Visualizador de Livro
|
Dádivas do Céu
Dádivas do Céu é quase que um diário espiritual de Jacob Lorber. Essas são mensagens que ele recebia do Pai, como respostas a questões particulares. Essa obra foi copiada por Anselmo Huttembrenner, um seguidor da doutrina. De fato, ele é o escriba da obra, pois Jacob Lorber detestava escrever e assim ditava tudo a Anselmo. Essa obra é o que chamam de “Palavras Secundárias”, pois eram ditadas, enquanto que as grandes palavras da Nova Revelação eram deitada s no coração de Lorber. Essas Dádivas do Céu foram recebidas entre os dias treze de abril de 1840 e dois de janeiro de 1851. Muitas dessas mensagens foram enviadas para pessoas que frequentavam as reuniões de evangelização de Lorber, mas como os temas são atuais, permanecem úteis para toda a humanidade. Resolvemos despersonalizá-las, para não entrar em conflito com ninguém. – A tradutora.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Palavras de agradecimento do servo (Jacob Lorber)
1 – Por favor, aceita Senhor nosso mísero agradecimento pelos grandes segredos que Tu tão carinhosamente estás a revelar para nós pecadores, que não o merecemos de forma alguma. Observa nossos corações enternecidos e gratos pela grande felicidade que nos dás de ouvir Tuas Palavras tão plenas de Vida.
2 – Muito obrigado e louvado sejas eternamente, tanto nos céus como em nossos corações. Amém.
Jacob Lorber
Saudações do Alto – Domingo de Páscoa
Recebido por Jacob Lorber, em 10 de abril de 1840
1 – Que esta mensagem seja dedicada a todos vós, Meus filhos, para que sirva de prova que vosso trabalho Me agrada. E se vós continuardes a trabalhar em nome de Meu Amor, tal como fizestes desde o começo da obra, sabereis que Minha Mão está a postos para abrir a comporta de dádivas que derramarei sobre vossas cabeças. E Minha Bênção jamais se afastará de vós, de vossos filhos e dos filhos de vossos filhos. Mas não vos preocupeis pelos filhos e suas matérias, mas sim cuidai de seus espíritos.
2 – Não é bem mais difícil tratar do corpo do que do espírito? Pois então entregai a tarefa difícil para Mim e permanecei com a tarefa mais leve, para que possais ficar livres em todas vossas outras atividades e que vossos filhinhos possam reconhecer o grande Amor do Santo do Céu, o único doador de todas as dádivas boas. Ele é, sempre foi, e o será eternamente. Isto Eu vos dou como um bom conselho, para que possais confiar totalmente em Mim, pois Eu sou fiel a todas as Minhas profecias.
3 – Também vos digo que todo aquele que auxiliar a disseminação da Luz que vem de Mim - para o reconhecimento de todo o bem que vem de Meu Amor e de toda a verdade que vem de Minha Sabedoria e para o enaltecimento de Meu Nome - Eu lhe darei o renascimento completo e absoluto. Com isto vos darei novos nomes, também vos farei Meus filhos queridos, abençoados pelo Meu Amor, igual ao que fiz com Meu amado João, o escritor oculto dessas Minhas Palavras.
4 – Que isto seja uma feliz saudação, a primeira que recebereis em palavras neste dia importante. Isto fala o eterno, amoroso e santo Pai. Amém.
Chave para as mensagens
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de abril de 1840
1 – Lá onde parece que Eu nada tenho a dizer, lá é que Eu falo ao máximo. E onde Eu pareço estar falando muito, lá Eu só digo aquilo que podeis suportar.
2 – Que isto vos sirva de chave para Minhas Mensagens e Revelações.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
O direito de governar no mundo
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de abril de 1840
1 – Aqui quero dizer umas palavrinhas a vós, Meus filhos, que possuis um cargo administrativo. Este é um direito temporário que os poderosos se outorgaram para oprimir os pequenos e fracos, os que no mundo estão sem poder nem força, os que devem sustentar e alimentar aqueles poderosos. E tudo isto para nada serve além da manutenção das leis que colocam todo tipo de peso em seus ombros fracos.
2 – Além de Meu Amor em vós (e da Sabedoria que dele se origina, formando-se destes dois a Ordem eterna da qual se originou tudo que hoje existe, do maior ao mais ínfimo, em números infinitos), não existe outro direito. Este Meu Amor não se apodera de nada para possuir algo, mas sim só para dar e dar cada vez mais. Este Amor nada destrói, mas sim tudo conserva, para que nada, nem a mínima molécula seja aniquilada; este Amor luta para que todos consigam andar erguidos, sem o peso de sua carga; este Amor é humilde, paciente e cheio de misericórdia para as exigências de sua Sabedoria, este Amor, para o bem dos seus próximos, é capaz de suportar insultos e inverdades numa serenidade sem igual. Pensai bem se ainda é possível descobrir algo além deste Amor que se possa chamar de “direito”?
3 – Vós ainda deveis considerar que a este Amor sempre se junta a verdadeira Sabedoria, que é a única que pode legislar, a que tudo organiza da melhor maneira e tudo ilumina e vê. Sim, em todo lugar onde Meu Amor é a base lá também está o verdadeiro direito. Onde ele não estiver, também não haverá o direito, mas sim a mais pura oposição. Uma lei, quando não baseada em Meu Amor, está baseada no amor-próprio e não passa de um direito obsessivo que se impõe pela força bruta. E mesmo se as pessoas ignorantes pensarem que é Amor, de fato não o é, é o mais puro amor-próprio.
4 – Este amor-próprio gera dificuldades para reconhecerdes vossas necessidades e canta vantagens ao conseguir manipular vossas condições de vida; ele permite que tenhais só o espaço que vos concede, ou seja, o mínimo, como o de um pássaro na gaiola ou de um peixe no aquário. Deste amor, quase que um assaltante e assassino de poder fictício, é que vos são dadas as leis, inúmeras, sempre que o amor-próprio achar necessário satisfazer sua fome infinita. Para que estas leis sejam obedecidas, os cárceres, a pólvora e a morte são usados. Às vezes este amor-próprio outorga a seus escravos alguns benefícios imaginários, ou que favorecem a alguns, e assim consegue que haja paz entre os miseráveis, ou que fiquem na noite do desprezo, aguardando as migalhas que sobram da mesa dos poderosos.
5 – Vede, nestas ocasiões de miséria, muitos se veem forçados a abandonar o Meu Amor, seguir o amor-próprio e atuar na sua esfera inferior com maldade, como os poderosos o fazem na sua esfera superior. Estes mentem, roubam, assaltam, matam e, além disto, têm o atrevimento de usar Minhas Leis na sua pocilga, deturpá-las, e assim dar um aspecto de moralidade às próprias leis. Isto Eu abomino e amaldiçoo. Ai deles no futuro! Os cegos podem ser enganados com estas manobras, mas Eu vejo seus truques de cabo a rabo e tudo informo aos Meus filhos, estes que começaram a Me procurar.
6 – Esta é a razão por que vos aconselho procurar Meu Amor com todas as vossas forcas, pois só assim podereis atuar para o bem de vossos muitos irmãos e irmãs.
7 – Lembrai-vos que tudo aquilo que Minha Sabedoria vos ensinar virá do Meu Amor, e assim conseguireis realizar tudo sem que vos seja arrancado um só cabelo. Pois lá onde a sabedoria governa, lá ela tem todos os meios necessários para realizar seus atos por Mim autorizados.
8 – Isto Eu digo, o eterno Amor, somente a vós, Meus filhos, pelo Meu servo fraco que se dispõe a escrever e que não temeu mais ninguém depois que Me conheceu melhor. Amém.
O amor dos pais como deve ser
Recebido por Jacob Lorber, em 23 de abril de 1840
1 – Esta mensagem é especialmente dedicada a todas as mulheres, às mães que sentem uma grande vontade de saber mais a respeito do modo de educar os filhos. Segui, então, Meu conselho, e devei segui-lo tanto para filhos como para filhas!
2 – Eu Me sinto feliz com todo aquele que se alegra Comigo. E Eu tenho muita água para dar aos que estão com sede. Minha Misericórdia também é enorme e em nenhum lugar ela diminui.
3 – Por isto vós, mães físicas, destruí vosso amor diferenciado entre os vossos, tal qual Eu faço com Minha Misericórdia, para que nenhum de vossos filhos se sinta negligenciado, não sinta inveja e não olhe seus irmãos com maus olhos. Daí a vossos filhos o mesmo quinhão, pois só assim Eu poderei dar a mesma medida de misericórdia para cada um. Se não for assim, os mais amados receberão menos misericórdia e os menos amados receberão mais misericórdia de Mim.
4 – Pois observai bem, Eu sou o Pai dos perseguidos, um consolador dos filhos aflitos, mas também um juiz muito sensato para os filhos por vós amados em demasia. Pois o exagero de vosso amor estraga vossos filhos e os incapacita a receber Minha Misericórdia e Bênção. No futuro, deixai que cada um receba o que lhe é útil: dor, miséria, bem-estar ou felicidade. Dominai vossos corações, que Minha Misericórdia vos protegerá e consolará.
5 – Tende fé, sou Eu que vos falo, Eu, vosso bondoso Pai. O que envergais de forma nebulosa, Eu vejo com total clareza e exatidão; mas onde olhais com firmeza, Eu nem olho. Tudo o que o mundo julga, Eu protejo; mas tudo o que o mundo enaltece, isto será diminuído na Minha presença. Vede a adúltera condenada pelo mundo! Sua culpa Eu escrevi na areia, para que o vento a levasse. Assim deveis fazer vós todos, se desejardes vos tornar filhos Meus, estes filhos que Eu amo muito mais do que jamais pensastes ser possível.
6 – Tal como o Sol brilha e a chuva cai para todos na Terra, assim distribuí vosso amor entre vossos filhos. Para os estranhos, que o vosso amor seja qual incêndio ou tormenta de verão, para que nenhum amor próprio exista em vós ou em vossos filhos. Com isto vossa confiança ficará cada vez mais forte, e Eu vos poderei ajudar, lá onde sentis o ponto mais fraco.
7 – Que isto vos seja um pequeno consolo. Onde Eu quero entrar, lá Eu varro em primeiro lugar. Isto fala vosso santo Pai. Amém.
Cruz, coroa e amor
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de abril de 1840
1 – Dize àquela que tanto ama Minha Pele, que idolatra as chagas de Meu Corpo, que honra e clama aos céus a madeira da cruz e o ferro dos pregos que furaram as Minhas Mãos, dize-lhe a mensagem que se segue, dada por Mim pelo bem de sua saúde.
2 – Nem ela nem ninguém deve amar a cruz mais que a Mim mesmo, nem aos pregos mais do que a cabeça coroada. Pois quem assim fizer deverá sofrer muito pelo seu amor errado. A quem ama a cruz, como também os pregos, eu darei a coroa de espinhos. E aquele que amar a cruz, os pregos e a coroa como amor a Mim, este será crucificado, tal qual Eu fui. Mas aquele que Me ama por causa da cruz, dos pregos e da coroa, este ama Minha Pele que está cheia de feridas e do sangue das chibatadas. Parece com aquelas crianças que só começam a amar seus pais, quando estes, destruídos pelo sofrimento, batem chorando à porta dos filhos.
3 – Quem quiser Me amar corretamente que Me ame pelo Meu Amor e que obedeça aos Meus mandamentos, que dei a todos sem cruz, sem pregos, sem coroa. Eu os dei com toda a pureza de Meu Ser, pois Eu sou puro. Dize a todos: Quem em verdade Me amar assim, sem cruz, pregos ou coroa, este tem toda a firmeza em seu sentimento. Mas quem Me amar cheio de dúvidas, este precisa da cruz, dos pregos da coroa ou das chagas para Me amar; Eu lhe darei um destes ou todos, pois assim ele verá seu amor fortificado. Ele verá que sofrimento é mais difícil que amor fortificado. Ele verá que sofrer é mais difícil que amar, e Eu não Me alegro com os sofrimentos de Meus Filhos, mas sim só Me causam grande tristeza no coração.
4 – Vê, Meu jugo é suave e Minha carga é leve! Só filhos do mundo precisam usar de violência com Meu reino, se desejarem apoderar-se dele. Meus filhos não devem ir à luta, expondo-se serem violentados por Meus inimigos, para Me defender. Por eles Eu irei à luta, pois o Amor está muitíssimo acima de qualquer luta aceita sem Meu beneplácito.
5 – Mas aquele que desejar lutar e tiver prazer na luta, este tem que estar preparado para os vários ferimentos que poderá sofrer, ou mesmo sua derrota.
6 – Por isto, por aquele que Me amar, por este Eu lutarei e vencerei, e seu amor será a mais linda coroa de louros que poderá me oferecer. Mas aqueles que por vontade própria desejarem lutar junto a Mim, estes Eu distribuirei aos seus postos. E terão que lutar com suas forças, com muito medo e esforço. A vitória muitas vezes lhes custará bem caro e será amarga, e também terão que prestar muitas contas.
7 – Mais uma explicação é necessária: Se alguém deseja comprar uma casa, este não deve se contentar com a vistoria de seu exterior, muitas vezes pura maquiagem. Deve ir ao vendedor e dizer: “Deixa-me ver os pilares, as paredes, o chão e o telhado!”. Se ele não considerar a casa como boa, que se afaste e não tente negociar com o vendedor esperto, mesmo que este lhe diga que a casa está em ótimas condições e aguentará bem muitos anos. No primeiro terremoto, seria destruída. Se morar numa casa velha, esteja sempre pronto a abandoná-la. Ao sentir os primeiros tremores ou rachaduras, saia de imediato.
8 – Isto vos diz o pastor cuidadoso das ovelhas mansas, habitantes da difícil seara do mundo dos servos. Amém. Eu, Jesus, Jeová. Amém.
Ave Maria
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de abril de 1840
1 – Vede, a única obrigação de todos vós é o amor, o Amor puro e divino que existe em vós por Mim e aquele por vossos irmãos e irmãs.
2 – De acordo com o grau de intensidade deste vosso amor, mais vos será dado por Mim, Eu, que sou Amor em todo o Meu ser. Vós, se Me amardes com todas as vossas forças, sereis Meus amados filhos por todo o sempre, filhos do mesmo Amor que colocou o fruto em Maria, Minha Mãe física, quando estive na Terra como o filho do homem, Jesus. Este amor, porém, é um verdadeiro irmão para todos vós, pronto a vos ajudar, forte o bastante para vos carregar, a vós todos, irmãos e irmãs adultas, este amor vos guiará com todo cuidado. E aquele que desejar chegar ao Pai, este deve dirigir-se a Mim, somente a Mim, pois Eu sou o favorito do Pai, Eu sou o único e verdadeiro irmão para vós e estou pleno de Amor e Sabedoria. Vós não precisais vos dirigir a ninguém mais do que a Mim, se desejardes expressar um pedido ou um grito de socorro.
3 – Vede, a saudação para Maria veio na ocasião da anunciação da mais elevada divindade de Deus em toda plenitude do poder e força de Seu Espírito, para que este Amor no Pai vos seja um verdadeiro irmão. Eu vos pergunto: O que quereis com esta saudação ainda hoje? Maria não precisa e também não o deseja. E ela sabe melhor que ninguém que Meus Ouvidos são mais agudos que os dela, que Meus Olhos são muito melhores que os seus e que Minha humilde Paciência e Meu Amor anulam todos os predicados do mais santo espírito de todo o céu.
4 – Em verdade, vossa tolice, vosso desconhecimento e vosso engano só lhe causam tristeza. Eu, no entanto, Me antecipo e dirijo a Mim todos os vossos pedidos e invenções que fazeis a ela ou a algum irmão bem-aventurado. Vede, é por isto que Eu torno os ouvidos destes irmãos surdos a vossas adorações errôneas e seus olhos cegos, para que sua bem-aventurança não seja perturbada por vossa enorme tolice.
5 – Mas quem Me procura, tenho certeza que este irmão terá uma grande alegria com todos os bem-aventurados. Eles também terão grande prazer em servi-lo pelo Meu grande Amor que existe neles, e é este amor que lhes informa como e quando deles alguém necessita.
6 – Vós podeis relembrar e comentar com muito carinho tudo o que aconteceu durante Minha vida na Terra, e com isto vos sujeitar a toda Misericórdia que Eu tenho por vós. Isto Me fará feliz; mas se desejais transformar tudo isto em orações decoradas e vomitadas, sem sentimento, então vos tornastes tolos cegos e enganados por guias cegos e mal-intencionados.
7 – Eu agora vos mostrei, na mais absoluta verdade, como o assunto deve ser. Deveis vos orientar com estes ensinamentos, se desejais vos tornar verdadeiros filhos do Pai e verdadeiros irmãos do filho de Maria, que vos ama tanto quanto vós Me amais. Amém.
Três perguntas
Recebido por Jacob Lorber, em 03 de maio de 1840
1. A igreja católica não falha quando não dá o cálice para os leigos beberem, se em Mateus 26-2 consta: “Bebei todos deste cálice.”?
2. A hóstia pode ser adorada?
3. Devemos dar total crédito aos livros de E. Swedenborg?
1 – Para estas três perguntas que Me foram apresentadas darei três respostas bem duras e severas, pois estão perguntando antes do momento certo de perguntar; com isto querem enriquecer seu conhecimento e não seu amor por Mim, que é muito superior a todo ou qualquer conhecimento. Eles não pensam no que é necessário em primeiro lugar. A bênção da sabedoria chega ao homem de acordo com o seu amor por Mim - o que é o verdadeiro “Pão”, ou o verdadeiro “Cálice”, ou “Meu Corpo e Meu Sangue”. A bênção da sabedoria chega antes que todos os profetas - desde Moisés até João e de João até Emanuel Swedenborg - e antes que todos os Meus amados sábios testemunhem.
2 – Vós enxergais o sol na gota de orvalho e dizeis: “Esta é uma verdadeira fotografia do sol, só falta o calor!”. Eu, porém, digo: É mais fácil aquecer a gota de orvalho, do que colocar nela uma verdadeira reprodução do Sol. Já que Eu faço isto (coloco o retrato do sol no orvalho), por que não podeis fazer o mais fácil? E ainda perguntais se alguém deve adorar a hóstia? Já não vos ensinei de sobejo como deve ser feita a adoração e de que tipo é o Meu relacionamento com a matéria?
3 – Respondendo à primeira pergunta - O que estais a imaginar? Bem, vou dar-vos mais uma vez uma boa resposta, mas tratai de não esquecê-la mais! Guardai-a bem em vossas cabeças duras! Vivificai vosso coração e dirigi vossa vista para Emaús! Quando eu lá parti o Pão, os Meus discípulos me reconheceram mesmo sem a presença do cálice, e se inflaram do mais puro Amor por Mim. Segui o seu exemplo! Desfrutai o Pão no mais puro e verdadeiro Amor por Mim e não vos escandalizareis com a maneira que dizem que se deve fazer isto, pois não tem nenhum valor. Pensai sim somente no amor e na fé que dele emana. E Eu em pessoa vos apresentarei o cálice, pleno do Espírito Santo, que é Meu Sangue.
4 – O vinho no cálice é uma bebida que contém a prostituição e a impudicícia em espírito. Vós não deveis ter sede disto e deveis deixar que o bebam somente os servos que então se tornaram uns vales de impureza. Com este vinho molham seu colo infrutífero, por sentirem um amor impuro. Com isto conseguem que uma flor nasça deste solo, tal qual o girassol nasce sobre os mais imundos sepulcros de impureza.
5 – Somente o cálice que Eu vos entrego é o verdadeiro cálice, pois nele está todo o Espírito Verdadeiro da Vida. Por este cálice deveis estar cheios de sede.
6 – Para a segunda pergunta - Em relação à hóstia da santa ceia, ela não passa de pão feito de farinha. É como o pão de Emaús: somente matéria, não possui a vida, é morto e só dá a morte.
7 – Somente quem o partir e abençoar, este sim tem vida e pode dar vida a todos aqueles que o comem no verdadeiro Amor e na verdadeira fé que deste gesto simbólico se origina. Pois onde existir o verdadeiro Amor em vós, lá estará a Dádiva; onde esta está, o Doador também estará. A este, somente a este, é devido todo o louvor e adoração.
8 – Portanto, em primeiro lugar procurai o Amor em Mim pela obediência voluntária dos mandamentos. Assim, a bênção vos iluminará, e vós reconhecereis o grande doador das bênçãos e no amor por ele adorareis Sua Grande Divindade.
9 – Pois então, amai em primeiro lugar, e a dádiva será justa, iluminada e viva no pão. Só então a bênção do grande doador estará no mesmo. E vós então adorareis em espírito e verdade sua divindade.
10 – Resposta para a terceira pergunta - Em relação a Emanuel Swedenborg, os questionadores deveriam tentar, sem Minha Sabedoria, escrever o que ele escreveu. Será que conseguiriam?
11 – Ele foi por Mim chamado e foi orientado pelos Meus anjos em toda sua sabedoria que emana de Mim, sempre de acordo com o grau de seu amor. E o que ele diz é bom e verdadeiro.
12 – Meus ensinamentos e Minha Palavra viva que chegam até vós são muito mais elevados que todos os profetas e toda a sabedoria de Meus anjos. Pois o Amor é o mais alto, o primeiro, só então vem a sabedoria.
13 – Aquele que tiver o verdadeiro amor por Mim, a este também será dada a mais plena sabedoria. Mas aquele que procura a sabedoria antes do amor, este não encontrará nada além de engano, será uma cópia e não saberá jamais qual é a verdade e a realidade.
14 – Assim, amai em primeiro lugar e deixai de lado a curiosidade, e o sol nascerá em vós. Amém. Amém. Amém.
15 – Estas são as três respostas severas que vêm das alturas de Mim, Jeová. Amém.
Para Meus Amigos
Recebido por Jacob Lorber, em 09 de maio de 1840
1 – Quando expressardes vossos sentimentos de amor entre os de vosso grupo, deixai espaço para Mim, para Eu vos dar uma saudação carinhosa. Como podeis ver, Eu Me “autoconvido”, quando pressinto que haverá uma boa refeição. Eu sabia que vós não vos zangaríeis, se Eu viesse ao vosso meio ficar um pouquinho entre amigos.
2 – Vede, aos que Eu amo - pois eles começam a Me procurar e a Me amar e reconheceram na voz de Meu servo a Minha Voz - para junto destes Eu venho com prazer, muitas vezes numa hora imprópria. Mas o que pode fazer o Pai, se Ele ama mais aos seus filhos do que vice-versa? Deveis por na conta de Meu grande Amor por vós, por Eu quase forçar Minha presença entre vós com tanta frequência! Ó Meus Filhos, não sabeis o quanto Eu vos amo, a todos!!! Amai-Me também, o vosso bondoso Pai, e sempre olhai o Meu exemplo. Eu serei o vosso prêmio!
3 – Ouvi - vós que apreciais Minha presença entre vós - a estes Eu colherei para junto de Mim e de Meu Amor, e eles comerão à mesa de seu Pai. Vede, hoje será a primeira vez que estarão à mesa de seu Pai. Vede, hoje será a primeira vez que estarei completamente à vontade em vosso meio; vós não podereis Me ver com vossos olhos físicos, mas vossos corações serão por Mim tocados no momento em que Meu pobre servo disser estas palavras.
4 – Não deveis vos tolher em vossa alegria, sede felizes e alegres. Quando Eu estou convosco, vós também estais Comigo, vosso Pai. Vós estareis em casa e todo embaraço acaba aqui.
5 – Já que estou convosco, recebei todos vós, Meus filhinhos e Meus filhos, um caloroso beijo de vosso Pai. E que este verdadeiro beijo seja uma verdadeira bênção, se a receberdes com tanta boa vontade, quanto o tanto de prazer que sinto sempre que vos dou bênçãos. Isto é tão certo, como Eu sou o verdadeiro Pai para todos vós. Segue Minha saudação:
6 – Paz entre todos vós. Que Meu Amor seja o único tesouro! Que Minha bênção ilumine as trevas do mundo que vos rodeia e que vos mostre o suave caminho para a vida eterna. Amém.
Espírito Religioso – Espírito do Amor
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de maio de 1840
1 – Esta mensagem é para aquele que Me teme (mais por causa da igreja do que por Mim mesmo), mas que assim mesmo gostaria de receber uma palavra de consolo, pois acha que Eu tenho algo contra ele, devido à fraqueza de sua fé, já que Eu não o tratei imediatamente igual àqueles que há anos Me procuram em seus corações. Por outro lado, a igreja material ainda o satisfaz, quando acha que o vento na gruta era o Meu Espírito, e o trovão era a voz da Vida no Filho. Bem, a esta pessoa dize:
2 – Eu olhei em seu coração e nele achei uma semente boa. Ele deve regar a mesma com afinco, com a água da vida que vem de Mim, esta água ele encontrará em grandes quantidades no Velho e no Novo Testamento. Então muitos espíritos celestiais chegarão e alegremente se instalarão em seus galhos e ramagens desta nova árvore que veio de Mim e está nele. Então também Eu virei, despertarei seu espírito completamente e habitarei em seu coração por toda eternidade.
3 – Ele não deve ser medroso, se realmente Me ama. E não deve achar que a igreja construída por pedras seja algo vivo, pois ela foi construída por mãos humana tal qual qualquer casa comum. Também não deve achar que as variadas missas existentes lhe trarão a salvação, tampouco a confissão. Esta então vos é totalmente inútil, se vós não vos modificardes totalmente em vossos corações. Todos os sacramentos são de fato um verdadeiro veneno para a alma, se não os tornardes vivos pelo grande e verdadeiro Amor por Mim em vossos corações iluminados.
4 – Ele deve saber que para os vivos tudo está vivo, e para os mortos tudo está morto. Quem possui o Meu Amor (o puro e divino amor por Mim e pelo próximo) este Me possui, a Mim, a vida de tudo que é vivo dentro de si. Mas quem não tem Meu Amor, este é igual à matéria, que é morta e que emana da morte da cólera de Deus; ele mesmo está morto, e a vida passa muda por ele, pois é totalmente mudo para a vida.
5 – Por isto, procurai todos o Meu grande Amor em todos os lugares. Onde o encontrardes, podeis estar certos, também tereis encontrado a vida. Não vos deixeis prender por nada, a não ser pelo Meu Amor; assim vivereis, por mais temores que tenhais.
6 – Não procureis a luz, pois ela é morta. Antes sim procureis o amor, e tudo será luz para vós, tudo será plenamente vivo, pois Eu sou o Amor e a Vida por toda eternidade. Amém. Eu, Jesus, Jeová. Amém.
Obs.: Jesus é a forma latina para Jeschua ou Jehoschua = Jeová = Força de Deus.
Preocupações desnecessárias
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de maio de 1840
Pergunta: Podemos te pedir, Pai que estás no Céu, para que acabe o recrutamento, no qual o marido é tirado da mulher, o pai das crianças, o filho de seus pais, o cidadão de suas tarefas, o agricultor de suas terras, onde frequentemente deve-se tomar atitudes forçadas, nas quais pouco do cristianismo existe. Por quanto tempo este mal ainda durará de acordo com Tua Vontade? Seria de Teu agrado que este mal se acabe logo, pois muito nos dói ver nossos irmãos nesta situação? Mas não é a nossa, e sim a Tua Vontade que deve ser obedecida por toda a eternidade.
1 – Como vosso santo Pai, Eu sempre fico feliz quando procurais Meus conselhos para resolver vossos problemas. Mas não deveríeis fazer perguntas tolas, as quais não desejo responder, porque seria irracional e vos levaria a enganos.
2 – Estas perguntas tolas são referentes a datas, ano, dia, hora. Pois vede: Eu jamais imponho um tempo para alguma coisa, mas sim ajo de acordo com as circunstâncias da ocasião e conforme os homens estão se comportando, assim como um pai com seus filhos . Assim age Deus com as pessoas do mundo. Eu não seria um atormentador, se dissesse: “Ano que vem vou fazer Meu julgamento convosco!”... E de fato o fizesse, mesmo que vós vos tivésseis convertido totalmente? Bem, julgai por vós mesmos. E se Eu não o fizesse, Eu não seria um reles mentiroso? E como é que isto combinaria com Meu Amor e Minha Divindade?
3 – Este é o motivo por que Eu permito que todos os “profetas de datas” e “calculadores de data” se exponham, para, no fim, desacreditá-los. Eu não determinarei a hora, mas sim as pessoas o farão pelo seu comportamento, mas o farão sem saber. E eu então chegarei como um ladrão, no momento em que elas nem pensam mais no assunto.
4 – Uma segunda pergunta tola é: “Com que tipo de sacrifício Eu serei levado a fazer isto ou aquilo?” Esta pergunta Me causa muita dor, especialmente se vem de Meus filhos, pois Me mostra que eles ainda Me vêm como um tipo de ídolo, não como seu santo Pai, que de vós nada quer, a não ser o vosso sincero amor filial. Vosso amor filial é a única oferenda que dá alegria ao vosso Pai e grande prazer ao vosso Deus.
5 – A respeito do recrutamento, ele não é o pior mal do mundo, mas somente consequência do amor mundano. Ele deve ser visto como mais uma consequência do que um mal por si mesmo. O mesmo acontece com o “ser soldado (militar)”. Isto vai existir enquanto houver mundo, por causa do amor próprio das pessoas. Por isto não deveis vos preocupar tanto com o tal do recrutamento. Pois podeis ter a mais absoluta certeza que Meus Filhos jamais portarão armas, pois Eu sou sua arma contra todo o mal. Mas se excepcionalmente tiverem que atuar na guerra, coisa que raramente acontecerá, estejai certos que Eu estarei com eles, qual arma “inderrotável”.
6 – Vede, pouca importância tem o que fostes na Terra: agricultores, cidadãos urbanos, soldados, príncipes, reis ou imperadores; o que importa é pelo que fostes: por amor próprio, por amor ao próximo, ou por Meu amor, que se derrama sobre o próximo. De acordo com isto, será vossa vida na eternidade.
7 – Que no serviço militar existe pouquíssima religião, isto já sabeis de sobejo, e Eu também. Que lá há muito mais vida dissoluta do que na vida civil não é novidade. Mas por causa disto o castigo é mais severo que o do civil. E assim, muita coisa que na vida civil corre solta é evitada.
8 – A propósito, para Mim a religião como acontece entre vós é nula. Pois lá onde nada existe, ainda é possível construir algo que possa ser bom. Mas onde há coisas ruins, lá pouco lugar existe para o bem. Tudo o que pertence ao mundo está repleto de coisas infernais e por isto recheado de maldades, cujo prêmio não deixará de ser dado mais cedo ou mais tarde, tanto no civil como no militar.
9 – Porém, Meus filhos, não deveis vos preocupar com nada. Pois Eu tenho muito a dar aos oprimidos e miseráveis, se eles vierem a Mim. E aqueles que perderam algo no mundo por Minha causa, estes o reencontrarão multiplicado por milhões de vezes no seio bondoso e santo do Pai. Amém.
Como devemos ler os profetas e entendê-los totalmente?
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de maio de 1840
1 – Este tipo de pergunta sempre podeis fazer, se as levardes a sério. Elas são de Meu agrado, se desejardes ver o caminho do bem iluminado. Eu também não vou responder-vos com respostas totalmente exatas, mas elas lançarão um raio que atravessará todos os céus celestiais. Este raio se origina em Mim e ilumina vossos corações e vossa razão. Estes descobrirão coisas importantes e maravilhosas da nova vida que emana de Mim e está em vós, consequência de Meu amor em vós, tal qual tudo nos planetas é uma consequência do Sol, pela Minha Misericórdia.
2 – Se vós lerdes em uma só gotinha de água do mar da Minha Misericórdia infinita em Meus profetas, precisareis de uma enorme lente de aumento (na realidade, vossa humildade). Então tereis de colocar a gota na bandeja de vossa consciência e abaixo acender uma lâmpada preenchida com o óleo da fé, para que a chama luminosa fique bem viva. No momento em que a chama fizer sair bolhas de água da gotícula, então tomai da lente de aumento e observai a gota fervente que está sobre a bandeja de vossa consciência e que foi inflamada pela chama do amor. Não podeis imaginar quantas maravilhas podereis ver na gota e em seu contorno.
3 – Então estareis cheios da mais pura alegria e vontade de entender mais. Mas ainda não conseguireis entender a maravilha da bênção. Só quando vos voltardes, cheios de Amor e Humildade, vossos corações para Mim, Me implorardes e desejardes com todas vossas forças a bênção de Minha Luz, só então deixarei um raio, qual flecha, atingir-vos, o que não machucará nem um pouquinho vosso exterior, mas em compensação despertará vosso espírito do sono da morte. O espírito, porém, entenderá, pela Minha Luz viva, as inúmeras maravilhas da gota.
4 – E então tereis para observar eternamente, com o vosso espírito vivo, as maravilhas sobre maravilhas de todas as maravilhas, isto na vossa maior liberdade viva, pelo amor de vosso santo Pai, em e sobre todos os céus. Amém.
Eu, Jesus, o eterno amor e a eterna Vida. Amém.
Sobre o juramento e a promessa
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1840
1 – Um dentre vós está querendo saber o que há de verdadeiro com manter, exigir e fazer uma promessa ou mesmo um juramento. Pergunta muito boa.
2 – Vede, no momento em que Eu estou no coração de alguém, então ele terá a verdade em si. Ele pensa, atua e fala de acordo com a mesma. Esta atividade tripla é verdadeira e real e só precisa de Mim. Tudo além é pecado, pois tanto aquele que exige um juramento ou promessa quanto o que os dá estão colocando em dúvida a Minha Divindade intocável, fonte original de toda a Verdade e Sabedoria que está em Mim eternamente.
3 – Mas se alguém não Me possuir fielmente em seu coração, toda sua atividade é falsa e enganosa na ação, no pensar e falar. Como é que desejais obter de um falso e mentiroso um símbolo de verdade e estampar na mentira o selo de Minha Divindade, para que um juízo mundano, um julgo falso e enganoso, mantenha como plenamente correta a afirmativa egoísta de qualquer um?
4 – Agora vos darei um conselho que se origina em Meu Amor, para que poupeis a Minha Divindade. Vede, se uma promessa significa uma verdade segura, não bastaria que fosse um “sim” ou um “não”? Se vós castigais uma promessa falsa, não podeis fazer o mesmo com um “sim” ou com um “não” simples?
5 – Eu vos aconselho que exponhais o nome da pessoa que fez um falso juramento ao público, declarando-a infame e sem honra, até que reconheça sua culpa e humildemente confesse sua mentira em público, o que de fato seria a primeira verdade a sair de sua boca.
6 – Vós podeis apoderar-vos da terça parte, da metade ou até de todos os seus bens, (de acordo com a gravidade de sua culpa), para uma justa reparação dos males que seu ato egoísta e mentiroso tenha causado, pois ele não deverá possuir um pedaço de pão nem um teto, isto por ter desprezado a verdade.
7 – E vós podeis ter certeza que o mais infame meliante não se atreverá a vos mentir, ou ficará mudo como os espíritos do inferno, aqueles que não conseguem nem podem pronunciar o Meu Nome.
8 – Aquele que for justo em seu coração, a este confiai apenas com base em sua palavra, sem promessas ou juramentos, pois podeis ter certeza que ele diz a verdade e assina suas palavras com seu próprio sangue.
9 – Mas aquele que tem um coração traiçoeiro e egoísta, deste Deus está bem distante, mas o inferno lhe é bem próximo. A este podeis exigir juramento sobre juramento, mas qual a sua utilidade?
10 – Então que vossas falas sejam “sim” ou “não”! O que for além é um pecado ante o espírito da Minha Divindade intocável!
11 – Esta é Minha Lei, sem nenhuma alteração posterior! Pois Meus Mandamentos são únicos e não sofrem nenhuma modificação como vossas leis pagas. Amém.
Eu, Jeová, a mais elevada Sabedoria e Justiça em toda a eternidade. Amém.
Justiça terrena e justiça divina
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1840
1 – No que vem a seguir, vos darei uma gotícula de Sabedoria. Que vos seja de bom proveito, a vós, criaturas filiais pelo Meu Amor eterno. Pois na posição de Deus, Eu não tenho filhos, a não ser a eterna e única Palavra em Mim, a qual é o Filho único, do qual muito Me comprazo. Mas no Filho Eu estou como vosso Pai e tenho prazer convosco, logo que tiverdes adotado este Meu filho em vossas vidas e, com Ele, Minha Divindade.
2 – Mas esta gotícula de Sabedoria cai na areia quente da Terra, para que possais enriquecer vossa sabedoria. Se sois capazes de agir de acordo com isto, é a parte mais importante, pois somente a ação, jamais a pura sabedoria, condiciona a vida eterna.
3 – Vede, toda a vossa “injustiça” está baseada em tudo que é mau, na falsidade do amor-próprio que dividiu a palavra “Meu” e nunca “Teu”, do qual se originam vossos enganos horrorosos e a maioria de vossa violência. O amor-próprio causou a criação das mais terríveis leis, as quais deveriam, pela violência e força, assegurar a cada um sua propriedade suposta. Eu criei a Terra tal qual o ar, a luz, a água, a chuva e os raios do Sol para todos, sem distinção, para que os usassem comunitariamente, e ninguém – repito – ninguém obteve de Mim o menor título de propriedade.
4 – Agora, porém, a Terra está toda delimitada, feito o inferno, pois cada um tem o seu lugar definido. Por isto só podem existir leis que originam esta situação, e são leis infernais, com castigos diabólicos. Eu vos digo: Todas as leis são originárias do inferno, como o são as fronteiras que dividem a Terra e os decorrentes castigos.
5 – Vede, é difícil aconselhar dos céus, onde um tem para o outro e todos têm para um, no mais puro amor. O que vos ensina o Evangelho é que deve se acrescentar a calça quando alguém lhe pede o casaco, para evitar toda ou qualquer briga. Se todos fizessem o mesmo, como é no céu, nenhuma lei infernal seria necessária, pois ninguém possuiria nada e ficaria livre de assaltos e roubos.
6 – Em poucas palavras, vos mostrei como tudo é de fato. Por esta razão não deveis chamar vosso Pai Celestial para ajuizar vossos assuntos infernais, pois assim O ofendeis na sua Paciência e grande Indulgência, apresentando-lhe tanto horror e injúria. Especialmente porque Eu já Me encontro nas portas da Terra, armado e disposto a dar o Meu último julgamento, para que todo este agir infernal acabe de vez e seja jogado lá no local em que seu criador já habita faz muito tempo.
7 – Considerai bem estas Minhas Palavras e atuai com todo vosso amor. Assim, será demonstrado no futuro quanto ouro poderemos encontrar no lixo do inferno. Amém.
Paciência para o amadurecimento
Recebido por Jacob Lorber, em 30 de maio de 1840
Mensagem para Jacó Lorber sobre um pintor de quadro.
1 – Não pode ser como tu desejas, pois o momento em que Eu dirijo Minhas palavras a alguém, sou Eu quem determina e escolhe este alguém e só Eu sei quando o farei.
2 – A ocasião para aquele por quem Me pedes ainda não amadureceu. Para isto ainda passará um bom tempo, e ele deverá beber bastante água do rico poço de Jacob Lorber. Depois, ficar bem pequenino e olhar com olhos bem abertos, ouvir com atenção e ficar bem quieto (em silêncio). Não contar somente os sóis no firmamento, mas também a erva que cresce no solo, não escalar as montanhas da Lua, mas sim permanecer nos vales da Terra.
3 – Vê, com as crianças Eu falo como uma criança e com homens, como um homem; com os senhores, como um senhor; com regentes, como Deus; com todos os superiores, como o superior de todos; com os poderosos, como o poderoso; com os grandes, como o Todo poderoso; com os pecadores, como pastor e juiz. Eu falo com cada um dos mencionados à sua maneira, ou como o Deus inalcançável. Mas com aqueles que me amam com toda sua humildade Eu falo como o Pai, Me dirijo a sua inferioridade como um irmão que vem da altura de todas as alturas, como o Mais Alto em Toda Minha Plenitude.
4 – Por isto só resta um curto espaço de tempo, para que o ferro se transforme em ouro pelo banho da água viva.
5 – Eu, o justo, único e verdadeiro Emanuel. Amém.
O mandamento principal
Recebido por Jacob Lorber, em 02 de junho de 1840
A respeito da pergunta sobre Marcos 12.29.30: “Ouve Israel. O primeiro de todos os mandamentos é o seguinte: O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma, de todos os teus sentidos, de todas as tuas forças. Este é o mandamento principal”.
1 – Meus queridos filhos, coisas tão pequenas vós não entendeis, coisas que são vosso pão de cada dia, que são e sempre deverão ser. Dizei-Me como é que pensais entender coisas muito maiores, como por exemplo, um evangelho das ervas, das plantas, das árvores, como também das pedras, da terra, da água, do ar, do fogo, de todos astros e também de todos os animais, tudo isto que é Meu testemunho? E muito menos conseguireis entender todo o espiritual e o celestial tão inconcebíveis! Como desejais sentar-vos à grande mesa de Abraão, se todos vossos dentes (a sabedoria da fé na Palavra) ficaram ocos por causa das loucuras mundanas a que vos entregastes e assim vos tornastes incapazes de mastigar o vosso pão de cada dia, pelo qual pedis em vossas orações diárias (infelizmente a maioria pede pelo pão dos vermes)?
2 – Vós amais mais a Sabedoria do que o Amor e por isto tendes muito pouco amor. Consequentemente, tendes menos compreensão verdadeira, que é o complemento justo do amor.
3 – Amai-Me, a Mim, mas como as criancinhas amam seus Pais antes mesmo de conseguirem falar, como uma noiva sincera ama seu noivo antes de conhecê-lo mais intimamente. Então fechos de luz fluirão de vossas entranhas.
4 – Por isto em primeiro lugar deveis vos modificar e amar em primeiro lugar! Só então vossa fé se tornará viva. Se não for assim, vossas cabeças ficarão entulhadas de coisas, como se fosse o estômago de um boi, mas vossos corações ficarão vazios feito empada de vento. Deveis aplicar todo vosso conhecimento de amor a vossos filhos e logo a seguir tornar-vos iguais a eles.
5 – Esta é a compreensão de: “o pão nosso de cada dia”.
6 – “De todo teu coração” - Aqui “coração” significa o espírito da vida, o que, como fiel exemplo de Meu Amor e no período probatório em vós, é de fato o Amor puro. “De toda a alma” - Como “alma” aqui devemos entender um corpo etéreo do espírito, o qual deve ser preenchido plenamente com o Amor original que nela se encontra como sementinha por nascer, para que se torne viva em todos seus pedaços. “De todos teus sentidos” - Aqui com a palavra “sentidos” devemos entender todos vossos conhecimentos, sendo que devem ser todos aprisionados em Meu Amor que existe em vós, para que a alma, que é o corpo do espírito, obtenha firmeza, obtenha pele e cabelos, pés para ficar de pé e para caminhar, mãos para poder apanhar e manipular as coisas, olhos para ver, boca - com todos seus elementos úteis - para saborear os alimentos mais requintados e melhores e para falar as palavras de Vida que vêm de Mim. Deveis possuir todas as forças e também deveis ser plenos de Amor.
7 – Vede, esta é a compreensão curta e simples do pequeno texto que foi dito por Meu Marcos e todos os que falam a mesma mensagem. Mas prestai atenção: Eu não vos disse isso para vossa razão, mas sim para vosso coração, para que vós finalmente Me ameis, nem que seja pela Minha boa vontade, mesmo que o resto de tudo que vem de Mim não baste para acordar em vós o Amor que desejo receber.
8 – Por isto, observai essas Minhas Palavras bem no fundo de vossos corações ainda vazios, para que eles se satisfaçam diariamente com o “pão de todos os dias” que é ofertado pelo céu. Isto desejo Eu, vosso santo e amoroso Deus, Pai no filho Jesus, Jeová.
Amém. Amém. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Amor e sabedoria
Trecho retirado da “Criação de Deus”, que Jacó Lorber estava recebendo naquela época.
Aquele que possuir o Amor, o verdadeiro Amor a Deus - Pai de todos os homens e criador de todas as coisas – e, a partir deste amor, ama também seus irmãos na medida justa e pura, este possui tudo, possui a Vida eterna e a Sabedoria. Tal sabedoria não é aquela das trevas do mundo, que não serve para nada, nada além de levar o “homem vivo” lentamente para a morte (Criação de Deus - Vol 1 – cap. 174).
Seguem-se duas mensagens que foram traduzidas no livreto Salmos.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
O máximo
Trecho retirado da “Criação de Deus”, sendo recebido por Jacó Lorber naquela ocasião.
O máximo que alguém pode fazer é o cuidado dos pobres, a ajuda à velhice e o acolhimento dos pequeninos. Se isto for feito por amor, ainda que a pessoa tenha de pecados com número idêntico às ervas da terra, à areia do mar, estes lhe serão relegados. No momento em que alguém abrir seu coração para o próximo, Eu estarei ao seu lado e tudo que é Meu será dele. (Vol.2, cap.93)
Os sete espíritos maus
Recebido por Jacob Lorber, em 06 de junho de 1840
Lucas 11-24-26 - “Quando um espírito imundo sai do homem, anda por lugares vários, buscando repouso; não o achando diz: “Voltarei a minha casa, donde saí”. Chegando, acha-a varrida e adornada. Vai então e toma sete espíritos piores do que ele, que entram e se estabelecem ali. E a última condição deste homem vem a ser pior do que a primeira. (ou, em outra versão: ... E o fim em um homem como este será pior do que o começo – A tradutora).
1 – Dizei a todos os teus amigos adultos o seguinte: Quem procura acha; quem bate à porta, esta lhe será aberta; quem pede, a este será plenamente dado o que pede.
2 – Alguém tem uma mulher, e esta ama seu marido em silêncio, para que o mundo não tome conhecimento deste fato (pois ela acha que o mundo pensaria coisas ruins dela, logo que percebesse que ela ama o marido de todo o seu coração). Assim, exteriormente ela se comporta fria, mas no fundo está cheia de desejos e ansiedades. Quando o marido, após ter usado de toda sua capacidade de convencimento e tentar fazer de sua esposa uma mulher carinhosa e ardente, vir que ela continua a agir muito tímida - seja por ser mulher, seja por suas besteiras - o que ele fará?
3 – Eu vos digo: por amor a ela, ele a deixará ficar na sua bobagem afetada, não a tocará mais até o seu fim, nem com um dedo; porém colocará sua semente em solo estranho, estando este cheio de ervas daninhas e cardos. Ele então pensará: “Está certo que não conseguirei uma boa colheita neste solo impuro, mas ao menos meu nome estará numa semente, para colheitas boas no futuro”.
4 – Eu vos digo: Este marido aplicou o castigo certo à mulher, pois o fez por amor. Além disso, Eu vos digo:
Este marido sou Eu, e a mulher tola sois vós!
5 – Muitas vezes já desejei abraçar-vos, tocar-vos e apertar-vos contra Meu Peito, mas vós vos afastais de Mim por motivos mundanos, ou por timidez tola e desnecessária à frente do mundo. Vós prendeis em vosso interior o amor que Me deve ser dado e achais que no tempo certo Eu chegarei a vós, vos darei um sopro, e assim vós podereis amar-Me plena e infinitamente; ou também achais que Eu Me darei conta deste vosso amor escondido, talvez com ajuda de um microscópio... Mas aí estais bem enganados, pois farei o mesmo que o marido e vos abandonarei em vosso pudor tolo.
6 – Por isso sede abertos em confessar vosso Amor por Mim, como Eu faço convosco. Falai Comigo abertamente, com toda a liberdade que vosso amor permite. E Meu Livro Antigo não terá uma só letra que não vos seja iluminada por sete fachos de luminosidade de Amor. E em vossas esferas podereis ler os grandes segredos do mundo espiritual, escritos em letras bem grandes.
7 – E agora ouvi e entendei os três versículos de Lucas.
8 – Se uma pessoa viver de acordo com os preceitos da lei mundana e mantiver os mesmos por sua própria vontade e pelos sentimentos corretos que neles existem, ela vence diariamente as tentações que estão subordinadas à sua razão, e então o sedutor (tanto quanto o tentador) se dá conta que naquela casa nada conseguirá. Então ele, zangado, a abandona e começa a procurar um pouso em todas as localidades da Terra. E quando vê que naqueles lugares nenhuma semente conseguirá se arraigar, então ele diz: “Onde não há humildade, já existem desertos e não há pousada para mim. Que fazer? Vou voltar a minha propriedade original e ver como tudo está lá”.
9 – Ele retorna depressa e encontra sua casa toda limpa e enfeitada com coroas de vitória e de virtude. Ele tem prazer no que vê, mas se sente fraco demais para tomar posse do local novamente, pois é um espírito da carne.
10 – Ele então retorna ao inferno e lá apanha sete espíritos, cada um mais malvado que o outro: um orgulhoso, um desprezador, um adulador, um galanteador, um usurário, um mentiroso, um mestre de artimanhas, classe na qual ele mesmo se encontra. Esta quadrilha malvada facilmente consegue entrada na casa e se apodera da mesma.
11 – E por pior que a situação original tivesse sido, sob a lei da carne esta situação será muitas vezes pior, pois o homem se entrega aos grilhões da maldade. E onde toda a sua justiça acontece não por amor a Mim, mas sim pura e exclusivamente pelo seu amor-próprio, com isto acabou toda a “unidade de vida”. Por isto ele não consegue mais dar nenhuma fruta e assim fica seco, parecendo morto.
12 – Vede, só Eu sou a vida em vós, e esta acontece só pelo amor por Mim que existe em vós e pela obediência voluntária dos mandamentos, tanto na ação como no discurso e pensamento de amor a Mim.
13 – E mesmo se trabalhardes tão ativamente como as abelhas (ou as formigas), se não o fizerdes por amor a Mim - o único a vos dar forças e vida para poderdes enfrentar as tentações do inferno - mesmo assim jamais encontrareis a paz, nem aqui nem no Além. Vai vos acontecer o mesmo que aos animaizinhos supramencionados, dos quais são retirados tanto o mel como seus derivados, apesar de seus ferrões; isto porque só são criaturas orientadas pelo instinto, como um homem que permitiu que sua vontade fosse aprisionada pela mente e se esqueceu do Amor, que é a liberdade e a verdadeira vida.
14 – Vede, isto é o que se compreende destes três versículos. Por isto, cuidado com a mente, a razão, se esta não se originar em Meu Amor, mas sim de outras fontes. Cuidai que ela (a mente) sempre seja subordinada ao Amor, tal qual a divindade é Minha subordinada; a não ser assim, sereis qual aquela casa limpa e enfeitada da qual falam os três versículos. Amém.
O Pai nos concílios, nas igrejas e junto às crianças
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de junho de 1840
1 – Toda a vez que dois, três ou mais estiverem reunidos em Meu Nome, lá Eu estarei, mas jamais estarei nos concílios. Pois nos concílios se reuniam com intenções idênticas às dos seus conselhos. E dizendo atuar sob Minha inspiração, discutiam sobre as hierarquias, sua própria divindade e infalibilidade, e calculavam o grande prejuízo econômico que o Templo estava sofrendo, mas nem uma vez pensavam em Mim. Eu Me sentia com a mesma atenção que uma ameba recebe em relação a todo o Universo. Meu nome era dito como se Eu fosse um personagem histórico. Alguns trechos de Minha Palavra eram acompanhados de uma fé pagã cega e um a um amor morto, uma adoração sistemática de ídolos e um culto cerimonial originado neles; era isto unicamente o que Me permitiram ser nestes concílios, reuniões, etc.
2 – Eu Me sinto como aquele governante que é usado pelos seus funcionários como uma cobertura para todas as suas malvadezas e engodos, colocado e mantido no trono para dar um cunho de legalidade a todos os decretos e leis deles.
3 – Vede, o mesmo acontece na maioria de Minhas igrejas. Em todos os lugares tentam Me ocultar aos olhos de Meus filhos; entopem seus ouvidos com sons vazios, para que não consigam ouvir Minha verdadeira voz paternal; Cristos de madeira são colocados na frente de seus olhos, para que não vejam o Cristo Vivo, e com os sinos tornam seus ouvidos surdos, para que não ouçam Minha voz e não deixem que Minha Palavra Viva se manifeste em seus corações.
4 – Vede, é por isto que Eu aqui Me encontro, para aconselhar-vos contra as palavras dos fariseus egoístas, para que sempre consigais olhar a face de vosso Santo Pai e ouvir Sua Voz viva que diz: Tornai-vos pequeninos feito as criancinhas, para que Meu Reino seja o vosso. Nisto se encontra a verdadeira Sabedoria, enquanto que no Amor, a mais verdadeira felicidade.
5 – Para ti, Meu querido “falador” quero dar um pouco de consolo, tanto quanto para tua mulher. Eu já inscrevi vossos filhinhos em Meu livro. Dize-lhes que Eu os adotei como Meus filhos e que Eu desejo ser seu Pai carinhoso.
6 – Então vou presenteá-los com um desejo Meu: Que aprisionem suas vontades a tudo o que Eu já revelei ao Meu servo e a tudo que ainda revelarei; que alegremente obedeçam a seus pais já iniciados em Minha Doutrina. Então começarão a perceber o que significa ter a Mim como Pai, este que tem tantos tesouros para dar aos filhos que O amam.
7 – Vós, Meus queridos, ainda de tão poucos amigos, sede alegres em vossos corações! Pois Eu estou convosco, Me alegro em vossa companhia e fico feliz com vosso amor. Esta alegria vos será uma estrela brilhante, quando abandonardes esse mundo. Ela vos acompanhará fielmente na longa viagem no Meu enorme Céu e vos levará lá, como já o faz aqui, para a Minha Cidade. Amém.
8 – Bem, agora sede alegres. E aquele que desejar falar Comigo, que fale. Eu soltarei a língua e abrirei a boca deste Meu servo! Mas que fique bem longe de vós toda curiosidade que se manifeste. Amém. Eu, vosso amado Pai, em Jesus, Meu Filho. Amém.
Conselho sobre o casamento
Recebido por Jacob Lorber, em 06 de julho de 1840
1 – Essa mensagem é para o irmão que é prefeito daquela cidade dissoluta, onde a prostituição espiritual e física impera, pois Eu aceitei com alegria o seu pedido e vou dar-lhe um ensinamento que se origina em Meu amor.
2 – Mas ele deve acreditar que Eu posso ajudar, e sua fé deve estar viva na força de sua vontade e do mais elevado amor. Também não deve temer sua mulher pelo dinheiro que ela possui e não deve dar-lhe sempre razão, mesmo a constrangendo, tal como não o faria se tivesse uma mulher pobre. Ele deve se lembrar do jovem rico do Evangelho e lá verá como é difícil a entrada de um rico em Meu Reino. Porém, o que para os homens parece ser impossível, para Mim é um nada. Vede o curso da Terra em volta do Sol, como Eu o dividi em dias e noites, para resolver o círculo completo do ano. Eu vos afirmo: Até agora nenhum matemático conseguiu calcular a “quadratura da elipse” que é usada por Mim como base do curso de todos os planetas e sóis.
3 – Os homens não vêm à floresta por causa das tantas árvores. Por isto também não veem a floresta numa semente. Meu filho não enxerga bem o grande mal. Eu o aconselho a pegar o boi pelos cornos sem medo nem dó! Pois aquele que atua em Meu Nome e no Meu Amor verdadeiro, este nada deve temer. E aquele que Me adora nos corações de seus irmãos, de suas irmãs e mais ainda de sua mulher e filhos, em verdade vos digo: a este nada de mal acontecerá.
4 – Este, porém, é o conselho: Tudo aquilo que Eu te chamar a atenção deves apresentar a tua mulher, chamar o testemunho da Palavra e mostrar-lhe que tu és a cabeça e ela é o corpo, que ela deve te obedecer segundo Minha Vontade, como Sara obedeceu a Abraão e Maria a seu querido José. Esta é a razão pela qual Eu sempre dei Minhas ordens a José e jamais a Maria, que Me carregou nove meses em seu ventre: para que Minha Ordem, da qual todas as coisas se originam, não fosse afetada nem um pouquinho.
5 – Depois disto feito, mostra a tua mulher que a verdadeira felicidade num casamento se encontra num relacionamento igual ao de Deus com os homens, entre o Espírito e a alma, entre a verdadeira igreja viva e um estado do mundo, e outros similares.
6 – Além disto, dize-lhe que àquelas mulheres que se acham superiores aos seus homens acontece o mesmo que aos ateístas, ou àqueles que negam Deus: as noites se tornam verdadeiras torturas, ainda mais se junto a isto ainda perderem suas fortunas materiais. Isto frequentemente acontece por Minha Vontade, para que, se não tiverem caído demais, ainda exista uma possibilidade de salvação.
7 – O homem aprende a Me conhecer pelo seu amor por Mim. A mulher, porém, no amor de seu homem. Como ela pode dizer “Eu amo meu marido”, se os desejos dele não lhe são santos? Por isto num casamento é importante que o homem se conheça totalmente em primeiro lugar, para que ele veja bem em que situação se encontra a mulher a ser desposada e para conseguir levá-la pelo caminho certo.
8 – Mas se o homem, em sua absoluta cegueira, é um verdadeiro fracote em sua vontade e cede à mulher em assuntos errados, então ele encontrou um verdadeiro câncer, e em pouco tempo nada de sadio e verdadeiro existirá neste casamento.
9 – Por isto o homem não deve se casar antes de se conhecer completamente.
10 – Que o dinheiro dela não tenha importância para ti, pois possuis a Minha Misericórdia. Tu, porém, te torna indispensável para tua mulher, pois ela ainda não possui Minha Misericórdia. Que utilidade tem seu dinheiro e seus bens sem Minha Misericórdia? Mas se ela a tiver por meio do coração devoto do marido, ela olhará seu dinheiro com olhos vendados.
11 – Meu querido filho, Eu conheço tua mulher muito mais do que tu jamais a conhecerás. Acredita, tua mulher tem um orgulho tríplice. Ela se orgulha de seu dinheiro e ela se orgulha de ser tua esposa pela tua posição social, pois se tu não fosses o prefeito e sim um funcionário comum, ela jamais seria tua mulher. Já que ela se acha bem rica e, além disso, é bastante casta, ela também tem orgulho com relação a ti e vosso relacionamento; mas tu não te dás conta disto devido a um antigo hábito. Mas toca nela em lugares diferentes, que logo te lembrarás dessas Minhas palavras.
12 – Por isto, em primeiro lugar, mostra-lhe que és a cabeça e Eu sou o Senhor. Em segundo lugar, mostra-lhe que seu dinheiro te é completamente dispensável e que ela deve ser grata a ti e até a Mim, pois administras sua fortuna sem nada cobrar, e esta gratidão deve constar do verdadeiro amor e no respeito que te é devido. Em terceiro lugar, mostra-lhe o Evangelho do glutão rico e do jovem rico, pede-lhe que explique o que entendeu de forma amigável e alegre, mas ao fim explica-lhe o seu real significado, no que Eu te ajudarei.
13 – Apresenta-lhe a Nova Revelação e mostra-lhe no que consta a morte eterna e a vida eterna, o que é o renascimento, o que é necessário fazer para conseguir tudo isto e como o espírito eterno é afetado com a morte material sem o renascimento.
14 – Faze assim logo, e com Minha ajuda tudo se aplainará. Dentro de um ano terás uma outra mulher em teu lar. Terás êxito maior, se não a tocares e orares por ela no fundo de teu coração.
15 – Depois de certo tempo, podes trazê-la para as reuniões de Jacob Lorber. Ele tem muito poder em seu peito.
16 – Atua, pois, e Minha Misericórdia não tardará. Amém.
Eu, Jesus, o melhor conselheiro. Amém. Amém. Amém.
Caridade falsa e caridade verdadeira
Recebido por Jacob Lorber, em 07 de julho de 1840
1 – Cada miserável é o Meu irmão mais próximo, como cada rico avarento o é de Satã.
2 – No momento em que Eu envio a vossas portas, a vós - ricos, afortunados e proprietários - um pobre irmão Meu, podeis considerar-vos amados por Mim. Eu ainda não retirei Meu amor de vós.
3 – Mas se conseguistes - e aqui falo em geral - que os pobres não se atrevam mais a chegar a vossas moradias, aí sabei que Meu Amor se retirou para sempre. E um destes ricos se encontra materialmente sob a proteção do inferno, mas em toda sua felicidade aparente não existe nem uma mínima chama de Meu Amor, muito menos de Minha Misericórdia.
4 – Este fato também acontece com aqueles ricos que fazem donativos somente para aparecer ou então para conseguir vantagens. Para Mim são verdadeiros horrores aqueles donativos conseguidos pela prostituição, danças, jogos, etc., todos estes meios por Mim detestados, pois isto é instalar uma capela de oferendas em Meu louvor no inferno.
5 – Por isto, Meus filhos, não deveis atuar como o fazem os filhos do inferno, mas sim que vosso donativo não seja visto por ninguém mais do que Eu, os pobres e vós mesmos. E que cada um dê o máximo, de acordo com sua possibilidade.
6 – Pois em verdade Eu vos digo: Recebereis uma Terra por um centavo, um Sol por um copo de água viva e lá sereis reis. Mas se o fizerdes pelo mais puro amor por Mim, aí sim Meus amigos, Eu vos prometo: Nunca vereis a morte ou senti-la-eis em vossos corpos. Pois a doce morte será um acordo sereno nos braços do Santo Pai e sabereis o que é ser um “amigo de Deus” por toda a eternidade. Isto Meus amigos, isto não podereis imaginar jamais.
7 – Agora Meu servo vos mostrará um homem pobre. Ele é duplamente pobre, no físico e no espiritual. Ajudai-o, tanto material como espiritualmente. O primeiro a fazer isto terá uma grande alegria. Atuai e não pergunteis a quem. Mas aquele que vos for apresentado, a este ajudai sempre. Ele é vosso irmão e não vos preocupeis por nada mais, se quiserdes ser filhos verdadeiros Daquele que permite que o Sol brilhe sobre bons e maus e que alimenta até os animais mais ferozes. Amém.
Eu, Jeová, vosso Pai. Amém. Amém. Amém.
Bailes e locais de diversão
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1840
1 – Isto Eu te digo, meu querido e preguiçoso servo, para que entendas o mal-estar que te ataca quando ouves falar dos antigos e novos locais de danças e diversão diversa.
2 – O teu mal-estar é bem compreensível, pois ele vem do espírito. Pois o baile e tudo o que o acompanha são uma vala aberta cheia de lixo. Os cassinos são um lixão cheio de anfíbios mortos, e o clube é um precipício em cujo fundo Satã depositou um tanque grande e ornamentado com flores, para que um nariz ainda um pouquinho espiritualizado não sinta o mal cheio do lixo em que se encontra.
3 – Com estas poucas palavras creio que já satisfiz tua sabedoria, mas Eu quero que teus amigos também obtenham uma explicação satisfatória e é por seu pouco conhecimento do Evangelho que devo dar mais explicações.
4 – Satã viu, com muito sofrimento e irritação, que algumas famílias virtuosas desta cidade não se dobraram a seus desejos, pois detectavam o mau cheiro que emanava de seus locais de diversão. Por isto ele inventou um meio no fundo do precipício. Ele colocou um tanque bem fechado na parte inferior (o precipício do inferno) e o cobriu com lindos assoalhos lisos. Toda saída foi ornamentada com flores bonitas e perfumadas, para que ninguém detectasse alguma coisa errada ou algum mal.
5 – Pois ele disse: “ Aqui vou preparar uma boa refeição para mim e começarei a viver da carne tenra das crianças. Já estou cansado de devorar somente as carnes endurecidas das prostitutas; estas deverão ser devoradas pelos meus anjos infernais. Eu vou me ocultar atrás das atraentes flores bonitas e perfumadas, lá, onde ninguém me notará. No momento em que uma criancinha, atraída pelas flores, se aproximar, eu a apanharei, engolirei e a digerirei, deixando seus restos como lixo no tanque e no precipício. Os pais que “se virem” para tirá-las de lá. Em verdade, retirar uma estrela fixa do firmamento lhes será uma tarefa muito mais fácil, do que recuperar esta criança do precipício”.
6 – Aqui tens a declaração bucólica de Satã. São suas próprias palavras e seu próprio plano. Qual satisfação Eu posso ter num destes estabelecimentos de prazer?
7 – Aqui vos mostrei o grande perigo em toda a Minha Verdade. Essas palavras vos diz o Pai que se preocupa com vosso futuro. Satã está a vossa frente, totalmente descoberto e com toda a sua maldade à vista para vós, Meus pouquíssimos filhos. Observai no fundo de vossos corações estas palavras que se originam em Meu Amor e na Misericórdia deste vosso Pai e estai sempre atentos, pois aquele que enxerga o inimigo pode fugir do mesmo. Ai dos cegos e surdos e dos que não querem se converter ao Meu conselho. Eu prefiro mandar todos Meus anjos aos infernos para converter os perdidos, do que dar uma só olhadinha de comiseração neste tanque imundo. Amém.
Atenção! Isto Eu falo Eu, o Deus da eternidade. Amém.
Um conselho importante para a educação
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1840
Uma mensagem em resposta a um irmão que deseja saber se poderia confiar a educação de seus filhos a um jovem professor.
1 – Dize a teu irmão que escutei seu coração e vi que ele era puro e decente. Vou dar-lhe o seguinte conselho:
2 – Ninguém pode dar o que não possui! Para educar, não basta um coração bom e cheio de boa vontade, mas sim um caráter por Mim educado e orientado. Pois se alguém nunca foi por Mim orientado e educado, se este alguém não sabe quem Eu sou e como atuo, como conseguirá educar as criancinhas?
3 – Por isto trata deste jovem como se ele fosse duplamente pobre. Podes deixar tuas crianças em suas mãos, para aprenderem a ler, escrever, fazer contas e as outras matérias mundanas. Mas no que Me cabe, na Minha alçada, ele nada poderá fazer. Quanto à educação religiosa que a igreja materialista exige, contrata um capelão inteligente; mas seus corações só tu deves ensinar, seguindo Meus ensinamentos.
4 – Com respeito ao jovem, ele tem o Meu amor para com todos os seres por Mim criados. Se desejar, poderá - como qualquer outra pessoa - facilmente encontrar Minha Misericórdia e nela a Vida Eterna.
5 – Leva-o para a presença de Meu servo, para que este lhe mostre o caminho. E se ele desejar andar no mesmo, isto lhe será de grande utilidade, na vida terrena e na eternidade.
6 – Mas não deve ser obrigado de nenhuma maneira, mas sim considerar o conselho de Meu servo como o meio mais elevado para chegar à bem-aventurança e para que Eu Me torne uma necessidade, mesmo que ele tudo possua.
7 – Tu, porém, observa-o sempre com um carinho severo. Mas se encontrares algo que te desagrade, fala com ele, mas sempre só em particular.
8 – Ele deve se orientar de acordo com os conselhos de Meu servo e deve te obedecer, só a ti. E esta obediência deve ser observada pelos teus filhos com relação às tuas determinações. Mas que tudo sempre seja iluminado pela Minha Vontade.
9 – Se tu Me obedeceres, os outros aceitarão as tuas determinações, e com pouco tempo podereis estar como um pequeno rebanho sob Minha orientação; Eu, que sou o único e verdadeiro pastor. Amém.
Sobre a visão espiritual e sua compreensão
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de julho de 1840
1 – Vede, ainda existem muitos segredos sobre Meus Ombros e muitas palavras em Meu Peito sagrado, cheio de vida, força, Amor, Misericórdia e graça, dos quais não tendes a mínima noção e sobre os quais diríeis “ O que eu não sei, não me atinge”. Sim, isto provavelmente está correto e esta afirmação seria aplicável em muitas ciências mundanas, mas jamais para a Minha enorme Misericórdia, infinita no infinito de todos os infinitos, a fim de dar-vos cada vez mais a bem-aventurança que aumenta cada vez mais no íntimo de tudo e todos.
2 – Amigos, acreditai, sou Eu quem voz diz tudo isto. Acreditai, mesmo que eternidades passem, um dia chegará em que direis: “ Não haverá um único número, por mais ínfimo que seja, com o qual poderemos comparar nosso conhecimento ao de Deus? ” E uma voz sairá de vosso peito, esta voz que se origina em Meu coração, e responderá: “ Não existe tal número. Por toda a eternidade vossa sabedoria será nada, mas Eu sou tudo no todo. Vós podereis ser tudo em Mim e por Mim, por vós e em vós, porém, jamais .”
3 – Vede, é por isto que Eu ainda tenho muito a vos dizer, coisas que não disse mesmo aos apóstolos, pois não o suportariam, já que eram quais frutos temporões, amadurecidos pela Minha presença física. Mas vós, que Me amais e tendes fé mesmo sem Me ver fisicamente, estais prontos para ouvir algo bem mais importante e maior. Por isto vos contarei mais coisas, coisas que farão que vosso espírito se espante e fique maravilhado. Observai bem o que Eu vos vou dizer e guardai-o bem em vossos corações.
4 – Vede, tudo o que jamais pensastes ou sonhastes, o que estais a pensar ou sonhar e tudo o que pensareis ou sonhareis no futuro jamais se perderá; tal como aconteceu em vosso íntimo, um dia vereis acontecer de fato e logo reconhecereis a ação, e isto vos alegrará ou entristecerá. É necessário tocar neste assunto, para que vosso entendimento futuro se concretize. Pois aquele que existe e atua em seu interior, este jamais conseguirá entender seus próprios pensamentos, desejos e tendências.
5 – Vede, em vosso espírito está enterrado todo o infinito em totalidade e cada partícula específica do mesmo. Esta é a razão por que podeis imaginar infinitas terras, sóis, árvores, pessoas, animais, etc. Quero dizer que conseguis multiplicar ao infinito todas as terras, sóis, animais, vegetais, etc, etc; pois se não fosse assim, vossos pensamentos em pouco tempo acabariam. Vou explicar como isto acontece:
6 – “Se colocásseis dois espelhos bons, um na frente do outro, um se refletiria totalmente no outro. Este reflexo se refletiria por sua vez ao outro e assim em diante infinitamente. A em B, B em A continuamente. O mesmo acontece convosco. Vossa alma é um tal espelho para o mundo exterior e vosso espírito o é para o mundo interior espiritual. Esta é a razão por que cada coisa se encontra em vós infinitamente, como também para o espírito, o qual obtém rapidamente o que desejou ou pensou”.
7 – Vós, porém, sabeis que quanto mais limpo e polido o espelho é, tanto melhor é o reflexo que ele apresenta. Assim, se polirdes o espelho de vossa alma com a humildade, para que ela se torne uma superfície lisa onde qualquer elevação lhe tenha sido retirada, logo começareis a perceber coisas maravilhosas em vós: pela alma, as coisas exteriores; pelo espírito, tudo que vem de Mim. Notareis também que de fato alma e espírito são o total conteúdo de cada objeto.
8 – Aqui vai um exemplo: Se vós pensais numa pedra, numa árvore, em um animal ou qualquer outra coisa, conseguireis ver o seu exterior em primeiro lugar. Mas se a luz do espírito se derramar sobre a alma e iluminar esta figura completamente, vós podereis então ver este objeto na sua totalidade. Quando este espelho da alma se tornar bem brilhante pela luz do espírito, as partes internas começarão a se refletir na alma e se tornarão visíveis a vossa razão, como se as tivésseis vendo com vossos olhos físicos. E se desejardes conversar com um destes objetos, Meu espírito que está em vós – para o qual tudo, do maior ao mais infinito, não passa de pensamentos materializados – penetrará no objeto pensado e falará de sua fonte interna e original.
9 – Eis a explicação clara e simples de como Adão, Abel e muitos outros conseguiam falar com toda a criação e de como vós podereis vos comunicar com o mundo espiritual, se o desejardes de verdade.
10 – Por isto deveis “polir” vossa alma com muita vontade, pois ainda existem muitas coisas que vão dar testemunho de Mim. Mas ainda sois demasiado insensatos e disparatados para verem o Meu Nome na Criação. Por isto poli, limpai, lapidai vossa alma, que em pouco tempo começareis a ver e entender o mundo de uma forma bem diferente, e a Minha maravilhosa Criação não terá fim aos vossos olhos.
11 – Um bom escrevente vá com Meu servo para junto de uma rocha ou outra coisa da natureza, e Eu farei com que ela fale por intermédio de Meu Servo (Jacob Lorber). O que for dito o escrevente deverá anotar e redigir como testemunho de Minha Palavra.
12 – Pois nada importa o lugar e o tempo que algo ocupa no espaço, mas sim tudo depende de como vossa vida é fora do espaço e tempo, quero dizer, no eterno ser. Com os olhos físicos vós conseguis ver as coisas que se encontram em vosso mundo exterior. Com os olhos da alma que se encontra em vós e com os olhos do espírito vós observais tudo, desde o centro das coisas e também do centro de vosso lar. Mas somente com a aproximação de Meu Espírito é que tudo se tornará vivo e falará convosco.
13 – Eu, vosso Santo Pai, vos mostro muitas coisas. Por isto, sede ativos em vosso amor, para que Minha Misericórdia não fique no meio do caminho. Amém.
Uma Palavra sobre um pedido
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de julho de 1840
Senhor eu te agradeço humildemente pela Espanha. Posso continuar a orar pela mesma? E eu estava certo em ter orado pela mesma?
1 – Por acaso não dizes: “Se a arte começa a brigar pelo pão, ela é de pouco valia”, e ainda: “Não se dá à arte o pão, só após ela ter encontrado a sua verdade”?
2 – Como achas que seja Meu serviço no momento em que Meus servos começam a brigar por assuntos mundanos, por pão, ouro e poder na Terra?
3 – Não existe nenhum país como o que tu mencionaste (Espanha) que tenha promovido a prostituição de tal porte, tanto física como espiritual, e que tenha queimado e assassinado Meus filhinhos em todos os tempos. Se pudesses contar, como Eu contei, quantas jovens inocentes foram violentadas e logo depois enterradas vivas ou emparedadas por hordas de falsos monges, quantos rapazes foram sacrificados por rituais impudicos e sodômicos, quantos milhares e milhares de ações inimagináveis de violência, mentiras e terror foram acobertadas pelas assim ditas razões religiosas e espirituais, para conseguir se obter uma mísera vantagem temporária, como se amaldiçoava publicamente a Minha Palavra escrita (Bíblia), pois ela não combinava com todo horror que lá se praticava em Meu Nome..., então tu claramente verias pelo que Meu trabalho lutou.
4 – E já que cada operário deve receber pelo seu trabalho, Eu dei a estes operários o seu salário há tempos já merecido.
5 – Que tenhas orado de vez em quando foi muito bom. Faze sempre o mesmo, mas com continuidade. Tu obterás muitas vantagens, se praticares em meu Grande Amor. Mas sempre tem em mente que Meus julgamentos sempre são corretos e que só se abatem sobre os que há muito o merecem.
6 – Se Huss (um reformador tcheco) não tivesse sido tão teimoso e tivesse seguido Meus conselhos - como fez Nicolau Copérnico, um matemático muito inteligente no estudo da Minha Criação - ele não teria sido morto na fogueira. Pois Eu falo: “Deveis sempre enganar Satã com a esperteza de vossa mansidão”. Amém. Eu, o juiz correto. Amém.
Um Evangelho de uma fonte de água
Recebido por Jacob Lorber, em 30 de julho de 1840
Lorber e três escreventes estão na nascente de uma fonte nas cercanias de Graz, onde o Senhor fala pela fonte:
1 – Antes que eu (a fonte) vos mostre minha essência, é necessário que vós saibais de onde e como eu me origino.
2 – A mais de 4.000 braças de profundidade, em direção ao nascente do sol, existe, entre várias montanhas, uma larga e grande abertura criada pelo fogo divino. Lá nesta abertura juntam-se todas as águas que foram captadas do ar pelas montanhas. Como este grande buraco está sempre cheio de água, com o peso das montanhas (que são em grande quantidade), as águas subterrâneas emergem nesta abertura que estás vendo neste momento e também afloram ainda em outras várias aberturas maiores ou menores. Vede, eu sou levada da superfície às profundezas da Terra e não sou jogada sobre a mesma direto da atmosfera, como muitos de vós acreditais. Isto acontece porque a base desta minha morada subterrânea é composta de rochas duras e impermeáveis, nas quais eu me encontro como que descansando num caldeirão.
3 – Mas neste caldeirão existem três veios do tamanho de um braço de um homem, os quais se alastram embaixo destas montanhas, a três milhas de profundidade, em direção norte. E lá se encontra um caldeirão cheio de água, muito maior, o qual também foi criado pelo fogo divino no momento da criação desta cadeia de montanhas. Este fogo divino é o mais puro amor do Pai.
4 – Este fogo permaneceu queimando no interior desta abertura por muitas e muitas centenas de anos. E quando a água avançou pelas brechas criadas por este fogo, eu quase fui destruída e vaporizada. E minha força em descanso (pressão da vaporização) foi ativada pelo fogo e eu precisei auxiliar no transporte da água para a superfície. Mas as brechas ficaram maiores, e a água conseguiu ocupar espaços cada vez maiores e pôde assim acalmar o fogo que chamava pelo Amor do Pai. Mas como o fogo ainda representava uma grande parte da ira divina, começou a se apagar lentamente, e isto ainda durou mais de duzentos anos.
5 – Mas finalmente, quando pela Vontade do Senhor as montanhas adquiriram o tamanho, formato, altura, largura e peso desejados, o grande Amor enviou um pequeno anjo e apagou totalmente o fogo.
6 – Ninguém se atreva a duvidar da existência destes pequenos anjos que dominam tudo pela Vontade do Pai. Pois sob o amoroso poder do Eterno existem hordas e mais hordas destes pequeninos auxiliares, cujo maior prazer é satisfazer os desejos do Amor do Senhor, em todos os lugares e ocasiões, e o Pai alegremente lhes permite atuar.
7 – Para que vós me enxergueis desta maneira, eu me esguio por pequenas veias e por mais de cem braças, até o lugar que chego à superfície e me apresento a todos. E se não houvesse um espírito pleno de boa vontade a me acompanhar na minha viagem, se ele não limpasse os caminhos que devo seguir, desde há muito tais caminhos já teriam sido destruídos ou obstruídos pela minha grande falta de jeito. Mas este espírito que me foi designado mantém estes caminhos limpos e desobstruídos por milhares de anos, numa ordem bonita e suave. Daí muitos vêm me visitar pela minha beleza, pureza, meu alegre frescor e limpidez. Eles também devem se lembrar (se tiverem um mínimo de fé em Deus) que a introspecção pura e luminosa só acontece no silêncio e na calma da solidão, o que junto a mim podem encontrar.
8 – No passado moravam nesta vizinhança várias pessoas piedosas, em cujas mentes Deus era o mais puro amor, e que atuavam neste amor divino. Estas pessoas vinham, diariamente a este lugar com seus corações cheios de fé e amor. E quando tinham ofertado o seu dia ao Senhor e se encontravam em oração, meditação e humildade, sempre aparecia na direção do monumento (que infelizmente foi destruído faz pouco tempo) este meu espírito guia. Ele ensinava estas pessoas piedosas sobre o amor divino, sabedoria, obediência e humildade, também sobre o grande Amor de Deus e muitos segredos e maravilhas da natureza.
9 – Estas pessoas conversavam por horas com este espírito. Ele só se afastava, se uma tarefa urgente o chamava. Vós deveríeis ter estado aqui e visto meu espelho d’água, então teríeis visto que ante Deus tudo é alegria, tanto em dar como em receber. Eu vos afirmo, mas, por favor, não acheis graça, que eu pulava feito uma bailarina na minha pequena bacia, e as pessoas riam e aplaudiam.
10 – Mas as pessoas que agora aqui moram, muito mais materialistas que as pedras envelhecidas que me rodeiam, não mais podem assistir este espetáculo alegre e natural. Pois aquele que não vivificou a vida do seu espírito pela influência dos espíritos divinos, pela humildade e obediência, este só tem uma vida material e só é entretido pelos espíritos da matéria, que chegam a ele através da alimentação e bebida . Uma pessoa igual a esta, que eventualmente volta à matéria, não consegue ver, ouvir ou sentir nada com sua mente material a não ser matéria, matéria e matéria.
11 – Bem diferente acontece com uma pessoa espiritualizada que é humilde e obediente. Esta não vê somente a matéria, mas sim vê na mesma o seu bem conhecido espírito vivo e sábio; vê na natureza não apenas a matéria mais grosseira, mas sim muitos espíritos da natureza, de onde obterá grandes conhecimentos.
12 – Enquanto estiveres a olhar meu espelho d’água, podereis descobrir um sem fim de movimentos em minha superfície, mas especialmente um bem organizado movimento circular que se origina de meu interior; pode haver um outro desorganizado, sem forma regular, que não é constante e que irá perturbar minha superfície por motivos externos.
13 – Se vós não estivésseis tão mergulhados na matéria, veríeis no primeiro movimento não só uma agitação ordenada material, mas descobriríeis mensagens maravilhosas escritas pela mão de Deus. Já que não sois videntes, farei um pequeno resumo deste ABC espiritual e seu significado mais profundo.
14 – Este movimento circular se forma de uma pequena bolha material-espiritual que vem de meu interior, pela qual (não vos surpreendais com o que vou dizer agora) é libertado um espírito amansado que se libertou da matéria morta. Não fiqueis surpresos, mas uma vez vosso espírito (a alma) se libertou da mesma maneira da matéria, e mesmo em vós (que sois uma outra classe de matéria, mas sois matéria) um dia deverá fazer o mesmo: do intimo da matéria para o exterior, para vossa superfície, e que lá se revelará num movimento circular semelhante, em volta de vosso ser, que como já disse é matéria, para colocar o mesmo em atividade ordenada, como acontece com minha superfície . Que meu exemplo vos sirva, para que reconheçais que esta vida espiritual divina fica cada vez mais linda e pura, quanto mais vos afastais das atrações malignas do mundo.
15 – Esta pequena lição que aqui obtivestes é o que eu posso vos informar nesse momento. Mas no momento em que começardes a observar estes movimentos circulares regulares em vossa superfície, cheios de vida e felicidade, tal como estais a ver em meus espelhos d’água, então voltai para cá, para que aprendais mais e mais sobre o Amor e o poder divino que vos estarão sendo revelados na minha superfície. Amém.
A vida de uma árvore
Recebido por Jacob Lorber, em 06 de agosto de 1840
Na floresta Freiberg, em São Leotando, perto de Graz, composta de pinheiros, foi revelado a Jacob Lorber:
1 – Aqui nessa floresta em que vós vos encontrais e no seu interior, no qual desejais adentrar, já existiram outras florestas por dez vezes, e cada uma sempre composta com o mesmo tipo de árvore, cada qual combinando com a natureza do solo local, pois nenhuma outra árvore diferente conseguiria se desenvolver aqui.
2 – Pois vede, cada árvore está em seu lugar e espalha suas raízes no solo, raízes grandes e pequenas raízes chamadas capilares, que se distribuem no solo poroso do local. A cada árvore é dada uma alma vegetativa, ou - como compreendeis mais facilmente - cada árvore possui um espírito mudo; ou seja, em cada árvore habita um espírito silencioso.
3 – Este espírito é dotado por uma inteligência bem simples. Com este meio que Eu lhe outorguei, ele reconhece na natureza o alimento a ela destinado e cria mais raízes. Nestas ele também habita confortavelmente e com muitos braços, segundo Minha vontade. Com estes milhares de braços, ele suga a seiva e a leva até a copa, para todos os seus galhinhos.
4 – Porém aqueles sucos que ele debaixo do solo reconhece como sendo úteis para sua natureza, ele os segrega nos galhos, direcionando-os às diferentes partes. Os mais espessos vão para o tronco, e mesmo lá os mais impuros são depositados na crosta, que é um vestido ou a pele da árvore.
5 – Os mais fluidos são utilizados para a criação dos galhos. No local onde emerge um galho, podereis ver uma massa bem mais compacta e que vai até o centro do tronco. Isto acontece devido à simples inteligência do espírito da árvore, que tomou os canudos dos galhos, cerca de dez vezes mais finos que os do tronco. Por estes tubinhos tão finos, somente sucos bem mais fluidos podem passar, os quais são muito mais substanciais.
6 – Quando observais os galhos, podeis observar uma grande quantidade de raminhos emergindo deles. Ali também acontece o mesmo, como foi entre os galhos e o tronco. A seiva nos ramos é então novamente dez vezes mais forte, do que a que vai do tronco aos galhos.
7 – Destes ramos, seguindo uma ordem severa, ficam abertos vários tubinhos dos quais se originam as folhas ou agulhas, de acordo com o tipo de árvore. A seiva aí é novamente dez vezes mais fina. Quando esta folha adquirir o seu tamanho original, então estes canais que vêm dos ramos serão obstruídos lentamente, deixando somente um aberto, para que a folha seja alimentada.
8 – Finalmente este único canal será fechado. E como esta folha não tem mais alimento, ela cai seca e morta da árvore.
9 – Na parte mais externa dos ramos encontram-se milhares de minúsculos órgãos que possuem uma vida animal. Quando os sucos chegam a este ponto, lá acontece formalmente uma luta, uma guerra, pois o espírito, na sua impureza, quer abandonar a prisão (a árvore), quer se libertar e abandonar a matéria da árvore. Mas nesta ocasião os canais se estreitam de tal maneira, que impossibilitam sua passagem.
10 – Já que com isto, na sua curta inteligência, o espírito se dá conta de sua prisão, ele lentamente abandona seu desejo de fugir e se refugia na humildade, e assim todo o seu ser começa a se transformar em amor.
11 – Quando tal acontece, estes órgãos estreitos começam a amolecer e se estender por causa do calor do amor, e o espírito fica etéreo e realmente vivo.
12 – Após isto acontecer, ele - com sua inteligência bem mais evoluída - pensa na bondade do amor, se coloca na parte mais externa destes órgãos e se transforma em fruto da árvore. Após ter se tornado este minúsculo fruto, invisível aos vossos olhos físicos, Eu permito que uma pequena centelha seja insuflada no mesmo pelo Meu Amor misericordioso e pelo calor do Sol.
13 – Ele se apodera avidamente desta minúscula centelha e a envolve numa pequena bolsa. Quando este casamento de espíritos da natureza se realiza, então a flor, o órgão da procriação, é criada. Logo a seguir, o fruto correspondente à arvore será levado ao amadurecimento pelo aumento gradativo do calor do amor da centelha.
14 – Às vezes acontece que este local onde acaba o canal é esquecido pelo espírito, devido a sua falta de atenção. Então esta pequena centelha foge, após um certo tempo de espera, de volta para sua origem. Daí os órgãos a fecham e não dão mais alimento a esta base do fruto, o qual logo murcha, morre e cai da árvore.
15 – No fruto perfeito, esta pequena centelha de amor é envolta numa bolsinha e colocada bem no centro da semente, onde permanecerá protegida. E como é uma centelha que se origina no Meu Amor misericordioso, ela assim contém - como a sua origem primária que sou Eu - a vida e o infinito, desde o mais minúsculo átomo ao maior do universo.
16 – Vede, aqui, pois, tendes uma árvore, ou quantas vós desejais em todo o seu ser. Agora tenho que vos mostrar a sua criação e o seu fim.
17 – A criação de uma árvore é bem simples: uma destas sementinhas cai ou é colocada no solo. Quando se encontra no solo, ele chama um destes espíritos primitivos (da natureza), para que entre nele e com isto este espírito recebe o primeiro hálito de vida e a inteligência mais ínfima de todos os seres. Como este está muito zangado, deseja apoderar-se e matar aquela centelha divina que se encontra na semente, mas a centelha sempre foge com sua aproximação. Por isto este espírito procura no solo seus semelhantes e aumenta cada vez mais, o que podeis observar facilmente no crescimento das árvores. O crescimento de uma árvore se deve a esta perseguição assassina de um espírito ou de uma legião de espíritos.
18 – A centelha foge deste espírito cada vez mais para cima. No seu ódio, milhões e milhões de espíritos (atraídos pela centelha) se endurecem e tornam a ser uma matéria morta e silenciosa, o que podeis observar na madeira e na crosta da árvore. Com esta longa perseguição, estes espíritos começam a ficar humildes, conseguem se unificar com a centelha e assim obtém sua liberdade.
19 – Um espírito como aquele que, com amor e humildade, conseguiu unir-se a esta centelha viva, se torna etéreo e livre com o amadurecimento do fruto e entra numa inteligência mais elevada, de acordo com Minha Ordem eterna. Assim, sobe a escada, podendo até alcançar o estado humano ( ao ser consumido).
20 – Quando, por meio desta árvore, for libertada uma boa quantidade deste tipo de espíritos primitivos e quando estes espíritos libertos de vários tipos de árvores se unirem em amor, de tal maneira que eles representem um espírito mais evoluído, eles então serão transferidos para o reino animal e assim elevados ao segundo degrau evolutivo.
21 – Se estes espíritos do mundo animal novamente se unirem por amor, este novo espírito poderá galgar mais um degrau e tornar-se um espírito bem primário (seria a alma) de um humano, do qual poderá se libertar e se afastar, para observar e ver, com todo o amor, sua Fonte Original: Eu. Um espírito deste tipo sempre será influenciado pela matéria, e somente com a nova ira dos espíritos deste humano, onde nenhum amor consegue dar frutos, um caminho longo e similar ao anterior será reiniciado.
22 – Uma árvore que acaba desta maneira, pois entregou seus elementos espirituais para um degrau superior, morre, seca e apodrece; ou - o que é muito melhor para ela - é queimada como madeira.
23 – Vede, este é o segredo da criação, crescimento e fim dos vegetais.
24 – Mas, como Eu disse no começo aqui, essa floresta é a décima que cresce neste local. Vou dizer-vos o seguinte: tantas vezes também esse solo esteve coberto de água, cem anos por vez, para acalmar o fogo satânico do inferno que aqui reinava. Por isto, se escavásseis só algumas braças, encontraríeis árvores bem conservadas, fósseis em camadas de 10, 100, 200 a mais braças de profundidade.
25 – Vede, tudo isto Eu faço por causa de um único anjo orgulhoso (Lúcifer). Eu vos digo: Jamais existiria uma Terra, um Sol, ou alguma outra matéria, se este anjo singular tivesse permanecido humilde. Somente por amor Eu, o Eterno Amor, preenchi o infinito com sóis e mundos, para poder salvar até o último átomo deste anjo caído.
26 – Pensai bem o que Eu fiz por vossa causa, o que ainda faço e farei por toda a eternidade. Amém.
Eu, o Eterno Amor. Amém.
Evangelho da videira
Recebido por Jacob Lorber, em 09 de agosto de 1840
Numa vinha situada na vizinhança do mosteiro das carmelitas.
1 – No local em que vos encontrais havia, há algumas centenas de anos, uma densa floresta com vegetação rasteira. E há dois mil anos atrás as ondas batiam no sopé das pequenas montanhas e preenchiam os baixios.
2 – Esta elevação que se sobrepõe ao vale e onde desde muito tempo vinhas são plantadas foi criada da mesma maneira que as grandes montanhas: pela explosão de fogo do interior da Terra. Mas a sua superfície é composta por detritos de montanhas que os depositavam no baixio e também por aluviões.
3 – De acordo com Minha Ordem, sempre um degrau mais nobre da vegetação afasta um menos nobre, às vezes pela influência da atmosfera e especialmente pelos homens. Em qualquer lugar onde tenha havido uma floresta virgem com toda sua vegetação rasteira, lá o solo é enriquecido e fértil, pois esta vegetação anterior foi abandonada pelos espíritos que evoluíram e, como consequência, apodreceu e fertilizou assim o solo com seus elementos mais nobres. Nestes locais, os homens, sob Minha orientação, plantam vegetais mais nobres, e assim as inteligências apodrecidas e decaídas encontram um novo caminho para sua evolução.
4 – A vinha é um vegetal nobre e só o foi após o dilúvio misericordioso (na época de Noé), pois então Eu a modifiquei e a abençoei. Isto porque, quando foi criada, originária da vontade de Meu Inimigo, ela derrubou Adão, que vagava no mundo embevecido por suas tentações e totalmente afastado de Mim em seu coração, motivo pelo qual voltou para sua casa levando os frutos venenosos com os quais se embriagou.
5 – Devido a esta volta (motivada pela queda que a vinha lhe ocasionou), Eu, após o dilúvio, retirei o veneno de seus frutos e a abençoei quatro vezes. E também abençoei a água vinte e nove vezes. Com esta quádrupla bênção, a vinha pertence às mais nobres espécies vegetais.
6 – Porém antes de vos poder dizer algo nobre sobre sua composição interna, o mais profundo de sua fruta, tenho que vos explicar tudo sobre o que chamais de “composição botânica”.
7 – Em cada um de seus frutos encontrareis uma ou mais sementes de formato de coração. A partir deste formato de coração, quanto mais ou menos parecido com o mesmo, podereis deduzir a pureza e nobreza do fruto. Quanto mais parecido, mais nobre. Isto também acontece com o reino animal: quanto mais parecido ao vosso coração, tanto mais evoluído é o animal; assim também acontece com as sementes dos frutos do reino vegetal. Os espíritos unidos destes tipos de vegetais nobres podem pular etapas no reino animal e algumas vezes conseguem até alcançar o reino humano. E, além disto, eles têm a graça de alimentar a alma dos elementos aos quais servem de alimento durante sua jornada evolutiva.
8 – Frutos, cereais e outros frutos e vegetais mais nobres servem somente para o alimento do corpo, mas o fruto da vinha, quando usado em quantidades adequadas, serve para o prazer e alimento da alma.
9 – Vede, a semente da uva está situada no centro do fruto, como criança no ventre materno, e ela amadurece junto com a fruta. Então acontece que, pela medula da videira, sobe um suco etéreo como fogo. Quando observardes a videira, vereis que ela está cheia de ramificações. Em cada uma destas ramificações, o canudo que leva este suco fica cada vez mais fino e leve. É quando chega ao local onde se estabelece o início da divisão em tantas partes quantas sementes encontrardes na uva, pois cada uma delas está ligada a um destes canudos.
10 – Mas não é só a semente que é crida por este suco de fogo e também não somente o elemento oleoso que se encontra no interior da semente. Dentro deste elemento oleoso encontra-se ainda um saquinho muito tenro e frágil, que é mui pequenino e ocupa somente dez milésimos deste órgão oleaginoso. Esta bolsinha é, pois, preenchida pelo suco ardente da misericórdia.
11 – Após acontecer isto, é fechada totalmente. Em volta da mesma formam-se canais secundários que a envolvem totalmente e lhe dão um gosto adocicado, pois está plena de Meu Amor misericordioso, ainda que tudo tenha se originado de plantas não-nobres.
12 – Ao término desta segunda etapa, então este casulo e seu invólucro serão novamente fechados. Aí é que se forma a semente dura, o que acontece da seguinte maneira: como o casulo está cheio do suco, este destrói as paredes do mesmo no local onde ele está mais fraco (onde foi amarrado) e corre, cheio de amor e felicidade, a juntar-se ao fruto oleoso, que é sua vida e seu altar.
13 – Quando este núcleo tiver adquirido uma certa solidez, ainda está fluindo suco para ligar-se ao mesmo. Mas este suco só encontra seus semelhantes e não mais encontra o calor do amor misericordioso, então novamente ele explode o casulo e começa a envolver o núcleo como um lagarto.
14 – Mas ao mesmo tempo, por canais maiores que se originam diretamente da videira, se forma uma bolsa maior, e tudo isto acontece pela inteligência simples dos espíritos desta planta.
15 – Quando esta bolsa adquirir uma determinada solidez, a bolsinha oleosa explode e se veste para o interior desta nova bolsa. Como esta está com um líquido mais seco e áspero, o que é necessário para que a bolsa consiga a solidez exigida pela natureza, ela se encontra, pois, com dois tipos de fluidos: um doce e oleoso, outro seco é áspero. Esta é a razão por que uma uva não madura tem um gosto bem ácido e com cica.
16 – Com o tempo o ácido e seco vai sendo derrotado pelo doce e gostoso, sendo gradualmente deslocado para a parte externa da bolsa. Isto vos sirva de exemplo, pois em primeiro lugar a vida evolutiva é conservada na total liberdade e depois, lentamente se torna um núcleo no centro de tudo. E o que não é bom, o que não foi evoluído, também começa a melhorar. No fim, também faz parte indispensável da fruta nobre e espiritual.
17 – Quando observardes a vinha, vereis nela folhas, galhos e também muitos braços. Podereis descobrir nesta planta muito mais características animais do que em qualquer outra.
18 – Estes braços se formam da mesma maneira que a uva, mas eles ainda possuem muita pouca bondade e pouco amor em seus espíritos, como consequência, muito pouca vida para tornar-se fruta. Quando se dão conta disto, e quando alcançam o tamanho devido, eles, na sua pouca inteligência, acham que a centelha da vida fugiu. Então começam a se estender, até tocarem em algo. Eles acham que é a vida e rapidamente se enroscam nela, para que não fuja de novo. Não se dão conta que, ao invés de vida, abraçaram a morte e lentamente vão a encontro da mesma.
19 – Isto vos sirva de alerta, pois aquele que deixar de lado o seu interior, pensando encontrar a vida no amplo universo, este homem estendeu seus braços e seus olhares para a morte, enquanto que Eu constantemente vos ensino que o mundo é cada vez mais belo e cada vez mais iluminado, quanto mais vós vos afastais do mesmo. Vós podereis concluir isto quando observardes um local à distância. Uma montanha distante vos parece algo lindo e digno de admiração, mas o que vos parecerá quando chegardes à mesma e verdes que ela nada mais vos dá além da visão linda de uma outra montanha distante?
20 – Vede, é por isto que quanto mais vos retraís do mundo e bem vos afastais do mesmo, mais ele vos parecerá bonito e mais evoluído. Só então aquele que observa Minhas obras terá prazer.
21 – A vida existente no interior é a morte do exterior. Quem anseia pela vida e a alcança, a este tudo se ilumina e se torna vivo. Pois quem possui a vida, este vivifica com seu hálito tudo que o rodeia, e ao vivo, a morte deve entregar seus prisioneiros.
22 – Mas aquele que procura no exterior, seja o que for, este procura a morte. Ela logo alcança o primeiro que apresenta o que nele se aloja; para um é isto, ao outro aquilo, mas tudo não passa da mera morte. Esta pessoa destrói sua vida, fica cada vez mais fraca e no fim morre totalmente. Como consequência, tudo é morto para ele, nada mais é considerado vivo. Esta é a razão por que tantas pessoas me perdem de seus corações, como algo que não existe e que jamais existiu, a Mim, que sou o Princípio e o mais elevado Criador da Vida.
23 – Vede, Eu já vos tinha mencionado algo sobre o evangelho das plantas, e aqui está um pequeno evangelho da vinha. Vamos, então, continuar com esta mesma vinha.
24 – Como já vos contei na criação e crescimento de uma árvore, aqui encontramos uma busca bem maior: a centelha misericordiosa que se encontra encerrada no núcleo da semente. E quando estes espíritos primários da natureza pressentem a presença desta centelha no casulo central da vinha, todos correm para juntar-se à mesma. Quando a centelha se elevou a uma certa altura, rápida feito um relâmpago, ela se apodera destes espíritos primários dos casulos secundários, mas estes não se dão conta disto e continuam a perseguir a centelha sem saber para onde esta vai. Mas a certa altura se encontram em algum lugar, explodem em sua potencialidade e iniciam o talo de uma folha.
25 – Após procurarem a centelha da vida neste talo, eles começam a interrogar sua inteligência simples e assim se estendem para todos os lados, à procura do objeto de seu amor. É assim que se forma a folha com suas nervuras.
26 – Nada, além de sua esperança errada, faz com que eles corram em todas as direções. E quando a centelha descobre que já existe suficiente massa na folha, ela fecha os casulos, só deixando aberto o meio. Isto alimenta a folha até seu fim, quando a pequena centelha novamente foge e o processo se reinicia.
27 – Cada membro de uma vinha é assim formado.
28 – A formação das folhas serve para que a centelha possa prosseguir seu desenvolvimento numa agradável proteção e também para extrair da luz que ali se de seu núcleo. Lá há a seiva etérea do sol misericordioso, que ela tanto precisa e que é de fato a bênção quádrupla já mencionada.
29 – Esta bênção é que será o espírito do vinho, quando a uva madura for espremida. Mas isto não acontece antes que o suco tenha expulsado de si todas as impurezas. Só então o espírito aparece no vinho.
30 – Aqui podeis ver um parâmetro de como a matéria só consegue se tornar pura e limpa, após ter feito um grande esforço para livrar-se de todos os parasitas (claro que só consegue com a Minha poderosa ajuda). Só então a uva (que aqui é o símbolo da matéria) se tornará pura e transparente no tonel ou garrafão.
31 – Com uma retirada similar, do mundo para o vaso da humildade, também vossa matéria será purificada pela influência do espírito cada vez mais ativo. Nesta humildade acontece a mesma fermentação que acontece nos tonéis de vinho, onde todas as impurezas mortas do mundo são devolvidas ao mesmo. A vida, unificada com a sua matéria santificada, se torna igual a um bom vinho no vaso da humildade eternamente cheia de poder e força.
32 – Isto é o que podeis aguentar de informação sobre a vinha. Muito ainda existe oculto, mas ainda não estais preparados para absorver. Mais tarde conseguireis entender e então vos será dito pelo Meu servo (Jacob Lorber) ou na vossa voz interna, se estiverdes atentos para ouvi-la. Amém.
Um crime
Recebido por Jacob Lorber,em 09 de agosto de 1840
1 – Vou contar-lhes sobre um crime que aconteceu aqui (na vinha perto de Graz) há mais de setenta anos. Mas não deveis usar o mesmo para nada no futuro.
2 – O proprietário deste local tinha uma legítima esposa, com a qual vivia em desarmonia por mais de três anos, devido a uma linda prostituta.
3 – Ele tinha uma casa na cidade e lá morava, mas deixava sua esposa e filhos aqui no campo, por causa de sua impudicícia.
4 – Após ter dilapidado sua fortuna própria, quis apoderar-se dos bens de sua mulher, pois a atraente prostituta não mais o queria, por estar arruinado.
5 – Por isto veio para cá e atormentou sua mulher, para que ela lhe entregasse sua fortuna. Como esta se negou sob todos os tormentos, ele achou que conseguiria arrancar-lhe o documento, aplicando-lhe a tortura.
6 – Era justo nesta época do ano, e às nove horas da noite ele começou com a tortura. Ela se defendia como podia, e como nada a demovia, ele apanhou uma corda, a colocou no seu pescoço e começou a enforcá-la, achando que ela cederia no temor da morte.
7 – Mas ela, em seu coração religioso, tinha firmemente decidido não apoiá-lo na sua impudicícia. Por isto ele a torturou até meia noite, quando ela expirou sob fortes dores.
8 – Quando ele viu que ela estava morta, ele se assustou e desmaiou.
9 – Mas finalmente, com medo da justiça, ele cavou uma sepultura, a jogou na mesma e a enterrou. Tudo isto debaixo da prensa de vinho, aonde quase ninguém chegava. Aos parentes e amigos ele mentiu, dizendo que a esposa o tinha abandonado.
10 – Foram feitas algumas investigações pela polícia local (a seu pedido), mas nada foi encontrado.
11 – Naquela época estes crimes eram facilmente ocultos, pois ninguém sabia bem quem era o senhor e quem era o servo.
12 – Bem, eis a história. Mas não vos preocupeis em saber os nomes das pessoas, não é de vossa alçada, pois em Meu livro tudo está anotado e nem a asa de uma mosca é perdida.
13 – Essas linhas contém um ensinamento grande, com respeito à maldade que existe no ser humano, mas ela é dura de se engolir. Por isto só ouvi e ainda não procureis entender. Amém. Amém.
O essencial (sobre o crime)
Recebido por Jacob Lorber, em 11 de agosto de 1840
1 – Prestai atenção vós, abelhudos, surdos e mudos! Achais, pois, que eu seja um contador de histórias de fadas, feito uma velha avó, ou um fofoqueiro tolo, como vós o sois, pois dos milhares de palavras com que poluis a atmosfera, nem meia palavra tem algum valor? Eu não sou nada disto! Minhas palavras possuem poder, força e vida e são essencialmente verdadeiras.
2 – Quando Eu vos der uma visão que se coaduna com momento que estais vivendo, não deveis pesquisas sobre o ato que já aconteceu há mais de setenta anos, mas sim deveis vos esforçar e pesquisas pelo Meu Reino, o qual eu vos apresento das mais variadas formas, para tornar vosso coração mais aberto e sensato. O mesmo Eu fiz para os apóstolos, quando conviva fisicamente com eles.
3 – Como sois tolos... Eu vos apresento os tesouros mais lindos do céu, mas vós correis atrás do lixo e dos excrementos, despertando com isto os vermes. Tolos! Por acaso achais que Eu vos darei material para um julgamento mundano? Vós vos enganais totalmente a este respeito. Eu próprio sou o juiz e não preciso de vossos julgamentos mundanos. Pois aquilo que for por Mim julgado, o será pela eternidade. Vossos julgamentos, porém, são injustos e cheios de maldade (não existe amor) e destroem espiritualmente tudo que julgam.
4 – Eu, porém, julgo a cada um de acordo com o seu amor, não como vós, que na vossa cegueira matais tudo aquilo que julgastes ruim.
5 – Este é o motivo que não deveis julgar jamais, para que não sejais julgados, mas sim deveis ensinar, melhorar e desfazer a maldade dos ladrões, assaltantes e assassinos.
6 – É por isto que Eu vos dou este conselho, para finalizar o assunto: Lede este crime como uma parábola e procurai a vós mesmos nela, na humildade e no verdadeiro amor por Mim. Aí sim Eu chegarei ao vosso auxílio e vos guiarei na Minha Misericórdia. Pois vossos corações devem ser educados, e os sentidos de vossos espíritos esclarecidos e ensinados. E com isto, todo vosso ser será vivificado em Meu Amor.
7 – Deixai que os mortos permaneçam mortos, não vos preocupeis com os seus nomes, mas sim desejai de todo coração que vossos nomes constem em Meu livro, no livro da Vida. Ansiai acima de tudo pelo Meu Reino e a sua verdade eterna. Tudo o mais vos será dado na hora certa. Amém. Eu, o eterno Amor e Sabedoria. Amém.
Ficai despreocupados
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de agosto de 1840 – à tarde
Neste dia um amigo de Jacob Lorber recebeu uma carta de um desconhecido. A carta dizia o seguinte: “Mui nobre senhor! Os escritos que forem enviados ao exterior para serem impressos também devem ser submetidos à censura, como manda a lei. Como fomos alertados de sua intenção por um funcionário (a impressão das obras de Lorber), eu o alerto, ao senhor e aos seus companheiros, com toda a minha consideração, para não desobedecer estas leis e não se expor a situações desagradáveis”.
Jacob Lorber e seus amigos apresentam então ao Senhor a seguinte pergunta:
Senhor nós te pedimos humildemente, cientes de nossa fraqueza pela qual não conseguimos realizar nada, mas certos que com Teu Amor somos capazes de fazer tudo de acordo com Tua santa vontade. Tu conheces tudo que fazemos e que deixamos de fazer, e sobre nossa cabeça não existe um fio de cabelo que não tenha sido contado. Tu sabes que o mundo não mais exerce nenhuma atração sobre nós, especialmente os eternamente agitados assuntos políticos. Sabes que só procuramos seguir tua Palavra Viva, que levamos uma vida calma e silenciosa - de acordo com Tua amorosa orientação - e que desprezamos todos os assuntos materiais. Dize-nos, por favor, o que existe por detrás desta carta. Bondoso Pai, eterno Amor em Jesus Cristo, ouve nosso pedido! Tua vontade se faça! Amém.
A seguinte resposta foi dada:
1 – Escreve: Eu afirmo que não é nada! Mas quando uma grande luz se derrama dos céus mais elevados sobre a Terra, como seria possível que não fosse detectada? Vede, um lampejo de um longínquo sol bem fraquinho é visto por vós na Terra; então como seria de se esperar que esta luz infinitamente grande não fosse vista, que chegasse a Terra sem ninguém tomar conhecimento?
2 – Mas não vos preocupeis. Tudo acontece de acordo com Minha Vontade. A nenhum de vós um único fio de cabelo será entortado sem o Meu consentimento. Por isto, permanecei alegres e de bom humor. Eu estou convosco sempre!
3 – Amai somente a Mim e sempre olhai em Minha direção. E tornai vossa confiança mais firme que um diamante, pois aquele que construir em Meu solo, terá uma construção firme. Eternidades não conseguirão destruir nenhum cômodo da casa que foi construída no Meu solo e no verdadeiro Amor por Mim.
4 – Em verdade Eu vos digo: Toda a Terra terá desaparecido feito pó com todas as suas maravilhas materiais. Sim, em todo o infinito cada sol terá desaparecido, mas aquilo que Eu falei permanecerá vivo em espírito e substância, enquanto Eu, Deus eterno e infinito, existir.
5 – Ai daquele que maldosamente se atrever a modificar uma só virgula nas Minhas Palavras... Teria sido bem melhor que jamais tivesse nascido. Pois maldito será aquele que necessita do Espírito de Minha Enorme Dádiva.
6 – Eu não os coloco em seus lamaçais, mas isto Eu falo: Os blasfemos, Eu jogarei nos sepulcros das trevas; os desprezadores, Eu castigarei com a morte repentina, e aquele que quiser se opor aos Meus passos, este será esmagado feito um verme. Aquele que, por interesses imediatistas, quiser olhar Meus caminhos com olhares destruidores, este encontrará Meu olhar destrutivo a meio caminho, e um diabo cego terá mais misericórdia do que este irmão de Satã.
7 – Uma vez cheguei à Terra como um mendigo pobre e fraco, e fui crucificado. Agora venho como um herói poderoso, e Meu julgamento vem Comigo. Aquele que Me encontrar com amor, este viverá para sempre, mas aquele que apontar só um dedo contra Mim, este será crucificado no fogo de Minha ira.
8 – Que isto vos sirva como uma certeira confirmação que sai direto de Minha Boca: Nada deveis temer, pois Eu adoto cada um a quem Eu visitar e que Me receber. Aquele que ouvir Minha voz, este viverá; o surdo, porém, será destruído.
9 – Isto Eu falo, a Eterna Verdade, do meio de Minha Eterna Verdade. Amém.
O caminho para o Renascimento
Recebido por Jacob Lorber, em 15 de agosto de 1840
Este trecho foi extraído do terceiro volume de “Dádivas do Céu” (a tradutora).
1 – Com isto vos dou regras de comportamento claras e bem concisas, que devem ser observadas com exatidão, para que vos sintais seguros ante todo tipo de atração que o mundo vos presenteie. Elas também são o caminho mais curto para logo conseguirdes obter Minha Bênção e com isto merecerdes o completo renascimento. As regras são as seguintes:
2 – Em primeiro lugar, todos devemos observar totalmente todo tipo de lei política e suportar as pressões que nos estão testando, pois não existe nenhum poder que não venha de Mim e por Meu intermédio. Tudo Me é subordinado, poucas vezes conscientemente, mas a maioria das vezes inconscientemente; pois bons ou maus governantes existem sempre de acordo com a vida de seus súditos, pois tudo isto depende de Mim. Mas se no povo o vício impera, como é no vosso caso, infelizmente, como poderia Eu vos dar regentes desprendidos e bons, pois eles derramariam mais fogo de prostituição entre o povo, para que as pessoas se destruíssem e se afogassem totalmente no crime e no ócio? Ai do rebelde que se atrever a se opor às minhas determinações... Este será castigado com sua morte material imediata e muitas vezes também se encontrará na morte eterna.
3 – Pois os governantes se encontram em patamares extremamente elevados para os terem alcançado por si só. Nenhum deles lá se encontra sem a Minha Vontade justa. E o bom e suave é um consolo, o severo e despótico, um chicote justo em Minhas Mãos. Quem a ele se opor se aporá a Meu flagelo e se ferirá severamente com o espinho. Mas aquele que viver em Meu Amor e da Misericórdia que dele flui jamais terá que sentir a dura mão deste déspota, nem sentirá as chicotadas de Meu flagelo. Mas, tal como o elmo, quanto mais tormentas o atingem, tanto mais forte fica, e nada o dobrará. Mas o renascido, este sentirá todo o bem que emana de Meu Amor.
4 – Meu reino não é deste mundo, por isto daí a César o que é seu, e a Mim o que é Meu: vosso coração em humildade, obediência e puro amor. O resto não vos deve preocupar, pois Eu, vosso Pai, Me encontro entre vós. Por isto obedecei a vossos governantes, aceitai a vossa leve cruz sobre vossos ombros sem reclamar e renegando a vós mesmos em toda a mansidão. Seguis Meus passos e só assim vivereis e vivificareis tudo aquilo que olhardes em Minha Graça e em Meu Nome. Amém.
5 – Em segundo lugar, com respeito à igreja externa, todos devem submissão à mesma da mesma maneira que se submetem ao governante, só que quem abandoná-la não sofrerá castigo, como é quando se rebela contra o governo. Mas Eu aviso que olharei com olhos zangados aquele que desprezar sua mãe espiritual mundana. E este não terá melhor destino do que aquele que repudia a religião na qual vossas almas adquiriram as primeiras impressões que as alimentaram. Então deve existir uma despensa com alimentos, o que de fato a igreja mundana é. E não é assim que vosso corpo deve ser trabalhado, como acontece com uma criança deste o ventre materno? Humildade e obediência são o alimento da alma, para alcançar o renascimento do espírito. Já que a igreja romana vos ensina isto - e em verdade o faz muito bem - o que vos afasta do corpo de vossa mãe espiritual?
6 – Permanecei então cada um fiel a sua igreja, e cada católico romano será abençoado noventa e nove vezes, enquanto permanecer obediente à mesma. E cada um que seja de outra crença será abençoado só uma vez, pois ele é um julgador cheio de amor próprio, nele há muito pouco amor e não há humildade. Em verdade Eu vos digo: Não será mais fácil alguém alcançar Minha Palavra Viva em alguma seita que não na igreja romana, pois lá são pregadas a humildade e a obediência de acordo com Minhas Santas Palavras, constantemente e com afinco. Com respeito às cerimônias dela, ninguém deve se escandalizar, pois para o vivo tudo está vivo, para o puro tudo é puro, para o humilde tudo é santo, para o obediente tudo está certo. Somente um porco rola na lama e procura o ar da vida nos excrementos. Desta maneira o morto encontrará tudo morto e sujo, enquanto que o puro olha tudo com olhos bem diferentes.
7 – Como alguém que se diz estar em Minha Luz poderá julgar os assuntos da igreja e do estado? Ele por acaso acha que Eu não possuo suficiente poder e inteligência para modificar a situação, se ela não estiver de acordo com Minha Vontade? Estes juizes se encontram bem mais no fundo do que um crente fraco, pois eles acham que Eu preciso de sua ajuda julgadora. Em verdade vos digo que estas coisas são um verdadeiro horror para Mim. Pois tudo acontece no momento certo, e só Eu sou o juiz de tudo e todos, pois só Eu sou Santo e Meu julgamento é cheio de Amor. Vós todos, porém, sois mentirosos e cheios de vícios. Por isto, segui vossa igreja nos seus fundamentos de Amor e deixai que Eu oriente os vossos corações. Em breve chegareis à Vida abençoada e com isto ao renascimento do espírito e assim vivificareis vossa igreja mundana em vossos corpos. Amém.
8 – Em terceiro lugar, com respeito às cerimônias, nelas não há nada vivificador, nem também algo mortal a alguém. Já que no mundo quase tudo acontece sob uma cerimônia, é bem permissível que a igreja tenha suas cerimônias de representação. Só o que vos peço é que não procureis encontrar nela nada vantajoso ou que seja útil para a vida eterna, pois para isto só conta um coração humilde, contrito e cheio de Meu Amor e Misericórdia. Só então é surgida a igreja viva em vós, pela qual a igreja morta se torna viva e cheia do mais profundo sentido, seja de um jeito ou de outro: ou elevando-se para a Vida, ou então caindo para as profundezas da morte. Isto quer dizer que vós podeis, pela obediência, nela chegar à Humildade e então à Misericórdia. Por esta Misericórdia chegareis ao renascimento, ou podereis vos enterrar sob as cerimônias mortas, como o faziam os pagãos, e desta maneira sereis destruídos pelo brilho orgulhoso das mesmas.
9 – Pois da mesma maneira como uma árvore cresce, se enche de galhos, ramos e depois brotos, folhas e flores vestidas do pólen feminino ou masculino – sendo que tudo isto será descartado como algo inútil, para que o fruto cresça livre e cheio de viço na forca de seu ser completamente organizado – isto também acontece na igreja cheia de cerimônias. Se alguém então gulosamente comesse tudo, este morreria de indigestão, pois somente o fruto maduro está apto a ser consumido, mesmo que às vezes já encontremos seivas vivificadoras na flor, como muitas vezes observastes no efeito curativo da igreja nas tantas doenças que tivestes. Vede, estes processos vegetativos são iguais às cerimônias mortas. Mas não deveis dizer: “Elas são, pois, necessárias pela Ordem, pois se a árvore não tem flores, ela também não terá frutos.”?
10 – A igreja judaica foi uma preparatória, puramente cerimoniosa, para transformar folhas e flores em fruto vivo da palavra do eterno Amor. Eu vos pergunto: Ela não estava certa, quando ela foi o que tinha que ser? Quando vos são dados filhos, como podereis ensiná-los a Me reconhecer melhor, do que a observação de cerimônias sacras para ajudar-vos.
11 – No começo todos vós éreis como as crianças e os judeus, precisáveis das cerimônias da igreja. Mas preciso é que entendais que não deveis estacionar neste estágio, pois aquele que passou pela classe fundamental deve ser levado a uma classe superior, onde aprenderá a ler, escrever e fazer contas em Meu Amor e agir na bênção de Minha Misericórdia. E quando o coração deste filho estiver completamente puro, este então que venha para Minha escola, somente na qual ele conseguirá alcançar a vida eterna pelo renascimento. Mas aquele que desconsiderar seu interior e ficar preso às cerimônias mortas, este morrerá, por ter sido tão tolo em procurar nos elementos mundanos e materiais o sentido de seu ser, o que é uma grandessíssima tolice que quase chega a ser loucura. Se alguém jogar fora a criança que estiver banhando junto com a banheira, ele é um tolo e louco; aquele que distraidamente joga fora a criança, mas fica com a banheira, este já está morto devido a sua maldade cheia de ignorância. O sábio, porém, fica com a criança e com a banheira e só joga fora à água, pois a criança é um fruto vivo, e com a banheira pode-se banhar a criança várias vezes.
12 – Por isto, já que desejais vos tornar Meus filhos verdadeiros na Minha Misericórdia e Amor, não vos deixeis escandalizar pela flor, pois ela pode parecer de forma qualquer, mas isto não pode vos incomodar. Pensai no fruto e assim a flor vos será santa também, pois sabeis bem que não deveis estacionar nas folhas e nas flores. Mas se alguém chegar ao fruto, nunca deve deixar de olhar para trás (de vez em quando), para recordar o caminho que o trouxe até este ponto. Não Me agrada de jeito algum aquele que despreza seu jardim-de-infância e feito abutre se eleva orgulhosamente, cheio de desejos assassinos, esperando a queda do mesmo para obter vantagens.
13 – Sabeis que sem Minha permissão nada acontece nem nada poderá acontecer, e tudo vos parecerá bem diferente. Todo homem tem a mais completa liberdade na sua vontade, mas a condução dos povos é obra Minha. Isto Eu vos disse, para que tenhais a mais absoluta calma em vossos corações, sem a qual não conseguireis chegar a patamares mais elevados. A calma do Sabat vos seja a maior das bênçãos, pois o amor verdadeiro é uma mulher grávida que precisa da mais absoluta calma na hora do parto. É por isto que Eu vos digo isto, para que tenhais total calma em Mim, vosso Pai que é eternamente santo. Amém.
14 – Em quarto lugar, um outro assunto: É o que se refere à leitura dos assim chamados livros proibidos. Eu não vos ordeno não os ler, se por acaso eles chegaram às vossas mãos, como também não proíbo ninguém de usar o nome do príncipe das mentiras e, se for necessário, usá-lo como advertência. Mas dizei-Me que utilidade tem tudo o que já lestes? O que existe de bom nos livros que se originam na mente orgulhosa dos homens? Eu vos digo: nada mais que bobagens, delírios da mente, sem utilidade, que enchem vossas cabeças com todo tipo de fogos-fátuos e vossos corações e espíritos com o mais variado lixo encerrado nas trevas.
Dizei-Me se está certo àquele a quem Eu digo: “Vem a Mim, tu, que estás triste e oprimido, que Eu te aliviarei. Pede, que a porta te será aberta.”; ou quando Eu ainda mais o ensinar: “Tudo aquilo que pedires ao Pai em Meu Nome te será dado imediatamente. Procura o Meu Reino em primeiro lugar, e tudo além te será dado gratuitamente como complemento”?
15 – Como é que fico Eu, se - mesmo sabendo tudo isto - não vierdes a Mim, para que possais obter Minha Misericórdia, bem como o caminho que leva à Minha Bênção e à vida eterna que vos dou pessoalmente. Será que vós Me considerais um mentiroso - como muitos de vós sois - ou achais que Eu sou surdo e de coração endurecido, porque não vos dou Minha palavra viva, e assim permitis que o mundo vos ensine mentiras? E daí morreis de fome na vossa loucura, em vez de virdes cheios de confiança e amor ao Meu encontro, para receberdes a Verdade de toda a Vida e do Ser original, em vez de procurardes a vida na morte? Tolos! Eu vos dou o pão da vida, mas vós preferis morder a pedra dura. Eu vos chamo a Mim, e vós correis atrás de cachorros loucos e vos comportais como eles. Eu grito dia e noite, mais que um guarda noturno, mas vós entupis vossos ouvidos com o algodão do lixo dos livros, para que não vos seja possível ouvir Minha voz. O que podemos chamar este tipo de tolice? Eu vos digo que chorareis eternamente por esta vossa tolice, pois desprezastes ouro e preferistes chumbo, mesmo que o metal nobre vos tenha sido oferecido em grandes quantidades.
16 – Por isto, lede menos e orai mais. Assim Eu chegarei a vós e vos darei mais em um minuto, do que todas as bibliotecas no mundo todo. Tenho certeza que já vos dei suficientes provas a este respeito.
17 – Não vos preocupeis, pois, pela proibição da liberdade literária. Pois aquele para quem Eu apresentei o grande livro da vida, este automaticamente desprezará as outras leituras, especialmente as proibidas, pois Meu livro não depende de nenhuma censura mundana; ele sempre será aberto nos corações dos fieis, ao qual nenhum olhar do censor jamais conseguirá penetrar e onde nenhum limite será possível. Amém.
18 – Em quinto lugar, com respeito à Bíblia Sagrada, deve ler a mesmo aquele que tiver um coração simples e puro e um caráter obediente e submisso; e ele não deve ler a palavras sagradas por mera curiosidade e com o ânimo cheio de contestação, pois se for assim encontrará a morte em cada letra. Aquele que as lê deve usá-las como guia para a Palavra Viva e atuar de acordo com a mesma. Também não deverá pesquisar e cismar sobre o Livro, mas sim se orientar em Meu Amor e evoluir cada vez mais. No tempo certo lhe será dado o conhecimento e será revelada em seu coração a razão celestial do espírito e da vida eterna; como acontece contigo - Meu querido servo – que, apesar de não teres lido o Santo Livro em sua totalidade, és o professor dos professores na revelação e na bênção. Isto o que tu és e o que tu entendes qualquer um poderá ser e entender, se não trabalhar com orgulho e não se considerar superior aos outros, mas sim trabalhar pelo reconhecimento do Meu Amor e da bênção que dele flui para seu coração simples e humilde.
19 – O mesmo acontece com os tais livros místicos, cuja leitura não vos é de nenhuma utilidade nem vos traz qualquer tipo de fruto, tal qual se tivésseis lido um romano tolo que pode ser comparado a uma poça cheia de lama. Se não conseguirdes extrair nada de bom, somente tornareis vossa mente mais pesada e oprimida. Em vez de torná-la sedenta e faminta por amor, caridade e sabedoria, vós a alimentais com lixo e lhe retirais assim todo ou qualquer apetite por um alimento da Vida! Como sois tolos!
20 – Eu sou a escritura sagrada que vos vivifica, sou o melhor editor da mesma e ao mesmo tempo sou o mais profundo místico de todos! Por isto lede pouco, mas atuai de acordo, e tudo vos será esclarecido. A semente da mostarda é pequenina, mas dela poderemos fazer uma enorme plantação, na qual pássaros celestiais farão ninhos. Amém.
21 – Em sexto lugar, com relação aos sacerdotes, Eu vos digo: Existem muitos deles e só poucos merecem usar este nome. Existem sacerdotes que o são por causa do poder e do prestígio e os que têm repulsa da Minha pobreza extrema e total desinteresse em relação a assuntos mundanos, pois Eu não desejei ser um príncipe, mas sim o salvador do universo. Há outros que são sacerdotes por causa da dignidade espiritual da casta. Estes consideram ser só eles a igreja e amaldiçoam de modo veemente tudo aquilo que um pescador de almas disser em Meu Nome. Consideram-no opoente aos Meus ensinamentos e ensinam estas suas ideias aos seus seguidores. Cheios de pompa, dizem que Eu (o Pai) não Me revelo a ninguém, a não ser a igreja à qual eles pertencem. Com este ato maldito, eles fecham as portas de Minhas Palavras Vivas para milhares de pessoas.
22 – Em verdade vos digo, este tipo de atitude traiçoeira Me é um horror, pois agride Meu Amor (indigno, na opinião daqueles sacerdotes) pelos pecadores. Eu, porém, vos digo: Estes jamais ouvirão de Mim nada mais do que: “Afastai-vos de Mim, vós malditos, pois Eu jamais vos reconheci; vós sempre fostes desprezadores de Minha Palavra Viva e vos opusestes sempre ao Espírito Santo. Minha Palavra escrita sempre cobríeis com a condenação. Vós tínheis Me apresentado como um mentiroso, pois está escrito: “Quem observar Meus Mandamentos, este é aquele a quem que Me envio de fato como Santo Pai, e irei a ele e morarei em sua casa, Me revelando completamente a ele.” Isto Eu disse a todos sem exceção, mas vós amaldiçoais e desprezais esta Minha profecia eterna. Com isto vós vos opusestes ao Espírito Santo, e por isto Minha maldição se abateu sobre vós, pois sempre fostes servidores de Satã. Por isto afastai-vos de Mim e recebei o prêmio daquele ao qual servistes em sua capela, construída para si, no portal de Meu Santuário.
23 – Vede, estes são os tais sacerdotes da pomposa casta espiritual maldita.
24 – Há ainda outros que se tornam sacerdotes por causa de seus estômagos, para poderem se deleitar numa chamada “vida boa”. Esta classe não tem espírito e se vende por um leitão assado ou um bom churrasco de boi. Eu tenho nojo ante estes sacerdotes, pois o seu deus é o estomago. O grunhido de seus porcos gordos, o balir de suas ovelhas e cabras, o mugir de suas vacas e bois bem cevados lhes é bem mais agradável, do que ouvir a Minha Palavra Viva, pois ela certamente lhes seria extremamente desesperadora e desagradável, se Eu permitisse que a ouvissem. Mas eles não precisam se preocupar com isto, pois Eu jamais jogo minhas pérolas aos porcos. E para o horrível serviço que Me prestam, eles já foram bem pagos, pois Eu lhes dei, em demasia e por quase nenhum serviço, tudo que desejavam seus estômagos gulosos durante suas vidas na Terra. Já que foram tão modestos, após o fim de suas vidas na Terra eles devem na morte descansar os estômagos de tantas agressões e lá aguardar até que o último sol seja desmaterializado, para que suas carnes e seus estômagos consigam ressuscitar.
25 – Há outros que são sacerdotes pelo dinheiro. Estes outorgam indulgências a torto e a direito e vendem o céu feito um loteamento. Mas eles são muito mais generosos com o purgatório e o inferno, e aquele que não comprar muitas indulgências e pagar muitas missas será jogado neles sem dó nem piedade.
26 – Vede, estes quase que se matam de tanto berrar suas pregações e se debatem feito loucos, para conseguir extrair do mendigo sua última moedinha, e aquele, apavorado, se deixa envolver nas suas artimanhas malditas. Estes vorazes transmissores de Minha Palavra receberão um enorme prêmio: Seu céu será um coração dourado, uma alma prateada e um corpo de cobre. A mesma quantidade de vida que estes metais possuem, este tanto eles possuirão eternamente.
27 – Há outros que são verdadeiros hipócritas e embusteiros acéticos. Tentam assim obter a atenção de um pastor, conseguir a sua confiança e proteção e com isto conseguir uma sinecura bem atraente. Estes quase que ficam sem joelhos de tanta humildade e adoração, dobram seu corpo até o chão, oferecem seu ofertório bem devagar, e seus lábios sempre estão em movimento (como se estivessem a rezar), falam com voz alquebrada, quase que morrem ao pronunciar o Meu Nome, jejuam e só observam o exterior, para obter o aplauso das outras pessoas; mas quando estão a sós, riem e fazem pouco de tal encenação. Seu coração é duro como uma pedra. Quando fingem estar orando, não veem os irmãos miseráveis que por eles passam implorando ajuda. Assim faziam quando eram capelães e queriam ser decanos, mais adiante quando queriam assumir uma posição de cônego, assim seguindo até o bispado, talvez o cardinalato ou a tiara pontifícia. Mas a Meu respeito, eles jamais deram a menor importância. Têm verdadeiro terror do livro sagrado, das Minhas Palavras Vivas não querem nem ouvir falar, e Me colocam - a Mim, a Vida de todas as vidas - em cerimônias mortas.
28 – Este tipo de “puxa-saco” existe em grande quantidade na atualidade da igreja romana. Eles são sacerdotes que não escandalizam muito o povo, mas seus frutos são escassos e só têm valor externo, pois não têm a semente viva e seu interior é vazio; são logo jogadas ao solo, onde apodrecem. Este solo corresponde aos corações das pessoas do povo. Eu permito que alguns alcancem sua meta, mas nunca deixo de dar-lhes conselhos e advertências em seu íntimo. Eu sempre lhes digo: “Toma tua cruz em teus ombros e segue-Me. Assim viverás em verdade e vivificarás os corações do rebanho a ti entregue.” Mas em vez de ouvir Meu clamor e agir de acordo, eles preferem comprar um crucifixo e pendurar o mesmo em algum lugar. Quando alguém os observa, adoram o crucifixo, fazem o sinal da cruz, fingem rezar... Mas por eles, este crucifixo ficará muito tempo esquecido num canto. Também compõem oraçõezinhas que distribuem entre o povo, mas no seu íntimo rezam para que aquele que ocupar o lugar que desejam logo morra. Para isto pedem a intervenção de algum santo, mas nunca falam Comigo.
29 – Este tipo também é um horror para Mim. Eles muito se surpreenderão, ao ver o resultado de suas vidas no Além.
30 – Outros são mais lascivos que cachorros, pecadores extremos que enterram seus próprios filhos, às vezes ainda vivos, para não serem vistos como tal aos olhos dos bispos ou outro superior hierárquico, ou frente ao povo ao qual foram entregues como líderes, sendo, porém, verdadeiramente monstruosos. Eu vos digo que estes terão uma vida digna de pena no Além. Vestidos em chamas, as prostitutas serão alimentadas por eles.
31 – Igual a eles ainda existe uma grande quantidade que se autodenomina sacerdote, mas Eu nunca os reconheci como tal, especialmente os monges nos mosteiros, que por puro “amor ao próximo” vivem juntos como cachorros ou gatos selvagens, e cada um deseja comer o outro.
32 – Porém existem sacerdotes que merecem usar este nome abençoado. Estes são simpáticos e bondosos com todos, o que possuem dão aos pobres, não amaldiçoam ninguém, mas, ao contrário, procuram salvar o perdido. Eles confortam o atribulado, acolhem os estranhos e lhe dão um lugar aconchegante para dormir; cheios de amor, usam uma pedra como seu travesseiro sob sua cabeça santificada. Não permitem que ninguém lhes pague por algum sacrifício; muito ao contrário, a quem desejar pagar dizem: “Irmão, o sacrifício é sagrado e de valor incalculável, pois representa a grande obra da salvação na fé e no amor. Por isto não pode ser pago nem pode ser ofertado para o bem de um único, mas pelo grande poder da redenção ampla todos serão renascidos para a vida eterna, e é assim que atua o poder e a forca do sacrifício implantado por Cristo para este fim. Dá o teu sacrifício e, se ainda sobrar algo, leva-o ao altar do Senhor. Ora pelos teus inimigos, só então o Senhor considerará teu sacrifício e o aceitará com grande prazer e alegria e te retribuirá com o que tu precisares.”
33 – Este é para Mim um sacerdote verdadeiro, cuja oferenda Me causa grande prazer. Em verdade Eu vos digo: Ide lá e ouvi sua prédica, pois nenhuma palavra que sair de sua boca lhe pertence, mas sim são Minhas Palavras que são colocadas em seu coração e transmitidas a vós, Meus filhos. Este sacerdote logo conhecerá o valor de sua recompensa, pois Eu falo: Ele habitará Comigo, seu santo Pai, eternamente. Mas não preciso vos dizer que nas suas obras reconhecereis o Meu sacerdote, assim como reconheceis a árvore pelo seu fruto.
34 – Com isto vos mostrei toda a doença do sacerdócio romano, de como ele de fato é; mas Eu vos digo: Isto não deve preocupar-vos, pois cada um deve limpar sua própria porta e jamais querer limpar a do vizinho, muito menos a de um sacerdote. Porém sede sempre obedientes e cheios de boa vontade, não vos escandalizeis com a atuação dos maus sacerdotes e não permitais que seu mau exemplo vos influencie; mas, como bons filhos, segui os ensinamentos corretos que devem existir no espírito católico, mesmo que existam ervas daninhas no meio dos mesmos, pois no tempo certo estas serão destruídas. Não julgueis estes maus sacerdotes, pois Eu já Me encontro sobre seus ombros e em algum tempo os quebrarei. Mas não permitais serdes usados como seus leva-e-trás, pois o fofoqueiro é por Mim amaldiçoado, já que é como o mal semeador que joga ervas daninhas junto ao trigo. O mau sacerdote vai certamente julgar a si mesmo e a todos vós, mas vós, Meus verdadeiros seguidores, de acordo com vossa humildade e obediência, só julgareis a vós mesmos, sempre pensando no amor ao próximo.
35 – Por isto não deveis vos escandalizar com a igreja por causa dos sacerdotes, pois entre eles existem muitos fiéis e honestos. Muito menos deveis vos escandalizar com os bispos, pois estes já estão em posição bem mais elevada frente ao povo. Já podeis concluir que eles não se encontram lá por sua única vontade, mas sim que cada ação ou passo deles é por Mim observado e contado com total exatidão. E a situação exterior de todos os assuntos deve ser por eles preservadas.
36 – Mas com respeito ao interior, sabeis bem demais que ele depende somente de vós e de Minha Bênção e Misericórdia, a qual nem os anjos do Céu nem qualquer bispo poderão dar-vos, mas só vós mesmos o conquistareis com vosso amor ao próximo, vossas ações de caridade, vosso arrependimento e especialmente por vosso verdadeiro Amor por Mim e pela obediência exata aos Meus mandamentos.
37 – Pois em cada ação que realizardes, o Amor por Mim e pelo próximo deve transparecer. Não vos preocupeis e nem pensai sobre um mau sacerdote, mas sim mantende um laço fraternal entre vós, e assim Eu virei a vós e vos vivificarei totalmente. Amai aqueles que vos odeiam e perseguem, abençoai de coração aqueles que vos amaldiçoam e desprezam, somente assim começareis a reconhecer a ação de Minha Luz em vossos corações trevosos. Amém.
38 – Em sétimo lugar, com respeito à confiança e aos sete sacramentos, Eu vos digo: Não, Eu vos peço que não vos escandalizeis com os mesmos. Usai tudo corretamente e no sentido certo, assim vivereis. Pois ao julgador nada é certo, mas ao justo tudo é certo e santificado, até o ninho provocará ao pássaro cânticos de louvor em seu coração, no entanto não passa de um ninho morto de um pássaro. Mas é muito mais importante que reconheçais que existem coisas criadas para vossa cura e que elas não apareceram do nada. Tudo depende da maneira como a usais.
39 – Aquele que se confessar e se arrepender de seus pecados ante o sacerdote, este apresentou seus pecados ao mundo e se arrependeu dos mesmos perante o mundo, e isto lhe será reconhecido, contanto que não repita seus pecados. Mas aquele que continuar a pecar após a confissão, este transformou o confessionário num banco onde deposita seus pecados, porém mais tarde terá que pagar altos juros pelos mesmos. Por isto aquele que se confessa, se arrepende de fato e não mais peca, este está completamente certo; no entanto totalmente equivocado se volta a pecar, pois encontrará um precipício a sua frente, ao qual não conseguirá ultrapassar.
40 – Mas se vós dizeis: “Se tudo fosse como no tempo dos apóstolos, certamente nós seriamos pessoas completamente diferentes, pois poderíamos (como Judas) apanhar tudo com nossas próprias mãos”. Eu, porém, vos digo: Eles chamavam a viva voz por uma missa (cueto) organizada e por meio de um local onde pudessem melhorar, um local visível e material (feito aquele que tinha feito o povo judeu, quando chamava por um rei), porém muitas vezes eles se engalfinhavam quais lobos selvagens durante a ceia.
41 – Já que Eu vos dei leis, organização e sistema, o que vos desagrada nisso? Usai tudo isso com retidão e respeito, tal como vos é apresentado. Não o queiras diferente, pois já foi dito que o exterior pouco valor tem. Tudo pode ser muito bom, mas também pode ser ruim e falso, depende da maneira como vós o utilizais. Mas sob o sol crescem tanto ervas venenosas como também as curativas. Não está no sol, mas sim na constituição da planta, se boa ou venenosa, se esparge bênçãos ou venenos. Tudo depende de vós, se bom ou ruim. Amém. Eu, vosso Pai amado. Amém. Amém. Amém.
42 – Este, porém, é o caminho mais curto para o renascimento. Acontece com o homem justo o mesmo que com a árvore cujo fruto não amadurece de repente, mas sim lentamente. Mas se a primavera foi de temperatura agradável e não houve muita chuva, dizeis: “Este ano teremos frutos maduros bem cedo”. Isto acontece também convosco. Se alguém passar sua juventude feliz e cheio de Amor por Mim, seu verão com certeza será bom, cheio de vida, com chuvas redentoras do céu, e pode estar certo, que o eterno dourado não deixará de estar presente para o verdadeiro amadurecimento do fruto abençoado e imortal. Pois se alguém desejar ser por Mim renascido, ele precisa reconhecer seus pecados, e reconhecê-los publicamente, para sua humilhação; quero dizer: em público pela confissão e no íntimo a Mim, para pedir pelo Meu Perdão, como vos é mostrado na Minha Oração e tal qual Pedro o fez. Deve sentir verdadeiro arrependimento, luto e medo. Deve chorar pela perda de Minha Misericórdia e, com todo coração, deve se propor a não mais pecar.
43 – Também tem que decidir romper com o mundo, se entregar totalmente ao Meu Coração e sentir uma imensa saudade de Mim, pois muito Me ama. Nesta saudade, deve se afastar diariamente e cada vez mais dos afazeres mundanos, nem que seja permanecer em meditação e em total calma, nem que seja sete quartos de hora por dia. A única tarefa nestes momentos deve ser relacionada Comigo, nem orações nem leituras, nada, só Eu. Ao fim desta meditação, nada de discursos agitados, mas sim:
44 – Senhor! Aqui estou. Eu Te deixei esperando por muito tempo, Santo Amado Pai, pois desde minha infância Tu me chamavas: “Vem a Mim, pois Eu quero Te aliviar”. Agora, Santo Pai, chegou a hora em que Meus ouvidos se abriram e minha vontade teimosa, cheia de humildade e obediência, se entregou totalmente a Tua, como também aconteceu para Meus irmãos mais evoluídos, conforme Tua vontade. Por isto vem a mim, meu amado Jesus, e alivia minha alma doente e fraca com o bálsamo de Teu Amor infinito. Permite que eu encontre minha grande injustiça na Tua amarga morte e sofrimento. Permite que eu veja as cinco chagas e nelas reconheça meu horrível crime. Jesus, Tu, vencedor da morte e do inferno, vem a mim e me ensina a entender corretamente Tua Vontade, ensina-me a reconhecer minha nulidade e a Tua Grandiosidade.
45 – Tu, meu doce amado Jesus - Tu, Senhor de todos os exércitos - vem a mim, um pobre, fraco, cego e surdo; vem a mim, leproso; vem a mim, cheio de gota; vem a mim, inválido; vem a mim, possuído; sim, meu sempre amado Jesus, vem sim; vem a mim, um morto, e permite que eu toque a fímbria de Teu manto, pois assim viverei. Senhor, não demores muito, pois eu Te necessito demais. Eu não consigo existir mais sem Ti, pois Tu és tudo para mim. Tudo o mais se tornou nada, por meu amor por Ti. Sem Ti não consigo mais viver, por isto, bem-amado Jesus, vem logo a mim. Mas, como sempre, que se faça também desta vez a Tua Santa Vontade. Amém.
46 – Após esta oração retirai-vos para vosso interior e crescei na saudade e no amor por Mim. Se praticardes isto por um curto tempo, Eu vos digo: Logo vereis relâmpagos e ouvireis trovões, mas não vos assusteis e não vos atemorizeis, pois agora Eu venho a cada um como juiz, sob tormentas, raios e trovões; só mais tarde virei na suave brisa santa, como Pai.
47 – Quem desejar fazer uma confissão ampla e geral no sentido verdadeiro e sagrado, este deve se preparar para uma longa luta, pois para fazer isto é preciso muita humildade e desprendimento. Com isto entende-se que deve existir um propósito amplo e total de não mais pecar, e a santa ceia deve ser tomada na mais viva fé e no mais puro amor por Mim. Só então as maravilhosas consequências se farão presentes em vós, todas plenas de felicidade, alegria infinita e prazer divino.
48 – Vede, este é o caminho mais curto e mais eficaz para um novo renascimento, somente no qual poderemos encontrar a vida eterna. Todo outro caminho é mais demorado e é inseguro, pois existem muitas rotas de ladrões, onde os mesmos vos acoitam atrás dos arbustos, à beira do caminho. Lá também podereis encontrar assaltantes e mesmo assassinos. Aquele que não transitar por estes caminhos bem armado, dificilmente chegará ao fim do mesmo. Observai bem Quem vos diz isto!
49 – Eu acho que é bem melhor observar e desfrutar a calma do sábado e reuniões onde ele, o Sábado, é realmente observado, em vez de atirar-se a reuniões ruidosas do mundo, a conversações materialistas e a companhias impuras. Nas reuniões de sábado podereis conversar diretamente Comigo, sem ter que pagar entrada nem usar dinheiro para praticar o bem.
50 – O que achais que será melhor para vós e que é mais de Meu agrado? Pois, como Eu já falei aos apóstolos, ninguém pode servir a dois senhores. Pensai bem Quem vos está advertindo. Amém. Eu, vosso santo Pai eterno. Amém. Amém. Amém.
51 – (Lorber) E eu, servo, digo: Aleluia, honra e glória a Deus nas alturas, como Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
A evolução natural da alma no reino animal
Recebido por Jacob Lorber, em 16 de agosto de 1840
1 – Para que possais entender o tema que hoje apresentastes - O interior (espiritual) de uma pomba - é necessário darmos uma olhada rápida no tema de ontem (a ostra).
2 – Embora os habitantes do ar e da água já comecem a apresentar degraus de evolução mais superiores, é necessário darmos uma olhada na superfície da Terra quando abandonamos o elemento água. Só então poderemos nos elevar para o ar e lá tomar conhecimento de seus habitantes alados.
3- Na água existe um habitante bem esquisito, com um corpo bastante disforme, que mais parece um galho de árvore cheio de ramos, o qual vós chamais de polvo. Este polvo se abriga, como uma parasita de árvore, em qualquer lugar. Finca raízes e apanha com seus quatro, cinco, seis ou oito braços (ou trompas) todos os insetos e vermes que se lhe aproximam e os engole velozmente.
4 – Quando os órgãos digestivos se firmam cada vez mais, como uma árvore, ele começa a definhar em partes, e só permanecem vivas suas trompas recém criadas no exterior. Mas mesmo assim, aos poucos, por falta de alimento, ele termina de morrer totalmente.
5 – Quando isto acontece, seu ser disforme se desfaz em milhares de vermes vermelhos e pequeninos. Estes vermes começam a se multiplicar velozmente e se alimentam do disforme corpo morto do polvo. E quando, de certa forma, se matam de tanto comer, as suas múltiplas vidas se unem em uma só vida, da qual se origina um tipo de peixe.
6 – Este peixe é o que vós conheceis por lula ou calamar (sépia) e que habita as profundezas dos mares.
7 – Seu alimento consiste no verme de um marrão quase preto, que tem o tamanho de um grão de árvore, possui duas nadadeiras nos lados de sua barriga e conhece seu inimigo muito bem. Quando nosso calamar deseja se alimentar, ele escurece a água com um suco quase preto, e este suco também anestesia os pequenos animaizinhos aquáticos.
8 – É desta maneira que ele sempre prepara deliciosas refeições para si. E após anos e anos de comilança ele morre, tendo absorvido milhares de vidas no seu corpo.
9 – Nestas potenciadas vidas de vermezinhos, não devemos pensar na união dos corpos. ( sempre devemos pensar na alma destes animaizinhos, quando falamos na sua potencialização e na sua união ), pois só as almas têm continuidade em seres superiores. Os corpos são desintegrados em seus átomos e só em parte servem para a construção do corpo de espécies superiores. Já as almas se unem novamente, como já sabemos, e desta união de vidas se forma um outro ser que se chama “peixe voador”.
10 – Este peixe voador se alimenta em parte com os insetos do mar e também com os insetos aéreos que ele apanha quando sai da água. Com isto ele tem uma constituição interna com função dupla: a de peixe e a de um pássaro. Ele tem uma bolsa no interior de seu abdômen a qual pode encher com ar e, de acordo com sua necessidade, esvaziar totalmente.
11 – Novamente o pesquisador vai encontrar aqui um nó instransponível para ele, pois ele não consegue saber como o peixe, no meio da água, consegue ar. Para Mim isto não é nada. Prestai atenção.
12 – Por um canal especial, o peixe permite a entrada de água na bolha, mas debaixo dela encontra-se um tecido escuro, parecendo metal. Este tecido tem a possibilidade de chegar a oitenta graus de temperatura, tão logo uma gota de água entre na bolha. Com este aquecimento, a água se transforma em vapor, o que preenche a bolha. Isto acontece (por Minha Vontade) em todos os peixes, como em vós humanos é o movimentar dos pés e mãos.
13 – Bem, nosso peixe voador possui então este tipo de órgãos, mas ele ainda não conseguirá voar, mesmo que tivesse asas quilométricas. Mas junto a esta bolha ele tem uns canudos que cruzam todo seu corpo e seus órgãos, os quais se enchem de um gás muito leve, quando o peixe quer voar.
14 – O ar atmosférico é partido por um processo elétrico interno, e a parte pesada do ar cai na bolha como gota líquida e é expulsa por um canal específico, de imediato. O gás tão leve (parte leve do ar) flui então para os canudos e retira da carne do peixe o seu peso, de tal maneira que o seu corpo fica com o mesmo peso da atmosfera. Então o peixe estende suas asas e consegue voar feito um pássaro. As barbatanas laterais, com sua inteligência própria, lhe dão a direção desejada, e as asas o elevam.
15 – Vede, esta é a constituição mecânica deste animal. Mas como este animal vive de alimentos duplos, ele também tem inimigo duplo: no mar, uma grande quantidade de peixes assassinos; no ar, uma grande quantidade de pássaros aquáticos que em todos os lugares castigam com a morte este usurpador aéreo, pelo seu atrevimento.
16 – Já que este peixe é uma constituição totalmente mansa, quando ele sai da vida, acontece o seguinte: a parte feminina, a mais ignorante, se une para uma nova espécie de pássaro que é por vos conhecida como gaivota; a parte masculina se une também como seus semelhantes e forma o pássaro que chamais de pomba.
17 – Eu vos digo: o que é cordeiro entre os animais quadrúpedes é a pomba entre as aves; por esta razão ela foi por Mim instituída como exemplo de mansidão da paz; sim, até como a figura da Santidade de Deus. Estão este animal se encontra na ponta superior do reino das aves e, devido a sua mansidão, também no degrau superior onde seus espíritos (elementos das almas) se unem aos espíritos de outras criaturas nobres e se tornam “seres humanos”. Sua parte feminina corresponde ao suave amor, e sua parte masculina às bênçãos que dele fluem.
18 – Vós vos perguntareis como que os milhares de espécies existentes no mar conseguirão chegar a evoluir até a pomba. Eu vos digo: aquele polvo também é muito variado, e para cada espécie de peixe existe um tipo de polvo. E os polvos não são de jeito algum o degrau inferior dos animais aquáticos, como dizem vossos naturalistas, mas sim institutos purificadores que continuamente engolem o se lhes aproxima. Eles assim são um degrau intermediário entre os vermes e todo tipo de espécie de peixe. Pois só por eles é que o mundo dos vermes é elevado a um degrau superior.
19 – Os peixes já se encontram em grande quantidade neste degrau mais elevado, já que eles, por meio da união de suas vidas, estão prestes a se tornar habitante da atmosfera. E assim cada espécie de peixe corresponde a uma espécie de pássaro.
20 – Porém existe no mar uma outra espécie de peixe que se aperfeiçoa pela vida do vosso conhecido crustáceo, cujo último degrau já está assim aperfeiçoado e pode sobreviver tanto na água como na atmosfera na superfície da Terra. Tipos deles são as tartarugas e muitos outros, como as espécies de sapos ou rãs que já possuem os sentidos da visão, audição, olfato e até do paladar. Mais tarde aparecem os lobos marinhos, os elefantes marinhos e ainda muitos quadrúpedes que habitam tanto a água como o solo firme, que de fato são os degraus que iniciarão as espécies de quadrúpedes terráqueos.
21 – Ainda existe uma terceira plataforma evolutiva no mar que é bem mais rara, mas, por isto, muito mais maravilhosa. Eu vos darei explicações em outra ocasião.
22 – Bem, voltemos para a pomba, a qual vamos estudar com mais atenção.
A história da origem e do destino da pomba
Recebido por Jacob Lorber, em 16 de agosto de 1840 (continuação)
1 – Mesmo que a pomba se eleve do mar da maneira explicada anteriormente, ela pertence à espécie das aves que pode se alimentar quase que igual ao ser humano, formado dos três reinos da natureza. Ela pode digerir grãos, ervas, vermes, insetos e até pequenas pedrinhas, e nisto ela se iguala às galinhas.
2 – No seu gênero ela decai, como muitas outras aves, em uma variedade de espécies. Existe uma tal de pomba torcaz ou brava, a pomba rola, a pomba rola das Índias, uma pomba do campo, outra doméstica, e esta ainda se divide em pomba pérola, pomba ouro, pomba de papo, etc, etc, e em outros países existem muito mais tipos de pombas.
3 – No entanto, a mais nobre desta espécie de aves é a pomba doméstica (comum) a que se conhece facilmente pelo colorido diferente de suas penas. Isto é algo que deveis prestar atenção no mundo animal: a espécie onde houver uma grande variedade de cores, esta aí está mais próxima da espécie humana. Pois a cor é uma característica da constituição interna variada, e este é o motivo pelo qual devemos preferir o branco a todos os outros, pois no mundo animal ela registra a presença de uma alma sem mácula. Aqui tendes, pois, uma característica pela qual podeis avaliar o grau de evolução de uma espécie animal.
4 – Bem, vamos à pomba comum. Como já foi dito, ela é a mais evoluída de sua classe e é a meta vital de todos as espécies inferiores a ela, e mesmo de aves mais mansas. Este é o motivo pelo qual ela também é um receptor de vida do reino vegetal e também do reino mineral.
5 – Quando uma pomba morre, então se une ao seu princípio vital (com seu ser anímico-espiritual) a vida de todo tipo de espécies de aves, animais terrestres, como também vegetais e pedras; assim reunido, o complexo entra no reino humano como uma nova vida.
6 – Porém não deveis pensar que esta passagem (ao reino humano) acontece unicamente a partir da pomba, mas sim existem milhares de espécies, tanto das aves como dos quadrúpedes da Terra, pelas quais se realiza esta passagem. E mesmo que vos pareça muito estranho, isto é assim, pois ninguém conhece Meus Caminhos, nem mesmo os anjos no Céu, a não ser Eu mesmo e o crente ao qual Eu informar.
7 – Àquele que tem fé, a este serão reveladas muitas maravilhas. Mas àquele que não crê, a este não se pode ajudar ou aconselhar. Inutilmente olha com seus olhos cegos a Minha enorme oficina criadora da vida. Eu vos digo: ele não encontrará nada além de excrementos da morte. Pois a Vida é espiritual, e não se pode ver a mesma nem com a ajuda de um microscópio, como os materialistas tentam, mas somente com o olho do espírito e é na fé, aí se pode olhar nas profundezas do milagre da vida.
8 – E acrediteis, por mais que vos foi dito e mostrado por Mim, isto não chega a ser um infinitésimo da vida de um ácaro! Acreditai, vosso Pai ainda oculta muito, e isto vos será dado de pouquinho, tudo mais bem acabado e explicado, quanto mais vos entregais na verdadeira humildade, que é de fato a mais livre obediência.
9 – Vede, a pomba é um animal muito ingênuo. Mas justo por esta ingenuidade é que ela consegue voar com suas asas em todo tipo de atmosfera e de lá se dirigir a todos os lugares, se elevar nos raios da luz e então alimentar seu ser com novos fluidos de vida.
10 – Isto vós também podeis fazer! Se vos tiverdes tornado idênticos a uma pomba (mansos e ingênuos), então com vosso espírito, da mesma maneira que este exemplo, no reino da vida que emana de Mim, em voos rápidos, podereis alcançar alturas das quais nenhum mortal da Terra tem a mínima ideia.
11 – Todas as vezes que enxergardes uma pomba, lembrai em vossos corações este pequeno evangelho. E acreditai que o Meu Reino da Misericórdia se aproximou de vós, que o tempo amadureceu, pois a figueira está suculenta e cheia de galhos e folhas.
12 – Mais tarde ainda recebereis explicações sobre um outro pássaro; como ele voa, sua alimentação, etc.
13 – Nisto, vós podereis ver coisas extraordinárias e reconhecê-las em vós. Mas quando Eu tiver desmembrado isto tudo até a mais simples unidade, não acheis que Eu vos quero ensinar a voar materialmente, mas sim voar espiritualmente. Amém.
14 – Eu, o Eterno Amor e Sabedoria. Amém.
A ostra e os primeiros degraus da vida animal
Recebido por Jacob Lorber, em 18 de agosto de 1840
O tema “A ostra” só foi escolhido no momento em que nos sentamos à mesa. Nosso Senhor falou pela boca de Jacob Lorber.
1 – Antes que Eu vos fale algo sobre esta ostra, é necessário que tenhais o conhecimento de assuntos mais rudimentares, pois um degrau mais elevado não pode ser compreendido sem termos absorvido os anteriores com uma certa clareza.
2 – Entre os chamados letrados e pesquisadores da natureza ninguém sabe - e com certeza nunca conseguirá saber por si só - onde uma classe de seres acaba na Criação e onde a seguinte se inicia. Assim, ninguém sabe onde o reino mineral começa e onde ele termina, ainda menos sabe onde o reino vegetal começa e onde está seu final. E muito menos ainda se sabe onde o mundo animal começa e onde ele acaba. Pois ao pesquisador tudo parece ser interligado, enquanto que Eu conheço os limites bem definidos. Não existe em toda a Criação duas coisas que sejam exceções desta Minha Ordem.
3 – Ao pesquisador a passagem do dia para a noite parece uma união que flui incessantemente (o que não é percebido), um para dentro do outro. Mas esta afirmação do naturalista se deve somente à fraqueza de sua visão interior.
4 – Para que possais entender e compreender com mais facilidade, vou dar-vos umas diferenças bem concretas.
5 – Para um naturalista cego o dia e a noite se amolgam simplesmente. Ele não enxergará nenhuma diferença entre a noite e a suave luminosidade do amanhecer. Se vós observardes uma montanha à distância, especialmente se o ar estiver um pouco nebuloso, não vereis lá nada mais que uma parede lisa. Mas estas montanhas não são de maneira alguma somente uma parede lisa, o que vós já vos certificastes várias vezes. O mesmo acontece se observardes um plano totalmente liso, como por exemplo, num diamante. Se observardes este plano com um microscópio que pode aumentar a escala por dez milhões de vezes, então lá vereis verdadeiros precipícios e abismos, o que mostra definitivamente como os pesquisadores da natureza se enganam com tanta frequência sobre a própria natureza, quando acham que as coisas em suas diversas classes, formas e características se amolgam fluentemente.
6 – Esta explicação preliminar foi necessária, para que possais entender o que vem a seguir, pois é melhor não saber nada sobre um assunto, do que ter um conhecimento errôneo. Pois aquele que se encontra parado sobre um degrau podre, este não elevará seu pé ao outro degrau, pois sabe que antes o podre o levará para o abismo.
7 – Bem, observai onde começa o reino animal e vós podereis pensar que a água é a mãe dos animais, mas não é assim. Pois quando encontrais algum resquício de animal numa gota d’água que observais com um microscópio, lá já está o reino animal no seu milésimo degrau evolutivo.
8 – A primeira classe do reino animal são os infinitamente minúsculos habitantes do éter. Eles são no éter aproximadamente o que chamais em vosso idioma de “átomos” e são tão extraordinariamente pequenos (mas atenção: só para vossos olhos), que se observásseis um único ponto com um enorme aumento, trilhões deles lá se acomodariam facilmente.
9 – Se quisésseis ver um destes pontinhos, deveríeis ter um microscópio que aumentasse tudo trilhões de vezes, o que vos jamais será possível na vida na Terra. Os olhos materiais nunca conseguirão ver isto, mas sim os espirituais.
10 – Agora questionais: De onde vêm estes animaizinhos e como se originam? Bem, estes animais têm origem do encontro dos raios de luz do sol, os que constantemente se encontram no espaço universal imensurável. Com isto se tornará claro para todos vós a razão de tanta luz que emana dos sois de imensos espaços, os quais parecem vazios e que são por Mim usados de uma forma definitivamente sábia.
11 – O formato destes animais é o de uma bola, cuja superfície é totalmente lisa. Seu alimento é a essência da luz e a sua vida dura um átimo de segundo. Após o fim de sua vida, trilhões deles se unem para formar o segundo degrau dos seres predecessores. Mas sua vida se torna tão concentrada, que eles necessitam de alimentos e, consequentemente, de um órgão para se alimentar.
12 – Esta classe de animais já tem seu lugar na esfera planetária; que dizer, no espaço em que os planetas circulam em volta de um sol. A sua vida é um mili-milionésimo de segundo. Vede como aumentou a duração de sua vida, comparada com o primeiro degrau; mas isto para vós e para os pesquisadores naturalistas não é nada, pois não conseguis entender estes números com vossos sentidos. Porém, se calculardes bem, vereis uma enorme diferença. Bem é assim que se criam as diferentes classes de animais, cada vez mais potencializadas a cada degrau de evolução, até que a vida chegue a uma potência tal, que começará a se estabelecer como uma névoa azulada na superfície da atmosfera.
13 – A duração da vida destes seres lentamente chegou à casa do milionésimo de segundo. Nesta ocasião, a união de trilhões e trilhões destes serezinhos azulados contribui na formação de uma classe superior.
14 – Este tipo de processo se apresenta a vossos olhos na forma de uma estrela cadente. A vida de muitos destes animaizinhos sai de suas tênues larvas e se une para uma nova classe de vida. As larvas, devido à compreensão de sua força vital, visíveis às vezes como bem moles e outras duras como pedras, caem como meteoritos, ou se multiplicam sobre a Terra na sua substancialidade morta”.
15 – Estas almas (animaizinhos), agora livres, juntam-se na superfície lisa da parte superior da atmosfera em grupos enormes, e vós os podeis ver como as “nuvens carneirinhos” (nimbos). Com estes animaizinhos, que ainda são tremendamente pequenos para vossos olhos, já podemos constatar a reprodução entre seus iguais, a qual não é permanente, mas sim intermitente. Pois, após ter alcançado uma massa ou um tamanho determinado, então se tornam cada vez mais pesados, por causa da morte de suas cápsulas vitais. Daí saem para debaixo da superfície do mar atmosférico, e com isto acontece novamente um tipo de casamento entre as tais massas de animais e a luz concentrada e calorífica que se encontra no ar. Esta luz calórica é conhecida como “elemento elétrico”.
16 – Com isto é criada uma classe bem mais completa e bem viva, e esta enche o ar com uma grossa camada de nuvens.
17 – Quando então, o que acontece somente por períodos, houver uma maior ou menor alteração na luz do Sol (o que acontece por processos diversos na superfície do sol que ainda vos são desconhecidos), estas nuvens se expandem cada vez mais e mais, e aí novamente se observa uma nova mudança de classe. A vida parte ainda destas larvas em formato de bolinhas, as quais agora já são tão grandes, que já podem ser observadas com um microscópio bem forte. E elas então se desprendem com grande velocidade e muito barulho em direção a Terra, como o que é conhecido por relâmpago (visível a vossos olhos), ou então atravessa partes úmidas do ar e se parte em matéria mineral, vegetal, ou animal, isto tudo em elevadíssima velocidade e sempre à procura de uma espécie vital idêntica.
18 – Após a saída da vida das larvas, imediatamente a umidade do ar se apossa das mesmas. Esta umidade de fato é uma substancia abençoada por Meu Amor Misericordioso, então estas larvas abençoadas caem sobre a Terra em forma de chuva.
19 – Só agora é que se inicia uma vida animal terráquea e isto acontece nos espaços existentes entre estas larvas cheias de água, e esta vida extrai seu alimento de Meu Amor Misericordioso.
20 – Quando as plantas do reino vegetal inferior tomam conhecimento dos espíritos libertos, elas correm para se unir a eles, saindo de suas cápsulas. E milhões delas criam um novo ser, um degrau mais evoluído, animaizinhos elétricos, como os já mencionados e por vós conhecidos como “infusórios”. Disto podeis vos convencer, se repousardes uma gota e a observardes com uma lente de aumento. Vereis nela uma série de seres livres a movimentar-se para todos os lados; e quanto mais tempo passar, maior numero deles se formarão. Esta é a primeira criação animal que um observador atento conseguirá ver como matéria animal.
21 – Porém com o passar do tempo não vereis somente uma classe, mas sim milhares de classe diferentes de animais numa gota. Eles se diferenciam no formato e no comportamento. Mas não acheis que eles se formam esporadicamente; não, cada nova classe é o resultado da união de classes existentes anteriormente.
22 – Se tivésseis instrumentos bem preciosos, poderíeis observar características de uma classe nova de elementos das classes inferiores. Pois então se realiza uma segunda criação, e isto acontece da seguinte maneira:
23 – Uma classe de animais engole, ao se alimentar, um número infinito de seres de uma classe inferior. Com isto serão reproduzidos do substrato material seres idênticos e extraordinários, que possuem as características da classe superior. Estes, ao se unirem novamente entre si, formam a cada vez uma nova classe superior, ato este que jamais poderá ser visto pelos olhos materiais, pois é totalmente espiritual.
24 – E assim se vai subindo de degrau em degrau, até que exista novamente um círculo de mil criações; aí então acontece novamente um processo maravilhoso, mas visível, representado por tormentas ou outro tipo de revolução nas águas, quando estes espíritos - agora já poderosos - bem se fazem sentir nos ventos.
Então acontece uma divisão. Alguns se unem para formar muitos vermes das águas. Aí esta criação ocorre pelo movimento de cápsulas maiores e já visíveis, a que vós chamais de “óvulos,” dos quais se reproduz uma espécie idêntica, a fim de assumir milhões de elementos de classes inferiores.
25 – Logo após estes vermezinhos aparecem as espécies de pequeninos animaizinhos de conchas. Os primeiros são os caramujos e logo a seguir os animais tipo ostras ou mexilhões. Estas duas espécies se criam ao mesmo tempo, com a diferença que o elemento masculino se torna caramujo e o feminino se torna mexilhão ou ostra.
26 – Nesta espécie de animais de concha se realiza novamente uma evolução milenar até a tartaruga, mas por agora não seguiremos adiante com o processo da evolução animal. Vamos, porém, nos dedicar à chamada “ostra”.
27 – Na evolução, a ostra se encontra no 990º degrau e se criou da unificação espiritual da madre pérola com o caramujo-pérola, já conhecido por vós. Aqui uniu-se uma dupla classe de vida: uma masculina com uma feminina.
28 – A vida feminina se encontra numa cápsula dupla (parte exterior áspera e dura; parte interior com uma linda cobertura suave e de brilho metálico, onde ela vegeta alegremente). Ela se alimenta de larvas de calor, das quais extrai o substrato alimentar. O resto da larva ela usa para aumentar sua casa da seguinte forma:
29 – Quando a ostra tiver sugado todo o alimento por meio de suas trompas sugadoras, ela fica com o substancial para alimentar-se. Daí pelo suor expele as larvas vazias e moles, que seguem por estas trompas para sua superfície, onde se grudam à casa e com o contato da água salgada se tornam duras e ásperas.
30 – Quando um destes “caramujos-pérolas” toma conhecimento desta ostra feminina, ele se arrasta em sua direção, se atraca à casca e começa a furar buracos na mesma, para chegar ao seu interior. Quando a ostra toma conhecimento deste gesto do caramujo, ela começa a deslocar as larvas inúteis para aqueles orifícios, para obstruí-los. O caramujo procura evitar isto com todas as suas forças, e ela injeta seu lixo nestes orifícios pelo suor, o que origina uma espécie de bola no interior do orifício. Esta bola se forma, pois, pelos excrementos da ostra e do caramujo, e nela podemos observar as feridas desta luta.
31 – Esta luta às vezes dura muitos anos. Após um certo tempo o caramujo abandona seu lugar e ataca a chamada boca da ostra, onde perfura a carne da mesma com um esporão. Com isto ele abre as portas para libertar a vida da ostra, que a abandona, se unifica a outras e cria uma espécie mais evoluída o chamado “caramujo nautilus”. Este alegremente constrói uma linda casa, toda enfeitada, tanto no interior como no exterior; casa esta em que, cheio de felicidade, levantaria uma bandeira colorida, especialmente em águas tormentosas.
32 – Esta é a criação natural da ostra e pode vos servir como uma figura exemplar de como, pela tenacidade e pelo esforço, uma vida cada vez mais bonita e melhor pode ser alcançada, como a unificação do bem e do verdadeiro que emana de Mim, que se pode transformar as tormentas da vida em algo prazeroso. Pois ao vencedor o sinal do poder é uma coroa, e Eu lhe outorgo uma calma visão de sua tenacidade; mas ao vencido estes troféus são verdadeiros tormentos.
33 – Por isto deveis cavar em vosso interior com o espinho da humildade e com isto abrir a porta para o espírito da vida que habita em vosso interior. E igual à pérola valiosa que representa a nobre luta e que permanece no interior da ostra morta, vossas obras, se tiverem se originado em Meu amor, permanecem como exemplo vivo para a posteridade. E nenhuma será pequena demais de modo a não encontrar um lugar no maravilhoso colar da vida, onde pérolas são vossas ações.
34 – Bem, este é novamente um pequeno Evangelho, o qual vos é pregado por uma ostra e, como em toda Criação, também nela se oculta um traço do Meu enorme e eterno Amor e Sabedoria.
35 – Sede, pois, alegres, que o dia novamente raiou entre vós. Ide, colhei óleos vivos das Minhas oliveiras vivas, para quando chegar a noite com suas trevas, possais ascender vossa lamparina e aguardar a chegada de um novo dia e a Mim, vosso Prometido, vossa Vida. Pois quando Eu chego, Eu não chego durante o dia, mas sim sempre à noite, e só entro nas casas onde vislumbro a suave luz de Meu Amor.
36 – Pois o amor é o verdadeiro óleo da vida. Quando colocardes este óleo em vossos corações, Eu o acenderei com Minha Misericórdia. E quando a noite de vossas almas for por ele iluminada, só então Eu, vosso Prometido, chegarei para tomar posse do que é Meu.
37 – Por isso, sede sempre ativos e aplicados! Eu, o eterno Amor e Sabedoria, vos falo! Amém.
Vossa posição em relação à igreja
Recebido por Jacob Lorber, em 20 de agosto de 1840
1 – Uma palavrinha para aqueles que acharam que na mensagem “o caminho para o renascimento” tivessem ouvido a voz de Satã e não a Minha (pela boa relação que aparentei ter com as igrejas, especialmente a romana), ou pelo menos que olham aquilo como uma obra fútil de poder. Eu dirijo estas linhas para eles.
2 – Eles duvidam da autenticidade de Minha Graça. Mas se Eu for considerado duvidoso, então posso duvidar muito de seu amor. Eles possuem a fé da razão, mas muito longe de seus corações está esta fé, e seu coração está totalmente vazio de fé. Em vez de tornar o coração receptivo pela razão e compreensão, eles enchem somente a razão, cada vez mais. Esta está parecendo uma bola bem cheia de tanta leitura. Esta bola está conectada ao coração por um barbante, que é a vontade. Este coração agora deseja se expandir e assimilar plenamente Meu Amor Misericordioso, especialmente quando Eu vos transmito algo bem humilhante e de forma bastante oculta, mas que, devido à cobertura, não consegue mais ultrapassar os poros da superfície.
3 – Mas este balão cheio de gases da razão começa a puxar o cordão (devido à sua leveza) da vontade e assim estrangular a entrada para a câmara espiritual do coração, e as dádivas não conseguem mais entrar nela. Qual a consequência? Nada mais do que dúvidas, pois a graça viva começa a se escorrer de um lado para o outro no cordão da vontade e não consegue entrar, nem na razão, nem no coração. Então Eu tenho que dar uma esvaziada na razão, para que o balão comece a cair. E assim o cordão ficará murcho e possibilitará ao coração estrangulado receber novamente ar.
4 – A situação organizada deve ser a seguinte: o coração é cada vez mais ampliado pela degeneração da razão que é absorvida pelo mesmo, então a razão é aquecida pelo amor e se expande no coração. Com isto o amor fica cada vez mais tenso, se inflama em seu santo calor espiritualizado, e a luz de sua chama suave ilumina carinhosamente a razão. Então os tesouros do céu brilham na razão, aumentam constantemente pelo calor da luz, e dela então se origina o bonito e amoroso entendimento entre o amor e a verdadeira fé; a sementinha da mostarda se transforma em árvore e nela os pássaros do céu veem morar; finalmente, Eu venho morar em seus galhos acolhedores.
5 – O que foi dito agora que te sirva de consolo, quando houver mais desavença no futuro. Parece que tu (Jacob Lorber) tens uma personalidade dupla, ou que Eu desejava utilizar qualquer instrumento de Satã para Minha Dádiva. O pouco que se segue que sirva para solucionar a mente dos duvidosos.
6 – Por ocaso é bonito quando os filhos abandonam sua velha mãe doente, e desejam a sua morte devido às suas muitas enfermidades? Eu vos digo: a igreja romana é uma prostituta, mas vós nascestes nela e sugaste o primeiro leite materno de seu peito. Ela foi a primeira a vos ensinar o Meu Nome, vos alimentou como uma mãe extremosa, vos proibiu usar alimentos que vos estragariam o apetite ou então fariam mal ao vosso estômago. Ela acordou em vós o apetite por alimentos fortalecedores que alimentassem a alma e o espírito e que por Minha Vontade nunca vos foram negados, e dela abusastes ao bel-prazer, e daqueles alimentos ainda abusais no seio dela.
7 – Como é possível que agora clameis como fizeram Jacó e João: “Deixai que chuvas de enxofre caiam sobre sua cabeça!”? Vede o caminho da evolução! Vós estais a vos enganar horrivelmente! Isto era o que pensavam os fundadores de seitas, mas eles também se enganaram e a consequência foi: separação de irmãos, guerra, tortura, matança de tudo quanto é jeito. Esta melhoria poderia ter sido abençoada? Ou é possível uma seita dizer: “Meu ensinamento não está manchado com o sangue de irmãos.” ?
8 – Vede, a romana é aquela mulher adúltera que deveria ser apedrejada até a morte; mas como lá, aqui Eu também digo: “Que atire a primeira pedra quem não tiver pecado”. Também é a mulher cananita que tem uma fé enorme e muito amor. Também é aquela que sangrou por doze anos e roubou a sua saúde de Mim ao tocar Meu manto, mas ela a merecia, pois tinha fé e muito amor. Também é igual à grande prostituta e arrependida pecadora Madalena, que cobriu Meus pés com óleos. Sob todos estes aspectos a igreja romana pode se apresentar.
9 – Ao contrário existem muitos “discípulos” que ficam cheios de ódio e rancor quando ouvem falar de “Minha Carne e Meu Sangue”. Eles acreditam no que querem e se contentam com as migalhas de pão que caem da mesa de seus senhores (que é Minha Palavra despedaçada). Querem provar, em seus loucos devaneios, que Eu não sou Quem sou. E se apesar de tudo, se ainda sobrar algo de Minha existência, Eu só poderei ser quando eles se dignarem a Me aceitar na sua “ideia”. Em verdade Eu falo: Se alguma seita estiver em pleno poder de Minha Doutrina e levar à Minha Doutrina total destruição (material e espiritual), então Eu até prefiro os turcos na sua cegueira honesta e severa, pois eles Me consideram ainda superior ao seu ídolo. A Mim, como Deus e Senhor, fazem sacrifícios e oferendas, mesmo que muitas vezes só para satisfazer o mundo, este sacrifício que para muitos é um manuseio de Minha salvação.
10 – Pois é assim a situação de Roma! Eu não tenho nenhum prazer no Vaticano nem na igreja de Pedro. Eu teria muito mais prazer em ver um asilo no seu lugar. Roma é uma cidade que se prostituiu com os reis do mundo; ela é uma prostituta e age como uma prostituta. Ela enfeita seu rosto caricato, veste seu corpo semiapodrecido com lindas vestimentas, para parecer ser uma bela virgem. Vede, tudo isto e milhares de coisas mais Me são bem conhecidas. Mas não são vós que dizeis: “Uma prostituta às vezes educa seus filhos melhor do que uma mãe orgulhosa, que acha que comeu toda Minha sabedoria com uma colherada.”? Pois Eu falo: Esta prostituta já criou muitos filhos bons e com isto ungiu Meus Pés em óleos. É por isto que Eu vou ajudá-la e reconhecê-la, para que se arrependa, pois ela pecou muito, mas também amou muito.
11 – Para vós, porém, Eu digo: Vós que nela nascestes e fostes batizados, por isto não deveis desejar destruição, mas sim a sua salvação. Eu vos dou o bálsamo e curo em vós o pecado original. Se viverdes de acordo com os mandamentos, a igreja vos respeitará e, no momento em que ouvir coisas milagrosas que acontecem em vosso meio, vos pedirá espontaneamente por este bálsamo que silenciosamente curará muitas de suas feridas. Mas se desejardes vos tornar rebeldes, poucas bênçãos cairão sobre vossos irmãos.
12 – Vivei como Eu vos mostrei e jamais tereis problemas por Minha causa, pois Eu vos protegerei, e Minha Obra aparecerá à luz do dia sem nenhum impedimento e será como um enorme magneto que atrairá tudo para si. Mas vós não deveis enfraquecê-lo com vossa desobediência e dúvidas.
13 – No momento que perguntardes: como pode me existir noventa e nove bênçãos nisto? Então Eu vos falo: nos céus os anjos se alegrarão noventa e nove vezes mais por um pecador arrependido do que por noventa e nove justos pela Minha Palavra Plena. Pois Eu vos digo: em verdade, Lutero, Calvino, Melanton e outros não pesam uma grama mais do que um João da Cruz, um João de Deus, um Francisco, um Tomás de Kempen, um Taulero, uma Teresa e muitos, muitos outros, pois em sua fé a justiça e a divindade da fé, primavam com a íntima ligação de amor dos místicos. Podemos comparar a discussão dogmática de Lutero e Zuvigli, em Margurgo, sobre a Santa ceia.
14 – Sim, os chamados protestantes poderiam ter aprendido muito. Mesmo Swedenborg aprendeu muito em Roma, o que lhe permitiu que se lhe abrissem amplamente as portas para sua intimidade, pois ele era alguém que sabia extrair a quinta essência de tudo e disto colhia muitas coisas úteis.
15 – O sábio vai ao quartinho de despejos e lá encontra muitos tesouros cobertos pela poeira das cerimônias. Ao afastar a poeira, toma o ouro puro e coloca em seu cofre. Fazei o mesmo vós também! Pois está escrito: “Deixai os pequeninos virem a Mim, não os afasteis, pois deles é o Reino do Céu!” E aquele que não se tornar igual a eles, não chegará tão depressa a Meu Reino, só quando for como eles, que não questionam, mas que creem inocentemente em tudo que seus pais dizem e agem de acordo, e mesmo que ultrapassem os conhecimentos dos pais, pela Minha Misericórdia ainda honram suas palavras, mesmo que não as necessitem.
16 – Noé falhou quando se embriagou, mas ele amaldiçoou o filho que riu dele. E aos outros dois que amorosos cobriram sua nudez, ele abençoou. O mesmo (como os dois filhos melhores de Noé) fazei vós também, se desejardes ser abençoados noventa e nove vezes. Isto, falo Eu, o Eterno Amor e Sabedoria. Amém. Amém. Amém.
A razão da Nova Revelação
Recebido por Jacob Lorber, em 21 de agosto de 1840
1 – Com respeito à razão desta revelação, é que desejo mostrar ao vosso extremamente versado conhecimento material como é tolo o esforço de querer pesquisar estas coisas espirituais e desejar uni-las ao reino das coisas explicáveis, pois estas ficarão eternamente longe do mesmo, devido a sua profundidade, grandeza e divindade. Pois estas revelações só são colocadas nos corações cheios de fé dos inocentes e, para grande vergonha da ciência mundana, também é dada à criancinha no berço.
2 – Em segundo lugar, é para mostrar-vos e a todo o mundo os verdadeiros caminhos de Meu Amor Misericordioso, quais caminhos ele toma para instituir a salvação eterna de todos os seres e como, quando e por que tudo isto acontece. Para acabar com todos os questionadores do mundo e para que tudo seja visto na sua verdade original. Como um bom construtor bem sabe para que este ou aquele objeto ou material serve, só Eu posso saber o porquê, por que isto, por que aquilo acontece, como e quando foi originado e por quê.
3 – Aquele que pesquisa e medita sem a Minha Bênção, este sempre falhará. Mas aquele que vier a Mim, aprender Comigo no seu coração, este tudo tem na grandeza da verdade, da qual não se muda nem uma vírgula jamais.
4 – Em terceiro, é para que a enorme maldade das pessoas de todo tipo de classe e posição seja posta à vista com toda a claridade; como estas pessoas, pela sua maldade cega, conseguem atrair tudo o que é bom, mais puro e divino a sua pocilga e transformam tudo horrivelmente, para buscar seus objetivos.
5 – Para ser bem claro, tudo deve ser exposto ao mundo, para que cada um saiba qual a sua situação. Sim, o centro oculto da Terra será exposto ao mundo, como é exposto o alimento que servimos aos nossos hóspedes. E nenhum sol deverá se encontrar afastado demais, que não possa ser observado em todas as suas partes pelo olho microscópico da fé viva e inocente da ingenuidade, mesmo que sua circunferência fosse maior que o maior pensamento que jamais conseguireis imaginar. E não deverá haver nada tão pequenino que não possa ser visto pela luz de Meu Sol Misericordioso. Sim, de pequenos pontos farei planetas transparentes, e o sol central será decomposto em pequeninos pontos, para que o mundo veja que, no fim, Eu estou em tudo.
6 – Se com isto o mundo chegar à conclusão que sem Mim não se pode esperar a Salvação, só então a paz renovará na Terra, cada um terá a sua posição assegurada tanto no mundo temporal como na eternidade, por puro Amor por Mim. Só então o imperador será verdadeiramente um imperador, nomeado e imposto pelos Meus Olhos; o rei será o rei; o príncipe, príncipe, sem nenhuma destas malditas constituições, a não ser a constituição do Amor por Mim e da Bênção que a todos cobre com seus fluídos. E o lobo será o enfermeiro do cordeiro.
7 – Com isto Eu desejo aplainar tudo, para que não existam mais “quedas d’água” ou “desabamentos”, mas sim somente o mar de Meu Amor e os rios de Minha Bênção.
8 – Vede, tudo isto deve acontecer, para que a verdadeira igreja das pessoas seja purificada, e sua vitória brilhe mais que a luz de todos os sóis, onde então haverá “um pastor e um rebanho”, cujas ovelhas ouvirão continuamente Minha Voz até o fim dos tempos. Então toda matéria será destruída no fogo de Meu Amor Divino, ou no fogo da Minha Ira, se deixarem apodrecer as Minhas Palavras de Advertência.
9 – Vede, agora chegou “o tempo dos pequenos tempos” (em contraste com “o grande tempo dos tempos”, quando o Senhor se tornou homem). Quem o observar com atenção, a este serão dadas coisas incríveis pela eternidade. Mas aquele que se escandalizar e começar a questionar a Minha lealdade, a este o “pequeno tempo” logo acabará e a magnitude da ira eterna o capturará. Bem, ou é assim, ou é assado. Se alguém quiser, que o faça. Nós, porém, sempre estaremos juntos. Amém. Isto, falo Eu, o eterno Amor e Sabedoria. Amém. Amém. Amém.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
A constituição interna da pomba e outras aves
(continuação da mensagem de 16/08/1840)
Recebido por Jacob Lorber, em 23 de agosto de 1840
1 – A respeito da constituição interna da pomba e seu voo, ambos são idênticos aos outros habitantes do ar.
2 – Seu exterior é coberto de penugem e vários tipos de penas. Seu interior consiste num coração semelhante ao dos humanos, num estômago bem peculiar, nos intestinos, pulmões e num fígado bastante grande. Estes órgãos são recobertos em sua parte superior e metade da parte inferior por membros bem suaves e leves, como são necessários, e no resto da parte inferior por uma pele suave.
3 – Pela sua constituição natural, o coração tem as mesmas funções do coração humano e de todos animais de sangue quente, e o mesmo acontece com o pulmão. Mas em relação ao estômago e fígado, estes são completamente diversos dos humanos e dos animais de sangue quente.
4 – A massa de carne das aves consta de filamentos leves, embranquecidos, que se entrelaçam com um tecido nervoso leve; por isto ela tem a capacidade de se estender ou encolher de maneira extraordinária, muito mais que a carne dos outros animais.
5 – Sobre o corpo dos pássaros, geralmente sobre um pescoço bem longo, há uma cabeça pequena, mas que possui sentidos extremamente aguçados. Uma águia vê, como quase todos os outros pássaros, muito melhor do que vós enxergaríeis com um telescópio potente. Sua audição é bem mais aguçada que a vossa, e seu olfato bate de longe o de um cão farejador. A águia consegue detectar uma carcaça durante o vôo, também sabe exatamente de onde vem o odor e voa exatamente na direção certa. Seu paladar é tão forte, que ela sobe e descobre nas rochas as raízes o sal de que necessita.
6 – Os seus órgãos de sentido são muito excitados, a um grau bem elevado; e o mesmo acontece com o seu cérebro, que além de bem excitado é muito ativo. Nele existe bem mais inteligência, do que em todos os outros animais, mesmo o enorme elefante. Esta é a razão por que algumas espécies de pássaros retêm ordens na memória e às vezes frases inteiras que os humanos lhes ensinam, coisa que nenhum outro animal consegue fazer, por mais domesticado e adestrado que seja. Disto pode-se concluir que esta espécie animal vos está mais próxima que qualquer outra que se locomove com pés e com dificuldade sobre o solo, assim como vós.
7 – Tudo isto acontece, porque um pássaro, devido a seu interior, consegue assimilar as impressões do mundo exterior com uma capacidade extremamente elevada; e com seu cérebro extremamente ativo, consegue fazer uma abstração já bastante organizada das impressões que o exterior lhe transmite. Esta é a razão por que a voz natural de vários pássaros já é bem articulada.
8 – Agora a pergunta: Como acontece a reprodução das aves? A resposta se encontra na sua procriação e nos ovos.
9 – Por Minha Vontade, a fêmea tem a capacidade, por intermédio de sua inteligência interna instintiva e inconsciente, de se autorreproduzir no chamado ovário, no qual existem pequenas bolhas. E isto acontece da seguinte maneira:
10 – Saem de seu coração uns filamentos muito finos, pelos quais é transportado um líquido branco. A partir do local de onde partem, forma-se um tecido (com base no líquido branco expelido) que parece uma rede. Quando este tecido adquiriu sua forma prevista, que parece uma quantidade de pequenos funis, uns grudados aos outros, então tal tecido é amarrado à espinha dorsal pelos filamentos. Estes então se soltam do corpo do tecido e direcionam suas extremidades livres para o interior dos pequenos funis.
11 – Após isto e do mesmo modo, partem vasos do estômago, os quais passam pelo fígado e são levados às bocas dos pequenos funis. Finalmente, quando todos estes vasos forem um pouco alargados pelo coração, então de cada um destes vasos cresce mais um vaso, o qual também direciona sua extremidade aberta para estes pequenos funis. Quando todo este aparato estiver completo e bem desenvolvido (o tempo que isto demora depende das leis da natureza e do tamanho da ave) então dos sucos do estômago é colocada uma gotinha muito resistente, com as extremidades dos dois tipos de vaso bem no seu centro.
12 – Após acontecer isto, sucos aquosos brancos que se originam no coração começam a fluir através do exterior daquele órgão, isolam a gotinha originária do estômago e a enchem até que adquira o tamanho de uma avelã ou de uma maçã (depende do tamanho do pássaro). Então outros sucos que vêm diretamente do sangue começam a penetrar nestas bolas e formam a assim chamada gema.
13 – Enquanto isto, originando-se no canal do intestino, desenvolvem-se certos filamentos muito finos e que de um certo modo preferem este novo fruto branco.
14 – A fêmea tem dois canais de deságue, um para os excrementos e outro para a saída do ovo. Mas este último canal se une com o de excrementos um pouco antes da sua extremidade aberta, por meio dos já anunciados filamentos originados no intestino. Forma-se então um cano que se divide no ovário em tantos braços quanto for o número de funis.
15 – Por este cano é levado ao centro da gema, no momento do acasalamento, um tecido elétrico-espiritual. Esta substância é a que Eu já denominei como uma substância anímica natural, que se encontra na união da vida animal, tanto na água como também na terra.
16 – Após isto ter acontecido, então o tecido que vem do coração envolve este novo hóspede da vida, que tem a forma de um minúsculo pássaro nu e que se expande por todo o ovo, e assim abre o caminho para a alimentação.
17 – Depois, pedrinhas originárias do estomago formam uma massa calcária, a qual, pelo calor do interior do ovo, endurece e forma a casca do ovo. Agora o ovo está pronto para sair.
18 – Isto também pode acontecer sem o acasalamento, mas aí não existe vida. Os ovos acasalados são aquecidos pelo calor da mãe que os chocam (o tempo também depende de cada tipo de ave); e após o término desta incubação, quando o embrião comeu todos os nutrientes que existem no interior do ovo, o embrião rompe a casca e chega ao mundo exterior como uma ave perfeita, que por um curto período deve ser cuidada e alimentada pelos pais, para logo ser capaz de fazer tudo que seus pais fazem. Esta é, pois, a história da formação de um pássaro.
19 – Como já mencionamos o estômago de um pássaro, sabei que o mesmo é composto de grossas placas musculosas.
20 – Este estômago não é um órgão que serve de dispensa de órgão digestivo, como são nos animais terrestres. Para a dispensa se presta o papo ou um pré-estômago nos animais de rapina. O estômago propriamente dito só se ocupa da digestão, que acontece da seguinte maneira nas aves que comem grãos:
21 – O estômago sempre tem uma pequena quantidade de pedrinhas no seu interior. Ele então se abre e retira uma quantidade de alimentos do papo. Quando este alimento estiver entre suas placas, estas começam a se esfregar umas nas outras, como esfregamos nossas mãos. O alimento então é moído com a ajuda das pedrinhas, as quais também são desgastadas. Nesta atividade origina-se calor, que destrói quimicamente os pedacinhos que se soltam das pedrinhas. O calcário é levado para a formação da casca. O mitral, porém, serve como alimento e para conservação e fortificação das placas do estômago, e o resto é expelido com os excrementos.
22 – Pergunta-se: Para que este alimento mineral dos pássaros? Em primeiro lugar, para o que foi para dito acima (casca). Além disto, o alimento mineral se comporta como um arco voltaico na digestão, para a liberação dos mais finos gases de hidrogênio, o qual também pode ser conseguido na ingestão de água ou derivado de um processo químico da respiração.
23 – O hidrogênio se amalgama com os minerais das pedras e também com elementos pesados de gases e líquidos; ele será desagregado por filtros orgânicos extremamente finos. O gás puro vai para os canos e dos canos às penas, que já foram criadas por elementos que vêm do sangue. Nestes canos encontra-se, pois, a “alma”, a “mãe das penas”, composta de milhares de pequenas bolhas.
24 – Quando o pássaro quer voar, ele enche estas bolhas com os gases (como também outros órgãos de seu corpo) e assim fica mais leve que o ar; estende suas asas se eleva no ar, tomando a direção com sua cauda. Ele precisa das asas para voar só no começo, mas durante o voo fica cada vez mais leve e só precisa delas para se movimentar, não mais para se elevar.
25 – Se ele desejar retornar ao solo, ele solta o gás e enche o cano da pena com ar. Este é o segredo do voo da ave.
26 – Ainda temos seu pulmão e seu fígado para olhar. O pulmão é de tal modo construído, que é muito mais elástico que os de todos os outros animais. Uma ave pode inalar cem vezes mais ar do que um ser humano.
27 – Com o ar acontece um processo similar ao da água no estômago. O gás que ele produz entra nos ossos ocos. Oxigênio se une ao sangue para a formação dos nervos, músculos, tendões e ossos. O hidrogênio é expulso pela respiração e pode servir como base para a formação da voz do pássaro.
28 – O fígado é nos pássaros idêntico ao tecido que existe debaixo da bexiga do peixe. Ela é composta de uma variedade de pequenas bolhas em forma de pirâmides que são conectadas umas às outras por filamentos muito suaves e cartilaginosos. Estão células piramidais ou bolhas têm a qualidade de serem quais garrafinhas elétricas. Aspiram o fluído magnético elétrico que se forma da fricção das placas do estômago e parecem umas baterias elétricas. Este fluido é usado para a produção do gás por vós já conhecido, que o pássaro usa para voar.
29 – Com respeito ao gás carbônico produzido por este processo, ele se concentra na bílis e é absorvido novamente pelo estômago quando necessário digerir algo muito pesado, o que acontece principalmente na pomba.
30 – Bem, agora temos todo o processo natural de uma ave, desde sua procriação até seu amadurecimento. Só nos falta explicar as diversas colorações de sua pena e o seu voo veloz.
31 – A diferente coloração das penas é às vezes causada pelos diferentes tipos de alimentos, ou também devido a Minha Vontade, para indicar uma maior ou menor mansidão e para vos dar uma indicação de quais os animais podem se tornar vossos “amigos”.
32 – Com respeito à velocidade do vôo, esta depende da maior quantidade do elétrico-magnético da ave. Este é facilmente detectável na velocidade que cada pássaro apresenta.
33 – Agora já sabeis tudo o que é necessário para satisfazer vossa esfera naturalista. Mas quanto aos outros assuntos, estes ainda se encontram muito longe do que vossa razão obtusa pode entender. Dai tempo ao tempo. Primeiro a semente, logo o broto, a seguir a planta, as raízes, o tronco, as folhas, flores e finalmente o fruto maduro de vosso espírito, que se desenvolveu pelo calor do amor de Meu Sol Misericordioso em vossos corações. Amém.
34 – Eu, o mestre de todas as coisas, cheio de Amor e Sabedoria. Amém. Amém.
Preocupações pelo irmão
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de agosto de 1840
De uma carta de Jacob Lorber a seu irmão Michael.
1 – Querido irmão, tem certeza que eu sempre te abençoo e oro por ti a meu e a teu Deus, que agora se tornou meu melhor e mais querido amigo e que te manda a seguinte mensagem:
2 – Tu deves estar sempre em sintonia com teu amor e justiça. E por amor a Ele, deves evitar ao máximo fazer sexo, se este só for para satisfazer teus desejos. Dentro em pouco possuirás um espírito tão ativo e aguçado, que o centro da Terra será como um livro aberto ante teus olhos.
3 – Pois o Senhor fala: “Dize-lhe que Eu sou um verdadeiro Deus a todos aqueles que Me amam e que seguem Meus Mandamentos! Quem se purifica em Meu Amor, este jamais verá a morte, mesmo que seu corpo morra mil vezes. Pois em verdade vos digo, não existe vida em lugar algum do que em Mim. E agora a grande época das épocas já está bem próxima. Mas aquele que Me amar, Eu chegarei junto a ele e permitirei que usufrua a força de Meu Amor e o enorme poder de Minha Misericórdia”.
4 – Querido irmão não aches que estas palavras são invenção minha, não. Elas vêm do Céu mais alto e por isto observa-as bem em teu coração. Nelas existem, ocultos e infinitos, meus amados irmãos.
Jacob Lorber
teógrafo (servo escritor de Deus).
Da montanha “Strassenengel”, perto de Graz
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de agosto de 1840
“Strassenengel” significa anjo da estrada. É uma montanha nas imediações de Graz, cidade onde Lorber morou muitos anos e onde recebeu a maior parte da Nova Revelação.
1 – Por mais desorganizada e inoportuna que uma paisagem possa parecer aos vossos olhos, lembrai-vos que nenhuma partícula de poeira se acomoda ou então se move sem consentimento de Meu eterno Amor e Sabedoria.
2 – Vede, esta montanha na qual vos encontrais neste momento está circundada de uma série de montanhas, umas mais altas, outras mais baixas, em uma desordem total. Se perguntardes a vossos pesquisadores da natureza: “Por que acontece isto?”, eles não conseguirão vos dar outra resposta que aquela que já se encontra em vossas mentes: “Isto tudo acontece pela falta de jeito como a natureza atua; as montanhas foram por ela criada e ao longo do tempo serão modificadas pela mesma de forma bem acidental”. E outros ainda dirão: “Este tipo de montanha foi feito pelo fogo e por aquelas outras pelas forças originadas do choque dos ventos que vêm do sul contra os que vêm do norte”.
3 – Mas o que aconteceria se Eu abrisse um destes morros ao meio e o partisse seguidamente em duas partes, até ficar totalmente plano? E se fizesse cortes em diversas direções, desde seu vértice? Os sábios, com sua teoria de alusões, caminhariam por estes vales a observar as entranhas da montanha, o que destruiria totalmente sua teoria da origem da mesma, pois entre camadas de argila e areia existem toneladas de rochas concretas, e logo a seguir outra camada de pedregulhos, cal, carvão mineral; existem também outros lugares com animais fossilizados, tanto animais terrestres como animais dos mares, e ainda sítios com ferramentas nas quais se descobre a mão humana na sua feitura.
4 – O que vos diriam os sábios naturalistas? Eu acho que dariam de ombros e não conseguiríeis obter nenhuma explicação dos mesmos. Justamente esta montanha onde estais é um conglomerado como vos apresentei. E é por isto que deveis entender por que e como este morro foi criado e, além disso, ainda será acrescentada uma pequena história a respeito.
5 – De revelações anteriores, especialmente do reino animal, já sabeis de onde, como e por que isto é criado e por que existe. Mas em vosso conhecimento ainda existe uma pequena falha, e é esta que irei esclarecer.
6 – Vós bem sabeis que a matéria não é nada mais que a grande humilhação para os espíritos e que a água é uma corrente seguida de bênção de Meu Amor Misericordioso. Vós sabeis que a luz do Sol se origina na Minha Misericórdia e o seu calor no Meu Amor.
7 – Vede, pois, em locais onde existe muita água (quanto mais água, tanto mais misericórdia) é que Eu enxergo um grande amadurecimento da matéria humilhada. Eu então permito que uma torrente bem grande da Vida que se origina em Mim flua sobre esta matéria. Isto é reconhecido pelos espíritos das águas, espíritos bons e livres; e eles se enchem de alegria que inunda toda a sua vida comunitária. Então eles voltam de suas comunidades e começam a brincar livremente com as águas, e assim elas frequentemente são agitadas em grandes extensões.
8 – Quanto mais esta torrente da Vida que vem do alto se aproxima, tanto mais as marés se elevam alegremente. Da mesma maneira que acontece nos homens, esta grande alegria se expressa num movimento circular (não estou falando de vosso bailar em festas, mas do que fez David na frente da arca). Estes espíritos também se unificam na água, colocam a mesma em movimentos circulares rápidos e, quando descobrem que a Vida se apresenta na forma de uma nuvem que estendeu seu braço, então os alegres espíritos duplicam, em seu entusiasmo, os seus movimentos circulares e se elevam até encontrar os Meus Braços misericordiosos.
9 – Este tipo de movimento é detectado por miríades de espíritos, mesmo as bem afastadas, que velozmente correm a unir-se à coluna principal. Ao mesmo tempo isto também acontece na terra firme, e muitas vezes estes espíritos da natureza viajam velozmente de distâncias bastante grandes, para unirem-se à coluna principal. Nesta viagem carregam tudo, tudo é arrastado pela frente: árvores, casas, animais, etc.; tudo, no seu alegre devaneio, é arrastado sem nenhuma consideração.
10 – Então estas aparições que acontecem na terra firme apresentam dois elementos de diferente caráter. Existem aqueles que são bem modestos na sua agitação. Estes acabam se tornando a chamada tromba, rajada ou redemoinho. Os outros são mais selvagens na sua alegria. Estes se inflamam na sua agitação e se tornam os conhecidos “jogos fátuos”.
11 – Bem, quando estes turbilhões se unem junto a tudo o que arrastaram consigo nas suas andanças, numa velocidade impossível de ser concebida pelo homem, estes movimentos circulares soltam a matéria em grandes proporções, e esta matéria pode ser areia, pedra, animais aquáticos, animais terrestres. Eles organizam e amontoam tudo bem no local onde acontece a maior salvação e formam um morro, como é o caso desta montanha.
12 – Aqui tendes a explicação do como; ao entenderdes, o porquê não vos será difícil captar.
13 – Pois um dos porquês já foi explicado no contexto e vos será bem claro, se olhardes o que foi dito sobre a criação da árvore, se olhardes bem a madeira da mesma, onde as maldades destes espíritos são mantidas em novas prisões. A mesma coisa acontece numa tão grandiosa libertação, pois onde for oferecido um banquete, lá sempre haverá “penetras”, ou outros que ainda não colocaram a roupa festiva e ainda não estão maduros para a Vida. Estes devem retornar às provações de humildade que vos são conhecidas e também às trevas da periferia.
14 – Mas também devemos corrigir uma ideia errada que existe entre vós. Não deveis pensar que a matéria visível, tal como pedras, terra, plantas, árvores e similares, sejam os próprios espíritos. Não, tudo isto não é nada mais que o cárcere para os mesmos, o qual contém o cordão da Minha Vida que existe neles. E só na extensão que a Minha Vontade permitir, lhes será aberta uma portinha, para que consigam se libertar aos poucos da morte, por intermédio da inteligência espiritual que existe em cada um. Mas a respeito do que a matéria de fato é, Eu vos digo que ela não é nada mais que Minha Ira suavizada pelo Meu Amor Misericordioso .
15 – O porquê desta matéria se expressar desta maneira às vezes, vos será explicado quando fordes visitar esta montanha ( a mensagem foi dada no dia 30/09/1840). O mais importante, porém, será a explicação do centro da Terra ( ver “A Terra e a Lua”, de Jacob Lorber) e também do que ela é formada. Bem, agora vamos falar um pouco sobre a história desta montanha.
História da montanha “Strassenengel”
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de agosto de 1840
1 – No ano 1263, entre os habitantes desta região havia muita violência, assaltos, assassinatos e luxúria. Assim, foi necessário enviar para cá o anjo da morte com sua tocha preta de ira, para destruir e queimar os malfeitores dentre estas pessoas.
2 – Isto era o que se chamava a “morte preta”, que não só acontecia aqui mas também em muitos lugares dispersos na Europa.
3 – Aqui, porém, morava uma família de camponeses que Me era muito cara, e sua casa estava no sopé deste morro. Ao dono da casa Eu dei, devido a sua fé, o poder da visão.
4 – Num dia bem abafado de verão, juntaram-se no céu imensas nuvens de tormenta, e logo elas se esvaziaram bem sobre este morro, acompanhadas de milhares de raios e trovões horrorosos.
5 – O camponês viu nesta tormenta algo de diferente do que vossos pesquisadores da natureza atuais conseguem observar, e falou a seu povo crente:
6 – “Queridos filhos, nada temais! O Senhor, mesmo em Sua ira, não esquece daqueles que O amam de todo coração, de todos os sentidos e com toda sua alma. Pesada é a mão direita do eterno Criador, que se deita justiceira sobre essa nossa região, mas Sua mão esquerda está sobre a cabeça dos Seus filhos, abençoando-os e protegendo-os. Tende certeza que o mesmo anjo que Ele envia ao mundo como flagelo, para nós ele virá como o Salvador”.
7 – Quando o camponês disse a sua família estas palavras tão agradáveis aos Meus ouvidos, ele ouve alguém gritar por ajuda na estrada castigada por raios, trovões, chuva forte e granizo. Depressa sai do quarto em que estava, pega um galho de pinheiro como bengala e corre ao encontro do desesperado. Encontra um homem caído semimorto na estrada, o coloca sobre seus ombros, o leva até sua casa e dele cuida durante toda à noite.
8 – No dia seguinte, o estranho fala ao camponês: “Segue-me para cima do morro”. E o camponês o seguiu com seu galho. O estranho então lhe disse: “Enterre o galho na terra”. O camponês assim o fez e milagrosamente o galho tornou-se uma verdejante árvore.
9 – Ao que o estranho falou: “Que isto te seja o sinal de Minha missão e de tua fidelidade”. Pois eu, um mensageiro do Senhor para a Terra, venho destruir estes humanos teimosos. Mas já que tu tomaste do galho, correste em minha ajuda e salvaste, na tua simples inocência, a vida de uma pessoa, vê, eu tomo a metade de tua amizade, e com ela minha ira será bem suavizada.
10 – O anjo então quebrou a árvore ao meio e disse ao camponês: “Vê, esta será a tocha negra da morte, na qual milhares de pessoas perderão sua vida, tanto a material como também a eterna”. Enquanto eu agir, estarei te protegendo de acordo com a Vontade do Senhor, e não deves temer nada. Durante o dia tu deves ir a diferentes localidades e dizer aos que desejam livrar-se da morte que devem se refugiar neste morro, nesta a árvore que plantamos, e devem praticar penitência e jejuar durante três dias e três noites. Depois cada um deve tomar de um raminho da árvore, o qual lhe servirá de sinal e o protegerá de Minha Ira.
11 – Esta é, pois, a história original. O camponês foi chamado pelos muitos que se salvaram graças a ele de “o anjo na estrada”, mas ele não o queria e deu a Mim este nome, pois era muito religioso e humilde. O nome dele mudou para “o anjo da morte”.
12 – Por esta razão os descendentes, em profundo respeito e amor, plantaram Meu retrato nesta árvore quebrada e mais tarde construíram uma igreja.
13 – Com respeito à religiosidade deste local, podeis encontrar informações nas crônicas do lugar, pois só tem valor histórico, nada de valor moral.
14 – Observai, pois, bem o galho do camponês, que ainda pode ser visto no interior da igreja, e sede sempre plenos de amor e humildade; assim podereis ter certeza de sempre Me encontrar, a Mim, “o anjo salvador da estrada”. Amém.
Eu, o eterno Amor e Sabedoria. Amém. Amém. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Cura de doenças
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de agosto de 1840
Para um irmão que deseja saber sobre um pobre doente, se é possível ajuda-lo ou não.
1 – A pergunta se origina em um coração puro, mas que ao mesmo tempo é um coração fraco, pois ainda não reconhece que Eu sempre posso ajudar, se o homem estiver procurando a vida eterna.
2 – Eu ainda ajudo com mais rapidez, se vejo que Me é apresentada uma confiança forte e total de uma pessoa piedosa e se ela estiver pedindo pela ajuda. Mas em primeiro lugar fazei vossa obrigação, que Eu farei a Minha a contento. E que assim seja o certo para a vida eterna.
3 – O corpo daquela pessoa é torturado por um mal triplo: primeiro é uma lepra nervosa interna ou escrófula oculta, em segundo é gota e em terceiro é um tipo de gripe que se acomodou no seu peito. Se um mal melhora, o outro fica mais agressivo. Aqui se deveria servir a três senhores, o que é muito difícil, quase que impossível. Não fossem os banhos que estão sendo ministrados, uma cataplasma comum com leite, pão de trigo fresco e água teria sido melhor, e à noite, um chá de tília com mel. Mas agora de pouco servirá, ainda que mal não faça.
4 – Nestes casos é muito complicado ajudar, já que os doentes só confiam nos médicos e não em Mim. Assim que fizerdes vós a vossa obrigação, Eu farei a Minha, ou aqui ou em Meu Reino, pois Eu sou sempre o Senhor da vida e da morte. Amém.
Prólogo para “A mosca”
Recebido por Jacob Lorber, em 03 de setembro de 1840 – à tarde
1 – É bom usar os olhos internos e observar as Minhas criações, vendo lá Meu Amor e Sabedoria; pois sempre há algo infinito em tudo e, por isto, digno de receber uma olhada espiritual, pois tudo aquilo que abriga algo do infinito é um átomo Meu, no qual atua um Ser Eterno.
2 – Já que Eu permito que uma pequena mosca vos cante uma cançãozinha, ela não faz parte dos excluídos. Pois como até os átomos da luz e as mônadas do éter são conhecidas por Mim, um a um, em toda a eternidade, como não o seria uma mosca, para cuja constituição são necessários mais de bilhões de átomos.
3 – Deixa, pois, a mosca zumbir um pouquinho.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
A mosca
Recebido por Jacob Lorber, em 03 de setembro de 1840 – à tarde
A mosca zumbe alegremente
Uma canção bonita em Meu louvor.
Ela zumbe alegre e cheia de amor
E rodopia no mar do amor por um impulso interno
E fala direitinho palavras de salvação
E vos anuncia e mostra os caminhos da humildade.
Vede como este bichinho rodopia alegremente.
E como se entrega livremente a este impulso interno.
Agradeçamos as orientações que Eu lhe dei,
E ela jamais, como vós fizestes, irá desejar o proibido.
Eu vos digo: não em vão ela foi colocada tão próxima a vós,
E mesmo que seja meio pequena, ela foi escolhida por Mim.
Um par de asas tenras, feitas o éter, Eu lhe dei,
Para que ela pudesse se elevar nos ares com facilidade
E rodopiar em vôo alegre nos raios do sol
E sugar a luz com os olhinhos cheios de delícia
E levar a mesma (a luz) para a vida dos elementos mortos
E testemunhar à dureza, Minha doçura vivificadora.
Sabiamente lhe dei seis pés bem leves,
E para que conseguisse sentir a doçura da vida,
Eu lhe dei um tromba sugadora.
Vede o que Eu vos disse agora; observai como uma chave e em vossos corações e meditai sobre a mosca. Eu vos digo: a mosca, a mosca canta canções de vitória para vós.
Que isto seja uma pequena lição de casa (para meditar), que deveis elaborar em momentos a Mim dedicados.
Este tema pequeno e insignificante Eu vos dei para que vossa humildade seja bem alimentada. Mais tarde este bichinho vos dará Meu testemunho sobre assuntos da natureza bem melhor explicados ( Em março 1842, o Senhor revelou a Jacó Lorber a mensagem “A mosca”, livrinho já traduzido por Yolanda Linau ).
Eu, que conheço tudo e todos. Amém
A grandiosidade da Criação e do Amor de Deus
Recebido por Jacob Lorber, em 09 de setembro de 1840 – à tarde
1 – Quando observardes a grandeza da Terra e de vosso Sol com os olhos espirituais, podereis ter uma ideia do quanto Eu tenho que Me preocupar e o quanto Eu tenho que cuidar, por Amor. Pois tanto o menor quanto o maior, como consequência, dependem da poderosa e divina Ordem, pois a conservação de todo o universo depende da conservação do menor dos átomos. Sim, Eu vos digo, se alguém fosse capaz de destruir uma única mônada, toda a criação logo seria destruída.
2 – Porém isto só seria possível a Deus, se Ele não possuísse o Amor. Mas na plenitude do Amor, nem Eu posso ir contra a Minha Ordem Divina, sem e afastado da qual Eu não poderia ter criado absolutamente nada, e nem em um infinitésimo de segundo poderia ter perdurado.
3 – Eu vos digo, num globo de espectro solar central há bilhões de sóis. Meditai um pouco sobre este campo enorme da morte. Sabeis ainda pouco sobre o campo enorme da morte. Sabei ainda mais: no Meu espaço, entre um globo e outro, bilhões de globos teriam lugar. Considerai ainda mais: que um bilhão de bilhões de globos compõe um Universo de Criação, e que Minhas criações continuam a acontecer, e que todo o infinito de Criações assim constituídas são nada mais que uma gota de orvalho pousada na Minha Mão, e que destas gotas existem inumeráveis; aí tereis uma pequena idéia do quão grande Eu sou, quão grande é Minha Preocupação e quão grande é Meu Amor, o qual mantém tudo isto como um pontinho minúsculo, o qual sopra vida em tudo e em todos de acordo com sua necessidade para existir.
4 – Vede, pois, que Eu sou um Pai bastante grande e que possui muito. E Meus queridos filhos não deverão sentir falta de nada, nem do mínimo. Mas atenção: isto vale para aqueles que Me amam, pois Minha Casa tem muitas moradas! Amém.
Eu digo isto, vosso Grande e Santo Pai!
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Do fogo do sal do amor
Recebido por Jacob Lorber, em 12 de setembro de 1840 – à tarde
Marcos 9.49.50: Porque todo homem será salgado pelo fogo. O sal é uma boa coisa, mas se ele se tornar insípido, com o que lhe restauras o sabor? Tende o sal em vós, e vivei em paz com os outros.
1 – Em primeiro lugar escreve a seguinte afirmação: “Senhor, nós todos não sabemos nada, e nosso coração é mais obtuso que uma pedra, pois nós o endurecemos com nossa ilimitada torpeza e maldade ímpar, e sem Tua Misericórdia não o conseguimos abrandar ou amolecer. Sê, pois, Tu, bem amado Senhor Jesus, nosso único refúgio em todas as ocasiões e abranda nosso coração endurecido qual pedra com o fogo do sal de Teu infinito Amor, para que nós possamos Te Amar, a Ti, eterna Bondade, cada vez mais, por toda a eternidade. Amém”.
2 – Bem, agora escreve a explicação.
3 – Quão fraco é o vosso amor, pois não consegues entender o que é o sal e muito menos o que é o fogo do sol.
4 – Aquele que achar que o sal é a sabedoria, este ainda é muito ignorante. Não aprendestes o seguinte: “O oxigênio é o ar da vida na atmosfera.” ? E se este não existir em algum lugar, vós bem sabeis que a chama da tocha se apaga e que o fogo não se expande no ar rarefeito. Vós dizeis que se a lenha não está bem seca, ela não absorveu bastante oxigênio e por isto não queimará facilmente e não produzirá chamas; também sabeis que no oxigênio puro até o ferro se queima com faíscas; sim, até sabeis que o fósforo é um ácido e que possui uma chama esverdeada e branca. Vede, tudo isto vós sabeis! Mas não sabeis nada, nem o que é o fogo do sal da vida! Como acontece isto?
5 – Cegos e surdos, olhai e escutai bem! O fogo do sal não é nada mais nem menos do que o verdadeiro Amor por Mim, com o qual deveis ser totalmente salgados, se desejardes entrar em Meu Reino.
6 – Pois, tal como o sal, o tempero vital de todas as criaturas é ao mesmo tempo o conservador de todas as coisas, devido ao seu fator adstringente, e é também o puro Amor do espírito por Mim, como o sal do fogo de toda a Vida, o único mantenedor da força da vida eterna.
7 – Mas como somente o oxigênio é incandescente e produz chamas luminosas que iluminam qualquer local por mais tenebroso que seja, assim também o verdadeiro amor é todo chama e fogo e assim é capaz de produzir luz; esta luz é a verdadeira luz, pois é o produto luminoso final de Minha eterna Luz da Sabedoria.
8 – Mas como um sal insípido é inútil e não serve para acirrar a chama, mas sim somente produz uma brasa completamente deteriorada, pois a oxigenação se tornou impura, o mesmo acontece com um amor “morno” que não pode ser inflamado. Ele não passa de um braseiro mortal que produz o monóxido de carbono e que, em um ambiente fechado, ao contrário do sal da vida, traz a morte a todos que dele se aproximam para se aquecer.
9 – Não é vosso habito dizer a vossos serviçais que defumem vossos lares, mas antes espalhem sal sobre as brasas? Pois fazei o mesmo com o Meu sal de Meu Amor. Espalhai o mesmo sobre as brasas mortais deterioradas, para que a chama do Amor as encubra e destrua o verme da morte que vos habita, vos ilumine e vos aqueça para a vida eterna.
10 – Este “verme” é Satã e sua ira é a brasa deteriorada, mas ela não possui nenhuma chama e, como consequência, nenhum Amor, nenhuma Luz e nenhuma Vida. Este é o motivo que cada um de vós deve ser salgado com o fogo de Meu Amor, o mesmo também deve ser feito a todo e qualquer sacrifício a Mim oferecido, para que se torne agradável a Meu Coração.
11 – Eu vos afirmo: todos deveis ser Meus Filhos. Como o sal é um dos temperos do alimento, vós deveis vos tornar o tempero de Meu Amor Eterno. Amém.
Assim fala Jesus, a vida eterna.
O monte Ror
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de setembro de 1840 – à tarde
Alguns irmãos escalaram este monte no dia 09 de setembro de 1840 e a estes o Senhor mandou a seguinte mensagem no dia treze:
1 – A tão anunciada viagem a este monte, que fica um pouco afastado daqui, por fim aconteceu. Mas Eu sei que ao escalardes a montanha e ao observardes a paisagem, muitas dúvidas e perguntas se vos apresentaram, especialmente no assunto que se segue.
2 – Vós certamente observastes que as rochas principais se encontram sobrepostas em forma de placas, desde o sopé até o cume. Mas estas placas não estão direcionadas para o mesmo lado, umas se elevam em direção ao oeste e outras ao leste, algumas ainda se posicionam verticalmente para o solo. Tivestes observado que algumas destas camadas às vezes estão deitadas em grupos nas superfícies do monte. Também observastes que justo na choupana do camponês havia camadas de rochas totalmente descobertas para o leste e só cobertas com um pouco de terra no oeste.
3 – Mas quando chegastes perto do cume e lançastes olhares de admiração e espanto às rochas nuas que se formaram e que se estendiam em direção ao céu, não deixastes de descobrir novamente as camadas rochosas que preenchiam todo o cume.
4 – Vós assimilastes tudo isto com maior ou menor intensidade, e muitos questionamentos aconteceram em vossa mente, mas Eu vos digo: ficastes bem longe da verdade. Por isso é necessário que, em primeiro lugar, Eu vos esclareça da razão de existirem tais montanhas que há seis mil anos pertenciam a um outro mundo.
5 – A criação e a construção destes montes aconteceram da seguinte forma: Vós já sabeis que toda a Europa era coberta pelo mar; pois bem, este monte aqui não passava do fundo do mar um pouco irregular.
6 – Tenho certeza que observastes que as camadas das rochas são compostas de partículas de areia ligadas com cal. A construção destas plataformas não passava da justaposição de camadas de areia ligadas entre si por cal e que eram acumuladas pelas assim chamadas tormentas equinociais. Sobre a camada de areia formava-se uma espécie de pele de lodo. Na próxima tormenta lhe era sobreposta mais uma camada de areia, e assim continuamente por longos períodos, até que mais ou menos houvessem 26.000 destas camadas, uma sobre a outra.
7 – Vós certamente vos questionais de onde as tormentas conseguiam a areia, pois as camadas eram hermeticamente envoltas nesta cápsula de lodo calcário.
8 – Eu vos digo que a Terra está de tal maneira organizada, que em primeiro lugar há uma infinidade de fontes e veios que vêm desde o centro do planeta até a superfície. Não acheis que somente água passa pelos mesmos; não, existem verdadeiras fontes de fogo, pelas quais fluem fogos elétricos subterrâneos para todas as direções, especialmente em direção aos polos da Terra. Há também fontes minerais, pelas quais fluem, em sua forma líquida, metais e minerais. Há também as fontes chamadas gordurosas, por onde aflora o petróleo. Há ainda muitas fontes sulforosas, especialmente as de água, e muitas outras.
9 – Quando estes veios chegam à superfície da Terra, empurrados pela força interna dos espíritos e o fogo que está a sua disposição, eles se tornam cada vez mais sólidos. Eles chegam à superfície, à costa terrestre, e se despejam para dentro do mar, então se solidificam, e isto qualquer químico pode vos atestar.
10 – Vede, é daí que vem a areia e todos outros conglomerados minerais. Agora sabeis onde se encontra a “despensa” das areias mencionadas e da cal para o lodo de ligamento.
11 – Agora que estamos com uma crosta de camadas, como é que se formou este morro e todas as montanhas que a acompanham?
12 – Há muitíssimos milhares de anos (a data exata não vem ao caso, pois não é de nenhuma importância), Eu coloquei a 16.000 toesas de profundidade uma pequena centelha de Meu Amor Misericordioso, e esta elevou, segundo Minha Vontade, esta crosta e as rochas, se espalhando para todos os lados. Da mesma maneira como acontece quando estais sob um cobertor e o levantais com vossos dedos bem acima de vosso corpo, a crosta foi elevada do leste ao oeste e ficou assim alta, pois logo massas preencheram o espaço que ela deixou vazio.
13 – Esta camada que foi elevada parecia mais ou menos uma esponja enorme e crescia cada vez mais pelo impulso do fogo, emergindo dos mares. Da mesma maneira que esta plataforma principal, outras várias foram impulsionadas para as alturas, mas não ao mesmo nível, algumas mais outras menos altas, e elas então formaram uma enorme floresta de esponjas e fungos terrestres. Com o tempo, as pilhas que suportaram estas placas rochosas foram lavadas pelas águas do mar, e as rochas limpas ficaram expostas e também foram desbastadas. Às vezes acontecia que uma destas placas perdia o equilíbrio e caía ou se encostava em seus pilares. Esta placa então ficava num plano inclinado, tal como observamos no cume deste monte, onde milhares de placas foram necessários a sua formação, e só existem pouquíssimas placas com seu formato original.
14 – Se tivésseis olhado o cume de uma montanha chamada “Kumpfhogel” teríeis visto uma placa horizontal inteira, porém suas bordas já estão bastante corroídas. Onde existem placas corroídas, podemos escalar com mais facilidade. Entretanto existem faces da montanha onde elas se quebraram e caíram, e ali a escalada é quase impossível. Onde ainda se encontram, formaram uma espécie de cordilheira, conectando todos os morros, mas por terremotos e tormentas foram destruídas e caíram nos abismos.
16 – Com respeito às partes soltas, elas foram criadas por aluviões, parte por areia e parte por placas esmigalhadas que eram mais maleáveis e mais novas, pois pertenciam às últimas criações.
17 – Vede, esta pastagem alpina onde vos encontrais não é uma formação vulcânica, e vereis rochas esparsas sem ordem, onde algumas são mais marrons ou cinzas enquanto que outras são brancas como a neve. Estas rochas não nasceram neste lugar nem caíram do céu, mas sim no mar, com exceção das brancas. No último período, quando, segundo Minha Vontade, iniciou-se a formação deste pasto alpino, estas pedras foram elevadas conjuntamente com as placas, especialmente aquelas com um aspecto amarronzado que aqui caíram numa revolução da natureza na época de Adão. Existem ainda aquelas que foram jogadas neste lugar pela destruição do planeta Nuenlinie, boa parte chocando-se contra o Sol. Isto aconteceu, segundo vossa contagem de tempo, a uns quinhentos ou mais anos antes da época de Abraão. Foi deste fenômeno que se originaram estas rochas totalmente brancas que vistes esparsas na superfície desta montanha.
18 – Vós certamente vos perguntareis do porquê de Eu ter destruído um tal corpo celeste? Bem, de fato Eu não o destruí, mas sim o dividi em quatro mundos menores, devido a uma desavença que havia entre seus habitantes. E da mesma maneira como acontece entre vós com o ouro, o diamante ou a prata, eram estas pedras brancas o motivo da desavença. Pois por uma destas pedras brancas que aqui considerais totalmente sem valor, milhares de pessoas se digladiaram e se mataram. E assim dividiram a população em quatro povos que eram inimigos entre si e se desafiavam por causa destas pedras. Pois eles achavam que quem não possuísse uma destas pedras não era racional e não passava de um animal um pouco melhorado. Por isto as colecionavam aos montes e as negavam aos mais fracos, para que os pudessem dominar mais facilmente. E esta situação chegou ao ponto que os donos destas pedras se consideravam deuses e assim se impunham aos outros.
19 – Sobre tais “deuses”, um queria ser mais que outro e por isto eles perfuravam a sua terra em busca de mais e mais pedras brancas, para aumentar mais e mais seu montão de pedras e apresentar-se como uma superdivindade. O que aconteceu então? Estes “deuses” maltratavam os povos ao extremo, forçavam-nos a cavar dia e noite nas entranhas do planeta, outros tinham que se unir em enormes “manadas”, a fim de roubar com violência a pilha de pedras do outro “deus”; e assim continuou a situação imposta por estes “deuses”, dos quais havia centenas e se destruíram uns aos outros até sobrarem apenas quatro. Estes quatro então mandaram coletar todas estas rochas e construíram uma enorme montanha.
20 – Devido a esta cultura de rochas, as demais culturas, como plantação, foram esquecidas. Os povos com seus deuses estavam à beira de morrer de fome. Então estes quatro deuses emitiram uma lei: o povo de um dos deuses podia caçar o povo do outro deus e usá-lo como alimento; foi aí que os tais deuses extrapolaram. Eu então tive que intervir e acabar com tal escândalo.
21 – Com um só gesto Meu, um anjo repartiu o planeta em quatro partes e construiu quatro mundos menores. Mas todas estas rochas brancas foram jogadas no grande espaço universal e, seguindo Meu desejo oculto, algumas caíram na Terra, outras na Lua e muitas no Sol. A maioria, porém, ainda se encontra no espaço até a atualidade. Vede, esta é a razão da existência destas pedras em maior ou menor quantidade na superfície terrestre.
22 – Eu também vos disse que vós podereis encontrar minúsculas inscrições em algumas destas pedras. Porém não deveis tomar isto ao pé da letra, pois estas inscrições nos mostram sim uma escrita idêntica aos hieróglifos egípcios (na qual se expressa a ideia). Esta escrita dificilmente poderá ser lida por alguém na Terra, a não ser Eu ou quem Eu der esta dádiva.
23 – Porém no local onde se encontra uma destas pedras vós não chegastes, pois ela se encontra a mais ou menos uma hora ao norte do cume, e vós ficastes com tanto medo da chuva e do vento...; e vossa razão foi mais forte que o vosso Amor por Mim. Também estáveis por demais preocupados com vosso estômago; esta é a razão pela qual não pude levar-vos aos lugares onde Eu gostaria que tivésseis chegado, pois não sou o dono de vossa vontade. Com a nebulosidade matinal, quis mostrar-vos a fraqueza de vosso amor e o grande poder de vossa vontade de comer. Esta é a razão também de algumas rajadas frias. Eu queria mostrar-vos a posição de vosso amor. E quando iniciastes a corrida de volta, com uma pequena chuva de gelo Eu deixei que vísseis como estava desgostoso com vossa viajem. Pois só fostes lá para poderdes vos empanturrar com comida e bebida. Com relação a Mim, fostes bem levianos; também direcionastes vossos olhos para a distância, mas o que estava próximo a vós nem vistes.
24 – Foi esta a razão pela qual não mostrei duas coisas bem importantes: uma é a rocha com insígnias, a outra é o som que se origina sob o cume desta montanha. Este som etéreo Eu só vos explicarei quando um ou mais de vós retornar ao local, mas não repitais os erros agora cometidos.
25 – Não se consegue entender este fenômeno, a não ser que alguém o tenha observado e visto de vários pontos de vista e com muitíssima atenção. Pois se não for assim, toda ou qualquer elucidação será nula, pois quem a receber deve estar totalmente “acordado”.
26 – Vede, a natureza, o mundo mesmo, é um livro bem grande, todo escrito com as profundezas de Minha Sabedoria e Meu Amor. Quem quiser entender estas duas coisas deve folhear este livro de vez em quando, mas só tanto quanto Eu vos aconselho em Meu Amor. Pois só Eu sei a medida certa e sei o que cada um consegue aguentar, e também o que é necessário para o acordar.
27 – Aquele que for desperto espiritualmente, este não precisará mais viajar; mas aquele que ainda for sonolento em seu amor, para este Eu conheço o melhor remédio que o protegerá do sono eterno, caso ele aceite tal remédio por amor e obediência voluntária e siga Minhas orientações.
28 – Quando pequenas provações acontecerem, devem ser encaradas cheias de coragem e confiança em Mim. Pois antes de vos dardes conta do que acontece, o Sol raiará aquecendo e iluminando lá onde as trevas eram mais densas. Isto Eu também vos indiquei várias vezes, mas lá onde o coração está fechado estas insinuações passam sem serem reconhecidas.
29 – Isso Eu vos digo, para que sejais cheios de confiança hoje e no futuro, pois tudo o que acontece no mundo material acontece unicamente pela Minha Vontade. Eu, porém, sou um Deus muito compreensivo, e nem uma brisa balançará a flor sem ter havido uma profunda aquiescência de Minha Sabedoria infinita. E cada nuvenzinha e cada gota que cai do céu, e também cada pedrinha que rola de uma montanha, tudo isto são letras grandes de Minha Escrita plena de Amor e Misericórdia.
30 – Vede, é com tais olhos que deveis ver tudo o que vos foi dito, e vereis claramente que Eu estou em todos os lugares e em todas as pessoas. Pois então vereis a grande atividade de Minha Divindade, do Meu Poder e Santidade e junto a isto reconhecereis o Meu Amor, Minha Misericórdia e Bênção infinitas. Tal como fazem as abelhas na natureza, sereis capazes de coletar o mel de Meu Amor e a cera de Minha Misericórdia, a fim de sorvê-los como o eterno alimento de vosso espírito e reconhecerdes cada vez mais que Eu sou e serei eternamente um bondoso e santo Pai. Amém.
Acontecimentos vulcânicos na Terra (apêndice para a mensagem anterior)
Recebido por Jacob Lorber 20 em de setembro de 1840 – à tarde
1 – Mais um pouco, para acrescentar uma pequena centelha, a fim de aclarar o emaranhado deste pasto alpino por vós visitado.
2 – Com respeito aos períodos da formação destes grupos de montanhas, elas só começam a aparecer após o período adamítico e continuam até a atualidade, e não foi apenas da maneira antes mencionada. Há a maneira mais correta e há a maneira mais apropriada.
3 – A mais apropriada se deu por Mim, porque tudo o que Existe foi criado por Mim nos primórdios da Criação, e só depende de Mim que se forme um morro, uma fonte, ou uma árvore num certo lugar. E como Eu, seguindo a Minha Ordem eterna, sempre escolho o meio mais apropriado e útil para criar qualquer objeto, e como isto sempre depende de Minha Vontade extremamente livre, então a criação desta montanha é a mais apropriada e também é a mais correta; pelo motivo que Eu, sendo o eterno Amor e a mais perfeita Sabedoria, começo toda ou qualquer ação a realizar e a completo tão sabiamente, que tudo deve ser feito sob o comando de Minha Divindade, e assim jamais acontecerá um erro, por mais minúsculo que seja.
4 – Quando foi determinada a formação de camadas de placas nesta montanha, como também o número das mesmas, o que certamente aconteceu na época adamítica, não deveis pensar que todas estas justaposições aconteciam de equinócio a equinócio. As placas que foram formadas desta maneira só são as que são separadas por uma camada cristalina de cor marrom. As outras placas, que têm mais ou menos uma a duas polegadas de espessura, foram realizadas nas luas cheias. E se vós tivésseis contado as camadas desta formação, vós teríeis podido constatar a idade e outros dados das mesmas.
5 – Além disto, devemos entender que estas placas não poderiam ter existido naquele período pré-adamita, pois as rochas deste lugar eram naquele período muito duras e translúcidas, Onde a água desmanchava as rochas pela erosão, formavam-se pequenos grãos (de acordo com Minha Vontade). Quando em descanso, no espaço entre estes grãos formava-se uma substância pegajosa que unia os mesmos em pedra dura que hoje vós conheceis como pedra sedimentar.
6 – Desta forma e com substâncias diversas, podereis encontrar pedras parecidas em muitos lugares, tais como pedras da moenda, mármore, etc.
7 – Mas as rochas graníticas originais já foram criadas dentro do seio da Terra em épocas bem anteriores a Adão. Foram empurradas para a superfície por longas e violentas erupções vulcânicas. Também ocorrem nos lugares onde, devido ao constante movimento das águas, as sedimentações de placas não puderam acontecer.
8 – Vós vos estareis perguntando: Como é que pode acontecer na natureza que um fogo ocorra no interior da Terra e produza vapores que envolvam as rochas e logo as joguem para a superfície? De onde vem este poder de empurrar estas enormes massas rochosas para várias milhas além da crosta? Eu vos respondo.
9 – No interior rochoso da Terra existem muitas e muitas cavernas vazias. Com o passar do tempo, a água penetra nas mesmas pelos poros. Quando elas ficam completamente repletas, esta água sofre uma grande pressão. Esta água que se encontra num ambiente fechado é de certa forma prensada por todos os lados, e nesta ocasião acontece uma fricção cada vez maior entre as diferentes moléculas da água. Como já sabeis, esta água possui espíritos que sentem esta pressão aumentando constantemente, então eles como explodem as cápsulas de água, escapam de seu cárcere, se unem formando um fogo zangado, vaporizam a água e tudo o mais que os possa aprisionar, arrastando tudo e se projetando para a superfície da terra.
10 – E desta maneira se formam em outras partes da Terra mais e mais bolsões, e novamente prensas de água levam às violentas erupções, e de sua duração é que depende a altura das montanhas que formam.
11 – Quando este tipo de fogo se ejeta do interior da Terra, ele na sua violência se funde com extrema facilidade às pedras que lhe são próximas. E quando acontece como em Nápoles ou Sicília, que ao subir para a crosta ainda encontra fontes de minério (petróleo, enxofre, etc), então ele as inflama. E quando mais fontes minerais se juntam as primeiras, especialmente àquelas que trazem enxofre do centro da Terra, então este fogo se deposita em todos os abismos e cavidades de tais montanhas, as quais queimam e soltam fumaça constantemente.
12 – Se acontecer, por Minha Vontade, de uma destas bocas vulcânicas serem obstruídas e as suas águas desviadas ou secadas, então o fogo também se apaga, as erupções vulcânicas param de acontecer, e esta montanha se torna silenciosa e quieta; daí ela conduz à superfície, pelas suas antigas veias de fogo, a água que jorra em suas cavidades, produzindo fontes, rios e lagos cristalinos.
13 – Mas nesta região onde vos encontrais este não é o caso; sim, de fato houve fogo interno, mas este só levou à superfície as já mencionadas placas e camadas, colocou sob as mesmas uma variedade de rochas, terra e cal que também foram transportadas à superfície. Com isto, formou-se sob estas montanhas um vazio que foi ocupado por água, e até agora esta camada está flutuando sobre a mesma. Esta água, devido a pressão que sofre, muitas vezes aflora na superfície como altos gêiseres.
14 – Esta é a origem de todas as fontes de água dos Alpes, como estas que visitastes; elas são frescas e frias, pois não precisam passar por fontes de fogo, o que às vezes acontece em regiões vulcânicas, onde a água aflora quente.
15 – Isso é o necessário para saberdes da formação das montanhas. Só vamos mencionar como as rochas marrons e cinzas chegaram aqui. Vede, estas rochas são de fato as rochas primárias da Terra. Elas chegaram à superfície da Terra na época de Adão e foram enclausuradas debaixo da água com a formação das placas. As rochas cinzentas são as rochas da época de Noé que se formaram debaixo d’água desde Adão a Noé e na época pré-diluviana foram jogadas à superfície em todas as direções, devido às erupções vulcânicas.
16 – Com respeito às brancas, suas origens já foram explicadas.
17 – Esta é, pois, a verdadeira explicação da formação das montanhas e os cientistas não encontrarão outra melhor. Pois ninguém sabe como, quando, de onde, por que, pelo quê. Isto só Eu sei e àquele ao qual Eu dou este conhecimento, para que ele acredite que fui Eu que realizei tudo isto e organizei todo o mundo. Se alguém perfurasse a Terra por 8.000 toesas, só confirmaria o que Eu vos disse, mas também descobriria que este tipo de pesquisa é contrário à Minha Vontade e que Eu castigo esta atitude com a morte material e às vezes com a eterna.
18 – Aquele que se encontrar sedento no poço das revelações divinas que beba a água da vida em grandes goles. Mas o fruto da árvore do conhecimento ele só deve comer quando Eu tiver abençoado a árvore. Então ele se satisfará com o fruto da árvore de Minha Criação; mas digo novamente, só após Eu a ter abençoado, como estou fazendo agora com vossa árvore.
19 – Assim também sentireis a bênção da vida e vos alegrareis com isto, pois vos está sendo dado muito mais do que poderíeis pedir. Mas o cientista engole a fruta como um boi num campo de trevos, começa a inchar de gases e morre, pois comeu o fruto não abençoado para ele. Eu vos digo, este tipo de cientista é um horror para Mim, pois ele não busca Minha glória, mas sim sua glória, sob os galhos da árvore do conhecimento.
20 – A vós Eu dou tudo isto com todo Meu Amor e Sabedoria, para que possais reconhecer toda a maravilha de vosso Santo Pai, como ela foi, como ela é e como ela será. Isto voz digo Eu, Aquele que é verídico em cada uma de Suas Palavras. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Visão espiritual
De longe, as montanhas azuis se mostram como uma parede lisa. Mas se te aproximares, a parede se transforma em amplas regiões. Assim também é com o espiritual. Onde teus olhos veem uma só coisa, Eu te digo, existem trilhões.
Terremotos e sua causa
Recebido por Jacob Lorber, em 27 de setembro de 1840
1 – Na natureza ainda acontecem coisas, grandes ou pequenas, das quais os cientistas não têm o menor conhecimento.
2 – A estes fenômenos naturais pertencem, por exemplo, o magnetismo do polo norte, a aurora boreal, o raio e os assim chamados fenômenos rápidos como a estrela cadente, nuvenzinhas no céu azul, as formações de cristais, as marés dos mares, a revolução da Terra, um prolongado tremor, ou abalos que, como é de nosso conhecimento, já arrasaram totalmente regiões em segundos. A estes fenômenos também pertencem os deslizamentos, as larídeas, a destruição total de montanhas ou ilhas e, ainda mais, o partir da Terra, o secar das fontes e até de rios e poços, o retraimento do mar e, nestas ocasiões, o aparecimento de fogo e fumaça dos abismos da Terra. Ainda existem muitos mais, alguns já conhecidos e outros que ainda não foram observados por ninguém.
3 – Mas hoje só quero Me referir aos terremotos, como também aos movimentos e aos abalos da Terra.
4 – O conhecido “terremoto” não é um acontecimento isolado, mas sim é a consequência de um abalo sísmico que aconteceu em algum lugar do planeta. E isto acontece da seguinte maneira:
5 – Bem no interior do planeta Terra (que é um ser vivo) encontra-se, como em todo reino animal, um tipo de vísceras. Mas como já foi mencionado, há em todo o interior da Terra incontáveis espíritos caídos que lá estão aprisionados, mas que, de acordo com Minha Ordem, passam lá um período pré-determinado. Ao fim deste período, eles retornarão à vida. Então, em um determinado ponto da Terra, pessoas que se tornaram extremamente sensuais e materialistas, quando de sua morte, seus espíritos não alcançam a vida eterna do espírito, mas sim a morte da matéria. Daí estes espíritos se acomodam como o foram antes, antes de seu nascimento.
6 – Quando isto acontece por um longo tempo, o interior deste ponto se torna sobrecarregado. Estes espíritos, em sua maldade, começam a empurrar uns aos outros, se friccionar e a se inflamar. Então aqueles espíritos que ainda não nasceram como seres humanos (espíritos primários) são acordados de seu sono de calmaria, explodem seu cárcere, se jogam em sua ira sobre os outros espíritos, feito enormes colunas de fogo, para destruí-los. Os espíritos que já foram encarnados, mas que retornaram a cair prisioneiros da matéria, se inflamam com mais veemência, pois pensam que o outro fogo é o tal fogo do inferno, como castigo por Mim mandado. E se inflamam cheios de ira contra Mim, querendo Me destruir como também a todos os anjos do céu.
7 – Quando isto começa a acontecer, um anjo pacificador é enviado do Céu por Mim. Este abre as comportas de alguma caverna interna cheia de água, a qual, orientada pelo anjo, se precipita com a velocidade de um raio sobre um destes pontos cheios de fogo de ódio.
8 – Quando a água, junto ao espírito pacificador, alcança o ponto incendiado, ela abandona seu invólucro, se inflama contra os maldosos e os castiga com o fogo da paz.
9 – A água se transforma em vapor e experimenta, com ajuda de seus espíritos, esta expansão repentina. Ocasiona um abalo, e tudo que se encontra acima daquele ponto (cidades, montanhas, vilarejos, etc) são desmanchados como pó.
10 – Com isto se formam novas rachaduras no interior da Terra, que às vezes chegam até a superfície, para as quais os espíritos primários não nascidos e os espíritos pacificadores da água se reúnem e se deixam levar para futuras evoluções. Os espíritos maus, que já tiveram uma encarnação, mas que caíram, permanecem bem mais mansos na poça de lama que se formou no processo anterior.
11 – Como se vê, é a única causa para o aparecimento de tal abalo sísmico.
12 – Mas com respeito às oscilações e vibrações que em geral são chamados de “terremotos,” estas não passam do abrir das comportas por parte do anjo e da queda das águas, além de pequenas acomodações da crosta terrestre, quando as camadas que estão sobre o ponto debaixo da bacia foram rompidas violentamente e tiradas de sua calma; em segundo lugar, deve-se à pesada queda das águas, o que torna o tremor bem mais prolongado. Estes movimentos são, pois, a causa das oscilações e vibrações.
13 – Mas ao que se refere ao tremor da Terra após um tão violento abalo, é isto tudo uma consequência do afastamento dos espíritos da água, junto com os espíritos ainda não nascidos, para dentro das novas rachaduras e cavernas. Pois é para isto que a Terra foi criada, para que ela carregue em suas entranhas um gênero caído dos espíritos, para o seu renascimento em uma existência livre e eterna em e por Mim.
14 – Enquanto existir na Terra um grupo revoltado, tanto mais tais acontecimentos ocorrerão cada vez com mais frequência e intensidade. Tudo depende da sensibilidade e do afastamento de Deus que as pessoas na superfície da Terra praticarem.
15 – Vós podeis ver que isto é a mais pura verdade, ao observardes estes fenômenos que acontecem em toda a superfície da Terra em toda sua terrível violência e grandeza furiosa; como por exemplo, a destruição de Lisboa, da ilha de Jawa e locais parecidos, da região próxima ao Monte Ararat, esta última acontecendo seguindo fielmente os ensinamentos que hoje vos dei e que pudestes sentir um pouco até aqui em vossas casas, como também toda a América sentiu. Isto acontece da seguinte maneira:
16 – Quando uma placa contínua (sem mesmo qualquer interrupção) se estende até o ponto do abalo, então este abalo se reflete a lugares bem distantes. Seria o mesmo que colocásseis uma série de estacas de forma contínua, e o abalo que causardes no ponto inicial A se estenderá sucessivamente até B, no fim das estacas. Vede, é assim que este abalo pode se estender a regiões bem distantes.
17 – Estes abalos então têm consequências naturais, mas estas não são as únicas nem as mais importantes, pois se elas fossem sem alguma utilidade para Mim, seria muito fácil evitá-las. Mas como elas são de grande utilidade e originando-se em Meu Amor e Sabedoria, elas são enviadas a tais localidades com mensageiros de advertência, locais onde as pessoas nada mais sabem de Mim, sabem menos que uma árvore na floresta sabe de Mim. Estes mensageiros então comunicam à tais pessoas que Me esqueceram tão completamente que Eu ainda não morri, mas sim que ainda existo em todo Meu Poder e Força. E que ainda só é necessário um pequenino aceno de Minha parte, para que em todo o planeta aconteça o mesmo que aconteceu na região do Ararat (o pico mais elevado na Turquia).
18 – Pois saibais que vossa região está minada em suas profundezas (a cerca de 2.000 toesas de profundidade) de tais câmaras de água. Vossas montanhas, bem como vossas planícies, se encontram, pois, flutuando sobre estas águas e são de certa forma ligadas ou ancoradas por enormes pilastras de rochas.
19 – Só é necessário que Me esqueça só mais um pouquinho, e podereis estar certos que Eu também conseguirei vos apresentar um espetáculo bem maior que o visto no Ararat. Porém Eu vos digo: ai das pessoas às quais Eu preciso dedicar este tipo de espetáculo. Estas deverão aguardar uma outra Criação, para poderem retornar a mais uma vida probatória, com a qual conseguirão libertar-se.
20 – Lembrai-vos, porém, ante estes acontecimentos que não cai uma gotinha de uma nuvem sem que antes ela tenha passado pelo Meu Amor e sido criado pelo mesmo. E podeis ter certeza que quando vos envio uma chuva como a de ontem, que veio das mais altas pastagens da vida, toda a manutenção da Terra depende desta primeira gotinha que mal consegue umedecer um grãozinho, o qual teria explodido sem ela e teria levado os espíritos que o sitiam a uma atitude similar, e estes a seus vizinhos e assim por diante até o último grãozinho da Terra. Podeis ter certeza que nos próximos segundos a Terra estaria envolta em chamas destruidoras. E da mesma maneira que o grãozinho da Terra de areia poderia ter despertado ao seu vizinho para a destruição, assim também uma Terra despertaria a outra e um Sol ao outro e assim por diante até o infinito. E tudo seria a obra de um instante, o mesmo que se vós tomásseis um grãozinho de vossa odiosa pólvora e o incendiásseis; mesmo que ele fizesse parte de um montão do tamanho da Terra, todos os grãozinhos que o compõem se inflamariam instantaneamente.
21 – Mas se este grãozinho de pólvora tivesse sido umedecido pela gotinha que caiu da nuvem, o que será que aconteceria, quando a centelhazinha de chama o atingisse? Nada, o grãozinho de pólvora umedecido não se inflamaria e o restante estaria seguro, não haveria perigo algum de explodir e estaria protegido da destruição.
22 – Vede, tudo o que vós conseguis ver ou compreender, mesmo aquela pequena poeira solar que se mexe, não depende de jeito algum do acaso, mas tudo - mas absolutamente tudo - já foi por Mim programado em eternidades; tudo foi por Mim programado em eternidades, tudo foi pesado, tudo foi medido. Se um ser humano, ou mesmo o espírito de um anjo, conseguisse realizar alguma modificação e se Meu eterno cuidado não estivesse sempre presente, poderíeis ver o desastre que aconteceria, mesmo só com a modificação desta pequenina poeira solar.
23 – Eu, porém, vos digo: o centro de gravidade de um sol central depende, no seu mais íntimo, do rumo que uma poeirinha não visível aos vossos olhos toma. Pois Minha Ordem é tão exatamente dirigida a tudo, que desde o maior de tudo ao menor, tudo e todos existem para a preservação do Todo.
24 – Agora vós vos perguntareis: “Porque existem estes enormes depósitos de água debaixo das montanhas e planícies, onde toda a superfície está sempre em perigo de afundar nas profundezas enormes destas águas?”. Eu digo: Está tudo assim organizado, para que exista desta maneira eternamente. E assim seria, se não houvesse a maldade voluntária dos humanos que perturbam Minha eterna Ordem, esta maldade na qual Eu não posso interferir, pois o livre arbítrio de um único ser humano Me é mais valioso do que um cosmo solar e todos os seus sóis, luas, planetas e estrelas.
25 – E se Eu retirasse a água dos depósitos subterrâneos, dizei-Me com que o grande fogo que está no interior da Terra poderia ser suavizado e amenizado?
26 – Se a visão da região do Arafat vos causa tanto horror, ela, no entanto, é bênção para a conservação do todo. Se não acontecesse da maneira que já foi mencionada, em vez da destruição de uma região pequena, aconteceria a completa destruição da Terra no momento seguinte.
27 – Eu sou o eterno e supremo Amor em tudo que vossos olhos conseguem ver e vossos ouvidos conseguem ouvir. Sendo Meu, tudo foi criado pela Misericórdia de Meu Amor e assim continua a existir no Meu Amor, e sendo algo desintegrado, o será suave e amorosamente em Meu Amor. E mesmo a matéria visível representando - e é de fato - a ira de Minha Divindade, esta só é mantida calma pelo Meu Amor enquanto Minha eterna Ordem assim achar necessário.
28 – Podeis estar totalmente certos que se em algum lugar, entre milhões de pessoas, existir um único que Me reconhece e que está em Meu Amor, então aquele lugar, mesmo que sua crosta fosse tão fina como uma folha de papel, se mantém firme e forte, como se seu subterrâneo fosse de milhas e milhas de rocha compacta. Mas lá, onde entre milhões não se encontra um único que deseja Me conhecer e amar como o único conservador de todos os mundos e de todos os seres, lá nem mesmo uma crosta tão grande quanto um sol e dura quanto um diamante será frágil demais para se opor à destruição, se esta for necessária para a conservação de Minha Ordem.
29 – Mas como suponho que Me amais em verdade, não tendes que temer nada, mesmo que a Terra se despedace sob vossos pés. Em verdade Eu vos digo: Também se estivésseis caminhando sobre destroços fumegantes da Terra, deveríeis saber Me reconhecer em espírito, verdade e no amor de seus corações.
30 – Eu afirmo que destruirei sóis, e os destroços do mundo voarão quais raios de um lado ao outro e se inflamarão com o fogo da Minha ira por todo o infinito, e mesmo assim nenhum cabelo será tocado naqueles que Me amam. Eu sou e sempre serei um bondoso e carinhoso Pai para Meus filhos. Amém.
Sobre abalos e fenômenos meteorológicos
Recebido por Jacob Lorber, em 04 de outubro de 1840
1 – O que foi mencionado sobre os abismos e fendas da crosta terrestre, como também as rupturas largas, tudo isto tem a mesma causa que o desaparecimento da nascente, o secar dos poços e o encolhimento dos mares e de alguns lagos.
2 – Antes de acontecer algum destes abalos sísmicos, os espíritos malignos se reúnem, estes que foram expulsos do mundo e colocados nos cárceres da matéria, formando verdadeiras hordas do mal. Esta reunião, em certos pontos da Terra, oferece ao homem a seguinte aparição: a partir da junção dos minerais com a água, acontece uma efervescência química que origina uma série de gases, os quis procuram uma saída. Eles conseguem encontrar um espaço vazio onde se aglomeram por anos e anos e muitas vezes conseguem elevar a crosta terrestre que cobre o espaço em que se encontram.
3 – Quando ela for bem elevada, uma grande quantidade começa a apresentar rachaduras que ficam cada vez maiores e que finalmente produzem verdadeiros abismos. É quando no decorrer deste procedimento os gases subterrâneos se infiltram na água e com sua força conseguem alterar os espaços que a mesma ocupa, cortando sua comunicação com o exterior, o que causa o desaparecimento de mananciais e poços, bem como mares em contínuo contato com estas águas subterrâneas se afastam significativamente de suas margens originais.
4 – Vede, é assim que se apresenta este fenômeno natural aos olhos materiais e à razão da mente. Mas isto não é a realidade. Quando se dá a reunião dos espíritos de comportamento violento e agressivo, os outros espíritos que ainda estão calmos são ofendidos e também começam a se agitar, então geralmente um anjo pacificador é para lá enviado. Este abre canais no interior da Terra, que levam água aos espíritos inflamados em sua ira. Estes pacificadores procuram acalmar estas hordas de espíritos malignos e irados. Os espíritos de paz se reúnem em grande número pelo acúmulo da água e, com um número superior reunido pelo anjo, saem da água em forma de gases e acalmam aos espíritos zangados.
5 – Quando este intento não consegue sucesso, então o anjo, como foi dito com relação aos terremotos, usa da violência de seu poder e destrói com toda sua força até os menores lugares, pois todos são habitações dos espíritos ainda não encarnados.
6 – Estes espíritos assim libertos se inflamam, pois estão em brasas, e o mesmo acontece aos espíritos pacificadores; neste instante de ebulição acontece o chamado abalo sísmico.
7 – As consequências deste incêndio vós já o conheceis. Mas para que estes incêndios não aconteçam com muita frequência (pois com o passar do tempo ocasionariam a total destruição dos corpos do universo, e isto pela livre vontade de Meu anjo, ao qual pouco importa se, para a glória de Meu Nome, ele transforma em pó centenas de terras ou mundos, num só segundo), Eu fabriquei em certos lugares da Terra verdadeiros para-raios da ira dos espíritos infernais. As águas eternas, transformadas em vapor, abafam a ira e agressividade dos mesmos, que se apresentam em estado inflamado. Quando isto acontece, eles são desviados ao exterior de forma natural, sem causar estragos.
8 – Claro que as pessoas não deveriam construir suas casas próximas a estes lugares, pois lá sempre é necessário que aconteçam pequenos estragos. A Terra é bastante ampla, não sendo necessário que ali habitem pessoas, pois estes locais são verdadeiros chamarizes do inferno.
9 – De fato os vulcões não passam de para-raios da ira e agressividade do inferno. Estes vulcões possuem infinitos canais subterrâneos; parecem com as raízes de uma árvore grande, mas apesar disto eles não podem tocar todo e qualquer lugar da Terra, pois senão ela seria feito uma esponja de banho, e isto a incapacitaria de portar algo significativo em sua superfície, tal como: pessoas, montanhas, continentes e grandes oceanos, já que sua superfície deve ser uma escola para vida livre em Mim.
10 – Nos locais aonde os canais vulcânicos não chegam, acontecem frequentemente elevações causadas pelo ajuntamento destes espíritos que se libertaram. Porém para parecer uma destruição violenta, um segundo anjo constrói aberturas nos vales e também nas fendas das montanhas. Então os gases (sem se incendiarem) saem pelas mesmas, como ventos fortes sobre a superfície da Terra, provocando tormentas.
11 – Vede, este tipo de elevação acontece quase que todos os dias, e isto podeis observar no instrumento por vós chamado de barômetro. No subir ou cair do mercúrio, podeis observar o maior ou menor comando dos tais espíritos. Quando ele cai, então existe uma concentração no subterrâneo e a crosta terrestre está sendo elevada. Com isto vós todos com vossas cidades e habitações sereis elevados a cada instante para camadas mais altas da atmosfera; como o ar se torna mais rarefeito, a pressão sobre o mercúrio diminui e este cai no casulo que o contém.
12 – Com a Minha vontade, estes espíritos (quando vistos na natureza, são como gases) encontram uma saída normal sem violência. Então eles fluem pelo ar em todas as direções, e a crosta terrestre lentamente torna a cair ao seu lugar de costume. Na mesma proporção o mercúrio sobe, pois aumenta a pressão sobre o mesmo.
13 – Tenho certeza que logo perguntareis o que acontece com estes espíritos libertos que se originam na água. Eu vos digo: Questionai a vós mesmos o que acostumais fazer após terdes realizado vossas tarefas. Vós vos dirigis a vossos lares, para descansar em paz. Vede, é isto que estes espíritos pacificadores também fazem, e isto acontece com mais facilidade para eles, pois já conhecem o caminho que devem seguir para alcançarem a alma dos homens livres da Terra.
14 – Vede, estes espíritos se juntam (com o passar do tempo) aos espíritos que vêm das esferas livres da luz e se unem pelo invisível eletromagnetismo, o qual seria melhor denominado como “meio-amor-natureza”, e caem sobre a terra como chuva, granizo ou neve, frutificando-a.
15 – Existem diferenças mínimas entre a chuva, o granizo e a neve, mas elas todas têm sua razão de ser. No granizo, misturam-se espíritos não-encarnados e malignos aos espíritos livres não-encarnados. Para que os mesmos não consigam causar prejuízos, eles são aprisionados pelo espírito da água, e assim sua ira e agressividade esfriam, ficam mais calmos e são levados de volta à Terra na forma de granizo. Esta é a razão por que uma tormenta de granizo sempre é mais violenta que a chuva ou o vento.
16 – Isto vos mostram as nuvens que cruzam o céu em todas as direções antes de tal tormenta. Quando virdes isto, sabei que é este o momento que os espíritos malignos estão sendo caçados em toda parte, para serem presos pelos espíritos pacificadores. E os maus espíritos se expressam com trovoadas, raios e outros meios de protesto. Mas isto de nada lhes adianta, no fim, todos serão aprisionados e devolvidos ao seu lugar apropriado e determinado.
17 – Quando eles alcançam a Terra, são acolhidos pela matéria, e os pacíficos espíritos das águas se dissolvem de seus cubinhos de gelo duro. Se esta tormenta de granizo prejudicou vossos frutos, deveis deixar isto bem esquecido, pois este prejuízo é um nada comparado com o prejuízo que teríeis, se os espíritos pacificadores não tivessem intervindo segundo a Minha Vontade. Pois os espíritos malignos são verdadeiros “destruidores do mundo” e eles teriam se incendiado de tal maneira (se tivessem conseguido a liberdade total), que o mundo seria em poucos minutos igual a um globo de pólvora.
18 – Por isto não deveis temer demais o granizo, pois tudo que sofre castigo tem por merecer o mesmo. Pensai nos castigos que vós dais a vossos filhos desobedientes e entendereis o que Eu, vosso amoroso Pai, estou a fazer.
19 – Vede, é assim que são os fenômenos não compreendidos até o presente momento. E como acontece com o granizo, em maior alcance acontece também com a neve e com o gelo, porém de efeito mais duradouro. Pois deveis saber que quanto mais ao norte se encontra o ponto na Terra, tanto mais malignos e astutos são estes espíritos primários que o habitam.
20 – Observai ainda o seguinte: Após o que aprendestes sobre os assuntos da natureza pela Minha Misericórdia, podeis ter uma pequena noção da importância da sabedoria mundana. Se alguém quiser aprender uma profissão, ele deve procurar um mestre instrutor, pois senão será sempre um remendão ignorante. Eu, porém, sou o verdadeiro e único mestre em todos os assuntos, e quem desejar aprender deve se entregar a Mim, o mestre de todos os mestres. Pois não há outros caminhos para chegar a Meu reino, a não ser pela porta que Eu vos mostrei. Ai dos ladrões e assaltantes que desejam entrar escondidos pelo telhado, a eles acontecerá o mesmo que aos espíritos no granizo, pois serão expulsos para as longínquas periferias trevosas por uma eternidade.
21 – O homem comum deverá ser esclarecido de tudo isto, mas sempre à medida de seu amor por Mim, o que lhe abrirá os sentidos. Porém Eu vos afirmo que os sábios do mundo deverão ser envergonhados até por uma casinha de caracol vazia, por larvas originadas em infusões, e mesmo uma minhoca envergonhará estes sábios, zombando de sua suposta sabedoria.
22 – É, pois, um tolo aquele que não aprende Comigo. Mas aquele que recebeu diretamente de Mim, mesmo que a dádiva fosse mínima, este por eternidades não conseguirá digerir o que recebeu. Pois Eu sou eternamente infinito, mais do que o maior dos sóis, o maior sol central, que como um pai em meio a seus filhos a todos abençoa.
23 – Guardai o que vos disse bem em vossos corações, pois Eu, o doador de tudo, vos dei estes ensinamentos, um bom e delicioso pedaço do pão da Vida Eterna.
24 – Alegrai-vos, pois, em vossos corações, pois ao dardes o pão a vossos filhos, vos sentis próximos aos mesmos. Isto também acontece Comigo.
25 – Onde aparecer o Meu Pão da Vida, podeis crer, lá Eu Me encontro; Eu, vosso Pai. Amém. Assim, pelo Vosso Pai. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Cuidado com os prazeres do corpo
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de outubro de 1840
1 – Pois escreve aqui tu, Meu servo preguiçoso, muito mau e tolo; que Me olha somente com um olho, enquanto que o outro se dirige aos prazeres do mundo; que só Me ouve com um dos ouvidos, enquanto que o outro só escuta o som do mundo.
2 – Dirige tudo para Mim, para que reconheças na luz de Meu eterno dia o infinito valor daquilo que Eu te dou com tanto prazer, a ti, indigno filho. E mesmo os anjos do céu não entendem a prodigalidade com que vos premio e não se atrevem a chegar perto de tanta luz que Eu vos dou, a vós, pecadores.
3 – Pausa bem no que tu recebes e de Quem tu o recebes! E no futuro não honra tanto ao caneco, pois é no vinho que se encontra o espírito da carne e da prostituição. E se tu continuares a assim fazer, Eu permitirei que caias totalmente na prostituição, como todos os outros que fazem o mesmo que tu. E depois terás que percorrer um longo caminho, até conseguires voltar ao rumo da Minha Graça e Misericórdia.
4 – Escreve, pois, o seguinte, como mensagem ao nosso irmão necessitado:
5 – Cada prazer do estômago e da barriga não se presta para Meu Reino, pois o suco desnecessário escurece o peito e torna Minha casa futura um covil tenebroso, já que o espírito não pode ser desperto numa noite tripla, quero dizer: na noite do Amor, na noite do querer e consequentemente na noite do pecado.
6 – Eu não vos dou leis para que desejeis vos tornar novamente escravos do pecado, mas para que vos torneis livres em Meu Amor. Por isto Eu só vos mostro os caminhos que vos levam a Meu Amor.
7 – Deixai, pois, descansar vossa carne na morte. Não a despertai com estimulantes novos. Assim vosso espírito viverá em Meu Amor, na certeza que se origina nas raízes de uma fé verdadeira e viva, que é a verdadeira luz que vem de Meu grande sol da Misericórdia, em cujo centro se encontra o mais aconchegante local de descanso de Meu Amor eterno.
8 – Observai em vossa volta. Vereis este Meu Sol já alto no firmamento natural e já sentireis bem o seu suave calor. Mas não deveis desejar despertar de novo vossa carne para o pecado, pois Eu poderia desejar colocar Meu Sol para vós no ocaso. Vosso chão se tornaria um deserto de areia quente, em vez de vos saciar com o verdadeiro pão do céu. E do bebedouro da água de Meu Amor, vós vos saciaríeis na “fata morgana” do mundo.
9 – Atenção Meu filho, vê, Eu te amo e te ajudo em tudo. Por isto deixa tua carne em paz na sua morte, para que Eu possa despertar o teu amor e logo possas degustar a vida eterna que vem de Mim.
10 – Mantém teus filhos sob controle e não permitas que caiam no mundo. Fecha bem as janelas da tua casa, para que seus sentimentos não sejam enganados. Todas as portas do mundo estão abertas para o mundo, como também todas as janelas de vossas casas. Mas isto não deve acontecer com aqueles que Eu quero chamar de filhos.
11 – Amém. Assim fala vosso Pai.
Um convite paternal
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de outubro de 1840
1 – Se for possível... Eu, porém, não intervirei no vosso livre arbítrio, nem ficarei zangado se não fizerdes o que vou pedir, pois, como vos tornastes Meus filhos e amigos, podereis realizar o Meu pedido até dentro de um ano, se assim vos parecer melhor. Mas se o realizardes, vós cinco devereis estar juntos, incluindo no grupo Meu Servo. Mas Eu ainda vos enviarei mais dois: um de imediato e o sétimo um pouco mais tarde, e ambos vos causarão, a vós e a Mim também, grandes alegrias.
2 – Tenho certeza que estareis a vos perguntar: O que é que o bondoso Pai deseja agora? Parece que vai ser algo bem extraordinário. Sim, Eu vos respondo: novamente será algo bem extraordinário que Eu desejo mostrar-vos, mas sem que pratiqueis pequeno sacrifício, não poderei mostrar-vos, pois vos falta a percepção necessária. Pois para alguns assuntos ainda precisais dos sentidos naturais, pois ainda não sois totalmente renascidos em espírito. Só assim podereis, às vezes, receber mais uma gota de Meu Amor Misericordioso. E é isso o que acontece nesse caso. Eu quero elevar-vos mais degrau, mas somente se desejardes e puderdes! Ninguém deve prejudicar a atenção devida aos seus por este favor. Ouvi, pois, o que Eu quero, se for possível.
3 – Não é Minha Vontade, mas somente o desejo de Meu Amor, que vós vos locomoveis até o sopé deste pequeno morro. Não o escaleis não, mas ide somente até o ponto em que o riacho se encontra.
4 – Ao chegar ao local determinado, observai atentamente tudo o que enxergardes. Em primeiro lugar, os morros que se encontram à vossa frente, suas elevações e seus vales, como são e que tipo de árvores lá existem, que tipo de arbustos, ervas e pastos estão cobrindo os terrenos, os solos, seus minerais e o que mais existe em seu interior. Tudo isto procurai descobrir por vós mesmos, ou então tratai de vos informar sobre isto com muito afinco.
5 – Especialmente deveis usar ao máximo vossos sentidos e intuições, pois este é o motivo principal da tarefa que vos estou pedindo. Por uma permissão especial Minha, conseguireis ampliar estes sentidos de uma maneira extraordinária e assim obtereis muito mais informações do que a leitura de vários livros vos daria.
6 – Por que Eu vos envio justamente àquele lugar, vos será esclarecido com grande clareza, mais tarde.
7 – Vede, se um poderoso do mundo vos pedisse um favor como esse ou outro qualquer, abandonaríeis tudo para satisfazer sua vontade. Claro que com isto obteríeis alguma gratificação econômica. Eu também vos recompensarei com gratificações de Meu Reino. Não será nenhum prejuízo para vós, nem no mundo nem na eternidade.
8 – Por isto deveis treinar um pouco no mundo, como se fosse a pré-escola da eternidade, preparando-vos para os Meus negócios. Pois se permanecerdes fiéis ao Meu Amor, em Meu reino vos aguardarão grandes negócios que tereis que comandar.
9 – Uma vez Eu disse aos Meus servos e discípulos: “Ide a todos os lugares do mundo e ensinai o Evangelho a todas as criaturas. E testemunhai, mesmo com vosso sangue e vossa vida! Pois aquele que procura e ama a vida, este a perderá, mas aquele que a despreza e odeia em Meu Nome, este a conservará, mesmo que morresse mil vezes. Não temais aqueles que só podem matar o corpo, mas não podem fazer mal algum à alma, mas temei sim aquele que pode matar a alma e o corpo por eternidades.”
10 – Não digo nada disso a vós, pois conheço muito bem vossa fraqueza. A vós Eu digo: “Por que permaneceis aqui o dia todo sem nada fazer? Não fostes chamados por ninguém? Pois ide vós também à Minha Vinha, e vos darei o que é de direito” . Vede, isso Eu digo a todos vós nessa conclusão! Ide, pois, se desejardes e puderdes, e tratai de fazer vossa tarefa! Eu logo estarei entre vós e farei a Minha!
11 – Mais uma vez atenção: “se for possível”. Amém. Eu falo isso, Eu, vosso Pai carinhoso. Amém. Amém. Amém.
Fata Morgana
Recebido por Jacob Lorber, em 18 de outubro de 1840 – manhã e tarde
1 – Prestai atenção! Dentre as muitas aparições sobre as quais ainda nenhum sábio mundano possui alguma explicação, encontram-se as chamadas miragens.
2 – Não somente estas miragens, mas inúmeras outras aparições na natureza são tão enigmáticas, que os estudiosos, mesmo que dedicassem a vida toda a estudá-las, chegariam ao fim sem nada saber.
3 – Que responderíeis a uma pessoa que procura os óculos que estão no seu rosto? Perguntaríeis: Amigo, que procuras? Se ele respondesse “Meus óculos”, certamente rindo lhe apontaríeis os mesmos em seu nariz. Mas se ele se zangasse, dizendo-vos que aquilo não era verdade, como chamaríeis esta pessoa tão fora do comum? Vós certamente chegaríeis à conclusão que esta pessoa deveria estar num manicômio.
4 – O que diríeis, porém, se Eu vos dissesse que tal manicômio nos poderia prover de um mestre para estes tais cientistas da natureza, que começam a alardear-se do domínio total do universo, só porque conseguiram calcular a trajetória de um sol central e a circunferência de um planeta, ou a razão de um eclipse solar ou lunar? Isto não passa de uma descoberta minúscula ante todo o universo. Eu vos digo que estes sábios deverão chegar à conclusão que uma criancinha no berço sabe muito mais que eles, e chegará o tempo em que humildemente a ela pedirão ajuda. Eu vos digo: Uma criancinha que balbuciando pede aos pais um pedaço de pão, com estas palavras balbuciantes expressa mais sabedoria que todos os “Platões, Pitágoras e Aristóteles” juntos.
5 – Bem, após termos feito um pequeno comentário sobre a insuficiência da sabedoria mundana, tentarei explicar-vos que Eu sempre posso aclarar até o mínimo de todos os fenômenos da chamada “fata morgana”.
6 – Vede, existem três tipos de aparições desta classe, que se diferenciam totalmente em sua origem, apesar de parecerem iguais entre si, quando são vistas.
7 – A primeira é a mais comum e é provocada por certas situações em que se encontra o ar espelhando certos objetos, às vezes exatamente como são, outras vezes invertidos, maiores ou menores, outras vezes bem claros ou então nebulosos. Isto acontece de uma forma bem natural, mas sempre com o barômetro bem baixo e quando existe uma absoluta calma do ar, pois o ar, ao alcançar certo peso específico, apresenta um espelho bem apurado, sobre o qual se deposita o éter, assim como o ar aquecido se comporta sobre uma superfície de água calma.
8 – Quando o ar alcança esta posição, então os objetos que se encontram debaixo dele se espelham no mesmo, como acontece com os objetos frente a um espelho comum. Seria o mesmo se colocássemos um espelho enorme acima da superfície da Terra. Se o ar está totalmente calmo, a figura espelhada é bem clara, mas se houver qualquer tipo de onda, o reflexo fica um pouco agitado. Quando acontece do ar fazer ondulações na direção da Terra, cada uma destas ondulações forma um espelho, como acontece, quando tendes várias bolas de vidro, onde cada uma reflete os objetos ao seu tamanho. Este é o motivo por que muitas vezes vemos o objeto multiplicado e em diversos tamanhos.
9 – Quando o ar se inclina em direção à Terra, o objeto refletivo diminui de tamanho; quando o espelho de ar se eleva, então o objeto é aumentado. Seria como se tivéssemos um espelho côncavo.
10 – Vede esta é a origem do primeiro tipo destas aparições.
11 – Esta calma do ar é espiritualmente causada por uma expectativa dos espíritos que pressentem que no lento elevar da crosta terrestre coisas extraordinárias acontecem no seu interior. Por isto estão bem quietos e aguardam o sinal de um anjo por Mim determinado, para jogar-se com muita força e violência e restaurar a ordem perturbada nos aposentos internos da Terra. Isto é, pois, tudo que o primeiro tipo desta visão nos apresenta, tanto material como espiritualmente.
12 – Que todos os objetos sempre se apresentam invertidos confirma que os anjos vêem os assuntos relativamente e que se conscientizam dos mesmos. Assim uma visão que se apresenta de pé é a razão ao pé da letra, enquanto que, se estiver invertida, é o sentido interno, espiritual.
13 – Esta aparição se iguala totalmente à segunda espécie, pela qual são apresentados objetos que se encontram bem distantes. Estes objetos podem ser montanhas, cidades, rios e mares que se nos apresentam em pé. Como acontece isto?
14 – Um exemplo explicará tudo a contento. Se acontecer uma miragem do tipo da primeira em um ponto bem afastado, e ao mesmo momento houvesse se formado um outro “espelho” muitas braças acima e outro em lugar bem mais abaixo, formando um ângulo com o segundo e não havendo nenhum objeto material se interpondo entre os mesmos, o que aconteceria? O primeiro objeto refletido será tomado pelo segundo espelho, e esta miragem então se refletirá até o terceiro espelho, onde vós a podereis ver em pé. Desta maneira objetos muito distantes poderão se refletir e serem vistos em locais onde jamais esperaríeis encontrá-los. Isto é mais ou menos o que vós fazeis com vossos telescópios.
15 – Nestas miragens às vezes os objetos podem aparecer invertidos, mas isto é muito raro. Isto aconteceria se uma posição da atmosfera bem elevada também ficasse sem movimento. Então poderíeis perceber no horizonte, ilhas vindas da África, por exemplo (claro que somente sob um ângulo certo, e não enxergaríeis mais nada se saísseis da posição, ou se fechásseis algo mais o ângulo. Esta aparição acontece da seguinte maneira:
16 – Se vós pudésseis imaginar um plano espelhado no ar que se encontra a muitas braças de altura, poderíeis ver uma cidade completa, mas só que ela se apresentaria do lado oposto, tal como acontece quando olhais no espelho.
17 – Quanto ao espiritual nesta segunda miragem ele tem o mesmo motivo que o primeiro caso. Só que, devido à altura em que se encontram, os espíritos estão a observar não as profundezas da Terra, mas sim locais na superfície, no interior de uma montanha ou mesmo uma ilha (que não passa de uma montanha aflorando no mar).
18 – Com relação a estes dois tipos de miragem alguns pesquisadores da natureza bem simples e humildes já tiveram uma ideia do que de fato acontece. Mas agora é a vez de vos apresentar o terceiro tipo de miragem. Este apresenta objetos, locais e situações que não existem no mundo material, muito menos na Terra.
19 – Aqui nem os pesquisadores humildes nem os arrogantes têm nenhuma ideia do que acontece. Eles simplesmente negam a existência destas miragens, pois esta é a maneira mais fácil de solver o problema.
20 – Como seria possível explicar algo que não existe? Eu vos digo que os pesquisadores nunca chegaram tão perto da verdade, como ao dizer isto. Com isto, pelo menos confessaram que não sabem nada, pois quando desejam emitir teorias mirabolantes, aí sim confirmam que sabem menos que nada. Quem nada diz, pois não sabe nada, não está mentindo, enquanto quem fala mesmo sem nada saber ou nada ver, este está mentindo e vai ser julgado de acordo com o tamanho de sua mentira.
21 – Eu, porém, afirmo que as aparições do terceiro tipo existem e que acontecem com mais frequência nas regiões ao sul, geralmente logo após o pôr do sol e de vez em quando antes do nascer do sol.
22 – Sei que estais bem surpresos, pois vos digo este segredo de um só golpe e assim resolvo todos os problemas. Vede, os homens já construíram telescópios superpotentes e com eles querem absorver de uma só vez todo o universo estrelado. Eu, porém, sempre lhes apresentei obstáculos, e eles tinham que reconhecer que Eu era bem superior a todos os seus instrumentos. Sim, sem o menor esforço criei mundos tão enormes e afastados, que eles jamais os conseguirão trazer a seus olhos curiosos, mesmo com telescópios superpotentes e enormes. Mas aquilo que Eu frequentemente nego aos sábios Eu dou com muita clareza aos pastores e andarilhos humildes.
23 – Isto também acontece com a terceira miragem. Nas regiões do Sul, quando o ar estiver no seu pico de quietude por motivos espirituais e físicos, e isto acima de enormes altiplanos de areia, onde não existe nem uma montanha ou outro objeto a interromper a calma, lá acontece que o espelho do ar se situa tão baixo sobre a superfície, que não chega a altura do peito do andarilho, e este deve se contentar em respirar o éter e não o ar atmosférico, o que o obriga a respirar bem rapidamente e em pouco tempo o joga ao chão quase desmaiado.
24 – Aí então acontece que o andarilho consegue ver coisas jamais por ele imaginadas neste espelho que está a sua frente. E que coisas ele vê? Vede, agora Eu darei o golpe! Eles não são nada mais que reflexos exatos de outros planetas, corpos estrelares, etc.; são cidades, vilas e paisagens de lá!
25 – Com certeza os cientistas farão grande escândalo e dirão: “Como é isto possível?” Bem, a única resposta é que eles devem permitir que Eu Me considere um ótico melhor que todos eles juntos.
26 – Eu também desejo lhes perguntar: Eles que Me apresentem a fórmula matemática com a qual Eu construí os olhos de uma águia, os quais são bem melhores do que todos os instrumentos óticos até agora conhecidos, pois das alturas ela consegue ver facilmente os ácaros que se encontram no corpo de um cadáver em alguma vala. Mas se eles não conseguem decifrar esta fórmula, nada sabem daquela onde um olho humano é capaz de ver com a mesma clareza tal miragem, pois para Mim não é nada criar na Terra um espelho da luz e refletir com exatidão regiões de outros planetas e corpos estelares.
27 – Que isto é possível vou mostrar-vos. Tomai uma casa que está situada numa planície ampla. Se vós vos afastais da mesma, cada vez mais a figura dela se vos apresentará num ângulo cada vez mais fechado, pois quanto mais distante do objeto, menor é a capacidade de vossos olhos de absorver os raios incidentes neles.
28 – Se vossos olhos não fossem convexos, mas sim lisos, poderíeis vos afastar o quanto quisésseis que a figura sempre teria o mesmo tamanho, pois alguns raios que são emitidos dos objetos são constantes e tão paralelos, que se refletiriam sempre da mesma maneira em vossos olhos.
Obs.: Esta convexidade dos olhos faz com que só possais absorver pequenas quantidades de raios. E como tudo é muito rápido, podeis ver grandes extensões, porém uma de cada vez.
29 – Isto acontece aqui. Este espelho atmosférico é liso, pode absorver todos os raios ao mesmo tempo e assim mostrar objetos que estão a enormes distâncias. Isto depende dos olhos do observador conseguir uma ampla superfície de visão. Ele então consegue ver objetos de outros planetas e galáxias, como por exemplo, florestas, cidades mirabolantes, palácios enormes, montanhas etc.; sim, às vezes até seres vivos.
30 – Vede, agora sabeis tudo sobre a tal “fata morgana”. Também aqui o motivo espiritual é igual aos anteriores. Nada mais resta a dizer, do que: deveis aquietar também a atmosfera de vossos desejos e ansiedades e então conseguireis ver muitas fatas morganas, bem mais interessantes e educativas do que as do andarilho cansado no deserto. Pois todo “olhar” é um intercâmbio de raios: os que emitis e os que vos chegam.
31 – Assim, aprontai-vos logo para conseguir observar os raios que são originados em Meu Sol, e então recebereis a fata morgana da vida eterna. Amém.
32 – Isto falo Eu, o grande mestre em todos os assuntos, que se chama Jesus – Jehová. Amém.
Maré cheia e maré vazante
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de outubro de 1840
1 – Existem muitas especulações sobre a constante vazão ou cheia das águas do mar. Mas, como em todos ou outros assuntos, aqui também podemos dizer que só há hipóteses. É o mesmo que um cego a caminhar na planície, procurando a sua meta. Ele se dirige a várias direções, sem acertar o alvo de sua caminhada. Cada vez que parece estar no fim, vê que não é bem assim.
2 – Mas se por acaso um cego tivesse chegado sem querer ao local, isto de nada lhe adiantaria. Não reconheceria o lugar, pois não o vê e não o reconhece; nem mesmo sabe em que direção andou, mas só percebe que lá chegou sem saber como.
3 – E se ele informar sua aventura a outros cegos, a maioria deles muito mais cega que ele, estes começariam a se maravilhar pelo feito que ele realizou e o admirariam, e ele se encheria de orgulho e vaidade.
4 – Mas os que fossem um pouquinho menos cegos começariam a questionar e a duvidar da exatidão do resultado, pois o andarilho também é cego.
5 – Suponhamos que entre estes houvesse um com visão, este diria “Ouvi amigos, eu sou um que possui olhos sadios, eu enxergo bem, de perto ou de longe”. Os cegos então responderiam “Que importa se tu vês, pois nós somos todos cegos, nós não podemos acreditar no que tu dizes tanto quanto no que ele afirma. “Ele então diz: Mesmo que não vejais, eu vos posso demonstrar que enxergo perfeitamente da seguinte maneira: um de vós faça um movimento com a cabeça ou com a mão ou com o pé, eu então direi como vos movestes, e vereis que vejo. E os cegos então lhe diriam: “Se fores capaz disto, então nós acreditaríamos em ti: O vidente assim faria e ele então explicaria que o cego tinha andado para o lado oposto da meta verdadeira e jamais a conseguiria alcançar.
6 – Pois o que pensais que aconteceria então? Pensais que os cegos acreditariam nisto? Sim, vos afirmo que eles acreditariam, só enquanto pudessem tocar com suas mãos para confirmar. Mas com o cego protestando em altos brados sobre a exatidão de sua teoria, alguns tornariam a acreditar nas suas palavras, porém outros teriam uma fé bastante oscilante, feito as marés que sobem e descem. E estes diriam: “Nossos movimentos ele foi capaz de nos dizer com exatidão, mas quem nos assegura que ele nos informou corretamente sobre o resto, já que nós não conseguimos nos convencer da exatidão de suas palavras?”
7 – Com esse pequeno exemplo posso vos mostrar como é difícil ensinar aos cegos do mundo e também como é difícil para o mundo cego aceitar e entender a verdade que lhe é anunciada.
8 – Vós todos ainda sois crentes cegos, e Eu sou o único que vê. Se Eu vos explico assuntos e vos mostro como foi errado o resultado do cego supostamente sábio, podeis ter certeza que Eu sempre vos digo a mais completa e absoluta verdade. E junto com Minha revelação vos dou uma pomada óptica, com a qual vós começareis a receber de volta a vossa visão, mas para isto deveis usar a pomada corretamente e vos situar mais na maré vazante que na maré cheia.
9 – Pois a maré cheia é o símbolo do orgulho, enquanto que a vazante é o da humildade. Em outras palavras: a maré cheia é o símbolo do excesso da riqueza e da inquietude que dela se origina; a maré vazante é o símbolo do recolhimento, da calma e da pobreza.
10 – Para o navegante, a maré cheia é bem mais útil do que a vazante, quando algum vento o encalha num banco de areia. Mas esta utilidade é uma utilidade relativa. O barco é elevado de fato pela maré e levado adiante, mas não existem rochas e recifes antes ou logo após o banco de areia? E se o barco que não tivesse sido encalhado num macio banco de areia pela baixa-mar e na tormenta a seguir fosse jogado sobre os recifes ou rochas agudas, destruindo-se completamente? É por isto que deveis escolher como exemplo de vida a maré vazante.
11 – Após esta explicação, vou lançar Minha flecha e com certeza acertarei o alvo, não algo numa direção oposta.
12 – Se vós perguntardes a um maquinista-relojoeiro: “Dize-me, porque esse prego se encontra na máquina de teu relógio?” Será que o maquinista saberá o porquê da existência daquele prego naquele lugar? Sim, Eu vos digo, ele com certeza o saberá, pois senão não seria mestre de máquinas e a obra não seria obra sua. Mas como Eu sou o Grande Mestre de todos os assuntos por toda a eternidade, acreditais, pois, em Mim, e Eu conheço muito bem tanto a maré cheia como a vazante.
13 – Sei que estais a pensar: “Bem que eu gostaria de saber o que é a maré cheia e a vazante...”. Eu, porém, vos digo: “Tende mais um pouco de paciência, e tudo chegará na hora certa. Não fazeis vós também um pouco de suspense, quando ides dar algo para vossos filhos? Bem, como vou dar-vos algo de grande importância, tenho o direito de criar um pouco de suspense, para aguçar vosso interesse...
14 – Vede bem, tudo o que tem qualquer tipo de vida tem que respirar. Se a respiração parou, então todos os espíritos da vida abandonaram a matéria. Esta então volta ao estado de inércia, falece, se decompõe e chega ao estado da morte. Se vós observardes qualquer tipo de ânimo em um ser vivo, vereis que deve estar respirando, pois se isto parar, por experiência de vida sabeis que aconteceu a morte material. Sim, com o último suspiro acaba a vida material na Terra para todo o ser vivo.
15 – Então o que é de fato a respiração e para que ela existe? Vede, cada ser forma uma polaridade negativa ou positiva. Mas toda polaridade precisa da sua oposta e nada pode sobreviver sem que exista um polo negativo ou positivo, para balancear a sua polaridade. Isto é o que significa toda a vida natural, este equilíbrio entre o negativo e o positivo. Vossas vidas mesmas compõem-se deste polo negativo, pronto para receber o positivo.
16 – Mas como é possível que isto aconteça? Pelo motivo que o polo negativo sempre é estimulado pela respiração. Esta estimulação causa uma contínua necessidade de receber o polo positivo.
17 – Tomai, por exemplo, uma máquina elétrica. Ela pode permanecer por anos num local, e vós só vereis dela sua forma eterna. Mas se alguém alterar a placa da máquina, então a eletricidade negativa é acionada e imediatamente consumida.
18 – Mas com esta autoconsumação, ela começa a sentir falta de uma nova fonte alimentar. O que pode acontecer então? Mesmo que já esteja bem claro ante vós, Eu vou dar-vos a resposta pela Minha Ordem. É o seguinte o que deve e vai acontecer: Como a fome não consegue se satisfazer, o polo que está se autoconsumindo não pode satisfazer a si mesmo, como se quisésseis encher vosso estômago vazio com o conteúdo de outro estômago vazio. Então direis: “Senhor, com este alimento negativo nada podemos fazer, nós precisamos de alimento positivo”.
19 – Vede, é isto que aconteceu aqui também. A eletricidade positiva é a saturação da negativa. Se esta saturação aconteceu, então aparecerá no condutor o êxito de ter sido alimentado.
20 – E é a respiração que coloca em movimento vossa máquina elétrica da vida, que existe na polaridade negativa e se torna faminta pela polaridade positiva. Pois com cada inspiração acontece uma constante fricção, a polaridade negativa é estimulada e com o tempo ela começa a sentir fome. Com cada inspiração esta fome é mitigada. O nitrogênio (que apresenta o polo negativo) se apodera com grande avidez do oxigênio (polaridade positiva). Se a respiração para, então a polaridade negativa começa a se autoconsumir, o que tem por consequência o fim da vida natural.
21 – Imaginai, pois, que cada ser é um “mundo” ou melhor uma “Terra” diminuta. Como este mundo possui uma vida central, pela mesma ele fica com a sua vida vegetativa enquanto durar a respiração. Isto não acontece só com a Terra, mas sim com todos os corpos do Universo. Certamente não considerastes que a Terra é um animal; mas sim, ela é um ser vivo e por isto ela respira em períodos determinados.
22 – Pois a maré cheia e a vazante não são nada mais que a consequência da respiração da Terra.
Explicação espiritual das marés
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de outubro de 1840 – continuação
1 – Mas o que motiva esta inspiração e expiração da Terra? O mesmo motivo que faz os animais respirarem: a contínua necessidade de um alimento fresco, quando o alimento anterior já tiver sido digerido e com isto se tornado negativo.
2 – Durante a digestão os órgãos se aproximam e aí se inicia novamente o processo da fixação. Logo a seguir, acontece uma nova alimentação, e com isto as partes se separam novamente. Então aí está o fenômeno: pela necessidade de alimentos, a baixa-mar; pela satisfação desta necessidade, a preamar.
3 – Vós certamente direis: “Se for assim, deveríamos sentir a mesma respiração na terra firme, nas montanhas.” Eu, porém, vos digo que não é deste modo. Será que vossa cabeça, vossas mãos e pés por acaso se estendem (aumentam de volume) quando respirais? Vós então direis que não, pois estes membros ficam quietos. Pois Eu vos digo que desta maneira a terra firme também fica quieta.
4 – Para que consigais entender estes fenômenos mais razoavelmente, entrai, pois, numa banheira e podereis ver que a água nela contida se eleva quando inspirais e cai quando expirais. Ao observar isto, creio que não tereis dúvidas sobre Minha explicação.
5 – Mas se alguém vos disser: “A Lua é a razão das marés”, então perguntai: como é possível que a Lua, quando se encontra no lado oposto, consegue exercer a força da atração num corpo na sua perpendicular?
6 – Quem quiser ou puder afirmar isto, este seria pior que o cego que deseja explicar as cores para os outros cegos. Seria como afirmar que a água se eleva e depois cai, porque a várias braças há uma maçã pendurada num cordão, a qual um garoto empurra, fazendo-a oscilar. Seria melhor que observasse sua própria barriga e então lhe ficaria clara a movimentação das águas relacionada com sua respiração.
7 – Bem, com isto creio que expliquei a contento estes movimentos. Mas observai bem: isto tudo não é nada mais que um fenômeno exterior e não é o mesmo quando observado pelos olhos espirituais. Aqui o polo positivo corresponde ao espiritual, enquanto que o polo negativo é o natural (material). E o polo positivo também é substância, enquanto que o polo negativo é o vaso que a contém. O positivo é o interior, o negativo o exterior. O positivo é igual ao amor e a sabedoria, e o negativo é igual à misericórdia e clemência.
8 – Se não existisse o negativo, o amor e a sabedoria não poderiam se manifestar, a não ser a si mesmos. Por isto seres se formaram por Minha Misericórdia, e estes seres são a própria misericórdia, e esta misericórdia é o vaso receptor de Minha clemência. E assim tudo existe, sobrevive, vive e prolifera como Misericórdia de Meu Amor.
9 – Se desejardes saber o que é a polaridade positiva que a tudo alimenta, Eu vos digo: Ela é Meu Amor.
10 – A Misericórdia que vem deste Amor criou seres que contêm o Meu Amor. Eles são o receptáculo do Amor que vem de Mim. E o Amor alimenta os seres continuamente. E constrói, seguindo o caminho da Ordem Eterna, um ser após o outro, um ser por um outro, um ser originado em outro. E assim constrói uma escada de vidas, cada vez mais perfeitas, para que o Amor consiga se manifestar cada vez melhor e em maior escala na sua Misericórdia infinita. E esta ao mesmo tempo consegue se observar cada vez melhor e assim se tornar cada vez mais viva.
11 – Tudo está assim organizado e tudo acontece de tal maneira de acordo com a Minha Ordem Eterna, a fim de que a morte seja destruída e todo o infinito se torne o mais perfeito teor da abundância da vida que vem de Mim e está em Mim.
12 – Isto que Eu vos manifestei estudai bem em vossos corações, meditai sobre cada palavra dita, pois Eu já vós revelei tantas coisas grandiosas, mas ainda não vos tinha revelado tão profundamente o plano de Meu Amor e Sabedoria eternos, como o fiz agora.
13 – Mais uma vez vos peço: Observai bem o que aqui foi dito. No começo Eu fiz com que ficásseis curiosos, Eu sabia o porquê. Eu vos tinha ocultado um enorme tesouro e é por isso que Eu hesitei um pouco em vos apresentar este tesouro importante e sagrado. Creio que assim vossa alegria é bem maior. Mas também foi útil para fazer com que sentísseis a grandiosidade dessa revelação e que Eu sou vosso único e amado Pai e criador. Amém. Isso falo Eu, vosso Pai. Amém.
Orações pelos que já partiram
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de outubro de 1840
1 – Escreve isso para a irmã que Eu amo muito e que está sedenta e faminta pela Minha Misericórdia. Ela deve perguntar se estou ao lado dela com mais frequência.
2 – Ela então ela deve dizer: “Tu, bem amado Jesus, tu noivo, sim tu, que és tudo para mim, tu ainda estás aqui comigo? Tu não me abandonaste? Tu, meu bem amado Jesus, olha com compaixão dentro do coração desta tua filha que tantas saudades tem de ti e que dirige seu amor somente para ti, amado Jesus”.
3 – Eu então lhe darei uma doce resposta em seu coração, que poderá ser a seguinte: “Olha-Me em teu amor. Eu estou junto de ti e nunca Me afastei de teu lado e Meu coração te pertencerá eternamente. Mas permanece tu também fiel a Mim, permanece fiel a teu Jesus, que desde sempre te amou com todo o poder de sua divindade, mesmo antes que o mundo material existisse”.
4 – E quando ela sentir este amor, ela poderá ter a certeza que Eu, o eterno Noivo e a eterna Vida, sempre estarei bem junto a ela.
5 – Mas dize-lhe também que existem rusgas no verdadeiro amor e é por isto que vou Me zangar um pouco com ela. Eis, pois, Minha zanga: Ela está levando sua filha pouco demais em Minha direção e lhe fala somente de assuntos mundanos; muito pouco fala de Mim, ou pouco as incentiva para tal.
6 – Avisa-lhe que Eu sou muito ciumento e por isto não gosto quando preferem falar de assuntos que não são a Meu respeito.
7 – Eu sou como um amante apaixonado que fica a espreitar sua amada atrás da porta e fica encantado quando ouve que sua bem amada só fala nele, mas se entristece muito quando ela fala de outro assunto. Ele então fala assim para si:
8 – “Tu Minha doce amada, se tu Me amas como Eu te amo, como podes ter outros pensamentos, enquanto que Eu constantemente penso em ti e aguardo ansioso que permitas Minha entrada, pois estou sempre à tua porta?”
9 – Observa bem, Meu servo, dize-lhe isto tudo com exatidão, se quiseres ser Meu mensageiro de amor. Pois isto é muito mais importante que tua pergunta: “Como devemos orar pelos mortos?”
10 – Mas já que perguntastes, e isto feito por uma alma muito querida, vou dizer-vos como se orar por um falecido:
11 – Quem deseja rezar pelos mortos, em primeiro lugar deve saber muito bem quem e quais são os mortos de fato, e também como e por que deve rezar.
12 – Como “mortos” não se entenda somente aqueles que já partiram deste mundo, mas os que morreram em seus corações que não têm fé nem amor e que por isto estão verdadeiramente mortos.
13 – Vede, para estes deveis rezar com conselhos e ações - brilhando como o sol que na sua primeira presença acalenta o caminhar do andarilho cansado, ou como o orvalho refrescante que cai sobre o musgo endurecido e ressecado - para que eles se reencontrem e vejam em vós marcos de Meu Perdão e se curem no regato de Minha Misericórdia.
14 – Eis aí para quem, como e por que deveis orar. Vosso amor por Mim e por vossos próximos deve ser sempre a oração que orais. Como e por que, vou explicar-vos com o seguinte exemplo:
15 – Um rei muito poderoso tinha em seus cárceres vários prisioneiros que lhe causavam muita pena, pois eram pobres desgraçados que tinham sido levados ao mau caminho. Porém ele não podia modificar a lei sem ferir sua justiça e assim libertá-los do castigo que a lei lhes tinha imposto. Mas quando eles passaram bastante tempo na prisão e cumpriram boa parte da pena imposta, ele decidiu libertá-los. Mas ele pensou o seguinte: “Eu também tenho uma amada. Vou fazer com que ela saiba da existência destes infelizes no meu cárcere. Como ela me ama muito e tem plena confiança em mim, tenho certeza que virá correndo pedir clemência pelos infelizes”. Assim foi feito, e aconteceu o que ele tinha imaginado.
16 – O que achais que o rei fez? Ele teve uma enorme felicidade em poder mostrar a sua amada o quanto o amor e a confiança dela podiam alcançar e os fundos que o amor e a confiança eram capazes de gerar. Os prisioneiros, porém, louvarão o senhor, pois eles puderam ver que Ele somente é alcançável pelo amor e confiança absoluta e ensinarão isto a seus filhos e amigos, para que eles também se tornem amantes do Senhor.
17 – Vede, é assim que deveis orar. Não deveis pensar que podeis Me comover com uma oração morna, mas sim pedir para que vós mesmos possais vos fortificar em vosso amor por Mim, e desta maneira vosso pedido será de Meu agrado. Não deveis pedir por causa dos presos, mas sim por causa de vós mesmos.
18 – Mas com respeito aos que já partiram, isto também vale. Vós não sabeis em que situação eles se encontram no Além, mas isto não tem importância. O único ponto que importa de fato é que todos saibam que Eu sou o grande amigo do amor e o serei eternamente, e que o amor sempre faz bem a todos.
19 – Tenho certeza que ao receberdes presentes de vossos filhos, presentes comprados com vosso dinheiro, sentireis uma enorme alegria. Muito mais Eu ficarei feliz, se atuardes como vossos filhos. E muito se alegrarão os vossos “mortos”, ao saber que os que ficaram no mundo se lembram deles com amor.
20 – É assim que são as coisas, e é assim que deveis atuar, se de fato desejais ser Meus Filhos queridos.
21 – Tu, Minha querida alminha, ora com confiança; e Eu, teu querido Jesus, não te abandonarei. Amém. Isto falo Eu, teu querido Jesus.
A visita ao morro
No dia 25 de outubro de 1840, sob forte chuva, os cinco amiguinhos viajaram para Uebelbach e sob neve, vento bem forte e geada, foram até o pé da montanha pequena, ao meio dia. No local onde o morro aparecia no firmamento nebuloso apresentou-se um sol pálido aos visitantes. Este sol tornava-se cada vez mais claro e brilhante. Em alguns lugares o céu ficou azul e parou de nevar. Também o vento e a geada amainaram. Um sentimento de felicidade apoderou-se dos viajantes.
Explicações espirituais da visita à pequena montanha
Recebido por Jacob Lorber 29 de outubro de 1840 de manhã e tarde
1 – Após executardes a tarefa encomendada (visita à pequena montanha) com algum êxito, Eu vou cumprir o que prometi e vos dar um bom emolumento de viajem.
2 – Já na vossa viajem de ida, possivelmente vos chamou a atenção a nebulosidade que aumentava cada vez mais, especialmente se observastes que esta nebulosidade se iniciava no meio das montanhas, mas nunca ultrapassava o cume mesma.
3 – Em segundo lugar, deve ter chamado vossa atenção, especialmente após terdes saído do vale e vos dirigido ao solo montanhoso, que todo este vale estava ladeado por morros com aproximadamente a mesma altura e também o mesmo formato; além disto, estes morros estavam cobertos por vários tipos de árvore, arbustos e ervas, desde o sopé até seu cume, e só estavam desmatados onde o homem usava a terra para seu trabalho.
4 – Depois tereis observado que o vale, como muitos outros, fazia muitas curvas. E quando pudestes ver as rochas lá e cá, notastes a formação de placas como em Choralpe; elas, porém, são mais amplas aqui no vale.
5 – Se tiverdes observado o declive bem perpendicular das montanhas à distância, creio que tereis observado ali certas coincidências, especialmente e com mais frequência o formato piramidal dos morros.
6 – E quando chegastes às alturas sob tempo tormentoso, para poderdes ver a parte mais elevada da “pequena montanha”, uma brisa fresca vos alcançou, jogou alguns flocos de neve em vosso rosto, e de repente o sol se mostrou no meio das montanhas. Assim vós conseguistes ver tudo o que era necessário, pelo que vos tinha pedido de antemão.
7 – Bem, isto é a parte material que observastes. Mas Eu vos tinha falado de sentimentos por vós ainda desconhecidos. Eu vos pergunto: Vos destes conta de alguma coisa como esta? Sim, pois quando Eu prometo algo, Eu cumpro. E Eu vos digo: Teríeis sentido muito mais, se tivésseis permanecido mergulhados em vossa interiorização.
8 – Aqui tenho que chamar vossa atenção a um erro muito comum entre os humanos e que impede que as pessoas consigam sentir sensações maravilhosas na Terra. O erro é que, quando esperam a realização de um fenômeno extraordinário que lhes tenham prometido, elas dirigem toda sua atenção a tal altura, que deixam de observar muitas maravilhas que acontecem dentro deles. Elas jogam todos os seus sentidos a tais alturas, de modo que nada mais conseguem ver.
9 – Este também foi um errinho que vós cometestes. Vós levantastes vossos olhos para as coisas extraordinárias que aconteciam lá fora e esperastes que a sensação interna entrasse em vós qual ave penetrando vosso corpo e mente e que tivesse provocado em vós sensações mágicas.
10 – Prestai bem atenção a este exemplo para ocasiões futuras.
11 – Um rei importante viajou para uma cidade desconhecida. A população foi ao seu encontro bem longe da cidade, para poder ver o rei e sua entrada triunfal. O rei, porém, não gostava nada destes atos magníficos e majestosos. Abandonou o seu coche bem simples e mandou que sua comitiva diminuísse a velocidade. Ele, porém, viajou bem rápido no seu coche simples de aluguel que veio a seu encontro, não reconhecido pela multidão, e entrou na cidade totalmente incógnito.
12 – Ao lá chegar, ele quis tomar um refresco. Foi às hospedarias, mas todas estavam vazias. Até que no fim chegou a uma pequena estalagem, onde um servente cocho foi ao seu encontro e, mal-humorado, lhe perguntou pelo que desejava.
13 – O poderoso rei, porém, primeiro lhe perguntou a razão de sua tristeza e mal humor. Ele disse que estava triste, porque não pôde ir ao encontro do rei. Ao que o rei respondeu que ele deveria alegrar-se, pois seria o primeiro a ver o rei em toda a cidade. O servidor, porém, não conseguia acreditar nisto. O rei daí falou: “Já que és o primeiro a ver o rei poderoso, receberás um prêmio bem grande, mas pela tua incredulidade também te será dado o castigo correspondente”.
14 – Enquanto assim falavam sobre o ver e o não-ver o rei, o povo retornava à cidade seguido pela comitiva real que entrava triunfante, mas sem o rei.
15 – Então o pobre servidor perguntou: “Enfim, onde está o tal rei, para que eu possa voar ao seu encontro e vê-lo em primeira mão?” O rei então respondeu “Se fores procurar o rei lá no meio da multidão, não escaparás do castigo prometido, pois se assim fosse o povo que foi recepcioná-lo lá na estrada já o teria visto muito antes que tu. Olha-Me porém, olha como estamos os dois aqui parados na porta desta casinha, onde ninguém ainda nos viu, nem ninguém se dignou a nos olhar, pois dirigiram seus olhares ao brilho da comitiva real e procuram o rei. Mas sim, olha para Mim!”
16 – O servidor obedeceu ao rei, mas ele não sabia o que tudo isto significava. Quando começou a olhar seu companheiro, ele notou que a comitiva tinha parado na porta da estalagem e começava a saudar o rei. Só então reconheceu o rei e muito se arrependeu do tempo perdido. Ele procurava o rei fora da cidade, enquanto que este se encontrava ali, bem ao seu lado, e deixava que ele o servisse.
17 – É assim que acontece convosco. Enquanto procuráveis o rei fora da cidade em trajes brilhantes e carruagens douradas, ele vos enganava e buscava sua liberdade. E enquanto vós aguardáveis o voar do pássaro invisível dos sentimentos, ele penetrava sorrateiramente em vossos corações, como um ladrão a consumar vosso espírito, sem que nada tivésseis de conhecimento. Mas Eu permiti que tivésseis uma leve intuição de Minha presença.
18 – Com isto a metade da tarefa foi concluída, pois vos mostrei que Eu mantive fielmente Minha Palavra, mesmo que as condições que vos pedi não tenham sido por vós totalmente realizadas. Mas isto não poderia ter sido tão fácil assim; não, em primeiro lugar, porque vós sois humanos e consequentemente imperfeitos; em segundo lugar, por serdes muito fracos e por isto incapazes de fazer algo sem a Minha ajuda constante, e em terceiro lugar, porque sois Meus filhos. Por isto Eu tenho que Me satisfazer mais com a vontade do que com a ação. É bem fácil Me servir, pois Eu pago a diária completa por uma hora trabalhada, mas para Meus filhos Eu dou toda a comida e roupa de graça.
19 – Já que a parte espiritual foi amplamente esclarecida, vamos dar mais uma olhada na região.
20 – Com respeito ao formato das montanhas periféricas, já foi de sobejo explicado, quando falamos no Choralpe. Mas para entender como o vale aconteceu, não precisais nada mais que um pedaço de crosta de pão e quebrar o mesmo lentamente, começando por baixo, de tal forma que a ruptura se dirija para a parte superior. Quando houverdes feito isto, vos terá sido esclarecido como se formou o vale. Assim aconteceu sob a superfície, com as elevações por vós já conhecidas em várias partes e com a ruptura que se alonga por todo o vale.
21 – Mas como a ruptura aconteceu em direção da parte superior, por si mesmo se entende que na parte interna, nos dois lados da ruptura central, devem ter acontecido sempre duas rupturas laterais. Estas rupturas às vezes se tornaram verdadeiros abismos e outras vezes se elevaram em forma de abóbadas.
22 – Que estas variações foram abrandadas com o tempo - ou pela destruição de rochas menos resistentes ou pela erosão dos ventos - já deve ser de vosso conhecimento há muito tempo.
23 – Mas que estas montanhas são milhares de anos mais antigos que o “Choralpe” por vós tão conhecido, como também de outros vales, isto tenho certeza que não sabíeis.
24 – Perguntais-Me como podereis reconhecer isto? A resposta é bem clara: Quanto mais compactas as rochas se apresentam, mais recentes. Quanto mais calcárias se apresentem, tanto mais antigas são. Se muitas rachaduras e rupturas possuem, então sabemos que passaram por inúmeros cataclismos. Se não aparecem muitas regiões coladas com cal e cada ruptura está bem definida e cheia de arestas, então esta formação rochosa é bem moderna.
25 – As rochas de vosso morro do castelo são bem mais antigas que o da “Choralpe” e também de outros morros menores que se encontram na vizinhança. Mas esta formação daqui também se difere dos Alpes, porque ela foi ejetada de regiões bem mais profundas do seio da Terra.
26 – Aqui teríamos, pois, a construção natural destas montanhas. Porém observai as montanhas piramidais, estas são exemplos das rochas bem antigas que encontramos aqui esparsas, especialmente aquelas que encontrardes carvão de pedra, o carvão negro que se originou na época de Noé (Dilúvio) ou de erupções vulcânicas que aconteceram então.
27 – O porquê disto tudo já vos foi explicado e também será elucidado com mais profundidade dentro de algum tempo (“A Terra e a Lua”).
28 – Com respeito ao nevoeiro que vos acompanhou, Eu quis mostrar-vos algo bem grandioso, e o escrevi com letras garrafais por cima das montanhas, para ilustrar vossa real situação.
29 – O sopé das montanhas, como certamente observastes, estava totalmente livre e claro, como também os cumes cobertos de neve. Mas nem vossos pés nem vossas cabeças Me inspiravam, por isto Eu coloquei o nevoeiro na região onde também em vós ainda encontro nebulosidades: vosso peito.
30 – Quanto mais vos movíeis (seguindo Minha Vontade, pois sem ela a nenhum lugar chegaríeis), observáveis que o nevoeiro ficava cada vez mais disperso e leve, e os troncos das montanhas por fim ficaram limpos e vos apresentaram sua farta vegetação. Ao seguirdes o vosso caminho, fostes capazes de ver um tronco totalmente verde na montanha, o que vos deveria demonstrar que quanto mais obedecerdes Minha Vontade, tanto mais viva fica a esperança.
31 – Bem, ao chegardes a uma determinada altitude, sob tormenta de neve e vento, quase perdestes toda a esperança em ver alguma coisa extraordinária e de aprenderdes algo mais de Minha Vontade. Porém Eu, cheio de misericórdia e piedade, permiti que o Sol aparecesse por entre as nuvens, iluminasse e limpasse a região. Com isto vos quis mostrar que Eu chego no momento que menos Me aguardais e menos achais possível acontecer.
32 – Que o Sol não se vos tenha apresentando em toda sua pureza e claridade, com isto quis mostrar-vos quão nebuloso ainda se encontra vosso amor. Quando este ficar cada vez mais quente, então o Sol do espírito ficará bem claro, e em seus raios brilhantes vós podereis reconhecer vossas trevas e sombras. O que estas sombras significam não vos direi, já o deveis saber de sobejo.
33 – Ao regressardes para casa, vossa noite nebulosa, deveis ter observado alguns raios e que as trevas da noite estavam tão iluminadas, que ficastes muito surpresos, e com toda razão. Pois com isto Eu realmente vos quis dizer como estava vosso peito (coração) e podeis alegrar-vos bem, pois a noite de vossas vidas já se tornou tão clara quanto era a noite de vosso retorno para casa. Por detrás das montanhas de vossos conhecimentos, as trevas começaram a ceder com a claridade de alguns raios. Isto já é um progresso.
34 – Meditai, pois, bastante sobre esta viajem. Foi este o motivo que vos disse para fazê-la, para que a natureza vos fizesse uma fotografia real do que já sois.
35 – Vede, estas são as “dietas” prometidas, e elas têm mais valor, do que quando sois cheios de ouro. Existem muitos que quase comem a natureza com seus olhos, mas muito poucos se reconhecem nela. Amém. Isto vos digo Eu, o grande “dietista”. Amém.
Do existir na aparência
Essa aparência de vida na Terra, irmão, não é tua, mas assim mesmo habita nessa aparência um grande ser! Não confia nas aparências, mas aproveita esses lampejos de claridade na Terra, para encontrares o verdadeiro ser em ti.
Sobre o servo Jacó Lorber e um discípulo novo. Loas à mansidão
Recebido por Jacob Lorber, em 30 de outubro de 1840
1 – Para o próximo domingo peço-vos que já estejais aqui reunidos desde as oito horas da manhã, pois tenciono elucidar mais algumas coisas sobre vossa “viajem dietética”, e o que foi dito ontem vos parecerá um simples índice de livro.
2 – Mas prestai atenção, pois não usarei mais explicações tão simples como ontem usei no “índice”. Pois ontem muitos pensaram que explicações tão simples teriam sido possíveis até mesmo pelo Meu servo, que não passa de um inocente receptador Meu. Ele não sabe nada mais do que aquilo que de Mim recebe.
3 – Isto ele bem sabe e ele também nada fala que não seja colocado por Mim em sua boca. Ele nem consegue falar por si, pois tem muito menos conhecimento do que qualquer um de vós. É esta razão por que ele se tornou uma ferramenta muito útil para Mim, pois pouca coisa existe em sua cabeça. No entanto existe muito, mas muito mesmo em seu coração, o que é apenas o que Eu preciso, pois no coração não existem recordações, mas sim uma lembrança enorme do amor em Mim e para Mim, e nesta lembrança a visão exata do que Eu quero e do que Eu digo! Esta é a situação correta do ser humano. A situação das “cabeças compreensivas” é totalmente errada e muitas vezes não passa de sonhos absurdos do orgulho que se origina num cérebro doente e mal usado.
4 – Bem, não usarei palavras simples desta vez, e vossa razão será sufocada, mas vosso coração, no entanto, será cada vez mais feliz.
5 – Quando Eu acabar esta explicação, então o irmão KGL trate de conversar com o novo membro, mas sem forçar demais e sem dizer nada, até que qualquer leigo que tenha um pouco de introspecção consiga entender. Muito do aqui dito precisa de preparação antes de ser entendido.
6 – O homem a quem Me refiro é aquele que todos vós já pensastes ser e o qual, se for abordado com sabedoria, se tornará um obreiro muito importante em Minha Vinha. Porém não deveis forçar um nada seu livre arbítrio, mas sim ele deverá degustar o pão da vida em pequenos pedaços que lhe dareis. Vereis que em curto tempo ele ficará faminto pelo mesmo.
7 – Também ele e Meu servo não devem se encontrar ainda, mas somente quando a sua fome aumentar e se ainda ficar sedento pela água da Vida. Só então lhe deverão ser entregues os escritos de Meu livro “Criação de Deus”, como também as mensagens aqui reveladas. Só então ele se tornará um homem verdadeiro e Me reencontrará onde menos espera.
8 – Se por acaso ele disser que existem algumas coisas bastante estranhas, que não existe uma ordem correta e nenhum sistema de ensino conhecido, dizei-lhe que Minha ordem e Meu sistema diferem totalmente do vosso. Os homens contam um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e dez, mas não consideram que cada mundo somente é um marco do infinito; mas o que se encontra entre o um e o dois e o três e assim por diante eles não consideram. Eu, porém, possuo e conheço a ordem correta e não digo um, dois, três, etc..., mas antes que o abismo do infinito que há entre o um e o dois esteja totalmente preenchido não é possível progredir-se ao três.
9 – A quem é conhecido o começo, o início e o fim de todas as coisas? Eu, porém, sou o princípio, o Alfa e o Ômega, e sou o eterno ponto central de tudo. Por isto Minha ordem é a certa, pois Eu sou a Ordem própria. No momento, no que o membro novo me reencontrar, então lhe será aclarada Minha ordem e o Meu sistema.
10 – Mas se alguém não conseguir reconhecer isto, este deve olhar para a Terra e sua vegetação. Então com certeza tudo lhe parecerá uma miscelânea, mas se elevar os olhos para o firmamento, não verá as constelações como se uma mão as tivesse jogado sem plano nenhum, como se tivessem sido colocadas lá por acaso? Eu falo: em todos os lugares existe a maior ordem! Crescem plantas venenosas e curativas num só lugar, como ervas daninhas entre o trigo, e mesmo assim existe a maior ordem em tudo isto.
11 – O pedreiro também joga a argamassa entre as pedras que coloca e não se preocupa em absoluto pela posição do grãozinho da areia que compõe a argamassa. Eu, porém, digo: Na posição em que se encontram os grãozinhos de areia da argamassa existe mais ordem de que em toda a construção. Os cientistas com certeza dirão que esta afirmativa é no mínimo uma grande tolice.
12 – Vede, se aquele homem pensar sobre isto só um pouquinho, então ele já terá iniciado sua evolução. Mas atenção; é preciso muita suavidade e amor. Atenção, especialmente muita suavidade.
Na mansidão deveis vos entender,
Na mansidão se encontra uma brisa divina,
Somente a força da mansidão conseguirá
Levar a fraqueza para a perfeição,
Pois a mansidão não julga nenhum erro,
Pois nela tudo pode continuar a existir,
Onde ela é colocada como alicerce da construção,
Lá existirá uma poderosa união.
Compreensão e tolerância!
Em cada planta nova existe uma semente nova e para cada tipo de árvore existe um tipo de fruto. Por acaso conheceis a utilidade de todos? Com certeza não. Vede, é assim que se apresenta a vida espiritual no homem de boa vontade. As espécies, as classe e gêneros, mesmo que sejam bem diferentes, não têm nenhuma diferença para Mim. Só é questionável como e quanto são úteis, e por isto não deveis amaldiçoar a ninguém, nem excluir, mas sim tomar conhecimento de Meus diversos caminhos.
O mundo de todos os santos
Recebido por Jacob Lorber, em 01 de novembro de 1840
1 – Antes que cheguemos a escrever tudo o que foi mencionado graças a uma inspiração especial, é necessário chamarmos a atenção a um engano que mantém tantas pessoas aprisionadas e que às vezes faz com que percam uma grande porção de sua evolução, tanto aqui no mundo material como também no espiritual.
2 – Pois podem alguns achar que já possuem todo o infinito, quando Eu lhes dou muito. Então eles acham que já têm tudo, mas outros, no entanto, ainda acham que nada receberam e se assemelham a uma panela furada, a qual tentamos inchar sem sucesso.
3 – Pois se alguém achar que tudo possui, quando Eu lhe dei infinitamente muito, como seria possível Eu ainda poder dar algo mais? Do ponto de vista humano, isto seria um tanto esquisito, e alguém teria o direito de dizer: “Quando o Infinito me é fiel, o que mais eu deveria receber que fosse maior que ele?”. Isto de fato é correto, se observado só no exterior, mas não é verdadeiro, quando consideramos a verdade interna intrínseca que emana de Mim, pois Eu não sou somente o senhor de um infinito, mas sim de um infinito em todos os infinitos, o que significa que tudo e cada um emana de Mim e contém outro infinito, pois Eu, como o eterno princípio de todas as coisas, sou em tudo e em cada um infinito.
4 – Se um humano tiver produzido uma obra, por mais espetacular e magnífica que ela seja, ela é para sempre finita, pois o seu criador é um ser finito. Mas se Eu produzir a menor obra imaginável, esta seria infinita, pois Eu, seu criador, sou infinito, mesmo que ela pareça ser delimitada em todos os lados, que pareça uma coisa cheia de limites no seu exterior; mas no seu interior é que está o infinito, pois Eu lá Me encontro. É por isto que as pessoas se enganam pensando que já tudo possuem, pois Eu lhes dei muito e o infinito, mas neste caso o infinito que eles acham possuir de longe ainda não é tudo.
5 – Ao contrário, vejo uma grande ingratidão naqueles que, apesar de já terem recebido muito, (e neste caso por Mim tocando o infinito, por ser Eu o doador), ainda acham nada ter. Estas pessoas ainda não têm o mais leve conhecimento dos valores do interno de tudo. Elas só contam as coisas pelo seu volume, pelo seu exterior e não dão a mínima importância ao valioso interior dos objetos, não se lembram que a casca da noz não é o todo, esquecendo a deliciosa fruta que existe no seu interior. Estas pessoas são avarentos e procuram acumular tudo para si. Mas, apesar de todas as posses, estão cheias de fome, igual ao avarento que, ao dar-se o direito de comer um pedaço de pão velho, ainda pensa se não seria possível vendê-lo a alguém mais faminto e guardar o centavo recebido.
6 – Bem, já que conhecemos dois extremos, é possível perguntar: Onde se encontra o meio termo correto, ou como ele deve ser, para que se apresente corretamente ante Mim?
7 – Eu vos digo : O meio termo certo deve ser um bom filho, aquele que não julga pelo tamanho da dádiva, mas sim na necessidade e precisão da mesma, e que aceita tudo que receber cheio de gratidão, por ser dádiva do Pai. Ele não precisa de nada além do que recebeu, pois sabe muito bem que o Pai sempre lhe dará tudo aquilo que lhe é necessário. Ele sabe que o Pai é extremamente rico e que proverá o filho do bom e do melhor. Este bom filho também não precisará além do que lhe é dado, pois sempre foi alimentado a contento. Como o Pai também é muito sábio, ele dá ao filho o justo que lhe compete.
8 – Vede assim que é o meio termo correto. Vós tereis que vos posicionar neste meio termo e não deveis achar que já recebestes tudo, nem deveis achar que recebestes muito pouco ou mesmo nada. Vós não podeis comparar o que tendes com tudo que ainda recebereis de Mim. Deveis permanecer neste meio termo, cheios de humilde gratidão. Deveis ser iguais àquele filho que está feliz e satisfeito, pois reconhece ter o melhor dos pais. Em vossos corações, deveis ser os filhos verdadeiros deste Pai tão bom e santo que sou; Eu, que Me sento aqui entre vós e vos dou estes ensinamentos por intermédio de Meu Servo.
9 – Bem, a seguir desse esclarecimento prévio e necessário, vos darei outro que também é necessário e importante, como também será a mensagem que mais tarde vos darei.
10 – Eu vos disse que deveríeis ser elevados a mais um degrau de vossa evolução. Pois este degrau vos será dado agora, com todas as explicações e esclarecimentos necessários.
11 – Milhões de pessoas se deitam todas as noites sobre seus corpos cansados e no dia seguinte milhões tornam a se levantar com os corpos descansados, alguns para reiniciar suas tarefas habituais e outros para seguir seu ócio contínuo. Assim se levantam milhares de pessoas e cada uma com o seu propósito diferente. Mas de todos estes não houve um único que se levantou como é devido. Todos deixaram de dar a atenção devida ao amanhecer, como também ao pôr-do-sol, a não ser que estivesse acontecendo uma tormenta fora do comum a lhe atrapalhar os negócios, ou se um raio e o trovão consequente lhe tivessem gritado: “Ouve tu, fraco e atarefado homem, se eu, o raio, tivesse me aproximado de ti somente mais alguns metros, tua conta com o mundo estaria encerrada!”.
12 – O homem neste caso se assemelha ao pardal no galho da árvore. Quando ouve um tiro, se afasta piando, como se quisesse dizer: “Ufa, estive em perigo mortal. Vou evitar este lugar. O caçador jamais deverá encontrar o galho distante onde me ocultarei de agora em diante”. Mas não demora muito e o mencionado pardal estará a se balançar novamente naquele galho onde quase encontrou a morte.
13 – É isto que acontece com os homens. Um perigo só é considerado como advertência enquanto ele dura. No momento em que o perigo passa, tudo volta ao normal. O homem volta ás suas atividades habituais e continua a ser o cego de sempre, qual cego e surdo que vai ao trabalho sem nada perceber.
14 – O mundo é qual grande teatro, no qual em cada segundo se apresenta um novo espetáculo, dos quais todos são de grande importância. Quem não for cego e surdo terá um enorme prazer nos mesmos, mas quem os assistir surdo e cego será como um coral de pólipos que se ancorou num buraco escuro e lamacento do mar e nada mais faz do que comer e comer com suas mil bocas.
15 – Se vós, porém, acordardes cedo de manhã, observai, pois, todas as coisas que estão a vossa volta com muita atenção. Cuidai de observar bem vossos sentimentos, que sempre se apresentam de forma modificada, assim como uma minúscula nuvem se modifica no céu azul. Esta será sempre bem diferente, mesmo quando olhada simultaneamente de um outro lugar do mundo. Vossos sentimentos também são diferentes na manhã e no anoitecer.
16 – Se por acaso sentirdes uma brisa agradável, vossos sentimentos não se tornam alegres? Quando um vento quente vindo do sul transporta maravilhosas massas de nuvens pelo céu, podeis ver os pássaros a brincar alegremente, tão felizes que abrem suas asas cheios de prazer. Mas se um vento do oeste ou do norte, úmidos e violentos, começa a soprar, vossos sentimentos serão de preocupação. Recolher-vos-eis ante estes ventos tão agressivos e inamistosos. Mas se o vento leste se apresentar, vossos olhos acompanharão as nuvens semelhantes a ovelhinhas, e vossos sentimentos tornar-se-ão amplos e acolhedores sob o céu azul e branco. Vossos sentimentos não serão modificados, se a manhã vos saúda com lindas nuvens rosadas e uma brisa fresca?
17 – Não importa para onde fostes nem a que lugares viajastes, cada modificação que observardes com atenção será motivo de sentimentos diversos e às vezes de tal maneira, que vosso quarto vos parecerá modificado na vossa volta, como se estivésseis a vê-lo pela primeira vez.
18 – Se algum de vós ainda não tiver sentido isto, então Eu o aconselho que viaje; não precisa ser longe, pode ser logo ali para as montanhas. E quando voltar para seu ambiente, verá que ele parecerá diferente, mas isto só acontecerá se prestardes atenção às modificações de vossos sentimentos. No dia seguinte que esta pessoa fizer uma pequena viajem em sentido oposto à primeira, ao retornar notará grandes e diferentes alterações de seu sentimento.
19 – Pergunta-se, pois, qual o motivo de reações tão diferentes? A resposta é a alavanca para o degrau mais elevado. Da mesma maneira que ao estudardes qualquer matéria - como por exemplo, geografia, história, etc. - vós tereis uma visão diferente da que tínheis antes do estudo. Isto acontece numa esfera bem maior, se estiverdes assistindo Meus ensinamentos, pois quem fala nesta matéria sou Eu, por intermédio de Meus servos que já por aqui passaram. Estão no presente e ainda virão, pois eles todos falam diretamente para vosso espírito.
20 – Mas como já sabeis, é bem difícil pregar aos cegos e surdos, pois estes o máximo que conseguem sentir é o cheiro da refeição, porém não podem ver como ela é. E se lhe dissermos como ela é e de que foi preparada, eles não ouvem, pois são surdos. Vede, assim são todos os alimentos espirituais mencionados. Só o que conseguis é sentir o seu aroma. Ainda não conseguis ver estas inúmeras revelações para o espírito, pois ainda sois cegos. E como são preparadas também não conseguis assimilar, pois sois surdos.
21 – Este, porém, é o degrau mais elevado que já mencionei. Dou-vos uma pomadinha para os olhos, e assim podereis enxergar algo. Sim, no meio de vossos corações podereis enxergar algo por meio destas visões. Notareis que estes acontecimentos não se realizam por eles próprios, mas ocorrem qual o professor que não sobe ao púlpito para si, mas sim pelos seus alunos.
22 – Pois cada uma destas revelações não são nada mais que um espelho límpido, tão artisticamente preparado, que cada ser humano que estiver desperto um mínimo, que não estiver totalmente adormecido, consegue enxergar as modificações de seus sentimentos que acontecem a cada instante, como também as modificações que acontecem no seu interior e, especialmente, enxergar uma visão da humanidade total. De um só relance ele pode ver o inferno na sua totalidade (os espíritos libertos e os não-libertos) e na parte mais interna deste espelho, o céu e tudo que lhe pertence. E tudo isto ele pode ver nas mais infinitas potências, porque Eu, aquele que permitiu e representa tudo isto, sou infinito, como já foi dito várias vezes.
23 – No futuro, se algum de vós sair ou viajar, não desconsidereis nenhuma revelação ou visão, por mais insignificante que pareça. Nada vos deve parecer indigno de vossa atenção. Não acheis que Eu vos exijo demais, se Eu chamar vossa atenção à uma modificação de uma minúscula poeira do sol, ou então ao trinar de um minúsculo inseto. Isto pode ficar desprezado e sem valor algum, (pois o inseto só executa sua atividade primária por Mim assim determinada e que só a Mim interessa), mas tenho certeza que tal não acontece quando vossos olhos se deparam com um objeto ou ser apontado. As minúsculas poeiras solares, como também um ácaro, só se tornarão importantes quando apontados por aqueles por Mim abençoados como sendo apóstolos e que se apresentam a vossos olhos como professores por Mim nomeados para vos ensinar.
24 – Vede, este é o “degrau mais elevado” que vos prometi, foi isto que Eu já vos disse na mensagem anterior: Haverá muitos que olharão os fenômenos da natureza como uma coruja olha uma lâmpada, mas muitíssimo poucos existem que se encontrarão a si mesmos nesta visão da natureza.
25 – Na noite anterior, a Meu pedido, fostes ao pequeno morro. Chovia a cântaros, e nas montanhas mais elevadas a neve caía. Isto foi para vós um fenômeno bem natural. Nenhum de vós pensou que tudo isto acontecia não somente por vossa causa, mas sim por toda a humanidade, mesmo não somente por toda a humanidade, mas sim por todo o inferno, por todos os espíritos, tanto os libertos como os aprisionados na matéria, por todos os céus e finalmente por Minha e vossa causa.
26 – Então vós e muitos outros que receberão esta “bênção” dirão: “Que entenda isto quem quiser e puder, mas nós nada entendemos. Pois se um é para somente um, na verdade não é só para um único, assim como um não é um, mas sim é tudo; isto entenda quem puder e quiser. Pois quem só possui uma maçã, este não pode possuir mas do que uma maçã”.
27 – Isto é a pura verdade, Eu vos afirmo, mas também é verdade que aquele que é cego nada vê e quem é surdo nada ouve e por isto não pode entender que o “um” pode ser muitas coisas ao mesmo tempo, e vice-versa; assim como um retrato pode ser totalmente parecido a um homem e mesmo assim ser o retrato que representa toda a humanidade. Ele muito menos pode compreender que aquilo que nada é e que nem parece ser é de fato tudo e pode ser tudo; ao contrário, tudo aquilo que é tudo o que parece ser, no fundo nada é e muito menos será algo.
28 – Aqui estou dando algo onde vossas mentes têm bastante com que se ocupar e que as escandalizarão em muito. Mas cada coração estará feliz com isto, pois nisto conseguirá concluir que a matéria externa, que parece ser tudo, não é nada no fundo; mas o espiritual que existe na matéria, que não representa nada para o cego e o surdo, é de fato tudo. Sim, o coração estará feliz quando vir que no fim Eu sou tudo e estou em tudo!
29 – Aquela chuva já foi uma aparição bem importante, bem entendido somente para o homem interno, pois com ela vos foi mostrado que ela era uma chuva misericordiosa, por Mim enviada para vossos corações e espírito. Mas esta chuva não deverá ser somente para vós, assim já foi dito, mas sim para a manutenção da Terra e consequentemente para a manutenção de toda a Criação. Isto vós já sabeis desta chuva: dependendo de onde caem as gotas, servirá para a conservação da Terra e de toda a Criação.
30 – Mas, como já foi dito, não conservará só a Terra e toda a Criação. Como já é de vosso conhecimento, também terá poder espiritual suficiente para colocar o inferno no seu devido lugar, pois nada acontece no mundo espiritual que não seja logo representado na natureza, que não tenha seu fundo espiritual. No momento em que entenderdes isto, podereis, no futuro, saber os motivos dos acontecimentos da natureza.
31 – Mas não é somente para o inferno, mas sim também para os espíritos redimidos e caídos. Para os libertos e redimidos, como uma dádiva misericordiosa que representa o crescimento em Meu Amor; para os presos e caídos, como um meio de redenção que se origina na matéria amolecida, pois cada gota é uma chave dourada de redenção para a libertação de uma prisão que já dura milhares de anos! Mas novamente não é só para estes, mas sim também para a totalidade do céu, para que ele se desfaça do excesso de sua Misericórdia. Mas não somente para o céu, mas sim também para Mim, para que Meu Amor encontre mais espaço de ação em fluxos cada vez mais poderosos, fluxos que vêm de Meu Coração Paternal e que precisam ser espargidos. E novamente não somente para Mim, mas sim também para vós, para que possais mais uma vez reconhecer como vosso Pai é bondoso.
32 – E assim como foi esta chuva, também o são as revelações e aparições que lhe seguiram. Pois cada uma foi programada de tal maneira, que cada nesga de nevoeiro que acontecia na encosta vos dizia:
33 – Vede como é maravilhoso o Amor de vosso Pai, como ele me carrega para passar pelas trilhas perigosas destas rochas, como este amor do Pai, começa a me puxar para fora das trevas da noite em que me encontro, para Sua luz e para junto de Seu coração vivificador, vede como eu, uma névoa informe, me elevo dos abismos, ainda não sabendo de onde vem esta bênção. Mas mesmo assim eu, névoa informe, vos digo, a vós homens questionadores, que andais debaixo desta minha triste figura:
34 – Houve um tempo em que vos acontecia o mesmo que me acontece hoje. Considerai isto com atenção. Eis o Amor do Pai, Ele que tanto faz pelas suas criaturas indignas, estas que na sua absoluta liberdade não quiseram reconhecer o Grande Amor, a imensurável doçura e condescendência de tão enorme e santo Pai”.
35 – Vede pois, este é o evangelho desta nesguinha do nevoeiro. Se assim achardes por bem, conseguireis escalá-la e podereis assim elevar-vos para Meu Coração, onde sempre estivestes no passado. E lá podereis, cheios de amor, tornar a entrar em vós mesmos e na presença do vosso Santo Pai.
36 – Tal como as visões se desencadearam durante vossa viajem, vós podeis imaginar a vós e ao vosso desenvolvimento espiritual nesta mesma ordem. E o círculo de vossa viagem foi exatamente o mesmo que acabei de vos apresentar. Pois naqueles pontos onde vislumbrastes o sol, lá estareis como que dentro de Meu Coração. E de lá retornastes, iluminados, cheios de Meu Amor secreto, no qual tudo em vossa volta se iluminou e onde o Sol de Minha Misericórdia deixou que vísseis a vossa sombra exterior. Isto significa: Da mesma maneira que sob os raios do sol a sombra do homem do lado de fora se projeta sobre a Terra, assim se projeta a sombra, ou melhor dito, a maldade da alma (que são vossos pecados), de dentro de vós para fora e pelo poder amoroso dos raios de Meu Amor, já que agora estais plenos de amor por Mim e totalmente iluminados pela luz de Minha Misericórdia.
37 – Este é o “apêndice” que vos tinha prometido, do qual não tínheis o menor conhecimento e que deveis reconhecer e constatar que, quando Eu prometo algo, Eu sempre cumpro com Minha Palavra.
38 – Mas não acheis que, desde que Eu vos dei tanto neste momento, nada mais teria para vos proporcionar. Permanecei firmes em Meu Amor e praticai o mesmo com o vosso próximo, e Eu vos enviarei, ainda este ano, a lugares mais distantes e vos darei “dietas” bem maiores. Assim podereis então entender por que a Terra se tornou um lugar de evolução e da mais plena Misericórdia do Pai Santo e Divino.
39 – Eu ainda tenho guardados muitos pedacinhos do Pão de Meu Amor no Meu bolso. Estes são todos para vós. Comei com alegria e não vos preocupeis pelo pão vosso de cada dia. Pois Eu tenho tanto, mas tanto pão, que vós não o conseguiríeis digerir em toda a eternidade.
40 – Meu pão ainda tem uma qualidade especial: Quem dele comeu um só pedacinho este já está satisfeito. Mas ao mesmo tempo este pão abre o apetite de tal maneira que, mesmo satisfeita, a pessoa deseja comer do mesmo sempre mais e mais, e este pão se torna cada vez mais doce e gostoso. Por isto comei com vontade este Meu Pão! E não vos preocupeis pelo vinho que servirá para apaziguar vossa sede, pois ambos existem em abundância. Isto observareis cada vez mais em vosso interior (o desejo pelo pão e vinho) e em pouco tempo tereis certeza absoluta dessa verdade.
41 – Se o caminho for um pouco irregular, não vos deixeis impressionar, pois não estareis a pé, mas sim podereis colocar um cavalinho bem corajoso diante de vossa charrete. Mas mesmo que de vez em quando tenhais que vos mover com vossos pés, saibais que nenhum de vós ficará com os pés feridos ou doloridos.
42 – Prestai bem atenção a isso! Atuais, vivei e agi sempre de acordo com Minha Vontade, e assim o vosso sol interior e verdadeiro logo afastará todas as trevas de vossas vidas e vos iluminará totalmente com os raios da vida. Amém. Isto falo Eu, vosso santo e amoroso Pai. Amém.
O mundo de todos os santos
Recebido por Jacob Lorber, em 01 de novembro de 1840
1 – Está aí um homem muito insinuante, que prefere tudo o que é grande ao que é pequeno, por ser mais agradável do que útil. Gosta de estar com os poderosos pela sua honra, para que depois possa falar a todos que visitou fulano de tal poderosíssimo, e este ou aquele senhor o elogiou e o convidou a visitá-lo com mais frequência (o que ele fará somente pela aparência, não considerando a amizade). Também gosta de estar na companhia de mulheres, cortejando a todas. Aprecia ainda as antigas amizades, se estas forem de homens agradáveis e influentes. Mas também não despreza os mais pobres, contanto que tenham um nome importante. Mais que tudo, prefere novos conhecimentos com mulheres emergentes que o buscam para subir.
2 – Ele também é um amigo dos letrados e também admira os artistas famosos, mas sempre mais pela sua honra do que pela honra dos outros, e assim consegue ser conhecido como um homem inteligente e boa praça.
3 – Assim este coitado é capaz de, para agradar alguém, ferir seus pés de tanto correr, mas sempre visando lucros para si mesmo. É ele mesmo o seu próprio melhor amigo, desconsiderando todos os outros.
4 – Este pobre coitado - que assim mesmo possui um coração bastante bondoso e prestativo e lá no seu interior já tem certa atração pela Minha Misericórdia que está se deitando sobre vós - também tem um desejo bem secreto pelo Meu Reino. Está lentamente procurando o bem e a verdade, para observá-los bem dentro de seu coração, o que Me levou a olhá-lo com Meu Amor, e se ele assim o desejar, ajudá-lo a sair de seu labirinto. Bem, a este homem Eu falo:
5 – Que ele comece a deixar de fazer as visitas sociais o quanto antes e que em vez delas comece a Me visitar, a Mim, seu Pai, com mais frequência. Isto lhe será muito mais útil, aqui na Terra e eternamente, do que milhares de visitas que fez para os homens, sem proveito algum.
6 – Pois com suas inúmeras visitas (por muitos já consideradas desagradáveis e enfadonhas e, aos visitados tantas vezes, insignificantes) não está conseguindo absolutamente nenhuma vantagem. Riem dele pelas costas, porém o elogiam falsamente, quando presente. Ele não enxerga isto, mas Eu sim.
7 – Mas para que ele saiba que ainda é muito tolo, Eu faço questão que ele conheça o que os seus “amigos” pensam dele, como compensação do seu esforço de tantos anos. O que é que eles dizem? Nada mais que ele é um pobre coitado, totalmente sem conhecimento e bem tolo. E o comparam a uma mula que sempre está disposta a carregar pesos enormes por um bocado de palha ruim.
8 – Por um prêmio tão ínfimo, este homem está sempre ávido em correr de casa em casa, permitindo que o açoitem espiritualmente. Pobre coitado!
9 – Eu não desejo mencionar todas as coisas desagradáveis que já lhe aconteceram. Isto só se destina a mostrar que, se ele tivesse Me escutado, não precisaria passar por tantas humilhações. Se ele tivesse escutado os conselhos de seus poucos amigos verdadeiros - estes mesmos que também são Meus amigos... Se tivesse se sentado junto ao poço de Jacó, para deste beber a água da vida... E se, em silêncio e calma, lá tivesse Me feito uma visita...
10 – Mas isto lhe causaria melancolia. Mas como é que ele não fica melancólico com a sua correria de uma mulher para a outra, e assim desperdiçando seu amor ou mesmo o afogando na lama mortal de sua tolice?
11 – Ele que Me responda: “ Porque ainda não te casaste com alguma jovem?”; pois sei que já cortejaste muitas, enganaste algumas com promessas de casamento e desgraçaste algumas tolinhas que creram em ti. Que desculpas podes apresentar, para que elas te purifiquem ante Meus Olhos e para que Minha Divindade não te amaldiçoe?
12 – Não respondas, por favor, pois cada resposta te condenaria! E se Me disseres: “Eu ainda não encontrei a certa, aquela que não tenha nenhuma falha”. Eu responderei: Cala-te falso juiz! Por que procuras tanto os gravetos nos olhos das jovens e não olhas as toras que estão nos teus. Sim, as múltiplas toras! Tu temes ser por elas enganado. Por que não temes por elas terem sido por ti enganadas e se tornado infelizes? Afasta-te de Mim, tu, egoísta pleno de amor próprio! Pois todas as meninas se originam, igualzinho a ti, do Meu Amor. Por que elas então não eram bastante boas para ti? Eu te digo: elas todas, mesmo extremamente fracas, eram muitíssimas melhores que tu.
13 – Não digas nada, silencia-te no mais profundo arrependimento, para que tuas palavras não te condenem. E se disseres: “Minhas posses são muito poucas, e assim eu não conseguiria sustentar uma mulher e filhos.”, Eu então te responderei: Escuta bem, se tu consideraste tuas posses e achaste que elas eram poucas demais, por que não consideraste também tuas aptidões e tuas exageradas exigências e também não consideraste teus desejos sexuais extremante exagerados? Pois com olhos invejosos observas a felicidade sensual dos grandes, poderosos e ricos do mundo. Desejas te igualar a eles, mas tu jamais desejaste uma esposa, mas sim amores libertinos.
14 – Vê, ainda há jovens pobres, mas direitas, que tu bem conheces. Por que não te casas com uma delas? Tu dirias: “Por causa da pobreza de ambos”. Eu, porém, afirmo que se tu fosses rico, tu olharias com o mesmo olhar de desprezo uma rica princesa, tal como estás a olhar a jovem pobre. Mas todas são Minhas filhas.
15 – Para que vejas que tudo isto é a mais pura verdade, Eu vou demonstrar-te tuas mais ocultas fantasias, onde tu te encontravas nas mais diversas situações “brilhantes” da vida mundana, quando tinhas alcançado algum clima, quando começavas a te apoderar de todas as jovens ao teu alcance. Sim, muitas vezes nestes teus sonhos, incógnito retornavas para pedir a mão de alguma jovem que já tinha te desprezado. Como ela no sonho te desprezava novamente, adoravas imaginar que a insultavas e que a tratavas como os sultões tratam suas mulheres. Então sentias prazer (em teu sonho) ao vê-la chorar e humilhar-se ante ti. Aí te sentias como um poderoso rei!
16 – Vê, estes pensamentos são o espelho da alma e mostram a direção em que vão os desejos e a tendência de seu amor. Não são nada mais que o mais puro amor próprio e amor ao poder, que são uma verdadeira maldição. Por isto não respondas, para que não te envolvas e te condenes em tudo com tuas desculpas esfarrapadas.
17 – Ou então dirás: “Eu não posso casar com uma jovem do povo, pois eu sou uma pessoa educada, um funcionário do rei e do imperador e tenho amigos influentes. O que é que estes diriam?!” Eu, porém, digo: Na cidade não existe nenhuma jovem que não seja boa demais para ti. Sei que tu explodirias de tanto ódio, se alguém além de Mim dissesse essa verdade para ti. Pois vê, se há uma prostituta, ela o é somente por misericórdia dupla; primeiro por miséria espiritual e em segundo pela miséria material. Há o estômago com suas exigências, além da satisfação de sua sensualidade natural, a qual foi prematuramente excitada por cortejadores iguais a tu. Na sua fraqueza, ela acreditou nas palavras doces e envolventes que saiam da boca de uma hiena, de um cortador semelhante a ti, que muitas vezes já cravava suas facas venenosas de sensualidade em meninas de doze anos, presas fáceis nas suas inocências. Terias prazer em prevenir a jovem, para mais tarde poder dizer: “Esta será uma daquelas, pois agora já permite que eu faça tudo com ela.”
18 – Tu, que perverteste sua natureza desta maneira, como pensas que podes Me dizer: “Eu não suporto mulheres assim.”?
19 – Então, por favor, nada respondas, para que tuas palavras não se tornem uma pedra que te será pendurada ao pescoço e te afogues no fundo do mar.
20 – Se disseres: “Uma pobre não está a minha altura.”, Eu digo: Tu que não estás a altura de nenhuma! Pois as pobres são Minhas filhas. Ai daqueles que as enganam ou desprezam! O coração destes se tornará tão duro quanto uma pedra, para que não seja mais enternecido pelo carinhoso olhar de uma destas jovens pobres, e seu nome tão importante seja enterrado com ele.
21 – Mas aquele que se casar com uma jovem pobre por amor, este Me possui como sogro e também recebe Minha Bênção. É muito melhor quando os pobres se casam do que os ricos. Pois os pobres, quando na miséria, pensam em Mim, seu Pai, e sempre procuram ajuda Comigo. Enquanto que os ricos quase não sabem Meu nome. Quando estão com problemas, eles se desprezam e muitas vezes se suicidam. Olha, por isso não respondas, para que tuas tolas desculpas não te condenem.
22 – Mas se disseres: “Experiências más me fizeram desconsiderar o casamento. O que eu tenho observado me faz perder qualquer vontade de casar. Tenho medo do casamento”. Eu falo: Amaldiçoado aquele que assim se desculpar, pois este se declara abertamente como um grande desprezador do sexo feminino. E sua consciência clama: “Como sabes quão pouco valor tens e como sempre foste infiel nas atividades de tua vida, então a vida livre de solteiro te é muito mais agradável do que um casamento abençoado, único fato que poderia colocar um pouco de ordem em tua vida devassa”.
23 – Pois se tu pensasses como um verdadeiro cristão, dirias: “Senhor, eu sou um grande pecador aos teus olhos; tem piedade de mim, eu, um grande egoísta. Pois no meu desconhecimento eu pequei muito, tanto contra ti como contra todos os teus filhos fracos. No entanto me tornei muito mais fraco que todos os teus filhos e também mais fraco que todos aqueles que desprezei por sua fraqueza, e tudo isto por causa de minha enorme tolice egocêntrica.
24 – Eu te peço encarecidamente que tu me olhes novamente com Tua Visão espiritual, verdadeira e correta. Permite que eu ache de novo aquilo que desprezei pelo meu coração maldoso e errado. Já que não sou um ser que se deixa levar pelo espírito e sim sempre pela carne, permite que eu possa novamente reconhecer nas mulheres o seu verdadeiro eu, o seu valor espiritual, e que eu não permaneça cego como até hoje, só dando valor às riquezas e às belezas das mulheres jovens. Isto eu seguia fielmente no meu egoísmo, pois era um completo asno.
25 – Senhor, como eu reconheço este meu enorme erro, por favor, compadece-Te de mim, pobre e ignorante pecador, e permite que eu Te reencontre, pois bem sabes que sou da carne e não do espírito. Por favor Senhor, permite que eu encontre em mim uma matéria (carne) a Ti agradável, para que seja purificado e, se assim for a Tua Vontade, um dia renascer em espírito”.
26 – Vê, Meu filho, esta desculpa é bem melhor que qualquer outra, e somente nela está a Vida (não a morte).
27 – Eu não tenho a intenção de te obrigar a casar com estes Meus argumentos, enquanto tiveres razões mais fortes para ficar solteiro, desde que por puro amor por Mim; quero dizer, se tiveres condições morais de te retirar totalmente deste teu mundo tão altamente social. Eu espero ter te convencido a te arrepender realmente e a finalmente reconhecer como estavas errado em negar toda tua culpa, no entanto culpando os outros pelos teus erros. Pensa bem se isto em algum momento poderia ser por Mim permitido...
28 – Por isto Eu te mostro, por meio deste Meu pobre servo, o que é necessário para que entendas o que é certo e o que é errado, pois nem ele sabe isto com exatidão. E tudo o que ele sabe ele recebe de Mim como um gesto misericordioso (que ele não merece) em favor dos outros, não em seu favor (*). Isto tudo acontece, para que todos vós sejais julgados na vossa carne, para que ninguém caia no julgamento eterno do espírito.
(*) Aqui devemos observar que Jacob Lorber está levando uma reprimenda igual às que Paulo recebia com bastante frequência (as quais ele chamava de “sua flecha na carne), para que não se elevasse acima das grandes revelações recebidas. Nos profetas falsos podemos observar justamente o contrário neste assunto. Suas “profecias” frequentemente estão plenas de autoadoração, cheias de orgulho e bem calculadas pelo “bem-amado” e “escolhido” instrumento de Deus. A reprodução das reprimendas que Jacob Lorber recebeu nos deve servir como prova de sua autenticidade e de sua verdadeira humildade.
29 – Pois todo aquele que deseja ser aceito em Meu Reino Novo deve ser julgado em primeiro lugar (ser colocado na ordem correta), para que se purifique de todo o lodo que possivelmente acumulou pelas suas contínuas tolices. Tu, no entanto, és totalmente tolo e sem rumo. Por isto existe em ti muito a ser julgado, antes que teu nome possa ser incluído no grande Livro da Vida. Observa, pois, com todas as forças de teu coração, estas palavras a ti dadas. Estas são palavras novas da Vida, da Luz, da Verdade e principalmente do Amor.
30 – Se quiseres viver, então casa-te com uma jovem correta e bondosa, que Eu te abençoarei com a Minha paz. E assim tu fazes um sacrifício, para compensar um pouco os tantos sacrifícios que jovens fizeram por ti e que tu enganaste tão horrivelmente. Não temas ser enganado, mas sim teme muito que tu não enganes mais ninguém ou a ti mesmo. E não contes demais com tuas vantagens, mas considera as vantagens que podes oferecer aos outros, àqueles que você gostaria de fraternalmente ter perto de ti. Só então caminharás bem, bem pouco e temporariamente, mas logo o farás eternamente.
31 – Por acaso pensas que ainda conseguirás viver por mais cinquenta anos? Ou por acaso não achas que cada segundo de tua vida está em Minhas Mãos, e que Eu posso encurtar ou alongar a vida de cada um de acordo com seu comportamento obediente ou não, pois somente Eu vejo quando a fruta está madura de um jeito ou de outro?
32 – Por isso pensa bem, o que é melhor: deste jeito, ou se tu, livremente e por puro amor por Mim, desejar abster-te de tudo o que é material. Vê, isto também podes fazer. Mas pensa bem, pois com meio termo Eu não Me satisfaço, isto não é o bastante para Mim. Não penses que com meio termo poderás salvar um pouco de tua liberdade mundana.
33 – Pois vê, na tua imaginária liberdade, não passas de um escravo da carne, dos desejos, e de tuas paixões mundanas, juntamente com as pessoas com as quais gostas de conversar assuntos escandalosos ou tolos, achando muita graça nos mesmos.
34 – Mas sim todos teus desejos, todos teus escravos rudes e especialmente toda tua carne devem se ajoelhar ante tua vontade. E tu terás que te livrar de todas as tuas tendências más e materialistas de um todo e terás que te entregar aos Meus Braços. Ouve bem, Eu digo: imediatamente! Pois de agora em diante, cada momento de vacilação te seria extremamente prejudicial.
35 – Julgas, na tua fraqueza, o que é que é mais fácil e saudável? Eu não desejo dar-te nenhum conselho mais, mas te digo: o prêmio corresponde à obediência.
36 – Faze, pois, o que mais queres! Para Mim tudo é igual, assim ou de outra forma. Mas ficar como estás agora..., isto não é nada bom!
37 – Vê, tu também passaste o dia todo ocioso. Vai, pois, à Minha Vinha e trabalha nas últimas horas do dia. Eu te pagarei o salário justo. Amém. Eu, o eterno Amor e Verdade. Amém.
38 – Este adendo, como todos os adendos, deve ser incluído no item “Apêndices” e deve ser lido numa reunião especial para aquele ao qual é dirigido, isto para que ele não se envergonhe, mas sim se alegre, se de fato desejar ser o sétimo discípulo. Ele saberá disto no momento em que Eu pronunciar seu nome.
39 – Mas como ele acostuma usar estas mensagens para se glorificar e orgulhar, querendo ser mais que os irmãos, então ele deverá tomar conhecimento de quão longe ainda está de Meu Reino e quão inútil é sua situação para ser Meu discípulo.
40 – Pois aquele do qual muito exijo, a este Eu também darei muito, contanto que ele siga livremente a Minha Vontade. E já lhe dei muito de fato, pois muito lhe revelei. Da mesma maneira, um construtor não faz alicerce grande para colocar ali uma casinha minúscula, pois o alicerce corresponde ao tamanho do edifício a ser construído. E se mesmo um construtor mundano já toma tais precauções, imagina quanto Eu, mestre de todos os construtores e o construtor do universo, não sou capaz de fazer.
41 – Por isto que o mencionado não deve envergonhar-se, mas sim, muito ao contrário, ficar extremamente feliz e alegre. Pois Eu não dou Minhas Dádivas em vão! Mas cada um deve ser revelado seus pecados, antes de mais nada, perante o mundo. E na sua humildade, deve louvar o Meu Nome, se desejar ser por Mim abençoado e louvado.
42 – Muito pouco é o que Eu vos exijo, mas o prêmio que recebereis é infinito. Portanto alegrai-vos por Eu exigir isso de vós, pois Meu Reino não terá fim, pois é eterno. Amém. Isso falo Eu, vosso Pai e Senhor. Amém.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Oração de agradecimento do servo
43 – E eu, inútil pecador e o mais ínfimo servo de Tua Seara, atrevo-me a falar o seguinte:
44 – Honra, louvor e gratidão para Ti, Divino e Santo Pai, dados por nossos corações tão fracos. Purificamos a todos com o poder e a força de Teu infinito Amor e com Tua Misericórdia, para que nós possamos agradecer-Te e louvar-Te com mais dignidade e propriedade, a Ti, nosso Pai. Pois pouco conseguimos fazer para Te louvar, envoltos nas trevas da noite de nossos pecados.
45 – Graça e louvor Te sejam dados Pai, pelo maravilhoso presente deste irmão que acabas de nos dar em Teu Santo Nome! Que Teu Nome seja louvado por tão maravilhosa dádiva! Honra a Ti, Pai, ao Filho e ao Espírito Santo em Ti e de Ti. Amém.
Uma mentira?
Recebido por Jacob Lorber, em 08 de novembro de 1840
1 – Hoje o Senhor deu este ensinamento a seu servo Jacó Lorber com o título acima.
2 – Vos surpreenderá com certeza o título que este ensinamento apresenta, e imaginareis se Eu teria condições de vos mentir. Naturalmente não é assim. Não é mentira tudo aquilo que parece como tal, como também não é verdade tudo que parece verdadeiro. Para que entendais isto, vou vos contar uma pequena história.
3 – Uma vez uma pessoa contou a seus amigos que tinha se deparado com um dragão neste país e o descreveu com extrema exatidão. Um dos amigos ficou tão impressionado com o que ouvia, que decidiu ir ao local mencionado, para ver pessoalmente o tal dragão.
4 – Ao chegar ao local descrito pelo amigo, o viajante nada encontrou que combinasse com a história do amigo, nem o nome era o mesmo. Ao perguntar aos habitantes, estes tudo negaram.
5 – Ele então retornou para casa e foi tirar satisfação com o amigo: “Que amigo és tu que assim mentes, colocando-me numa situação cômica e ridícula?”; ao que o outro respondeu: “Eu vi exatamente o que vos contei. Ao perguntar aos habitantes pelo nome do lugar, eles me disseram o nome que falei na história”.
6 – Ele então exortou o amigo a levá-lo ao lugar onde a mentira tinha se originado. O “mentiroso” então levou seu amigo a um lugar que era parecido com o qual ele tinha visitado. Mas ao perguntarem pelo nome do local, este não tinha nada a ver com o nome procurado, e também ninguém jamais tinha ouvido falar do tal dragão.
7 – Após terdes ouvido, isto qual é vossa opinião? O amigo mentiu para o outro ou não? Sim, ele mentiu, digo Eu, e foi uma mentira bem grande; no entanto, ele falou absolutamente a verdade.
8 – Então questionais como um mesmo assunto pode ser verdade e mentira? Uma mente humana não conseguirá tirar nenhuma conclusão neste caso, pois o preto é preto e o branco é branco. Mas para Mim não é assim! Pois algo olhado com olhos espirituais pode ser preto ou branco no mesmo momento e no mesmo lugar. E poderemos provar que o assim chamado “mentiroso” falou a verdade.
9 – Pois o homem, quando descansava sob a sombra fresca de uma árvore, adormeceu e sonhou de uma forma tão viva e parecendo verdadeira, que ele considerou o sonho realidade e não teve dúvidas em narrar o que tinha sonhado como se fosse um acontecimento real. Ele então não mentiu em seu coração.
10 – Pois ele acordou sob a mesma árvore sob a qual dormiu por várias horas. No sonho ele acordou após poucos instantes, saiu a caminhar pela região e então tudo o que tinha contado lhe aconteceu. Após certo tempo, ele resolveu voltar à árvore anterior, deitou-se novamente e acordou logo a seguir (isto tudo ele sonhou). De fato ele tinha dormido por várias horas e sonhado tudo, mas não se deu conta disto e firmemente acreditou ter passado realmente pelas peripécias contadas.
11 – Naturalmente para uma mente material isto que ele contou (sonhou) é uma mentira bem deslavada, pois em todo país não existe nenhuma região como a por ele descrita e muito menos um dragão. Mas não é preciso que algo que não exista na natureza não exista no mundo espiritual.
12 – É sempre assim que acontece com uma visão espiritual. Descrevei um ou outro objeto a um cego. Será que o que dizeis é uma mentira para o cego, pois que ele não consegue ver o objeto que estais a descrever? Da mesma maneira muitas coisas podem existir e estar presentes em verdade, mesmo que não sejam encontrados em lugar algum. Junto ao mundo material (natural) existe um mundo espiritual muitíssimo maior que o primeiro. Quem, por exemplo, afirmaria que o inferno é uma mentira, pois ele é composto de mentiras em sua totalidade? Ou quem afirmaria que não existe o paraíso, pois este não se mostra aos olhos do pesquisador?
13 – É assim que o “ser”, o “não ser” e o “ser mesmo” não são absolutamente nenhuma mentira. Pois um ser natural não é um ser espiritual, como o espiritual não é material. Mas mesmo assim o espiritual é condicionado ao material e vice-versa.
14 – Um exemplo vos servirá de esclarecimento: Observai uma maçã enquanto ainda estiver na árvore e direis com toda a certeza que esta maçã se originou e cresceu nesta árvore, mas também deveis dizer que toda esta árvore vem de uma maçã. E logo vereis uma maçã se originando de uma árvore e uma árvore se originando de uma maçã.
15 – Perguntai a vós mesmos o que é de fato o fruto e o que é o produtor do fruto? Se disserdes que é a maçã, o fruto, então Eu digo: “O que é então a árvore da qual a maçã se origina? Então direis: “Pois bem, então a árvore é o fruto”, e Eu retruco: “Mas então o que é a maçã que vem da árvore?”
16 – Vede, aqui também cada afirmação pode ser tanto mentira como verdade ao mesmo tempo, pois a maçã é tanto fruto como o é a árvore, como também é criadora da macieira.
17 – Mas quando dizemos: Só uma coisa pode ser verdade, Eu vos digo: Está correto, a verdade é única. Mas é tolice dos homens, quando na sua pequenez de julgamento, afirmar categoricamente que isto ou aquilo é “o primeiro”, pois deste exemplo podereis concluir que tanto um como o outro poderá ser “o primeiro”.
18 – Pois se um cientista qualquer afirmasse que Deus criou a árvore em primeiro lugar, viria outro que afirmaria: “Se Deus criou a árvore em primeiro lugar, por que então Ele colocou na maçã a semente? Se esta fosse plantada, faria nascer uma árvore que daria muitos frutos, iguais aos quais ela se originou? Disto pode-se concluir que Deus não criou a árvore em primeiro lugar, mas sim uma maçã. Vede, assim estes dois cientistas se encontrariam num círculo vicioso, sem jamais descobrir o começo e o fim. Se um outro cientista afirmasse frente a uma roda dentada: “Este dente aqui se encaixa em todos os dentes da outra roda”, um outro retrucaria: “Mas caro amigo, estás cego, porque não enxergas que os dentes da outra roda são os que se encaixam neste dente.”. Qual dos dois estaria certo?
19 – Eu digo: Cada um tem razão e cada um fala a verdade; ou então: Um mente tanto como o outro. A mentira aqui só se concretiza pelo caráter unilateral com que o problema está sendo observado, enquanto que uma verdade se opõe à outra. E o tamanho da mentira corresponde ao grau em que a verdade se impõe. De fato, uma afirmação é tão verdadeira quanto a que é contestada.
20 – A verdade única é a seguinte: Tudo existe e se origina no outro e um existe para o outro. Eu, porém, sou a eterna origem de todo ser e organizei tudo de tal maneira, que o natural existe e se origina no espiritual, entretanto o espiritual se molda de novo e ao contrário no material, no contínuo e inalterado círculo que é a natureza.
21 – Disto podeis concluir que o espiritual continuamente interfere na natureza, enquanto que a natureza também interfere no espiritual. Pois no momento em que um espírito se liberta, ele ama, pensa e atua na esfera a ele determinada. Esta atuação de um espírito, no momento em que a mesma acontece, não pode passar despercebida como se nenhuma atividade tivesse acontecido. É de se questionar como é que a atuação e a influência deste espírito livre se tornam visíveis.
22 – Eu vos digo: Olhai os objetos, tais como eles são, como eles se originam e como existem. Então tereis que dizer a vós mesmos que cada uma destas aparições tem que ter um motivo para ser originada e para existir, mas onde está o motivo? Certamente não na matéria, mas sim na atividade do espírito, e esta atividade é um ato que acontece no íntimo, no interior.
23 – Mas quando um construtor qualquer faz uma casa, ele certamente não a constrói por causa da mesma; mas com a casa ele persegue um motivo, o qual deve satisfazer todas as intenções. Já que um construtor realiza isto, e mesmo como um mero mortal deseja por sua obra na eternidade, imaginai quanto mais um espírito livre não dará à sua atividade todas as características de seu amor e de seu ser.
24 – E novamente está claro ante vossos olhos que a matéria é somente um meio pelo qual um objetivo espiritual existirá de fato, de acordo com a intenção de seu criador espiritual.
25 – E se observardes isto com bastante atenção, deverá ficar bem claro como um existe para o outro e como cada um interfere e se imiscui no outro. E disto tudo ainda compreendereis muito bem o que de fato é a mentira e a verdade. E reconhecereis que para o puro (que conhece o espiritual) tudo é verdadeiro e puro, mas para o cego espiritual toda a verdade é mentira. Esta é a razão por que em Mim, o eterno criador de toda existência, não pode haver nenhuma mentira; sim, sua existência é totalmente impossível na Minha presença.
26 – A existência de algo é totalmente impossível para um cego, pois ele não pode se convencer da existência verdadeira do mesmo. Se ele crer que isto é assim, então ele tem a verdade; se, porém, ele não crer, então sua incredulidade é a mentira em si, na qual sua cegueira o mantém aprisionado.
27 – A crença é a pomada curadora para os olhos do cego. Se desejar usá-la na inocência de seu coração, em pouco tempo terá de volta a luz de seus olhos e assim poderá ver todas as coisas como elas de fato são. Então aquilo que lhe foi dito é também para ele verdade, pois crê que é assim.
28 – Cada um então, mais cedo ou mais tarde, encontrará em espírito tudo tal qual ele acreditou. Pois como a luz mostra as cores dos objetos iluminados, a crença é a luz do espírito. Por isto o homem verá tudo em concordância com sua luz. Como ela é, assim ele verá.
29 – Mas da macieira não aparecerá nenhuma outra maçã, além da que foi nela depositada; como tampouco da maçã não se originará nenhuma outra árvore diferente da que foi determinada em sua semente. E assim o homem é o fruto de sua própria crença, e a fé em si é fruto do amor do homem. Como alguém acredita, assim ele olhará; da maneira como amar, assim ele viverá.
30 – Porém aquele que acreditar em Minhas Palavras, este Me acolheu em seu interior, caso acredite firmemente que sou Eu quem está dizendo tudo isto. E como bem no fundo de seu ser cada pessoa é o seu próprio amor, então Eu - se ele Me acolher na fé de seu amor - Me tornarei seu amor, tal como ele será o Meu. E então nos tornaremos unos, como a macieira e a maça são no fundo unos, e nos entrelaçaremos como os dentes da roda de um relógio, e tudo isto resultará uma verdade.
31 – Pois aquele que Me acolheu pela fé em seu amor, este acolheu em si a eterna verdade e se tornará ele próprio a verdade eterna. E como Eu sou o eterno Amor, então Eu sou, como a eterna verdade, propriedade do homem que Me transformou em seu amor.
32 – Então o homem se igualará a uma árvore nobre que absorveu em si tudo que vem do alto, para que isto se transforme em sua característica particular. Como consequência, produzirá frutos nobres e deliciosos, nos quais esta característica, apesar da total independência dos frutos, jamais desaparecerá. Pois da mesma maneira que vós podeis recuperar na semente de uma árvore sua pureza e nobreza (pois estas características sempre lá se encontram, apesar da independência da semente), assim acontece com o homem por Mim purificado e enobrecido. Apesar de Me acolher e de sua consequente purificação, ele sempre permanecerá um ser livre e independente.
33 – Vede, este ensinamento que vos dou é de extrema importância, e sem ele dificilmente conseguireis chegar a uma fé interna firme e sincera. Vosso amor seria um eterno círculo e sempre retornaria para si mesmo. Mas no momento em que tomais conhecimento que com vossa unificação a Meu Amor sereis acolhidos na esfera de Minha eterna atuação, então podeis concluir que nesta esfera onde Eu estou eternamente presente pouco espaço sobra para mentiras se ocultarem. Pois aquele que se afasta da Luz, este só será iluminado em um lado e descobrirá a sombra que se estende no lado oposto, que é uma miragem trevosa de sua independência; mas aquele que se situar no centro da chama luminosa de Meu Amor, será possível que nele exista alguma sombra?
34 – Por isso, por meio de vossa fé, transformai-Me em vosso Amor pelo amor que por Mim tendes, para que Minha Luz vos envolva. Assim vós vos envolvereis na Luz que vem de Mim. Isso, falo Eu, o eterno Amor e Verdade. Amém.
A fonte
Na tarde do dia 13 de novembro, alguns irmãos excursionaram até a nascente da fonte Andritz e lá permaneceram por meia hora, usufruindo a calma do local.
1 – O que disse a virgem da pequena fonte (virgem esta visível unicamente a ti, meu amado servo), quando tu lhe perguntaste em pensamento se ela mais tarde vos daria mais informações sobre a nascente, que sirva aqui como uma boa introdução; pois ela disse: “Só há Um, e só este Um pode falar por si mesmo. E quando este Um fala, toda a natureza se cala cheia de respeito; pois ela não entende nenhuma palavra de qualquer tipo de ser, a não ser a Palavra deste Único”.
2 – Vê, este é um começo bem adequado, pois nada sem vida pode falar ou então perguntar e responder de maneira alguma, mas sim somente Eu, Eu, que sou a Vida e desta forma sou totalmente vivo. Novamente digo: Só Eu é quem pode vivificar tudo o que quer e tudo o que olha. Consigo dar olhos, ouvidos e boca a pedras, como também uma língua para que fale o idioma que Me é compreensível a Mim e a todos aqueles que Eu desejo que entendam.
3 – Como já foi dito antes, para o vivo não existe nada morto; então Eu, o Eternamente Vivo, não conheço nada morto e nada que não consiga se comunicar. Pois na Minha presença, até as cinzas de um corpo queimado têm de se levantar e Me responder todas as perguntas. Pois existe em todo o universo infinito algo que não vem de Mim?
4 – Eu, porém, sou a vida desde a eternidade, como já vos foi dito anteriormente, e a serei por toda a eternidade. Como se conseguiria criar algo morto da vida? Se algo vos parece sem vida, isto não significa que esteja morto ante Meus Olhos. E se vós todos vos tornastes mortos pelos vossos pecados, nunca vos tornastes mortos para Meus Olhos. O primeiro é possível, mas o segundo é totalmente impossível!
5 – Para que isso fique como um prólogo bem claro e entendido antes de iniciarmos a próxima revelação, é necessário que tenhais um esclarecimento mais exato sobre o que é a morte e o que é a vida.
6 – Tudo o que se originou em Mim se originou vivo. Mas como Minha Vida é em si o Amor e a Sabedoria na mais Perfeita Ordem, então tudo o que foi criado deveria continuar a existir nesta mais perfeita Ordem, na qual e da qual ela (a Criação) foi Mim ungida. Pois o que não era não podia nascer pela sua vontade própria, mas sim tinha que ser criado por Mim em primeiro lugar. E só após ser criado, aí sim, pelo poder de Minha Ordem, poderia sair de Mim, segundo Minha Vontade.
7 – Mas quando as criaturas saíram de Mim, elas também tinham que ser dotadas com a capacidade de se movimentar de acordo com Minha Ordem, tal qual o bebezinho começa a movimentar seus membros imediatamente após ter deixado o ventre materno.
8 – Enquanto a criança ainda estiver fraca e pequena, ela será levada pelas mãos dos pais; mas no momento em que ela ficar forte, vós a deixais caminhar livremente. Quanto mais forte ela se tornar, vos lhe dais, pela educação e por uma variedade de leis sancionadas, uma direção tal, que se assemelha ao máximo à vossa ordem.
9 – Eu, porém, coloco o caso da criança que é tão má, que não aceita de jeito algum vossa ordem e está sempre contra ela. O que é que vós faríeis com esta criança? Vós a castigaríeis com mais rigor, se ela se opusesse muito à vossa ordem. O castigo seria proporcional à sua rebeldia. Mas se esta criança, apesar de vossos castigos, se tornasse cada vez pior e finalmente se tornasse perigosa para vossa ordem? Dizei Me: O que faríeis com esta criança? Por acaso não diríeis: “Se eu a expulsar de minha casa, em algum tempo ela retornará e na calada da noite incendiará a casa, para vingar-se de mim. E assim tanto esta história como minha ordem teriam um fim bem deplorável. Por isto não a expulsarei de casa, mas sim amarrarei suas mãos e pés, a colocarei num compartimento fechado, lhe darei somente o necessário de comer e aguardarei que ela se arrependa com o sofrimento e volte humildemente à ordem.”?
10 – Vede, o que vós teríeis feito com vossos filhos, isto Eu fiz com as Minhas Criações. Perguntai a vós mesmos: Matastes a criança, quando tolhestes a sua liberdade tão mal usada? Com certeza não! E como não o fizestes, vós todos que sois maus e imperfeitos, quanto menos Eu, a bondade eterna e absoluta, mataria algo que nasceu de Mim. Como Eu sou vivo, jamais poderei originar algo morto, e como sou extremamente bom e caridoso, nada poderá ser morto.
11 – Agora estareis a perguntar: “O que é morto e o que é que é a morte”? E Eu respondo: morto é somente aquilo de que lhe foi tirada de propósito a capacidade de se movimentar contra Minha Ordem, na sua ordem maldosa própria. E a morte não é nada mais que a teimosia em permanecer em tudo aquilo que vai contra Minha Ordem. A consequência de tal teimosia é o julgamento necessário. A conseqüência do mesmo é que as mãos e os pés do desordeiro serão amarrados e uma cela será preparada para colocar esta criatura desordeira, até que, cheia de remorso, retorne voluntariamente a Minha Ordem.
12 – Mas o que é então a vida? Isto Eu não preciso mais dizer, pois no momento em que sabeis o que é a morte, então a explicação do que é vida está bem clara.
13 – Bem, já que entendestes isto e concluístes por que somente Eu posso falar e por que toda a natureza Me entende, vós então podereis entender o que a virgem da fonte falou ao Meu servo.
14 – Mas se vós possuísseis um filho enclausurado, do qual falei há pouco, Eu pergunto: quem é que consegue falar com esta criatura tão bem guardada? Vós direis: “Não permitimos que ninguém se aproxime dele a não ser nós mesmos. Primeiro para que não venham a estragar mais a criança com conversas bobas e assim revoltar mais o prisioneiro; segundo para que, com a influência da conversa maldosa do filho, não se desgarre um coração inocente que se encontra na ordem”.
15 – Mas se um homem bom chegar a vossa casa e disser: “Pai, deixa-me ver teu filho revoltado, pois eu tenho uma boa palavra para dizer-lhe que encontrei lá dentro de meu coração. Deixa-me vê-lo e conversar com ele.”; então o pai dirá: “Permite que eu ouça o que vais dizer-lhe, então te levarei para junto de meu filho e abrirei a cela escura para ti.” Vede, este pai Eu também sou. Aquele que chegar a Mim com um coração puro e cheio de amor, que vier a Mim em Meu Nome, Eu então o reconhecerei de imediato como Meu Filho, pois ele veio a Mim por Meu Nome e para louvar as Minhas criaturas. A este Eu então direi: “Vem a Mim e Eu te conduzirei aos cárceres de Meus prisioneiros. E te mostrarei suas celas e revelarei a teu coração suas maldades, para que eles se envergonhem ante tua fidelidade e teu coração tão Meu, e que nisto avaliem se é melhor: ser amigo ou inimigo de Minha Ordem.
16 – Com isso não quero dizer nada além de: Àquele que encara Meu Amor e que glorifica Meu Nome com total seriedade serão abertas uma a uma todos as acomodações de Minha Criação. E nem um pontinho lhe ficará desconhecido ou morto. E a ele serão dados os aposentos do ar, os aposentos do reino do mundo. E com um olho ele deverá olhar o grande universo dos espíritos e ao mesmo tempo, com o outro olho, o mundo dos corpos da matéria, para que se dê conta como um se origina do outro e um existe por causa do outro.
17 – Porém somente lhe será revelado isto após ele viver seriamente Meu Amor. Nem adiantaria se ele Me pedisse ou orasse por isto dia e noite, pois o reino do Céu sempre sofre violência, e somente o possui aqueles que se apoderarem do mesmo cheios de força férrea. Esta força férrea não é nada mais nem menos do que a força do Amor, pois o Amor tudo pode.
18 – Mas se dentre vós alguém disser: “Tudo bem, eu quero me entregar a este amor completamente, eu quero me anular até a última gota de meu sangue, mas eu quero antes ter uma visão ou ouvir alguma mensagem, para que eu possa ver se tudo isto existe mesmo, se há verdade neste ensinamento”. Eu então, ante tal fala, vos respondo o seguinte: Em primeiro lugar, ainda não percebeste de fato nada? Quem te deu a luz dos olhos e a audição? Quem te deu todos os outros sentidos? Quem te deu um coração para amar, uma mente para racionar? Como não recebeste nada disto de ti mesmo, mas como a isto tudo possuis, como podes dizer que ainda não viste ou ouviste nada?
19 – Não és tu mesmo, em todo teu ser, uma palavra viva que se originou em Mim? Mas se tu leste um livro e deixaste de lado a primeira palavra que é a mais importante de todas e pela qual se desenvolve toda a narrativa, como queres entender o resto do Livro da Vida?
Vede, vós todos sois a primeira palavra do Livro da Vida! Se desejardes ler este livro, mas ler compreendendo tudo, então é necessário que pronuncieis claramente esta primeira palavra, a qual vós sois. E só então deveis ler as outras palavras, as que existem todas para o esclarecimento desta palavra-chave, a primeira do grande Livro da Vida.
20 – E o que é, qual é esta palavra? Esta para é: AMOR!
21 – O que vosso amor abrangeu, isto também abrangerá vossa vida! Se vosso amor se autoaprisionou, por isto vos tornastes escravos, aprisionastes vossa vida. Mas como vossa vida não é nada mais nada menos do que vosso amor, então vosso amor amarrou, ele mesmo, suas mãos e pés e se ocultou num escuro aposento de sua presunção.
22 – Mas se vosso amor Me conquistou, Me aprisionou, Eu, que sou a vida totalmente livre, então ele conseguiu apoderar-se da total liberdade e também se libertou pela maior liberdade de Minha eterna, única e verdadeira Vida. Ele se libertou da mesma maneira que é livre a vida da qual ele se apoderou.
23 – Vede, este prólogo foi necessário, para que pudésseis entender o que vem a seguir. Vós fostes há poucos dias ao que chamais “a fonte do nascimento do Andritz”. Eu vos pergunto: O que vistes lá? Vós vistes uma água totalmente pura e cristalina, que brotava no chão entre as pedras. Vós observastes buracos bem antigos, dos quais borbulhava a água no mais absoluto silêncio, procurando chegar à superfície. Depois ainda observastes umas ervas verdes que cresciam debaixo d’água. Ainda vistes pedras e peixes que nadavam livremente na água e mais alguns objetos que conheceis bem. Mas tudo isto vamos deixar de lado, pois será explicado em outro lugar. Isto são expressões da natureza. As da fonte já vos expliquei, e as da água serão explicadas mais tarde.
24 – O extraordinário desta fonte Eu vos digo: Se ela fosse transformada num balneário curativo, esta fonte teria o mesmo valor que aquela perto de Jerusalém, onde todas as pessoas com artrite ou gota são curadas. Há muitas fontes com poder curativo, mas nem todas possuem um anjo protetor constante, como acontece com esta fonte. Esta é a razão por que ela tem um poder curativo muito especial. Bem, esta é a razão natural da existência desta fonte.
25 – A utilidade espiritual é que cada um deve sair de si mesmo no mesmo silêncio que a água sai dos buracos do solo, também em pequenas golfadas, assim não perturbará a vida intrínseca pela sua violência, e a luz da Misericórdia poderá iluminar tudo até o último cantinho do solo, e sua vida será de pura esperança de Vida, como o é este solo da fonte que está coberta por lindas plantinhas verde claras. Da mesma maneira suas intenções humildes nadarão totalmente livres, como os peixinhos nas águas claras da sua vida. E só acontecerão fracas aparições de junco na parte externa, mas as profundezas de sua vida permanecerão livres e os raios da Misericórdia sempre a penetrarão totalmente até as profundezas.
26 – Mas a continuação desta fonte deverá vos mostrar que, se o homem usar suas forças em uma ânsia para conquistar o seu “pão de cada dia”, então a água de sua vida se torna cada vez mais turva. Vós com certeza já observastes que a água cristalina da fonte ficou bem mais turva após ter passado pelos moinhos que foram construídos ao longo do riozinho. Vós daí direis: “Então não é certo usar nossa força para moinhos ao longo do riozinho?” Contra isto não tenho nenhum argumento, mas existem alguns poucos moinhos onde não se fabrica farinha branca, mas sim farinha preta, e esta é do diabo. Que não deveis usar vossas forças para bens materiais finitos Eu não estou a afirmar, mas sim que as useis em concordância com Minha Vontade.
27 – Pois como já foi determinada a utilidade inerente do riozinho, esta utilidade também já foi determinada a cada pessoa. Ela é que tem que descobrir o que ela é e atuar de acordo, se for sua vontade. Mas se ela usar estas forças outorgadas por Mim para futilidades ou também para maldades, vede, é isto que torna as águas da vida turvas.
28 – Por isso não deveis construir moinhos demais ao longo do rio de vossas vidas, especialmente “moinhos de palavras”. Se observardes isso, vossa água da vida permanecerá cristalina por todo o seu caminho. E quando se unir com o rio da vida eterna, esta se tornará clara e pura como as águas do rio. E assim, junto a ele, se unirá ao mar de misericórdia de Minha Vida, que é única, eterna e cristalina. Amém.
Isso falo Eu, vosso Pai. Considerai isso um ensinamento muito carinhoso. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Uma oração matinal
1 – Santo Pai, olha-me, a mim, pobre pecador, com misericórdia, pois eu me encontro com uma grande miséria no coração. Minha fé vacila, minha esperança despenca e meu amor enfraquece no momento em que Tu Te afastas de mim, mesmo que por um minutinho.
2 – Santo e bom Pai, por favor, não afastes mais Teus olhos de mim, pobre pecador, e me conserva sempre sob Tua Graça misericordiosa que me torna tão feliz. Amém.
Permite que a cada manhã cheia de paz,
Eu não me preocupe por mais nada a não ser Contigo;
Não permita que minha confiança fiel
Seja adoçada por Satã;
Permite que eu sempre anuncie
Tua Misericórdia e Teu Amor;
Permite que nós, Teus filhos,
Sempre realizemos Tua Vontade,
E que Teu Santo Nome sempre
Seja louvado aqui na Terra;
E que possamos nos dar conta de tão grande graça;
E permite que todos encontrem a bênção
De se ligar a Ti, meu Pai. Amém.
Amém digo eu, meu Pai. Amém.
Amém, Te saúdo em Teu Nome. Amém.
Essa poesia Jacob Lorber escreveu por si mesmo.
Saudação para um aniversário
Recebido por Jacob Lorber, em 19 de novembro de 1840
1 – Enquanto as casas forem limpas e enfeitadas para honrar e receber convidados ilustres do mundo, mais limpas do que vossos corações para Me receber, Eu não posso aparecer ante aqueles para quem a casa foi limpa em primeiro lugar. Pois Eu sou sempre humilde de coração e mais manso que as pombas. Com bastante frequência, aguardo à vossa porta, como uma criaturinha indefesa, cheia de medo. E vejo como o mundo entra e sai de vossas casas cheias de orgulho e, na Minha pobreza, não Me atrevo a entrar ante tantos tão amantes de luxo e fausto e de pessoas majestosas do mundo material.
2 – Então Eu aguardo paciente à porta, cheio de tristeza, até que este fausto mundano passe e que a casa fique com menos brilho terreno. Só então Eu Me atrevo a entrar, cheio de temor e muito tímido, para poder dar Minhas congratulações àquela alma que no fundo Me ama um pouco.
3 – Ouve, querido filho! Se tu desejares que Eu seja o convidado mais importante, lava bem o chão de tua casa e limpa os cômodos, para que Eu possa e deseje entrar. Só então prepara a tua casa para receber os outros convidados. Pois é de boa educação que o Pai seja o primeiro a abraçar seu filho no dia de seu aniversário. Assim, os filhos devem aguardar os votos de Amor do Pai antes de qualquer outro e o devem fazer cheios de fé e amor.
4 – Vê, uma linda jovem, na intimidade, diz a seu pretendente: “Eu te amo muito”; mas quando o vê na sociedade, em uma recepção, ela o olha com olhos zangados e absolutamente não gosta que ele a tenha seguido cheio de amor. Quando ele vê que ela nem lhe dedica um olhar, o que achais que ele sentirá em seu coração repleto de amor? Eu afirmo que ele ficará extremamente triste e no fim também zangado. E a jovem terá muito trabalho para conseguir que ele volte a bons termos com ela. E se ela se portar tão mal várias vezes, com certeza o perderá para sempre.
5 – Vê, se um amante mundano assim faz, este amante que é mais morto do que vivo, podes imaginar que Eu, o amante mais vivo e mais fiel, Eu, que sou a vida infinita e eterna, quando Me apresento para te visitar, não conseguirei deixar de ser magoado quando vir como tu te divertes com as pessoas totalmente despreocupado e nem pensas em mostrar aos outros o estreito caminho que leva à Minha Casa e ao Meu Coração.
6 – Só o que queres é que Eu continuamente vá a teu encontro. Mas Eu te digo que o mesmo caminho que vai a ti é o que vem para Mim. Por isso poderias muito bem, após Eu ter te visitado milhões de vezes, fazer uma visitinha a Mim, teu Pai extremoso, que te aguarda com todo o coração.
7 – Vê, Me doeu bastante, por tu teres Me procurado tão tarde! Eu, porém, vejo bem o teu íntimo e como ele permaneceu honesto, e Eu venho te visitar mais uma vez. Acolhe-Me, para que Eu possa te acolher também na Minha enorme Misericórdia.
8 – Esse é o maior desejo de teu Santo e Eterno Pai que Eu - Jesus - sou, como também sou o renascimento e a vida eterna. Amém.
O único bom e verdadeiro
Não procures nos caminhos tenebrosos e angustiantes o que é “melhor” e o que é “pior”; mas sim considera: Só existe uma coisa que é boa e verdadeira, e esta sou Eu e Meu Amor. Tudo o mais é orgulho falso e ruim.
Verdadeiro amor ao próximo
Recebido por Jacob Lorber, em 20 de novembro de 1840
1 – O amor ao próximo não existe nos olhos, nem no teor da fala, nem nas diversões materiais; mas o verdadeiro amor ao próximo se encontra nas ações caridosas, especialmente em favor daqueles dos quais jamais poderemos esperar uma compreensão.
2 – Sempre que o amor tiver um pensamento secundário, um pensamento visando receber alguma coisa em troca, aí ele deixa de ser o verdadeiro amor ao próximo. É como um vinho aguado, no qual não existe mais nenhuma força, onde o “éter da vida” desapareceu, um vinho de ínfima qualidade que se encontra nas bodegas mais baratas. Entendes isso?
3 – Quem pode servir a dos senhores? Vê, Eu e o mundo somos dois senhores bem delimitados e bem separados. Por isso Eu te aconselho a Me servir e pertencer a Mim em toda a totalidade, a Mim, o único Senhor, pois Eu não permito nenhum concorrente.
4 – Fazer o bem é muito bom, mas somente dentro de Minha total e absoluta Ordem. Amém.
A respiração das plantas
Recebido por Jacob Lorber, em 22 de novembro de 1840
1 – Todas as plantas, desde a árvore até a ervinha que todos vós conheceis, se compõem de três partes. Primeiro, a que se encontra mais embaixo, que está sempre no interior escuro da terra e que de fato são as raízes da planta, comparável aos pés sobre os quais a planta se eleva. Mas ao mesmo tempo, este pé é um pólipo que absorve o alimento através de inúmeras trompas sugadoras.
2 – Acima desta parte e em contato orgânico com a mesma, sobre o solo, está o tronco que se equipara ao corpo dos animais, no qual encontramos o “estomago principal”, onde se realiza a digestão dos alimentos ingeridos. Junto a este estomago principal, como também acontece no reino animal, existem vários “estômagos auxiliares”, os quais tomam o alimento digerido no estomago principal e cada um o transforma em um alimento específico. Não vamos aqui enumerar a ordem e especialidade de todos os estômagos auxiliares, mas deixo a vós a possibilidade de meditar sobre isto e assim aumentar a forca de vosso amor por Mim.
3 – Vemos então que por cima do corpo encontra-se uma outra parte: a coroa, na qual o tronco se divide até os mais finos gravetos.
4 – Bem, este é o relato orgânico da planta.
5 – Em várias plantas tereis observado, no tronco, nos galhos ou nas folhas, casulos vazios. Eles não estão com seiva, mas sim com ar. Este ar não é igual ao ar externo que envolve a planta na atmosfera, mas sim compatível à natureza especifica de cada planta. Que vós encontreis um destes casulos vazios na folha da abobreira, por exemplo, não causa nenhum espanto, mas como é que este ar entrou ali?
6 – Isto é respondido quando digo que cada planta deve possuir a capacidade de sugar o ar que lhe é peculiar para dentro de si. Não sendo assim, este ar especifico não poderia ser aqui encontrado, e não é mais necessário dizer nada, pois é só cortar um desses casulos e aproximá-lo de vosso nariz.
7 – Que pela inspiração existe este ar na planta, podeis verificar quando arrancais uma destas plantas viva e a colocais sobre o fogo. Escutareis uns assobios que confirmam a existência do ar. Se não houvesse ar, a planta queimaria em absoluto silêncio, como um pedaço de cordão embebido em óleo.
8 – Os naturalistas poderão argumentar: “Sim, mas este ar pode ter entrado ali pelos poros”. Eu confirmo isto e digo mais: A planta precisa fazer isto, pois se a planta não possuísse um sem fim de minúsculos poros, como seria possível ela respirar, mesmo que possuísse órgãos de respiração tão desenvolvidos como os animais?
9 – Se, por exemplo, fechassem vossa boca e vosso nariz, por onde é que conseguiria entrar o ar do qual tanto precisais para sobreviver? Se vossos grandes poros do nariz e da boca existem, dai licença às plantas de também possuírem seus poros de respiração, pelos quais absorvem o ar que lhes é necessário. E a planta é bem mais ecumênica, do que o sois vós.
10 – Pois enquanto vós respirais a cada segundo, a planta só respira uma ou duas vezes ao dia. A inspiração acontece durante o dia e a expiração durante a noite. Durante todo o dia a planta suga o ar que precisa por seus poros, ou também existem plantas que possuem casulos especiais. À noite, quando o processo químico foi concluído e a planta absorveu o que lhe compete, o gás que não é bom para ela é expulso junto a outros elementos como o nitrogênio. Este processo demora tanto quanto a inspiração. O gás expulso é a combinação de ácido carbônico, hidrogênio e oxigênio. Não devemos confundir a respiração com o processo de fotossíntese.
11 – Bem isso é a respiração das plantas e agora sabeis como acontece. O porquê da respiração já foi explicado no capítulo dos minerais: é o único e idêntico motivo, tanto na rocha como na planta.
12 – Mas como acontece a respiração e o que respirar da matéria orgânica bem grosseira?
13 – Não é um processo simples como vos faz crer a observação externa da respiração. É bem mais complexo, pois uma respiração sempre é a consequência de uma respiração anterior.
14 – Se, por exemplo, tomardes um fole duplo e o abrirdes com vossas mãos, o ar do inferior será levado ao superior. Tão logo o inferior for solto, ele novamente abocanhará o ar. Mas se o apertares novamente, acontecerá o mesmo; ao soltá-lo, novamente sugará o ar. Mas será que o fole conseguiria fazer isto por si mesmo, sem ajuda de uma força para isto criada? “Não, - dirá mesmo a mais tapada das mentes - isto não é possível!”.
15 – Bem, e se Eu pergunto qual força móvel está à disposição da planta, tal que faça seus organismos se encolherem e se ampliarem feito um fole, para poder sugar o ar para o seu interior? Então direis: “Este é o ponto com o qual ainda não conseguimos manipular”. Bem, neste caso sejais libertos desta vossa dúvida, mas para isto deveis observar com atenção as pequenas pontinhas que às vezes cobrem todo o tronco, mas especialmente a parte inferior das folhas.
16 – Estas pontinhas não são nada menos que aspiradores de eletricidade. Elas aspiram avidamente o fluido de polaridade. Durante o dia, é a polaridade positiva. Ao inspirar esta polaridade positiva, que corresponde à forca centrifuga, faz com que os órgãos se distendam e os vãos ficam cada vez maiores. Desta maneira, podem sugar o ar pelos poros.
17 – À noite se modificam as polaridades, e o fluido elétrico sai pelas pontinhas (ou então se descarrega, como vós costumais dizer), e os órgãos começam a se estreitar e expulsar os alimentos supérfluos (carbono, hidrogênio), a polaridade negativa da eletricidade.
18 – Bem, creio que vossas dúvidas foram solucionadas. Mas ainda há algo bem importante para resolver: aquelas plantas que hibernam. Existem árvores, ervas e outras plantas inferiores que os botânicos conhecem, que respiram duas vezes ao ano, durante meio ano inspiram e no outro meio expiram. Durante todo o verão elas inspiram durante o dia da seguinte maneira:
19 – Com a inspiração contínua acontece um tal processo que, mesmo com o desgaste de ar necessário para a sobrevivência da planta, sempre sobra algum fluido que é armazenado e que faz com que a árvore cresça bastante no verão. Mas quando o verão acaba, então as sobras armazenadas são puxadas para fora, o que se pode observar na casca grossa ou no musgo dos troncos.
20 – Quando estas sobras de ar são pressionadas para fora durante o inverno (pelos poros), podeis concluir que este ar, pela sua longa permanência nos órgãos da planta, não é mais completamente puro. Bem, quando ele sai novamente ao ar atmosférico, deve passar por um processo químico purificador, e as impurezas se assentam no tronco como uma grossa casca ou mesmo musgo.
21 – Vede, esta é a grande respiração periódica das plantas. Sabei que assim deve ser a existência destas plantas, pois as respostas e as manifestações já discutidas são a prova da verdade desta revelação.
22 – Mas as árvores ainda têm uma quarta respiração, assim como os animais têm uma quinta e os homens um sem número; mas isto não vem ao caso neste momento, pois ainda seria muito cedo para vosso entendimento ainda muito fraco. Mas na hora certa tudo vos será dado com muita clareza. Isso que foi aqui dito é como uma poeira solar, comparado ao infinito que ainda existe por ser dito mesmo de uma só poeirinha do sol.
23 – Apesar de em Mim e para Mim não existir nada infinito ou eterno, pois Eu sou o infinito e o eterno, tudo o que foi criado contém em si algo infinito, porque Me contém. Pois onde estaria a coisa que está fora de Mim que não Me possui em seu interior? Mas tudo aquilo que Me tem em seu interior também tem o infinito em si e por causa disto não pode ser considerado finito pelo infinito.
24 – Por isto podeis ter certeza que Eu sempre possuo algo oculto para aqueles que Me amam, e aqueles que vão a Minha escola jamais terminarão de aprender.
25 – Pois enquanto mais alguém aprender, tanto mais ele ainda terá que aprender. É essa razão por que no Meu reino nunca existirão “sábios” e ninguém poderá fazer o doutorado, pois sempre será dito:
26 – Nós seremos eternos alunos e todo nosso conhecimento é nada comparado com a Onisciência de nosso Pai.
27 – Ficai, pois, alegres e bem dispostos. Se não souberdes tudo, sabeis que para Mim nada fica desconhecido, e assim tudo vos será dado no tempo certo e ao Me pedirdes, a Mim, vosso santo Pai. Amém. Isso falo Eu, vosso Pai. Amém.
A respiração do mundo natural
Recebido por Jacob Lorber 22 de novembro de 1840
O Senhor esclarece a seguinte pergunta: As plantas também respiram? E Como?
1 – Nem só as plantas, mas as pedras também respiram, cada uma a sua maneira.
2 – Se vós observardes cada animal, vereis que cada espécie respira de uma maneira própria, como o exige sua formação física. Um cavalo respira diferente da vaca, do cachorro, do gato, e assim cada quadrúpede à sua maneira. Mesmo que a respiração não passe de uma inspiração seguida pela expulsão do ar do corpo do animal (nesta atividade o animal absorve a matéria que precisa para viver e logo a seguir expulsa o que não mais lhe é útil), mesmo assim cada animal respira de forma diferente; quer dizer, como ele inspira o ar, como o trabalha quimicamente, e como expulsa o que lhe é inútil.
3 – Os anfíbios, répteis e insetos também respiram, mas não imaginais como difere a respiração destes animais de sangue frio, ou que as vezes nem sangue têm! Pois os insetos não têm sangue, mas sim um líquido adequado a eles que se encontra num movimento contínuo e que produz a eletricidade que estes animais necessitam para viver. E como é diferente a respiração dos animais que vivem na água! E como destes animais existem muitas espécies distintas, então deveis considerar a grande diversidade de formas de respirar que lá existe.
4 – Estas perguntas que Me fizestes são dignas de resposta, mas uma pergunta primordial não foi feita, sem a qual nenhuma pergunta poderá ser elucidada. A tal pergunta é:
5 – “Por que as plantas, animais, pedras e todos os corpos do universo respiram?” Vede, se não sabemos a razão da respiração de tudo no mundo, o como isto acontece não tem nenhuma importância. Se soubermos por que a respiração é uma necessidade vital, então o “se“ e o “como” já foram incluídos na resposta. Pois é mais difícil reconhecer a necessidade do que o “se” e o “como”.
6 – Para entender isto, não vamos observar nem as plantas nem os animais, mas sim em primeiro lugar vamos observar as pedras (minerais) e ver por que elas precisam respirar. E se determinarmos que a respiração é de fato necessária ao mineral, então também veremos que ela realmente respira e como respira.
7 – Eu vos digo: a matéria não é nada mais que a expressão de duas forças contrárias: a força centrípeta (de atração) é centrífuga (de afastamento).
8 – A existência da matéria tem nisto sua origem, onde a força centrifuga é proporcionalmente igual a centrípeta, na sua contínua ansiedade de se estender ao infinito. Elas são opostas, e assim a centrípeta deseja contrair tudo num ponto central, no que é impedida pela força centrifuga.
9 – Bem, se a força centrípeta não fosse constantemente alimentada pelas forças auxiliares idênticas, se ela não pudesse se basear nas mesmas, ela logo seria vencida pela força centrífuga e em pouco tempo a matéria não mais existiria. E esta é a razão por que a pedra precisa apoderar-se constantemente das partículas idênticas do ar que a envolve. Fica com as semelhantes às que foram gastas na luta com as forças oponentes, e as que não lhe são idênticas serão expulsas pela força centrífuga. As pedras frequentemente absorvem muitas partículas que não lhe são idênticas. Assim, muitas vezes encontramos numa rocha elementos a ela não idênticos, tais como algumas rochas minerais que não são de sua composição, pedras nobres em rochas comuns, ou - o que já foi por vós observado com frequência - a presença de musgos, penas de aves ou mesmo animaizinhos no interior de rochas cristalinas, coisas que com certeza não são da natureza destas pedras.
10 – Bem, como acontece de fato a respiração das pedras? A metade desta resposta já foi apresentada quando falamos da necessidade de respirar. Uma rocha respira em primeiro lugar como os animais: inspira e expira. Ela inala, graças a sua constituição orgânica bruta, as partículas a ela idênticas que se encontram suspensas no ar que a envolve. Nos animais a decomposição química destes elementos acontece no seu interior, mas nas rochas isto já se realiza na superfície, razão pela qual com o passar do tempo a mesma apresenta uma crosta totalmente estranha ao interior da pedra. Em massas rochosas grandes, esta crosta se torna tão grossa e forte, que ela forma uma rocha diversa da original. Da sua composição ou das partes adquiridas se apresentam plantas de diversas espécies, como que implantadas na rocha.
11 – Isto não seria absolutamente possível de acontecer, se a rocha não inspirasse e expirasse. Os pesquisadores muitas vezes se surpreendem ao encontrar rochas que, não possuindo umidade ou qualquer outro elemento para fazer crescer uma planta, possuem uma crosta coberta de vegetais de diferentes formas e que não são encontrados em qualquer outro lugar. A rocha, ao inspirar, absorve elementos a ela idênticos, mas deixa no ar outros que, por um processo diferente, são úteis a outros elementos que a envolvem.
12 – Aqui acontece o mesmo como quando colocais um corpo absorvente em uma solução. O corpo absorverá com certeza tudo que lhe é compatível, mas aquilo que não lhe é compatível se encontrará a sua volta e se tornará uma crosta salina ao redor.
13 – Um exemplo simples vos mostrará este processo com mais clareza. Colocai um pedacinho de zinco dentro de um vidro de chumbo derretido. O que vai acontecer? A haste de zinco começará a inspirar persistentemente e assim absorverá do líquido todos os elementos que lhe são compatíveis. O chumbo excedente ficará em volta da haste de zinco, após boa parte ter se grudado à mesma em vários formatos não organizados. O que este experimento visível nos mostra pode acontecer com todos os minerais.
14 – Bem, agora teríamos entendido como acontece esta respiração, mas junto ao inspirar e expirar ainda existe um segundo e terceiro tipo de respiração.
15 – Aqui há algo novo, já que sois ávidos por novidades. Eu tenho que vos dar algo novo, pois acho que não é mais necessário continuar a explicar a respiração das rochas após terdes visto que elas definitivamente precisam respirar e como é feita esta respiração. Ao conhecermos estas duas condições básicas, não tereis mais necessidade de vos questionar pelo “se” da respiração mineral. Vamos então passar para a novidade que vos prometi.
16 – A próxima respiração é “elétrica”. Esta respiração elétrica, não é nada mais que a absorção dos fluidos magnéticos pelos quais as duas forças antagônicas são alimentadas na sua persistência. Esta persistência não é nada mais que a expressão visível da polaridade antagônica e é perfeitamente possível, pois a matéria não passa da polarização das forças oponentes.
17 – Esta polarização é de uma certa maneira a vida da matéria, esta vida que continua enquanto esta polarização das forças antagônicas persistirem.
18 – Se por qualquer circunstância esta polaridade for perturbada na sua persistência, a matéria se decompõe e decai, até se tornar um pó que só sobrevive enquanto houver alguma polaridade em suas partículas. Mas quando mesmo estas acabarem, ele precisará tomar uma direção totalmente diversa.
19 – Com respeito a uma terceira respiração, conversaremos mais tarde, numa outra ocasião. Por isto Eu só digo o seguinte: Já que vós já sabeis - por um ponto de vista bem diverso do ponto de vista dos cientistas do mundo - “do que” e o “para que” a existência da matéria, podereis estar a perguntar se a matéria da qual é construída uma casa necessita respirar, a fim de permanecer como tal. E ainda, quanto ao segundo tipo de respiração, se os moradores desta casa também devem respirar.
20 – Vós certamente já sabeis quem são estes moradores. Como nós já escutamos o “roncar” das pedras, será algo bem mais fácil escutar os milhares de espécies de plantas na sua respiração. Os moradores são de fato os espíritos primários aprisionados na matéria, os quais precisam respirar como toda criatura espiritual, criatura esta do espírito divino que a todos alimenta. Só assim conseguirão sobreviver.
Os santos dos últimos dias
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de novembro de 1840
Senhor, o que é esta seita que se chama “os santos dos últimos dias” (mórmons), que dizem possuir forças sobrenaturais e que estão imigrando, em sua grande maioria, para América do Norte?
1 – Com respeito a esta seita, que se chama “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, ela não é tão importante como pensais. Pois ela se chama “santa”, sem considerar que somente Eu sou santo.
2 – Mas quando alguém é santificado em Meu nome, ele de fato não é “santo” por si, mesmo que deseje tornar seu comportamento uno Comigo pelo mais puro amor. Ele só é santificado por Mim, quando é a Minha imagem viva.
3 – Aquele que se diz “santo”, mesmo que seja pelo Meu Nome, este não engrandece o Meu Nome, mas só finge ser assim, a fim de chamar a atenção sobre si e para que o seu nome seja glorificado pelo Meu. Mesmo que ele louve o Meu Nome, ele o louva procurando encontrar glória e louvor para si, ao glorificar Meu Nome. Vede, estes “santos” não são nada de Meu agrado!
4 – E ainda pergunto: Onde está escrito que, pelo seu bem, deveriam imigrar para a América do Norte, para lá, na absoluta falta de leis, tentar viver muito mais comodamente e também sem legislação?
5 – Quem quiser estar Comigo não precisa imigrar para a América, mas sim entrar em seu coração. E se ele o limpou direitinho com o amor puro e sincero e a fé verdadeira e viva, então Eu estarei bem mais perto, do que se ele for para a América.
6 – Mas aqueles que acham que já Me encontraram, que por isto chamam a si mesmos de “santos” e imigram para a América do Norte para conseguir Me guardar melhor, estes em verdade têm pouca firmeza e certamente não a encontrarão na América. Pois aquele que teme ser afastado de seu espírito na sua pátria, onde tudo lhe é familiar, como será que este sobreviverá na fé num país totalmente estranho, onde milhares de coisas estranhas e necessidades desconhecidas o estão a esperar?
7 – Por isto não há grande coisa nesta seita de “santos”. Os componentes desta seita não aceitam obedecer a seus monarcas e é por isto que eles querem ir para a América de Norte, pois lá é um país livre, onde quase todos desejam mandar, mas ninguém deseja obedecer. Pois cada república se assemelha mais ou menos a um inferno, e o inferno, no sentido mais severo, é uma república.
8 – Mas com respeito aos “últimos dias”, vós não tendes nada a vos preocupar com “o fim dos tempos”, mas sim somente com o tempo em que estais vivendo, pois este é o “último tempo” para cada um. Por isso, vigiai hoje e sede ativos com vosso amor, para que esse poder divino seja vossa herança eterna. Amém.
Obediência, igreja, rosa – três palavras vistas à luz espiritual
Recebido por Jacob Lorber, em 25 de novembro de 1840
1 – Senhor, eis aqui três palavras de muito significado! Tu, no Teu enorme Amor, não poderias explicá-las para nós, pois entre nós encontram-se irmãs muito jovens que, apesar de sua pouca idade, às vezes sentem uma grande saudade por Ti e por Tuas explicações. Por favor Pai, escuta este nosso desejo, se assim for Tua Vontade.
2 – Escreve pois:
3 – Ainda te lembras da pequena mensagem que Eu te dei ontem de noite, quando vinhas para cá? Vê, tu já esqueceste a metade dela! É necessário lembrar-te da mesma mais uma vez, antes que Eu possa responder a teu pedido.
4 – A mensagem era a seguinte: “Porque olhas com tanta adoração as estrelas no firmamento e tens tanto medo de olhar teu espírito? O que pensas, o que desejas, o que é que desejas saber? Ama, assim descobrirás o que não sabes e o que não deves saber!”
5 – Vê, da mesma forma que ontem, cego, olhaste as estrelas e nem sabias quem era o “Dono da Casa”, hoje olhas estas três palavras que te foram apresentadas e não sabes o que fazer com elas.
6 – De fato, tu pediste esse tema e não Me pediste por autorização para apresentá-lo. Essas tuas palavras de petição foram proforma. Se Eu fosse egoísta e orgulhoso como são os homens, não te daria nenhuma resposta, para que te desses conta de como és tolo.
7 – Mas como não sou como os homens, e tu nem te preocupas com tua grande tolice, te responderei e a todos as perguntas que te são importantes, para o teu bem e o bem dos outros.
8 – Vê, “obediência” é o caminho que leva à verdadeira igreja viva, que é Minha Palavra Viva, escrita e falada por eternidades nos corações de todos os homens e anjos.
9 – A “rosa” se refere ao mais puro e perfumado Amor por Mim proveniente da igreja do coração. Como esta flor nobre cresce em arbustos espinhosos, assim o caminho que leva à igreja verdadeira, único lugar em que encontra o Meu Amor e a Minha Misericórdia, ele então também é um pouco espinhoso. É por isto que o puro Amor, cujas raízes se encontram no jardim da obediência inocente (infantil), leva o alimento tão necessário para o arbusto espinhoso, o mais bonito e o mais divino bem; sim ele, somente ele (o Amor) é a eterna e bem aventurada vida. E quem não levar esta flor-rainha em seu coração, dificilmente entrará no eterno reino celestial.
10 – Obediência é, pois, o jardim; a vida na obediência é as boas raízes da roseira. Mesmo que ainda submergidos na terra escura, elas (raízes) são os principais suportes do arbusto e finalmente da flor. A igreja porém é igual ao arbusto espinhoso. E os espinhos que nele existem são com todo o ardor o Amor, tal qual os espinhos da roseira são os absorventes da eletricidade. Finalmente, a rosa é o lindo símbolo do Amor.
11 – Ouçam bem, vós Meus jovens filhos que apresentastes estas três palavras: tornem-se vós rosas e assim vós vos tornareis Meus amados filhos, e com o tempo, solvereis o enigma que ainda vos prende ao mundo.
12 – Vinde com presteza ao meu jardim e florescei como uma maravilhosa flor da vida eterna, pois escutareis novamente as suaves palavras de amor do Pai.
13 – Isso que falo ao Meu servo, que sirva a todos vós.
Amém. Isso vos diz Eu, vosso carinhoso Pai. Amém.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A viagem e o desejo do Pai
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de novembro de 1840
1 – Ontem duas pessoas do grupo iniciaram uma viagem em direção ao leste, por motivos mundanos, mas isto aconteceu sem Minha Vontade. Eu penso que pelo menos deveriam ter pedido conselhos, nem que fosse ao Meu servo. Eu nunca Me omiti, quando Me pediram conselhos sobre todo ou qualquer assunto. Mas Eu não desejei que este empreendimento acontecesse, pois era contrário à Minha Vontade, somente na qual se pode achar a felicidade sempre e em todas as ocasiões, especialmente tratando-se daqueles aos quais mais ou menos Minha Vontade se expressa fielmente e, como bem sabeis, sempre com palavras bem claras e de fácil compreensão.
2 – Mas, para que todos vós saibais porque Eu não permiti que os dois viajassem, Eu vos afirmo que com este ato lhes fiz uma grande caridade, pois os dois não teriam voltado da mesma em boa saúde.
3 – Já que uma pessoa, má ou boa, sempre tem a liberdade de agir em todas suas atitudes, Eu não posso impedir a ação dos bons nem dos maus. Os vossos irmãos partiram e teriam caído nas mãos de assaltantes na estrada entre as duas cidades que desejavam visitar; daí precisariam enfrentar uma árdua luta para livrar-se dos mesmos. Como consequência de seu desgosto e zanga, também teriam tido problemas espirituais.
4 – Então, para evitar algo tão desagradável a eles, estraguei uma roda de seu carro num lugar onde um conserto seria impossível, o que os obrigou a retornar ao abrigo de suas casas.
5 – Vede, todos aqueles que não caminham constantemente Comigo seguem sem ter o mínimo conhecimento desta Minha atuação, até que alguma armadilha os tenha aprisionado completamente. Mas se Eu estiver junto, em qualquer tipo de viagem ou empreendimento, jamais permitirei que àquele que estiver na Minha companhia aconteça o mínimo desgosto.
6 – Que o acontecimento de ontem vos sirva de lição! Mesmo que não Me tenhais procurado para um conselho, nem mesmo pedido que Eu vos acompanhasse na jornada, Eu não deixei de vos proteger nem um só instante.
7 – Pois Eu sei que vós logo reconhecereis que Eu jamais abandono aqueles que Me procuraram, começaram a Me amar e permanecem fiéis a este sentimento. Eu sempre estou junto a estes Meus filhos, se Me pedem ou não. Pois aquele que por livre vontade Me ama, a este Eu também amo por livre vontade.
8 – Eu também vos digo que gosto muito (considere que aqui tenho que respeitar completamente vosso livre arbítrio) quando um operário aprendiz de Minha Vinha (que ainda tem que lutar com os espíritos elementares que o rodeiam e com as tentações do mundo) não a deixa para se ocupar com a vinha material, ainda que esta tenha sido adquirida por meio de um amigo e admirador Meu. Que permaneça mais tempo na Minha Vinha espiritual, até fortificar-se bem na fé; só então se aventure, se assim ainda o desejar, a labutar numa vinha material. Então Eu lhe mostrarei uma outra, na qual ele terá muito mais alegrias, do que aquela comprada com dinheiro. Bem, basta.
9 – Mas se vós dois ainda desejardes viajar, ide logo a um outro lugar que Eu vos indicarei. E não vos preocupeis se o tempo estiver claro, nebuloso, bonito ou ruim. Pois o tempo será como deve ser, para vos elevar a um degrau bem importante.
10 – Não vos preocupeis com a gratidão, pois Eu sempre vos paguei com a moeda certa. Se até agora só recebestes uma moeda de prata, desta vez vos darei uma de ouro.
11 – E como o ouro está acima da prata, esta viagem estará acima daquela que fizestes a uma região montanhosa (Kleinalpe). Naquela ocasião viajáveis em direção ao poente, mas desta vez ireis em direção à aurora. Naquela ocasião não vos preocupáveis com os horários, mas agora estais a celebrar Minha chegada, uma época bem importante, e este período não deverá vos encontrar de mãos vazias, mas sim cheios de boa vontade e atividade.
12 – Agora estais a perguntar: “Para onde é que devemos ir?” Eu digo: Não muito longe! Escolhi dois lugares: um está bem perto e o outro só duas horas afastado. De fato, Eu prefiro que, ainda que mais distante, fôsseis para lá, pois lá se encontra uma montanha chamada Kulm. Mas se, por motivo de vossas atividades, não tiverdes tempo para ir até lá, ide a um lugar mais perto, onde existe um castelo no cume de um morro bem elevado (existe uma capela na subida do morro).
13 – Mas a qualquer lugar que fordes prestai muita atenção a tudo, à terra, ao ar, bem perto ou bem distante, mas especialmente observai bem vossos sentimentos. Pois neles vereis, quando chegardes a um determinado local, o que significa realizar uma atividade em Minha Companhia e em Meu Nome.
14 – Eu vos afirmo: Céus e terra desaparecerão, mas Minhas Palavras permanecerão para a eternidade. E aquilo que por elas for determinado sobreviverá a toda a Criação. Pois se Minha Palavra se originou em Meu Amor, como seria possível ela desaparecer enquanto existir o Amor que permitiu que nele se originasse tal Palavra?
15 – Mas bem diferente acontece com o que foi criado e originado em Meu julgamento. Este só aconteceu pelo Amor e não se originou no Amor, por isto é finito, efêmero como o é o julgamento do qual se originou.
16 – O julgamento só dura por um certo tempo, pois o tempo por si só é um julgamento. O Amor, porém, é para sempre e é eterno, pois a eternidade é o próprio Amor, e nele tudo é Amor.
17 – No tempo, o Amor atua pelo julgamento e acalma a ira de Deus. Na eternidade, o Amor é o vencedor sobre a ira e consequentemente também sobre o julgamento, qualquer que este seja. Por isto não existe nada além do Amor e a felicidade que vem dele.
18 – No momento em que Eu vos digo que estas palavras não são do julgamento, mas de Meu Amor, considerai que elas se projetarão na eternidade, acima de tudo temporal. Se vós puderdes, fazei o que vos disse o mais breve possível, pois é este o desejo de vosso Pai amado que está sempre ao vosso lado, cheio de Amor e Boa Vontade. Este é o santo desejo de vosso Pai. Amém.
Congratulações para o aniversário
Recebido por Jacob Lorber, em 30 de novembro de 1840
1 – O seguinte é para ti, Meu amigo Anselmo, que tem tanta boa vontade Comigo e com Meu servo, pois acho que tua vontade é muito satisfatória.
2 – As pessoas desejam umas às outras muitas felicidades no dia do aniversário, mas isto comumente não passa do desejo verbal, pois nele não existe o verdadeiro Amor, mas sim somente o modismo mundano.
3 – Um deseja ao outro “tudo de bom”, mas lá no seu íntimo deseja de fato que nada disto aconteça. E em todas congratulações não existe nem um grãozinho de poeira do verdadeiro desejo, o qual se originou nos contatos que acontecem na corte e que se realizam com um papelzinho escrito que vós chamais de cartão-de-visita.
4 – Tu perguntas por que nada de bom se cria destas congratulações, e Eu respondo: Somente porque estas congratulações não são nada mais que verdadeiros fingimentos, gentilezas aduladoras da mente fria do mundo e, por isto mesmo, uma grande mentira.
5 – O homem que disser a uma pedra “Transforma-te em ouro!” é de fato um grande tolo. Vê, este tolo seria chamado “pequeno tolo” se comparado com um congratulante que deseja ao homenageado “milhares de anos de vida”, enquanto ele não pode alongar esta vida por nem uma hora e às vezes deseja que o outro morra no dia seguinte, para com isto obter algum lucro. E existem tantos que desejam “felicidades e bênçãos” e seus corações estão repletos de ira, ou aquele outro que deseja “saúde e dias cheios de alegria” e não conhece o único doador destas maravilhas nem de nome. Finalmente existe aquele que diz: “Eu vos desejo tudo aquilo que vós mesmos desejais”. Por acaso o felicitante sabe o que o aniversariante deseja e se isto é bom? Pensa bem no que geralmente os homens desejam para si no seu egoísmo. É assim que o mundo se felicita, coisas totalmente irracionais no seu vazio trevoso!
6 – Mas não é assim que deve ser entre vós! Em vez de tal tolice, Meus filhos, com o coração cheio de amor e boa vontade, devem perguntar: “Irmão, precisas de meu auxilio em qualquer circunstância? Então dize-me com franqueza, e eu, na medida do possível de minhas forças e de minha fortuna, te ajudarei”. Não digas: “Se é isto que desejas...”; mas dize-lhe: “Irmão, eu preciso fazer esta caridade em nome do Pai, para Me louvar e para o bem-estar de teu espírito”.
7 – E se teu irmão te confessou sua necessidade, sê carinhoso e realiza tua ajuda de imediato. Assim acalmarás o coração de teu irmão, e Eu, teu Pai, estarei feliz e cheio de alegria com esta congratulação tão concreta.
8 – E se tu congratulares, faze-o aos pobres e necessitados, e assim Eu também considerarei as tuas outras congratulações que deves fazer para não cair na ira do mundo. Eu as olharei com carinho e misericórdia.
9 – E se, em vez de um desejo vazio e fútil, a congratulação vem de um coração cheio do mais puro Amor, então tu serás um homem do Meu infinito Amor por vós.
10 – Vê, já fizeste tanto que foi de Meu agrado, por isto Eu já te batizei com um novo nome, o qual está inscrito no grande livro da Vida. E mais este nome te seja hoje, no dia de teu nascimento na carne, um presente para o teu renascimento no espírito. Faze o que Eu te disse e logo sentirás a felicidade imensa de teu renascimento.
11 – Vê, é assim que é Minha congratulação. Eu não “desejo” nada, mas tudo o que Eu quero ou desejo Eu dou, ou então permito que aconteça. O que aconteceria, se Eu vos desejasse a vida, mas permanecesse só no desejo? Mas Eu não só desejo, como também Eu quero, e é desta forma que vós estais vivos.
12 – Mas é sabido que vós deveis ser perfeitos, tal qual vosso Pai no Céu. Então atuai da mesma maneira como Eu, vosso Pai, quero e faço Eu mesmo. Se não o podeis fazer no infinito, tal como Eu faço, então fazei em ações pequenas. Pois então sereis como o pequeno círculo que, apesar de sua insignificância, é tão perfeito como o grande círculo do Meu Infinito e Eterno Ser. Amém.
Teu nome será “Willig”.
Uma dica para educação
Recebido por Jacob Lorber, em 30 de novembro de 1840
1 – Ouve, então, Meu querido Andréas Willig, mais isto: É um pequeno desejo Meu que tenho para ti, e tu bem sabes agora o que Eu quero dizer com “desejo”; isto é, a união de Minha Vontade com a tua. Não deixes que teus filhos cresçam com uma vontade totalmente livre, sem nenhum limite. O que tu lhes dás como estudo, isto eles devem aprender com boa vontade. Do que mais gostas (de teu conhecimento), dê o que tu achas que é bom para eles, e eles devem também achar bom e certo por esta tua opinião. E disto se originará algo bom e correto, pois é abençoado pela obediência. A não ser assim, tudo pode sair mal e ser inútil.
2 – A falha na educação consta geralmente porque os pais não dão a devida importância a tudo que se refere às crianças. Mas considera onde começa a Minha educação. Eu já Me preocupo com o infinito grãozinho da poeira do Sol, imagina, portanto, como será em relação a uma criança. Se meditares um pouco, verás como é importante a educação de uma criança!
3 – Vê, Meu querido Willig, caminha sempre na Minha trilha, e Eu jamais deixarei que te falte Meu Amor, serei sempre para ti um Pai bondoso e santo e, especialmente, o teu maior prêmio. Amém.
Viagem para Haberbach
Recebido por Jacob Lorber, em 01 de dezembro de 1840
Na viagem para esta cidade o Senhor revelou o seguinte para Seu Servo:
1 – Já observastes que às vezes Eu vos falo com palavras bem simples e comuns, mas outras vezes elas são fortes, cheias de inspiração e impacto? E isto acontece pelo seguinte: de acordo com a vossa capacidade de absorver, assim as palavras da Revelação vos são oferecidas rebuscadas e elevadas, ou simples e ao alcance das mentes simples.
2 – Mas no momento em que subirdes num morro, considerai que estais mais evoluídos e que já galgastes alguns degraus, o que não teríeis feito, se tivésseis permanecido na planície. Pois quanto mais vos distanciais, tanto mais alta e maior é a vista. No vale, porém, só podeis ver aquilo que se encontra nele; se descêsseis num poço, como seria minúscula vossa visão...
3 – Mas isto não acontece Comigo, pois para Mim não existe diferença de como vos revelo (em palavras rebuscadas ou simples). Tudo se origina na mesma fonte igualmente sublime, porque Eu sou a mais insignificante palavra que pronuncio, e esta pode não ser compreendida pelos mais sublimes anjos que entoam as loas mais sublimes e elevadas. Então não é de nenhuma importância, se Eu vos falo com frases grandiosas ou com frases simples do dia-a-dia. A mensagem é Minha!
4 – Pois se, no fundo de vossos corações, acreditais que sou Eu que vos falo tais coisas, então não estareis interessados na forma da revelação, mas sim no conteúdo da mesma, pois sabeis bem que sou Eu quem conhece tudo e todos na sua matéria (exterior), bem como no seu espírito (interior).
5 – Mas vós podeis ponderar o seguinte quanto à diferença de Minha Fala: Se Eu falo palavras rebuscadas, aí estou falando mais sobre a Sabedoria, e o Amor neste caso é somente um postulado; mas quando Eu vos falo com palavras simples do dia-a-dia, então estou falando pelo Amor, e a Sabedoria é o postulado.
6 – Desta forma, com os estudiosos e sábios do mundo Eu falo desde Minha inalcançável e eterna Sabedoria. Mas com Meus filhos, que Eu muito amo, Eu falo como o faz um carinhoso Pai nas suas bem conhecidas situações. Devei vós preferir que vos fale com Amor Paternal do que com rebuscadas palavras de Sabedoria.
7 – Se Eu falo palavras rebuscadas, é por causa do mundo. Vós podeis ter certeza que convosco jamais falarei outras palavras, que as que se originam no Amor do Pai.
8 – Na Minha grandiosa palavra de sabedoria encontra-se puramente a Sabedoria, e nada mais há para acrescentar à mesma. Pois cada palavra do Amor é um fruto vivo. E como em tudo que é vivo há no mesmo um infinito e uma variedade de oportunidades (tal como existe em cada semente) que não poderá jamais ser totalmente delimitada ou entendida, tal como acontece com a Sabedoria. Esta é a diferença entre a rebuscada fala da Sabedoria e a simples fala do Amor.
9 – Na Sabedoria Eu só dou tanto quanto fordes capazes de entender, mas no Amor Eu dou um infinito após o outro, onde mesmo a mais elevada sabedoria dos anjos jamais conseguirá a uma definitiva solução da Sabedoria que se encontra oculta.
10 – Bem, depende de vós do como desejais ser esclarecidos sobre vosso passeio de ontem.
11 – Vós fostes ao exato lugar ao qual vos enviei, lá observastes várias coisas e olhastes as coisas materiais do mundo que estavam a vossa volta, tanto longe como perto. E também observastes as formações das nuvens e as nebulosidades que vos envolviam.
12 – Mas o que mais vos chamou a atenção foi a montanha vizinha, que vós chamais de “Schockel”. Vós certamente vos perguntastes (isto Eu sei): “Em todas as direções podemos ver montanhas cercadas por nuvens e névoa. Pois elas atraem a si toda ou qualquer nuvenzinha e lentamente permitem que uma ou outra vá para alguma montanha, após ter-se fatigado da mesma?”
13 – Vede, uma visão destas tem muito significado, especialmente porque ela foi por Mim ordenada a assim atuar. Mas para entender esta visão completamente, todas as coisas que estão a sua volta também devem ser bem observadas.
14 – Em primeiro lugar, do lugar onde vós vos encontráveis a montanha estava exatamente sem nada, pois lá não existe mais a umidade necessária à vida. E finalmente deve ser observado que o sopé da montanha é escassamente habitado. Na altura de seu peito existem poucas plantas que não são frutíferas, e no verão o gado lá encontra uma alimentação bem fraca e água ruim.
15 – Observastes, mais adiante, que as nuvenzinhas começavam na altura do peito da montanha e não se dirigiam ao cume, mas sim uma aguardava a outra, se uniam e cobriam esta parte da montanha, enquanto que o sopé e o cume ficavam livres.
16 – E finalmente ainda observastes que nuvenzinhas se formavam no ar e com a brisa de um vento fresco da manhã eram levadas ao peito da montanha, quando lá se reuniam em grande quantidade; só então elas se elevavam até o cume e se apoderavam dele completamente.
17 – Junto a estas nuvenzinhas, que se formavam no ar lá em baixo e eram levadas pelo vento material até o peito da montanha, vistes o oeste orgulhoso. Também lá e cá, especialmente sobre o “Choralpe” como também sobre os Alpes menores, vistes filetes de névoa totalmente branca e a planície totalmente coberta por uma névoa azulada. Isto é tudo o que Eu queria que observásseis com atenção.
18 – Mas agora se questiona: “Qual é a importância espiritual de tudo isto que foi observado e o que Eu vos quis dizer com isto? Um de vós, ao ver o peito da montanha vizinha tão enevoado, disse ontem à tarde: “Aqui a falta de amor é grande.” Sim, esta é a mais pura verdade, pois falta um bom bocado de amor aqui. Mas Eu reconheço que não pode ser diferente, pois o homem não consegue modificar sua natureza num piscar de olhos. Mas lentamente e com Minha constante ajuda, tudo se ajeitará.
19 – E como já foi dito, há uma grande escassez de amor, mas não foi isto que a observação de ontem quis mostrar.
20 – Pois existe uma grande diferença se a névoa e as nuvens se formam nas partes da planície e dos vales, depois são levadas pelo vento, se elevam até o peito da montanha e envolvem o cume totalmente; ou se estas névoas aparecem já no peito da montanha, se apoderam de uma grande quantidade de nuvenzinhas soltas e então, todas juntas, envolvem o cume.
21 – Para que entendais, vamos começar pela montanha. Ela significa em cada homem sua parte material (natural e primordial) desde que o mesmo, devido a sua vida agora repugnante a si mesmo, já começou a se humilhar. Pois mesmo que esta montanha seja razoavelmente alta, em comparação com suas vizinhas bem mais altas ela não passa de um morrinho. E o homem tem que se humilhar cada vez que alguém traça paralelos por cima de seu cume, relacionados com seus vizinhos. É quando ele enxerga o mundo alto que existe ao seu lado e passa a meditar:
22 – “Também eu sou uma pessoa. Porque estas pessoas são mais altas (importantes) que eu? Eu não consegui ficar tão alto como elas, então eu quero ser o que elas não são e não conseguirão ser com facilidade: eu quero ser humilde e nesta humildade quero fazer com que meu fogo de amor interno fique cada vez maior. E quando este estiver em chamas brilhantes, então todas estas névoas serão expulsas por este fogo interno e lentamente cobrirão minha altura, para que esta não seja olhada por olhos irados dos vizinhos maiores.”
23 – Vede, é assim que devemos interpretar esta visão. Estas névoas não indicam que vossos peitos ainda estão tão nebulosos, como estavam no passado. Porém, como elas se elevam dos peitos, elas indicam que vossos corações estão em chamas e que estas chamas expulsam as nebulosidades e as expõem totalmente aos raios do sol.
24 – O que é que o sol faz então? Como ele vê que a montanha iniciou este processo tão bom em seu interior e que ela deseja se humilhar de fato, ele atrai todas as nuvenzinhas num só grupo e faz com que um vento matinal de grande significado as atraia. E quando tiverem se unido, o sol as puxa para o cume e as aprisiona.
25 – Isto significa que vosso amor, já começou a se livrar destas névoas e com elas, por Minha ajuda misericordiosa, aprisionar vossa razão da maneira como vos mostrou tão claramente a visão desta montanha
26 – Estais a ver que estáveis enganados, quando ontem achastes que Eu estava a vos magoar com a tal “falta de amor”.
27 – Mas com respeito às outras montanhas, elas não se vos apresentaram unidas, quando as observáveis com vosso binóculo, mas sim elas se rasgavam nas suas arestas nuas. Isto representa a maldade das pessoas materialistas, que só parecem ter um pouco de calma e paz, quando vistas com os olhos naturais, sem binóculos; mas com os binóculos do espírito elas são aproximadas aos olhos internos, e aí se consegue ver a verdadeira situação de sua fingida calma ostensiva, que rompe quando o anoitecer de suas vidas chega (o que sempre acontece). Meu servo bem viu com binóculos, ao observar ontem as montanhas. Estas montanhas aos olhos nus ainda continuavam a fingir uma calma, mas com os binóculos via-se que elas eram rasgadas pelo vento e que mais pareciam um mar escalpelado, do que uma série de montanhas. Já esta montanha ao lado permanecia envolta pela sua humildade e bem cedo, quando ainda vos encontráveis em vosso albergue em admiração a estes seus vizinhos bem maiores, ela incitava as montanhas menores a seguir seu exemplo.
28 – O que foi que vistes hoje? A Terra vestida de humildade! É assim que vós, vós que vos humilhastes pelo Meu Nome e pelo Meu Amor, vos encontrareis vestidos ao chegardes ao mundo espiritual, após finalizardes vossa vida na Terra: com o manto da humildade
29 – Pois isto Eu digo: O pecador poderá fazer tudo o que ele quiser, poderá obedecer aos mandamentos com muita seriedade e severidade, poderá orar dia e noite, poderá praticar atos de arrependimento, poderá jejuar e se mortificar suspenso... Ao ver as atitudes externas de seu arrependimento, Eu digo que ele poderia até mesmo arrancar sua pele e com ela vestir um morto e com sua fé poderia acreditar que tem poder até sobre as estrelas do universo... Mas se ele não possuir o Amor, Eu vos digo: Ele receberá o salário pelo que trabalhou, mas com o manto da humildade da inocência ele não será vestido. Somente o Amor nos habilita a vestir o manto verdadeiro da inocência, pois ele é este manto. E sobre sua cabeça voarão os humildes e inocentes, cheios de Amor, tal qual ontem observastes flutuando bem acima das montanhas.
30 - Mas aquele que, invés de tudo isto, só se apoderou do suave e fácil Amor e o tornou vivo em seu coração, este expulsou de seu interior toda ou qualquer culpa pelo ardente fogo do santo e se purificou totalmente na sua humildade, pelo Meu Amor que existe nele. E as “nebulosidades” que foram expulsas também serão purificadas pela Minha Misericórdia e se tornarão vivas pelos espíritos que sopram de Meu eterno amanhecer. E assim, da culpa purificada será preparado o manto da pureza, para aqueles que não Me encontraram na fé, mas sim na humildade e no Amor.
31 – Pois quando se diz que em primeiro lugar deve-se procurar o Meu Reino e que tudo o mais será uma dádiva acrescentada, pensai bem: este Meu Reino não é nada mais nada menos que o Amor! Então quem Me procura no Amor e pelo Amor, este Me procura em Espírito e Verdade, e isto é “Meu Reino”.
32 – Quem Me encontrou desta maneira, este terá Me encontrado e o Meu Reino Comigo. E se ele encontrou isto, dizei-Me: Que mais que ele ainda deseja ou precisa encontrar?
33 – O Amor traz tudo consigo. A fé, porém, só traz a si mesma. E muitos podem ter fé sem amar, mas será bem difícil pensar que o Amor exclua a fé.
34 – Por isto agora digo como sempre vos digo: Crescei no Amor, pois só assim crescereis em tudo mais. Pois o Amor perdoa tudo e dá tudo. Isso vos digo Eu, vosso Pai e eterno Amor. Amém.
Sobre “Herodes, a raposa”
Recebido por Jacob Lorber, em 07 de dezembro de 1840
Foi pedido ao Senhor esclarecimento sobre os seguintes versículos do Evangelho de Lucas cap. 13, 32:
Disse-lhe Ele: - Ide dizer a esta raposa: “Eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã, e ao terceiro dia terminarei a Minha Vida. E necessário, todavia, que Eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admirável que um profeta morra fora de Jerusalém”.
1 – Novamente não entendeis algo tão fácil. Observai vosso coração e logo encontrareis a “raposa Herodes” bem dentro dele, este que gostaria de comandar em primeiro lugar a carne, amanhã a alma e no terceiro dia o espírito.
2 – Para ele será muitíssimo desagradável saber que Eu julgo, pelo poder de Minha Palavra, em primeiro lugar a carne. Mas só após Eu ter retirado da alma todas as impurezas, maldades e luxuria de todas as coisas, é que, em terceiro lugar, torno a alma viva pela Minha Misericórdia e então liberto o espírito pelo Meu Amor.
3 – Pois então deveis ser fortificados na carne, e que a raposa do amor-próprio não se dê conta. Amanhã cada um de vós terá que ter liberta vossa alma de todas as malvadezas que nela se instalam pela carne. E no terceiro dia o espírito deve ser totalmente livre para a completa posse da alma, para que então seja feito um cantinho para Mim em vosso coração, para que Eu, pela obra da redenção, lá, naquela Jerusalém - e em nenhum outro lugar, pois não seria adequado para Mim - complete a Mim mesmo no homem, para que com isto o homem se aperfeiçoe em si e por Mim. E que assim ele renasça totalmente, pela Minha Perfeição dentro dele. Isto seria hoje, amanhã e no terceiro dia; ou seja: na carne, na alma e no espírito; ou então: no mundanismo, na espiritualidade e no Amor ; ou mais ainda: nesta vida, após o desencarne e finalmente para e no Céu.
4 – Mas o que tem a ver o homem com a “raposa”? Vede, aqui não existe nenhuma criatura em julgamento que deseje deixar de realizar o seu destino. Mas somente com o homem é que aparece a liberdade, e como consequência o espírito se apresenta ao mundo (isto acontece na ressurreição para eternidade). Por isto Herodes não é nenhuma raposa ou qualquer outro animal. Mas ele quer ser esperto como a raposa, sem pensar que Eu sou muitíssimo mais esperto e que entendo muito bem em atrair os pais do inferno para fora de suas casas, daí então fazer Minha aliança com suas filhas e sequestrar todas para Meu Reino. Não preciso prestar contas a ninguém após ter feito isto, e a raposa não Me preocupa nem um pouquinho, pois Eu sou um Senhor, e faço tudo o que quero.
5 – Vede esta é a compreensão fácil e simples destes dois textos.
Faze tu com tua “raposa” o mesmo que Eu faço com Herodes, então logo estarás Comigo, teu Senhor, Mestre e Pai. Amém.
Das fusões no reino natural
Recebido por Jacob Lorber, em 08 de dezembro de 1840
1 – Com respeito aos órgãos de respiração das plantas, não existem outros, a não ser os estudados anteriormente (22 de novembro de 1840). Mas como acontece em tudo neste mundo natural, mesmo que sejam totalmente diferentes nos seus extremos, existem entre eles coisas que se assemelham. Muitas vezes ninguém sabe a que classe ou espécie pertence um ou outro, onde começa um e termina o outro.
2 – Esta fusão no mundo natural não só conseguireis observar de uma classe para a outra, mas também nas classes iguais, tanto no mundo mineral, vegetal ou animal. Ao observardes uma pedra de cal, conseguireis ver uma variedade de etapas de transição. Esta pedra nas suas primeiras aparições é uma pedra dura e não tem quase nenhuma diferença da sílica. Desta sua forma dura ela evolui para algo tão mole, que quase não há diferença entre o cal a argila. Este tipo de aproximação existe em todos os minerais e não é só na sua qualidade, mas também na sua forma.
3 – Tal qual os minerais, isto também acontece nas plantas e nos animais. Observai a diversidade da macieira! Quem pode determinar onde este gênero começa ou termina? Também a enorme variedade de vinhas de uva nos surpreenderá, mas quem sabe onde a classe da vinha de uva começa ou termina? Como já mencionado, qual ponto exato entre um e outro extremo? E nenhum gênero há que não seja possível encontrar uma semelhança com o anterior e com o que lhe segue.
4 – Isto também acontece nos animais. Observai as várias raças de um gênero animal. Quem pode afirmar onde uma raça começa e onde termina? Ou quem pode determinar o ponto culminante de uma raça e onde seu ponto mais inferior?
5 – Tomai como exemplo o cão e tentai determinar onde esta classe se inicia, onde ela acaba, qual o ponto culminante deste animal e mostrai-Me qual cachorro é mais o “cachorro”.
6 – Eu vos digo: todas estas classes, raças e gêneros se interligam umas às outras, como as ondas do mar, onde também ninguém consegue dizer qual é a primeira, a do meio e a última a inquietar a superfície do mar.
7 – Eu vos digo, e todo ser humano comum também dirá: Aí não existe nenhuma primeira, nem uma última. Mas uma onda impulsiona a outra e com ela se funde, sem que deixe de ser o que sempre foi e será: água. Mas ela já não mais se encontra na sua posição anterior, pois no momento em que ela impulsiona uma outra, ela agora ocupa o lugar desta, e já existe uma outra que a está a empurrar.
8 – Para entender melhor este exemplo, imaginai um círculo que tenha sido dividido em graus exatamente iguais. Agora dizei-Me o que pensaríeis de alguém que afirmasse: “Este grau é o primeiro?” Daí Eu vos questiono: Por que vos alterais um com o outro pela primariedade de um grau, se um é idêntico ao outro e somente são separados por uma linha e se é totalmente indiferente qual considerais primeiro? Podereis dizer: “Se um é igual ao outro e separado por uma divisória idêntica, de nada nos adianta discutir por assunto tão tolo que nada nos acrescentará. Que o próximo seja o primeiro, e dele começaremos a contar. Como determinamos o primeiro, o último será uma consequência.”
9 – Vede, é assim que tudo acontece no círculo dos elementos do mundo natural. Sempre um se funde ao outro sem ser detectado, tal qual uma onda na outra.
Mais sobre a respiração das plantas
Recebido por Jacob Lorber, em 08 de dezembro de 1840
1 – Com a explicação que vos foi dada sobre a interligação dos diferentes gêneros, podereis encontrar plantas que muito se aproximam do reino animal. Estas plantas têm órgãos que muito se assemelham aos órgãos dos animais, e neste degrau podereis ver plantas que comem pequenos animais com seu caule.
2 – Tais plantas que tomam alimentos grosseiros do exterior precisam possuir estômagos e órgãos digestivos em seu interior, os quais se encontram debaixo do caule das flores. Ainda têm um estômago principal no seu centro e outros no local onde elas afloram do solo.
3 – No momento em que uma destas plantas tem um estômago, ela também precisa possuir um pulmão. Mas para que reconheçais a necessidade disto, primeiro deveis conhecer a respiração dos animais.
4 – O animal não respira somente por causa do poder químico do ar, mas também porque ele come alimentos mais grosseiros, a fim de ficar mais forte na sua natureza. Assim o estômago - que sempre se encontra próximo do pulmão - tem que ser “sacudido” de uma certa maneira (ele e todos os órgãos que lhe são vizinhos) pela dilatação do pulmão. Isto é necessário, para que o alimento que nele se encontra seja constante remexido. Assim, suas partes se friccionam umas às outras, e com esta digestão criam uma eletricidade que gera calor ao animal.
5 – Vós mesmos dizeis: “Com a comida, fiz mal ao estômago”; ou então: “Pesei meu estômago.” Isto quer dizer nada mais de que comestes alimentos não adequados a vosso estômago ou pulmões; ou então este alimento, por seus elementos negativos, tem pouca eletricidade positiva e assim não permite a fermentação.
6 – Para que exista uma fermentação, a eletricidade positiva é imprescindível, pois a fermentação é a libertação de eletricidade que se encontra nas células de todo ser vivo orgânico, como pequenas garrafinhas (eletricidade esta indispensável à vida). Quando esta eletricidade for elevada por elementos externos, então ela destrói estas células e se funde com os polos positivos da eletricidade do ar, ou então entra nos órgãos dos animais (ou plantas semelhantes a animais) como um alimento novo e vital.
7 – Vede, é esta a razão por que sempre deve existir o pulmão nos animais, como também naquelas plantas que têm órgãos digestivos: para que estes órgãos se mantenham num constante movimento de ficção.
8 – Creio que nem mais é necessário mencionar que em algumas plantas suas raízes são mais “animais” do que a planta em si. Este tipo de raiz se movimenta sob o solo feito um verme, procurando o alimento próprio para esta planta. É nela que se encontram seus órgãos respiratórios. Mas nos climas mais frios raramente são encontradas plantas semelhantes a animais. Estas se encontram nos climas tropicais e subtropicais.
9 – Mas se alguém acha que com um microscópio de alta precisão poderá enxergar tudo isto numa planta, está muito enganado. Precisaria de um onde uma ameba parecesse um mundo. Só conseguirá ver os poros naturais de respiração inerentes a cada planta. E se conseguir observar alguma dilatação e redução, ele deve saber que isto não passa de uma ilusão de ótica causada pela pulsação do observador, pois em momentos de grande tensão tal pulsação se reflete nos olhos do mesmo. É muito comum pessoas prejudicarem a visão com a leitura constante de letras pequenas, ou então com observações microscópicas.
10 – Também pode acontecer que, quando ainda existe a eletricidade positiva na planta (isto se vê quando ela ainda estiver verde e viçosa), a polaridade elétrica positiva desapareça de um local da planta. Esta então encolhe e murcha bem no local onde houve a perda, puxando células vizinhas para junto do mesmo. Então a eletricidade das células vizinhas pode entrar nas cápsulas vazias, e a planta se dilata mais um pouco, até que a eletricidade absorvida a abandone.
11 – É com isto que, em partes que sejam separadas da planta, observamos o que se chama “murchar”. A planta perde sua elasticidade e seu frescor, o que pode ser retardado se ela é colocada em água logo após a separação, pois esta retarda a saída da eletricidade e ainda consegue alimentar a mesma por um certo tempo, especialmente se a planta não for uma planta faminta de eletricidade. Esta planta então pode sobreviver longo tempo na água, se alimentando de sua eletricidade; às vezes cria raízes e permanece viva na água.
12 – Isso é tudo que devemos observar na respiração e órgãos respiratórios das plantas. Mas com respeito à respiração espiritual, será elucidado mais tarde.
Sobre os vermes parasitas (dicas sobre a educação das crianças)
Recebido por Jacob Lorber, em 09 de dezembro de 1840
1 – Com respeito aos vermes-parasitas dos órgãos no reino animal mencionados hoje por ti, Eu vos digo o seguinte:
2 – Havia uma vez um agricultor. Este agricultor um dia examinou todos os seus silos, estábulos, caixotes e sacos de farinha, então encontrou um grande número de camundongos e ratazanas, os quais lhe causaram grandes prejuízos. Então ele resolveu adquirir gatos para acabar com os roedores, tantos gatos quanto possível. Decidiu e realizou, e em pouco tempo não mais existiam roedores.
3 – Mas após terem limpado a casa, ficou o problema da superpopulação de gatos. Que fazer com eles? Pois como os gatos não conseguiam mais pegar ratazanas e camundongos, passaram a trazer muito mais prejuízo que os roedores! Bem, o jeito foi dar fim aos gatos. Mas logo após desaparecerem os gatos, lá voltavam os ratos, as ratazanas e os camundongos, que começavam novamente sua destruição.
4 – Desta vez o agricultor não cogitou dos gatos. Ele pensou: “Bem roedores, podeis esperar. Vou colocar veneno em tudo, e logo vosso apetite passará”
5 – Mas quando ia fazer isto, um amigo o alertou: “Se fizeres isto, com que tu te alimentarás? Certamente sucumbirás ao veneno com o qual queres matar os ratos!” E o amigo continuou “Tranca todos os teus frutos bons em câmaras de ferro, as quais nenhum rato consegue roer, e a fome afastará os ratos de tua casa”.
6 – Ele seguiu o conselho e logo viu as boas consequências. Pois sem esforços e sem custos, nenhum homem consegue obter algo valioso e bom.
7 – Ao observardes este exemplo, certamente direis: “Quem entender esta parábola e como ela se adapta aos vermes-parasitas, este deve entender mais do que uma mente humana comum consegue entender”.
8 – Eu, porém, digo: Esta parábola é totalmente aplicável aos vermes-parasitas, os quais existem em três tipos: os assim chamados vermes-novelos ou vermes-casulos; os vermes que se assemelham à minhoca e à solitária; junto a estes vermes principais, outras classes secundárias menos conhecidas, tais como lombriga, oxiúro, ascarídeo e outros.
9 – Todos estes bichos o ser humano adquire pela comida que usa, ou que lhe foi dada quando criança, e que tenha em si partículas animais em demasia. Para as crianças deve-se evitar leite impuro ou gorduroso e alguns frutos já conhecidos e muito comidos pelos animais.
10 – Esta é, pois, a explicação natural da obtenção destes parasitas. Mas a criação dos mesmos ainda é um processo espiritual desconhecido. Pois os espíritos não-puros, que muitas vezes já nasceram com a criança, procuram neste tipo de alimento o que lhes é compatível, disto se revestem e então se tornam estes seres tão horríveis e prejudiciais no homem, para que consigam logo no principio, nem que seja fisicamente, prejudicar a saúde humana. Mas isto só fazem os mais grosseiros e tolos, pois, com cuidados fáceis, serão castigados e expulsos por meios naturais condizentes.
11 – Mas muito mais prejudiciais são estes seres quando, abandonando sua forma material, retornam em forma espiritual. Pois então eles deixam o corpo em paz e começam a fazer seu miolo na alma, levando as crianças a fazer um sem-fim de malcriações. E se por acaso forem mortos por meio de um medicamento espiritual forte, questiona-se se a alma não sofre um estrago mortal por causa do alimento que lhe foi retirado.
12 – Um alimento mortal para a alma seria ensinar às crianças e aos jovens, cedo demais e de uma só vez, tudo que é prejudicial, infame e todos os vícios. Certo que desta forma a alminha saberia de tudo o que lhe poderia acontecer, mas dizei-Me se tal alimento não teria sobre a mesma o mesmo efeito do veneno aplicado em todos os alimentos, para matar todos os bichos nocivos. Então o bom conselho do amigo é o melhor a fazer. Primeiro devemos evitar que as crianças cheguem perto deste tipo de alimento material; segundo, com respeito, devemos colocar suas almas em cofres de ferro. Ou seja, enquanto elas ainda precisam de ensinamentos, não as deixemos fazer o que bem entendem, mas sim as guiemos com firmeza, até exigindo-lhes obediência severa, contudo especialmente devemos dar-lhes muito, muito amor.
13 – Vede, esta é a conservação dos frutos nobres num “cofre de ferro!” E como desta maneira os bichos não mais encontram alimentos para permanecerem vivos, então eles ficam chateados e famintos e em pouco tempo se afastam à procura de um pouso mais agradável e hospitaleiro. Este tratamento então se iguala a uma severa dieta alimentar, mas é muito mais eficaz contra todos os males da vida.
14 – Isto é que significa a parábola que vos dei. Mas ainda sobraram os muitos gatos. Estes gatos são na natureza um exagero e uma variedade exagerada de medicamentos. O mal é retirado sim, mas logo após ter acabado, quando os gatos (medicamentos) não têm mais nada para comer, então eles atacam a despensa (órgãos internos) e assim destroem a saúde de todo o ser. E no fim será mais difícil livrar-se dos gatos do que livrar-se dos bichos nocivos em si mesmo.
15 – No aspecto espiritual, os gatos representam a grande quantidade de instrutores a que os jovens são submetidos, com uma variedade enorme de opiniões. Eles certamente podem destruir alguns vícios que existem na alma, mas após esta limpeza, quando os professores nada mais têm a limpar, há casos (por Mim bem conhecidos) onde estes “gatos” põem vícios na alma, para justificar seus empregos.
16 – Então o bom conselho é o melhor e o único “medicamento” a ser usado. Pois aí não precisareis nem dos gatos nem do veneno, tanto no tratamento físico como no espiritual. Observai bem este testemunho e vós vos tornareis livres, como também vossos filhos, de todos estes males. Isso digo Eu, vosso eterno Amor e Sabedoria. Amém.
A dança
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de dezembro de 1840
1 – Tu te perguntas o que há na dança de tão ruim e prejudicial que tanto Me desagrada. Presta atenção tu, homem fraco, tu, que temes os homens e que neste teu temor desejas conhecer assuntos que somente Eu dou aos valentes. Eu já te contei grandes coisas e retirei o véu de teus olhos, mas tu estás preso ao julgamento dos homens e temes ao extremo ser por eles desprezado, esquecendo-te que Eu estou acima, muito acima de todos e tudo.
2 – E quando tu te lembras de Mim, o fazes em teu temor, no qual no fim fecharás teu coração, te tornarás cego qual uma toupeira e entupirás teus ouvidos de tal maneira, que jamais conseguirás ouvir Minha Voz. Se tu não expulsares seriamente teu temor, de agora em diante a nada de bom ele te levará.
3 – Como tu podes pensar que Eu Me utilizaria de Satã para levar alguém à humildade, mansidão, paciência e obediência; sim, utilizaria até mesmo governantes ou alguma igreja que por lá houver (no reino de Satã), e tudo isto no Espírito da Verdade? Eu digo: quem afirmar isto, este sim permite que Satã se libere. Por ele deveis orar, como também por toda a igreja católica, para que ela também reconheça seus erros e o que ela possui de Meu Espírito, Meu Amor e Minha Verdade, pois senão sua debandada acontecerá em breve. Pois quem ama Meu Nome e tenta glorificá-lo em seu coração, este está Comigo e não contra Mim.
4 – Como é que alguém do reino de Satã poderá dizer Meu Nome, pois em Satã nada do que vem em Meu Nome (que de fato é Meu Amor) pode acontecer? E como que Satã - que é o absoluto polo oposto de Meu Amor e com isto a Quinta Essência da Ira de Deus - um ser que se afastou totalmente do Amor, pode prestar algum serviço ao mesmo?
5 – Quando alguém deseja pronunciar uma palavra com a qual quer identificar alguma coisa, ele em primeiro lugar deve conhecer a conotação desta palavra, ou pelo menos deve ter a capacidade de entender esta palavra, para só então comandar sua língua a pronunciá-la. Mas como seria possível que alguém pronunciasse a palavra “Pai” em japonês, se não a conhecia neste idioma? E mais ainda, caso esta palavra fosse um segredo daquele povo? Ou ainda por ser mudo e incapaz de emitir qualquer som, nem mesmo na sua língua materna, quanto mais em japonês?
6 – Eu vos afirmo que a um mudo seria mais fácil pronunciar a palavra “Pai” em japonês (mesmo sendo uma língua desconhecida dele), do que Satã chamar o Nome de Meu Amor. Espíritos maus só podem agir no plano mundano e levar inúmeros seres humanos ao pecado e paixões, tais como inveja, orgulho, ânsia de poder, ódio, prostituição, dança, gula, volúpia, etc. E neste sentido, Meu Nome para eles é totalmente desnecessário e irrelevante. E quando os homens mundanos já não desejam ouvir nada sobre Mim, quando Meu Nome lhes é um horror que os enoja, tanto o mais ocorre a Satã.
7 – Mas quem reconhece e ama sem temor o Meu Nome, o qual é Jesus - o Filho do Deus Vivo, a Palavra, o Amor do Pai - este então também ama o Pai e não poderá jamais ser contra o Espírito Santo que se origina nos dois, mas sim está pleno Dele e por Ele. O que é que Satã, na sua ira e falsidade, tem a ver onde o Espírito do Eterno Amor que renova tudo que vem de Deus, o Pai, pelo seu Filho, Jesus?
8 – Tende isto sempre em vossos corações e sede sem temor. Pois Meu Reino deve ser conquistado com várias provas, e o verdadeiro amor sempre deve vencer a prova de fogo tal qual ouro puro, pois sem esta prova ele não Me merece.
9 – Lembrai-vos do jovem rico no evangelho e lá vereis quão distante ele ainda se encontra de Meu Reino. Observai as sementes sob os espinhos (mundanismo etc) e imaginai que tipo de fruto poderá brotar de lá. Pois então não sejais como o jovem ou como a semente nos espinhos, mas sim mostrai-Me o ouro puro de vosso amor e então tereis a vida!
10 – Bem, com respeito à questionada dança, Eu já vos demonstrei a contento o “prazer” que Eu tenho nela e quais as suas consequências. Ainda acrescento que ninguém se desculpe embelezando a dança vulgar sob o título de arte, pois assim ele jamais se livrará de seu rodopiador (este é o verme taenia-coenurus, que existe no cérebro da ovelha e a faz rodopiar e rodopiar, até cair morta). Pois como este verme existe no cérebro e causa uma doença geralmente mortal, existe também um “rodopiador espiritual”, cuja cura é muitíssimo mais difícil que a do físico e que atualmente se tornou de porte epidêmico.
11 – Pais que mandam seus filhos aprender dança colocam sobre seus próprios ombros um pesadíssimo lastro, pois seus filhos serão com isto estragados por espíritos malignos. As meninas serão prejudicadas em sua fertilidade, na sua pureza, no comportamento de seu coração, na sua fé verdadeira e no seu puro amor por Mim. Daí, futuramente, no amor de seu companheiro, nas suas tarefas caseiras e na verdadeira paciência, humildade, perseverança, em todas as provações e especialmente na sua alegria religiosa, na sua virtuosidade, na sua suave alegria cheia de frescor e simpatia de sentimentos. Nos rapazes se fará presente pelo mau humor em relação a tudo que é serio, em relação ao temor de Deus, na tendência oculta a paixões diversas e ao prematuro comportamento sexual, no desprezo a tudo que Me diz respeito e ao Verdadeiro Amor. Vede, isto de fato acontece e deve acontecer. Então raciocinai bem quanto a quem é o verdadeiro culpado e quem deverá responder por isto!
12 – E vós sereis como aquela figueira que não tinha nenhuma fruta, enquanto Eu Me encontrava debaixo dela cheio de fome. Vós pais sois a figueira, e vossos filhos são as frutas. Se a figueira estiver estragada pelo conhecido verme das ovelhas, então flor e o fruto cairão da árvore antes do tempo. E se o Senhor por ela passar e a encontrar vazia, fará o mesmo que fez com a figueira estéril. Considerai isto bem, vós pais, e observai Quem é que vos diz isso! Amém.
Não Me toques!
Recebido por Jacob Lorber, em 16 de dezembro de 1840
Pedido: Senhor nós te pedimos que esclareças o seguinte:
João cap. 20.17: “Jesus fala a Maria Madalena: - Não Me toques, porque ainda são subi a Meu Pai! Mas vai a Meus irmãos e dize-lhes que subo a Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus”.
Mas em João cap. 20-17 está escrito: “Então Ele diz a Tomás: - Introduze aqui o teu dedo e vê as Minhas Mãos. Põe a tua mão sobre o Meu Lado. Não sê incrédulo, mas um homem de fé.”
Que não exista outra Vontade a não ser a Tua, tanto nas alturas como nas profundezas, e tudo o que lá aconteça seja segundo Tua Santa Vontade. Amém.
1 – Que assim seja! Escreve, pois. Mas não vos dais conta de que quanto mais próximo o assunto vos é, tanto menos o entendeis. Estes dois textos vos são tão próximos como poucos. Mas invés de procurardes o esclarecimento bem perto... não, vós o procurais bem distante, tanto em espaço como no tempo. Claro que lá nada encontrareis, pois a explicação está bem ao vosso lado.
2 – Como quem por acaso procura sua casa na água e suas habitações no fogo, não se dando conta que se encontra em sua casa e em suas habitações; enquanto isto, feito um cego, ele as procura lá onde não estão e jamais poderão estar.
3 – Em que igreja vós estais, e quem era Madalena? Qual é a igreja que se origina em Meus irmãos, e quem sou Eu? Nestas duas frases está todo o segredo.
4 – Por acaso achais que a antiga prostituta e bailarina que se apresentava ante os poderosos e pagãos, que desde a idade de doze anos possuía sete diabos em seu corpo - está certo, ela foi por Mim liberta dos mesmos, praticou muitos atos de caridade e amor, se arrependeu sinceramente, mas mesmo assim - achais que ela estava em condições de tocar Minha Divindade, quando só suas lágrimas e seus cabelos podiam tocar Meus Pés?
5 – Observai vossa igreja e a frase “Não Me toques!” vos aparecerá clara e bem nítida. Mas Eu digo o mesmo que disse para Madalena: “Vai e dize a Meus irmãos que Eu já ressuscitei entre vossos filhos várias vezes e que vou ao vosso encontro, para que Me olheis, coloqueis vosso amor no Meu Lado ferido e lá, tal como Tomás, vejais a pequena porta e o caminho estreito que leva à vida eterna e por ela ao Pai, que é Meu Pai e, por Meu intermédio, também vosso Pai, e é Meu Deus e também vosso Deus.”
6 – Por isso todos vós deveis colocar vossas mãos em Minhas chagas, para que acrediteis que Eu sou a vida eterna por Mim próprio, tal como sou a ressurreição; que não recebi a vida do Pai, mas sim Eu sou a vida no Pai, como o Pai não é fora de Mim, mas sim o Deus eterno é em Mim com todo o Espírito Divino, se origina em Mim com todo seu poder e força, tal como se origina no Pai, como um único e idêntico espírito.
7 – Como Eu fui tudo o que sou e o que serei eternamente, após ter ressuscitado, uma prostituta arrependida não teria sido totalmente destruída, em espírito e carne, se ela tivesse Me tocado? Pois ela ainda estava bem longe de ser totalmente pura; ainda faltava muito a ser eliminado nela. Tocar-Me só é permitido àqueles que deixaram Eu lavar seus pés e que tenham comido a grande ceia Comigo.
8 – Eu vos digo: Deixai que Eu lave vossos pés e que Eu vos atraia para um lugar à Minha mesa, à mesa do Verdadeiro Amor! Não vos preocupeis com a Madalena, mas acreditai que sou Eu que silenciosamente chego a vós. Colocai vosso coração no Meu lado ferido, para que sejais fortificados para a Vida Eterna.
9 – Pois a vós Eu não digo: “Noli Me tangere!”; mas sim vos digo como foi dito a Tomás - pois vós todos sois um pouco “tomases” - para que, como ele, também desejeis vos tornar vivos! Mas considerai bem: Só Eu, e não Madalena, possuo a vida! Mas a noticia de Madalena, somente, não é bastante. É necessário que Eu venha a vós e Me instale em vossos corações, para que a promessa se realize: Que Eu “suba” para junto de Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus, e vós em Mim e Comigo. Amém.
Isso Eu digo para a ressurreição e para a vida eterna. Amém.
Mais uma vez: “Não Me toques !”
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de dezembro de 1840
Pergunta: Em Mateus cap. 28.1 está escrito: “Depois de sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o tumulo.”, e no cap. 28-9 consta: “Neste momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse: - Salve! Elas se aproximaram e, prostradas, beijaram-lhe os pés e o adoraram”.
De acordo com o Evangelho de João 20-17, Madalena quis Te tocar, Senhor, e Tu lhe disseste: “Não Me toques!”, mas segundo Mateus, tanto Madalena como a outra Maria abraçaram Teus Pés, e na explicação de ontem foi dito: “Deveria uma prostituta arrependida ter sido totalmente morta, se ela tivesse Me tocado?”...
Senhor, envia Tua Luz Misericordiosa, para dissipar nossas trevas! Que não exista nenhuma vontade, nem nos céus nem nas profundezas, além da Tua Vontade Santa. Amém. Que Teu Santo Nome seja sempre louvado e glorificado por toda a eternidade. Amém.
1 – A pessoa que não entende isto é cega, muda e surda, ou então é como a figueira estéril, tratada pelo Jardineiro com muito cuidado por um longo tempo. Mas como a árvore não dá nada mais do que folhas e galhos, os empregados aconselham ao Senhor cortá-la, para que não ocupe, sem dar frutos, um espaço tão precioso no pomar. Ao ouvir isto o Senhor disse: “Deixai a árvore por mais um ano. Podai-a e adubai-a, e se mesmo assim não der frutos, que vosso machado corte suas raízes e que ela seja usada para o fogo.”
2 – Presta atenção tu, tu que perguntas sobre assuntos tão fáceis que se originam em tuas contradições. A ti seja dito que é muito difícil servir a dois, de modo que cada um seja servido satisfatoriamente: o amigo e o inimigo! Se tu te preocupas Comigo, por que o mundo deve te preocupar? Mas se tu te preocupas em construir um atalho plano no mundo, onde é que fica o fruto espiritual nesta situação?
3 – Minha Vontade está bem acima da vontade do mundo! Tu queres as duas, a felicidade material e a espiritual, mas Minha Vontade vai contra isto; vê, isto não pode ser! Eu te digo: A felicidade terrena e a de teus filhos devem ser orientadas para Minha Misericórdia, então sim, Eu Me preocuparei com todo o resto. Mas se te dá prazer carregar problemas mundanos tão inúteis, carrega-os pois, mas cuidado para que o número um não seja despedaçado em uma legião.
4 – O amor dos pais com respeito aos filhos é cego. Eles não veem a semente, mas somente a árvore, não consideram o tudo que existe encerrado numa semente. Mas a semente boa, que produzirá milhares de frutos, só cresce em Meu jardim e na Minha terra. Na terra do mundo, ela logo sufocará; mas a semente mundana, esta sim cresce bem lá, produzindo todo tipo de ervas daninhas para os Meus celeiros.
5 – Isto Eu digo por tuas contradições, para que tua contradição no Evangelho se torne clara. Mas considera o seguinte bem: Como tu agora sabes Quem é Aquele para quem não existem segredos, então tu, quando fores atacado por dúvidas a respeito do rumo a seguir ou de alguma atitude tua ou de teus filhos a ser tomada, lembra-te bem que somente Eu conheço o caminho certo. Bem, por enquanto olha pelos teus três e deixa que Eu Me preocupe pelos outros.
6 – E para que Mateus fique sem culpas em ti, então aceita esta contradição e entende quando Eu digo à Madalena: “Não Me toques, mas cai ao solo ante Mim, abraça Meus Pés e Me glorifica em espírito e verdade; só então vai a Meus Irmãos e comunica-lhes que Eu ressuscitei!”
7 – (A todos) Isto é o que vós também deveríeis fazer. Não procureis a verdade, mas sim o Amor Verdadeiro e Puro, que corresponde a Meu Pés. Como consequência disto, ocorre a purificação de vosso amor, pois mesmo que penseis que ele é totalmente puro, sempre tem um bocadinho de sensualidade e por isto se assemelha aos Meus “Pés”, somente sobre os quais podereis andar em direção à vida. Por isto vos deve ser dito com muita ênfase: Não toqueis Minha Sabedoria antes que Meus Pés tenham sido apoderados e abraçados com todo amor possível!
8 – Madalena estava por Mim sensualmente apaixonada. Ela tinha até ciúmes e Me considerava seu único amante, aquele que tinha escolhido para si. Ela de Mim pensava que Eu era um profeta bem importante, mas Minha divindade ainda lhe era desconhecida. Considerando seu amor, ninguém tinha perdido tanto com Meu martírio e morte, pois ela não só tinha perdido seu Salvador, Senhor e Mestre, mas no seu coração ela tinha perdido seu amante, aquele que ela tinha escolhido para ser seu único homem. Esta foi a razão de seu desespero.
9 – Esta é a razão por que Eu falei a Madalena: “Não Me toques!”, mas mais tarde lhe permiti que tocasse Meus Pés. Vós Me perguntais: “Como explicar os toques de Tomás?” Eu vos digo: Como ela, ele primeiro teve que olhar Minhas Mãos e Pés com suas chagas, antes de poder apor suas mãos sobre a ferida que havia no lado de Meu Peito.
10 – Madalena, por estar sofrendo tanto, foi a primeira a perguntar por Mim aos Meus discípulos, que também o fizeram, porém mais por luto saudoso do que por amor.
11 – Mas quando Me viu a sua frente, a Mim, seu amante perdido, então seu coração quebrou todas as amarras. Gritou e com toda sua paixão quis se jogar em Meus Braços. Pensa bem Quem e o que Eu sou, e o “Noli me tangere!” estará claro a tua frente. Mas também considera o enorme amor de Madalena, e ficará bem claro o ato de abraçar Meus Pés.
12 – Também considera que João, Meu favorito, escrevia pela Minha Alma, enquanto que Mateus escrevia pelos Meu Pés, e tudo ainda te apresentará com mais clareza, inclusive a grande penitência de Madalena após Minha ascensão, pois só então ela reconheceu quem de fato era o seu amante e só então, com penitência severa em espírito e humildade, ela começou a Me amar em verdade.
13 – Eu afirmo: Aquele que não Me amar como Madalena, este não conseguirá resolver suas contradições e dúvidas em sua vida material, não Me achará e não conseguirá caminhar sobre Meus Pés, a fim de entrar na Vida. Vê, Meu Reino é da mais divina e da maior clareza, e nada há que não seja absolutamente puro no pomar. Não sirva a dois inimigos e então soluciona as dúvidas que existem em ti. No futuro, não esqueças mais que Eu sou teu Deus, teu Pai e teu conselheiro.
14 – (A todos) Vede, hoje Eu falo, amanhã Eu ajo e depois de amanhã Eu poderei chegar. Aquele que não estiver em casa, por sua casa Eu passarei sem parar. Amém. Isso diz Aquele que sempre deixa que abracem seus Pés. Amém.
Sobre o casamento e educação dos filhos
Recebido por Jacob Lorber, em 05 de janeiro de 1841
Senhor permite que eu ouça tua Santa Palavra, mas como sempre, que a Vossa vontade seja feita. Amém. Amém.
1 – Bem, então ouve e escreve. Eu te digo: Aquele que não segue completamente Meu Evangelho depois que ele o conheceu e meditou bem sobre o mesmo, vê, este ainda está longe de merecer o Meu Reino, pois teme ao mundo mais do que a Mim. Ele gostaria de Meu Amor ao lado do mundo, mas vê, Eu não posso ser amado ao lado do mundo, pois o mundo não está no Meu Amor, mas sim até a última molécula só existe pela Minha Misericórdia e de fato se encontra no Meu julgamento implacável (aliás, é para isto que o mundo existe: para ser julgado). Pois Eu só sou condescendente em Meu Amor e Misericórdia. Meu julgamento é derivado de Minha Ordem eterna, que é consequência de Minha Sabedoria infinita.
2 - Assim é com o irmão que está aqui pedindo esclarecimentos do Meu Livro (Lucas 16.8), porque ele não ouve a sabedoria de sua mulher, mas ama seus filhos além do que é justo e não mais impõe aos mesmos o respeito à mãe, especialmente nos assuntos domésticos, onde ela é extremamente sábia e dispõe de ensinamentos que são aplicáveis à toda sabedoria inútil que está a entulhar as cabeças das crianças. Isto de maneira alguma é o caminho certo para Meu Reino.
3 – Ele deve atarefar seus filhos com atividades úteis e com ensinamentos úteis, mas nunca deve esquecer o destino das meninas e dos meninos, pois senão poderá ter grandes desgostos com eles no futuro. Tudo isto deve ser sempre determinado pela voz do coração e com os olhos da alma. Se não agir assim, os filhos, com sua vontade selvagem, dominarão a vontade paterna e com suas mãos cruéis esmagarão o seu coração, pois já está fraco e condescendente demais. Deve agir agora, quando ainda é possível, e domesticar os corações e as mãos ainda suaves das crianças.
4 – Ele não deve ouvir continuamente as queixas maléficas dos filhos, mas sim examinar com grande seriedade suas ações, tanto em relação às suas ordens como também às da mãe, que na sua liderança doméstica sabe muito mais sobre os mesmos que o próprio pai. Ele também tem que combinar com sua esposa (sem a presença e o saber das crianças) as atitudes a tomar, para não prejudicá-la quando estiver educando aos filhos, pois muito do que ela decide é segundo Meus conselhos. Logo tudo estará mudado, e a educação dos filhos será positiva.
5 – Ele que leia no Meu Livro da Misericórdia e do Amor, como já expliquei aos Meus apóstolos, a maneira de um bom senhor orientar e comandar seus servos e familiares; que não deixe de dar a recompensa certa no momento certo, seguindo sempre Meu conselho interno. Ele não deve deixar passar o momento certo de recompensar, pois senão tudo será bem prejudicial. Pois Eu disse e novamente digo: “Abençoado o servo, quando seu senhor o elevar acima de todos os seus tesouros”.
6 – Mas já que este teu irmão se tornou um administrador e servo de Minha Nova Revelação e tendo esta Palavra da Misericórdia e do Amor, como é que ele está Me esperando e por que Eu ainda não desejo chegar? É porque ele ainda não aprontou a contento sua casa. Se uma casa ainda não estiver bem adequada, ela se parece a um pedaço de chumbo banhado em ouro; também tem o peso do ouro, mas com respeito ao valor interno, ela não passa de um metal sem valor algum e que está muitíssimo longe do ouro.
7 – Mas já que teu irmão é um obreiro eficaz na Minha Nova Vinha e como ele tem certos problemas com sua mulher, ele que sempre se importou mais com o mundo do que Comigo, então ele que faça o mesmo que o comerciante faz ante os compradores desinteressados que não sabem o valor das mercadorias e começam a pechinchar. Pois então o comerciante lhes dá pequeníssimas vantagens, a fim de vender suas mercadorias. Isto teu irmão também deve fazer: dar à mulher vantagens insignificantes, assim ela não mais o verá como um opositor e em algum tempo procurará nele a real mercadoria espiritual.
8 – Quantas vezes Eu tenho que Me comportar como os comerciantes em relação a vós? Se Eu não o fizesse, onde estaríeis? Quanta vantagem já vos dei? E considerai o seguinte: Como às vezes Me é difícil vender Minha mercadoria a vós, que já sois da Luz e não mais das trevas, quanto mais não serão as negociações com os “espiritualmente pobres” e “filhos do mundo”, que são totalmente cegos?
9 – Mas para que teu irmão consiga observar sua situação doméstica de uma forma mais paciente e condescendente, especialmente nos assuntos relacionados a Meu Nome tão conturbado, Eu vou indicar-lhe uma pequena questão que o fará pensar: Por acaso achas que Eu vim ao mundo para trazer paz à Terra? Não; vim ao mundo para trazer sim a desunião. “Se numa casa houver cinco pessoas honestas, haverá desunião entre elas; serão dois contra três e três contra dois. O pai será contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe. Haverá a nora contra a sogra e a sogra contra a nora” - Mateus 10-34-36.
10 – Vê, esta questão o irmão deverá considerar com toda seriedade, e lhe será tirado um peso enorme de seu coração. Mas se ele não entender esta mensagem, ele sabe bem onde mora o “professor pobre” (Jacob Lorber), que é mestre neste assunto. Lá é onde tudo lhe será dado de graça e bem explicadinho, para o entendimento deste seu coração acolhedor; assim ele se tornará um homem correto aos moldes de Meu Coração.
11 – Os assuntos que tratam do espírito parecem para o mundo uma tolice cheia de contradições. Mas não é assim! Quando o pavio fica preto sob a luz branca e a cinza fica branca sobre o carvão preto, ninguém questiona...; mas não é isto uma contradição da natureza?
12 – Por isso se vós encontrardes algumas contradições ao longo de Meus Caminhos aqui no mundo, observai o comandante de um navio; se ele não conseguir colocar as velas contra o vento - para que sua embarcação vença as ondas e para que o vento que se opõe ao seu avanço na verdade o acelere - este comandante ainda não é digno desta posição.
13 – Quando um ensinamento for dado, para que este sirva à vida, ele deve ser como a vida é: uma atividade na morte; com isto, a vida se torna vida frente a morte, e a morte se torna morte frente a vida.
14 – Eu aconselho ao irmão que não mostre esta mensagem à sua mulher, ainda não é a hora certa para isto. Eu darei instruções ao servo de como ele deve manipular esse assunto. Até agora não houve um grande erro, e assim o “inverno” logo passará! Joga fora o chumbo dourado! Aproveita bem as oportunidades! Segue Meu conselho com exatidão: Sê um bom comerciante e um administrador de tua casa. Quando houver contradições e oposições, não te acovardes e dirige todo o assunto cheio de amor, mansidão e paciência.
(A todos) Só assim vossa vitória será certa, pois tereis Minha constante orientação e Minha ajuda poderosa. Isso vos falo Eu, vosso poderoso Salvador. Amém.
Conversão dos cientistas e sábios
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de janeiro de 1841
Pedido: Senhor, santo Pai, Tu - que és pleno de Amor, Paciência e Misericórdia - poderias nos dizer se o desejo deste que Tu conheces é viável ou não. Mas que Tua Vontade se faça.
1 – Eu digo: Se desejardes, podeis fazer vossa vontade, mas já vos aviso: Será tarefa extremamente árdua colocar aquele que se enclausurou nos números no suave caminho espiritual.
2 – Pois saibais, existem cientistas que são mais duros que aço! Estes, ao fim, nem mais acreditam em seus próprios sentidos, quanto menos nos de pessoas totalmente estranhas que para eles valem menos que zero, por não pertencerem ao círculo dos endurecidos pelo fogo e água, até ficarem duros como o aço.
3 – Se uma parede for de lã, as pedras que se jogam nela não fazem quase barulho, mas também não vão ficar grudadas na mesma, pois a lã tem um efeito bumerangue e devolve o que foi contra ela jogado. Então devemos parar e lentamente envolver os objetos na lã, pois só assim ficarão seguros na parede, enquanto a lã permanecer lá. Se o fazemos com prejuízos ou conquistas, isto é uma outra questão.
4 – Mas se a parede for de lama mole, tudo ficará grudado na mesma, tudo que nela desejardes jogar. Mas para que? Qual a utilidade? A lama ficará inalterada como sempre, e os objetos que nela estão também.
5 – E nas paredes de um forte construído de ferro e concreto, nem uma bala de canhão deixará marcas de importância, além do que os atiradores devem ter muito cuidado com o ricochete da bala, pois poderão sair machucados. É bom observar uma boa distância!
6 – Bem diferente acontece com uma parede de fogo, onde tudo é aceito e purificado, e o objeto se torna algo cheio de fogo. Se a parede for de ferro, então é necessário um fogo bem forte, para que a parede se incendeie. É por isto que aqui também é necessário muito fogo e calor, para que esta parede fique líquida e se torne mais suave, mais flexível, e aceite a mensagem.
7 – A tentativa com os cientistas de ferro pode ter sucesso, mas com uma esperteza de fogo e com uma paciência bem iluminada. O tempo não importa, mas a manhã está antes da tarde e o dia antes da noite.
8 – Mas é bom para o atirador que ele não seja um ás do tiro e, mais ainda, que não saiba para onde vão suas flechas. Pois se não fosse assim, há muito tempo não seria mais atirador, ou teria exterminado toda caça, cuja razão de existir ele não conhece, mas existe.
9 – Vós não deveis vos preocupar com os resultados, pois Eu sou o senhor dos resultados. Fazei somente o que é vossa obrigação, que Eu farei o resto, o que é Meu dever. Não vos preocupeis ou desespereis se algo que iniciaste de uma forma tão positiva não sair como pensavas, mas sim considerai que Minha Razão é bem mais acurada que a vossa.
10 – Bem, a tarefa vos foi determinada, o sucesso, porém, só Me pertence. É desta maneira que cada obreiro receberá seu prêmio: Se a tarefa foi concluída e foi mal executada, então pouca lã produziu. Entendei e observai isso bem, pois isso fala vosso Pai carinhoso, no qual todos os resultados se encontram em estado embrionário. Amém. Amém. Amém.
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Mais uma vez, contra a dança
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de janeiro de 1841
1 – Escreve, pois Eu bem conheço a pergunta e o pedido cheio de temor. Mas já é tarde demais para que Eu possa vos dar uma resposta de paz, antes que Meu julgamento se derrame sobre as filhas dançarinas deste nosso irmão que tão angustiado está. Pois Eu falei muito com as filhas e foi tudo jogado ao ar. Elas nada entenderam e permaneceram com seus corações cheios de travessuras. Olham sua mãe (que está cheia de temores) com desprezo e ira, quando esta, para Me agradar, tenta evitar que satisfaçam suas paixões mundanas. Elas desprezam todos aqueles que se opõem aos seus desejos, ou, como dizem, “as atraiçoam em suas atividades mundanas”.
2 – Vê, o salão de baile já entupiu seus ouvidos de tal maneira, que Minha suave Voz já não consegue chegar aos seus corações. Minha Voz é desprezada e gozada, quando algo escutam. Por isto Eu muito em breve falarei com uma voz bem diferente, pois elas terão que Me reconhecer como um Juiz Supremo que julga severamente a tais filhos do mundo e das paixões.
3 – Pois todos sabem bem demais que a dança representa para Mim um pecado horrível: em primeiro lugar, porque no passado os pagãos se excitavam com as danças que praticavam, para despertar neles as mais sinistras paixões; em segundo lugar, porque hoje ela é considerada uma espécie de arte que permite todo tipo de expressões, totalmente livre de qualquer freio. É por isto que a dança é um grande pecado, não importa a razão por que é praticada, onde é praticada e como é praticada. Eu a considero um pecado mortal e a amaldiçoo mil vezes.
4 – E em terceiro lugar ela Me é repugnante, porque afasta até as crianças pequeninas de Mim, endurece seus corações. As meninas geralmente são estéreis, ou então têm grande dificuldade em ter filhos, e este filho já vem com esta tendência pecaminosa desde o ventre materno e que bem cedo se apresenta. E isto é tão forte, que ela afasta a criança de Mim; não por um certo período não, é para sempre. Então só o julgamento a fará voltar para Mim, mais nada terá efeito algum. Pois àquele que Eu chegar no julgamento, sobre este se abate Minha ira e a morte eterna.
5 – O melhor meio para combater esta paixão tão asquerosa é que os pais não se oponham ao mundo de uma forma explícita, mas sim com exemplos e representações cheios de boa vontade e de Minha Vontade, conseguindo assim que os filhos, por eles mesmos, se oponham e evitem estes convites do mundo. Pois quando os filhos se negarem a ir a um baile, então o mundo deixará os pais em paz. Do contrário, todo seu esforço unilateral não trará quase nenhum fruto ou bem estar.
(A todos) Por mais que apresenteis argumentos válidos contra o mundo, este sempre encontrará contra-argumentos que vos tirarão do equilíbrio, e vossos filhos serão por ele engolidos, no fim vos odiarão com todo o coração e serão vossos torturadores. Mas se vós permitirdes que eles sigam os convites do mundo, sabeis muito bem que tipo de serviço Me estais prestando.
6 – Se o irmão tivesse se dirigido a Mim mais cedo, em vez de estar cheio de medo ante seus parentes cegos, ele teria saído vitorioso em tudo. Mas ele Me afastou de seu lado de uma forma contrária a Minha Ordem. Pois Eu não vou ser nada condescendente com aqueles pais que Me devolvem seus filhos diferentes de como Eu os entreguei. Pois todos que chegam a Mim devem ser como os filhos, e se estes estão cheios de ira como é o mundo, Eu mandarei tudo e todos para o inferno, pois não permitirei que as casas puras de Meus santos sejam sujas com o sangue dos dragões do mundo em que se incorporaram estes filhos.
7 – Eu não dou a mínima para milhares de mundos repletos de tal filhos mundanos. Pois Meu Reino e Minha Criação é infinita. E para Mim, milhões de mundos têm o mesmo valor que uma maçã comida por vermes, caída ainda verde da macieira e que será pisoteada. Cada um de vós deveis ser tudo para Mim, e Eu devo ser tudo para cada um de vós, se desejardes que Eu vos olhe com Minha Misericórdia.
8 – Mas aquele que conseguir Me esquecer por causa do mundo, a Mim, que tanto já fiz por ele, em verdade a este Eu não mais procurarei devido a sua infidelidade e o deixarei cair onde ele quiser. E pela eternidade não mais Me preocuparei com ele, pois Eu não preciso e nem mais espero por ele, mas sim ele por Mim.
9 – Eu sou um noivo extremamente rico que corteja e deixa ser cortejado. Mas lá onde Eu cortejo, lá Eu sou extremamente ciumento, e ai daqueles que se afastam de Minha Mão. Mas lá onde sou cortejado, lá Eu sou arisco e observo bem os que estão a Me cortejar. Será que eles estão com roupas de cerimônia de núpcias? Ai daqueles com vestes impróprias, pois Meu julgamento os castigará com rigor.
10 – Pois aquele que teme ao mundo mais que a Mim, este não Me merece! Aquele que confia mais no homem que em Mim, não merece Meus tesouros! Aquele que quer que Eu o acompanhe junto ao mundo, este não Me merece. É um tolo extremamente grande, que não Me merece e será na eternidade um miserável.
11 – A ti, Meu servo, Eu digo: Não tentes nada com estas três filhas apaixonadas pela dança, até que Eu te avise. Também elas mangaram de tua palavra em seus corações pois não aderias as suas vontades.
12 – Se as três não estiverem presentes, podes visitar teu irmão e passar tua mensagem aos que lá estão. Mas jamais em outra ocasião (com uma das três em casa), nem mesmo quando estiverem à mesa. Só após Eu te avisar! O que Eu te exijo é por amor ao teu irmão e a sua mulher. Isso é tudo a considerar, pois sem essa atitude não existe salvação. Amém. Isto Eu falo, o eterno Amor. Amém. Amém. Amém.
Palavras de alerta a um pai teimoso
Recebido por Jacob Lorber, em 18 de janeiro de 1841
1 – Um pouquinho a mais para acalmar nosso irmão que recebeu um nome no Meu Livro: “Mudo”. Ele não deve se afligir demais quando ouvir Meu trovão, tal como ontem foram ditas Minhas Palavras, pois visavam acordar sua casa inteira. Minha Verdade sempre se apresenta sob o aspecto de trovões, mas Meu Amor sempre chega como suave brisa. Mas tanto um como o outro se originam no mesmo Pai Amoroso e Santo.
2 – Mas quando Eu disse a Pedro: “Afasta-te de Mim, Satã; pois tu Me irritas, pois tu não ambicionas obter o que é de Deus, mas sim o que é do mundo!”, Pedro não perdeu nada, mas sim ganhou muito e se tornou o Meu Apóstolo mais fiel, seguro como uma rocha!
3 – Vê, Meu querido filho, se Eu te tivesse dito o que disse a Pedro, tu terias morrido de tanto medo. Mas Eu conheço tuas forças, por isto te dou o que podes carregar, e vou considerar este pequeno peso como se tivesse sido enorme. Pois àqueles a quem Eu amo, Eu envio provocações e muitas vezes uma cruz que parece ser muito grande, tão grande que quem a vê leva um susto enorme.
4 – Mas Eu te digo: A cruz só parece grande, mas seu interior é oco. Por isto é bem leve, é somente um “jugo suave” e um “peso bem leve”.
5 – Sê, pois, confiante! Sê severo com teus filhos e não temas tentar trazê-los para os Meus Caminhos. Nem um fio de cabelo te será prejudicado nesta tentativa. Confia em Mim ante toda e qualquer necessidade e continua a fazer a Minha Vontade.
6 – Mesmo quando tiveres necessidade de ajuda material, Eu posso te dar dez vezes mais do que tu precisas. Por isso não temas, por Minha causa jamais terás prejuízo. Que Meu servo tenha de se afastar de ti e de tua família por um curto período - repito: por um curto período - não é nada mais que Meu primeiro socorro. Tu e tua família deveis seriamente se ajustar a Minha Vontade. Com tudo o que poderá advir, vê somente o Meu grande desejo de conquistar teu povo para Mim. Eu farei de tudo para obter isto. Se te perguntarem por que Meu servo se afastou, não te preocupes sobre o que responder, pois Eu te darei a resposta certa.
7 – Então, nada temas, Meu querido filho, pois Eu jamais te abandonarei. Eu, teu carinhoso Pai. Amém. Amém.
Sobre reuniões e associações
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de janeiro de 1841
1 – Com respeito às reuniões, já foi bem explicado no Evangelho que onde duas ou mais pessoas se reúnem em Meu Nome, Eu estou no seu meio. Por isto não tenho nada contra se as pessoas se unem em associações para, com Meu auxílio, realizar algo útil.
2 – Mas onde há qualquer tipo de associação, é natural que, de acordo com a finalidade da mesma, as circunstâncias que orientam ou que levam a esta finalidade estejam em destaque na forma de lei ou, como vós dizeis, na forma de estatutos.
3 – É de se questionar quem deverá projetar e delinear estes estatutos ou estas leis. Então nesta sociedade a pessoa mais capacitada, mais habilitada e mais séria é convocada a ser uma espécie de diretor-chefe. Este então deve escolher para seus auxiliares diretos de três a sete “conselheiros”. Só após se ter todos estes escolhidos, é que os estatutos devem ser elaborados. Estes estatutos devem servir à finalidade da associação pela qual os mesmos foram criados.
4 – Estes estatutos deverão ser apresentados e bem explicados a cada membro ou a cada pessoa que deseje se tomar membro da associação. E nenhum membro novo deverá contestar ou querer acrescentar algo aos mesmos, mas sim, se ele achar que os estatutos são úteis, então ele que se junte ao grupo. Se não concordar, que se afaste do mesmo, mas só se for esta a sua vontade. Também nenhum dos estatutos deve ser retirado ou modificado, e nenhum novo estatuto deve ser criado somente para conseguir um novo membro. Todos os estatutos originais devem ser mantidos enquanto a associação existir.
5 – Pois se - como é muito comum acontecer - aparecerem membros novos, ou se circunstancialmente os estatutos forem modificados, os regulamentos originais tão cuidadosamente elaborados não devem sofrer nenhuma modificação, porque senão serão fragilizados e darão um diploma de incompetência e de falta de metas acuradas à associação, e ela poderá cair com a mais leve brisa. Pois leis novas tornam as existentes imperfeitas. E toda vez que uma lei deve ser subsidiada por uma nova, isto é um sinal que ela é fraca, doente e inútil. E com isto esta associação ou cooperativa se apresenta cada vez mais enfraquecida e desacreditada. Por fim, acaba totalmente, e a sua finalidade é enterrada e esquecida.
6 – Esta é a razão por que, antes de começarem a legislar ou escolher finalidades, um homem honesto, correto e bem intencionado deve ser escolhido como cabeça deste grupo, para que ele escolha seus auxiliares com muito cuidado e sabedoria.
7 – Se estes princípios forem observados para a fundação de uma associação, esta então será como um homem que coloca seu coração no que faz, que conhece todo o processo da vida e é bastante sensível ao seu meio, que contagia seus vizinhos com seus ideais e os mantém como uma espécie de “conselheiros”, pelos quais todo o organismo de tal homem, como também o homem em si, permanece na mais completa ordem e sincronia.
8 – Como seria possível ao homem continuar a viver, se em seu organismo houvessem constantes alterações? Como não seria se cada mão ou cada dedo desejasse possuir ouvido, nariz e boca? E se isto fosse possível acontecer, como é que o corpo deste homem pareceria, já que somente se encontrariam nele ouvidos, bocas e narizes?
9 – Observai como o homem é totalmente equilibrado e cada membro de seu organismo se complementa em uma associação equilibrada e produtiva, onde cada um tem sua finalidade definida e que não pode ser alterada. Isto deve ser observado por todos os que desejam fundar uma associação, ou que já estão numa, ou então desejem juntar-se a uma.
10 – Mas com respeito às sociedades puramente mundanas, cujas finalidades são somente os entretenimentos, Eu não encontro nenhum bom estatuto, além daquele que reza que elas não devem existir nem persistir. Onde elas persistirem, não devem causar desavenças nem prejuízos, muito menos afastar as pessoas de Minha Ordem.
11 – Mas onde sociedades novas deste tipo, que só se interessam pelos assuntos mundanos, desejarem se organizar, a isto digo: Elas não terão uma duração longa. Pois Eu Me encontro nas suas portas cheio de “estatutos”. Para estas sociedades também enviarei um anjo, para anunciar e preparar Minha Vinda, limpando com sua foice toda erva daninha, a fim de que Meu Trigo cresça com todo o vigor.
12 – E este anjo também possuirá um enorme tonel de fumaça. E com o mesmo ele espalhará uma fumaça horrível por sobre a Terra, para que toda peste que nela existir desapareça nesta fumaça. Para quem não sabe, a “foice” significa a “espada”, e o “tonel de fumaça” representa a “artilharia pesada”.
13 – Vede, com este tipo de estatuto Eu “visitarei” todas estas associações e cooperativas de puro entretenimento que existem na Terra. Porém Meu anjo deverá evitar o uso de sua foice e de seu tonel de fumaça naquelas casas cujos portais foram aquinhoados com palavras de Meu Ensinamento, de Meu Amor e de Minha Misericórdia. Pois Minha Palavra é uma Bênção muito grande para aquele que a recebe em seu coração e também é “óleo sagrado” para os portais. O anjo experimentará cada portal; se ele ranger, a casa será destruída até o solo; mas se abrir suavemente, então a casa será poupada pelo seguinte:
14 – Quando Eu chegar, chegarei como um ladrão e entrarei na casa no maior silêncio. Esta é a razão por que os portais e as portas devem estar bem lubrificados, pois onde a porta ranger, lá Eu não entrarei. Mas o coração é a porta. Se está cheio de medo, impaciência temor, infidelidade, dualidade e outros vícios parecidos, ele se mostra contrariado com Minha chegada. Então o “ladrão” se afastará rapidamente e não mais entrará por aquela porta tão descuidada e maltratada, nunca mais lá retornará como o grande legislador da Vida eterna.
15 – Em verdade vos digo: Onde houver um ser humano, este não estará sozinho, mas sim um grupo grande estará com ele. E é neste momento que precisam de um legislador, para que o grupo se torne uno e esta unidade seja uma Vida em Mim e originada em Mim. Mas sempre que um ser humano ou uma sociedade ou estiver, por medo constante, balançando entre Mim e o mundo, a esta com prazer lhe darei sua paz mundana e Me retirarei de sua companhia, juntamente com Meus estatutos da vida eterna. Eu não mais serei o perturbador da paz destas sociedades mundanas e não lá retornarei, antes que Meu anjo tenha por lá passado com sua foice e tonel de fumaça. Isso falo Eu, Aquele que está a vossas portas. Amém.
O verdadeiro sacerdote, médico e pastor
Luz e conselho para os fracos
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de janeiro de 1841
1 – Escreve, pois, uma palavrinha cheia do mais elevado consolo para esta alma que está continuamente doente e que, na sua fraqueza, não consegue ajudar nem mesmo aconselhar. Ela se colocou numa situação bem crítica, ao confessar-se com um sacerdote inescrupuloso, sem ter pedido conselho a Mim ou a um sacerdote de coração puro. Esta confissão desnecessária e sua consequência a levou a ter uma grande angústia no seu coração tão fraco. Ela parece uma doente de cujo leito se aproximam dois médicos antagonistas. O médico menor se opõe contra o mais importante, mas de fato nada conhece sobre a doente, enquanto que o outro a cura com muita segurança e facilidade. Mas o médico inferior informa em bom tom ser ele o único que possui o medicamento universal e que somente este pode curar, o resto é tudo amaldiçoado.
2 – Disse a esta alma doente que somente Eu sou o médico certo e o único que pode ajudar, com toda a liberdade, a quem Eu quiser. Disse também que Eu não permitirei jamais que Me amarrem estes pequenos gananciosos sacerdotes, pois estes se preocupam muito mais pela conservação de sua autoridade do que pela verdadeira cura espiritual de seus confessados.
3 – Vê, este tipo de gente não é bom para Meu rebanho! Ele se preocupa em proteger as ovelhas dos lobos pela lã que elas produzem, mas não pelas ovelhas em si. O “bom pastor”, no entanto, cuida e protege suas ovelhas pelas suas vidas, pois elas lhe pertencem, e pouco se preocupa com a lã, pois uma ovelha bem cuidada produzirá uma boa lã. Com a vida vem a lã.
4 – Olha o universo de Minha Criação! Tudo isto existe por Meu Amor, Sabedoria, Misericórdia e Graça. Por acaso achas que Eu faço tudo isto por causa da permissão e da ameaça dos sacerdotes e só por eles Eu mantenho, renovo e povoo constantemente a Terra e todos os outros corpos celestiais? Ou que Eu tenha que pedir permissão a um sacerdote, ou então lhe pedir conselhos, para saber quanta luz Eu devo outorgar ao Sol e quando ele deve nascer ou se pôr? Ou qual foi o sacerdote que foi crucificado (por sua vontade) junto a Mim? Ou não foram justamente estes Meus sacerdotes que causaram Minha crucificação e que Me difamaram como se Eu fosse do diabo e contra seu suposto reino de Deus, o qual, sob o jugo deste tipo de sacerdotes, tinha se tornado muito mais um reino de Satã do que agora, em sua grande maioria?
5 – E no ser humano? A vida vem de Mim ou de um sacerdote? Sua existência se origina em Mim, o Criador, ou em um sacerdote qualquer? Eu te afirmo que sou um Deus, Senhor e Pai totalmente independente e não dependo em nada dos sacerdotes e sua casta. E se houver um sincero arrependimento, posso perdoar todos os pecados a todo ou qualquer ser. Mas - o principal e a todos os pecadores - apenas no momento em que desejo desconsiderar os pecados de alguém, dependendo de sua total e absoluta mudança de pensamento. Vê, Eu aí não preciso Me basear nas tais “absolvições” que a casta sacerdotal apresenta aos homens.
6 – Em verdade te digo: Quando Eu voltar, os cães e gatos Me reconhecerão muito mais cedo do que estes sacerdotes ávidos de poder, para os quais a lã é muito mais importante do que a vida de suas ovelhas.
7 – Mas se um destes sacerdotes não te outorgar sua absolvição, então vem a Mim cheio de confiança e lembra-te da parábola do filho perdido. Tem a absoluta certeza de que Eu, como santo verdadeiro e carinhoso Pai, te receberei em Minha Casa e no Meu Coração, abertos e sem nenhuma das penalidades que te impõem estes maus inquilinos de Minha casa na Terra.
8 – Nada temas, pois, e segue-Me. E Eu jamais permitirei que sejas destruído! Dirige teus filhos com afinco para Meu lado, e Eu te apoiarei sempre. E lembra-te que o Senhor da Criação é muito mais o Senhor do Espírito e faz tudo o que for de Sua Vontade.
9 – Vê, Eu te guio e eternamente te guiarei! Não te preocupes, então, com estes guias cegos. Amém.
Isso falo Eu, teu bom e amado Pai, que aqui te abençoa. Amém. Amém.
Confiança no Pai Celestial
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de janeiro de 1841
1 – O homem é um pensador, Eu, porém, sou um guia. O amanhecer mais alegre ainda traz a todos preocupações. Mas quando chega o anoitecer e uma vez alcançada a meta, repleto de paz, ele pensa: Foi esta a Vontade do Pai.
2 – Escreve, pois, Meu servo, e passe esse Meu conselho a este teu irmão tão preocupado: “Tu deve confiar somente em Mim e confiar totalmente!”. Pois Eu bem sei onde o sapato está apertando e também sou um guia muito competente. Todos os caminhos são Meus conhecidos, e Eu sou o Caminho mais próximo e o mais curto. Quem nele caminha, este jamais deixará de encontrar a meta. Pois a quem Eu guio, este tem de fato um acompanhante seguro e confiável. Quem andar no Meu caminho, este estará perseguindo uma meta segura; sim, sou o Guia, o Caminho e a Eterna Meta Viva!
3 – Vê, pois, Meu querido filho, tu te preocupas em vão; isto se tu Me amas, Me chamas fielmente e acreditas indubitavelmente que Eu, teu Todo-poderoso e Santo Pai, sou Aquele que fala e te diz estas palavras pela boca de Meu servo escrevente. Faze assim, pois, cheio de confiança e fé em Mim. Podes ter a mais absoluta certeza que levarei tudo a um fim satisfatório e na hora certa.
4 – Em verdade, se tu Me amas e tens confiança em Mim por uma hora completa, então fazes muito mais, do que se tivesses inutilmente te preocupado por dez anos e com estas preocupações muitas vezes te afastado de Meu Caminho abençoado por qualquer ninharia!
5 – Dize-Me: Podes acrescentar para todos os tens filhos um só dia de vida? Ou te é possível fortalecer aos fracos e enfraquecer os fortes? Ou então tornar os pequenos grandes e os grandes pequenos? Ou que os cegos vejam e os videntes se tornem cegos, que os surdos consigam ouvir novamente e os de boa audição se tonem surdos?
6 – Vê, Eu sou um Senhor que reina sobre os vivos e os mortos! E os vivos sempre ouvem Minha voz paternal, a entendem e agem de acordo. Mas voz trovejante do Senhor Todo-poderoso os mortos entenderão quando chegar a sua hora. E toda a Terra, a Lua e todos os sóis estrelados e seus acompanhantes Me devem obedecer!
7 – Vê, desde o maior até o mais ínfimo, todos os incontáveis objetos do universo dependem de Minha Vontade. Mas tu, tu voluntariamente te encontras com teu coração em Meu Amor Paterno, que é a única centelha inicial de tudo. Como é possível que algo ainda te preocupe, pois sempre poderás contar com Meu Amor?
8 – Observa Meu servo! Ele não tem nenhuma fortuna, a não ser o que tem de Mim. Mas mesmo assim Eu posso afirmar que ele é muito, mas muito mais feliz e rico nesta sua pobreza material, do que alguém com tesouros e mais tesouros materiais aqui na Terra.
9 – Vê, aqueles a quem Eu abasteço, estes estão muito bem cuidados aqui no mundo material, mas muito mais estarão na eternidade e ficarão bem satisfeitos com o Meu Alimento. E Meu emprego não obrigará ninguém a cumprir horários de trabalho, mas sim oferecerá a feliz liberdade do Amor. Amém.
Obsessão
Recebido por Jacob Lorber, em 30 de janeiro de 1841
Pedido do servo: “Senhor, Tua vontade seja feita! Tu bem sabes o que eu espero: que Teu nome seja sempre louvado e abençoado por toda a eternidade, em espírito e verdade. Amém.”
1 – Escreve, pois, só uma palavrinha sobre o que te está atormentando! Pois nesta época existem obsedados tantos, que a situação tão triste destas pessoas já é considerada como normal.
2 – Quando o corpo adoece de vez em quando, a causa disto é que algo estranho entrou nele por algum motivo qualquer. Logo o organismo, com suas atividades orgânicas, se esforça para expulsar aquele corpo estranho. Mas aqui acontece o mesmo que acontece a alguém que se perdeu num labirinto do qual não consegue sair com a mesma facilidade com que entrou. Sua entrada não possui nenhum obstáculo, mas a saída... Então um corpo estranho que se introduziu no organismo não pode ser expulso com a mesma facilidade com que consegue entrar no mesmo.
3 – Mas no organismo o corpo estranho causa obstrução das atividades normais dos órgãos, provoca uma série de problemas na circulação do sangue e de todos líquidos que dele se originam. Como então os líquidos não chegam aos órgãos aos quais se destinam, no momento certo estes ficam com fome, se encolhem e provocam dores espasmódicas, um repuxar doloroso, e ficam cada vez mais fracos. Finalmente o corpo e seus órgãos ficam com a tensão elétrica desequilibrada e em pouco tempo a perdem totalmente. A consequência é que o corpo se torna frágil e doente.
4 – Os corpos estranhos são, por exemplo, venenos de tudo quanto é tipo e em todos os elementos. Eles conseguem entrar no corpo das mais variedades maneiras: pela boca, nariz, ouvidos, olhos e também pelos poros da pele.
5 – Junto a estes venenos tão variados ainda existem os chamados contágios, os quais se assimilam ao corpo pelo contato ou mesmo até pela proximidade. Eles penetram pelos poros no corpo e começam a se juntar ao mesmo. O corpo fica doente, severamente doente, pois neste caso o corpo deve exercer uma atividade condicionada bem diferente da normal; e se não houver uma ajuda rápida, então este corpo não resistirá.
6 – Existe ainda uma terceira maneira das doenças se originarem: ferimentos violentos, os quais prejudicam e muitas vezes levam o organismo à morte. É de se entender que há dois tipos de ferimentos: o externo e o interno.
7 – Então se entende que a doença, qualquer que seja a sua origem e forma, nada mais é que a presença de corpos ou elementos estranhos que não correspondem ao corpo.
8 – O corpo naturalmente tem em si todos os elementos, mas para sua saúde estes devem existir na medida necessária ao ótimo equilíbrio dos mesmos, tal como a natureza predispõe. Então o tal “corpo estranho” é uma desproporção dos elementos naturais: às vezes existem demais, às vezes existem de menos no organismo.
9 – Muitas vezes o homem já é arruinado desde seu nascimento pelos pecados da vida desregrada dos pais. Assim os corpos estranhos já lhe são outorgados geneticamente, e vós então chamais estas doenças como “hereditárias” ou “crônicas”. Mas quando um mal deste tipo se repete em várias gerações, então este mal é se torna “normal” (quer dizer que está tão imiscuído na natureza das pessoas, que não é mais considerado anormal) e não mais pode ser expulso do corpo por meios naturais, mas sim só com um milagre Meu, o que se torna numa violência vinda de Mim, pois Eu, por causa de Meu Amor Cheio de Misericórdia, atuo contra Minha Ordem. Se não for assim, o mal não pode ser extirpado completamente. Lentamente ele se apresenta feito febre e epidemia, onde, depois de muita luta, míngua a pessoa, ou então a impõe ataques violentos e leva-a consigo; não só ela como a uma geração toda, dando razão aos médicos que dizem que contra males tão antigos não existem muitos meios de cura.
10 – Mas se algum de vós desejar saber se é portador de um mal hereditário silencioso e crônico, ou se está contagiado com algum mal ainda não detectado, deve jejuar bastante e com esta dieta tomar um medicamento adequado (*), e em pouco os males aparecerão: nos nervos, os males hereditários; nos membros e juntas, os crônicos; nos órgãos, os autoadquiridos. Para combater os males, é o caminho da assim chamada “homeopatia” que se deve preferir, especialmente os da primeira categoria.
11 – Até aqui Eu falei da obsessão no corpo, mas com isto Eu também mostrei a obsessão espiritual nos homens. Pois com a espiritual acontece exatamente o mesmo que com a corporal (material).
12 – Este tipo (o espiritual) de obsessão já se tornou tão normal, que as pessoas já nem mais se dão conta das maldades horríveis que os espíritos maus aplicam nelas. Sim, as pessoas estão de tal maneira obsedadas, que o seu eu e os espíritos maldosos se tornaram unos. O espírito malvado fala só pela sua casa, e a casa somente por seus habitantes indignos.
13 – Os sinais de obsessão estão no orgulho, na maledicência, nos palavrões, nos insultos, nos rituais da igreja, na cobiça, na gula, na usura, no escárnio, na injúria, na altivez, no rancor contra tudo que diz respeito a Mim, na moda, no luxo, na ostentação e outros tipos de singularidades similares.
14 – Quem não acredita nisto que experimente logo, na humildade, a dieta espiritual já aconselhada e tome em pequenas doses as Minhas Palavras. Muito em breve verá quem de fato é o “senhor” que mora em sua casa. E se este for por Mim expulso, ele não hesitará em conclamar todo tipo de bestas, para atormentar o liberto.
15 – Quem não quiser acreditar nestas Minhas Palavras, este que experimente a “homeopatia espiritual” e logo se convencerá que Eu, a Eterna Verdade, sou fiel a cada palavra por Mim pronunciada.
16 – Mas a purificação geral já não está longe. Ai daquele que for dono de tais bens. Amém. Isso falo Eu, a Eterna e Absoluta Verdade. Amém.
(*) Aqui creio que o Pai fala da homeopatia unicista (a tradutora)
A caçada feroz
Recebido por Jacob Lorber, em 01 de fevereiro de 1841
1 – Este é um apêndice à mensagem sobre obsessão! Como aqui vou dizer coisas bem desagradáveis aos homens, considerai bem que Eu sou Aquele para o qual tudo é possível!
2 - Se a alguém que é bom e cheio de bons sentimentos se apresentam criaturas estranhas e más – tanto em atitudes (que neste caso são bem visíveis) como também em forma de vozes estranhas ou conversas cheias de altivez, rancor e insultos – martirizando o coitado do obsedado, jogando-o de um lado ao outro, batendo e castigando-o, então esta obsessão tem uma causa tríplice.
3 – Ao perguntardes por que uma pessoa inocente é submetida a tal martírio, há de se questionar o seguinte:
4 – Se um veado é abatido na caçada, este não mais será perseguido. Ele será levado para casa como despojo, presa da caçada. Mas enquanto um veado ainda for detectado pelos cachorros, eles não se aquietarão e perseguirão o animal, até trazê-lo à mira do caçador, para conseguir sangue fresco para lamber. Por outro lado, cada caçador tem o seu tempo para observar a idade do animal e algumas vezes o poupa, não permitindo que os cães o persigam nem o assustem, para não espantá-lo de seu território de caça. O animal é inocente; ele não consegue ver as manhas do caçador. Muitas vezes é uma presa tola e fica como se estivesse amarrado ao escuro território de caça da morte, permitindo que os cães o persigam e que o caçador o mate.
5 – Com este exemplo quero mostrar-vos como o rei das trevas caça constantemente os homens e considera todos como presa em seu grande território de caça. E se antigamente ele era um caçador ilícito, faz pouco tempo ele se declarou como proprietário de caça. Sabe poupar suas vítimas até o momento exato, quando então novamente promove uma caçada bem ampla, para retornar para casa carregando um grande despojo.
6 – Estas temporadas de caça correspondem às festividades populares, guerras, discórdias, luxúria e similares. E então são os bailarinos, os guerreiros, os invejosos os lascivos nada mais do que a “caça perseguida”. Salve todos aqueles que conseguiram se refugiar a tempo em Meu território de caça, por intuição ou por ouvir Minha Voz que anunciava o que estava por vir do território de Satã. Ai dos perseguidos voluntariosos. Eu afirmo que devem pertencer àquele de quem se tornaram servos.
7 – Ai dos músicos que dia e noite se esforçam para tocar as trombetas de caça de Satã, para atordoar a presa e empurrá-la até o alcance das flechas chamejantes do rei de todos os diabos. Ouvi vós, fiéis mercenários de Satã, vós que jogais o idioma dos céus nas trombetas da morte, vosso prêmio será bem grande no reino daquele a quem servis com tanta lealdade.
8 – Vê, Meu Servo, estes não podem ser obsedados, pois eles já pertencem à corte do senhor das trevas. Não duvides, é assim. A música dançante é a voz enganosa de Satã e é a voz das sereias, sobre as quais tanto falavam os antigos. Quem possui este tipo de voz não é mais um obsedado, mas sim ele próprio pertence ao grupo dos caçadores das trevas.
9 – Aí de vós que ensinais a dança, que promoveis danças, que organizais festividades com danças, festivais e concursos de danças; vós, tal como os músicos, também pertenceis à horda de caçadores de Satã e sóis verdadeiros diabos auxiliares para a grande caçada. Eu não preciso calcular vosso salário para esta atividade, pois aquele a quem tão fielmente servis já vos terá prometido o salário que ele considera justo. Vós sois servos bem diligentes e fiéis de vosso senhor; cada trabalhador vale o seu justo salário. Vós podereis ter absoluta certeza que em pouco tempo - isto é, nos tempos finais - já vos será pago o justo salário pela vossa tão árdua atividade. Em verdade, tudo será como Eu digo, e Eu serei vosso abonador, para que nada vos seja roubado do prêmio e que esta profecia se realize.
10 – Vê, Meu escritor, também estes não poderão ser obsedados. Observa todos os que tu conheces desta classe. Logo verás que são fieis servidores de Satanás e em cujas testas está escrito: “Dai-nos permissão e dinheiro, e nós vamos envenenar todo o mundo, construir salões de dança onde sóis celebrarão seu nascer e por onde planetas, quais ervilhas, rolarão de um lado a outro”. Para planos tão enormes e maravilhosos, deverá ser pago um prêmio condizente, pois no céu existe uma escassez bem grande de espíritos que pensam tão grandiosamente!
11 – Ai de vós, alunos de tais mestres! Em verdade vos digo: O rei da eterna noite já escreveu vosso nome em seu grande livro da morte. E o Meu anjo da Misericórdia já retirou estes nomes do Meu Grande Livro da Vida. Pode ser que mais tarde vós sejais atraídos por aqueles que dizem: “Senhor, Senhor, nós chamamos o Teu Nome, nós acreditamos que Tu eras o Filho Vivo de Deus; claro que não carregamos frutos maravilhosos, mas mesmo assim tivemos fé, fomos testemunhos de Tua Misericórdia e atuamos no poder de Teu Nome, pois bem sabíamos que sem a Tua Vontade nem mesmo um pardal cairia do telhado”.
12 – Eu então, destemido e usando Minha plena liberdade lhes direi: “Afastai-vos de Mim, vós, malditos e demagogos! Eu jamais vos reconheci como Minha propriedade! Pensais, pois, que Eu sou um assaltante ou ladrão que Me aposso da caça que não Me pertence?! Longe de Mim! Àquele a quem vós vos entregastes como propriedade deveis vos dirigir, para que obtenhais vosso prêmio! Eu conheço bem vosso proprietário, e Minha correção é muito importante. Por isto que seja de Satã tudo aquilo que ele conquistou e que sejam Meus todos aqueles que seguiram o chamado de Minha Voz e se refugiaram em Meu território a bom tempo”.
13 – O senhor da morte, a quem escolhestes como patrão, jamais poderá ter razão de queixa contra Mim - como se Eu alguma vez tivesse sido injusto para com ele. Pois o que é seu o será para sempre e o que é Meu o será eternamente (para sempre quer dizer: enquanto um ser caído pela sua vontade própria quiser permanecer na contraordem). O que lhe pertence ficará na desgraça da tortura do fogo com ele, junto a ele e nele; enquanto que os Meus ficarão na bem-aventurança da vida eterna e da felicidade Comigo, junto a Mim e em Mim”.
14 – Vê, Meu escrevente, estes alunos já pertencem ao obsedado, pois quem possui o local, a este também pertence tudo o que lá habita. Mas se alguém em bom tempo abandona livre e totalmente este local tão mau – o que representa o curto período em que habitais como humanos o planeta Terra, este curto período de vossa vida terrena – e vem a Mim para habitar os Meus campos, então a este Eu acolherei e tornarei propriedade Minha. E Eu saberei proteger muito bem Meu terreno dos inimigos e de todos aqueles que quiserem entrar na Minha área sem ter se arrependido completamente. Isto é para que Meu campo permaneça um local santificado e para que Meus habitantes se encontrem na mais absoluta segurança.
15 – Ouvi, pois, vós todos, os cientistas e sábios: essa é a Minha Voz. Em verdade, Eu vos digo: Vós não podereis entrar em Meu território na vossa fuga. Pois aquele cujo nome foi inscrito no livro da morte, por este Eu não brigarei nem lutarei (isto enquanto ele não desejar, por vontade própria, abandonar absolutamente o reino das trevas). Pois Eu respeito o direito do Livro Original.
16 – A esta classe também pertencem os comerciantes de artigos de moda e luxo, todos os fabricantes de tais objetos escabrosos de Satã, como também todos aqueles que os elogiam e que fazem sua propaganda (mesmo com boa intenção), todos aqueles que sentem prazer com tudo isto. Todos estes jamais (enquanto não houver um real arrependimento em seus corações) se tornarão Minha propriedade, como também não aqueles que não acreditam nessas Minhas Palavras.
17 – Não tenhas dúvida, Meu escrevente. É assim. E muitos virão a Meu campo e lá clamarão (sem um verdadeiro e sincero arrependimento) por Meu nome. Mas em verdade Eu digo: Eles não poderão entrar. E então muito vício e muitas maldições ecoarão e muitos se pregarão à madeira de Minha floresta, para destruí-la por vingança. Mas Minha madeira nobre eles jamais alcançarão. E quando Eu mandar limpar as árvores de Minha floresta...; vê, Eu sou um ótimo inspetor de floresta e logo aprontarei todos os galhos da mesma.
18 – E que Eu permita isto e não intervenha no campo do outro, para que ele jamais tenha um único motivo para dizer que Eu não fui correto. Por isto é que Eu não procuro ninguém para vir a Mim. Mas aquele que vem, Me procura e bate a Minha Porta na hora certa, gritando à viva voz, batendo com toda sua energia e sacudindo a porta de Meu campo, a este abrirei a porta e acolherei com todo Meu Amor.
19 – Mas aquele que não vier, não gritar, não bater, não sacudir a Minha Porta na hora certa, em verdade Eu digo: por este Eu não lutarei com Meu inimigo, pois não o quero como algo Meu. E ainda prometo: Meu inimigo receberá mesmo tudo o que lhe pertence.
20 – Mas da mesma maneira que a morte chegou por aquele e a Vida pelo Outro, então no fim haverá o julgamento contra aquele (Lúcifer) e tudo será julgado por este outro (Cristo). Mas quando o rei do mundo for colocado em julgamento pelo eterno Filho do Pai, então tudo o que lhe pertence também será julgado com ele e nele. Pois se condenais um criminoso, não condenais também seus órgãos? E por acaso um membro do corpo permanecerá vivo, se o criminoso for morto? Vede, isto acontecerá e não vai demorar muito!
21 – Meditai bem sobre o que Eu disse aqui! Calai ainda sobre muita coisa, mas deixai à mostra a noção geral. Haverá mais uma mensagem. Amém.
Isso digo Eu, o Eterno Amor. Amém.
Os vários tipos de obsessão
Recebido por Jacob Lorber, em 02 de fevereiro de 1841
1 – O que se segue será o apêndice final sobre o assunto. E mesmo aqui também encontrarás pouco consolo, mas sim horror, espanto sobre espanto. Mas mesmo que aqui dentro do contexto ouças o trovejar do Grande Julgamento (que não soa à distância, mas sim bem perto), não esqueças que Eu sou o Eterno Amor e que tudo posso. Pois Meus Caminhos são infinitos e Minhas razões insondáveis.
2 – Mas já que queres fazer perguntas por causa do mundo, então elas devem ser feitas por escrito. Eu te dou esta missão. Mas ao perguntares, faze-o com singeleza e de forma bem compreensível.
Pergunta: - Senhor, podes nos dizer em qual ordem acontece a obsessão? E será que os obsedados do Velho e do Novo Testamento, como também os da atualidade, estudados pelos professores Eschenmayer e Justinus Kerner, pertencem também à mesma ordem que os obsedados sobre os quais falaste?
3 – Resposta: - Vê, os primeiros mencionados, o grupo de caça de Satã, são os sedutores em toda ou qualquer intenção maldosa. E na frente destes sedutores estão aqueles mais convincentes, os mais atraentes, os mais envolventes, os que tornam a situação tão sedutora, que todo o mundo se deixa levar para a perdição sem dar-se conta do perigo.
4 – A esta primeira classe pertencem os modistas no mais amplo o sentido da palavra, todos os promovedores de danças e bailes, todos os músicos de orquestras para bailes, os coreógrafos, os professores de dança, bailarinos, bailarinas, como também todos os que louvam esta arte satânica, os que a assistem com complacência e prazer e ainda todos os jovens e as jovens que desejam dançar.
5 – Mas Eu vejo que tu te perguntas: “Por que a dança é um elemento satânico tão perigoso? Será que o ser humano não poderia ter uma única hora de prazer e alegria no mundo?”. A isto Eu respondo:
6 – Jamais ouviste a fábula de como a raposa esperta induz as galinhas e demais aves a sair das árvores e como a cobra atrai os passarinhos para suas fauces? Vê, a raposa rodopia sob a árvore, e as galinhas observam despreocupadas aquele alegre folião, até que caem nas suas garras. E a cobra se contorce no solo, pois deseja entreter os passarinhos enquanto eles a olham despreocupadamente e voam diretamente para suas fauces. Vê, é assim que esta arte tão sedutora e atraente de Satã seduz as pessoas a deixarem a Árvore Santa da Vida. Existe mais a dizer?
7 – Mas com respeito aos “momentos de prazer e de alegria”, Eu não digo nada mais que o seguinte: Se as horas felizes e alegres forem procuradas fora de Mim...; vê, Eu, como onisciente que sou, devo te confessar que de fato não sei se tais momentos ainda são possíveis de serem encontrados fora de Mim. Na Minha Onisciência infinita e santa Eu muito duvido ser isto possível. E estas horas alegres podem ser somente armadilhas de Satã, pois se parecem aos prazeres mais atraentes e possíveis de serem sonhados, pelos quais toda a natureza pode ser enganada até a perdição. Àquele ao qual Eu não basto para fazê-lo feliz, este em verdade é um autêntico filho de Meu inimigo.
8 – E logo a seguir vêm os donos de prostíbulos e casas de jogos, todos os cafetões e jogadores profissionais, bem como os sócios, protetores e patrocinadores de tais estabelecimentos que são um verdadeiro tesouro de Satã. Depois, todos os promovedores de guerras, instigadores, delatores e amotinadores. Ai deles ..., seu prêmio será bem, bem grande!
9 – E finalmente estão os invejosos, os usurários, os falsos, os mentirosos, os avarentos, os aduladores, os caluniadores, os difamadores de Minha Graça, os embusteiros ladrões, assaltantes, assassinos (tanto no espiritual como no material), como também todos os suicidas.
10 – Vê todos estes, segundo a Ordem, pertencem ao grupo de caça de Satã e, com exceção de alguns dos últimos relacionados, já são mais do que obsedados; sim, eles já pertencem à horda que atrai e que seduz, são todos práticos por excelência.
11 – Toda a “caça”, a “grama” e especialmente as “árvores” deste território de caça maligno, bem como o solo que o forma, pertencem ao segundo grupo dos obsedados.
12 – Para estes a recuperação é muito difícil, mas existe! Mas para o “pasto”, as “árvores” e o “solo”, que são propriedade de Satã, ela não existe mais rapidamente, pois que eles já se enraizaram e defendem a maldade de Satã. Ai deles, pois não escaparão do incêndio do Mundo, que virá em breve. À “caça” ainda será dado um período para regenerar-se, mas quando a época da perseguição e da fuga iniciarem, aí nada nem ninguém mais poderá entrar em Meu território de caça divino.
13 – Mas com respeito aos obsedados do Velho e do Novo testamento, dos mencionados por Kerner e Eschenmayer, estes se encontram na posição das “árvores de Meu território de caça”, nas quais os já mencionados fugitivos se agarram para, quando possível, estragar as mesmas. Mas estas “árvores” não têm nada a temer, pois Eu próprio protegerei o cerne de suas vidas.
14 – Pois onde uma destas aparições se anuncia, ela acontece, na maioria das vezes, somente em pessoas extremamente religiosas. E é extremamente raro que esta aparição aconteça para uma pessoa má, ou mesmo uma pessoa comum do mundo, a não ser que esta pessoa, sacudida por um milagre, deseje se converter; então os seus donos se manifestam do seu interior para seu exterior, para ser um exemplo assustador aos vizinhos.
15 – Em muitos loucos estes exemplos poderiam dar uma longa matéria a estudar. Mas nem todos se encontram neste caso. Muitos endoidecem porque encheram seu “balão da razão” demais e assim romperam o “cordão da vontade”, por sofrerem uma pressão exagerada e intolerável, interrompendo seu direcionamento livre. Ou se uma pessoa estica seu coração demais em direção a algo muito fútil ou muito vaidoso, este cordão da razão também pode se romper e a máquina da vida começa a andar fora da ordem em tudo, em várias direções imagináveis e inimagináveis. Então esta pessoa só enxerga aquilo com que sua cabeça e seu coração estão cheios, rodopiando em círculos doidos ante sua razão desenfreada. Esta pessoa, porém, não é perdida. Ela representa os galhos emaranhados e confusos que o “bom engenheiro florestal” conseguirá ordenar de novo.
Pergunta: - Senhor, o que vai acontecer com os modistas e criadores de moda, com todos os “sedutores”, pois os negócios que os alimentam exigem tal atitude deles? Se qualquer um destes quiser voltar a Ti, Pai, como é que ele deverá atuar, para iniciar a reconquista de sua vida?
Resposta: - Esta é uma pergunta totalmente humana, igual às advertências de Pedro, portanto é extremamente tola. Achas, pois, que Eu sou um pobretão ou um mendigo? Ou será que alguém que alimenta constantemente universos e sóis não teria alimento necessário para uma ou para mil pessoas? Pensa bem nos mundos e nos sóis que existem, se estendem ao infinito e são incontáveis. Vê, a uma pergunta como esta, que nem mesmo é digna de resposta, isto que digo aqui é o bastante (*).
17 – Mesmo assim, para acabar tudo, escreve: Aquele que seguir a Minha Voz, este viverá; permanecendo surdo, porém, encontrará a morte eterna. Minha Palavra é Meu Amor, Misericórdia, Bênção e Piedade e esta semente da vida será semeada em vários lugares. Lá onde tomar raiz, lá ela produzirá Vida, libertará os obsedados para a Vida. Mas onde for pisoteada, lá a morte fará o seu banquete.
18 – Agora faço tudo novo, para que o velho tenha que se retirar sob chacotas e escândalo. Mas se vós desejardes trocar um manto velho por um novo, Eu o farei com prazer; aliás, Eu o estou fazendo neste momento. Procurai, pois, adquirir vossas vestes de casamento e enchei vossas lamparinas com óleo. Pois Eu, o supremo noivo, estou a caminho! E lá onde menos Me esperais, lá Eu estarei! Feliz daquele que Eu encontrar pronto e à Minha espera!
19 – Isto falo Eu, o supremo noivo. Amém.
(*) As advertências de Pedro se deram quando Jesus falou que seria crucificado. Pedro então disse: “Cuida para que não façam isto Contigo!”; ao que Jesus respondeu: “Afasta-te de Mim, Satanás!”, pois a advertência era totalmente humana, do homem Pedro ao homem Jesus.
Bênção da Misericórdia
Recebido por Jacob Lorber, em 03 de fevereiro de 1841
1 – Escreve este conselho que dou a teu irmão que gostaria de saber o que se poderia fazer com um menino, anjo fraco que está na Terra. Vê, este conselho é bom e não muito caro:
2 – Havia há muito tempo um pai que tinha doze filhos e muito pouco dinheiro. Mais ou menos, nos tempos atuais (1841 / Áustria), seriam 350 florins por ano. Mas certo mesmo eram somente 150 florins, pensão que o senhor do feudo em que morava lhe dava. O restante ele tinha que ganhar com seu trabalho geralmente incerto; sendo assim, o ganho também era incerto.
3 – Bem, alguns de seus filhos ficaram doentes e, além disso, sua mulher, enfraquecida pelo afinco em cuidar dos filhos doentes, também adoeceu e teve que ficar acamada. Com isto o homem teve que abandonar suas tarefas extras, para poder cuidar da família doente. Claro que o dinheiro parou de entrar, e a vida, já difícil, tornou-se quase insustentável. Como também ele começava a enfraquecer, resolveu: “Vou procurar o bondoso dono do reino onde habitamos. Contar-lhe-ei minha situação horrorosa e direi a mais pura verdade. Tenho certeza que ele se apiedará de mim”.
4 – Assim pensou, assim fez. Foi procurar o rei e lhe contou tudo. Ao ouvir o seu relato, apesar de estar bem sensibilizado em seu coração, o senhor deu de ombros e disse sem piedade:
5 – “Ouve meu bom velhinho, eu não duvido de tua sinceridade. Mas antes de ajudar, eu quero visitar-vos, para ver se tudo é mesmo assim como me contaste. Ai de vós se me disseste uma única mentira! Vai então, e que minha bênção te acompanhe”.
6 – O ancião voltou para casa oscilando entre a esperança e o medo. Ele esperava muito a misericórdia do senhor, mas temia que ele demorasse em cumprir o prometido. Ao chegar em casa, contou à família sua entrevista com o senhor. E todos resolveram limpar sua choupana da melhor maneira possível e logo após o parco almoço, o que começaram de imediato.
7 – Mas o senhor tinha resolvido seguir o pobre, sem que ele disto se apercebesse, pois ele meditou: “Esta miséria precisa de socorro imediato!”. Enquanto os membros da família faziam a prece agradecendo a refeição, com os olhos rasos d’água o rei entrou na choupana e disse: - Ouve ancião, por que é que tu mentiste? Pois eu vejo treze crianças, e tu disseste que tinhas doze filhos ...
8 – O ancião se jogou de joelhos frente ao rei e disse: - Nobre senhor, este décimo terceiro não é meu filho legítimo, eu o acolhi por piedade!”
9 – E o rei, aparentando estar bem desgostoso, respondeu (de fato seu coração estava repleto de curiosidade piedosa): - Já que ainda podes manter uma criança estranha, então vossa miséria não deve ser tão horrível assim, e tenho certeza que podes dispensar minha ajuda.
10 – O pai tomou coragem e, tomando a mão do rei contra seu coração, disse: Nobre e bondoso senhor! Este décimo terceiro eu encontrei quase morto num alagado, há mais ou menos dez anos. Ele já estava todo coberto de lama e mal conseguia respirar. Tomei-o nos braços e corri para casa, onde o entreguei a minha bondosa esposa, dizendo:
11 – “Vê, o Senhor permitiu que eu encontrasse um tesouro na floresta pantanosa. É um menino lindo! Vê, ele com certeza não tem mãe nem pai, vamos ser seus pais! Pois onde comem doze, o décimo terceiro não morrerá de fome. E se eu tiver que mendigar por ti e nossos doze filhos, este décimo terceiro não fará nenhuma diferença em nossa miséria!” De imediato ela o tomou em seus braços, beijou-o e cuidou dele até este momento, igual aos outros. Por isto, nobre senhor, não se zangue por vos ter ocultado isto”.
12 – Ao ouvir isto, o coração do rei encheu-se de ternura, e lágrimas de piedade rolaram sobre suas faces. Ele elogiou o ancião dizendo:
13 – “Ouvir isto me causa uma grande alegria! E como agistes com uma nobreza tão silenciosa, mesmo com toda a miséria em que viveis, vos tornastes verdadeiros pais para este pequenino; sim, fostes o seu salvador, e eu quero ser vosso pai, o pai que vai cuidar de todos desde já! E já que o menino é um órfão, trazei-o a mim, que eu serei o pai, e a rainha sua mãe. Abandonai, pois, esta choupana, que no meu palácio há bastante lugar para abrigar a todos vós. Aqui neste lugar, construiremos um monumento que levará vosso nome”.
14 – Vê, Meu querido filho, esta estória e retira dela o que tu queres saber. Pois Eu sou o Rei, e tu és o pobre ancião, e a tua preocupação é o menino encontrado na floresta!
15 – Faze o máximo que puderes e não perguntes como, quando, onde, para que, por que ou com o que. Muito menos como poderias fazer bom uso deste corpo tão enfraquecido desde o ventre materno. Leva-o para Mim, este que é um anjo na sua provação (a franqueza que lhe foi determinada por provação). Sê bem alegre nesta empreitada, mas mantém um olho bem atento nele! E tu vivenciarás muito nele, que inteiramente te será de bom proveito.
16 – Vê, Meus filhos são a grande bênção da casa em que eles podem morar. Pois Eu sou o seu Pai verdadeiro e não deixarei de sê-lo eternamente. Mais não preciso te dizer por hora, pois não serias capaz de aguentar tanto. Mas te controla, pois Eu visitarei tua casa. Por isto Eu digo: Amém.
Teu Bondoso Rei e Pai. Amém.
Ensinamentos divinos infrutíferos
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de fevereiro de 1841
1 – Em certos círculos assim chamados “divinos”, considerados melhores ou mais educados, onde as mais variadas seitas cristãs existem, a moral é ensinada sempre de acordo com os pensamentos dos que estão no poder, de acordo com suas tendências políticas, mas que proporcione aos mesmos (poderosos) muitas vantagens econômicas mundanas e algumas vezes religiosas. Deus é apresentado ao povo como algo nebuloso e escuro, indefinido, e o povo não pode conhecê-lo nem amá-lo, mas sim é levado a temê-lo como o mais tirânico dos tiranos. É assim que a divindade é apresentada, somente como um flagelo.
2 – Vós perguntais o que acontece com estas pessoas que estão nestes cárceres? Olhai só um pouco em direção ao amanhecer! Vede, lá existe um grande número de multidões pálidas como mortos, cercados de pessoas armadas e juizes maldosos, e mais ainda uma inúmera quantidade de instrumentos mortais com os quais estes infelizes serão executados. Mais lá podeis ver foguinhos, fumegantes, forças, cadafalsos e muitos outros instrumentos mortíferos. Vede, este é o último degrau de “melhorar” para estes obsedados morais! Vós então vos perguntais: “O que foi que todos estes infelizes fizeram”? Sim, entre eles existem assassinos e agitadores contra o estado. Existem ainda pessoas com todo tipo de enganos e crimes que provocaram grandes estragos ao estado, entre elas uns que violaram leis políticas ou morais. Vede todos os crimes daquelas pessoas infelizes ali expostas, pois servem para o homem justificar a execução da pena.
4 – Bem agora vamos apresentar uma outra pergunta: Onde está a origem, a causa pela qual estas pessoas se tornaram criminosas? Mesmo que perguntásseis a muitas pessoas por esta causa, a única resposta seria: A causa está ou na educação desajudada e abandonada, ou - o que é a mesma coisa - nos pais, avós e bisavós destas pessoas, os quais já eram assim. Eu pergunto novamente como aconteceu que estas pessoas obtiveram uma educação tão errada e má, que abandonou uma geração completa ao abandono?
5 – A resposta não está nada longe. A causa principal de tudo isto não é nada além da política indiferente, da classe de pessoas que estão no poder e que só pensam em deixar seus subalternos na mais negra escuridão de conhecimento, pois assim é mais fácil dominá-los, além do que temem o momento em que o povo Me conheça melhor e comece a ter maior consciência de seu verdadeiro destino. Isto acabaria com seu poder e suas riquezas materiais (*).
6 – Tolos. Um povo que reconhece Deus e seu destino, também é um povo obediente e cheio de boa vontade, e milhares deste povo esclarecido podem ser governados muito mais facilmente que alguns destes analfabetos embrutecidos que de Mim só conhecem de um a “talvez” existência de um tirano ou de um ser que qual vampiro suga de seus crentes até a última gota de sangue, e só então o coloca de joelhos orando sobre uma nuvem e só assim lhe dá a vida eterna.
(*) há que se considerar que esta mensagem foi dada em meados de 1800.
7 – Não achais que é bem claro por que todas as pessoas tratam de se livrar o mais possível de tal Deus maldoso? E mesmo que ainda possuam algum tipo de religião, esta não passa de puro cerimonial, e isto só fazem por razões políticas! A conseqüência disto já foi dito: A população faz de um todo para se afastar e se libertar de tudo que representa religião cristã e teologias, como dizeis. Por outro lado, começam a acontecer cismas religiosas e novas seitas se criam. Isto foi feito por homens que viram que todos os ensinamentos teológicos eram uma grande idiotice. Então em seus espíritos disseram:
8 – “Ouvi irmãos com esta divindade que nos é ensinada não dá para fazer nada! Nós vamos então tomar os ensinamentos puros em nossas próprias mãos, estudá-los com muita atenção e ver se não é possível encontrar neles uma divindade melhor”. E nestes estudos eles descobriram que mesmo assim Eu sou Deus, mas esqueceram e não observaram Minha Vontade e Ordem com a devida força.
9 – Outros, por outro lado, Me colocaram novamente lá no alto e filosofaram, cada um no campo de suas atividades. Com isto, tudo o que passou por suas mentes eles consideraram como Minha Vontade. Eles uniram suas idéias de tal maneira ao que filosofaram sobre Mim, que tudo que eles pensaram foi considerado como Meu. E assim, no lugar da antiga ignorância começou a aparecer uma enorme quantidade de bobagens e tantas “crenças”, que nem vale a pena mencionar.
10 – A razão de tudo isto sempre foi - e ainda é - a política imoral, a preguiça e também o temor dos povos de andar nos caminhos predeterminados e que levam todos à vida eterna; isto deve ser feito com toda seriedade e severidade, mas com muito amor. Em verdade vos digo: Aquele que não se apoderar de Meu Reino como Eu apregoei não o receberá, mesmo que consiga reunir em si todas as seitas.
Pois só Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém.
Quatro perguntas na luz do espírito
Recebido por Jacob Lorber, em 06 de março de 1841
Quatro das filhas que assistem às reuniões novamente nos apresentam perguntas. Cada uma delas tem a sua questão:
1) Explicações sobre Judas Iscariotes
2) Explicações sobre o número desconhecido
3) Explicações sobre o nó górdio
4) Explicações sobre os quatro elementos
O Senhor falou a seu servo, Jacob Lorber, o seguinte:
1 – Filhas, a matéria que escolhestes é em verdade bem ampla! Mas mesmo que entendêsseis todos os elementos em vossas cabeças, vós vos igualaríeis ao tolo rico que não sabe o que fazer com seu tesouro, então o guarda em caixotes bem selados, e todo dinheiro de nada lhe serve.
2 – Sim, vós, por desejardes tanto estes tesouros da mente, Me venderíeis por trinta moedas, como o fez Judas Iscariotes,. Vede, todos são iguais ao traidor, se desejam enriquecer pelo amor-próprio, tanto faz se por conhecimento como por ouro. Pois aquele que não receber isto de Minhas Mãos, se não conquistar isto tudo pelo Amor que sente por Mim ou pelo seu próximo, então se iguala à Judas Iscariotes; sim, é um ladrão, um assaltante, pois se apropria de tudo por amor-próprio, por puro egoísmo, e assim peca por Minha conta.
3 – Não são então o fogo, o ar, a água e a terra coisas que Eu produzi de Mim? Não é cada número um limite dado ao infinito por Minha Ordem? Como pode alguém receber tudo isto, a não ser pelo seu mais puro Amor por Mim, ou, se for renascido, pela Minha Boca?
4 – Se alguém soubesse o momento em que a primeira centelha de luz aconteceu, se conhecesse todos os átomos do ar, se tivesse contato todas as gotas d’água deste o centro até a superfície da Terra, se com um microscópio tivesse contado cada partícula de poeira da Terra, todo o musgo nas árvores e rochas e observado todas as plantas, arbustos e árvores, tivesse dado um nome a cada um, se nenhum ser de toda a criação tivesse passado desapercebido, se com instrumentos bem evoluídos tivesse conseguido medir o tamanho, movimento e distância da luz e o peso de cada estrela fixa com a maior exatidão, sim, se ele tivesse podido fazer tudo isto, de pouca valia lhe seria. Seria o mesmo que se alguém tivesse contado as flores que crescem em seu jardim.
5 – E se vós, queridas filhas, desejais ter uma ideia do que é o “no górdio”, então estudai a cabeça de um tal cientista (egoísta e orgulhoso), na qual vai encontrar a mesma solução do nó; talvez não aqui, mas certamente no Além, com o nó semelhante ao do avarento Judas Iscariotes, quando pendurado da árvore. Ali o senhor das trevas lhe mostrou o rei da Macedônia, Alexandre - o Grande, com o nó górdio (ele o cortou com a espada).
6 – Se estudardes todos os elementos, não o façam com a mente, mas sim por amor a Mim em vossos corações. Só assim conseguireis aprender muito mais do que os cientistas tolos que tentam aprender em seus devaneios sobre a Criação do Universo.
7 – Em verdade vós certamente não encontrareis um “nó górdio” em vosso caminho. E o “número desconhecido”, o qual nenhum cientista ainda conseguiu desvendar, cada florzinha vos enumerará de forma maravilhosa. Pois, Minhas filhas, o “número desconhecido” sou Eu, vosso carinhoso Pai.
8 – Por isto calculai com afinco e quebrai, por amor a Mim, o nó de vossas paixões mundanas com a espada afiada da humildade.
9 – Filhas, não podeis imaginar que troca vantajosa estareis a fazer! Pois o que existe atrás do mundo coberto por um véu e por vós ainda “desconhecido” só conseguireis saber após terdes cortado o vosso nó de desejos materiais!
10 – Quem aprende com a cabeça, este aprende com dificuldade e sem fruto algum. Mas no coração uma partícula de poeira do sol se torna um mundo. Por isto aprendei no coração, e Eu, vosso Pai, vou Me tornar vosso professor. Amém.
11 – Isto falo Eu, vosso bondoso santo Pai!
Sem escravos, ligações pós morte, o Pai-nosso, manjedoura e horas de lazer
Mais perguntas na luz do espírito
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de março de 1841
Perguntas:
1 – Como é possível que os escravos e os deportados consigam conviver com este horrível destino?
2 – Será que nossos irmãos falecidos se lembram de nós?
3 – Como devemos rezar o “Pai-nosso”, para que dê frutos?
4 – O que significa a manjedoura na qual Tu, Senhor, foste colocado como menininho?
5 – Como um estudante deve passar suas horas de lazer de forma agradável a Deus?
O Senhor respondeu a Seu servo Jacob Lorber o seguinte:
1 – Queridos filhos, Eu bem ouvi vossas perguntas, mas considerai que alguém pode fazer dois tipos de perguntas, o que corresponde à dualidade da vida. Uma pergunta pode ser feita ao exterior natural ou então ao espiritual interno, dependendo se ela se origina em um ou em outro.
2 – Bem, considerai em que solo cresceram vossas perguntas. Será que elas vos foram insufladas por um indiscreto abelhudo e leviano, ou elas se originaram de fato em vossos corações cheios de amor? Vede, existe uma profunda diferença entre um e outro tipo de pergunta.
3 – Quem pergunta segundo sua curiosidade leviana faz esta pergunta igual a um cego que deseja saber as diferentes cores de um quadro. Mesmo que seu amigo cheio de paciência lhe explique todas as cores, que pensais que o cego conseguirá imaginar sobre a harmonia das cores, suas diferentes nuances, as sombras, as profundezas dos tons e suas luminosidades?
4 – Queridos filhos, Eu não vou vos mostrar onde vossas perguntas nasceram. Vossa razão vai mostrar-vos, com toda exatidão, onde elas se originaram, após ouvirdes Minhas respostas verídicas.
5 – Com respeito às duas primeiras perguntas, não é nada importante se souberdes ou não como os escravos aguentavam os maus tratos e por que Eu permiti que isto acontecesse, bem como se os irmãos já falecidos se lembram de vós ou não. Mas o que importa de fato é vós vos lembrardes de Mim em todos os momentos de vossa existência, bem fundo de vossos corações.
6 – Pois quem Me entrega fielmente e cheio de fé seu coração pleno de amor, deste Eu com toda a certeza Me lembrarei ainda muito mais. Mas no momento pretendeis Me lembrar de alguém em Minha Misericórdia...?! Como ainda conseguis perguntar o que fazem os que moram em Mim? Por acaso pensais que vossos irmãos habitam em Mim mortos? Considerai bem se tudo aquilo que se integrou à Vida de todas as vidas conseguirá ser morto?
7 – Somente aos mortos não é possível lembrar. Mas quem vive e vive em Mim, este certamente obterá uma lembrança que flui de Minha Sabedoria e o atravessa, uma que mil vezes extrapola vossas recordações.
8 – Com respeito ao "Pai-nosso" acontece com esta oração exatamente o mesmo que com vossa pergunta de como fazê-la, a fim de produzir bons frutos. Pois quem não a ora em espírito e verdade, a esta pessoa a oração será tão útil como a explicação das cores para o cego.
9 – Como o cego de espírito pode dizer "nosso Pai", se ele jamais se esforçou em reconhecê-Lo em seu coração pelo amor e pela sua fé viva? Como, se jamais procurou se aproximar Dele em espírito e verdade?
10 – Como pode ele dizer: "Tu que estás no céu", se nem conhece o Pai nem o céu? Como pode dizer "Santificado seja Teu Nome" quem não conhece Meu Amor, muito menos Minha Palavra Viva? Este com toda certeza não conhece a Vida da vida e a santidade de toda a Salvação e no renascimento em Mim, o que é de fato o Meu Nome não pronunciável.
11 – Como poderia dizer: "Venha a nós o Teu reino", se ele se prende feito uma planta parasita nos galhos da árvore que deve dar frutos; quero dizer, ao mundo!? Como pode ele dizer: "Tua vontade seja feita", se jamais pensou em conhecer Minha Vontade e encara cada um de Meus Mandamentos como uma tibieza exasperada? Ou ainda se, quando jovem, faz questão de não obedecê-los e olha tudo referente à vida eterna com uma leviandade exasperante?
12 – Como pode dizer: "Dá nos o pão da vida", se em seu coração não tem a mínima idéia do que é este pão pelo qual está pedindo, mas sim está com grandes desejos de comida em seu estômago, que é o verdadeiro coração deste pedinte tão estéril?
13 – Como é que pode rezar pelo "Perdão de seus pecados", se seu coração ainda está repleto de impurezas que nele habitam, tais como a ira, inveja, altivez, deboche, desprezo e muitos outros vícios similares? Para conseguir o perdão dos pecados (que seja pleno de bons frutos) é necessário muito mais do que somente não ter inimigos. Pois, como ele poderá pedir pelo "Perdoa meus pecados, como eu perdôo meus inimigos" quem não tem inimigos? Eu quero dizer é que vosso coração deve estar acima de qualquer ofensa, não importa de que tipo ela seja. Se não for assim, estareis pedindo pelo julgamento invés do perdão.
14 – Como será possível pedir: "Não nos leves à tentação", se ele em primeiro lugar nem Me conhece e está rezando para as paredes? Como, se ele próprio, enquanto Eu o protejo de tudo quanto é tentação que existe, corre de um perigo ao outro, de um precipício ao outro, de uma morte a outra?
15 – Vede como este pedido é. Ele não se assemelha a um louco que pede por ajuda a um grande benfeitor, mas no momento em que a consegue joga uma parte no fogo, outra parte em águas sujas e finalmente em fossas, em lixões e em sepulturas cheias de carne podre? De que vale a ajuda a tal doido?
16 – Finalmente como pode ele dizer: "Livra-nos de todo mal", se ele, com muito afinco, se joga em todo o mal?
17 – Se desejardes orar esta oração para obter bons frutos, então deveis orar em espírito e em verdade e considerar bem o que é exigido nela, para colherdes o verdadeiro fruto desta oração. Senão obtereis desta oração justamente o contrário da grande bênção que estais a pedir.
18 – Em relação às duas últimas perguntas... A de manjedoura é bem infantil e também não posso vos dar uma resposta útil e compreensível a vós nestes dias, pois primeiro a mente e a razão interna devem ser abertas, para que consigais entender este segredo tão profundo, que nem um arcanjo o consegue entender ainda.
19 – Pois então esforçai-vos para que vossas "horas de lazer" se tornem horas a Mim consagradas, horas de paz e meditação. Só assim logo vereis como é grande Meu Amor por vós. Em verdade em um minuto Eu vos darei muito mais do que o mundo conseguirá vos dar em mil anos.
20 – Mas se as horas de lazer vos servem para algo diferente, então logo vos dareis conta de como Eu acostumo ficar alheio, implacável e impenetrável com aqueles que preferem todo o lixo, os vícios do mundo e os enganos de Satã a Mim.
21 – Meditai muito bem sobre Quem é que vos diz estas Palavras! Bem cedo vos tornareis Meus amigos! Tornai o "Juiz" em "Amigo", "Deus" em "Pai". E assim observareis Meu trabalho alegres e destemidos, quando Eu chegar com o Meu julgamento sobre a Terra.
22 – Pois para o mundo Eu serei um juiz implacável; mas em verdade, para Meus filhos Eu chegarei como o carinhoso Pai Divino.
23 – Procurai, pois, conhecer o Pai, pois assim vivereis eternamente no colo de Meu Amor. Amém.
24 – Isto fala, aquele que deveis procurar e reconhecer antes de tudo: vosso Pai. Amém.
Pelo aniversário da Nova Revelação
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março de 1841
Oração de agradecimento de Jacob Lorber
No domingo, 14 de março de 1841, o último dia do primeiro ano da chegada invisível das revelações de nosso Pai divino e amado, cujas Palavras Vivas de Sua primeira mensagem aconteceram no dia 14 de março de 1840, um domingo, às seis horas da manhã.
1 – Senhor, tu, Santo Pai! Já faz um ano em que naquele maravilhoso domingo Tu te dignaste a nos premiar, a nós, indignos filhos Teus, com Tuas Palavras Vivas.
2 – Senhor, Pai, como poderemos Te agradecer, como Te louvar e glorificar, pois não somos dignos de uma palavra Tua, quanto mais de um ano de mensagens vivas?
3 – Santo e Bondoso Pai! Não possuímos nada, a não ser um coração ainda muito impuro. O que existe de bom nele não é nosso, porém eternamente Teu. E é o reconhecimento que isto de bom não nos pertence (mas sim é Teu) o único agradecimento, o único louvor, o único prêmio que podemos Te dar. Toda esta bondade e verdade que vem de Ti, bondoso Pai, é a gota de Teu Amor que está em nós.
4 – De Teu Amor Tu nos deste isto, nós reconhecemos isto em nós. Então permite agora também, como o foi sempre, neste Teu Santo Amor que de Ti veio a nós, que te apresentemos nosso reconhecimento desta Graça na qual nos comprometemos a Te amar cada vez mais, cada vez com mais sinceridade e força. Pois só no Amor podemos Te dar o merecido sacrifício, o sacrifício que Te seja agradável. Portanto aceita, Pai, nosso agradecimento singelo e humilde.
5 – E como queremos ser felizes em Teu Santo Nome, hoje, no dia do aniversário da Nova Revelação e em todos os outros dias no futuro, escuta, por favor, o nosso pedido e vem a nós, para que não sejamos órfãos, pois Tu, Santo Pai, te tornaste tudo para nós. Sem ti não existirá mais nenhuma alegria, nem hoje nem na eternidade.
6 – Santo e Bondoso Pai, ouve nosso pedido filial e nos vivifica com a Tua Santa Presença. Amém.
A vinda do Pai em Jesus
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março de 1841
Resposta do Pai para seu servo.
1 – Escreve, pois, umas poucas palavras que devem anunciar Minha chegada ao vosso meio. Pois, se Eu chegar como Pai, Eu o faço no mais profundo silêncio do coração. Meus trovões só anunciam a aproximação de Deus e os tormentos do grande e implacável Juiz, como todas as criações enormes anunciam o poderoso e grande Criador e Senhor de tudo.
2 – Mas no momento em que começardes a sentir em vossos corações o suave amor por Mim, vosso santo e bondoso Pai, podeis estar certos que Eu estarei por perto! Pois ninguém consegue Me amar, se não possuir o Meu Amor. Meu Amor ninguém pode conseguir, a não ser de Mim mesmo; então quem tiver Meu Amor também Me terá, pois Eu sou o Amor eterno em si.
3 – No momento em que Meu Amor estiver convosco, então Eu também estarei convosco. E tudo o que fizerdes em Meu Nome, vós o fazeis em Meu Amor. Mas se o fazeis em Meu Amor, vós o fazeis em Mim. E quem estiver em Mim e atuar em Mim, neste Eu também estarei.
4 – Se vós Me convidardes para Me juntar a vós, será que Eu não faria o que vosso coração tanto deseja? Então consultai vossos corações, e o vosso amor vos dirá se e quando Eu estou junto a vós.
5 – Vede, Eu sou aquele que segue o amor até o fim de todos os mundos. Por isto amai e tende fé, que Eu estarei em vosso meio e em vós, o que vos confirmará o grande consolo nos vossos corações.
6 – Mas quando Eu chegar a vós, não deveis ocupar vossos estômagos com comilanças e entupir vossos ouvidos com conversas mundanas. Porém conversai como o faziam os dois discípulos no caminho de Emaús, e vós compartilhareis de sua mesma alegria. Mas se agirdes como tolos sem compreensão e sem amor, então o Santo Pai não conseguirá ficar convosco por muito tempo.
7 – Abandonai o mundo, deixai que ele seja como é, pois Eu sou muito mais que todo o mundo! Deixai que os governantes como eles são, pois Eu sou muito mais que eles. Deixai que as prostitutas sejam como elas são, cheias de infidelidade em seus corações, pois Meu Amor é mais suave, mais fiel, mais aconchegante que o de todas estas meninas mundanas sem valor algum. Em verdade, nenhuma jovem tem mais o amor nestes dias. Ela ama no homem somente o que ele possui. Àquilo que é para o interior do ser humano ela não dá um centavo, muito menos o seu amor-próprio poderoso e orgulhoso.
8 – Deixai que os cientistas sejam o que são, pois Minha Graça revela infinitamente mais que todos os inúmeros estudiosos. Deixai que a igreja material seja como ela é e tomai como exemplo a aranha. Quando há bom tempo, ela estende seus fios, para caçar todo tipo de insetos e para satisfazer seu enorme estômago. E quando se aproxima um tempo ruim, este animal tudo faz para evitar a destruição de sua teia de poder, mas os ventos que vêm do alto e a chuva torrencial dão a um fim a este seu covil mortífero.
Observai o que acontece na atualidade, e Eu vos afirmo que em pouco tempo vereis a veracidade do que Eu digo. Mas Eu Me encontro muito acima e muito mais profundamente que todas as igrejas juntas. Por isto olhai-Me, vós, que já Me conheceis um pouquinho em vossos corações. Então vossos ouvidos não mais serão incomodados com o ranger de dentes das igrejas, pois o puro Amor - que é a única igreja verdadeira, pela fé viva e pela palavra viva - este não range os dentes.
9 – Evitai todas estas coisas por amor a Mim e considerai Me como vosso verdadeiro e fiel amigo; como aquele noivo que quer ir embora cedo demais, mas quando se apronta para partir, vê como sua amada o abraça cheia de amor. Então ele retorna e não sai da casa antes de ter conformado a noiva completamente.
10 – Pois bem, fazei vós também como a noiva dedicada! Não deseja o amante também ouvir de sua amada uma palavra de carinho, antes de entrar em seu lar? Ao ouvir esta palavra ele fica pleno de alegria e ansioso por estar com ela. E quando assim estiver, exclamará como fizeram Pedro e Jacó: “Senhor, como é bom estar aqui!”.
11 – Mas se ao chegar ele encontrar a amada em conversa fútil com outros, ou então discutindo com alguém, ou até dizendo palavras carinhosas a outro, então o amante “cairá fora” - como costumais dizer - e deixará a tola “a ver navios”.
12 – Considerai, pois, que Eu nem sempre abro a porta e penetro na casa. Muitas vezes Eu aguardo à porta. Se Eu escuto assuntos que Me agradam, então Eu entro. Onde isto não acontece, Eu deixo as marcas de Meus passos na poeira, ao Me afastar.
13 – Se quereis que Eu seja vosso hóspede, agi como é de agrado do hóspede, que então Eu entrarei. Mas no momento em que Eu entrar em vossas casas (corações), não deixeis que Eu novamente vá embora, mesmo que Eu vos diga que realmente tenho que partir. E em verdade, se fizerdes o que for correto e certo, então Eu ficarei convosco agora e para sempre.
14 – Ouvi bem, somente no íntimo de vossos corações cheios do mais puro amor é que vos todos reconhecereis que o tal hóspede é vosso santo e bondoso Pai, que veio para permanecer, junto com o seu Reino, em vosso meio. Amém.
Isto falo Eu, o ilustre hóspede, como vosso amado e santo Pai. Amém.
Como honrar os santos corretamente
Recebido por Jacob Lorber, em 20 de março de 1841
Quatro perguntas feitas por membros da reunião:
1 – De que maneira devemos louvar os santos?
2 – Como devemos amar ao Senhor corretamente?
3 – “No começo era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e Deus era a Palavra”. O que significa esta introdução do Evangelho de João?
4 – Como é a verdadeira humildade?
As quais foram respondidas pelo Senhor:
1 – Queridos filhos! É mesmo tão difícil encontrar o que queremos? Quando alguém estiver com fome, será que ele vai demorar muito antes de procurar algo para comer? Ou se algum estiver com sede, será que andará longe de uma fonte para sua sede ardente? Em verdade ele parará na fonte mais próxima, para acalmar logo sua sede. Vede, que seja isto o mesmo para vós.
2 – Vós compreendereis que vós todos ainda tendes muita sede e fome no espírito, quando estenderdes vosso coração (que é o “estômago” do espírito), quando o chamardes a vos aconselhar, quando vos questionardes acerca da essência das coisas que vos rodeiam numa infinita quantidade e quando ainda questionardes a vida íntima de vosso espírito ainda bem desconhecido por vós.
3 – Olhai o grande “menu” da Criação e depois a grande “dispensa” do espírito, e então não será difícil considerar no futuro que um grãozinho de areia pode se tornar um mundo; mais fácil ainda será reconhecerdes o poder de Minha Luz e que dela - pela água viva do poço do Jacó - tudo se realiza.
4 – Mas quando este grãozinho de poeira já se torna tão grande e cheio de milagres por nós ainda desconhecidos, como não serão aquelas coisas nas quais tal grãozinho de poeira mergulha e desaparece? Isto considerando só o grãozinho... Imaginai observar os milagres de uma planta, uma árvore, montanha, animais e mesmo de um ser humano.
5 – Após ter-vos sido mostrado como no futuro podereis encontrar comida mais facilmente e vos alimentar, Eu agora vos darei pelo que estais a pedir, após não terdes tido sucesso sozinhos.
6 – Com respeito a honrar e louvar os santos, Eu vos digo o seguinte: Louvai e honrai com vossa humildade, amor e dedicação somente o Santo Único e Todo poderoso. Assim todos os outros santos que conheceis e também os que não conheceis serão louvados. Esta é a única forma verdadeira de louvá-los. Pois somente a Mim é digno de se dar toda admiração, todo louvor, todo agradecimento, toda a glória e toda adoração. Só por Mim e em Mim todo o mundo será enaltecido, após terem enaltecido o Meu Nome em seus corações, pelo verdadeiro amor da fé viva em espírito e verdade.
7 – Porém, para que consigais entender isto melhor, considerai ainda que Eu sou a porta para Vida. E quem não entrar por esta porta, este é um ladrão e assaltante. Por isto quem estiver carregado e fatigado, ou então for um doente cheio de dores, este que venha a Mim, para que Eu o fortifique e carregue. Pois algo igual ele nunca encontrará, a não ser em Mim e Comigo.
8 – Com respeito à segunda pergunta, é o seguinte: Só Me ama corretamente aquele que só ama a Mim e ao seu próximo através de Mim. Quem Me amar assim é quem Me ama em Espírito e verdade. Pois como poderia Me amar de forma diversa, já que Eu sou o eterno espírito de todo o Amor, de todo poder e força e também da Eterna Verdade?
9 – Quem Me amar assim é aquele que obedece Meus pensamentos. Porém quem obedece Meus mandamentos, a este Eu chegarei à Minha Trindade - como Pai, Filho e Espírito Santo - e vou habitar em seu coração. Lá Me manifestarei pela palavrinha viva que era no princípio, que era e é eternamente em Deus. Pois Deus mesmo, eternamente foi, é e será a Palavra, essência em todas as coisas, como a vida eterna, o Amor, a Luz, a força e o poder de eternidade a eternidade.
10 – Quem Me amar desta forma tão correta, este é humilde de todo coração. Ou será que um altivo consegue amar alguém? Não está no orgulho o desprezo de todo o resto que o rodeia? Os orgulhosos não querem ver ninguém mais elevado do que ele mesmo. Se ele não pode estar na parte mais elevada, se ele ainda tiver que se submeter a um mais importante, ele o faz somente por interesse. E no momento em que ele dedicar um amor fictício a alguém, ele o representa, dizendo no íntimo: “Já que não posso te dominar pela força, quero te prender com artimanhas e te tornar meu escravo”.
11 –A mesma coisa fala o cobiçoso a seus amigos, e os noivos mundanos a suas prometidas tolas. Pois todos eles só levantam seus escolhidos da mesma forma que uma águia levanta a lebre: para ter alguma vantagem com a sua queda.
12 – Vede, queridos filhos, disto tudo podemos concluir que somente o verdadeiramente humilde consegue Me amar em espírito e verdade.
13 – Quem Me amar assim, este Me ama como a palavra viva e eterna que é Jesus Cristo, a vida eterna e tudo o mais que obtemos por Ele. Quem amar a Jesus Cristo, o Crucificado, quem o glorifica ante o mundo e quem com grande alegria o reconhece em seu coração, a este Eu, como o único Jesus Cristo, o louvarei e reconhecerei ante o Pai; quero dizer, ele será iluminado na presença de Minha Divindade e em toda a sua glória, por todo o sempre.
14 – Quando alguém Me ama e Me glorifica, com isto é amado e glorificado, então com certeza todos os Meus membros - que são os santos no céu - não deixarão de ser glorificados e amados também. Pois tudo do que Eu Me aposso Eu não tomo para Mim mesmo, mas sim para vós e vossos irmãos.
15 – Quem algo Me der, este estará dando a todos. Mas quem o der a algum outro, este é um tolo. Pois o que ele dá, ele não receberá de volta, e sua doação não chegará ao destino que ele deseja, mas, qual fruto verde, será pisoteada debaixo da árvore da qual caiu.
16 – Queridos filhos, considerai esta dádiva não como uma que vem do homem, mas sim como uma plena de vida. Prendei-a bem em vossos corações e agi de acordo, só assim reconhecereis que a Palavra é tudo em tudo, e como a Palavra está em Deus, e como Deus - Ele mesmo - é a palavra eternamente. Amém.
17 – Isto diz esta Palavra, de Si mesmo, a vós! Amém.
Razão e índole da visão
Recebido por Jacob Lorber, em 21 de março de 1841
Trecho do livro de Lorber: “Às 12 horas! "
1 – A visão interna não é um sinal de que a alma é bem evoluída no espírito, mas sim a visão se origina em uma alma só um pouco mais evoluída ou em um degrau um pouco mais elevado. E é uma propriedade do homem que, pela necessidade, vive em grande miséria e completamente afastado do mundo.
2 – Que estas visões não têm nada a ver com a evolução da alma no espírito, é de se lembrar que até animais tem visões. Estes em absoluto nada têm de espiritual, mas sua alma está ali presente para uma evolução futura.
3 – Estais a vos questionar o que existe de verdadeiro no que se apresenta nas visões? Não vai ser nada difícil explicar este enigma. Quando vós estiverdes mergulhados no mais rigoroso inverno e só virdes neve e mais neve em todas as direções, será que não sentireis uma enorme saudade da primavera e verão? Especialmente se o frio reinasse absoluto mesmo dentro de vossas casas? E a fantasia de vossa alma não começará imediatamente a trabalhar, para vos apresentar a primavera e o verão?
4 – Vede, este pressentimento plásmico é o primeiro degrau para uma visão e tem sua origem no leve sentimento etéreo que a alma oprimida e aflita considera, ou então espera que seja bom. Se alguém então se aprofunda mais e mais, ele deseja ver passar na sua mente os quadros de primavera e verão pelos quais tanto anseia, nem que seja durante a noite.
5 – Mas se uma alma for mais oprimida ainda pelas circunstâncias desagradáveis, acontece com ela o mesmo que acontece ao ar quando é extremamente oprimido: ela se incendeia e sai da esfera corpórea. Pois em cada ambiente visível existem as mesmas reações e os mesmos movimentos que existem no enorme espaço luminoso. Com a diferença que os movimentos da luz só podem seguir uma linha reta, como lhes impõe a natureza, mas os anúncios da alma se assemelham mais às vibrações do som e conseguem se movimentar numa velocidade etérea em todas as direções e com todas as curvas imagináveis.
6 – Imaginai, pois, um fato, não importa qual. Sempre há três condições para ele se originar: um material, um anímico e um espiritual. Em relação à primeira origem, o fato só pode aparecer ante os olhos materiais e numa distância viável para a visão material. Com relação à condição anímica, conseguireis entender bem facilmente que o fato deve acontecer antes dentro da alma, antes que ele se manifeste no mundo material. Mas se a alma estiver sem a prisão do corpo, pode apresentar este fato muito antes que ele chegue à objetividade material, devido à velocidade em que a alma se locomove. A alma também pode ver um fato já ultrapassado, da mesma maneira que vós ouvis um eco.
7 – Vou ainda vos dar três exemplos pequenos da visão anímica.
8 – Uma pessoa que tem o dom da visão vê um cadáver desconhecido passar por ela, mas na verdade a pessoa ainda está com saúde e só morrerá em alguns meses. Isto acontece da seguinte maneira: A alma do corpo que vai falecer tem a intuição de sua próxima libertação da carne, especialmente no momento em que ela, ao sair por instantes de sua prisão corpórea, vê claramente o desmoronamento de sua casa. Nesta ocasião ela começa a organizar todas as cerimônias que a passagem exige. Uma outra alma sensível que também se encontra numa situação idêntica àquela que planeja todo o cerimonial (vinculada ao corpo material) vê tudo, pois se comunica com a primeira. Vede, pois, é desta maneira que são previstos acontecimentos pela alma. É o mesmo acontece aos olhos naturais, ao ver algo que acabou de acontecer.
9 – Um exemplo mais: Uma alma enxerga acontecer algo em um local bem distante. Isto também acontece da mesma maneira. Pois sempre que algo acontece na presença de uma pessoa, seja ela espectadora ou participante, feliz ou infeliz, então não há nada mais simples do que este fato ser absorvido por esta alma e logo, com os fluidos finos da esfera anímica, projetar-se a grandes distâncias. E se lá se encontra alguém numa esfera anímica elevada, então ele capta o fato como se fosse uma visão totalmente material (como acontece com as ondas do rádio e televisão).
10 – Como um terceiro exemplo, veremos o seguinte: quando ainda não aconteceu um fato onde várias pessoas se acidentam. Este tipo de visão é bem mais raro, mas como as outras, realmente acontece. Quando uma alma, por circunstâncias excepcionais, é elevada a uma posição determinada, então o espírito que a habita é desperto, claro que só por alguns momentos. Neste espírito desta pessoa se encontram todos os "fatos" tantos os passados como os futuros prováveis. Então a visão pode acontecer; quero dizer, o visionário o vê antes, originário de seu espírito. Esta visão, que até então não foi detectada, passa naturalmente para sua alma, e quando isto acontece ela se projeta pelas leis por vós já conhecidas. E se alguma pessoa estiver num estado de alma elevada, então ele vê este fato com todos os detalhes que o envolvem, numa forma considerada de premonição. Esta é a explicação da visão dos fatos que acontecerão no futuro.
11 – Que tal pessoa que está num estado anímico elevado e consegue ver as almas de pessoas falecidas - quando estas desejam ser vistas ou quando isto é permitido - nem é necessário explicar com detalhes.
12 – Vede, agora tudo a respeito das visões está bem esclarecido e podeis ver que nisto não existe nada de espiritualidade evoluída. Pois a visão do espírito é totalmente diferente da visão da alma. Da mesma maneira que a visão corpórea se comporta em relação da alma, esta se comporta em relação à espiritual.
13 – E como a visão dos olhos materiais pode ser otimizada por meios físicos (todo tipo de instrumentos óticos), a visão anímica também pode ser aperfeiçoada por métodos que naturalmente são inerentes à alma: uma fé poderosa, forte e inabalável, uma vontade firme e o consequente despertar do espírito (só uma minúscula janelinha).
14 – Da mesma maneira, a visão espiritual pode ser elevada ao infinito pelo Grande Visionário, este que ora vos fala e lembra dos ensinamentos. Amém.
O filho perdido
Recebido por Jacob Lorber, em 23 de março de 1841 (do livreto “Às Doze Horas”)
1 – Vós lestes em Meu Livro (Evangelho de Lucas - cap. 15) a história do filho perdido, e tenho certeza que a leste várias vezes em vossa vida. Eu vos afirmo que não existe nada mais elevado, nada mais maravilhoso em todos os capítulos - sim, mesmo em todos os versículos do Livro Sagrado - do que a parábola do filho perdido.
2 – Mas também sei que não existe nada tão difícil para vós, do que entendê-la corretamente. E isto por um motivo de grande importância e que agora deveis conhecer, pois é uma chave para a visão interior.
3 – O motivo é o seguinte: Muitas vezes Eu vos falo, por intermédio de Meu Amor, coisas importantes e elevadas de Minha Sabedoria. Outras vezes, à luz da Sabedoria, Eu vos falo coisas de Meu Amor que parecem insignificantes. Prestai atenção, pois no primeiro caso só vos é dado o que conseguis suportar em vossa individualidade. No segundo caso vos são dados infinitos encobertos, porém nem sempre entendidos pelos finitos em evolução.
4 – Vede, uma dádiva assim “tão insignificante” é a parábola do filho perdido. Sim, Eu vos digo que se soubésseis tudo o que existe neste "filho perdido", arcanjos viriam a ter aulas convosco!
5 – Eu já vos mostrei muitas coisas que estão acontecendo na atualidade na Terra, e podeis estar certos que Eu calei as maiores barbaridades. Eu vos mostrei o grande desprezo às leis e mandamentos em geral. Eu vos mostrei as loucuras na Ásia, como também a barbárie na África e as atrocidades na América, claro só uma pequena parte das mesmas. Eu vos mostrei o tratamento dados aos criminosos, especialmente nas costas da Austrália. Eu também vos mostrei um país muito maltratado, bem no Sul, como este país era e como está sendo tratado na sua maior parte. Mas Eu tenho que chamar vossa atenção com respeito a este país. Justo neste país, Eu tenho que chamar a vossa atenção. Eu quero que observeis este país com muito mais atenção, especialmente o que foi dito sobre ele. Em segundo lugar, quero que não tomeis o que foi dito sobre este país ao pé da letra, e a razão disto vos será dita a seguir. Também vos mostrei a situação tirânica em que se encontram alguns países-ilha, especialmente o Japão, e fiz referência a um país nórdico: Rússia.
6 – Eis como se encontram os assuntos no mundo. Isto não vos foi dito por Mim somente para que vísseis o que acontece no mundo. Pois isto e muitas coisas piores podereis ler e ouvir no futuro. A razão de Eu vos mostrar isto é para que consigais entender um pouco melhor o segredo do "filho perdido", para vossa evolução.
7 – Vós estareis a pensar: "O que o filho perdido tem a ver com a maldade do mundo?" E estais cheios de curiosidade para conseguir encaixar este "filho perdido" corretamente neste labirinto do mundo. Mas Eu digo: É mais difícil compreendê-lo, do que a passagem do camelo por uma agulha.
8 – Para entender tudo isto, é necessário que saibais quem é o "filho perdido" de fato. No momento em que Eu vos mostrar, mesmo que só pelo seu nome, vós tereis que ser totalmente cegos para não perceberdes o manto que foi retirado de vossos olhos. Preparai-vos, pois, para ouvirdes o nome.
9 – Ele se chama "Lúcifer"! Neste nome se encontra, na totalidade, o compreensível e o e incompreensível, infinito e eterno do filho perdido.
10 – Mais ainda: Considerai que a maioria dos seres humanos são membros deste "filho perdido" e também o são todos aqueles que descendem da linhagem não abençoada de Adão. Vê, estes homens dispersaram a fortuna a qual tinham direito por eras - para vossa compreensão, praticamente eternas e infinitas.
11 – Pela parábola do filho perdido, sabeis de sobejo como termina sua história. Observai bem os acontecimentos do mundo e vereis o resultado final: um destino final - claro que bem maior claro - mas igual ao do filho perdido.
12 – Mas o que é que vós dizeis a um doente cujos pés estão gelados e que tem gotas de suor frio em sua testa? Não é necessário ter conhecimentos médicos para profetizar: “Só mais algumas pulsações este pobre coitado ainda tem que aguentar”.
13 – Em primeiro lugar, tocai os pés do "filho do perdido", no sul da Terra. Em segundo lugar, tocai sua cabeça, no grande reino nórdico. Logo a seguir, colocai vossa mão sobre o cansado coração religioso. Em verdade deveis ser mais cegos que o centro da Terra, se ainda tiverdes dúvida sobre o momento que está para acontecer.
14 – Mas agora vai acontecer com a alma do filho perdido o que Eu vos ensinei sobre as almas dos que possuem visões. A sua grande miséria agora se estende em amplas vibrações, e estas alcançam a casa paterna. E as vibrações amorosas começam a interagir com as vibrações cheias de medo. Eis a miséria do filho perdido.
15 – A alma do filho perdido recebe estas vibrações calorosas, cheias de amor, que vêm da Casa do Grande Pai. Ela recebe estas vibrações divinas, enche-se de coragem e volta para sua casa apodrecida, elevando-a eternamente. Depois, repleta de humildade e anulando totalmente sua personalidade, retorna à casa paterna.
16 – Mas o que acontece lá? Vede, os andrajos lhe são tirados e queimados, pois somente o filho será recebido em casa.
17 – Vede, agora tendes a totalidade do segredo do número da humanidade, profetizado e revelado ante vossos olhos. Se derdes uma olhada na situação atual nos acontecimentos que estão a vossa volta, devereis estar mortos se não perceberdes as vibrações misericordiosas e divinas que estão a fluir sobre vós da Santa Casa do Pai.
18 – Vós também sois membros do filho perdido! Estendei vossa alma ao máximo e deixai que vosso espírito seja desperto em vossa alma. E, tal como fez o filho perdido, voltai em toda vossa humildade ao Reino da Casa de Vosso Amado Pai. Em verdade, Eu vos digo: Ele virá ao vosso encontro na metade do caminho!
19 – Vede, a época de Minha Misericórdia já está bem próxima, e é por isto que Eu vos dei o que necessitais, para reconhecerdes que aquela época gloriosa está aqui, aquela época cantada pelos profetas, sim, aquela época predita pela Minha própria Boca.
20 – Por isto aguentai só mais um pouquinho e alegrai-vos, com grande confiança e esperança. Pois em verdade, a grande casa paterna se aproximou de vós, muito mais do que conseguis imaginar.
21 – Como reconhecer o filho perdido e todos estes sinais dos tempos, como é possível encontrar o "filho perdido" em cada pessoa, como o "homem grande" consegue ser vencido pelo “pequeno”? Isto, Meus queridos filhos, só vos será dito na hora derradeira. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Os farrapos do filho perdido
Recebido por Jacob Lorber, em 25 de março de 1841
1 – Ouvistes que os andrajos do filho perdido tinham sido arrancados pelo vento e dispersos no ar. Os que sobraram foram tirados e queimados. Sabeis por acaso o que se entende por estes "farrapos"?
2 – Não é nada mais do que vosso "homem universal" encolhido. Pois com a conquista de cada pessoa nova, Eu reconquisto Meu "filho perdido", ou melhor, tudo de nobre que de Mim partiu. Os "farrapos" - ou seja, tudo que é realmente mau - serão dispersos pelo vento para dentro do fogo do qual eles se originaram. Este fogo é aquele do qual emanaram todas as coisas materiais. É o fogo divino, o fogo de Deus que originou a matéria.
3 – Quem se prender ao mundo e se colar à matéria, este se prende aos "farrapos" do filho perdido! Mas como toda a matéria vos demonstra sua íntima conexão com o fogo divino, isto também se aplica aos farrapos na cintura do filho perdido.
4 – Isto vai acontecer da seguinte maneira: Para que Deus se torne novamente um Deus livre, um Deus no qual não existe mais nada de matéria, então o que se aproximar de fogo e ira deve retornar justamente ao lugar de onde veio. E isto acontece da mesma maneira que vós quando, ao terdes um local enrijecido em vosso corpo, colocais compressas quentes sobre o mesmo para amolecê-lo de novo. É assim que Meu fogo se apodera em toda sua totalidade destes endurecidos extremamente malvados, para abrandá-los e, desta maneira, assimilá-los ao Meu Ser.
5 – Vejo que tendes uma questão: saber se estes seres que são como "farrapos" continuam a possuir sua própria consciência. Eu vos digo, porém, que esta questão se responde por si mesmo, pois é completamente impensável que na Divindade exista um único ponto inconsciente.
6 – Mas se este “ter sua consciência própria” for algo de felicidade ou de sofrimento, esta é outra questão. Mas para entender isto corretamente, deveis compreender que cada empenho em se encontrar sempre causa certo sofrimento. Devemos ver se este sofrimento é doloroso ou benéfico.
7 – Se este sofrimento consiste na pessoa continuamente se conter e, com contínuo esforço e estudo, começar a se formar em uma unidade, então este sofrimento é extremamente benéfico e o descobrimento da mais clara autoconsciência é extremamente feliz.
8 – Mas se o sofrimento ou a autoconsciência de um ser for destruidor e dilacerante, então também é algo muito doloroso. Isto podeis observar facilmente na natureza, numa doença inflamatória na qual algumas partes no corpo começam a crescer e se expandir demais. Quanto mais aguda esta expansão, tanto mais dolorosa. De tudo isto se conclui que a autoconsciência dos extremamente maus é um processo doloroso e sofrido.
9 – Por isto, podereis concluir que a divindade de uma certa maneira está continuamente dolorida e sofredora nos seus pontos de ira. Mas não é assim? Na divindade acontece tal como em vós, quando com os alimentos são digeridos no estômago. As pequenas cápsulas de alimento que vão ao estômago são atacadas pelos ácidos, que são o fogo do estômago. Perguntai a vós mesmos se esta destruição natural do alimento pelo fogo (ácido) do estômago vos é dolorosa?
10 – Já que vos revelei tudo isto, dizei agora algo sobre o que ninguém falou ainda... Se quiserdes saber o que acontece com os extremamente maus, observai o processo total de todos os alimentos em vosso estômago, os bons e os nocivos. Podeis saber sobre o como e o porquê, mas não há nada escrito sobre o quando. Ao observardes isto, porém, tereis observado grande parte de Meus Caminhos e o que acontecerá.
11 – Fazei o que ele, o homem universal, fez e ainda faz em cada pecador que anseia pelo Meu Reino (que procura a Casa do Pai). Deixai que aos vossos desejos materiais no mundo aconteça o mesmo que vistes acontecer com o homem universal: ele se unificou com o Pai. Assim também em cada um de vós será reencontrado o "filho perdido", cuja situação será como Eu vos mostrei: um outro homem ficará no lugar do anterior.
12 – Só então é que podereis ver e reconhecer, na mais clara luz das doze horas, como renascidos.
13 – E, como já foi dito antes, todos os homens unidos perfazem um único homem, como um todo, procurai, então, todo o mal que existe em vós. Ao encontrardes isto e o expulsardes do vosso interior com Minha poderosa ajuda, então Eu, como vosso Santo Pai, Eu, que já corri ao vosso encontro até a metade do caminho, chegarei totalmente junto a vós, vos libertarei de todos vossos farrapos e vos acolherei na Grande Casa Paterna de Meu Amor.
14 – Ainda quero informar-vos que até agora já fui ao encontro de muitos "filhos perdidos" na metade do caminho.
15 – Prestai atenção à Minha chegada em vós mesmos e não vos preocupeis com os demais ou com a Minha chegada em geral. O que sentis pela comunidade, trazei a Mim em oração e em vossos corações. Por tudo a mais não vos preocupeis. Pois o grande “quando”, o “como” e o “porquê” estão bem guardados em Mãos bem cuidadosas e muito boas. Isto falo Eu, o grande, santo e amado Pai. Amém.
O Grande Criador e sua volta
Recebido por Jacob Lorber, em 25 de março de 1841
1 – Já acompanhamos o filho perdido no livrete “Décima Primeira Hora”, desde seu nascimento até sua derrota. Também calculamos, com bastante exatidão, a hora em que ele deve testemunhar a sua derrocada. Então, nesta “décima segunda hora”, vamos ver onde e como este filho perdido voltará, cheio de humildade, a casa paterna.
2 – Mas para entender isto totalmente, não é suficiente que tenhamos estudado este grãozinho de poeira universal chamado Terra; mas sim é necessário que Eu, justamente por este motivo, tenha colocado em vós uma “câmera escura” do espírito, para dardes mais uma olhada a partir deste aposento recém-criado. Eu vos advirto: Cuidado, pois o que vos apresentarei vos mostrará algo que até agora nenhum homem jamais viu!
3 – Para conseguirmos isto, devemos aumentar um pouco mais a tela na qual se refletem as grandes figuras, e a posição horizontal será substituída por uma vertical. Pois bem, dirigi vossos olhares à tela bem aumentada e logo vereis a figura bem grande. Somente assim é possível vos apresentar toda a criação infinita de uma única vez.
4 – Olhai bem a tela. No momento em que Eu disser a palavra “epheta” (abre-te), então podereis ver a grandiosa figura na tela. Pois bem, agora que vossos olhares estão fixos na tela, Eu digo: “epheta!”.
5 – E agora que dizeis do que estais a ver? Não é verdade que vedes nesta tela nada mais e nada menos que a figura de uma pessoa vestida com uns trapos mínimos, cujos cabelos desgrenhados lhe caem desde a cabeça até meio do peito?
6 – De fato estais a pensar: “Não há nada de extraordinário neste quadro, a não ser que está representado em tamanho colossal nesta tela. De fato, esta figura poderia ser pintada facilmente por um retratista com alguma tinta branca sobre esta “tela negra”. Eu não posso vos dizer nada diferente do que: vossa conclusão está corretíssima. Mas se quiserdes ir ainda mais fundo, logo vereis nesta figura esbranquiçada o retrato do filho perdido.
7 – Mas vede, Meus queridos filhos: a tela está um pouco longe demais para vossos olhos. Vamos, então, nos aproximar, pois já vistes a figura em sua totalidade. Vamos, pois, olhar com mais atenção a cor com que a figura foi pintada na tela.
8 – Bem, cá estamos junto à tela. Vede esta parte brilhante e plana, do tamanho de uma toesa; é um pedaço do pé da figura. Olhai com atenção e dizei-Me o que vedes. Não é verdade que vedes uma série de bolinhas luminosas, umas bem pertinho das outras? Bem sabeis que este quadro não é uma pintura, mas uma imagem de algo que está do lado de fora.
9 – O que achais que estas bolinhas são em verdade? Eu não vou vos deixar na incerteza, mas se disserdes que são imagens de sóis, planetas, luas e cometas afastados, Eu vos advirto a não tomardes conclusões precipitadas, pois podereis vos enganar muito. Antes de vos explicar o que estas bolinhas são, tentai contá-las neste ponto, quando do tamanho de uma lentilha.
10 – Já acabastes? Vejo que ainda não. Não é fácil, pois para vós eles são incontáveis e poderiam ser mais que um trilhão. E como já vos acostumastes um pouco com a cor destes pontinhos, vou dizer-vos de que cada pontinho é imagem. Não é de um sol nem de um corpo celestial parecido, mas sim cada uma destas bolinhas é nada mais, nada menos, que a imagem de um “enxame globular” (vede João - vol. 4 cap. 105).
11 – Vamos nos afastar mais um pouco e olhamos a figura total de novo. Vede, ela é a figura completa de um humano. E após a terdes olhado bastante, Eu vos digo: Esta figura representa, segundo Minha Ordem, o Universo, e este não pode ser visto por ninguém mais além de Mim, e nenhum espírito criado jamais viu este quadro, como vós o vistes.
12 – Mas vejo novamente o que há convosco... Vós gostaríeis de ver vossa Terra nesta figura humana. Mostrar-vos isto é impossível enquanto toda a figura estiver na tela. Mas esperai um pouco, pois Eu sou um ótimo ótico. Então vou realizar algumas modificações óticas na nossa “câmera”, e de toda esta figura luminosa só sobrará um pontinho luminoso.
13 – Vede, a figura desapareceu e tudo já está em ordem. Aproximemo-nos de novo da tela e observemos nosso pontinho. Já o encontrastes? Ele sozinho não emite muita luz, mas com boa vontade o achareis.
14 – Não deveis mirar para o alto da tela, mas sim para baixo, onde se encontrando o pé esquerdo, no local do dedinho mínimo. Esta bolinha é o enxame globular no qual se encontra vossa Terra.
15 – Para poderdes chegar a Terra, terei que usar novamente Meu “epheta!”. Vede como a bolinha se expandiu e quase ocupa toda a tela.
16 – Vede a quantidade de pontinhos a brilhar! Procurai, pois, vossa Terra. Não conseguis distingui-la dentre tantos pontinhos luminosos. Vos digo que é um esforço desnecessário, pois estes pontos não são sois, mas sim galáxias.
17 – Bem, vou expor um pontinho aqui à direita e apagar o resto da tela. Bem, aqui está o pontinho escolhido, e novamente digo: “epheta1”.
18 – Vede, a tela está novamente cheia de pontinhos luminosos. Mas de novo eles não são sois, mas sim mundos solares. Ainda não achareis a Terra.
19 – Bem, vou escolher o pontinho certo e apagar o resto da tela. Eis o pontinho. Vede como seu brilho é fraco na tela enorme. Para ficar maior, novamente direi: “epheta!”.
20 – Novamente não procureis a Terra, pois os pontinhos não são sois não, mas sim nebulosas solares.
21 – Para chegarmos à meta com mais pressa, apagarei todos os pontinhos menos o por Mim escolhido e novamente digo: “epheta!”. Estais a enxergar uma grande nebulosa esbranquiçada e que se estende horizontalmente sobre a tela. Ela é sete vezes mais comprida do que larga (nossa via Láctea). Lá no centro, escolheremos um pontinho. Todo o resto se apagou, e vamos olhar o pontinho.
22 – Olhai bem a tela. Já estais reconhecendo o quadro? Ali no centro, um círculo do tamanho de uma lentilha é o retrato de vosso Sol, e o terceiro pontinho de luz fraca, lá no lado esquerdo e um pouco para baixo, é vossa Terra.
23 – Só preciso aumentar um pouco o quadro, e reconhecereis vossa Terra. Abre-te, tu, pontinho terráqueo, para que os Meus observadores te reconheçam. Vede como o ponto se expande. Agora ele adquiriu o tamanho ideal para reconhecerdes vossa casa suja; suja porque é aqui que Lúcifer possui suas prisões e onde ele faz sua experiência de dominar o bem.
24 – Como já vimos tudo, vamos voltar para o nosso “filho perdido”. Olhai a tela, e novamente se encontra a primeira figura. Mas vede, a figura está cada vez menor e menor, e agora está com o tamanho de uma criança, e agora esta criança encolheu e virou um pontinho... Mas observai no lado direito da tela. Começa a aparecer uma figura humana comum. Agora ela está no centro da tela. E sob seu pé esquerdo podereis descobrir o pontinho, que agora está do tamanho correspondente ao do quadro anterior.
25 – O que achais que este quadro representa? Vós que lestes sobre o grande homem universal nos livros de Swedenborg podeis pensar que é esta sua figura. Eu, porém, vos digo: Grande erro! Este humano que estais a ver não é nada mais, nada menos, que o “filho perdido” que se reencontrou, este que se reencontrou em cada homem renascido. Ou, com outras palavras: Este é o mais ínfimo de Meu Reino Novo! E neste quadro vos é apresentada uma relação correta e a medida perfeita de um ser humano, o qual é milhares de vezes melhor do que aquilo que vos foi mostrado como um universo e que parece ser infinito na figura do filho perdido.
26 – Se prestardes atenção a este quadro, podereis começar a ter uma ideia do que ele tem em comum com relação ao “retorno do filho perdido”.
27 – Não deveis crer que o Lúcifer caído retornará como um ser total. Se isto tivesse sido possível, em verdade jamais teria existido uma criação material.
28 – Porém em cada humano que vive de acordo com Minha Palavra, que será renascido pela Palavra e pela Redenção, é que este “perdido” (uma partícula dele) será reencontrado e retornará a casa paterna!
29 –E para pessoas que ficaram grandes deve existir uma casa bem grande, para que possam morar novamente com seu Pai.
30 – Que isto é assim, podeis deduzir de tudo que já foi dito. Quanto aos açoites e apertos sobre cada pessoa, cada um destes é dirigido ao “filho perdido”.
31 – Mas quando alguém é acossado, é só ele que sente a dor, enquanto que aquele que não está sendo acossado observa indiferente? Ou quando uma nação no outro lado do mundo é maltratada, será que vós não sentis a dor de um único açoite que lhe impingiram? Quando alguém morre, ele morre para si, ou para os outros também? Podeis afirmar que alguém jamais nasceu para um outro? Será que Minha Palavra e Minha Salvação não valem para cada um tanto quanto para todos os povos do universo? Não consegue um homem Me adotar, a Mim, com o seu amor e sua fé viva, permitindo assim que Eu more com ele?
32 – Se vós estudardes tudo isto, ainda assim conseguireis afirmar que Eu sou menos numa pessoa do que em todos os seres em conjunto?
33 – Mas quando Eu me tornei uno com alguém e ele Comigo, dizei-Me o que ainda sobra do reencontro do filho perdido?
34 – Aquele que Me aceitou não recebeu tudo e não absorveu tudo? Em verdade cada pessoa que se tornou uno Comigo é mil vezes – repito - mil vezes mais importante e maior que todo o Lúcifer jamais foi na sua grandeza, grandeza esta por vós impossível de captar.
35 – Vede, sob o conceito de “filho perdido”, que também se chama Lúcifer, devemos entender cada ser humano, cada um. E quando um povo todo se torna uno Comigo, então este povo todo se torna um homem só Comigo. E todos os homens que já viveram na Terra ou que ainda nela viverão, quando tiveram se unido a Mim, então eles também serão um ser único Comigo. Digo a todos eles: O Espírito Santo com todo seu Amor, verdade, poder e força vivificará e espiritualizará. E não haverá muitos, pois todos viverão como um só, originários da mesma força, do mesmo poder do Espírito Santo de todo Amor e Sabedoria que vem de Mim.
Casa do caracol, espinho da roseira, casulo, ninho de pássaro
Perguntas na Luz espiritual
Recebido por Jacob Lorber , em 27 de março de 1841
Quatro irmãs fazem uma pergunta cada, pedindo que o servo Jacob Lorber as responda.
1 – O que significa a casa do caracol?
2 – O que significam os espinhos da roseira?
3 – O que nos ensina o casulo da borboleta?
4 – O que nos diz um ninho de uma ave?
1 – Essas quatro perguntas são comparáveis à ação de um homem que numa câmara cheia de tesouros pode escolher quatro peças do montante, ao seu bel-prazer. Como ele está totalmente deslumbrado com o brilho das peças do tesouro, ele começou a ficar inseguro e não mais sabe que peça apanhar. O tempo da doação do tesouro está por se esgotar, e o tolo indeciso, agora ainda mais confuso com os portões começando a se fechar, tem que pegar o que está mais próximo, para não sair da câmara de mãos vazias.
2 – Ao chegar do lado de fora, ele tira da bolsa o que pegou. Com grande surpresa e desilusão, o tolo constata que - invés de peças de ouro, prata ou pedras preciosas ou algo precioso - ele segura em suas mãos quatro esqueletos quase que totalmente podres.
3 – Vede Minhas filhas, numa câmara de tesouro como esta podeis entrar todos os dias e dela podeis tomar tudo o que desejardes. Mas o que acontece convosco que não estendeis vossas mãos para o ouro, prata, pedras preciosas ou outras preciosidades e só procurais pegar esqueletos podres?
4 – Hoje pegastes, em primeiro lugar, uma “casa de caracol”. O que é que fez a lesma viva, que a banistes de sua casa? Também tirastes o “espinho de uma rosa”. O que é que vos fez a roseira, que dela só pegastes justamente aquilo que é sem vida e estéril? Vós também trouxestes um “casulo”, quando deveríeis ter pego a lagarta viva em primeiro lugar. E finalmente chegastes com um “ninho de aves” completamente vazio e morto! Porque não pegastes o pássaro vivo, pois é um ser anímico, invés do ninho morto?
5 – Que faríeis e diríeis, se Eu revivesse estes quatro objetos mortos e deles se originassem “casas de caracóis” vivas, espinhos que frutificassem, casulos saltadores, e ninhos de aves voadores?
6 – Não vos pareceria isto com uma charrete que, em vez de ser puxada por dois cavalos vivos, estaria puxando dois cavalos mortos detrás de si? Ou se vísseis uma árvore que tivesse enterrado sua copa no solo e exposto suas raízes ao ar e, em vez de estar cheia de frutos, nela estariam pendurados os espinhos? Ou se vísseis um cozinheiro que, em vez de encher suas panelas com comida, as enchesse com brasas de carvão e no lugar do fogo colocasse todo tipo de coisas comestíveis? O que diríeis, se na construção de uma ponte os operários direcionassem as estacas para cima e colocassem as pranchas da ponte na água?
7 – Vede filhas, é assim, como todos estes exemplos errados que vos apresento, que acontece com os assuntos de vossas perguntas. Se Eu os vivificasse, não seriam em nada mais elucidativos para vossos corações que o carro, a árvore, o cozinheiro e a ponte que vos apresentei.
8 – Mas desde que trouxestes estas coisas para a luz do dia, Eu vou fazer algo delas, para vos mostrar por que não apanhastes nada melhor na vossa vez de escolher.
9 – Vede que “coisas raras” Eu vou fazer delas! Pode ser que estas coisas novas vos pareçam bem extraordinárias, mas considerai que neste vosso momento Eu não consegui produzir nada melhor para vos tornar mais religiosos.
10 – Da “casa do caracol”, de uma forma bem artificial, vos fiz um espelho muito engraçadinho. Neste espelhinho a irmã que está perguntando deveria se olhar diariamente. Daí ela tomará conhecimento que uma pessoa que somente se ocupa por coisas mundanas e materiais é semelhante a uma “casa de caracol”: vazia, pois seu habitante vivo ela o perdeu ou lhe foi arrancado. Este habitante vivo de alguma maneira pode ter se “encaixado” nas paredes duras e mortas da casa. Ou então, para que o entendais mais facilmente, digo que a lesma viva lentamente se transformou, ela mesma, na casa; mas como esta casa desta forma se tornou pesada e grande demais, ela não mais conseguiu se locomover para achar alimentos. Assim, até este pouquinho de vida que ainda existia murchou e se autodestruiu; quer dizer, encolheu, se decompondo até um pontinho que se colou à parede da casa, como uma vida totalmente acabada.
11 – Por isto, pequena inquisidora, apresentastes este objeto para ser apreciado. Tu estás muito ligada ao teu exterior e vê: ainda lhe dás bastante importância. Joga, pois, esta “casa de caracol” - que representa todo o exterior e o mundano - para bem longe de ti, o mais breve possível, para que não sofras o mesmo destino da lesma.
12 – Vede, esta é a obra artificial que Eu consegui obter desta “casa de caracol”. Observai vos todos nele (no espelho) e atuai de acordo com Meus ensinamentos e assim vivereis.
13 – O que vamos fazer dos “espinhos”? Algo pequeno não vos causaria nenhuma impressão. Vamos então aumentar este espinho e do resultado vamos fazer um para-raios que colocaremos sobre vossa casa. Lá, como já o fazia na roseira, ele sugará para si a eletricidade.
14 – Considera-te, tu, Minha filha, como esta casa, na qual existe um habitante vivo. Coloca nesta casa este para-raios construído de um metal de quatro componentes: o ouro da humildade, a prata da modéstia, o ferro da fidelidade e o chumbo da afeição. Então este para-raios te protegerá do raio satânico que incendiaria tua casa com todas as paixões malignas e em cujas chamas mortíferas desejarias te jogar, permitindo que se apossassem de ti.
15 – Foi por isto que Me deste o “espinho”, pois inconscientemente sentiste tal miséria em ti. Eu digo “inconscientemente” porque teu “habitante adormecido” (a centelha divina) levou o problema a tua boca.
16 – Mas o que fazer com o "casulo". Eu vos aviso de antemão que nada de raro poderá ser produzido. O melhor a fazer seria um pequeno caixão funerário. É isto que farei.
17 – Bem, qual o destino deste caixão? Nada mais que acolher um defunto. E o que acontece com ele e o morto? Serão enterrados no solo da decomposição.
18 – O que dirias tu, Minha pequena "perguntadora", se em vez de veres pessoas vestidas com roupas, as vires usando urnas funerárias como vestimenta? Certamente cairias por terra quase morta de medo, especialmente se este encontro acontecesse à noite. Mas Eu digo: Estas pessoas com caixões funerários poderiam, tal como a borboleta, sair do casulo e encontrar a vida eterna. Mas as "bonecas da moda da atualidade" (*) usam um caixão bem mais horrível, do qual muito dificilmente poderá sair uma borboleta brilhante para a vida eterna. Pois este caixão transforma o corpo em um sepulcro decomposto (fruto do orgulho, da vaidade, e da altivez) até o último átomo.
19 – Foi por isto que Me deste este "casulo", pois teu interior, do qual não tinhas a menor ideia, estava sofrendo sob tal pressão. Por isto, veste-te com a roupa da humildade, da mais profunda modéstia e de uma imensa disposição para receber tudo que é bom, amoroso e cheio de fé. Desta maneira, se elevará uma linda borboleta de teu "casulo".
20 – Ainda temos o "ninho". Considerai para que serve o ninho contra os ventos e intempéries, quando nele não se encontra mais nenhuma segurança, nenhuma proteção, nenhum calor e nenhum alimento? Vós direis: "Demais mais nada vale!". Eu digo: "Respondestes certo. Por isto não posso fazer nada mais deste ninho, da mesma maneira que não posso fazer nada por uma pessoa que expulsou de seu interior os "pássaros divinos" - que são a voz da consciência do ser humano - e que abandonou o "ninho do amor" que estava construído em seu coração.
21 – Este ninho será então entregue aos ventos maus. Se quiserdes saber como se chamam estes ventos, isto Eu posso dizer. O primeiro vento é a leviandade. O segundo chama-se “tibieza em relação a tudo que é bom, sério, verdadeiro e, consequentemente, bonito”. O terceiro vento é a preguiça, que se origina do anterior. Finalmente o quarto vento é “o afundar-se completamente em todos os prazeres materiais e, por fim, no total esquecimento de Deus”. Cuidai, portanto, para que vosso ninho não seja abandonado, pois senão vos tornareis um destes ninhos abandonados e sofrereis o mesmo destino deles sob os ventos.
22 – Por isto que Me apresentaste este quarto objeto morto. Seus pássaros divinos (os que ainda conseguem sobreviver no ninho) colocaram tal assunto em sua boca, como uma advertência.
23 – Vede, Minhas queridas filhos, sem querer, vós Me apresentastes vossas doenças. Daí Eu vos preparei os mais eficazes medicamentos. Usai-os seguindo os Meus conselhos. De uma maneira milagrosa, vivificareis vossas “casas de caracóis”. Do espinho morto e duro, fareis um objeto vivificador. Do casulo morto, surgirá uma nova maravilha. E o ninho abandonado se tornará a eterna casa do pássaro Fênix, que sempre renascerá e emergirá para a vida maravilhosa e poderosa. Amém.
24 – Atenção a Quem vos diz isto! É vosso verdadeiro Pai, Santo, Santo, Santo! Amém.
(*) Aqui existe um jogo de palavras, pois "casulo" em alemão é "puppe", que também significa boneca, e assim também são chamadas as pessoas levianas (a tradutora).
Sofrimento do Senhor, Jejum, Pobreza, Amor
Recebido por Jacob Lorber, em 09 de abril de 1841
Quatro perguntas na Luz do Espiritual
1 – Se assim perguntásseis, o faríeis corretamente, pois nestas perguntas encontra-se o que mais faz falta a todos os homens.
2 – Vós não Me apresentastes vosso pedido em forma de pergunta, mas mesmo assim vossas palavras são perguntas originárias de vossos corações, as quais vou responder agora. Porém a grande resposta só vos será dada, quando observardes as peculiaridades que existem em vós. A resposta peculiar é um guia, é um itinerário que vos mostrará como a vida humana deve ser composta, como a vida humana deve ser composta em espírito e verdade, cheia de amor e crença viva, para que por esta vida se consiga chegar à vida interna do espírito e, através dela, a Mim. Também chegarão à resposta não só desta pergunta, mas de todas as perguntas que estão infinitamente contidas nestas quatro.
3 – Pois, em verdade, se entendêsseis em vossos corações o segredo de Meu sacrifício, todos os anjos do céu viriam, cheios de humildade, aprender convosco. Após o fim do curso, retornariam extremamente enriquecidos em conhecimento.
4 – Se soubésseis jejuar corretamente em vossos corações, em verdade nunca mais perguntaríeis sobre o tema. Pois por este jejum verdadeiro Eu já Me teria tornado um Pai visível para vós, e então com um sopro Eu vos poderia dar muito mais do que comumente com mil palavras.
5 – Se entendêsseis em vossos corações o que é a verdadeira miséria em verdade, já neste momento seríeis muito mais ricos que alguns reis do céu. Pois existe na verdadeira pobreza um raro tesouro que não pode ser medido pelos meios terrenos. A verdadeira pobreza é aquela que é eternamente alimentada com Minhas Palavras. Já estais a ler que o Evangelho deve ser pregado aos pobres, pois a verdadeira pobreza é aquela que assola os “famintos” e “sedentos” que serão satisfeitos com Minhas Palavras.
6 – E finalmente, se entendêsseis o que é o verdadeiro Amor em vossos corações, em verdade teria então se completado em vós a grande exigência que fiz aos Meus apóstolos, quando lhes disse: “Sede perfeitos, como vosso Pai Divino o é”. Meus queridos filhos, o que achais desta Minha exigência? Pois esta exigência significa que deveis ser iguais a Mim em tudo e em todos os instantes. Se vos pudésseis ter a mínima ideia de Minha grandeza, de Meu poder e força e, acima de tudo, da Minha Perfeição, então poderíeis ter uma leve ideia do que significa Eu vos dizer que deveis também vos tornar tão perfeito como é vosso Pai Divino. Pois quando “o Filho” fez coerdeiros os seus amados - de tal maneira que ele, Filho, divida fraternalmente com todos a grande herança do Pai - isto quer dizer que deverão alcançar a mesma Força, o mesmo poder e a mesma virtude moral de Deus que está no Filho, que são do Pai e do Filho por toda eternidade.
7 – Antes que Eu vos dê mais explicações sobre este assunto, vamos voltar às peculiaridades das respostas de vossas quatro perguntas.
8 – Com respeito a Meu sofrimento, Eu sofri no corpo igual a qualquer outra pessoa e na exata ordem que se lê nos Evangelhos. Mas este sofrimento humano ainda continha um divino, então o sofrimento foi duplo: o externo (no corpo) e o interno (no espírito divino).
9 –Quanto ao sofrimento material, este já conheceis; mas sofrimento espiritual, este não tendes a mínima ideia. Para que possais ter um vislumbre do mesmo, imaginai o que significa quando o Deus Infinito, durante este período de sofrimento, se priva de sua infinita liberdade e se encolhe no coração de “seu Filho” sofredor.
10 – Meu corpo material dói até o ponto da morte, espremido por este sofrimento! A divindade, que se encontrava no coração, tinha que vencer a morte e o inferno desde esta sua minúscula posição, por meio deste sofrimento. Imaginai a Divindade como homem sofredor e colocada entre dois fogos: o do exterior (a morte e o inferno que Me espremiam com toda sua força e por tanto tempo, até Minha Vida Natural ser comprimida a um pontinho minúsculo bem no íntimo do coração) e o do interior (todo o poder e força infinitos da Divindade se opondo a isto e, graças ao Amor, permitindo que fosse comprimida a este pontinho).
11 – Bem, imaginai mais... Imaginai aquela mesma força e aquele mesmo poder que com um sopro pode destruir tudo que existe e tudo que é vida no infinito do universo - este mesmo poder e força que todo o infinito não consegue entender, este poder e força que com uma palavra criou o universo total e infinito, este mesmo poder e força na sua totalidade completa - permitindo que o comprimissem a um pontinho, compressão esta que significa a maior e mais completa humilhação que voluntariamente permiti que Me acontecesse, a Mim, a Divindade Livre.
12 – Se compreenderdes isto só um pouquinho em vossos corações, a luta inglória que Eu tive de Me submeter e vencer por causa do Amor Eterno, só assim podereis ter uma pequena visão do que quer dizer “o Meu sofrimento”.
13 – Este sofrimento durou até o momento em que Eu, na cruz, exclamei “Tudo está consumado! Em Tuas Mãos, Pai, Eu encomendo Meu Espírito”; ou então, com estas outras palavras: “Vê Pai, Teu Amor volta para Ti”. E com estas palavras todos os grilhões da morte e do inferno foram destruídos. O eterno poder se liberta com grande violência. A terra toda tremeu, tocada pela ira divina. Os sepulcros se abriram e libertaram os presos para a vida.
14 – E esta Onipotência se estendeu sobre toda a criação visível; naquele momento, ela encheu novamente o infinito. E todos os sóis e mundos, cheios de respeito, retraíram sua luz ante a enorme Onipotência de Deus, que novamente estava a agir. Para que nesta Sua Onipotência violenta a Divindade não destruísse toda a Criação, houve a intervenção do Amor (que novamente se tornou uno à Onipotência).
15 – Vede, pois, Meus amados filhos o que se deve entender com “Meu sofrimento”. Mas de fato ainda existem infinidades ocultas no mesmo. Podereis pesquisar por eternidades, e sempre faltará algo para elucidar. Pois o que acabei de vos dizer está para o todo, assim como um pontinho está para o infinito.
16 – Mas quando jejuardes, jejuai na verdadeira negação de vós mesmos e livremente, só por amor a Mim. Deveis renegar tudo o que o mundo vos oferece. Assim, com este jejum correto, chegareis ao “pão do céu”.
17 – Da mesma maneira que uma noiva tira todos as suas vestes para vestir a roupa de noiva no dia de seu casamento, lava seu corpo com perfumes antes de colocar a roupa enfeitada da cerimônia nupcial, se enfeita com flores e joias, tudo isto para que o noivo se alegre com ela ao levá-la para casa, assim deveis - com o jejum - retirar todas as vossas vestes da inocência e da humildade e vos enfeitar com todo tipo de flores e joias das obras de amor ao próximo.
18 – E quando o grande noivo chegar e vos encontrar tão bem arrumados e preparados, então também fará o mesmo que o noivo. Ele abrirá a porta de Seu tesouro e vos presenteará com os mais ricos e incalculáveis tesouros da vida eterna, consequência de Meu amargo sofrimento ou da redenção.
19 – E o mesmo que o jejum é a pobreza. Em verdade, quem não ficou pobre de tudo que é do “mundo”, este não entrará no Meu Reino. Ele terá que se libertar até do último centavo e devolvê-lo ao Dono. Vede, esta é, pois, a verdadeira pobreza em espírito e verdade .
20 – Mas se a pobreza for um ato voluntário, ela terá eões de vantagem sobre a pobreza imposta, e qualquer elucidação sobre o assunto é supérflua. Pois esta pobreza imposta só se igualará à voluntária, quando houver total entrega à Minha Vontade e ao Meu Amor.
21 – Agora estais a questionar: “Qual é a relação de uma noiva para com um noivo que ela não ama? Será que ela também se enfeitará toda para aquele momento em que o desprezado noivo chegará? Será que ela aguardará este momento com o coração cheio de expectativa feliz?” Eu vos digo: Qual nada! Pois ela amaldiçoará este momento. Ela não se lavará nem se perfumará; pelo contrário, se emporcalhará ao máximo, usará suas piores roupas, cobrirá sua cabeça com cinzas, pois pensa que se o tal noivo a vir assim, se escandalizará e a deixará em paz.
22 – E quando o noivo chegar e encontrar sua noiva desta maneira, Eu vos digo, ele não a tomará (se for igual a Mim), mas sim a deixará para aquele a quem ela entregou seu amor.
23 – Vede, pois, já que uma noiva só se enfeita para o noivo certo - aquele a quem ama - é bem fácil entender que sem amor por Mim não é possível pensar em jejum ou pobreza, e assim também não haverá um “enfeitar-se” para o casamento. Mas também é nada mais nem nada menos que a redenção da morte para a vida.
24 – É assim que deveis entender vossas perguntas. No Meu Sofrimento está o Amor! O jejum e a pobreza são o Sofrimento do Amor. E o Sofrimento do Amor é o adorno do mesmo, o qual também é a Salvação, a Redenção. Assim o Amor, o Sofrimento e a Salvação são todos uma única e mesma coisa.
25 – Pois então aquele que amar da maneira que vos foi mostrado, este se apoderou da Salvação e seu quinhão será idêntico ao Meu. Da mesma maneira que o noivo divide todos os seus bens com sua noiva, assim será na Minha Casa. Então sabereis o que significa: “Sede perfeitos como o vosso Pai no Céu o é”. Amém.
Isto falo Eu, o tal “Pai no Céu”. Amém.
Orar – o melhor meio de educação
Recebido por Jacob Lorber, em 18 de abril de 1841
1 – Meu querido filho que está preocupado com o sobrinho, devo dizer-te que o mesmo se encontra paralisado por um espírito preguiçoso, para toda e qualquer atividade produtiva. Por isto ele não será levado ao trabalho por qualquer tipo de imposição ou ameaça, mas só por muitas e sinceras orações. Só assim este espírito será afastado.
2 – Estes espíritos não são expulsos por orações longas e intermináveis, mas sim por orações feitas em Meu Nome, na fé e na confiança absoluta e viva, pois somente nestas orações todo e qualquer pedido será concedido.
3 – Quando a oração alcançou a fé justa, isto só Eu sei. O sucesso está ligado à força da fé espontânea. Quanto mais ela se ligar ao Meu Nome com toda sua força e sua firmeza, tanto mais próximo estará o sucesso, o qual se encontra sempre na total e inequívoca entrega, paciência e todo amor e mansidão.
4 – Mas quando esta fé alcançou o justo grau, isto somente Eu sei, como já disse. Por isto, em todos os pedidos a paciência deve estar sempre presente. Isto acontece para que cada um se autoexamine e descubra o quanto acredita em Meu Nome.
5 – A cada pedido deve seguir: "Senhor, não nos leves à tentação, mas livrai-nos do mal". Faze isto, Meu filho, que em pouco tempo teu sobrinho se recuperará e se tornará um espírito útil para Minha seara.
6 – Faze que ele ore junto contigo várias vezes e dize-lhe que ele tem que orar com frequência, se quiser vencer. Quanto mais difícil esta luta lhe parecer, tanto mais alegria lhe causará a vitória que ele conquistará em Meu nome. Este é o melhor e infalível meio.
7 – A propósito, todos os meios que usares em Meu Amor sempre serão úteis e levarão ao sucesso de etapa em etapa. Os humilhantes são os melhores, mas só devem ser aplicados quando um espírito revoltado se apresentar com bastante insistência. Pois os espíritos preguiçosos muitas vezes têm junto a si espíritos revoltados como fiéis companheiros. Mas digo mais uma vez: uma oração contínua e sincera é a melhor arma para qualquer situação.
8 – Olha bem, Meu querido filho, a construção dos corações de teus filhos, pois só isto é o que Me importa, nada além disto tem valor. E se teus filhos fossem mais sábios que Salomão em toda sua sabedoria, todo teu esforço se igualaria ao de um ourives cujas obras se tornaram cinzas.
9 – Ensina teus filhos a serem humildes e a confiarem em Meu Nome. Assim serás um bom obreiro de Minha vinha, e Meu pagamento te deixará satisfeito eternamente. Amém.
10 – Isto falo Eu, em cujo Nome se encontram ocultos todo o poder e toda a força. Amém.
Felicidade verdadeira
Recebido por Jacob Lorber, em 21 de abril de 1841
Aquele a quem é dada,
De Meu amor, a santa paz,
A quem o Pai uma nova vida
Deseja dar de Sua plenitude,
A quem o Pai adotou,
E quem chegou ao Seu Coração
Este em verdade nunca mais deve temer.
Se ele por Mim somente sente saudade
E se sente por Mim uma atração viva,
E se o mundo e o pecado dele fogem,
Então deste Eu já Me apoderei
Com todas as artimanhas de Meu Amor.
Sim, Eu o carrego nas Minhas Mãos,
Para completar a sua vida.
1 – Vê Meu querido filho soturno, Eu nada te desejo de mundanidades, mas o que de fato desejo Eu te dou neste momento. Eu sempre te dei e ainda tenho para te dar infinitas dádivas guardadas para ti, só é necessário que as desejes receber.
2 – Vê, Eu quero te dar tudo em excesso: "Prata, ouro e pedras preciosas de Meu coração. Prata Eu te dou por teus filhos, ouro pela tua esposa e pedras preciosas para te enfeitar, a ti, Meu filho querido.
3 – Mas tem fé bem forte em Meu nome. Constrói sobre ele como se fosse uma rocha de diamantes. E Me ama, a Mim, teu bondoso e santo Pai, acima de tudo e de todos. Em pouco tempo, conhecerás a força e o poder de Meu Nome - Jesus - em teu coração.
4 – Isto falo Eu, teu santo Pai. Amém.
Seres que vivem em clausuras religiosas e a verdadeira caridade
Recebido por Jacob Lorber, em 25 de abril de 1841
Pedido do servo : Senhor, Tu, nosso amado e santo Pai, poderias nos orientar sobre como devemos tratar os integrantes desta nova ordem religiosa - As Irmãs Cinzas de Caridade - para que também tenhamos uma resposta clara, caso nos questionem a respeito, pois não queremos dar um testemunho errado sobre as mesmas. Perdoa Pai nossa pergunta, nosso atrevimento em Te perguntar como se fosses uma pessoa comum como nós. Pois és o Pai, e nós somos teus filhos cheios de dúvidas e incertezas. Amém.
1 – Escreve, pois, na verdade, esta pergunta é completamente tola e infeliz. Como é possível que tu perguntes isto?
2 – Não leste ainda nenhum evangelho? Dize-Me em que ocasião Eu fundei ou apadrinhei alguma ordem, muito menos uma ordem feminina? Ou será que sonhos de pessoas de mente e visão fraca, ou atacadas alguma crise de saúde, também pertencem ao Evangelho?
3 – O que foi que Eu disse aos apóstolos? Que eles fossem todos irmãos no amor entre si, isto foi que Eu lhes disse! Como foi que eles chamaram as pessoas de acordo com Meus mandamentos? “Queridos irmãos, queridas irmãs”, etc. O que isto tem a ver com castas?
4 – Vós todos deveis pertencer a uma única ordem: a ordem do puro amor por Mim, como filhos de um único Pai e como redimidos por Minha encarnação como homem. Todos iguais! Todos, sem exceção! Todos em Deus, no Amor, no poder vivo de Minha Palavra e em Meu Nome, pois todos vós fostes eleitos Meus filhos, filhos em Meu Amor, Misericórdia e Graça, pelo único e absoluto Jesus Cristo!
5 – Mas se pessoas, algumas propositalmente, se afastam dos outros e desta forma fundam uma certa casta considerada por eles virtuosa, à qual só podem se unir pessoas escolhidas uma pequena minoria, o que de bom e proveitoso poderia advir disto para o povo, se não são todos como um só e iguais no todo?
6 – Nem todos terão que ser tecelões, ferreiros, pedreiros, etc. Deve existir uma diferença entre as profissões e, às vezes, na posição social; mas isto somente de forma extrema, jamais em relação ao íntimo da pessoa. Lá todos devem ser os mais carinhosos e misericordiosos irmãos e irmãs uns para os outros.
7 – Que valor tem uma caridade pagã? Ou será que só entendeis por caridade o cuidado com os doentes (*)?
8 – Eu vos digo: Aquele que não praticar a caridade livremente - como pleno confessor de Minha Palavra e de Meu Amor, fazendo-o com todas as suas forças e sem esperar nenhum pagamento - a este Eu considerarei igual a um animal que, de acordo com suas aptidões, deve sempre fazer o mesmo trabalho de manhã, de tarde e de noite, pois não consegue fazer de outra forma, como também não lhe é permitido pela Minha Ordem. Assim, as ações caridosas destas pessoas são quase nulas.
(*) O Pai refere-se às irmãs de caridade que eram enfermeiras nos hospitais – a tradutora.
9 – O homem livre deve atuar livremente e sem amarras na Minha Ordem infinitamente livre e no Meu Amor eternamente livre, se quiser que Eu considere seu trabalho e sua ação. Mas aquele que agir coagido pelos regulamentos de uma ordem religiosa e muitas vezes sob as leis ainda mais lastimáveis de uma clausura, este geralmente não passa de um perigoso homem forçado a trabalhar e que não se preocupa com o trabalho a ser realizado, mas sim com tostões que o mesmo lhe dará.
10 – Que isto te satisfaça, pois a pergunta foi bem infeliz. Por favor, Me poupa no futuro com tais perguntas, pois instituições faustosas e cheias de luxo Me são um verdadeiro horror. Mas aquele que aplicar a caridade que a faça sem alarde e não a apresente aos olhos do mundo.
11 – Isto falo Eu, Aquele que só olha as obras secretas. Amém. Amém. Amém.
------------------------------------------------------------------------------------------------
A verdadeira igreja
1 – Uma igreja só é uma igreja se ela ensina Minha Vontade e a Vida no Amor que sangrou na cruz para todas as Terras, sim, para toda a Criação.
2 – Mas uma igreja que só abençoa a si mesma e amaldiçoa todo o resto é o mesmo que o avarento que deseja que todos morram, para ficar com todos os bens. Mas um camelo (cordame) passará com mais facilidade pelo buraco de uma agulha, do que um tal "avarento" entrará no Céu.
Da bênção que vem da cruz
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de abril de 1841
1 – A cruz é uma verdadeira necessidade para a vida existir. Se a vida não tiver alguma necessidade, então ela evapora feito uma gota de éter. A alma que não tem que carregar uma cruz enfraquece e morre na noite da morte.
2 – A necessidade para a vida é como um vaso no qual ela é fortalecida e solidificada como um diamante. O vaso não passa de uma gota de éter solidificado, mas não é uma gota de vida.
3 – Pois então que cada um coloque sua cruz sobre seu ombro e Me siga cheio de amor, pois assim manterá eternamente sua vida.
4 – Quem tornar sua vida delicada e a tratar como tal, a perderá. Mas aquele que a crucificar e permitir que Eu a crucifique, com ela permanecerá eternamente.
5 – Isto falo Eu, o crucificado. Amém.
A morte e a agonia da morte
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de abril de 1841
1 – A morte do corpo é a última provação da vida e se iguala a ser pregado à cruz.
2 – Se não houvesse a morte do corpo, toda a vida se perderia. Mas pela morte do corpo a vida é reunida e solidificada, para que ela, após libertar-se do corpo, mesmo em casos totalmente horríveis, ainda consiga sobreviver de alguma forma.
3 – O medo que vem junto com a morte é o ato da união da vida, que como acontece em muitos casos, já estava dispersa por todos os lados, devido aos ventos do mundo.
4 – Por isto acontece com tanta frequência que os materialistas passem por um desencarne bem amargo. Se isto não acontecesse pela Minha extrema misericórdia, eles seriam totalmente destruídos eternamente.
5 – Que estas almas tão mundanas se encontram após a amarga morte material num estado totalmente prisioneiro é um requisito necessário para que suas vidas, tão parcamente unidas no ato da morte corporal, não sejam destruídas ou dispersas no espaço.
6 – Pois então, mesmo esta morte chamada eterna, cheia de pavor e agonia, não passa de um ato misericordioso Meu, para conservar a vida espiritual.
7 – Mas as pessoas que já se uniram a Mim pelo amor, humildade e autonegação na vida aqui no mundo, em verdade estas pouco sentirão a agonia da morte. E quando o barqueiro de suas vidas acabar com sua travessia, então o viajante dirá sem dor e sem nenhuma preocupação: "Eu e meus pertences estamos no seco".
8 – Esforçai-vos em unir vossas vidas Comigo ainda aqui, e a morte do corpo vos parecerá como um lindo raiar do sol que recebe o viajante, a fim de guiá-lo num mar cheio de rochas e abismos.
9 – Acreditai, é extremamente assim. Ninguém mais poderá tirar de vós a vossa paz interna.
10 – Isto diz o Senhor da vida e da morte. Amém. Amém. Amém.
O sinal do filho do homem
Recebido por Jacob Lorber, em 01 de maio de 1841
Um membro da reunião pediu explicações sobre Mateus cap. 24-30: "Então aparecerá no Céu o sinal do Filho do Homem. Todas as tribos da Terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu, cercado de glória e majestade". O Pai disse o seguinte:
1 – Por acaso não conheceis a diferença entre o "sinal" e o "Filho do Homem" e não sabeis o que significa a palavra "Céu"?
2 – Em verdade não haverá nada mais tolo, do que estardes a esperar um crucifixo no céu estrelado! Dizei-Me de que adiantaria ao mundo ver no firmamento não só um, mas sim vários crucifixos. Será que os homens se tornariam melhores em seus corações? Com certeza não!
3 – O sábios e cientistas não chamariam imediatamente estes crucifixos de embustes papais? Eles não tentariam provar que todos estes crucifixos não teriam nenhuma outra origem que a aerostática e que foram soltos ao céu dos colégios dos jesuítas?
4 – Vede é este o efeito que tal aparição causaria ao mundo dos cientistas. Haveria até matemáticos que tentariam explicar a aparição dos crucifixos usando as leis da ótica.
5 – Mas o que diria o homem comum? Eu vos digo: De tanto pavor, ele emudeceria totalmente. Pois para ele, como consequência dos ensinamentos errados que recebe, teria chegado o "Dia do Juízo Final".
6 – Este sinal mataria os cientistas, pois estes não o teriam eliminado por meio de suas explicações e pareceres, e o homem comum seria morto no momento da aparição, porque a mesma mataria seu livre arbítrio. Vede, estas seriam as "vantagens" deste sinal.
7 – Que isto iria acontecer desta maneira, podereis deduzir dos tantos "fins de mundo" que foram profetizados por falsos profetas. Algumas pessoas se desesperaram, outras riram do assunto e outras se entregaram a todos os prazeres mundanos imagináveis. Isto também aconteceria, se aparecesse o "sinal do Filho do Homem". Mas se tais profecias vazias causaram tudo isto, podeis imaginar o que uma cruz gigantesca que flutuasse debaixo das estrelas causaria ao mundo? Eu não preciso vos desenhar o pavor mortal que haveria.
8 – Sob a palavra "Céu" devemos entender toda a verdade de fé que vem da Palavra, a qual é a "igreja" em sua unidade.
9 – O "sinal do Filho do Homem" é o amor renascido nesta nova igreja, cheio de atributos divinos, tais como a misericórdia, a paciência, a humildade, a mansidão, a entrega, a obediência, os consentimentos de todos os sofrimentos na cruz. Vede, este "sinal do filho do homem" aparecerá no céu da vida interior e não matará, mas sim vivificará.
10 – Nesta ocasião haverá grande dor entre os povos materialistas, sedentos de prazeres materiais. Eles clamarão de pavor, pois todo o seu poder infernal, que consta de bens para compra e venda, terá perdido todo o valor. Já aqueles a Meu lado pouco contato terão com todos estes cambistas, corretores e mercadores.
11 – Estes Meus filhos só olharão para lá, onde verão a chegada, cheia de poder e maravilha, do Filho do Homem nas nuvens do Céu, o que de fato é a chegada da Palavra Viva no coração do homem, ou então de Meu Amor na sua totalidade (por isto é uma chegada de "grande poder e maravilha"). E as nuvens do Céu são a infinita Sabedoria que existe nesta Palavra Viva. Vede, esta é a explicação deste texto do Evangelho.
12 – As "nuvens" no Além vos acolherão em Meu Reino e serão vossos eternos lares. Com isto quero dizer que só então conhecereis, na mais elevada felicidade, o poder a maravilha do Filho do Homem.
A primavera espiritual
Recebido por Jacob Lorber, em 01 de maio de 1841
O que é a primavera, e o que podemos aprender da mesma?
1 – Quanto à primavera, na natureza ela não é nada mais que aquilo que cada pessoa observa de manhã ao acordar: uma atividade desperta de todos seus espíritos de vida.
2 – Quando estes espíritos são despertos de seu sono pela luz e pelo aumento do calor, eles reiniciam ordenadamente, desde o começo, suas atividades. Todos os sentidos se manifestam. O estômago anuncia que necessita de comida, e todos os líquidos do corpo iniciam uma circulação vivaz.
3 – Isto também acontece na natureza universal. Infinitos eões de espíritos da natureza são acordados pela claridade e pelo calor do sol de seu profundo sono invernal. Iniciam suas atividades vegetativas e começam a desenvolver e criar inúmeras plantas, ervas, arbustos e árvores, como também os pequenos animais. E isto tudo acontece numa ordem bem preestabelecida.
4 – Vede, esta é a primavera natural! O que podemos aprender de tudo isto? Eu vos afirmo: Muito.
5 – Vós bem sabeis como a primavera acontece: com o aumento da claridade e do calor.
6 – Vede, se vós lerdes ou escutardes com afinco e fidelidade Minha Palavra , então o grande sol espiritual vai se aproximar de vosso sol terreno e da região ainda fria de vosso coração. Esta "luz do sol" produz mais e mais calor, o que representa de fato o amor por Mim, para a verdadeira atividade viva do espírito.
7 – Quando isto começa a acontecer na pessoa, iniciou-se então sua "primavera espiritual".
8 – Mas como acontece também na primavera natural, onde junto a plantas e animais úteis e bons também crescem plantas nocivas e animais venenos, isto também acontece na primavera espiritual. São despertos nos homens espíritos maus, nocivos e venosos. Por isto as tentações para o pecado se tornam muito mais fortes e ativas, do que acontecia durante a assim chamada ‘hibernação da estação fria”. Este inverno é a tibieza e a inércia que se instalam nas pessoas, que ficam quase que sem vida.
9 – É esta a razão por que cada homem tem que ser um jardineiro muito cuidadoso na videira espiritual, cuidar de arrancar as ervas daninhas e matar os animais nocivos que podem estragar seu pomar e as flores em seu jardim.
10 – Quem proteger sua árvore da vida com todos as ferramentas - que são basicamente a humildade e abnegação - e mantiver seu jardim bem limpo, este com certeza obterá uma ótima colheita no verão e no outono, com bons e saborosos frutos.
11 – Estes frutos não são nada mais que "o aparecimento do sinal do Filho do Homem no Céu". Os "povos da Terra" não passam dos desejos e das paixões más que foram expulsos e que têm este nome em consequência de "a vinda do Filho do Homem nas nuvens do firmamento, em enorme força e maravilha".
Mensagem da Lua
Recebido por Jacob Lorber, em 01 de maio de 1841
Pergunta: "O que é a Lua? Existem habitantes iguais a nós na mesma? "
A esta pergunta Jacob Lorber iniciou uma árdua tarefa e em poucos dias escreveu o livro "A Terra e a Lua", que são revelações sobre nosso planeta e seu fiel acompanhante, a Lua. Entre outras, coisas foi predito:
1 – Para que entendais totalmente a Lua e suas condições de habitação, deveis entender que ela só é a Lua (de densidade verdadeiramente lunar) no lado virado para a Terra. No outro lado ela não se apresenta assim, mas sim como um corpo terrestre bem sólido.
2 – O satélite não é sólido, mas sim bem poroso, quase que como a espuma do mar um pouco solidificada. As partes mais sólidas são os picos e as montanhas. As mais porosas são os nichos e partes em forma de funil que se direcionam para o seu centro.
3 – Em algumas destas depressões, bem lá no fundo, ainda é encontrado ar atmosférico. Este ar parece água, ao ser observado por telescópios. Todas as montanhas e os funis menos profundos não têm qualquer ar atmosférico, mas somente éter, como existe no espaço aberto entre o Sol e os planetas.
4 – O lado visível da Lua não é habitado por nenhum ser orgânico. Seus habitantes são do tipo espiritual. Tais habitantes, quando encarnados, foram do tipo extremamente mundano e materialista. Para melhorarem seus sentimentos, devem ficar ali e observar daquela distância seu tão amado mundo – a Terra – até se fartarem de sua visão.
5 – Quando, após um certo período de provação, se dão conta que este "olhar embasbacado" nenhum fruto produz e passam a ouvir os ensinamentos dos seus professores e orientadores, ascendem a um plano mais elevado, mais espiritualizado e de mais liberdade.
6 – Os que não ouvem os ensinamentos são levados para a "Terra" da Lua (o lado oposto) e lá moram no subsolo. Nestas casas subterrâneas eles devem permanecer metade do dia, como também metade da noite. As habitações são nas profundezas da "Terra Lunar" e às vezes os abismos das montanhas ou cavernas.
7 – Lá não há árvores frutíferas, só raízes parecidas com vossas batatas, cenouras, nabos, beterrabas, etc. Estas são plantadas no começo do dia e no fim do mesmo estão maduras. O dia lunar tem a duração de quatorze dias terrestres, tal como a noite. Neste local o clima é muito cruel. Os habitantes têm que lutar com frio extremo e a escuridão. No fim da noite, o frio é comparável ao do Polo Norte da Terra. Porém o calor é extremo ao meio dia, quando a temperatura ultrapassa o limite para um ser orgânico sobreviver na superfície. É por isto que todos os seres orgânicos vivem nas profundezas do subsolo.
8 – Quando inicia o anoitecer, todos os habitantes saem de suas cavernas e começam a colheita, a qual tem de ser armazenada nas suas habitações, pois dela devem se alimentar até o próximo anoitecer.
9 – Tal como nossos animais domésticos só existe um, similar à cabra da Terra. Este significa aos lunares o mesmo que a rena aos esquimós. Nos muitos rios e lagos desta parte da Lua, existem animais aquáticos e também pássaros parecidos com vossos pardais, além de uma infinidade de insetos e outros animaizinhos de duas, quatro ou mais patas, cuja finalidade vos será explicada em outra ocasião. Por enquanto isto basta.
10 – Mas, queridos filhos, cuidai de não vos tornardes habitantes deste pobre corpo terrestre, pois esta escola de coloração amarelo-brilhante é uma escola muito dura! E seria melhor morrer quatorze vezes num dia na Terra, do que lá viver um único dia, pois o destino dos habitantes de lá é muito pior dos que estão aqui enterrados nos cemitérios. Os habitantes da Lua conscientemente devem habitar seus sepulcros e com bastante frequência são soterrados ou inundados em suas habitações subterrâneas.
11 – Mais explicações em relação aos habitantes da Lua e da "Terra Lunar”, Eu vos darei em outra ocasião. Meditai sobre o que vos foi dito e cuidai bem em usar a primavera de vossas vidas; assim conseguireis ver até mesmo na Lua, quando esta vos for bem elucidada, o "sinal do Filho do Homem no Céu". Amém.
12 – Isto falo Eu, que estou chegando nas nuvens dos céus. Amém. Amém. Amém.
Para Jesus (uma oração)
Recebido por Jacob Lorber, em 04 de maio de 1841
1 – Meu bem amado Jesus! Ajuda-me, para que eu possa Te obedecer em tudo e não vacile, nem para a direita nem para a esquerda. Que eu só tenha a Ti como minha meta, pois és o Criador, o começo e o fim de todas as obras boas.
2 – Eu me entrego totalmente em Tuas Mãos e quero que só Tu atues em mim. Entrego-me em todos meus pensamentos, minhas vontades, meu corpo e membros, humildemente, aos Teus sagrados Pés. Entrego-me a Ti junto com todos os meus. Obedeceremos sem questionar. Tua vontade e Tua proteção sejam nosso lar.
3 – Tu és o único verdadeiro divino Pai, Deus e Senhor. Como Tu não existe ninguém, e ninguém se assemelha a Ti. Nós todos estamos em Tuas Mãos. Assim, fazei o que Te apraz conosco e permite que Tua Vontade sempre aconteça conosco, por nós e em nós.
4 – Pois Tua Vontade é Amor sobre Amor, Bênção e Misericórdia sobre Misericórdia. Permite que sejamos sempre obreiros de Tua vontade, de Tua Bênção e de Teu Amor. Permite que sejamos dignos de pronunciar Teu Nome Sagrado em todos os momentos, não por merecimento, mas por tua imensa Misericórdia. Que possamos louvar-Te tanto na vida quanto na morte.
5 – Não sou digno da bondade e do Amor que Tu, Jesus, tão carinhosamente sempre me demonstras. Por isto eu sempre Te louvarei, amarei e honrarei. Em todos os lugares, sempre enaltecerei o Teu Santo Nome.
6 – Louvor, honra, agradecimento e amor Te sejam dados hoje e sempre, Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Oração do coração
Recebido por Jacob Lorber, em 04 de maio de 1841
1 – Pai, Deus e Senhor, a Ti louvamos e a Ti agradecemos. A Ti, Pai e Deus, a honra de toda a Criação, todas as estrelas. Os céus estão cheios de Tua glória. Todos os anjos e todos os exércitos celestiais Te servem e obedecem Tua Vontade. Querubins e Serafins cantam: Santo é nosso Deus, santo é nosso Pai. Todos os países, todos os mundos, todos os céus estão plenos de Teu Nome".
2 – Senhor e Pai, por favor, ajuda-nos para que este Teu Nome tão sagrado e bondoso sempre seja usado por nós, teus humildes servos, com toda a dignidade e com todo o amor. Não permitas que o usemos para algo impuro, seja em ações, pensamentos ou palavras. Tem piedade; tem piedade de mim, dos meus e de toda a humanidade.
3 – Vê, querido Deus e Pai, Tu, com tua bondade, colocaste uma luz clara em meu coração, neste meu coração ainda tão impuro, e permitiste que eu aprendesse algo sobre Tua Sabedoria, que se encontra oculta em Teu Amor e Misericórdia. Por favor, oculta Teu Rosto sagrado ante meus erros, constrói em mim um coração puro e me outorga um espírito; sim Pai, dá-me o Teu Espírito Santo.
4 – Não me abandones, meu amado Pai e Deus. Sempre, sempre me conforta com Teu Amor e Tua Bênção. Pai e Deus, converte-nos ao Teu Espírito e Coração. Ajuda-nos, pois só seremos ajudados por Ti. Tem piedade de todas as almas de todos os homens, como também de seus espíritos. Amém.
Jesus, amamos Teu poderoso, mas sempre carinhoso Nome! Amém.
Um ótimo conselho, um verdadeiro consolo
Recebido por Jacob Lorber, em 05 de maio de 1841
1 – Os humanos não foram criados para este mundo, mas sim para o do Além, para a grande casa do Pai; isto se dá de qualquer maneira, seja pelo bem ou, muito mais dificilmente, pelo mal. Da maneira que foi sua vida aqui depende sua situação na casa do Pai.
2 – Em verdade, jamais testo alguém inutilmente. Este vou transformar em algo especial, pois ele já se encontra em Minha escola. Um estudante deve submeter-se às provas, se é que deseja se tornar alguém.
3 – Ninguém é rejeitado nas Minhas provas. Qualquer um pode alcançar resultados positivos, às vezes já aqui, porém, na maioria das vezes, no Além.
4 – Mas aquele que foge de Minhas provas leves e se transforma num fugitivo mau, este que se prepare para fazer as provas de Satã, que deseja saber se ele é bom nas maldades.
5 – Eu aceito cada um a cada momento em Minha escola. Mas aquele que não deseja ser mais que um tropeiro de mulas, um peão de obras ou um porqueiro (*), e fica feliz no lixo e nos detritos, em verdade a este não incomodaremos nesta sua felicidade e neste seu trabalho.
6 – Vós, porém - e isto podeis aceitar de fato - estais na Minha universidade. Eu gostaria de fazer grandes coisas convosco. Por isto não vos deveis assustar, quando Eu vos aplicar algumas provas bem esquisitas aqui nessa Universidade.
7 – Eu trouxe aquela irmã (leprosa) para Meu lado e a despertei para a vida, enquanto retirei o peso imundo de seu corpo leproso. Por acaso desejais chamá-la de volta para isto?
8 – Porque estais tristes por Eu ter chamado vossa irmã para Meu lado? Por acaso pensais que lhe aconteceu algum mal? Ó vós de fé fraca! Achais por acaso que a perda da irmã afeta vosso coração? Qual nada! O que vos dói de fato é vossa fé, ainda tão pequena e vacilante.
9 – Pois quem de fato acredita, cuja fé é forte e firme, este estará cheio de gratidão por qualquer ato Meu, pois sabe bem demais que Eu, como Pai carinhoso, sempre faço o melhor.
10 – Crianças, Minhas queridas crianças, reconhecei de vez que Eu sou vosso Pai amoroso, sou aquele que em cada provação multiplica e eleva vossa vida milhares de vezes.
11 – Agradecei com todo vosso coração aquilo que Eu dei a vossa irmã de graça: a vida eterna. Além disto, Eu a trouxe diretamente para o reino de Meus filhos e de lá lhe mostro o caminho claro e brilhante que leva a Meu Amor Paternal.
12 – Ficai, pois, felizes, alegres e cheios de confiança, pois vossa irmã já está felicíssima em Meu Colo. Aqui na Terra ela e o seu homem teriam se perdido eternamente, em pouco mais de cinco meses. O porquê e o como, vós descobrireis com o tempo. Agora, porém, tudo está bem, e permanecerá assim pela eternidade. Por isto, louvai e exaltai sempre Meu Nome.
13 – Isto falo Eu, vosso verdadeiro Pai e Irmão. Amém.
(*) aquele que cuida da pocilga (a tradutora)
A época das trevas e as bestas do Apocalipse
Recebido por Jacob Lorber, em 07 de maio de 1841
Aqui é bom ler o Apocalipse, especialmente os capítulos 11, 12, 13 e 14, para melhor entender esta revelação (*).
... Foi-lhe dado também comunicar ao espírito a imagem da fera, de modo que esta imagem pusesse a falar e fizesse que fosse morto todo aquele que não se prostrasse diante dela. ... Conseguiu que todos - pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos - tivessem um sinal à sua mão direita ou na sua fronte, ... E que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da fera ou o número de seu nome. ... Eis aqui a sabedoria! Quem tiver inteligência calcule o número da fera, porque é número de um homem, e esse número é 666.
1 – Em Meu nome escreve, pois Eu já sei muito bem onde o sapato vos aperta.
2 – Coisas bem distantes vossos "olhos alongados" não alcançam e não podeis vê-las bem. Já objetos a uma distância média enxergais quando estão suficientemente perto, mas não vos oferecem nada de interessante.
3 – Estes versículos do Apocalipse estão ali, bem perto de vossas mãos, mas vós não os quereis apanhar. Sim, quanto mais fácil algo é, tanto mais obtusos vos tornais. Numa próxima vez, porém, perguntai por aquilo que vos parece mais fácil. Em verdade, ficareis bem mais humildes com o mesmo, muito mais do que com estes quatro versículos superficiais. Prestai atenção.
4 – Neste capítulo se fala em três feras: em primeiro lugar, o dragão principal; em segundo lugar, o animal que se eleva das águas do mar, com suas sete cabeças e com dez chifres; em terceiro lugar, um animal parecido com uma ovelha, mas portando dois chifres na cabeça.
5 – Quem é o dragão já deveis ter entendido, especialmente porque já vos falei tantas vezes deste Meu arqui-inimigo.
6 – Mas se desejardes conhecer o segundo animal, então observai com atenção o amor-próprio que está tão perto de vós e vós confirmareis todos os atributos que nele existem. Ele se eleva do "mar" de todos os desejos da cabeça e possui sete cabeças, uma para cada atributo divino. Em cada uma há "dez chifres", um para cada mandamento do amor ao próximo, pelos quais são contestados, por vossas cabeças ou pelas dos outros, os Dez Mandamentos de Moisés. Uma "cabeça ferida" é o roubo, o assalto, castigado em todos os lugares. Mas por acaso isto prejudica a fera? De jeito algum, pois esta "cabeça ferida" é totalmente curada por todas as leis políticas e de comércio do Estado. E é assim que vive o mundo todo sob tais leis, ele atua de acordo e faz a troca da ovelha e seus mandamentos todos os dias.
(*) Os versículos comentados são os 15 a 18 – cap. 13, mas quem nada leu, nem ao menos os capítulos recomendados, dificilmente entenderá a mensagem (a tradutora):
7 – A terceira fera se eleva da Terra. Ela parece uma "ovelha", porém tem "dois chifres". Por Deus, o que é isto? Eu vos digo: isto é o que mais próximo de vós está. É a indústria, a "fera da água" que é apoiada e chega mesmo a ser adorada pelo povo, a que - com os seus dois chifres - contesta e se opõe completamente aos dois mandamentos do Amor (amai a Deus sobre tudo e ao próximo como a ti mesmo) Para confirmardes isto, só deveis voltar vossos olhos para a Inglaterra e América.
8 – O quanto é fera esta indústria podeis ver nos maus tratos que sofrem as crianças nestes países industrializados. Crianças trabalham de pé por horas a fio, das cinco horas da manhã até às nove da noite, em condições subumanas, sem roupa, sem comida apropriada. Às vezes os pequeninos já começam a trabalhar na sua tenra infância, com oito a dez anos. Eles não recebem educação, ou somente aquela que esta escravatura lhes exige.
9 – Se conseguísseis observar esta fera industrial Comigo e por Meu intermédio, sei que clamaríeis: Pai, isto é o próprio dragão!
10 – Não se pratica toda a violência que a segunda fera produz e cuja ferida na cabeça foi curada? E quase todos os habitantes da Terra não adoraram e endeusam esta segunda fera cuja cabeça foi curada? Não se fala constantemente e com adoração dos reis, príncipes, industriais, sábios, cientistas, investidores e fundadores? Não lhes são erguidas estátuas no mundo todo? Ele não se lhes faz as maiores honrarias - que chegam ao endeusamento e que não permitem que Meus sinais se apresentem - como se estes homens e sua atividade fossem a própria religião e mesmo Deus devesse honrá-los? Não é um verdadeiro roubo do fogo do Céu roubar das pessoas sua verdadeira fé e - pior ainda - fazê-las crer que Eu estou por detrás de tamanho horror e que desejo por elas receber honrarias? Mas isto só durará por mais um curto tempo!
11 – Vede o engano dos habitantes da Terra! A figura do animal com o ferimento, a espada de toda a justiça política, tudo está completamente ativo. Os homens tiveram que exigir este animal com o seu sangue. E agora lá está ele, soberano. Ele fala, ele ordena, ele mata, ele é adorado por todos os vermes e bajuladores (chamados de "estudiosos" e jornalistas"). Por isto e ainda mais por influência de uma horda de agiotas, deve-se conseguir de tudo uma parte para, sem precisar trabalhar, conseguir lucros.
12 – Mas alguém que se atreva a não adorar este animal! Este logo saberá o que acontece com tal atrevido!
13 – Isto, porém, é o "espírito" (ou a "vida") na prisão da fera, onde a cobiça e o amor-próprio alcançaram o topo de todos os "importantes do mundo", e este topo é o número 666. O amor-próprio representa a centena 600, o fogo celestial roubado representa a dezena 60 e o amor ao próximo, finalmente, só 6 (significa a mais escandalosa e absoluta escravatura). Em vez de se dar para um cento, exige-se de um o que cabe a um cento.
14 – Vede e entendei a designação da "mão direita" e da "fronte", tal como dos grandes e dos pequenos, ricos e pobres, livres e servos! Não é o próprio “desejo de poder”, tanto seja pela força, como pela imposição de relações internacionais. Dizei-Me se a isto alguém pode sobreviver? Sem este sinal, de que serve o homem para os homens? Se alguém tiver uma filha, será que a dará para um destes "não-sinalizados"? E será que alguém sem esta marca dada por esta fera, ou sem uma função por ela dada, ainda pode esperar alguma felicidade material?
15 – Vós todos sois "sinalizados ou marcados", somente se exclui Meu servo Jacob Lorber, o qual, com muito esforço, ainda consigo manter sem marca. Mas se Eu permitisse que ele cortejasse uma de vossas filhas, vós o olharíeis com bastante desconfiança e gentilmente o desaconselhariam a continuar com sua corte, pois ele não é adequado, ele não é um "marcado".
16 – Mas vede, se vós assim atuais com alguém que Eu mandei como vossa Luz nas trevas da noite em que vos encontráveis, o que faríeis se um "não-marcado" completamente comum se aproximasse de vossas filhas com intenção de cortejá-la? Eu afirmo: Vós preferiríeis emparedá-las vivas a consentir tal união.
17 – Eu creio que agora este "estar marcado" (ou “estar com o sinal”) já vos é bem compreensível. Quem então pode comprar ou vender sem esta "marca"?
18 – Mas os quarenta e dois meses estão quase no fim, já que os mandamentos do amor ao próximo foram usados sobre o amor-próprio cinco a sete vezes! Eu vos aconselho: Tratai de apagar a "marca" com o fogo de Meu Amor e então alcançareis a verdadeira vida interna.
19 – Por isto é tão difícil conseguir chegar a Mim, pois a "marca" expulsa todos para o Mundo para o material e externo. Deixai que com o fogo de Meu Amor Eu vos reconquiste e vos afaste do mundo, da fera, e só assim tereis a vida agora e sempre.
20 – Isto fala o Santo, o Grande, o Primeiro e o Último. Amém. Amém. Amém.
Deus e o Mundo
Recebido por Jacob Lorber, em 10 de maio de 1841
João 6-7 – "O mundo não pode vos odiar, mas a Mim ele odeia, pois Eu testemunho contra ele que suas obras são más".
1 – Ouve tu, Meu querido filho, a quem Eu amo! Neste versículo de João, Meu discípulo querido, está uma grande verdade: Todos aqueles que não são do mundo não se encontram em boas graças com o mesmo, pois eles não encontram nada de agradável nas suas obras orgulhosas e más.
2 – A vós o mundo não odiará como odeia a Mim, quem sempre testemunhou contra suas obras. Mas sede felizes, quando o mundo vos despreza! Pois quem é desprezado por Minha causa, este pode estar certo que Eu não estou longe dele.
3 – Vede, o mundo se assemelha a um urubu, ou um cão trufeiro. Os dois animais descobrem vida onde ninguém pensa que existe. O cão persegue a caça e o urubu localiza um cadáver a quilômetros de distância.
4 – Os cães de caça trufeiros não procuram a planta, mas sim o assado que nela se esconde (eles recebem um pedaço assado de caça, como prêmio pelo seu trabalho). Eles escavam com afinco junto à planta, para que o assado não lhes escape. Mas se o esforço para achar as trufas não lhes dá o tal assado prometido, então os cães já nem as buscam mais, pois as plantas nada valem e se tornam um objeto desprezível!
5 – Vede, tais "carnívoros" de fato não são trufeiros, pois as plantas jamais foram o objeto que procuravam, mas sim o assado. Se um destes “carnívoros” vos desprezar e se afastar de vós, considera que Eu, o mais odiado pelo mundo, plantei em vós a "trufa do amor", mas não lá coloquei o churrasco do mundo. Por isto deixai estes "caçadores de churrasco" de lado e não os temais, pois eles não querem nada com a trufa, somente com a carne assada.
6 – Os urubus se reúnem, quando descobrem um cadáver. Vede, Eu sou um cadáver em decomposição para o mundo. Pois ele Me evita e Me odeia com mais força que a um cadáver. Existem muitas aves no mundo, mas muito poucos urubus. Mas não basta vos precipitardes sobre o "cadáver da vida" feito gralhas e urubus. Deveis vos tornar uma "águia", um “urubu-rei”, se desejardes receber vida de Deus. Vede, aquele que não é renascido, este não entrará para a vida. Para o mundo o cadáver tem um mau cheiro extremo, mas isto não acontece com o urubu, pois para ele é um manjar maravilhoso.
7 – O “cadáver” é o mais fiel espelho do mundo e mostra ao mesmo a sua verdadeira figura. E o mundo o odeia por isto, pois é um espelho de suas obras maldosas. Mas as "águias" não odeiam o claro brilho da podridão e do "cadáver".
8 – Como Eu sou um "cadáver decomposto" para o mundo, este também será no Além um "cadáver decomposto" para Mim e para todos os Meus anjos, eternamente.
9 – Em verdade, se vós desejardes viver, então deveis ser por Mim "decompostos", “levados ao apodrecimento”, e o mundo deverá vos evitar como evita a peste. Por causa de Meu Nome, ele deve colocar cordões de isolamento à vossa volta, para evitar vosso hálito. Se virdes isto acontecer, alegrai-vos, pois com certeza já fostes contagiados pela "peste da vida eterna". Se não fosse assim, o mundo reconheceria em vós um semelhante seu. Mas já que não sois como o mundo, mas sim vos tornastes Meus amados filhos, então cada vez tereis menos a ver com o mundo, e ele vos odiará cada vez mais.
10 – Se ele tivesse uma mínima ideia do que acontece lá, bem escondidinho dentro de vós, e ainda por cima causado por Mim, ele fugiria de vossa presença como se fosses a peste em pessoa.
11 – O mundo não vos odeia tanto por isto: ele não sabe de fato o que existe em vós. Mas a Mim ele odeia ao máximo, pois ele sabe muito bem o que existe em Mim. Eu sou o espelho cruel que lhe mostra exatamente sua imagem verdadeira: cruel e má.
12 – Vede, pois, o que Eu hoje trago para vós: um "cadáver" fedorento e odioso! E vos convido a comer junto com as águias e urubus-rei; sim, vós mesmos, vos convido a vos tornardes "cadáveres apodrecidos". Sim, Eu vos tornarei uma "peste" para o mundo e ante o mundo.
13 – Mas não vos importeis muito! Vede, Eu mesmo sou a maior e pior "peste" para o mundo. Não temais esta Minha "peste”, pois ela é a eterna vida. Sede alegres, porque fostes contagiados pela Minha “peste”. Nela vivereis a tenra vida de Meu Amor para sempre.
14 – Pois Eu sou o "cadáver” da vida e esta "peste" é Meu Amor eternamente. Amém. Isto falo Eu, a quem o mundo todo odeia, pois Eu testemunho contra ele (o mundo) eternamente. Amém.
Ouvi, olhai e aprendei
Recebido por Jacob Lorber, em 15 de maio de 1841
1 – Meus queridos filhos, se vós desejais Me seguir, então segui-Me totalmente.
2 – Não deveis ter vontade de excursionar nos “vales profundos, gargantas e abismos”, estes que com frequência estão cheios de animais nocivos, de ar impuro e não raramente cheios de sentimentos de ódio, de brigas, de roubalheira de todos os tipos, de maldições entre vizinhos; mas sim ide Comigo aos “montes e montanhas”. Lá sempre recebereis uma prédica da montanha, uma visão, uma transfiguração, um alimento de muito valor, uma purificação ou então uma vitória sobre uma tentação bem forte, um despertar da morte espiritual, e muitas outras coisas que ainda não posso vos dizer.
3 – Sim, levai para lá também vossas crianças e logo vereis nelas as bênçãos das montanhas. E quem estiver com o corpo enfraquecido, este não deve temer as montanhas abençoadas, pois seus cumes estão envoltos por fluidos dos espíritos da vida. Sim, tende certeza que nos cumes das montanhas e nas suas encostas há milhares destes espíritos que enfeitam felizes os cumes, sendo estes perfumados com as flores douradas do eterno amor.
4 – Examinai os habitantes atuais das montanhas e vede se eles não envergonham os mesquinhos moradores dos vales, dos vilarejos, das feiras e das cidades. A hospitalidade cristã só se encontra ainda sem adulteração entre os habitantes das montanhas. Uma coabitação pacifica não mora nas cidades das profundezas, dos vales e das gargantas. Só nas montanhas deveis procurá-la, lá ela está em casa. O mesmo acontece entre os animais, entre as plantas e, com muita frequência, também entre os homens.
5 – Se dois inimigos se encontram no cume de uma montanha, não raramente retornam de lá amigos.
6 – É só olhar os primeiros habitantes da Terra. Eles moravam nas alturas das montanhas do Monte Sinai. Eu dei a Moises as Santas Tábuas dos Mandamentos. Nestas tábuas gravei com sinais dourados os ensinamentos aos habitantes dos inúmeros vales (vales nos quais eles se encontravam enterrados). Não é necessário falar mais sobre estas montanhas sagradas, como também da escola dos visionários e dos profetas que falavam da eterna Palavra que Eu lhes dizia.
7 – Ide, pois, com mais frequência para as montanhas e lá permanecei cheios de alegria e paz. Lá obtereis sempre a santa bênção do divino Pai.
8 – O Kulm (uma montanha na proximidade de Graz, cidade onde morava Jacob Lorber), ao qual eu já me referi anteriormente e que Eu vos aconselho visitar, dará a todos aqueles que por Mim escalarem seu cume verdejante o mesmo que Pedro, Jacó e Meu amado João receberam no monte Tabor. Mas observai bem: Eu não digo “devei” nem “tende que”. Aquele que quiser e puder que Me siga, a Mim, Seu Mestre e Pai, e logo aprenderá por que Eu dei a prédica para o povo do topo de uma montanha (*). Não vos imponho um prazo, mas quanto antes fordes tanto melhor. Amém.
9 – Isto falo Eu, Pai plenamente santo e cheio de Amor por vós. Ouvi isto bem! Amém. Amém. Amém.
(*) aqui o Pai se refere ao “Sermão da Montanha” (a tradutora)
A montanha Kulm
Recebido por Jacob Lorber, em 22 de maio de 1841
O grupo de Jacob Lorber resolveu ir à montanha no dia 19 de maio, e o Senhor deu a seguinte mensagem para o grupo:
1 – Foi a primeira vez que decidistes ir a uma montanha em Meu Nome. Em primeiro lugar, ide sempre pelo caminho mais curto (o grupo tinha chegado lá após várias etapas e só alcançou a montanha às 7:30 da noite ); em segundo lugar, preparai-vos para lá permanecer por no mínimo três horas.
2 – Pois para observar um milagre material, a mente deve ficar por um bom período em calma, fitando tudo e alimentando-se desta visão até a total satisfação, o que a levará a um estado parecido com a hipnose.
3 – Se neste momento vos dirigis a Mim cheios de amor espiritual e na mais sincera verdade, só então Eu posso conectar a visão interna da alma com a visão do espírito. Esta visão interna dupla então influencia a visão dos olhos materiais. Daí podereis ver coisas da natureza desde um ponto de vista totalmente novo e sob uma luz bem diferente, inclusive ver coisas espirituais misturadas às naturais.
4 – Quando tomais algum alimento para o estômago, então permaneceis em descanso por um certo período de tempo após a refeição, pois isto é necessário para a digestão. Por acaso achais que este descanso só serve para o estômago?
5 – Eu vos afirmo que precisais muito mais deste descanso, se o estômago de vosso espírito exagerou um pouco na comida. Pois se este descanso após a refeição espiritual não acontecer, então a digestão espiritual terá problemas. Toda refeição deve ser sempre digerida totalmente, antes que a matéria vital que dela se obtém comece a atuar e se eleve para alimentar uma vida superior.
6 – Pois cada alimento nutre em primeiro lugar as potências mais inferiores da vida. Após estas satisfeitas, o alimento será refinado, para servir a uma potência de vida mais elevada. Tal processo continua, até ser alcançada a mais elevada esfera da autoconsciência e finalmente chegar-se ao total conhecimento e autodescobrimento.
7 – Imaginai se, ao chegardes a um compartimento espiritual bem elevado, engolísseis todo o alimento desesperadamente e sem nenhuma consideração ou cuidado; se logo após esta rápida comilança, corrêsseis para outros lugares, como se fosseis ladrões... Daí questionais a vós mesmos: Onde fica a digestão e a elevação do alimento refinado?
8 – Por isto, digo novamente: Na próxima vez, organizai-vos de uma maneira melhor, e isto por causa de vossa fé tão fraca, pois sei que em cada um de vós existe um "Tomás". Enquanto não houver nada a ver ou a tocar, em verdade vós todos ainda sois "meio-crentes" e, consequentemente, só tendes meio amor e meia confiança. Mas se alguém colocar uma venda sobre vossos olhos ou então vos afastardes do local onde Eu vos preparei uma visão, então não sou Eu o culpado por não terdes visto ou sentido nada.
9 – Mas para que vós consigais chegar a uma visão interna pela Palavra, Eu, por Minha enorme Misericórdia e Meu infinito Amor, vos mostrarei no fim desta mensagem, o que deixastes de ver ou sentir na devida ordem. Mas antes disto vos deve ser explicada a natureza desta montanha, como também a vista que dela se vê e a formação atmosférica que a envolve.
10 – Com respeito à montanha em si, ela tem a mesma origem das outras que vos apresentei ano passado. As rochas têm a mesma formação de camadas de pedra, tal como as duas anteriores. Sua inclinação é de sudoeste para noroeste. Então a formação de cima das rochas veio da solidificação dos resíduos das contínuas ondas de enchentes do mar e se apoia na elevação que existe no fundo do mar.
11 – Tereis visto duas ramificações do Kulm - uma ao sul e a outra ao norte - acompanhados por um "muro" de pequenas elevações. As duas maiores têm a mesma origem da montanha, mas as menores são de aluviões. O mesmo acontece com as montanhas que ficam na proximidade: todas são originárias de aluviões, movimentações de rochas, acúmulos de areia que o mar deslocara.
12 – Vede, este é a origem primária destas montanhas. Podeis encontrar nelas pequenas formações de quartzo. Sua cor não é branca, mas sim avermelhada. Este quartzo não tem a mesma origem do quartzo branco do monte Lhor, mas se origina no período de Noé. Como já vos foi dito anteriormente, o dilúvio - que cobriu três quartos da Ásia, Europa e norte da África - foi precedido por uma violenta erupção de fogo (setenta e sete anos antes) na Europa e Ásia Oriental.
13 – Que se originaram grandes lagos subterrâneos nestas câmaras de quartzo nem é preciso dizer. Estes quartzos também ocorrem na superfície por meio de certas formações de lama, o que podeis observar na quantidade de pedrinhas cristalinas que existem nos rios.
14 – Tomai um destes pedregulhos redondos, pesai-o bem e medi-o também. Depois colocai o mesmo num poço ou num laguinho de vosso jardim e deixai-o lá por mais dois anos. Ao fim deste tempo pesai-o e medi-o novamente. Vereis que seu peso aumentou, como também seu tamanho. Se num período de tempo tão curto já houve uma diferença no quartzo, imaginai o que acontece nestas cavernas de água após milhares de anos atuando sobre as rochas.
15 – Quando então o fogo eclode de profundezas ainda maiores e na sua trajetória, rápida feito um relâmpago, destrói todos estes lagos subterrâneos mais a crosta terrestre de vários milhares de toesas, joga tudo vindo das profundezas às vezes sobre montanhas já formadas (como é o caso do Kulm) ou sobre vales. Assim torna a acontecer na próxima erupção e fica explicada a razão do subsolo tão irregular que aqui encontramos.
16 – Se tivésseis dado um pouco de atenção ao desenho dos vales, teríeis visto muito facilmente que eles se estendem em direção ao sudoeste, o que nada mais indica a direção das correntes de água que existiam aqui nos Alpes e nos Carpatos da Hungria, bem maiores que o mar Adriático de hoje.
17 – Estas águas começaram a se perder cada vez mais e geraram vários rios, tantos quantos vales existem aqui hoje. Com o passar do tempo, ficaram tão pequenos como os riachos e lagos esparsos dos vales, que hoje devem se unir em mais de mil afluentes para formar um rio importante.
18 – Da próxima vez que subirdes uma montanha qualquer, deveis despertar em vós mesmos a fantasia e comparar o passado com o que vedes no presente. Isto, claro, só pode ser feito se permitirdes despertar o sentimento, assim tereis o alicerce para abrirdes vossa verdadeira visão interna.
19 – Nela reconhecereis Minha Obra, admirareis Minha arte na construção e vos aproximareis de Mim em vossos sentimentos, cada vez mais alertas e despertos.
20 – Mas se nada mais tendes que fazer nestas alturas além de olhar embasbacados as rochas e madeiras cobertas por cal, seria bem melhor que ficásseis em casa, para não cansardes vossos olhos de tanto observar montes de pedras. Estes para muitos são a alegria dos olhos, especialmente se foram transformados em construções pomposas e cheias de "arte", ou nas coisas dos senhores da terra por Mim tão repugnados, pois estes - além de serem mundanos e preguiçosos - ainda acrescentaram para si dois predicados: o de vampiros e o de sanguessugas. Com eles os senhores se apoderam de tudo que seus posseiros têm: seu sangue, sua família e suas parcas posses.
21 – Todo monarca tem o direito de pedir impostos aos seus súditos, para poder governar, dar segurança, saúde, educação, etc. ao país que representa; mas é o cúmulo que um tal chamado "senhor da comarca" ainda venha extorquir mais dinheiro do pobre agricultor ou diarista. Eu vos digo: Para Mim isto é um verdadeiro horror! E se um destes donos da terra não se redimir com fartos benefícios para os seus dependentes, ele terá que pagar uma conta bem elevada e terá que prestar conta até do último centavo que usou. Ai dos que desperdiçaram esta renda em paixões mundanas! Em verdade Eu os enterrarei sob a argamassa de seus castelos! Eles lá permanecerão até que desapareça a última pedrinha que faça lembrar aquele local onde habitavam e prejudicavam os que lhes foram entregues por Mim para serem cuidados e protegidos.
22 – Vede, é por isto que deveis olhar estes últimos pedaços de castelos. Por fim, sentai-vos para descansar e digerir tudo o que vistes no cume da montanha. Pois se observastes as coisas segundo a ordem que Eu sugeri, tereis vos alimentado bem na Minha Mesa e podereis usufruir de uma digestão muito positiva.
23 – Se tiverdes binóculos convosco, usai-os segundo a ordem sugerida. E se começardes a observar as construções, então olhai as casas dos posseiros e as cabanas dos diaristas. Eu vos afirmo que olhar estas casas humildes será bem melhor para despertar com mais força vossa imaginação, do que uma cidade em ruínas, ou um castelo quase que totalmente caído, ou então um campanário insignificante junto a alguma igreja feita de pedras, telhas e argamassa!
24 – Não é cada planta e cada árvore um templo muito melhor e mais vivo - pelo qual se manifesta Meu Poder, Minha Força e Meu Amor com total exuberância - do que estes templos artificiais? Estou certo que elas possuem o Meu Espírito e é por isto que devem ser bem observadas como exemplo vivo de Meu Amor e Misericórdia, e só depois olhai para aqueles com elevados campanários.
25 – Pois nestes altos campanários Eu tenho que, de uma certa forma como prisioneiro do Tabernáculo, aguardar a hora de um sacerdote (motivado pela sua disciplina ou pelas moedas em sua bolsa) Me exibir - a Mim - ao pobre povo, que muitas nem tem fé. Pois assim sou exposto aos murmúrios, às ladainhas e às suas bênçãos dos sacerdotes, acompanhados por sons metálicos e o berreiro do coro, e depois tenho que deixar que Me encarcerem de novo.
26 – Que isto é a mais rude tolice, levando-os a futuros vícios de brilho e poder, já podeis ver sem binóculos, ao lerdes Meus Evangelhos e os primeiros encontros dos cristãos comandados por Meus Apóstolos e seus verdadeiros seguidores, persistindo assim por várias centenas de anos.
27 – Onde Eu Me envolvo com algo material, esta matéria se torna viva. Pois com a morte o Vivo, conquistador e vencedor da mesma, nada tem a haver. Quem Me procurar no pão, este creia que Eu coloquei o pão e o vinho como eterno monumento, para atestar Minha vinda a Terra como homem. Mas o pão e o vinho têm que ser o que eles realmente são; não devem ser endeusados, escondidos ou aprisionados no metal morto, mas sim devem ser aprisionados na fé e no verdadeiro amor.
28 – O pão também deve ser um pão de verdade, um pão que serve para satisfazer nossa fome; o vinho deve ser um vinho puro em si, para fortalecer a força da vida e acabar com a sede. Assim, a fé deve ser como o pão e o amor como o vinho.
29 – Mas a fé não é a que existe nestas igrejas de pedra, nem é como a tal hóstia. Esta contém somente o formato do pão, mas a sua potência vital é nula e o amor nem existe, pois o vinho nem é vinho, ou então é um vinho que, por razões financeiras, é aguado e fraco.
30 – Não são necessárias mais explicações, pois com as que foram dadas já podeis concluir se uma árvore cheia de flores não é mais útil para o espírito do que um templo com pouca fé e sem amor.
31 – Bem, agora já vos alertei sobre muitas coisas úteis para esta viajem e para as futuras. Então, como foi prometido, Eu vos mostrarei aquilo que deveríeis ter experimentado vós mesmos, se não estivésseis tão preocupados em retornar à vossa hospedaria.
32 – Se vos encontrais em qualquer lugar em Meu Nome, então estareis extremamente errados se vos preocupardes sobre algo, tal como a saúde do corpo ou outro tipo qualquer de perigo. Pois onde Eu sou vosso guia, estareis tão protegidos na mais tenebrosa noite, como em um dia claro e ensolarado. Tanto faz se estiverdes deitados, sentados, em pé, ou caminhando. Ou podeis provar que em alguma de vossas viagens em Meu Nome algum mal vos aconteceu, por mínimo que fosse?
33 – Que vos afastastes do caminho mais curto nesta viajem, não teve outro motivo que um "testemunho mundano" (*). Nisto podereis constatar que muitas vezes o homem escolhe o caminho mais longo não por má vontade, mas sim por seguir mapas pré-estabelecidos, tentando alcançar sua meta sem considerar que também para o espírito a linha reta é o caminho mais curto.
(*) talvez tenha sido um desvio para visitar uma igreja – a tradutora
34 – Pois Comigo não existem "cargos elevados" nem "igrejas de domingo"(*), em que deveis passar antes de aqui vir Me visitar. E na Minha imensa administração governamental, Eu sou a última e a primeira instância. Isto vós não vistes, só tivestes uma mínima intuição.
35 – No cume da montanha, onde se encontra uma humilde capelinha, vós sentistes uma brisa fresca que vinha da região do amanhecer. Nesta brisa Eu vos abençoei, vos coloquei num sentimento de felicidade e calma, e vos dei um tonificante para vossos membros cansados. Um certo sussurro que os cumes das árvores pequeninas causaram vos deu uma mensagem não desprezível, com a qual poderíeis ter dito: "Numa brisa sagrada que veio do amanhecer, o Senhor Me tocou".
36 – Se vós tivésseis permanecido lá após a sétima hora da tarde, se tivésseis dirigido vosso coração e vossos olhos para Mim, vós teríeis assistido a ressurreição dos mortos naquele pequeno cemitério da paróquia onde permanecestes. Eu permiti que Jacob Lorber, Meu servo, a visse por um minuto, mas lhe impus silêncio. O que ele viu ele poderá vos dizer mais tarde, se for esta sua vontade.
37 – Só nos resta explicar o nevoeiro que aconteceu ao anoitecer. O "anoitecer" é a esfera mundana dos homens. Quando o homem se aproxima do "amanhecer" e começa a esclarecer o mesmo cada vez mais, então é necessário ocultar o “anoitecer" deste viajante (em geral ainda muito ligado ao "anoitecer"). Só assim seus olhos não enxergam as tentações "noturnas", que poderão afastá-lo do "eterno amanhecer vital". Vede, esta foi a razão por que a noite foi tão nevoenta. Serviu também para vos ensinar que quando alguém se aproxima da "manhã" (pode até ser um pouco vacilante e ainda com pouca fé), este não mais deve dirigir seus olhares para o mundo ("anoitecer") cheio de névoas, mas sim para a "Manhã da Vida". Nada mais de mundanismo, mas sim tudo ao que é do Meu Amor e do Meu Espírito.
38 – No dia seguinte observastes tudo na maior claridade, não havia nenhuma névoa. Isto é para vos dizer que somente na calma, na celebração íntima, é que a "digestão" de Meu alimento sai da névoa e das trevas e é vista na claridade mais pura e brilhante. Assim, iniciastes uma manhã espiritual cheia de luz para uma vida nova.
39 – Guardai bem esta figura em vossos corações! Andai rápidos e em linha reta, mas não vos esqueçais da parada calma para a "digestão". Assim tereis dentro de vós a luz de uma "nova manhã", como também vosso "anoitecer" estará purificado e tão luminoso, como é vossa fé e vosso desprendimento da vida mundana.
40 – Transformai as montanhas em vossas amigas, e os vales servirão para observar a humildade. Fazei de Mim vosso guia pelos vales, para subirdes as montanhas da paz e da calma interior. Assim agora, sempre, por toda eternidade, reconhecereis que só Eu, vosso Pai, sou o verdadeiro caminho, a luz e a vida eterna. Amém.
41 – Isto falo Eu, o melhor dos guias. Amém.
(*) aqui existe um jogo de palavras: Sonnabendel Kirche = igreja de domingo, que no popular pode ser "Sinabel Kirchen" = vilarejo para o qual se desviaram antes de ir à montanha.
Almas do cemitério
Recebido por Jacob Lorber, em 25 de maio de 1841
Visão de Jacob Lorber, como complemento da mensagem anterior.
1 – No momento em que aparecia no céu a primeira estrela, enquanto iniciáveis a viajem de volta, quando conseguíeis ver o cemitério em cuja parte alta se encontra uma capela inacabada, neste instante a visão da alma do servo foi aberta por alguns minutos, para que ele pudesse ver lá onde os mortos de decompõem e os imortais começam a ressuscitar lentamente.
2 – Como foi que o servo viu esta aparição? Para que consigais ter uma ideia desta visão, imaginai um copo cheio de água, no qual estão algumas migalhas de açúcar. Vede que deste açúcar se elevam pequenas bolhas, as quais também levantam partículas de açúcar. Algumas partículas se diluem no caminho e deixam atrás de si uma cauda, como uma estrela cadente. As que não se diluem, logo que as bolhas chegam à superfície se separam das mesmas e caem para o fundo do copo novamente. Lá as partículas se diluem bem mais lentamente. Frequentemente se ligam a outras bolhas e iniciam com as mesmas novas "ressurreições".
3 – É assim que deveis imaginar as almas cujos corações estão muito ligados aos assuntos do mundo. Estas ainda se encontram fortemente unidas à Terra material e, com toda certeza, ao local onde seu corpo está em decomposição. Muitas lá ficam até que a última partícula do corpo se decomponha, flutuando sobre os sepulcros.
4 – Já que a alma, mesmo após a morte material, fica unida ao seu espírito livre - cujo corpo ela é de fato - então não se impõem nenhuma força sobre sua vontade livre, pois o livre arbítrio deve ser respeitado em todos os momentos. Só o que acontece é que ela recebe ensinamentos em períodos diversos, mas sempre pode fazer o que deseja, tal como lhe acontecia quando estava encarnada na Terra.
5 – O motivo principal de certas almas permanecerem nos cemitérios é o falso ensinamento da ressurreição da carne. Cada alma é continuamente alertada que o corpo falecido nada mais lhe deve importar, que dele nada mais se deve esperar por eternidades e que por isto o corpo não mais deve ter qualquer importância para a alma. Ela é ainda orientada que o corpo é como uma roupa imunda, totalmente rasgada e podre. Dele não se conseguirá jamais fazer um casaco novo.
6 – Estes ensinamentos servem a estas criaturas tanto quanto tentar convencer um monge de que consigo e desejo administrar Minha igreja sem nenhum clérigo mandante; ou convencê-lo que sua batina não é nada melhor que a jaqueta de um operário; ou fazê-lo entender que sua "relíquia" não tem em absoluto valor algum, que vale menos que um monte de esterco, pois este ainda serve para fertilizar o solo; ou fazê-lo aceitar que uma oração sincera, honesta e originada num coração que Me ama vale muitíssimo mais que dez mil daquelas muito bem pagas por crentes e lidas em altares considerados privilegiados.
7 – Ainda mais este tal monge vos trataria como os judeus Me trataram quando frente ao sacerdote Caifas. Consideraram-me um traidor do povo judaico e acharam que Eu estava atuando juntamente com o demônio. Isto também acontece aos professores enviados pelo Céu, ao tentarem converter tais almas e convencê-las que a carne de seu corpo não ressuscitará jamais, por toda eternidade.
8 – Se os recém-desencarnados ouvem tais ensinamentos, eles se escandalizam e ficam bastante tristes, porque no futuro não mais lhes será permitido retornar a seus corpos purificados. Esta é a razão por que também no mundo espiritual a melhor educação é a adquirida por experiência própria.
9 – Mas quando estas criaturas se dão conta que nada acontece com suas expectativas, ou por terem uma fé errada ou por terem recebido ensinamentos enganosos, então exigem que os professores sejam afastados e que elas sejam levadas diretamente para o "paraíso".
10 – De fato isto lhes é outorgado. Mas ao chegarem ao "paraíso", elas não o reconhecem como tal, pois difere totalmente daquele que lhes foi apresentado nos falsos ensinamentos.
11 – Pois lá encontram pessoas que trabalham como na Terra, e a razão disto é que a alegria no Céu não é nada mais do que praticar a uma caridade após outra, para contentamento próprio e dos irmãos. Quando os seres mundanos veem isto, começam a se queixar do "paraíso" dizendo:
12 – "Isto sim é um lindo paraíso, um lugar onde eu tenho que trabalhar de novo! Isto eu tive que fazer na Terra, para meu desespero e desgosto, e só o fiz por causa do "paraíso"! Mas agora que cheguei nele, eu deverei trabalhar como na Terra e ainda mais, por toda a eternidade... Acho que é muito mais inteligente eu voltar logo para a Terra. Aguardo no meu sepulcro pelo dia do Juízo final, pois está escrito, e a igreja católica romana assim me ensinou!".
13 – E logo estes seres retornam a Terra. Mas ao chegar ao seu local de origem, eles são interrogados pelos que lá se encontram sobre o que São Pedro lhes disse, se ele os recebeu bem, ou se tiveram de aguardar a vez numa fila de espera, até que São Pedro se dignasse a deixá-los entrar.
14 – Assim, permitem que lhes façam bastante perguntas, antes de se dignarem a responder, geralmente respostas bem malcriadas. Eles dizem, por exemplo: "O paraíso não é nada mais que um sítio"; ou então: "O paraíso não passa de uma economia de servos"; ou ainda: "A alegria celestial consta que devemos trabalhar como servos humildes", e muitas outras explicações semelhantes.
15 – Mas estas explicações, como é de se esperar, não recebem crédito dos que ainda não estiveram no tal "paraíso" e lá ainda desejam entrar.
16 – Aqueles que desejam isto, são levados pelos professores (espíritos protetores) e esclarecidos sobre a verdade do Céu. O Céu Verdadeiro lhes é mostrado, o céu que se origina neles próprios e que de jeito algum podem "entrar". Mas este céu se realiza por eles e será cada vez melhor, dependendo da vontade sincera de cada um. Quanto mais humildes e pequenos, maiores as oportunidades de servir ao próximo cada vez mais.
17 – Quando tal ensinamento cria raízes neles e começam a sentir com mais e mais força o desejo de servir ao outro e só lhe fazer o bem, então os professores os esclarecem e os descobrem de tal maneira, que eles conseguem se observar, enxergar totalmente e examinar sua decisão celestial com muita clareza.
18 – Se eles de fato confirmam seus desejos sinceros de buscar o céu interior, deixando para trás tudo o que aprenderam ou imaginaram do mundo, então estes desejos celestiais maravilhosamente se realizam em todas as direções e ali começa a se formar o caminho que os levará para o "Céu Verdadeiro".
19 – E cada céu pessoal se une ao céu onde moram os espíritos divinos, como o amor que se une a outro amor, da mesma maneira que uma verdadeira fé se une a um amor bom.
20 – Vede, o servo também viu algumas almas se elevarem em voos rápidos e logo a seguir caírem de volta. Este espetáculo era muito parecido com fogos de artifício, que também se elevam luminosos, mas lá no alto se apagam totalmente (ou só pela metade) e logo caem escuros no solo. Só que suas luzes não brilham tanto como os fogos de artifício, são como nuvenzinhas fracamente iluminadas pela Lua.
21 – Mas não acheis que o servo viu formas humanas, pois isto só é possível para os olhos do espírito. Ele só viu um jogo de subir e cair luminoso, vindo de alegres grupinhos de nuvens. E isto vós também teríeis visto, se tivésseis permanecido por mais tempo no topo da montanha.
Das assombrações, heróis e atos de caridade
Recebido por Jacob Lorber, 25 em de maio de 1841 - continuação
1 – Vós estareis a dizer: "Estas são aparições do cemitério, mesmo que espiritualmente não tenham nada de extraordinário e grandioso!" É verdade que muitas vezes aparições espirituais não têm grande coisa de extraordinário para os olhos que as veem. Mas é assim com as assombrações: quanto maior elas são (em valor espiritual), tanto mais insignificantes elas se apresentam ao mundo material. Quanto mais espalhafatosa uma aparição se apresenta no mundo material, tanto menos importante ela é espiritualmente.
2 – Tereis ouvido falar ou lido que em algumas mansões antigas existem com bastante frequência as assim chamadas "aparições ou assombrações", e muitas regiões ou países são famosos pelas mesmas. E se vós tivésseis a oportunidade de ver este tipo de "assombrarão noturna", com certeza exclamaríeis: "Puxa, isto é algo bem extraordinário!". E se vós, como também muitas outras pessoas, vísseis como tais fantasmas noturnos jogam pedras ou outros objetos, ou as transportam de um lugar para outro, vós não conseguiríeis digerir estes acontecimentos por toda vossa vida, devido ao seu caráter extraordinário.
3 – Mas se Eu abrisse vossos olhos espirituais nesta ocasião, vosso julgamento sobre o assunto seria bem diferente, seria como ver meninos na rua fazendo gaiatices e brincadeiras peculiares.
4 – O acasalamento de dois mosquitos, ao qual não dais a mínima importância, tem muito mais valor do que estas assombrações em castelos e ruínas.
5 – O mesmo acontece com os "feitos" das pessoas. Existem "heróis" que há milhares de anos realizaram os mais mirabolantes feitos (sendo estes cantados até os dias atuais) e milhares de escritores que os perpetuam em livros e mais livros, para serem sempre lembrados e relembrados. Mas em verdade, Eu vos afirmo: Quando no futuro Minha biblioteca se abrir para vós, decerto que nenhum destes "feitos e heróis" lá estarão. Mas sim, para grande surpresa vossa, encontrareis lá feitos que ninguém jamais ouviu falar, pois foram realizados bem escondidinhos, sem nenhum alarde, como uma ação originada no puro amor deve ser feita. Estes feitos sim lá serão cantados por toda a eternidade, serão lembrados constantemente e não cairão no esquecimento.
6 – Se por acaso um miserável ou uma criança solitária de vós se aproximasse, e vós lhe tivésseis dado uma ajuda, feito um agrado ou mesmo a recolhido ao vosso lar, esta ação já ultrapassaria todos estes feitos dos super-heróis, os que levaram milhares de pessoas para o sacrifício e morte, como se eles (os heróis) fossem iguais a Mim, senhores da vida e da morte, enquanto que na realidade eles são incapazes de ressuscitar uma pequena erva queimada pelo sol. E mesmo que o conseguissem, como isto seria insignificante contra aquele vosso feito, vosso feito tão pleno de amor e tão carinhoso: ter erguido um irmão Meu com vossa caridade. Isto sim é importante!
7 – No momento em que conseguirdes captar as reais grandezas entre estas batalhas - do ressuscitar de uma ervinha até o revitalizar de um irmão - a infinita diferença que entre elas existe em espírito, então certamente vos será bem claro por que em Minha Biblioteca os tais feitos heroicos mundanos nem existem; muito ao contrário, os atos de caridade - tão desprezados e insignificantes na Terra - têm grande importância em Meu Reino e causam um alvoroço maravilhoso por toda a eternidade.
8 – Com os atos de caridade que fazeis na Terra acontece o mesmo que com um nome gravado por alguém no tronco de uma árvore nova. À medida que a árvore cresce, o nome também cresce. E se a árvore conseguisse crescer até o infinito, o nome também assim cresceria, e cada letra seria uma placa onde poderiam ser gravados novos feitos, campo para apresentação de infinitas maravilhas.
9 – Por isto, Meus queridos amigos, onde fordes em Meu Nome e em tudo aquilo que observardes em Meu Nome, se de fato quiserdes perceber algo maravilhoso e importante, dirigi vossos olhos para coisas pequenas e feitos que vos parecem insignificantes.
10 – Em verdade, em vosso espírito descobrireis, sem nenhum esforço, o que é realmente importante: um sol central ou uma lágrima de uma criancinha. Em verdade, se tiverdes secado a lágrima da criancinha com um pedaço de pão, então tereis feito muito mais, do que se tivésseis criado um trilhão de sóis centrais e os mundos que os acompanham.
11 – Pois estes sóis e todos os seus mundos desaparecerão no futuro, mas das ações feitas por amor serão criados sóis e mundos indestrutíveis, que ocuparão o lugar dos primeiros. Estes mundos crescerão por todas as eternidades e neles vós observareis as maravilhas do "novo Céu" e da "nova Terra" que lá estarão. De fato já estão e são obras do mais puro Amor Eterno, da mesma maneira que os mundos atuais são obra da ira e de seu poder mortal.
12 – Praticai atos de amor para todos, sem diferença alguma. Ajudai como puderdes a todos os necessitados. Assim vossas obras serão perfeitas. Assim sereis vós e vossas obras iguais a Mim: totalmente perfeitos.
13 – Isto falo Eu, para Quem o pequeno e o insignificante tem mais valor que o grande e importante do mundo. Amém.
Amor divino e amor humano
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1841
Para uma jovem alma, no dia de seu nome
1 – Para ela - que tem um nome masculino e é filha de nossos irmãos aqui presentes - hoje, neste dia que quase nada significa, mas que para o mundo é o dia de seu nome. Escreve uma palavrinha Minha, para que ela reconheça a Voz que tanto lhe falou desde o berço. Por isto ela era tão chorona, pois chorava sempre que não conseguia ouvir a Minha Voz.
2 – Gabriela, por acaso estranhas Minha Voz paterna? Não Me amas mais tanto quanto Me amavas no berço?
3 – Minha Gabriela! Tu não devas Me esquecer! Não deves dirigir teus olhos, com mensagens de casamento, aos jovens que elegantemente passam por tua janela; um hoje, amanhã outro e depois de amanhã um terceiro. Mas sim tens que te dirigir constantemente a Mim, e que teu coração sempre se dirija a Mim. É só amares a um único, e este único sou Eu, teu santo e amado Pai.
4 – Com este único amor justo, tu viverás feliz no mundo como também na eternidade, pois te encontrarás no solo de Teu Pai.
5 – O amor humano, querida Gabriela, de nada serve, se ele não se origina de Meu Amor. Se assim for, ele é teu igual e é o teu próximo em teu coração. Mas se não for assim, vê nele um irmão desgarrado que ainda caminha entre o céu e o inferno e que dirige seus olhos mais para os abismos da noite eterna do que para Mim, o Pai que ele ainda desconhece totalmente.
6 – O amor justo e iluminado te levará à luz de onde tu te originas em espírito. Mas aquele que só olha os abismos levará teu olhar para o mesmo lugar dele. Quando as trevas do abismo destruírem sua visão e ele cair no abismo no próximo passo, esta sua queda fatalmente te levará junto. Então será muito difícil te encontrar novamente na escuridão do abismo e te libertar das cadeias onde um amor mundano mau teria amarrado teu frágil coração.
7 – Por isto, Minha querida Gabriela, só ama a Mim! Torna-te totalmente enamorada por Mim, tal como o foi Madalena. E que teu coração só siga aquele a quem Eu te apresentar, aquele que está pleno de Meu Amor. Aos outros todos respeita e ama, pois todos são Meus filhos.
8 – Com os pobres tem piedade, pelos desgarrados e caídos ora para Mim, teu bondoso Pai e Deus; assim serás Minha querida e feliz Gabriela, aqui e a Meu lado eternamente.
9 – Que estas palavras te sejam um consolo para o dia de teu santo. Mas quando retomares teu verdadeiro nome interno, pensa que Eu, teu Pai, sempre estou e estarei ao teu lado. Amém.
10 – Pensa em Mim, querida Gabriela! Eu, teu Pai, digo que tu és Minha querida Gabriela e serás eternamente. Amém. Amém. Amém.
Vida e Morte
Recebido por Jacob Lorber, em 06 de junho de 1841
1 – Na morte viverás e na vida morrerás. Assim a vida é na morte, como a morte é na vida.
2 – A morte é a vida, e quem não tiver a morte, este não possuirá a vida.
3 – A morte deve se apossar de tudo o que desejar, de tudo aquilo que quiser ou que tiver de viver.
4 – A vida chega pela morte, pois ela é a semente da vida.
5 – Quem ama o “viver”, então este que fuja da vida, pois só assim a manterá. Deves te render à morte, senão serás uma "semente não-plantada".
6 – Mas a morte verdadeiramente morta é o pecado. Amém.
Sugestões importantes para a educação dos filhos
Recebido por Jacob Lorber, entre 24 e 26 de junho de 1841
1 – Ao teu irmão que deseja saber o que fazer com um “vaso de porcelana” que sofreu uma rachadura, por ter sido exposto a um golpe. Devido a isto, o líquido nobre que existe no vaso (e que, como o vinho, nele deveria se apurar e purificar) está se esvaindo lentamente. Ele teme que com o tempo este líquido desapareça totalmente e só sobre no vaso o bagaço mundano.
2 – É bem difícil remendar um vaso deste tipo enquanto ainda houver algum líquido nele, pois este mantém a rachadura constantemente úmida, e assim a cola não funciona.
3 – Mas se observares o vaso se esvaziando por um certo tempo, verás seu conteúdo sempre um pouco mais baixo. Então toma o vaso e inclina-o de tal maneira que a rachadura fique no seco. Em seguida derrama a cola sobre a mesma, e em pouco tempo estará fechada. O líquido nobre que ainda existe no vaso não mais escorrerá e não se perderá completamente, mas sim será bem conservado, especialmente se sacares a rolha e encheres o vaso com muito amor filial. Logo a seguir coloca uma nova rolha, para vedá-lo totalmente com a rolha das obrigações filiais bem definidas ante Deus e ante a vontade dos pais.
4 – Mas observa bem: a jovem "pedra pontiaguda" deve ser afastada completamente, pois senão o vaso sempre correrá o perigo de nela novamente bater, ameaçando se romper totalmente com o passar do tempo. Sei que entendes o que quero dizer.
5 – Mas tua esposa tem muito pouco amor pelos filhos, e tu não podes estar sempre junto aos teus filhos devido ao teu trabalho. Porém, quando a "vinha nova" começa a crescer, ela procura algo em que se agarrar. Se não existem "moirões" para se envolver, ela se apodera da primeira árvore ao seu alcance. Mas quando estende suas ramificações, a "vinha" é bem débil e facilmente pode ser totalmente destruída.
6 – Como tua esposa tem poucos "moirões" (amor materno), então contrata uma professora honesta e correta, para tomar conta e orientar tuas filhas. Desta maneira te serão poupados muito trabalho e preocupação, e em Meu Nome tudo ficará bem.
7 – Para os meninos, porém, contrata um homem determinado e sério, que os ajude em assuntos de conhecimento geral e comportamento. Contrata também um professor, para assim também evoluirdes em Meu Nome.
8 – Mas não descuides dos assuntos religiosos, tanto com as meninas como com os meninos. Em curto tempo verás as bênçãos se espargirem sobre tua casa.
9 – Determina aos jovens períodos fixos de quando devem concluir este ou aquele estudo, assim os levarás a se acostumar à ordem necessária, base de toda sabedoria e amor.
10 – Faze, ama e acredita; assim evoluirás bem e em Meu Nome.
11 – Entende bem de Quem vem este conselho. Amém.
Sugestões importantes para a educação dos filhos - continuação
Recebido por Jacob Lorber, entre 24 e 26 de junho de 1841
1 – Ouve bem, teu filho está dominado por três espíritos malignos; o primeiro é a famigerada preguiça.
2 – Mas a este foram acrescentados mais dois da região das profundezas. Um deles, o da discórdia, só se importa com a divisão, com a ruptura das uniões, seja ela qual for. Este espírito usa outro como cobertura: o da teimosia e revolta, aliado da mentira e do engano.
3 – Vê, o preguiçoso não quer qualquer atividade! Seu assunto é usufruir tudo com preguiça. O segundo é, por assim dizer, seu "bobo da corte". O terceiro é como um escudo, pois se preocupa que o eterno espírito preguiçoso não sofra nenhuma perturbação.
4 – Vê, esta é a verdadeira razão oculta do mal espiritual que sofre teu filho, o qual se originou na eterna preferência que sua mãe lhe demonstra ante as filhas. Ela sempre encobria suas artes, e tuas filhas nada diziam a respeito, porque temiam a reprimenda da mãe. Assim ele se tornou um menino sem força de vontade positiva e acha que tudo lhe é permitido fazer.
5 – Mas aquilo que Eu não coloco como castigo nos ombros da mãe, não o coloques tu, pois o amor materno quase sempre é cego e não se dá conta (pelo seu amor) que está criando uma víbora atrás da outra com o seu comportamento.
6 – Já que o assunto está desta maneira, devemos urgentemente tomar medidas para ajudar o doente.
7 – Em primeiro lugar, exige a todos os teus filhos que te deem um relatório diário sobre ele.
8 – Em segundo lugar, não permitas que o rapaz tenha vontade própria! Estipula-lhe uma tarefa bem determinada, a qual ele deve realizar pontualmente, com muito cuidado e exatidão; assim, logo matarás nele seu desejo de diversão vazia.
9 – Em terceiro lugar, antes de iniciar uma atividade, fazei com que ele reze em vós alta por um quarto de hora. A oração deve ser feita bem devagar, prestando atenção às palavras: um "Pai Nosso", alguns trechos dos salmos de David ou então dos profetas, e ainda algo do livro de Sinac. Com isto logo se livrará de seus "companheiros".
10 – E isto ele deve fazer para sempre, para assim conquistar Minha Misericórdia, mais importante que todas as escolas, por melhor que sejam.
11 – Em quarto lugar, tu não deves zangar no teu coração e sim considerar que Eu, teu Pai celestial, dou aos Meus seguidores na Terra uma cruz que lhes corresponda e contra a qual eles não devem se rebelar, mas sim Me ofertar tudo com resignação. Faze tu o mesmo e assim ladrilharás o caminho de teus filhos com pedras preciosas.
12 – Também não te prendas demais ao seu desenvolvimento na escola, pois bem sabes a opinião que tenho sobre a mesma. Qual é a importância de alguém estar pronto para servir o mundo um ano antes ou ano depois? Mas sim tem total importância ele Me conhecer o mais cedo possível, ou quando começa a Me amar, pois não é do mundo - mas sim de Mim - que vem toda a vida.
13 – Em sexto lugar, não deves dar ouvidos ao que o garoto deseja, pois tudo se origina da influência que exercem seus espíritos opressores, que com isto desejam tomar pé da sua vida terrena. Isto também é consequência do desejo dos filhos em ocupar um lugar na sociedade, movidos pelo seu amor-próprio e por sua vontade-própria. Só desejam se tornar aquilo que sua volúpia os faz querer ser, e assim a maioria segue a tendência que lhes impõem os seus “acompanhantes espirituais” malignos.
14 – Em sétimo lugar, deves dar o tratamento igual aos outros meninos. Não lhes permitas todos os desejos, e se algo te pedirem, só lhes dê um terço do total pedido. Então todos crescerão saudáveis, com uma vontade firme e correta.
15 – Se observares estes sete pontos bem, logo verás muita melhora nos teus meninos.
16 – Também dize às meninas que deixem o rapaz em paz, que não o instiguem com palavras inúteis, onde não existe nenhum átomo de amor fraternal. Elas devem sim orar muito por este irmão ainda não renascido e também amá-lo, invés de irritá-lo com discussões inúteis. Tua mulher também deverá se comportar igual a ti.
17 – Mas no momento em que um dos irmãos vir que o rapaz está errando, deve relatar o fato imediatamente a ti; mas muita atenção: ele deve ser movido exclusivamente pelo amor, não por um sentimento baixo que possa conter mentiras, pois o relator com certeza terá uma boa reprimenda Minha.
18 – Mas tudo o que observares no garoto como inútil, dá lhe imediatamente uma tarefa que ele deve realizar com todo o cuidado e num tempo determinado, como se fossem deveres escolares. Logo o terás afastado de muitas diversões inúteis e sem valor.
19 – Entende bem Minha mensagem e atua de acordo. Mas todos os teus filhos são um pouco lerdos num ou noutro assunto. Então toma muito cuidado com todos e não permitas irem a casas onde existem "víboras, cobras e escorpiões". É muito fácil conseguir-se ali uma herança maligna!
20 – Eu te disse tudo, menos o mais importante: Atua na mais sincera fé e no Meu Amor, assim experimentarás o poder de Minha Palavra.
21 – Isto te diz Teu Emanuel, Santo acima de tudo e todos, com todo o Amor. Amém.
A renovação espiritual e natural de vossas casas
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de junho de 1841
Pergunta: Nós nos encontramos acompanhados por um "anjo de guarda"? Como isto se dá? A resposta que se segue:
1 – Dependendo da fé da pessoa, assim se apresenta o efeito da mesma. Pois a fé é aquela fita poderosa que une o corpo, a alma e o espírito.
2 – Mas é impossível que aconteça um efeito no mundo material que não tenha sua origem no espiritual. Quando alguém sente uma necessidade qualquer, logo começa a procurar um meio que corresponda a uma forma de ajuda às suas necessidades. Mas cada homem na sua existência inicial é totalmente natural (físico) e sabe muito pouco da parte espiritual. Ele nada vê do interior dele mesmo, isto por ainda ser alguém totalmente natural (físico), como já dito.
3 – E como tudo que é natural é deteriorável, assim também acontece ao homem no que se refere ao seu corpo.
4 – Mas o que é que faz o dono de uma casa, ao ver que esta apresenta rachaduras ou outros defeitos que podem provocar sua total destruição? Ele sabe bem que, se não tomar medidas preventivas, em pouco tempo não mais possuirá uma casa sólida para se abrigar e que as ruínas que ali estão não resistirão ao menor abalo. Será que ele não buscará sanar estes defeitos com meios competentes, para devolver à sua casa a devida fortaleza? Ele certamente assim o fará, se não for alguma pessoa irresponsável e se preocupar com a solidez de sua casa.
5 – Quais, imaginai, serão os meios que ele tomará? Vós logo vereis que ele depressa mandará examinar sua casa por um bom construtor. Mas se este lhe disser: “Meu amigo, esta tua casa está em estado lastimável, pois as falhas que se apresentam nas paredes se originam nos alicerces da mesma. Que utilidade haveria se eu mandasse cobrir as rachaduras com argamassa, tanto no interior como no exterior? Se houver um abalo mínimo, ela desabará sobre vossas cabeças, podendo matar a ti e a tua família!”.
6 – Mas quando o dono da casa houve tal veredito sobre sua casa, ele logo começa a considerar: “O que devo fazer? Devo crer no que o construtor me falou, derrubar a casa até os alicerces e construir uma casa nova, o que significa grandes despesas? Ou devo consultar mais um construtor, para que também ele me dê seu veredicto?”.
7 – Ao considerar isto, ele continua a pensar: "Com respeito ao veredito do primeiro construtor, ele está absolutamente correto. Mas se devo construir uma casa nova, então ele não se presta para reparar esta casinha tão bonitinha. Pois construir uma casa nova é possível em qualquer lugar, mas o que se passa aqui é a necessidade de melhorar esta que já existe."
8 – Logo ele chama não somente um, mas vários construtores para novos exames e novas conclusões. Uns chegam à mesma conclusão que o primeiro. Outros apresentam soluções que podem fortificar a casa totalmente, sem ter de derrubá-la.
9 – Por qual solução achais que o dono da casa se resolveu? Por nenhum outro que não o segundo conselho: o reparo da casa atual.
10 – Vede, o corpo de cada pessoa é o mesmo que uma casa móvel do espírito.
11 – Muitos perigos enormes, ameaçam com frequência esta casa. Estes perigos de certa forma já são as rachaduras da casa, ou se encontram de tal maneira situados, que a mesma (por experiências ocorridas em outras casas) poderá vir a receber rachaduras que a coloquem numa situação de "perigo de vida".
12 – Quando o homem natural toma conhecimento disto, se aconselha com toda sorte de entendidos, para descobrir a maneira mais eficaz de reformar e melhorar sua casa, muitas vezes já bastante deteriorada. Por outro lado, quando ele detém sua casa ainda incólume e vê outras casas já deterioradas, medita quanto a melhor maneira de prevenir a deterioração do seu patrimônio.
13 – Também ele se dirige - seguindo o conselho da Palavra que Eu falei para a humanidade - a Mim, que sou o Construtor-mór. Mas este Construtor exige que a casa cheia de defeitos seja totalmente arrasada e que se construa em seu lugar uma nova casa com alicerces bem fortes.
14 – Mas isto é muito oneroso para o dono da casa. Então ele se dirige a outros construtores (bons na sua opinião). Muitos lhe dão o mesmo conselho que lhe deu o Construtor-mor e é por isto que não têm nenhuma aceitação. Outros, que não se encontram firmemente unidos ao Construtor-mór e à Sua Palavra, lhe aconselham fazer reparos, com as quais fortificaria e renovaria sua casa totalmente. Daí este dono da casa enganado segue este último conselho.
15 – Em vossa opinião, este conselho é de fato um bom conselho? Para o dono da casa ele é muito bom, pois vai ao encontro de seu anseio. Porém não é nada bom, pois a casa só consegue uma fortificação aparente.
16 – Vede aqui o efeito da fé! Esta ligação (a fé) une o dono da casa com as necessidades da mesma e com a expectativa de um reparo pouco dispendioso. Mas como a fé, assim é o socorro. Questionai a vós mesmos como isto se aplica a Mim?
17 – Eu vos darei um pequeno exemplo, e este vos servirá como um espelho espiritual. Nele vereis um dono de casa que torna a gastar seguidamente. No fim, lhe será bem mais trabalhoso e oneroso rebocar seguidamente sua casa, no lugar de derrubá-la sob a direção do Grande Construtor e construir uma casa nova e segura.
18 – Este, porém, é o exemplo: Alguém está completamente certo que o monarca de um estado é uma pessoa mui boa e generosa e todo aquele que Nele procurar alguma ajuda ou conselho a receberá sem delongas. Apesar deste conhecimento, o necessitado não se atreve a chegar junto ao monarca, mas sim se arrasta de um canto ao outro, pedindo que o rei interceda por ele. As pessoas complicam tanto o acesso a uma audiência com o monarca, que ele acredita ser totalmente impossível chegar junto ao rei, muito menos dele receber alguma coisa.
19 – Ele então permanece junto aos cortesãos e procura encontrar neles o que procura junto ao monarca.
20 – O monarca, porém, vê o que acontece e, para que o suplicante não sofra qualquer pressão, permite que ele continue a rastejar por um certo tempo. Tal situação permanece até que o monarca ache que é demais, já que os cortesãos estão fazendo do pobre coitado uma vítima de seu amor-próprio, pois sabem muito bem da bondade do monarca e da inutilidade de suas mediações. Eles jamais poderão ajudar o suplicante e, mesmo que o pudessem, não desejam fazê-lo, pois são egoístas e o monarca não os receberia bem, já que estariam desejando fazer algo que somente ele – o rei – pode fazer, pois todo o restante é engano.
21 – Vede, com este exemplo quero mostrar como está a situação dos homens que procuram ajuda em tudo quanto é lugar e junto a tantos outros "cortesões", mas não se dirigem a Mim, o Único que pode ajudar.
Do eterno “Anjo da Guarda”
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de junho de 1841
1 – No momento em que alguém acreditar na ajuda e na liderança de um certo “anjo da guarda” ou de outros, este é igual ao que sabe do monarca, sabe que ele é extremamente bondoso, mas, por medo de que o monarca não goste, não se anima a chegar junto dele com sua necessidade e vai procurar ajuda junto aos outros, achando que estes conseguirão ajudá-lo ou protegê-lo por eles mesmos. No entanto somente o monarca, sendo o construtor-mor, permitiu-lhe ajuda ou proteção, porque viu sua fraqueza e temor; porém ele pensa que foi ajudado e protegido pelos “cortesãos”.
2 – Meditai bem sobre isto! Vós sabeis que todos os anjos, todos os espíritos e todos os seres humanos nada mais são do que pensamentos livres Meus, cuja vida e tudo mais se origina em Mim, e cada um atua tanto quanto Minha Ordem assim determinar como útil e bom para si mesmo.
3 – Mas se um chegar e disser ao outro: “Ajuda-Me neste ou naquele assunto.”? E quando o amigo quiser ajudar outro por si mesmo, por sua vontade própria? Não é a mesma coisa quando um cego quer guiar um outro cego, ou um morto quer soprar-lhe a própria vida, ou um infeliz e triste quer consolar outro infeliz e triste?
4 – Eu vos digo: Cada ser humano, cada espírito e cada anjo já tem bastante a fazer, já tem de cuidar de si mesmo e não possui nem um átomo a sobrar que possa dar para alguém.
5 – Mas aquele que vier a Mim, com qualquer necessidade que se possa imaginar e Me envolver com a fita viva da fé, a Mim, o Único Vivo..., como que Eu não atenderei aquele que se uniu a Mim com o cordão da fé viva?
6 – No caminho da pura Verdade só existe um “anjo da guarda” de verdade, e este sou Eu mesmo.
7 – Todos ou outros anjos protetores apareceram devido a uma fé frágil que se originou numa igreja materialista e ávida em ganhos. (*)
8 – Como as pessoas ainda se reportam sobre isto, se reportaram e se reportarão no futuro, então para não prejudicar a independência do homem, nada mais poderão fazer do que permitir que estes de fé frágil recebam seus pedidos por alguém intermediário.
9 – Mas por outro lado, não deveis pensar que com isto acaba a caridade dos bem-aventurados. Ela só não é como estes de fé fraca acreditam que ela seja. Como todos bem-aventurados estão em Mim, como Eu estou neles, então eles possuem o único e exclusivo Amor do Santo Pai e nele estarão vivificados por toda a eternidade.
(*) Anjos ou espíritos protetores são os chamados por Deus para proteger, mas eles agem somente em total concordância e submissão a Deus. Eles querem ser totalmente ignorados e não gostam que os chamemos ou os louvemos, mas sim direcionam todo o amor e todo louvor ao Único e Verdadeiro Anjo da Guarda: o Pai em Jesus. - o editor
10 – Não existe um único habitante desta Terra a quem não tivesse sido dado espíritos melhores para acompanhá-lo. E estes espíritos estão constantemente preocupados em levar o seu pupilo para a Luz e a Vida Eterna.
11 – Mas onde se origina e o que é de fato este amoroso esforço destes espíritos? Não sou Eu quem faz com que tudo isto aconteça neles?
12 – Não é injusto que o homem Me desconsidere e procure ajuda naqueles que nada têm de si mesmos, mas sim tudo recebem de Mim?
13 – Mas o que o homem procura em outros lugares, se sabe que Eu - O Todo-poderoso - quero ser uno com ele? Sim, quero ser seu irmão, para que com isto ele reconheça que Eu, muito mais que qualquer pessoa e do fundo do Meu coração, sou muito humilde, manso e acima de tudo condescendente; que não sou um Deus distante, mas sim sou um Pai e um Irmão muito próximo e presente, e até vossa vida vos é mais distante que Eu.
14 – Se por acaso o homem se tornou uma pessoa que não ama a vida e se uniu com laços fraternos à morte, ele não mais deseja apossar-se da verdadeira vida e procura na distância, com longos desvios, aquilo que está próximo e que muitas vezes o carrega nas mãos. Por outro lado, seria um absurdo total se aquele que realmente ama a vida não desejasse apoderar-se da mesma desde suas raízes.
15 – Voltai aos evangelhos e consultai cada um, consultai todos os apóstolos e outros disseminadores de Minha Palavra... Daí então mostrai-Me um único lugar no qual foi ensinado que também deveríeis dirigir-se a certos “anjos da guarda” (ou espíritos protetores) juntamente Comigo. Por acaso não é dito em cada evangelho: “Vinde todos a Mim, que estais cansados e oprimidos, pois Eu vos aliviarei.”?
16 – Por acaso foi neste convite, alguém excluído ou alguém recolhido à proteção de algum anjo? Com certeza, não! E assim foi dito para todo o infinito e para toda a eternidade.
17 – Quem de vós ainda afirmaria que esta Minha Palavra não é perfeita, que Eu naquela época Me entusiasmei demais e que mais tarde reconsiderei? Uma afirmativa assim deixaria até um monarca aqui da Terra zangado, aquele monarca que é imperfeito em todo o sentido da palavra... Como seria se tal afirmativa se aplicasse a Mim? Qual reação negativa causaria?
18 – Vede, esta crença de um espírito protetor é igual a uma planta parasita na Árvore da Vida. Mas quem pode provar que esta parasita exaure a seiva que precisa para sobreviver de outro lugar, a não ser da Árvore da Vida?
19 – Qual é o fruto da Árvore e qual o fruto do parasita? Só na árvore cresce o verdadeiro fruto. Quem o come a este ele outorga a vida. Mas com respeito do fruto do parasita seu suco poderia, no máximo, servir para, se assim fosse possível, sugar as aves do céu para a morte.
20 – Isto acontece com tudo aquilo que não se associa a Mim; quero dizer, com tudo aquilo que não é construído de Mim desde o seu começo. Então isto é somente uma casa onde as falhas foram encobertas pela tinta, ou então uma planta parasita na Árvore da Vida, e um tem tanto valor como o outro: nenhum.
21 – Só Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! Quem não soma Comigo, divide e dispersa.
22 – Se o galho da vinha é separado da planta, ele não secará em pouco tempo, sem jamais produzir frutos? Por isto todo aquele que tiver alguma necessidade que venha a Mim com fé e com certeza receberá a resposta.
23 – Se alguém tiver dúvidas, este considere que a dúvida nada mais é que a constatação que não está caminhando Comigo e não permite que Eu o guie. Quem tem dúvidas que venha a Mim e acredite, e então a luz se fará nele sobre o assunto dúbio.
24 – Quem for cego, surdo, paralítico, cheio de artroses, mudo e possuído que venha a Mim, e com certeza receberá a melhor e mais positiva ajuda.
25 – Mas atenção: Eu não sou um Deus pequeno, Eu sou um Deus grande! Aquele que quiser Me pegar que abra bem os seus braços. Ele tem que Me abraçar completamente e não achar que Eu poderia ajudar se Eu quisesse. Ele deve sim acreditar que Eu sempre e a cada momento quero ajudar. Quando ele conseguir absorver este conhecimento em si, então aí sim sua fé se tornará uma fé viva e ativa.
26 – Poderia acontecer, de acordo com vossos conceitos, de cá ou acolá alguém basear sua fé em umas tantas aparições fantasmagóricas, especialmente as que ele apresenta quando em estado de transe, ou as que a ele se apresentam.
27 – Então Eu digo: Estas aparições de espíritos protetores que nestas ocasiões acontecem não passam de criações de sua própria crença e são percebidas bem vivamente à pessoa. São assuntos sobre os quais ela se preocupou durante o dia, enraizados lá dentro de seu íntimo, e que, devido à sua atividade, não deixou aflorar à razão para compreendê-los.
28 – Tal como as visões que acontecem no sonhar, não são sem nenhum significado. Estas tais aparições espirituais que acontecem no transe também não são só aparições vazias, mas têm sim algo verdadeiro. Mas o que é este verdadeiro? Não passa da criação de sua crença própria, unida ao amor que tudo realiza.
29 – Pois nenhum ser humano pode pedir por ajuda, se em primeiro lugar ele não acreditar naquilo em que pede ajuda e abraçar o mesmo cheio de amor, com todo seu sentimento e toda sua força. Nenhum escultor ou pintor pode concretizar uma obra sem tê-la criado dentro de si.
30 – Como foi que ele a criou? Ele em primeiro lugar, imaginou um objeto que lhe agradou. Como lhe agradou, dele se apoderou em seu sentimento, de certa forma ficou apaixonado por sua ideia. Mas quando ele envolver sua ideia com o amor, então ele a materializará, se tiver capacidade para tal.
31 – Vede, é isto que acontece com as aparições, especialmente no chamado estado de transe. E estas aparições só acabam quando a alma - mas especialmente o espírito - acorda a pessoa em transe (vede em Grande Evangelho de João - vol. IV, cap. 42 – o sonho de Zorel). Estas pessoas com grande frequência nada sabem do que aconteceu no estado de sonambulismo (ou transe) e, quando são acordadas pelo espírito, não veem mais nada de anjo protetor ou espírito guia, pois o espírito só consegue ver o único, absoluto e todo-poderoso “anjo protetor”: o Pai.
32 – Mas com respeito aos devaneios que muitos monges possuem junto às aparições e manifestações espirituais, vós por certo não mais vos deixais enganar com tais crenças tão tolas, as quais chegam a dar poderes a pinturas, estátuas de pedra, metal ou madeira.
33 – Eu vos digo: Uma crença tal não é nada melhor do que a dos servidores de Baal! São idolatrias idênticas às dos pagãos, que adoravam objetos como se fossem deuses. Se um homem que é vivo não consegue ajudar seu irmão - e está nas escrituras que nenhuma ajuda humana tem valor - o que se esperar de uma madeira talhada ou de qualquer outra matéria morta?
34 – Ou por acaso é possível que vos creiais que em certas ocasiões especiais os tais espíritos protetores se encontram dentro destas imagens materiais? Creio que a negativa disto está bem clara ante vossos olhos.
35 – Tomai, por exemplo, o quadro que Me apresenta pendurado na cruz; contai os inúmeros crucificados no mundo católico e em outras religiões que existem no mundo. De vez em quando já existem dúzias deles, de vários tamanhos, numa única casa. Será que todos unidos ajudarão mais que um único, ou que o maior tem mais força que os outros juntos?
36 – Ou será que os Cristos abençoados têm mais poder do que os não-abençoados, e o crucifixo em um altar-mor é mais poderoso do que o outro numa capela lateral? Não conseguis ver tais tolices de longe?
37 – Se Eu, sendo o socorrista vivo, não necessito de uma pessoa nem de um anjo, muito menos de uma estátua talhada - pois Eu ajudo em espírito e verdade, não na madeira, na pedra ou na tinta - que ajuda poderão dar, portanto, as imagens de anjos, santos, etc; qual o seu efeito, pois elas não possuem nenhuma força, nenhum poder, nada...?
38 – Mas se por acaso pessoas de fé frágil outorgam poderes milagrosos a uma destas imagens (sendo ela adorada por milhares de pessoas que se ajoelham ante tal imagem), com que velocidade deveria um tal espírito protetor correr de uma imagem “milagrosa” a outra, para não falhar em nenhum lugar com sua ajuda?
39 – Ou por acaso achais que um espírito pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo? O Espírito Eterno pode fazer isto, pois tudo está Nele, mas um espírito criado jamais, pois ele, comparado Comigo, não passa de um espírito finito e temporário.
40 – Qual é o homem que consegue pensar milhares de pensamentos num instante único? Mas o pensamento só é uma obra do espírito, um olhar da alma, que absorve o pensamento em si ou obras visíveis do eterno Espírito Divino. Mas como o vosso espírito só pode ter pensamentos simples ou um após o outro, então ele mesmo é somente simples e indivisível. Assim, só consegue ver as Minhas Obras, as quais Eu lhe asseguro na maior clareza e somente pouco a pouco, e a eternidade não será suficiente para ver todas elas. De que maneira ele poderia então atuar como um espírito protetor em todos os lugares e ao mesmo tempo, outorgando sua ajuda em todas as imagens com o mesmo poder?
41 – Só com grande trabalho, estes espíritos humanos que já conseguiram passar para o Além conseguem ser curados desta doença de “anjo protetor” ou espírito protetor. Muitas vezes é necessário que todos estes indivíduos sejam afastados de seu caminho, pois, se isto não acontecesse, a maioria dos católicos romanos Me abandonaria, para procurar proteção em seus espíritos ou anjos de guarda.
42 – Não é necessário ir para um passado longínquo; agora, no momento em que estais a escrever estas mensagens, os coitados dos espíritos correm de um lado para o outro, fazendo a maior confusão, procurando os seus “protetores” desesperadamente. Mas sou Eu quem vai ao seu encontro visivelmente, como um amoroso irmão e pai. Eu lhes digo em alto e bom tom que só Eu é quem eles devem procurar e encontrar. Entretanto, de Mim eles fogem com toda seriedade e alguns mais corajosos Me pedem para que Eu os leve para junto de seus protetores.
43 – Vede, se esta tolice acontece até entre os espíritos que já habitam o Além, quais provas contra estes tais anjos ou espíritos protetores poderemos apresentar convincentemente neste mundo material, especialmente para aquele que segue este espírito com todo seu amor e fé?
44 – Por isto, se vossa casa apresentar algum defeito ou se temeis que algo possa acontecer, então vinde depressa a Mim; Eu, que sou o mais confiável construtor de casas espirituais, o mais seguro espírito protetor e socorrista de todos os espíritos protetores. Vós podereis ter certeza que quando Eu derrubo uma casa, Eu logo a reconstruo a um preço menor e com o maior capricho e cuidado.
45 – Considerai bem: Um monarca como Eu não precisa de nenhum intermediário. Pois Eu sou tudo, em todos os espaços sou Eu mesmo!
46 – E quem quiser vir a Mim que venha. Sempre Me encontrará em casa, como se Eu nada mais tivesse que fazer, senão esperá-lo e servi-lo. Mas sempre deveis Me procurar no coração.
47 – Confiai e construí tudo Comigo! Pois Eu sou uma base, um alicerce bem confiável e seguro.
48 – Quem construir sobre este alicerce, esta sua casa jamais apresentará falhas. Pois quem receber o material de Minhas Mãos, este o possui vivo, como Eu sou o “Vivo” em tudo, sou quem dá vida a todos que a procuram em Mim.
49 – Procurai tudo em Mim, só assim permanecereis vivos eternamente. Amém. Isto falo Eu, o único que é a Vida e doa a Vida. Amém.
Clamor das profundezas
Recebido por Jacob Lorber, em 27 de junho de 1841
1 – Meu Deus e Senhor, meu amado Senhor Jesus! Vê, estou acometido de todo tipo de aflições e dificuldades. Eu não me preocupo com as do corpo, mas sim com as da alma. Senhor, tu conheces bem todas e especialmente sabes a fundo sobre a doença e a desgraça de minha alma. Tu, misericordioso Jesus; Tu, que és o mais poderoso protetor de todos; Tu, que és o guia de todos os guias; tu, carinhoso professor e cuidadoso pastor; Tu, que procuras a ovelha perdida até tê-la novamente em Teu Rebanho, para a vida eterna: Tu Pai, vem a mim, pobre pecador fraco e servo sem nenhum valor, e levanta novamente minha alma caída, pois ela ainda é muito vacilante com respeito a Teu Amor.
2 – Permite que eu Te ame, a Ti, meu Jesus, infinitamente mais do que eu o faço hoje, acima de tudo no mundo.
3 – Senhor Jesus, meu coração está sangrando de dor devido a tantas palavras mal agradecidas ditas por aqueles a quem Tu tanto deste e a quem tanto Te dedicaste, aqueles a quem procuraste quando estavam à beira do abismo e levaste a uma trilha segura. Liberta meu coração de tanta dor e permite que eu me afaste até o mais longínquo cantinho do universo, antes que tenha de escutar Tua Santa Palavra sendo vilipendiada pela razão de alguém que não aceita Tua Sabedoria e não a consegue compreender, ou mesmo pela incredulidade que marcha sobre tudo aquilo acima da necessidade material.
4 – Senhor, meu Deus e bem amado Jesus, tem piedade de mim e me consola no meu desespero, para que eu consiga reviver e possa novamente, cheio de felicidade e afinco, me dedicar às Tuas obras segundo Tua Santa Vontade.
5 – Consola e fortifica todos os outros irmãos que aceitaram Tua Graça e Misericórdia nestes tempos tão profundamente trevosos, nos quais nem o Sol nem a Lua conseguem mais brilhar e todas as estrelas há muito já caíram do firmamento, onde a Terra se transformou num verdadeiro inferno, onde amor-próprio, egoísmo, orgulho, altivez, mentira, engano e todo tipo de maldade reinam.
6 – Não permitas que caiam estes poucos. Segura-os e ilumina seus olhos com a luz que vem dos Teus, para que consigam ver cada vez mais Tua Piedade, Onipotência, e Graça, onde permites que eu escreva Tuas Palavras com minhas mãos.
7 – Mas que somente seja feita a Tua Vontade. Amém.
Resposta do Alto
Recebido por Jacob Lorber, em 27 de junho de 1841
1 – Permanece quieto e calmo e não te tornes imprudente, pois as pessoas não conseguem ser tão poderosas e sábias como Eu sou e serei por toda a eternidade.
2 – Vê, onde está aquele que deseja iniciar uma aposta de sabedoria Comigo? E isto com a mente mundana...? Eu te digo que faria melhor, se pegasse um caniço bem comprido e o levantasse sobre sua cabeça, a fim de tentar pescar estrelas do céu como se fossem peixes. Agiria melhor assim, do que estudar a rede deteriorada de sua mente, para ali tentar capturar Minha Sabedoria eterna e logo depois dissecá-la a seu bel-prazer.
3 – Mas como Minha Dádiva, Minha Graça sempre é dupla: de Amor e de Sabedoria. Não é claro para todos que somente o que se origina no Amor serve como “pão” para os filhos, “pão” para a vida eterna? O “vinho” (Sabedoria) só será dado para reprimir a mente mundana, para que o homem nisto consiga reconhecer que toda sua tola sabedoria se destrói frente à pedra angular do Saber Divino, que é de fato uma verdadeira pedra de escândalo.
4 – Quando Jesus vos fala no coração e predica sua Misericórdia, deveis entender que todos vós desejais alcançar a Vida. Mesmo quando o Pai vos educa, deveis reconhecer Sua Voz, pois Ele lá está. Se o Espírito de Deus se derrama sobre vós e vos ensina a Sabedoria, então achais - pois vossa mente não consegue captar as profundezas absolutas - que o Espírito divino está se contradizendo, ou que a ferramenta pela qual o Espírito falou não é boa e está reproduzindo a Palavra de forma diferente do recebido. Não vos dais conta que estais a contestar o Espírito?
5 – O que é pior: discutir com o Espírito da Eterna Sabedoria, ou afirmar por uma palavra da mente que o Espírito escolheu erradamente o médium e deve retirar tudo o que fala de Si, o mesmo que afirmar que o Universo e tudo nele existente se tenha autocriado?
6 – O homem ateu diz: Se o assunto não possui uma certeza matemática, quem o pode aceitar como totalmente verdadeiro? Duas vezes dois são quatro, isto é uma verdade comprovada e compreensível por todo o mundo.
7 – Eu, porém, digo: cuida tu, sabichão matemático, que esta tua sabedoria não se transforme num fiasco. Pois se nada mais entendes da ciência dos números do que duas vezes dois igual a quatro, em verdade tens sabedoria suficiente para te tornar um boiadeiro. Como é possível que alguém chegue a Mim com tal sabedoria numérica, para com isto Me desafiar no seu conhecimento, sendo que até então ainda não reconheceu, como jamais o fará, que duas vezes dois pode ser cinco, seis, sete, oito, nove e até o infinito!
8 – Ó vaidade do homem cego! Quanta coisa o homem sabe e como são afiados e severos os seus veredictos! O firmamento eles medem com o círculo, retiram Meus Sóis de lá como se fossem grãos de ervilha e os observam com os potentes microscópios de suas mentes mundanas, tão minuciosamente que julgam não ter deixado de estudar nem um único átomo. Calcular o tamanho, a distância e o movimento lhes é um prazer sublime. E tudo isto baseados no seu conhecimento de que duas vezes dois é igual a quatro. Sim, eles chegam longe com sua sabedoria...
9 – Mas de duas coisas eles ainda carecem, para conseguir a sabedoria bem próxima à Minha: a “quadratura do círculo” e o tal “perpetuum mobile” (moto-perpétuo). Se eles possuírem isto, aí sim, acabariam Comigo. Se Eu fosse capaz de temer este momento, Eu começaria a recear, nem que fosse um pouquinho, a construção pelos homens de uma nova “torre de Babel”, cuja construção perigosa hoje em dia não seria possível sustar pela falta de comunicação, pois na atualidade há um tradutor para cada idioma. Também poderiam começar a construir “trens” ou então “barcos voadores” em que conseguiriam alcançar as estrelas. Então chegariam a Sírius ou outro sol central de Minha Criação e, como fizeram com a China, bloqueá-lo-iam e bombardeá-lo-iam com canhões potentíssimos, para dominá-lo e usufruir de seu ouro.
10 – Vê quanta coisa Eu tenho que temer! E com o que Eu poderei Me defender, pois aqui no Céu Eu não possuo canhões, bombas, granadas, obuses ou cartuchos? Os chineses estão sendo dominados, e olha o que eles têm armamentos... Como as estrelas se defenderão totalmente desarmadas?
11 – Já existem pessoas na América do Norte e na Inglaterra que negam Minha existência, porque Eu, ao construir o mundo, Me esqueci de colocar nele o trem, instrumento tão útil e necessário. Como isto foi possível acontecer a um Deus tão poderoso e sábio? Se o ser humano está construído por elementos industriais, como é que Deus não o seria, tendo criado tudo? Mas como não é possível encontrar trens na natureza nem mesmo navios a vapor, então não é possível que um Deus exista, pois com certeza, se existisse, os teria criado. Vê quanta sabedoria, até com relação aos trens!
12 – Mas Eu te digo: Não temas, assim como Eu também não temo! Se Eu não possuo armas, navios a vapor ou outros, tenho pulmões poderosos e uma língua bem afiada e no lugar certo! E Meu Sopro é bem mais poderoso que todos os canhões. E pela Minha Língua, toda sabedoria humana será levada à morte.
13 – Anota com afinco tudo o que aqui ouves e recebes, pois é esta a razão por que Eu falo contigo: para que Eu dê ao mundo uma nova pedra angular e um novo marco limítrofe. E sobre tais muitos cairão, ao tentar ultrapassá-los sem ter seguido o caminho da humildade, da total autocrítica derivada da introspecção, da paciência e do amor.
14 – Mas quem por Mim clamou e a quem dou uma porção da vida pura e verdadeira, este deve aceitar cheio de gratidão tudo que lhe é oferecido e obedecer as instruções com exatidão. Se não agir assim, que importância futura isto tem para Mim e para ti?
15 – Vamos, portanto, deixar o que foi plantado nos campos amadurecer totalmente. Meus ceifadores sabem muito bem o que vai acontecer então, e aquele que não se escandalizar Comigo que seja abençoado!
16 – Estes sábios do mundo serão por Mim ensinados sobre Minha Graça. Eu sei que seus dentes baterão tanto, que farão mais barulho do que as correntes de ferro pesadas dos presos das profundezas dos cárceres. Amém.
17 – Fica, portanto, calmo, pois bem sabes Quem te revelou isto! Amém. Eu, teu Jesus. Amém.
O planeta Saturno
Recebido por Jacob Lorber, em 05 de julho de 1841
Com esta mensagem deu-se o início da descrição e do motivo da existência de Saturno, planeta pertencente ao nosso sistema solar. Tal descrição também fala sobre a vegetação que existe no planeta, seus animais e os seres humanos que o habitam. Esta revelação se estendeu por um ano, até 29 de julho de 1842 (*). À primeira revelação, que aconteceu em 05 de julho de 1841, vamos aqui acrescentar mais algumas palavras. Em primeiro lugar o Senhor descreve a grandeza e a distância do planeta, menciona o anel com suas inúmeras luas, o que dá um aspecto único a este corpo celestial. E então continua:
1 – Pelo que ouvistes, podeis concluir com facilidade que este planeta, pela sua constituição tão diferente e variada, pelo seu tamanho e também pelas suas sete luas (*) tem uma finalidade bem definida no universo.
2 – Pois quanto mais artisticamente e preciso um mecânico construiu uma obra, tanto mais variada deve ser a finalidade desta obra. Da mesma maneira que o mecânico introduziu tantos “instrumentos” tão artisticamente perfeitos na sua obra de finalidade tão variada, assim Eu, o mecânico-mor de todo o universo, não faria um corpo celestial tão importante sem uma finalidade bem especial. Eu não brinco nem com um grãozinho de poeira do Sol, imaginai se Eu brincarei com um corpo celestial como o por vós conhecido planeta Saturno.
3 – A consequência desta revelação vos fará entender a finalidade do mesmo, e isto vos deixará totalmente atônitos. Pois se na revelação sobre a Luz (Terra e Lua) já vos espantastes muito e grande estardalhaço fizestes, o que será de vós se por minhas Mãos conseguirdes viajar um pouco por este planeta? Eu vos advirto: esperai revelações de grande porte e preparai vossos sentimentos para o que vereis, pois tereis dificuldade em suportá-las. E quando tiverdes recebido tudo o que podeis aguentar sobre este planeta, então tereis uma vaga ideia do que diz o Evangelho: “Nenhum olho humano viu, nenhum ouvido humano escutou, e jamais o coração e a mente humana conseguirão sentir o que Deus aprontou para aqueles que o amam”.
4 – Tudo aquilo que alguém recebe de Mim é uma Dádiva do Céu, pois Eu mesmo sou o mais elevado o cume dos céus e dos mundos. E se Eu desejar vos revelar tanto o céu como o inferno, tanto um como o outro vos levará ao ápice da felicidade. Pois diga Minha Palavra qualquer coisa, esta sempre é viva e faz com que aquele que a recebe e aceita cheio de amor, agradecimento, humildade e fé viva, se torne eternamente vivo e feliz Comigo, já aqui no mundo e muito mais no Além.
(*) “O Saturno”, que existe em Inglês e foi recentemente traduzido para o Português - a tradutora
(*) Na atualidade, consideram-se dez luas, mas as três últimas são tão
pequenas, que podem ser tratadas como asteroides. – a tradutora
Do segredo da montanha
Recebido por Jacob Lorber, em 15 de julho de 1841
Vários irmãos subiram ao pico mais elevado da “Kleinalpe” neste dia. Entre eles estava Jacob Lorber. Apesar do vento frio e da ameaça de tormenta, eles lá permaneceram por três horas. Receberam então a seguinte mensagem:
Escreve, pois se ouve uma voz carinhosa das alturas das montanhas.
1 – O que olhais, grupo cansado? Olhais para as cadeias distantes das montanhas, as quais Me apresentam seus cumes rústicos - a Mim, o Criador - e Me ofertam seus perfumes. Reconhecei vossa culpa! Aprendei a lição destes heróis, tudo o que eles vos informam sobre Mim - seu Pai e Criador - quão altaneiros e poderosos se apresentam estes grandes testemunhos que jamais vão querer, tal como vós, calar sobre Minha Grandeza. Em volta dos cumes santos, um alegre nevoeiro dança e, agradecido, ajuda a louvar em silêncio o seu Pai. E ventos felizes sopram por sobre os altos cumes, para anunciar que é lá que as montanhas começam a Me louvar.
2 – Estais cheios de medo, frágeis observadores destas alturas gigantescas. Tremeis quando os espíritos puros dos Alpes vos circundam e provocam lágrimas em vossos olhos devido aos ventos frios. Mas ao desejardes formar novas figuras nas nuvens cansadas e depois observar como elas se derramam alegremente sobre o musgo das montanhas, se pudésseis ver tudo isto também com vossos olhos espirituais e perceber para que toda esta atividade espiritual se presta, só então gostaríeis de clamar: “Quem observa as obras divinas, este está muito feliz. Elas lhe mostram o poder do Pai Divino!”.
3 – Vistes as montanhas orgulhosas do planalto e em seu regaço também vistes os anões rochosos, os altos “Schnab” e “Reiting”. Todos vós vistes o altaneiro “Prediger-Berg” e outros parecendo brigar com as nuvens. Ouvi, pois, estas montanhas a falar. Escutai suas palavras em vossos corações de pedra. Elas dizem: “Tu, fraco homem nesta Terra! Tu olhas maravilhado e mudo ante nossas dores o sublime fausto que há em nós. Se tu de nós te aproximasses, verias as nossas pesadas correntes de provação e te assustarias”.
4 – E assim as montanhas colocam palavras em vossos corações: “Olhai-nos bem e vede os antigos caixões que aqui somos, nos elevando majestosamente às alturas e mantendo sempre em nós inúmeros mortos. E se não fosse o Amor Misericordioso de Deus a nos refrescar, em verdade todo o país estaria inflamado de ira e raiva. Pois aqueles que nós continuamente devemos manter em nossos corpos, estes desejariam, qual chama e num só momento, se libertar e dominar a Terra. Para evitar tal mal e manter vossa paz, nós portamos este grande peso”.
5 – Deixai que as palavras das montanhas penetrem fundo em vossos corações. Pois elas vão continuar a falar a vossos ouvidos o seguinte: “Quando o nevoeiro nos circundar ocultando nossos cumes altos, vede então que nos estão a visitar seres sublimes a nós, os guardiões dos mortos. E tais seres suavizam com o seu amor, com incontáveis lágrimas vindas do amor de seus corações, os que desprezam a Deus. E aqueles que observam avidamente tal bênção amorosa serão despertos e lentamente se elevarão para uma vida mais livre, a degraus mais elevados, tal como acontece ao homem”.
6 – E como a boca da montanha se abriu para vós, escutai mais ainda o que o elevado sopro vos murmura: “Quando ventos fortes se abatem por sobre nossas cabeças e vós não conseguis aqui por muito tempo permanecer, aí é que legiões se elevam para uma vida livre e nova. Apressados, correm para os vales plenos de vegetações, para alcançar tal meta já predeterminada. De acordo com sua índole, eles se unem em névoa e caem como chuva leve sobre as plantações pois, se autovivificando, iniciam uma nova vida.
7 – É quando no fim do outono os primeiros flocos nos cobrem e por isto toda a vida quente trata de nos evitar. Sim, até alegres riachos ficam endurecidos, param sua queda e tudo congela em nossas regiões de vidas livres. Vós deveis então ser fieis observadores e perceber o novo momento, com ouvidos e olhos abertos. Pois é então que começa a acontecer um subir e descer. E em todas as direções não vereis nada mais que constante desejo de conseguir uma forma definida, e assim se definir como vida. Pois esta é a época da saudade, quando todos gostariam de se encontrar, pois é quando cada espírito se deixa prender por outro.
8 – Mas quando por fim chega o verdadeiro inverno, muitas vezes sentimos um aperto em nossos corações. Pois chegam a nós juízes de paz que vem lá do Norte e espargem nossos abismos com a sua luminosidade, com neve profunda e gelo sólido, para nos levar à provação. Vede, então não é nada agradável andar nas nossas alturas. Pois toda vida liberta é lá tão duramente apanhada, que não mais conseguirá sentir o doce remanso do amor. E quando o sopro da primavera parte as amarras do Norte, então nenhuma vida retornará a sua antiga pátria.
9 – Só quando a mudar a neve e a luminosidade do gelo tiver desaparecido, quando uma primavera quente tiver afastado o inverno, então a vida vegetal retornará bem fortificada, mas não mais retornarão as canções dos passarinhos mortos pelo frio. Mesmo pessoas que nos nossos ombros o Norte esmagou, estas dificilmente usufruirão dos raios do sol que nós oferecemos. Mas se aqui uma vida liberta foi destruída por uma atividade tão pacífica de nosso Norte, que ninguém se queixe sobre nós, montanhas, pois uma nova vida, antes aprisionada, começa a se libertar.
10 – Que essa cançãozinha vos sirva de bandeira com a qual conquistareis todas as mentes das montanhas e muito mais facilmente entendereis o que Eu ainda tenho a vos dar em verdade. Com essa “bandeira” solucionareis algumas dúvidas, pois é mais fácil escalar uma montanha e dela observar as outras, do que entender de onde vem o temor tão doce que nelas sentimos. Portanto, antes da grande dádiva vos dei essa “bandeira” em vossas mãos, para que ela verdadeiramente vos advirta que Minha próxima dádiva em Sabedoria vos será a chave para a compreensão do tema.
Exemplos de Caridade
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1841
Recado a certa pessoa que veio visitar alguém do grupo
1 – Por acaso desejais ouvir aquele que veio visitar um de vosso grupo por causa de uma determinada irmã vossa, sendo ela uma fiel cúmplice dos servidores de Babel? Vede, ela começa tudo com muito jeito, a fim de conseguir vantagens para si por meio dos indignos, dos totalmente cegos, e da casta de religiosos (ou melhor, eles o conseguirão por intermédio dela).
2 – Eu, porém, vos digo que lhes será muito difícil lamber um galho cheio de espinhos. Quem quiser Me desafiar terá dado o seu último passo.
3 – Mas se a irmã, a que é casada, desejar praticar uma caridade, uma que Me seja agradável, então ela que vá procurar os pobres órfãos necessitados e adotá-los como se filhos fossem. Com isto ela preparará um tesouro no Céu. Se não for assim, no Além só receberá o pagamento do mundo.
4 – E se uma criança por Mim dada à vossa proteção se tornar supérflua, Eu a posso trazer de volta para Mim a qualquer momento. E assim, não tereis que vos desfazer de um filho (segundo um conselho traiçoeiro e maldoso dela), fazendo com que ele, longe de vossos olhos e ouvidos, se transforme num precoce traidor da Minha Bênção e Misericórdia que agora vos estou dando.
5 – (À pessoa do grupo que foi visitada) Dize à tua irmã cheia de preconceitos e com a alma deteriorada que tu preferes adotar ainda mais três crianças, do que deixar que uma única se afaste de ti antes do tempo. E que no futuro ela se preocupe somente consigo mesma, para que se liberte do espírito negro e estrangulador, pois é isto que ela precisa! Por nada mais ela deve se preocupar .
6 – O espírito que a possui é um antigo espírito da casta sacerdotal de Babilônica; em outras palavras, um discípulo de uma igreja que serve ao mundo material e não a Mim, pelo qual ela esteve apaixonada (como está na atualidade), que “transforma” o céu em inferno e vice-versa. Ele diz ser o diabo e senhor de toda morte, e que a matéria morta é sim o Deus eterno e vivo.
7 – Pobre e totalmente cego, enganado e enganador, vil inquilino da tiara romana... Eu, porém, vos digo: Estai atentos e cuidadosos ante os ataques sorrateiros de Satã! Ele deseja destruir Minha Obra!
8 – Ficai com vossos filhos junto a vós e orientai-os no Meu ensinamento! E Eu já aqui - e não somente no Além - os adotarei como Meus verdadeiros filhos e Me empenharei por eles agora e sempre.
(À pessoa do grupo que foi visitada) A tua irmã, porém, está com a cabeça cheia da clausura, o que já é uma prisão para o corpo, mas muito mais para o espírito. Ao espírito ela só levará a morte, e muito pouco dela se conseguirá libertar para vida.
9 – Da mesma maneira que já falei e dei o nome a estes “caridosos” da casta sacerdotal, já vos dei informações precisas sobre estas “irmãs-cinzas” e de como elas se encontram em Meu Livro. Eu agora vos digo: Maldito seja tal “caridoso” que veste roupas por ele criadas para se diferenciar e destacar dentre os outros! Quem não realiza a caridade bem escondidinha e com total desprendimento é um “caridoso do mal”.
10 – Ficai, pois, com vossos filhos sob vosso teto. Educai-os em Meu Nome, que Eu lhes serei um verdadeiro Pai.
11 – Isto falo Eu, vosso Pai, que é santo, santo, santo. Amém.
A finalidade das montanhas
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1841
Hoje recebemos pelo servo de Deus, Jacob Lorber, a seguinte revelação como continuação à anterior:
1 – O que é que são os Alpes, os picos mais elevados e os pequenos morros que se elevam sobre o plano da crosta terrestre? Nada mais que um grãozinho de poeira que se guarda numa maçã que caiu da árvore, numa estrada poeirenta. Mas o grão de poeira é solto, enquanto que as montanhas são elevações que se originam do interior da Terra. Com o que devemos comparar as montanhas? Será que com a poeira da maçã, com as irregularidades da casca da noz, ou então com as verruguinhas da casca de um ovo?
2 – Nem um nem outro serve para a comparação. Mas tomai os três exemplos juntos, e cada um responderá por alguma característica da Terra.
3 – Porém, qual é a que tomaremos em primeiro lugar? Aqui há pouco para escolher, mas se tomardes as três de uma só vez, aí sim teremos a medida exata.
4 – Por acaso a maçã tem que cair da árvore para ficar empoeirada? Ou ventos não podem levantar poeira da rua e empoeirar a maçã?
5 – Ou então, o que acontece com a noz? A fruta interna se adapta às irregularidades da casca, ou é ao contrário? Aqui tudo ficará melhor, se observarmos a constituição do fruto, pois todos fazem sua roupa adaptada ao corpo, não adaptam o corpo à roupa. Então o efeito começa no interior e não de fora para dentro, pois a força da vida sempre mora no centro, jamais na parte externa, na roupa.
6 – Mas o que pode se dizer das verruguinhas na casca do ovo? Como elas se originam e porque elas existem? É bem mais fácil para a galinha pôr um ovo totalmente liso, do que um coberto de milhares e milhares de pequenas verrugas. Não seria fácil dizer também o seguinte: “ Para que as montanhas na superfície da Terra? Uma Terra lisa faria a rotação com mais facilidade sobre seu eixo, do que uma semeada de inúmeras montanhas”.
7 – Cabe observar então quem forçaria o ar e a água a acompanhar a Terra na rotação, pois nada está amarrado à mesma com correntes, de modo a ser forçado a ficar no lugar onde está, bem fixo à superfície.
8 – Se o ovo não possuísse verruguinhas, em que se apoiariam os nervos de pressão e de expulsão dos canais do ovário da galinha, para levar o mesmo (o ovo) para o exterior? E ao se encontrar na atmosfera externa, se não possuísse as tais verruguinhas, com o que ele receberia os fluidos eletromagnéticos que servem para a continuidade do ciclo vital e para a manutenção da matéria vital? E quando estiver sendo chocado, como captaria o calor do peito da galinha, ou dos raios do sol, ou também das areias aquecidas?
9 – Se não existissem as montanhas e a Terra fosse uma bola lisa, então em todos os cantos, mesmo no equador, o clima seria como o cume do Cheimboraço, ou como no polo norte, lá onde a neve eterna existe.
10 – As montanhas são para a Terra o mesmo que a verrugas são para o ovo. Elas não são somente condutoras de ar, mas atuam muito mais como absorventes de calor. O calor que absorvem do oxigênio só podem depositar nos vales e nas planícies mais baixas.
11 – Mas nas planícies bem extensas e muito distantes das montanhas, lá encontrareis menos vegetação, muitas vezes nenhuma, como acontece nos picos das montanhas. Isto se dá por um motivo duplo:
12 – Em primeiro lugar, por estarem longe demais das montanhas, lá nestas planícies há menos calor fertilizante. Com relação ao calor escaldante, ele não vem de outro lugar do que das plantações vizinhas, que cobrem as planícies com o hidrogênio que delas emanam. O mesmo hidrogênio também concentra os raios solares, e o ar atmosférico e os absorve e conduz. Como já foi dito, este calor não é um calor fertilizante, mas se iguala ao calor emitido por brasas ardentes num ambiente fechado. Se não é muito maléfico à vida animal, é simplesmente destrutivo para a vida das plantas. Não é difícil provar que onde a vida vegetal acaba, não há muito tempo para a vida animal continuar.
13 – Há regiões na África e no Sul da América que regiões frutíferas exalam hidrogênio em tal quantidade, que um mar de chuva se estende sobre os campos, pradarias e desertos de tal maneira, que toda a vida ali é destruída, como se tivesse sido jogada dentro de um forno em chamas.
14 – Mas há outra razão para estas regiões serem estéreis: elas sofrem uma grande falta d`água. Podeis viajar pelo mundo todo e dificilmente encontrareis uma só montanha que não tenha em seu sopé fontes de água boa.
15 – As montanhas, já conhecidas como “condutores de água e ar”, ainda são “criadoras de calor vital”. Elas também são “canalizadoras de água” em sentido duplo. Como já sabeis, todas elas se encontram situadas sobre bacias de águas profundas. Então, com sua pressão constante, elas levam a água a alturas bem razoáveis. Isto explica por que muitas montanhas têm aos seus pés fontes de água pura e cristalina.
16 – Como o ar atmosférico deve ser constantemente impregnado por vapores, os quais às vezes se originam do éter em busca da primitiva vida animal, então as montanhas são como os pólipos do mar, constantemente esfomeadas, e cada umidade que se lhes aproxima é por elas sugada e aprisionada. Por meio desta “água etérea” a vida subterrânea se inicia. A água passa por um processo químico e é de certa forma purificada, para que se torne útil para a vida. Pois a água não-purificada que vem do interior da Terra é tão inútil para a vida, como o é a etérea.
17 – Não deveis achar que “água etérea” é o mesmo que água da chuva, a qual só aparece quando nuvens que vêm das montanhas vizinhas por elas são saturadas de oxigênio. A “água etérea” não é formada de gotas, mas está na atmosfera, especialmente sobre as montanhas.
18 – A primeira visibilidade da “água etérea” se anuncia nas chamadas nuvens “carneirinhos”. Quando estas lentamente ficam cada vez mais etéreas e mais pesadas, então elas caem cada vez mais baixas, até alcançarem a região média de nuvens, onde começam a sugar o oxigênio para seu interior. E quando lá de uma certa forma se tornam um pouco “pesadas de vida”, então elas descem para regiões inferiores, nas regiões dos nevoeiros das montanhas, que começam a retirar a eletricidade das nuvens.
19 – Então começa a ventar com muita força nas montanhas. Quem não acreditar que os ventos não são nada mais que eletricidade vinda das nuvens (dos nevoeiros das montanhas), que trate de subir a uma destas montanhas com uma placa de absorção elétrica ou então com uma “pipa elétrica” e amarre esta placa numa barra de vidro, ou numa chapa coberta de resina. Se tiver coragem, aproxime-se da mesma e logo receberá - para sua educação - um golpe luminoso e fatal, que sobre ele se abaterá na velocidade de um raio.
20 – Vede, desta forma as montanhas também são, de uma certe forma, “condutores de água”.
21 – O que mais são então as montanhas? Não é necessário viajar muito para o planalto. Logo começareis a ver todo tipo de minerais que vos mostrarão o que as montanhas ainda são. Elas são fabricadas de todo tipo de minerais e metais!
22 – De onde vêm os metais nas montanhas? Eles vêm, tal qual a água, debaixo e de cima. Há um produto que vem de cima, das inúmeras estrelas do firmamento. Debaixo há produtos, em primeiro lugar, do fogo subterrâneo; em segundo lugar, há produtos das eternas polaridades que se agridem constantemente e que são sempre variáveis.
23 – Há uma grande variedade de metais e todos têm uma única e mesma causa original. Não dá para ser diferente! Numa pradaria existe uma variedade singular de ervas, mas em todo o lugar existe o mesmo solo, a mesma luz, o mesmo sol e a mesma chuva.
24 – Os homens não conseguem fazer o mesmo. Nenhum homem consegue fazer furos de vários tamanhos com a mesma furadeira, ou levantar com uma mesma força diferentes pesos. Ninguém consegue construir ou mesmo usar uma máquina furadeira cuja ponta é mais fina que o pensamento e cuja broca pode se estender para os mais longínquos recantos imagináveis do universo. E também ninguém consegue inventar uma alavanca que retire um sol central de seu centro.
25 – Vede, já que o homem não consegue inventar nem duas ferramentas tão simples, então como ele se comportaria para esclarecer como de uma única causa podem se realizar uma infinidade de variedades e verdades? Como provar que todos os metais nas montanhas se originam de uma única fonte, mas que nenhum é igual ao outro?
26 – Somente Aquele a quem conheceis consegue isto, conhece a arte significativa de preparar cores diferentes em um único caldeirão. Se colocardes uma variedade de tecidos no caldeirão, não conseguireis retirar do mesmo um pedaço com a mesma coloração do outro.
27 – Pois bem, após isto, a explicação é simples. Se aqui encontramos ferro, lá zinco, em outro lugar chumbo, prata, cobre ou semelhantes, nada mais é preciso para que cada uma das montanhas obtenha uma forma e uma qualidade diferenciada. Com o mesmo material que cada uma suga para si, consegue-se produzir diferentes metais.
28 – Quem ainda não consegue compreender isto pode fazer a seguinte experiência, que logo a luz se fará nele:
29 – Pegar um vasilhame bem espaçoso, por exemplo, um vaso de plantas bem grande; colocar nele a mesma terra, mas plantar nesta terra diferentes sementes; regar tudo com uma água quimicamente igual (com respeito aos raios solares, não é preciso se preocupar em absoluto, pois ainda são tal qual eram a trilhões de anos). Ao se observar a plantação, ver-se-á que a tarefa foi totalmente desnecessária. Pois de uma semente de cravo nascerá um cravo; de uma semente de violeta, uma violeta; de cada semente nascerá a planta correspondente, com todas as suas qualidades próprias.
30 – Quem pensar só um pouquinho e tiver em sua mente uma pequena faísca de vida que o leve para cima e não para baixo, se perguntará: “ Como isto é possível? De uma mesma qualidade de terra, de uma mesma qualidade de água e de uma mesma qualidade de luz e calor, se consegue produzir uma tal variedade de produtos? E se eu examinar todas estas sementes quimicamente, encontrarei na origem um único tipo de material base. Mesmo que eu queime todas as plantas diferentes, sobrará um único tipo de cinza”.
31 – “Se eu centrifugar cada planta em separado, obterei de cada uma um suco de sabor e cheiro diferente. Mas se eu decompor quimicamente os sucos, no fim se constata que tudo é a mesma coisa. Eu chego ao carbono e ao oxigênio e assim posso considerar minha árdua experiência como finalizada e concluir que tudo não passou de um grande trabalho”.
32 – Quem chegou a esta conclusão já se encontra no umbral do pátio de entrada. Se ele bater à porta, poderá entrar com certeza; não imediatamente no templo, mas adentrará, nem que seja ao jardim. E é melhor estar ali e se encontrar na melhor saúde espiritual, do que permanecer na margem do Siloa com o corpo espiritual alquebrado, aguardando a chegada de um anjo salvador. Pois quem algo perdeu que comece a procurar, para reencontrar o objeto perdido. Isto é melhor do que aguardar despreocupadamente que um socorro venha e lhe entregue o tesouro perdido. Há que se procurar e de trabalhar alegremente.
33 – A Terra é um lugar cheio de montanhas, abismos, fendas, canais, vales e planícies. Em alguns lugares é completamente coberta por vegetação densa, às vezes impossíveis de se passar. Quem então tiver um tesouro e não o segurar com muita força, facilmente poderá cair e desaparecer. Quando isto acontecer, será muito difícil encontrar-se de novo, sendo este um planeta tão cheio de buracos tenebrosos e escuros. E se alguém perdeu algo, mas não dá a mínima importância e não tenta nem procurar, como poderá achá-lo de novo, se ainda por cima tem aversão a fotos?
34 – Em verdade, alguém assim não se tornará ativo em nada, mesmo que tenha escalado todas as montanhas. Todo aquele que escala uma montanha tem muito trabalho para alcançar seu cume.
35 – Mas qual é o prêmio para tal esforço? Para alguns o prêmio mais importante é olhar a vista, observar as outras montanhas, as vilas. Já o prazer principal - inspirar o ar límpido e vibrante da vida - isto ele recebe na maior indiferença.
36 – É assim é o homem naturalista: um constante escalador de sua altamente elogiada razão; ele escala de uma razão à outra, continuamente. Tão logo chega a um novo cume, acha que ainda não alcançou o mais bonito pico e planeja escalar um cume diferente. Assim corre de cume em cume, sem enxergar o mais importante e o que o satisfaria plenamente: a inspiração da Vida. Diz um pagão sábio: “ O homem, com sua audácia, poderá conquistar ao céu. O que me impediria de conquistar o pico desta montanha?”. E no falar, começa a ação!
37 – Com grande esforço o homem escala mais um pico, com a ilusão que deste cume poderá ver nem que seja a metade da Terra, mas também aqui suas expectativas não se realizam. Entretanto este monte tem outros maiores atrás dele. O montanhista então começa a planejar mais e mais escaladas e deseja no fundo escalar todos de uma só vez.
38 – É assim é com a mente dos homens. Ela vai de um pico de intelecto a outro, mas o que é que ela enxerga em todos os cumes? Nada além de montanhas cada vez mais altas e geleiras que para ela são inalcançáveis. Um homem será abençoado, se após esta longa procura intelectual conseguir dizer: “ Não é possível enxergar toda a Terra de uma única montanha. Quanto mais tenhamos visto, tanto mais claro se nos torna que, ante tudo aquilo que ainda existe para ser visto, não vimos quase nada ”. Traduzindo, isto significa que aqueles que na sua ciência intelectual conseguiram chegar mais longe são os que reconhecem que nada sabem.
39 – Para vós Eu, porém, digo: Não é difícil limpar a poeira de uma maçã, pois o pó só está na casca. Seria mais difícil polir uma noz até ficar bem lisa e muito, mas muito mais difícil, desbastar as verrugas de um ovo sem quebrar a casca.
40 – A Terra em verdade é uma “maçã empoeirada”, pois nela se encontra a poeira de ruínas (o grande planeta que ficava entre Marte e Júpiter cujos pedaços maiores são conhecidos como asteroides e os menores caíram na Terra feito poeira - Grande. Evangelho de João / volume 8 / capítulos 74 a 76). Além disso, ela também é uma “maçã empoeirada” por estar envolta num cinturão de poeira atômica etérea. E em terceiro lugar, em sentido espiritual, ela é uma maçã bem suja, pois está coberta por um véu bem espesso de nuvens de poeira, as quais só permitem que em poucos lugares a luz brilhante do Sol espiritual consiga chegar à sua superfície.
41 – Além disso, a Terra é uma noz, pois primeiramente ela tem uma tarefa bem dura para cada um de seus habitantes: a dificuldade para abri-la. Em segundo lugar, é uma “noz” porque na sua crosta ela demonstra todas as irregularidades que existem em seu interior. Estas constituições rugosas são as cadeias de montanhas primárias, tal qual as excrescências das rugas internas da noz. Em terceiro lugar, é uma “noz” porque todo aquele que a habita e deseja penetrar na vida interna livre do espírito tem que descartar uma cobertura bem amarga, acrescida de uma casca dura, até conseguir chegar ao fruto vivo da vida.
42 – A Terra também é um “ovo”, pois quem deseja conhecer o interior da Terra, este que cozinhe um ovo, o parta em dois e o estude com um microscópio bem potente. Assim terá uma ideia bem próxima da constituição terráquea. Ela é um “ovo” também, porque com o calor do Sol fará nascer vários pintinhos. Em sentido espiritual a Terra é igual a um ovo, pois, tal como ele, só produz vida nova no calor, na paz e no silêncio. O homem também só na sua calma, na sua silenciosa humildade e no seu calor é que conseguirá chegar a Mim e será renascido. Nesta situação ele é igual ao pintinho que se liberta de sua prisão, sai da mesma cheio de vida e, sem nenhum problema, abandona a casca e vai em frente para a vida.
43 – Assim o homem também deveria ser espiritualmente. Só assim ele consegue enxergar - desde qualquer profundeza ou desde o cume de qualquer montanha - não somente a Terra toda, mas sim uma constelação solar, baseado nos elevados sentimentos da vida espiritual livre.
44 – Finalmente, que a escalada desta montanha sirva para que vos conscientizeis que o caminho para a vida eterna não é nada mais fácil do que esta escalada material.
45 – Pois, à distância, todos acham que a montanha não é muito alta. Mas ao se aproximar dela cada vez mais, deixa-se de ver seu cume. E quando se inicia a escalada desde o sopé, crê-se que cada morrinho sem vegetação é o ponto culminante da montanha. Mas à medida que vai subindo, o alpinista se convence cada vez mais que ainda terá que enfrentar sérias dificuldades até conseguir chegar ao pico e de lá ver o luminoso “sinal triangular da vida eterna”. Daí então será surpreendido pelo mais elevado sentimento, do qual não tinha a mínima ideia.
46 – Considerai bem este apêndice em vossos corações. Segurai firmemente a “bandeira” em vossas mãos. Cuidai bem de tudo que é espiritual, de valor incalculável e que vos foi dado em tamanha quantidade.
47 – Olhai bem tudo e estudai o que vos foi dado. Não só encontrareis universos nas montanhas, mas também em grãozinhos de areia. Amém. Amém.
Fariseus da atualidade
Recebido por Jacob Lorber, em 19 de julho de 1841
1 – Não comeces a escrever a obra principal hoje (Criação de Deus e O Saturno). Hoje o que te incomoda são as prédicas e comentários dos pregadores aguerridos, estes que estão cheios de egoísmo, pois eles desejam muito os tesouros da Terra ou então estão correndo atrás do “paraíso” como é apresentado pelos maometanos (e que realmente não existem lugar algum nem jamais existirá). A Mim eles louvam e glorificam somente por causa do tal “paraíso”, mas na maioria das vezes o fazem somente proforma por causa dos bens materiais e das posições elevadas de poder; não existe quase nenhum dentre eles que Me louve e Me ame por Mim mesmo.
2 – Mas para que tu e aqueles que te são iguais em pensamentos e sentimentos consigais um consolo adequado, ledes o capítulo 23 de Mateus, os versículos 13, 14 e 15 muito especialmente. Estes três versículos vos darão suficientes esclarecimentos sobre os fariseus da atualidade, para os quais os fariseus judaicos foram um exemplo e mestres proféticos.
3 – Logo vá a Lucas capítulo 23 e também aos versículos 13, 14 e 15. Lá encontrarás o testemunho de Pilatos sobre Mim e um grande consolo e alívio para ti. E novamente verás o verdadeiro “caso de amor” dos fariseus atuais Comigo. Ou tu por acaso achas que se Eu hoje chegasse ao mundo e tentasse discutir o poder do papa, achas que eles não seriam muito piores que Caifás o foi?
4 – Em verdade, eles iriam a todos os governantes para convencê-los de que Eu seria o arqui-inimigo herege e que deveria ser castigado exemplarmente: queimado vivo na fogueira. Crucificado Eu já sou diariamente ou a cada instante e milhares de vezes, também vendido e traído. Tu compreendes isto com certeza!
5 – No capitulo 13 de João no versículo 18, tu vais descobrir o que estes “comedores de pão” e “bebedores de vinho” de fato são e o que eles acham de Mim (geralmente são contra Mim). Pois, em verdade, eles são aqueles que sempre Me trataram aos pontapés!
6 – Entende bem: para eles Judas não era nada mais que um profeta mau, e eles agora são “in corpore” o que Judas foi então.
7 – A tua situação e a dos teus amigos podeis medir no capítulo 3 - versículos 12-14 das epístolas de Paulo aos romanos. Lá vereis como estais hoje e o que deveis fazer continuamente. Pois as obras das trevas não têm nenhum valor durante o dia! Quem quiser lutar, que lute com as armas da luz, e deixe que os comilões e beberrões pereçam em suas câmeras. Vós, porém, sede honrados em tudo e não vos unais a estes beberrões e comilões, mas sim permanecei unidos a Mim em amor, paciência, mansidão, e assim estais a Me atrair e vós tereis a vida.
8 – Mas quando estiverdes a cuidar de vossos corpos, não permitais que eles se tornem obesos e que quase vos afogueis na carne e tudo mais que significa carne. Entendei bem: vós todos ainda possuis muita “carne”. Aquele que cair na carne, este terá mais trabalho para se levantar, do que um elefante carregado que caiu num lamaçal.
9 – Por isto escrevei com letras bem grandes em vossos corações o versículo 14 da epístola mencionada, e assim trilhareis em caminho sem obstáculos! Amém.
10 – Isto falo Eu, a quem os construtores desprezaram e sobre o qual sempre têm-se lançado injurias e continuarão sempre. Amém.
--------------------------------------------------------------------------------------------------
Agradecimento do Servo
11 – Meu amado Senhor Jesus, Tu, verdadeiro consolador. Sempre encontras o mais certo para dizer e a palavra de consolo mais eficaz para nós, pobres pecadores. Por isto, aceita nossa eterna gratidão, eterno louvor e todo nosso amor e adoração! E sempre aleluia e hosanas a Ti e a Teu nome santo. Amém.
Palavra de advertência e de consolo
Recebido por Jacob Lorber, em 31 de julho de 1841
1 – Escreve uma palavrinha de advertência e de consolo a estas filhas que tem este amor de “castas” que sente por Mim em grande consideração estás “prisioneira em espírito e em corpo” (pois se encontram enclausurado num convento) elas que dão mais importância a livrinhos de orações escritos por alguém que às vezes está com a mente deturpada do que a Minha Palavra, que dão mais importância e mais valor aos ditos “santos” ou clérigos que a Mim. Que se ligue mais aos “santos do calendário” e às cerimônias mais elaboradas do que eram aos pagãos, que dão mais valor a confissão do que ao real arrependimento. Que se confessem diariamente, mas logo em seguida cometem os mesmos pecados de sempre. Elas que consideram verdade tantos truques enganosos dos conventos que se escondem das Escrituras Santas, e que consideram heresia tudo o que nele se fala sobre amor, vida, e quem ver o livro sagrado é quase considerado um bruxo. Adoram livrinhos de meditação escritos em latim (que geralmente não entendem) por monges históricos, aos quais quase consideram como deuses.
2 – Pobres cegas! Com certeza, no futuro, lhes será dada uma luz bem mais clara, mas para isto elas não podem estar baseadas nos seus privilégios clericais, devem ser destituídas de privilégios.
3 – Que aqui seja a palavra de advertência e consolo a essa filha desgarrada e enrolada.
4 – Procura a Mim na verdadeira humildade e no amor interno. Na paciência e na piedade! Pois se tu Me procurares, a Mim, só a Mim, estão Me encontrarás! E se Me tiverdes encontrado, então encontraste tudo! Pois só Eu sou o grande tesouro de todos os tesouros e sou muito mais que todos os mundos e céus.
5 – Se tu Me procuras, aí tens que Me procurar em ti e não nos outros. Será possível procurar lá longe Aquele que continuamente habita teu coração e te aguarda? Da mesma maneira que não vives tua vida num corpo estranho, mas sim no teu próprio, estão tu deves também começar a viver em Mim e Me procurar dentro de ti. Ali tu Me encontrarás! Pois para ti, Eu só moro em ti. E se não fosse assim, como poderias viver, respirar, pensar, sentir e reconhecer e então orar para Mim?
6 – Vê, esse é o caminho certo que leva a Mim! Todos os outros levam a desvios. Anda livremente nesse aqui, que assim encontrarás facilmente a meta desejada. Caminha nele livremente, sem temor, cheio de confiança. Logo reconhecerás como é leve Meu jugo e como a Minha carga não pesa nada.
7 – Usa de ler o Novo Testamento, e lá acharás a verdadeira escola da vida. E se começares a agir de acordo com os ensinamentos dele, então serás coberto de fachos de luz e de ti fluirá a água da vida.
8 – Sê feliz e alegre na tua pobreza, pois quanto menos alguém tiver com o mundo e seus ídolos mortos, tanto mais estará junto a Mim e tanto mais juros terás para receber quando aqui chegares. Por isso, sê feliz, pois estou mais perto de ti, do que imaginas!
9 – Ao leres o Novo Testamento, observa em primeiro lugar João capítulo 15 - versículo 17 ao 23. Lá encontrarás um tesouro enorme oculto. Ele se te revelará, e tu terás uma grande surpresa, pois verás a “chave verdadeira” com a qual abrirás o quartinho no qual Eu te aguardo. Amém.
10 – Isto fala o verdadeiro noivo, por intermédio desse Seu servo preguiçoso. Amém.
11 – P.S.: A chave (ou então as portas abertas do Reino) já foi apresentada nos quatro últimos versículos desse capítulo, os 24, 25, 26 e especialmente o 27. Pois o que aqui foi dito aos apóstolos, isto foi dito para o mundo. Isso fala o Primeiro e o Último. Amém.
Recomendações para o servo escrevente
Recebido por Jacob Lorber, em 08 de agosto de 1841
1 – Escreve, Eu já sei há muito tempo o que vós dois desejais.
2 – Tu Meu servo, considera bem a tarefa que Eu te dei, e o quanto ainda tens que fazer até que tenhas acabado a obra principal. Pois de hoje em diante ainda precisas de tanto tempo, quanto o gasto até o momento. A obra ainda precisa de tanto tempo, quanto o gasto até o momento. A obra ainda precisará de mais um ano, pois tu não és um escrevente muito eficaz. Seria bom que tu dispusesses de cinco horas por dia para a Minha Obra.
3 – Pois os temas que ainda faltam na obra principal são: uma visita de três dias à casa de Adão (após o Sábado), onde aconteceram coisas inimagináveis e que todos devereis observar muito bem; depois a volta para a planície e uma visão rápida de todos os povos da Terra; depois a morte de Adão, aos poucos a história dos seus filhos principais até a época de Noé e a miscigenação dos filhos de Jeová com as lindas filhas das planícies do mundo. Além disso e rapidamente: uma visão das guerras de Jeová; a convocação de Noé; os pregadores à penitência enviados aos vales; o início da construção da arca de Noé, seu trabalho escarnecido e seus guardiões. Logo a seguir: os grandes terremotos; sinais visíveis no firmamento, e finalmente o dilúvio com todas as suas consequências. E depois disto: um pouco mais até Abraão; o sumo sacerdote Melquisedec, e mais algumas palavras de encerramento.
4 – Ao terminar a obra principal, deve-se inserir algumas mensagens que já foram dadas, as quais serão indicadas no tempo certo.
5 – Vê, isto é o que falta da obra principal (Criação de Deus). Ainda existem umas grandes quantidades de revelações sobre a natureza e revelações sobre as estrelas e todo o firmamento, como também do mundo espiritual que existe sobre e entre sóis, corpos celestiais, planetas, luas e cometas.
6 – Faze as contas, para ver como conseguirás acabar tudo isto em dois anos. Pois até lá deve estar pronta, quero dizer, se a desejares e se for importante para ti.
7 – Se não for importante o suficiente, Eu já tenho outras pessoas, em países diferentes que adorariam receber esse presente e acaba-lo até a última vírgula.
8 – Vê, Eu não te digo o que tu deves fazer, mas como tu tens a Minha Palavra, tu deves te dedicar a ela diariamente (com exceção dos feriados), oito horas por dia, por dois anos, a fim de terminar tudo que é de extrema importância.
9 – Pois desta obra os homens devem reconhecer quão tola e inútil é sua atividade mundana.
10 – Quanto ao que desejas fazer além, para tal tens plena liberdade. Mas amplo é o pecado da preguiça quando uma pessoa posterga uma tarefa abençoada que recebeu de Mim, antes que Eu a retire de uma ou outra maneira.
11 – Vê, Eu te fiz espiritualizado para as pessoas, te tornei um mestre do coração e do amor. E fazer isso e dirigir tua vida de acordo com a Palavra, é esta a missão que Eu te imponho. Não penses em receber prêmios por receberes tais dádivas, pois isso é uma enorme graça, dada somente a poucos. Para ser premiado, o único que conta é viver de acordo com a Palavra, no Amor, na Paciência, na Mansidão, na completa fé e confiança, em todo tipo de abnegação, carregando a cruz sem revolta, tal como também doenças e sofrimentos, pois é assim que o coração fica totalmente limpo de todas as impurezas do mundo.
12 – Eis, pois, quanto tens que “labutar” para exercer tua mestria. Dificilmente poderás assim ter mais alguma tarefa. Mas morar tu podes em qualquer lugar, somente não junto a uma prostituta.
13 – Se for para o bem de teu irmão, podes ajudá-lo em teus momentos de lazer, mas aceitar um emprego regular na casa dele te será absolutamente impossível. Mas se tu decidires te mudar para a casa dele, faze-o totalmente sem alarde. Pois o mundo desse local não deve saber nada sobre a obra que elaborais juntos, pois senão ficaria muito zangado e hostil, e vós sentiríeis as consequências.
14 – Compreende isso bem! Pois um certo alguém observa com mil olhos os teus movimentos e está à espreita para encontrar algo que chame a atenção. No momento em que teu amigo trocar de emprego e posição, então sim podereis vos reunir sem problemas. Agora, porém, só deveis vos encontrar tomando muito cuidado.
15 – E a ti, amigo de Meu servo, digo que existem pessoas que acreditam que Jacob Lober está transmitindo a ti e a teus filhos os ensinamentos de Lutero e todo tipo de heresias anticatólicas. Elas creem que as aulas de música sejam somente uma cobertura política.
16 – Quando Meu servo acabar suas atividades aqui e se mudar para tua casa, isto causará certo desconforto. É, portanto, mais inteligente que Meu servo permaneça morando no aposento dele por mais um mês e meio. Neste meio tempo, Eu vos mostrarei uma saída bem segura.
17 – Mas Meu servo não deve modificar seus hábitos de vida por enquanto. Até quando ele vier a se mudar para tua casa, deverás, se possível, almoçar com ele pelo menos duas ou três vezes por semana e visitá-lo diariamente.
Obs.: Lorber morou um tempo com Anselmo Huttembrenner (ou Ancheas Huttenbrenner), chamado pelo Pai de Willig.
18 – Mas tu também tens que te entender com tua mulher, pois ela poderá fazer exigências ao Meu servo. Pois os que são econômicos, muitas vezes simplificam as suas necessidades, e tu já entendes o que Eu quero dizer!
19 – Medita sobre o Meu conselho e age conforme.
20 – Isso fala Aquele a quem tudo é conhecido! Amém. Amém. Amém.
Conselho para os trabalhadores da vinha
Recebido por Jacob Lorber, em 10 de agosto de 1841
1 – Ouvi! É assim que se expressa o conselho da eterna Sabedoria e do grande Amor, teu Senhor, teu Deus, teu Criador e Salvador e, só após isto, teu Pai que é santo, santo, santo.
2 – Se tu desejas andar em companhia de pessoas do outro gênero com intenções de purificá-las, observa bem em primeiro lugar as profundezas de teu coração. Vê bem que não existe nenhuma diferença visível entre uma semeadura proveitosa e outrora totalmente inútil, venenosa e má mesmo.
3 – Um coração que não foi bem examinado é igual um solo não adubado, onde as ervas daninhas crescem melhor do que o trigo. Por isso, não permitas que tais semeaduras enganem, pois tu não sabes que tipo de fruto elas produzirão.
4 – Em Meu Nome podes te aproximar de qualquer pessoa, mas Meu Reino não encontrarás a não ser junto a Mim, pela fé, pelo amor e pela total renúncia; isto só acontecerá quando tiveres te separado completamente do mundo em todo teu coração.
5 – “Senhor, aqui estou! O mundo se tornou um nojo para mim. Tu, porém, és tudo para mim, tudo, tudo, tudo. Eu não quero nada mais do que a Ti, somente a Ti.”
6 – Vê, somente neste momento Eu posso chegar. Onde puderes ser útil, age em Meu Nome e presta atenção na profundidade e nos verdadeiros sentimentos de teu coração. Pois lá ainda existe todo tipo de sementes. Eu, porém, sempre acompanharei aquilo que farás em Meu Nome a todos aqueles que Eu te entregar.
7 – Com respeito à irmã sobre quem Me perguntaste, ela, na sua total mesquinhez, olha com um olho para o céu, para ver se de lá vem alguma ajuda, mas com o outro olha para o mundo, par ver se lá há algum tesouro e pedras preciosas para ela. Ela deverá dirigir ambos os olhos, ouvidos e especialmente o coração para Mim, sem delongas, pois só aqui é que ela encontrará o maior tesouro de todos, e a ajuda lhe será dada.
8 – Tu, porém, purifica e preserva teu coração de tal forma que, quando Eu chegar inesperadamente, Eu não Me sinta tentado a seguir adiante ou mesmo retornar, pelo estado em que encontrar teu coração. Considera que somente uma coisa é necessária, e quem a escolher como sua, já escolheu a melhor parte.
9 – Isso falo Eu, o eterno Redentor e contínuo “Renascedor”. Amém. Amém. Amém.
Uma nova luz do amor
(uma carta de Jacob Lorber a seu amigo Karl Gottfried von Leitner)
Em 20 de agosto de 1841
1 – Caro e muito honrado amigo! Seria-me totalmente impossível expressar por escrito tudo aquilo que vi, ouvi e senti, tanto material como espiritualmente; tenho certeza que ainda mais verei, ouvirei e sentirei. Em verdade, para locais lindos como este o homem deveria ter centenas de olhos, ouvidos e corações. Pois com os sentidos normais, nós aqui nos tornamos verdadeiros glutões. As maravilhas daqui quase nos fazem desmaiar de prazer e eu me pergunto: O que fazer com tantas coisas maravilhosas que estou a receber?
2 – Em verdade aqui existe excesso de tudo, especialmente para olhos espirituais. Eu observo e estudo todas estas montanhas tão altas e não quero perder nenhuma destas preciosidades da natureza, especialmente todas estas localidades espalhas pelos vales. Mas com respeito às atividades naturais e espirituais, meu caro amigo, tanta atividade eu não poderia ter imaginado jamais. Deveras, se um cego aqui, somente com alguma ajuda espiritual e médica não tornar a ver, então eu devo me tornar um negador de Deus. Pois quem aqui não se tornar um crente vivo por este batismo, a crisma será totalmente desperdiçada. Eu aqui experimentei coisas das quais não tinha a mínima ideia. Dentro de mim ascendeu-se uma luz totalmente nova. E nos raios desta luz infinita eu vejo um mar de milagres que se sobrepõem uns aos outros em sua maravilha.
3 – Querido amigo! Eu daqui só posso lhe dizer que, em primeiro lugar, já recebi muitas mensagens do meu elevado locutor e que espero ainda receber muitas bem extraordinárias e preciosas. Em segundo lugar, me atrevo a lhe afirmar que esta minha coletânea espiritual, tanto recebida oralmente como por escrito, não será sem importância.
4 – Pois é o seguinte o que eu ouço: “Uma luz nova Eu te dou. Não é bastante quebrar a crosta das coisas tal como a madeira e o miolo, o cerne também. Mas devemos ver o que será da crosta e da madeira e do miolo. Quem quiser ver isto este que cuide de que verá corretamente. Quem quiser ouvir, que coloque sua mão no peito e conte cada pulsação e considere de que sentimentos o coração esta em volto. Só então ele e todas as coisas terão se colocado no verdadeiro chão e na verdadeira posição. Entende bem! Vê esta é uma nova Luz do Amor que te mostrará o fruto que se está formando no miolo, o miolo, na madeira e a madeira na crosta. E também, dependendo de tuas ações, a vida eterna em ti. Vê, esta é uma nova luz e tudo o que aqui recebes te será iluminado nesta nova Luz. Amém. Entende isto bem. Amém”.
5 – Veja, meu querido amigo, deste pequeno exemplo pode aguardar grandes revelações que lhe causarão enorme alegria. Eu aqui sou só um coletor, mas espero em breve que você e todos os outros, meu amigo, recebam esta carta em boa saúde.
6 – A Misericórdia do Senhor Jesus Cristo e seu Amor estejam consigo, agora e eternamente. Amém.
Isso deseja sempre vosso amigo e irmão em espírito
Jacob Lorber
servo do Senhor
Mensagem pela morte de um filho
Recebido por Jacob Lorber, em 23 de outubro de 1841
1 – Dize isto àquele a quem Eu Me dignei visitar e levar para junto de Mim sua criança mais jovem, que na Terra lhe dei como filho. Pois ele está de luto e chora muito. Não reconhece que fui Eu quem lhe outorgou tamanha graça, cuja grandeza ele certamente não conseguirá entender em toda a eternidade.
2 – Mas se um rei do mundo lhe tivesse dito: “Não gostaria de me entregar esta tua criança para que eu a eduque, a torne uma grande e importante rainha, uma imperatriz mui poderosa e, quando tiver a educação e a idade certa, também a presenteie com muitos países?”, não teria ele ficado extremamente feliz e não expressaria alegremente seu agradecimento a este regente?
3 – Ou se um rei viesse a ele e nomeasse sua filhinha como única herdeira de boa parte de suas propriedades, o que faria em relação à tão bondoso rei? Ou se um príncipe pedisse a mão de sua filha para ser sua futura rainha, será que ele enxotaria tal candidato de sua casa?
4 – Mas o que é tudo isto comparado com Minha chegada, quando faço tudo isto, mas para a eternidade, para a vida eterna? Aí então o pai dela chora, se lamenta e fica de luto.
5 – Como tudo isto ainda é tão frágil... Para que se obtenha uma ajuda extraordinária, não são necessários meios extraordinários? Ou será que o medicamento não deve ser compatível com a doença, para conseguir-se a cura? Quem, ao mostrar sua ferida ao médico (que por sua vez coloca nela seus óleos medicinas), começa a chorar e se lamentar, justo quando o óleo começa a curar a ferida? Como ainda sois cegos!!!
6 – Se os sapatos vos apertam, então constantemente chamais por ajuda. E quando Eu finalmente chego, para vos auxiliar, libertar e fortificar, então vos encheis de tristeza. Por que isto? Porque vosso coração ainda é cego. Vós procurais a ajuda, mas temeis e fugis do remédio que vos curará.
7 – Vê, Eu te mostrei um caminho plano, abri uma porta que há muito existia e derrubei uma muralha que tudo dividia. Por um grande deserto instalarei aquedutos que levarão a água da vida, que a todos vivificará. Vê, o deserto florescerá, e tu estás triste por isto?
8 – Aprende a Me conhecer melhor no futuro, pois Eu sou teu Pai! Como te atreves a ficar triste, quando Eu, teu santo Pai, no mais Divino Amor, não mais quero te ver triste? Pois Eu, teu santo Pai, venho à tua casa para nela reger.
9 – Por isso, não mais fiques triste, pois Eu, teu santo e amoroso Pai, assim o quis. Considera isso, que viverás eternamente. Amém.
Amor, a força original da Vida
Recebido por Jacob Lorber, em 18 de novembro de 1841
1) “Acordai e orai, para não cairdes em tentação! Vosso coração está cheio de boa vontade, mas vossa carne é fraca”.
2) Quem não levar esta verdade eterna sempre em seu coração e em sua boca, nunca está seguro contra a queda. Sabeis muito bem como é difícil para o caído se levantar e ficar completamente de pé. Isto vos mostra de sobejo o universo e, como um exemplo bem claro, vossa vida em si, se desejardes prestar-lhe um pouquinho de atenção. Toda a criação, inclusive o homem, não passa de partículas do grande espírito de Lúcifer caído e condenado à matéria juntamente com sua falange.
3) A “carne”, pois, é fraca. Mas não penseis que é a carne de vosso corpo – que é uma carne morta – porém a carne do espírito, a que é de fato o seu amor (do espírito). Esta, deveis entender bem, é a carne bem fraca, que ainda está exposta a todo tipo de tentações. Esta carne em vós ainda é qual um junco na água, ou uma biruta que é dirigida ao bel-prazer do vento.
4) Eu, porém, vos digo: Aquele cuja carne ainda é fraca é aquele que teme subir uma montanha, para lá construir sua casa; porém fica na planície, construindo sua casa na areia, pois é bem mais cômodo.
5) Enquanto não houver águas ou ventos torrenciais para fustigar as paredes fracas da casa, esta estará de pé do mesmo modo que aquela sobre a rocha, e todos se admiram pelo habitante da montanha ter tido tanto trabalho em levar o material para lá. Porém quando as tormentas chegarem e as águas e os ventos se elevarem, será que o morador da casa na rocha não vos perguntará: “Ó vós, tolos comodistas! Como foi possível que tivésseis tido a ideia de construir na areia do vale?”.
6) Vede, assim fraca ainda é vossa “carne” e ainda não podeis vos separar da casa na areia. Eu vos digo: Deveis orar e vigiar, para que, quando a tormenta chegar, não sucumbais à tentação. De que vos adianta todo o conhecimento da boa vontade, se esta não vier apoiada no amor, que é a carne do espírito? Será que disto jamais se originará alguma ação?
7) O amor é a eterna mola-motor da vontade, como a vontade o é da ação. Considerai, vós mesmos, de que utilidade seria um relógio se não tivesse uma mola-motor bastante forte e grande para colocar todos os elementos em movimento? Quantos não sabem de casos onde a vontade é tocada, mas nada acontece, pois o amor não foi tocado? Quantas jovens despertam a vontade de um homem solteiro, mas este prefere outra, onde encontrou amor unido a esta vontade?
8) Onde estava a origem da ação? Certamente não só na vontade (que é qual relógio que não tem nenhuma mola-motor, ou a mesma é muito fraca ou preguiçosa), porém no verdadeiramente forte e justo amor, o qual é a única força que aciona a vontade.
9) Por isto fortificai vosso amor. Este é o verdadeiro “Vigiar e Orar” Comigo, que sou o Eterno Amor, mas em palavras bem mais simples.
10) Amai e atuai neste amor Comigo! Não agi somente pela vontade, mas sim sede atuantes no amor; quer dizer, agi apoiados em Meu Amor por vós e só então por vosso amor por Mim.
11) Observai Meu leve Mandamento do Amor e confiai totalmente em Mim. Nesta rocha construí vossa casa e estareis em segurança, podendo desprezar as águas e os ventos tormentosos, quando estes chegarem. Pois vossa casa está sobre uma rocha e vosso relógio tem uma mola-motor forte e confiável. Possuireis então uma carne forte, junto ao espírito cheio de boa vontade. Sim, tereis vivido a verdadeira ressurreição da carne, nesta mesma carne onde vereis o Eterno Amor, o Eterno Deus, pessoalmente; então usufruireis um novo amor por Deus, por toda a eternidade.
12) Vede, esta é a verdadeira Ceia! Este é o verdadeiro corpo do Eterno Amor que por vós existe e o verdadeiro sangue que por vós foi derramado. Comei e bebei este corpo e este sangue, para com isto fortificar vossa carne, e que ela ressuscite para a Vida verdadeira e eterna.
13) Meu Amor é a grande e verdadeira Ceia! Quem seguir Meus Mandamentos, que não são nada mais que o puro Amor, este possui o Meu Amor, pois Me ama de verdade.
14) Aquele que Me amar na ação comerá verdadeiramente Minha Carne e beberá conscientemente Meu Sangue, que são o Pão e o Vinho Celestial Verdadeiro dos anjos e da vida. Em verdade, quem beber do Vinho e comer do Pão, este nunca mais sentirá fome nem sede.
15) Bem, agora uma palavrinha para aquela.
16) Vê, este Meu Corpo e este Meu Sangue também deve ser tua maior ligação entre tua vida corpórea e a Minha! Come e bebe quanto quiseres. Eu te digo: Jamais te enfastiarás. Este pão e este vinho satisfazem completamente, mas despertam sempre o desejo de querer cada vez mais.
17) Se assim fizeres, estarás preparada quando o “Noivo” chegar. Terás um bom estoque de óleo para iluminar a lamparina e serás aceita com muita alegria. Pois Meu Amor é o Óleo, é unção para o renascimento da carne fraca.
18) De que serve à lâmpada o pavio que apresenta um espírito de boa vontade, se lhe falta o Óleo do Amor? Bem, então te aconselha somente com o “Óleo”. O pavio te será dado junto à lâmpada. Mas o Óleo, este sim tu deves adquirir em Mim por ti mesma, pois quando o “Noivo” chegar, estarás pronta.
19) Isto é o “Orai e Vigiai Comigo”, como também é a “verdadeira Ceia Santa” que Eu te dou hoje e eternamente, para que a usufruas feliz. Come e bebe! Mas não mistures ao Pão nenhuma iguaria mundana e não coloques água no teu Vinho; assim ressuscitarás de fato na carne do amor do espírito para a verdadeira e eterna Vida. Amém.
20) Considera isto uma eterna ligação que Eu te dou. Amém.
Permanecei no Amor
Recebido por Jacob Lorber, em 4 de dezembro de 1841, à tarde
E Ele lhes disse: "Tenho desejado ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de sofrer. Pois Eu vos digo: Não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus”. Lucas 22-15-16.
1) Não entendeis assuntos tão simples e claros, porque sempre preferis a sabedoria, em vez de ler ou ouvir com o Amor, no qual tudo está unificado e por isto é de compreensão simples; enquanto que na tola razão tudo está disperso como as estrelas no infinito espaço, das quais ninguém jamais conseguirá saber (com a razão) como são e o que se encontra no seu interior.
2) Por isto, procurai sempre abrigo unicamente no Amor e nele permanecei. Ele é a única luz do Infinito, de toda a eternidade e da profunda Onipotência de Deus. Quando vos tiverdes apoderado do Amor corretamente, e este a vós, então estareis aptos para entender tudo e obtereis coisas que não conseguiríeis imaginar nem nos mais loucos sonhos da Sabedoria.
3) E é por isto que Eu lhes disse: "Do Coração Eu anseio", ou ainda: "Ó amor, Meu amor por vós Me obrigou a compartilhar o Amor convosco, antes que Este Meu Amor comece a julgar o mundo e devolver ao mesmo o que lhe pertence, para conservar o que é vosso, que é a verdadeira e justa Vida que se origina Nele (o Amor) e por Ele".
4) Como consequência, o seguinte é o mesmo: "Eu não tornarei a comê-la, antes que ela se cumpra no Reino de Deus"; ou de maneira mais simples para vós que tendes dificuldades em ouvir: "Eu de hoje em diante não mais comerei, só após o julgamento do mundo ou do príncipe do mundo no Reino de Deus, o qual é o Reino do Amor e da ressurreição do Espírito".
5) A verdadeira Páscoa, porém, é o verdadeiro Amor por Mim, e pelo qual o coração se torna lar do Espírito Santo.
6) Vede, isto tão simples de entender é o que significam estes dois versículos. No futuro, não procureis o entendimento dos textos com a razão e na razão, com um espírito mundano rígido, mas sim com o Amor, no Amor e no espírito humilde da Verdade, e assim tudo será de fácil entendimento. Senão demorará, até que Eu possa comer o Cordeiro da Páscoa em vossa companhia, no Meu Reino. Entendei bem isto. Amém.
Para uma filha cansada do mundo
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de dezembro de 1841
1) Ó Abba Emanuel! Na mais profunda humildade aqui me encontro implorando-te, a ti, o mais Amoroso Pai, Tu, que alivias a todos os sofredores e oprimidos que Te procuram, olha com carinho o coração humilhado desta nossa irmã, cujas esperanças (no mundo) foram completamente destruídas e que não possui a força necessária para voltar-se para Ti; ó Santo Pai, em Ti, onde somente encontra-se a paz, o consolo, e uma Vida nova e verdadeira.
2) No seu desespero e na sua escuridão ela nem imagina que as portas se encontram abertas de par em par nesta época de graça e que Tu, Santo e Amoroso Pai, aguardas de braços abertos todos os Teus filhos perdidos, perdoando-os todos.
3) Põe, por favor, Tua Luz e Tua Verdade no coração dela, que parece estar cansada da vida na Terra. Mostra-lhe (já que ela assim deseja) a doença que acomete sua alma, como também seu corpo fraco. Dá-lhe, amoroso Pai, palavras de consolo, de vontade de viver, e fortifica seu coração.
4) Eu, um humilde servo Teu, peço-Te com toda a minha humildade: Tua Vontade se faça nesta irmã. Amém.
5) Tu, porém, Santo Pai e Senhor, és o único Salvador, ressuscitador que pode fazer-nos renascer. A Ti, só a ti todo nosso agradecimento, louvor e Amor. Pois tu és o Redentor e Teu Amor é eterno. Amém.
Resposta do Pai ao pedido anterior:
6) Aquele que voltar seus olhos para o mundo, mais cedo ou mais tarde verá como este recompensa seus admiradores, seguidores e trabalhadores.
7) O que é o mundo? Nada mais que um corpo morto, um sepulcro no qual pouca coisa boa pode ser encontrada, nada mais que podridão tenebrosa, esqueletos asquerosos a serem putrefatos e expostos a todo tipo de vermes. Vê, estes são os tesouros do Mundo! Mesmo sendo asquerosos, são idolatrados e procurados apaixonadamente pelos homens, especialmente nos dias atuais. Eu, que com Meu Amor Paternal tento protegê-los dos mesmos, preocupadíssimo com suas atitudes tresloucadas e externamente egoístas; tudo faço para evitar que eles se precipitem neste sepulcro, o que é difícil, pois tenho que respeitar seu livre arbítrio.
8) Vê, assim é o mundo. E tão extremamente tolos e mesmo maus são os que nele foram criados. Eu te digo que em cem pessoas poderei encontrar somente meio justo e entre mil só um totalmente justo. Pois o mundo tornou a todos mais ou menos cegos.
9) Observa a moda das roupas. Elas já são o verme da morte que começou a comer o corpo em vida. Sobre a moda encontra-se um dos Meus maiores julgamentos, pois ela é a maquiagem da morte pela qual milhares de pessoas, até milhões, serão excluídos da vida eterna.
10) E a dança! Esta vos leva com imensa rapidez para a morte, tanto material como espiritual. Os bailarinos carregam a morte em seus braços. O que Eu devo fazer com eles? Eu os deixo de lado, pois já receberam seu prêmio pelo qual tanto suaram.
11) E mais ainda o usurário, o invejoso e o avarento. Estes três são de longe o primor de vermes humanos (o nome "humano" é bom demais para este tipo de servos da morte). Não é nem possível chamá-los de "pecadores". O pecador de vez em quando se arrepende e às vezes tem o desejo de melhorar. Mas este trio de almas materialistas, que só reconhecem as pessoas pelos bens (dinheiro) materiais que possuem, estes não conhecem a palavra "arrependimento". Onde está o rico que se arrepende de ser rico? Se um destes ricos tiver tanto dinheiro e ele doar uma ninharia para um pobre, o faz com muita má vontade. Eu sei muito bem quão poucos são os ricos que se dedicam a ajudar seus irmãos necessitados com alegria no coração. Eu te digo, se os contares nos teus dedos, sobrarão dedos nas tuas mãos, se tomares uma cidade de aproximadamente 500 mil habitantes.
12) E a infidelidade daqueles que só se amam a si mesmos? Achas que os que se declaram para ti, o tenham feito por amor a ti mesmo? Acredita, estes só amam a si mesmos, em ti! Mas já que tens coração iluminado e esclarecido, eles se sentiram mal e seu amor próprio não agüentou o que consideravam humilhante (tua retidão os enfraquecia) e assim te abandonaram.
13) E agora estás triste em teu coração, por Eu ter te protegido e liberto destes que iriam te destruir, pois só amam a si mesmos e só são fiéis amantes de si mesmos? Eu te digo: Alegra-te pelo que hoje choras! Eu te prometo que teu coração se curará neste teu peito e então poderei entregá-lo alegremente a um homem que será teu companheiro aqui e na eternidade.
14) Acredita no que te digo: Eu estou mais perto de ti, do que jamais poderás imaginar! Assim, se Me procurasses com amor em teu coração, tu, que tanto desperdiçaste este teu amor e ainda continuas a desperdiçá-lo, já Me terias encontrado há muito tempo.
15) Vê, tua doença corpórea sou Eu! Sim, Eu estou doente em ti, doente de amor. E por isto tu estás enfraquecida e adoentada. Concentra de agora em diante, todo teu amor do mundo para Mim, e logo Eu ficarei curado em ti, e tu em Mim e Comigo.
16) Tu achas que tens problemas pulmonares. Nada disto, pois o que te falta está no coração! Pois não pertences ao mundo, mas és filha do céu! Por isto a felicidade do mundo não te aceita, não te quer bem.
17) Quando teu coração estiver curado, teu corpo também estará curado. A doença é tua provação!
18) Mas o mundo como Eu te mostrei no começo não proverá a tua cura nem o bálsamo para o teu coração ferido. Só Eu posso dar-te isto. Volta, pois, teu coração para Mim! Somente em Mim encontrarás a paz feliz e calma e nunca junto às chamadas Irmãs de Caridade vestidas em roupagem de humildade e misericórdia, nem nas igrejas frias e enfeitadas, mas sim junto a Mim, com tua confiança e teu cada vez maior amor por Mim.
19) Vê, Meu servo Jacob Lorber, igual a ti, sempre estava doente, mas desde que Me achou nada mais sente; ele está sadio e livre.
20) Tu também podes ficar curada, assim que te voltares para Meu Coração. Vê, Eu, teu Eterno e Santo Pai, jamais te abandonarei. Mas deves vir a Mim com todo coração.
21) No momento em que chegares a Mim, serás ornamentada com uma grande maravilha! Eu só vejo a confissão do coração, nada mais Me importa.
22) Por isto, vem a Mim, teu Pai, teu Jesus. Amém.
Para Meu servo (Jacob Lorber)
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de dezembro de 1841 – continuação
1) Aquela cançãozinha que modificaste para ti e que intitulaste “O Mundo Calmo”... Vê, esta cançãozinha é muito boa para aqueles que não são do mundo, mas que este tudo faz para deles se apoderar.
2) Mas esta cançãozinha deve ser um pouco modificada, pois ainda existe algo impuro nela, e ela não possuiria a força necessária para atuar nos corações necessitados.
3) O título deve ser “O Mundo Interior”, e um irmão iluminado poderá musicá-la, pois terá a Minha inspiração. Assim, esta cançãozinha fará a sua missão. Escreve, então!
4) Eu te digo: Todo obreiro tem o seu valor. E se tu trabalhares corretamente, sem a avidez da riqueza, como o fizeste até agora, obterás uma compensação merecida pelo teu trabalho, na hora certa. Jamais penses na recompensa, mas sim trabalha por Mim e no trabalho que de Mim recebeste, assim já terás a maior recompensa dentro de ti. Escreve pois. Amém.
O Mundo Interior
1. Bem lá no fundo do coração humano
Um lugar sem dor
Está iluminado pela luz santa.
Lá se encontra quieto o mundo interior
2. Silêncio, somente flutuam lá sem queixas
As sombras dos dias ásperos.
Finalmente ficam claros como o sol
Na fonte santa da vida.
3. Aqui prova a bondade verdadeira,
Para ti o minuto passageiro.
Sim ela comporta liberta a traição,
Verdadeira felicidade vital.
4. E para os verdadeiros encontros de amizade
É criado um eterno círculo.
Mesmo o tom que a dor criou,
Se liberta numa canção feliz.
5. Ó, o mundo no coração interno,
Só nos dias quentes de muita dor
Tu encontrarás a porta oculta,
O estreito caminho que te leva para ele, o mundo interno.
6. Quando as agruras da vida
Te oprimirem e no vazio do mundo
Não te aparecer nem uma mísera estrelinha,
Foge para este mundo interior.
7. Quando nas alturas de tua vida
Escuras tormentas de dúvidas pairam
E tua fé em nada puder se segurar.
Educação espiritual dos filhos
Recebido por Jacob Lorber, em 27 de dezembro de 1841
1) Porque não vos dedicais aos vossos filhos, que Eu vos dei para serem purificados, como vós vos dedicais às Minhas Palavras?
2) Vede, sois demasiado mornos com vossos filhos, por isto eles pouco se importam convosco. E sendo espertos, sabem que sempre fechareis vossos olhos quanto às suas atividades mundanas, e deles não os cuidais de acordo, a não ser que vos forem necessários. Eles têm uma total liberdade, e fazem nas vossas costas, especialmente com seus corações, o que bem entendem. E se de vez em quando vós os questionais, sabendo que sois facilmente manipuláveis, dizem o que bem querem, mas jamais a verdade. Então vós vos satisfazeis de imediato e vossos filhos também.
3) Eu, porém, vos digo: Em vossa casa deve ser introduzida uma ordem bem diferente. Deveis vos dedicar diariamente pelo menos uma hora a estudar assuntos espirituais com eles e com muito amor e dedicação colocar algumas travas, se desejais evitar desgraças e infelicidade em vossos lares. Com isto evitareis que Eu prejudique um de vossos filhos, para que sirva de alerta aos outros, ou que Eu os abandone ao mundo.
4) Vede, já agora não sinto vontade de entrar nos quartos de vossas casas. Que aconteceria se Eu as abandonasse totalmente para o mundo? Esta é a razão por que Eu vos advirto pelo Meu Servo, para que tenhais mais cuidado, para que observeis mais Meus ensinamentos de amor e retidão.
5) Mas quando a água cobrir vossas casas, Eu terei que gritar, para que acordeis, para que não vos afogueis todos. Cuidai de vossos filhos, permanecei junto deles com amor e carinho, sede importantes para eles.
6) Se assim não fizerdes, eles se transformarão em verdadeiros judas, mas as consequências vós mostrarão claramente quem melhor vê: Vós, ou Eu.
7) Agarrai bem esse aviso bem claro, antes que seja tarde demais. Tratai de entender. Amém.
8) Quem isso diz deveis saber de sobejo. Amém.
Pedido de um pai
Recebido por Jacob Lorber, 5 de janeiro de 1842 , à noite
1) Ó Santo Senhor e Pai! Como Tu desejas que eu oriente uma mulher e nove filhos, e eu só tenho dois olhos e reconheço a minha cegueira e minha incapacidade de fazê-lo? Eu ainda não me conheço, a mim mesmo. Como desejas que eu veja o interior de tantos? Eu ainda não consigo me ver claramente; como podes desejar que eu lidere aos meus até a meta final?
2) Não me sobra outra atitude do que Te pedir, a Ti, meu querido Pai, que tomes esta incumbência sobre Teus ombros piedosos, esta incumbência que eu tão pouca capacidade tenho de cumprir, mesmo que me esforçasse ao máximo!
3) Perdoa-me, ó Senhor, pelas palavras atrevidas que Te dirijo após Tua prédica tão misericordiosa, e alivia minha alma com Tua luz. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Resposta do Divino Pai
Recebido por Jacob Lorber, em 6 de janeiro de 1842 , de manhã
1) De fato tenho que perdoar estas palavras tolas e atrevidas que Me dirigiram ontem. Pensai bem e observai quanto Eu, ouve bem, Eu já vos dei, a vós e aos vossos, Eu, vosso Criador, vosso Deus, vosso Salvador e eterno Ressuscitador. Devem envergonhar-se muito por terem chegado a Mim com estas vossas perguntas tão tolas, e Eu considero tudo como um resultado da preguiça de vossa alma e um enorme medo da Cruz.
2) Porém para que possais ver vossa grande cegueira, da qual somente vós sois culpados, da mesma maneira que o sois da perdição espiritual de vossos filhos, Eu, por pura misericórdia, vos darei algumas explicações sobre o que Me pedis.
3) Vede, Me culpais por Eu exigir de vós uma educação mais cuidadosa de vossos filhos, uma educação que Me agrade mais, e vós reclamais por Eu vos ter dado somente dois olhos para realizar este Meu desejo, e vós não sois capazes nem de reconhecer vossa impotência.
4) Eu porém, vos digo: Se tivésseis reconhecido isto, não teríeis chegado assim com tão tolas exigências e não teríeis Me culpado, a Mim, que sempre vos mostro o caminho mais seguro, correto e fácil, e que não vos pedi nada mais que vos dedicásseis, nem que fosse por uma horinha, à educação espiritual de vossos filhos. Será que para isto é necessário ter mais de mil olhos?
5) Bem, até esta pequena e insignificante cruz desejais empurrar sobre Meus ombros, Eu, que desde sempre tenho que carregar uma cruz extremamente pesada por vós e que a carrego até o momento atual. Ó espírito comodista! Não foi difícil gerar, no prazer da carne, todos estes filhos. Mas Minha exigência tão insignificante, que vos ajudará a redimir-vos deste pecado carnal, vos é pesada e trabalhosa demais.
6) Dizei-Me: É a vós tão impossível dedicar nem que seja uma horinha para os vossos afins e, cheios de amor e tolerância, acordar seus corações para Minha existência? Ou será que temeis a presença de vossos filhos, pois ela poderá despertar vossa carne e assim incapacitar-vos a falar-lhes de Mim? Mirai-vos no exemplo de Meu servo (Lorber) que diariamente lhes dedica muito mais tempo que vós, seus verdadeiros pais. Ele os ama, a todos, de todo coração. E se Eu achar necessário, pode falar-lhes com bastante seriedade, sem jamais deixar o amor por eles ser prejudicado.
7) Conversas mundanas são um verdadeiro veneno para os corações de vossos filhos, especialmente se vier dos pais. Eu sei que vós achais mais fácil falar-lhes dos assuntos sórdidos que conversais nas tabernas, do que lhes dizer algo em Meu Nome.
8) Tenho que vos alertar mui seriamente que com estas conversas tão mundanas, vós prejudicastes muito a vossos filhos e nada acrescentastes na sua evolução. Poderia recriminar-vos muito mais neste teor, mas Eu já vos perdoei todos os erros há muito tempo e já vos abençoei. Só esta horinha diária Eu vos exijo, para compensar todos vossos pecados e transgressões contra Mim, vosso Pai. E vos Me acusais de má vontade contra vós, como se Meu Amor e Minha Sabedoria pudessem não ser perfeitos, pois fariam exigências às quais os homens não poderiam cumprir.
9) Ou achais que no momento em que desejarem trilhar Meu Caminho, Eu não estarei ao vosso lado para ajudar-vos com toda Minha Força? Não sempre vos indiquei carinhosamente o que poderia ser prejuízo em vossas casas e não sempre desejei ajudar-vos, como até agora sempre o fiz, contanto que Me aceitásseis em vossos corações? No entanto Me culpais por esta pequena cruz que vos peço carregar.
10) Se fosseis só um pouquinho menos cegos, teríeis de vos esconder ante Minha Presença, Eu, vosso eterno e amoroso Pai, que tanto vos ama e que vos abençoou constantemente, apesar de vossos constantes erros grosseiros.
11) Estou sempre disposto a vos auxiliar, e tudo o que é Meu está à vossa disposição. Não sempre ouvi vossos pedidos fracos, sempre, mesmo nos assuntos mais corriqueiros? Quantos caminhos longos já vos carreguei em Minhas mãos protetoras e com quanta luz já vos deixei iluminar, muito mais luz que deixei aos outros? Meditai bem sobre isto. Mas meditai também se Eu mereci vossa recriminação somente por causa desta pequenina cruz que vos peço e que considerais ser impossível realizar.
12) Se continuardes desta maneira, vossa evolução será muito difícil de ser alcançada e a verdadeira razão de ser de vossos afins estará à grande distância.
13) O que Eu vos digo e aconselho, a vós cegos tolos, já é uma grande ajuda. Minha grande, amorosa e abençoada ajuda. Só é necessário que a aceiteis, que a obedeçais e com isto vossas casas estariam todas imersas na mais clara luz do Amor e Misericórdia e seriam imersas no fogo de Meu amor. Mas não desejais fazer o que vos peço. Achais difícil carregar vossa pequena cruz e assim Me chamais, para que Eu a carregue. Com isto, em vez de conseguirdes a Vida, só estais cavando vosso caminho para as trevas e a morte. Deveria Eu realizar mais milagres ainda, dos que Eu já faço diariamente e que sempre fiz?
Ao interpelador, especificamente:
14) Que coisas mais tolas exiges de Mim. Meu servo iluminado pode observar tua casa totalmente, fala sobre isto Comigo sempre e vos visita diariamente. Se tu crês que ele consegue isto por Mim, por que não chamas a atenção de tua família em seus corações? Todas as dificuldades teriam acabado.
15) Eu te digo: Estão à tua disposição muitos milagres (milhares não os têm) que poderias usar para tornar nulo o peso de tua pequena cruz, se tu quisesses apoderar-te dos mesmos. Mas tu desejas usufruir os benefícios do céu desde agora, sem fazer esforço nenhum e sem ter que carregar tua pequena cruz nem um minuto mais. Vê, isto de fato é impossível. Tu a deves carregar. É bem fácil. Tu deves provar tua fé em Mim e teu amor vivo, só assim poderás chegar a Mim. Tu deves te abnegar, carregar tua pequena cruz nos teus ombros e Me seguir resoluto.
16) Tu deves Me procurar com tua pequena cruz em tuas mãos, se de fato desejas encontrar-Me. Se quiseres receber algo de Mim, então deves pedir com a pequena cruz em tuas mãos. E as portas da Vida Eterna só se abrirão, se bateres nas mesmas com tua pequena cruz.
17) Nada além do caminho da cruz dou para a Vida. Mas já que tu tens uma aversão à cruz em ti, qual caminho queres seguir para chegar a Mim? Eu te digo que estás a caminhar um caminho muito confortável, mas presta atenção: o que chega a Mim é um caminho bem estreito, muitas vezes agreste e pouco confortável para as alturas. Observa bem o caminho que estás a trilhar e considera se ele te levará a Mim?
18) Mas se tu absolutamente desejares que Eu retire esta tua pequena e leve a cruz de teus ombros, Me é fácil fazê-lo. Eu tomo todos os teus filhos da Terra e fico com eles aqui Comigo, para serem educados pelos Meus anjos. Dize-Me: Esta proposta é de teu agrado? Aliviará teus ombros do peso da pequena cruz e alegrará teu coração?
19) Sim, Eu ainda te prometo que terão uma educação bem melhor da que têm contigo e todos Meus anjos-professores aceitarão com alegria e gratidão a pequena cruz que foi tirada de teus ombros. E tu, estando sozinho, poderás fazer a introspecção que alegas ser impossível fazer agora, apesar de Minha grande Misericórdia e Paciência.
20) De que de fato consiste este “peso insuportável” de tua pequena cruz? Vê, Eu vou mostrá-lo novamente para sua totalidade. Este peso tão insuportável não é nada mais do que passares uma horinha com tua família como um pai amoroso e sério e como um verdadeiro orientador sobre Meus caminhos de sobejo conhecidos, os quais deves apresentar aos teus filhos. Mas não comeces com brincadeiras mundanas, que só os prejudicam. Sê, porém, um pai cheio de amor e seriedade.
21) No momento em que eles te reconhecerem e respeitarem como se deve com um pai, eles nada mais te ocultarão. Serão teus amigos e desejarão conquistar teu respeito, pois estarias vendo os seus espíritos e não os seus corpos tão bem formados.
22) Vê, o pai é o primeiro homem que uma filha deve amar cheia de carinho e respeito. Mas se este homem se apresentar ante a filha em toda sua fraqueza mundana, dize-Me como se comportará o coração dela em relação a outros homens? Ela verá em todos os outros homens esta mesma fraqueza. E entre os jovens aquele que lhe der um mínimo de agrado, este ela escolherá sem muitas perguntas, somente para satisfazer sua volúpia de vitória ao ver aos seus pés um boneco masculino fraco a adorá-la. Vê, este já é o pior problema de tuas filhas. Dize-Me como poderei ajudá-las?
23) Deverei Eu, usando um tipo de “magnetismo celestial” arrancar de seu íntimo esta paixão que está a derramar de seus espíritos tão mundanos, paixão esta que tu colocaste em seus corações? Com isto cegá-los totalmente das alegrias, levá-los a esquecer todos sentimentos e de fato matá-los?
24) Vê, isto não é necessário! O que é necessário para ti e para tuas crianças Eu, de sobejo já te mostrei. Segue estes ensinamentos fielmente e verás que o mal que vos aflige não precisa ser exorcizado com Meus atos milagrosos não. Só é necessário tu seres um pai mais presente e cuidadoso, e tudo se ajeitará com Meu Amor, Minha Misericórdia e Benção.
25) Molda tuas crianças para o bem. As que aprendem música devem ter teu apoio total e sincero. Música não é algo insignificante. A tua aprovação fará que seus corações se alegrem e os estudos afastarão seus pensamentos de outras coisas daninhas.
26) E como já foi dito, dá-lhes atenção devida pelo mínimo uma hora só ao dia, falando em Meu Nome. Também podes observar o que elas fazem. E se desconfiares de seus olhares e de seus cochichos, chama-lhes a atenção, pergunta-lhes por que assim fazem e proíbe-lhes de assim fazerem. Não comeces a brincar com elas. Sê severo, mas amoroso. Logo verás que Minha pequena cruz não te será tão pesada assim, que Eu não te estou exigindo impossibilidades ao carregares esta cruz e que Eu, o Santo Pai, sou só Amor e Piedade. Reconhece isto. Amém.
O destino do inevitável
Recebido por Jacob Lorber, em 12 de janeiro de 1842, à noite
1) O que acontecerá com os amaldiçoados após o retorno de tudo, a ninguém é permitido saber. Nem mesmo um anjo ou o mais elevado e iluminado espírito sabe disto. Somente a Divindade do Eterno Pai, na Sua Santidade, conhece de antemão o destino de cada criatura por todas as eternidades, cada um seguindo a Sua Santa Vontade num assunto tão supersecreto. Amém.
Nota da tradutora:
Há na atualidade tantos “videntes” que profetizam o futuro... Eis a resposta do Pai.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
O rigor amoroso correto
Orientações para a educação dos filhos
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de janeiro de 1842
1) Dedico esta mensagem a Meu querido filho aqui presente. Ontem foste um verdadeiro homem no Meu sentido. Permanece assim, e Eu permanecerei ao teu lado e junto à tua casa. Não te impressiones com as lágrimas mundanas, não te devem impressionar. Só assim estarás apto para Meu Reino.
2) Se alguém adoece pelo seu amor pelo mundo e destroça seus sentimentos por causa do mundo e do amor próprio, vê, a este a Minha Cruz da Misericórdia estará esmagando. Este não deverá ser consolado antes que ele aceite a cruz, cheio de amor e humildade.
3) Se ele conseguir isto, ele já terá o grande e sincero consolo sobre seus ombros. Por isto não deves ter tanta pena pelas lágrimas que tuas palavras corretas causaram a teu povo. Vê, esta foi a primeira vez que tu Me entendeste por completo e repassastes aos teus exatamente o que Eu te dei em espírito para eles, no verdadeiro espírito do amor por Mim e para os teus.
4) Eu te aviso: É preferível que abandones tua família e que Me sigas, tu, sozinho, antes que deixes te convencer por um argumento mundano deles, ou que lhes concedas e perdoes suas atitudes mundanas. Se não o conseguires, será que tens algum valor para Mim? Fica, pois, firme em Meu Nome, que este é o verdadeiro Rigor do Amor.
5) Vê, todas estas ninharias de teus filhos Me causam tal nojo, que não consigo olhá-los. Seria preferível que fizessem trabalhos dedicados para os pobres, em vez de bordar presentes para os ricos.
6) Se assim fizerem, estarei mais junto de suas cestas de costura do que até agora. Vê, ontem Me deste uma alegria tão grande, que passei a noite toda junto a ti. Se tivesses prestado mais atenção, terias Me visto pessoalmente.
7) Permanece, pois, assim e Me segue sempre, que virei para junto de ti e te elevarei, Eu, teu Jesus. Entende isto teu Abba-Emanuel te diz isto, para que sempre possas Me seguir sem temor. Amém
Amor por Amor
Recebido por Jacob Lorber, em 20 de janeiro de 1842
Para a filha de um dos seguidores.
1) Meu querido filho, dar-te-ei uma palavra de consolo que ontem tanto Me pediste pela tua filha, pois ela se encontra em teu coração e consequentemente no Meu.
2) Desejas tu, querida Júlia, desistir do mundo e de todas as suas maravilhosas tentações a Meu favor? Desejas amar-Me, a Mim, teu amoroso Pai, com todas as tuas forças, como Eu te amo, tu, a quem Eu carreguei em Minhas Mãos paternais, da mesma maneira que o fiz com Gemela e Purista (jovens da Criação de Deus) e que tenho certeza que já conheces e sabes como as amo até os dias atuais?
3) Vê, Minha querida filha, Eu ainda sou aquele mesmo Pai amoroso, bom, santo e divino e na atualidade sou bem mais acessível que então. Pois hoje as portas para os céus estão, totalmente abertas, sempre. Naquela época estavam fechadas, e se então não Me desejassem com todo ardor e vencendo a todos os obstáculos existentes, a Terra era a própria Morte.
4) Agora ela já foi resgatada pelo Meu Sangue, faz bastante tempo. É bem fácil chegar a Mim nestes dias!
5) Assim, Minha filhinha, se tu desejas Me amar do mesmo jeito que Eu te amo, acima de tudo e de todos, Eu então te apertarei três vezes mais, junto ao Meu coração paternal, do que fiz com elas (Gemela e Purista), as que tu conheces dos primórdios do mundo.
6) Reconhece destas palavras o quanto Eu te amo, e não te será difícil amar a Mim, teu amoroso Pai, acima de tudo e todos.
7) Se Me fores fiel como sempre, Me preocuparei por ti e te darei um presente no dia do teu aniversário que te será mais caro que todos as maravilhas do mundo.
8) Sê abençoada por Mim em toda fidelidade e amor. Teu amado, bondoso e santo Pai. Amém.
Sinais do tempo
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de janeiro de 1842, à tarde
1) Na atualidade nos encontramos numa época extremamente tenebrosa, uma época de claras agitações e instabilidade. São sinais de que a Terra está à beira de dar um pulo, um pulo do Meu Grande e Misericordioso Amor para o abismo de Meu fogo de ira.
2) Estas modas tão extravagantes são um sinal de que a prostituição impera e que cada um considera a si próprio um ídolo, ao qual é necessário adorar. Vê aí Sodoma e Gomorra. Eis a razão do fim.
3) A cada vez maior dissolução familiar, onde por causa dos ricos usurários o homem mais pobre deve permanecer sem companhia e vive como um meio homem; isto é um sinal horroroso. Em todas as civilizações pagãs até os escravos podiam se casar. Atualmente ao pobre não é permitido construir uma família, para não prejudicar ao rico usuário. Por isto seja amaldiçoado este último período, com todos os seus usurários.
4) Observa bem esta tal de indústria, outro sinal maligno dos tempos. Ela é a alma de toda a usura, da destruição do amor ao próximo, e o último e extremamente amplo caminho para o inferno. Você entende o significado destes sinais tão evidentes dos tempos?
5) O orgulhoso aumento de tamanho das cidades, nas quais, entre milhares de edifícios, nem dez são construídos para abrigar aos pobres. Este é um forte sinal dos tempos. Também em Sodoma expulsava-se os irmãos pobres da cidade, para proteger os tesouros dos glutões que a habitam. Reconheces estes sinais?
6) O que significa a pessoa para os humanos? Eu te digo: Na atualidade pagamos mais por um carreto de lixo. Trata de fazer algo pelos pobres e serás ridicularizado, pois ninguém se dignará de doar uma moeda pelo seu irmão necessitado. Reconheces estes sinais? Nem Sodoma era tão horrível.
7) Observa a época dos papéis. Qual a segurança que ela nos dá? Eu te digo, ela não aguenta mais nenhuma pressão. Mas com que facilidade o papel é rasgado, isto até as pequeninas crianças nos mostram. Reconheces estes sinais?
8) Entendes as cores das casas? Não são as cores da morte? Vê, em todas as paredes das casas estão escritos os sinais dos tempos.
9) João já te mostrou o que acontecerá quando o pão ficar cada vez mais caro! Lê o que aconteceria aos gafanhotos, se fizessem isto. Vê, esta época está aqui.
10) Vê, o usurário está protegido em todos os sentidos, e um mundo de administradores está a postos, para proteger os seus “direitos”. Vê como eles destroem e despedaçam Minha Terra. Eu poderia ficar calado? Reconheces estes sinais, os últimos e mais infernais. Direitos sobre direitos de propriedade! E, no entanto, unicamente Eu sou o Senhor. Reconhece então mais este sinal horrível!
11) Observa o comportamento das pessoas e a total insensibilidade dos jovens que só vivem para os prazeres do corpo. Para onde vai o mundo? Sim, diretamente para o inferno. Esta é a época final. Tu a reconheces?
12) Finalmente, observa bem por que quase todas as igrejas se digladiam. É pelo ouro do mundo. Em relação ao mundo, ouro e morte têm o mesmo valor para Mim. Vê, este é o verdadeiro anticristo que agora faz grandes maravilhas. Mas seu tempo já está à porta. Reconhece bem: o fim da injustiça e o seu julgamento final estão acontecendo agora. Amém. Amém. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Cinco Palavras na Luz Espiritual
Recebido por Jacob Lorber, em 6 de fevereiro de 1842, à tarde
Numa reunião escolheram cinco palavras que foram apresentadas ao Senhor: estrela, flor, sol, espelho e leão. Elas foram assim comentadas:
1) Não é verdade, Meus queridos pequeninos, as estrelas são bonitas, não é? E é um verdadeiro prazer olhá-las numa noite calma e clara. Mas vede, estas estrelas não são tão pequenas como parecem. Elas são grandes, algumas supergrandes e estão recheadas de extraordinárias maravilhas, para vós incontáveis e inexplicáveis.
2) Em algumas existem até criaturas humanas enormes, cujas cabeças são maiores do que vosso planeta. Se tiverdes fé, podereis ver este Meu Reino tão maravilhoso, e Eu vos guiarei com Minhas próprias mãos, e vós tereis um prazer incomparável.
3) Vede, o sol que dá o dia para vossa Terra (a qual sem ele estaria em completa escuridão), é uma destas estrelas. Mas imaginai: Se esta estrela tão distante já vos dá tanto prazer e tanta beleza, se já vos maravilhais com vossa Terra banhada pela sua luz, como não será a beleza no próprio Sol, origem natural de tudo aqui na Terra!
4) As flores seriam de nosso agrado se tudo fosse escuridão? Tenho certeza que não, pois diríeis: “As flores só são bonitas durante o dia”. Eu, porém, vos pergunto: O que torna as simples flores bonitas durante o dia na Terra, de tal maneira que vossos corações estremecem de alegria ao verdes uma linda flor? Vede, Meus queridos filhos, isto tudo é obra da luz do Sol. Mas se esta luz do Sol cria tão lindas flores aqui na Terra, que belezas não serão criadas no próprio Sol?
5) Crede em Mim: No Sol tudo é milhões de vezes mais bonito que na Terra.
6) Mas mesmo assim, tudo isto não passa de um tímido começo, comparado com as maravilhas que existem na Minha criação infinita. Sede bem piedosos e amai-Me a Mim, vosso Amoroso, Bom e Santo Pai com todo vosso coração. Tende boa vontade e sede obedientes a vossos pais, e vereis tudo isto e infinitamente mais, guiados por Minhas Mãos.
7) Pois Minha Mão é como um espelho maravilhoso e mágico. Na superfície deste espelho se encontra toda a criação infinita, reunida em um só ponto. Mas sim, Meus queridos, este ponto é bem grande, e nunca conseguireis olhá-lo bastante.
8) Mencionastes um leão, e chamo vossa atenção de que no firmamento existe uma constelação chamada “O Grande Leão”.
9) Esta constelação é o mais claro e maior espaço de toda a Criação. É destinada a ser o lar feliz e para servir esplendorosamente a todos aqueles que no Amor, Humildade e Paciência permanecem no Meu Caminho até o fim de suas vidas e, qual Leão, lutam valentemente com todos, para defender Meu Amor e Meu Nome.
10) Esta Constelação é a maior e a mais maravilhosa de todo o infinito. É um sol central de todos os sóis centrais e sua estrela principal chama-se “Regulus”.
11) Oh, Meus filhinhos, para este sol vosso sol não passa de uma partícula de poeira, tanto espiritualmente como materialmente. Escutai bem isto: Lá Eu estou frequentemente materializado, em casa, mesmo que no Meu Amor, Piedade e Graça Eu esteja em todos os lugares; isto até mesmo em vossa Terra, com aqueles que Me amam com todo seu coração e devido a isto alegremente seguem os Meus leves Mandamentos.
12) Sede, pois bem piedosos, Meus queridos filhos! Assim todos vós conseguireis chegar a Mim neste maravilhoso lugar, onde Eu possuo Meu Lar e lá Me materializo.
13) Quanto às outras palavras que Me apresentastes, vós não estais aptos para entender as explicações. Sede piedosos, e assim logo se apresentarão em vosso firmamento interno outras estrelas, outros sóis. Amém.
Cinco Palavras / A Prenda
Recebido por Jacob Lorber, em 15 de fevereiro de 1842
1) Estas palavras são um presente para Minha jovem amiga.
2) Vê Minha querida menina, Eu, teu Pai, teu bom Pai, teu Pai cheio de Amor, Misericórdia, poder, força, teu eterno Pai, te digo.
3) Ama-Me, sê fiel, alegra-te com Minhas velhas e novas palavras, Me procura no amor de teu coração, segue Meus mandamentos leves, e foge do Mundo mau e horrível; vem a Mim em teu coração, pois Eu te aguardo ansiosamente. Eu te abraçarei, como o noivo abraça sua eleita. Eu desejo te levar junto ao Meu coração, como se além de ti ninguém mais existisse em todo o infinito.
4) Vem, e vem logo para junto de Mim, para junto de teu amoroso, bondoso e santo Pai!
5) Não aches que isto seja algo difícil de realizar: encontrar-me e vir junto a Mim. Vê, por onde andares, Eu te guiarei com Minhas mãos. Quando estiveres a dormir, estarei de guarda junto de tua cama. Quando comeres, abençoarei cada bocado que entrar em tua boca.
6) Eu te acompanho à casa de oração. Mesmo nas tuas tarefas mais banais, estou ao teu lado, quando alimentares tuas galinhas, tocares piano, etc.
7) Porém se desejares apresentar danças sensuais, aí sim estarei triste e afastado de ti. Se desejares te divertir com assuntos mundanos, estarei de luto. E se desejares mostrar um coração egoísta e quiseres ser superior ao teu vizinho, estarei chorando.
8) A não ser isto, estarei sempre junto a ti!
9) Vê, Minha filhinha como é fácil chegar junto Àquele ou encontrá-Lo, o mesmo que está sempre presente com todo Seu Amor. Se pensares em Mim, aí estarei conversando contigo. E quando orares no mais íntimo de teu coração, Eu estarei dizendo:
10) Minha querida filhinha! Eu, teu amado Pai, também sou um Pai muito Santo. Jesus, Jeová é Meu Nome! Constrói tua vida sobre este Nome. Pois ele é santo, santo e santo. Neste Nome encontrarás a Vida Eterna.
11) Vê, Eu sempre te falo isto, e quando tiveres terminado tuas orações, Eu te abençoo com todo Meu Amor.
12) Tudo isto é a pura verdade, Minha filhinha, e não mais poderás perguntar: -“Querido Pai, quando é que Tu virás para junto de mim?”, pois Eu estou sempre ao teu lado e não te deixo longe de Meus Olhos e Minhas Mãos.
13) Mas se achares difícil crer nestas palavras, então une-te a Mim, ou melhor, ao Meu Amor e lembra-te destes momentos de oração. Vê, todos estes pensamentos serão Minhas Palavras em teu coraçãozinho.
14) Uma brisa suave a passar por teus olhos e tua testa e um suave estremecer em teu coração indicam que Eu, teu Pai amado e bondoso, te abençôo e fortifico e estou contigo.
15) Eu te abençôo agora com este valioso presente. Permanece em Mim, fiel e amorosa.
16) Este é o santo desejo de teu Pai santo e divino. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Abençoado é aquele que lê e crê
Recebido por Jacob Lorber, em 22 de fevereiro de 1842, à tarde
Apocalipse João cap. 1, ver. 3 – “Feliz o leitor e os ouvintes, se observarem as coisas nela escritas, porque o tempo está próximo”.
João cap. 7-29 – “Eu o conheço, porque Eu venho dele, e Ele me enviou”
João cap. 6-48 “Eu sou o Pão da Vida”.
João cap. 8-1 - “Dirigiu-se Jesus para o Monte das Oliveiras”
Estes trechos do Novo Testamento foram apresentados por várias pessoas presentes ao encontro, e o Senhor disse o seguinte pela voz do Seu servo:
1) Estes quatro versos são todos de João, de vários capítulos do Evangelho e um das profecias. Será que a diversidade dos textos não tornará difícil sua união, ou não será que eles desde sempre já estavam unidos?
2) Vamos ver como poderemos ajeitar este assunto, que de jeito algum não é indiferente. Isto vereis no decorrer desta apresentação, com bastante facilidade.
3) “ Feliz quem lê e acredita nas palavras desta profecia e assimila o que nela está escrito, pois o tempo está próximo ” – É isto que diz a profecia de João no seu primeiro verso.
4) O que se entende com a palavra “feliz”? Vede, Meus filhinhos, vou explicar isto da maneira mais simples possível, feito um professor para seus aluninhos.
5) A palavra “feliz” significa o mesmo que “ vivificados pelo Amor”. As palavras “quem lê” querem dizer o mesmo que “uma pessoa que aceita a Palavra em seu coração ”. As palavras “acreditar nas palavras desta profecia” significam “ uma pessoa que, após ter aceito a Palavra em seu coração , atua e vive de acordo com elas ”.
6) Toda pessoa que ler e ouvir a Palavra da Profecia e que a guardar viva em si é a mesma para quem “o tempo está próximo”.
7) Mas o que é isto de “tempo”? Achais que “o tempo” é o dia do julgamento final? Ó meus queridos, não é nada disto! Pois o que se refere aqui ao “tempo próximo” não será um tempo de destruição, mas sim um tempo de ressurreição. Por isto o “tempo” só é para aquele que ouve e lê a Palavra, a aceita em seu coração e vive de acordo com ela. O tempo não é para aquele que não ouve a Palavra e nem quer ouvi-la e reconhecê-la.
8) Aquele que não tiver a Palavra atuante dentro de si, da maneira por vós já conhecida, este será um morto. Mas o que importa o tempo para os mortos? Ou o que significa manhã, tarde ou noite para um pedaço de madeira morto? Quando é que o tempo lhe é próximo ou distante? Disto podereis concluir que o “tempo próximo” nunca poderá ser o tempo dos mortos, mas sim o tempo dos vivos, da Vida.
9) Se entenderdes o que foi explicado anteriormente, logo podereis dizer em uníssono Comigo como está no evangelho de João: “Eu o conheço”; pois isto é Dele, e é o santificado “Eu” em cada pessoa viva, e nos foi enviado pelo Pai como a Verdadeira Palavra da Vida.
10) Quem, então, possuir este “Pão da Vida” no seu íntimo, que é de fato a Palavra Viva que vem de Mim, este é igual a um “Monte das Oliveiras” para o qual foi Jesus, ou melhor dito, o eterno Amor do Pai.
11) Pois cada pessoa é um monte aqui na Terra. E pode ser uma montanha de rochas e gelo, ou então uma elevação coberta de escasso musgo, ou então um morro coberto de florestas, ou uma pequena elevação de vinhas ou minério, ou o que é mais raro: um “monte das oliveiras”.
12) Como chegar a ser um “monte das oliveiras” nos diz o primeiro versículo que vimos aqui: “ Feliz o leitor e ouvinte desta profecia, que nela acredita, pois o tempo do monte das oliveiras está bem próximo dele ”. E muito mais feliz será o monte das oliveiras no interior de cada um, quando Jesus a ele se dirigir e lá permanecer.
13) Vede, meus queridos, já unificamos os quatro versos tão diferentes. Até a referência ao “monte das oliveiras” em vosso interior, tudo vos é bem claro, Eu porém nada quero deixar de explicar. O “ monte das oliveiras” em vós é a humildade, mansidão, a total serenidade e abnegação; tudo isto é o “óleo da Vida”, razão pela qual o monte se chama de “monte das oliveiras” (em alemão é monte do óleo).
14) E que o Monte das Oliveiras também significa o Amor Puro e a vida eterna que dele emana (Jesus se encontra no monte) é quase desnecessário mencionar, especialmente após ser tão bem explicado o que o Amor é e o que ele contém.
15) Então nada mais tenho a explicar. O primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto versos estão plenos de amor, e se vós possuíres o Amor, então vós possuís tudo!
16) Muita coisa é impossível unificar sob a bandeira da Sabedoria, mas sob o Amor tudo é possível; tudo está tão bem organizado que nele o número 1.000 não está mais afastado do 1 quanto do 2. A sabedoria inventou certa hierarquia no sistema numeral, mas qual é a hierarquia que o Amor observa e qual é o número que lhe pertence? Vede, para o Amor é tudo um! (nota da tradutora: em alemão um também significa igual, então a frase pode ser: Vede, para o Amor é tudo igual! )
17) Se vós tomardes uma pedra que se encontra sobre um monte faz séculos e a levardes para o cume de um outro monte, ela lá não pousará da mesma maneira que no seu lugar anterior? Vede, no Amor tudo se encontra “no lugar certo” e tudo está na “ordem certa”. Um montículo de areia feito pelos ventos tem o mesmo valor para o Amor, que um montículo cuja areia tivesse sido juntada pelo arquiteto mais célebre. Da mesma maneira uma gota do mar do norte combina tão bem com de uma gota do mar do sul, e poderia ser tanto a primeira como a milésima, ou então a enésima na imensidão do oceano.
18) Isto acontece com cada uma das palavras, versos, capítulos da sagrada Escritura; pois até mesmo nelas o Amor organiza tudo tão bem, que poderemos montar tudo de trás para diante, de ponta a cabeça, de um lado para o outro, mas a mensagem seria única e igual em todos os sentidos e nunca encontraríamos qualquer contradição. Tudo por causa do Amor.
19) Prendei-vos, pois, com toda vossa força de vontade ao Amor, e então sabereis que a vida é tão certa e verdadeira, que seria mais fácil perderdes o Sol num dia claro, do que errardes no caminho do Amor, a ordem eterna que vos leva à Vida Eterna.
20) Filhinhos, observai tudo isto muito bem, e aceitai tudo no íntimo de vossos corações, pois assim encontrareis a Vida Eterna e a Mim com a mesma certeza que vossa mão, apesar de ser cega, encontra sem titubear qualquer parte de vosso corpo.
21) Repito: Permanecei totalmente no Amor e assim vós Me possuireis, a Mim e a Vida Eterna! Amém.
22) Meu Amor, Minha Benção, Minha Misericórdia e Meu Perdão seja convosco. Amém.
‘
‘
Cartas do Pai
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de fevereiro de 1842
O servo pediu orientação sobre assuntos de família e lhe foi dada a seguinte resposta:
1) Sim, escreve o que segue:
Em relação a tua irmã mencionada pela tua Mãe, esta deve vir ao teu encontro, o que é melhor do que se tu fores vê-la, pois ela aqui receberá o Meu conselho mais seguro. Ela deve vir ainda em jejum, entre 8 e 10 horas da manhã.
2) Se, porém, desejares ir junto a ela, trata de ir num domingo também, porém à tarde. Mas aí ela deve ficar quieta e esconder tudo no fundo de seu coração.
3) Com respeito à carta da tua cunhada, aceita o desejo de tua mãe. A carta deve ser postada em Marburgo e isto somente um mês mais tarde. A carta não será de grande ajuda, pois tua cunhada ainda não entende o teor de tua carta.
4) Somente Eu possuo cartas para pessoas de mente tão obtusa. Quando uma destas Minhas cartas é enviada para estas pessoas, aí sim provoca um grande resultado.
5) Não passarão sete vezes sete dias, e tua mãe verá o resultado desta Minha Carta invisível. Esta é a razão por que deves guardar a tua até que se tenha passado um mês e então só enviá-la se achares extremamente necessário. Amém. Tenha compreensão. Amém.
A maravilha do eterno Amor
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de Março 1842
1) Sim, sim, escreve, escreve...; pois para Mim o amor - mas entende bem, não o amor mundano - é o mais agradável agradecimento. E se tu Me agradeces assim em teu coração, não preciso dizer novamente, mas este é Meu melhor presente e nada mais preciso de ti.
2) Mas tu precisas de mais para teu bem estar... Mas entende no teu interior que isto que Eu te dou (Amor) é muitíssimo mais, do que se Eu te desse tal força com a qual poderias modificar o rumo dos mundos que giram no Universo, com a qual poderias criar ou destruir sóis ao teu bel prazer. Que outra coisa usou Meu amado João sobre a cidade (Jerusalém), mesmo que às vezes desejasse usar fogo divino?
3) Sim ele teria gostado de queimar toda a Terra (de tanta ira, por dedicação a Mim). Porém, como ele tinha o maior amor por Mim, lhe foi dado o mais maravilhoso de tudo: a intrínseca palavra provinda do Amor e também a vida eterna que dele se origina.
4) Vê e observa agora o que é que recebes de Mim. Qual o seu conteúdo? Isto não é o mais puro, elevado, santo e vivo Amor que emana de Mim? Como é que Eu poderia te dar algo mais, se já recebes o que é o máximo?
5) Qual é o tolo que prefere um milagre como prova desta máxima maravilha? Ou que pede que Eu destrua uma mosca, para assim crer que os sóis e todos os elementos que nele se encontram realmente são obra Minha? Ó tolice inconcebível. Ó exigência cega!
6) Se tua noiva, para demonstrar todo o amor dela por ti, te desse o mais ardoroso e carinhoso beijo, que figura farias, se logo a seguir lhe pedisses uma prova de amor totalmente insignificante? Bem, exatamente assim é que tu te comportas no momento.
7) Ou se alguém te doasse vários quilos do mais pesado ouro, e tu lhe exigisses como prova da doação de ouro umas moedas do mais impuro cobre? Novamente te pergunto: Que figura de tolo estarias representando?
8) Podeis, vós todos, vos considerar satisfeitos, pois vos estou dando o mais puro, o mais sagrado, o mais elevado dos tesouros celestiais divinos, o tesouro do Santíssimo Amor Paternal, tesouros da verdadeira e viva Jerusalém. Quem deseja algo mais? Quem não está satisfeito com esta dádiva? A quem isto não basta?
9) Se houver alguém entre vós tão cego assim, para este Eu dou uma chave feita dos desejos dos mortos. Com esta chave, se assim quiser, poderá abrir as comportas da Terra; e este, viciado em milagres, se afogará nestas águas turvas e poluídas.
10) Do que a chave é feita, além de ti, ninguém mais precisa saber. Mas quando a noite da morte se apoderar de alguém, este saberá que tipo de chave Eu te dei.
11) Por que foi que um dentre vós permitiu que a imundice mundana lhe estragasse o estômago de tal maneira, que não consegue mais saborear este pão feito do mais divino e puro Amor deste Santo Pai? Ele que se cuide, pois poderia ser considerado o “caminho” sobre o qual caiu a semente. Na sua terra produtiva alguém está plantando cardos e espinhos, e ele deve considerar bem quão infinito dano ele está atraindo para si. Pois Eu e o mundo não podemos ficar sob o mesmo teto.
12) Tu, porém, estás trilhando um caminho plano. Tenha certeza de Minha Bênção. Vê, Eu já Me considero um membro de tua casa, na qual já habito faz tempo. Podes ficar bem alegre, pois Eu mesmo te ajudo a purificar tua casa. Tu certamente não Me indicarás a porta de saída de teu lar, mesmo que Eu te entregue Minha Cruz para guardá-la.
13) Vê, quando viajantes chegam à tua casa, eles também trazem bagagem e a entregam ao hospedeiro, para que a guarde. Eu também sou um viajante e toda Minha bagagem consiste numa única cruz. Em tua casa estou albergado e Eu sei que queres ficar Comigo.
14) Vê, onde Eu não chego com a Minha cruz, lá Eu também não desejo ficar. Lá onde Eu chegar com Minha bagagem santa - a cruz - lá Eu terei chegado com gato e papagaio, e nisto podes acreditar, não será fácil Me expulsar.
15) Alegra-te e não temas mais o mundo, pois este não mais conseguirá te atingir, e ele imagina estar muito feliz nesta sua descabida prostituição.
16) Tu, porém, permanece como és. Pois tu já conheces o mundo e o que ele significa. Porém de vez em quando senta-te à tua mesa de trabalho e escreve o que a intuição te diz. Deves escrever sem pensar, o que teu coração te dita, não permitas que a mente interfira. Isto é o certo, é o puro, verdadeiro e bom, que se origina em Mim.
17) Vê, Eu gosto de ficar contigo. Deixa, então, que Eu venha morar contigo com “gato e papagaio”.
18) A um de vossos companheiros, ao qual amo bastante, quero dizer: Temor a Deus e a mais profunda humildade no coração são obrigações de todo aquele que foi batizado pelo fogo e pela água. Não se pode pensar numa vida eterna sem eles. Vê, tu possuis o correto temor a Deus e uma humildade digna de louvor, mas vê, aquelas crianças que temem demais a seus pais e estão sempre ajoelhadas a seus pés, na poeira, estas jamais conseguirão elevar seus corações com ardor, para alcançar os corações daqueles que tanto temem.
19) Se Me procuras com temor, a tremer, o que te acontecerá quando Eu Me aproximar de ti? Não exclamarás como aquele malfeitor: “Montanhas, jogai-vos sobre nós!” ? Eu não poderei Me aproximar de ti por muito tempo, por pura misericórdia. Só poderei ficar junto a ti, quando todo teu temor se tenha transformado em amor e confiança.
20) Amor e temor não andam ao mesmo compasso. Onde houver grande temor, haverá pouco amor. Porém onde houver maior amor, o temor desaparece e a confiança, coragem e entrega total tomam conta.
21) Swedenborg é verdadeiro e bom, isto podes crer. Mas também acredita: O Maior está acima de tudo e é Santo! Quem O possuir, possuirá tudo, pois em verdade Me possuirá. Vê isto é muito mais do que todos os profetas, mais que os apóstolos, mais que Pedro, Paulo e João, e mais que Swedenborg.
22) Aqui ainda há alguém ao qual desejo dizer que o mundo é algo bem fútil, pior que o mais horrível pesadelo. Mas esta pessoa deve Me reconhecer por si só. Deve dar-se conta que sou Eu quem lhe digo isto, pois os dias do mundo são mais fugazes que uma tormenta de verão e os anos passam como instantes.
23) Feliz daquele para quem a eternidade deste lado não é um mero sonho.
24) Agora vos digo a todos vós: Sede alegres e felizes em Meu Nome Vivo, pois em verdade Me encontro entre vós. Quem estiver um pouco atrasado, que apresse o passo para juntar-se a nós. Considerai bem: o tempo urge e a realização encontra-se a porta. Amém.
Palavras de alento, incentivo, para fortificar uma alma fraca
Recebido por Jacob Lorber, em 4 de abril 1842, à tarde
1) Bem, bem, verdade, verdade... Sim, já entendi. Escreve, pois, uma palavrinha bem curta para aquela que tem um desejo ainda bem fraco no fundo de seu coração; bem ao contrário do seu forte desejo pelas dádivas do mundo.
2) Ela que se esforce ao máximo em dirigir seu coração para Mim em todas as ocasiões, e que Me ame por Mim mesmo, não pelo que Eu possa lhe dar (um marido e outras benesses mundanas), pois tudo isto é um duro golpe no Meu Coração.
3) Se ela começar a Me procurar e Me amar, então Eu também lhe proporcionarei alguns de seus desejos, aqueles que se originarem em seu coração. Mas antes que Eu conceda isto a alguém, Me deve ser dado o que Me é devido por Mim mesmo e não pelas coisas mundanas que poderei dar.
4) Considera isto o Meu cumprimento àquela que desejou receber uma palavrinha Minha. Se ela observar o que lhe disse, em breve poderei satisfazer seus desejos de então.
5) Mas se ela desejar as vantagens somente para suas irmãs, então ela terá que esperar por muito, muito tempo. Só concedo os pedidos que vêm de um coração puro e inocente. Amém.
6) Isto Eu vos digo, vosso Pai amoroso. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Pai e Filho
Recebido por Jacob Lorber, em 9 de abril 1842, à tarde
“Todo aquele que negar ao Filho não terá ao Pai, quem reconhecer ao Filho terá ao Pai”.
João 21, cap. 2, versículo 23 –
1) Aquele que tiver escolhido uma jovem como sua companheira e pedir o seu amor, ouvirá ela lhe dizer: “Tu não tens coração, pois como pensas provar o que ele não possui? Como podes ser tão tolo e pedir que o ame? Pois o amor só existe no coração; este é a única casa do amor”.
2) Ou outro que deseja ir a um certo logradouro, porém nega a existência de um caminho para lá; como conseguirá chegar lá? E se alguém lhe disser: “Bem, se não existe um caminho determinado, vai através de campos e matos”. O opositor, porém, retruca: “Isto também não existe, somente um mar sem fundo”. Como poderá chegar ao logradouro? E quando o condutor lhe disser: “Já que não vês nada além do mar, toma um barão e deixa que o vento te levas ao logradouro”. Mas se o outro também nega a existência de barcos, dizei-Me como chegará ao lugar desejado? Ou como poderá alguém alcançar um outro, se lhe nega a existência?
3) Como alguém quer chegar ao Pai, se nega a existência do Filho que é a essência de vida do Pai? O Pai e o Filho são tão unos, quanto o Coração e o Amor que existe no mesmo, ou como uma pessoa à sua vida, como a luz e seu calor, ou como um lugar e qualquer caminho que para lá vá.
4) E se o Filho é de fato a essência de vida do Pai, e se ele for o poderoso “container” no qual o Pai, ou melhor, o Eterno Amor e Sabedoria habita, como então alguém pode desejar chegar ao Pai, se considera ao Filho um total e absoluto zero?
5) Creio que isto vos deva bastar para entenderdes o versículo acima mencionado. Se, porém, ainda existir dúvidas, aconselho que façais o seguinte: quando estiverdes cheios de fome, tenteis satisfazer a mesma com a fotografia de um pão...
6) Quem ainda não entendeu precisa de dois médicos: um oculista e um otorrino. Entendei isto e dirigi-vos ao Filho e assim não falhareis em encontrar o Pai, pois tanto o Filho como o Pai são idênticos em tudo.
7) Sem o Filho não há o Pai, e sem o Pai, nenhum Filho. Entendei isto muito bem. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Conselhos médicos num caso de possessão
Recebido por Jacob Lorber, em 12 de Abril de 1842, à tarde
O Senhor, esta tua filha não consegue abrir os olhos por mais de 14 dias, e nenhum médico consegue ajudá-la. Hoje também tentamos, inutilmente, a aplicação de magnetismo e massagens com água fria. Eu Te peço Pai, Médico de todos os médicos, tu que és o Amor pleno, a Misericórdia e Caridade, mostra-me um meio de ajudar a esta enferma. Que Tua Vontade se faça. Amém.
1) Meu querido filho, novamente desejas ser mais caridoso do que Eu sou? Por acaso conheces a razão por que Eu permito que isto aconteça assim? Eu te digo que para essa enferma por algum tempo todos os esforços médicos ainda demorarão a fazer efeito. Quando a temperatura estiver mais elevada, ela deverá tomar banhos, primeiramente mornos, a seguir cada vez mais frios, então ela se sentirá melhor. Mas ela não estará totalmente curada, a não ser que contínuas orações sejam feitas, muitas por ela mesma, mais especificamente pelos seus parentes. Esta enferma está possuída por um velho, amigo, mas cego “espírito familiar” e este está totalmente apaixonado por esta menina. Este é o motivo que está a atrair a menina constantemente para si.
2) Como a criança não podia prestar a atenção que ele queria, ele decidiu apossar-se de seus olhos. Aqui todo esforço médico será infrutífero. Curas com magnetismo irritarão e despertarão o espírito cada vez mais. Se ele for obrigado a se afastar dos olhos, ele se vingará e atacará outros lugares, destruindo a vida da menina.
3) Esta é a razão pela qual Eu disse que nenhum remédio fará efeito por enquanto, a não ser os banhos e muita oração.
4) O melhor remédio por agora será aplicar nos olhos compressas de leite morno, trocados a cada 3 horas. As compressas devem ser lavadas com água corrente antes de serem reutilizadas.
5) Porém somente a temperatura mais amena, os banhos, as orações e a total confiança em Mim conseguirão curar esta criança.
6) Se vós todos orares de todo coração e apores as mãos em Meu Nome, cheios de fé e confiança, ajudareis muito mais do que todos os vossos medicamentos.
7) Orai, e Eu farei o que achar certo. Amém.
Maria e Marta
Recebido por Jacob Lorber, em 15 de Abril de 1842
1) Bem, então vou te dar esta palavrinha. O que perguntas? Para Quem? Não te esqueceste (Eu espero) por Quem teu coração anseia. Então são para ela estas palavras. Mas todos vós deveis ouvi-las e observá-las também.
2) Bem, então escuta, minha filhinha, e presta bem atenção ao que Eu vou te dizer aqui. Junta todo teu amor para com o Meu Amor, teu Divino Amoroso o Pai, e então conseguirás obter uma grande força. Somente nesta força acreditarás em Mim e que todo desejo bom do teu coração se realizará completamente.
3) Se queres seguir este conselho de fato, observa Marta e sua irmã Maria. Imagina por que Eu Me sentia mais à vontade e tinha maior prazer em ficar com a Maria, que era mais ociosa, do que com a sempre atarefada Marta e o que Eu respondi a esta Marta, quando ela Me pediu que Eu dissesse a Maria que a ajudasse mais.
4) Quando meditares sobre isto, verás por que Eu te disse estas palavras. Medita um pouco, que tudo ficará bem claro em ti.
5) Acredita no que te digo, Eu teu Amoroso e Divino Pai: Só uma coisa é necessária e importante: o Verdadeiro Amor por Mim. Todo o resto pertence ao mundo e é algo insignificante e vaidoso.
6) Bem, Minha querida filhinha, observa e obedece bem a este Meu conselho e, assim como Maria, habitarás junto a Mim, teu Amoroso e Santificado Pai, já aqui na Terra e muito mais na eternidade do Além. Amém.
O grande sino
Recebido por Jabob Lorber, em 20 de abril de 1842, à tarde, entre 16:30 e 20:30h
Esta é uma tradução livre do nome “Grobglockner”, como se chama a montanha mais elevada dos Alpes alemães. Esta mensagem também é um livrinho mais extenso, porém aqui se encontra o essencial. Sobre a importância das montanhas, há muitas citações na “Criação de Deus”, no “Grande Evangelho de João” e em “Terra e Lua”. Neste dia inicia-se a revelação sobre esta montanha, que se estenderá até o dia 28 de maio de 1842 (o que se segue foi extraído do primeiro capítulo).
1) Vos surpreende agradavelmente a descrição tão majestosa desta montanha que se chama “Grobglockner”, o Rei das montanhas, que se eleva elegante e atrevido entre os seus filhos e irmãos e que parece olhar em todas as direções, cuidando dos mesmos. Mas vos surpreenderei com Minhas palavras, que vos levarão do menor de seus descendentes, ordenadamente, até o Rei ou Grande Pai.
2) Existem muitas pessoas que dizem: “Eu tenho uma pequena elevação que está toda plantada, que tem pastos, pomares, matas e lindas pradarias, e eu amo este lugar mil vezes mais do que cem Grobglockners”.
3) Estas pessoas estão certas a primeira vista. Pois na neve eterna e no gelo desta montanha não é possível plantar um vinhedo, nem mesmo o musgo mais resistente lá sobrevive.
4) Eu, porém, pergunto: Devemos avaliar uma elevação somente pela sua produtividade? Se for isto o único que importa, todo tipo de elevação seria inútil, pois na planície consegue-se trabalhar muito melhor, e já tereis visto que nela tudo cresce muito melhor.
5) Vereis então que é uma grande tolice avaliar uma elevação pela sua produtividade. Ela não é o motivo para a existência das montanhas. Os que preferem uma pequena elevação produtiva terão que reconsiderar suas palavras, quando Eu digo: “ Um metro quadrado da geleira do Grobglockner Me é muito mais valiosa do que um metro quadrado de terra produtiva”.
6) Novamente perguntareis: “Mas como é isto possível?”
7) Eu, porém, vos digo: Se desejares obter algum proveito de vosso trabalho, vossos olhos nada conseguirão produzir, mas sim vossas mãos e pés. Mas são os olhos de menos valor que vossos pés e mãos? Sem a luz dos olhos mal conseguireis utilizá-los. E mesmo assim a pupila dos olhos é minúscula comparada com vossos pés e mãos. Vós não tendes de vos apoderar de cada objeto que desejais primeiro com a luz de vossos olhos, para só então conseguir vos apoderar do mesmo com vossas mãos? E vós não só conseguis vos locomover após visto o espaço com os olhos?
8) Ao considerar isto, entendereis quando Eu digo que prefiro mais um metro quadrado da geleira a um metro quadrado do vale produtivo. Pois do mesmo modo que pouco produziríeis sem vossos olhos, as planícies e pequenas elevações também poucos frutos dariam sem a eterna neve e gelo das geleiras. Seria de muito bom proveito que um rico fazendeiro fosse até uma geleira e beijasse a mesma em Meu Nome, para agradecer pelas suas terras frutíferas, pois dela depende a fertilidade de seu solo.
9) Não desejais perguntar novamente “Como é isto possível?”. Paciência, Eu já vou explicar.
10) De acordo com o provérbio que bem conheceis, diz-se que os iguais se atraem. Se na vossa propriedade existir uma rocha com umidade e nas alturas, ela não secará facilmente, mas, pelo contrário, atrairá cada vez mais umidade e ficará cada vez maior. Mas se esta umidade permanecesse no interior da rocha, as gotas se tornariam filetes, riachos, romperiam as paredes que as dominam e em pouco tempo destruiriam o vale totalmente. Para que isto não aconteça, estas gotas se transformam em névoa e gelo e granizo nas alturas das montanhas.
11) A nossa montanha é igual à pedra molhada de vossa propriedade. Ela atrai para si toda água que está sobrando e em sua altura a confere às geleiras e às nuvens!
12) Direis então: “Se isto for assim, com o tempo o monte ficará maior que a Europa!”.
13) Isto de fato aconteceria, se ela não criasse “filhos” e “filhinhos”. Estes filhos aliviam o fardo do “pai” da seguinte maneira:
14) Quando sua carga de neve e gelo cresce na parte de cima, as neves e os gelos inferiores são apertados e esmagados, e estas partículas de água, sob total pressão, se desencadeiam em inúmeras partículas e se transformam em névoa. Desta maneira elas se libertam de sua prisão. Como esta geleira só possui poder de atração na sua região mais alta, estes elementos de névoa úmida das regiões inferiores das quais escapam se abateriam qual torrentes de água sobre as planícies, destruindo tudo, ou então se acoplariam ao gelo e à neve, provocando um contínuo aumento da geleira, e em milênios terras desapareceriam sob seu manto gelado.
15) Porém, para evitar que algo semelhante aconteça, estes enormes “genitores montanhosos” possuem inúmeros “filhos” os quais absorvem vorazmente toda a carga supérflua de seus “pais”. O que lhes é demais eles depositam nos seus próprios “filhotes” que se encontram à sua volta. Somente o que é sobra destes “filhotes” é que derrama sobre as planícies, abençoando-as em toda sua extensão.
16) Ao absorverdes este conhecimento, vos será fácil entender por que junto às montanhas elevadas sempre se estendem enormes cadeias de montanhas menores, como raios que se originam no Pai. Posso assegurar-vos que em vossas casas a água que sai de vossas torneiras teve sua origem nas entranhas de um destes “pais”.
17) O que foi dito é só um esclarecimento natural da predestinação de uma destas “montanhas-pai”.
18) Junto a esta, ainda existem mais duas, bem mais importantes, que começaremos a elucidar a seguir. Ao tomardes conhecimento das mesmas, a utilização e as vantagens destas montanhas se vos apresentarão claramente. Esta geleira que assumires como regiões mortas, se vos apresentarão extremamente cheias de vida.
19) Em verdade, Eu vos digo: No momento tudo se comporta de maneira errada. Onde na Terra observardes muita vida, lá há muita morte. Onde imaginais que tudo está imerso na mais profunda morte, lá existe a vida em sua plenitude, cheia de atividade.
20) Este é o motivo por que os videntes e profetas sempre preferiram habitar as montanhas. E Eu, quando passei na Terra como humano, gostava imensamente de ficar no topo dos montes. Num monte Eu despachei o eterno tentador, em outro monte alimentei os famintos, num monte abri as portas dos céus com Minhas Palavras, num monte Eu Me mostrei aos três vossos conhecidos como a Eterna Vida Original, num monte Eu orei e num monte Eu fui crucificado.
21) Por isto respeitai as montanhas. Quanto mais alto elas se elevam da lama, da profundeza do egoísmo humano, mais santificadas elas são e tanto mais abençoada é a região que elas dominam.
22) Como isto acontece, já vimos algo. Mais vos será dito em outra ocasião. Amém.
Presente do Pai para o aniversário
Recebido por Jacob Lorber, em 21 de abril de 1842
1) Pois então escreve. Já que entre vós existe a ordem de cumprimentar-se o aniversariante, também Me juntarei aos congratulantes; não quero ser uma exceção por um motivo simples: Eu sou a Ordem em si.
2) Mas não espereis de Mim um “muitas felicidades”, pois falais uma mentira bem deslavada, que se assemelha a um fruto que caiu da árvore ainda totalmente verde e é pisoteado no chão. É muito melhor que deis a alguém cinco centavos, do que lhe desejar milhões de ouro.
3) Por isto, Meu querido aniversariante, não te desejo absolutamente nada, mas sim te dou Minha Bênção Paterna, para ti e para toda tua família, e junto a isto uma pequena cruz como confirmação desta Minha Bênção Paterna, Santa e Divina. Esteja certo, Meu filho, que isto te será de mais valor, do que se Eu tivesse te desejado uma Terra em ouro.
4) Nisto consta Minha Bênção Paterna. Eu quero enriquecer teu coração e o conseguirei preencher totalmente com Meu Amor de Pai. E com isto poderás reconhecer que a criança que ainda se encontra no ventre materno não consegue olhar nos olhos de seu pai. Mas após seu nascimento, quando vir a luz do sol, quer dizer, os raios luminosos que dele emanam, ela logo conseguirá ver o pai nestes raios e em pouco tempo reconhecê-lo e amá-lo como tal.
5) Vê, tu estás no ventre materno de Meu Amor por ti, esta é a razão que ainda não podes Me ver. Mas tão logo consigas nascer totalmente deste Meu Ventre Caridoso, em espírito e em toda Verdade que emana do Amor, então verás ao Pai e o reconhecerás como tal. Isto é uma certeza.
6) Há, porém, uma certa diferença entre o nascimento de uma criança do ventre materno e do nascimento de um espírito pelo Meu Amor. O primeiro nascimento está condicionado às leis da natureza, enquanto que o nascimento de um espírito está condicionado pelo livre arbítrio e pelo desejo do homem e, conseqüentemente, pela Minha Misericórdia que jamais falha.
7) Se alguém, depois disto, tiver vontade firme e se renegar em toda sua humildade, isto acontecendo pela pressão de Meu Amor em seu coração, este sim alcançará muito mais depressa a eterna e santa Bênção, o que de fato é o real renascimento espiritual.
8) Mas se alguém permanecer cheio de indecisões, tal qual um aluno de música que cozinha uma vez que corta lenha, varre a calçada, remenda a roupa, alimenta os animais, sai a passear, joga conversa fora, fica sem nada fazer como uns bem preguiçosos, quem faz isto e logo aquilo, raramente se senta a seu instrumento musical para estudar, como é que este “esforçado” aluno se tornará um músico? E como alguém que Me permite conviver com ele só lá de vez em quando, muitas vezes só por hábito, ou então por não haver nada melhor a fazer, poderá chegar ao renascimento espiritual?
9) Eu te digo: dificilmente nesta Terra. Poderá acontecer nos seus momentos finais, se ele ainda não se matou totalmente, ou então após a morte de seu corpo, quando o renascimento será muito mais difícil. Ele será qual viajante cansado, que terá que enfrentar árduas batalhas no lugar onde esperava encontrar eterno descanso e paz.
10) Se entenderes isto, então, Meu querido aniversariante, conseguirás entender o que de fato significa este Meu presente de aniversário, Minha Santa Bênção de Pai!
11) O renascimento espiritual é a única condição que imponho para a vida terrena, que é a meta final de todo o livre arbítrio. Mas isto não será possível acontecer sem um ardente amor por Mim. Esta é a razão por que vos dou este contato com Meu Amor, para que vós consigais adquirir o suficiente calor do Amor que vos habilitará ao renascimento espiritual.
12) Aceita, pois, este Meu Presente de Pai, para que consigas viver eternamente nos braços de teu Santo Pai. Amém.
13) Isto Eu te dou hoje e sempre. A cada momento estou aberto para abençoar Meus Filhos, pois Eu sou o Amoroso Pai Jesus. Amém.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
A questão da Trindade
Recebido por Jacob Lorber, em 27 de abril de 1842
Está escrito: “Quem Me vê, vê ao Pai”. - João 14.9. “A respeito, porém, daquele dia, daquela hora, ninguém o sabe, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho, mas somente o Pai” - Marcos 13.32. Como poderemos considerar estes trechos como coincidentes? Também é dito: “O Pai é muito maior do que Eu”.
1) Explicar isto é uma tarefa bem grande para Mim, mas em primeiro lugar o questionador deveria fazer uma introspecção, para ver o quanto Meu Amor já se apoderou de seu ser. Mas de fato ainda existem milhares de partes de seu ser em que o Amor ainda não está presente e assim sempre existirá algo a questionar e alguma tarefa a concluir.
2) O que ainda não está resolvido com respeito à trindade, Eu vos peço que escuteis com vosso coração aberto e cheio de Amor.
3) O Pai é o mais puro e eterno amor em Deus, ou a eterna palavra essencial não pronunciada. O Filho é esta palavra pronunciada, ou o Pai verdadeiro manifestado . Ambos se apresentam como Palavra, em pensamento ou em palavra pronunciada. O pensamento é a origem, ou o pai da palavra pronunciada, e esta palavra pronunciada não é nada mais do que a manifestação do pensamento, ou o pai da palavra.
4) No momento em que entenderes isto, tereis absoluta certeza de que quem vir o Filho, infalivelmente terá que ver e ouvir o Pai também, e que a consequência disto é a certeza de que o Pai e o Filho devem ser unos, tal como o pensamento é uno com a palavra pronunciada que se origina nele, pois o pensamento é de fato a voz da palavra pronunciada.
E esta Palavra pronunciada não é nada mais que a revelação do Pensamento que o Filho está no Pai, como o Pensamento está na Palavra e a Palavra no Pensamento.
5) Como consequência disto, devereis entender por que o Pai é mais que o Filho, ou que a Palavra. A Palavra seria totalmente impossível sem o Pai, ou sem o Pensamento que a precede. Assim o Pai é muito mais importante, pois Ele é o Criador da Palavra. A Palavra só se torna idêntica e una ao Pai após ser criada, aí sim ambos são iguais.
6) E no momento em que entenderdes isto creio que será desnecessário elucidar o que diz Marcos 13-22, que ninguém conhece o dia seguinte e a época do Grande Juízo, unicamente o Pai sabe isto, e não o Filho também. Quem tiver um pouquinho de entendimento - não no cérebro, mas no coração - sabe que pela Palavra se revela a Sabedoria do Pensamento; mas pergunto: Não é a Palavra a Sabedoria? Tal fato prova que isto e tudo mais só quem conhece é o Pai, e não o Filho também, que representa ser a língua na boca do Pai.
7) Porém, para que tenhais um