalmente. Assim, te comportaste ante tua igreja qual herege e te tornaste, para ela, um pecador irrecuperável. Se nós pedíssemos a Deus por ti, será que nosso pedido seria ouvido? Por que não crias mais nas liturgias e nas missas de arrependimento de tua igreja? Por que deixaste como legado aos teus filhos a convicção que orações pagas são um horror para Deus, bem como a orientação para que não pagassem nenhuma missa para tua alma? Se tudo é assim, se tudo isto é verdade, como queres que intercedamos em teu favor ante Deus? Será que poderemos fazer algo por ti ante Deus? Considera bem!
O pobre, cheio de espiritualidade e amor: - Não sei quem sois, amigos, e não me importa. Não passais de criação divina e, graças a Deus, isto eu também sou. Assim, me sinto no direito de falar convosco em pé de igualdade. No mundo eu fui muito pobre e miserável, mas eu sabia ler, escrever um pouco e fazer contas com bastante acuidade. Os domingos e dias santos eu os passava lendo as escrituras sagradas com grande atenção. Quanto mais eu lia, mais me dava conta que a igreja católica romana ensinava e exigia ensinamentos dos gentios. Na carta de Paulo eu li: “E se um anjo viesse do céu e vos ensinasse um outro evangelho diferente do que eu vos ensino - pois este é de Jesus, o Crucificado - este seja amaldiçoado” (Gel 1-8). Esta frase caiu como mil raios na minha alma, e me questionei: “Como se encontra, portanto, o que a igreja católica nos ensina ante as palavras do apóstolo? Ela não respeita a Palavra, proíbe os leigos de ler as escrituras e lhes ensina algo bem diverso, que parece paganismo bem pesado. Em quem eu devo acreditar?” Daí uma voz interna falou bem claro em mim: “Crê na Palavra de Deus.” Assim eu fiz, seguindo o que a voz interna me ordenou. A cada dia que passa, eu me dou conta que estava certo. A verdade está na Palavra de Deus e nos ensinamentos de Amor de Jesus Cristo, e nesta Palavra está toda a salvação e a vida eterna, pois ela é como Deus: imutável! Como é possível que Ele esteja em união com a igreja romana, se ela prega ódio, preguiça, destruição, morte e inferno? “Não, eternamente não!” - ouvi no meu interior. “Quem julga e amaldiçoa seus irmãos é ele mesmo condenado e amaldiçoado. Não julgues nem condenes ninguém, para não ser julgado no Além”. Isto ouvi e assim orientei minhas atividades. Cada vez mais claro, eu via como os padres de Roma maltratavam Deus muito mais do que aqueles que crucificaram Seu Corpo. Mas mesmo assim jamais os condenava e sempre falava assim em meu coração: “Deus, perdoa-os, pois são todos cegos e não sabem o que fazem”. Eu sentia e entedia o Amor do Senhor cada vez mais e posso vos dizer diretamente: Cristo é minha vida e meu amor, mesmo no inferno, se for condenado a ele por vós.
Eu sei que sou pecador e que sou indigno de ficar junto Dele. Eu prefiro dizer: “Senhor, sou um pecador indigno”, do que dizer: “Senhor, eis aqui um crente digno.” Ele sempre nos ensinou a dizer: “Nós todos somos teus servos inúteis e nada fizemos para merecer tua Misericórdia. Senhor e Pai, perdoa-nos e ensina-nos como merecer tua Misericórdia. Senhor e Pai, perdoa-nos, não pelo nosso merecimento, mas sim pela Tua Piedade”.
Dizer isto e pedir isto é um direito que todos temos, tudo além eu considero como pecado mortal. Tenho certeza que agora entendestes que eu não dava nenhum valor às liturgias e às orações pagas, mas sim a um pedido verdadeiro, aquele que vem de um coração puro, este sim é de grande valor. Por isto que vos pedi que intercedessem por mim, pois sinto que vosso coração é puro e cheio de amor a Deus e ao próximo. Mas sois livres para fazer o que bem desejardes, eu aceito o que Ele tiver para mim.
Anjo: - Irmão estou vendo teu verdadeiro interior. Amor, fé e coragem pelo Senhor estão no teu coração como uma rocha ! – e prossegue o anjo, encantado com o novo irmão: - Mas pergunta ao teu coração, se tu também falarias assim ante o Senhor!
Pobre: – O meu grande amor por Ele poderá tolher minha língua, mas nunca minha coragem. E nem é preciso muita coragem para falar ante o próprio Deus, posto que somos servos indignos. Eu jamais temi a Cristo, pois O amo demais. Dizei-me, portanto, ainda tenho que ficar aqui por muito tempo? Eu gostaria de saber para onde tenho que ir?
– Só mais um pouco de paciência! Temos que esperar alguém por tua causa. Tão logo chegar com o veredito, então poderás ir ao lugar que a Vontade Divina te designou. Vê, lá, em direção ao amanhecer. Ele já vem. Não temes este homem?
– Eu amo o Senhor acima de tudo. Como poderia temer alguém que Ele me envia?
– Tu bem sabes que o mais justo dos homens comete pecado capital sete vezes ao dia. Faze a conta mais ou menos e calcula teus pecados desde quando começastes a raciocinar. Considera que Inácio de Loyola ensinou que quatro pequenos pecados valem um mortal... Como estás agora? E se o mensageiro chegar aqui com esta soma?
– Não, não mil vezes não. Tenho que vos dizer, caros amigos, que seria uma grande felicidade ser considerado um pecador bem grande, já que o pecado me torna humilde, e isto é bom e justo, pois senti isto muitas vezes no mundo material. Muitas vezes, especialmente após a confissão, quando eu achava que estava sem pecado algum, eu me sentia bem orgulhoso e até arrogante. Quando via um infeliz maltrapilho, eu pensava: “Louvado seja Deus, por eu não ser um maltrapilho pedinte como este”. Mas quando, logo a seguir, eu pecava, ficava arrependido e arrasado pelo meu pensamento. Quando via outro pecador eu pensava: “Vê, este que consideraste um sujeito mau, talvez seja bem melhor ante Deus que tu. Por isto Senhor, sê misericordioso comigo, pobre pecador, pois não me sinto digno de elevar meus olhos para ti”. Isto é melhor do que pensar: “Senhor, sou um puro e obedeci todos os teus mandamentos desde terno menino, por isto eu mereço a recompensa que espero de ti”. Amigos, eu sei que eu sou um pecador ante Deus. Não espero Dele nenhuma recompensa, nenhum prêmio por merecimento, mas sim Sua Misericórdia, Seu Perdão pelos meus erros. Eu não conheço ninguém que tenha recebido algo de Deus como pagamento, pois Deus é todo-poderoso e não precisa da ajuda de ninguém, conseqüentemente, não precisa pagar ninguém. Ele tudo pode pela Sua Misericórdia e Seu Amor. Eu acho que Deus é tão perfeito com ou sem nós, que nada podemos fazer por Ele, a não ser amá-Lo. Eu O amo e por isto não temo Seu mensageiro. Tudo o que vier de Meu Senhor será recebido com humildade e amor. Que achas?
- Vejo que tu não queres ser convertido por nós. Nada mais faremos contigo, fica tudo a cargo Daquele que acaba de chegar.
O mensageiro, com um gesto muito carinhoso, se aproxima do nosso pobre e diz: - Levanta-te, querido irmão, acaba tua viajem e abandona teu corpo mortal. Eleva-te para a vida eterna em teu Deus e Senhor, que tu amaste tanto em Jesus Cristo.
O pobre se levanta e está totalmente livre, cheio de vigor e força. Dirige-se ao mensageiro, que tem um aspecto simples e carinhoso: - Augusto mensageiro do grande Senhor e Deus! Um enorme bem-estar se apoderou de mim, quando me estendeste tua mão, o que prova que és de fato o mensageiro do Todo-poderoso. Tu não és de se temer, como os três aqui quiseram me incutir. Eu, grande pecador, me sinto tão bem ao teu lado... Merecimentos eu com certeza não tenho nenhum e não terei eternamente. Como eu me sinto um grande pecador ante Deus, dize-me se posso esperar por misericórdia?
Mensageiro: – Querido irmão! Como podes dizer isto. Teu coração está cheio de amor por Deus e Jesus, que é o único Deus. Quem tiver Jesus no coração, como poderá pedir por misericórdia, pois já O tem em seu coração. Vem, pois, comigo para junto de Deus, o mais amoroso Pai, que te receberá como recebe a todos aqueles que O amam acima de tudo.
Pobre: – Augusto mensageiro de Deus, perdão, mas para lá não posso te seguir, pois não mereço tais bênçãos. Leva-me a um cantinho bem sossegado, onde eu possa trabalhar e ter mulher, onde moram meus pares, que esperam ver Jesus só cada cem anos e de longe. Isto já basta. Não agüentaria a proximidade de Jesus, pois meu amor por Ele me destruiria. Faze o que te pedi e serei feliz.
– Meu caríssimo irmão, sinto mas não dá; o Senhor quer assim. Se eu agüento a presença do Senhor, tu também o poderás. Ambos nos ajeitaremos ante o Senhor.
– Bem, então que assim seja, em nome do Senhor. Mas dize-me: Por que os três nos olham tão maravilhados? Eles por acaso vêm o Senhor em algum lugar?
- Pode ser. Mas eles se alegram contigo e com todos aqueles que aqui chegam com tanto amor. Vê, lá para a manhã, onde existe aquela luz tão bonita e brilhante, para lá iremos. Daquela elevação, verás a cidade de Nova Jerusalém, onde habitarás para sempre.
– Irmão, com o brilho esta luz nos iluminando, quanta harmonia e quanta beleza!. Lindas flores, árvores e plantações..., meu Deus, como que vou me apresentar ante os seres que lá vejo com estes meus trapos terrestres? Meus Deus, por que todos se prostram ao nosso passar? Será que o Senhor vem lá trás, ajuntar-se ao grupo de moradores? Dize-me: O que significa tudo isto?
– Mais um pouco de paciência! Pode ser que assim seja! Dentro em pouco estaremos lá em cima e veremos o que está acontecendo.
– Eu estou sentindo algo muito esquisito! Imagina como nos sentiremos, ao ver o Senhor Todo-poderoso de fato pela primeira vez. Amigos tremo de medo, de impaciência, de expectativa e de amor ante o que nos aguarda lá na frente. Amigo, não temes a proximidade de Deus, quando Ele se aproxima de ti em ocasiões semelhantes? Eu agora vejo uma multidão vir ao nosso encontro e ouço canções maravilhosas. Que significa isto? Eu sinto que esta multidão, bem como os três amigos que nos seguem, que todos estão muito maravilhados, tal como me sinto em Tua presença. Tu, porém, estás completamente indiferente ao que tanto os extasia. Será que devo me comportar como tu, o que acho totalmente impossível?
– Meu amigo, logo descobrirás por que Eu não temo Deus e por que não Me comporto como todos vós. É bom que tu te comportes igual a Mim, pois logo verás que teu temor de Deus é totalmente fútil. Eu te digo: O Senhor não quer esta adoração, mas sim aquela quando os filhos demonstram seu amor aos pais, esta também aqui é bem-vinda. Sei muito bem que há pouco te comportaste totalmente sem temor ante os amigos que te recepcionaram. Confesso que gostei muito, apesar deles tudo fazerem para te assustar. Lá não temeste, porque deverias temer agora, quando estás próximo ao teu Pai que te ama?
– Bem, naqueles momentos eu não conhecia tanta adoração ao Senhor. Agora que todos demonstram tudo isto, eu me pergunto: Como será Deus? Como ele aparecerá? Será que eu agüentarei vê-lo?
– Fica calmo, pois tudo se acomodará. Vê, já estamos no cume do morro e no horizonte vês a santa cidade de Deus, onde habitarás eternamente comigo. Vamos para lá depressa.
O pobre homem se surpreende muito e não sabe o que fazer ante tanta maravilha. Ele não entende por que as multidões estão tão emocionadas, daí pergunta: - Dize-me, irmão, o que as pessoas estão a ver que tanto as emociona e maravilha? Será que elas vêem Deus, e eu, indigno, não tenho este prazer? Não tem importância, já estou feliz demais em estar em Tua companhia e estar na Tua cidade. Quando for digno, se algum dia eu for, tenho certeza que a verei a Sua Face.
Mensageiro: – Fica bem quietinho, que estarás na presença de Jesus bem mais cedo que suspeitas. Tu já O vê, mas não O reconheces!
O pobre homem procura a sua volta, a fim de achar Jesus, mas sua busca é infrutífera. E diz: - É bem estranho. Tu dizes que eu O estou vendo sem O reconhecer; olhei todos com muita atenção, mas ninguém me pareceu ser Jesus, pois todos estão emocionados ao máximo e tomados de grande adoração. Todos louvam e exaltam o Senhor das eternidades. Os três homens em roupas brancas também agem assim, e é impossível que eu o enxergue, mas não o reconheça!
Mensageiro: – Olha para a cidade de Deus, da qual estamos bem perto. Só lá teus olhos se abrirão, tal como aconteceu com os discípulos no caminho de Emaús. Tudo isto tem que acontecer assim, para não prejudicar a salvação e a vida de ninguém! Que achas desta cidade na qual estamos entrando?
Pobre – Amigo, não tenho palavras para explicar o que vejo. Tudo é imensamente maravilhoso! Os palácios, os jardins, tudo é tão acolhedor e, no entanto, majestoso! Nenhum ser humano consegue entender tudo isto. Mas onde é Emaús, e onde está o Senhor Jesus, que ainda não permite que meus olhos O descubram?
– Olha esta casa grande ante a qual estamos e de onde, de suas inúmeras galerias, irmãos e irmãs nos saúdam com tanto amor. Este é o verdadeiro Emaús, e aqui permanecerás pela eternidade. E já que estamos em Emaús, olha-Me e reconhecerás Aquele que tanto procuras cheio de amor e temor.
O pobre olha o Mensageiro, que sou Eu mesmo, cai de joelhos e diz: – Tu, Meu Senhor e meu Deus, como te dignaste a me receber como mensageiro? Quanto Amor por este pecador!
Com estas palavras ele se cala, cheio de prazer divino. Encontrareis mais sobre este homem no livro “Roberto Blum”. Meu Amor a todos. Amém.
Observação: Não penseis que todos os ricos serão condenados, que todos os pobres merecem o céu, que todos os religiosos são maus e não obedecem a Palavra. Não, nada disto, pois tudo no mundo está em provação. Há muitos ricos que mereceram entrar em Emáus, e muitos pobres que não. Depende do amor e da caridade que praticaram. Os ricos devem existir para auxiliar seus irmãos pobres, e os pobres têm que aprender a pedir ajuda, a deixar seu orgulho de lado e aceitar a ajuda de seu irmão melhor pronunciado. Se não existissem riqueza e pobreza, o mundo não realizaria sua missão. Todos devem interagir. Todos têm que se ajudar na evolução. Todos têm que atuar, não só falar. Amém
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