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JOÃO - Livro III

Recebido mediunicamente por Max Seltman

A atuação e morte do apóstolo João nas demais comunidades da Ásia Menor, após a ressurreição de Jesus.

A conversão do mais idoso na comunidade de Smirna.

Smirna estava à vista. Havia uma enorme alegria entre os barqueiros, pois poderiam ir a terra ver suas mulheres e filhos. Nausikles convidou João para se hospedar em sua casa, mas este, ansioso que estava para estar com seus irmãos e irmãs, agradeceu e recusou o convite, acrescentando:

- Irmão, quando puderes, vem nos visitar nas nossas reuniões. Ouvirás logo comentários do que preciso fazer.

Os habitantes de Smirna estavam muito felizes em ter enfim o Apóstolo do Amor em seu meio e João recebeu muitas manifestações de carinho. Infelizmente, nem todos se alegraram, pois o Inimigo também tinha ali se infiltrado. Irmãos maus vieram de Pérgamo e Tiatira e destruíram algumas boas congregações. O pior de todos era um que afirmava nele habitar o Espírito de Cristo em totalidade e exigia de todos obediência cega. O poder de suas palavras era tão grande, que todos os corações estremeciam. Porém se ele tivesse permitido que um espírito cristão o diminuísse, toda a comunidade o abandonaria, haja visto o que ele já havia feito. Naquele dia, ele tinha programado uma grande reunião. Poucos sabiam da presença de João. Por sua vez, João de tudo sabia e pediu aos irmãos para silenciar. O mais idoso do local não exercia qualquer influência sobre seu rebanho e deixava tudo acontecer. João o sacudiu carinhosamente:

– Irmão, por que te revoltas contra o Espírito Divino em ti? Não prometeu o Senhor e Mestre que Ele sempre te apoiaria e fortificaria de acordo com tua obra? Oh, ainda não conheces o Senhor e Mestre e Seu Amor está bem longe de ser tua vida. Nem todos aqueles que proclamam Sua Palavra são servidores de Seu Amor e Vida, porém somente aqueles que vivem em Seu Amor e pelo Seu Amor. Mas agora cheguei eu, em nome do Senhor e em Seu Espírito.

Os cristãos tinham se reunido em um bosque, e vários irmãos já idosos se encontravam entre eles. O pregador começou logo seu sermão. Falava de um deus que exigia fé cega, mas nada dizia do Perdão, nada da Piedade que ajuda aos caídos e nada sobre os sacrifícios que Deus, em Seu Filho Jesus, ofertou a todos os seres. João conseguiu chegar bem perto do orador e começou a olhá-lo fixamente. De repente, o orador se calou... Então João disse:

- Em nome de Jesus Crucificado e ressuscitado eu te pergunto: não tens outro testemunho, a não ser o de apavorar todos os corações? Antes de mais nada, quem te deu o direito de testemunhar?

- Quem és tu e quem te deu o direito de me perturbar? Em verdade, digo-te que Deus te castigará com varas em brasas, pois te atrevestes a interrompê-lo.

João, no entanto, com todo amor e calma, disse:

- Irmãos e irmãs, o Amor vos chamou aqui e viestes. Eu vejo que em vossos corações há outros anseios que não são o alimento que vos é dado aqui. Não responderei a vosso irmão, mas serei para vós um verdadeiro irmão e discípulo do Salvador, o qual amou a nós todos tanto, que não se importou em derramar Seu Sangue na cruz para nossa salvação. Com este gesto, Ele comprou nossa vida eterna. Quero vos trazer a mensagem deste Jesus e prestar testemunho de Sua Vida. Mas...não existem doentes aqui? Por que não os trouxestes convosco? Eles deveriam estar aqui, totalmente imersos no Seu Amor.

- Nós não nos atrevemos mais a trazê-los, querido irmão, pois nosso irmão diz que doenças são conseqüência da descrença.

- Filhinhos, ide e trazei os doentes. O Mestre não atuava de maneira diversa: primeiro, os corações deveriam estar livres, alegres e sem nenhuma preocupação. Só então Ele nos presenteava com Sua Palavra, a qual era o alimento certo para nossas almas. Ide, buscai vossos doentes que eu espero.

Quase metade da congregação foi alegremente buscar seus doentes. Neste ínterim, João dirigiu-se ao irmão:

- Com prazer consertarei o que estragaste entre teus irmãos, mas presta atenção: mesmo com estes pensamentos de ódio, não podes destruir toda a obra de Amor de Jesus. Eu te digo: humilha –te e afasta de ti o que se opõe à tua vida em Deus.

Uma cascata de palavras obscenas saiu da boca do irmão. Ele proibiu João de falar e vociferou:

- Não te chamei e gostaria de ver quem consegue se opor à minha vontade. Em mim está Cristo e o que este Cristo em mim diz, devemos crer.

- Cala-te, oh alma desviada, e não confundas ainda mais estes corações que estão ansiosos a procurar. Afasta-te em silêncio para que não te acometam todas as desgraças com que ameaçastes a todos aqueles que em ti não creram.

O homem se tornava cada vez mais agitado e gritando, queria impor seus direitos. Foi quando João disse:

- Basta! Eu ordeno que te afastes em nome de Jesus, que é Deus e o Criador dos Céus e da Terra, para que não possas fazer nenhum mal. Eu te entrego às mãos do anjo que me acompanha. Falando palavras horríveis, o homem se jogou no chão de uma forma estarrecedora.

Disse João:

- Irmãos, não permitais que vosso coração se assuste, mas sim envolvei este pobre ser com pensamentos de amor, pois assim cumpriremos a vontade do Senhor, realizaremos a nossa missão e mostraremos a este espírito o caminho certo.

Dirigindo-se ao homem que continuava no chão, disse ainda:

- Por que hesitas em reconhecer o caminho da salvação, que te é aqui apresentado? Mais uma vez, te conclamo: Abandona este homem e entrega-te às mãos deste anjo.

- Não, jamais! – berra o homem.

João neste instante vê que o anjo toca no ombro do homem e um ser escuro se desprende de seu peito. O anjo olha o ser com seriedade e o entrega a um outro servidor celestial.

João falou:

- Levanta meu irmão, pois aquilo que te dominava já não existe mais. Se, porém, quiseres trilhar totalmente os caminhos de Deus, humilha-te, fica bem pequenino, veste o verdadeiro Cristo e vive em seu Amor.

Lentamente, o homem se levanta, olha em volta e diz:

- Onde estou? O que aconteceu comigo? Vejo tantas pessoas, no entanto estou tão só...

João lhe apôs as mãos e disse:

- O Senhor Jesus te abençoe e fortifique. Que Jesus, o Senhor, te ilumine e te faça ver. Amém.

No mesmo instante, seu rosto ficou mais alegre e ele foi procurar um lugar na congregação, que o olhava surpresa com os acontecimentos. Neste ínterim, já estavam retornando os que tinham ido buscar os doentes.

- Vamos esperar até que todos tenham retornado. O chão está limpo. Compete a nós todos aplainarmos os caminhos para que Ele, o Senhor, possa se apresentar em toda Sua Maravilha entre nós – disse João.

A cura dos doentes e a renovação da comunidade

Quase todos já tinham retornado com seus doentes, os quais foram colocados no centro. João apôs as mãos em cada um, dizendo:

- Querido e santificado Jesus, eu venho a Ti, que estás em nosso meio, implorar pelos doentes que tanto desejam reconquistar sua saúde. Só Tu és Salvador. Só Tu prometeste a nós, Teus Filhos, ouvir nossas súplicas. Na total crença em Teu amor, em Teu Poder, na Tua Sabedoria e Força, te pedimos: manifesta-te em nosso meio e dá a todos novamente a saúde que Te imploram. De todo o coração Te agradecemos e que Teu Nome seja louvado agora e para todo o sempre. Amém.

Todos os doentes estavam curados. Eles se levantaram e disseram:

- Louvado sejas Tu, Senhor Jesus Cristo. Agradecemo-te do fundo de nossos corações pela tua ajuda. Por favor, continua a nos abençoar e permite que Te conheçamos em todo o Teu Amor e Verdade, pois és mais que um Santo; és Deus mesmo. Amém.

A materialização da Palavra (A Palavra que se tornou carne)

João abençoou os presentes e disse:

- Irmãos e irmãs, nos foi permitido vivenciar mais uma vez a Piedade Divina na cura de vosso irmão, que tinha caído nas garras do Inimigo da Vida e tinha se tornado um traidor do Eterno Amor. Pela Graça do Senhor e Seu Imenso Amor, nos foi possível levá-lo de volta ao caminho. Vós todos vos tornastes sua vítima e acreditastes piamente no que vos foi dito, pois a Vida ainda não tinha amadurecido em vós e estáveis impossibilitados de reconhecer nele o opositor da Vida e do Amor. No princípio, o Senhor da Vida e do Amor só conseguiu se manifestar pela Palavra. Mas a Palavra se tornou carne, viveu entre nós, e podemos agora vivenciar Sua Maravilha. Uma Maravilha como esta que acabaste de ver: a Palavra que se tornou carne. Ela se fez Salvador para todos aqueles que Nele crêem e Pai para todos os que, como Seus Filhos, vivem em Seu Espírito, atuam em Seu Amor e desejam se transformar em salvadores para seus pobres irmãos e irmãs desgarrados. Vós porém, os que fostes curados, vivenciastes Seu Amor Divino, pois colocastes toda vossa esperança nesta salvação. Esta Benção vos pertence e vós expressastes o desejo de ficar cada vez mais perto de Seu Amor, pois, de hoje em diante, desejais que Ele seja vosso Deus. Tens razão, e vos digo como testemunho: amai-vos uns aos outros no mesmo Amor que vos curou! Este Amor é vossa Vida e é o Filho de Deus. Neste Filho, Deus se aproximou de vós; mas não como Senhor e sim como Salvador e Irmão, abrindo-nos todos os Céus. Estes Céus estarão abertos a todos aqueles que, iguais a Ele, quiserem ser Filhos de Deus e Irmãos para toda a humanidade. Meus bem amados, todos vós; santificada é esta hora, pois nosso Deus e Pai novamente se nos apresentou, como tal e como o que Ele é na realidade: Pai Amoroso. Porém esta Graça que vos foi dada também vos compromete em vos tornar guardiães deste Amor e desta Vida, para que nenhum inimigo de tudo o é Seu Amor possa penetrar nesta congregação. Vós recebestes os Ensinamentos de vosso irmão de Paulo e por longo tempo neles permanecestes. Nunca, porém, o ensinamento deve se tornar superfície sobre a qual vos movimentais, mas sim vos levar para dentro da vida que deve aflorar pelo Amor. Nesta vida se manifesta cada vez mais a Vida que vem Dele – Jesus, o Senhor -– e vos torna Filhos e Irmãos de Deus. Oh, amai-vos neste Amor! Permanecendo neste Amor, estais em Deus e Deus está em vós. Não só podeis ver as Maravilhas de Deus, mas sim a Felicidade que vem do Amor, fortifica a vossa fé, vos transforma em um novo ser e também vos preenche do Espírito da Vida Divina. Nesta hora, se manifesta Seu Maravilhoso Espírito de Amor e nos diz: “ Permanecei em Mim, para que Eu possa permanecer em vós. Não vos torneis somente filhos crentes, mas sim filhos ativos. Então Eu, vosso Pai e Deus, poderei ficar junto e entre vós muito mais ativo. Assim sendo, Meu Amor e Minha Vida acabarão a obra que tinhas como meta. Por isto, mais uma vez vos abençôo e vos dou a Paz que o mundo não pôde vos dar. Amém.”

Um irmão se aproximou de João e disse:

- Irmão, tuas palavras nos levou de volta ao tempo em que estávamos no começo de nossa fé. Se não tivesses vindo, tudo aqui seria triste. O Amor teria simplesmente desaparecido e nós estaríamos acreditando num Jesus sem Vida e sem Amor. Tu, como Sua testemunha, conviveste com o Salvador e Senhor Jesus, quando este se encontrava entre nós como Homem. Deves ter vivenciado muitas maravilhas e te pedimos a gentileza de nos contar sobre Sua Vida e Suas Obras.

- Com prazer, meus irmãos; mas onde devo começar? Onde devo terminar? Jesus, como Filho do Homem, foi para todos um grande enigma e como Filho de Deus, um grande milagre.

- O que queres dizer com “Filho do Homem e Filho de Deus?”

Filho do Homem e Filho de Deus. João conta um acontecimento em sua juventude com Jesus.

- Irmãos, como Filho do Homem, Jesus teve que lutar pela Sua evolução e, assim amadurecido, cumprir Sua Missão. Não acheis que Jesus pudesse realizar o que realizou como Homem, se não tivesse evoluído para o “ status” de Filho de Deus. Eu também muitas vezes me enganei a respeito Dele na minha juventude, pois não O entendia e não compreendia Sua Luta. Mais tarde, obviamente, tudo ficou esclarecido Muitas vezes, eu me perguntava por que levei tanto tempo para compreendê-LO. Por isto, vou lhes contar um acontecimento que passei com Ele na minha juventude:

“Após um bom tempo, eu estava com Ele. Porém meu coração estava triste, pois, como sempre, eu não O entendia, especialmente porque nunca era possível convencê-LO a passar um Sábado com seus afins. Sua Mãe Maria me disse naquela ocasião:

- João, tu que és amigo de meu Filho, tenta convencê-LO a ir à Sinagoga conosco amanha. Um velho conhecido de Jerusalém está aqui, e eu gostaria que ele tivesse uma boa impressão nossa e a levasse para sua cidade.

Eu prometi fazer o possível, mas Jesus nem me deixou começar:

- João, achas que Eu sou cruel, ou sou voluntarioso, mas nada me importa o que este sacerdote pensa de Mim. Ele já sabe há muito tempo tudo sobre Mim, mas Eu desejo que este amigo de minha Mãe venha a nossa casa. Por isto e por sua causa, ficarei em casa amanha, e tu podes ir à Sinagoga.

Então retruquei:

- Jesus, eu ficarei e passarei o Sábado contigo, como sempre.

- Desta vez, deves ir à sinagoga, pelo bem de Minha Mãe. Não Me perguntes por que, pois não Me entendereis novamente.

Eu fiz de acordo com o Seu Desejo. Jesus não apareceu, e ninguém perguntou por Ele. Eu tinha já informado Mãe Maria. Ela tinha acabado de preparar a janta, quando o velho sacerdote chegou. José e Maria ficaram muito contentes com a visita. Neste momento, chega Jesus e cumprimenta a todos com muito carinho.

Então o sacerdote pega a Mão de Jesus, O olha com seriedade e lhe diz:

- Meu amigo, por Tua causa tive que fazer esta longa viagem. Eu não Te recrimino, pois não vejo nenhum erro nos Teus Olhos, mas não sabes como ficaria feliz se pudesse dar uma olhadinha que fosse em Teu coração, pois se fala muito sobre Ti. Teu Pai é meu amigo; Tua mãe, como se fosse minha filha; Teus irmãos, eu os conheço todos.

Disse Jesus:

- Elias, como vieste a nossa casa como um velho e fiel amigo, Eu serei sincero contigo. Sê nosso hóspede hoje. Dá esta alegria e honra a meus Pais e Meus irmãos, que verás algo que jamais viste. Todos olharam para Jesus, pois raramente dizia tantas palavras.

Jantamos em silêncio, até que o hóspede agradeceu. Como ainda moravam alguns jovens na casa de José, Jesus sempre era retraído, mas nesta noite disse:

- Pai José, para alegria de Teu amigo, poderias ficar, tu e os irmãos, em Nazaré amanhã? Eu adoraria falar com Ele e lhe dar o alimento que tanto quer. Hoje só, não basta.

José respondeu:

- Jesus, Tu me pedes algo extraordinário. Por Elias, poderíamos ficar em casa. Trabalho temos de sobra. Dize-me: nós temos que estar presentes na vossa conversa?

- Pai José, não faria mal nenhum se vós todos estivésseis presentes. Vós todos Me conheceríeis melhor.

Falou Elias:

- Amigos e irmãos, e Tu meu filho Jesus, não precisam perturbar a ordem da casa. Basta-me se ficarmos juntos esta noite.

José retrucou:

- Meu querido e velho Elias, há muito que estou contigo e te peço: fica conosco até amanhã de noite.

Os olhos de Jesus brilham e ele aperta a mão de José dizendo:

- Elias, te interessas muito por Mim, motivado pelos teus irmãos que se afastaram do Templo, pois estes desconfiam que Eu sejas o Messias Prometido.

Elias respondeu:

- Tens razão Jesus; mas como sabes disto? Eu não falei com ninguém a respeito, e os outros também não se atrevem a falar. Ninguém jamais saberá para onde Barnabás e seus irmãos foram.

Jesus acrescentou:

- Elias, sei ainda mais. Os irmãos estão em segurança. Em breve, o Templo os esquecerá. Tu lá permaneceste devido à tua idade, mas também não queres atrapalhar a vida do Messias prometido; por isto, aqui estás.

- Jesus, tens razão e agora Te pergunto: és Tu o Messias Prometido, ou devemos aguardar outro? Tuas faculdades provam que é possível que o sejas, mas todo o falatório à Tua volta prova o contrário. Em que devemos acreditar?

- Nenhuma das duas coisas. Porém tu deves te convencer, e vou te ajudar nisto. É verdade que há muito desgosto por Minha causa em Nazaré e mesmo na Minha casa, mas por quê? Porque os nazarenos não se preocupam em Me conhecer melhor e porque Meus pais e irmãos não Me entendem. É também verdade que freqüentemente falta paz aqui em casa, e por quê? Porque Deus, o Eterno, tem e terá que ficar surdo a seus pedidos.

- Oh Jesus, que palavras dizes... Num momento, posso dizer que Te entendo e vejo logo que não Te entendo absolutamente. Jeová deve e tem que ficar mudo! Oh Jesus, estas são palavras duras por Ti pronunciadas.

- Pai Elias, se já estás com preconceito formado sobre Mim, então teremos muito pouco a conversar, e Deus terá que se calar para ti também. Eu te peço: permanece objetivo e com a mente aberta. Vê, Eu conheço a Minha Missão e não tenho falsa consideração em relação a meus concidadãos, nem mesmo em relação a Meus pais e irmãos; pois tenho que obedecer muito mais a Deus, o qual está em Mim e vive em Mim. Tu te afastarias da meta de tua vida, se soubesses que a mesma seria a salvação de todos?

- Pelo contrário, tentaria alcançar esta meta com todas as forças.

- Muito bom, Meu Elias. Entender-Me-ás melhor agora. Vê, Eu não só conheço esta Meta, mas ela está gravada a fogo em Mim, e nenhuma força no mundo conseguirá apagá-la. A cada dia que passa, minha tarefa fica mais clara. Cada vez mais, tenho certeza que não Me é possível afastar-Me nem um milímetro da Minha Meta. Perguntas: “Como devo acreditar nisto? Poderia ser uma ilusão na qual eu me deixei envolver?” Por isto, Eu te digo: fala abertamente Comigo. Não cales nenhuma dúvida e nada que for contra Mim. O que for ou não em Meu favor, Eu te direi.

Interrompeu Maria:

- Pai Elias, isto será uma longa estória. Não preferem ir descansar agora e continuar a conversa amanhã?

Elias respondeu:

– Como quiseres Maria, mas tudo se me tornou tão importante, que nem consigo pensar em dormir.

Maria disse:

- Bem, então nós vamos dormir, e tu podes ficar conversando com Jesus.

Maria se despediu do hóspede, bem como José e os irmãos. Somente eu e algumas irmãzinhas que viviam na casa de José ficamos com Jesus e Elias. Jesus ficou triste, pois o descanso aos outros era mais importante que os esclarecimentos. Ele disse:

- Elias, os outros aqui Me conhecem tão pouco como tu. Por isto, não farei diferença entre Mim e vós. Meu nascimento já conheces bem e de Minhas faculdades já ouviste falar, mas isto é tudo. Em “ouvi dizer” não podes te basear, se queres conhecer a verdade. Tu desejas ver com clareza e ter provas de que Deus – que é a Força que Me estimula e Me impulsiona – é de fato o Deus Jeová e que Eu não estou correndo atrás de ilusões. Infelizmente, é difícil te dar provas, se tu não queres crer em Mim. Provas de minhas capacidades não servem aqui, pois estamos falando de um deus... E como Deus poderia te provar? Dize-me tu: o que devo fazer?

Elias respondeu:

- Jesus, só posso te dar razão; mas como poderei exigir algo de Deus? Isto significaria testar Deus.

Disse Jesus:

- Nada disso, Elias. É direito teu tentar chegar à completa e total verdade; mas por que não te bastam os Profetas? Deus fala hoje, como costumava falar naquele tempo e como falará no futuro.

Elias retrucou:

– Jesus, Jesus, estás a me encurralar, pois levas vantagem.

- Não, Pai Elias, mas entende: tu procuras a Verdade, e Eu sou a Verdade. Após ter Me tornado Verdade, não temo nenhuma crítica e nenhum opositor, pois não os reconheço. Temo, sim, os ignorantes. Tu ainda és ignorante. Por isto, é minha tarefa transformar-te em uma pessoa instruída. Ouve, portanto: aquele Deus que em Mim vive já tomou conta de todo o Meu Ser e Eu luto constantemente para conseguir ficar Uno com Seu Espírito Eterno. Só os mais próximos a Mim têm conhecimento de Minha luta. Apoio não tenho de ninguém, pois não sou compreendido. Deus deve Me colocar na luta sozinho, pois a tarefas que Eu quero e devo concluir não podem ser pedidas para Onipotência Divina. Tudo deve ser obra Minha e Eu devo encontrar forças no Meu Amor por Deus e pelos homens. Mas que o Inimigo da Vida ainda contribui, tentando prejudicar Meu trabalho, podes ter certeza. Com estas poucas palavras, já te disse tudo, pois conheço bem a Palavra de Deus. Podes entender agora muito melhor as Palavras Divinas, o Verbo Divino. De que servem as provas aos homens, se têm a Palavra? Crer, eles não crêem mesmo, pois acham que estou em conluio com o Mal. Dize-me: entendeste o que Eu disse?

- Jesus, como queres que eu entenda tudo isto? È tudo tão imponente... Quando olho em Teus Olhos, tenho que dizer: “Jesus, Tu és o Messias Prometido, pelo que esperamos”; mas se tenho que crer em tuas palavras, o assunto fica uma pouco diferente, pois dizes que deves Te tornar Uno com Deus. Como queres que eu entenda isto? Tu deves lutar sempre até Te tornares Uno com Deus? Tu em Deus e Deus em Ti? Não é isto que queres dizer?

- Sim, exatamente isto. E acreditas agora que isto seja possível?

- Jesus, não posso negar que conheces a Deus bem melhor do que eu. Por isto, entendo que não podes tomar em consideração ninguém, até que tenhas conseguido alcançar Tua meta.

- Agradeço-te de coração, pois agora Me destes a oportunidade de poder servir a ti e aos outros. Mas deveis Me prometer calar-vos e não contar nada a ninguém, até que a Minha hora tenha chegado.

Em seguida, Jesus tocou levemente nossas cabeças e disse:

- Agora, vou lhes dar a oportunidade de olhar o Meu Mundo. Tendes toda liberdade de Me perguntar qualquer coisa que não entenderdes.

Então as paredes desapareceram, e nós estávamos no cume de uma montanha. Aos nossos pés havia uma cidade grande, cortada por um rio que a dividia em duas partes. Uma metade estava num vale; a outra subia uma encosta e era incrivelmente grande. Na planície, moviam-se inúmeras pessoas. As ruas, casas e telhados estavam cheios de pessoas. Ao observá-las mais de perto, via-se que tinham aspecto deplorável: sujos, animalescos, magros e não tinham quase nada de vestimentas. Das casas saiam animais de aspecto asqueroso em forma de ratos, camundongos, cobras, cachorros e gatos. As pessoas pareciam não enxergar os animais, pois se via que não os temiam e viviam em contato com eles. O que faziam como trabalho ainda era impossível ver, pois o dia não tinha começado. Nada se via de um nascer do sol. Do outro lado do rio, havia ruas que levavam morro acima. Eram estreitas e só davam passagem para uma carroça. Estas ruas também tinham casas, mas as construções eram feitas de tal maneira, que davam a impressão de serem um único edifício enorme. Pessoas se movimentavam nos telhados destas casas pessoas, mas estas estavam bem vestidas e tinham um aspecto muito bom. Em contraste com a planície, o morro estava claro e iluminado por um sol, o qual nós ainda não conseguíamos ver. As pessoas lá se deslocavam com uma vivacidade bem diferente dos moradores dos baixios. À medida que se subia, tudo ficava cada vez mais bonito, com árvores e arbustos embelezando a paisagem. O alto dos edifícios era de uma beleza e um luxo maravilhoso. No centro, se destacava um templo ou castelo. Este edifício tinha como telhado várias cúpulas, que, pelo seu brilho, deviam ser cobertas de ouro. O rio fluía calmamente. Não havia nada vivo nele. As duas partes da cidade estavam totalmente separadas. Havia sete pilastras no centro do rio, as quais, presumivelmente, tinham suportado uma ponte que não mais existia. Disse então Jesus: “Vinde Comigo, que vos guiarei. Para entenderdes melhor, deveis ver por vós mesmos.” Eu me sentia tão livre, tão liberto do material... Íamos do topo da montanha para o vale com uma ligeireza e segurança muito agradáveis. Assim, atravessamos a cidade imunda com Jesus à nossa frente. As pessoas pareciam não nos notar, mas nós olhávamos com atenção tudo que nos rodeava. Já era dia e podíamos ver com que se atarefavam: comércio e outros negócios. De vez em quando, via-se alguém trabalhando nas casas, pois muitas estavam bastante danificadas. Em poucas palavras: a situação era ruim e para piorar, as pessoas gritavam umas com as outras, sendo que seus rostos estavam desfigurados pelo ódio, preocupação e insatisfação. De fato, era uma visão de miséria e pecado. Chegamos ao rio, cujas ondas eram todas iguais. Lá onde estavam as pilastras, nos esperava um barco com barqueiro. Dirigimo-nos rapidamente para o barco e subimos a bordo. Chegando ao outro lado do rio, Jesus saiu primeiro e deu a Mão a cada um, para ajudar no desembarque. Começamos a andar pelas ruas que subiam o morro. Que contraste constatamos ao depararmos com ruas e pessoas limpas, que nos viam e nos cumprimentavam com carinho. Quanto mais subíamos, tudo se tornava mais iluminado à nossa volta e também em nós mesmos. Nossa liberdade nos causava uma felicidade ímpar. Jesus parecia muito mais jovem, pois Seu Rosto estava completamente iluminado de tanta alegria e felicidade. Caminhávamos como que sobre nuvens e víamos edifícios maravilhosos. Então chegamos ao palácio das cúpulas brilhantes. Podíamos observar tudo, mas não entrar, pois nos portais estavam guardas com expressões severas. Ficamos bastante tempo nos jardins e aléias do palácio, tão lindos, que quase me é impossível descrever. Fizemos uma pausa em frente ao palácio e observamos as atividades das pessoas, que também andavam calmamente. As lojas eram simples, mas os vendedores estavam asseados e com roupa adequada. Uma visão de paz. Seguimos observando, até que nossos olhos se cansaram de tanta satisfação. Voltamos para o rio e subimos para a montanha, mas por outro caminho. Ao chegarmos ao topo, Jesus disse: “Agora basta”, e todos nos encontramos novamente na casa de José.

Jesus disse:

- Elias, agora deixei que olhasses no Meu Coração e te pergunto: consegues imaginar o que Eu quis dizer?

Respondeu Elias:

- Foi um lindo sonho, mas não era um sonho. Explicar o que foi eu não consigo.

- Tu és sincero, mas Meu querido João poderá te explicar o que vimos, pois ele já vivenciou muitas visões deste tipo.

Ele acenou em minha direção e eu disse:

- Jesus, hoje tudo foi maravilhoso, exceto a visão da planície. Com tua ajuda, tentarei explicar o que sinto e entendi. A cidade representa a humanidade. Os do vale, as pessoas atuais; os da elevação, as pessoas libertas e renascidas. Havia uma ponte ligando os dois lados, da mesma maneira como existe uma ligação entre os homens e o Céu. Quem destruiu a ponte, não é do nosso conhecimento. Tu, como futuro Filho de Deus, queres reconstruir esta ponte, quando tiveres conseguido Te tornar Uno com Deus. As sete pilastras representam as sete Virtudes de Deus e nestas Virtudes se baseia a Tua unificação com Deus, que então estará em Ti em todo esplendor e força. A ponte será novamente o meio de ligação entre o Céu e a Terra. Em outras palavras, as pessoas poderão novamente subir a montanha, pois Tu lhes aplainarás os caminhos. As pessoas da planície mostram sua situação com seu aspecto, seu trabalho e com isto, seu baixo grau de humanidade. As pessoas do alto mostram uma satisfação e um elevado grau humanitário, pois também senti alegria e felicidade, quando estava entre eles. Quiseste assim nos mostrar para onde queres levar a humanidade e por isto não Te deixas influenciar por ninguém, não importa quem seja, que Te possa afastar de Teu propósito.

Disse Jesus:

- João, conseguiste passar a mensagem. Elias, consegues agora Me entender?

Elias respondeu:

- Jesus, Te entender completamente não me é possível ainda. Entendo agora por que Barnabás não quer mais nada com o Templo. Em Ti se iniciará a humanização do Messias e do Amor, mas as pessoas tornarão Tua tarefa muito difícil.

Jesus sorrindo:

- Se difícil ou não, não tem importância. O difícil primeiramente é a unificação com Deus. Enquanto isto não acontecer, haverá lutas, lutas e mais lutas. O que acabaste de vivenciar foram partes de Minha Vida, as melhores partes. Por hoje basta. Agora vamos descansar, pois o corpo precisa. Para a alma não há descanso, pois o espírito deve estar dominando a alma completamente para que esta consiga repousar.

De manhã cedo, todos estavam ativos na casa de José, com exceção do velho Elias, que permanecia em seu quarto. Eu não podia ficar por mais tempo, pois meu pai tinha marcado a viagem de volta. Alegremente, nos despedimos.”

Contei-vos agora um acontecimento com a presença de nosso Salvador e Pai. Isto aconteceu quando Ele ainda era o Filho do Homem, que lutava para evoluir.

Disseram os outros:

- Irmão João, claro que quem, como tu, pôde viver junto de Jesus em pessoa leva vantagem sobre nós outros. Agora, compreendemos também que é muito importante ter o verdadeiro conhecimento e entendimento a respeito de Jesus, o Salvador e Filho de Deus. Entendemos-te agora muito melhor do que a Paulo, que continuamente nos exigia uma fé irrestrita, enquanto que em ti só há Amor.

João: - Irmãos, somente o Amor faz de nossa crença, a verdadeira crença. O Amor cria em nós a força e o espírito de sacrifício, que é a total entrega a Deus. Quem viver neste Amor está penetrado pelo Espírito Divino e se tornará Filho de Deus, tal como Jesus se tornou. Por isto, meus filhinhos, amai-vos, amai-vos, amai-vos. Só então o Pai estará entre vós e em vós, e ninguém precisará sentir falta de nosso Salvador e Mestre Jesus. Ide em paz. O Amor logo vos reunirá. Eu vos abençôo como Seus Filhos. Permiti que vosso amor se torne benção para os outros. Amém.

João ainda ficou por vários dias em Smirna. Antes, ele visitou Nausikles e, mais uma vez, conseguiu conquistá-lo totalmente.

João em Pérgamo

João se despediu alegremente de seus irmãos. Em companhia de alguns outros, viajou para Pérgamo, onde não foi bem recebido, pois lá o inimigo também tinha semeado discórdia em abundância. Foi muito bem sucedido na casa de uma viúva chamada Helena. Ela tinha uma casa grande e também conseguiu abrigar todos os irmãos acompanhantes de João, os quais já conhecia. João imediatamente sentiu que a congregação tendia a acreditar mais nos ensinamentos enganosos, do que nele. Por isto, ele perguntou pelos doentes da comunidade. Foi-lhe informado que havia muitos, mas que o poder de Jesus tinha enfraquecido, pois não havia mais ninguém com o poder de cura. O sacerdote local era um homem bom, mas muito fraco. Ele não conseguiu enxotar e destruir os ensinamentos errados, como deveria ter feito. Assim, ele pediu a João que o ajude nesta tarefa.

Disse João:

- Irmão, foi por isto que eu vim. Com o batizado e a fé nele, não conseguirás a Vida que vem de Deus, mas somente quando o Espírito do Senhor vos levar a atuar. Mas já que a congregação ainda está muito retraída, trazei todos os doentes. Tenho certeza que nossa irmã Helena estará disposta a servir, como sempre, a nós e aos doentes.

O sacerdote realizou contente o pedido de João. A notícia rapidamente se espalhou em toda Pérgamo: um apóstolo tinha vindo para curar os doentes. Não vieram somente doentes, mas também curiosos e outros que adaptaram os ensinamentos divinos a seu bel-prazer. Já no dia seguinte, havia mais de centenas e o sacerdote Marcos não sabia o que fazer. Ele se dirigiu a João dizendo:

- João, não sabia que havia tanta dor e sofrimento em Pérgamo. Conseguirás curar a todos estes doentes?

João respondeu:

- Não serei eu quem os curará, porém tu, irmão Marcos. Como queres que a Força de Jesus se revele? A melhor maneira é por intermédio do servo de Suas Palavras, e este és tu aqui. Eu não vim para te afastar, mas sim para te fortificar e organizar a comunidade; a mesma que tu, na tua fraqueza, não conseguiste manter. Vem, deixa-me apor as mãos em ti e pedir: querido Pai, Mestre, Eterno Senhor e Deus; abençoa e dá forças a este Teu filho. Amém. Tens agora que ter uma fé inabalável e não permitas que nada, nem ninguém, a roube de ti. Nosso Jesus ainda é o mesmo maravilhoso Salvador Cheio de Graças e O será para todo o sempre. Agora, deixa que teu amor atue e começa a trabalhar. Amém.

Os irmãos que tinham acompanhado João acomodaram os doentes no pátio da casa com muito amor e carinho. Todos esperavam que seria João quem os curaria. Com grande surpresa, viram que o velho e fraco Marcos, agora com força e confiança, lhes apunha as mãos, lhes dizia palavras de amor, consolo e força e lhes pedia que crescessem em Jesus, o Maravilhoso Salvador. Os curiosos estavam decepcionados, pois João se mantinha em silêncio. Eles todos esperavam um milagre ou um sinal. Há muito o meio dia tinha passado e os doentes ainda chegavam em grande quantidade. João então disse:

- Irmãos, todos vós vedes como Marcos apôs as mãos em todos e como eles ficaram curados. Por favor, todos vós que acabaste de chegar, acomodai-vos no pátio calma e ordenadamente. Nós, no entanto, entraremos na casa por uma hora, para nos fortificar um pouco. Todos os curados também devem vir à casa, para que novamente recebam a benção. Ainda há muitas dúvidas nos seus corações e nas suas mentes e não seria bom deixá-los partir assim. Os irmãos seguiram alegremente as orientações de João. Com frutas e pão, Helena serviu aos curados. Para os irmãos, porém,, tinha preparado uma refeição bem gostosa. Os recém curados agora se sentiram totalmente felizes e João falou:

- Meus queridos amigos, irmãos e irmãs, pela maravilhosa orientação de nosso Senhor e Mestre Jesus, de nosso Santificado Pai e Deus, pude vir para vosso meio. Infelizmente, houve uma diminuição muito grande nos valores e no poder de Jesus, por falsos ensinamentos, que deturparam as dádivas divinas. O Eterno amor teve que assistir como a maravilhosa dádiva de Seu Amor e Bênção foi cada vez mais deturpada. A Sua Força em vós se afastou mais e mais, até vós ficardes cheios de aflição, desgostos e sofrimentos. Vossas orações ficaram muito fracas, pois vossa fé no Salvador verdadeiro se tinha tornado tão debilitada, que não preenchia mais as condições para se manter viva e receber a Bênção viva. Vós fostes curados, pois a Vida Divina está novamente forte e livre de toda e qualquer dúvida no coração de nosso irmão Marcos. Eu agora vos peço: livrai-vos, também vós, de todas as dúvidas e falsos preceitos que foram implantados em vossos corações por espíritos egoístas e falsos. Nosso maravilhoso Jesus, Salvador e Deus, permanece sempre o mesmo, como nos apresentou o irmão Paulo. A Força que emana Dele continua a mesma, mas vós, que sois o receptáculo de Seu Amor, não sois mais os mesmos. Hoje, nosso Maravilhoso Jesus vos estende a Sua Mão, para vos afirmar que Ele nunca deixou de vos amar, que sempre vos considerou Seus filhinhos e traz uma prova de Seu Amor e fidelidade. Agradecei de novo e vos tornareis totalmente Seus Filhos. Permiti que somente o Amor seja o laço que vos une e só então dareis ao Senhor a devida honra e gratidão. Ele não quer receber nenhum agradecimento de vossas bocas, mas sim deseja muito o de vossos corações, pois este nasceu do Amor. Vós então revelareis um Espírito verdadeiro, que vem de Deus e que vos foi dado como eterno presente. Nosso eterno Deus só tem um único desejo: ver-vos como Seus verdadeiros e felizes filhinhos. Mas Ele não pode fazer nada com Sua Onipotência, mas sim somente com Seu Amor. Este Amor Ele nos provou com Jesus, o Filho de Deus, no Gólgota. Não permitais jamais que alguém vos leve a dúvida e vos faça crer na ilusão que somente a fé vos faz felizes. Fé só se torna verdadeira, quando for penetrada pelo Espírito do Amor e da Confiança. Só então a fé se transforma em força em vós. Recebei, portanto, Sua Bênção e como abençoados segui vosso caminho, para que o mundo reconheça em vós os filhos de Deus. Permanecei unidos, unidos e unidos no Amor. Somente por meio deste Amor, recebereis sempre mais provas de Sua Misericórdia. Somente de acordo com a intensidade de vosso amor, será a vossa felicidade por todos os tempos, e o Senhor vos poderá dar as dádivas. Amém.

Disse Helena:

- João, que bênção me foi dada! Foi-me possível ver Jesus enquanto falavas... Oh Pai e Amado Jesus, como poderei Te agradecer por me ter considerado digna desta graça? Acabou agora toda miséria e toda saudade. Estou pronta para retornar ao Teu reino, pois meus olhos Te viram novamente e meu coração Te sentiu de uma forma muito mais maravilhosa, do que jamais me ocorreu.

Helena se deixou cair no chão e chorou de alegria. Todos ficaram emocionados e se ajoelharam também. Então todos viram o Salvador a abençoá-los.

João falou:

- Vejam quanto Amor nosso salvador nos proporciona. Lembrai-vos desta hora como uma hora de Vida e Amor. Deste modo, sempre vos será proporcionado sentir novamente Seu Amor e Sua Bênção.

Lentamente, a visão desapareceu de suas vistas. João levantou Helena e disse:

- Permanece neste teu amor, querida Helena, e o Salvador sempre estará bem junto de ti. Não deves considerar tua maior felicidade o fato de poder vê-Lo, mas sim de estar unida a Ele e Ele poder ocupar o melhor lugar dentro de ti. Deste modo, Ele sempre te dará o melhor lugar em Seu Coração.

Havia uma grande movimentação no pátio. Nem paz, nem paciência tinham tomado conta do povo, como era o desejo de João; muito pelo contrário: um dos amigos, em seu devaneio, achava que o apóstolo tinha vindo para julgá-los. Dizia também que deviam voltar aos seus antigos deuses e agitado, perguntava o que ali faziam.

- Queremos ficar curados. Em casa já há vários curados por Marcos – diziam alguns.

O irmão riu com escárnio e disse:

- Esta deve ser uma saúde muito estranha. Por que Marcos não conseguiu realizar isto antes? Quem estiver doente pela vontade do Senhor deve se conformar. Como é possível que Marcos se oponha ao Senhor?

Eles se calam e olham cheios de medo em direção a casa onde ainda permaneciam os curados.

Disse então João:

- Irmãos, está na hora de voltarmos para o pátio. O lobo está realizando o seu trabalho. É a tua vez agora, Marcos, mas não temas mais, pois viste o Salvador e novamente te foi dada Sua Força e Seu Amor. Nós ficaremos mais um pouquinho aqui.

Marcos foi juntar-se aos doentes no pátio, que o fitavam temerosos.

Chegando lá, Marcos disse:

- Meus queridos, por que vossa confiança se transformou em temor? Não vivenciastes a maravilha de Deus a tão pouco tempo?

Respondeu um:

- Marcos, nos foi dito que tuas curas não são corretas, pois não é permitido se opor à Vontade de Deus.

Marcos viu o irmão Isidoro e disse:

- Isidoro, por que destroes a paz e a confiança destes pobrezinhos infelizes? Não basta todo o sofrimento pelo qual já passaram? Por que não vens falar comigo, se achas que algo não está certo? Não disse Paulo: “ Uni-vos no Amor de Jesus, o qual vos mostrará o caminho que nos leva para o Senhor. ” ?

Isidoro respondeu:

- Marcos, como podes obedecer tanto a um estranho que se diz apóstolo? Nossa comunidade não te basta? Nós te prejudicamos alguma vez de tal maneira, que prefiras os estranhos e destroes com uma tacada todo nosso trabalho? Isto não pode ser assim.

Marcos, cheio de Amor vivo, disse:

- Isidoro, a inveja e o medo falam de tua boca, mas não o Amor por mim e pelo Senhor. É verdade: deixastes-me em paz e não prejudicastes minha tarefa. Mas teria sido muito melhor que tivésseis ficado insatisfeitos comigo, pois a indolência e preguiça causaram todo o mal, destruindo os laços que nos uniam ao Senhor. O que nos sobrou do Senhor? Somente Sua Palavra, e esta perdeu quase toda Sua Força. Por isto, não se podia mais curar ninguém e um fatalismo se aninhou em vós, o qual transformou a fé viva em algo morto. Agora porém, tudo deve ser diferente.

- Não, tudo permanecerá como está agora e tu não tens o direito de decidir, mas sim nós. E a questão se continuarás sendo nosso servidor, ainda deverá ser resolvida.

Marcos então falou com voz forte:

- Isidoro espírito rebelde, não te oponhas ao Espírito que está em mim e trata de te acertares com Jesus, nosso Senhor e Salvador, bem depressa. Tuas palavras, dardos venenosos, se tornaram inócuas em conseqüência de teu egoísmo, e tua força foi destruída. A vós, porém, que confiais no Salvador e acreditais que Ele vos devolverá a saúde, digo: elevai-vos na saúde e segurai o Senhor e Salvador com todo vosso Amor em vossos corações. Ele vos estende Suas Mãos por mim. Tu, porém, Divino Salvador, glorifica-te nos sofredores na proporção da fé de cada um. Amém.

Com exceção de alguns poucos, os doentes se curaram. Eles louvam e agradecem a Deus pela Graça, mas os outros se lamentam. Marcos lhes pergunta:

- Por que não confiastes no Salvador? Já poderíeis estar curados.

- Eu pensei nas palavras de Isidoro – disse um deles; após o que, os outros confessaram o mesmo.

Marcos disse:

- Pois deixai que Isidoro vos cure, já que a palavra dele vos é tão importante, quanto à do Pai, que vem da minha boca.

Todos se dirigiram para Isidoro, zangados e ao mesmo tempo esperançosos:

- Isidoro, cura-nos agora.

Como resposta, este sorriu com desprezo.

Marcos disse:

- Isidoro, sorrir não é uma resposta para estes corações entristecidos. Eu exijo de ti uma resposta clara, e saibas: neste espírito que revelaste não há amor. Eu tentei te proteger, para não te perder; mas agora, o Amor me ordena não mais te poupar. Ou tu curas os que em ti crêem, ou então deves dizer toda a verdade para teus irmãos. Apressa-te em retornar para o seio de Jesus, que tudo ficará bem.

Com um ímpeto de ódio, Isidoro se joga sobre Marcos e o apóstolo. Em toda sua raiva, não tinha visto que João e os irmãos se tinham juntado a Marcos.

Os curados já tinham saído de casa e só Helena ficou lá para arrumar a mesa da próxima refeição. Porém neste instante, ela ouviu uma mensagem, até então desconhecida para ela: “Vai ao pátio e louva Meu Amor”. Decidida, dirigiu-se ao pátio e chegou no momento em que Isidoro atacava Marcos, expondo todas as sombras que habitavam seu corpo. João também estava sendo atacado, quando então Helena se reportou a Isidoro:

- Pára imediatamente com tuas acusações, pois não tens a mínima idéia do que aconteceu aqui. Presta atenção: eu vi Jesus e também falei com Ele. Ele mesmo me aconselhou que viesse aqui para lhe dar louvor. Não te foi dado bastante amor e confiança, quando estavas conosco? Agora, quando enfim o Verdadeiro e Divino Jesus nos quer ressuscitar com Seu Amor e Misericórdia, tu te revoltas? Cala-te, ou então ajuda a estas pobres almas!

Então Isidoro se acalmou, pois sempre tinha recebido muito amor de Helena. Os outros então pediram a Helena que intercedesse junto ao Senhor pelos que não tinham sido curados, mas ela disse:

- Não, isto eu não faço. Mas por que não vos dirigis, vós mesmos, ao Senhor; ou vós achais que Ele ainda não se revelou o suficiente para nós? De agora em diante, segredos não serão mais permitidos, pois o Amor do Senhor e Salvador não permite segredos ou mistérios. Ele nos oferece Seu Amor de uma maneira clara e livre.

Disse um dos irmãos:

- Helena, achas que podemos nos dirigir ao Senhor diretamente? Achas que nos seria permitido, já que acabamos de duvidar de Seu Amor? Quando olho os outros, vejo também minha culpa. Ajuda-me irmã Helena, a fim de que eu possa consertar meus erros e os dos meus companheiros. Tu viste e falaste com Jesus. Vai para junto Dele e eu lhe serei fiel seguidor para todo o sempre, mesmo que não fique curado.

Helena disse:

- Estás falando sério, irmão?

- Sim Helena. Tu sempre foste nosso anjo. Contigo, só posso falar o que realmente penso.

Irmão, acredito em ti. Começa agora a louvar o Salvador Jesus, mesmo com teu corpo doente. Vós outros, porém, levantai-vos, que estais curados em nome do Senhor Jesus Cristo; mas nunca vos afasteis dos caminhos que a Ele levam e que levam a todos os corações. Tu, entretanto irmão, ainda vivenciarás muitas outras coisas, que te farão extremamente feliz. Por isto, pratica a paciência, pois o que o Senhor faz é bem feito.

Todos os outros se curaram e Marcos disse:

- João, não sei mais nada agora... O que significa tudo isto? Quais os planos do Senhor para conosco, já que Ele se revela de um jeito incompreensível? Por favor, fala conosco para que eu possa me encontrar novamente, pois as ondas de Seu Amor e Sabedoria me tragaram agora.

João disse:

- Calma Marcos; tudo a seu devido tempo. Ainda não terminaste teu problema com Isidoro, mas te peço: dirige-te a ele com muito Amor Sagrado.

Marcos entendeu João. Estendeu a mão a Isidoro e disse:

- Isidoro, ainda não terminamos, e eu te pergunto em nome do Senhor: que pensas fazer? Vejo em teu coração como cobras e víboras se aprontam para mais desgraça. Eu te advirto: ainda tens um testemunho no irmão Gamaliel, o qual, em conseqüência de teus ensinamentos, não conseguiu a cura. Tu assististe como o Senhor e Mestre, que atuou por intermédio de Helena e Gamaliel, preparou um fiscal para ti. Gamaliel se tornou um testemunho do Senhor, que sempre contestará teus ensinamentos errôneos. Porém Jesus não deixou de te amar e espera por ti. Então dize: Que pensais fazer?

Isidoro respondeu:

- Por que me perguntas? Eu debocho de todos vós e de vosso Salvador. E Deus, que dá a força para testemunhar, certamente continuará a apoiar meu testemunho.

Gamaliel retrucou:

- Isidoro, não te esqueças que ainda estou aqui. Ou tu me curas, ou me encostarei em ti, tal qual tu te encostas em teus óleos falsos, e revelarei a todos o que Deus, em Jesus, fez para todos nós. Sim, sinto em mim Sua Força Divina, sinto em mim Seu Amor Santificado. Por isto, me prendo a ti, pois assim não posso mais prejudicar ninguém, nem no seu corpo, nem na sua alma. Vós todos sereis Meu Testemunho e tu Marcos não precisas mais temer que digam que teu amor e humildade são fraquezas. A ti credito minha fé. Somente Isidoro me ensinou outros preceitos, por meio de suas palavras bonitas. Agora, o Amor de Jesus brilha feito um estrela claríssima. Com prazer, carregarei minha cruz, para que esta sempre me lembre de seu erro. Isidoro, alegra-te com minha fidelidade; não é ódio, mas puro amor, pois sei que conseguirei te converter com o tempo. Com amor, não foi possível, então vou tentar com severidade! Se achas que poderás me destruir com teu ódio, presta atenção: tornar-te-ás muito mais desgraçado do que todos nós fomos.

João disse:

- Gamaliel meu irmão, muito te propões, mas o Senhor não exige isto de ti. Já que tu desejas, com teu livre amor, convencer teu irmão perdido, então não esqueças que nada conseguirás sem o Senhor. O Senhor vê teu amor e tuas boas intenções e quer te ajudar, dando-te a Forca do Alto e a Sabedoria do Amor. Vem cá, para que eu te possa apor as mãos e te abençoar em nome do Senhor.

Gamaliel se ajoelhou ante João, que lhe apôs as mãos e orou: “ Meu fiel Salvador, Pai de todos os Teus filhos, o irmão Te reconhece e quer recompensar a falta de confiança em Ti com muita caridade. Fortifica-o e preenche-o de tal maneira, que ele Te tenha sempre a sua frente e em seu coração. Preenche-o com Teu Espírito, para que ele se torne um salvador para todos os seus irmãos. Amém”.

João o abraçou e disse:

- Gamaliel, o Senhor te aceitou e te devolve a tão desejada saúde. Permanece no Amor e só deixa te levar por ele, para que possas coroar a obra de Seu Amor.

Gamaliel estava completamente atordoado. Ele se sentia muito bem, como há muito não se sentia e estava completamente sem dores. Disse animado:

- Amor, Tu, extremamente maravilhoso Amor, estou como que sonhando, pois não sinto dores. Alegra-te Isidoro, pois poderei te cuidar muito melhor agora e não descansar enquanto não te tornes novamente o maravilhoso e amado irmão Isidoro.

Enquanto isto, chegavam mais e mais doentes e Marcos tinha que se desdobrar para atender e ajudar a todos, pois criam que seriam curado sem distinção. Marcos perguntou então a João:

- Irmão João, devemos curar os pagãos? Não temos certeza do que fazer.

João respondeu:

- Irmão, o que o teu coração está pedindo? E qual é a atitude do Amor em relação a este assunto?

- Irmão João, ao me perguntares, sinto que a resposta é: desejo ver a todos saudáveis e felizes. Entretanto eles ainda não crêem no Senhor e não exigimos crença...

Então tu deves ter fé em dobro e com amor em dobro, ir à obra. Quando digo “amor em dobro”, estou falando do teu amor e do Amor do Senhor em ti. Tem fé, que tudo te será permitido obter. Não faças experiências inúteis, mas simplesmente acredita que, com Ele em ti e tu Nele, podes continuar a Sua Divina Obra, até que Ele te revele nova tarefa.

Marcos olhou João por um longo tempo e logo depois iniciou sua obra entre os recém chegados, dizendo:

- Amigos, o que desejais que o Senhor Eterno e Santificado vos dê?

Um respondeu:

- Amigo, ouvimos que um sacerdote chegou e que ele cura todos os doentes. Corremos para cá e te pedimos, já que tu és o tal sacerdote, que nos liberte de nossa miséria.

- Ouvistes bem queridos amigos. Primeiro tenho de vos dizer que é verdade que um sacerdote do Verdadeiro Deus está entre nós. Também sabeis de vossos deuses que a fé é necessária para obter uma graça. Por que não vos dirigis aos vossos deuses ou aos vossos sacerdotes? Estes não se zangarão?

- Com nossos deuses acontece algo estranho: se nós lhes levamos oferendas, eles são piedosos e bons; mas se lhes pedimos um sacrifício, nada feito.

- Amigos, se estais prontos para receber as bênçãos do Verdadeiro e Vivo Deus, também deveis estar prontos para crer neste Eterno Deus. Nem eu quero, nem Deus quer vos separar de vossos deuses, mas vós deveis faze-lo. Eu me disponho a vos servir em nome e no Espírito do Senhor e Eterno Deus, que se tornou um Salvador Misericordioso; não só para nossos sofrimentos, mas também para a morte e o julgamento. Quem nele crer e agir de acordo com Seus Ensinamentos terá a vida eterna e viverá dentro de si o Amor, que faz de nós, homens, Seus filhos. Se vós quiserdes isto, aprontai-vos, para que eu possa servir-vos e o Eterno Deus possa abençoar vossa vontade.

Com os olhos cheios de dúvidas, todos fitaram Marcos, que brilhava feito um querubim. Eles inclinaram suas cabeças e Marcos lhes apôs as mãos. Orando confiante, ele acabou a tarefa e todos ficaram curados. Mantiveram-se orando em absoluto silêncio, quando então João se postou em frente deles e disse:

- Libertai-vos de todo o medo, pois Deus, o Verdadeiro e Eterno, vos mostrou Seu Amor e Sua Misericórdia em todo seu esplendor. Ele não vos recrimina, nem a vos dá leis, porém vos diz: “ Meus filhos, vi vosso sofrimento em Meu Amor e Misericórdia e o afastei de vós. Porém Eu vos peço agora: amai-vos uns aos outros como Eu vos amo e então vivenciareis o que é este Amor e quantas bênçãos ele contém. Só há um verdadeiro Amor e este vem de Mim. Este Amor é o Meu eterno presente para vós todos, e quem quiser usufruir deste amor, pode fazê-lo quanto quiser. Por isto, reconhecei em Mim o eterno e verdadeiro Amor, e todos os vossos deuses deixarão de existir para vós. Tudo o mais, Meus servos vos dirão”.

Neste momento de paz e silencio, Helena disse:

- Oh Jesus Salvador, com que esplendor nos mostraste Teu Amor novamente! Não podemos mais silenciar, mas professar o que fizeste para nós. Oh João, tu fiel testemunha e servo de Deus Eterno, dize-nos: na Sua Presença, quando Ele estava na Terra, vivenciaste algo mais maravilhoso? Muitas vezes invejei aqueles que conviveram com Jesus como Homem, mas hoje estou mais feliz que todos vós. Ele deve ter vos dito várias vezes que não poderia permanecer como Homem em vossa companhia para sempre, mas eu tenho a certeza de que Ele nunca mais se afastará de mim, apesar de eu ser apenas uma pobre mulher cheia de pecados. Pergunto o que são todos os meus pecados, comparados com Seu Amor e Misericórdia. Oh irmãos e irmãs, tudo que é humano derreterá qual neve com o calor de Seu Amor, e nós ganharemos uma Vida completamente nova. Eu sinto dentro de mim como lá pulsa uma nova Vida e eu estou tão preenchida desta Vida, que poderia morrer de alegria.

Marcos e os outros ficaram surpresos ao ouvirem este testemunho. Ele disse:

- O que ainda não consegui professar, esta minha irmã Helena o fez e por isto, vamos lhe agradecer do fundo do coração e sempre estar a seu lado para auxiliá-la. Pelo que sinto em meu Espírito, devo acrescentar: quem estiver com o coração cheio dor venha sempre a mim, não importa a ocasião nem a hora; mas aquele que não vê nenhuma saída em seu sofrimento vá à irmã Helena, pois seu amor é muitíssimo maior que o meu. Porém tu, Helena, sê nossa mãe e irmã e nos deixa compartilhar tudo que o Amor te deu e dará.

Helena sorriu amorosamente e disse:

- Oh vós, meus filhinhos ainda tão fracos, não sabeis que no coração do Pai há lugar para todos? Com prazer vos servirei com o que recebi do Pai. Venham para casa agora, a qual, pelo Amor, se tornou uma casa de Deus. Todo aquele que desejar alimento para a alma que entre sem problemas. Informai também a todos que quiserem ouvir: minha casa, de agora em diante, é o lar do Amor e o lugar de descanso para os corações que procuram paz e amor.

Muitos vão para casa, a fim de notificar seus entes queridos sobre suas curas. Outros perguntavam quando poderiam voltar, pois a casa estaria cheia demais. Helena dava respostas amigáveis, sempre com prazer. Os outros entraram na casa, com exceção de Isidoro, que ficou do lado de fora com Gamaliel. Isidoro perguntou zangado:

- Por que não vais com os teus, estes que tanto falam do Amor?

Gamaliel respondeu:

- Irmão, para evitar o teu desejo egocêntrico te entregue ao diabo, seguir-te-ei como uma sombra. Então não te preocupes por mim, pois eu me preocupo por ti e por mim.

Helena arrumou lugar para todos os que tinham entrado na casa. Ao olhar seus hóspedes, viu que quase todos eram estranhos. Seu coração estava muito alegre e deu logo a todos algo para beber. Estavam ansiosos por ouvir o que o servo do Amor tinha a lhes dizer. João sentiu no seu interior um grande desejo de alegrar a todos e por isto disse:

- Irmãs e irmãos, eu vos chamo assim, pois o Amor em mim assim o quer. Nós nos vimos hoje pela primeira vez, mas sinto dentro de mim como se já tivéssemos vivido sempre juntos, juntos em um Espírito. Ainda vos é desconhecido, mas Ele já é um fiel Amigo para mim, pois Ele é o Espírito de nosso Deus e Pai. Este Espírito achou por bem se revelar em todos os tempos pelas bocas dos Profetas e agora, nos últimos tempos, pelo Seu Filho Jesus Cristo. Porém Ele, Cristo, se tornou nosso Irmão e nos mostrou o caminho para o Pai, pelo Seu sacrifício no Gólgota. Ele se tornou um intermediário, por meio do qual até nós podemos chegar a Deus. Nós, como Seus discípulos, pudemos ver Sua Magnificência; uma Magnificência que nossas bocas não têm suficientes palavras para dar testemunho. Este Jesus se tornou o Salvador de todos aqueles que Nele crerem e o Redentor de todos aqueles que, como Ele, quiserem redimir a outros. Se eu vos quisesse revelar todas as maravilhas, eu nem mais me poderia afastar deste lugar. Por isto, ficai satisfeitos com o que vos direi hoje e nos dias seguintes. Mais ainda vós, que ouvis pela primeira vez uma testemunha do Deus Vivo e já vivenciastes o que é o Seu Amor. Uma coisa, porém, é indispensável: se quiserdes adotar seriamente Jesus, o Salvador e Verdadeiro Deus, deveis vos afastar completamente de vossos ídolos e também limpar o vosso interior de todo e qualquer vício que possa estar se colocando entre vós e Ele, Jesus. Já que vós estais muito ansiosos pelo Amor, pela Paz e pela Alegria, tão ansioso também está Deus por vós. Ide para casa agora, levando mais uma vez a benção divina e somente retornai quando de fato desejardes fazer algo pela vossa vida, tanto terrena, quanto espiritual. Ide em paz e que o Amor do Pai vos acompanhe.

E todos foram para casa com as bênçãos divinas.

Mas sempre vinham mais alguns que perguntavam pelo “sacerdote” que curava, e assim, Marcos tinha muito a fazer.

A casa, entretanto, começou a ficar vazia. João e os seus tinham agora a paz necessária para conversar sobre uma série de assuntos concernentes à comunidade. Helena era a que mais prestava atenção. Ao anoitecer, João disse:

- Helena, hoje tua casa não tem bastante espaço e tu terás muito a fazer para deixar todos satisfeitos.

Helena respondeu:

- João, tenho a impressão que tudo se ajeita de uma maneira milagrosa tal, que eu não preciso me preocupar com nada. O pátio é bastante grande para acomodar a todos e ainda tenho algumas tochas na casa.

Ao anoitecer, tudo ficou mais calmo e Marcos se sentia debilitado. Em sua vida, nunca teve que falar tanto, como o fez neste dia. Nunca, ao ver a dor dos outros, teve tanta angústia, da qual ele se apossou e visivelmente teve ajuda do Senhor.

João lhe disse:

- Marcos, hoje foi para todos nós um dia santificado e de muita alegria. Os frutos de teu amor, ali sentados, ainda te trarão muita alegria, mas podes descansar por hoje. Porém permanece conosco, pois teus serviços de caridade ainda serão necessários.

A conversão de um sacerdote pagão

Como combinado, ao anoitecer voltaram os irmãos, as irmãs e os curados. Helena tinha mandado dizer que todos se acomodassem no pátio, pois na casa não havia mais lugar disponível. Todos calmamente seguiram a sugestão, mas outros mais chegavam aos poucos e Marcos achava que não haveria lugar suficiente. João sorriu e disse:

- Marcos, quantos mais vierem nesta noite abençoada e santificada por Deus, tanto mais fácil será a tua tarefa no futuro. Mas te prepara para todo tipo de surpresa, pois tua atuação produziu bons alicerces. Também Isidoro e Gamaliel aqui estarão. Isidoro com medo de Gamaliel e este por preocupar-se com Isidoro.

Tinha chegado agora a hora de atuar. O pátio estava tão repleto, que quase não se podia mover. Muitos estavam de pé, e os do centro estavam sentados no chão. Na casa estava o lugar dos servos da Palavra do Amor. Quando Marcos, João e Helena se apresentaram na porta, todos se calaram e fixaram os olhares nos três. Helena procurou um lugar entre o povo e também se sentou no chão. Os outros irmãos ficaram no alpendre da casa. João abençoou os presentes com as seguintes palavras:

- Amados amigos, irmãos e irmãs, em nome do Eterno e Santificado Deus, vos ofereço a saudação do Amor, da paz e da felicidade e desejo que todos possais compreender o que vos direi aqui e agora. Eu sei que nem todos são crentes de nosso Salvador e Redentor, mas isto não tem tanta importância assim. Peço vos, porém, que examineis tudo atentamente e absorvais o que é bom. Se alguém não estiver satisfeito com alguma coisa, não importa qual, está livre para questionar. Marcos é e será vosso servidor; eu, porém, seguirei meu caminho, seguindo a Vontade do Senhor. Ao calar-se, um homem se aproximou dizendo:

- Não te conheço e não sei se foste tu que curaste minha mulher da hemorragia. Como minha mulher disse que agradecesse sua cura ao Deus Vivo e que devemos agora nos preocupar em limpar a casa e os corações dos deuses desconhecidos, eu me sinto atraído a observar melhor este milagre. Eu mesmo sou sacerdote na periferia, e se alguém tentou desesperadamente curar minha mulher, este fui eu. Até junto a vosso sacerdote Isidoro procurei ajuda. Ali me foi dito que doenças são conseqüência da descrença e que deveriam ser aceitas com paciência, caso contrário, o mal se tornaria cada vez pior. Em que devo acreditar? Qual é o deus que tem razão? Aquele que castiga toda crença fraca, ou o Deus que exige que tenhamos nossas casas e corações cheios de Amor e muito limpos? Por mais que medite, tenho que perguntar: qual é o verdadeiro Deus e de que devo limpar a minha casa?

João respondeu:

- Amigos e irmãos, a sinceridade do irmão me causa alegria. Dar-vos-ei uma resposta clara e correta, a qual servirá não somente ao amigo, mas a todos vós. Eu sou João, um dos apóstolos do Senhor e Mestre Jesus, que vos foi proclamado pelo irmão Paulo. Não é possível negar que ainda existem templos pagãos nesta cidade e não é vossa culpa. Mas que em vosso meio começou um ensinamento errôneo, isto sim, é impossível de aceitar e não poderia ter acontecido; pois, no momento em que dúvidas ou discórdias se aninharam em vossa congregação, perdestes vossa força. Prova disto é que perdestes o mais maravilhoso dom: a presença constante e atuante do Senhor. O desejo do Eterno Amor em vos colocar novamente no mesmo ponto em que estáveis foi, a princípio, o que me fez vir aqui. Já tivemos hoje muitas provas da atuação do Amor e da Misericórdia. Saibais que não fui eu, mas sim vosso irmão Marcos, quem atuou pelo Senhor, conseguindo as bênçãos. Para vós que já conheceis o Senhor, as bênçãos são milagres de Seu Amor, mas para aqueles que ainda não O conhecem, são milagres de Sua Força e Poder. Este Jesus, como Homem, era um verdadeiro amigo e irmão e servia a todos com Seu Amor, sem exceção. Ele não tinha inimigos, mas foi considerado por muitos como “ o grande inimigo”, especialmente pelos templários de Jerusalém, que não queriam permitir a disseminação de Seus Ensinamentos de Amor e amor ao próximo. Diziam estes que Seu poder divino vinha do mal. Queridos amigos, o que acabamos de assistir em êxtase, não é possível descrever com palavras, mas as maravilhas que Ele ainda nos permitirá presenciar hoje, nos vai ligar ainda mais a Ele. Quando nosso amigo nos pergunta qual Deus devemos seguir, cada um deve se dar a resposta; pois quem de nós será tolo suficiente para considerar estas maravilhas como um nada e trocar um delicioso pão por pedras duras, ou mesmo por um deus que nunca está presente e exige sempre mais e mais sacrifícios, sem nada dar em troca? Nós desde sempre críamos no Deus dos judeus, mas não sabíamos quão distante estávamos do verdadeiro Deus. Somente quando Jesus nos abriu os olhos, nos mostrou com Seu exemplo o Deus Amor e nos permitiu ver Seu Céu de Amor, então sim amigos, o Deus Vivo e Verdadeiro reviveu em nós e o reconhecemos como o Eterno Amor. Amor foi sua Vida. Esta Vida acordou a Vida em nós e é sobre Ela que eu presto testemunho. Com o Seu poder, Eu poderia colocar todos vós em um céu, mas isto seria cedo demais. Eu poderia vos deixar ver em que erro vos encontráveis, mas isto vos tiraria toda coragem e vos consideraríeis perdidos. Vós deveis encontrar tudo por vós mesmos. Por isto, dou-vos o seguinte conselho: limpai vossa casa e coração de deuses ilusórios, ou seja, procurai dentro de vós qual o amor que vos vivifica e quais as tendências que ainda servis. Pois Jesus, o Santificado, vos quer ajudar, a fim de que Ele, como o Filho do Todo Poderoso, se torne em vós vosso Salvador e vos revele o Deus Verdadeiro e Pai. Jesus, o crucificado e ressuscitado da morte, é a Vida. Todos que Nele crerem viverão com Ele. Mas pouco antes de Sua crucificação, Ele disse a seus discípulos: “ Uma nova lei Eu vos dou: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei, para que o mundo reconheça em vós Meus discípulos ”. Esta lei contém tudo o que nos torna Seus discípulos e filhos. Amai-vos, e novamente digo: amai-vos. Neste amor se revelará Seu Amor por vós, bem como tereis respostas a cada uma de vossas perguntas. Termino assim meu recado com o seguinte pedido: filhinhos, amai-vos, pois o desejo maior do Pai é poder se revelar como Pai e se aquecer em vosso amor. Espero que Seus desejos se realizem em vós. Que paz e alegria preencham vossos seres e que o Amor possibilite a realização de todos vossos anseios.

Por longo tempo, ficaram todos em silencio. O sacerdote então disse:

- Desconhecido, de longe vens e revelas coisas que estão tão perto de nós. Como poderei te agradecer? Hoje ainda, destruirei os altares de meus deuses, darei honras e servirei ao Verdadeiro Deus. Tu não falaste sobre sacrifícios, mas sim de servir no Amor. De fato, teu Deus facilita tudo a nós homens. Desde agora, serei um de vós. Dai-me vossas ordens e determinai minha vida. Minha mulher vós curastes sem perguntas; pois bem, devo servi-los da mesma maneira: sem perguntas e sem questionamentos. Por agora, pertenço a este Deus, que tão amorosamente Se me revelou. Certo, ouvi de vossos irmãos algumas coisas que me fizeram meditar, mas ao observar a discórdia que havia em vossa comunidade, sempre preferia meus deuses, pois seus sacerdotes nada disto permitiam. Mas aqui presencio uma liberdade que realmente me assusta: Deus, o Eterno e Santificado, cede a nós homens Seu Amor e Suas Bênçãos e anseia por paz, amor e felicidade. Isto é novo para mim. É tão imenso, que eu tremo de medo sob esta imensidão. Deus se coloca no mesmo patamar de Seus Filhos! Credo! Será que isto já foi ouvido ou dito alguma vez? Este Deus quer que todos sejam salvos da morte e do julgamento. Por isto, Ele encarnou como um Homem de carne e sangue. Oh amigos, isto é bênção demais, especialmente para vós que O vistes, convivestes com Ele e que fostes testemunhas de Sua maravilha. Eu digo que acabastes de assistir a Magnificência de Deus; é pura verdade, já que eu presenciei também Sua Magnificência por vosso intermédio. Eu e minha casa serviremos vosso Deus. Tudo o que hoje vivenciamos nos servirá, não só como norma de vida, mas também como nossa luz e nossa meta. Minha mulher está com saúde. Com isto, apagamos todos os pecados que praticamos em nossa vida. Como pessoas novas, estamos na vossa frente e eu agradeço, eu e minha casa, a Ti, Magnífico Deus. Como sempre dizias que nós Te pertencemos, eu aqui anuncio em viva voz que nós pertencemos a Deus. Por isto, peço que nos dês a força necessária e o fortalecimento de nossa vontade.

João se dirigiu ao sacerdote e disse:

- Irmão, a Benção, o Amor e a Paz do Senhor estejam contigo, agora e para toda a eternidade! Tu expressaste a vontade de servir ao Verdadeiro e Eterno Deus por toda a tua vida e de te livrares de todos os teus deuses. Não somente Deus se alegra com esta tua atitude, mas também toda a congregação. Só te peço uma coisa: não forces nada, mas sim deixa que o Amor, e novamente o Amor, atue. Somente no Amor, podes levar teus irmãos ao caminho verdadeiro. É realmente extraordinário que justamente tua mulher, a qual apesar de muitos sacrifícios e rezas não tinha tido ajuda, aqui foi curada sem ter que implorar ou fazer sacrifício algum. Por que mandei trazer todos os doentes? Porque eu transformei em ação meu anseio de que todos se libertassem de todo o sofrimento. Também desejei que o Amor no Senhor se revelasse. O poder de curar os doentes é o poder do Amor de Jesus, que é dado a todos aqueles que têm fé e vontade. Este poder deveria ser propriedade de cada um, mas infelizmente é enfraquecido pelo amor ao mundo e pelo egoísmo. Esta é a razão pela qual o Amor e o poder ficam cada vez mais fortes em mim. Por que Jesus, Salvador e Senhor, Deus e Eterno Pai, pode sempre se manifestar cada vez mais maravilhosamente, este é o segredo que continua sendo segredo para muitos. O outro João – o Batista - aquele que anunciou Sua vinda e preparou Seu caminho, dizia: ”Eu tenho que diminuir, enquanto Ele tem que aumentar”. Assim é e será para todos os homens, para que Ele possa crescer em nós. Ele, em Sua caridade, dá ao filho este crescimento, de acordo com o amor que este filho tem. Ele, como Homem, revelou uma divindade e um Deus maravilhoso. Façamos o mesmo, e Deus viverá em nós e nós Nele.

A comunidade ficou emocionada com o acontecimento que este amor de João demonstrava e todos reconheceram sua culpa. Eles tinham feito de Jesus Cristo um ídolo, como também levado suas vidas baseadas nos seus erros, desconsiderando Seu Amor e Sua Misericórdia. Porém agora estava aplainado o caminho para o santuário do Amor e para a Verdadeira Vida no Amor e do Amor. João não podia permanecer por muito tempo, pois outras comunidades precisavam ser limpas e revividas em Jesus. O sacerdote pagão recém convertido tornou-se um ótimo auxiliar para João. A todos os lugares o acompanhava e reconheceu humildemente o verdadeiro Deus, o qual, como um verdadeiro e amoroso Pai, lhe mostrava caminhos que só causavam paz e felicidade ao serem transitados.

João em Tiatira

Sem se despedir da comunidade, João estava a caminho de Tiatira, pois seu anjo havia lhe avisado que lá também muitos enganos estavam se espalhando. Em todos os lugares onde ele entrava, via-se ainda rastros do amor de Paulo, porém a fé estava começando a esmorecer. A força de Deus estava desaparecendo, o empenho e a vontade estavam faltando, e tudo levava à criação de um novo paganismo. João fazia o que seu coração mandava: aliviava a dor dos sofredores e doentes. Em breve, tinha reconquistado muitos corações. Não havia inimigos se opondo e a semente do Amor logo criou raízes nos corações de boa vontade. Diferente foi em Tiatira, onde havia uma grande congregação com seus sacerdotes e sacerdotisas, que eram muito convincentes em suas pregações. Infelizmente, a chegada de João já tinha sido anunciada e a congregação o esperava com muita desconfiança. João chegou lá sozinho, numa véspera de Sábado. Seguindo instruções do anjo, não foi à casa do sacerdote, nem da auxiliar, mas sim à casa de um colono que vivia nos arredores da cidade. Este homem era muito pobre e vivia do que sua horta e uma pequena plantação lhe davam, o que tinha de ser suficiente para ele, sua mulher e filhos. João tinha caminhado o dia todo e estava realmente cansado. Ele se sentiu extremamente feliz com o carinho que foi recebido. Após um bom banho e uma refeição leve, ele se sentiu tão bem, que começou a falar sobre os Ensinamentos. O colono e os seus logo ficaram encantados com a paz e o Amor que dele emanavam. Com lágrimas nos olhos, eles contaram a alegria que experimentaram ao ouvir a respeito do Salvador e que seguiram com prazer as normas que os irmãos lhes sugeriram. Mas também contaram sua desilusão com os novos irmãos, pois estes falaram de uma forma bem diferente. As palavras eram como verdades, mas não havia mais amor, compreensão ou misericórdia com o próximo. Tudo se tornava frio e sem amor. A Palavra e os Ensinamentos ficaram mais rígidos. As comunidades, divididas, tomavam agora a si todos os mandamentos dos divulgadores da Palavra; mas a harmonia, a paz e a felicidade tinham desaparecido. Era inimaginável o que se exigia dos seguidores. Tudo era proibido. Tudo o que era mundano deveria ser abominado. O Salvador não era mais mencionado, muito menos o Amor. As palavras certamente eram boas, porém não havia mais Vida nelas.

Disse o colono:

- Por isto, querido irmão, Eu agradeço ao Senhor por teres te dirigido à minha humilde casinha.

João ficou emocionado ao ver com que saudade estavam estas pessoas do verdadeiro evangelho. Assim sendo, ele lhes deu muito amor e muitas bênçãos. Nesta noite, os colonos receberam uma grande felicidade, da qual não tinham a mínima idéia. Os corações agora estavam prontos para receber o Salvador novamente. No Sábado, foram com João para a “ hora da oração”. Lá, os sacerdotes continuavam seus ensinamentos errôneos e até preveniam os presentes contra a chegada do mensageiro, que seria um discípulo e apóstolo do Senhor. João ouviu tudo com calma e em silêncio. Ao final da cerimônia, que acabou sem benção, João se apiedou dos pobres de espírito, foi ao altar, inclinou-se à frente da congregação e disse:

– Irmãos e irmãs, pela primeira vez me encontro em vosso meio, mas não consigo me calar, pois vejo a miséria em vossas almas e em vossos corações. Vós vos chamais de crentes... Vós quereis ser crentes, porém o espírito que está entre vós é mais sombrio, que o mais escuro paganismo. Onde deixastes o vosso Salvador Jesus Cristo? Já vos esquecestes que somente Jesus – e novamente Jesus – é vossa salvação e vossa vida? Que ninguém pode chegar ao Pai como Seu filho, a não ser por Jesus, o Salvador e Redentor? Como quereis vos tornar filhos de Deus, se quem conseguiu isto para vós foi por vós desprezado e esquecido? Oh vós pobres, pobres corações, não tendes a menor idéia em que miséria deveis estar, pois passastes pela Misericórdia e a afastais de vós de uma maneira tão cruel, que estais jogando fora a Luz e colocando a escuridão no seu lugar.

Então o sacerdote Coeranus se levantou e mandou João se calar, pois só poderia falar se houvessem queixas a respeito. João se afastou e deu lugar ao velho colono, que falou:

- Irmãos e irmãs, vós me conheceis bem e sabeis que eu não sou um sonhador e que não sigo a opinião do primeiro a passar por minha casa. Vós sabeis bem que muitas vezes expressei minha saudade do tempo em que vivíamos e recebíamos o Evangelho do Amor em Jesus. Como eram lindos aqueles dias! O amor de um para com o outro era a ligação que nos unia. Nesta noite, me foi permitido viver novamente este amor por meio deste irmão desconhecido. Não sei de onde ele vem, nem para onde ele irá, pois não lhe perguntei. Com sua chegada, vivenciei uma felicidade que não me é possível explicar com palavras e eu sei que esta felicidade me foi dada, pois considerei sua, minha casa. Irmãos, não vamos brigar e também não vamos nos zangar com o irmão que agrediu o desconhecido; mas sim vinde todos, trazei vossos doentes, examinai suas palavras e atitudes. A todos disponho minha casa e jardim e novamente digo com convicção: ele me faz sentir como se o Senhor mesmo estivesse em minha casa.

A sacerdotisa observou João e disse:

- Quem e o que és tu? Por que não vieste a nós? Nós somos os legítimos servos de Deus.

João lhe disse:

- Servos, isto já me dei conta... mas não de meu Deus. Vós advertistes os seguidores contra o discípulo e apóstolo que viria e construístes um muro entre mim e vós. Tereis que derrubar este muro, se quiserdes que eu vos visite. Eu venho como irmão e amigo e não como inimigo. Eu não exijo amor, porém trago Amor, não meu, mas de Meu Deus, aquele a quem sirvo, de quem sou servo e cujo Amor me faz atuar e servir. Depende de todos vós rejeitar este Amor e continuar a viver em vosso egoísmo. Já que vós, queridos corações, não recebestes nenhuma benção de vosso irmão, eu vos abençoarei! O Senhor e Eterno Deus, que nos revela Sua Divindade em Jesus Cristo, esteja convosco e que Sua Paz vos acompanhe.

João foi rodeado por aqueles que acreditavam em suas palavras e a todos disse:

- Vinde à casa que vosso irmão tão amavelmente vos ofereceu. Lá é o meu lar. Aqui, o Amor Divino não pode permanecer. Houve grande confusão e alguns exclamavam: “Sim, sim, iremos!” Outros ainda queriam esperar, para ver primeiro os resultados; alguns outros não queriam entrar em conflito com seu sacerdote, especialmente com a sacerdotisa. João não deu a mínima importância e voltou à casa de seu amigo. Neste dia, a casa de Josis, o colono, ficou repleta de gente. Chegavam com os corações oprimidos e pesados, pois estavam cheios de culpa, por não terem tido a força necessária para dar um basta à Idaca, a sacerdotisa. João, porém, nem pensava em recriminá-los e apresentava-lhes a visão de Amor de Jesus, amor este que tinha chegado para trazer a todos a salvação e a Vida.

Perguntou João:

- Por que não trazeis vossos doentes?

Dizem então que, como era Sábado, isto seria proibido. João pergunta se era proibido fazer uma boa ação aos Sábados, pois quem curar um doente ou fazer algo por sua cura certamente está fazendo uma boa ação. E novamente disse João:

- Dirigi vossos corações ao Amor Verdadeiro, e Deus estará a caminho de vossos corações e lares.

Sem dizer nada, uma mulher idosa foi embora. Dentro de meia hora, voltou trazendo sua filha, a qual externamente parecia saudável, mas era assolada por maus espíritos de quando em vez. Ela falou a João:

- Irmão, aqui te trago minha filha. Toda ajuda foi inútil até agora, e todos os meus sacrifícios ficaram sem resposta.

João argumentou:

- Eu sei, pois em tua filha habitam vários espíritos sombrios. Para curá-la, é preciso mais do que orar e fazer sacrifícios. Para se libertar destes espíritos do mal, devemos ter um lugar apropriado, onde eles possam ser curados de sua ilusão errônea e onde lhes será dada a oportunidade de receber a Luz Divina.

Todos olhavam João sem compreender, pois eles ainda não tinham ouvido isto. João lhes disse então:

- Para que vós possais aceitar esta verdade, podereis assistir como estes espíritos sombrios vão se comportar. Não vos assusteis, pois Jesus, o Salvador, é nossa proteção.

João apôs suas mãos na cabeça da menina por alguns minutos e orou para o bom êxito da ação. Então uma voz grave saiu da boca da menina:

- Quem se atreve a perturbar nosso descanso? Ou estás com vontade de brigar conosco?

João respondeu:

- Não queremos perturbar vosso descanso, nem brigar, mas vou pedir que abandoneis esta pobre criatura, que procura evoluir.

A Voz retrucou:

– O que? Abandonar esta cabana que nos abriga tão maravilhosamente bem? Nunca! Jamais!

- Sendo assim, vos obrigarei, pois vos deixar habitando nesta criatura seria a destruição desta flor, e nem vós teríeis qualquer proveito. Bem, eu vos aconselho: abandonai esta criatura, ou nós vos forçaremos.

Então ouviu-se, não só um, mas vários risos vindo da menina. Todos os presentes se assustaram, pois nunca tinham assistido algo igual. João apôs novamente as mãos na menina, e então começou um clamor e um bramir. João não se perturbou e continuou apondo as mãos na cabeça da menina, orando, implorando ajuda e abençoando. A menina caiu e não se mexeu mais. João continuou abençoando a menina, e os outros se uniram às orações. Não tinham se dado conta da presença da sacerdotisa Idaca, que chegara sem dizer palavra. Neste momento, os elementos do mal abandonaram a menina e se agarraram à sacerdotisa, que não se defendeu e passou a ser o “habitat” dos espíritos. Somente João o tinha visto, ninguém mais. A menina começou a se mexer, ainda deitada no chão. João a levantou e disse:

- Minha filha, estás livre dos teus opressores. Mas somente se ficares completamente protegida com o Amor Eterno, ficarás livre para sempre, e tua saúde logo melhorará. Tu não estás mais doente, porém muito enfraquecida. Permanece bastante tempo no sol e aceita o Evangelho de Jesus, o Salvador.

Todos os presentes ficaram muito emocionados ao verem como a menina perguntava por Jesus, Seu Evangelho e se tinha sido Ele quem a curara.

João disse:

- Nada deves fazer minha filha, a não ser te alegrar, pois foste abençoada e curada. A tua alegria te levará a dar a outros a mesma alegria, e este é o pagamento que Jesus, o Salvador, te pede.

- Pede? – diz a menina. Como isto é possível? Uma divindade tão poderosa deve exigir, senão os curados logo enfraquecerão seu pedido.

- Mas é assim, minha querida. Jesus, o Salvador, não é um Senhor exigente, mas sim um pedinte, pois o Amor em Seu Pai não contém exigências, só pedidos. Este Amor que agora vivenciamos é o Amor santificado de Deus, o qual nos foi revelado no Filho do Homem Jesus, nosso Salvador, de uma forma tão maravilhosa. Este Jesus é a Luz que destrói todas as sombras. Não sofrerão a morte e o julgamento todos que andarem nos caminhos que Ele nos aplainou e iluminou com Sua claridade e aos quais dará a Vida. Vós todos ouvistes o testemunho de vosso irmão: Jesus veio trazer a felicidade aos que Nele crêem. Esta fé, porém, deixou muito a desejar entre vós. Assim, o Inimigo da Vida conseguiu implantar a discórdia nesta comunidade, mas não conseguiu enterrar a fé no Pai. A conseqüência foi o estabelecimento de forças do mal entre vós, as quais vos causaram grande desassossego. Tu, minha filha, estás livre, mas nossa sacerdotisa Idaca tornou-se vítima de seu egoísmo, sua aridez e seu desejo de poder. Sem uma fé inabalável no Deus verdadeiro, sua cura, por ora, é impossível.

Josis questionou:

- Irmão, que nos dizes? Idaca se tornou vítima dos obsessores? Como é isto possível? Aqui está Idaca. Idaca, como te sentes?

Como se estivesse acordando de um sonho, Idaca se enrijeceu e gritou:

- Uma vez conseguistes nos expulsar, mas seguraremos firmemente o que possuímos agora e agiremos bem diferente do que até então!

Idaca foi levada até a sua casa e, seguindo um anseio sinistro, dirigiu-se á cidade.

João disse:

- Não temais. Idaca voltará à cidade, mas não sozinha, pois muitos malignos se aproximarão dela e nos darão muito trabalho. Entretanto não há perigo, pois Jesus está conosco, juntamente com seus anjos.

Foi bom que Idaca tivesse se afastado, pois agora chegavam muitos com seus doentes. João apunha suas mãos em todos, e eles se curavam. Tinha anoitecido, mas ninguém queria ir para casa. Os curados pediam para palestrar com João, pois o momento era um milagre para todos, já que fazia bastante tempo que alguém tinha sido curado. João, enternecido pela gratidão e amor de todos, disse:

– Queridos, queridos corações, entendo muito bem vossos anseios por uma palavra sobre o Amor e a Misericórdia que acabastes de receber. Esta explicação vos será dada, mas deveis vos acalmar internamente primeiro. Por isto, vos peço: ide para casa e ficai satisfeitos com o que recebestes hoje. Jesus, nosso Salvador, está e sempre ficará entre nós, se nos vivificarmos em seu Espírito. Isto não é possível somente com palavras, mas sim com toda nossa maneira de viver e agir. Por isto, vesti a roupa da humildade e do amor e muito ainda reviverá dentro de vós, muito do que ainda está adormecido. Já que amanhã ainda virão muitos doentes, peço-vos para virdes ao anoitecer. Ide em paz agora, e que o Amor de Jesus vos abençoe.

Muitos foram embora, mas nem todos, pois queriam explicações sobre Idaca e seu sacerdote Coeranus.

João continuou:

- Irmãos, tudo se resolverá da maneira mais certa, mas o chão ainda está cheio de ervas daninhas. Pensai que tudo isto aconteceu pela vossa fraqueza. Erros sobre erros se aninharam nesta congregação, e nada é mais difícil de afastar, do que erros arraigados. Por não terdes vigiado atentamente, o Inimigo conseguiu causar pesados estragos, usando Idaca, a qual é a vítima agora. Não acrediteis que o que ela falar hoje e nos próximos dias são suas próprias idéias. Não, serão palavras dos que a possuem. Para curá-la, será necessária a ajuda de toda congregação. O pior de tudo é que vossos vizinhos estão unos com Idaca e Coeranus. Por isto, cheios de amor, continuai a orar e pedir por esta irmã desgarrada. Dentro em pouco, o êxito será maravilhoso.

Por vários dias, João teve muito trabalho com os doentes, que não paravam de chegar. Ao anoitecer, a casa ficava cheia dos que queriam ouvir a Palavra. A casa de Josis tinha se tornado um verdadeiro albergue. Josis, a mulher e filhos tinham muito que fazer, porém executavam suas tarefas alegremente, sem nunca ser preciso solicitá-los. Estavam tão absortos em seus afazeres, que não perceberam a chegada de um certo homem romano, até que este, gritando, lhes perguntou se o “curador” ainda se encontrava lá.

Joseba, mulher de Josis, respondeu:

- Senhor, perdoa-me. Devido às minhas atividades, não vi sua chegada. O que desejas de mim?

O romano sorriu e disse:

- O curador ainda se encontra na casa, ou deve-se seguir à sua procura?

- Não senhor, não continues. João ainda se encontra aqui, mas está atarefado com os doentes. Vem, levar-te-ei para junto dele.

O romano mandou que seus homens o esperassem na frente da casa e se dirigiu para o local onde João atuava.

Disse Joseba, ao chegar:

- Josis, aqui chegou um senhor que deseja falar com João. Toma conta dele, pois tenho muito a fazer.

Josis se inclinou à frente do romano. Este já tinha avistado João, que, ao vê-lo, o abraçou carinhosamente.

Disse o romano:

- João, meu irmão, ouvi falar de alguém que curava os doentes em nome de Jesus e então fiquei cheio de vontade de estar junto a ti. Eu achava que ainda te encontravas em Jerusalém...

João argumentou:

- Jerusalém não existe mais, meu Julius. O Senhor me notificou sobre isto há poucos dias, e as palavras do Mestre se tornaram fato. Mas fica tu uns dias aqui; eu te peço.

Disse o romano:

- João, se tu me pedes, eu fico. Em teu pedido, pressinto uma Graça especial do Mestre. Então me deixa acomodar a minha gente agora.

Saiu acompanhado de Josis, dizendo aos homens que organizassem tudo no albergue e que retornassem logo em seguida. Julius ainda resolveu uma série de assuntos com Josis, cuja pobreza o impressionara. Falou a um dos seus homens:

- Consegue alimentos suficientes para todos nós durante toda a estadia do irmão João. Que ninguém fique sem alimento e bebida!

João podia conversar em paz com Julius agora, mas os outros estavam constrangidos com a presença do romano. Este então lhes pergunta:

- Por que estais constrangidos e me olhais como um estranho? Não sou vosso irmão no Amor de Jesus?

João explicou:

- Irmão, é uma outra coisa que os constrange. Não sabes que um deus falso se apoderou de seus corações? Desde ontem, estou tentando acabar com esta desgraça, mas só quando toda miséria e dor terminar, a maravilhosa divindade de nosso Mestre e Pai poderá se instalar aqui. Mas me conta como foi tua vida. Até o anoitecer, sou todo teu.

Quando a noite chegou, a casa estava completamente cheia. Todos estavam repletos de alegria e muitos tiveram que ficar no jardim. Porém, mesmo lá, conseguiram ouvir João. Entre os que chegaram estava Coeranus. Ele estava abatido, pois o estado de Idaca o preocupava e não conseguia fazer nada para ajudá-la. Nada dizia, pois os outros lhe tinham informado o que havia acontecido e ele se sentia culpado. João observou todos os presentes e então falou:

– Irmãos, irmãs, filhinhos, vossa presença é um verdadeiro contentamento para o meu coração, pois vejo em vossos olhos o desejo de novamente encontrar a verdadeira ligação com o Pai. Estais com toda razão, pois vosso desejo é o desejo do Senhor também. Ele quer que todos O compreendam direito, para que possa vos envolver com Seu Amor. Ontem e hoje, Ele agiu de acordo com a necessidade de Seu Coração, que via vossa miséria. Mas o que Ele de fato quer é vos servir com todo o Seu Amor e vos tornar felizes com o Espírito de Seu Amor Divino e Redentor. Irmãos, entendei minhas palavras como são ditas. Não penseis que vos quero recolocar no mesmo lugar que Paulo vos colocou. Não, pois em mim ainda há algo mais do que somente fé. Jesus, meu eterno Santuário, se tornou para mim o Eterno e Amoroso Pai. Eu vos digo, como verdadeiro irmão que sou, que Ele quer de vós muito mais do que apenas fé. Trata-se de Jesus, o Salvador, que quer ficar e atuar em vós e convosco para sempre. Não sereis mais órfãos, pois Ele deseja vos revelar para todo o sempre Seu Amor, Sua Luz, Sua Vida. Nós, que como Suas testemunhas e irmãos assistimos Sua Onipotência Divina, podemos dizer que é isto o que ele quer vos oferecer, além de sentir como agrada aos Seus. Está certo, a fé é necessária; mas de que nos serve uma fé sem confiança e sem amor? Estas duas coisas sempre foram o sustentáculo do Senhor e o devem ser para Seus filhos. A isto ainda devemos acrescentar a humildade, da qual emanam todas as forças, as quais devem ser usadas no Espírito de Deus. Doeu muito no Pai ver como vós vos perdíeis cada vez mais. Em vossos doentes, vivenciastes o quanto o Salvador fazia falta. Hoje, por meu intermédio, Ele vos oferece novamente o Seu Amor. Eu, porém, vos digo que o Pai não quer que sejais somente crentes arrependidos a Lhe implorarem perdão, mas sim que vós ressusciteis em espírito, como verdadeiros filhos. Imaginai quanta felicidade existirá para vós como Seus filhos, ou para o Senhor como vosso Pai. De agora em diante, nosso eterno Deus quer ser somente nosso Amantíssimo Pai e deseja dar tudo a Seus filhos, até que os Céus se instalam em vós. Meus irmãos e minhas irmãs, ainda não vos é conhecido o presente que o Eterno Amor em Jesus vos deu. Está escrito: “ Deus criou o homem à sua imagem e semelhança”. Ele o criou, mas se vós vos observardes e o que o homem fez de si mesmo, não ficareis deprimidos? E que alegria podemos sentir agora, pois Jesus, o filho de Deus, se fez homem, nos traz de novo o que tínhamos perdido, e muito mais! Ele nos traz a filiação divina, que nos torna herdeiros de Seu Reino e de Sua Magnificência, a qual Seus próprios anjos não conseguem explicar, muito menos nós, seres humanos. Tudo isto o Pai pode revelar aos Seus filhos; mas não externamente no mundo material e sim internamente, num mundo que os filhos de Deus podem construir para si mesmos, por meio do Amor e do reconhecimento a Deus, nosso Pai Eterno. Tenho que silenciar agora, pois ainda não estais prontos para mais revelações. Quando Seu Espírito de Amor e de Vida vos possuir totalmente, neste momento, o Céu e a Terra se tornarão unos em vós. Tudo em volta de vós se tornará Amor e a Vida obterá vitória sobre tudo que possa parecer com morte ou julgamento.

Em silêncio e internamente trêmulos de felicidade, todos olharam em direção a João, que lhes transmitiu tão maravilhosas promessas.

Coeanuus então grita:

- Corramos! Para teus devaneios, não há lugar em nossa comunidade! Eu considero todas as tuas palavras como não ditas! O que significa tudo isto? Queres atrapalhar nossa paz? Idaca já não é mais a mesma, e foste tu quem perturbou sua mente.

Julius se levantou e disse:

- Meu irmão João, permita-me dar uma resposta merecida a este trapalhão.

João concordou com a cabeça e Julius então disse:

- É certo que não me conheceis. Mesmo assim, me considero unido a vós, com exceção de ti, que te permites insultar nosso irmão, nosso muito amado servo do Amor. Tu dizes que para tais devaneios não há lugar na comunidade; eu, porém, digo: para ti não há mais lugar na comunidade. Não ouviste quando o irmão disse: “ Em Jesus vos será oferecido cada vez mais o Amor do Pai e vós vos devereis considerar filhos de Deus e herdeiros de Seu reino ?” Dize-me: que melhor podes oferecer, do que a Vida provinda do Amor e o Amor que vem da Vida? Tu acusas nosso irmão de ter tirado Idaca da Ordem. Presta atenção tu, ser morto e sinistro: Aquele que está na Ordem certa, nunca mais poderá ser levado á desordem. Em relação à Idaca, a culpa é tua e de teu estado, pois tu a fizeste como ela é.

Coreanus dirigiu-se aos gritos contra Julius, para que este silenciasse, mas ele prosseguiu:

- Homem, presta atenção, ainda me considero teu amigo e quero que te convertas, mas se continuares a me insultar, tenho meios de te amansar. Eu tenho plenos poderes de impedir todos aqueles que perturbarem a obra dos filhos de Deus e eu prometo que o farei sem dó nem medo. Que conheces tu, ser sinistro, do Amor Divino? Hoje, neste lugar, quando o Amor foi revelado, queres colocar tudo como mentira e devaneios? Vai, procura proteger tua Idaca, pois minha visão interna vê que nuvens escuras se aproximam dela. Porém lembra-te: somente Jesus poderá salvá-la e a ti.

João disse:

- É exatamente assim como o irmão Julius falou. Implorai pelos dois, e tu, Coreanus, trata de salvar tua Idaca. Caso contrário, ela não estará mais entre os vivos amanha a esta hora.

Todos se assustaram, mas João continuou:

- Não temais; não tendes mais vontade de ver o Santuário e a Magnificência de Deus, só porque isto vos foi revelado? Se não derem lugar ao Salvador, para que Ele possa se manifestar como Salvador e Redentor, Idaca será vítima do Inimigo da Vida.

- Todos vós sois tolos! – vocifera Coreanus e corre para casa.

Julius falou:

- Meus amigos e irmãos, a desgraça segue seu caminho, mas vós deveis vos libertar de tudo o que está por vir. Ainda poderemos evitar que tudo aconteça, mas ai dos dois, se não deixarem que os ajudemos! Eu quero dizer que, se vós todos emitirem pensamentos de amor e força para os dois, tereis dado chance para que o Amor vença. Nós, porém, não vamos permitir que isto nos disturbe. Fiquemos ainda juntos em nome de Jesus. Por isto, mandei preparar uma pequena janta. Não vos oporeis, querido Josis e querida mãe Joseba?

Todos estavam muito felizes em fazer uma refeição no Espírito de Jesus. Os homens de Julius trouxeram pão, frutas e um bom vinho, e todos usufruíram desta refeição do Amor. João abençoou tanto a comida como as pessoas, e todos se serviram com prazer. João, entrementes, conta os acontecimentos que tinha vivido junto a Jesus. Assim, as horas correram como se um sopro divino tivesse passado por todos os corações. Julius também não deixou de contar suas experiências e como o Salvador sempre o socorria. Neste instante, tudo se iluminou e todos puderam ver o Salvador na porta da casa. Com suas mãos, abençoou a todos e caminhou entre a multidão até onde estava João, o qual, transfigurado, disse:

- O Mestre fala: “ Filhinhos, até que enfim chegou a hora em que posso vos revelar o Meu Amor. Até que enfim caiu o muro que Me separava de vós. Não deixeis jamais que o sentimento que vos une se perca novamente. Não como Todo Poderoso venho a vós, mas sim como Pai, Irmão e Amigo. Abençôo-vos com o anseio provindo de Meu Amor e o desejo de vos dar a Minha Vida, na medida de vosso amor e de vossa vontade. Tu, Meu Julius, testemunhaste como é imenso o vosso amor por Mim e agora vou acrescentar algo mais. Bebei novamente do vinho e comei do pão. Tudo vos será revelado pelo Meu Amor. E cada vez que vos encontrardes, lembrai-vos deste momento. Sede todos abençoados em Meu Amor e em Minha Misericórdia, e que esta Bênção vos seja uma Revelação. Amém.

O Senhor desapareceu de suas vistas e João disse:

- O Senhor ainda se encontra entre nós e aqui permanecerá se revelando em nossos corações. Entretanto usufruí o momento presente, pois o Senhor nos abençoou, Ele mesmo, em pessoa.

Todos admiraram o bom gosto do pão e do vinho, que não acabava. Então Joseba disse:

- Irmão João, o que sobrar darei aos doentes, especialmente para Idaca. Estais de acordo?

Querida irmã, entendeste o desejo do Senhor. Sim, assim deve ser: o que o Senhor abençoa deve ser para todos. Com esta graça, vamos nos tornar dignos servos de Seu Amor e Suas Bênçãos.

Bem cedo, enquanto a maioria ainda descansava, chegaram mulheres com crianças doentes. Entre elas, uma mulher com um tumor malcheiroso. Por isto, ela não queria entrar na casa, mas alguns homens de Július a aconselharam a faze-lo, para ser curada. Ela então mostrou o tumor, e eles se retiraram horrorizados. Ao chegar Julius, eles lhe apontaram a mulher, sentada no centro do jardim. Ela lhe perguntou se o apóstolo poderia curar aquele tumor, e Julius disse:

- Certamente. Coisas muito piores ele já pôde curar, pois o poder e a força do verdadeiro Deus está nele e atua por ele.

Perguntou um outro:

- Consegue curar animais também? Meu cavalo está manco. Deveria ser trazido para cá?

Respondeu Julius:

- Acho que sim, meu amigo. Traze-o para cá, e veremos.

O homem foi buscar seu cavalo, enquanto outros comentavam: “ Um cavalo não tem fé. Não é sempre o seguinte: primeiro crer, para depois vivenciar o divino? Nosso Julius é de fato um grande líder, mas quando o assunto é seu Jesus, ele sempre esquece algo .”

João, que ouvia internamente tudo isto, disse a Julius:

- Agora terás que provar a teus homens que Jesus é tudo e que tu terás a força necessária para curar o cavalo em nome de Jesus.

Julius argumentou:

- Joao, isto é impossível. Se um homem adoecer, então eu terei que ter a capacidade de curá-lo também.

- Esta capacidade já te foi dada.

- O que sempre dizes aos teus comandados, eu te digo agora: primeiro ter fé e depois vivenciar.

O homem trouxe o cavalo, que realmente mancava muito.

Julius disse ao homem:

- Deverias ter me informado antes, pois teu cavalo de há muito estaria curado.

O homem então disse:

- O apóstolo não estava presente... Como teria sido curado? Além disto, o cavalo não pode crer.

Sorrindo, Julius foi orando para junto do cavalo, apalpou a pata machucada e o cavalo estava curado.

Julius sentia a força que fluía dele e disse:

- Teu cavalo está curado, mas toma mais cuidado no futuro, pois até um animal está exposto a perigos.

Os outros todos ficaram muito surpresos e um deles disse:

- Julius, se podes curar um cavalo, tenho certeza que podes curar esta pobre mulher. É de dar dó o estado de seu braço.

Julius disse:

- Esta mulher não veio me procurar, mas sim ao discípulo João. Curar um cavalo é mais fácil, pois aí o curador só deve crer em dobro; mas para curar uma pessoa, esta deve crer em primeiro lugar e só então toda a divindade poderá se revelar.

A mulher, que a tudo ouvia com atenção, rapidamente se dirigiu a Julius e disse:

- Senhor, eu vi como tu curaste o cavalo com tua fé duplicada. Por favor, tenta aplicar este teu poder em mim. Tenho fé que o conseguirás. Quem pode curar um animal, também o consegue com um humano.

Julius hesitava e seus homens o fitavam esperançosos. Então ele disse à mulher:

- Mostra-me teu braço e se tu creres que não eu, mas Jesus, o Salvador, poderá te curar, tu terás esta felicidade. A mulher descobriu o braço. Julius fechou os olhos ante tanto horror, mas logo apôs as mãos no braço doente e orando baixinho, passava as mãos sobre as feridas. Ele sentiu uma força fluir de seu interior e disse:

- De todo coração Te agradeço; a Ti, bem amado Salvador, por esta graça que nos destes e pelo teu auxílio. Porém Tu mulher, sê saudável de agora em diante e tenta entrar em harmonia com Jesus, o Salvador, pois Ele é a saúde e a salvação para nossos corpos e almas.

A mulher chorava de alegria e gratidão:

- Amigo, como queres que eu, uma pecadora, possa me encontrar em estreita harmonia com Jesus, o Salvador, pois não consegui me sair bem com o deus do julgamento?

Julius lamentou:

- Pobre mulher, quem te cegou desta maneira? Vem, entra na casa, que lá tua alma será curada.

Julius pegou a mulher chorosa, a levou para a presença de João e disse:

- Irmão, aqui temos uma alma bem doente. Ajuda-a a encontrar o caminho para a Salvação. Eu sinto que aqui muito se pecou contra as pessoas e contra Jesus, nosso Pai.

Abraçando Julius, João respondeu:

- Irmão, estás com razão. Muito foi pecado contra Deus e contra os homens. Por isto, o Amor do Pai, que tudo perdoa e tudo cura, será revelado em todo o Seu esplendor neste lugar. Eu te agradeço irmão, pelo teu amor e teu entendimento. Deixa-me te abençoar agora, para que Seu Espírito e Sua Força não te abandonem.

Julius se ajoelhou, recebeu a bênção fraternal da graça e da força divina e disse:

- Irmão, estou me sentindo tão bem, que poderia abraçar todo o Universo. Mas vamos ver agora como te poderei dar uma mão para que tu também sejas aliviado. Vou te arranjar um carro puxado a cavalo, para que não precises viajar tanto a pé. Estes enganos que estão acontecendo em todos os lugares devem ser afastados o mais depressa possível. Desgraça demais já se abateu sobre esta congregação.

As outras mulheres já tinham recebido a graça de ver suas crianças curadas e João então disse:

- Hoje e amanha, ainda será assim. Então cumpre tua tarefa como romano. Depois de amanha, precisarei muito de teu amor. Minha meta é Sardes.

Neste dia todo foi um ir e vir na casa de Josis. Cada um que viesse com humildade era ajudado, e Josis assistiu a muitos milagres. Ele não se afastou do lado de João nem um pouquinho. O amor de João construía alicerces que gradualmente faziam de Josis uma rocha. Muitos ele preparava, para que o atuar de João fosse mais fácil. Diversos pagãos também vieram e vivenciaram vários milagres. Só Coeranus não tinha retornado.

O dia seguinte foi um pouco mais calmo. Apenas mensageiros de outras comunidades vieram convidar João para visitá-los, o que ele prometia para uma ocasião necessária. Quando tudo parecia se desenvolver na mais absoluta calma, veio um irmão agitadíssimo dizendo que Idaca tinha se tornado vítima da desgraça. Na casa de Coeranus, onde também morava Idaca, todos estavam muito agitados. Ela não podia ser dominada e todos achavam que só o poder de João a poderia ajudar, mas Coeranus se opunha. Da véspera para aquele dia, o estado de Idaca tinha piorado e alguns insistiam em levá-la a presença de João, onde estavam certos de que seria curada, como muitos outros foram.

As pessoas acusavam Coeranus de tê-los enganado, que seus ensinamentos tinham sido falsos e que, na verdade, ele não cria em Jesus, o Salvador. A briga se tornava mais acalorada e metade dos presentes abandonou a casa. Coeranus estava zangadíssimo. Gritava e mandava que os restantes também fossem embora, aumentando a confusão cada vez mais. Isto atordoou Idaca, que, enlouquecida, saiu correndo em direção à estrada onde transitava o exército romano. Foi atropelada acidentalmente por uma biga, cujos animais galopavam velozmente. Idaca sangrava muito. O condutor romano a colocou na biga, com intenção de levá-la para João; mas já era tarde demais, ela tinha morrido. Foi levada a Coeranus, que arrancou seus cabelos e sua vestimenta, parecendo que ia ter um ataque de loucura. Neste instante, Julius entrou na casa, colocou suas mãos na cabeça de Coeranus e ele logo melhorou. Julius foi informado do que havia acontecido e disse a Coeranus:

- Aconteceu agora o que te foi previsto. Vê como vais te explicar a Jesus Cristo. Esta desgraça é culpa tua. Eu, como representante da justiça terrena, tenho que te absolver; mas perante as leis divinas, és culpado.

Quando os mensageiros contaram o ocorrido a João, este se emocionou. Não culpou ninguém, apenas disse:

- Irmãos, nossa tarefa é não desistir de Coeranus, mas sim cuidá-lo com muito amor. Em algumas semanas, voltarei para cá. Até lá, Josis e Joseba vos ensinarão. Idaca, porém, se tornou vítima de seres sombrios. Por isto, abençoai e amai a todos, em todo os lugares, em nome do Espírito de Jesus, o Salvador. Se quiserdes vos resguardar de sofrimentos, então ficai sempre no Amor de Jesus. Mas se quiserdes vos libertar de qualquer erro que tiverdes, então vivei em Jesus, como Ele em vós. Com seus milagres recebidos e vivenciados, ainda não vos tornastes seus filhos. Sê-lo-eis somente quando, em todos os sentidos, começardes a viver em Jesus, e quando agirdes no Espírito de Seu Amor, como Ele sempre agiu. Aí sim sereis Seus filhos e legítimos herdeiros de Seus Céus. Idaca terá ainda uma longa caminhada, pois os espíritos que a serviam exigem agora que ela os sirva, e é muito difícil na esfera espiritual se libertar das amarras criadas durante a vida na Terra. Sem o auxílio do Redentor, é completamente impossível chegar a um degrau mais elevado de vida, pois faltam meios lá. Orai por vossa irmã, para que ela obtenha forças. Abençoai Idaca, pois ela vos servia.

Então todos entenderam a desgraça e se zangaram com Coeranus. João isto proibiu e os aconselhou a não o abandonarem, mas sim abrir seus olhos com muito amor.

De manha cedo, dois carros esperavam na frente da casa de Josis. Mais uma vez, João abençoou a todos e subiu no carro onde estava Julius. Este não tinha decidido o que fazer, pois não queria perder a paz e a alegria de estar com João. Neste dia, Julius recebeu sua real consagração e o anjo que acompanhava João ajudou sua alma a se libertar completamente.

João em Sardes

Em Sardes, ninguém sabia da chegada do discípulo de Jesus. Receberam-no com alegria, mas ele se deu conta logo de que a fé havia diminuído lá também. Havia ainda alguns que tinham o poder da cura, mas esta levava longo tempo. Julius se albergou na casa de um amigo, e João também teve que ficar lá.

Julius disse:

- Até que enfim posso cumprir minha promessa a ti, amigo e irmão Constantino, de te apresentar uma verdadeira testemunha de meu Salvador, Jesus. É João, o melhor amigo e irmão de Meu Mestre.

Constantino falou:

- Muito me alegra teu amor, mas não poderei aceitá-lo como desejas, pois há muito Lídia está doente e todo o esforço dos sacerdotes cristãos em curá-la foi em vão.

Disse Julius para João:

- Irmão, que me dizes deste insucesso? Eu deveria estar feliz por meu amigo ter resolvido seguir este caminho, mas vejo agora que nada valeu.

João rebateu:

- Não. Sem valor algum, não. Isto é conseqüência da pouca fé da maioria da congregação. Vê irmão, como pode o Senhor ajudar, quando seus servos se entregam à indolência? Tudo o que é realizado no amor verdadeiro e que acontece na crença firme, é absolutamente coroado com sucesso.

Constantino disse:

- Julius, não entendo teu irmão e amigo, pois o sacerdote se esforça ao máximo. Não faltou a boa vontade necessária.

João argumentou:

- Querido, é bom que não culpes o servidor do Senhor em nada, mas eu te pergunto agora: podes crer que Jesus, o Salvador, mesmo que tenha morrido no Gólgota e habite agora o reino de Deus completamente vivificado, ainda possa ajudar hoje?

Constantino respondeu:

- Eu tenho que acreditar sim, pois não posso considerar Jesus um mentiroso. Mando chamar o sacerdote, ou posso me basear no teu amor?

João respondeu:

- Tu podes sim, querido amigo. E porque crês, eu te digo: tua mulher está curada. Em poucos minutos, ela te contará o grande milagre.

Constantino olhou para João e Julius e depois disse:

- Ninguém mais poderá dizer agora que Constantino se encontra amarrado aos seus velhos deuses e ninguém em minha casa poderá mal falar sobre o Deus dos judeus. Após alguns minutos, Lídia entrou no quarto onde se encontravas os três homens. Ela queria falar algo ao seu marido, mas ao ver João disse:

- Estou sonhando, ou tendo uma visão? Não te encontravas junto ao meu leito alguns minutos atrás, quando me disseste: “ Levanta-te criança, pois teu Salvador quer que tu fiques curada e te tornes uma boa filha para Ele ” ?

Constantino falou:

- Lídia, tu estás curada, pois há poucos minutos meu amigo disse: “ Tua mulher está curada e virá te contar o milagre”; mas este amigo não abandonou este recinto desde a sua chegada.

Lídia estendeu a mão para João e disse:

- Mesmo assim, foste tu quem me devolveu a saúde. São estes os mesmos olhos fiéis que me olharam e os mesmos lábios que falaram as benditas palavras. Eu te peço: dize algo, assim poderei ouvir o tom de tua voz.

João disse:

- Minha filha, não fui eu, mas Jesus, o Salvador. Ele me usou e usou o meu amor, assim viveste o milagre de Seu Amor.

Lídia fala, ainda segurando as mãos de João:

- É a mesma voz. Eu acredito em tuas palavras, exatamente como acreditei quando estavas junto ao meu leito. Mas por favor, me explica este milagre, pois é e ficará sendo um milagre para sempre. Sê bem-vindo de todo coração em nossa casa, e tu também, querido Julius. Como poderei pagar esta dívida que tenho contigo?

- Oh querida Lídia, só como devedora queres ficar? O que Jesus, o Salvador, nos dá não podemos ver como algo que nos torna devedores; ou vês o amor de teus filhos como algo que os torna devedores, pelo qual devem te pagar? Nunca. Jamais; pois o amor que vem do Amor de Jesus produz novamente Amor e o que assistimos é e será sempre Amor.

Lídia disse:

- Julius, sempre achei que eras um novo sonhador do Amor. Hoje, me foi dada a prova por ti mesmo, amado mensageiro divino, pois isto é o que és.

A partir daí, a vida na casa do romano Constantino se tornou bem diferente. Levaram primeiro o sacerdote à Fonte da Vida, e foi logo fácil para João fortificar a comunidade de Sardes e revelar o Amor de Jesus cada vez mais, na Graça do Senhor.

Julius tinha continuado sua viagem. Mesmo assim, cuidava de João. Este tinha agora um carro com um servo, incumbido de tomar conta da parelha. O velho servo adorava seu novo amo e o considerava um mensageiro divino.

João em Filadélfia

As comunidades tinham sido recolocadas na Ordem divina e João viajava agora para Filadélfia. No caminho, já pôde prestar muita ajuda, pois sua fama o precedia. Nos albergues e nas pequeninas comunidades, o antigo Evangelho de Jesus era reivindicado com toda força, e todos os romanos pareciam conhecer João, isto por obra de Julius e Constantino. Em Filadélfia, foi recebido como um bispo. As sinagogas e escolas estavam repletas de crentes. Os cristãos pagãos eram em maior número dos que os cristãos judeus. Em todos os lugares, existia o desejo por uma verdadeira consagração e por novas profecias.

João em Laudicéia. A conversão dos leprosos.

João ficou vários meses em Laudicéia, onde instigou a comunidade local a uma série de atividades novas. Também aqui a fé tinha diminuído bastante. Por isto, quase ninguém era amado pelos irmãos locais. João, que seriamente desejava acabar com esta fraqueza de fé, tinha conseguido muitos inimigos entre os cristãos judeus.

Os cristãos pagãos foram bem recompensados por apresentarem um grande zelo. Vários leprosos lá moravam em um recanto pequenino e os cristãos pagãos tinham se comprometido a não deixá-los pedir esmolas. Quem mais se destacava era um ancião, devido ao seu especial carinho. Ele era evitado pelos demais, com medo de serem contagiados. Ele parecia ser imune à doença, pois quando levava pão e frutas para os leprosos, permanecia com eles por algumas horas e testemunhava sobre Jesus, o Salvador, que tinha lavado todos os pecados com seu sangue. Orava muito com eles e suas orações eram muito carinhosas. Mesmo assim, ficava sem resposta.

João ouviu deste irmão e foi visitá-lo logo. Muitos não gostaram que ele visitasse este “homem esquisito”, como era chamado. Todavia João não deu importância às críticas, pois nele havia um anseio santificado. Conversou por longo tempo com o velho e lhe perguntou por que não se animava a apor as mãos em seus enfermos.

- Eu posso? – perguntou o velho – Não deve me bastar saber que o Salvador também é meu Redentor? Posso fazer mais? Por isto, que tanto desejo, devo pedir?

João o abraçou e disse:

- Tens razão, querido irmão, mas orar a Deus e orar em Deus não são a mesma coisa. Há uma imensa diferença se tu te fazes de mendigo, ou de servo. Ainda precisas implorar amor maior para Deus? Não te é revelado diariamente o Amor Divino e tu silencias todas as advertências e estímulos internos em ti? Oh meu irmão, grande é teu amor, mas mil vezes maior é o Amor de Deus. Ele é tão enorme, que só pode ser imaginado pelo amor de uma criancinha. Sei que acreditas no amor libertador que Deus nos revelou através de Jesus Cristo, mas ainda não te concientizaste que, com esta fé, não te tornaste somente um servo, mas também foste aceito na comunidade dos santos. Pode Deus te dar uma prova maior do que esta que recebes todos os dias? Entre os mais pobres doentes, não te acontece nada de mal. Mesmo assim, os irmãos te evitam como a um doente incurável. Isto, entretanto, mais te fortificou. Não é teu amor a mais maravilhosa oração e não conheces a Palavra da Boca do Salvador, quando Ele fala: “ Tudo o que fizeres aos pobres farás para mim?” Por isto amigo, jamais penses que podes ofender a Deus, pois Ele precisa de ti como uma de Suas testemunhas!

Disse o ancião chorando:

- Meu irmão, então posso fazer o que desejo há muito? Eu não tenho importância. Com prazer, teria assumido a doença dos outros. Se ficassem curados, a fé deles cresceria...

João disse:

- Irmão, tua fé é um presente para Deus e Pai Santificado. Por isto, te abençoarei.

João colocou suas mãos na cabeça do ancião e ele recebeu, de joelhos, a consagração.

João disse:

- Irmão, aceita, a teu favor, a graça que o Amor do Deus e Pai tornou viva em mim e ressuscita totalmente no Espírito mais puro do Amor Divino. Todos aqueles em que apores as mãos serão abençoados. Todas as doenças devem ceder ante a força e o poder que emanarão de teu coração e de tuas mãos. Porém tudo o que fizeres, deves fazê-lo em nome do Senhor Jesus. Lembra sempre de agradecer e pedir para que o amor, a paz e a força em ti aumentem mais e mais. Não mais te deixes enganar pelos teus próprios pensamentos e por teus irmãos mais fracos. O Salvador deve sentir muita alegria e felicidade com teu amor e tua gratidão. Amém.

O ancião ficou completamente iluminado e disse:

- Deixa-me abraçar-te, querido irmão. O que sinto em mim é incrível. Tenho agora certeza que Deus se tornou meu Santíssimo Pai e que todos os homens são meus irmãos. Oh, como me sinto bem e leve! Alegrai-vos irmãos e irmãs, pois meu Deus e meu Pai também será o vosso, e todos vivenciarão o Amor e a Graça, como eu.

João ficou muito feliz com este amor, pois sabia que tinha consagrado o homem certo para tão grande tarefa do Amor. Já no dia seguinte, havia grande alvoroço na cidade, pois o ancião, que era considerado esquisito, tinha trazido os leprosos curados à frente do sacerdote, para que ele os libertasse da exclusão. Livres, foram de pronto para junto de João, que já os aguardava com o coração alegre. Uma grande multidão de curiosos os seguia.

Disse o ancião:

- Irmão, aqui te trago o primeiro fruto da Benção e do Amor recebidos ontem. Por favor, abençoa a todos e permite que, de hoje em diante, te chamemos de pai.

João abençoou a todos e disse:

- Filhinhos, aceitai minha bênção, a qual o Amor do Pai fez amadurecer em mim, para vós. Ressuscitai no Amor, como filhos que sois. Tende em vossos corações somente este desejo: amar a vosso Pai acima de tudo e ao vosso próximo como a vós mesmos. Deixai que o Amor entre em vossos lares e vivam no Amor e pelo Amor. Sede fiéis a este Amor. Assim, o Santíssimo Pai compensará esta vossa fidelidade e vos fortificará cada vez mais, para servi-lo no Amor. Amém.

Houve um enorme reboliço entre os cristãos e judeus. Um sacerdote acusou João de ser parcial, pois tinha escolhido justamente aquele velho esquisito e sonhador, para possuir todo este poder do Amor.

João disse:

- Irmão, ninguém ainda me mostrou tanto amor como este ancião, mas o que ele recebeu qualquer um pode receber. Por que não vos esforçais em conseguir o Amor também? Está certo que temeis cair no pecado, mas vossos corações se endureceram com isto e cresceu em vosso meio uma indolência tal, que o Amor só conseguia sentir muita pena de vós. Que fizestes de Jesus? Digo eu: um servo de vossos pecados e um invólucro de vossa mesquinhez. Este Jesus, porém, com Seu Amor, Seu sofrimento e Sua morte, nos trouxe os meios e nos mostrou o caminho que nos levam a nos tornar filhos de Deus. Tais meios e caminho têm um nome: humildade e entrega total. Eu não vos censuro e não vos condeno, mas isto eu vos digo: quem invejar o sucesso da fé e do amor de um filho tão abençoado, terá uma longa procura à sua frente, antes de encontrar o Salvador novamente. Só então, Ele mostrará os caminhos para a casa do Pai. Ainda há tempo. Por isto, eu vos peço: amai-vos uns aos outros, para que se estenda um Céu sobre vossas cabeças, onde todos aqueles que nele se encontrem possam se sentir como filhos abençoados.

João assistiu um grande reviver em todas as comunidades que visitava, mas também aumentavam seus inimigos. Novamente, foram os romanos que se preocuparam com ele e o aconselharam a ser mais cuidadoso. João sabia de tudo isto. Sua fama ficava cada vez maior, mas os perigos também.

João em Patmos

Julius foi a Roma nesta época, para executar uma missão extraordinária. Passaram muitos meses antes dele retornar. Sem maiores preâmbulos, os romanos levaram João para uma ilha, a qual não poderia abandonar.

Nesta ilha, chamada Patmos, ele levou uma vida totalmente dedicada ao serviço de Deus e dos homens. Um anjo materializado o servia e lhe mostrava as bem-aventuranças dos bem-aventurados e os tormentos dos mal-aventurados. O anjo também lhe revelou a história da humanidade, dos espíritos e dos Céus, sendo que nada lhe ficou desconhecido. A Terra e o Céu lhe eram únicos e uma grande bem-aventurança o mantinha vivo: O Amor de Jesus, seu Amigo, seu Irmão, seu Pai Eterno.

Quando, após alguns anos, lhe foi permitido abandonar a ilha, foi necessário forçá-lo a isto, pois sua vida estava completamente realizada. Nos anos seguintes, ele tinha que ser carregado aos lugares onde precisavam de seus préstimos. Ele era um pai para todos. Chamava a todos de irmãos, irmãs e filhos. Suas prédicas eram curtas e sempre terminavam com as seguintes palavras: “ Filhinhos, amai-vos, amai-vos; pois sois filhos de um único Pai no Céu e Sua Magnificência só pode se revelar onde houver o verdadeiro Amor”.

Sua volta ao Lar

Ele chegou aproximadamente aos cem anos e sua morte foi uma alegria para os Céus, que tantas vezes ele tinha olhado. Ninguém chegou de longe a pensar que a morte de seu amado pai João lhe traria dor, pois ele continuou a viver em todos seus contemporâneos como o pai, o amigo e o irmão que sempre foi. Os romanos continuaram a proteger sua herança e ainda estudam e aprendem com suas Revelações. Elas são importantes, pois são as que mais penetram no Espírito do Amor, tal como vivenciou João, esta testemunha viva de Jesus. Ele era o discípulo que mais próximo se encontrava de Jesus, que melhor compreendia o Senhor e Mestre Jesus.

Assim ele viveu a vida: como discípulo do Senhor, como servo do Eterno Amor e como sacerdote do Eterno Mestre do Amor. Ele sempre desejou implantar em todos os corações um amor igual ao seu, para que todos conseguissem a vida eterna e todos os seus filhos se tornassem Um, Único e Eterno.

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