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Cruz e Coroa
Meditação para a quaresma
Recebido por Jacob Lorber
O Senhor: Aproxima-se novamente a semana em que a comunidade cristã pensa mais em Mim, claro que de muitas maneiras diferentes, não como Eu gostaria que fosse e como ensinei quando estive incorporado na Terra. Bem, deixamos isto como estabelecido! Tudo se acomodará com o tempo. Algumas disposições a respeito já foram iniciadas, para finalmente permitir que a Luz penetre nos lugares onde as trevas reinam. Também vós, Meus filhos, lembrai-vos das palavras que Eu vos falei em ocasiões anteriores, especialmente nesta época de meditação. Muitos de vós desejais profundamente ouvir palavras novas, mas é muito melhor que façais introspecção, que mediteis e pesquiseis em vosso “eu”, o quanto lucro espiritual conseguiste obter com as “palavras antigas”. Mas como Eu sou o Pai do Amor e bem sei com que filhos fracos estou lidando, então vou anotar aqui vossa “confissão plena”, antes que Ma digais. Pois vários de vós certamente “esquecereis” vossos pecados principais, e Eu não estou a fim de deixar passar o mais ínfimo com Meu silêncio. Vede, a semana que vem vos lembra duas coisas: em primeiro lugar, o exemplo por Mim apresentado de humildade, mansidão e de amor envolvente e que tudo perdoa; em segundo lugar o grande sacrifício que Eu, como Deus em forma de homem, dei a todos vós, para que não decaísses à qualidade de animais dominados pelas paixões, mas sim salvásseis vossa dignidade espiritual, a fim de que, à Minha imagem, vos torneis aptos para o que Eu vos criei.
Com respeito à primeira pergunta, isto deverá ser respondido: Como e quanto vós seguiste o Meu exemplo, como aplicaste vosso amor ao próximo para com vossos coabitantes e como praticastes a humildade, paciência, perdão e amor? Bem, fazei todos uma severa introspecção e se encontrardes uma fraqueza capital, então que a melhoreis, pois se Eu começasse a contar vossas fraquezas, podeis ter certeza que não estaríeis bem colocados. Sem exceção alguma, ninguém é aquilo que deveria ser, ou como Eu poderia exigir pela grande quantidade de Luz que até agora recebestes de Mim. Em todos Eu descubro impaciência, falta de arrependimento, loquacidade maliciosa e inútil, uma alegria maléfica em apontar defeitos. Em verdade estas não são aptidões de Meus alunos. Agora na próxima semana, se encontrará ante vós a imagem da maior Humilhação, da maior Paciência e do maior Amor, e quão pouco vivestes de acordo com isto... Quando Eu disse: “Aquele que for sem pecado que jogue a primeira pedra”, quantas vezes jogastes pedras em vosso próximo com as mãos totalmente sujas de tanto pecar, os insultastes, os atirastes em excrementos sem dó nem piedade, enquanto estas vossas mãos deveriam amparar este irmão e ajudá-lo a se purificar... Perdoai-os, pois não sabem o que fazem. Quando repetistes estas palavras? Procurai em vossos corações e vereis quantos pontos negros neles existem e quão sujas são as folhas de vosso livro da vida.
De tudo o que de Mim aprendestes está bem clara a maneira como deveis viver, pensar, agir, e não necessito repetir e repetir tudo outra vez. Já deveis ter percebido que só ouvir Minhas Palavras não basta para viver e se considerar Meu seguidor. Também não basta lá de vez em quando meditar e estudar Minhas Palavras, ou então Me oferecer algum sacrifício eventual. Assim não vós tornareis Meus Filhos, mas sim deveis estar sempre com Meu exemplo em vossos olhos, e que cada pulsação de vossos corações seja uma bênção Minha, da qual muitas vezes não sois dignos. Tudo de bom que vos acontece se origina em Mim, e tudo que é ruim, muitas vezes é só culpa vossa. Vós deveis ter entendido que ser um homem a Minha Imagem não é nada fácil e que deveis usar todos os vossos pensamentos e toda vossa força para consegui-lo, nem que seja só um pouquinho. Para chegar a tal elevada meta - o que é quase impossível, pois vossa vida terrena é demais curta para isto - deveis vos preparar para uma pesada luta no Além.
Tudo isto vossa alma deve ter sempre em mente e sempre se questionar: Eu estou de acordo com o que desejo apresentar a Jesus nesta semana que se aproxima? E será que minha conduta vale o sacrifício que este Jesus realizou por minha causa? Sim, tais pensamentos devem estar presentes em vós nestes dias, quando Meu cadáver é colocado no sepulcro, em varias igrejas cheias de cerimônias, até que Eu, cansado de aguardar, faço Minha segunda ressurreição e mostro aos espantados seguidores que não sou Eu quem deve servir, mas sim que eles é que devem Me servir.
Não Me coloqueis no sepulcro, filhos Meus! Não enfeiteis Minhas Palavras com belas encadernações, estas Palavras que representam Meu Eu; não as deixeis em prateleiras de bibliotecas, mas sim permiti que este Cristo em vós ressuscite. Ele foi depositado em vossos corações para que vivesse, para que o Seu Amor também brilhe em vós. Enquanto não seguirdes tais qualidades, por todo tempo só tereis um cadáver morto em vossos corações e não a Palavra viva, a que Criou o mundo, que o mantém e o espiritualiza. Esta Palavra em um pouco mais de tempo encherá todos os espaços com Minha Luz, para mostrar-vos que - apesar de todas as intrigas - somente Meus Ensinamentos e Minhas Ações têm a vida eterna, são o eterno ponto luminoso para toda a criação espiritual.
É assim que deveis encarar a próxima semana! Vós todos desejais vos tornar Meus filhos e ser assim por Mim chamados. Pois bem, mostrai-vos dignos deste nome e de todas as bênçãos que vêem com isto. Então aquele Cristo morto em vossos corações ressuscitará pleno da mais bela Luz. Daí Ele festejará Seu e vosso aniversário, enquanto consolida o amor divino com vossas ações e vosso amor ao próximo,. Após ter ressuscitado e vós renascidos, podereis reconhecer todo o universo de Seu Amor e de Seu Poder.
A cada ano deveis vos apresentar mais puros e mais evoluídos ante Mim e com o firme propósito de melhorar constantemente, avançar passo a passo, até que cada um consiga que sua caminhada na Terra o leve a Mim no Além, onde, porém, as lutas e guerras não acabam. Mas vós - dependendo do vosso nível de evolução - estareis então armados de mais força e poder, e assim passareis com louvor nesta Minha escola espiritual.
Pois então, Meus filhos, “Orai e Vigiai!”, para não cairdes em tentação. Da mesma maneira que Eu falei aos Meus discípulo no monte da oliveiras, Eu vos digo agora: Observai com cuidado vossos instintos, para que não sofrais uma queda. Pois da mesma maneira como Pedro se arrependeu de Me ter negado, em vós também um erro vos trará amargo arrependimento. Tratai de, com pensamentos puros e ações de caridade, fortificar vossa satisfação e calma, para que - assim fortificados - não vos dobreis à mais leve brisa das tentações. Espelhai-vos na Minha vida como homem! Com quanta freqüência Eu senti as dores da natureza humana, mas elas Eu venci. Como Eu venci como homem, também podereis vencer espiritualmente, pois foi esta a razão de Minha vinda, para mostrar-vos em palavras e ações o que o homem pode, se nele existir algo mais do que só manter os instintos de conservação e prazer. Eu persegui Minha meta com paciência, seriedade e amor até o fim quando, com as palavras “Tudo está consumado.”, Eu encerrei a Minha vida material e deixei que vós iniciásseis a vossa.
Agora que estes dias de lembranças vos ocupam tanto, lembrai-vos bem do que Eu fiz e por que o fiz. Assim reconhecereis qual é vossa tarefa, a qual há muito deveria estar inscrita em vossos corações com letras de fogo. Eu ressuscitei após a morte do corpo; ressuscitai vós também, após terdes enterrado vossas paixões: o mundo material. Elevai-vos - homens mundanos - para tornar-vos filhos espirituais de vosso Pai Eterno e cidadãos de um reino espiritual. Vós todos sois destinados a festejar uma majestosa festa do renascimento Comigo e por Mim. E assim, como Eu o fiz no calvário, com a coroa da vitória na cabeça, griteis ao mundo: “Tudo está consumado! Consumada está a grande tarefa que é a verdadeira razão de me tornar homem! Eu lutei, sofri, agüentei, mas conquistei a vitória! Eu venci a natureza mundana e me encontro transfigurado ante Meu Criador, ante Meu Cristo”.
“E Ele, com todo o Seu Amor por mim, me antecedeu, dando-me o exemplo e orientando-me até aqui, onde hoje existe Luz, calor e amor, onde antes só havia trevas e frio”.
Esta bem-aventurança é o prêmio dado àqueles que se opuseram às tentações do mundo, que levaram a bom termo suas tarefas e que podem celebrar a festa da ressurreição plenamente.
Aceitai isto de Minha parte para as celebrações da semana que vem, as quais não deveis realizar no exterior, mas sim bem fundo em vosso íntimo, para que se torne verdade o dito: “Aquele que desejar Me amar e Me louvar, que o faça em espírito e verdade”.
Amém.
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A ceia do Senhor
O Grande Evangelho de João - volume 10-71, pág. 408, 409, 410
O Senhor na ceia de sábado com os patriarcas
Criação de Deus - volume 1-169, pág. 342, 343, 344
Pão e vinho
Muitos cristãos têm dúvidas sobre as Palavras do Senhor quanto a “comer Sua carne ou pão e beber Seu sangue ou vinho”, e também sobre o verdadeiro significado da ceia como uma memória e comemoração recomendada pelo Senhor. Estas “nuvens” são muito bem afastadas no Evangelho de João.
Numa palestra com o Senhor, assim disse, cheio de respeito, o homem cujo servo havia sido curado: “Senhor e Mestre, Tuas ações são maravilhosas, mas Tuas Palavras são a mais pura vida! Pois quando ages, até um cego se dá conta que na Tua Vontade há mais do que uma simples força humana. Quando Tu falas, só então se reconhece plenamente que Tu és o Senhor, pois a sabedoria de Tua fala é muito mais que a Luz mais clara do sol do meio-dia. Mas mesmo assim tenho que Te perguntar (pelo reino do céu), se assim me permitires”.
O Senhor: “Fala, pois tudo que te vem do teu coração terei prazer em responder”.
O homem: “Senhor e Mestre, Tu já falaste muito sobre Tua segunda vinda, como também sobre a chegada do Reino de Deus; falaste aos desta Terra, aos Teus discípulos, a mim e ao meu servo curado, mas algo ainda me causa espanto: Tu disseste que o Reino de Deus não chegará com pompas e cerimônias materiais para o nosso meio, mas sim que ele já se encontra no íntimo do homem, que deverá procurá-lo, encontrá-lo e o decifrá-lo em si. Eu acho que nós todos aqui nos encontramos em Tua presença e ainda não estás visivelmente em nós, mas sim estás bem claramente fora de nós, de tal maneira que podemos dizer: “Vede, este é o Cristo, o eterno Senhor abençoado de toda Criação. Ele é tudo no todo e assim é o eterno Reino de Deus, da Vida e da Verdade”. Já que Tu és conosco, então o Reino de Deus também não está em nós, mas sim junto a nós, em nosso meio. Será que isto também acontecerá desta maneira na Tua prometida vinda futura, ou então será diferente?
Disse o Senhor: “Meu querido amigo, falaste muito bem em verdade, e Eu posso te dizer que isto não foi inspirado pelo teu sangue e tua carne, mas sim pelo teu espírito. Mas o assunto do futuro nascimento do Filho do Homem será como Eu já vos disse várias vezes e de forma bem clara. Tu tens toda razão quando dizes que o Reino de Deus em Mim veio para vós e que agora se encontra em vosso meio. Mas isto não basta para conseguir e manter completamente a vida eterna da alma, pois o Reino de Deus em Mim veio para junto de vós, mas ainda não penetrou no vosso íntimo, o que somente poderá e será possível quando vós - sem vos importar com o mundo - tiverdes vos apoderado e começado a agir e viver totalmente de acordo com a Minha Vontade. Quando assim for, não mais direis: “Cristo e Seu Reino vieram para junto de nós e moram em nosso meio”; mas sim direis: “Cristo vive em mim, eu não vivo mais”. Quando isto for fato, então entendereis, plenamente vivificados, que o Reino de Deus não vem para junto e no homem com cerimônias e pompas externas, mas que somente se amplia no íntimo do homem e prepara sua alma para a vida eterna”.
É necessário que, pelas Palavras de Deus, o caminho seja mostrado ao homem deste o exterior; mas o homem ainda não está no Reino de Deus, e o Reino de Deus ainda não está no homem. Somente quando o homem começa a ter fé inabalável e com as suas ações torna esta fé uma fé viva, só então o Reino de Deus se desenvolve no homem, tal como acontece com as plantas na primavera. As plantas se desenvolvem do interior para o exterior. Tão logo a planta é aquecida e iluminada pela luz do Sol, é assim incentivada a uma atividade interior.
Toda vida parece ser despertada e agitada do exterior, mas seu nascimento, desenvolvimento, evolução, formação e fortaleza, tudo isto vem do seu interior. É por isto que os animais e os homens têm que primeiro procurar e absorver os alimentos do exterior. Mas esta absorção dos alimentos e bebidas do exterior de longe ainda não é a nutrição do corpo, pois esta só acontece partindo do estômago e de lá para todas as partes do corpo.
Como de certa maneira o estômago é o coração alimentar do corpo, assim o coração do homem também é o estômago alimentar da alma, para despertar do Espírito de Deus nela. Meus ensinamentos são o verdadeiro alimento vivo e a verdadeira bebida viva para o estômago da alma. Assim sendo, Eu, nos Meus ensinamentos, sou um verdadeiro Pão Nutritivo do Céu. E as ações segundo Meus ensinamentos são bebidas vivas, um vinho extremamente forte que vivifica o homem em sua totalidade pelo seu espírito, que o ilumina completamente pela brilhante chama do Amor. Quem comer deste Pão e beber deste vinho, este não verá, não sentirá, nem provará mais nenhuma morte pela eternidade.
Minha carne e meu sangue
Agora os discípulos dizem: “Senhor e Mestre, esta Tua lição é por demais compreensível, mas quando Tu, lá em Capernaum, onde uma multidão Te seguia, nos deste uma lição similar sobre o comer de Tua carne e o beber de Teu sangue, aquilo se tornou uma lição difícil demais, especialmente para as pessoas que não tinham entendido Tuas Palavras simples, pois não conseguiram captar o verdadeiro sentido delas. Então muitos Te abandonaram, como também o fizeram alguns discípulos. Nós mesmos não entendemos no começo, mas um - aquele que realmente nunca fora ao menos um mero discípulo Teu - traduziu Tuas Palavras ao nosso, digamos, “idioma”. E quando comparamos aquela lição com a que nos deste hoje, então podemos ver que são idênticas, pois Tu explicaste tudo na maior claridade. Estamos certos?”.
Diz o Senhor: “Certamente, pois o pão e a carne são a mesma coisa. E aquele que comer o Meu Pão pela aceitação de Minhas Palavras e pela ação condizente com a Palavra realizar a caridade com todo o amor estará bebendo o vinho da vida, estará comendo Minha Carne e bebendo Meu Sangue. Pois tal como o pão natural é processado para o corpo do homem e o vinho para o seu sangue, da mesma maneira será o Meu “Pão-Palavra” e Meu “Sangue-Amor”, pois serão transformados em carne e sangue da alma.
Mas quando Eu digo “... quem comer a Minha Carne...”, Eu já vos ensino que o homem não deve absorver Minhas Palavras só em sua mente e cérebro, mas sim em seu coração, que é o estomago da alma. O mesmo tem que acontecer com o “Vinho do Amor” que deixa de ser vinho para se tornar sangue da alma. Pois a mente e o cérebro do homem estão para o coração, tal como a boca material está para o estomago material. Enquanto o pão natural ainda se encontra entre os dentes da boca, ele ainda não é “carne”, mas sim somente pão. Mas quando entrar no estômago, após ter sido mastigado e os líquidos estomacais terem trabalhado, este já é carne pelos seus nutrientes delicados, pois é similar à carne. E é o mesmo com o vinho. Enquanto permanecer na sua boca, o vinho não se mesclará com o sangue, mas no estomago logo entrará no mesmo.
Quem, pois, ouvir Minha Palavra e a deixar na mente, este segura o pão na boca da alma. Mas se começar a meditar sobre a mesma com todo o afinco em seu cérebro, então ele estará mastigando o pão com os dentes da alma, pois o entendimento no cérebro está para a alma, como o dente está para o corpo do homem. Se a Minha Palavra foi mastigada pelos “dentes” do cérebro e aceita como verdade absoluta, então ela tem que ser aceita pelo amor de verdade no coração e, com vontade firme, se tornar ação. Se isto acontecer, então a Palavra será Carne e com as ações corretas e severas se transformará no sangue da alma; isto é, Meu Espírito que está nela. Por isto nenhum de vós seja mero ouvinte, mas ativo e sério obreiro de Minhas Palavras.
Se vós conseguirdes apoderar-vos de Meu Reino devido às vossas ações em Meu Nome, então podereis caminhar sobre serpentes e escorpiões e beber o veneno do inferno, que nada vos prejudicará. Pois bem, se entendestes tudo o que vos disse, - segundo a completa e viva Verdade - sei que entendeis o que Eu quis dizer com: “comer Minha Carne e beber Meu Sangue”. E sei que no futuro não considerareis isto como uma lição difícil.
Orações só da boca para fora
Com grande ênfase o Senhor dá aos Seus seguidores, especialmente aos que vão difundir a Palavra de Deus, o seguinte conselho no Evangelho de João:
“No futuro haverá falsos profetas que farão o que na atualidade fazem os fariseus e seus seguidores: Honrar-me-ão aos olhos do povo com todo tipo de cerimônias, ouro, prata e pedras preciosas. Mas Eu lhes direi pela boca de Meus escolhidos: “Vede, este povo Me honra - a Mim, o Senhor da Vida - com os excrementos, com a morte e com o julgamento da matéria, porém seu coração está bem longe de Mim”. Por isto Eu também estarei bem afastado de tal povo. Por isto Eu vos digo: não construí qualquer tipo de templos ou altares, pois eu lá não habitarei, não permitirei que Me honrem em habitações construídas pelas mãos de homens. Aquele que Me amar e observar os Meus suaves Mandamentos, este é Meu Templo vivo. E seu coração pleno de amor e paciência é o verdadeiro e vivo Altar de Sacrifício, por Mim muito apreciado e cujas honrarias serão por Mim aceitas.
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Uma Ceia comemorativa verdadeira e cheia de Amor
Quanto ao que de é de agrado do Senhor como sinal externo de um coração que Lhe pertence e quer Lhe oferecer um sacrifício, Ele mesmo disse no evangelho de João: “Basta que vós batizeis aquele que Me aceitou em seu coração e em Meu Nome e lhe deis um nome para observar a Ordem, e Eu o fortificarei. E também, de tempos em tempos, podereis dar o pão e o vinho em Minha memória àqueles que Me aceitaram em seus corações e que seguem Meus mandamentos com a fé viva. Onde realizardes uma ceia de amor em Meu Nome, lá Eu estarei presente, junto e em vós. Pois o pão que por amor Mim ofertardes a vossos irmãos e irmãs será Minha Carne, e o vinho será Meu Sangue, que serão servidos pelo bem de muitos. Só isto é suficiente como sinal externo, mas ele somente terá valor para Mim, se houver amor.
Confissão dos pecados
Em absoluto não sou contra que uma pessoa fraca e com a alma doente confesse seus pecados para alguém mais evoluído, mais forte, o qual então poderá dar-lhe os instrumentos necessários para se redimir, especialmente para se fortificar na fé e nos Meus Ensinamentos. Eu não ordeno a ninguém fazê-lo, mas sim aconselho, pois um verdadeiro filho Meu sempre é de grande ajuda; mas somente quando for voluntária a confissão e houver amor nos corações, o mais forte se tornará um conselheiro espiritual para seu irmão. O que Eu faço fazei vós também. Ensinai a todos a Verdade.
Mas somente a confissão dos pecados não purifica o pecador, do mesmo modo que saber sobre o mal não dispensa o médico. O doente deve seguir os conselhos do médico, tomar os medicamentos prescritos e evitar tudo aquilo que pode causar a doença novamente.
Por isto é bom que numa comunidade todos se conheçam, tanto em seu lado forte como nas suas fraquezas, para que um possa apoiar o outro, tanto espiritual como materialmente, segundo a Verdade que Eu vos dei. Mas aquele que não quiser falar, pois acha que poderia ferir seu irmão com sua confissão, este deve ter o seu silêncio respeitado. E se houver um sábio dentre vós que vê seu irmão mais fraco sofrendo com o peso de seus pecados, então que chame o sofredor e, em particular, lhe dê conselhos e lhe ofereça a ajuda necessária, pois terá a recompensa merecida por sua ação caridosa. Mas todos devem ter sua liberdade respeitada; não forceis jamais alguém, pois bem sabeis que qualquer imposição é absolutamente contra Minha Ordem.
Não deveis jamais vos apresentar com severidade e julgamento ao vosso irmão fraco que buscou ou busca ajuda e apoio junto a vós, mas sim sempre com muita amizade e carinho, sempre lhe dando todos os conselhos e até mesmo meios materiais para que ele consiga se curar de sua doença espiritual. Sempre enfrentai vosso irmão ensinando-lhe carinhosamente a Verdade, e tenho certeza que ele não perderá a coragem e se tornará um discípulo agradecido e disseminador da Verdade Livre. Mas se o enfrentardes com todo tipo de prédicas ameaçadoras e castigos, pouco ou nada obtereis, mas sim tornareis vosso irmão cada vez mais miserável.
Perdão dos pecados
Eu já vos disse, especialmente a vos Meus Discípulos mais antigos, que podeis perdoar os pecados daqueles que contra vós pecaram. Aos que perdoais os pecados aqui na Terra, a estes os pecados também serão perdoados no Céu. Mas se, por continuar a se comportar indevidamente, não achardes por bem perdoar certo pecador aqui no mundo, deste também não serão perdoados os pecados no Céu. Mas lembrai-vos que nós já tínhamos combinado que não deveis deixar de perdoar algum pecador por ter pecado contra vós (quando tiverdes o direito a isto), somente sim quando já o tiverdes perdoado 7 vezes 77 vezes. Desde que só vós obtivestes por Mim o direito de perdoar ou não os pecados contra vós praticados, nenhum sacerdote jamais terá o direito dado por Deus de perdoar ou não os pecados de outros. Se, por exemplo, alguém pecou contra Caifas, somente Caifas poderá perdoar ou não. Mas se alguém pecou contra Herodes, este não tem nada a resolver com Caifas ou Caifas com ele, mas sim somente com Herodes.
O homem só conseguirá o verdadeiro perdão de seus pecados quando ele, em primeiro lugar, reconhecer que seus pecados são contra a Ordem Divina, se arrepender e remediar os danos causados ao seu próximo (totalmente ou quanto mais possível); em segundo lugar, quando pedir perdão a Deus e ter o sincero propósito - e seguir este propósito fielmente - de não repetir os pecados. No momento em que observardes isto fiel e verdadeiramente em vossos corações e agirdes de acordo com o que renunciastes, Eu vos digo agora e sempre: Vossos pecados vos foram perdoados!
Palavras do Senhor
1) Antes da ceia
Meus queridos filhos, vós desejais Me convidar a celebrar uma refeição de amor convosco, e Eu vos dou a promessa que há muito vos dei na Escritura Sagrada: “Onde dois ou mais de vós estiverdes reunidos em Meu Nome, lá Eu estarei”.
Em Meu Nome e em Meu Amor devereis vos reunir agora novamente. Somente por Mim deveis celebrar esta ceia. E cada um de vós tenha em si o absoluto desejo de ser fortificado por Mim, no seu amor por Mim e por seus irmãos, e Eu abençoarei este vosso desejo.
Considerai sempre que vós ainda tendes muito pouco Amor por Mim, pelos vossos irmãos, ou por vossos próximos em geral. Vinde a Mim com vossas fraquezas, neste momento em que ireis celebrar esta ceia em Minha memória, pois assim poderei chegar a vós com a saudação: “A paz esteja convosco”. Guardai esta saudação cuidadosamente em vossos corações como uma dádiva divina. Lembrai-vos - cada um de vós - destas palavras, quando uma tormenta de paixões estiver a vos ameaçar. Lembrai-vos de Meu Amor e não sejais ingratos em desprezar este Meu Presente tão caridoso. Lembrai-vos bem, pois Eu habito nele, e não profanai esta moradia tão santificada com impurezas que só testemunham o oposto. Reconhecei vossas paixões que vos afastam de Mim. Colocai-as no altar de vosso autodomínio. Eu, em Meu Espírito, juntarei as mesmas no fogo de Meu Amor, para destruí-las.
É assim que deveis celebrar a ceia do amor, não como um símbolo de vossa consagração, mas sim como um ato sagrado; e uma esperança festiva terá que preencher vossos corações com Minha proximidade, pois Eu, como vosso Pai, estarei zelando pela vossa paz. Muito mais Eu desejo vos dar! Mas vós deveis vos esforçar em como tornar-vos receptores dignos. Eu então desejo abençoar este dia e realizar a promessa: “O que pedis ao Pai em Meu Nome, isto será realizado”. Mas não somente a vós, mas sim para todos os Meus filhos. Por isto pedi por todos aqueles aos quais estais unidos por vossos corações. Amém. Vosso Pai Jesus.
2) Durante a ceia
Pai, a hora chegou, glorifica Teu Filho, para que este Teu Filho Te glorifique. Tu lhe deste todo o poder sobre a carne, para que Ele outorgasse a vida eterna a todos aqueles que Tu lhe deste. Mas a vida eterna consiste em que eles Te reconheçam como único e verdadeiro Deus em Jesus Cristo, a Quem enviaste a Terra. Eu Te glorifiquei aqui na Terra, por ter acabado a tarefa que Tu Me deste para realizar. Agora, porém, Me glorifica Pai, em Tu mesmo, com a glória que Eu tinha antes da criação do mundo.
Eu revelei Teu Nome aos homens deste mundo, àqueles que Tu Me deste. Tua Palavra que deste para Mim, eles a guardaram. Agora eles reconheceram que tudo o que Me deste vem de Ti. Pois as Palavras que Tu Me deste e que Eu lhes dei estão sendo aceitas, reconhecem a Verdade que Eu Me originei em Ti e acreditam fielmente que Tu Me enviaste.
Eu peço por eles, não pelo mundo, mas por aqueles, que Tu Me deste, pois eles são Tua propriedade, e o que é Meu também é tudo Teu, e o que é Teu também é tudo Meu, e Eu estou glorificado neles. Eu não mais Me encontro no mundo, mas eles sim; ainda se encontram no mundo, enquanto Eu vou para junto de Ti. Pai protege-os em Teu Nome, o qual Me deste para divulgar. Deixai-os ser unos, como Nós o somos.
Enquanto Eu estava junto deles, aqueles que Tu Me deste, Eu os protegi e guardei, e nenhum deles foi perdido, a não ser o filho do vício. Agora, porém, vou para junto de Ti.
E ainda digo isto para que eles, tal como Eu, tenham a completa felicidade. Eu lhes dei a Tua Palavra, e o mundo os odiou por isto, pois eles não são do mundo, tal como Eu não sou do mundo. Eu não Te peço que os retires do mundo, mas sim que os livres do mal. Santifica-os em Tua Verdade. Tua Palavra é a Verdade. Da mesma maneira que Tu Me enviaste ao mundo, Eu também os enviei ao mundo e por eles Eu Me santifico, para que eles também sejam santificados na Verdade.
Eu não Te peço só por estes, mas sim também por aqueles que pela Palavra adquiriram a fé em Mim; permite que todos sejam unos, para que o mundo aprenda a ter fé, a fé de que foste Tu quem Me enviou. Eu lhes dei a glória que Tu Me deste, para que eles possam ver a Minha Glória, a que Eu tenho de Ti, pois Tu já Me amavas antes do principio do mundo. Justo Pai, o mundo não Te reconheceu, mas Eu Te reconheci, e estes reconheceram que Tu Me enviaste. Eu lhes revelei o Teu Nome e ainda O divulgarei no futuro, para que o Amor com o qual Tu Me amaste esteja neles e Eu neles.
3) Após a ceia
Filhos de Meu Amor! Nas palavras da oração do sumo-sacerdote foi expresso todo o Meu Amor por vós e vos foi mostrada a estreita faixa que deve unir o Pai ao Filho. Da mesma maneira que Eu e o Pai somos unos, vós também devereis habitar em Mim e Eu em vós. Mas se no futuro vossas paixões vos separarem de Mim, eu vou colocar estas palavras em vossa memória, para que volteis ao caminho. Peço que as leiais nos momentos de tentação, e Eu Me apiedarei de vós e virei em vosso socorro.
Cada passo que derdes cheios de saudade por Mim, vos relacionará mais profundamente Comigo. Eu considero cada suspiro de saudade por Mim como um justo ato de Amor e desconsidero com prazer vossos pecados, contanto que vos arrependais sinceramente.
Este será hoje nosso trato, e com ele vós estais em grande vantagem, quando Eu retribuo o vosso pobre e mísero amor imperfeito mil vezes, com o Meu puro e divino Amor.
Levai, pois, Minha absoluta Bênção para vossos lares. Eu vos prometo que logo estarei à vossa porta, para perguntar como tudo se encontra em vossa casa.
Amém. Amém. Amém.
Vosso Pai convosco.
Advertência ante o desânimo
Vede, chegará a hora - e ela já chegou - na qual vos dispersareis, cada um para seu lugar, e Me deixareis sozinho.
Este texto confirma o que acontece hoje ante vossos olhos. O que entendemos aqui com a palavra “dispersar”? Por acaso é a dispersão física de cada um de Meus discípulos e apóstolos? De jeito algum. Este era seu destino, e para isto os convoquei, para que fossem a todos os paises e predicassem o Evangelho a todas as criaturas da Terra. Não há nada de dispersão física na revelação anterior, o que o texto testemunha na sua continuação: “Se Me abandonardes, Eu não estarei só, pois o Pai está em Mim”. Considerai: Será que alguém conseguiria Me abandonar, tanto no aspecto pessoal como no físico? Para onde alguém poderia ir para estar pessoal ou fisicamente mais perto ou mais longe de Mim? Onde estaria mais afastado de Mim, se estivesse neste ou noutro ponto no fim do mundo? Eu penso que isto será para Mim, o Onipotente, totalmente indiferente. Que dispersão está então a proliferar ante vossos olhos e que timidamente já começava a existir quando Eu ainda caminhava em vossa Terra? Poucos anos após Minha Ascensão, a dispersão já era tão ampla, que ninguém mais sabia quem era o cozinheiro e quem era o garçom. Grandes concílios foram realizados, mas no fim dos mesmos tudo ficava como antes: disperso. E como a situação está hoje, certamente não preciso vos mostrar; em cada direção que olhardes, só vereis dispersão e divergência. Está escrito na Palavra: “Cada um no seu lugar”; o que quer dizer: cada uma das seitas se considera a melhor e a mais pura.
Por acaso estou só por causa disto? Não, o Pai - ou melhor, o Eterno Amor - está em Mim.
Pelo Amor Eu reconheço os meus, mas não pela seita. Aquele que Me ama e que mantém Minha Palavra, este tem o Amor do Pai em si, tal como Eu tenho o Pai em Mim, e ele é uno Comigo, como Eu sou uno com o Pai. Por isto Eu não estou só, pois o Pai está em Mim, e Eu estou em cada criatura que Me ama, Me segue, e que por sua vez está em Mim.
A seita, então, não faz nenhuma diferença. E maldito seja aquele que, por razões mundanas, privilegiar uma seita à outra. Pois em nenhuma seita intolerante está a vida ou a verdade, tudo ali se baseia na fé forçada ou na fé adquirida pela oratória convincente, a qual não é nada melhor que a primeira. E onde fica o homem livre? Quando foi que Eu forcei alguém para uma crença? Eu sempre respeitei a liberdade de cada um. Aquele ao qual Minhas Obras não bastavam para sua conversão interna, este não era forçado por outros meios, pois Eu não dei Meus Ensinamentos somente pela fé simples, mas sim pelas ações.
Eu tive que prever uma mesma Luz a iluminar cada objeto existente com distinta intensidade e diversidade. É assim que acontece com a Luz da Fé; esta mesma Luz ilumina de forma diferente cada alma humana, e em qualquer situação que a alma estiver, a Luz irá iluminá-la. Mas exigir que esta Luz ilumine tantas almas tão diferentes e seja tomada exatamente igual por todas é uma tolice total.
A reação à Luz tem que ser diferente, mas a reação do Amor permanece sempre igual, tal como o calor só tem uma única atuação, pois calor aquece o vermelho da mesma forma que aquece o amarelo, e tudo poderá se tornar incandescente. A cor da verdadeira chama do Amor é única e eterna, e o vermelho do ouro incandescente em nada é diferente do vermelho de um pedaço de ferro incandescente.
Vede, este é o significado deste texto. Não vos disperseis na vossa crença. Permanecei sempre unos no Amor e assim vivereis. Amém.
O Pai com os Seus na ceia de Amor no Céu
Meus queridos filhos, quando Eu fui a vós após Minha Ressurreição, quando estáveis com fome e tínheis pouco para comer, Eu vos perguntei: “Filhinhos, não tendes nada para comer?” E então Me mostrastes um pouco de pão e alguns peixes. Eu os abençoei, Me sentei à mesa junto a vós e comi convosco. Agora Eu não vos pergunto se tendes ou não algo para comer, pois de Meu infinito tesouro e de Minha dispensa tendes eternamente o que comer em abundância. Mas será que por isto Minha Palavra dita na Terra não tem mais validade?
Eu vos digo: esta pergunta terá mais uma vez uma completa explicação, como teve anteriormente. Pois vede, os filhos da Terra hoje estão na mesma situação que vós estáveis após Minha Ressurreição. Eles estão cheios de pensamentos tristes e não sabem o que aconteceu com o Senhor. Eles também só têm uma alimentação precária, como quando vós só tínheis pão e peixe.
Os “peixes” são o Velho, e o “pão” é o Novo Testamento. Mas como esta comida foi em parte salgada e endurecida para os filhos da Terra, então, cá entre nós, está mais do que na hora de nos dirigirmos com mais freqüência para aqueles filhinhos e perguntar-lhes: Filhinhos, não tendes algo para comer? E eles nos mostrarão suas dispensas, e nós abençoaremos seus alimentos, fazendo-os crescer para o bem e para a vida, tal como Eu abençoei vossos peixes e vosso pão. E então vamos nos sentar com eles à mesa de sua fé e de seu amor e com eles vamos comer; quero dizer, nós vamos apresentar-lhes o verdadeiro caminho da vida em espírito e verdade, apesar de sua fraqueza e de sua dispensa quase vazia.
Comei e bebei, pois, Comigo. Então lembrai-vos, cheios de amor, daqueles que ainda vivem nas profundezas da carne e ainda não conseguem enxergar Meu Reino, Minha Misericórdia e Meu Amor.
Comparação do Senhor com um banquete nupcial de um rei
O reino do céu ou de Deus é igual a um rei que celebrou o casamento de seu filho. Ele enviou seus servos e criados, para que convidassem muitos hóspedes finos e aristocráticos para o casamento do príncipe.
Mas os convidados diziam si mesmos: “Por que necessitamos de um banquete nupcial do rei? Aqui em casa temos melhores alimentos e acomodações e não precisamos agradecer a ninguém”. E nenhum dos convidados queria ir ao banquete real.
Ao ter notícias disto, o rei enviou novamente criados e servos e lhes disse: “Dizei aos convidados: “Vede está tudo preparado para Meu casamento. Meus bois e meu gado cevado já foram abatidos e tudo está bem preparado. Por isto, vinde todos para o casamento”.
Novamente os servidores partiram e fielmente passaram a mensagem aos convidados. Os convidados, por uma vez, não deram importância ao convite; mais ainda, desprezaram a chamada. Uns foram para suas lavouras, outros foram realizar atividades diversas, e ainda houve alguns que mataram os enviados do rei. Ao ouvir isto, o rei enviou seus exércitos cheios de zanga justificada, mandou matar todos os assassinos, queimou suas cidades e saqueou os feudos até o chão. Após isto, o rei falou novamente aos servos: “O casamento está todo pronto, mas os convidados não valiam a pena. Ide, pois, às ruas e vielas e convidai todos que encontrardes”. Os servos foram e trouxeram qualquer um que encontraram, bons e maus, e logo as mesas estavam todas ocupadas. Quando tudo estava ocupado, o rei entrou na sala para saudar os convidados. Então ele viu um não estava com roupas nupciais, enquanto que os outros, ao serem convidados, correram para casa e colocaram suas melhores vestes.
Ele então perguntou aos servos: “Porque aquela pessoa não colocou roupa festiva, para que alegrasse meus olhos e não ficasse destacado dos outros muitos hóspedes?”. Dizem os servos: “Senhor, este é um dos muitos convidados que se recusaram a vir. Nós o encontramos na terceira vez que saímos para convidar na rua, o convidamos mais uma vez e lhe aconselhamos a vestir-se com roupas festivas. Ele, porém, disse: “Qual nada! Eu não quero me incomodar de jeito algum por tal casamento, mas irei ao casamento como estou.” E foi assim que ele veio ao casamento com os outros convidados, nós não o impedimos, pois não tínhamos ordens tuas”.
Ao ouvir isto, o rei se dirigiu ao convidado: “Meus olhos têm verdadeiro prazer em olhar todos aqui. Tu, porém, já foste convidado na primeira vez, mas não aceitaste o convite. Na terceira vez te dignaste a aceitar o convite, mas não te adornaste de acordo, apesar de tua fortuna, pois tens o bastante para várias roupas festivas. Por que me desconsideraste de tal maneira?
O hóspede ficou muito descontente ao ouvir isto e não quis pedir desculpas ao rei, ficou mudo e nem se dignou a responder, como seria educado, apesar do rei sempre lhe ter falado como amigo.
A má educação acirrou a zanga do rei que disse aos servos: “Já que esta pessoa é tão obstinada e não considera meu grande ato de humildade quando lhe falo com tanta amizade e simpatia e só me paga com ódio, zanga e desprezo, amarrai suas mãos e pés e jogai-o às trevas mais afastadas (a mais pura sabedoria mundana / para dentro da matéria). Lá haverá choro e ranger de dentes. Eu, porém, aqui vos digo que para integrar o verdadeiro Reino de Deus muitos foram convidados e convocados pelos Meus servos, mas poucos foram encolhidos. Pois, em primeiro lugar, poucos não quiseram aceitar o convite e se opuseram ao mesmo. E quando, na terceira vez, até os pagãos foram convidados para as núpcias, se adornando e se vestindo com suas melhores vestes. Aí veio aquele que foi convidado a se adornar e deu o exemplo da teimosia que o levará às mais profundas trevas e miséria. Por isto que dentre os tantos convidados, muitos já não são os escolhidos. É nisto que consiste o reino de Deus no homem: que ele observe os mandamentos de Deus e creia Naquele que em Mim vos foi enviado. Em verdade Eu vos digo: Quem acreditar em Mim e agir de acordo com Minhas Palavras, este possui a Vida Eterna e com ela o verdadeiro Reino de Deus. Pois Eu sou a Verdade, a Luz, o Caminho e a Vida Eterna.
Getsêname
O Senhor: Nós agora saímos pelo portal e nos dirigimos ao Monte das Oliveiras. Lá se encontrava o jardim que até agora ainda é chamado de Getsêname, porém num local totalmente diverso. Ele pertencia ao albergue de Lazaro e era conhecido como um lindo lugar para ser visitado. Abaixo deste albergue, que se encontra no topo do monte e que oferecia uma belíssima vista, existia uma espécie de pomar todo arborizado de oliveiras, pelo qual um lindo caminho levava ao albergue. Este parque era o verdadeiro Getsêname, mas se encontrava num local bem diverso do que nos é apresentado na atualidade, como já mencionei; só o que existe em comum é o nome, motivado pela existência de árvores bem velhas, dando aos pesquisadores a certeza de que era ali o verdadeiro parque das oliveiras do tempo em que Eu estava na Terra.
Pelo silêncio que existia no parque, ele era ideal para a pratica de meditação. Esta razão por que levei os discípulos para lá, para que meditassem mais uma vez sobre os últimos acontecimentos. Acomodamos-nos um pouco afastados do caminho, e Eu pedi a Pedro, Jacó e João que Me seguissem para um ponto um pouco afastado dos outros.
Aqui então aconteceu o momento em que a alma do Filho do Homem foi acometida violentamente pela consciência do mal que lhe era destinado e a Divindade se afastou totalmente, para que a decisão do homem Jesus fosse totalmente livre. Este sentiu esta hora tenebrosa em todo seu poder e por isto, nesta hora de temor, disse: “Minha alma está aflita até a morte”. E Ele também disse aos três logo a seguir: “Ficai aqui e vigiai Comigo!”.
Em seguida Ele se afastou para o lado e orou: “Meu Pai, se for possível, que este cálice se afaste de Mim! Mas não de acordo com Minha Vontade, mas sim como Tu quiseres”. Como ainda não estava claramente expressa a decisão própria livre, a Divindade ainda não retornou ao Homem.
Jesus voltou para junto dos Seus e os encontrou dormindo. Então Ele se deu conta que somente encontraria um esteio no Pai Nele. Acordou os três e lhes disse: “Não conseguis vigiar Comigo nem que seja por uma hora? Vigiai e orai, para que não caiais em tentação! O espírito é de boa vontade, mas a carne é fraca”. Com estas palavras Ele não pensava só nos três, mas em Si também. Novamente Jesus se afastou e orou: “Meu Pai, se não for possível afastar o cálice, Eu o beberei até o fim, e Tua Vontade se faça”.
Mais uma vez a alma, cheia de inquietude, procurou ajuda fora, junto aos seus, e novamente os encontrou dormindo tão profundamente, que não foi possível acordá-los, pois ao chamado somente se viraram cheios de sono. Agora Jesus - o Filho do Homem - tinha vencido. Com um olhar cheio de piedade, Ele olhou os Seus rapidamente, voltou ao Seu lugar e exclamou: “Pai, Eu sei que este cálice pode ser desconsiderado, mas Tua Vontade somente se faça, e Eu o beberei até o fim”. Neste momento a Divindade se apoderou novamente do Filho do Homem Jesus, O fortificou e O preencheu com Seu Ser e disse: “Meu Filho, Tu tinhas que tomar uma decisão e esta foi a última vez. Agora Pai e Filho estão unos em Ti, eternamente inseparáveis. Carrega o que Te foi dado para carregar. Amém.”
Após isto Eu Me levantei novamente e fui ter com Meus discípulos, que novamente estavam dormindo. Eu os acordei e disse: “Como podeis dormir e Me deixar só na hora mais difícil?! Vigiai e orai, para que não caiais em tentação, pois o espírito tem boa vontade, mas a carne é fraca. Vós, porém, deveis ser sempre fortes. Vede, agora chegou a hora em que serei entregue aos Meus inimigos. Por isto não dormais e sede fortes”.
Neste momento um grupo de guardas do Templo se aproxima com tochas, guiados por Judas, que os queria levar ao albergue, onde pensava que Eu estivesse. Os discípulos perguntaram o que aquilo significava, mas Eu lhes disse que se afastassem. Eu, porém, fui ao encontro do grupo. Judas, ao Me ver, veio ao Meu encontro e quis Me beijar como sinal de reconhecimento para os carrascos. Eu, porém, o repeli e disse: “Judas, vais, pois, trair o Filho do Homem? Seria melhor que não tivesses nascido jamais.”
Logo Me dirigi ao grupo e com voz firme lhes perguntei: “A quem procurais?” O líder do grupo respondeu: “Jesus de Nazaré!” E Me aproximei deles alguns passos, respondendo: “Eu sou quem procurais”. Os carrascos, porém, se retraíram, pois já tinham ouvido falar de Meu Poder e Força e os temiam, razão por que Caifas só tinha escolhido servos que não Me conheciam pessoalmente. Alguns dos que vinham na retaguarda caíram ao chão, retidos pelos que estavam na frente. Novamente Eu, ante sua hesitação, perguntei-lhes novamente: “A quem procurais?” Repetida a resposta do líder, Eu disse novamente: “Eu já vos disse que Eu o sou! Se estiverdes a Me procurar, deixai os outros irem.” Ao ver que nada de mal lhes acontecia, os servos se envergonharam por terem se assustado, se aglomeraram em Minha volta, enquanto que seu líder ordenava que só cuidassem de Mim, pois o sumo-sacerdote tinha ordenado só aprisionar a Mim.
Pedro, porém, que agora se dava conta que Eu corria grande perigo e não haveria nenhum milagre que Me libertasse, puxou sua espada (ele sempre a carregava escondida) e se jogou ao Meu lado. Malcus se lhe opôs e o afastou com uma lança. Então Pedro, com um movimento rápido, lhe cortou uma orelha. Eu então gritei para Pedro: “Guarda tua espada, ou será que Eu não tenho de beber o cálice que Meu Pai Me destinou?!” Com isto Pedro se retraiu; Eu, porém, toquei a orelha ferida do servo, e esta logo ficou perfeita. Este ato causou surpresa aos servos, que desde então não mais se ocuparam com os discípulos e só se preocuparam em Me levar consigo. Já que Eu a partir deste momento permiti que tudo acontecesse, em silêncio deixei que amarrassem Minhas Mãos sem resistir. Eles começaram a expressar entre si sua surpresa, porque lhes tinham ordenado usar a máxima violência, pois seria um enorme perigo prender um elemento tão perigoso como Eu.
Judas assistia a tudo, esperando que algo miraculoso acontecesse e assustasse os guardas. Como nada aconteceu, ele assim mesmo continuou a acreditar que Minha Divina Força ainda se manifestaria.
O segredo da pessoa Jesus
Para entender os acontecimentos em Gestsêmane e a luta do Senhor naquela hora tão crucial, devemos nos aprofundar mais sobre o que é a verdadeira natureza de Jesus, o que está bastante explicado na Nova Revelação; tudo lá está apresentado com clareza e profundidade.
Jesus era, como todos nós humanos, composto de uma trindade: espírito, alma e corpo.
Seu Espírito - Sua vida original mais intima - era muitíssimo maior que a nossa, no amor, sabedoria, poder e divindade. Nele habitava em espírito “toda a grandeza da divindade”; quer dizer, o princípio eterno e centro do poder divino - chamado de “O Eterno Amor ou Pai” - de onde se originou toda a Criação, como também nosso espírito.
“Por eternidades Eu habitava em Meu Núcleo inalcançável e na Minha inalcançável Luz que se origina em Mim mesmo” - assim falava este grande Espírito paternal a Judas, que ainda nada entendia (Evangelho de João). “Mas para o bem das pessoas desta Terra Me foi de agrado sair deste Meu Núcleo inalcançável e desta Minha Luz inalcançável. Coloquei este mesmo Núcleo e esta mesma Luz – até então inatingíveis por toda a eternidade, até para os mais perfeitos anjos e arcanjos– tal como vim para esta Terra e agora Me tornei acessível a todos e por todos os lados, e vós conseguis suportar Minha Luz”.
“Em nenhuma das criações anteriores Eu Me tornei homem pela força de Minha Vontade, em nenhuma “Terra” Me tornei carne, mas sim somente Me comunicava com Minhas criaturas-humanas através de criaturas Minhas, mesmo os mais perfeitos anjos eram somente criações Minhas. Somente esta presente criação universal teve o destino de Me receber num minúsculo planeta que é vossa Terra, Me conhecer em carne por causa de todas criações precedentes e todas as que virão a se concretizar. Ela Me têm na Minha eterna e divina Sabedoria, para ser por Mim ensinada”.
“Por todos os tempos e eternidades Eu desejei criar para Mim verdadeiros filhos, não como criaturas comuns, mas sim educá-los com o Meu Amor de Pai, para eles regerem toda a grande criação Comigo”.
Vede, pois, assim em Jesus era o espírito original e divino do Pai de todo o infinito; por isto Isaías assim chamou por Ele em suas visões: “Pai da eternidade”. E João disse: “No começo era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e Deus era a Palavra”. E Paulo declarou: “Em Cristo habita toda a plenitude da Divindade viva”. Também o Senhor em pessoa anunciou a Felipe: “Quem Me vê, vê o Pai; o Pai que habita em Mim é quem realiza as ações.”
Assim, pois, Jesus era o Senhor segundo o Espírito do eterno e único espírito original e divino do Pai; segundo a alma e o corpo, um humano igual a nós.
No Evangelho de João, o Senhor mesmo testemunha sobre a Criação e o desenvolvimento de Sua alma humana: “Somente o primeiro casal foi criado e obteve o corpo da Vontade de Deus, todos os outros humanos são nascidos do ventre materno. É assim que este Meu Corpo também veio de uma mãe terrena, mas não de um pai terreno e da forma física natural, mas foi concebido somente pela Vontade Divina de Deus. Isto é bem possível de acontecer com pessoas totalmente purificadas e tementes a Deus e na antiguidade não era algo raro, apesar de que muito raramente ainda acontece na atualidade. Ë claro que estas pessoas concebidas por meios totalmente espirituais são algo diferentes das que foram concebidas naturalmente. Pois filhos de pais saudáveis geralmente são saudáveis também, e filhos de pais fracos e doentes serão com toda certeza fracos e doentes”.
“Eu, como homem e da maneira que Me encontro ante vós, não sou Deus, mas sim um filho de Deus, o que todo homem deveria ser. Pois os homens desta Terra são predestinados a sê-lo e o serão – filhos de Deus – conquanto que vivam de acordo com a conhecida Vontade Divina. Um dentre eles é de Deus, destinado por toda a eternidade a ser o primeiro a ter a Vida em Si e a dar esta Vida a todos aqueles que Nele crerem e viverem segundo os Seus Ensinamentos. E este Primeiro sou Eu”.
“Mas Eu não vim desde o ventre materno com esta Vida de Deus. O cerne estava sim em Mim, mas ele precisava ser desenvolvido, o que Me levou aproximadamente trinta anos de muito esforço. Agora estou ante vós completamente perfeito e posso vos dizer que Me foi dado o Poder e a Força no Céu, na Terra e em toda a Criação. O espírito em Mim é totalmente uno com o Espírito de Deus, e por isto Eu posso realizar coisas que antes de Mim nenhum homem conseguiu realizar. Mas isto não é um privilégio que só Eu posso, mas sim cada homem o tem, aquele que crer em Mim, pois fui enviado por Deus a este mundo para dar aos homens a Luz da Vida. Meus ensinamentos mostram aos homens a Vontade do Espírito de Deus (a qual habita em Mim plenamente), e este Espírito é Deus. Mas Eu, como o puro filho do Homem (não como todos os outros homens) tive que conquistar, com muito esforço e violência, a dignidade de um Deus. Só assim consegui Me unir ao Espírito de Deus”.
“Agora sim sou uno com Ele em Espírito, mas ainda não em corpo. Nisto Eu também serei uno com Ele, mas só após passar por um grande sofrimento, uma profunda humilhação e total abnegação de Minha Alma”.
As lutas da alma de Jesus para seu amadurecimento
As lutas humanas que o Senhor teve que vencer para a total purificação e transfiguração de sua alma pelo espírito do divino Pai que nela habitava a Bíblia já nos dá uma idéia com a tentação no deserto. Algo mais pode se encontrado no último capítulo do livro “A infância de Jesus”, de J. Lorber (*): Na Escritura consta: “Ele aumentou em Graça e Sabedoria diante de Deus e dos homens, continuando submisso e obediente aos genitores, até iniciar Sua Doutrinação”.
(*) A infância de Jesus - páginas 283-284-285
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Os preparativos para a vitória
Como viveu Jesus durante os anos mais importantes para Sua evolução, desde Seus doze aos trinta anos?
Ele sentia em Si, de forma bem viva, a onipotência da Divindade. Ele sabia em Sua alma que tudo, que todo o infinito lhe obedecia ao mais leve aceno e que isto deveria acontecer eternamente. Para isto ele possuía um enorme impulso em Sua Alma de reger sobre tudo e todos. Orgulho, desejo de mandar, de ter total liberdade, gosto pela boa vida, paixão por mulheres e outras paixões similares, como também ódio e cólera, eram fraquezas bem fortes em Sua Alma. Mas Ele lutou com toda a vontade de Sua Alma contra tais poderosos e mortais sentimentos dela mesma.
O orgulho ele humilhava com a pobreza. Que meio mais difícil era este para Aquele a quem tudo pertencia no universo, mas que mesmo assim não podia chamar absolutamente nada de “meu”. O desejo de mandar Ele dominava com o total respeito por todos, os que seriam um nada ante Seu poder.
A Sua absoluta liberdade Ele atacava ao se dar aos homens como um servo, fazendo sempre as tarefas mais humildes. O desejo de ter uma vida boa Ele combatia com vários jejuns por necessidade, mas também pela livre vontade de Sua Alma. A atração por mulheres Ele dominava com trabalho pesado, com pouca comida, oração e com o convívio com homens sábios. Sim, neste ponto Ele teve que lutar com todas as Suas forças, pois pela Sua aparência e pela Sua conversa Ele era muito assediado. As cinco lindíssimas filhas adotivas de Cirênius estavam perdidamente apaixonadas por Ele, e competiam entre si para ver quem O conquistaria. Ele tinha agrado por este amor, mas sempre teve que dizer a cada uma: “Noli me tangere” (não me toques). Como Ele conseguia ver toda a maldade dos homens num único relance, é de se entender que facilmente se sentia ofendido e colérico, posto que Seu temperamento era bastante excitável. Mas isto tudo Ele reprimia com Seu Amor e Misericórdia.
Assim Ele, durante toda Sua vida na Terra, praticava constantemente a mais dura abnegação, para com isto regenerar a eterna Ordem tão abalada. Com este relato entende-se bem como Jesus teve que lutar contra tentações constantes durante os dezoito anos de Sua preparação para a evangelização dos homens.
Com isto, porém, aconteceram a fortificação e o aumento de sabedoria e misericórdia na Alma de Jesus ante Deus e ante os homens, de tal maneira que o Espírito de Deus se unia cada vez mais com Sua Alma, que de fato era o Filho.
As amargas orações do Senhor em Gestsêmane
Agora entendemos o que acontecia na Alma do Filho do Homem antes de acontecerem tais horrendos eventos e por que aqui a Escritura fala de “luto” e “brigas”.
Como é possível que um Deus ou um Homem Divino temer algo, e brigar com algo, e como é possível que Jesus, em quem o Pai habitava como algo uno, orar para este Pai.
Na época em que Jesus, pleno do Espírito de Deus, ia de localidade em localidade anunciando a Palavra de Deus, o Espírito de Deus agia com muita força na Alma do Filho do Homem; colocava em Sua Boca as Palavras que Ele devia anunciar aos homens e lhe dava o poder de realizar Seus Sinais. Mas isto não podia continuar, tinha que ser diferente quando a grande hora da provação por vontade própria e independente teria que se submeter à grande Vontade do Espírito do Pai, em seu Amor e Sabedoria. Até então o Filho do Homem, Jesus, tinha vivido para ensinar os povos e disseminar a Palavra Divina. Por isto Ele viveu, lutou e ensinou, agora Ele desejava dar aos homens e a todas as criaturas um exemplo divino da mais profunda entrega aos planos de Deus. Ele tinha que oferecer o maior sacrifício para o bem de Seus irmãos que ainda se encontravam aprisionados e adormecidos na matéria e para a coroação de Sua tarefa, tinha que morrer no Seu Corpo, em todo o Seu livre arbítrio, sem nenhuma pressão de parte do Pai, e isto seria realizado com a humilhante morte na cruz. Foi por isto que o Pai-Espírito de Deus se retraiu nesta grande hora de provação que o Filho do Homem enfrentaria, para não interferir em absoluto com o livre arbítrio de Jesus.
“Minha Alma está apavorada até a morte.” - disse o Senhor aos discípulos; não porque iria entregar o corpo e a vida material ao martírio, mas sim porque ela (a Alma) não mais sentia em si a força e o poder do divino Espírito do Pai.
Totalmente abandonada a si mesma, a Alma de Jesus teve que passar pela estreita porta da fraqueza e humilhação mais horripilante. E foi então que dela se originaram os pedidos que Jesus fez aos irmãos (“Ficai junto a Mim e vigiai Comigo”) e ao Pai celestial (“Meu Pai, se for possível, que este cálice se afaste de Mim”).
Mas esta mesma Alma sabia que, no desespero de seu abandono, somente no Pai se encontrava toda a Salvação do universo infinito e eterno. Então ela se fortificou em ardentes orações e disse ao Pai: “Não a Minha, mas a Tua Vontade se fará”.
Estas orações de Jesus, que tantos questionamentos causaram aos cristãos racionais, estão bem compreendidas agora ante estas explicações. No Evangelho de João alguns não-consagrados conversam sobre este diuturno relacionamento de Jesus com o Pai e dizem: “Estranho, agora Ele vai rezar e Se preparar para o dia de amanhã. A quem Ele ainda pode chamar e para quem Ele ainda pode rezar? Será que mesmo sem Seu conhecimento Ele não é de fato a maior criatura divina?. Certamente Ele não rezará para Si mesmo!”. A estes duvidosos respondeu o esclarecimento do discípulo Natanael: “Vos cegos! Será que aqui na Terra Ele não possui carne e sangue como todos nós, dos quais Sua Alma - tal como a nossa - se originou, visando tornar-se apta a unir-se plenamente com o eterno e divino Espírito de Deus? Somente o espírito Nele é Deus, tudo o mais é humano, tal como nós somos humanos. Ao rezar, Ele permite que Sua Alma seja totalmente possuída pelo eterno Espírito de Deus Original, do qual todos os espíritos vêm, tal como a imagem do Sol na pequena gotícula de orvalho se origina do verdadeiro Sol.”
Tua vontade se faça
Com esta luta desesperada pelo Espírito do Pai que Nele habita, o Filho do Homem encontrou logo uma grande força e claridade. Lucas disse: “E um anjo veio do céu e O fortificou”.
Com esta ajuda espiritual a Alma de Jesus logo reconheceu Sua tarefa com toda a clareza, ante os discípulos adormecidos. Tal qual os discípulos que adormecidos estavam no jardim de Gestsêmane em toda a Criação, também dormiam ainda aprisionados na matéria miríades de almas que aguardavam ansiosas pelo despertar, pela libertação da matéria, pelo julgamento e contra-ordem para poderem entrar no reino da Ordem Divina, do Amor, da Luz e da Vida Eterna. Um enorme sentimento se apoderou do Filho do Homem. O divino Espírito Original deu a conhecer à Alma que - por intermédio de um grande, eterno e atuante exemplo de total obediência e de prontidão ao sacrifício por parte do Amor - estas almas todas seriam despertas e o caminho para a libertação e a glorificação dos filhos de Deus aconteceria (Romanos 8,21). Este sacrifício lhes mostraria e possibilitaria o uso deste caminho. E assim, após lutas e aflições na mais sincera oração, se originou em Jesus uma firme vontade de ajudar Seus irmãos no mais puro Amor Divino, e Ele exclamou: “Pai, Eu sei que é possível que este cálice passe direto por Mim, mas que Tua Vontade absoluta se faça. Eu o beberei”.
Agora a Alma de Jesus estava completamente una ao Seu Espírito de Deus, e a tarefa da redenção que Deus tinha planejado na eternidade poderia se realizar completamente.
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O Senhor e Judas
O oposto total ao Filho do Homem Jesus era o homem Judas, que se uniu ao grupo do Senhor, pois ele esperava que o “profeta” galileu com poderes sobrenaturais logo fundaria um reino e desta forma faria dele, Judas, um de Seus seguidores, um homem importante e digno. Também pensava ele aprender do Senhor todas as magias e artimanhas e assim obter tesouros e riquezas para si. Enquanto junto a Jesus existia o único desejo de praticar caridade e amor ao próximo na mais completa humildade, Judas era impulsionado pelo mais absoluto egoísmo, orgulho e avidez. E enquanto o Senhor cada vez mais unia Seu pensamento e Suas ações ao Espírito-Divino-Original, Judas transformava seus pensamentos e seus desejos em mais uma presa do inimigo e do inferno.
Sobre a vida e o ser de Judas o Senhor fez constar no Evangelho de João: “Judas Iscariotes, neste Meu discípulo podeis observar um belo exemplo de uma má educação. Judas foi o filho único de um pai muito rico e de uma mãe tola, por ele (Judas) apaixonada até a morte. Os pais então faziam tudo por este seu filho, permitindo que ele comandasse a casa, e lhe davam tudo que desejasse. A conseqüência foi que, quando o jovem se sentiu forte suficiente, enxotou os velhos pais da casa e passou a levar uma vida devassa. Em pouco tempo dilapidou a fortuna dos pais que, tendo se tornado mendigos, logo morreram de desgosto.”
O jovem agora, também pobre, começou a se questionar: “Porque me tornei o que sou, porque agi de forma diferente? Eu não me concebi, também não me nasci, educar eu não me eduquei, no entanto, todos me chamam de patife, o malvado que levou seus pais a mendicância por ter dilapidado a fortuna adquirida por eles com tanto trabalho e que motivou suas prematuras mortes pelo sofrimento. Qual é minha culpa? Eu sei que não presto, mas, o que posso fazer se os velhos me educaram tão mal? Mas o que faço agora? Pobre, sem dinheiro, sem lar, sem emprego, sem pão ..., roubar e assaltar seria o mais fácil e a forma mais rápida de lucros. Mas ser pego e castigado como um ladrão incompetente, isto não faz meu gênero. Não, com assaltos é ainda muito pior. Eu já sei o que vou fazer. Eu vou aprender uma profissão e creio que será a de oleiro, posto que ela enriqueceu meu pai.”
Judas foi ser aprendiz com um oleiro em Capernaum e com muita boa vontade logo aprendeu esta arte. O oleiro mestre, porém, tinha uma filha que em pouco tempo se tornou a mulher do aprendiz. Mas, bem ao contrario de sua juventude, agora o oleiro Judas tinha se tornado um homem duro e avarento, e sua mulher muito sentiu as conseqüências. Ele produzia produtos bons e logo começou a freqüentar as feiras, mas em casa só havia miséria e trabalho duro. Se ele voltava do mercado com bons lucros, dava aos seus trabalhadores um pouco, mas não para a casa, onde a vida continuava um verdadeiro martírio.
Para conseguir mais lucros, alugou uma peixaria e começou a se interessar por magia, pois em Jerusalém tinha visto o dinheiro que os magos egípcios e persas conseguiam. Mas ele foi um bom fracasso com a magia, apesar de pagar bem aos seus instrutores. Logo procurou alguns essênios corruptos que diziam poder criar um mundo com tudo que nele existisse, mas logo viu que ele era o “trouxa-da-vez” e os abandonou.
Neste ano ele ouviu sobre o que Eu era capaz de fazer e que Meus atos eram muitos mais eficazes que todos os “milagres” até então existentes. Esta foi, pois, a razão pela qual ele se uniu a Mim, abandonou tudo na sua casa, para aprender Comigo todas as maravilhas que Eu fazia e assim conseguir novamente uma fortuna. Dos Meus Ensinamentos poucos lhe interessavam. Ao observar Minhas Palavras, ele esperava que Eu dissesse uma explicação de como fazer os milagres que Eu fazia; mas como nada disto acontecia, ele sempre estava de mau humor. Mas ele já tinha uma tarefa bem horrível de se fazer neste mundo: um ato de traição. E o desespero pelo que tinha feito o levou ao suicídio. Uma corda e uma árvore selaram seu triste fim neste mundo, pois ele é um dos que desejaram experimentar a reação de Deus, o que é uma enorme injuria.
Simão Jonas, chamado Pedro
Bem diferente de Judas era Simão Jones, chamado de Pedro pelo Senhor. Ele era um homem com certeza com várias fraquezas, mas com um coração muito sincero e cheio de entusiasmo. Do Messias ele esperava “ajuda aos pobres e disseminação da Doutrina a todos os ricos arrogantes e de corações duros.” Ele, sendo um pescador pobre que habitava as margens do Mar da Galiléia, tinha que lutar muito, junto com sua família, para conseguir sobreviver. Com grande alegria ele ouviu de seu irmão Andréas, que um filho de carpinteiro que se chamava Jesus tinha aparecido em Nazaré e tinha sido chamado por João Baptista de “O Escolhido por Deus”, e Ele estaria vindo para libertar o povo. Rapidamente Simão resolveu se juntar a este Homem do Futuro, na esperança de que Ele logo fundasse na Terra um reino de liberdade e de irmandade fraterna.
Mas já nas bodas de Canaã, pelos milagres que viu, ele reconheceu que Jesus era o Messias, muito mais que um simples escolhido por Deus a ser um rei do povo. Após a transformação da água em vinho, ele disse ao Senhor: “Senhor, permite que Eu me retire, pois Tu és Jeová, tal como predisse Teu servo David sobre Ti, nos salmos. Eu, porém, sou um pobre pecador e totalmente sem valor para Ti”.
Mas o Senhor lhe respondeu: “Já que tu te consideras indigno de andar em Minha companhia, dize-Me quem consideras digno. Vê, Eu não vim por causa dos fortes - se é que há alguém forte mesmo - mas sim pelos fracos e doentes. Se alguém está sadio, ele não precisa de médico. Permanece, pois Eu já muito perdoei todos os teus pecados por causa de teu amor. E mesmo que peques enquanto estiveres ao Meu lado, Eu te perdoarei todos. Mas não na tua força, porém na tua fraqueza - na qual tu Me reconheceste na tua humildade e já és agora uma rocha na fé - serás perfeito pela graça única que vem de cima”.
Ao ouvir esta lição, lágrimas tomaram os olhos de Pedro, e ele disse cheio de entusiasmo: “Senhor, se todos te abandonarem, eu não te abandonarei! Pois tuas santas Palavras são Verdade e Vida”.
E logo a seguir elevou seu cálice e disse: “Salve tu, Israel, e três salvas a nós, pois somos testemunhas da realização da profecia: “Deus veio para junto de Seu povo”. O que era tão difícil de acreditar, agora aconteceu ante nossos olhos. Agora das profundezas não mais podemos clamar pelas alturas, pois a altura das alturas veio a nós aqui nas profundezas. Glória Àquele que está conosco e que nos ofertou este vinho pela Sua Graça e Bondade, para que Nele acreditássemos; de agora em diante, daremos Nele as honras a Deus”.
Pedro ainda não imaginava, mas o espírito divino que nele habitava certamente já sabia que aquele milagre nas bodas de Canaã - a transformação da água em vinho - tinha de fato um significado muito profundo e importante, o que o Senhor nos confirma nas explicações dadas no Grande Evangelho de João.
“Como Meu jejum no deserto, a perseguição que Eu sofri por parte dos templários de Jerusalém e Meu batizado por João prenunciaram Minha morte na cruz, estas bodas indicam Minha Ressurreição, a transformação de água em vinho como uma preparação para o renascimento do espírito para a Vida eterna. Pois tal como Eu transformei a água em vinho com Minha Palavra, a humanidade também será transformada no Espírito pela Palavra que sai de Minha Boca, se viver de acordo. Deveis seguir o conselho que Maria deu aos servos: “O que Ele disser, fazei”. Guardai bem isto nos vossos corações.
A espada de Pedro
Um dos primeiros em que o Senhor (imediatamente após as bodas de Canaã) iniciou a espiritualização foi Pedro. Claro que o mundano (materialista) que naturalmente existia neste simples homem do povo desde sua concepção, fazendo-o crer que o Messias prometido seria um rei poderoso a castigar os ricos arrogantes e proteger todos os pobres, não foi destruído com rapidez de sua mente. Por muito tempo ele não conseguia compreender e assumir o espiritual e o divino em Jesus e em Seus ensinamentos. Era, pois, bem difícil para ele entender que - segundo os ensinamentos - devemos amar nossos inimigos e fazer o bem àqueles que nos desejam e fazem mal e nos perseguem cheios de ódio. Pedro exigia do Senhor leis e castigos severos e intimidantes contra todos os malfeitores. “Senhor – Pedro disse um dia, quando um grupo de pessoas mal-educadas começou a molestar e insultar o Senhor na estrada - se eu tivesse somente uma faiscazinha de todo o poder que Tu possuis, saberia muito bem o que fazer com esta turba de desocupados. Mas como, segundo Teus ensinamentos, devemos revogar os castigos dos malfeitores, em pouco tempo estes se multiplicarão qual erva na Terra.”
A este discurso inflamado o Senhor respondeu: “Meu querido, o inferno necessita certamente de leis bem severas e castigos bem severos, mas Meu Reino, que é o Céu, não precisa de leis nem de escritas impostas ou castigos severos. Eu não vim para vos encaminhar ao inferno com leis severas, mas sim para os Céus e pelo Amor. Abençoai vossos inimigos e pagai o mal com o bem, se desejardes ser Meus servos e seguidores, apresentar Meus ensinamentos ao mundo e expandir o Meu Reino.”
Este tipo de ensinamento não era em vão para o coração de Pedro. Mesmo assim, ele não conseguia se libertar totalmente de seus sentimentos mundanos e materialistas, mesmo tentando com todo afinco. E foi assim que na grande hora de provação, quando o Senhor foi aprisionado, ele carregava em segredo uma espada para lhe valer na ocasião necessária, quando ele pensava em usá-la para proteger Aquele que há muito já tinha reconhecido como o Senhor do Universo Deus Zebaoth, a quem exércitos infinitos obedeciam. Não sabia ele, pois, que este Senhor e Mestre de todos os elementos poderia se livrar de todo e qualquer perigo ou violência, se assim o desejasse, somente usando uma particular e minúscula de força de Seu Espírito? Pedro bem o sabia. Mas o coração do homem por natureza tende a agir por si próprio ante a violência e muito dificilmente se adapta ao puro e divino sentido da verdadeira confiança em Deus e do verdadeiro amor e mansidão. “Guarda tua espada na bainha.” - o Senhor teve que ordenar a Pedro - “Será que Eu não devo beber o cálice que Meu Pai Me apresenta?”. E, segundo Mateus, Ele ainda acrescentou: “Aquele que usar a espada, pela espada será morto”.
Quem usar a espada, pela espada será morto
Desde sempre estas palavras causaram muito alvoroço no mundo. Elas são comparadas às palavras do sermão da montanha: “Vós ouvistes que foi dito: olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, digo: Não vos niveleis com o mal; porém se alguém vos ferir na face direita, apresentai-lhe a outra; no momento em que alguém discutir convosco e exigir vosso casaco, entregai-lhe também o teu manto; e se alguém vos pedir para acompanhá-lo uma milha, ide duas com ele. Amai vossos inimigos e orai pelos vossos perseguidores, para que vos apresenteis como filhos de vosso divino Pai. Pois ele permite que o Sol ilumine tanto os bons como os maus e deixa que chova sobre justos e não-justos. Mas se vós amardes somente os que vos amam, qual a vantagem que existe nisto? Não fazem isto os aduaneiros? E se saudardes somente vossos amigos, que extraordinário há nisto? Não fazem assim os pagãos? Por isto deveis ser perfeitos, como vosso Pai é perfeito”.
O que o Senhor aqui prega como perfeição divina a muitos parece ser o cúmulo da fraqueza e eles vêm e nestes princípios a total dissolução e destruição da sociedade ante o mal, a cegueira diante dos erros dos homens maus. Exclamam muitos: “E se deixarmos que a vontade e os desejos dos malfeitores se expandam livremente, ou mesmo se fizermos a estes malvados o bem e uns agrados? Não, aos maus devemos nos opor com todo nosso poder e força. De fato o mal obstinado só é derrotado com muito mais mal e violência e ao final deverá ser completamente destruído e aniquilado”.
Pedro - muitos acham - quando puxou sua espada em defesa de seu amado Senhor, no momento em que Este era tão aviltado, estava certo e agiu como todo homem correto e heróico agiria. Os outros discípulos sim eram covardes, os que não tentaram defendê-lo. Serão estas afirmações corretas? O que devemos achar disto?
Primeiro: A prisão do jardim de Gestsêmane tratava-se de um acontecimento que já tinha sido previsto desde os primórdios dos tempos, segundo o grande plano do Pai celestial, que deveria se realizar de acordo com Sua Onipotência.
Até este momento os templários já tinham tentado pôr as mãos em Jesus por várias vezes, como podemos ler no Evangelho de João. Eles tenham prendê-lo e matá-lo, porém o Senhor, como Sua hora ainda não tinha chegado, sempre soube se livrar dos algozes. Mas agora tal hora tinha chegado, aquela em que o Filho do Homem - segundo o plano e a vontade do Pai - seria submetido aos perseguidores. Por isto Ele disse a Pedro: “Guarda tua espada, ou será que não devo beber o cálice que Meu Pai Me deu para beber?”
Assim que os acontecimentos se desdobraram. Mas também seria totalmente falso entender a Palavra do Senhor a Pedro e Seu ensinamento no sermão da montanha como uma passividade absoluta; seria falso entender que não temos de nos opor em nada ao mal e que os malfeitores podem seguir, pois tudo ajeita no seu tempo. Esta interpretação de “deixar acontecer” e “não se opor ao mal” é completamente errada e contrária à vontade divina.
Em todo o ensinamento e em toda vida o Salvador testemunha que veio ao mundo para nos libertar de todo o mal e, com sua Palavra e Suas ações, nos ensinar a vencer o mundo. Somente os meios pelos quais conseguimos alcançar esta meta é o que o Senhor quer nos mostrar com Sua preleção no Sermão da Montanha. Em primeiro lugar, Ele nos aconselha - de Seu imenso Amor ao próximo e em sua divina Sabedoria - que se deve usar o desprendimento do mundo e o suave amor ao próximo. Pois a violência é em tudo um meio infernal, venenoso e conseqüentemente destruidor, como a experiência sempre nos confirma.
“Vede - diz o Senhor - em toda alma, por mais doente que seja, ainda se encontra adormecida uma pequena faísca do Espírito de Deus, e nele está um núcleo vital bem sadio”. E se a alma de um irmão conquistado for um tesouro imensurável que ninguém no mundo pode obter? Vós homens não o sabeis, mas Eu sim. Sei quanto o esforço por cada um valeu, vale e valerá.
Por isto Eu vos digo: Sede sempre misericordiosos, mesmo ante o maior pecador ou agressor das leis divinas. Somente uma alma doente é capaz de pecar, pois o pecado é sempre uma expressão de uma doença espiritual. Quem dentre vós homens pode condenar uma alma por ter ferido um dos Meus Mandamentos, já que vós todos estais sob estes mesmos Mandamentos e um destes Meus Mandamentos consta que jamais devereis julgar alguém? Ao julgar um de vossos próximos que pecaram contra um de Meus Mandamentos, automaticamente estareis em pecado também. Como podereis, como pecadores, julgar e condenar a outros? Não sabeis, por acaso, que no momento que condenardes um de vossos irmãos como pecador, estais condenando a vós mesmos com um julgamento duplamente severo, o que vos será cobrado no Além, quando não já aqui em vossa vida terrena?
Bem, aquele que for pecador que se livre da posição de juiz! Pois se ele julgar, estará dando a si mesmo uma condenação duplamente severa, da qual terá muito mais dificuldade de se livrar do que a alma doente por ele julgada.
Observai, pois, o que vos digo: Não julgueis ninguém! Ensinai isto também a todos os que serão vossos seguidores. Dos seguidores deste Meu ensinamento criareis anjos de homens, mas ao desobedecerdes isto, criareis diabos e juizes que agirão contra vós.
Com amor conseguireis tudo, mas com violência o diabo será acordado de seu sono. E o que de bom poderá advir para vós com o diabo agindo bem desperto? É muito melhor que entre os homens cresça o amor e a mansidão e que eles, sempre vigilantes, cuidem que o diabo permaneça bem adormecido e bem quietinho; do contrário, os diabos podem acordar com grande barulho e tudo destruir.
Com isto não quero dizer que não devemos tomar medidas violentas e severas, quando nada mais adianta contra os malvados e malfeitores. O Senhor mesmo bradou contra os que injuriavam o santuário de Deus no Templo. No Evangelho de João existem vários exemplos de julgamentos dados por Jesus, nosso Pai. E aqui Ele também dá aos Seus seguidores orientações de quando e como devem tomar medidas severas contra aqueles que são maus e errados.
Amor celestial e sabedoria celestial
Para Pedro - para quem esta pergunta sempre foi muito importante e de difícil entendimento - ao “apresentar a outra face”, dado como exemplo pelo Senhor, foi acrescido: (O Senhor): “É bem claro que não é possível dar a uma pessoa extremamente malvada a oportunidade de crescer na sua maldade, ao apresentar-lhe, como oposição, a nossa amizade. Ela se aproveitaria disto e ficaria cada vez mais má. Neste caso nosso gesto de amor não passaria de uma ajuda, e ela consideraria nossa atitude como indulgência e cumplicidade na sua crescente maldade. Para evitar isto, Eu em todos as épocas coloquei neste mundo juízes mui severos e lhes dei direitos de castigar estas pessoas de acordo com as respectivas maldades. Também vos dei o mandamento que reza a obediência às leis mundanas, não importa se suaves ou bem severas”.
Quem, portanto, tiver um inimigo bem mau que vá ao juiz mundano e o denuncie. Este então tratará de aplicar castigos que afastarão deste super-malvado toda sua maldade. Se castigos corporais não surtirem efeito, então - no fim - deve ser usada a espada.
Assim também é o caso da bofetada. Se tu receberes uma bofetada de uma pessoa que não é muito má e que te bofeteou num momento de perda de razão, então não te defendas, para que ele, por não o teres enfrentado com outra bofetada, consiga ser acalmado. E estou certo que logo sereis bons amigos novamente, sem ter que chamar o juiz mundano. Mas se alguém te ameaçar com uma bofetada mortal, cheio de ódio, tens todo o direito de te defender como te aprouver.
Seja, pois, assegurado que Eu, com a Minha pregação de amor ao próximo, não erradiquei em absoluto o poder e a violência da espada; mas sim tentei afastá-la o mais possível, tentei torná-la o menos severa possível, afastando-a tanto, até que a inimizade entre os homens não mais alcançasse aquele grau que, com toda justiça, chamamos de infernal.
E para Lazaro e amigos o Senhor disse: “Todos vós tomai-Me como exemplo! Eu sou toda Humildade, todo Meu Coração é manso, não julgo nem condeno ninguém e todo aquele que vier a Mim, mesmo cheio de dúvidas e erros, Eu o aliviarei. Tal como Eu sou para todas as pessoas, assim também devereis ser vós. Ou podeis por acaso dizer, Meus queridos discípulos, que Eu alguma vez fui duro e cruel com alguma pessoa trazida ante Mim como sendo um dos piores malfeitores?
Somente sentiram Minha ira terrestre aqueles que, com o mais elevado grau de maldade e com a vontade mais do que teimosa, quiseram vos destruir ou a Mim; e vos dei um exemplo no qual podereis vos espelhar quando tiverdes de enfrentar situações semelhantes, pois poder para isto vós todos possuireis. Mas antes de usar o poder e a força, devereis tentar todos os meios de indulgência. A severidade só deve ser usada em quem for irredutível, vos perseguir e não quiser ouvir nenhuma palavra de conciliação.”
Em poucas e claras palavras o Senhor nos diz no livro “A Infância de Jesus”:
“Aquele que praticar o mal e não souber que o está fazendo deve ser esclarecido. O mesmo deve acontecer com quem o fizer por necessidade. Mas aquele que conhecer o bem, mas mesmo assim - por vontade própria - se voltar para o mal, este é um diabo e deve ser castigado com fogo”.
E sobre o portar da espada, eis aqui o que diz a Palavra: “Aquele que usar a espada como arma, este que a jogue para bem longe. Mas aquele que a usar como cajado, que fique com a mesma, pois esta é a vontade Daquele ao qual Céu e Terra devem obedecer eternamente.”
No jardim de Gestsêmane Jesus foi ao encontro de Seus algozes, estendeu-lhes Suas Mãos para serem amarradas e os seguiu ao encontro de Seus inimigos. E com este exemplo elevadíssimo de Sua divina mansidão e Amor, santificou todo o mundo e deu assim o meio de vencer todo o poder do mal.
Condenação
O Senhor: A condenação agora seguia o mesmo caminho, por Quidram, pela mesma porta em que se tinha dado Minha entrada. Eles primeiro Me levaram a Hannas, que era o cunhado do sumo-sacerdote Caifas, pois Hannas era o representante de Caifas em relação a Mim e sempre tinha sido muito ativo e agressivo. O jeito como ele Me recebeu e também a Pedro deve ser lido no Evangelho de João. E Hannas Me mandou atado a Caifas. (O Grande Evangelho de João – Tomo 11 – pág. 412-413-415).
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O Templo na época de Jesus
A situação do Templo na época de Jesus nós vemos várias vezes retratada no Grande Evangelho de João. Nos é apresentada numa cena popular, quando Jesus e Seus discípulos se encontravam junto com um grupo de letrados e fariseus, numa casa de pescadores que estava rodeada por uma multidão. Então um homem atacado por uma doença mutiladora (gota) foi descido pelo teto em busca de cura. Houve então uma discussão entre um dos homens que tinha trazido o doente e templários que consideraram a tarefa de destelhar uma parte da casa como uma afronta ao Sabat. O homem então respondeu de forma abrupta aos templários: “Moisés e todos os outros profetas eu considero como sábios e santos! Mas vossos regulamentos, dos quais Moisés nem sonhou, eu considero como extremamente tolos! De que forma servir a Deus? Excrementos e lixo queimais nos altares santificados de Deus e os bois cevados, ovelhas e bezerros vós jogastes fora, bem como os profetas verdadeiros e todos aqueles dentre vós que se animaram a ensinar os puros ensinamentos. Quantos dias se passaram desde que vós assassinastes o profeta Zacarias no Templo? Em Betsabara, o seu filho João pregava a Verdade e a volta para Moisés e seus ensinamentos puros e divinos. Que fizestes com ele? Para onde ele foi levado? Ele desapareceu! Pelo que me consta, ele foi apanhado por maldosos carcereiros na calada da noite.
Agora, aqui em Nazaré, Jesus foi despertado por Deus para ser um profeta, age com um poder que somente é possível aos deuses, mas vós O observais com olhos cheios de desconfiança. Ai de vós, se Ele pronunciar uma só palavra contra vossas leis, leis que criastes e que nada têm a ver com as de Moisés. Vós imediatamente o condeneis como o mais terrível difamador de Deus. Como agradecimento por Ele ter ressuscitado vossos mortos e curado vossos enfermos, pretendeis apedrejá-lo ou mesmo crucificá-lo.
Pois vossa tarefa é dominar o povo e usufruir a vida da melhor maneira imaginável, satisfazendo e engordando vosso estômago. Aquele que desejar levar-vos de volta a Moisés é vosso inimigo, e vós tendes bastantes meios para tirá-lo de vosso caminho.
Eu sou pagão, mas mesmo assim reconheço aqui em Jesus o mais puro poder divino, e isto em tal intensidade como jamais houve em toda a Terra. Mas o que reconheceis vós em Jesus, Aquele que somente pela Sua Palavra, sem usar qualquer medicamento ou ritual de cura, desperta vossos mortos e faz com que vossos aleijados pulem e corram feitos uns alces jovens? E vos pergunto, a vós, cegos: Quem deve ser Este que com uma só palavra acalma ventos e tempestades, ressuscita os mortos e faz com que aleijados pulem e caminhem?”
Então um fariseu se dirigiu ao Senhor e disse: “Como podes ficar calado, Tu, como legítimo judeu, quando um pagão como este miserável aqui insulta os santos ensinamentos de nossos ancestrais?”
O Senhor então lhe respondeu: “Ele não insulta nem Moisés nem os profetas, mas somente a vós e vossos regulamentos novos. Como desejais que Eu o recrimine? Vós conheceis os mandamentos e os ensinamentos de Moisés e dos profetas, mas perguntai a vós mesmos se no Templo é possível encontrar um mínimo rastro de Moisés e dos profetas. Não estive Eu mesmo em Jerusalém este ano e, para Meu espanto, pude ver pessoalmente em que tipo de caverna de assassinos transformastes a casa de oração de Deus! O pátio de entrada está cheio de animais, mesmo os impuros, para serem negociados ou abatidos, tão cheio que as pessoas passam por sérios riscos de vida, se quiserem entrar no Templo. Na entrada do Templo, num dos lados, os animais são abatidos e sua carne é vendida como em qualquer açougue; no outro lado, porém, há mesas onde se encontram os usurários e cambistas. O barulho de seus gritos é ensurdecedor e quase ninguém consegue escutar nem uma palavra. Quando se consegue entrar no Templo principal, não conseguimos nos mover de tanto assédio de vendedores de pombos e outras aves. E hoje em dia no santíssimo, no qual somente o mais elevado de todo o sacerdotes podia entrar uma vez por ano, como Deus tinha determinado, contra um bom dinheiro até mesmo pagãos são para lá levados, claro que no maior segredo ante os judeus. Mas em Roma, o santíssimo é tão bem conhecido, como é para o sumo-sacerdote de Jerusalém. E assim, por dinheiro, expõem-se a qualquer estrangeiro os segredos do Templo. Mas se por acaso um pobre judeu se atrever a espiar atrás da cortina, ele imediatamente será apedrejado atrás dos muros do Templo pelos carrascos templários, no local dos amaldiçoados. E não passa uma semana sem que pelo menos um seja apedrejado ou então seja forçado a beber a água maldita. Para concluir, a casa de oração de Deus foi transformada num antro de assassinos e o espírito de Jeová não mais lá se encontra representado pela coluna de fogo por cima da antiga arca do testamento.
Agora vós, como Eu e ainda milhares de pessoas, sabeis como o Templo se encontra e também estais cientes do que Moisés e os profetas ensinaram; eles sim que estavam prenhes do mais puro e verdadeiro Espírito Divino. Agora sabeis como vossa fé em Deus está neste momento, pois por cada centavo ofertado a desprezais e a modificais para satisfazer o vosso bem viver, para não vos indispor com os poderosos e governantes. Como de uma forma tão desavergonhada criais novos mandamentos, fazendo com que a pobre população creia que foram criados por Moisés e os profetas, e a ameaçais com castigos infernais e mortais, caso não respeite e adore os mesmos?
As letras mortas vós as conheceis muito bem. Mas nelas não se encontra Deus, e desta forma vós não podeis conhecer Deus nesta escrita. A Palavra vos mostra o verdadeiro caminho que vos leva a Deus, contanto que não vos afasteis em nada do mesmo. Vós, porém, não desejais reconhecer Deus. E aqueles que ainda desejam trilhar o mencionado caminho vós atravancais com morte e destruição. É por isto que na outra vida vós só encontrareis obstáculos, trancas e muita condenação, os quais tereis que vencer. Pois todos os que perseguistes e que ainda continuareis a perseguir - especialmente Um - se tornarão vossos eternos juizes.”
A última prova do inferno
Com relação à vingança do Templo, o Senhor já tinha preparado Seus discípulos muito antes de sua prisão e também os esclareceu sobre os motivos de permitir que isto acontecesse.
Uma vez Ele lhes disse: “Eu uma vez já indiquei, no Monte das Oliveiras, que Eu, para o julgamento dos malfeitores e para a salvação dos Meus, permitiria que homens Me aprisionassem e matassem o Meu Corpo, e isto seria na cruz, como acontece aos bandidos comuns. Ao ouvirdes isto, não vos zangueis por Minha causa, mas permanecei na Minha Fé e no Meu Amor, e assim tereis uma grande participação na Minha Obra de salvação dos homens das cruéis amarras do pecado e da mortal supertição. Eu vos digo novamente e também a todos os outros: Que ninguém se zangue e que ninguém enfraqueça na sua fé ante estes fatos. Pois mesmo que este Meu Corpo seja morto pelos malfeitores, Eu já no terceiro dia revivificarei este Corpo morto e Me elevarei como vencedor eterno da morte e de todo julgamento. Eu então voltarei para junto de vós e vos darei a força de Meu Espírito e de Minha Vontade, para que sejais eternamente vivos e bem aventurados. Eu vos digo isto com tanta antecedência e com tanta segurança para que, quando tudo isto acontecer, ninguém seja pego de surpresa e ninguém se escandalize por Mim.
Eu, porém, ainda vos digo algo mais a respeito disto que estais a vos questionar: “Será que isto tem de acontecer? Será que Ele - o Onipotente e Onisciente - não possui outros meios para dominar os malfeitores, abençoar e vivificar a todos aqueles que Nele crêem? Ele, que é o Senhor do Céu e da Terra?” Ouvi bem, todos vós, o que tenho a vos responder: Eu não desejo nem quero passar por isto. E Eu teria meios e maneiras de dominar e reprimir os malfeitores e redimir Meus Filhos, sem ter que passar por toda esta provação. Mas os homens maus querem que isto aconteça. E é por isto que Eu o permito, para que desta maneira muitos pecadores se arrependam, se penitenciem e assim comecem a praticar a verdadeira fé. Pois a raça do Templo grita continuamente. “Deixai que O prendamos e matemos! Se Ele ressuscitar do túmulo, então nós acreditaremos Nele.” Eles desejam fazer a última prova em Mim. Então que isto seja permitido, é Minha Vontade. Haverá muitos que hoje são completamente cegos, mas se tornarão videntes e que terão a Fé. Porém os malfeitores de fato, os maus por principio, terão completado sua medida de pecados e cairão no eterno julgamento e morte. Vós, porém, alegrai-vos e sede consolados. Quando Eu Me elevar do túmulo, virei para junto de vós, e vos convencereis daquilo que vos falo neste momento.”
Meu reino não é deste mundo
“Meu reino não é deste mundo.”- foi o que Jesus, com toda razão, pôde dizer a Pilatos. E ele já o tinha dito anteriormente a Seus discípulos e a muitos outros que lhe eram próximos. Pois não somente Judas, mas muitos outros cheios de expectativas mundanas, aguardavam ou temiam que Ele fundasse um reino na Terra, tal como faziam os poderosos na Terra.
Bem no princípio, quando o Senhor iniciava a sua tarefa de pregar Seus Ensinamentos, Ele esclareceu este Seu ponto de vista a Jairo:
Jairo: “És Tu, pois, Aquele que me disseram ser o Messias, Aquele que corroborava tal fato com milagres extraordinários? Também me disseram que uma prédica que fizeste no Monte Garizin tinha espantado e escandalizado muitos pela sua dureza e por ter sido considerada anti-mosaica. Bem, muito me alegro por me visitares e espero conhecer-Te melhor. Sabes, eu não nego a idéia e acredito firmemente que o Messias ainda virá. A época, de acordo com minhas contas, creio ser agora, pois o poder de Roma é quase que insuportável. E por que não serias Tu o tão aguardado Messias? Se Tu conheceres Tua força e entenderes bem em Te apresentar como tal, eu imediatamente estarei a Teu serviço com toda a minha imensa fortuna. Estes poucos romanos que vêm das terras dos pagãos devem sair do país de nossos pais. Vê, pois, eu utilizei toda minha força e inteligência para angariar uma enorme fortuna, só por causa do Messias tão aguardado, para com ela conseguir formar um grande exército, dos mais valorosos e impetuosos soldados que possam ser comprados. Eu até já conversei com muitos povos de guerreiros valorosos na Ásia. Só será necessário um mensageiro, e logo eles aqui estarão a Teu dispor. Bem, por agora basta, na minha casa falaremos mais sobre isto”.
Durante o almoço, quando vários jovens servos lindíssimos (anjos) chamavam a atenção do comerciante, o Senhor respondeu ao mesmo quanto a sua oferta tão mundana, porém tão sincera: “Meu querido amigo: Observa cada um destes Meus jovens anjos. Eu te afirmo: Eu possuo tantos destes jovens, mas tantos, que nem milhares de Terras teriam espaço suficiente para eles. E só um deles já bastaria para destruir todo o império romano em um instante. Se bem que vós samaritanos possuis uma fé bem melhor do que os judeus, vós, igual a eles, tendes um conceito idêntico sobre o Messias e Seu Reino.
Com certeza o Messias fundará um novo reino nesta Terra, mas - presta atenção - não um material com coroas e cetros, mas sim o Reino do Espírito da Verdade e da Liberdade Justa, o absoluto reinado do Amor!
O mundo, porém, será chamado a fazer parte deste reino. Se ele obedecer a esta chamada, a vida eterna será o seu prêmio; mas se preferir permanecer de jeito que está, continuará a ser como é, mas no fim a morte eterna dele se apoderará.
O Messias, como um Filho do Homem, não veio para julgar esta Terra, porém somente para convocar para o reino do Amor, da Luz e da Verdade aqueles que agora estão a caminhar nas trevas.
Ele não veio ao mundo para vos devolver tudo aquilo que vossos pais e reis perderam para os pagãos, mas sim para devolver-vos o que Adão perdeu para todas as pessoas que viveram nesta Terra ou que ainda viverão. Até este momento, ainda nenhuma alma que saiu do corpo aqui na Terra foi libertada. Inúmeros, começando por Adão, ainda chafurdam na morte da Terra, e somente após esta época é que serão libertos. E quando Eu ascender para o Alto, então estarei abrindo o caminho para o Céu a todos, e todos entrarão nesta senda para a vida eterna. Vê, esta é a realização da obra do Messias e nada além disto. E tu não precisas mandar chamar teus guerreiros asiáticos, pois Eu mesmo vou preparar tudo.”
No Grande Evangelho de João um comandante romano pergunta ao Senhor sobre o futuro de Seus Ensinamentos, e lhe é dada a seguinte lição de grande importância:
O comandante: - Como Teu Ensinamento conseguirá trilhar o caminho supostamente sem qualquer tipo de obstáculos, nesta noite trevosa na qual a humanidade está enterrada, ainda me é totalmente inexplicável, como desde sempre me foi. De uma forma puramente milagrosa, segundo Tuas próprias palavras, ele não seria de qualquer utilidade aos humanos, pois transformaria os homens livres em máquinas. Mas meios totalmente naturais (nada de milagres) exigiriam muito sangue e um tempo muito longo. Sim, com certeza poderei afirmar, mesmo sem ter nenhuma aptidão para prever o futuro: Da maneira que Eu conheço os povos que habitam a Ásia, África e Europa, sei que em 2.000 anos nem a metade dos mesmos se iluminará com os Teus Ensinamentos. Estou certo ou não?
O Senhor: - No fundo no fundo, não deixas de ter razão. Mas isto não é o assunto mais importante. Não é a razão principal da Minha vinda para esta Terra a aceitação de Minha Palavra e de Meu Ensinamento, mas sim finalmente construir a ponte que ligará, após a morte física, este mundo aqui – material – ao mundo espiritual. Este é o ponto mais importante de minha, digamos, “derrota” aqui na Terra. Minha Palavra e Meu Amor são os construtores desta ponte. Aquele que Me aceitar aqui neste mundo com toda seriedade, este atravessará esta ponte ainda apresentada, mas aquele que aceitar Meu Ensinamento de forma morna, sem a fé absoluta ou mesmo não o aceitar, este chegará ao outro mundo de forma bem miserável e dificilmente encontrará esta ponte. Aos homens que por acaso jamais conseguiram ouvir o Meu Ensinamento neste mundo serão dados no Além guias que os levarão até esta ponte. Se estas pessoas que nada sabem sobre Meu Ensinamento seguirem tais guias, atravessarão esta ponte e encontrarão a vida eterna. Mas se permanecerem teimosamente na sua crença, então serão julgados de acordo com sua vida no mundo e não conseguirão a filiação divina. Quem aceitar Minha Palavra e viver, agir e trabalhar de acordo com a mesma, este Me terá aceitado, a Mim e ao Meu Amor, Minha Verdade, Poder e Força, tornando-se assim um verdadeiro filho de Deus, ao qual o Pai no Céu nada negará do que possui. Porém mais do que isto o Pai ainda faz: Ele se apresenta incorporado em Mim, Seu Filho, aos homens deste mundo, transformando a vós, criaturas em julgamento, em deuses livres e vos chamando de irmãos e amigos.
CONSIDERAI A TODO INSTANTE QUEM É QUE VOS ESTÁ RECLAMANDO ISTO AQUI E O QUE ESTA MENSAGEM VOS TRANSMITE. E ASSIM O MUNDO MATERIAL NÃO MAIS VOS OFENDERÁ E FACILMENTE SEREIS VENCEDORES; O QUE É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA, POIS SE NÃO VENCERDES O MUNDO EM VÓS, NÃO CONSEGUIREIS VOS TORNAR FILHOS DE DEUS - VOSSO PAI CELESTIAL.
Crucificação
De carregar Sua cruz até o local de Sua “elevação” como era costume dos romanos, nem mesmo o Senhor de toda a eternidade foi poupado. Será que nos é permitido queixar-nos, se a vida neste mundo também nos “presenteia” com uma cruz a carregar? O Senhor carregou uma cruz pela qual Ele não era culpado. Nós, porém, fabricamos nossa cruz e nosso sofrimento nós mesmos, pelas nossas ambições e desejos errôneos e descabidos.
Não foi por acaso que o Senhor, na Sua divina previdência, escolheu o símbolo da cruz para representar o meio de conseguir a purificação, iluminação e elevação eterna, sendo permitida pelo Senhor como sinal da santa e dolorosa conclusão de Sua Obra. Já na sua forma material, a cruz é e permanecerá sempre como um lembrete da atitude dos homens em relação ao Senhor, bem como de todos os espíritos julgados e em julgamento.
Um dos caibros da cruz - o que serve de tronco e que vai de baixo para cima, representando a divina Humildade e o Amor - sai da Terra (símbolo da matéria, do egoísmo e do amor próprio) e aponta para o Céu com seus mandamentos santificados e suas diversas esferas.
O outro caibro da cruz - aquele que é perpendicular ao tronco - representa nossa má vontade (originada em Satanás e em seu espírito original) e a nossa alma caída. Este caibro é paralelo ao solo da Terra, por isto ele nos mostra que nossa alma e amor estão igualados e no mesmo julgamento de todos os espíritos materiais e todos os espíritos maus da matéria, do egoísmo e da auto-admiração, motivo pelo qual Lúcifer e mais todos os espíritos secundários de pouquíssima inteligência se precipitaram ao abismo da matéria e da contra-ordem, para as trevas do afastamento de Deus.
Até os dias atuais, este espírito de egoísmo e de amor-próprio, é o que constitui esta madeira transversal de nossa cruz, a qual devemos carregar em nossos ombros nesta vida de provações aqui na Terra. Hoje, como sempre, queremos nos opor à madeira que aponta ao Céu. Com nossa vontade insignificante e totalmente egoísta, queremos nos apoderar de tudo que é de nosso próximo, somente para satisfazer nosso “eu”. Mas como a Ordem santa de Deus não pode permitir que isto aconteça – e isto para própria nossa salvação - nós mesmos construímos esta viga transversal de nossa cruz. Somos nós que, nos opondo ao mandamento máximo do Pai, construímos nosso julgamento (a viga transversal da cruz). Somente Jesus carregou a cruz, em santo sacrifício, sem culpa alguma, a cruz dos mais elevados Amor, Paciência e Humildade!
Vamos, posto que todo nosso sofrimento e o tamanho da cruz que temos que carregar depende de nossas fraquezas e de nossas paixões. Mas mesmo assim esta cruz é uma dádiva. Ela não nos é imposta por um sentimento de vingança e de julgamento, mas sim para nossa purificação, pela grande piedade de Deus. E este símbolo de sofrimento tem que se transformar em nosso símbolo de “cura”, pelo qual nos é assegurada a entrada no reino da paz e da felicidade divina sem fim.
Jesus: “A cruz é uma verdadeira necessidade para a vida. Se a vida não tiver qualquer dificuldade, então ela se dissipa e evapora feito uma gota de éter. A alma que não carregar uma cruz enfraquece, morre, se perde na noite da morte. A necessidade é um vaso que contém Vida gradualmente fortificada e solidificada feito um diamante. Tome, pois, cada um a sua cruz em seus ombros e siga-Me pleno de amor, e assim manterá sua vida eternamente. Quem transformar sua vida em algo delicado e frágil, este a perderá; mas aquele que a crucificar e deixar que Eu a crucifique, este a manterá por toda a eternidade”.
O verdadeiro espírito de carregar a cruz
Sobre este assunto um anjo ensina aos discípulos, como descrito no Grande Evangelho de João: “Tudo aquilo que acontece nos planetas e nas estrelas acontece unicamente para a melhoria dos homens, pois toda a criação do universo tem um único motivo: o homem”.
Se alguém pensar desta maneira, então não importa as circunstâncias a que for submetido nesta sua vida de provação, de libertação e de evolução; ele as enfrentará cheio de paz e confiança em seu coração. E Deus o resgatará de toda a miséria e deixará que ele encontre o caminho da vida verdadeira, o caminho da Luz e da Verdade.
Mas aquele que ficar impaciente e se queixar das circunstâncias, este ainda não está capacitado a se modificar. Aquele que pensa ou até fala palavras agressivas contra os acontecimentos a si desagradáveis e pelos quais tem que passar no mundo, este definitivamente ainda não está pronto para o Amor do Pai. E esta atitude não dá a ninguém calma e felicidade, nem aqui na Terra nem no Além.
Pois tudo vindo do Amor de Deus só acontece para o bem estar e a evolução espiritual do homem. Se o homem reconhece isto pleno de gratidão, então ele se aproxima cada vez mais do Amor e da Ordem Divina, se amolga totalmente com os mesmos e assim se torna celestialmente sábio e poderoso.
O arrependimento de Judas
Com respeito a Judas, sua queda, seu sofrimento e sua decepção também serviram para seu arrependimento e purificação. E após reconhecer seu maldito ato, seu enorme arrependimento colocou tal ato em uma luz bem mais suave no seu interior. E ele, ainda na sua vida terrena, conseguiu ver a enormidade de seu ato malvado, não na totalidade infinita, mas sim na sua estreita mentalidade humana. Mas o que Judas fez na continuidade dos fatos, novamente foi totalmente contra a ordem divina.
Primeiro ele correu para o Conselho de modo totalmente irracional, com a intenção de devolver as trinta moedas sujas de sangue inocente. Certamente isto é uma mostra de seu arrependimento. Com este passo ele também provocou remorso nos templários, quando viram o malfeitor apresentando tamanho arrependimento sincero e desesperado. Mas com a aceitação das trinta moedas imundas, Judas não se voltou contra o Templo, porém ele se voltou contra o Senhor, seu Deus e Pai celestial.
O arrependimento e a reparação deveriam ser feitos ao Senhor e não ao Templo. E Judas teria feito bem melhor em dar as trinta moedas a um pobre necessitado (“O que fizeres a eles, estarás fazendo a Mim” – Jesus), do que devolvê-las aos sacerdotes, a um dos “ínfimos”, como os chamou o Pai.
Sempre - e este é o desejo do Pai - que conseguirmos ver a injustiça por nós praticada, não devemos somente nos arrepender em nossos corações e somente pedir perdão ao Senhor, mas sim devemos, com toda nossa força, tentar pedir perdão a quem prejudicamos e tudo fazer para remediar o mal feito a esta ou estas pessoas.
“Só a fé - diz o Senhor - não te fará bem-aventurado, mas sim tua ação na luz desta fé. Repara, pois, o mal que fizeste ao teu próximo o mais que puderes, e só assim teus pecados te serão perdoados. Pois enquanto alguém não tiver separado o último átomo de injustiça ao seu irmão, ele não conseguirá entrar no reino de Deus. Mas se não for possível que alguém consiga reparar o mal que fez ao seu próximo, então que reconheça plenamente sua culpa ante Deus, lhe peça perdão e rogue que Ele, a quem tudo é possível, dê ao prejudicado alguma reparação. Então Deus atenderá um pedido tão sincero, perdoará o arrependido, especialmente se este tentar reparar o mal feito com atividades comunitárias de auxilio ao próximo, compensando assim o que não lhe foi possível fazer aos que ele realmente prejudicou. Porém, enquanto ainda houver uma só chance de reparar o mal que fizeste a teu irmão, de nada te adiantará o remorso, a boa vontade e o pedido de perdão ao Pai; só o que te resta é a ação reparadora. Só após a mesma deves pedir a Deus por perdão, e certamente Ele perdoará teus pecados, contanto que tenhas decidido no teu coração não mais repetir tais pecados e de manter esta tua decisão com todas tuas forças”.
Mas Judas ainda pecou muito mais quando, no seu imenso desespero, decidiu acabar com sua vida aqui na Terra.
O destino dos suicidas
Hoje em dia muitas pessoas jogam fora sua valiosa vida terrena por fraquezas, desespero, miséria ou, o que é bem pior, orgulho ou teimosia. Elas imaginam que com este gesto darão um fim à horrível situação na qual se encontra sua alma, mas logo após o ato tresloucado, terão que reconhecer que a vida de sua alma continua espiritualmente e exatamente no mesmo ponto em que estava ao sair da vida material. “Como a árvore cai, assim ela fica deitada no chão”; quer dizer, todas as preocupações e medos, todas as decepções e desesperos a acompanham ao Além como conteúdo espiritual de sua alma e determinam a vida a seguir, que agora envolve a alma (como o casulo envolve a lagarta que se tornará borboleta).
Como Deus encontra as almas destas pessoas que desprezaram tão vilmente sua vida na Terra, e como elas são tratadas e reeducadas está bem explicado nas obras da Nova Revelação. Mesmo os suicidas não são excluídos da Divina Graça do Pai! O Amor Eterno pesa os motivos que os levaram a este ato com muita justiça, pois eles, com seu ato louco e tal ação destruidora, abandonaram a escola que lhes foi oferecida. Existem ainda mais revelações reconfortantes para estas almas infelizes e para seus afins que aqui permaneceram no livro “O Sol Espiritual”, onde encontramos o destino no Além do arrependido Judas. Lá nos é narrado como um prior de um convento conseguiu chegar à mesa do Senhor na elevada esfera do Céu, após uma longa e laboriosa etapa de aprendizagem. Junto com outras almas e espíritos, ele pôde se sentar à mesa do Senhor, e com palavras santas e carinhosas o Pai se dirigiu a ele: - Tu perguntas pelo Judas... e se ele também está aqui, nesta mesa? O que tu achas? Será que o traidor deseja estar aqui?
O prior disse: - Senhor, Tu és o mais carinhoso Pai, e eu conheço muito bem Tua Justiça e sei quão enorme são Teu Amor, Graça e Misericórdia. Mas, para falar a verdade, eu muito sentiria se não mais pudesse conviver eternamente com tal infeliz apóstolo perdido. Pois Tu mesmo disseste que este apóstolo teria que se perder, para que a Escritura se realizasse. Este texto então sempre me encheu de consolo em relação ao destino deste apóstolo. Eu sempre me dizia: “Este apóstolo teve que Te servir como o apóstolo da morte, mesmo que isto tenha se realizado pelo seu próprio livre-arbítrio, para que, com sua traição, se cumprisse Teu plano divino que existiu desde o principio. Vê, querido Pai, isto sempre me trouxe uma leve esperança e consolo pelo destino de tão infeliz apóstolo. Mais ainda eu me acalmava, quando pensava que Tu, na cruz, pediste ao Pai em Ti pelo perdão de todos Teus inimigos. Neste caso, eu não conseguia excluir deste pedido o pobre Judas, apesar de seu suicídio. Também neste caso, pelo que consta na Escritura, o diabo teve toda culpa”. É por isto que desejaria saber se este apóstolo não se encontra num plano trevoso e muito infeliz.
Disse o Senhor: - Ouve, Meu filho amado, não existe um, mas sim dois Judas Iscariotes. Um deles é o homem que conviveu Comigo na Terra e o outro é o Satã que na sua liberdade naquela época, se apoderou daquele homem. Este segundo Judas Iscariotes ainda se encontra no mais profundo e tenebroso inferno, mas não o homem Iscariotes, pois a este tudo foi perdoado. Para que vejas isto, te é necessário olhar em volta, pois aquele que está a conversar com teu irmão é o tal Judas Iscariotes pelo qual tu te preocupas. Estás feliz agora?
O Prior, quase desmaiando de tanto amor pelo Senhor, disse: - Senhor Todo-poderoso e amantíssimo Pai, em verdade eu sempre Te considerei como muito amoroso e caridoso, mas jamais me atrevi a pensar que Tua Misericórdia, Graça e Teu imenso Amor também pudessem alcançar a Judas. Na Terra este pensamento seria considerado um pecado para mim, mas agora vejo como Tua Graça, Misericórdia e Teu Amor são tão infinitamente grandes, que nenhum homem seria capaz de abranger tal imensidão. Senhor, dize-me como conseguirei Te amar, para corresponder minimamente ao Teu infinitamente enorme Amor?
As sete palavras na cruz
No livrete “AS SETE PALAVRAS DITAS NA CRUZ”
- páginas 17-18-19-20-21 e 22, até o epílogo.
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A hora da partida
Sobre as horas que se seguiram à partida do Senhor, existem varias versões nos evangelhos oficiais.
Marcos, o discípulo do apóstolo Paulo, testemunha: Após a sexta hora, trevas e escuridão se apoderaram de todo o país até a nona hora. Por volta da nona hora, Jesus clamou: “Eloi, Eloi, lema sabachthanei?” (Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?). Ao ouvirem isto, alguns que estavam próximos disseram: “Ele chama por Elias”. Um deles então correu para embebedar uma esponja com vinagre e lhe ofereceu para beber. Os outros porém, disseram “Deixa disso, vamos ver se Elias vem de fato para salvá-Lo”. Jesus, porém, mais uma vez gritou e morreu. E o véu no Templo se partiu em duas partes de cima para baixo (Marcos 15.33f).
Mateus acrescenta o seguinte à narrativa de Marcos: “E a Terra tremeu, e as rochas foram destruídas. Os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos adormecidos foram despertados. Após Sua ressurreição, foram à cidade santa e apareceram para muitos.” (Mateus 27.45f).
Lucas narrou: Na sexta hora uma escuridão tomou conta de tudo até a nona hora, enquanto o Sol perdia seu brilho. E o véu no Templo se partiu ao meio. Então Jesus clamou em voz alta: “Pai, em Tuas Mãos entrego Meu Espírito” - e a seguir morreu (Lucas 23.44). João, no entanto, só disse poucas palavras: “Após Jesus ter tomado o vinagre, ele exclamou: “Tudo está consumado” - inclinou a cabeça e entregou Seu Espírito (João 19.30). De acontecimentos da natureza nada informou.
Esta contradição de informações bíblicas já deu muito a pensar a muitos cristãos: E é verdadeiramente uma graça que - graças às explicações dadas nos textos da Nova Revelação - estas dúvidas tenham sido esclarecidas. João, que era o discípulo mais espiritualizado e que levava todos os ensinamentos ao nível celestial, certamente observou todos os fatos da natureza. Mas para ele o espiritual era a única coisa importante no evento da morte do Senhor, e assim desconsiderou os fenômenos da natureza. Todos os acontecimentos espirituais do momento ele resumiu nas palavras de Jesus: ”Tudo está consumado”. Nestas palavras, falando espiritualmente, estava tudo; elas continham todos os fenômenos naturais daquele momento, que expressavam também a dor de todos. Tudo estava consumado depois que o vinagre - a amargura do mundo - tinha sido bebido: a penetração na natureza, a abertura das cadeias e a libertação dos espíritos que foram banidos por negarem a Deus.
O Sol escurece e a Terra treme
À luz destas explicações espirituais, são esclarecidos os fenômenos naturais que acompanham a execução do Senhor e que expressam a enormidade do acontecimento no mundo natural.
Assim é que compreendemos o escurecimento da luz do Sol. Com a morte do Filho do Homem, todos os anjos e espíritos puros da esfera material e espiritual ficaram de luto em todo o universo. Como são os seus pensamentos felizes e cheios de amor que motivam o aparecimento dos átomos de luz dos sóis, então nestas três horas da maior dor e desespero estas vibrações estavam tão diminuídas e apagadas, que em nosso Sol houve um escurecimento material pela falta da radiação espiritual. Mas a vida natural não podia terminar ou parar assim de repente, e os homens também não podiam ser condenados ao julgamento, caso fossem levados a acreditar, motivados por tão expressivo milagre na natureza. Ele teria acabado com todo o livre-arbítrio e toda a liberdade que tornam as pessoas filhas de Deus. É por isto que o escurecimento do Sol foi mais de caráter espiritual, sendo que o natural ficou restrito ao local e também não aconteceu como sempre foi, pela interposição da lua (eclipse) ou de elementos (nuvens, pó e gases de erupção vulcânica). Esta é a razão pela qual os astrônomos e naturalistas nunca encontraram nem encontrarão algum fato que prove este escurecimento solar.
A passagem do Filho do Homem, Sua total entrega de sangue e de vida corporal, foi de fato a grande e penetrante vitória do Amor que Nele habita eternamente e de sua Luz Espiritual. Foi por isto que a Terra tremeu, o símbolo da matéria, a moradia do velho espírito das trevas e da contra-ordem. Um mais poderoso, um Ser maior tinha chegado às portas do inferno, tinha nele penetrado e, com Seu exemplo altruísta de Amor, causou uma enorme fenda no castelo de Lúcifer. A esfera de Satã foi rompida, apesar de todo seu esforço em conservá-la intacta, conservar o lugar onde só a vontade dele imperava. E não é de se estranhar que quando o rompimento aconteceu, ele (satã) se moveu. E então do cárcere onde ele habitava também não lhe foi permitido fazer nada de extraordinário, pois seria mais um julgamento para a humanidade, caso acontecesse algo milagroso e não apenas um tremor, como eventualmente ocorria no Gólgota. Um dos que pressentiu a grandeza do ocorrido foi o comandante romano, de quem é dito: “E quando o comandante viu o que tinha acontecido, louvou a Deus e disse: Este verdadeiramente foi o Filho do Homem, um Ser Divino”.
O homem comum, inclinado à matéria, nada disto pressente, nem reconhece o Espírito de Deus. Tudo o que acontece no mundo da natureza ele explica de forma cientifica e calculada, para que não precise de forma alguma abandonar seu mundo material e cientifico e ser transportado para uma esfera espiritual, no seu ver bem mais complicada.
Vosso espírito deve vos chamar bem a atenção, quando a luz de vosso sol ficar mais fraca e quando o solo em que estiverdes começar a tremer pela Vontade de Deus. Cuidai bem destes sinais.
O véu se partiu e os túmulos se abriram
Um outro acontecimento cheio de presságios foi o véu no Templo que se partiu, e daí é dito que os túmulos se abriram e os mortos de levantaram. O véu separava o santíssimo - local mais sagrado do Templo e que abrigava a arca da união - da nave maior, onde o povo em oração se reunia. Atrás do véu, no santíssimo, somente os sacerdotes podiam entrar, segundo as severas leis templárias. E eles bem sabiam a razão desta precaução, pois a velha arca estava vazia e não existia mais nenhuma coluna de fogo sobre ela, o que seria o sinal da presença de Deus no santíssimo.
Agora, no passamento de Jesus, o véu se partia de cima para baixo, bem no meio. Com a consumação do maior sacrifício por amor no Gólgota, caíram as barreiras que até então separavam o pecador caído de seu Santo Criador, Deus e Pai. Desde aquele momento, todo ou qualquer espírito livre poderia retornar livremente à casa paterna. O Pai, em Jesus, abriu Seus Braços na cruz para o filho perdido. Só depende de nós aproveitar esta abertura divina, praticando nossa humildade, paciência e adequação ao Santíssimo Coração do Pai.
Muitas almas que se encontravam no “túmulo” reconheceram isto pela chamada do Espírito Santo. No túmulo da matéria todos nós nos encontramos. Enquanto o espírito do amor-próprio nos dominar, pouco importa se ainda estamos vivendo num túmulo e ser nossa alma já vaga no mundo espiritual. Um túmulo espiritual se encontra em todos aqueles lugares onde não se ama a Deus em Jesus acima de tudo e, derivado deste amor, também não ama o próximo como a si mesmo.
Enterro
O Senhor: Pois quando o corpo morreu, e a turba de inimigos acalmou seus sentimentos de vingança, o povaréu logo se afastou, pois um temor interno e a escuridão já mencionada urgiam a cada um procurar abrigo em suas casas, onde os “Judas”, seguindo suas leis, tinham que começar a se preparar para o Sabat que se iniciava com o por do sol.
Meus seguidores começavam a se aproximar cada vez mais e o grupo que estava junto à cruz ficava sempre maior.
José de Aritmatéia já tinha estado com Pilatos e tinha pedido a liberação de Meu Corpo, um privilégio que nem sempre era outorgado. Pilatos libertou-o com prazer, pois com isto e com as inscrições em três idiomas que estavam na ponta da cruz nos quais diziam que Eu era o rei dos judeus, ele estava seguro de causar um grande dissabor aos judeus.
Meus amigos logo, desceram o Corpo, o limparam e banharam em óleos cromáticos e o levaram cuidadosamente a um tumulo numa rocha, que pertencia a José de Aritmatéia, num terreno que este tinha comprado do Nicodemos, para lá fazer seu próprio tumulo. Gólgota era um morro rochoso, mas o local estava assim mesmo muito próximo a um bairro onde a classe alta de judeus e romanos possuíam mansões muito bonitas. Por isto a proximidade do jardim era explicável. Pois bem, neste túmulo Meus amigos colocaram o Corpo e O guardaram com cuidado, com medo de que os judeus, na sua maldade, praticassem algo de mal com o corpo.
Os judeus, porém estavam cheios de medo que Meus seguidores roubassem e ocultassem o cadáver, e depois dissessem que Eu tinha ressuscitado. Pois eles sabiam muito bem dos presságios de Minha morte e também de Minha Ressurreição e que isto era de conhecimento do povo. Por isto pediram a Pilatos que colocasse guardas para cuidar a entrada do sepulcro no que foram prontamente atendidos, pois estava cheio de curiosidade se alguma coisa milagrosa poderia acontecer, o que era ansiosamente aguardado pelos amigos e temido pelos inimigos. Guardas então foram convocados, soldados romanos, que deveriam montar guarda por cinco dias.
O Senhor no sepulcro de José de Aritmatéia
José de Arimatéia era um amigo de Nicodemos e foi para junto de Pilatos para pedir pelo Meu Corpo, em seu nome e de seu amigo. Pois Nicodemos admirava muito Jesus Cristo, mas em segredo, pois tinha medo dos sacerdotes e dos fariseus. Foi por isto que ele delegou ao amigo, que também era um seguidor e admirador secreto de Cristo, a tarefa de ir a Pilatos. Estas explicações são necessárias para compreendermos o que se segue. Em Nicodemos imaginai o amor pelo Senhor Jesus, porém oculto; em José de Arimatéia, a fé. O que é a fé em relação ao amor? Ela é o servidor do amor. Podeis ver, pois, que em José de Arimatéia aqui também se apresenta o servidor de Nicodemos que ama Jesus em segredo.
O que a fé exigiu de Pilatos? Ela exigiu o Corpo do Senhor. Quando Este foi descido da cruz, ela o envolveu em panos de linho branco - após ter ungido o mesmo com óleos perfumados - e o depositou no sepulcro novo, construído nas rochas, no seu jardim. Neste sepulcro ninguém jamais tinha sido depositado.
O que significa tudo isto? Tudo isto nos apresenta o nobre desejo de aprender da fé e seu esforço para achar no mundo a mais ampla satisfação. A fé vai a Pilatos e implora a licença, isto significa o seguinte: a fé, no seu desejo de aprender, vai ao mundo e nele procura tudo que lhe possibilite confirmar a verdade. Se ela, a fé, tiver recebido tudo aquilo que procura do mundo, só então se dirige ao Crucificado.
Mas de que maneira? Ela procura clarear todas as palavras e explicações e libertar-se assim de tudo que é oculto, de contradições aparentes que acontecem nas Escrituras Sagradas.
Ela consegue isto a princípio, pois libertou o corpo da cruz de forma correta (o que lhe parece ser as “contradições”). Mas o que este “nobre desejo de saber” ainda tem a sua frente? Um corpo morto, no qual não há nada de vida. “O nobre deseja saber” reconhece isto, mas mesmo assim está feliz pela libertação do mesmo da cruz. A fé então unge o corpo com esquisitas especiarias e óleos, o envolve em linhos brancos e o deposita no sepulcro de novo, onde ninguém jamais foi sepultado.
Que significa tudo isto? Tudo isto representa aquela fé nobre e cheia de curiosidade, que pesquisa tudo o que for imaginável, para lá encontrar uma satisfação viva. Com tal curiosidade (vontade de saber), a fé vai a Terra e nela procura tudo o que possa lhe servir de prova da verdade. No momento em que tenha recebido da Terra tudo aquilo que procura, então ela se volta ao Crucificado. Mas de que maneira? Lá ela procura colocar todas as explicações e todas as palavras na mais clara luz, procura libertá-las de todas as contradições ocultas e dúbias que acontecem na Escritura Sagrada. Claro que não consegue isto. Ela de fato remove corretamente o Crucificado da cruz (o que representa as “contradições”). Mas o que a velha curiosidade tem em mãos? Um cadáver, um corpo sem vida. A nobre curiosidade reconhece isto de pronto, mas assim mesmo está muito contente com a libertação da cruz. Ela unge o cadáver com óleos perfumados, o envolve em linho branco e o coloca no sepulcro onde ninguém ainda tinha sido colocado.
E o que significa isto? Por tal cuidadosa iluminação, a Palavra da Escritura Sagrada revela infalivelmente a divindade nela contida e, conseqüentemente, é como tal respeitada e louvada. Isto representa o ungimento. Pois não poucas vezes alguém fala e prega a Palavra, anunciando sua dignidade e santidade, mas de fato louva um cadáver. A pessoa que tem tal nobre curiosidade envolve agora a Palavra com o mais puro e humilde reconhecimento da Verdade, mas a unção, os panos de linho e o cadáver não são vivos e também não dão vida a nada nem ninguém.
Então este cadáver será colocado num túmulo. O que significa isto agora? Como o conhecimento que o nobre curioso apoderou para si não lhe proporciona vida e nenhuma convicção viva, então ele junta tudo isto e coloca no túmulo bem oculto de seu raciocínio. Logo em seguida coloca uma pedra por cima; quer dizer, ele coloca a pesada pedra de dúvidas sobre todos estes conhecimentos puros que conseguiu apreender, pois ele diz: “ Todas estas soluções dos sagrados textos da Escritura Sagrada são gostosas de se ouvir, mas não dão a profunda convicção ”. Vede, esta é a situação em que se encontra aquele que muito lê. Ele entende bem tudo aquilo que lê, do mais material ao mais íntimo sentido espiritual, mas se de tudo isto que aprendeu ele quiser uma prova completa, então ele aprende que nem o menor grãozinho de poeira se dobra ante sua vontade. E se ele quiser olhar a vida do espírito, toda a vez que o tentar lhe será apresentada (em vez da vida) a treva do sepulcro no qual ele depositou um cadáver. Em outras palavras: Ele não recebe nenhuma certeza sobre o Além, porém tudo nele é uma afirmação sem provas, sem confirmação, um cadáver no túmulo.
E de que tudo isto lhe vale? Mesmo após ter lido muito, mas mesmo assim não conseguir chegar a uma convicção viva, então ele sempre se assemelhará a um José de Arimatéia, o qual retira um cadáver após outro da cruz, os unge e envolve em linho branco, mas o cadáver permanece cadáver e sempre será colocado no túmulo.
Observemos, porém, nossa Madalena. Ela também assistiu todo este cerimonial. Mas ela não enrola o cadáver - ou a Palavra - no linho branco e nem o coloca no túmulo, mas sim em seu coração, pleno do mais ardente amor. E quando ela chegou ao sepulcro, a pedra da dúvida tinha sido afastada pelo poder do amor. Os linhos estavam bem organizados e dobrados no túmulo, o que significa: O seu amor organizou a Palavra de Deus viva em seu coração cheio de amor. Ela não mais achou um cadáver, mas sim o Vivo, que tinha ressuscitado do sepulcro.
O que é, pois, melhor: Colocar o cadáver no túmulo, ou encontrar o Vivo sobre o sepulcro? Acho que a segunda opção é bem melhor.
Porque Maria Madalena encontrou aquilo que José de Arimatéia não conseguia encontrar? Ela tinha lido pouco, mas amado muito! José de Arimatéia tinha lido muito, mas tal qual Nicodemos, tinha amado pouco. Foi por isto que teve que tratar com o cadáver sem vida, e Maria Madalena com o Vivo.
Descida ao inferno
“ Em espírito, Ele também levou aos espíritos aprisionados a boa nova, até para aqueles que foram desobedientes, mesmo os da época de Noé, aqueles dos quais Deus aguardou a volta com a maior das paciências. Para isto, portanto, foi pregada a boa nova aos mortos, para que mesmo julgados na matéria (no seu corpo) - como todo homem terá que ser - conseguissem a vida divina pelo seu espírito ”. (1 Pedro 3, 19, 4, 6).
Estas palavras de Pedro em uma de suas cartas são um testemunho de grande significado bíblico: o amor infinito de nosso Pai não pára no limite da morte terrena, mais ainda - na sua imensa Piedade - ultrapassa as fronteiras e vai ao encontro dos que estão nas “prisões” espirituais, almas que na sua passagem na Terra foram cegas e desobedientes. Como exemplo, Pedro apresenta aqueles que na época de Noé desdenharam a Mão Divina, não permitindo que esta os dirigisse. Quando Jesus aqui esteve incorporado, eles há muito já estavam nas prisões espirituais, e tudo por causa de sua teimosia. E agora ouvimos que o Senhor, após sua morte corpórea, foi a eles e anunciou a boa nova da grande Misericórdia do Amor, a fim de que ainda pudessem conseguir a feliz Vida divina pelo espírito.
Esta ida ao “habitat” dos infelizes aconteceu imediatamente após a morte do Senhor, enquanto o corpo ainda se encontrava no túmulo. Foi a primeira coisa que o eterno Amor fez, depois de ser retirado da cruz. E isto nos mostra como a mensagem salvadora era importante para o Amor, como era importante para Ele levá-la a estes espíritos que se encontravam nas “prisões” do Além; era e ainda é nos dias atuais.
Muitos cristãos negam que exista misericórdia, salvação e purificação após a morte terrena. Eles só querem permitir ou uma condenação, ou então uma bem-aventurada vida eterna. Mas a mensagem feliz e cheia de promessas que nos passa Pedro em sua carta contradiz isto plenamente. A Misericórdia do Pai não possui fronteira. Sim, a primeira ação do Pai foi - logo após descer da cruz - levar aos pobres condenados nas prisões espirituais a maravilhosa mensagem salvadora que o Amor Eterno tinha acabado de realizar. Esta obra divina é plena e também reconciliadora.
Este infinito Amor o Senhor explicou na Nova Revelação:
Assim fala o Senhor no livro “Roberto Blum”: “ Como Eu mesmo sou a Vida Eterna, Eu jamais poderia ter criado seres para a eterna morte. Está escrito que há uma eterna morte, mas se refere ao eterno julgamento. E este julgamento se origina na Minha eterna Ordem. Este é o chamado fogo irado de Minha incólume Vontade, o qual naturalmente deve permanecer incólume pela eternidade, pois senão seria o fim da criação. Quem permitir que a matéria e o mundo o dominem, este é considerado morto e perdido, enquanto ele não desejar se libertar desta matéria. Pela Criação deve existir um eterno fogo, um eterno julgamento e uma eterna morte, mas isto não significa que um espírito caído deve permanecer eternamente nos mesmos. Por acaso prisão e aprisionamento não são duas coisas bem diferentes? A prisão é eterna. Permanecem nas prisões (aprisionados) aqueles que assim preferem e enquanto não tiverem se arrependido .
O abismo “intransponível”
O Senhor: “Em toda a escritura sagrada não existe uma única palavra que fale sobre eterna destruição ou eterna condenação da contra-ordem ante Minha eterna Ordem. O vício sendo contra-ordem é realmente condenado pela eternidade, mas o viciado só enquanto nele se encontrar. Assim, pois, existe verdadeiramente um inferno eterno, mas nenhum espírito deve nele permaneça eternamente devido ao pecado, mas sim lá fica temporariamente, para sua evolução. Eu realmente disse aos fariseus: “...por causa disto tereis que sofrer muito mais na condenação”; mas jamais disse “... por isto vós estareis condenados pela eternidade’.
Também o “abismo instransponível” que acontece na narração do rico glutão só significa a diferença intransponível entre a Minha absoluta liberdade e Ordem (no Céu) e o seu absoluto oposto da “contra-ordem” (no Inferno). Mas se alguém, por causa de seu livre-arbítrio, já se destinou ao inferno, certamente este não sairá do mesmo facilmente; isto é bem compreensível, pois a todos vós é bem sabido como é difícil conduzir um mau caráter, orgulhoso, egocêntrico, ambicioso e arrogante, para a humildade, paciência e altruísmo que existe no Céu. Isto não é totalmente impossível, mas é muito, mas muito difícil. O orgulho sempre volta ao orgulho, o invejoso à inveja, o grosseiro à grosseria, o avarento à avareza, o mentiroso à mentira, o glutão à gulodice, o viciado ao vício, o assassino ao assassinato, etc, etc. Mesmo que lhe repreendamos mil vezes, suas características tão maldosas, eles quase sempre voltam a cair nestas suas más qualidades, tão logo lhes é dado o livre-arbítrio necessário para conseguirem sua filiação divina e a vida eterna. E quanto mais recaírem, tanto mais difícil lhes será libertar-se destas maldosas paixões e ressurgir como espíritos purificados para Minha eterna libertação. Isto é o que significa o tal “abismo”, o qual é muito difícil quando no Além. Mas muito do que é impossível para os homens, para Mim, no fim, é muito fácil de realizar.
A transfiguração do corpo
O que aconteceu com o corpo do Senhor, enquanto ele se encontrava no escuro túmulo, guardado por soldados romanos? Nem a noite sepulcral, nem a rocha que o cobria nem a guarda romana conseguiram evitar que acontecesse com o antigo invólucro da Alma Divina e do Espírito Santo de Jesus uma transformação grandessíssima, e que este invólucro material se desintegrasse e se transfigurasse totalmente em três dias.
Há muito tempo o Espírito divino do Pai tinha penetrado totalmente a Alma do Filho do Homem. E no momento da morte material, quando Jesus clamou: “Pai, em Tuas Mãos entrego Meu Espírito”, a Alma já tinha se unido completamente ao Espírito original, do qual ela tinha saído como o “Filho”. Agora era necessário espiritualizar o corpo material. E isto aconteceu durante o tempo em que permaneceu no túmulo. (*)
Também nesta “transfiguração” o Senhor nos é um exemplo, a todos nós e a
todos os seres do universo. Nós todos, tal como Ele, não ressuscitaremos em
corpo. “Carne e sangue - diz Paulo - não podem herdar o reino de Deus. Será
plantado um corpo material
(natural) e um corpo espiritual ressuscitará”. E na Sua Nova Revelação, diz
o Senhor: “É de se compreender facilmente que o corpo material, uma vez que
a alma o tenha abandonado, não poderá ressuscitar e nenhuma de suas
partículas poderá ser vivificada novamente. Pois se fosse assim, tudo o que
perdemos durante nossa vida carnal (unhas, cabelos, suor, sangue, etc)
também deveria ser revivificado e despertado para a vida. Imaginai, pois,
como seria um tal corpo no dia do juízo final (que é o apregoado da
ressurreição dos corpos). Que aspecto ridículo ele teria! Também possui o
homem corpos diferentes durante sua vida terrena. Qual seria o do
ressuscitado? O do bebê, do adolescente, do homem maduro ou do idoso?
Deveríamos considerar que todos os corpos que existiram desde a infância
até a velhice deveriam ressuscitar cada um de uma vez? Também acontece que
o corpo é queimado, ou destroçado por animais ou outros acidentes, ou tem
órgãos transplantados em outros. Como seria então a “ressurreição” deste
corpo. Quem conseguiria catar as antigas partes do corpo e transformar o
mesmo novamente numa forma humana?
E mesmo que isto não fosse impossível para Deus, de que valia seria isto para uma alma? Em verdade, esta alma que já tivesse se liberado do peso do corpo se sentiria extremamente infeliz, se ela tivesse que entrar novamente no pesado e sujo corpo, e isto pela eternidade. (**) E tem mais uma razão que jamais combinaria com a Ordem Divina: Já que Deus é um espírito totalmente puro e o destino final do homem é também se tornar espírito puro à semelhança de Deus, de que então lhe serviria o corpo material pleno de impurezas? Sim, os homens serão agraciados com corpos no Além, não os mundanos, todos de matéria pesada, mas corpos novos e espirituais, que se originarão das boas ou más obras que aqui fizemos. Todos estes corpos obedecerão aos desígnios do Pai”.
Mas já que o corpo material não pode “herdar” o reino de Deus como tal (animicamente), a pessoas bem evoluídas espiritualmente é possível espiritualizá-lo e transfigurá-lo, pois possibilitam que os elementos materiais oriundos de Satã sejam totalmente penetrados pelo Amor e Humildade e transformados num ser completamente divino. Então de um ser tão evoluído, tudo que é dele será entregue a Deus, mesmo o corpo, não sobrando nem um átomo para o príncipe das trevas. Esta altíssima evolução Henoch alcançou no Antigo Testamento: Ele se desintegrou e “não mais foi visto”. Também Elias, quando subiu ao Céu em carruagem de fogo (carruagem de fogo, era o símbolo do espírito). E no Novo Testamento há ainda outros exemplos: - Filho - diz o Pai na obra “Bispo Matim” a uma alma no Além - observa bem isto: Quando o amor de alguém para Comigo é verdadeiramente forte, puro e poderoso, este já terá seu corpo tão modificado pelo seu amor por Mim, que sua carne é purificada pelo fogo espiritual e decomposta, sendo assim aceita na verdadeira Vida e no Espírito. Na Terra existem bastantes exemplos deste fenômeno, tanto na antiguidade como na era atual. Mas isto tudo tem que ter um motivo bem especial e prévio. Quando é pouco o calor, nem a cera derrete, quanto mais o ferro. Tu entendes isto?
Fala a alma: - Sim Pai, isto eu entendo bem, pois eu sou esta cera ou este ferro. Tenho muito pouco calor em mim, ainda que para amolecer um pouquinho a cera, que dizer do ferro a ser derretido em minha matéria... E muitos irmãos iguais a mim habitam a Terra, nos quais matéria não é apenas ferro, mas também diamantes. Nós todos, como dizes, muito dificilmente seremos modificados.
Diz o Pai: - Tu bem sabes que para Mim muito é possível, mesmo o que tu achas ser impossível. Eu te afirmo: Também nos túmulos acontecem milagres, os quais não são vistos nem observados pelos olhos materiais dos habitantes da Terra.
(*) Na Nova Revelação lemos outros casos de transfiguração do corpo: Henoch, Maria e outros. – A tradutora
(**) Isto me lembra a história de uma índia Sioux que foi para o Além, mas como não tinha terminado sua missão aqui na Terra, teve que voltar. Ela disse que sentia como se, após um delicioso e perfumado banho, tivesse que vestir um macacão todo enlameado e mal cheiroso. – A tradutora
Ressurreição
João:
No primeiro dia após o sábado, de manhã cedo, quando ainda estava escuro, Maria Madalena chegou ao sepulcro e viu que a pedra do túmulo tinha sido removida. Então ela correu para junto de Simão Pedro e outro discípulo, aquele que Jesus amava extraordinariamente, e lhes disse: “O Senhor foi retirado do sepulcro e nós não sabemos para onde O levaram!”. Aí então Pedro e o discípulo foram ao sepulcro. Pedro e Maria caminhavam juntos, mas o outro discípulo, porém, correu na sua frente, mais rápido do que Pedro, e chegou primeiro ao tumulo. Ele se inclinou para dentro e viu os panos de linho dobrados sobre a lápide, porém não entrou. Então chegou Pedro e entrou no sepulcro. Ele lá viu os panos de linho, mas o sudário que tinha sido colocado na cabeça de Jesus não estava junto dos panos, pois se apresentava dobradinho num lugar especial. Agora o outro discípulo também entrou, viu e creu, pois eles ainda não tinham entendido a Escritura onde constava que Jesus se elevaria dos mortos e faria aquilo. Então os dois voltaram para casa.
Maria Madalena, porém, ficou parada fora do sepulcro e chorava. Com os olhos cheios de lágrimas, se curvou na entrada do túmulo e olhou para dentro. Lá ela viu dois anjos vestidos de branco e sentados, um na cabeceira e o outro nos pés do lugar onde o corpo tinha sido colocado. Eles lhe disseram: “Mulher, porque choras?” Ao que Maria Madalena respondeu: “Porque levaram o Senhor, e eu não sei para onde”. Após estas palavras, ela se virou e viu Jesus parado a sua frente, mas não O reconheceu. Então Ele lhe disse: “Mulher porque choras? A quem procuras?” Maria Madalena achou que fosse o jardineiro e disse: “Senhor, se Tu o levaste embora, eu O quero de volta. Dize-me para onde O levaste, que eu O buscarei”. Então Jesus lhe disse “Maria...” Ela então se virou e exclamou em hebraico: “Rabbuni!”, que quer dizer: “Mestre!”. Jesus, porém, lhe disse: “Não Me toques, pois Eu ainda não me elevei para junto do Pai. Vai, porém, e dize a Meus irmãos. Eu ascenderei para junto de Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus”. Então Maria Madalena foi lá e anunciou aos discípulos que tinha visto o Senhor, e que Ele lhe tinha dito as palavras acima.
Ao término do primeiro dia após o Sabat, as portas do local onde os discípulos estavam se encontravam fechadas pelo medo que eles sentiam dos judeus. Jesus chegou, Se portou no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Com estas palavras Ele lhes mostrou Suas Mãos e Seu Lado. Então os discípulos se alegraram por estarem vendo o Senhor, e esse novamente lhes disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai Ma enviou, Eu vos envio”. Com estas palavras ele os bafejou e lhes disse: “Tomai o Meu Espírito Santo! A quem perdoares os pecados, estes serão perdoados; porém, se não os perdoares, estes não serão perdoados”.
Tomás, um dos doze, não se encontrava lá com eles quando Jesus chegou. Então os discípulos lhe disseram: “Nós vimos o Senhor” Ele, porém, respondeu: “Se eu não vir as marcas dos pregos em Suas Mãos, não puder colocar meu dedo nestas chagas e minha mão na ferida de Seu Flanco, eu não acreditarei nisto”. Oito dias mais tarde, os discípulos estavam reunidos. No meio deles apareceu Jesus, dizendo: “A paz esteja convosco.” E então dirigiu-se a Tomás e disse: “Alcança-Me com teu dedo e olha Minhas Mãos. Logo estende tua mão, coloca-a sobre Meu Flanco e não mais sejas descrente, porém crê. Então Tomás lhe respondeu: “Meu Senhor e Meu Deus!” Jesus lhe respondeu: “Porque Me viste, creste em Mim. Bem-aventurados aqueles que não Me viram, mas mesmo assim creram. Jesus ainda realizou muitos milagres para Seus discípulos, que não serão mencionados neste livro. Estas passagens aqui foram anotadas para que creiais que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e que com esta crença tenhais a Vida em Seu Nome.
Contradições nas narrativas
As informações nos evangelhos bíblicos sobre os acontecimentos da ressurreição são, como bem conheceis, bem diferentes. O que mais simplesmente os narra é João, testemunha ocular e o discípulo espiritualmente mais iluminado de todos. Com as revelações recebidas por Jacob Lorber, uma luz esclarecedora nos foi dada sobre diferentes narrativas. É dito:
Quando Maria Madalena foi ao túmulo do Senhor, na manhã seguinte ao Sabat, ela não estava sozinha, mas sim varias mulheres a acompanhavam. Com Maria Madalena, elas eram sete ao todo. Mas como estas mulheres tinham diferentes pontos de vista e diferentes graus de evolução e fé, então suas narrativas só podiam ser diversas. E assim foi que se originaram os muitos boatos, e cada um se baseava em uma diferente interpretação, conforme se lê nos evangelhos dos quatro apóstolos. Se vós conseguirdes ver isto com clareza, então não vos será difícil entender as diversas versões apresentadas pelos quatro evangelistas, os quais vos parecem tão contraditórios.
Diz o Senhor num dos livros de Jacob Lorber:
“... pois cada uma teve diferente narrativa, posto que estavam em diferentes posições e, especialmente, estavam diversamente evoluídos espiritualmente. E também os graus de fé que os escritores possuíam influenciaram as diversas versões. Pois apesar deles terem escrito sob a influência de Meu Espírito, as suas vontades, porém, eram livres. E o discípulo - como João - que for totalmente santificado pelo seu renascimento alcançado, terá a sua narrativa como aquela que mais se adapta a Minha Vontade. Ao saberdes tudo isto, não permitais que ninharias vos levem a erros e dúvidas, mas sim, tornai-vos zelosos obreiros de Minha Palavra, pois em pouco tempo não mais encontrareis contradições.
Mas se vós só fordes ouvintes da Palavra e não desejardes colocá-la sobre a indolente ordem de vossa razão, então encontrareis as maiores e mais evidentes contradições, especialmente lá onde se trata de vossa ressurreição.
Mas se tiverdes grande vontade de criticar, então olhai as contradições que existem nos evangelhos da Bíblia e a ordem que lá existe.
Comparai-vos com os quatro estágios do homem, desde sua fé externa até seu renascimento interno. A evolução se inicia no entardecer, passa pela tentações da noite, daí as luzes do alvorecer começam a se mostrar, aumentando cada vez mais até a plena luz do início do eterno dia da Vida citado por João. Se vós entenderdes isto, logo tereis absoluta clareza a respeito”.
Maria Madalena – a primeira no tumulo
Na narrativa de João sobre a ressurreição, devido a sua grande importância, cada palavra tem um significado espiritual juntado ao significado natural, e só nesta luz mais elevada é que reconhecemos o eterno valor desta narrativa dada na plena Verdade a este discípulo bem-amado, transmitida no mais puro Amor Divino.
“No primeiro dia após o Sabat...” - assim começa a narrativa de João. E como para os judeus neste dia se inicia uma nova semana de atividades, então com estas palavras é indicado que com a ressurreição de Jesus iniciou-se uma nova era e uma nova vida para toda a Criação Universal, por meio da abertura de um novo reino celestial. E vede, eu assim indico de novo. E somente umas poucas almas já estão acordadas. Como estas, Maria Madalena foi ao túmulo de seu amado Senhor. Mas a pedra que selava o túmulo tinha sido removida; o túmulo estava vazio. E o amor de Maria Madalena - que ainda se prendia ao material, ao corpo - estava muito assustado e sem saber o que fazer. Cheio de incompreensão, se volta para João, aquele cujo amor era mais puro e celestial: “O Senhor foi retirado do túmulo, e não sabemos para onde O levaram”.
A corrida dos discípulos
Agora dois discípulos se dirigem para o túmulo, para procurarem o Senhor e achá-lo: João e Pedro - o Amor puro divino e a fé irredutível.
Os dois correm um junto ao outro, mas o outro discípulo - cujo nome não é mencionado, pois representa a pura divindade - corre mais rápido que Pedro e chega em primeiro lugar à meta: o sepulcro vazio, abandonado pelo Senhor. João, o Amor divino, se inclina e se curva. E nesta posição a Humildade reconhece, num só relance, a grande ação salvadora que tinha ali acontecido. O Amor e a Humildade vêm os panos de linho vazios, e o espírito diz à alma, tanto mais com sinais materiais à vista, que não precisa entrar no túmulo para entender o acontecido e nem se preocupa em pesquisar mais, pois o ato está claro em seu coração. “João viu, porém não entrou.”, pois uma certeza forte e violenta já tinha se apoderado de seu coração. Agora chega Pedro - a fé irredutível, e chega para ver depois de João - o amor divino, pois a razão, por mais apurada que seja, não corre tão rápido como o amor. Ela não possui este impulso ardente e poderoso, nem a for divina. E a razão também não reconhece de longe nem tão facilmente, tal como o fez o amor, parando antes de entrar, já percebendo e sabendo o que havia acontecido. A fé teve que entrar no túmulo. “E Pedro entrou no túmulo” - a fé teve que entrar no ambiente material da vida espiritual divina e, o mais próximo possível, observar bem as provas que lhe estavam sendo apresentadas externamente. A razão de Pedro então “viu” os panos lá depositados. Seguindo sua pesquisa, “viu que o sudário não estava junto deles, mas sim bem dobrado na cabeceira do túmulo. Assim Pedro agora conseguia saber que o Corpo do Senhor não tinha sido roubado pelos inimigos, mas sim tinha saído de lá por outros meios, pelo sereno poder da Ordem. Pois assaltantes ou inimigos maldosos teriam jogado o sudário junto com os panos de linho e jamais perdido tempo em dobrá-lo cuidadosamente e depositá-lo no lugar onde estivera a cabeça de Jesus. Mas a uma convicção de que tinha acontecido um milagre, que o Senhor tinha ressuscitado, a fé de Pedro ainda não conseguia chegar. Ele lá ficou mudo e não atreveu a dizer nem que sim nem que não. Agora, porém, “o outro discípulo” (que representa o Amor divino) que tinha permanecido fora e em frente à entrada do túmulo, entra, vê e crê que o Senhor ressuscitou por Seu poder, dos mortos para a vida eterna. Enquanto a razão ainda se pergunta e está parada, o puro Amor já se encontra na meta da Verdade.
Então, após sua jornada comum, os dois discípulos vão para “casa”, cada um com sua convicção. Assim é que cada um de nós um dia retornará para o lar paterno com tudo aquilo que conseguiu pelas suas doações e ações.
Não Me toques
Mas o que tinha acontecido com a amorosa Maria Madalena? “ Ela permanecia fora do tumulo e chorava”. O seu amor mundano não conseguia nem imaginar tal enorme segredo divino. Seu pensamento ainda se encontra preso no material-terreno, no que o mundo exterior lhe mostra. Com os olhos cheios de lágrimas ela “ se curva e olha para dentro do túmulo”. E é desta maneira que o Deus amado, o Senhor e Pai, com a Sua bem-aventurada Luz Divina cheia de Misericórdia vai ao seu encontro (dependendo do grau de evolução que cada um puder aceitar). A visão espiritual é concedida à Maria Madalena. Na cabeceira e nos pés do lugar onde procura Jesus ela vê, sentados como guardiões, dois anjos vestidos em brancas túnicas.
“Mulher - eles lhe dizem – por que choras”. Ela responde: “Porque me roubaram o Meu Senhor, e eu não sei para onde o levaram ”. Então ela se vira, seguindo um aviso secreto de seu coração, e vê, com olhos de espírito, o Senhor no corpo anímico transfigurado. Mas a alma de Maria Madalena ainda não é suficientemente rápida para reconhecer o Senhor que, na “escuridão do amanhecer”, ainda está tratando de sua Ascensão (“... ainda não ascendi para junto de meu Pai”). E quando, com a visão e a audição espirituais, ela enxerga Sua figura e ouve Ele pronunciar seu nome, só então reconhece o Senhor em seu coração. E com um grito “Mestre!” (ela grita em hebraico, que é a língua materna) ela corre ao Seu encontro para abraçá-Lo. Mas como seu amor ainda é mundano, ela não pode aproximar-se Dele (seria sua destruição). Então ela ouve de Sua Boca: “ Não Me toques, pois ainda não ascendi para junto de Meu Pai!”. O Peito santíssimo só lhe será permitido abraçar bem mais tarde, quando seu amor se tiver espiritualizado, quando em seu coração não houver mais nenhum sentimento mundano e estiver totalmente purificado. Mas os Pés do Senhor ela abraça, e isto lhe é permitido. É isto que Mateus nos informa, que ela, no seu sentimento material e terreno, cai de joelhos e abraça Seus Pés, cheia de amor e humildade.
O “abraçar dos Pés”
Também há diferentes versões sobre este assunto nos Evangelhos de João e de Mateus, mas Jabob Lorber explica claramente esta cena.
Está escrito: “ Vê, Madalena estava apaixonada por Mim e ardia de ciúmes”. Ela Me considerava seu único amante possível desde então, aquele que tinha escolhido para si. Achava que Eu era um simples profeta. Minha divindade, porém, ainda lhe era desconhecida. Com respeito a este seu amor, Meu sofrimento e Minha morte tinham sido uma grande perda para ela. Achava que ninguém tinha perdido tanto quanto ela, pois não só tinha perdido Seu Salvador, Senhor e Mestre, mas sim o mais amado de toda sua vida. Esta era a razão por que estava tão inconsolável.
Quando ela Me viu, a Mim, seu amado perdido, então seu coração perdeu toda ou qualquer contenção. Ela gritou e quis se jogar impulsivamente em Meus Braços. Porém considerai quem e o que Eu era e sou; então as palavras “ Noli me tangere!”. Considerai também o enorme amor que Maria Madalena sentia por Mim e então podereis entender o “abraçar os pés” dela.
Além disso, considerai que Meu favorito, João, escreveu “... de Minha Alma”, enquanto Mateus escreveu “... de Meus Pés ”. E tudo isto estará bem claro para todos vós, como também a posterior penitência de Maria Madalena, pois ela só pôde saber após Minha Ascensão quem realmente era o seu amado. Só então ela começou a Me amar como devido, no espírito da humildade e da verdade. Eu vos digo: Se alguém Me amar tal qual Maria Madalena, este não Me encontrará e não entrará na Vida, permanecerá sobre Meus Pés e jamais se libertará das eternas contradições do mundo material. Vede, Meu Reino é da mais elevada e santa clareza, e nada de impuro jamais poderá entrar nele. Por isto lembrai-vos da figueira que não dava frutos e do servidor de dois inimigos, e assim solucionai todas as contradições em vossos corações. No futuro, não esqueçais jamais quem Eu sou, vosso Pai, Senhor e Conselheiro.
Vede, hoje Eu falo, ajo e depois de amanhã Eu gostaria de vir pessoalmente. Quem não estiver em casa, por esta casa Eu passarei sem entrar. Amém.
Isto fala Aquele que sempre permite que abracem Seus Pés.
Amém. Amém. Amém.
“Que a paz esteja convosco”
Após o que, no início do terceiro dia, os elementos do corpo de Jesus se espiritualizaram totalmente e então, junto com a alma, se uniram totalmente ao Pai, à Luz original – “Meu Deus, vosso Deus” - e assim completaram a transfiguração. Então o Senhor, num corpo espiritual completamente novo, eterno e indestrutível, pôde chegar aos Seus discípulos, reunidos cheios de temor e esperança numa casa totalmente fechada.
Ao chegar, Ele encontra um grupo sem liderança, apavorado, abandonado em seu medo e horror. “Será que acontecerá aquilo que o Senhor apregoava enquanto vivo na Terra, aquilo em que João acreditava piamente e que Pedro ainda desconfiava de vez e quando, que Maria Madalena anunciava a todos cheia de alegria e felicidade? Será que a grande prova da Divindade e da vida eterna se realizará com a ressurreição do Filho do Homem?” Estas perguntas atormentavam um grupo temeroso, escondido numa casa cujas portas estavam trancadas.
Tal qual acontecia aos discípulos naqueles dias, o homem também se debate antes do Senhor e Mestre Se apresentar com a saudação “ A paz esteja convosco” no fechado cômodo do interior temeroso do homem. Sim, o mundo inteiro não passa por diferente experiência, até que Ele anuncie ao mesmo Sua Ressurreição, lhe mostre Suas Chagas e lhe diga “ A paz esteja convosco”. Somente Nele, no Sacrificado e Ressuscitado por nós, é que encontraremos a verdadeira paz. E é por isto que a primeira Palavra de Cristo era esta que João nos comunicou. Mas também ao ir embora, o Senhor mais uma vez disse ao grupo de discípulos “ A paz esteja convosco”. Agora que O tinham reconhecido e tinham confirmado a Sua Ressurreição, todo o temor tinha abandonado os seus corações. Quem não teria querido seguir o Senhor imediatamente ao Seu Reino, o Reino Espiritual?
Mas o Senhor disse: “A paz esteja convosco”. Ele não disse: Ascender e escapar para o Meu Reino invisível é agora vossa tarefa, conforme o plano do Pai e de Sua sábia Vontade. Mas Ele disse: “ Como o Pai Me enviou, Eu agora vos envio. Recebei Meu Espírito Santo, para que vosso amor, sabedoria e força se tornem plenos e possais agir em Meu Nome e conforme Minha Vontade. Ensinai e testemunhai o que o Espírito por Mim vos ensinou e testemunhou. Aqueles aos quais perdoardes os pecados Eu também os perdoarei, mas aos quais não retirardes, a estes Eu também não retirarei. Pois o Espírito vos dirá quem está na Ordem do Senhor e quem não, quem deve continuar a ser conduzido por vós com amor paciência, piedade e suavidade, sendo gradualmente ensinado e levado à meta, que é a perfeição e a vida eterna Comigo”.
Tomás
“ Tomás, um dos doze discípulos, que tinha o codinome de “gêmeo”, não estava com os outros quando Jesus chegou ”. Por que é que João - que sempre foi tão voltado ao espiritual, tão interiorizado e de tão poucas palavras - narra tal fato tão explicitamente? E por que o discípulo Tomás tinha o codinome “gêmeo”? Este codinome indicava que Tomás possuía uma identidade dupla (natureza dupla) que sempre se fazia presente.
Tomás, como aprendemos nas obras de Lorber, tinha se unido a Jesus junto com André, o irmão de Pedro. Ele foi o primeiro discípulo do Senhor, já em Bethabara, no local onde João Batista, batizava e aplainava o caminho do Senhor. Já havia nele, portanto, uma forte tendência para o divino, puro, elevado e bom. Sua alma sentiu a influência de seu espírito, quando ele viu o “Cordeiro de Deus”. De sua boca também ouvimos a convocação aos discípulos: “Vinde, vamos com Ele e com Ele morrer!” (João 11-16). Isto se deu quando Jesus decidiu ir a Betânia, mesmo contra a determinação dos templários (que o odiavam), para retirar Lázaro do mundo dos mortos.
Depois de aceito como discípulo pelo Senhor, Tomás se sentia bem protegido junto a Ele, mas não conseguia afastar de si a preocupação pela sua casa terrena e seus assuntos mundanos. Antes de seguir definitivamente o Senhor, achou que tinha de voltar novamente a sua pátria e deixar tudo em ordem, enterrar os mortos, aprovisionar os vivos e informar aos seus o motivo que o levava a se unir a Jesus. Esta preocupação mundana existia em Tomás - como também em Marta, a irmã de Lazaro - pelo grande e puro amor que sentiam pelos seus próximos. E é por isto que tal preocupação não era condenada pelo Senhor. A pessoa ativa que ama seus próximos é muito cara ao Senhor e sempre recebe Dele todo o Amor, Misericórdia e Piedade.
Mas mesmo assim o amor de Tomás ainda não era perfeito ante o Amor eterno. Na Ordem divina, o amor ao próximo não se origina independentemente de si mesmo, porém na perfeição. Pois primeiro amamos a Deus – o Criador - que não é criado. Criações e criaturas amamos por causa Dele e após Ele, pois são propriedade Sua, e devemos amar todas. Pois Dele é que tudo existe e todos possuem a vida imperdível, tanto a criatura que ama como a amada. E somente aquele que estiver com o Pai, seja como o filho ou como discípulo, poderá se preocupar corretamente pelos seus em orações, vigiando e atuando.
E é por isto que o “gêmeo” Tomás, por sua natureza dupla, não atuou corretamente na Ordem Divina, quando, para cuidar dos seus e de seus amigos no Senhor, abandonou o mundo espiritual e foi para sua pátria terrena. É de grande significado que justo ele, o primeiro discípulo a se unir a Jesus, foi quem, na volta de sua “viagem mundana”, trouxe consigo Judas - com sua bênção e maldição - e o introduziu no grupo de discípulos, o que logo lhe causou muita tristeza e desgosto.
E novamente devido as suas preocupações com os assuntos mundanos, Tomás não se encontrava com o pequeno grupo de discípulos que tinha se reunido em volta de Pedro, na santa cidade da revelação, aguardando, cheio de confiança e também de temor, pelos novos acontecimentos e os novos milagres que iriam acontecer. Tomás, seguindo seus pensamentos, tinha se afastado do grupo após a morte do Senhor, cheio de dúvidas e decepcionado. E foi atuar em outros lugares, fazendo o que, em sua opinião, era o certo. Onde ele esteve e o que fez não nos é informado, pois as ações mundanas de um espírito que não está com Deus jamais serão algo perene ou de grande importância.
Mas o que Tomás perdeu, pelo seu caráter, isto nos é passado por João. Ele, que foi um dos primeiros a reconhecer em Jesus o Filho do Homem e o Messias Prometido, teve que ser o último a ver a pura ressurreição espiritual na sua transfiguração e perfeição.
Mas após tal humilhação tão sabia, Tomás, pelo seu grande amor fraternal, recebeu em primeiro lugar uma enorme dádiva, pois a ele foi permitido reconhecer o Filho do Homem agora como Jeová e Deus. E caindo de joelhos, exclamou do mais íntimo e sincero de seu coração: “ Meu Senhor e meu Deus!”
Meu Senhor e meu Deus
Como aconteceu que justamente Tomás reconheceu que em Jesus estava Deus, o Pai que Se revelava, enquanto que Felipe, pouco antes da Crucificação, ainda pedia a Jesus: “Mostra-nos o Pai”.
O amor fraternal de Tomás foi, pois, um fundamento bem profundo para que ele – Tomás - mais tarde tivesse adquirido o mais sincero amor por Deus; isto, porém, após passar por provações. Pois aquele que não ama seu irmão, a quem enxerga, como poderá amar a Deus, a quem não enxerga? Mas aquele que amar seu irmão, este abre seu coração para apoderar-se do Amor Divino, o Espírito de Deus, na sua total extensão. Tal pessoa que já possui o Amor puro e divino como amor fraternal, deste Deus só precisa retirar a venda de seus olhos com algumas provas. Então um coração ardente por amor imediatamente se volta e se dirige a Ele, o verdadeiro Ser Original, o Pai de todos os pais, irmão de todos os irmãos. E quem amava seu irmão mundano, agora ama em dobro “O Mais Próximo de Todos”, que não está fisicamente ao seu lado, mas sim bem dentro de seu ser e coração, uno, indivisível e perfeito.
Então o Senhor só precisou retirar a venda dos olhos de Tomás, e ele o fez como nos narra João, com o maior carinho e cuidado. Para ele – Tomás – o Senhor veio especialmente mais uma vez. Os outros só puderam olhar as Suas chagas do Amor (na Sua primeira visita); mas Tomás pôde tocá-las, primeiro os Pés e as Mãos, depois a ferida mortal do Coração.
Provas e mais provas são apresentadas ao duvidoso, àquele que oscila do mundo ao Céu e do Céu ao mundo, devido a sua natureza dupla. Mas o Senhor, cheio da mais profunda seriedade, fala ao filho que o reconhece,: “ No futuro não sejas mais incrédulo, mas crê”.
Os Sete da Ascensão do Senhor
O Senhor: Isto é o que se sabe (de acordo com os discípulos e relatos de testemunhas oculares) sobre a Ascensão do Senhor, desde Sua aparição no mar, quando seus discípulos estavam pescando:
“ Ele permaneceu vários dias ante eles, e lhes revelou muitos itens sobre a vida interna. Mas o que Ele lhes disse naqueles dias não foi permitido escrever, por causa do povo e porque o mundo não entenderia ”. Entretanto nem todos Seus discípulos e seguidores estavam presentes, mas somente os Seus mais queridos: Pedro, Jacó, Felipe, Jacó - o jovem, André, Mateus e João”.
“Dois dias antes do Sabat, o Senhor havia dito a Pedro: “Simão, tu, que juraste por três vezes em teu coração que Me amavas, pastoreia o Meu rebanho. Vai e comunica aos outros irmãos que o Senhor os espera”. E Simão Pedro foi e fez o que o Senhor ordenara. Ao ouvir isto, muitos irmãos imediatamente saíram de Jerusalém e se dirigiram para junto do Senhor, em Betânia, e vários os acompanharam, aqueles que criam na Palavra do Senhor. Ao chegarem ao local onde o Senhor se encontrava com os seis, eles creram que ali estava o Senhor, Aquele que tinha sido crucificado. Mas dentre eles havia muitos que não criam e tomavam o Senhor por um discípulo fantasiado, um discípulo que se parecia com Ele em estatura e feições do rosto”.
“O Senhor, porém, abriu Sua Boca e falou aos discípulos: “Protegei-vos ainda por dez dias, e então Eu vos darei o Espírito Santo. Não vos darei um espírito estranho, mas sim Meu Espírito de Amor e de plena Verdade. Eu vos darei e enviarei este Espírito, para que vos torneis poderosos, tal qual Eu fui quando estive materialmente entre vos, enviado pelo Pai, que Me enviou com todo o Seu Poder pleno, das alturas de toda a santidade de Deus. Tal como Eu e o Pai somos unos e o fomos desde a eternidade, vós e Meu Espírito também sereis unos por toda a eternidade até o fim do Mundo.
Eu, porém, agora vos abandonarei visivelmente e vós não mais Me vereis com vossos olhos da carne, mas em Meu Espírito. Eu permanecerei convosco até o fim dos tempos. E este Meu Espírito vos guiará em plena sabedoria e vos dará tudo o que pedirdes em Meu Nome. Eu, porém, não mais poderei permanecer entre vós. Para vossa salvação, Eu terei que ascender aos Meus Reinos, aos Meus Eternos Domínios, para que Eu vos apronte um lar permanente no Reino de Deus. Vós não podeis ir lá agora, para lá onde vereis que Eu vou. Mas quando chegar vossa hora, então sim, também podereis ir para lá aonde Eu vou.
Quando, porém, tiverdes sido abençoados com o Espírito que está em Mim, então ide também a todos os cantos da Terra e ensinai aos povos a Boa Nova. Dizei o que ouviste e o que viste. Batizai então em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que está em vós. E aqueles que aceitarem os ensinamentos e que forem batizados por vós, como eu fui batizado na margem do rio Jordão por João (Batista), sobre eles também descerá tal Espírito Santo de Mim. “Ele testemunhará de Mim em seus corações e ante vossos olhos”.
“Após estas palavras o Senhor soprou todos os Seus Apóstolos e lhes disse: “Este é Meu Espírito. Tal como Eu, no principio, soprei um espírito vivo em Adão, Eu sopro em vós Meu Espírito, para que vós não vos encontreis órfãos em momento algum. Aceitai Meu Espírito vivo, para que saibais quem é pecador. Ao arrependido, este Meu Espírito perdoará os pecados em Meu Nome, mas ao teimoso o Meu Espírito em vós reterá os pecados. Isto também fazei em Meu Nome. Atai e desatai na Terra e isto acontecerá igualmente no Céu. Porém não julgueis a ninguém nem amaldiçoeis nenhuma alma, se não quiserdes cair na vingança do mundo cedo demais.”
“Após estas palavras, o Senhor subiu uma pequena montanha que existia perto de Betânia, a que não tinha nome, mas que depois da Ascensão do Senhor, foi chamado de “A transformação do Senhor”, ou “A elevação da Ascensão”, ou também “O caminho para as alturas de Deus”. Lá uma clara nuvem O envolveu, e Ele se tornou invisível ante os olhos dos presentes. Muitos dos incrédulos começaram a crer e se converteram.
Logo a seguir, dois homens iluminados vieram do Alto, deram testemunho do Senhor, anunciaram Seu retorno num futuro e desapareceram. E os irmãos e o povo retornaram alegremente para Jerusalém”.
De volta ao Sol Abençoado
A ressurreição na manhã do Domingo de Páscoa significa que a iluminada Alma de Jesus, junto com os demais elementos do Corpo, se desintegrou e se espiritualizou, se uniu ao Seu Ser original, ao Seu Espírito uno, ao eterno Amor do Pai - o Espírito Divino, se uniu para sempre e é seu eterno invólucro. A Ascensão, porém, significa que a alma transfigurada de Jesus, como invólucro do Espírito eterno do santo Pai, após completar a sua missão de salvação, retornou novamente ao local da Criação onde hoje se encontra e já se encontrava desde o princípio segundo a Vontade Divina, o assento de todo o Seu Poder vivificador, onde estará nos tempos futuros.
Este “lar” do Pai - ou melhor dito, do Amor Eterno e Criador - o Senhor mesmo nos descreveu nos livros da Nova Revelação. Ele é denominado “Reino dos Anjos Puros e dos Espíritos do Sol Abençoado”. E no livro Roberto Blum nos é dito que Deus, o Pai em Jesus, mora na região da constelação de Leão, na esfera mais espiritualizada e pura daquele extremamente poderoso Sol central original de nossa ilha universal, chamado Régulos (o Regente) ou Estrela Rei.
Este Sol abençoado era desde sempre, antes de Deus se tornar homem, até para os anjos mais elevados e evoluídos, uma “luz inalcançável”. Agora esta estrela (ou este Sol) é um local onde os espíritos perfeitos podem freqüentar. Lá todos podem se aproximar do Pai em Jesus e junto Dele sentir a mais perfeita felicidade, pois este amor ardente do Pai está encoberto pelo invólucro da Alma misericordiosa de Jesus, e assim este fogo e esta luz não são mais mortais para os espíritos criados. Este Sol Misericordioso (ou Abençoado) também é chamado “O Mais Elevado Céu do Amor”. As esferas que precedem este céu e que preparam os espíritos para o mesmo são: “O Céu da Sabedoria” e “O Céu do Amor-sabedoria”. Estes degraus celestiais são as “habitações” que o Pai em Jesus prepara para os Seus na eterna Luz.
Um Deus - Pai próximo e num Céu novo
A grande novidade para os homens e anjos se originou no sacrifício do Gólgota, na ressurreição e ascensão de Jesus. O “tornar-se homem” de Deus e Sua gloriosa volta ao Sol Misericordioso nos são revelados em “O Sol Espiritual”, obra de Jacob Lorber: “Antes da morte do Senhor, nenhum homem jamais tinha conseguido comunicar-se de fato com o real Ser Deus”.
Ninguém jamais poderia vê-Lo, sem com isto perder sua vida completamente, segundo consta em Moisés: “ A Deus ninguém pode ver e continuar vivo”. De fato o Senhor se mostrou na Sua Igreja original e na de Melquisedech (a qual Abraão pertencia) e Ele mesmo ensinou Seus Filhos e falou com Seus santos. Aquele ser personificado não era o próprio Senhor, mas falava como se fosse o próprio Senhor. Mas mesmo neste anjo espiritualizado não se encontrava o Espírito do Senhor em toda Sua plenitude, mas somente o suficiente para preencher a razão de Sua presença. Podeis ter certeza que naquelas ocasiões nem o mais perfeito anjo espiritualizado podia ver a Divindade, assim como vós ao mirardes o Sol no firmamento. E nenhum anjo ou arcanjo jamais se atreveu a imaginar uma figura da Divindade, tal como foi imposto ao povo israelita no tempo de Moisés: jamais pintar ou esculpir qualquer figura de Deus.
Mas agora ouvi: Este infinito Ser Divino sentiu vontade e Se permitiu apresentar e Se unir em sua total plenitude aos homens. E quando estes menos o esperavam, Ele empreendeu esta unificação com a natureza humana.
Observai, pois: Deus a quem nenhum olho criado jamais pôde ver, veio - com o mais elevado e perfeito Amor e com a mais pura Sabedoria - como Jesus ao mundo! Ele, o Infinito, o Eterno, cujo hálito desintegrava eternidades como um montinho de palha, andou e ensinou Suas criaturas, Seus filhos, não como um Pai, mas sim como um Irmão.
Mas tudo isto ainda seria muito pouco! Ele, o Todo-poderoso, permite que O persigam, que O prendam e que O matem em Seu Corpo, e tudo isto por Suas insignificantes criaturas. Dizei-me, conseguis imaginar um Amor maior do que este, uma condescendência maior do que conheceis em Jesus? Com este seu gesto tão incompreensível, Ele renovou todas as coisas no Céu. Mesmo que Ele agora more novamente no Sol Misericordioso, de onde toda a Luz se esparge ao universo, mesmo assim Ele ainda é o mesmo homem Jesus, tal como Ele caminhava na Terra em Sua Divindade plena, qual Pai e Irmão, como um perfeito humano. Ele dá aos Seus filhos toda a Sua Bênção, Amor e Poder. Incentiva-os, Ele próprio, a exercer o Seu Poder em Seu Nome e em Sua Ordem.
Na antiguidade havia um abismo intransponível entre Deus e Suas criaturas. Mas em Jesus este abismo foi quase totalmente abolido. E ele próprio - como vós bem sabeis - nos mostrou isto, quando Ele, em Sua Onipotência, rasgou o véu que separava o povo do Santíssimo no Templo.
É por isto que Ele é o único caminho, a Luz, a Sabedoria e a Vida. Ele é a porta pela qual chegamos a Deus; significa dizer que por esta porta conseguimos ultrapassar o abismo sem fim que existe entre Deus e nós. E lá encontramos Jesus, o eterno e santo Irmão. E foi Ele quem quis acabar com o abismo. A Ele, portanto, certamente podemos amar com todo nosso ser!
A abolição do abismo entre Deus e os caídos
O caminho para a maior bem-aventurança na foi construído pela morte do Senhor, somente para escolhidos e selecionados. Uma alegre notícia se espalhou por todo o universo, especialmente para a matéria em julgamento: deu-se a aproximação de Deus; o retorno à casa paterna foi franqueado a todos, também aos espíritos em pecado (caídos), contanto que sigam o Filho do Homem com fé viva, humildade, mansidão e disposição para crescer no justo amor.
Nós ouvimos da Boca do Senhor:
“Conforme a ordem antiga, ninguém que esteve na matéria jamais poderia entrar no Céu. Agora, porém, ninguém poderá entrar no reino do Céu sem ter antes passado, como Eu passei, pela provação da matéria e da carne.
Todo aquele que de ora em diante for de fato batizado em Meu Nome com água viva de Meu Amor, com o espírito de Meus Ensinamentos, que com todo seu poder tiver se afastado total e definitivamente do velho pecado original, este terá seu corpo não mais como um mortal invólucro do pecado, mas sim um templo do Espírito Santo.
Mas muita atenção para que ninguém se torne novamente pecador por causa do amor próprio. Cuidai deste mal, e então santificareis também vosso sangue e vossa carne. E quando o espírito puro em vós tiver se tornado o único senhor, então por ele e nele ressuscitarão não somente a alma e o espírito, mas também seu sangue e carne.
Vede que diferença entre a antiga e a nova Ordem! Como está agora, assim permanecerá pela eternidade. E não somente os homens desta Terra, mas sim todos os habitantes de todos os planetas, sóis e qualquer outro elemento no universo adquiriram o direito a esta bênção, a esta infinita bem-aventurança. Não haverá outro caminho a trilhar a não ser o caminho da humildade e, a partir dela, do mais sincero e puro amor a Deus e ao seu irmão”.
“Está consumado”
“Estou com sede”
Na cruz o Senhor falou estas palavras: “Estou com sede” e “Está consumado”. Desde então ele nos diz tais palavras constantemente, mas na ordem invertida: “Está consumado” e “Estou com sede”.
“Estou com sede”. Sede de quê? De Vida, da qual Eu próprio sou a origem desde a eternidade e que Eu tão prodigamente reparti entre todos os inúmeros seres. Bem, é por esta Vida que Eu tenho sede. Muitas vezes esta Vida foi tolhida pela morte, e Eu vim para livrá-la desta mesma morte. É por isto que no momento da grande libertação Eu tive sede por esta Vida tão prodigamente esbanjada. Mas a morte tinha conseguido adquirir tanto poder, que no primeiro momento mesmo o Sangue do Amor eternamente vivo não conseguiu despertá-la. Quando Eu pedi para beber a Vida, não Me deram a Vida para beber, mas sim a morte. Vinagre e fel foram as bebidas. Vinagre, símbolo de tudo que endurece; fel, símbolo de todo ódio, cólera e raiva.
Vede, até nos dias atuais Eu grito para o mundo: “Tenho sede!”; ou o que isto representa: “Amai-Me! Dai-Me vosso amor para beber! Amai a Deus acima de tudo e ao próximo como a vós mesmos!”. ─ Esta é a água da Vida, e era por ela que Eu pedia.
Perguntai a vossos corações... Será que Me ofereceis esta água? Ou será que não Me ofereceis muito mais vinagre e fel? O pouco que exijo de vós não é nada mais que amor e logo após a ação condizente. Mas se lerdes a Palavra somente com vossa mente e não com ações de amor e caridade e se fizerdes somente o que de mundano ela contém, não será então vinagre e fel que Me dais invés da água viva? Sim, Eu vos digo: Quanto mais lerdes e nada fizerdes além do que vossa mente concordar e lhe der prazer mundano, tanto mais amargo o fel. Está escrito mais adiante: “Tudo está consumado”; mas o que está consumado? Minha luta por vós, pois Eu, vosso Criador, Deus e Senhor, nada mais posso fazer do que encarar a morte. Está consumado, mas não para vós, infelizmente somente para Mim. Eu tudo fiz por vós; e vós vos esforçais para que a obra também seja consumada em vós? Sim, de fato estais a ler com afinco, também escreveis muito e com grande entusiasmo, gostais de vos aconselhar Comigo. Mas quando Eu digo: “Dedicai uma única hora completa do dia para Mim, invés de vossos pensamentos e atitudes mundanas tão freqüentes e que vos dão tanto prazer. Esta hora santificai-a, zelando-a e preenchendo-a somente com pensamentos e sentimentos dedicados a Mim, com vosso coração pleno de sentimentos por Mim.” - então encontrais centenas de razões para Me esquecer e centenas de pensamentos mundanos se apoderam de vós. Vede, isto é vinagre e fel, e nada em vós estará consumado. E Eu faço todo o possível para vos levar ao caminho certo e justo. Uso todo Meu Amor infinito, para que vós consigais vos redimir. Pois para conseguir consumar é necessário que cada um de vós tome sua cruz e Me siga fielmente, no mais verdadeiro e puro Amor. Por isto não sejais ouvintes fúteis, mas sim obreiros da Palavra. Pois só como atuantes é que aplacais Minha sede com a água viva do Amor. Se não for assim, estareis a Me servir vinagre e fel.
Cristo, o mediador
Somente Cristo é o mediador entre Deus e a humanidade. Com a morte de Sua Carne e o derramar de Seu Sangue, Ele conseguiu abrir o caminho para a volta ao seio paterno, conseguiu destruir o pecado original, conseguiu também conquistar a ressurreição de todos os seres. Cristo, porém, é o Amor Original em Deus, a Palavra Principal de todas as palavras e que se tornou carne, a Carne de todas as carnes, o Sangue de todos os sangues. Esta Carne naturalmente tomou para Si todos os pecados do mundo e os purificou ante Deus com Seu Sangue Divino. Torna-te Jesus e assim estarás puro ante Deus. Pois nenhum ser vivo ou nada poderá ser puro por si mesmo, mas sim somente pelo mérito de Cristo, o que é a mais elevada dádiva e graça de Deus.
“Tu só nada podes; Cristo, porém, pode tudo”.
O grande testemunho de João
“Eu vos digo: Jesus é algo tão incompreensivelmente grande, que no momento que este nome é pronunciado, todo o infinito estremece de tanta veneração. Se vós disserdes “Deus”, estareis a dizer o nome do Ser mais elevado, mas vós o denominais no Seu caráter infinito por toda a eternidade. Mas no nome “Jesus” fica denominado o perfeito, o todo-poderoso centro de Deus; melhor dizendo: Jesus é o verdadeiro e único ser divino feito homem. Jesus é o único santo e ser divino que se tornou homem, de quem toda a Divindade que preenche todo o universo se origina cheia de poder e força, como os raios de luz se originam do Sol. Jesus é, pois, a essência de toda a plenitude divina; ou melhor dito: Em Jesus habita a Divindade em toda a Sua plenitude em verdade. É esta a razão pela qual todo o infinito se perturba toda vez que este santo Nome é dito em amor e humildade”.
Adoração
Adão : “Filhos meus, vede como nosso santo Pai é bom! De que maneira conseguis esquecê-lo só por um minuto! Nós todos somos originários do Amor eterno e como tal somos todos filhos do único santo Pai, Aquele que vive em Sua eterna Gloria e Santidade por todo o sempre, no Seu Amor em nós, e nós Nele. É por isto que Seu Amor deve ser muito importante para nós, pois pelo Seu Amor somos Seus filhos e como tal podemos louvá-Lo como Deus e Senhor. Pelo Amor nós conseguimos reconhecê-Lo, no Amor nós podemos nos aproximar Dele. E só assim – pelo e no Amor – podemos viver e encontrar a vida eterna e mantê-la.
Deus na Sua Santidade é inacessível, na Sua Sabedoria é inescrutável, na Sua Misericórdia é imensurável, no Seu poder é formidável, na Sua força é eternamente invencível. Sua Luz é a luz de todas as luzes, e Seu fogo é o fogo de todos os fogos. E assim em tudo isto ele é inacessível. Num todo Ele nos é um Deus totalmente estranho, que não nos quer e que eternamente nos afasta. Mas este Deus é, sobretudo, o mais puro e sincero Amor, e este amor suaviza a sua Divindade de tal forma, que Ele de fato nos quer bem. E quando nós O amamos, Ele Se despenca sobre nós do alto de toda a Sua Divindade, nos torna Seus filhos e Se doa a nós como o melhor, o mais carinhoso e santo Pai. Tudo o que conseguimos reconhecer Ele nos dá pleno de Amor e, finalmente, ele nos dá a Vida Eterna.
Por isto considerai bem quem e o que Deus é e quem e o que nosso santo Pai é. Daí então agi de acordo, cheios de fé e amor. Amém”.
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