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O SOL ESPIRITUAL

VOLUME I

Jakob Lorber

Capítulos 1 a 101


Notas do Editor

− Nos trabalhos espirituais, os termos manhã, meio-dia, tarde e noite são frequentemente usados para se referir às direções – Leste, Sul, Oeste e Norte.

− Antigos termos de medição:

1 klafter = 1,90 metro;

1 milha = 7,42 km (milha alemã)

Nota do Tradutor

− Este trabalho não tem direitos autorais anexados, mas pedimos que nenhuma alteração seja feita, para preservar a integridade da obra original.

O Reino de Deus

O clamor da agitação do mundo é silencioso.

Olhamos para as calmas alturas espirituais,

E olhamos, transfigurados pela mente, como o Reino da Verdade se inclina para a Terra.

Sua luz celestial brinca com nossas almas e Seu fogo sagrado flui através de nossos seres.

Das fontes mais profundas do coração, irrompe a vida eterna para a celebração da aliança.

Quão maravilhosamente grande é o reino do Reino de Deus!

Ele se estende por todos os tempos distantes, abrange a Terra e inúmeras estrelas e só reside onde um coração brilha para o bem!

Quem espiou o número de habitantes ali!

Quem conhece a plenitude de Seu poder e poder?

As sementes semeadas aqui em números incontáveis, o florescimento e o amadurecimento da benção dourada?

Aqui o Espírito do Pai sopra, silencioso e puro!

Aqui a liberdade reina em plenitude!

Aqui floresce a esperança, e a fé em seu ser de luz brinca no adorável brilho do início da estação.

A confiança piedosa alcança Sua conclusão, a humildade é envergonhada em sua própria luz.

A paixão descansa, totalmente expiada em paz.

A devoção se ajoelha, rezando com imensa paixão.

O Sol deste Reino é o Espírito do Pai!

Veja como os espíritos eternos O cercam, aproximando-se dele em círculos cada vez menores, até que toda a vida deles se funda com a Dele! Quem aqui não é levado a reconhecer sua infância?!

Quem não sente dolorosamente o que ainda falta à sua vida empoeirada?!

Uma profunda saudade arde em nosso peito. As almas sedentas anseiam por sua Fonte Primordial.

Jakob Lorber

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O espiritual é o mais interno, o mais penetrante e o mais abrangente.

No céu espiritual, tudo é efeito do Único Senhor, o Único Jesus, que é o Deus Único do Céu e de

todos os mundos.

Eu sou a luz do mundo .

Quem Me segue não andará nas trevas, mas possuirá a luz da vida.

Vosso Pai Jesus

O SOL ESPIRITUA L I e II

Revelação de Jesus através de Jacob Lorber, iniciada em 22/11/1842.

O Senhor convida um grupo de espíritos humanos da Terra para visitar a esfera do Sol Espiritual, elegendo um deles (Anselmo) como o ouvinte principal, representante e orador do grupo.

FALA DO NOSSO SENHOR E PAI JESUS SEMPRE QUE SE APRESENTA COMO TAL.

O SOL ESPIRITUA L I

CAPÍTULO 1

O Sol Espiritual, uma centelha da Graça de Deus.

Exemplos do mundo natural. Parábola da fabricação do vidro.

Antes de entrarmos no Sol Espiritual real, precisamos saber de antemão onde ele está, como ele se relaciona com o Sol Natural e sua natureza.

Para poder ter uma ideia tão completa quanto possível de tudo, é preciso primeiro notar que o espiritual é tudo o que há de mais íntimo e ao mesmo tempo o mais penetrante e, portanto, o único e eficaz fator determinante.

Tome, por exemplo, uma fruta; o que você acha que tem dentro dela? Nada além do poder espiritual no germe (semente). O que é o próprio fruto em si, com todos os seus ingredientes para cobrir e preservar o germe mais interno? Basicamente, nada mais é do que o órgão externo permeado pelo poder do germe, órgão externo esse que em todas as suas partes tem uma relação necessária e benéfica com os germes existentes.

O fato de o fruto externo ser um órgão determinado pelo poder espiritual do germe já é evidente pelo fato de que não apenas o fruto, mas toda a árvore ou toda a planta emerge do germe espiritual.

O que é, então, o espiritual? O espiritual é, antes de mais nada, o poder mais íntimo no germe, do qual é condicionada a existência de toda a árvore, incluindo raízes, caules, galhos, folhas, flores e frutos. No entanto, é o espiritual que permeia todas essas partes nomeadas da árvore, como se fosse para si ou para seu próprio bem-estar.

O espiritual é, portanto, o mais íntimo, o mais interno, o mais penetrante e o mais abrangente. Pois o que aqui é o mais penetrante é também o mais abrangente.

Que isso é verdade, você pode compreender a partir de uma multidão de fenômenos naturais. Tomemos, por exemplo, um sino de campainha. Onde a sede do som se encontra? Você diria que é mais na borda de fora? Mais no meio do metal ou na borda interna? Está errado! O som é o fluido espiritual mais íntimo (nas plantas são os gases ou sucos viscosos), selado nas cascas materiais.

Se o sino for tocado, o impacto é registrado pelo fluido mais íntimo ─ que é um substrato espiritual muito elástico e expansivo ─ como sendo algo perturbador de seu repouso. Então todo o fluido espiritual passa a buscar liberdade, expressando-se por meio de uma reverberação contínua.

Se a superfície externa do sino for revestida com algum outro material que não seja tão facilmente excitável, então as vibrações das habilidades espirituais excitáveis do sino, ou melhor, sua busca pela liberdade, logo serão subjugadas. Tal sino deixará de soar. Se o sino não for revestido, no entanto, o som continuará ressoando por um bom tempo. Se também estiver rodeado por uma substância muito sensível, por exemplo, ar puro eletricamente muito carregado, o som será amplificado, ficará mais potente e assim se espalhará bastante por todo o corpo excitável

Se você ponderar sobre essa imagem por um tempo, lhe ficará claro que aqui, novamente, o espiritual é o mais íntimo, penetrante e abrangente. Vejamos outro exemplo.

Pegue um pedaço de aço magnetizado. Onde neste pedaço de aço está a sede do poder de atração ou repulsão? É no mais íntimo, ou seja, dentro do invólucro da matéria visível do aço. Sendo o poder mais íntimo, ele permeia toda a matéria, não sofrendo restrição dela, mas envolvendo-a completamente. É certo que este fluido magnético também envolve a matéria em que se encontra. Isso pode ser facilmente percebido por todos quando tal pedaço magnético de ferro atrai um pedaço de metal semelhante a alguma distância dele. Se não for um poder abrangente e atuante fora da esfera da matéria, então como pode atrair e puxar um objeto que está a alguma distância?

Vejamos mais alguns exemplos. Considere um condutor elétrico ou um frasco elétrico. Se tal condutor ou frasco elétrico for carregado com a eletricidade de uma placa de vidro atritada, a carga permeia toda a matéria. Se você se aproximar de tal condutor ou frasco, logo notará, ao tateá-lo suavemente, que o fluido elétrico está abrangendo toda a matéria do condutor ou frasco.

Um exemplo ainda mais revelador para você é a emanação de cada pessoa, assim como de outros seres, sendo que os mais óbvios são os sonâmbulos. A distância em que um magnetizador e um sonâmbulo tratado por ele podem trocar mensagens, alguns de vocês já experimentaram. Se o espírito fosse apenas um ser interior e se não fosse penetrante, então a chamada magnetização não seria possível de forma alguma. Se o espírito não fosse capaz de tudo abranger e tudo controlar, diga como seria possível tal contato entre um magnetizador e um sonâmbulo?

Acho que temos muitos exemplos dos quais podemos concluir onde, como e de que maneira o espiritual se expressa em todos os lugares e, portanto, certamente também no Sol e através dele.

O Sol Espiritual é, portanto, o mais íntimo do Sol Natural e é uma centelha de Minha Graça. Então, o espiritual permeia poderosamente toda a matéria do Sol e, finalmente, também abrange todo o ser do Sol. Isso tudo junto é, portanto, o Sol Espiritual. Este é um sol real, pois o Sol visível e material é apenas um corpo do Sol Espiritual, sendo profusamente influenciado e completamente dependente do Sol Espiritual. O corpo do Sol é formado em todas as suas partes de tal maneira, que o espiritual pode se expressar nele e assim pode ser compreendido em sua totalidade.

Quem quiser ver o Sol Espiritual deve primeiro olhar para sua aparência externa e considerar que tudo é permeado e abrangido pelo Sol Espiritual, tanto individualmente quanto como em um todo. Isso fará com que ele alcance uma representação fraca do Sol Espiritual.

Ele também precisa ponderar que o espiritual é algo completamente concreto, algo que se apreende completamente em todos os lugares, enquanto o natural é algo separado em partes individuais, sem unidade fixa, sem aprendizado significativo. Quando algo aparece como um todo, é apenas por causa da influência do espiritual. Dessa forma, você obterá uma visão mais clara do Sol Espiritual e a diferença entre os sóis (Natural e Espiritual) será ainda mais pronunciada.

Para que você entenda ainda melhor essas coisas, darei informações claras por meio de alguns exemplos. Primeiro, pegue uma pequena haste do metal nobre. Se você olhar para ela em sua condição bruta, é escura e áspera. Se você polir a haste, no entanto, ela parecerá completamente diferente de antes e, ainda assim, é a mesma haste. Qual é, então, a verdadeira razão para embelezar a vara? Eu lhe digo, é muito simples. Ao poli-la, as partes moleculares na superfície da haste são pressionadas entre si e, de certa forma, aproximadas umas às outras Assim, tornam-se ainda mais concretas e mutuamente mais fortes, aderentes umas às outras e, portanto, em certo sentido, também mais unânimes. Na condição rudimentar inicial, onde ainda eram unidades soltas, as partes permaneciam quase em animosidade umas com as outras. Cada parte solta competia por si mesma para ter a irradiação nutritiva da luz, tomava para si o máximo possível e não deixava nada para a próxima. No estado polido, que poderia ser chamado de estado refinado ou purificado, essas partes se apegam umas às outras. Ao se apoderarem umas às outras, os feixes de luz se tornam o bem comum, já que nenhuma partícula quer guardá-los só para si, mas compartilhar cada pedacinho de luz com seus vizinhos. Qual é o resultado? Todos agora têm luz abundante e, de longe, não são capazes de absorver todas as riquezas. A abundância das riquezas radiantes gerais irradia como um brilho belo e harmonioso de toda a superfície da haste de ouro polida.

Você já desconfia de onde vem esse brilho, toda essa glória? Da unidade, da unificação. Se, então, o espiritual é completo e unido em si mesmo, quão maior será a glória do espiritual diante de seu corpo que consiste apenas de fragmentos e, portanto, também é egoísta, cheio de interesses próprios e, portanto, morto!

Vejamos outro exemplo. Você já deve ter visto uma pedra de sílica antes, da qual o vidro é produzido. Deixaria uma pedra de sílica tão áspera passarem os raios sem impedimentos, assim como o faz seu derivante, o vidro? Oh não, isso você sabe muito bem. Por que uma pedra de sílica tão áspera não deixa passar os raios? Porque suas partes ainda estão muito separadas e muito pouco unidas. Se os raios caíssem sobre ela, cada pequena parte devoraria os raios para si mesma e não deixaria nada para seu vizinho, ou, em certo sentido, haveria apenas o desperdício da luz absorvida. Mas como é que seu derivante, o vidro, se torna tão generoso? Olhe, primeiro a pedra de sílica é triturada e moída. Assim sendo, cada partícula de certo modo morre pela outra, ou fica separada da outra. Então o pó de sílica é lavado, seco, misturado com sal e levado ao forno, onde as partículas separadas se unem completa e mutuamente através do sal e da temperatura correta.

O que tal trabalho quer dizer? Os espíritos egoístas são, em certo sentido, triturados, para serem completamente separados uns dos outros. Nessa separação, eles são lavados, ou melhor, purificados. Depois de purificados, são deixados para secar, condição que indica estarem seguros e garantidos. Em tal condição, eles são primeiro salgados com o sal da sabedoria e, finalmente, assim preparados e purificados no fogo do Meu Amor. Você entende esse exemplo? Você ainda não o compreende completamente. Bem, eu lhe vou esclarecer ainda mais.

O mundo externo da matéria, em todas as suas partes, está associado à áspera pedra bruta de sílica. A separação é a formação dela em seres distintos. A lavagem da pedra de sílica é a lavagem ou a elevação gradual a um potencial superior dos espíritos na matéria. A secagem significa a fixação dos espíritos em uma unidade, já encontrando expressão no homem. A salga é a concessão da luz da Graça ao espírito do homem. A união final através do calor do fogo no cadinho é a unificação dos espíritos entre si com o fogo do Meu Amor. Como a matéria no cadinho não pode se fundir antes de todos adquirirem o mesmo grau de calor do próprio fogo, assim também os espíritos não podem se tornar mutuamente uma mente − e assim se tornarem tolerantes e concordantes entre si − antes de serem permeados pelo Meu Amor e, portanto, por Mim mesmo. . Isto está escrito nas Escrituras: `Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus`(Mt 5:48). E, novamente, está escrito: `... para que sejam um como nós`(João 17:11). Veja, a partir disso a imagem deve ficar clara.

Então como se expressa a unificação? Nisso todas as partes estão absorvendo os raios do sol da mesma forma, todas sendo iluminadas completamente por toda parte, sendo saturadas pela luz; assim, elas podem deixar a luz absorvida passar sem impedimentos.

Veja, como tal, você já aprende por meio da vidraça como se estruturam as relações celestiais e ao mesmo tempo a vidraça o ensina a entender o Sol Espiritual em um nível muito mais elevado. Não nos contentaremos com esse exemplo, mas nos referiremos a mais algumas coisas em outras ocasiões, para assim ascendermos mais facilmente ao Sol Espiritual e testemunharmos glórias indescritíveis lá!

CAPÍTULO 2

Toda a natureza é um evangelho da Ordem de Deus.

Depois de ter dito muitas vezes, volto a dizer: Toda a natureza, por meio de suas relações e cada ação dos animais e especialmente dos humanos, pode apresentar e revelar um evangelho das coisas mais maravilhosas da Minha Ordem eterna. Sim, o homem certamente não precisa procurar alguns dos outros exemplos comparativos. Você pode pegar uma coisa deliberada, óbvia, simples e, com certeza, ela carregará em si aquele evangelho que servirá para qualquer condição espiritual, como se tivesse sido criado para tal propósito específico desde a eternidade. Eu disse que ainda precisamos de alguns exemplos para podermos ascender completamente ao Sol Espiritual. Portanto, não seremos muito meticulosos, mas tomaremos o primeiro e melhor exemplo.

Imagine uma casa. Do que é construída? Como você sabe, geralmente a partir de pedaços de matéria bastante brutos e sem forma. ´Assim ocorre em todos os lugares da casa!`, você poderia dizer. Há a argila, da qual são feitos os tijolos, bem como uma certa pedra da qual a cal é queimada. Em seguida, também areia e madeira não processada. Agora juntamos toda a matéria-prima num ou noutro terreno. Aqui jaz um monte de barro, ali um monte de cal, depois um monte caótico de árvores ainda não processadas e um enorme monte de areia. Um pouco mais adiante, se encontra um monte menor de minério de ferro bruto, ainda mais um monte de pedras de sílica e, não muito longe, uma grande poça d'água. Veja, reunimos matéria-prima suficiente para uma casa. Mas digamos, quem de vocês é tão clarividente que pudesse ver nestes montes de material bruto uma casa imponente e bem-ordenada? Parece tanto com uma casa, quanto uma mosca se parece com um elefante ou um punho com um olho. No entanto, tudo se destina à construção de uma casa senhorial.

O que precisa acontecer agora? Os pedreiros-artesãos começam a trabalhar com o barro. A argila solta é molhada e cuidadosamente amassada. Quando é devidamente combinada e pegajosa o suficiente, são formados os conhecidos tijolos. Para que as partículas de argila nos tijolos se liguem ainda mais e de forma mais duradoura, cada peça é cozida no fogo, pelo que ganha, além de maior solidez, também a conhecida cor. O que acontece agora com o calcário? Veja, um pouco mais adiante estão sendo construídos mais alguns fornos para a queima do calcário. Você com certeza sabe o que acontece com a cal queimada. Vamos em frente.

Os carpinteiros trabalham com os troncos das árvores e os processam para serem úteis à casa.

Os ferreiros se ocupam com o minério, derretem e extraem o ferro utilizável dele e o transformam em vários itens úteis para a construção.

Além disso, você vê como os outros estão esmagando e moendo as pedras de sílica e processando-as de maneira familiar, resultando no vidro puro.

Toda a matéria-prima da vizinhança já foi adquirida. Agora o mestre construtor está traçando seu plano de construção. O solo é escavado, os pedreiros e seus ajudantes estão intensamente ocupados, e vemos como o material bruto começa a tomar a forma de um edifício ordenado sob as mãos dos construtores. Uma casa imponente gradualmente começa a crescer do solo e atinge a altura predeterminada. Agora os carpinteiros se ocupam e, em pouco tempo, a casa está toda coberta. A essa altura, as pilhas preliminares de material bruto desapareceram completamente. Vemos apenas um pouco de areia e parte da cal queimada ainda, mas já começaram os chamados rebocos e acabamentos da casa, e com isto desaparecem também os dois materiais restantes.

Veja, a casa está acabada, por dentro e por fora. Agora ainda vêm alguns artesãos para fazer trabalhos menores: um carpinteiro, um serralheiro, um pintor, um fabricante de fornos e um que assenta pisos. Esses profissionais agora trabalham diligentemente por mais um tempo, enquanto a casa fica lá, inspirando admiração.

S e você considerar agora seus sentimentos, vendo desde o início, do material bruto até o acabamento do edifício majestoso, certamente descobrirá uma grande diferença. Como essa diferença foi alcançada? Nada menos que pela boa organização e pelo bom uso da matéria bruta.

Quando você caminhou pela primeira vez entre os montes de matéria bruta, foi desanimador para o seu ser, e suas emoções se agitaram caoticamente. Ao ver como a matéria bruta se tornou mais útil e organizada através do fogo e das ferramentas dos carpinteiros, você se sentiu mais feliz, pois já viu a possibilidade de uma casa surgir de uma matéria tão ordenada. No entanto, você ainda não conseguia imaginar a própria casa. Quando você viu o mestre de obras traçando o plano de construção, você se sentiu de certa forma agradavelmente surpreso, pois já podia dizer: `Eis que este se tornará um edifício magnífico!`. Quando você o viu depois do acabamento quase concluído, você desejou a conclusão. Quando o edifício estava totalmente concluído, você olhou para ele com grande satisfação. Quando foi guiado pelos elegantes cômodos da casa, ficou muito maravilhado e disse: `Quem diria que algo assim poderia surgir do material ainda bruto?`.

Veja, assim é com o que vimos até agora no Sol Natural. É matéria bruta, aparecendo nesta condição sem coerência ou relação. Quando alguém considera os habitantes do Sol e todas as suas obras separadamente, não encontra coerência ou relações mútuas. Somente no espiritual essas peças completamente toscas tornam-se cada vez mais organizadas. Da organização podem ser reunidas para o destino superior que existem, uma vez que o mais íntimo a todos se refere a Um e mesmo Ser, daí a organização final e completa encontrará conclusão.

Portanto, só finalmente veremos o edifício acabado no Sol Espiritual, onde tudo se unirá e se apresentará em abundante glória.

Agora você vê como tal exemplo claro contém um evangelho glorioso e revela uma ordem com a qual nenhum mortal jamais sonhou. Com tal exemplo, quero chamar sua atenção para algo: O espiritual está se aproximando e isso principalmente no próprio Sol.

Você testemunhou os vários institutos de todo o Sol, com tudo neles. Eles contêm uma variedade infinita e quase indescritível. Como se expressam estas certamente memoráveis instituições do Sol? Cada vez que você olha para o Sol, você tem a resposta: Através de uma luz e auréola geralmente excepcionalmente intensas.

Veja como a multiplicidade quase infinita se reuniu ali e emanou a multiplicidade unida nas distâncias quase infinitas do espaço. Não é necessário apresentar os inúmeros efeitos do Sol, pois cada dia em seu pequeno globo terrestre descreve e canta seus múltiplos louvores. O Sol teria os mesmos efeitos maravilhosos sem sua coleção de luz circundante com todas as suas inúmeras partes? Oh, certamente não! Pergunte à noite verdadeiramente escura, e ela literalmente mostrará e lhe dirá o que significaria um sol sem luz. Mas não devemos nos contentar com um exemplo ainda grosseiro, pois há outro ainda muito melhor.

Para que você tenha uma percepção ainda mais convincente de como tudo nos aproxima de nosso objetivo se apenas olharmos do ponto de vista correto, você mesmo escolherá o próximo exemplo, o primeiro e o melhor e, portanto, também a melhor substância; veremos como e se é utilizável para nossa causa.

Penso, porém, que seria mui difícil você escolher uma substância inútil. Pois bem, qual exemplo seria tão apropriado como um pedaço de minério descoberto? Coloque o exemplo na fornalha, e o grau de calor adequado o levará ao seu destino correto! Então não procure mais tediosamente por uma ou outra substância, pois, como já lhe disse, posso indicar uso para tudo, até você não mais poder andar!

Vamos deixar assim por hoje.

CAPÍTULO 3

O relógio, uma imagem agradável do sol.

Agora você escolheu o relógio. Este exemplo é melhor do que você suspeita, pois Eu teria escolhido um relógio. Portanto, consideraremos imediatamente este exemplo de forma crítica e logo saberemos se ele nos levará a um passo mais alto do que o anterior.

Se você inspecionar um relógio, verá que o pequeno dispositivo de medição de tempo é feito de pura matéria trabalhada. Você vê o mecanismo bem calculado, fabricado com uma engrenagem motriz que agarra os dentes de outra engrenagem. Você vê como a engrenagem motriz está conectada com a corrente reforçada apropriada, com uma mola elástica que, com seu poder inerente, coloca todo o mecanismo propositadamente em movimento. Se examinarmos a obra ainda mais de perto, descobriremos mais pequenas engrenagens. Tudo é calculado e tem seu propósito.

Tendo dado uma olhada adequada na obra interna, olharemos para a forma externa. O que vemos?

Uma placa de discagem plana com um simples conjunto de braços. O que os braços fazem em uma placa de discagem tão simples? Como sabe, ele mostra as horas do dia e da noite, mede o tempo.

O tempo medido por esses braços é algo que abrange tudo, assim como tudo permeia; é o centro de tudo, onde quer que você olhe. Ninguém pode dizer :`Estou no fim dos tempos` ou `O tempo não tem nada a ver comigo`; ou ainda: `O tempo não me cerca`, pois toda vez que alguém faz algo, o faz no meio do tempo. E por quê? Porque tal pessoa é constantemente permeada e cercada pelo tempo.

Consideremos também o relógio. Os braços são fixados no meio da placa do mostrador, descrevendo um círculo com suas extremidades. Por serem ininterruptamente esticados do centro para o círculo externo, sendo matéria física, eles descrevem, do centro para fora, uma quantidade inumerável de círculos em expansão contínua. É, portanto, claro e compreensível que este movimento cíclico se origina no centro do pequeno eixo ao qual os braços estão presos e, consequentemente, cobre toda a placa do mostrador; finalmente, ao longo do tempo que eles medem, são por assim dizer envolvidos em um grande círculo infinito.

Voltemos aos trabalhos internos do relógio. Lá descobriremos uma placa superior fixa e a placa inferior, cilindros fixos (pilares) conectando as placas superior e inferior. Também veremos muitos pinos fixos, ganchos e parafusos de ajuste. Tais peças fixas da ferramenta já contêm algo do destino final? Sim, nas partes imóveis já está silenciosamente contido o fundamento da destinação.

Se olharmos ainda mais para o mecanismo do relógio, veremos pequenas engrenagens movendo-se de maneiras diferentes; primeiro um pequeno estilingue muito animado, depois a pequena engrenagem adjacente. O estilingue ainda está muito longe do destino, pois ainda não pode descrever um círculo completo, mas ainda é perseguido de um lado para o outro e, embora seja a parte mais rápida de todo o mecanismo, não avança.

A marcha seguinte, nitidamente comandada pelo agitado e pequeno estilingue, detecta os saltos felizes do mesmo e avança um passo a cada salto, em seu rápido mas incessante movimento cíclico. Ainda se vê os saltos da pequena funda, mas isso não prejudica o todo. O movimento cíclico foi alcançado. A próxima marcha já mostra um movimento mais regular, descreve um círculo tranquilo e já está bem mais perto do destino final. O movimento da marcha sequencial é ainda mais suave, mais duradouro, mais regular e mais tranquilo e está, portanto, mais próximo do objetivo principal; sim, tem total ligação com ele. Com a última marcha, o objetivo foi alcançado; julgada mecanicamente, dá uma indicação da meta, mas ainda não pode ser mecanicamente reconhecida.

Exatamente aqui, onde o objetivo final já pode ser revelado na obscuridade no mecanismo material, do centro mecânico surge um eixo, da placa do mostrador para o exterior. A ele estão ligados os braços que, em grande simplicidade, dão expressão ao mecanismo artisticamente composto.

Você já não vê mui claramente onde tudo isso está indo? Todo o variado composto se apresenta na unificação final, para um objetivo final, e nenhum alfinete desinteressante deve faltar para tal.

Agora voltamos ao nosso sol. Considere este grande mecanismo de relógio como uma medida para seus tempos impensavelmente longos. Vimos o mecanismo variado deste gigantesco relógio. Vimos que Meu Amor é a fonte viva e onipotente, operando entre as duas grandes placas, a saber: a eternidade e o infinito, colocando a grande obra em movimento. Vimos as inúmeras engrenagens dentadas, bem como todos os pinos e pilares. Agora sabemos a mecânica. Pela variedade das suas peças, é difícil detectar o destino, seria como se quiséssemos dividir as frações imprecisas das horas ignorando a placa do mostrador, só olhando para os diferentes movimentos da engrenagem.

Muitos diriam: `Isso é verdade e nada pode ser dito contra`, mas a questão permanece: Como, então, chegamos ao grande mecanismo no eixo central que se ergue acima da placa do mostrador até o final e único destino? Digo-lhe que não se preocupe, porque nada é mais fácil...

Já que você fez um estudo aprofundado e conhece muito bem todas as partes, e como escolhemos o relógio como exemplo, também nos elevaremos à grande superfície por meio do mesmo exemplo.

Quem já olhou um relógio verá que três coisas se movem praticamente do mesmo modo. A primeira é a roda da cápsula presa à mola. A segunda é a roda motriz principal presa à roda da cápsula por uma corrente. A terceira é a roda do eixo central que move os braços sobre a placa do mostrador.

Se quisermos chegar à placa do mostrador, precisamos saber a que correspondem essas três rodas. A que corresponde a roda da cápsula de mola? É muito claro que corresponde ao Amor – a fonte apresenta o Amor na medida em que ele está encerrado de certa forma dentro da vida e traz todo o mecanismo à existência. Jaz encerrado no próprio Amor, o destino do mecanismo.

A que corresponde a segunda roda, que se move da mesma maneira e está presa à roda de mola por meio de uma corrente? Esta roda corresponde à Sabedoria, que recebe sua vida do Amor e, portanto, está intimamente ligada a ele.

A que corresponde a roda central do eixo principal? A uma ordem eterna, que surge claramente das duas primeiras rodas e pela qual todas as partes do mecanismo são dispostas de maneira tal, que tudo deve finalmente se submeter à realização do objetivo principal, o qual encontra exatamente sua expressão no Amor e na Sabedoria. Olha, agora temos a imagem completa. A roda do eixo foi encontrada e é chamada de Ordem. Ao longo do eixo, ascenderemos e testemunharemos o destino de todas as coisas, pois é expresso exatamente em correspondência com o Amor Eterno, a Sabedoria e a Ordem que vem de ambos.

Agora atingimos nosso objetivo completamente por meio de nosso exemplo. Já nos encontramos sobre o Sol Espiritual, sem que você possa suspeitar ou compreender como e de que maneira. Mas Eu lhe digo: Primeiro considere os exemplos dados, do mais simples até o relógio. Descubra facilmente que temos − exatamente por meio desses exemplos − caminhado alegremente no Sol Espiritual, incógnitos, enquanto você ainda esperava chegar lá.

Já estamos na placa do mostrador e não precisamos subir ao longo do eixo até o topo. Você pergunta como, pois tudo lhe soa como um enigma. Mas Eu digo que onde o significado das coisas é mostrado, mesmo que seja mais geral do que específico, onde tudo está vinculado à unificação, onde até essa unificação é retratada através de vários exemplos pitorescos, não há mais o natural, mas o sim espiritual. O que se seguirá agora colocará tudo sob uma luz brilhante, e descobriremos claramente que já nos encontramos no Sol Espiritual.

Se alguém estiver segurando uma tocha na mão, saberá para que a tocha foi feita. Se ele deve andar na escuridão, o que é mais fácil do que lhe fornecer uma tocha? Você só deve acender a tocha, e a escuridão desaparecerá instantaneamente. De fato, temos a tocha na mão. Os exemplos dados são a tocha. O que mais é necessário, senão acender a tocha com a pequena centelha de amor, para que ela ilumine presentemente o grande e significativo mostrador do sol espiritual? Portanto, nada mais faremos, senão acender nossa boa tocha com a `scintila amoris` (centelha do amor) e, por esta bela luz, ver o grande significado de todas as coisas sobre o Sol Espiritual.

Encerramos por hoje.

CAPÍTULO 4

O Sol Natural e o Sol Espiritual, suas diferentes aparências.

V ocê está perguntando: ¨Sim, está tudo bem acender a tocha com a centelha do amor, mas onde a obteremos?¨

Sobre isso, Eu realmente não posso dizer nada além de que vamos obtê-la exatamente onde deveria ser obtida. Seria ridículo se não pudéssemos, tendo todo o sol ardente, acender o pavio da tocha!! Pois como `centelha do amor` Eu entendo exatamente o sol que agora sentimos em nós em todo o seu comprimento, profundidade e largura. Se você pode acender com os raios do sol um pequeno ramo com o auxílio de uma lupa do tamanho de uma moeda (com o sol, no âmbito natural, a mais de 2 2 milhões de milhas de distância), então o sol no âmbito espiritual tão próximo também será capaz de acender nossa tocha. Aceitaremos o desafio, na verdade muito fácil: Trazer o pavio de nossa tocha ao fogo do Sol Espiritual. Veja só como é fácil! A tocha está qu eimando e olha, no espírito há campos infinitos brilhando no brilho eterno da manhã, vindo da tocha. Eu mesmo sou a tocha e dou a quantidade correta de luz; quem investigar sob tal luz verá a verdade em todos os lugares e nenhum engano encontrará seu olhar!

─ Que maravilha! No Sol Natural, vimos gigantes e uma grande variedade de todas as coisas. Aqui na esfera da luz, tudo é igual. Não vemos nada se elevar acima do outro. É leve, é grande e sua beleza indescritível está por toda parte. Vemos uma terra praticamente plana; onde estão as montanhas naturais?

Seres angélicos espirituais infinitamente satisfeitos vagam nos campos de luz e não fazem distinção entre terra e água. Eles se elevam sem esforço no éter de luz e ali pairam, embriagados de alegria, enquanto emanam bem-aventurança sobre bem-aventurança. Vemos apenas arvorezinhas muito bonitas; onde estão as gigantescas árvores da superfície natural?

Também vemos uma semelhança em toda a adorável folhagem. Cada crescimento espalha uma sensação indescritível de bem-aventurança, arrebatando totalmente todos os espíritos que chegam à sua vizinhança. Sim, de cada pequena árvore, de cada tenra folha de grama flui um tipo diferente de sentimento de bem-aventurança e, no entanto, nas pequenas árvores, assim como em qualquer outro crescimento, assim como na grama, vemos apenas uma harmonia imensurável.

Vagamos por paisagens sem fim. Encontramos incontáveis multidões de espíritos angelicais bem-aventurados, mas não vemos um lar em lugar algum. Ninguém nos diz: `Este pedaço de terra é meu e aquele é de meu vizinho`; mas como viajantes mui alegres em uma estrada, eles viajam jubilando e cantando louvores. Para onde quer que nos voltemos, não vemos nada além de vida e mais vida fluindo. Figuras brilhantes se encontram e de todos os lados soam grandes gritos de alegria!

Mas ficamos parados como completos leigos e não temos nenhuma explicação. Onde se localiza o mundo brilhante que agora observamos? É esse o Sol Espiritual?

Isso você pergunta com o rosto maravilhado e coração atônito. No entanto, Eu lhe digo que o Sol Espiritual se parece completamente com o mostrador de um relógio, sobre o qual o mecanismo artístico completo é expresso. Você parece confuso se aqui está todo o Sol Espiritual...

Isso com certeza é maravilhoso, exaltado e muito bonito, também extremamente vivo, mas muito simples. No sol real, vimos uma variedade tão indizível de tamanho, sim, tantas coisas maravilhosas, mas aqui parece que a planície sem fim é apenas um grande caminho para os espíritos, no qual nenhuma poeira pode ser vista.

─ Mas, honestamente, porque vimos tantos grandes fenômenos no Sol Natural, esperávamos mais do que essa uniformidade e, em certo sentido, monotonia eternamente conformada de um mundo excessivamente lustroso.

Você tem o relógio como exemplo. Se você vagasse pela engrenagem interconectada, o que pensaria dos efeitos trazidos pelo mecanismo surpreendente, se você nunca tivesse visto a placa do mostrador de um relógio antes? Você, olhando para a engrenagem, diria: ´Se os meios parecem tão maravilhosos, de que natureza indescritível e maravilhosa será o destino!` E você diria ao fabricante do mecanismo de relojoaria: `Senhor, essa engrenagem é indescritivelmente engenhosa e medida com precisão. Quão grande e excepcionalmente engenhoso deve ser o destino do maravilhoso mecanismo! Vamos dar uma olhada nele, onde certamente o grande propósito do mecanismo vem para expressão.`.

Então o relojoeiro deixaria os seus trabalhos e lhe mostraria a placa do mostrador do lado de fora!

Seus olhos se arregalariam de espanto e você diria: `O que?!! É para isso que esta obra de arte interna é feita? Nada além de uma placa redonda pintada de branco com doze números e dois braços pontiagudos, invariavelmente arrastando para a frente com movimento invisível ao longo dos doze números?! Não, não…; imaginei algo completamente diferente!.`

Pois então, Eu digo: Talvez devesse ser um engenhoso teatro de marionetes ou outro fantástico jogo infantil? Oh querido, então você ainda têm uma imagem muito pobre do mundo espiritual... Você não compreendeu os exemplos dados, que o todo do exterior, em toda a sua divisão, finalmente deve se expressar na unificação? Você assim viu no exemplo da árvore, no polimento da estaca de metal, na produção de vidro, na construção da casa e por fim, de maneira convincente, no relógio.

Se o objetivo no espiritual fosse dividir ainda mais do que no natural externo, como o homem então se veria na existência eterna e em uma vida eterna?!! Então, de acordo com a verdadeira ordem de vida interior, tudo deve se unir no espiritual e se tornar eternamente forte, poderoso, duradouro.

─ Isso é completamente certo e verdadeiro, mas temos ouvido muitas vezes Sua Palavra sobre as grandes glórias do mundo espiritual celestial. Portanto, não sabemos agora como levar as coisas. E realmente não podemos dizer nada contra a simples glória do Sol Espiritual, mas, de acordo com nossas impressões anteriores sobre o mundo celestial, ele parece um belo dia de verão onde veríamos um enxame de coisas efêmeras flutuando ao acaso nos raios do sol, enquanto nenhum deles eles poderia explicar de onde vem, para onde vai e por que cruza a luz saturada de sol em todas as direções possíveis.

Suas reflexões no caso estão realmente corret as, mas para lhe explicar como a simplicidade do Sol Espiritual corresponde à gloriosa beleza do Céu, o tempo ainda não está maduro, pois primeiro devemos conhecer o básico. Se você só viu coisas efêmeras até agora, isso não prejudica a causa principal, pois o resultado mostrará como é a simplicidade do Sol Espiritual que acabamos de ver. Fique de olho e pense a respeito.

No próximo capítulo, veremos tal simplicidade com olhos completamente diferentes; portanto, chega por hoje .

C APÍT ULO 5

Sobre o Reino de Deus e do homem.

Quando você passa algum tempo em uma montanha alta e em um dia completamente claro e ensolarado, o que você vê? Alguns de vocês ficariam extasiados por um bom tempo, pois o maior e mais romântico panorama natural apresentaria ampla oportunidade através da diversidade multifacetada, permitindo-lhes desfrutar de uma vista exaltante.

Outra pessoa teria uma mentalidade completamente diferente, dizendo de sua perspectiva: `Bem, isto é extraordinário? Pode-se ver de um lado para o outro; e daí? Nada além de uma montanha após a outra; uma mais alta, outra mais baixa. Aqui e ali, as cristas mais altas estão cobertas de neve. Em alguns outros lugares, alguns pontos rochosos desajeitados se erguem, e as montanhas mais distantes parecem as mais aceitáveis, enquanto as mais próximas não mostram nada além de vestígios de destruição perpétua. Esta é a eterna monotonia da famosa vista das montanhas.`

Uma terceira pessoa também se encontra na companhia no alto da montanha. Ela é, como você diz, um herói de meias, lamenta, quase em lágrimas, por ter feito tanto esforço para escalar a montanha. Em primeiro lugar, diz ele: `Não vê nada além do que veria em um terreno plano e saudável na planície`. Em segundo lugar, apesar de todo o seu esforço, ele só sente frio. Em terceiro lugar, ele gostaria de morder pedras por sentir tanta fome. Ele só pensa em descer novamente o caminho traiçoeiro de volta e sente que perde os sentidos!

Portanto, aqui temos três alpinistas. Por que o primeiro encontra tanta exaltação em seu ser, o outro nada além de formas abstratas e torpes, e o terceiro até se irrita por ter feito tanto esforço por nada? Não é necessário procurar, pois a resposta está em si. Como assim? O primeiro tem um espírito mais vivo e animado; não é a forma e os topos das altas montanhas que lhe dão a sensação de êxtase, mas tal estado de espírito é uma representação da vida superior correspondente à forma elevada das montanhas. Em outras ocasiões, já aprendemos suficientemente de qual vida as montanhas testemunham. Exatamente desta vida deriva a experiência bem-aventurada do visitante que caminha por estas montanhas com o espírito mais excitado e animado. O espírito do outro ainda se encontra em sono profundo. Portanto, ele não detecta nada além do que seus olhos físicos veem e o que sua mente terrena e seca pode perceber. Se você pagasse por isso e lhe desse um aparelho de medição matemática, ele escalaria todas as cristas das montanhas e mediria as alturas com grande satisfação. Sem tal estimulante, dificilmente você conseguiria levá-lo novamente ao topo de uma montanha. Quanto ao espírito do terceiro, calemo-nos, pois nele vive apenas o homem animalesco que encontra a sua bem-aventurança no estômago. Se você quiser levá-lo para uma montanha, primeiro deve garantir que ele chegue lá sem esforço; em segundo lugar, que encontre algo bom para comer e beber no topo. Dessa forma, ele pode escalar uma montanha, se não com os pés, pelo menos com a ajuda de um animal de carga bem treinado. Então ele dirá: `Nesse caso, farei parte da expedição, pois por causa de sua pureza, o ar da montanha será mais benéfico para a digestão do que o ar viciado dos vales.`

Veja, do exemplo, podemos extrair uma lição importante que seria diretamente aplicável ao nosso simples Sol Espiritual. A lição corresponde exatamente ao texto do evangelho que diz: `Porque a quem tem, lhe será dado, e ele terá mais em abundância; mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado` (Mt 13:12). Nesta escritura encontra-se ainda outra correspondente ao exemplo acima e o texto é o seguinte: `O reino de Deus não vem com a aparência externa Alguns dirão: `Eis aqui!`, ou ainda: `Olha lá!`; pois eis que, em verdade, o reino de Deus está dentro de vós` (Lucas 17:20,21). Você agora entende como é com a simplicidade inicial do Sol Espiritual?

─ Nós compreendemos alguma coisa, mas ainda não temos clareza completa sobre o que o Senhor diz ou quer transmitir.

Exercitem um pouco mais a paciência, e tudo ficará claro para vocês imediatamente e em poucas palavras, como o sol em um dia claro.

Por que você vê o sol espiritual como sendo tão simples? Você, verdadeiramente, só viu o exterior. No entanto, Eu lhe digo: Existe no sol espiritual uma variedade infinitamente impressionante e maravilhosa, da qual você ainda não pode criar uma imagem para si mesmo. Essa versatilidade não está no Sol Espiritual, mas está no mais íntimo de cada espírito humano.

Se você quiser ver isso, você deve ver com olhos espirituais puros, na esfera de um ou outro espírito bem-aventurado. Você verá o mundo solar espiritual tão monótono logo se transformar em inúmeras maravilhas. Pois você deve saber que todo espírito recebe uma e a mesma base, consistindo puramente em Minha Misericórdia e Compaixão. Assim é consistentemente expresso no Sol Espiritual. A gestão da base dada, o verdadeiro mundo habitável para o espírito, depende somente do mais íntimo do espírito, que apenas é o amor por Mim e a sabedoria resultante dele.

Para você ter uma visão ainda mais clara, dar-lhe-ei outro exemplo ilustre. Um de vocês se encontra em uma ou outra vasta planície. Na planície, ele não encontra nada além de uma árvore no meio, sob cuja sombra a grama cresce exuberante. O viajante deita-se nessa relva, adormece e fica revigorado. Mas durante o doce e revigorante descanso, ele foi dominado por um sonho maravilhoso. Nele, o viajante solitário e simples encontrou-se nos mais belos palácios, encontrou príncipes, passou tempo com eles e desfrutou de uma felicidade excepcionalmente grande. Aí pergunto: Como o homem encontrou tal companhia interior naquele campo tão solitário e vazio?

Veja, tudo pertence ao seu espírito e é manifesto no espírito. É uma criação de seu espírito através do poder do Amor, e é ordenado de acordo com a Sabedoria, fluindo do Amor. Se você pensar um pouco mais sobre o exemplo, ficará claro para você que cada um será o criador de seu próprio mundo habitável, de acordo com seu amor e a sabedoria – e esse mundo é o verdadeiro Reino de Deus no homem.

Portanto, quem tem o Amor de Deus também ganhará sabedoria na mesma medida do seu amor. Assim, ele recebe o que já tem, ou seja, o amor. Quem não o possui, mas apenas tem uma mente mundana e ressequida que a toma por `sabedoria`, e dele tal sabedoria será tirada da maneira mais natural do mundo, ou seja, quando sua vida mundana ou corporal acabar.

Veja, é assim que as coisas são! Um alpinista sobe com amor, e nas montanhas está o Amor, o criador de sua bem-aventurança. Quem sobe as montanhas apenas com sua mente, verdadeiramente não encontrará nenhuma recompensa abençoada, mas receberá por seu esforço pouco ou nada, pois é severamente impedido por sua mente.

O terceiro, não tendo absolutamente nada, perderá tudo nas montanhas, pois um morto não encontrará alegria na vida, pois é insensível a ela. Como tal, é preciso muito esforço para levar uma pedra montanha acima; mas se for solto lá em cima, ele cai em grande velocidade nas profundezas da morte. Se você juntar tudo isso, o Sol Espiritual não lhe parecerá mais tão simples.

O que mais ainda acontecerá, veremos claramente mais tarde. Portanto, chega por hoje .

CAPÍTULO 6

O diorama cósmico espiritual. A esfera do primeiro espírito.

Como então empreenderemos para ver mais de nosso Sol Espiritual ainda simples? Devemos partir para grandes e distantes excursões de descoberta, ou devemos nos posicionar em algum lugar, abrir nossas bocas e olhos e esperar que os pássaros assados voem em nossas bocas? Eu digo que não faremos nem um nem outro, mas vamos prosseguir em uma espécie de diorama espiritual; vamos nos divertir o melhor possível com as maravilhosas visões no coração.

Para que você possa obter uma imagem ainda melhor, quero lhe dar uma melhor compreensão com outro exemplo claro.

Você já deve ter visto um chamado `diorama óptico`, onde se pode ver bem uma boa pintura montada contra uma parede preta, usando uma lupa com cerca de meio pé de diâmetro. Se você olhar para uma amostra tão boa, poderá fazer o que quiser. Você pode mudar e temperar sua fantasia e imaginação de acordo com sua habilidade e ainda assim você não será capaz de ver o quadro pintado como algo meramente pintado. Ele ainda parecerá completamente espaçoso e mostrará os objetos como se fossem ao natural, com a condição de que as imagens e o vidro sejam de excelente qualidade. Se você se encontrasse em uma cabana com cerca de vinte molduras de ampliação, você, avaliando externamente, descobriria que todas as molduras são plenamente iguais.

Mas aqui, quando você se aproxima, na pequena sala com vinte molduras, a uma distância de alguns passos, faz uma jornada que não é capaz de realizar em muitos anos. Cada quadro parece igual ao outro, mas quando você olha através de um quadro, ele oferece uma região do seu mundo. Se você for para o segundo quadro, você encontrará uma imagem completamente diferente da primeira; e assim por diante, até o último quadro.

Cada nova visão não o cativou excessivamente? Você deve confirmá-lo, pois em um quadro você vê uma magnífica cidade grande com paisagens espalhadas em seus arredores. No próximo quadro, você vê uma paisagem romântica incomum, tão perfeitamente apresentada, que você sente como se pudesse simplesmente quebrar a parede para realmente entrar nela. Você não conseguiu se desvencilhar dela, mas surge um guia por Mim designado que lhe diz: “No próximo quadro, verás algo ainda mais impressionante!”.

Então, vocês se encontram no terceiro quadro. À primeira vista, você fica completamente surpreso, pois vê uma superfície do mar infinitamente espalhada, margeando uma região costeira em todo o seu esplendor, em uma névoa azul. Na vasta superfície do mar, você vê aqui e ali ilhas e inúmeras embarcações marítimas grandes e especialmente muito pequenas.

Tudo isso é apresentado de forma tão excepcional, que você não pode deixar de exclamar : “Aqui não é mais arte; entra-se no reino da realidade pura e natural!”.

Em seguida, o guia o leva para o próximo quadro, onde você está sendo surpreendido novamente e assim continua até o último quadro.

Você olha para tudo corretamente e pensa em ir embora, mas o guia o impede, dizend o: “Querido amigo, você não quer ir para o primeiro quadro novamente?”.

E você responde: “Estamos olhando para ele”.

Mas o guia retruca: “A moldura ainda é a mesma, mas a vista mudou completamente. Você vai ver, para sua total surpresa, algo novo e inesperado. Assim será ao longo da linha de vinte quadros”.

Muito surpreso, você deixa o último quadro novamente e o guia novamente lhe diz: “Amigo, os quadros ainda são os mesmos, mas novamente há novas terras por toda parte para serem vistas”.

Cheio de expectativa, você vai de novo e grita já no primeiro quadro: “Maravilha acima de maravilha!! Exaltado amigo, você é inesgotável nas artes!”.

E ele retruca a todos: “Sim, meus queridos amigos, assim eu poderia mantê-los ocupados por dias com imagens constantemente novas e cada vez mais bonitas e variadas. Vejam, nesse pequeno e monótono espaço vocês desfrutaram de panoramas do mundo como muitos grandes viajantes mundanos nunca viram. Seus olhos viram distâncias de centenas de quilômetros e ainda mais, e tudo isso no espaço de alguns metros quadrados.”.

Vejam, esse exemplo ilustre nos deu uma boa amostra da maravilhosa visão espiritual de nosso Sol Espiritual. Ele nos mostrou como podemos ter tanto para ver diante de nossos olhos espirituais a partir de uma pequena área; vimos em nossa pequena sala óptica, com a maior facilidade, pelo menos metade da superfície da Terra. Como faremos, então? Já nos foi insinuado, e com base nisto lançaremos nosso primeiro pequeno empreendimento.

Como você vê, ainda nos encontramos em nosso simples Sol Espiritual. Ainda não vemos nada além de espíritos bem-aventurados vagando entre si, juntos e uns sobre os outros; no chão, além de nossas pequenas árvores, vemos arbustos nobres e a bela grama.

Mas veja, o espírito de um homem está se aproximando de nós. Ele não Me vê. Fale com ele, para fazê-lo ficar parado diante de si. Se ele parar, vá até ele, aproxime-se até alcançar a esfera espiritual dele, então você verá imediatamente o Sol Espiritual em outra vestimenta.

Bem, você está na esfera dele e está mudo por puro espanto. O que você vê? Por puro espanto, você não consegue pronunciar uma palavra! Também não é necessário, pois no caso você não precisa falar muito Comigo, porque Eu vejo o mesmo que você e até com muito mais perfeição.

Você vê paisagens cintilantes, montanhas altas e brilhantes, vastas e frutíferas planícies, rios, riachos e lagos brilhando ao sol como diamantes. O firmamento nítido e azul claro você vê espalhado com belas constelações estelares puramente brilhantes. Você vê um sol glorioso nascendo. Ele reluz extraordinariamente brilhante, suave e, ainda por cima, ele não pode diminuir o brilho das belas estrelas do céu. Você vê grandes e radiantes templos, palácios sem número, enormes cidades às margens de enormes lagos. Inúmeros seres bem-aventurados vagam por belas paisagens que respiram bem-aventurança. Você até os ouve falar, e canções celestiais de louvor chegam aos seus ouvidos. Você olha ao seu redor para procurar alguns restos daquele Sol Espiritual simples, mas em nenhum lugar pode ser encontrado algo da antiga simplicidade; tudo se multiplica em incontáveis maravilhas.

Agora saia da esfera do nosso espírito viril. Veja, tudo desapareceu; nós nos encontramos novamente sobre o simples sol.

Agora você diz: “Sim, então, o que foi isso? Como algo assim é possível? Aquele espírito então carregava tudo aquilo em uma esfera tão estreita; um mundo sem fim, cheio de glórias maravilhosas, em um círculo tão estreito e com tanta vida multifacetada estendida? É realidade ou apenas uma imagem vazia?”.

Queridos amigos, sobre isso Eu ainda nada digo, pois inicialmente queremos tirar proveito de diferentes enquadramentos de nosso diorama espiritual e, em primeiro lugar, nos ocuparemos com a visão interior. Ainda é um começo fraco ante o que será exibido diante de nossos olhos .

CAPÍTULO 7

A esfera do segundo espírito. O fundamento da vida é o Amor do Pai.

O lha, outro espírito já está se aproximando de nós. Ele precisa estar aqui também, para você entrar na esfera dele. Vá dar uma olhada, ele já está lhe esperando e sabe, por meio de uma noção interior, o que você quer fazer.

Agora você já está dentro. Diga-me, o que você vê aí? Vejo novamente que você é incapaz de pronunciar uma palavra, devido à grandeza que vê. Portanto, vou interpretar em seu nome novamente. Você fica em puro espanto e estupefato na esfera desse espírito. Sim, com tal visão você perde completamente seus sentidos, pois você vê uma coisa maravilhosa após outra; vastas e gloriosas fileiras de campos estão espalhadas diante de seus olhos. Em todos os lugares, você vê pessoas amorosas vivendo em casas bonitas e pacíficas. Suas formas indescritivelmente belas e amáveis mantêm seus olhos cativos, sendo impossível para você deixar seus olhos vagarem para qualquer outro ser que chame sua atenção. Você está tão cativado pela bela vista, que se perde nela enquanto milhares e milhares de outras estão passando por você, mas você mal as nota por causa da primeira! Nas suaves colinas verde-claro, você vê templos excepcionalmente radiantes; nos templos, você vê espíritos alegremente vivos visitando-se e vagando por lá. Agora você está olhando para o firmamento e novamente vê constelações estelares diferentes e ainda mais magníficas. Sim, você vê multidões radiantes de espíritos bem-aventurados movendo-se pelo ar puro sem esforço e em grande velocidade. Eles estão deslizando livremente, movendo-se como nuvens brilhantes. Você olha para o horizonte, onde um grande sol está alto. Sua luz é como o lindo vermelho da manhã, e tudo que você vê irradia na luz daquele sol. Não muito longe disso, você vê uma montanha bastante alta, mas bem arredondada, com um templo brilhante no crescente. Os pilares brilham como diamantes ao sol e, em vez de um telhado, você percebe uma nuvem brilhante cobrindo o templo, na qual pairam espíritos ainda mais felizes.

Agora você diz: “Infinitamente maravilhoso e indescritivelmente belo é tudo o que vemos agora; só que para nós ainda não é viável… Não podemos entrar nesse belo mundo que vemos, nem mesmo um passo. Se fizermos isso, certamente nos moveremos para fora da esfera do nosso espírito e, então, terminaremos com nossa visão!”.

E Eu lhe digo que certamente não. Subamos a montanha e lá veremos o templo e as demais coisas um pouco mais de perto. Olha, aqui já estamos na mo ntanha. O que você vê aqui?

Novamente você fica sem palavras e não sabe o que fazer com isso, pois acreditou que andaria no templo como faria, por exemplo, dentro de um grande edifício na Terra. Mas quando você entrou no templo, o interior dele se transformou em um mundo celestial novo, mais bonito e imensurável, deixando você sem saber o que fazer. Não muda nada, mas a luz certa explicará tudo em breve.

Você pergunta se encontraria coisas diferentes também nas esferas do segundo tipo de espíritos. Oh sim, Eu te digo que a transformação do templo em um novo e maravilhoso mundo celestial é exatamente porque você entrou nas esferas dos espíritos que estão no templo.

Você: “Por que não vemos os espíritos em cujas esferas nos encontramos e que estão no templo?”.

Porque você olha para o centro deles através da Minha intervenção. Recuemos um pouco e olhemos; lá está nosso antigo templo, e o vemos povoado de espíritos bem-aventurados, conversando uns com os outros sobre coisas relacionadas a Mim.

A gora vocês se convenceram de que também se pode mover livremente em esferas espirituais, assim como na Terra nos deslocamos fisicamente. Agora podemos recuar novamente para o nosso lugar anterior. E nós já estamos aqui. Retiremo-nos novamente da esfera de nosso anfitrião hospitaleiro e nos encontraremos novamente em nosso Sol Espiritual mais simples.

Agora que você está fora de sua esfera mas ainda na companhia do bom espírito, você pode até e trocar pensamentos com ele. Ele o conhece muito bem, pois também é da sua Terra e até tem relação de sangue consigo. Por ora, não quero apresentá-lo, pois virão oportunidades ainda melhores, pelas quais conheceremos mais todos os espíritos que agora nos servem.

Ouça o que o espírito lhe diz em particular e aos outros: “Oh amigos, vocês, sim, vocês que ainda estão andando sobre a Terra em seus corpos! Segurem, sim, segurem a vida no mais profundo de seu ser! É infinita, e suas riquezas são imensuráveis! O fundamento da vida é o Amor do Pai em Cristo e em nós! Segurem-no profundamente em seus corações e encontrarão em si mesmos o que encontraram em minha esfera. O que vocês viram foi simples, mas no cerne da vida tem infinitamente mais.

Faz pouco mais de cinquenta anos terrestres, quando eu, assim como vocês, vagava na Terra como um cidadão da dura vida. A princípio, o pensamento da morte iminente do meu corpo me cativou profundamente. Mas, acreditem em mim, minha angústia era vã e infundada, pois quando a morte veio sobre meu corpo e pensei que iria me arruinar e ser destruído, só então acordei como se de um sonho profundo e imediatamente passei para um estado mais perfeito de vida.

Mesmo que eu ainda não tenha atingido nem de longe a realização real da vida, continuo me aproximando da perfeição da vida, o que me está entrando em foco cada vez mais. Quão grande e glorioso pode ser, ainda não posso deixar vocês verem. Só posso, com a riqueza de minha perspectiva interior, entender que a perfeição da vida no Pai por meio do puro amor por Ele deve ser algo que nenhum espírito em qualquer esfera pode compreender nem um pouquinho.

Bem-aventurado, sim, infinitamente bem-aventurado aquele que já na Terra fez do amor ao Mestre a sua única necessidade, pois, para a perfeição da sua vida, escolheu o caminho mais curto!

Acreditem, meus queridos irmãos e irmãs terrenos, quem carrega na Terra o Amor do Mestre em si também carrega em si a perfeição da vida; aí está o objetivo seguramente mais sagrado e absoluto, para o qual ainda tenho um longo caminho a percorrer, nele e com Ele.

As circunstâncias da minha vida são realmente preenchidas com um indescritível sentimento de felicidade, mas tudo o que vocês viram em minha esfera e infinitamente mais que vocês ainda não viram (mas que eu continuamente posso ver em riquezas maravilhosas sempre renovadas), não é nada em comparação a estar com o Pai apenas uma vez. Portanto, antes de tudo em suas vidas, olhem ininterruptamente para Ele; então vocês, no devido tempo, serão levados para onde o Pai mora, no meio daqueles que O amam!”

O que você acha da linguagem desse espírito? Em verdade lhe digo que, se fosse dado a esse espírito Me ver em algum lugar como seu guia, ele de pronto seria destruído por um sentimento de felicidade muito intenso.

Portanto, considere e perceba em que bem-aventurança você está conscientemente se encontrando pois Eu Me encontro com você dia após dia educando-o e ensinando-o com Meu Dedo e mostrando-lhe o caminho mais correto e rápido para Mim.

Não se deixe encantar pelo mundo, pois está cheio de morte, lucro imundo e fogo infernal! Como as coisas se desenvolvem após a deposição do corpo, ainda veremos em breve em muitos espíritos de nosso Sol Espiritual, como uma boa instrução. E Eu digo: Ai do mundo por sua maldade, pois sua recompensa será terrível; incomensuravelmente miserável é encontrar-se na ira de Deus!

Por ora, nada mais. Já outro amigo espiritual hospitaleiro se aproxima de nós para outro encontro, e mais uma vez queremos ganhar algo novo de sua esfera de vida.

Por enquanto, os dois espíritos anteriores manteremos em nossa companhia, pois H.W. Anselmo ainda será de fato capaz de suportar a proximidade de seu avô! Vamos deixar assim por hoje .

CAPÍTULO 8

A esfera do terceiro espírito. Uma imagem do infinito.

Veja, o terceiro espírito já está aqui, e nós imediatamente responderemos à sua hospitalidade. Entremos, então, na esfera dele e experimentaremos o que pode ser visto lá dentro. Já que você se encontra na esfera, deixe-me ouvir de sua boca o que está aqui para ser visto. Você está novamente tão surpreso e olha consternado ao seu redor. O que é que está tornando sua visão tão fortemente cativa? Vejo que novamente será necessário que Eu sirva de seu intérprete, pois você ainda não tem tempo nem descanso para encontrar palavras adequadas para relatar o que está vendo.

Você está de pé sobre uma nuvem brilhante. Com olhos surpresos, você vê um número enorme de mundos sobrenaturais flutuando em grandes círculos. Você se encontra cercado pelos maiores milagres, sendo incontáveis em cada um de tais mundos. Cada um dos mundos parece ser infinitamente grande e, no entanto, você pode vê-los de um polo a outro com um olhar. Vê inúmeras multidões de seres felizes caminhando sobre os mundos flutuantes, em júbilo constante.

Cada novo mundo que você aborda é preenchido com algumas maravilhas indescritíveis diferentes. Mas você diz: Se ao menos eles não flutuassem tão rápido... E quanto às habitações absolutamente magníficas de incontáveis multidões de espíritos bem-aventurados ...!”.

Oh, apenas espere, podemos até fazer algo a respeito. Veja, atualmente existe um mundo extraordinariamente grande e radiante, seguindo um sol primordial mediano. E lá você já está.

A luz muito intensa cega seus olhos, impedindo-o de ver sua maravilhosa riqueza, mas podemos fazer algo sobre isso também. Veja, a luz forte ficou mais amena e você vê que tal enorme mundo parece um jardim infinitamente grande e indescritivelmente belo.

No jardim, vê-se muitas habitações elegantes; em torno das habitações vagueiam espíritos bem-aventurados que se deleitam com os frutos excepcionalmente saborosos do grande jardim. Lá você vê espíritos cantando canções de louvor, ascendendo ao éter brilhante.

Em algum outro lugar, você vê entes queridos andando de braços dados em grande amizade e felicidade. Lá você vê uma companhia de sábios louvando Meu grande Amor e minha Misericórdia. Nos galhos das árvores frutíferas mais requintadas, você vê um brilho como o das estrelas. Você pergunta o que é, e Eu lhe digo para observar com atenção, então você logo verá o que está escondido atrás das estrelas.

Mas você está mais uma vez surpreso e diz: “Grande e Santo Pai, o que é isso?! No momento em que observamos mais de perto certa estrela, ela se expande para um tamanho infinito. Mas o grande mundo anterior, assim como uma única árvore… Bem, não podemos mais ver devido aos arredores infinitos, mas a pequena estrela cresceu em um novo e grande mundo; neste mundo, mais uma vez, várias novas maravilhas. Oh, Pai, conte-nos mais! Onde está o fim de Suas criações imensuravelmente maravilhosas?!”.

No entanto, Eu lhe digo que você está certo em perguntar. A infinita riqueza e grandeza das Minhas criações não tem princípio nem fim, pois onde quer que você vê uma, creia em Mim, está escondido algo infinito! Portanto, não há nada que você agora veja no espírito tendo fim, mas tudo é infinito. Não fosse assim, não teria vindo de Mim, não seria espiritual, e a vida eterna seria a mais pura mentira. Se a divisão natural já mostra que vai até o infinito, e se em um grão de semente estão escondidas infinitas sementes, por que o espiritual estaria sujeito a qualquer estigma?

Convença-se através desse novo mundo. Veja, aqui está um espírito andando por perto; entre em sua esfera e você poderá se convencer imediatamente da abundância de novas e maravilhosas riquezas que ele possui e quanto ele acredita em Mim. E assim prossegue até o infinito.

Você pode entender isso por meio de um exemplo natural: Coloque dois espelhos excepcionalmente bem polidos um contra o outro e diga-M e quando terminam os reflexos recíprocos .

Veja, como tal, está aqui também. Todo espírito carrega algo infinito em si, e isso em infinita multiplicação. Cada espírito serve de espelho ao outro através do seu amor interior por Mim e pelo irmão. Sendo assim, há uma reflexão recíproca sem fim. Exatamente essa reflexão recíproca é a grande, sagrada e onipotente conexão do Meu Amor, pela qual todos esses seres se relacionam Comigo e uns com os outros, em abundante bem-aventurança.

Mais uma vez você pergunta:“Os espíritos que vimos e ainda vemos através da esfera de nosso espírito hospitaleiro e servidor são também espíritos independentes reais, ou são apenas aparências encontrando sua origem no reflexo recíproco dos verdadeiros espíritos?”.

S ão todos reais.! Surpreso? Mas no Reino dos Espíritos tudo é realmente determinado.

Se você entrar como um ser humano espiritual em Minha esfera infinita acima citada, você verá apenas o Reino Infinito dos Céus. Mas se você entrar na esfera de um humano, ela logo se desenrolará em incontáveis mundos espirituais que se parecerão com incontáveis estrelas diferentes e espalhadas por toda a eternidade.

S e você se aproximar de uma daquelas estrelas, ela logo lhe aparecerácomo um ser humano perfeito e individual que reside lá. Quando você entrar na esfera desta pessoa, novamente e imediatamente encontrará nela grandes extensões por todos os lados, um novo céu semeado de incontáveis estrelas. Se você se aproximar de uma de tais estrelas a uma certa distância, ela terá novamente a aparência de um humano residente. Novamente, se você se aproximar de tal pessoa, quase exclamará de surpresa, tal como fez o capitão do mar Christoff Columbus quando se aproximou do continente da América; pois você verá, mais uma vez, o magnífico esplendor celestial e um mundo maravilhoso.

Em suma, se você se encontra adequadamente em um mundo, ficará estupefato ao encontrar este mundo habitado por espíritos. E se você adentrar a esfera de um ou outro espírito habitante, encontrará novamente novas glórias. Ao mesmo tempo, você verá, agora com um olho mais experiente, o mundo original como a habitação deste espírito. Assim se procede sucessivamente, e cada espírito é, consequentemente, um pequeno céu perfeito em si mesmo.

Você precisa, de fato, perceber que o Céu é um céu cheio de céus. Assim como esse céu é infinito em si mesmo, assim também todo céu angélico é infinito. Tal pode ser deduzido como está escrito nas escrituras: `O Reino de Deus não vem com observação, mas está dentro de você`. Sob tal fundamento, todo espírito viverá nesse Reino, verá e se apropriará do que ganhou em si mesmo por meio de seu amor por Mim.

Também está escrito: `O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda. Está entre as menores das sementes. Se for semeada na terra, isto é, num coração cheio de amor, crescerá e se tornará uma árvore onde as aves do céu farão seus ninhos`. Você vê agora aquela pequena semente de mostarda? Cada espírito bem-aventurado é um grão de mostarda, significando tanto quanto; ele é uma criação do Meu Amor, portanto, uma Palavra Viva. Se essa Palavra de Amor florescer na terra que é trazida livremente por Mim, então ela se tornará completamente uma árvore viva cheia de amor e vida fora de Mim.

Se você entrar na esfera de tal árvore, certamente ficará surpreso ao ver nela uma riqueza infinitamente maravilhosa dos céus, que está infinitamente presente, assim como Meu Amor, Misericórdia e Compaixão estão em cada espírito.

Isso você precisa fazer seu, de acordo com a Minha Ordem. Só então realmente obterá benefício interior e finalmente contastará, na luz brilhante em si mesmo, que Minha Palavra escrita sou Eu e ao mesmo tempo é Vida, é o Reino Infinito dos Céus com você, caso você o leve ativamente em seu coração, vivendo também em você.

O que mais ainda será revelado de forma maravilhosa e nova, observaremos bem nas esferas de outros espíritos hospitaleiros. Retire-se da esfera do terceiro espírito, que também é seu parente.

Da próxima vez, nos encontraremos imediatamente na esfera de um quarto espírito. Vamos deixar assim por hoje.

CAPÍTULO 9

A esfera do quarto espírito. O mistério do Filho do homem.

Veja, ele já está lá, acenando amigavelmente para você ir até ele e entrar em sua esfera. Sinta-se à vontade para ir e dar atenção especial ao que verá na esfera dele. Esse espírito também o verá em sua esfera e o guiará em seu mundo. Observe o que verá, pois lhe será de grande significado.

B em, você está na esfera dele e está extremamente feliz, pois vê o espírito em cuja esfera você está, apenas com a diferença de que você não o reconhece fora de sua esfera. No entanto, dentro de sua esfera, você o reconhece adequadamente, pois ele já foi na Terra um irmão de sangue seu. Meu eloquente Anselmo reconhecerá devidamente seu irmão no momento em que o ouvir falar. Por tal motivo, quero que ele o guie e dê explicações sobre as coisas.

Bem, o que você vê! Você acha impossível falar devido à surpresa muito grande, porém desta vez não quero ser o intérprete, mas o seu guia.

Então, ele (Heinrich) está falando: “Olhem lá, meus amados irmãos, para o grande e impressionante templo diante de mim. Olhem para os belos pilares indescritivelmente brilhantes. Vejam, o pilar chega tão alto, que vocês ficam tontos. E olhem para a frente, como o belo templo é cercado por incontáveis pilares. Vejam, acima dos pilares repousa um telhado redondo brilhando mais do que mil estrelas. Acima do telhado está uma enorme cruz vermelha de fogo, brilhando como o vermelho mais glorioso da manhã. Assim vocês encontram este templo! ”

Você diz: “Irmão, sua maior e indizível magnificência me priva de todas as palavras para compartilhar meus sentimentos sobre isso com você. Mas o que há no templo? Irmão, melhor ainda, você não nos levaria para dentro?”

─ Oh, sim, amado irmão e amigo, mas prepare-se para algo incomum, pois a magnificência interior… Sim, eu gostaria de dizer que a santidade do templo é tão inesperadamente exaltada e tão maravilhosamente grande, que você mal seria capaz de suportá-la. Você sabe que eu, em minha vida terrena, fui grande amigo da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo sempre foi, depois do evangelista João, meu apóstolo preferido, pois por meio de Paulo os pagãos foram convertidos. Pois este templo foi construído por mim com a mais profunda reverência à Palavra de Deus escrita por João e pregada por Paulo aos pagãos, entenda isso claramente.

Antes de entrarmos, quero explicar um pouco o significado do templo. Os altos pilares quase imensuráveis denotam as respectivas escrituras da Palavra Divina e representam o Antigo Testamento. Se você entrar comigo pelos pilares, verá diante de você um corredor brilhante. O corredor no interior dos pilares é delimitado por uma parede vermelha. Como você verá, é tão alta quanto os pilares e no topo está conectada à fileira externa de pilares com arcos radiantes e impressionantes. O espaçoso corredor entre os pilares e a parede é o verdadeiro vestíbulo do templo. O telhado arredondado que você verá brilhando tão intensamente acima dos pilares e do templo é a luz da compaixão do alto. A cruz no topo do telhado retrata o Ser da luz de compaixão, que é, de fato, o Santo dos santos, ou seja, o Amor do Pai e do Filho!

Agora que você e todos vocês sabem disso, queridos amigos e irmãos, vamos passar pelo corredor até lá onde há uma grande luz fluindo da parede, brilhando vermelho como o vermelho da mais bela rosa da primavera. Ali está a entrada do templo. Vocês sabem o que a luz significa? Ela denota o amor para com Cristo, e não é possível entrar no templo por nenhum outro meio senão pela porta estreita do amor para com Cristo. Vejam irmãos, agora estamos aqui. Olhem, ali está a porta!”.

Eu digo que vocês estão realmente surpresos pelo fato do enorme templo só ser acessível por um pequeno portal, mas também está escrito: `Quem não entra pela porta estreita, não chegará ao Pai`; portanto, também não entrará no Reino de Deus e tampouco no reino dos anjos dos céus. Curvem-se, então, o mais adequada e profundamente possível e sigam-me, aí veremos de pronto o interior do templo. Bem irmãos, estamos no grande lugar santo! O que dizem do esplendor?

Como posso ver, você está completamente perplexo e sem palavras. Eu lhe disse de antemão, portanto, para se preparar para algo extraordinário. Como você vê por si mesmo com olhos atônitos, o interior do templo é muito grande e magnífico até mesmo para mim, pois já estou muito exaltado para interpretá-lo. O mais fantástico é o tamanho inesperado e a infinitude do interior.

─ Quando chegarmos ao interior do templo, sei que veremos, assim como na Terra, tesouros e ornamentos... Mas aqui a gente literal e verdadeiramente vê mundos espirituais vastos e infinitos, e tais mundos não têm começo nem fim. A gente olha com espanto para as distâncias infinitas que estão repletas de incontáveis glórias inesperadas. A gente vê árvores subindo aos céus, ricamente dotadas de frutas deliciosas, suculentas e brilhantes, bem como inúmeros e belos edifícios de templos habitados por multidões de espíritos bem-aventurados!

─ Pois Eu digo que vocês estão muito surpresos, mas vejam, queridos amigos e irmãos, lá na montanha com colinas suavemente brilhantes, bem na direção da manhã, está um templo simples e modesto, mas seu brilho é ainda mais intenso. Sigam-me lá e vocês verão algo que irá arrebatá-los mais do que tudo o que viram até agora. Lá vamos nós, então!

Você vê o quão longe este templo está; por medida terrena, você prefere alcançar a Lua do que este templo. Mas para nós, espíritos, é muito mais fácil, pois basta querermos e já estamos onde queremos. Quero que você e os demais estejam lá comigo, e olha, aqui estamos nós.

Você está estupefato por causa do enorme tamanho do templo e mal ousa se aproximar. Entre corajosamente Comigo também nesse templo e certamente será bem recebido por seus habitantes excepcionalmente amigáveis. Portanto, siga-me!

O templo parece por dentro com um templo simples, e você será recebido em uma casa excepcionalmente hospitaleira. Agora entramos no vestíbulo e depois entramos no portão brilhante para o interior do templo. Vejam, amados irmãos e amigos, estamos no lugar de nosso destino!

Você conhece aquele homem amigável, um pouco em primeiro plano, cercado por uma multidão de grandes e pequenos espíritos humanos? Observe como ele está ensinando-lhes, com muita amabilidade e amor, o grande mistério do Filho do Homem e como cada palavra sai de sua boca como uma estrela brilhante! Mas veja, nosso bom anfitrião e amigo nos notou. Ele está se levantando de seu assento brilhante e corre para nos receber de braços abertos. Você ainda não o reconhece? Olhe, ele já está muito perto. Observe-o de perto; você deveria reconhecê-lo. Se você ainda não o reconheceu por sua aparência reveladora, certamente o fará por sua antiga e sempre mesma fiel saudação!

Ouça-o: “Ó amados irmãos, a Misericórdia de nosso Mestre Jesus Cristo sejam convosco, bem como o Amor do Pai no Filho e a comunhão do Espírito Santo! O que vos motivou a vir para cá? Quem foi o vosso guia? Não precisais falar, eu suspeito em meu coração ter sido Aquele cujo amor é tão grande, que conduz os que são redimidos por Ele à fonte sagrada do Amor Eterno! Ó amados irmãos, eu vos digo em nome do meu acima de tudo amado Mestre Jesus Cristo: Apegai-vos a Ele, apegai-vos ao Seu Amor e vós não ireis, sim, eternamente não ireis à ruína. Verdadeiramente abençoados são os que creem que Ele é o Cristo, sendo o Filho do Deus Vivo; contudo, somente aqueles que O amam acima de tudo verão Nele o Santo Pai. Pois somente através do amor nos tornamos verdadeiros filhos de Deus! Eu, o velho Paulo, digo: Agarrai-vos ao Amor, então tereis a vida eterna em vós! Saudações à Misericórdia de nosso Mestre Jesus Cristo; que o Pai e Seu Espírito estejam convosco!”.

Bem, amados amigos e irmãos, vocês viram quão hospitaleiro e amoroso o velho amigo e apóstolo do Mestre foi e nos recebeu? Vejam como ele já está de volta entre seus discípulos e está ensinando-lhes o amor pelo Mestre.

Você gostaria de saber quem são essas crianças e pessoas espirituais? São pagãos puros e seus filhos. Mas você ainda não vê todos. Venha comigo para fora, no vasto espaço do grande templo.

J á que agora nos encontramos do lado de fora novamente, você vê por toda parte um amplo ambiente com quase inúmeros templos sendo iluminados. São escolas puras para todos os tipos de pagãos, e muitos apóstolos e discípulos do apóstolo Paulo são seus professores.

Há verdadeiramente nesse grande templo em que estamos ainda incontáveis coisas para lhe mostrar. Mas porque você ainda está preso à Terra, muitos milhões de anos ainda podem ser necessários para lhe mostrar até mesmo a menor parte apenas superficialmente! Uma vez no espírito, você, assim como eu agora, verá tudo perfeitamente claro através da infinita misericórdia do Mestre. Portanto, agora vamos deixar o templo.

Olha, nós já estamos no portão de entrada do templo e temos novamente uma visão livre sobre os grandes pilares e o telhado brilhante com a grande cruz.

Agora, ainda outra coisa. Você pode me dizer, pois mesmo aqui há muita coisa que nós, espíritos, ainda temos dificuldade de entender, ou mesmo nos são impossíveis de entender. Entendo como aconteceu a sua visita, ou mais especificamente, o fato de eu, Heinrich, agora poder lhe ver, falar e entender, pois você já estava em espírito quando mais perto de mim, portanto, posso entender facilmente sua visita. O que não consigo entender, porém, o que acho impossível de explicar, é por que me sinto tão indescritivelmente feliz perto de você. Acredite em mim, irmão fiel, nunca experimentei tal bem-aventurança desde que sou habitante desse abençoado lugar. Diga-me, se for possível para você!

Jesus: ─ Não diga, porque ele precisa estar preparado para o momento em que Me verá, a menos que não seja capaz de suportar a alegria. Aqui estão espíritos que Me amam tanto, que só posso abordá-los em visão apenas gradualmente, por causa de seu amor. Diga-lhe para perseverar em seu desejo e que o motivo de seu sentimento de bem-aventurança será revelado no devido tempo. Olha, ele recebeu isso, aceitará e esperará ansiosamente. Tal condição é chamada de paciência do amor!

Estamos novamente no local de nossa companhia; agora saia da esfera do espírito de seu irmão e observe. Eu me revelarei a ele por um curto período de tempo. Olha, ele me vê. Ele cai de face no chão e adora, reza e chora; isso é bom assim! Por enquanto, apenas por um momento.

Da próxima vez, serviremos novamente à esfera de um quinto espírito. O espírito daquele irmão irá guiá-lo da mesma forma que este que ainda está chorando e orando. Depois ele poderá ficar em nossa companhia. Vamos deixar assim por hoje.

CAPÍTULO 10

A esfera do quinto espírito. A maior maravilha: o coração do homem.

V ocê não conhece este quinto espírito já diante de nós? Veja como ele está sorrindo amigavelmente para você e acenando para você entrar em sua esfera. Sinta-se livre para ir e olhar para sua riqueza. Além disso, esse espírito lhe será reconhecível e visível e o guiará pelos tesouros de sua vida interior. Então vá para sua esfera.

Está agora na esfera dele e, mais uma vez, junta as mãos em surpresa, está quase fora de si devido à maravilhosa grandeza do que está a ver. Siga facilmente o espírito fraterno e amigável, então você experimentará coisas inesperadas. Assim como o anterior, serei seu narrador em Meu Nome.

Agora ouça o que seu guia está dizendo: “Oh, queridos irmãos e amigos, que felicidade e alegria é para mim vê-los de volta aqui! Vocês realmente me conhecem; sigam-me para minha esfera abençoada. Quero lhes mostrar quais tesouros surgem do amor ao Mestre. Olhem, queridos irmãos, e especialmente a si, meu amado Anselmo, lá nas montanhas gloriosas diante de nós, somente lá você verá os tesouros da minha bem-aventurança!

Chegamos ao cume da montanha. Agora, olhe para a distância infinita. Até onde seu olho espiritual pode alcançar, sim, até onde seus pensamentos mais fortes e rápidos podem se transplantar, tudo isso é dado a mim para governar.”.

Você agora pergunta: “Mas querido irmão abençoado, você também é o dono de todos estes incontáveis palácios lindos e imponentes, radiantes como o sol nascente na montanha redonda; também guia de todas aquelas inumeráveis miríades de espíritos abençoados a quem vemos por toda parte, tendo comunhão amigável uns com os outros?! Todos os incontáveis e belos jardins com todas as suas torres de pilares radiantes cegando nossos olhos maravilhados com sua luz brilhante?

Como é, então, com aqueles mundos distantes que percebemos como sóis nascentes? O brilhante firmamento com suas inúmeras e lindas estrelas também é seu? E o magnífico sol acima de nós, cujos raios são suaves por demais, preenchendo todo o infinito… Como se dá com ele? Você também o conta entre seus bens?”

─ Sim, amados irmãos, e eu lhes digo que não apenas o que vocês veem, mas infinitamente mais que vocês não podem ver, é posse do meu amor!

─ Mas querido e abençoado irmão, sua declaração quase soa como se o egoísmo e o amor-próprio tivessem entrado em você, pois diz que tudo isso e infinitamente mais é posse do seu amor. No entanto, o amor também inclui o seu próprio eu e, portanto, também a sua vida real. Você não sabe que tudo é propriedade do Mestre? Como você pode dizer que tudo isso é a posse do seu amor?

─ De fato, queridos irmãos, suas palavras me são agradáveis e seus pensamentos são realmente fundamentados, mas não são corretos aqui. Pois quando se julga de fora para dentro, pode-se muito bem ter um bom caso, mas aqui todo julgamento deve ser correto e só pode ir de dentro para fora. Olhem, por isso seu julgamento não está bem colocado. Pois se digo que tudo isso e infinitamente mais é posse do meu amor, você precisa pensar nisso de dentro, que meu amor é o próprio Mestre e que não tenho outro amor; portanto, nenhuma outra vida senão a do Mestre!

Para que vocês, irmãos e amigos, entendam verdadeiramente que o seu julgamento sobre mim foi um julgamento externo, eu lhes vou esclarecer. Se vocês disserem: `Tudo isso é propriedade do Mestre`, vocês dariam apenas uma confissão externa, atribuindo tudo ao Mestre; mas através de tal confissão, o Mestre está, assim como a confissão, ainda fora de vocês.

Mas se vocês disserem: `Tudo isso é posse do meu amor`, então vocês compartilham com isso que o Mestre é tudo para vocês e que Ele vive com Seu amor e compaixão, bem como a vida eterna em você. Pois quando vocês dizem no amor de seus corações ao Mestre: `Tudo isso é a posse da minha vida`, então vocês dizem o mesmo que disse o meu querido e velho amigo, o apóstolo Paulo, quando ainda vivia na Terra: `Agora eu não vivo mais, mas Cristo vive em mim!`.

Eu só digo isso para que vocês possam conhecer nossa maneira de falar aqui, pois na Terra existe apenas a fala externa, que deve penetrar o interior. Portanto, ainda é um discurso incerto e raramente eficaz, exceto quando falado à maneira da Palavra do Mestre, através da qual o homem é arrebatado por todos os lados, e assim a Palavra o permeia completamente. Nosso discurso, entretanto, é um discurso interior e não tem nada externo, portanto, é sempre eficaz.

Venha agora comigo para a colina ali em frente, onde você vê um belo palácio. Olha, mal falamos a palavra e já estamos onde queremos estar.

─ O palácio é belo e grandioso, mas o templo que vimos na esfera do irmão anterior era maior.

─ Mas eu lhe digo que não julgue mui rapidamente; primeiro entre e depois compare. Veja, aqui também há apenas uma porta estreita pela qual entrar. Curve-se o mais fundo possível e siga-me. Bem, passamos pelo portão e estamos no palácio.

O que há com você que está olhando em volta como se tivesse se transformado em pedra? Olhe, querido irmão, eu realmente lhe disse que você não deveria julgar muito rapidamente. Aqui o valor das coisas só está por dentro e nunca por fora. Portanto, o interior também é sempre mais exaltado e maravilhosamente maior do que o exterior, pois aqui tudo está relacionado, como a Palavra de Deus. Está escrito que quando alguém entra pela porta estreita do amor humilde, uma riqueza maravilhosa lhe chegará através da única Palavra de Deus que, simples e modestamente, também está compilada em cartas e livros. Como dito, é a relação em que as coisas estão.

Você não esperava encontrar um infinito repleto das maravilhas de Deus em um palácio tão simples. Visto que agora você vê os incontáveis mundos em sua existência espiritualmente exaltada e as miríades de glórias neles, bem como seus incontáveis habitantes bem-aventurados, agora você está surpreso e não entende como isso é possível dentro de um palácio aparentemente tão simples.

No entanto, eu digo que não é de longe uma maravilha tão grande quanto o fato de que o coração de um ser humano pode se tornar a morada do Espírito Santo por meio do Amor do Pai Eterno, o Deus infinito, plenamente santo e todo-poderoso!

Você gostaria de caminhar comigo até lá onde na planície ilustre está um magnífico templo redondo, cercado por três fileiras de pilares brilhantes muito bonitos, sem teto, mas no lugar dele há uma construção de arco-íris radiante e parecendo em movimento constante? Você quis e olha, já estamos aqui. Você tem vontade de entrar neste templo! Você confirma isso com o coração alegre. Então siga-me imediatamente para o templo.

Bem, já estamos dentro. Mais uma vez você bate palmas de surpresa. Sim, é assim que acontece conosco. Estamos em casa nas partes internas. Não se deixe abalar pela magnificência gloriosa ainda maior que você vê aqui, pois quanto mais fundo você penetra, maior e mais belo se torna. O maior amor e a riqueza maravilhosa estão apenas no mais interior, ou seja, no Mestre. Será eternamente impossível a um espírito chegar lá, mesmo que possa se aproximar continuamente.

Você me pergunta sobre o significado do mar lá longe, brilhando tão lindamente, bem como a ilha intocada com vários e belos templos não muito longe da costa, especialmente o mais bonito lá em cima, na colina íngreme. Se você quiser ir comigo até lá, você só precisa se convencer sobre tudo isso. Você quis e olha, chegamos ao nosso destino, pois no mar aqui não precisamos de navios. Por nossa vontade, podemos ir onde quisermos. Se você quiser entrar no templo, siga-me. No entanto, o templo pode não ser descrito a você em relação ao seu interior, mas você pode se encontrar nele como em qualquer outro edifício.

Bem, já estamos dentro. O belo estilo de construção agrada muito. Mas olhe, naquele grande quadro através do qual brilha uma luz vermelha, quem você vê lá?

─ Um homem mui querido e amigável e uma senhora igualmente amável e amigável.

─ Venha comigo e não tenha medo, pois os habitantes são extraordinariamente amigáveis e radiantes. Olha, os dois estão se levantando e vindo em nossa direção de braços abertos. Você ainda não os reconhece? Você certamente os reconhecerá, quando estiverem perto de nós. Ali estão eles!

Seja abençoado por eles, pois ele é o amado do Mestre, o apóstolo João; e ela, ó irmãos e amigos, ela é a mãe do Verbo eterno encarnado de Deus!

Ela o abençoou, mas ainda não chegou a hora de falar com todos. Durante a sua estada aqui, surgirá a oportunidade de se aproximar ainda mais, tanto de João como de Maria. Minha voz interior está dizendo: `Até aqui e não mais!`. Portanto, agora pode voltar comigo para o lugar de onde partimos.

Só uma coisa eu gostaria de saber se você notou…:Você realmente não notou, mas não escapou da minha visão, que os amados do Senhor foram envolvidos em uma reverência feliz, pela qual não eram capazes de falar. Nunca vi algo assim antes, embora eu tenha estado aqui com frequência. Sim, aqui é mesmo o lugar onde prefiro ficar. Você está em silêncio e não quer dizer mais nada. Ó irmão, exatamente o seu silêncio está me trazendo algo grande; sim, está me dando a maior suspeita. Não quero mais insistir. Acontecerá, como sempre, segundo a Santíssima Vontade do Mestre.

─ Mas querido irmão, como encontraremos o caminho de volta?

─ Em primeiro lugar, olhe onde você está e só depois pergunte.

─ Como tal coisa é possível? Já estamos no ponto de onde partimos!

─ Sim, você vê, isto é melhor que suas ferrovias na Terra. Nós nunca deixamos nosso lugar, mas tal lhe foi concedido, para você obter uma visão cada vez mais profunda do meu amor interior.

Portanto, você não tem mais nada a fazer a não ser retornar à sua visão e descobrir que você ainda está completamente intacto na postura original. Portanto, nada mais tenho a dizer além de que sou aquele que você teve como um verdadeiro irmão na Terra e que carregava o nome de Frans. Com isso, cumpri minha missão interna para com você; agora você pode se retirar de minha esfera.

Jesus:─ Be m, como tudo lhe agradou? Você ficou completamente e feliz e arrebatado. Sim, está tudo bem, mas não é tudo. Olha, já há um sexto espírito para a nossa assembleia. Ele não pertence mais a este sol espiritual, mas é habitante da Minha cidade sagrada. Na esfera dele, você ainda verá um pouco do Sol Espiritual, mas o verá sob uma luz bem diferente de como aconteceu até agora.

Preparem-se bem todos, portanto. Eu digo que tudo terá um aspecto totalmente diferente agora.

Frans, seu outro irmão e guia, também quer saber o motivo de sua visita. Mas Eu digo que ele ainda não está maduro para isso. Apenas um momento seria demais para ele; de fato, vamos deixá-lo apenas sentir Minha presença.

Veja como ele começa a irradiar alegria e como exclama do fundo de seu coração em êxtase : “Oh, Santo Pai, Tu não podes mais estar longe, pois a inesperada felicidade do meu amor me diz que Tu estás perto de nós! Quando desfrutaremos da mais alta felicidade ao vê-Lo, Santo Pai, no maior amor de nossos corações? !”.

Eu digo que estes espíritos logo terão a misericórdia pedida; sim, muito em breve.

Mas vamos nos preparar para ver ainda mais na próxima ocasião; portanto, é o suficiente por hoje.

C APÍTULO 11

A esfera do sexto espírito. Pedro, a rocha.

Visto que nosso amoroso e hospitaleiro amigo espiritual já está aqui, vocês podem se encontrar sem esforço e imediatamente entrar em sua esfera. Bem, vocês já estão na esfera dele. Por que agora, de repente, vocês estão olhando ao seu redor com ansiedade?

Vocês dizem: “Porque nos encontramos sobre uma rocha alta e estamos cercados por nada além de um mar sem fim e agitado. Ele fervilha e ondula ameaçadoramente em torno da rocha solitária em que nos encontramos e parece não ter fundo. O que será de nós, se este mar se erguer sobre nossa frágil rocha com suas ondas poderosas? Temos apenas nossa destruição certa diante de nós! Onde encontraríamos resgate, se todas essas ondas caíssem sobre nós?”

Mas Eu digo que vocês julgaram mal. Relaxem um pouco e olhem na direção da manhã, onde a grande superfície da água começa a ficar vermelha, então vocês imediatamente mudarão de ideia. Vocês já estão olhando na boa direção; e o que vocês veem?

Vejo que um medo ainda maior está tomando conta de seus corações, e vocês dizem com vozes trêmulas: “Oh, Mestre e Pai, salva-nos, a menos que pereçamos completamente! Pois tão alto quanto o topo das montanhas, monstros terríveis erguem suas cabeças acima das infinitas, e vastas ondas do mar e estão avançando em nossa direção em grande velocidade!”

Oh, pequeninos de fé e fracos de coração, por que vocês, enquanto eu ainda estou com vocês, temem coisas que não têm sentido?

Pois, Anselmo, Eu lhe digo: Use sua visão aguçada, pois o que você vê agora é extremamente importante. Direcione seus olhos ainda mais na direção da meia-noite e me diga o que você vê lá.

Agora você está ainda mais tomado de medo. Até pode, de pura e tola angústia, não proferir mais uma palavra; o que há, então? Você vê a massa de água se abrindo e para os lados das paredes molhadas; no fundo, um fogo ameaçador subindo cada vez mais, devorando as paredes fumegantes do mar. No meio do fogo, você vê um grande dragão de fogo. Ele tem sete cabeças, e nas cabeças dez chifres. Com sua cauda poderosa, divide as ondas. De quatro cabeças que já se ergueram acima das ondas, ele cospe grandes bolas de fogo para todos os lados, sobre a superfície do mar. Agora você também vê como uma grande massa de incontáveis morcegos e outros animais noturnos fogem para suas quatro bocas escancaradas, e como ele rapidamente os deixa descer em suas goelas flamejantes. Ao redor das cabeças, você vê nuvens cúmulos ameaçadoras, pairando, girando inquietas em torno dos chifres, enchendo-os de raios que estão sendo lançados na agitação das ondas. Você vê e fica com tanto medo...

M as Eu lhe digo: Olhe muito bem pela segunda vez; você verá algo mais por trás do dragão. Veja, há uma corrente em volta de sua cauda e, atrás dela, uma quantidade inumerável de correntes menores com escravos, tudo sendo arrastado por este poderoso dragão em seu rastro de fogo.

Você pergunta ansiosamente: “Pai, o que acontecerá com aqueles miseráveis escravos do dragão que surgiu na cena?”

Dê uma boa olhada, então você logo descobrirá como esses escravos atrás do dragão jubilam com espadas nas mãos, dizendo: `Honra a você, poderoso príncipe, você conquistou os povos da Terra e fez os céus pagarem impostos! Assim, você se tornou um poderoso governante entre Deus e toda a Criação. O Céu, a Terra e todos os abismos devem se curvar diante de si. Os ganhos e obras do Filho de Deus que você derrotou agora são seus ou são tributáveis a você, pois você fez tudo na Terra, acima da Terra e debaixo da Terra!` .

Bem, o que você diz agora dos adeptos do dragão, agora que você ouviu isso? Você estremece no mais profundo do seu ser. Mas Eu lhe digo que continue parado exatamente onde está, com os olhos fixos na direção da noite, então você verá imediatamente outra imagem diante de seus olhos.

V ocê já está procurando... Que coisa causadora de ansiedade você vê agora?

Com voz hesitante, você diz: “Mestre, se continuar assim, estamos irremediavelmente perdidos, pois o dragão se envolveu em um amplo círculo sobre as ondas do mar, como uma cobra poderosa e imensuravelmente grande.

Estamos cercados por ele por meio de uma parede de anel incalculável, grande e ardente. Não vemos mais escapatória; seremos inevitavelmente sua presa! Não podemos sumir de onde estamos; o que será de nós? Por todos os lados, vemos a vasta superfície do mar brilhando fortemente. Inúmeros vórtices estão surgindo na superfície brilhante e violentamente fumegante. Vulcões ardentes desordenadamente criam ondas brilhantes tão altas quanto o céu. Ó Pai, ajuda-nos diante de todas essas ameaças, para que não cheguem ainda mais perto! Então, quando ondas brilhantes, cheias de pestilência, maldição e fedor nos devorarem, Tu nos tirará do infinito, eterno e abominável abismo?”

Oh homens de pouca fé, por que estão gemendo tão lamentável e ansiosamente!

Olhem para o meio-dia e imediatamente verão outra cena. Vocês veem como lá, atrás do amplo e poderoso círculo brilhante da cobra, gigantescos seres angelicais armados com poderosas espadas, esperando apenas um sinal, uma pequena piscadela de Mim, para incapacitar a cobra? Primeiro, olhe ao seu redor por todos os lados e conte os anjos julgadores. Não são doze? Sim, é mesmo! Olhe à sua volta. Os anjos receberam a tal piscadela, e a cobra agora jaz ali, morta, cortada em pedaços. Suas peças estão afundando nas profundezas das ondas brilhantes; as ondas esmagam-nas estrondosamente por todos os lados. E agora olhem, onde estão as ondas, onde está o mar! A terra pacífica substituiu a inundação abominável. De todos os lados vêm mensageiros amáveis trazendo Minha Palavra Viva em suas mãos e semeando tudo com sementes.

Agora olhem para a direção da manhã; um novo e glorioso sol está nascendo! Do céu está caindo orvalho abundante no novo solo da Minha Compaixão e Misericórdia, e novos e deliciosos frutos germinam em todos os lugares.

Você entende o que viu! Digo-lhe que essa imagem está muito próxima, está acontecendo bem diante de seus olhos. Portanto, você não deve ficar ansioso, pois na imagem da verdade espiritual superior você testemunhou o fim da fornicação vergonhosa. Agora olhe em volta mais uma vez e olhe para o espírito em cuja esfera você viu tudo isso. Você o conhece?

─ Oh, Mestre e Pai, ele me parece familiar, mas ainda não sabemos realmente quem ele é. Você poderia, portanto, nos dizer quem é nosso amigo hospitaleiro que preparou para nós em sua esfera uma refeição tão horrível e depois alegre?

Eu, Jesus, lhe digo que o amigo hospitaleiro você reconheceria facilmente, se prestasse um pouco de atenção ao lugar onde se encontra. A quem Eu disse que seria uma rocha sobre a qual quero edificar a minha igreja, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão?

─ Simão, que por isso se chamava Pedro!

Bem, ele também é nosso amigo espiritualmente hospitaleiro. Ele vê a Mim e a você, mas enquanto falo com você, ele fica calado, porque está cheio de amor por Mim.

Agora você pode se retirar de sua esfera, pois já se aproxima outra, a sétima, em cuja esfera veremos novamente muitas coisas. O sexto espírito também manteremos em nossa companhia.

C onsidere bem o que você viu hoje, então da próxima vez, na próxima ocasião, receberá uma solução pura. Com isso, chega por hoje.

CAPÍTULO 12

A esfera do sétimo espírito. Imagens enigmáticas de condições espirituais.

Veja, o sétimo espírito já está esperando por você. Você pode imediatamente entrar em sua esfera, para que possa ver a revelação dos verdadeiros caminhos da salvação e sua ordem eterna. Você está agora em sua esfera e está olhando ao redor completamente oprimido e perplexo. O que você vê, então, que o colocou em um estado de espírito tão estranho, como se você não soubesse se está cercado por algo engraçado ou sério? Mas Eu vejo exatamente o que está acontecendo dentro de você e suas palavras interiores, que você mal conhece, estão abertas diante de Mim. Consequentemente, você diz: “Quem pode encontrar a explicação das coisas maravilhosas que vemos a partir dessa imagem que vá pegá-la! Vemos, em vez de um desenrolar, apenas um nó; não necessariamente abominável, mas ainda assim um nó bem confuso! Portanto, quem pode saber como será seu desvendamento? Nós não podemos… O que, então, deve significar?

Aqui e ali surge uma montanha cônica. As pessoas estão subindo por um lado e deslizando pelo outro lado. Quando escorregam, ficam paradas e riem dos que os seguem, enquanto dizem: `Então, era verdade que um tolo ganha dez!`.

Do outro lado, vemos muitos balanços, cada um pendurado entre duas árvores altas e bastante fortes, sendo fortemente balançados. Além disso, há uma multidão de espectadores, rindo zombeteiramente dos que se balançam, chamando-os: `Ei, seus tolos, por que estão tão felizes no balanço onde, de fato, balançam energicamente para lá e para cá, mas ficam parados no mesmo lugar? O arco do movimento do balanço representa a jornada que vocês percorrem repetidamente`.

É a segunda cena que estamos vendo, diz você a si mesmo. E você continua, na terceira cena: “Do outro lado, vemos uma parede circular. Dentro da parede anelar há trilhas para ciclistas, fechando-se em espiral até o centro, onde uma tenda é erguida. Nas trilhas, há pessoas correndo em direção à barraca. Quando chegam, elas se viram e correm para a parede externa do anel. Ao redor da parede do anel, estão aqui e ali grupos de pessoas rindo zombeteiramente dos ciclistas, perguntando-lhes o que pretendem alcançar com a corrida. Alguns param de correr, sobem até a parede do ringue, dizendo: `Como pude ser tão estúpido, pois quase me matei correndo por nada?`.

Em um quarto local, vemos ao redor uma bacia de água com um diâmetro de cerca de mil klafter (1.900 m) e uma profundidade de cerca de um klafter (1,90 m). No meio da tigela, uma enorme pá é colocada em movimento por uma construção anexa de vigas. Com isso, toda a massa de água é forçada a um movimento cíclico uniforme, sendo a mais rápida perto da roda, mas tornando-se mais lenta com o aumento da distância. Na superfície da água, um grande número de barcos a remo está disponível. Nos barcos há pessoas que se esforçam para entrar pela margem, mais perto da pá. Quando chegam lá, cansam-se rapidamente e são empurrados para a margem da tigela novamente. Na praia, novamente, está uma multidão de espectadores, zombando sinceramente dos marinheiros tolos. Os marinheiros não parecem se importar muito com isto. Mas alguns deles que já foram arrastados para a praia mais de uma vez, finalmente saem de seus barcos para a praia com rostos entediados e tristes, até surpresos por terem se deixado levar pela superfície do mar. É muita água por muito tempo, para nada e para ninguém... Apenas alguns assistem ao espetáculo tolo por um tempo e até riem com os espectadores dos marinheiros mui ocupados. Outros se retiram balançando a cabeça, procurando um lugar tranquilo para descansar de seu esforço sem sentido.

Isso será, então, tudo o que vemos na promissora esfera deste sétimo espírito.

V emos muito bem que tais manifestações acontecem com frequência, mas continuam a mesma coisa. Então só quem pode ver uma solução e, acima de tudo, os verdadeiros caminhos da Ordem Divina naquelas manifestações deve ter mais luz em seus olhos do que toda uma legião de sóis centrais concentrados em um só ponto! O que podemos deduzir das ocorrências é o que os sábios de outrora disseram: `Não há nada de novo sob o sol, mas tudo segue seu ciclo antigo e definido; tudo de novo, da mesma maneira, desde o início.`. Assim é o meu parecer.”.

Novamente, cito para vocês outro também antigo provérbio, derivado diretamente da Natureza: `Quem é cego, não vê nada!`. Olha, não há nada a ser dito contra este provérbio, pois assim lhes é em geral neste mundo, especialmente na percepção interior das suas almas. Este mundo inteiro se lhes parece tal como um Tomé, que disse: `Se eu não posso segurar Suas mãos e ver com meus olhos à luz do Sol, não vale nada para mim e não me diz nada.`.

Eu primeiro, gostaria de perguntar a alguém que assim alega se pode segurar as estrelas do céu com suas mãos e pode vê-las na luz do Sol? Olha, você não pode fazer nem uma coisa nem outra. As estrelas, portanto, não existem, porque não você pode fazer nem uma coisa nem outra?

─ Pelo menos eu vejo as estrelas à noite e então posso calcular sua órbita.

Seu testemunho não lhe dá, em relação à sua agudeza mental, nenhuma grande honra, pois você reconhece abertamente que conhece Minha Ordem apenas do seu lado noturno, enquanto o lado do dia ainda está oculta para você.

Você não tem noite, existe como um cego em um dia claro e nem sonha com a ordem das Minhas coisas. É lamentável quando você só pode encontrar sua sabedoria sobre a ordem das Minhas coisas apenas durante a noite e não durante o dia. Veja, isso também fica bastante claro através das coisas que você acabou de ver.

Seja a seguinte cena: Duas pessoas curiosas e sedentas de sensações escalam uma montanha e acreditam que podem compreender os segredos dos céus muito bem lá em cima, com suas mentes podendo explorar até a última gota do que existe nela. Elas, portanto, se esforçam muito para escalar os penhascos íngremes da montanha de forma cônica. Quanto mais alto progridem, menos chão têm para se apoiar. Chegados ao cume, acabam por não ter mais onde ficar, ficam tontos e, não encontrando lá em cima nenhum manípulo celeste, deixam-se deslizar rapidamente para o outro lado, para a mesma planície de onde partiram. No final, não sabem mais o propósito da escalada e não podem fazer outra coisa senão rir de si mesmas. E dizem: `Agora sabemos tanto quanto antes; todos os nossos esforços foram tolos demais. Tentamos pela escalada e aspiramos passar os outros. Por quê?! Apenas para deslizarmos para o outro lado novamente? O que ganhamos em relação àqueles que nunca pisaram na montanha? Nada, pois, em primeiro lugar, estamos tão longe quanto eles estão e, em segundo lugar, estamos sendo ridicularizados por eles, pois nos esforçamos muito para alcançar um mesmo objetivo, enquanto poderíamos tê-lo alcançado com bem mais facilidade.

E você não fez algo como essa imagem? Vou lhe contar outra coisa, então entenderá melhor o caso.

Como você interpreta este texto: `Meu jugo é suave e Meu fardo é leve.`? Se Eu o anunciei, quem obriga aqueles que querem vir a Mim a escalar montanhas para Me alcançar, enquanto Eu os espero em uma terra plana e em uma estrada reta? É por esta sábia razão que a sabedoria mundana humana deve tornar-se embotada por si mesma com o tempo, pois deve tornar-se óbvio que no final ela não pode alcançar nada além do que poderia ter sido alcançado muito tempo antes.

Além disso, você também pode encontrar uma explicação na imagem para o que você viu na esfera do sexto espírito. Quando você acompanha a história dos esforços do dragão de acordo com o Apocalipse de João, fica claro para você quanto esforço o dragão colocou para sair novamente de seu abismo; tal como a imagem de hoje, para subir ao topo de uma ou outra montanha. O que todos os seus esforços alcançaram todas as vezes? Quanto mais alto subia, menos terreno tinha para pisar; e se tivesse alcançado o topo, qual deveria ser a consequência? Desceria rapidamente para as profundezas de onde emergiu, pois não conseguiria se manter no topo.

Se alguns de vocês se voltarem a si mesmos, aqui pode para alguém certamente ser a sua história de trabalho, pode ser a posição de auge em que, como trabalhador, voluntariamente busca ou se encontra. Assim ficará claro para qualquer um que se esforce para permanecer no auge; pois ninguém pode lá ficar indefinidamente lá. Todos certamente serão vencidos pela tontura! O resultado é que sairá do topo e deslizará rapidamente pelo outro lado. De nada adiantará alguém anunciar antes de subir a montanha: `Ouçam, irmãos, subam comigo, eu sei o caminho certo! Venham comigo, pois só assim conseguiremos uma posição segura no topo!` .

E, além disso, ouvimos os espíritos alertarem no início do vale: `Um tolo convincente leva dez`; veja, não apenas dez, mas toda uma multidão se arrasta atrás de tal pessoa. Porém, como uma montanha cônica só tem um topo, ela pode ser alcançada de qualquer direção; mas até certo ponto, nem a largura de um fio de cabelo mais longe! A situação faz com que o homem deslize para o outro lado, para novamente chegar ao estado de onde inicialmente começou!`. É uma lição muito sábia da escola da ordem eterna! Seu nome é devastação e contém tanto quanto a destruição de todos os desejos egoístas. Mas veja, tal imagem já nos dá uma solução importante para o que vimos anteriormente na esfera do sexto espírito.

A s cenas a seguir nos trarão outras soluções. Portanto, por enquanto, fique na esfera do sétimo espírito, até encontrarmos soluções para todas as imagens. Da próxima vez, será a vez do balanço, depois a parede do anel com suas faixas em espiral e, finalmente, a tigela de água. Com isso, chega por hoje.

CAPÍTULO 13

O dirigível Swing em sua imagem correspondente. Culto religioso cerimonial e a vida mundana.

Você já deve ter visto mais de uma vez um dirigível mui monótono e guiado por cabos em solo, conhecido por você pelo nome de 'Swing'; você também participou de uma jornada tão repetitiva. O que você sentiu, quando tal aeronave foi diligentemente puxada para lá e para cá por um capataz habilidoso no solo?

─ Sentimos tudo menos agradabilidade e quando saímos da embarcação, quase vomitamos devido à terrível jornada oscilante! Por esse motivo, também perdemos o desejo de participar novamente da viagem aérea.

Sua descrição é muito boa e poderemos utilizá-la muito bem para nosso propósito.

Você já se perguntou o que aconteceria com tal balanço, se fosse colocado em movimento rápido por um puxador entusiasmado?

─ Ele e todos tombariam; como resultado, o puxador se sairia mal com os viajantes aéreos.

Bom, também esse conto poderemos usar muito bem. Dê-nos ainda uma terceira questão, a saber: A que distância chegam os viajantes em tal aeronave?

─ Depois de horas indo e vindo, chegam tão longe, que descem no mesmo ponto de onde partiram.

Que tipo de jornada é essa? Uma viagem imaginária posta em movimento, mas que não progride além do comprimento oscilante da nave. O viajante seria ridicularizado até mesmo por um caracol, que, mesmo com um incomparável movimento rastejante lento, faria mais progresso em algumas horas do que o comprimento total do alcance mais distante do balanço.

Da mesma forma, vemos na esfera de nosso amigo hospitaleiro como uma multidão se deixa balançar descontroladamente para lá e para cá em grandes balanços. Veja, se o Swing ainda balança com moderação, os usuários gritam para o comandante: `Balance mais forte, mais forte!`. Mas quando o balanço chega a quase meio círculo, todos gritam: `Pare, pare, senão o balanço pode tombar, e nós estaremos perdidos!`.

Você ainda não vê algo na estranha imagem? Ó, está tão claro diante de si como um sol diante dos olhos! Se você apenas der uma olhada no culto religioso cerimonial, você entenderá imediatamente nossa imagem.

Uma criança nascida e batizada em tal igreja cerimonial é vista espiritualmente já colocada em tal balanço. Quando ela se deita nele, o balanço é gradualmente colocado em movimento crescente. Por causa do movimento, a pessoa pensa que está fazendo progresso e vai em frente! À primeira vista, qualquer um pode ver o quão longe essa jornada irá!

Este dirigível paira entre dois pilares. O primeiro significa a chamada doutrina da rocha da fé, o outro, porém, a necessidade do Estado e da política. Ambos são plantados o mais solidamente possível e conectados por vigas transversais. Como tal, continua a jornada entre esses dois pilares e nenhum homem pode se mover mais longe do que o comprimento da corda na qual esse dirigível cheio de significado está pendurado.

Alguns usuários rapidamente ficam enjoados e pulam no primeiro repouso, do que podem se beneficiar. Mas muito poucos abandonam esse dispositivo de transporte para sempre.

Aqueles que têm interesse em tal dispositivo permanecem nele pro forma, permitem-se, pela aparência, serem puxados para lá e para cá e elogiam e exaltam tal dispositivo, cujo movimento é, segundo eles, excepcionalmente benéfico para sua saúde. Com isso, eles também atraem estranhos e dizem aos tolos para entrarem no dispositivo de viagem e que, se quiserem experimentar plenamente o prazer e a satisfação perfeita de tal jornada, devem se deixar serem vendados. Então com isso enganam muitos para irem se sentar em tal dispositivo com os olhos vendados. Então eles começam a gritar com entusiasmo: `Sim, só agora começamos a entender os segredos guardados por trás da monotonia, pois o vai e vem parou e estamos voando pelo espaço infinito! Maravilha! Quem poderia imaginar que haveria algo tão grandioso por trás de algo antes tão monótono?!`

Quando, então, tais viajantes aéreos vendados pensam que já viajaram longe o suficiente, eles pedem àqueles que administram o Swing para deixá-los livres novamente. Mas os administradores, que sabem muito bem quais as consequências que a liberdade teria para os libertos, tentam dissuadi-los com urgência: `Ai de vós se ousásseis fazer isto, porque, na esfera em que estais agora, estaríeis eternamente cegos se tirásseis a venda. Somente quando chegarmos ao grande destino da vida, podereis remover a venda e podereis ver como vos trouxemos em segurança, em troca de uma recompensa mínima que pagastes pela grande jornada até o destino final.`.

Bem, alguns se deixam enganar e bravamente se agarram à venda, mas outros, descontentes com a viagem enigmática, indefinida e velada, arrancam a venda e percebem, com grande desgosto, que ainda se encontram entre os dois pilares. Eles agora desejam sinceramente sair do dispositivo de transporte, mas ainda estão se movendo com muita força e são forçados, apesar de sua resistência, a participar da jornada. Se eles começam a reclamar com seus líderes, são admoestados por várias razões e aconselhados a ficarem calados, para não serem rudemente empurrados para fora do balanço, o que eles não gostariam que acontecesse. E agora vejam, pois para garantir que esses manifestantes sejam compelidos a se submeterem ao veredicto dos interessados, um fogo é aceso de um lado a outro do balanço e um grande número de lanças são instaladas! O que resta a esses manifestantes? Nada mais do que se deixar balançar continuamente para lá e para cá, pagando o balanço contra sua vontade. Como eles anseiam ansiosamente pelo momento em que o balanço vai parar! Mas como e quando isso vai acontecer?

Vamos calcular isso com muita facilidade. Veja, o balanço próximo está balançando muito forte, quase completando um semicírculo completo da esquerda para a direita. Mas veja, por causa desse balanço vigoroso, os pilares começam a tremer com o movimento rápido do balanço e, por causa do atrito intenso, muitos fios da corda do balanço já se desgastaram.

Tal fraqueza do dirigível só é detectada por aqueles administradores com interesses investidos. Eles, portanto, não podem mais permitir o balanço vigoroso, pois dizem: `Se deixarmos as coisas irem muito alto, as cordas se romperão, e acabaremos no fogo ou nas lanças, junto com nossos passageiros. Portanto, nós discretamente pararemos o balanço, traçaremos um acordo com os manifestantes e despercebidamente acertaremos de acordo com seus desejos, enquanto deixaremos as coisas seguirem seu curso. Vemos que não conseguiremos mais nada com violência.`.

Agora olhe novamente. O balanço está se movendo de forma muito irresponsável para frente e para trás, em uma distância muito menor, e aqueles que não estão mais vendados pulam um por um. Quase não vemos mais passageiros, exceto aqueles administradores com interesses adquiridos e um único passageiro com os olhos vendados.

Você também vê que os gerentes do balanço se esforçam diligentemente para apoiar os pilares oscilantes com vários suportes da melhor maneira possível. Os servos pagos sobem ao longo das escadas para tentar consertar a corda gravemente danificada, prendendo-a novamente aos dois pilares com cordas mui fracas. Como a corda não está parada, mas ainda balança para frente e para trás, eles não são capazes de prender um laço seguro em qualquer lugar; é então muito longo, depois muito curto, impossibilitando qualquer contribuição satisfatória para a preservação da corda principal. É uma característica óbvia e clara da situação atual.

Aqueles que querem considerá-lo apenas como uma imagem de fantasia vazia, apenas devem lançar um olhar superficial sobre os feitos e ações do mundo atual. Reconhecerá claramente essas fixações e nós entre países, povos e denominações eclesiásticas. Quero chamar a atenção para várias negociações entre os Estados entre si, resultando em vários acordos. Quem quiser investigá-lo apenas com os olhos semiabertos, verá muito claramente o significado das artes acima mencionadas e do trabalho de trança com cordas e cordões.

Um ou outro agora se oporá a Mim, dizendo: `Se a situação é assim, por que os manifestantes que a percebem concordam com a fixação e reforço das cordas?`. Você tem a resposta claramente diante de você, pois como o balanço ainda está balançando vigorosamente e eles ainda estão dentro da nave, estão mui temerosos, quase tanto quanto aqueles que têm interesses investidos, de que a corda possa se romper prematuramente. Eles, portanto, toleram o nó da corda para não cair com força devido a uma ruptura prematura, ou seja, junto com aqueles que têm interesse investido.

Que a fixação contínua e amarração do balanço são um sinal claro da fraqueza da corda principal agora é óbvio para você. Se um país ou povo se considerasse forte o suficiente contra outro, ele, por causa de seu conhecido poder, daria ordens e não faria uso de quaisquer materiais de fixação. Como conhece as suas fraquezas inerentes, refugia-se no reforço secreto; mas, apesar de tudo, a corda já enfraquecida não aguentará mais, pois já tem fraquezas ocultas devido ao desgaste excessivo.

Se a corda principal se romper, todas as correias e cordões morrerão imediatamente com ela.

Veja, isso nos leva à segunda imagem. Olhe para todas as suas igrejas e situações políticas combinadas e compare cada detalhe com a nossa imagem; você descobrirá que concordam em todos os detalhes.

Para que você entenda ainda mais claramente, quero tirar algo da esfera da Igreja e do Estado. Da Igreja, tomamos como exemplo a confissão de ouvido. A posição do balanço, onde está em seu ponto mais baixo próximo ao solo, é a condição pecaminosa. O homem se confessa e se exalta novamente, balançando para o céu, mas cai novamente com a mesma rapidez. No ponto mais baixo, o homem novamente confessa e então balança para o outro lado, novamente para o céu. Como tal, o homem repete essa ação de balanço por toda a vida e toma decisões para a vida toda na posição de repouso do balanço, geralmente novamente junto com a confissão. Então o balanço não volta a balançar para cima, e o homem deixa a vida no mesmo ponto onde começou. Que progressão o homem espiritual fez com isso, você pode deduzir da imagem na esfera de nosso espírito no sol espiritual; ou seja, que ele continuará balançando até que a corda finalmente se rompa, ou se ele se livrar de sua venda. Para tal medida dada, você pode medir todo o evento cerimonial da Igreja e não descobrirá nada além do 'balanço'. O ser real da vida atual da Igreja também pode ser mostrado com muita eficiência por cada sino de igreja que, a cada balanço, faz um barulho enorme e monótono. Um ouvido harmonicamente sensível pode ouvir o quanto quiser e pode, para esse fim, ficar em qualquer lugar possível; ele não o ouvirá de maneira diferente do que exata e continuamente o mesmo som monótono que pode ser ouvido claramente desde o primeiro golpe do badalo. Tal ouvinte então proclamará o seguinte: `De longe, ainda é possível ouvir este som; mas de perto é intolerável. Se não está perto de mim, então me convém!`.

Assim, temos um exemplo da esfera da Igreja. Agora, um exemplo da esfera estadual.

Olhe para a indústria e para todas as questões monetárias, o ponto central de toda a vida do Estado. Quem não vê o negócio desse balanço contínuo tem que ser cego sete vezes! Você detectará, nas mais variadas e singulares instâncias, a ascensão e, logo a seguir , o deslize para trás.

Um país balança para cima, os outros caem para trás e atingem a posição mais baixa do Swing. Logo o outrora alto Estado de oscilação começará a cair novamente e outra oscilação para cima. Cada vez que você notou um reino que atingiu o pináculo mais alto, foi um sinal claro de sua queda em breve, o que acontece muito mais rápido do que seu movimento ascendente.

Se você olhar para diferentes indivíduos ricos que ganharam com o balanço privado, você verá que eles, em seu próprio balanço onde se encontram, no chamado ponto mais alto de seu bem-estar, já começaram a afundar. É sempre apenas uma questão do comprimento das cordas do balanço.

Se as cordas forem muito longas, o balanço vai mais devagar e mais longe. Mas mesmo que uma corda de balanço chegasse do Sol à Terra, o balanço fixo iria, no momento em que alcançasse o ponto mais alto, imediatamente despencar de volta em sua profundidade insignificante. Como tal, toda a vida mundana nada mais é do que um mero balanço! Você pode ver da maneira que quiser; quem quiser Me mostrar qualquer progresso, darei dez vezes a vida eterna como presente!

Você também pode aplicar o provérbio dos velhos sábios, dizendo: `Não há nada de novo sob o sol!`. Também é a Minha opinião, pois, por tais movimentos e progressos geralmente egoístas, muito pouco será encontrado de novo sob o sol.

Feliz aquele que pode recuar do balanço, pois em terreno livre alcançará com alguns passos e em poucos minutos mais do que com todo aquele balanço em muitos milhares de anos. Quem, então, quer se tornar perfeito como o Pai do Céu é perfeito, precisa evitar nada mais do que a atividade oscilante em todo o mundo. É melhor para a vida eterna do espírito arrastar uma pesada cruz, do que balançar suavemente para a morte eterna.

Bem, espero que você entenda a imagem corretamente. Vamos, portanto, dar uma boa olhada na próxima imagem. Mas vamos deixar assim por hoje!

CAPÍTULO 14

A parede do anel em sua imagem correspondente. Formas das diferentes igrejas cristãs.

Quando você investigar aquela parede em anel um pouco mais de perto, você verá que não há dentro uma, mas várias trilhas começando na lateral interna e espiralando para dentro, uma ao lado da outra, todas em direção a uma tenda fechada no centro. Se você olhar ainda mais de perto, descobrirá também que todas essas trilhas são dispostas de tal maneira, que se pode chegar sozinho na entrada da tenda. No entanto, diz-se à entrada do esplêndido local: `Quem conseguir encontrar o caminho mais estreito e prosseguir por ele, não se desviando por estradas secundárias, chegará certa e seguramente à tenda, onde uma grande recompensa o espera`.

O que significa, então, o estranho curso das trilhas em espiral? Não darei nenhuma resposta definitiva; você o encontrará assim que examinar mais de perto. Portanto, dê atenção detalhada a tal `playground` verdadeiramente tolo, mas, em sua tolice, significativo!

Veja, em todo lugar onde uma trilha começa, de fora para o centro, um líder de trilha está estacionado, bem como um diretor de trilha, acompanhado de uma grande multidão de lacaios. Veja como todos eles exibem rostos extremamente sérios e solenes.

Na larga parede anelar, vê-se uma grande multidão de pessoas de ambos os sexos. Veja como, no início de uma trilha, os de interesse mútuo elogiam e promovem seu líder de trilha como o único correto, dizendo: `Pessoal, venham aqui! Esta trilha é o único caminho certo pelo qual você certamente encontrará a entrada da barraca e também a própria barraca, onde um tesouro inestimável o espera!`.

Mas eis que o líder da pista que está ao lado clama aos convidados: `Não vos deixeis enganar! Conosco, você paga muito menos taxas de trilha, pois nossa trilha é a mais antiga e, portanto, também a reconhecida formalmente; por causa dela, muitos milhares já chegaram à tenda e receberam sua alta recompensa.`

Mas o líder da primeira pista imediatamente se aproxima protestando com veemência e adverte com urgência os convidados para não seguirem as iscas enganosas do segundo líder da pista. O líder da segunda faixa se opõe com entusiasmo contra tal discurso blasfemo e grita com uma voz poderosa: `Eu não digo que vocês não podem vir aqui. Deixo ao seu livre arbítrio vir ou não pelo meu rastro, pois sei muito bem que o meu rastro é o mais antigo e o único certo. Eu gostaria de lhes arrastar até lá pelos cabelos, mas é bastante lamentável que alguém force a tolos como vocês até a felicidade indizível com violência!`.

O primeiro líder da trilha novamente se levanta e grita poderosamente: `Então, de fato, sigam meu vizinho! Vocês com certeza sabem que sua trilha perto da tenda tem um abismo oculto e encoberto, pelo qual todo aquele que trilhar por ali cairá irrevogavelmente para a perdição.´.

A esta declaração, o segundo líder da trilha reage ainda mais fortemente, envia seus lacaios à parede sem dizer uma palavra, a fim de reunir uma multidão para percorrer sua trilha. Quando se oferecem para pagar a taxa da pista, ele se gaba magnanimamente que não recebe nada e só quer garantir a felicidade dos que decidem seguir por sua trilha: `Vocês podem correr ou vagar tranquilamente, como quiserem. Eu certamente garanto que vocês não encontrarão em nenhum lugar do meu caminho um abismo funesto. Todos chegarão à tenda, bem preservados. Meu único pré-requisito é que vocês não saiam do meu rastro. Se alguém sair, por erro ou por conta própria, não responderei por isso, pois em qualquer outro caminho, em vez de acabar na tenda, ele se encontrará num ou noutro abismo oculto`.

Mas veja, perto está parado ainda outro líder de pista. Ele não cria alvoroço, faz uma cara muito amável e compassiva. Os convidados perguntam por que ele faz isso e o que está tão próximo de seu coração. Ele responde com palavras muito mansas e suaves: `Quem não ficaria triste!! Estes pobres estão todos indo pelo caminho errado, enquanto apenas esse é o único caminho certo, indo praticamente direto para a entrada da tenda. Eu não lhes digo para virem aqui, mas quando vocês tiverem experimentado todos os lugares que não conseguirem nada com seus esforços sem sentido e inúteis, vocês se encontrarão automaticamente em meu caminho. Eu nem mesmo tolero que alguém ande na minha trilha e por isso cause ciúmes nos astutos líderes das trilhas além de mim. Quando tiver se convencido em todos os lugares de que foi enganado, sem hesitação virá a mim e pagará de bom grado uma alta taxa de rastreamento, isto se eu lhe abrir meu caminho.` . E olhando maliciosamente para seu vizinho, balança a cabeça e finalmente diz: `Apenas vá em frente! Quem ri por último ri melhor! Eu lhes digo, meus ajudantes, que deixem todas estas pessoas convidadas. Deixe os tolos fazerem o que quiserem, não convidamos ninguém. Vocês podem até trazer os tolos para cá. Assim que os tolos forem trazidos para cá, teremos a certeza de que não procurarão outro caminho e não pisarão nenhum outro caminho senão o nosso. Olhem, se está assim muito movimentado, os peixes gordos serão todos nossos. Montemos apenas um cartaz dizendo: O único caminho certo para a meta!`.

Mas olhe mais longe! Acolá ao lado existe ainda outro caminho, muito estreito, aparentemente muito pobre. O líder da pista senta-se à entrada sem se preocupar com ninguém. Seus poucos ajudantes estão seguindo seu exemplo. Veja quantos convidados vão até este líder de pista, perguntando secretamente a ele: `Como está sua trilha?`. Ele não diz mais nada além destas palavras: `Minha trilha dá testemunho de si mesma. Quem quiser andar sobre ela, vai se convencer se ela o levará ao seu objetivo ou não`. Tais palavras enigmáticas e secretas surpreendem muitos, que começam a segui-lo. Se perguntam sobre o custo, Ele diz: `Não há preço, mas quem quiser percorrer este caminho, dá tudo o que tem, porque também o encontrará de volta. Eu mesmo, porém, não preciso de nada`. Com tal pré-requisito, os interessados nessa trilha se entreolham estranhamente e depois recuam novamente para a parede.

Mas veja, ao lado há ainda outra trilha. Ela tem um verdadeiro negociante como líder da pista. Ele ergueu uma casa completa em frente à pista. Ele não convida ninguém, mas se alguém chegar a ele e perguntar que tipo de trilha é aquela e se ela leva para dentro da tenda, então o líder da trilha diz muito baixinho e secretamente: `Amigo, nunca houve uma trilha como esta; é a mais antiga e está ligada à entrada da tenda. Você gostaria de caminhar nela? Você não vai se arrepender. Só deve pagar a taxa de trilha em moeda fina e tilintante. Você receberá uma fatura no mesmo valor. Se você seguir corretamente a trilha e não se deixar enganar, sem dúvida entrará na tenda e com isso ganhará o grande prêmio. Se você falhar, nem tudo estará perdido, pois com a nota de fatura na mão você receberá de volta as moedas que tilintam, com juros.`

Como pode ver, este líder de trilha tem um fluxo mui significativo de grandes e pequenos, mas não por causa da trilha, apenas por sua gestão financeira. Portanto, ele explode de ouro, prata e várias pedras nobres. Ele não se preocupa nem um pouco com a tenda, pois seu negócio é apenas dinheiro.

Mas olhe ainda mais longe. Ali há ainda mais trilhas, só que menos percorridas. Os líderes das trilhas menos usadas são tolerados pelos demais líderes de pista, mas apenas até certo ponto. Eles, os líderes das trilhas menos usadas, portanto, sentem-se muito tranquilos. Se um peregrino passar, será bom. Se ninguém vier, não terão cabelos grisalhos por causa disso. Em certo sentido, eles não dependem do rendimento da trilha, mas têm seu sustento por meio de atividades em várias baias erguidas em suas trilhas. Se questionados secretamente por alguém se sua trilha é a certa, eles respondem descuidadamente: `Se não for a certa, qual delas seria?`.

Veja, assim o terreno das trilhas é preenchido com seus líderes. Há os grandes, os que chamam, os deprimidos, os silenciosos e os secretos.

Você só encontrará andarilhos e buscadores por toda parte, exceto em uma única trilha, a mais estreita. Exceto na mais estreita, todas as demais trilhas são bloqueadas no final, e todos os caminhantes delas finalmente terminam no lado de fora da tenda. Ninguém chega à entrada, por mais que corra para lá. Assim, muitos se decepcionam com a grande parede íngreme, se viram e novamente vão buscar a liberdade, pois não conseguiram nada ali com todo o seu esforço. Outros se acotovelam ao redor de um líder de pista que está distribuindo moedas que tilintam. Há também líderes de pista que enviam ajudantes secretamente com sacolas cheias de prata e ouro para serem trocadas por notas.

Mas ninguém se dá conta do pobre líder de trilha que descansa na entrada da trilha mais estreita. Ele, portanto, tem pouco a fazer. Se alguém tenta ir até Ele, esse alguém é ridicularizado ou retido com força pelos outros líderes de trilha.

A gora, porém, vejam bem como puseram sobre a parede um notável grupo de hábeis espias, cujos olhos seguem aquele caminho estreito e pouco escolhido. Alguns dizem: `Olha, parece que essa trilha estreita realmente leva à porta da tenda. Se todas as trilhas por aqui levam a lugar nenhum ou apenas a um ponto cego, quem sabe se a trilha estreita não leva à entrada da tenda?`

Vejam, muitos já estão andando por cima de parede, seguindo o caminho estreito com os olhos. Os líderes das trilhas não percebem o significado de tal peregrinação, mas ai de todos eles se os espiões afortunados descobrirem a direção real da trilha estreita. Então as coisas irão mal para os líderes das trilhas, pois eles serão responsabilizados. Todos as trilhas serão destruídas e igualadas à estreita, e o discreto Líder da Trilha Estreita trará tudo a Ele.

Não se surpreenda com as risadas repetitivas que acontecem ao longo da parede, especialmente as dirigidas aos líderes de pista, os quais estão esbravejando cada vez mais alto. Tais risadas têm sua razão bem fundamentada, pode acreditar. Todas as atuais trilhas principais precisam ser bombardeadas com risadas zombeteiras. Todas as suas doutrinas e grandes promessas precisam ser envergonhadas quando a trilha principal for encontrada! Você pode realmente acreditar no que a imagem espiritual está lhe ensinando, pois tal é a realidade. E já existem muitos espiões perspicazes na parede, mas eles investigaram apenas metade da trilha estreita...

Mais alguns olhares e passos, e você verá que o caminho estreito será fortemente percorrido, porém seus viajantes chegarão sem falta à entrada e entrarão na tenda; ali receberão um grande tesouro e o apresentarão a todos os convidados. Quando isso acontecer, estará tudo terminado e o mesmo será feito em todas as outras faixas. Os convidados se lançarão por outros caminhos, derrubarão as cercas e chegarão à entrada da tenda por todos os lados!

D esnecessário dizer que a primeira faixa denota o reino da hierarquia católica; a segunda, a igreja grega; a terceira, a protestante; a quarta, a igreja inglesa; as outras faixas representam outras seitas e religiões. Ao saber disso, você também saberá o que essa imagem significa. Quando você o fizer, descobrirá que muito do que viu na esfera do sexto espírito ficará claro da próxima vez; mas chega por hoje.

CAPÍTULO 15

A tigela com a colher de assentamento. A esfe ra profética de Daniel.

S e você olhou bem para a nova imagem, as seguintes questões lógicas devem ter surgido em sua mente, a saber: Por que a água na tigela redonda está a girar continuamente por meio de uma engrenagem com pás em forma de concha? Em primeiro lugar, para que nenhum marinheiro chegue muito perto da engrenagem de giro; em segundo lugar, para empurrar para fora todos os que gostariam de chegar ao centro da tigela. Todos vão de volta pela água rodopiante, apesar dos seus enormes esforços. Um marinheiro remador, por mais que se esforce, não consegue alcançar a engrenagem para imobilizá-la. Isso o permitiria parar a tigela e ter toda a bela e tranquila superfície da água disponível gratuitamente, para o bem-estar de todos.

A gora surge outra questão, a saber: O que há, então, de tão peculiar no centro da tigela de água? Mesmo que algo exista lá, ainda há ao redor uma superfície de água bem espaçosa disponível. Quem quiser remar em seu barco, ainda pode fazê-lo à vontade e não precisa chegar ao centro. Tudo bem, se você não sabe o que esconde o ponto central, acima do qual a engrenagem de água está presa. Somente quando souber, alguém expressará em si mesmo o desejo: `Fora com essa roda e suas muitas conchas! Não é de nenhum benefício para nós! ´.

Entretanto, devo explicar que a água supostamente ficaria suja sem a agitação constante da engrenagem, e seria um imenso dano para quem explora o local onde a engrenagem está instalada.

Para não o deixar por muito tempo quebrando a cabeça, sobre isso, já vou lhe contar tudo.

Este lugar é uma fonte de água viva. Mas a fonte foi devidamente protegida e, por assim dizer, selada com chumbo; nem uma gota pode se perder. No entanto, todos os fanfarrões que têm interesse na água dizem que a vida da água depende apenas deles. Eles têm o poder de tornar a água viva ou de matá-la. O equipamento foi supostamente dado a eles por Deus, bem como a capacidade de dar vida à água, se for sempre impulsionada por eles. Se a água não for conduzida por eles, ela se tornará morta e não servirá mais para a vida de ninguém.

Eles também dizem que a tigela é, dentre outras tigelas semelhantes nas proximidades, a única que contém a água viva e verdadeira. Em todas as outras, a água é morta, seu movimento imita a água viva e não passa de puro engano. Quem se deixe enganar para levar o seu barco a remo a qualquer uma das outras bacias de água, certamente perecerá.

A prova de que esta é a única tigela que contém a água viva é, em primeiro lugar, sua idade; em segundo lugar, sua extraordinária beleza e estrutura exaltada, servindo ao equipamento vivo. A terceira prova é o seu tamanho extraordinário, mostrando que a tigela é a única realmente. A quarta prova é o seu uso público, visto pelo facto da sua superfície ainda ter o maior número de remadores. A quinta é que todas as tigelas de água saíram desta, mostrado por suas impressionantes semelhanças com a única e verdadeira tigela de água viva.

Mas agora olhe um pouco mais longe. Mais de dois terços dos remadores se dirigem para as margens. Há muito viram a futilidade de sua jornada monótona e inútil na água e, portanto, abandonaram seus barcos. Eles saem para a praia completamente desanimados e desapontados e viram as costas para ela, dizendo: `Não temos algo melhor a fazer, do que nos deixar enganar por tanto tempo com aquela água viva? As pessoas nos disseram para apenas perseverarmos, viajarmos tantas vezes quanto preciso, tomando cuidado para exercermos a quantidade certa de força de modo a garantir que ninguém chegue ao equipamento. Também não deveríamos ir muito perto da costa, permanecendo continuamente na área de água entre a engrenagem e a costa; pois se alguém chegasse muito perto da engrenagem, seria irrevogavelmente dado como morto, posto que o intenso poder dela logo o paralisaria.

Agora, sabiamente, acabamos novamente na praia. Que maravilha que ainda estamos vivos!`. Quem sai destes barcos a remo diz: `Aos outros também caberia olhar para a margem, para ver que há muito mais vida lá do que na muda superfície da água. Eles rapidamente dirigiriam seus barcos para a praia muito mais alegre e não prestariam mais atenção em toda a ostentação poderosa dos posicionados na borda da engrenagem de água.`.

E eles continuam falando: `Todo louvor e honra ao Mestre, por ter dado isso a nós! Mas a questão é onde obter agora outra água melhor... `.

Muitos deles dizem ainda: `Olha lá, na direção da manhã, não muito longe daqui, há montanhas. Quem de nós não sabe que as montanhas sempre têm boas nascentes? Vamos lá prontamente, então. Certamente encontraremos água viva mais pura do que esta velha sopa em movimento!`.

Veja como uma multidão foge secretamente e viaja para as montanhas. Já é um bom sinal. No entanto, ainda queremos ficar na tigela e ver o que vai acontecer por lá.

Você não acha notável ver que há entre os convidados na praia muitos binóculos? Eles inspecionam o equipamento por todos os lados e veem que as conchas estão completamente podres e desgastadas. Mais da metade já está faltando. O que acontece com isso?

V amos primeiro ouvir o que nossos espectadores estão dizendo uns aos outros. Veja, de fato existem alguns inteligentes e um deles diz mui animadamente: `O que eu disse? Chegou o momento! Os grandes investidores da engrenagem estão sentados com as mãos nos cabelos! Eles não podem parar a engrenagem para substituir as conchas, pois se o fizerem a água na tigela ficará parada e logo estará claro para todo remador tolo que não é uma água viva. Nem ousarão fazer a engrenagem girar com mais força, pois as poucas conchas restantes também se quebrariam. Então, se assim certamente acontece, diga-me de uma vez, caro amigo, como agir com a tal água viva? Pois a engrenagem sem pá, mesmo que gire com muita força, não será capaz de mover a água e dar-lhe uma vida aparente; será como os pensamentos que ainda nem nos ocorreram...`

Um segundo diz: `Irmão, vejo muito bem como está ficando a situação. Se os remadores notarem isso, o que, de acordo com minha observação, certamente será o caso, se notarem que o movimento da água está se tornando cada vez mais lento, uma parte deles se convencerá de que as coisas não estão bem com a chamada água viva, achando melhor caminhar na praia! Outra parte irá, de fato, por causa da menor resistência, aproximar-se com pouco esforço do chamado local sagrado da engrenagem. Então verão com seus próprios olhos o que podemos ver claramente da costa, ou seja, a condição da altamente elogiada e poderosa engrenagem. Você sabe, o orgulhoso com interesses investidos continua dizendo que ela nunca vai quebrar e ainda tem o mesmo poder de animar a água. Mas o que diriam os questionadores, se contassem as conchas e descobrissem, para sua surpresa, que muitas estão faltando e que outras ainda presas à engrenagem apresentam danos críticos e significativos? Concorda comigo que eles rapidamente desviarão seus barcos da engrenagem e remarão até a costa?` .

Os outros dizem que tudo está resolvido, especialmente porque as águas mais próximas da costa mal se movem. Proclamemos algo como: `Escutem, capitães do mar, retirem-se rapidamente dessa área, para não enfrentarem o perigo de navegar sobre uma poça de lama cada vez mais fedorenta em vez de sobre a água viva! Como esse diálogo combina com vocês? Acredito que não seja ruim...`.

No entanto, na praia há outro grupo medindo a profundidade da tigela com pequenos gravetos, enquanto barcos vazios flutuam em todas as direções. Olhe, ali estão alguns medidores de profundidade na praia, conversando seriamente. Vamos até lá e ouçamos a discussão deles.

Ouça as palavras do primeiro: `Eu sempre disse que todo o tanque é um desastre raso. A água é escura artificialmente, não tem profundidade significativa em lugar nenhum. Como já existe algo na água que pode facilmente torná-la turva, ela deve ser cuidadosamente mexida para preservar o aparente frescor. Agora a situação está muito clara para nós. O que acham? De que maneira devemos acabar com essa tolice já atrasada? `

Ouça outro dizendo: `Como você vê, aqueles que têm interesse na água são apanhados em mil medos e não têm mais ideia de como consertar o equipamento velho e podre. O que seria mais fácil do que cavar um canal e deixar a água fantástica escoar secretamente para a planície? Quando a tigela não tiver mais água, o equipamento pode girar o quanto quiser, mas você pode ter certeza de que todos os remadores que ainda remam logo se dirigirão para a costa, onde se convencerão de que a vida lá é encontrada em abundância.`

E ouça, um terceiro dizendo: `Você não ouviu que no lugar da engrenagem se encontra a verdadeira fonte de água viva? Se alguém fosse capaz de conquistá-la, isso significaria o maior ganho!`

Ouça, um quarto que diz: `Acabei de ter uma ideia muito boa! O que vocês pensariam se deixássemos de drenar a água, mas cavássemos um túnel sem nenhum problema na parte de baixo da engrenagem? Se a fonte viva estiver lá, com certeza vamos deixá-la emergir de lá, para que ela possa se espalhar em sua plenitude de vida por vastos vales e planícies, como um mar. Quando isso acontecer, esses giradores de engrenagens podem girar suas engrenagens o quanto quiserem, e poderemos ter certeza de que contaremos em nossos dedos aqueles que ainda desejarem ser atraídos para a água em seus barquinhos podres.`

O primeiro diz: `Bravo, irmão, isso eu chamo de uma boa ideia! Vamos imediatamente arregaçar as mangas, pois eles não colocaram o equipamento neste lugar à toa. Eles estão escondendo ansiosamente o que está por baixo. Sabem que será sua ruína certa e, portanto, eles o esconderam e selaram com cautela. Decidimos e está decidido. Agora a construção do túnel deve começar.`

A gora, veja mais. Ele, junto com muitos outros, partiu para a planície e já à primeira vista detectou ali, sendo ele um especialista em montanhas, indícios da presença de água viva. Eles começam a cavar com pás e descobrem uma rica fonte que imediatamente surge fortemente também com a poderosa radiação do sol. Continuam cavando, alargam o túnel e como não encontram rocha avançam rapidamente. Veja como as fontes já descobertas formaram um riacho brilhante que procura seu caminho pelos vales.

Muitos que não estão longe caminham o mais rápido possível até o riacho, que já se transformou em um lago significativo. Seu aroma agradável permeia toda a região, e suas margens tornam-se cada vez mais povoadas.

Agora nossos túneis têm apenas alguns metros a mais para chegar à fonte principal. Olhe para dentro e veja como estão se aproximando da fonte principal dentro do túnel fortemente iluminado.

Agora veja, um deles dá o golpe determinante, e a fonte foi aberta! Ela carrega os trabalhadores para a liberdade eterna e infinita e os recompensa com a vida eterna.

Com grande força e riquezas abundantes, águas jorram sobre todos os vales e planícies; elas aplanam montanhas, e todos os que estavam mortos são trazidos à vida.

Mas veja, aqueles que tinham interesse na água também veem isso, e gritam. Mas não adianta; eles dirigem com força a velha engrenagem de água, mas, uma após a outra, as colheres podres voam.

Agora a superfície de água está repleta de pequenos barcos vazios nas margens. Tudo o que tem pés tenta alcançar a água que dá vida. Apenas aqueles que tinham interesses nas águas sentam-se agora, como você costuma dizer, em pano de saco e cinzas! Alguns se agarram às conchas quebradas e estragadas do equipamento e nadam até a costa da maneira mais eficaz possível, até a costa abençoada. Restaram poucos equipamentos de resgate, todos os barcos se desviaram para a costa, e ninguém quer conduzi-los até lá para salvá-los. A água deles começa a cheirar mal e a água viva se recusa a entrar lá.

Veja, é assim; este é, então, o desvendar completo da imagem abominável que vimos em sua plenitude na esfera de nosso sétimo amigo-hospitaleiro espiritual. Agora você entende as imagens, e isso é suficiente, pois também nos dá uma visão do Sol Espiritual. Como você encontrou no Sol todas as condições materiais em correspondência com o corpo celeste nomeado, assim também é a natureza das condições espirituais.

Quem, então, é este sétimo espírito em cujo espírito você viu isso? Veja, é um velho espírito especialmente destinado a esta época; é o espírito do profeta Daniel. Agora que você sabe, você pode sair novamente de sua esfera e da próxima vez você se encontrará na esfera do oitavo espírito, que acaba de chegar até nós. Portanto, novamente, é o suficiente por hoje.

CAPÍTULO 16

A esfera do oitavo espírito. O relógio mundial e a “última vez”.

A Nova Jerusalém e a esfera de Swedenborg.

Nosso amigo hospitaleiro já está aqui; vá, então, para sua esfera. Você verá dentro da esfera dele, ali será guiado por ele. Preste atenção no que ele vai deixar você ver e no que ele vai dizer, pois muito lhe será esclarecido sobre o que você ainda não entendeu completamente. Você já se encontra na esfera dele; confie nele, ele é um guia competente e nele há muita sabedoria vinda de Mim. Ao longo do caminho, você realmente conhecerá quem é esse espírito. Então ouça-o e siga-o!

O espírito em questão diz: “Vinde, vinde, amados irmãos! Como quer o Mestre, eu vos guiarei pelo Reino da Verdade e do Amor!

Olhai lá para a manhã, para aquelas montanhas excepcional e majestosamente belas. Vede como o Sol Divino, no qual o Mestre habita, já se ergue bem acima das montanhas. Vede como seus raios caem lindamente como uma linda manhã vermelha, nos vales e em outras profundezas do mundo!

Agora tu, Anselmo, olha também para trás; então tu verás um grande mar vivo e com movimento de muitas grandes ondas. Nas ondas, tu vês muitos navios; alguns são enormes, outros pequenos. Vês como as ondas surgem em direção à costa, para absorver os deliciosos raios de sol. Os navios no grande mar também içaram suas velas, para navegar em direção à costa cintilante. Com isso, tu podes reconhecer o poder latente dos raios do sol divino, no qual o Mestre habita.

Mas agora nos voltamos para as montanhas. Lá veremos coisas de uma natureza muito diferente, como a verdade divina se revela lá.”

Você pergunta: “Mas querido amigo e irmão espiritual, aquela montanha radiante ainda parece muito distante. Como podemos chegar lá tão rapidamente?”

─ Ó querido amigo e irmão, não te preocupes com isso, pois nossa vontade nos levará até lá. Tu queres como eu, e olha, já estamos aqui!

─ Ó querido amigo e irmão espiritual, é delicioso aqui; gostaríamos de ficar, pois nunca apareceu diante de nossos olhos espirituais algo tão encantador como a vista da alta montanha.

─ Ali, ao meio-dia, tu vês algo estranho e não sabes o que pensar daquilo. Tu vês, pendurada em um alto ponto no firmamento, uma haste dourada balançando lentamente, para frente e para trás, como o pêndulo de um relógio. Tu queres saber o que é, pois vamos lá, então tu logo descobrirás.

Tu vês por trás do impressionante pêndulo um extraordinário edifício de base quadrada, elevando-se em forma de pirâmide de degraus, passo a passo, até seu pináculo sob o firmamento aparentemente celestial? Iremos até lá no alto e daremos uma olhada mais de perto. As inscrições nos lados nos mostrará o significado daquilo. Tu queres, e estamos aqui! Olha cá em cima.

No décimo degrau, tu vês que dois lados da grande pirâmide irradiam luz. Vê o que está escrito em cada um deles. A escrita te é estranha, bem, então eu vou ler para ti. Em um dos lados está escrito: `Esta é a grande medida de tempo para o que é criado`. No outro lado da pirâmide está inscrito: `É somente o movimento correto de todas as coisas e ocorrências, de acordo com a Ordem Divina`. A partir das duas inscrições, dá para deduzir toda a cena.

Mas vem comigo até a metade da altura do edifício. Lá veremos um mostrador de um grande relógio mundial, no qual tu poderás facilmente ver que horas são agora. Vê, novamente já estamos no nosso destino. Tu estás surpreso que a placa do mostrador do relógio tem números apenas de um lado, o lado esquerdo, de um a doze. O lado direito, voltado para o lado da manhã (leste), é completamente sem números. Isso ocorre porque o lado noturno (oeste) representa apenas o temporário; o lado matutino representa o eterno e, portanto, o espiritual.

Quando toda a criação material foi concebida, o grande ponteiro de luz ficou bem embaixo, no número um. Mas onde está o ponteiro das horas agora? Ele está bem lá em cima e quase no final de seu último número. Ele só deve passar cerca de dois últimos pontos, então entrará no lado liso de luz. Tu realmente sabes o que isso significa? Vê, isso denota o fim dos tempos! Agota tu perguntas se tudo deixará de existir quando o ponteiro das horas chegar à superfície lisa, livre e branca! Isso será mostrado por uma próxima placa, posicionada mais acima. Vamos, portanto, mais acima comigo.

Olha, aqui já tem outra placa de mostrador. O que vês nela?

─ Aí vemos exatamente o contrário; o lado voltado para a noite é escuro e incontável. O lado voltado para a manhã está inscrito com números novos e brilhantes. Aqui, o um está acima, o doze, abaixo. O grande ponteiro das horas já toca o primeiro ponto do um, brilhando como uma brilhante estrela matutina. Cada número formando um grande círculo na parte inferior brilha mais forte, e o brilho do último número é como o do sol, brilhando gloriosamente pela manhã.

─ Todos prestaram atenção; mas o que quer dizer? Tu aprenderás imediatamente. Vê, como tal é um tempo antigo e sombrio, passando para um novo e brilhante. Portanto, as coisas não perecerão, mas a elas será dado `um novo tempo`. Como a primeira vez foi uma hora de perecer, uma hora da noite, a próxima hora será uma hora do despertar e uma hora do dia! Agora vós entendeis o significado desse grande mecanismo de relógio.

Vamos, então, novamente desviar nossos olhares e dar uma olhada mais de perto naquelas coisas que ainda estão em uma abundância infinita e maravilhosa ao nosso redor.

Tu vês na direção do meio-dia um edifício quadrado e excepcionalmente grande, parecendo um grande cubo com cerca de doze mil klafters de comprimento; largura e altura, portanto, iguais ao comprimento. No topo dos quatro cantos, quatro figuras humanas gigantescas, com quatro animais diferentes a seus pés. Iremos lá imediatamente, para ver o que significa. Tu queres e, portanto, estamos, como vês, na superfície brilhante do grande cubo. Vê, então, lá no meio da superfície brilhante está outro cubo fortemente radiante, com um livro completamente aberto sobre ele.

E o sétimo selo já vês quebrado e deste selo tu vês várias formas gigantescas surgirem. Muitos espíritos vestidos de branco, carregando grandes trombetas, voam para todos os lados.

Vê, alguém tocando a trombeta, e dela saem muitas coisas como guerra, escassez, fome e pestilência. Eis que outro toca a sua trombeta, e dela sai um fogo devorador. Onde quer que caia, devora a todos e derrete as pedras mais duras como gotas de água em um prato incandescente. Olha mais uma vez, ainda outro toca sua trombeta, e uma grande inundação, cheia de bestas abomináveis; vê, lá embaixo, como a velha Terra se afoga nesta inundação. E olha lá, um quarto está tocando sua trombeta, e um grande dragão de fogo cai, amarrado e algemado, para onde tu vês uma profundidade infinita, em um mar de fogo imensurável e fervente.

Mas agora, olha para as quatro figuras gigantescas nos cantos. Elas estão equipadas com grandes trombetas. Vê, aquele na direção da meia-noite toca sua trombeta poderosamente, da qual sai um espírito, segurando uma grande foice para punir a Terra. Olha, aquele que está na direção da noite toca sua trombeta, e dela sai outro espírito segurando uma vassoura brilhante e ardente para varrer a sujeira da superfície da Terra. Agora olha, na direção do meio-dia, um grande espírito também está tocando sua trombeta, e dela sai uma multidão de espíritos munidos de uma variedade de cestos com sementes, para plantar um novo fruto na Terra limpa e varrida. Mas agora, vê, o espírito na direção da manhã também está tocando sua trombeta e dela sai uma nuvem brilhante. Nela, você vê inúmeras multidões. Acima da nuvem, tu vês uma cruz radiante, e na cruz está um Homem, manso como um Cordeiro! Vê, é o sinal do Filho do Homem.

Com isso, também vimos aqui o que pode ser mostrado a ti; tudo isso é a Luz da Verdade, de onde tu percebes essas coisas.

Tu estás voltando teu olhar para a manhã e vês, para tua grande surpresa, uma cidade grande e extraordinariamente bela, irradiando como o sol acima dela. Tu gostarias de saber o que é esta cidade e gostarias de vê-la mais de perto? Tu assim queres! Vê, a cidade já está bem diante de nós.

Como isso combina contigo aqui?

─ Indescritivelmente bem e bom, pois aqui respiramos amor puro, e tudo o que vemos tem um caráter peculiar suave, que respira amor. Como brilham lindamente as paredes da cidade; quão excepcionalmente exaltados e magníficos são seus portões, e que luz indescritível e gloriosa irradia para nós de cada portão! Incontáveis multidões alegres de espíritos angelicais vagam dentro e fora dele! Oh, que boas habitações devem existir lá dentro!

─ Tu dizes que gostarias de dar uma olhada dentro da cidade. Também isso podes fazer. Mas eu te digo de antemão que a cidade é tão infinitamente grande, que nem mesmo com a maior velocidade do pensamento, nem em uma eternidade podemos passar por ela totalmente; pois a cidade se torna grande, infinitamente maior, quanto mais alguém penetra em seu ser interior.

─ Em Nome do Todo-poderoso Mestre! Que magnificência sem fim! Filas sem fim de habitações! Parece que não há fim para a rua que agora estamos olhando.

─ Sim, eu te digo que poderias vagar para sempre por aquela rua, mas nunca chegarias ao outro lado, e tais ruas e planícies são incontáveis nesta cidade. Tu gostarias de saber o nome desta cidade, então leia a inscrição acima do portão. Ali está escrito: `A cidade Santa de Deus`; ou também, `A Nova Jerusalém`.

E eu, que vos guiei por aqui, sou o espírito de Swedenborg. Com isso, tu viste o que o Mestre te concedeu para veres em minha esfera. Assim, vamos voltar novamente.

Vê, estamos novamente no lugar de onde partimos. Sai agora da minha esfera e vai até Ele, que está esperando por ti e cujo nome é: Santo, Santo, Santo!!!

Bem, você está aqui novamente... Você levou tudo bem para dentro de você mesmo? Você responde positivamente, mas Eu lhe digo: O que você ainda não entende, no devido tempo, certamente na esfera do próximo espírito ficará mais claro. Assim, chega por hoje .

C APÍTULO 17

A esfera do nono espírito (evangelho de Marcos). Orientação no verdadeiro mundo espiritual. Como o mal do amor físico é visto no Além.

Também com o nono espírito, você verá e falará na esfera dele. Ele irá guiá-lo para lugares diferentes, onde você verá e entenderá tudo o que ainda lhe é estranho até agora. Com isso, você também verá sob uma luz mais brilhante muito do que viu até agora.

Olha, o amigo hospitaleiro já está lá; entrem em sua esfera imediatamente e sigam suas instruções.

Vocês já se encontram na esfera dele. Prestem atenção no que o novo guia vai lhes dizer.

Ele diz:“Caros amigos e irmãos, venham, venham comigo ver o que o amor infinitamente grande do Pai tem feito e como Ele sempre é generoso. Regozijem-se muito, porque o Mestre tem prazer em mostrar-lhes coisas novas no espírito; pois vocês verão com seus próprios olhos quão insondáveis são os caminhos do Mestre e quão inescrutável é o conselho de Sua infinita e eterna Sabedoria!

Olhem ao seu redor até onde seus olhos espirituais podem alcançar e digam-me o que aparece diante de seus olhos.

Anselmo, eu vejo que você se sente constrangido com a magnitude da cena, está perdendo o juízo e não sabe por onde começar! Portanto, vou lhe descrever claramente em palavras tudo o que você vê. Na direção da meia-noite, você vê um ambiente bastante estéril; cadeias de montanhas altas e íngremes, uma após outra olham para baixo como juízes ameaçadores sobre as belas planícies. Aqui e ali, entre montanhas e colinas menores, você descobre edifícios que parecem suas casas na Terra; aqui e ali, mais na baixada, fica também uma igrejinha. Nas esferas mais altas das montanhas, você vê nuvens cinzentas passando e subindo alto. As montanhas parecem consistir de pura neve e gelo, como as altas geleiras de sua Terra. Você também vê que toda a região do norte é cortada de onde estamos agora, por um grande e largo rio. Ao seguir o curso deste rio, descobre que ele tem sua origem na região entre a manhã e a meia-noite e corre quase em forma de meio círculo, entre o entardecer e a meia-noite. Sua água surge em ondas poderosas, e existe apenas uma única balsa, ou melhor, um navio empurrado pela correnteza, possibilitando a passagem do rio para os habitantes que vivem do outro lado do rio.

Você gostaria de saber que tipo de habitantes são aqueles? Em breve saberemos. Venha comigo; o barco está de fato na margem e cruzaremos o rio com facilidade e sem esforço. Você quer e, olha, já estamos na beira do rio. Entre no barquinho com coragem e não tema as ondas espumantes nem as profundezas escuras do rio. Vamos dirigir o barco tão bem, que nem uma gota cairá nele.

Você está sentado no barco. Veja, a jornada é melhor do que você pensava, pois já estamos no meio do rio. Não se assuste com os monstros que erguem suas cabeças acima do rio com suas bocas escancaradas, parecendo que podem devorar mundos inteiros. Pois olha, estamos quase lá. Agora chegamos ao outro lado. Pise na praia, e eu o seguirei e amarrarei o barco.

Olha, estamos em terra. Lá, situada bem no fundo de um vale, você vê a cidade suja. Vamos lá e vejamos o que há para ser visto. Aqui estamos; que lhe parece? Você fica arrepiado! Eu lhe digo que ainda parece bom, pois ficará ainda pior.”

Você diz: “Amigo e irmão! Estamos surpresos com isso, pois as casas excessivamente repugnantes parecem parte de um centro de cidade queimado em algum outro canto escuro da Terra. As pessoas que vemos aqui parecem tão desabrigadas, que mal podemos imaginar algo pior na Terra. Um par está se aproximando de nós; o homem está seminu. As partes nuas de seu corpo estão emaciadas e sujas, e parece que ele tem uma ferida ardente no peito. Seu cabelo está mais do que meio carbonizado pelo fogo, e metade de seu rosto parece queimado. Sua companheira parece ser sua esposa. Mestre, que lamentável figura feminina! Ela parece como se já estivesse no subsolo por três anos. Apenas sobre seus ombros estão pendurados alguns trapos sujos, como se tivessem acabado de ser retirados de um poço de alcatrão. Seus pés descalços parecem ossos sem carne! E seu braço é um braço de esqueleto parcialmente queimado, e a outra parte está coberta de pus e furúnculos! Sua cabeça, que expressão facial! Verdadeiramente, quem pode encontrar aqui qualquer coisa, exceto a morte, deve ter um alto grau de sabedoria.

─ Sim, meus caros amigos e irmãos, não se deixem abalar por esta cena, pois os habitantes da região são os mais bonitos; é apenas o começo da grande miséria acomodada nesta região. Mas vamos agora para a própria cidade, onde vocês verão coisas realmente surpreendentes.

Lá está a primeira casa. Olhe para dentro. O que você vê? Oh, você recua assustado; o que tem lá? Eu sei mui bem que não há perfume! No chão da sala, seres humanos meio decompostos e enjaulados, abraçando a carne podre e fedorenta que parcialmente pende dos seus ossos. Certamente não é uma cena louvável, mas não pode ser diferente, pois é assim que o amor carnal é expresso aqui.

Você pergunta se tais seres estão completamente perdidos. Você certamente conhece o grande amor e compaixão do Mestre. Veja, a carne, ou melhor, a luxúria carnal de todos esses seres deve ser devorada da maneira mais repugnante possível, antes que eles possam chegar a uma condição em que qualquer ajuda seja possível para eles. Você acha que, visto desse ponto, tais seres altamente miseráveis são infelizes nessa condição? Oh, não, não completamente! Se eles se sentissem infelizes, quereriam fugir rapidamente, pois cada um deles ainda tem forças suficientes para se mover rio acima, pois a água possui um poder purificador e curador. Só que o prazer físico é o elemento deles, por isso mastigam a carne, até comê-la por completo.

─ Essas pessoas têm algo para comer e ainda conseguem comer alguma coisa?

─ Venha à segunda casa e olhe dentro da moldura, então você verá prontamente a refeição. Bem, o que você vê aí? Você não é capaz de continuar procurando! Por que, então, você se afastou do quadro tão rapidamente? Sim, veja, também trazem consigo a luxúria carnal. Na Terra, você tem um ditado: `Gostam tanto um do outro, que podem comer um ao outro!`. Portanto, você não precisa ficar tão horrorizado ao ver como os moradores da casa comem os pedaços de carne podre uns dos outros, já cheios de larvas e vermes. Como tal, a carne precisa ser digerida, se a centelha de seu melhor espírito ainda quiser ser libertada.

Agora você pergunta se os pobres seres não têm nada para fazer. Também isso veremos. Já existe outra casa. Olhe para dentro através da moldura parcialmente deteriorada e você verá imediatamente com o que os moradores estão se ocupando. Mas, mais uma vez, você foge da moldura. O que o repele do quadro com tanta pressa? É tão peculiar ver na luz certa, como os moradores da casa pescam da sujeira fedorenta do chão os trapos de carne parcialmente apodrecidos e os esfregam sobre suas nádegas nuas. E quando cobrem algum tipo de esqueleto com tais farrapos de carne, eles imediatamente pensam novamente em ter relações sexuais e fazem todos os esforços para se darem ainda algum prazer físico e sensual! Por que, então, você está tão surpreso com tal espetáculo? Ocorre melhor na Terra? Se você percebesse com olhos espirituais a carne tenra e tão admirada na Terra, veria abominações ainda maiores do que aqui!

─ Os pobres seres não têm nenhum conceito do Mestre e nenhum desejo por Ele?

─ Primeiro, prossiga um pouco mais. Veja, ali na colina está o que parece ser uma ruína imunda de uma casa de oração. Nós iremos lá; quem sabe que coisas espetaculares descobriremos! Olha, aqui atrás da montanha está uma entrada já arruinada. Devemos apenas olhar para dentro e encontraremos imediatamente uma resposta adequada para sua pergunta.

Bem, você quase cai para trás de susto! Que coisas incríveis você descobriu? Você mal consegue respirar, muito menos falar! Você ainda não deve reagir assim, para que esta excursão não termine cedo demais. O que viu aqui, no entanto, nada mais é do que algo completamente natural. Pense bem; a pessoa sensual e gananciosa leva essa tendência consigo a todos os lugares. Quando ela entra em uma casa de oração, ela pode ver o que quer. Seu amor sensual, portanto, estará sempre ativo. Cada objeto será colorido de acordo com sua personalidade. Como tal, todo objeto olhado por uma pessoa sensualmente luxuriosa será espiritualmente visto em tal repugnante amor sensual. Por causa disso, você viu no lugar do altar nada mais do que puros órgãos sexuais de ambos os sexos. Uma estatueta em cruz mal situada e nada atraente foi pendurada e decorada em ambos os lados com tais objetos de luxúria. Você até viu como algumas pessoas se demoram na casa de oração, como se estivessem em um museu; ficam completamente absortas ao olhar para as obras de arte nomeadas e têm muito prazer nisso.

Você acha que é excessivo? Digo que não é nem um pouco exagerado, mas é a pura e sóbria verdade. Pois há entre vocês na Terra muitas pessoas que pensam no Mestre de vez em quando, especialmente quando O veem esculpido em madeira, retratado apenas materialista e grosseiramente; mas quanto tempo dura tal lembrança? Apenas um olhar para um ou outro tipo de mulher atraente, e a lembrança do Mestre será exatamente como a imagem, decorada e tecida com todos os tipos de partes encantadoras do corpo! Na Terra, tais coisas estão escondidas pela pele, mas no espírito tudo está aberto e descoberto para se ver.

─ Caro amigo, mais fundo neste vale imundo, ainda existem muitas dessas habitações lamentavelmente deterioradas? Haverá continuação destas louvações carnais?

─ Meu querido amigo e irmão, é apenas um teste. Iremos ver mais alguns palácios, e acho que você terá o suficiente para resolver esse problema. Eu acho que você terá o suficiente e tenho certeza de que não haverá mais perguntas para os outros palácios.

Eis que já estamos em um. Basta olhar para ele e você ficará surpreso com o que verá de relance. Bem, bem, você começa a se curvar aqui como se uma cólica terrível tivesse tomado conta de você! Então o que é? Não encontro nada de novo; são aparições de sua Terra, assim como ocorrem lá. Você não vê nada aqui além de um monte de mulheres deitadas sobre tábuas sujas, que ainda parecem razoavelmente carnudas; apenas a única circunstância de que seres masculinos de aparência selvagem e sensual caminham entre as mulheres, cortam buracos na carne das mulheres com facas pontiagudas e, em seguida, aplicam seus órgãos genitais nas feridas recentes. Além disso, as mulheres amarram as mãos dos homens, depois as prendem a uma estaca com uma corda, depois passam pelas partes genitais masculinas e as rasgam com dentes brilhantes. Em contrapartida, os homens arrancam os seios das mulheres e os penduram em suas partes genitais, alguns deles são até pendurados em todo o corpo; com seios femininos tão dilacerados, essa desgraça, é claro, parece muito sangrenta. Você está horrorizado devido a toda essa circunstância!”

─ Não, mas isso, afinal, é um exagero

─ Eu digo a você, no entanto, que de forma alguma o é, pois se em sua Terra você apenas contemplasse o desejo carnal com olhos espirituais em uma milha quadrada de espaço, se visse o quão diferente ele é, você constataria muito mais. Você pode acreditar, se alguns dos habitantes da Terra tivessem afastado o estado punitivo e as leis burguesas, você veria que invenções verdadeiramente infernais viriam à luz do dia, todas cheias de luxúria carnal!

Você tem algum desejo de olhar para a próxima casa? Você balança a cabeça e, portanto, não vou mais guiá-lo, mas direi brevemente que você não veria nada melhor, mas apenas pior. Como tal, você teria visto na casa ao lado todos os tipos de profanação de jovens. Se você fosse mais longe, veria como jovens são forçadas e atraídas por homens sensuais à fornicação. Mas a visão de tais abominações terríveis iria prejudicá-lo mais do que beneficiá-lo, e é melhor para você não vê-lo!”

O Pai: Agora olhe lá no fundo do vale imundo, você verá até casas queimando. Você pergunta o que significa; pois significa que a luxúria carnal degenerou em malícia, retratando o ciúme na Terra. Em tal habitação, você nem pode olhar dentro se não estiver preparado, pois pode custar sua vida!

Não temos mais nada a encontrar neste vale e da próxima vez iremos para outra cidade. Veremos como as coisas vão se sair por lá. Eu lhes digo que não esperem muito, pois ainda veremos muitas outras coisas. Vamos deixar assim por enquanto.

CAPÍTULO 18

Como a usura toma forma no Além.

Antes de irmos para o outro vale, ainda quero lhe dar uma resposta curta a uma pergunta que você Me fez. Você queria saber se o que você viu anteriormente é o inferno. Não posso responder nem sim nem não, mas apenas dizer que o que você viu é de natureza infernal, não o inferno real. Pois o que deve ser visto nada mais é do que uma representação independente do mal, especialmente no que diz respeito aos desejos humanos. Onde você viu os seres mais emaciados, o mal está em igual medida. Onde os seres ainda estavam envoltos em um pouco mais de carne e eram vistos como mais ativos, ali o desejo de fazer o mal é, em igual medida, o mais ativo.

Na Terra, isso fica claramente expresso, pois você deve ter conhecido pessoas cujos múltiplos pecados destruíram sua natureza sensual a tal ponto, que elas não mais são capazes de manter sua luxúria física artificialmente, nem com meios estimulantes artificiais. Veja, essas pessoas aparecem aqui em primeiro plano, porque, de vez em quando, de fato nutrem um pensamento, um “insight” sobre a invalidade e a transitoriedade de tais prazeres. Mas, no fundo, você viu aqueles com quem o poder de sua luxúria ainda se igualava ao poder da ação. Basta olhar para essas pessoas na Terra; como eles vivem frouxa e escandalosamente, desde que tenham algum escasso poder.

Com isso, você pode concluir que o que você viu tem algo de inferno, mas não o tem por completo; é apenas o caráter infernal do maligno tornado visível. Sabendo disso, agora iremos com esse conhecimento para o próximo vale já mencionado.

Olha, este só está separado do já conhecido vale por uma serra bastante imunda. Basta atravessarmos esta serra e logo veremos o caráter do outro vale. Você quer, e nós já estamos no planalto da serra. Veja, lá embaixo está a nova cidade; como isso combina com você? Você vê que, de longe, parece melhor que o anterior; só que não podemos esperar muito...

Você pergunta por que os prédios aqui são muito maiores e parecem muito mais respeitáveis do que os da cidade anterior. Desçamos imediatamente à cidade, e você logo encontrará a resposta.

Bem, já estamos em frente à primeira casa. Tem uma parede caiada de um branco sujo na frente; no entanto, não possui moldura ou entrada na frente.

Você pergunta por que é assim. Porque este lado é pela manhã e é uma abominação para os habitantes desta cidade. Para considerar tal casa, devemos entrar pela parte de trás do edifício, situado um pouco mais alto na montanha. Há uma grande moldura; olhe para dentro e me diga o que você vê lá dentro. Oh, você já está encolhendo. Como, então, será na próxima casa?

Você diz estupefato: “Por Deus, isso é inédito, desumano, impensável! Ao fundo está um monstro humano sentado em um banco largo. Ele é desumanamente gordo e tem uma barriga repugnante que ocupa mais da metade da sala. Sob seu queixo pende uma massa imunda e carnuda de gordura. Diante dele estão várias pessoas esqueléticas emaciadas, empurrando-se na frente dessa repugnante barriga gorda, implorando para que ele as coma! O monstro, de fato, já colocou vários esqueletos humanos já cortados em uma mesa robusta à frente dele. Mas alguns no fundo estão xingando o monstro e, com raiva, querem atacá-lo. Eles estão sendo retidos por aqueles a quem o monstro prometeu também comer sua carne e convertê-la em sua gordura.

O que significa essa representação enigmática e abominável? Quem pode que o compreenda? Nós não entendemos nada disso!”

Jesus: ─ Eu digo a vocês, caros irmãos e amigos, que se vocês não entendem imediatamente e não veem isso claramente, vocês deviam estar vagando pela Terra completamente cegos! Não é uma excelente descrição do usurário, especialmente de um magnata da indústria egoísta, que fez do propósito de sua vida agarrar tudo ao seu alcance que pudesse produzir juros? Indique os limites de satisfação de tal usurário; não vai até o infinito? Ele teria o menor distúrbio de consciência para direcionar todos os tesouros e riquezas do mundo inteiro para si mesmo? E ele derramaria uma lágrima, se pudesse atrair para si a vida de todas as viúvas e órfãos da Terra e digeri-la?

Eu digo que os pobres ainda estão vindo em massa a ele, oferecendo-lhe couro e lareira; estão esgotando os seus recursos, trabalhando para ele por recompensa escassa. Outros trazem-lhe o pouco que têm e se consideram afortunados se aceitos contr a aluguel de um cantinho miserável.

Alguns miseráveis igualmente cobiçosos, mas inexperientes, discernindo as artiman has do rico, ameaçam destruí-lo e matá-lo. Somente aqueles que têm interesse investido em nosso usurário, entendendo que prefeririam morrer quando ele morresse, com completa satisfação detêm tal ataque tanto quanto possível.

Bem, o que você diz agora de tal imagem? Não é surreal e não mostra o mal exatamente como ele é? De fato, foi apenas um começo benigno. Vamos, portanto, para a próxima casa, um pouco maior, e dar uma olhada lá dentro.

Veja, estamos parados na moldura da porta. Você deve olhar atentamente para dentro, pois como a casa é maior e, como você pode ver, tem na parte de trás apenas duas portas relativamente pequenas e sujas, é bastante escura por dentro. Você já viu o que pode ser encontrado dentro? Você está pulando para trás de susto, estremecendo; isso me diz que você realmente deu uma boa olhada no que está dentro. Mas você não é capaz de falar . Posso acreditar prontamente, pois espetáculos como esses permitem que até mesmo nós, espíritos fortes,fiquemos muito chateados, especialmente porque isso está se tornando cada vez mais comum e pronunciado. Vejo que será necessário queEu n arre, pois você não encontrará facilmente palavras para descrever tal imagem.

Mais uma vez, você vê no fundo, um ser repugnantemente e engordado? O ser tem um abdômen terrivelmente inchado, sua cabeça tem a aparência de uma hiena, seus braços parecem um par de poderosas e gigantescas cobras, seus pés parecem os de um urso. Em seu enorme abdômen, ergue-se uma espécie de altar. No meio do altar, é colocada uma lança de dois gumes. Você vê uma multidão de seres humanos emaciados perfurados e amarrados na lança. Um dos braços de cobra está continuamente ocupado, tirando seres humanos da lança um por um, empurrando-os às mandíbulas do glutão. O outro braço de cobra se agarra por todos os lados para capturar os pobres e miseráveis que foram banidos para tal sala horrível. Então os joga na lança de seu altar abdominal. A terrível tristeza dos infelizes apenas revigora o braço do glutão.

Olha, é a imagem que você viu. Como se sente?

─ Terrível! E mais, isso é muito grosseiro! As coisas andam más na Terra, mas agora nos parece, pela imagem, um pouco exageradas!

Aqui é retratado não muito mais, nem muito pouco, mas sempre a pura verdade. Dê uma olhada nos grandes heróis industriais em sua Terra. Tome uma medida e meça a boca gananciosa desses magnatas. Investigue como é com os braços dele e você determinará que se parece com os braços da cobra. Um está continuamente ocupado empurrando, o outro está ocupado − por muitos meios astutos, artifícios e violência − coletando saques. Sempre que apanha algo, é imediatamente pregado como sacrifício à sua ganância no já conhecido altar.

─ Por que o altar, então, fica no abdômen do monstro?

Porque o abdômen é o símbolo de todos os piores tipos de ganância, egoísmo e amor-próprio. A grande barriga retrata o excesso deste amor, e o altar no abdômen mostra os chamados seres mundanos honrados e exaltados e, portanto, o caráter orgulhoso e altivo de tais impressionantes barões industriais.

O que, então, significa a lança ou espada fixa de dois gumes sobre o altar? Isso você certamente poderia adivinhar imediatamente. Você nunca ouviu falar sobre direitos mercantis ou de troca? Veja, ali está, bem em cima do altar! Portanto, se um ou outro pobre for pego, ele será agarrado sem piedade ou desculpa, traspassado por este direito e imediatamente morto.

─ Quem são aqueles pobres tão diligentemente capturados e por que a lança é de dois lados?

Os muitos pobres seres são muitas pessoas diferentes. Alguns, que são pegos primeiro, consistem em comerciantes de detalhes; outra parte é aqueles que, por necessidade, devem fornecer seus produtos a um grande especulador; uma terceira parte são vários povos estrangeiros pobres que têm relações comerciais com certa casa comercial; uma quarta parte são outros mercadores gananciosos; uma quinta parte são corporações comerciais estacionadas em outro lugar; uma sexta parte são aqueles que dependem das casas de várias maneiras.

A lança de dois lados está pronta para ascategorias. Mas quase esquecemos o significado da lança de dois gumes. Também é bastante óbvio: um lado representa a política comercial dos comerciantes; segundo lado representa o direito presumido que ela deu a si mesma de organizar seu comércio de tal forma, que produza o máximo de juros comerciais para ela.

Você entende isso? Se você não entender isso corretamente, pesquise e me diga onde está o interesse comercial legalmente prescrito para a vida útil da mercadoria. Como tal, a lança corta para os dois lados; de um lado, a conhecida política mercantil e, de outro, a caçada sem limites. Ambos os gumes estão tão intimamente ligados à lei de mercadorias tanto quanto os dois gumes com uma espada. A imagem não é apropriada e mostra nada mais e nada menos do que a verdade?

─ A imagem é verdadeira, não deixa dúvidas de que pertence ao inferno mais profundo!

No fundo da questão, você não está errado, mas a declaração anterior continua verdadeira, pois tudo isso significa apenas o mal, sem se referir às pessoas que atuam na indústria do mal. Portanto, é infernal por natureza, mas não o próprio inferno. Pois se você realmente visse algo do próprio inferno, você teria saído muito diferente.

Veja, ainda há muitas destas casas na ravina imunda, mas como a malícia da ganância nelas é retratada cada vez mais interiormente e, portanto, inexprimivelmente mais atroz, você não seria capaz de suportar nem mesmo a representação seguinte. Então terminaremos com a visão destas duas casas. Quando a atrocidade se transforma na esfera do ciúme ardente e ganancioso, ela se torna verdadeiramente infernal e, portanto, não é adequada para seus olhos fracos.

Da próxima vez, portanto, iremos a um terceiro vale. Lá veremos novamente muitas novas aparições. Paramos por hoje.

CAPÍTULO 19

Como o desejo de poder é expresso na vida futura.

Para chegar ao terceiro vale, não precisamos fazer nada além de passar por essa pequena cordilheira mais alta. Você quer e olhe, já estamos aqui em cima. Olhe para baixo, mais à noite, e você não perderá a primeira cidade mencionada.

Você diz: “Amigo e irmão, exceto por alguns montes robustos de terra, não podemos descobrir nada parecido com uma cidade”.

No entanto, Eu lhe digo que você viu bem; olhe o mais longe que puder na ravina que se estreita e escurece, então descobrirá muitos montes de terra semelhantes.

− Ninguém pode viver lá, não importa quão desesperadoras sejam as circunstâncias.

No entanto, Eu lhe digo: Espere pacientemente até chegarmos aos montes de terra, então as coisas imediatamente parecerão muito diferentes. Se você quiser, vamos descer.

Bem, chegamos ao primeiro monte; o que você Me diz disso? Você levanta os ombros, mas Eu lhe digo: Aproxime-se um pouco, mas não muito perto, então você deixará de puxar os ombros. Você pergunta por que não deveria chegar muito perto de um monte de terra de aparência tão inocente. Se ficar na distância correta, obterá a resposta. Chegue um pouco mais perto!

Por que você agora pula tão assustadoramente para trás? Eu lhe disse que esses montes de terra não são tão vazios quanto parecem à primeira vista.

− Em nome do céu! O que é isso? Quando nos aproximamos apenas alguns passos dos montes de terra, várias cobras venenosas de repente passaram suas cabeças em pequenos orifícios quase invisíveis e abriram suas mandíbulas venenosas. Verdadeiramente, se não saltássemos para trás tão rapidamente quanto fizemos, elas teriam se lançado sobre nós e nos causado danos. Os montes de terra são ninhos de víboras? Aqui nada se parece com um ser humano!

Eu digo que para passar por trás disso, devemos inspecionar o monte de terra pelo lado norte, sendo a rota mais perigosa para abordá-lo. Portanto, você deve andar atrás de Mim e secretamente olhar pelas Minhas costas, então certamente verá o que é necessário ver. Pois me siga!

Olhe, já estamos em um bom lugar. Preste atenção, lá na base do monte de terra há um buraco como se fosse cavado por uma raposa na terra. Dê uma boa olhada dentro, então você verá algo completamente diferente. Mas quando você vê algo, independentemente de sua feiura, você deve manter-se muito composto e silencioso, pois movimentos muito vigorosos ou gritos assustadores prematuros podem nos levar a fugir.

Bem, você deu uma boa olhada lá dentro? Você confirma e realmente é suficiente. Antes de discutirmos isso, nos afastaremos prontamente a alguma distância do monte, pois perto não é bom falar a respeito, já que o monte tem milhares de espias em alerta. Agora Me diga o que você viu.

− Ó melhor amigo e irmão...; terrível, terrível! Sim, foi nojento de ver! Ao fundo, vimos um ser encurvado. Ele parecia o dragão mais detestável e terrível. O dragão realmente tem uma cabeça semelhante à humana, mas em vez de cabelo, há um número incontável de cobras venenosas, deslizando para todos os lados, olhando ao redor com olhos de fogo, procurando por presas ou saques perto de sua horrível habitação. Mais em primeiro plano, ao longo das paredes, vimos muitas figuras humanas miseráveis, algemadas por mãos e pés. Uma multidão de cobras livres rasteja, perfurando suas artérias e sugando seu sangue. O ser detestável ao fundo tem em sua mão direita, enrolada em forma de cobra, uma espada brilhante. Na outra mão, há uma espécie de pergaminho escrito. Uma cobra, enrolada em seu braço esquerdo, folheia intermitentemente as folhas do documento escrito, como se quisesse chamar a atenção do monstro para algo peculiar. Após tal ação, vimos como vários seres humanos de aparência muito infeliz foram arrastados de um fundo escuro por várias cobras. O monstro ao fundo balançou sua espada brilhante acima deles, cortou alguns deles em pedaços e deixou os outros serem acorrentados novamente por cobras com braços humanos. É o que vimos, nada mais e nada menos.

Eu digo que vocês notaram e aceitaram isso muito bem.

− Amigo e irmão, o mal retratado por tal imagem detestável de fato não pode existir na Terra!

Há em relação a este tipo de mal ainda mais coisas incompreensíveis, do que tudo o que está retratado na imagem! Tente adivinhar que tipo de mal está por trás da imagem. Veja, a imagem corresponde à política tirânica mundana de desejo de poder. Tudo o que parece desejo de poder corresponde ao caráter da imagem. Você não deve entender com isso o governo sábio de um Estado de reis justos e regentes ungidos por Deus, que compreensivelmente devem proteger seus povos, para que eles não causem muitos danos uns aos outros por malícia mútua, ou mesmo se aniquilem uns aos outros. A imagem apenas mostra a astúcia infernal com que pessoas de qualquer classe ou posição tentam usurpar um ou outro tipo de posição de governo por meio da bajulação mais desprezível. Elas capacitam alguém e se escondem do mundo por trás da humildade, sobriedade e modéstia enganosas. Mas suas moradas estão cheias de cobras de guarda, parecendo espiões rastejantes, astutos e secretos, vigiando o lado de fora com uma tensão ansiosa, observando se algo está se aproximando que possa representar perigo para a modéstia fingida. Se algo se aproximar, é imediatamente agarrado e arrastado secreta e discretamente até o chamado modesto dono da casa. Você viu pela imagem que não se dá muito bem a presa de uma habitação tão humilde. As cobras em sua cabeça em vez de cabelos denotam a aspiração incansável de poder cada vez maior. A espada brilha nte em seu braçoenrolado por uma cobra, mostra a posição de poder astuciosamente assumida; há um ou outro ofício ou comércio que dá a uma pessoa sedenta de poder o direito de exercer o poder que lhe foi conferido. O brilho da espada retrata o rigor implacável da substância da tirania. Sua mão sendo enrolada com uma cobra diz que tal espada é manuseada com muita astúcia. O pergaminho em sua mão esquerda, novamente enrolada por uma cobra, tipifica a astúcia de tal pessoa sedenta de poder, em cujos planos ninguém pode ter qualquer percepção, exceto sua própria e grande astúcia. Pessoas sendo arrastadas por cobras para a frente mostra que a astúcia multifacetada do tirano as levou cativas. A grande cobra com braços humanos algemando os cativos são os lacaios contratados do tirano. A cadeia atesta a completa condição servil dos que estão sob a autoridade de alguém assim.

Agora que já desvendamos tudo, você diz que a imagem é realmente verdadeira, mas tudo parece muito exagerado. No entanto, quero chamar sua atenção para alguns exemplos amplamente presentes na Terra em seu tempo. A partir daí, você descobrirá facilmente se a imagem é exagerada.

Para não fazer você pensar muito, chamo sua atenção em primeiro lugar para os maus agitadores do povo, geralmente perseguindo um alto ideal, mas que se tornaram, depois de alcançarem o resultado de seus planos malignos, os maiores ladrões da humanidade. Robespierre não é de longe o pior entre os inúmeros que lançaram a pobre humanidade da Terra em uma miséria física e espiritual indizível. Exatamente a política verdadeiramente infernal e satânica de tal tipo de pessoa é apenas superficialmente retratada pela imagem.

Se fosse aconselhável deixar vocês darem uma olhada dentro dos montes de terra situados mais profundamente, o mais frio de vocês, já no primeiro monte, não seria capaz de sequer escrever uma carta. Tal tipo de atividades pertence ao inferno mais baixo e maligno. Do cume da montanha, vocês viram quantos montes de terra enormes estão situados na ravina desprezível. Posso dizer que cada monte de terra se sai dez vezes pior do que seu antecessor.

Isso é suficiente, e devo admitir honestamente que apenas os espíritos angelicais mais poderosos, especialmente dotados do poder possível pelo Mestre, podem passar por esse vale sem danos.

Mas com você, Eu nem quero prosseguir para o terceiro monte de terra. Enquanto tal desejo de poder estiver apenas visível por coisas mundanas, como você viu no primeiro monte terrestre, ainda não representa, com as precauções necessárias, nenhum perigo para o espiritual. Mas, como é o caso do segundo monte de terra, se a ânsia de poder estende seus braços de cobra também ao espiritual, então todo espírito deve ter muito cuidado ao se aproximar de tal monte!

Portanto, quero que fiquemos contentes com o que vimos. Na próxima, vou levá-lo a um local seguro e apropriado, uma colina situada lá onde teremos uma visão geral de todas as múltiplas situações desta região nortenha em particular. Assim, chega por hoje.

CAPÍTULO 20

O corredor para o inferno.

Para chegar à colina convenientemente situada, vamos nos aproximar pelo lado da manhã do distrito, situado completamente ao norte, e subir de lá. A região mais ao norte é muito detestável para viajar, mas vamos olhar para ela do alto. Então venha comigo; estaremos lá de maneira espiritual, o mais rápido possível.

Já estamos no primeiro vale. Olhe para o rio. Lá você verá o primeiro casal que conhecemos antes. Veja como eles se lavam na água do rio e parecem notavelmente melhores em alguns aspectos. Você pergunta o que significa. Isso descreve a condição de uma pessoa onde tinha mais do que o suficiente do carnal, desenvolvendo um desejo contrito de se tornar melhor, de se livrar completamente de pecados semelhantes e de se purificar o mais eficazmente possível de todo o mal dos pecados. Você vê como a purificação é difícil. O rio tem pouquíssimas baías acessíveis aos pecadores exaustos; além disso, eles não podem se aventurar muito longe. A corrente do rio é muito forte e repleta de coisas que ameaçam devorar os penitentes.

Se eles persistirem firmemente em sua baía, porém, eles se tornarão mais fortes e saudáveis por meio dela e ganharão mais coragem. Quando estiverem com força total, poderão se aventurar rio acima, na direção entre a manhã e a meia-noite, onde o riacho se origina . Quando chegarem ao lugar onde se avista ao longe um morro de cada lado do rio, então terão chegado à única ponte sobre o rio pela qual se pode chegar à outra margem e à região da noite.

Como está a situação do lado da noite, veremos muito bem quando viajarmos para o lado do norte. Deixemo-nos ir até a altura mencionada, para ter uma visão mais adequada da região norte.

Você está mais uma vez perguntando se a colina pode ser vista de lá. Oh, sim, basta olhar para o topo da montanha cinza esbranquiçada bastante distante; a mais alta; é o local mencionado. Você estremece um pouco por causa de um topo de montanha tão íngreme e vertiginoso. Mas não se preocupe com isso, vamos escalá-lo tão facilmente quanto o lugar em que estamos agora. Se você quiser, nós iremos. Você quer e nós já estamos aqui. Veja, é bastante espaçoso no topo da montanha, mas não se aproxime de nenhum lado, especialmente do mais profundo que, como você pode ver, faz fronteira com o norte perfeitamente escuro.

Venha, fique ao meu lado e olhe para baixo. Você vê os três vales lá ao longe, na direção da noite! Esses são os que já conhecemos. Mas além desses três, você vê ainda outros sete e, se olhar com atenção, verá que tem muitos buracos de onde sobe uma fumaça cinza escura. Você pergunta o que significa. Digo que é a única condição do homem em sua vida terrena quando conhece o bem, mas deliberadamente escolhe o lado errado, agindo de sua depravação contra sua melhor consciência.

Os buracos, direcionados para a luz que entra do meio-dia retratam o conhecimento da verdade; a fumaça saindo dos buracos significa a mudança livre e obstinada da verdade divina em vão engano.

O fogo oculto do qual a fumaça sobe é a depravação oculta, sendo o resultado do mais alto grau de amor-próprio e da emergente ânsia de poder. A partir de tal depravação, toda boa semente da luz é transformada em semente de ervas daninhas. A erva daninha, então, é acesa pelo fogo, queimada e dissolvida nesta fumaça visível.

Você vê como os sete vales são separados um do outro por cadeias de montanhas e como cada cadeia de montanhas consiste em dez colinas. Cada colina é adornada com uma espécie de capela. O que isto significa? Essas dez colinas representam as dez leis exaltadas de Moisés. As capelas nas colinas mostram a sabedoria dessas leis. Os sete vales que separam essas cordilheiras representam novamente as sete leis do amor ao próximo.

Agora você vê em cada um dos vales, debaixo de cada colina, um buraco fumegante. Seu significado é o enfraquecimento dos mandamentos divinos, o eclipse total e a quebra de amor ao próximo, o que é, em conjunto, chamado de prostituição de Babel. A fumaça é pior do que pestilência. Quem a inalar uma vez logo fica tão embriagado e cego, que não consegue encontrar nenhum lugar livre; mas não se pode, não importa para onde se vá, sair do lugar onde se está atormentado pela fumaça.

Você pergunta o que acontece, então, com tal pessoa. Olhe um pouco mais atentamente para lá e você facilmente será capaz de ver como, de capelas bem trancadas, seres correm para baixo e para outros seres embriagados, para arrastá-los daquele lugar até lugares mais livres. Como você vê, são poucos os que se deixam levar. A maioria deles teimosamente mantém-se em seu ponto de vista, deixando-se arrastar para os buracos por mensageiros negros deles saindo. Preferem assim, do que serem resgatados pelos habitantes vigilantes das capelas. Veja, é a imagem real do seu mundo atual e marca a natureza de toda depravação dos humanos durante suas vidas na Terra.

Você pode ver que a alta cordilheira está mantendo esta prévia micro-região da meia-noite infinitamente distante da região da meia-noite real, que você pôde observar atrás de nossas costas em sua forma mais horrível e terrível. Antes de olharmos para o pano de fundo, devemos primeiro voltar nossos olhares para o lado da manhã.

Veja, lá você vê, além dos nossos vales já familiares (os três vales que visitamos pessoalmente), outros sete vales. Como você pode ver, encontram-se estes significativamente mais altos em comparação com os vales vistos anteriormente na região da noite; em todos os lugares existem inúmeras cidades. Com apenas um pouco de esforço, você verá facilmente que não há ordem a ser encontrada. Nenhuma vida deve ser vista. Você vê que os campos estão em repouso. Onde quer que ainda haja um pouco de trigo ou alguma colheita cultivada, em mais de três quartos da área as ervas daninhas estão crescendo sobre o trigo nobre; assim, há mais desordem do que ordem.

Ao mesmo tempo, você vê o mesmo tipo de colina que está entre os vales com as capelas noturnas, mas, se você observar atentamente, verá apenas muito poucas pessoas caminhando em direção a elas. Os benevolentes vigilantes das capelas de fato traçaram o máximo possível de estradas facilmente transitáveis, mas mesmo isso é muito inconveniente e inacessível para os habitantes das cidades. Como pode ver, os belos jardins em torno das capelinhas, totalmente plantados com boas árvores de fruto e uma bela vista desde as colinas sobre o rio até as alegres regiões da eterna manhã, não são capazes de fazer os indolentes dorminhocos a levantarem-se de seus quartos de dormir e caminharem até as pequenas capelas.

Você diz: “Tudo isso é bom mesmo, e nós vemos com nossos próprios olhos; mas o que significa?

C aros irmãos e amigos, acredito que vocês entenderão à primeira vista. Portanto, não quero dizer nada mais sobre isso do que o que o Mestre disse a João sobre a congregação de Sardes: `Conheço as tuas obras; tens um nome do qual vives, mas estás morto!`. Eu realmente não preciso dizer mais nada; comparem apenas o chamado mundo melhor com essa imagem e vocês terão literalmente a confirmação de que é verdade.

Como se diz na Terra: `Não estou fazendo nada de errado; o que os mandamentos divinos têm a ver comigo? Se eu me controlar e não machucar ninguém, o que você quer mais de mim?`. Veja, com este princípio, toda a população dessa região se embalou para dormir e não se preocupa uns com os outros. Se alguém gritar por socorro, ninguém se apressará em socorrê-lo. Alguém resmunga de seus aposentos: `Ajudem-se como puderem, e eu me ajudarei quando estiver precisando de alguma coisa. Eu não tenho nada a ver com você, e nem você comigo; cada um por si!`

Olha, aqui você certamente reconhecerá muito bem o seu mundo. Em primeiro lugar, você verá que a região é, assim como as outras regiões, terrivelmente má, separada pelo rio fatídico de todas as regiões felizes. Em segundo lugar, verá que a região é, como a que vemos na região do entardecer, situada muito próxima do cume da montanha limítrofe entre um lado e outro. Como você pode ver, os vales prosseguem dos penhascos de altas montanhas até um chamado túnel escuro ou corredor subterrâneo, o qual leva direto para outro mundo excepcionalmente escuro, agora atrás de nós .

─ O que é isso?

Depois de termos investigado a área preliminar, devemos nos voltar novamente para aquela região que fica defronte daqui. Três visualizações rápidas lhe dirão mais do que você gostaria de saber. Bem, e você o que você viu para se virar repentinamente?

─ Até agora nada além de uma escuridão noturna cada vez mais densa.

Olhe um pouco mais; o que você vê agora?

─ Oh, terrível, terrível! Miséria e mais miséria! Não vemos nada além de fogo e mais fogo e cobras brilhantes deslizando nas chamas!

Bom, mas procure um pouco mais; o que você vê agora? Eu posso ver que você está pasmo com o espetáculo e Eu lhe digo: O que se mostrou na terceira visão é o primeiro grau do inferno real! Ainda há um segundo e um terceiro. Mas você não pode vê-los, pois mesmo um olhar superficial lhe custará a vida, pois é onde mora a morte mais intensa. Eu o deixei ver isso, para lhe explicar onde os corredores subterrâneos de todos esses vales levam irrevogavelmente.

O quanto é difícil para o espírito, sim para o espírito materialista e maliciosamente pesado, você pode facilmente entender na profundidade imensurável que se estende em um abismo eternamente escuro, para baixo e para fora da cordilheira.

Você não precisa saber mais por enquanto.

O lugar onde estamos agora é a altura livre do homem, de onde ele pode discernir, em si mesmo e em igual medida, o verdadeiro e o falso, o bem e o mal, o bom e o mau, durante sua vida terrena. Quem está nesta altura encontrou o verdadeiro sentido da vida e nunca mais poderá se perder, exceto se se lançar no abismo como um lunático. No entanto, ele não o fará facilmente!

Desçamos novamente da altura, até onde o barco nos espera; você quer e olha, e estamos de novo no nosso destino. Entra depressa; vou soltá-lo e levá-lo de volta ao aterro feliz do outro lado. Você está sentado lá dentro; o barco é solto e a viagem começa.

Veja, ainda mais monstros se levantam, ameaçando nos devorar, assim como antes. No entanto, já existe a margem segura do rio; agora podem colocar seus dentes no barco, estamos em terra seca!

A partir daqui, veremos a região da noite. Só nos direcionaremos para esta região da próxima vez; portanto, chega por hoje!

CAPÍTULO 21

Visita à região da noite.

Olha, já existe um bom caminho; vamos caminhar sobre ele com facilidade. Se você olhar para a esquerda, verá uma vasta planície cercada de cadeias de montanhas bastante altas e suavemente arredondadas, lindamente cobertas de cedros e uma variedade de outras belas árvores. Os cumes são acessíveis e todos são decorados com uma pirâmide; no topo de cada pirâmide brilha uma estrela brilhante. Se você olhar bem à frente, até onde a vista alcança, verá um vale amplo, estendendo-se largo, distante e aparentemente muito fértil. Em vários lugares do vale, você vê edifícios lindos e encantadores, onde as pessoas entram e saem com gosto. Você também vê muita atividade intensa no cultivo da terra. Não é quase como se você estivesse vagando por um belo vale, onde pacíficos trabalhadores agrícolas estão construindo e trabalhando diligentemente suas terras?

Se você virar seu olhar para a direita, você verá cadeias de montanhas distantes, sim imensamente estendidas, das quais as áreas mais baixas também estão cobertas de belas árvores, enquanto aqui e ali entre as árvores são vistas pequenas paisagens rurais. Acima das regiões florestais, ergue-se uma montanha rochosa mui íngreme, com cumes mais altos cobertos de neve e gelo eterno.

Você diz:“Esse ambiente é maravilhosamente belo, só precisa aqui e ali de um laguinho ou de um ou outro rio bom e largo. Se isso também estivesse aqui, dificilmente se poderia imaginar uma região mais encantadora e romântica do que essa”.

No entanto, Eu lhes digo, queridos irmãos e amigos, que tenham paciência ainda por um pouco de tempo. Também encontraremos essas coisas em rica abundância, pois estamos avançando muito rapidamente e penetramos tão longe na região da noite, que tudo está além de sua compreensão. Basta olhar para trás e tentar estimar o comprimento da cordilheira macia e decorada com pirâmides e vocês verão imediatamente o quão longe chegamos.

─ Como isso é possível? De fato, não podemos mais ver o fim da cordilheira e também parece que ela se estende infinitamente atrás de nós. As belas estrelas no topo das pirâmides ainda vemos apenas ao longe brilhando, como uma poeira solar.

Sim, caros irmãos e amigos, aqui se viaja excepcionalmente rápido, sem sequer notar o rápido progresso. Mesmo que estejamos agora, como vocês podem ver, caminhando tranquilamente passo a passo, ainda estamos nos movendo excepcionalmente rápido, com uma velocidade que ninguém na Terra pode entender. Vocês podem acreditar nisso. Se fosse possível mover seus corpos terrestres tão rápido, vocês seriam capazes de atravessar um bilhão de mundos solares em um momento. Mas como isso é possível, ainda vamos falar. Agora dirigimos nosso olhar para a frente e retomamos nossa jornada à vontade.

─ O que é lá no fundo distante? Uma planície brilhante lá em cima, ainda mais longe, contra um firmamento escuro e noturno onde muitas estrelas brilham intensamente?

Seja paciente ainda um pouco; de fato, ainda chegaremos lá. Mas primeiro, olhe um pouco para a direita e me diga o que você encontra. Eu li a apreciação em seus olhos. Isso não é mais como deveria ser? Olhe para belas ilhas erguendo-se acima de uma superfície da água tranquila e pura, como todas as ilhas são constituídas e como cada ilha é adornada com uma casa pitoresca. Olhe para os mui belos barcos na água, bem tripulados e indo de uma ilha para outra. Você está surpreso, mas você não viu nem a centésima parte; quanto mais avançamos, mais extenso o lago se torna.

Mas como pode ver, a margem esquerda ainda forma um largo vale até a serra do lado esquerdo e ainda temos de caminhar bastante até vermos o vale a estreitar-se e o lago a alargar-se. Lá em cima, na bela colina verde à nossa esquerda, está um templo muito bonito com um telhado dourado. Como você pode ver, há também naquele templo aberto uma multidão vestindo roupas brancas. Gostaria de saber o que estão fazendo lá?

Dê uma olhada na margem próxima do lago; uma assembleia está saindo de um lindo barco que está a caminho daquele templo. Pergunte a eles, e lhe dirão rapidamente o que os está atraindo para o templo. Se você não ousar, Eu o farei....

Então fala Anselmo a um integrante da procissão: “Ouça, caro amigo e irmão! Por que estás indo para o templo construído no topo da colina verde?”

Ele responde:“Amigo e irmão no Mestre, como tu mesmo te consideras, de onde tu vieste que não sabes? Para onde tu olhas de onde eu venho?”

− Olho para a manhã.

− Bom, se tu olhas para a manhã, como podes me perguntar de onde eu venho? Pelo bem daqueles que estão aqui comigo, peço que fales comigo aberta e claramente.

Poderoso mensageiro do Mestre! Vê, um Sábio da Manhã, provavelmente um irmão conhecido, está aqui ensinando o Amor do Mestre! Vamos lá para ouvir a alta Sabedoria (exclamou curvando-se em sinal de respeito o integrante da procissão).

Eu, Jesus, pergunto-lhe em seguida: − Há quanto tempo vós, imortais, são habitantes destas ilhas?

− Poderoso mensageiro do Mestre, de acordo com os cálculos terrenos, já estamos aqui há mais de cem anos.

E você não gostaria de chegar mais perto da manhã?

− Não sabemos o caminho, mas essa ilha nos foi dada para vivermos nela e provermos nosso sustento. Ninguém nunca chega para nos levar mais longe, e ainda nos falta coragem para fazermos sozinhos uma viagem tão longa. Os mais sábios entre nós dizem que a manhã, cuja luz podemos ver claramente, está infinitamente longe. Portanto, pensamos que nunca poderemos alcançá-la com nossas próprias forças e não temos outra opção senão moderar nosso desejo o máximo possível. De qualquer forma, pensamos que o que possuímos aqui é demais para nós, fruto de pura compaixão e piedade do Mestre. Sendo assim, estamos aqui mui gratos e contentes. Apenas uma coisa gostaríamos de experimentar, então seríamos eternamente felizes: ao menos uma vez ver o Mestre!

Então, de fato, vá ao templo onde o amor pelo Mestre está sendo ensinado. É o caminho pelo qual o Mestre virá até você.

Olhe Anselmo, já estão correndo pelos belos campos para o templo.

− Que tipo de pessoas eram durante a vida terrena?

São os chamados cristãos crentes que buscaram sua justiça apenas na fé e não quiseram realmente aceitar o Amor; como se não tivesse nenhum valor para a vida eterna. Para eles, somente a fé tem valor. Tal convicção os mantém aqui. O lago retrata a inacessibilidade daqueles de uma ou outra convicção. As ilhas significam que a convicção veio da Palavra do Mestre. Porque a verdade não está ligada ao Amor, ou em outras palavras, porque a verdade da fé não está ligada no verdadeiro celestial, à bondade do Amor; então essas regiões de terras habitadas são separadas por água. Os veículos que você vê no lago retratam as ações amigáveis e boas de tais pessoas na Terra. Essas ações colocam, como você pode ver, os habitantes das ilhas em contato uns com os outros.

Na região do lado esquerdo vivem aqueles que gradualmente começaram a converter as verdades da fé em boas ações e a partir disso também acreditam no Amor do Mestre, mas ainda acreditam mais na fé do que no amor. Isso é demonstrado pela abundância de árvores altas e fortes que, de fato, não produzem frutos comestíveis; portanto, seu sustento de vida está diminuindo. As pirâmides nas cordilheiras redondas do lado esquerdo, encimadas por estrelas brilhantes, mostram que a fé é o princípio mais alto dessas pessoas e sua única luz. As partes das montanhas densamente cobertas de cedros mostram o poder de sua fé. O fato de não usarem nenhum fruto comestível mostra que a fé por si só não pode gerar vida. Mesmo que a fé já esteja operando em sua vida espiritual, ela ainda produz poucos frutos e, se comida, mal serve para levar a vida a um potencial mais elevado.

A região à nossa direita, com as montanhas escarpadas, limita-se primeiro ao norte. Portanto, são tais montanhas tão inacessíveis e altas, formando a fronteira entre o entardecer e o norte.

Você pergunta se tal região também é habitada. Ah, sim, mas principalmente por pagãos de bom coração, bem como por pessoas que guardaram seus corações do mal por meio da honraria de estátuas, sendo assim, cidadãos justos do mundo. Os templos que você vê do outro lado e aqui e ali entre os arbustos também são lugares de ensino onde as pessoas podem ser libertas de seus erros, se assim quiserem seriamente! Se assim não for, ficam como estão, e não se pratica qualquer coação. Uma vez que agora sabemos disso, podemos seguir adiante na estrada.

− O que há no lado esquerdo, onde o lago se torna mais largo e a terra à esquerda se torna mais estreita, onde há o pilar excepcionalmente alto?

Vamos rapidamente para lá; vamos alcançar o local em breve. Olha, já estamos chegando mais perto e, como você vê, nós já estamos aqui.

Leia a inscrição lá em cima. Você leu bem, pois está escrito: `Pilar de fronteira entre o Reino dos Filhos e o Pré-reino`. É uma morada para aqueles que ainda não são capazes de fazer a transição.

Agora olhe atrás de você. Há um mar imensuravelmente grande se estendendo, onde você não pode detectar nenhuma terra de qualquer tipo, em nenhum lugar. É a planície conscientemente brilhante que vimos à distância. Olhe lá longe, à sua frente, completamente ao fundo, pode-se ver as estrelas.

Descansaremos aqui por hoje e da próxima vez iniciaremos nossa jornada por mar até lá.

CAPÍTULO 22

A pré-encomenda do Reino das Crianças.

Você pergunta: “Como poderíamos, então, atravessar a enorme superfície do mar, enquanto não há barco ou navio à vista que possamos usar e que possa nos levar?”

Eu digo: “De fato, não precisaremos disso. Tudo depende se você deseja caminhar pelas águas como os israelitas fizeram no Mar Vermelho, ou como Pedro fez com o Mestre que certa vez caminhou sobre as águas. Pode acontecer das duas maneiras e acontecerá como você quiser”.

Você diz que eu deveria decidir e dizer o que é melhor. Pois bem, quanto a Mim, prefiro seguir como Pedro. Tente pisar na superfície da água Comigo e não tenha ansiedade, pois caminharemos sobre a água como em terra seca. Veja, já estamos na água. Como você se sente nessa superfície?

− Pode-se andar muito bem aqui. A superfície é fina, mas resistente, não permite que seja empurrada. A água é muito clara e parece bastante profunda; no entanto, não invoca medo em nós, porque nos convencemos de que é forte o suficiente para nos carregar.

Isso é correto, querido amigo e irmão, se você ainda estiver perto da costa (tiver a terra por perto, com muitos objetos para se ver) e a água estiver plana como um espelho. Mas quando se progredir um pouco e a água ondular mais, deve-se tomar cuidado para não ter medo da água e, assim, perder o equilíbrio. Mas, tão forte quanto a água está aqui, ela fica em todos os lugares; portanto, continuaremos nossa jornada. Segure-se em Mim com força e não ande como se estivesse ansioso; mas ande viva e rapidamente, pois com um passo cauteloso você não alcançará muito. Como você pode ver, a superfície da água é excepcionalmente lisa, e se você não colocar o pé no chão definitivamente, pode escorregar e cair, causando mui problemas para se levantar novamente.

Bem, estamos firmes em nossos pés e posso ver que você está fazendo um bom progresso. Portanto, avancemos até chegarmos à área de elevação bastante forte que podemos ver no horizonte distante. Olha, estamos indo muito bem. Aqui e ali a superfície balança devido ao movimento do mar, mas como você vê, nossos passos não são influenciados em nada por isso.

Mas por que você olha tão tenso para a água? Você deixou cair algo que afundou?

− De jeito nenhum. Estou apenas olhando para baixo e se lá embaixo pode haver algum peixe ou outro animal aquático.

Não se preocupe com isso, não se fala em monstros aquáticos, mas apenas em peixinhos nobres, em grandes quantidades. Gostaria de ver alguns? Você só deve se virar, então você verá imediatamente como estão migrando da manhã para a noite.

Bem, você se virou. Veja como as enormes quantidades de peixes lindamente brilhantes nas proximidades da manhã estão animando essas águas infinitas! Não se parece muito com o peixinho dourado de sua Terra?

− Ah sim, só que aqui brilham muito mais forte.

Você gostaria de saber o que esses peixes significam? Esses peixes retratam a vida que flui constantemente da manhã eterna, animando os elementos e saindo como vida livre em todos os espaços infinitos das criações eternas de Deus.

Já que fizemos uma parada, dê uma olhada na superfície da grande água. Bem, você se assustou...

− Em nome de Deus, todo o infinito parece estar cheio de água, pois em nenhum lugar se vê algo de terra. Tanto quanto o olho pode ver, não se pode ver na distância mais longínqua nada além da superfície brilhante e esbranquiçada de um mar sem fim.

Não se preocupe com isso, não vai tão mal conosco nessa enorme superfície de água, não como aconteceu com Cristóvão Colombo quando navegou em suas escassas embarcações no meio do Oceano Atlântico e olhou ansiosamente ao seu redor, buscando terra em algum lugar.

Retomemos o nosso caminho. Chegamos perto das ondas. Quando estivermos lá, você deve se agarrar a Mim com força, pois atravessaremos vales profundos e montanhas aquáticas.

Veja agora, as ondas estão chegando ainda mais perto. Agora você precisa segurar. Mais alguns passos de acordo com o nosso caminho espiritual de movimento, e estaremos nas ondas. Bem, há aqui a primeira parede de onda já.

Veja que vale profundo de água e veja como a água está caindo; veja como um monte de água está aparentemente se elevando com cristas espumantes quase até o firmamento.

− Ah, querido amigo e irmão, vai ser impossível ir lá, parece assustador! Algumas ondas mui altas estão quebrando umas sobre as outras. Lá, um vale de água está se formando tão profundo, como se alguém estivesse olhando de uma montanha para uma profundidade horrível!

Tudo correrá bem, pois, como pode ver, a ravina já está se enchendo de novo; portanto, podemos retomar nossa jornada facilmente. Antes de chegarmos à alta montanha de água, a água já estará nivelada lá também. Olha, já está baixo de novo; agora nossa estrada está nivelada novamente. Mas já existe outra grande ravina; as paredes molhadas estão espumando descontroladamente, caindo nas profundezas. Tenhamos paciência. A ravina em breve será uma superfície plana novamente. Olha, as paredes se uniram novamente, e podemos seguir nosso caminho novamente. Mais uma vez, outra enorme montanha de água se aproxima de nós, e já formou um novo vale de água novamente.

− A enorme montanha de água certamente nos arrastará para a ravina!

Não se preocupem; a montanha encherá a ravina de novo, e teremos um caminho plano.

Veja agora, depois do tempo tempestuoso e da chuva, vem o sol. Após essa montanha de água, passaremos por um trecho ondulado do mar e novamente teremos águas tranquilas diante de nós.

No entanto, lá ao longe, onde você vê muitas estrelas acima da água... Lá há outro lugar perigoso, com grandes vórtices. Não precisa se preocupar; nos machucará tão pouco quanto as ondas.

Olha, depois da nossa viagem acelerada, já estamos nos vórtices. Ainda devemos caminhar pelas laterais desses vórtices, e eles não podem nos impedir. Não tenha medo do barulho estrondoso dos vórtices e olhe para o alto, para o firmamento, como já nos encontramos sob as estrelas que apenas recentemente vimos de longe. Deixe seus olhos olharem atentamente mais uma vez e olhe para frente. O que você vê?

− Terra, terra!

Bem, afinal o mar não era tão infinito quanto você mesmo imaginou recentemente. Veja, ali, em uma península que se estende até o mar, há outro pilar. Você pergunta o que significa. Estaremos lá imediatamente e você poderá ler a inscrição por si mesmo. Mais alguns passos e já estamos em terra seca novamente. Olha, cá está o pilar! E o que está escrito nele?

− Pré-fronteira do Reino das Crianças.

Agora você sabe onde nos encontramos.

− Mas, em nome do Céu, esta é uma região terrivelmente montanhosa! Temos que ir mais fundo nesta região montanhosa também?

Oh sim, é a causa principal; por ela embarcamos na longa jornada até aqui. Você deve ver essa região, pois somente aqui o verdadeiro significado da noite será conhecido. Iremos, sendo assim, enfrentar tal região montanhosa da próxima vez.

P ortanto, vamos descansar hoje aqui no pilar.

CAPÍTULO 23

Quem semeia pouco, terá uma colheita escassa.

Agora que tivemos um descanso adequado após nossa jornada e deixamos nossos olhares vagarem repetidamente pela região de onde viemos, a continuação de nossa jornada certamente não nos trará mais problemas.

Veja, há um vale bastante amplo se estendendo diante de nós, abrigando uma pequena lagoa marina no interior. Sigamos a estrada para o lado direito da baía. Aqui você pode andar livre novamente, e por enquanto, temos chão sólido sob nossos pés. Olhe, ali à frente, no fundo do vale, onde ele se torna mais estreito, devemos ir rapidamente e fazer a nossa primeira paragem curta. Aproxime-se dele diligentemente, então logo estaremos lá.

Vejam como o vale vai ficando cada vez mais estreito e de ambos os lados rochedos pendem ameaçadoramente das altas falésias; eles podem cair a qualquer momento. Mas não se assustem, pois de ninguém nem um fio de cabelo se dobrará.

Veja, estamos em nosso estreito abismo; você gosta daqui?

Você diz: “Não muito ...”

Isso não é importante, no entanto; se dermos uma olhada mais de perto no ambiente, logo você gostará muito mais dele. Veja, ao lado do abismo, no lado esquerdo, há um outro abismo igualmente estreito e estendido, levando ao meio-dia. O que você vê lá?

─ Vemos abaixo um pasto montanhoso brilhante com, aqui e ali, um campo esparso. Mais abaixo, na baixada, ergue-se uma casinha, como que encostada à montanha. Ao redor, vemos eventualmente grandes e enormes cachoeiras jorrando; árvores e arbustos também crescem aqui e ali. Este vale é realmente cercado por montanhas, como pode ser visto na Suíça, na Terra.

E v ocê não vê nenhuma pessoa?

─ Até agora ainda não, ninguém, mas parece que agora vemos saindo da primeira cabana de fazendeiro alguns trabalhadores rurais bastante pobres. Eles estão vestidos tal como na Terra, vestidos com jaquetas cinza-chumbo. Mais acima, vemos trabalhadores agrícolas com a mesma aparência, aparentemente ocupados, removendo ervas daninhas de seus campos entre as melhores cevadas. Se não me engano, vemos ali mais ao fundo, em um pasto montanhoso, um rebanho de vacas de aparência bastante magra. Isso, caro amigo e irmão, é tudo o que vemos aqui a respeito dos seres vivos. O vale continua além, ou termina com o que acabamos de ver?

Estimados i rmãos e amigos, o vale continua mui longe, torna-se mais amplo e amistoso, mas não se compara com a região que vimos antes do primeiro pilar. Você pergunta qual é o significado do vale, e Eu lhe digo que o vale e muitos vales semelhantes nada mais são do que uma revelação completa do texto da escritura que diz: `Quem semeia pouco, terá uma colheita escassa.`

─ Quem, então, eram essas pessoas na Terra?

Digo que eram pessoas muito abastadas; tinham muito respeito e faziam muito bem aos necessitados, mas faziam mais bem a si mesmas.

Como tal, o dono da primeira cabana que viste em primeiro plano, era um homem muito rico. Ele colaborou em muitas oportunidades e calamidades, às vezes, com doações muito notáveis, mas todas estas doações juntas não eram nem um décimo-milésimo de sua riqueza. Veja, est e homem tem amor pelo próximo; mas se você pesar seu amor ao próximo em comparação com seu amor-próprio mui dominador, você logo entenderá por que ele agora é um fazendeiro tão necessitado.

─ Nós entendemos um pouco, mas ainda não completamente.

Bom, eu vou lhe explicar, imediatamente e de novo, mas você deve primeiro saber que tal homem tem, também aqui no reino espiritual, muitíssimo conhecimento de capital. Faz cálculo de juros com tal precisão, que conta até mesmo as partes mais ínfimas dos ganhos.

Agora, preste atenção: Este fazendeiro necessitado tinha na Terra uma riqueza de cerca de dois milhões de florins de prata. De acordo com sua lei de juros, esse capital significativo deu a ele um ganho anual de juros de cem mil florins de prata. O homem teve frutos do capital por cerca de trinta anos completos. Com isso, sua riqueza inicial aumentou em mais três milhões de florins de prata. As despesas de sua casa ele recuperou de seus juros compostos. Desses juros compostos, bastante significativos, ele fez várias despesas para caridade, que, no final de sua vida, totalizaram cerca de cinquenta mil florins. Qual é essa quantia em comparação com seu capital básico e a renda anual obtida com esse capital? É um quinto de sua renda anual. No entanto, ele recebeu anualmente, depois de seu capital calculado em cinco milhões, o valor quíntuplo do aluguel básico, enquanto a soma de cinquenta mil florins que gastou em causas de caridade foi dividida ao longo de toda a sua vida. Essa soma é cuidadosamente dividida aqui ao longo de trinta anos e o valor anual proveniente dela é aceito como capital. Desse capital, ele recebe juros. Todo o seu negócio agora consiste nesse capital, e o ganho do negócio é uma comparação exata com os juros legais. As duas pessoas com ele são sua esposa e um filho falecido. Eles têm, até certo ponto, cooperado no espírito do patriarca; portanto, eles não têm capital, mas os três vivem do ganho de juros da indústria agrícola daqui.

─ E tais pessoas nunca param de querer aumentar suas posses?

Existe uma possibilidade, mas é muito mais difícil do que na Terra. Você sabe como é difícil para alguém trabalhar para se tornar um milionário com um capital de cerca de mil florins pelo caminho legal do ganho de juros. Veja, aqui é ainda mais difícil aumentar a posse, pois a produção do solo estéril daqui mal dá para fornecer às três pessoas as provisões mais necessárias. Portanto, pouco se pode salvar nada aqui em cima.

Há apenas uma possibilidade para os habitantes pobres da região, caso trabalhem diligentemente, e isso se apresenta da seguinte forma: De tempos em tempos, peregrinos terrivelmente pobres entram na ravina. Eles geralmente estão nus e emaciados. Quando esses peregrinos veem essas propriedades, eles imediatamente começam a mendigar. Se tal fazendeiro aceitar de braços abertos tal mendigo em toda a sua pobreza, convidá-lo para sua simples cabana, fornecer-lhe as roupas necessárias e, de maneira fraternal, compartilhar sua escassa refeição, então seu capital aumentará da metade, mas de uma maneira não perceptível por ele. Se ele fizer isso com frequência, ou se ele se encarregar de cuidar de um irmão tão pobre, então ele melhorará. Se disser sinceramente ao irmão mendigo: `Meu irmão, veja, eu sou pobre e não tenho muito, mas fique aqui e eu compartilharei tudo o que tenho com você como um irmão; e se eu um dia nada tiver, sem hesitar pegarei o bastão da mendicância com você!`; então ele certamente melhorará.

Se fosse esse o caso, o capital de tal fazendeiro seria imediatamente multiplicado secretamente por cem. Se viessem mais pessoas tão necessitadas e ele também as acolhesse e cuidasse o melhor possível, e se assim não mais pudesse, fosse com os peregrinos a outros vizinhos pedir-lhes abrigo com o maior zelo possível, seu capital seria multiplicado por mil, mas sem que ele soubesse. Se chegasse a esse ponto de esgotar todos os seus bens e provisões por causa de seu amor ao próximo, se ele realmente até alcançasse com seu peregrino o bastão de mendicância, ele seria deixado nessa situação para implorar por seu sustento apenas por um tempo.

E se pedisse primeiro para o vizinho e depois para si mesmo e, quando para si mesmo, desse a maior parte recebida para seu irmão pobre, então aconteceria que o Mestre lhe enviaria um espírito angélico que ele não reconheceria como tal.

E se, quando perguntado pelo espírito sobre sua situação, ele sinceramente respondesse: `Amigo, você pode ver que sou pobre; porém a pobreza não é um fardo para mim, mas me incomoda muito por não poder mais ajudar meu irmão.`, o que você acha que aconteceria?

Saiba que o tal pobre irmão ao lado se voltaria para ele e diri a: `Eu vim nu até tu, e tu Me vestiste; tu me deste algo para comer, quando Eu estava com fome e com sede; tu nunca te importaste com tuas posses, tanto que, quando elas se esgotaram, tu tiveste que pegar a vara de esmola junto Comigo e procuraste pão para Mim. Vê, agora sou tua grande recompensa, pois Eu, seu pobre irmão, sou o único Mestre dos Céus e de Todos os Mundos e vim até tu para te ajudar!

Quando tu estavas na Terra, de fato semeaste esparsamente, e uma colheita escassa foi inevitavelmente a tua parte. Mas agora tu não mais praticaste usura com tua colheita, mesmo quando escassa, porque teu coração se expandiu e tu não podias deixar nenhum pobre passar por tua cabana sem compartilhar com ele tua escassa colheita. Isso te ajudou e te tornou um rico habitante do Céu!

Vê, o irmão que veio ao teu encontro aqui te conduzirá à tua nova posse`.

Agora o Mestre desapareceria, e o mensageiro enviado levaria o caridoso e os pobres habitantes desta região até o meio-dia dourado, onde uma nova posse o esperaria, meticulosamente distribuída de acordo com o capital obtido por sua caridade.

Então se o fazendeiro muito feliz dissesse sinceramente ao mensageiro: `Caro amigo e irmão, estou eternamente feliz, porque o Mestre me concedeu tal coisa. Eu sei que esta nova posse irá certamente ser muito bonita e abundante. Mas veja, ainda há alguns outros irmãos pobres aqui, e eu dou minha propriedade pretendida para eles. Deixe-me voltar para minha pobre cabana, pois ainda acontecerá que o Mestre aparecerá novamente entre os muitos pobres que visitarão minha cabana. Portanto, quero voltar e encontrar meus pobres irmãos com um amor cem vezes maior do que fiz até agora. Em verdade, posso dizer-lhe que, se uma fortuna caísse sobre minha pobre cabana mais uma vez, eu seria mais feliz lá por toda a eternidade, do que quando você me desse as maiores e mais magníficas coisas na parte mais bonita do Céu! Deixe-me, portanto, voltar.`

Aconteceria, portanto, que o espírito-guia deixaria o pobre lavrador voltar a sua pequena família. Assim que chegasse à pobre cabana, o Mestre o esperaria de braços abertos e até faria dele um cidadão da manhã eterna!

Veja, tais cenas muitas vezes ocorrem aqui, mas é quase impossível compreender a extensão da abnegação necessária, pois a pobreza e o amor-próprio geralmente estão automaticamente conectados de forma inseparável. Por isso o pobre continua a pedir apenas para si mesmo. Arrecadou pouco, mal tem para as suas próprias necessidades, e sua pobreza não lhe permite partilhar os seus escassos bens com outro irmão pobre. Assim, encontra-se na Terra entre as classes pobres muitas vezes o egoísmo mais detestável.

Assim sendo, acontece que tais pobres habitantes dos vales se escondem o máximo possível dos mendigos. Portanto, você verá muito poucas pessoas fora de casa, mas as que você vê fora já têm uma boa atitude.

Da próxima vez, veremos o vale muito inacessível à nossa direita, ao norte. Portanto, chega por hoje.

CAPÍTULO 24

Lugar e circunstâncias dos estoicos no Além.

Agora pode virar à direita, olhar para o primeiro vale mencionado e então me dizer o que encontra.

─ Melhor amigo e irmão, parece terrivelmente perdido e desolado. De fato, vemos aqui e ali arbustos espinhosos das falésias das montanhas, carregando algumas bagas conhecidas. Mais fundo no vale, vemos vários tipos de ervas daninhas semelhantes a cardos, crescendo exuberantemente. A encosta norte da montanha, ao entardecer, parece especialmente nua; quase nada além de penhascos rochosos e mais penhascos rochosos, um sobre o outro, e entre os penhascos rochosos um poderoso riacho está correndo para as profundezas. Apenas a encosta da montanha na direção da manhã parece um pouco mais amigável, aqui e ali adornada com uma cabana alpina pouco atraente. Mas nenhum morador pode ser visto. Talvez estejam um pouco mais ao fundo do vale. Em primeiro plano, não há alma viva para ser vista.

Sim, você está certo. De onde estamos agora, não é facilmente possível. Portanto, iremos um pouco mais fundo no vale, logo encontraremos algo vivo. Olhe lá em cima, onde a primeira cabana acessível fica sobre uma rocha protuberante coberta de musgo. Nós iremos lá. Já estamos perto; preste atenção ao que vai acontecer agora. Bem, você seguiu Meu conselho. Diga-me o que você viu.

─ Mas por Deus, essas não são pessoas, pois os seres parecem esqueletos vivos e são tão pequenos quanto anões. Prefiro considerá-los macacos do que uma ou outra raça humana. O que há com esses pobres seres tão miseráveis, emaciados e completamente nus? Não parecem nada bem.

Por um lado, você está certo, mas por outro lado, não. Pois esses seres, por mais miseráveis que possam parecer para você, são pessoas em seu próprio sentido, isto é, na maneira como eles se veem. Aqui vivem os chamados estoicos, ou seja, pessoas que têm muito de si. Eles agem com retidão durante suas vidas terrenas, mas não por amor ao próximo, muito menos por um ou outro amor a Deus, mas apenas porque reconhecem nisto a vitória sobre suas mentes. Eles dizem: `O homem não precisa de nada, nem de um Céu, nem do inferno, nem de um Deus, mas apenas de si mesmo e de sua mente. Conduzindo isso como o princípio mais alto para suas ações, ele agirá como tal, não prejudicará ninguém e, portanto, poderá esperar o mesmo de seu vizinho. Porque se eu, por causa do mais alto princípio da minha mente, me exaltar acima de toda mesquinhez mundana e não pedir ao mundo nada mais do que uma alimentação escassa para o meu estômago e roupas simples para o meu corpo, então eu não estou em dívida com ninguém. O que meu estômago digere, devolvo à terra e, no devido tempo, as roupas de meu corpo também podem fertilizar a terra. Entre essas duas necessidades, eu sou meu próprio deus autodirigido e completamente governante e, como tal, sou um senhor ilimitado sobre meu próprio ser!`

Eles também dizem: `Se existe um Deus em algum lugar, o que Ele pode me dar ou tirar, se eu sou grande em mim mesmo e desprezo tudo o que Ele quer me dar ou tirar de mim! O que um Deus realmente me daria ou tiraria de mim?! No máximo, seria a vida cansada que já aprendi a desprezar profundamente com minha mente. Ou não me é dado viver o quanto eu quiser?! Se eu achar que concordo com o princípio mais elevado de minha mente e quiser tirar minha própria vida, eu o farei. Mas a retidão reconhecida por mim mesmo me ensina que isso iria contra o princípio da mente superior. Quem me deu a vida deve ter o direito de tomá-la. A natureza tem o direito de reclamar de volta o alimento que ela me deu, por mim, pelos meios naturais; já a vestimenta do meu corpo é propriedade do tempo, e ele levará sua vestimenta de volta. A razão pura deve concordar com isso; deve dizer e diz mesmo: `Cada um na sua!´. Mas exatamente porque o homem não pode logicamente chamar de seu um grão de poeira solar, ele é o ser mais exaltado; sim, exaltado acima de todos os deuses, acima de todos os céus, e ele ainda é o mestre de tudo que é infernal. Se todas as pessoas pensassem assim, todos teriam o suficiente e ninguém jamais seria um fardo para ninguém. Toda forma de cobiça, ciúme, ganância, arrogância, desejo de poder, glutonaria, fornicação, mentira e engano seria estranha a nós. Onde vive um deus que, se fosse o mais alto princípio da lógica, seria capaz de dizer algo contra tais princípios fundamentais da vida?! Se ele tivesse alguma objeção, não poderia ser deus e seria muito menos do que a exaltada mente humana.`

Veja, essas pessoas viveram na Terra sem nunca machucar uma mosca. Eles nunca foram um fardo para ninguém e nunca ofenderam ninguém. Eles foram exaltados acima de qualquer tipo de paixão. Alguém lhes pediu um favor ou serviço, e eles nunca recusaram, se não fosse uma violação de seus princípios lógicos e legais. Eles também não esperavam nada em troca. Alguém lhes ofereceu uma alta função ou cargo honorário, mas eles nunca o aceitaram; apuseram em tal benfeitor dois dedos contra sua testa, dizendo: `Amigo, aí reside a mais alta função e o mais alto ofício do homem!`

Se querem observar tais pessoas, julguem por si mesmos se elas merecem o seu julgamento.

─ Certamente não! Eles merecem uma recompensa!

Segue-se, então, a pergunta: Que tipo de recompensa eles merecem por desprezarem o Céu e recusarem-se a reconhecer que Deus está acima de suas mentes? Portanto, o mais apropriado é apenas que eles mantenham a recompensa que suas mentes geraram.

─ E estes seres miseráveis não estão cientes de sua condição lamentável?

Oh não, essa é a sua maior vitória, pois na Terra eles acham a felicidade de um besouro-anão já altamente invejável e dizem: `Olha, este bichinho é uma mera gota de orvalho, e uma folha lhe é uma refeição excepcionalmente saborosa. A constituição física deste pequeno animal parece ter necessidades muito escassas. Se compararmos com a nossa constituição física excessivamente esbanjadora, então a lógica só pode desaprová-la com razão. Portanto, devo ter estômago grande para comer muito e depois ter muito excremento? A lógica não encontra outro propósito aqui, isso porque gostaria de se contentar com o mínimo, se a construção altamente antieconômica do nosso corpo inútil o permitisse.`

Eles criticam o excesso de carne nos pés, no traseiro, nas mãos e onde quer que encontrem e dizem: `Um besouro-anão não tem nada disto e é, portanto, muito mais feliz do que um humano robusto e de constituição antieconômica.`

Agora que você sabe disso, as pequenas formas esqueléticas dessas pessoas não parecerão mais tão lamentáveis e miseráveis para você do que à primeira vista, pois isso corresponde, tanto quanto possível, aos seus princípios intelectuais.

─ Tudo isso é verdade, e agora vemos claramente que não pode ser diferente aqui. Tais pessoas se sentiriam infelizes em outras circunstâncias que não exatamente essa, que lhes convém melhor. Mas ainda há outra questão: Não há outra possibilidade de levá-las a um caminho melhor?

Prezados amigos e irmãos, não existe coisa mais difícil! Elas têm apenas um lado acessível, e este é o da ciência! A paciência e a perseverança sem fim são necessárias para apresentar a estes intelectuais algo de tal forma, que eles reconheçam como verdadeiro e não entrem em contradição com suas mentes. Eles dizem o que pode ser completamente verdadeiro e científico, mas se tal concorda com os seus princípios da mente, é outra questão. Para afirmar plenamente um pronunciamento, eles proferem toda uma lista de fatos científicos que são completamente verdadeiros, mas se opõem completamente aos princípios do intelecto.

Vou dar um único exemplo. Eles dizem, por exemplo, que o cálculo de um eclipse é cientifica e completamente verdadeiro; mas perguntam ao engenho e seu lacaio − a mente − para que serve o eclipse coincidente e se toda a humanidade ganha algo importante com ele através da ciência! Assim, também é científico que o homem retira do alimento ingerido apenas uma parte para o sustento de suas partes do corpo e elimina o excesso. Se você perguntar ao intelecto, ele só poderá mostrar um relacionamento ruim e sem sentido calculado. Também é cientificamente verdadeiro que a água e outras substâncias viscosas são levadas às profundezas pelo seu próprio peso. O que mais o intelecto dirá, quando seu olhar seguir os penhascos de rocha nua contra os quais nem mesmo uma pequena planta de musgo pode prosperar? Ele questionará por que alguns locais da Terra devem carecer da umidade nutritiva constantemente necessária...

Olhando para esses poucos exemplos, você pode ver como é difícil dar às pessoas intelectuais e críticas um exemplo científico que satisfaça plenamente a correspondência com o intelecto. Para que veja e entenda a maneira pela qual tal conversão ocorre, da próxima vez assistiremos a uma.

Com isso, chega por hoje.

CAPÍTULO 25

Uma conversão de um estoico melhor.

Veja, lá embaixo, no vale, estão indo três mensageiros enviados para tal tentativa de conquista. Nós os seguiremos e ouviremos de ouvidos abertos sua empreitada. Eles estão se movendo mais ao fundo do vale e falarão com os estoicos na terceira cabana, que você vê sobre uma rocha arredondada coberta de musgo. Veja como eles se aproximam da cabana com muita cautela e procuram ser o menos invasivos possível. Iremos, portanto, rapidamente para lá, para não perdermos o acolhimento inicial. Estaremos visíveis aqui; vamos tomar conhecimento!

O iniciador cumprimenta o chamado chefe da casinha, isto é, o mais inteligente, líder e professor das outras dez pessoas que você vê em sua companhia. E como soa a saudação?

Ouça:Senhor muito sábio, você investigou os assuntos do ângulo certo e com sua mente afiada discerniu exatamente o que é justo e injusto, bem-ordenado e desordenado. Ouvimos de longe sua sabedoria e, portanto, viemos aqui pedir seus bons conselhos.”

O intelectual responde: “Nesse caso, você é totalmente bem-vindo. Tanto quanto estiver em minha possibilidade, gostaria de ajudá-lo, mas não onde exceda minha capacidade. De fato, você deve ter ouvido que meus tesouros não consistem em ouro, prata ou todos os tipos de pedras nobres, nem as refeições estão sendo servidas, nem as mesas estão carregadas de comida saborosa; mas sim disponho daquilo que tenho, ou seja, a vitória da mente clara, da qual você pode usufruir o quanto quiser. Pode ter a certeza de que esses tesouros lhe farão mais feliz do que quando possuías todas as sonhadas glórias ditas celestiais, não sendo senão necessidades secretamente expressas de um espírito que não se contenta com o que lhe é dado.

Você sabe que o espaço é infinito e que o homem pensa neste espaço. Quem deixa seus pensamentos irem ao infinito, primeiro esquece que ele mesmo é, de fato, um ser limitado; em segundo lugar, ele não pensa e, portanto, não percebe que os pensamentos no final nada mais são do que um descontentamento contínuo. Daí advém um anseio ainda maior por coisas inalcançáveis, do qual finalmente surge um descontentamento contínuo, pelo qual a tolice humana só pode ser cegamente satisfeita por expectativas inatingíveis e grandiosas, mas vazias. Como tal é o Céu, pois nada mais é do que uma coisa inventada, servindo apenas para satisfazer o poder imaginativo dos espíritos que estão descontentes com o que lhes foi dado.

Somente a mente clara determina os verdadeiros limites das necessidades de seu ser sujeito e anseia em total objetividade apenas a medida correta de sua própria limitação, e esta medida é chamada de `contentamento completo`. Quem se contenta com o que pode reconhecer pelo caminho de seu intelecto como o critério correto de sua própria limitação, encontrou o verdadeiro céu e para sempre não desejará outro, porque perceberá claramente que, como medida de sua própria limitação, nada mais fará do que exatamente aquilo que corresponde completamente a ela.”

Depois dessas palavras sábias, o questionador diz ao chefe da casinha: “Já notamos pela sua breve introdução que você fez a vitória da mente clara como completamente sua; portanto, ousaremos, com a maior confiança em sua sabedoria, apresentar-lhe nosso problema.”

─ O que quer que eu possa estar a seu serviço é bem-vindo para mim, portanto, sinta-se à vontade para apresentar seu problema sem restrições!

─ Então ouça! Na assembleia pela qual fomos delegados para coletar bons conselhos de você, uma grande luta começou a respeito da necessidade ou redundância da luz. As razões para a necessidade da luz valem tanto quanto os argumentos contra ela, portanto não podemos encontrar uma conclusão absoluta sobre qual das partes está certa.

─ Deixe-me ouvir alguns de seus argumentos e contra-argumentos, e você pode ter certeza de que acertarei em cheio com meu veredicto.

─ Então ouça! O argumento que defende a luz pergunta o que seriam todas as coisas sem a luz. Seria como se não existissem. Além disso, a luz é o princípio fundamental de todas as atividades e de todos os pensamentos. Sem a luz como todo poder gerador, nada pode ter se originado e, portanto, também nenhum ser pensante intelectual. A luz também é o princípio fundamental da mente e está na condição espiritual mais pura: a própria mente clara. Veja, esse é o raciocínio falando pela luz.

Já o contra-argumento é o seguinte: Depois que a luz obviamente se originou da escuridão e penetrou todo o infinito pré-luz, já que o infinito estava em uma condição desprovida de luz, surge a questão de saber se o infinito era, em uma condição desprovida de luz, menos infinito do que na atual luz plena.

É do conhecimento de todos que as partes internas dos corpos celestes são, em sua maioria, completamente desprovidas de luz e, no entanto, a matéria em uma condição tão sem luz é tão boa e ainda mais intensamente presente do que na superfície de um corpo celeste, corpo celeste esse que se aquece na luz. Se todo o corpo celeste, no que diz respeito às partes internas, também pode existir sem luz, a luz parece ser para as coisas da natureza um puro luxo.

Todos sabem que foram concebidos na noite do corpo materno e receberam a vida nesta noite. Por que tudo o que recebeu luz durante a noite passou para a luz? Quem pensar um pouco sobre isso, deve ver desde o primeiro momento que a luz não é apenas completamente obsoleta, mas até prejudicial para as coisas, porque elas a ganham e ficam claramente infelizes se, por uma ou outra razão, perdem isto.

E ainda dizem estes que não se deve cuidar da sua falta de luz ao homem que nasce completamente cego, pois para o olho que está acostumado à luz é o maior infortúnio ficar cego. Em uma condição mui cega e feliz, não há de fato diferença entre um humano e um pólipo no fundo do mar. Se o homem nada visse, também não seria capaz de formar em si uma ou outra imagem imaginária. Com tal falta de imaginação, uma grande questão surgiria; ou seja, como ele se sairia com o pensamento, sendo carente de todos os conceitos e formas?

Já se houver perda da capacidade de visão devido a um acidente, os opositores e defensores da luz dizem que se alguém fizesse uso do acidente para usá-lo como um argumento contra a luz, o homem poderia fazê-lo em relação aos outros sentidos não dependentes da luz. Para, portanto, evitar qualquer acidente, o homem deveria nascer sem os sentidos, nas trevas! Entretanto, como a mente do homem pode ser desenvolvida sem os sentidos, pode ser melhor perguntado a uma rocha!

Veja, homem mui sábio, em tal confusão de pensamentos, nossa grande companhia é empurrada para lá e para cá. Esperamos, com plena confiança, que você seja capaz de desatar esse nó.

─ Ouçam, estimados amigos, é um caso crítico extraordinário, pois cada parte tem tudo a seu favor. Uma vez que não existe no `insight` da mente clara apenas um lado certo, e ambos não podem estar certos; torna-se, portanto, bastante difícil decidir entre os dois quem está certo. Tal só será possível, se mantivermos nosso próprio ser individual dentro de seus limites; portanto, ouçam bem! Estabeleceremos regras fundamentais aqui e, a partir dessas regras, chegaremos à conclusão correta. Mas para conseguir isso, primeiro devemos definir uma não existência, uma existência consumidora e uma existência de pensamento livre. Uma inexistência não precisa de nada, portanto, não há consumo. Com uma existência apenas de consumo natural, assume-se que só pode existir, se o consumo necessário estiver presente. Toda matéria que pode existir tanto na noite quanto na luz tem tal existência. Porque o homem é um ser pensante e livre, e uma existência superior pressupõe também um consumo relativo à existência, onde a matéria consumidora só pode ser a luz! A inexistência, portanto, não precisa de nada; uma existência singular e consumidora como produto da noite, não precisa de mais nada como alimento correspondente. Uma existência clara e de pensamento livre também precisa essencialmente do alimento, que é o princípio de sua existência. Consequentemente, a inexistência surge de uma existência noturna; a existência da luz, de uma existência relacionada à luz.

Assim como o homem entende com seu intelecto puro que ele essencialmente vem da luz, ele também precisa entender que a luz é um substrato necessário para ele. Na medida em que ele se considera apenas um consumidor animalesco e nega a si mesmo a vida de pensamento livre superior, ele pode, acima de tudo, remodelar-se em um embrião no corpo materno, não precisa da luz. Uma inexistência não precisa nem de um nem de outro. Vejam amigos, aí está a indiscutível necessidade da presença da luz diante de seus olhos e ouvidos com a maior clareza possível.

─ Ouça, sábio, podemos ver claramente pela sua explicação que você possui uma mente brilhante e agora sabemos exatamente o que nos é apresentado, mas ainda há mais uma coisa que ainda não está completamente clara para nós. É o seguinte: Por que todos os inúmeros vegetais sobre os corpos celestes, e também os animais, precisam de luz para sua vida e desenvolvimento? É bem conhecido dos cientistas naturais que não há vegetação em um espaço completamente desprovido de luz e que os animais em um espaço sem luz tornam-se doentes muito rapidamente, perecem completamente. No entanto, de acordo com o seu veredicto, eles parecem não necessitar de consumo de luz, porque não são seres pensantes e, de acordo com o resultado de nossa investigação minuciosa, também não podem ser. Não fazemos tal consideração por duvidar de sua visão clara, mas para nos proteger contra uma armadilha eventualmente esperada.

─ Essa consideração é muito bem-vinda. Nós a apresentaremos imediatamente perante o tribunal da mente pura; ouça, portanto! Por causa da mudez essencial em relação à sua própria existência, as coisas deveriam precisar de tão pouca luz quanto o centro escuro de um corpo celeste. Porque também coexistimos com eles como produtos da luz, possivelmente podemos chegar à conclusão oposta de que existiríamos em seu nome, tão pouco quanto um humano pode dizer que existe para o bem da casa a ser habitada e cuidada. A casa existe para o homem, mas não o homem para a casa. Se a luz, então, nos trouxe, ela necessariamente deveria criar de si mesma os pré-requisitos necessários para nossa existência relacionada à luz. Essas coisas que você mencionou são, portanto, essenciais para a luz, para nos servir em relação às nossas necessidades relacionadas à luz. Não me refiro aqui ao consumo do estômago animalesco, que também pode ser satisfeito em um ambiente escuro, mas ao consumo superior do espírito, que só pode se satisfazer com conceitos e formas que, assim como ele, têm sua origem em luz. Uma árvore no meio da terra e com todos os seus frutos não servirá para satisfazer o espírito, enquanto não for trazida para a luz e se relacionar com a luz. Veja, meu querido amigo, com isso, seu caso duvidoso está resolvido. Se ainda houver algo no escuro consigo, compartilhe-o abertamente.

─ Estimado e mui sábio homem, agora que você expressou sua opinião sobre a luz, você certa e gentilmente me concederia uma pergunta sobre você? A questão é a seguinte: Qual é, então, a razão pela qual você, sendo um sábio defensor da luz, escolheu morar nesse canto isolado!

─ A razão é muito mais sábia do que você poderia compreender. Se quisermos ver as coisas na luz e discernir a luz pura, devemos, de acordo com as regras matemáticas corretas da observância ótica, não ficar nós mesmos na luz, mas em um lugar de completa escuridão. Com isso, nossas habilidades óticas são fortalecidas e podemos discernir o assunto oposto acentuadamente enfatizado. Mas se você considera a luz, se você fica cego por ela e só pode ver o assunto nebulosa e obscuramente, você deve se contentar apenas com seu lado sombrio. Portanto, minha morada está longe do objeto que dá luz, mas não afastada da luz prática. Então você pode deduzir que minha morada não é distante da luz, mas sim à parte da luz muito útil e bem calculada. Se você tiver mais objeções, sempre encontrará em mim o homem mais incansável, mais disposto, querendo satisfazê-lo com tudo o que estiver ao meu alcance.

─ Já posso ver como você pensa, fala e age sobre tudo com princípios bem calculados. Portanto, gostaria de saber também de você por que você se estabeleceu, sendo um defensor do alimento da luz, em uma região tão inabitável, produzindo tão pouco para o estômago animal quanto para o espiritual. Não é lamentável que você não tenha se estabelecido em uma região mais rica, para ser uma verdadeira bênção para muitas pessoas que ainda têm muito pouco intelecto? Ali encontraria ainda mais alimento para o seu espírito, onde você poderia preparar um poderoso alimento para os espíritos fracos a partir da abundância de raios de luz que encontrariam o seu espírito.

─ Pois meus queridos amigos, sobre essa questão, vocês, a seguir, receberão luz suficiente.

Você aí, como você se vê em relação ao infinito?

CAPÍTULO 26

Continuação da visita aos estoicos.

─ Nada vejo além de algo terminal e limitado.

─ Olha, com tal resposta você já dá a razão geral pela qual escolhi essa região para viver. Portanto, eu lhe digo: Só é verdadeiramente sábio aquele que encontrou as limitações de sua própria mente; então entende, com sua mente, como muito é necessário para a satisfação de seu espírito. Essa região corresponde completamente às minhas fronteiras determinadas intelectualmente e, portanto, o conselho do intelecto é: `Contente-se sempre com o que corresponde à sua limitação; nunca saia do círculo de seus ´insights´, conheça e encontre-se sempre dentro deste círculo; então você encontrou a alegria da vida da forma mais perfeita e aplicável`. Veja, por isso essa região que você acha muito inabitável é completamente apropriada para mim, porque não oferece mais do que corresponde aos limites da minha mente. Se eu for útil em algum lugar, só posso fazê-lo dentro do horizonte do meu ´insight´; fora dele, eu seria um cadáver e incapaz de ser completamente útil para qualquer pessoa. A partir daí, pode ver por que escolhi esse ambiente e nenhum outro para viver.

E se você acha que eu me deixaria seduzir pela vaidade para iluminar os outros, você está tristemente enganado comigo. Pois meu princípio inabalável é o seguinte: Se você deseja servir, conheça muito bem a esfera em que deseja servir. Se você não conhece esta esfera, fique em casa com sua filantropia, pois quem quer dar mais do que tem, ou é tolo ou enganador.

─ Muito apreciado amigo, mais uma vez você falou com muita sabedoria e não encontramos nenhuma objeção. Só precisamos de mais luz sobre um aspecto. Já que você foi tão amigável em nos corrigir e esclarecer completamente nossa questão, poderia nos dar conselhos em outra situação?

─ Caros amigos, desde que se encontrem nesse terreno, podem me fazer qualquer pergunta e terão certeza de que posso lhes dar uma iluminação digna sobre todos os aspectos relativos ao meu ambiente. Portanto, diga-me o assunto sobre o qual ainda há dúvidas.

─ Você falou em sua sábia exposição sobre um certo limite do horizonte de seu conhecimento e que seria muito imprudente ousar se aventurar além desse horizonte. Por último até entendemos, pois verdadeiramente ninguém pode fazer o que excede seus poderes e, se quisesse, certamente seria um tolo na medida em que desejasse exceder seus limites. Mas veja, quando você nasceu, sua mente não tinha um horizonte tão vasto como agora. Obviamente, você ampliou cada vez mais o horizonte de suas percepções, até que, com esse aumento, ampliou o horizonte para as atuais dimensões inspiradoras. A questão agora é se tal horizonte deve ser considerado completamente fixo ou passível de expansão. Acredito que, mesmo que alguém limitado expandisse tanto seu horizonte, ele, apesar de seus limites, jamais enfrentaria o perigo de preencher o infinito.

─ Caros amigos, por um lado, vocês estão certos, por outro lado, não. Se um homem tivesse criado a si mesmo, poderia ter dado a si mesmo o quanto quisesse, pois não encontraria falta no infinito e deveria a si mesmo expandir continuamente o horizonte de suas percepções. Como o homem não surgiu de si mesmo, mas a vida lhe foi dada, seu horizonte também lhe foi dado. Se você olhasse para uma maçã na Terra, por exemplo, veria que ela expande o horizonte de sua existência logo após a queda da flor. Quando ela estiver totalmente madura, você pode dizer à maçã o quanto quiser, e ela não poderá ter mais nada a dizer senão: `Até aqui e não mais, pois minha medida está cheia!`. Mas por que a maçã lhe daria tal resposta? Porque ela também é algo dado e não algo autocriado; portanto, recebeu sua área de desenvolvimento. Quem chegou a tais limites e sabe que esse é o seu terreno dado, é completo em si mesmo e é o mais perfeito possível. Ele fica neste terreno e não o usa ao máximo, pois seria um escravo desajeitado de si mesmo e não seria capaz nem mesmo para si mesmo. No entanto, quem quiser se inflar tanto a ponto de sair de seus limites, é um tolo orgulhoso destinado a se destruir. Irá com ele como com um cone oco que é preenchido com pólvora e depois incendiado, através do qual a superfície do cone é explodida e partes dele são atiradas para um horizonte distante. Mas pergunte a si mesmo como vai se sair com todo o cone.

─ Mais uma vez, não podemos fazer uma única objeção contra os fatos de sua exposição, pois ela é completamente verdadeira. Mas você, caro amigo, claramente dá sua resposta deliberadamente de tal forma, que devemos sempre encontrar um novo ponto de partida e pedir sua opinião.

Você também disse na exposição que o homem porta, assim como todos os outros seres limitados, uma criatura que não é autocriada. Se isso for verdade, surge a questão de quem é o Criador; pois, com um receptor, um doador está implícito tanto quanto uma ou outra aparência com sua causa correspondente. Queremos, portanto, pedir-lhe mais esclarecimentos sobre o Doador.

─ Caros amigos, em relação ao Doador, Ele está acima do horizonte de nosso conhecimento, e tudo teremos feito se nos reconhecemos como algo dado. Se quisermos investigar o Doador, não faremos outra coisa senão medir a circunferência do infinito com um compasso. Certamente é verdade, pois um círculo o faz pensar em círculos cada vez maiores, indo cada vez maiores até o infinito, com os quais o círculo menor mostra a semelhança. Mas quando este menor círculo quiser tornar-se completamente igual a um maior, acima de si mesmo, ele primeiro tem que ser esticado, tem que esticar sua circunferência muito menor para aquela do círculo maior, para igualá-la. Isso realmente pode ser feito, mas a experiência ensinará que uma linha do comprimento de um pequeno círculo mal seria capaz de fazer contato com um milésimo de uma linha de comprimento de um círculo significativamente maior. Como tal, apenas um pequeno trecho fará contato; os demais trechos ainda serão inacessíveis para a linha muito mais curta. Veja, neste exemplo há apenas dois círculosse tocando. Agora, primeiro pegue o menor círculo e meça com sua linha estendida o círculo infinito, ilimitado. Então pergunte a si mesmo como tal trabalho ou esforço, visto intelectualmente, deve ser avaliado. Eu acho que na mente humana, nenhuma tolice maior pode ser evocada; o mesmo é verdade, se quisermos sondar o infinito Doador, quem Ele é. Portanto, basta, como já afirmei, que todo homem se reconheça como um certo receptor, incluindo a área cercada de seus ´insights´. Com relação ao Doador, isso não diz respeito nem um pouco ao receptor, visto que Ele é obviamente infinitamente exaltado acima do receptor. O que uma maçã pode se tornar se uma vez amadureceu completamente? O que seria um círculo, quando a linha que sai de um ponto chega a si mesmo? Deixe-o ficar onde está, então ele será perfeito como lhe foi dado.

─ Novamente, você nos deu uma boa resposta. Ainda temos uma outra, e é a seguinte: Na região de onde viemos, é continuamente proclamado por um grupo dito maior, o amor a Deus; mas não sabemos como devemos encará-lo à luz de suas sábias percepções. Pois entendemos que o amor é definido como segurar alguém e puxá-lo em sua direção. Mas como pode um ser limitado ou um poder limitado apoderar-se de um poder ilimitado e puxá-lo para si?

CAPÍTULO 27

A vitória e a redenção de um sábio estoico.

─ Caros amigos, para dar uma resposta satisfatória à pergunta, é imperativo discernir adequadamente as coisas diferentes umas das outras. Em primeiro lugar, é necessário explicar completa e intelectualmente o termo `amor`, só então se poderá compreender como ele reage a tudo que o rodeia. O termo `amor` não é outra coisa e não pode ser outra coisa senão uma necessidade que se expressa e cuja causa não pode obviamente ser outra senão a falta daquilo que a estimula. A necessidade parece a fome. Quando alguém está com muita fome, tem um apetite tão grande, que quase se convence de que precisa comer pelo menos um mundo antes que sua fome seja satisfeita. Mas o que essa verdadeira experiência diz sobre nossa fantástica apresentação? Nada mais do que: `Você, humano faminto, coma apenas meio quilo de pão e ficará plenamente satisfeito!` Veja, é o mesmo com a necessidade mais espiritual do termo `amor`. O humano faminto de amor acredita que precisa encher o estômago de seu coração com todo o infinito antes de ficar totalmente satisfeito. Qual é a causa desse desejo sem sentido? Em nenhum outro lugar pode ser encontrado senão na falta de satisfação do horizonte de suas próprias percepções, que necessariamente é seguida por um vazio após o outro; o único sentimento de perder algo após outro. O amor deseja satisfação. Como essa capacidade de desejar é uma propriedade puramente mecânica do espírito, ele não tem a capacidade de discernir o que deve almejar para obter a satisfação. Como essa capacidade de desejar gerou um vazio no ´insight´, essa falta, que é igual a nenhum ´insight´, não pode avaliar o alimento essencial necessário para sua satisfação. Em tal ocasião, tais cabeças vazias se voltam com sua capacidade cega de desejar de fato até o terreno do infinito e são, então, da opinião de que receberão livremente tudo pronto e em abundância, os chamados pássaros assados em suas bocas. O grau de vaidade de tal ideia delirante é óbvio, pois tais `amantes do infinito` obtêm apenas uma fome maior do que uma ou outra satisfação plena. Isso é muito evidente e deve ser explicado por um exemplo fiel à natureza: Imagine-se um faminto tendo ao seu lado uma cesta de pães. Ele continua abrindo a boca para o espaço infinito como se quisesse devorar todo o céu estrelado, mas nem olha para o pão que está ao seu lado. É óbvio que ele estará cada vez mais faminto a cada hora que passar no infinito; se ele não pegar logo a cesta, finalmente será entregue à morte. A partir disso, você, estimado amigo, pode entender facilmente, sem maiores explicações, como isso se relaciona com o chamado `amor a Deus`.

O verdadeiro amor a Deus não pode ser nada além de: Todo ser humano livre deve viver de acordo com suas percepções e dentro de seu horizonte dado. Essa percepção só pode ganhar impulso quando o homem reconhecer a si mesmo e seu domínio dado. Mas para conseguir isso, o homem deve remover cuidadosamente todos os obstáculos do caminho, libertar-se de todas as necessidades externas e sem importância; daí então, ir para o seu centro, de onde só então começa a ser possível olhar para todo o seu horizonte, preenchendo o seu domínio com o que lhe foi dado. Ele consegue isso por meio de perseverança e grande sacrifício pessoal. Então ele terá satisfeito completamente seu amor ou seu desejo. O que quer que ele digira disso, será capaz de recuperar rapidamente sua própria abundância. É então, visto da posição do intelecto puro, um amor pleno e satisfeito que não mais se apresentará como faminto, mas sim como uma satisfação alegre.

Olha, esta é a opinião mais clara dentro do meu horizonte. Se você tiver alguma objeção, você pode, como disse, dizê-lo tão livremente quanto me deixa livre para reagir a qualquer objeção.

─ Caro amigo, você pensou bem em suas respostas, e não podemos fazer nenhuma objeção. Já que você nos concedeu falar um pouco mais, ainda gostaríamos de discutir com você sobre uma questão muito importante. Seja assim tão generoso em nos ouvir.

Veja, conosco algo principalmente diferente está sendo ensinado e ninguém quer se opor a esse ensino. No entanto, do seu ponto de vista, não sabemos o que pensar disso. Este ensinamento consiste no seguinte: Deus, o poder abrangente e o princípio do poder, se concentra em seu centro, formado por este ato como um ponto culminante de todo o seu poder infinito e força do Divino completo, estando na forma humana e na pessoa de um certo Jesus Cristo, que atuou no planeta Terra. Ele mesmo ensinou lá, abordando o homem como Suas criaturas e como irmãos, para, por Seu amor por Suas criaturas, permitir que Seu corpo adotivo fosse morto por elas! Como prova de Sua divindade, Ele realizou maravilhas e feitos impossíveis para qualquer homem; Ele ressuscitou da morte física após três dias e então retornou ao Seu centro divino à vista de muitos! Ele ensina no mundo e para o homem, ou melhor, no planeta Terra, nada mais que eles devem amá-Lo acima de tudo. Para aqueles que quiserem, Ele prometeu Seu Reino, consistindo em um conhecimento cada vez mais profundo de Deus, um conhecimento sempre no amor crescente por Ele, e deste conhecimento e amor vem uma bem-aventurança indescritível, chamada de vida eterna em Deus.

Veja, a causa não é tão insignificante quanto você pensa. De onde viemos, este Cristo vive, e ainda estamos muito, clara e vivamente convictos de que todas as criaturas em todo o infinito devem obedecê-Lo. Apenas um empurrãozinho Dele é suficiente para impedir que inúmeras hordas de mundos cessem sua existência; outra cutucada, e inúmeras hordas novamente preenchem as profundezas infinitas do espaço eterno e infinito. O que você diz agora sobre o nosso problema que lhe propusemos em sua esfera?

─ Se esta sua história não é uma miragem, então, no que diz respeito ao foco do eterno poder em algum ou outro centro, de fato não é impossível, porque, exalando de cada ponto dado, uma possibilidade infinita de linhas é possível. Em relação à encarnação do centro divino de força e poder, há de fato algo a dizer sobre isso, mesmo que o intelecto puro não possa aceitar algo assim, considerando uma contradição completa. Na medida em que este Ser ensinou principalmente o amor a Si mesmo, isso aparece ao pensador como puro egoísmo do lado do Ser Divino. Se aceitássemos que o Ser Divino ou o poder primordial concentrado em Si mesmo tivesse tal necessidade egoísta, então ele começaria a ser absoluto; e se o homem pudesse contestar isso, então tudo o que foi mencionado acima poderia esperar a aniquilação completa.

Mas deve ser diferente com este amor. Então este centro Divino pode Se revelar muito bem na forma humana? Se, por seu amor descrito, fosse apenas um faminto, então deveria ser óbvio para você em que mãos o ser de todas as coisas se encontraria com o poder infinito; poderia precisar, por assim dizer, satisfazer-se com elas...

Uma vez que alguém me contou um pouco mais sobre este Cristo e que Ele, com base em Sua promessa, se encontra entre tudo e todos com a sempre autorreveladora Onipotência e o poder primordial; então você certamente deve ver que eu não posso dizer nada contra minha esfera, nem a favor dela. No caso, sempre se resume à própria experiência. Se eu mesmo fosse capaz de ver este Cristo ou o centro divino encarnado, com certeza saberia até que ponto isso é verdade. Mas como tal, estimado amigo, você deve se contentar com o que tenho. Se você pudesse trazer este Cristo aqui para mim, pode ter certeza de que eu, no que diz respeito à minha esfera, não julgaria Seu Ser irracionalmente, nunca diria que nada deve estar acima da minha esfera!

E Eu intervenho: E se o Cristo, sendo o Ser mais amoroso, viesse aqui e te convidasse a segui-Lo, o que tu farias?

─ Se Ele é isso e eu reconheço que Ele é o que você me disse sobre Ele, então não há muito o que considerar, exceto que o potentado infinitamente menor deve seguir o potentado infinitamente maior, impulsionado por Ele mesmo, pois não há nenhum outro resultado possível ou pensável. Se não for assim, então também está claro que não posso sair de minha esfera por meu próprio poder, porque minha esfera é, como já expliquei, suficientemente, algo dado e não algo autocriado.

Então olha para Mim, pois Eu sou o Cristo! O que tu queres de Mim agora?!

─ Se tu és o Cristo, deixa-me confirmá-lo, e eu te seguirei.

Que haja luz nessa esfera e tu, região estéril, torna-te um paraíso!

Olhe, agora o representante intelectual prostra-se diante do seu Mestre, adora-O e diz : “Então é verdade que tudo é possível para Deus! Mestre, porque Tu tens sido tão gracioso para com os pobres? Peço-Te que me leves para Tua esfera! Mas deixa-me ser o mínimo em Tua esfera de misericórdia! Sei que podes alargar o meu horizonte tal como me deste, como sou, fora de Ti. Eu me acostumei com essa esfera como a mais apertada de todas as esferas, deixa-me, então, ser o menor entre todos aqueles que achaste dignos de Tua Compaixão, deixa que eu fique nessa esfera. Crê-me, ó Mestre, e vê em mim o ser que saiu completamente de Ti e cujo espírito jamais poderia imaginar que Te veria, Tu, o Doador infinito, sempre em Teu Ser Primordial. Porque agora eu Te vi assim, todos os maiores pré-requisitos do meu espírito foram cumpridos.”

Jesus diz: “Então segue-Me e certamente não serás o menor onde Eu habito entre os Meus filhos! Mas não aqui, somente lá tu reconhecerás em Mim o mais amoroso e Santo Padre!”

Olhe, ainda é uma das maneiras mais eficazes de resgatar um espírito intelectual tão puro de sua esfera. Mas há muitos mais espíritos com os quais não se sai tão facilmente. Isso é especialmente verdade, pois tais espíritos intelectuais estoicos têm neles um alto grau de altivez devido ao seu aprendizado; não é raro acontecer um insucesso. Não seria bom para você assistir a tal processo de conversão, pois você já pode deduzir que tais casos costumam falhar às centenas.”

Com isso, sairemos da atual região e nos aprofundaremos no barranco do meio.

Então, chega por hoje.

CAPÍTULO 28

Os vales dos ricos, dos eruditos, dos habilidosos e dos intelectuais.

Olha, já estamos de novo no nosso primeiro local. Você está realmente um pouco relutante em se aventurar por lá, mas a ravina ainda tem muito espaço entre as falésias rochosas, e facilmente passaremos pelo caminho ligeiramente rochoso.

No caminho, à esquerda e à direita, você verá ravinas muito estreitas e profundas. À esquerda, ou o lado do meio-dia, os vales têm o mesmo significado daquele que vimos como o primeiro vale à esquerda, onde vivem os ricos da Terra. A única diferença é que os habitantes desses vales mais profundos ainda são mais pobres em boas ações, embora fossem na Terra muito mais ricos em riquezas terrenas.

Nos vales à direita, encontram-se as habitações de todos os tipos de eruditos e intelectuais. Quanto mais profundo e remoto for o vale onde essas almas vivem, mais distantes elas estarão do Mestre em sua ciência.

Agora que você sabe disso, podemos seguir nosso caminho bem preparados e ir para regiões onde você aprenderá coisas excepcionalmente importantes. Aqui vamos nós!

Você pergunta de onde vem toda a água que flui dos vales para a estreita ravina, correndo como um rio tempestuoso da montanha dele até a baía do grande mar. A água significa o conhecimento e as futuras aplicações úteis decorrentes. Significa o conhecimento e aplicações úteis decorrentes dele, que as pessoas adquirem por meio de seu intelecto e habilidades, ao longo de um caminho experimental adquirido, emprestado das ciências naturais. A água que flui dos vales à direita é, como podem ver, muito mais turva. Isso representa as muitas inverdades existentes no conhecimento erudito. A água um pouco menos turva que vem dos vales à esquerda mostra a atuação da riqueza do mundo que, com seu conhecimento menos científico, tem um pensamento um pouco melhor do que o dos verdadeiros eruditos puros.

A combinação das águas na ravina significa que as habilidades e conhecimentos das ciências e as habilidades e conhecimentos dos tesouros mundanos sempre andam de mãos dadas e, no final, são a mesma coisa. Pois o erudito estuda as ciências para aumentar sua riqueza em tesouros mundanos, já os ricos em tesouros mundanos buscam as ciências para aumentar ainda mais sua riqueza. A razão pela qual você não vê a água vindo da esquerda fluindo tão turbulenta quanto as que fluem da direita significa que o rico em tesouros mundanos ainda sabe como se manobrar politicamente entre os eruditos, a fim de obter alguns conhecimentos. Também sabe manobrar com outros, para fortalecer sua necessidade especulativa.

Agora que sabemos disso, podemos retomar nossa jornada. Olhe ali bem ao fundo, ali se ergue um alto muro de pedra. Ali termina nosso vale à esquerda e à direita. Às vezes, aquela parede se abre, e uma grande fenda se mostra. Se você estiver lá naquele momento, você poderá passar, mas se não conseguir, nenhuma outra passagem será possível.

Você pergunta:“Nem mesmo pelos meios que nos movemos nas regiões do norte, sobre as montanhas?”

Também não assim, e isso porque você ainda tem algo da Terra em você. Estaremos aqui no momento em que a parede se abrir. E porque uma vasta planície se estende por trás, poderemos sair novamente pela ampla abertura antes da parede se fechar.

Olha, já estamos na parede; tenha um pouco de paciência, abrirá no devido tempo. Digo: `Abra!` Então a poderosa parede cede… A abertura é grande o suficiente; passemos rapidamente! Felizmente, passamos pela abertura. Ao olharmos para trás, a parede já está fechada.

Agora, olhe novamente à sua frente para o ambiente em que nos encontramos; o que acha?”

─ Que pergunta! Como poderíamos gostar deste ambiente? É tão escuro, podemos sentir melhor do que podemos ver. Devemos nos agarrar a você, caso contrário, certamente nos perderemos, pois nem mesmo vemos o chão em que pisamos. Nós, portanto, nem mesmo sabemos sobre o que estamos caminhando, se é pedra, areia, lama ou água. Como dissemos, não vemos nada, nem mesmo você ou nós mesmos.

Sim, queridos amigos, aqui é assim. Você me pergunta se existem seres que existem aqui? Digo que não encontrarão facilmente uma região tão densamente habitada como essa, pois pode-se dizer verdadeiramente que aqui o mercado das trevas fervilha de gente.

Você realmente gostaria de um pouco de luz para ver alguma coisa? Mas Eu digo que não nos serviria bem ter aqui uma luz própria, pois seríamos imediatamente acossados pelos habitantes da região, como uma minhoca caindo em um formigueiro. Tenha, portanto, um pouco de paciência; nossos olhos logo se ajustarão e poderemos ver no escuro como uma coruja noturna. Caminhemos, pois, um pouco mais longe. Bem, você já vê alguma coisa?

─ Estamos começando a ver mui fracamente que o chão em que pisamos consiste principalmente de areia pura e, diante de nós, parece que algo se moveu.

Sim, está certo. Vamos lá então, e você logo saberá o que está se movendo. Veja, aquilo que se move está vindo em nossa direção; é uma figura humana de aparência miserável e encolhida. Gostaria de perguntar-lhe quem é? Você não? Então Eu vou fazer isso. Ouça, vou falar com a figura.

Digo Eu: “O que você está fazendo aqui, ser miserável! De onde você vem? “

A figura diz: “Estou aqui na vizinhança já há cerca de três anos terrestres; ando por aí como um animal selvagem, mas não encontro nada com que saciar minha grande fome. Por que tive que acabar em um ambiente tão miserável após minha morte, não sei. Na Terra, eu era um senhor proeminente e ocupava um alto cargo. Eu executei minha função com diligência e retidão. Nunca aceitei suborno, mas agi estritamente de acordo com a lei, cumpri minha situação e como tal e fui honrado por todos. Até meu rei apreciou e me deu distinção. Eu, voluntariamente, fiz bem com o meu salário ganho e vivi exemplarmente em todos os aspectos, digno de ser imitado. Quando finalmente saí do mundo temporário, acabei nesse ambiente deplorável onde eu, como já disse, vago por aí há quase três anos, e nenhum lugar é um lugar de fuga.”

─ Meu caro amigo, isso pode muito bem ser verdade, mas você, com a execução de seu ofício, nunca pensou ou acreditou em Cristo, o Mestre? Já fez alguma coisa por amor a Ele? Considerou as pessoas simples como irmãos? Diga-me, como você se saiu assim?

─ Como pode um homem desenvolvido acreditar em uma velha história de Cristo? Eu ainda, para não perturbar ninguém politicamente, participei de todas as tolices cristãs. Quem pode ser tão tolo em esperar que um homem de alto cargo de estado considere a ralé de rua como seus irmãos? E para fazer algo por amor ao Cristo, aquele de minha velha esposa, primeiro deve-se tornar tão tolo, até mesmo para acreditar em tal Cristo e depois ver se alguém faria algo por um certo amor por Ele. No entanto, eu acredito em um Deus e muitas vezes penso comigo mesmo: Se Deus é justo, o que certamente deve ser, então Ele deve, se há vida após a morte, também deixar um homem justo como eu, experimentar a plena justiça. Pois já experimentei por três anos horríveis que existe vida após a morte; por tal tempo estou vagando aqui como um animal selvagem.

Mas creio que devo finalmente experimentar aqui, em tais circunstâncias, que não existe nenhum deus; pois se existisse um ou outro deus, ele teria que me tratar tão bem quanto o rei me tratou. Mesmo que tudo seja obra do destino cego, eu recaí nele e só tenho que esperar o que fará comigo.

Se você tem algo para o meu estômago, dê-me algo para comer, pois estou com muita fome; exceto por uma pequena planta de musgo que encontrei por acaso, não tenho comida.”

─ Amigo, existe um Deus que é justo e não é outro senão o Cristo de sua velha esposa! Que isso lhe seja um raio de Misericórdia, para que saiba a quem deve recorrer quando tudo piorar para si.

Veja, tudo o que você fez, embora fosse verdadeiramente justo, fez por amor-próprio exclusivo. Seu amor era justo ao seu prestígio, para você ser apreciado em geral e ter a alta consideração do mundo. Portanto, você não trouxe nada além de seu amor-próprio, que não tem luz aqui, pois sua luz é tirada do mundo. A luz do espírito e sua justiça estão em Cristo! Volte-se para Ele com o teu coração, então receberás, segundo a medida da tua conversão, luz e pão. Afaste-se de nós agora!

Veja como foge, imerso em pensamentos... Vê como a nuvem negra acima dele está ficando um pouco mais cinza? Ele está começando a refletir sobre o Cristo.

Mas vamos prosseguir; casos muito mais interessantes ainda se apresentarão.

CAPÍTULO 29

Reino das trevas e incredulidade.

Veja, não muito longe daqui algo está se movendo; você vê?

Responde Anselmo: “Oh sim, se nossos olhos não estão nos enganando, desta vez são dois excepcionalmente altos, pobres e completamente emaciados em torno das nádegas.

Você está certo; movamo-nos rapidamente, então logo os alcançaremos. Olha, eles já estão ali. Eles ainda não estão cientes da nossa presença e, por enquanto, isso é bom, pois poderemos escutá-los e ouvir o que eles falam uns com os outros.

A diz:Não é melhor com você do que comigo, caro amigo. Há quanto tempo você está nesse lugar?”

B diz:Estimado amigo, de acordo com a minha sensação, apenas algumas semanas; mas há quanto tempo você está aqui? ”

A diz:Estimado amigo, a meu ver, há cerca de vinte anos.”

B diz:É completamente inexplicável para mim estar aqui; você pode acreditar em mim. Quando você já era um homem de barba grisalha, você me conheceu como um jovem ativo de cerca de vinte anos de idade. Sempre vivi como era certo de acordo com minhas percepções do que é certo e razoável. Cumpri meu ofício espiritual com muita fidelidade e nunca, de acordo com as regras da igreja, negligenciei apenas uma única letra. Sempre preguei completamente dentro do espírito da única igreja redentora. Na medida do possível, apoiei aqueles que julguei verdadeiramente necessitados, ou seja, que empobreceram sem culpa. Na santa missa, eu honrava a Deus diariamente e, até a minha última hora, não me lembro de ter negligenciado o livrinho de orações. Submeti-me a todas as ordenanças da liderança da Igreja e seria capaz de lutar pela vida ou pela morte com relação aos direitos da santa Igreja. Tenho sido rigoroso no confessionário, acho que ganhei muitas almas para o Céu. Partilhei o evangelho de Cristo com os pobres, alimentei os famintos, revigorei os sedentos, vesti os nus e libertei os cativos; portanto, eu esperava, depois de minha morte, especialmente porque me assegurei de uma indulgência total a sua santidade, o Papa, para entrar no Céu.

Mas como é com o Céu tão certamente esperado, você pode ver aqui tão claramente quanto eu! Muitas vezes pensei secretamente, mas nunca falei abertamente, que o Cristianismo, incluindo o Cristo, nada mais é do que o paganismo cultivado; portanto, tenho pouca confiança em Cristo e na Trindade. Agora está claro para mim, tal como olhei com minha desconfiança secreta. Bem, o que diz sobre isso?”

A diz:Sim, meu querido amigo, o que posso dizer a respeito? Eu não era padre, mas de fato vivia, se assim se pode dizer, de forma tão rigorosa quanto me foi ensinado pelos padres. Em certo sentido, tive muitas dúvidas e pensei comigo mesmo: `Pode ser assim? Vivi muito pacificamente e como os padres me ensinaram; os ensinos poderiam estar errados? Se o ensino deles for errado ou sem sentido, então será responsabilidade deles, lavo as minhas mãos na inocência! Se Deus realmente é um juiz tão justo como todos os padres no púlpito pregaram, então Ele deve me recompensar, se Ele realmente existe. Se não há Deus, então como se vive é tudo a mesma coisa. Por outro lado, se houver uma vida do outro lado, ela deve corresponder ao caráter honesto da pessoa. Se não houver vida após a morte física, terá muito pouca importância a forma como a pessoa viveu na Terra.` A partir disso, você pode ver que eu vivi na Terra como um homem completamente honesto, sábio e obediente. Agora estou aqui há tanto tempo, e esta é a recompensa! Nada há além de uma noite quase impenetrável e excepcionalmente gelada como nunca antes, nada de comida além de um pouco de musgo arenoso, e tudo deve concordar com o amor, a compaixão e a justiça de Deus tantas vezes pregados por vocês, sacerdotes!! Há mais de vinte anos venho ponderando se Deus existe. Se encontro alguém ou falo com ele sobre o assunto, ninguém sabe mais do que eu. Portanto, me surpreende ainda mais que você, tendo sido um padre, que de fato trabalhou para o chamado reinode Deus, tenha tido o mesmo destino que eu. Acho que fomos levados pelo tal Cristo, pois muitas vezes me pareceu peculiar que um Deus permitisse que ele fosse morto! Os velhos e sábios hebreus provavelmente conheceram Cristo muito melhor do que nós e souberam como eliminá-lo adequadamente, um fanático judeu piedoso. Ordenadamente, o colocaram no colo dos outrora felizes romanos, como uma resposta por terem destruído Jerusalém, sua cidade real. Os judeus permaneceram com seu antigo Deus, que obviamente tinha uma imagem muito mais divina do que a do nosso crucificado. Tivemos que adotar o Cristo, o ser mais desprezado, através de um golpe de gênio dos judeus, pois se Cristo realmente significasse alguma coisa, então alguém nessa grande esfera mundial sem fim deveria saber algo real sobre ele. Você pode encontrar milhares lá, todos considerados pessoas puras, sóbrias e modestas, mas ninguém sabe nada sobre ele. Posso lhe dizer que conheci pessoas que vivem nessa região há mais de dois mil anos e estão completamente habituadas a comer musgo. Elas foram contemporâneas de Cristo na Terra, se é que alguma vez existiu um Cristo entre nós, e ainda assim elas sabem tão pouco sobre ele quanto nós. Alguns deles afirmam nunca ter ouvido o nome. Veja, essas são minhas ideias que formei secretamente durante minha estada aqui e secretamente guardei durante minha vida na Terra. O que você acha?”

B diz:Caro amigo, devo reconhecer abertamente que há muito a seu favor. Por outro lado, não consigo imaginar que os judeus sábios, que possuíam o conhecimento de Deus, se sobrecarregassem com um tipo de deus quase como isca de forca, apenas por vingança contra uma grande nação como a dos romanos. Mesmo entre os romanos havia muitos homens sábios, e não teria sido particularmente sensato considerar que a grande e sábia nação fosse tão tola a ponto de trocar seus deuses tão aclamados e significativos por um tão lamentável.

Uma vez que você deu a conhecer sua opinião, então agora direi abertamente o que muitas vezes pensei comigo mesmo durante minha vida terrena. É o seguinte: Os romanos, ou melhor, o sacerdócio romano, gradualmente percebeu que as coisas a longo prazo iriam ficar mal com todos os seus deuses. Os sacerdotes romanos, portanto, começaram a buscar ao longo do tempo, para as pessoas mais sensualizadas, um mito mais atraente. Fizeram parecer que o deus supremo Júpiter teve pena da humanidade. Como a nação judaica era a mais distante da pura idolatria, Júpiter teria descido na forma de um judeu e teria ensinado a verdade sobre o ensino correto dos deuses de Roma. Tal ensino era uma abominação para os judeus, especialmente porque os romanos eram um grande fardo para eles naquela época. Os judeus fizeram de tudo para colocar esse verdadeiro Júpiter, deus em forma humana, sob suspeita.

Pilatos sabia muito bem quem realmente era o Cristo, por isso o defendeu o quanto pôde. Como os judeus não conseguiam mais controlar o povo adequadamente, até ameaçavam acusar Pilatos a César como o responsável por uma rebelião, Pilatos pensou consigo mesmo: `Prefiro entregar o Todo-poderoso aos judeus, pois Ele certamente saberá muito melhor do que eu o que fazer.`Então Pilatos permitiu que os judeus crucificassem o Cristo `pró-forma`, ao estilo romano. No entanto, sendo Júpiter, ele ressuscitou facilmente da morte e informou aos sumos sacerdotes em Roma o que eles deveriam fazer a partir de então.

Mas sacerdotes oportunistas consideraram tudo apenas como água em seus moinhos. Eles passaram a instruir o povo sobre um mito acontecido da Terra dos judeus, isso com o consentimento dos romanos. Eles também inventaram muitos pseudomártires que talvez tenham, com o consentimento dos Césares, cometido atrocidades únicas e arbitrárias, às quais acrescentaram diante dos olhos do povo ignorante diversos sinais maravilhosos. Com isso, o antigo e já diluído paganismo romano, sob a revisão de um pontificado astuto, foi transmitido a nós. Fomos, compelidos pela necessidade, tolos o suficiente para aceitar um truque tão mesquinho, regido por dinheiro real.”

A diz:“Meu estimado amigo, devo admitir abertamente que há mais a favor da sua opinião do que da minha. Eu simplesmente não consigo entender como alguém poderia construir o paganismo recém-fundado sobre os judeus por meio de um empreendimento tão astuto. Que eu saiba do chamado evangelho, Cristo chamaria exclusivamente para testemunhar os profetas dos judeus, portanto, não é particularmente aceitável que os orgulhosos e sábios romanos se deixem servir pela religião dos judeus muito desprezados por eles, para estabelecer uma religião lucrativa. Além disso, devo reconhecer abertamente a você que o ensino absoluto de Cristo, excluindo algumas coisas tolas e maravilhosas, é um ensino bastante humano e sábio que, em minha opinião, não é proveitoso para a conhecida ganância romana. Por essa razão, não é facilmente provado que Ele é uma invenção do sacerdócio romano, mas sim de um dos judeus, pois pela história sabemos muito bem como os romanos se opuseram ao surgimento de novo ensino religioso.”

B diz:Meu estimado amigo, a esse respeito você é muito pouco iniciado nos modos secretos e sorrateiros do sacerdócio. Você realmente leu na história que alguns césares romanos resistiram poderosamente à importância da nova religião, mas mostre-me um pontífice romano de nome que resistiu contra ela! Veja, como tal, a situação foi habilmente conduzida, e esta religião recém-estabelecida nunca encontrou uma entrada melhor do que exatamente através desta aparentemente necessária resistência cruel dos Césares romanos. Para esta religião recém-estabelecida ser baseada no Judaísmo, tem a seguinte razão óbvia: como os sábios romanos tiveram muito tempo durante suas múltiplas cruzadas para se iniciarem em muitas religiões, eles puderam facilmente concluir que uma religião recém-estabelecida não poderia ser baseada em nada mais adequado do que exatamente nos judeus. Eles fizeram o Zeus humano por boas razões para agir na terra dos judeus, pois sabiam que outras religiões estavam em um estado pior que o deles.”

A diz:“Sim, caro amigo, agora a situação realmente tem uma luz completamente diferente e não posso deixar de concordar totalmente com a sua opinião. Sim, sim, se não fosse assim, de onde mais veio a ganância por ouro e prata do atual pontificado romano? No entanto, ainda devo reconhecer que o verdadeiro ensino moral puro de Cristo, onde quer que Ele tenha se originado, está acima de toda crítica e é exaltado e bom. Isso é o que mais me liga à cristandade. Que um parasita egoísta tenha se apegado à árvore pura ao longo do tempo – permita-me assim colocar – é inequívoco; mas devo dizer-lhe que uma ideia acabou de me ocorrer: se algum dia eu encontrasse um Cristo tão puro, realmente acharia impossível ser hostil a Ele!”

B observa:“Sim, se Ele existisse; então penso da mesma forma. Mas exatamente onde o defunto está enterrado?”

A diz:Quer saber, vamos procurar o túmulo do defunto; se o encontrarmos, teremos encontrado no mínimo um símbolo de fidelidade histórica! ”

Veja, está ficando um pouco mais claro acima de A, mas não acima de B por um bom tempo ainda. Como não temos mais nada a fazer aqui, continuemos nosso caminho.

CAPÍTULO 30

Um filósofo espiritual e um fanático.

Olha, se você puder discernir alguma coisa, você verá outro casal a cerca de cinquenta passos normais de nós. Vamos direto para lá, então os alcançaremos imediatamente. Eles também não precisam nos ver. De fato encontramos um lugar para o nosso propósito, portanto iremos para lá rapidamente, para ouvir algo novo. Pois bem, já estamos com eles e, como podem ver, desta vez existe uma diferença de gênero no casal. Uma mulher excepcionalmente pobre e parecendo exausta, além de um homem parecendo emaciado até a última gota de sangue, mal tendo energia suficiente para se arrastar tediosamente. Olha, ela estende a mão para ele e o acolhe. Ouça agora o que esses dois discutem um com o outro.

Ela diz:“Querido, eu te saúdo! Isso deixa meu coração tão feliz, pois o querido destino nos reuniu mais uma vez. No entanto, devo admitir que nunca pensei que iria encontrá-lo em tal lugar, pois sempre pensei em você no Céu, Deus sabe o quão feliz você seria no Céu por seus atos. Desde que me lembro, você foi em Terra um homem tão piedoso e justo... Você realmente foi um professor muito erudito em religião e por causa de você tantas almas fortes e dignas entraram no cuidado da alma. E agora querido, eu o encontro aqui nesse lugar miserável e em tal miséria... O querido Deus sabe por que você veio direito aqui, e eu também, há dois meses.”

Ele diz:“Sim querida, lamento que você se encontre aqui, mas é assim que é. Você, assim como eu, é um ser emaciado aqui. O Céu (se é que existe) sabe como tínhamos expectativas de ouro e de uma estada feliz na vida futura. E qual é a recompensa por todas as nossas boas ações na Terra? Experimento aqui por muitos anos, e você, esposa estimada, como disse, já há dois meses...”

− Não querido, se eu pensar na vida rígida que você levou, como você não tinha posses na Terra... Quando você pregava, todas as pessoas na igreja se sentavam suspirando e chorando, e que belas lições e admoestações você deu no confessionário... E com que cuidado você apresentava a santa missa; portanto, eu realmente não consigo entender como você pôde vir parar diretamente aqui. Para pessoas como nós, é compreensível, pois alguém poderia ter mantido silêncio sobre muitos pecados durante a confissão, poderia, apesar de todas as buscas em sua consciência, não se lembrar de todos deles. Mas como você, que sabia de tudo e investigou completamente sua vida com todas as suas ações, veio parar aqui legitimamente? Isso só o Céu sabe. Você não tem nenhuma suspeita de por que chegou a tal julgamento?

− Oh estimada, certamente tenho muitas suspeitas, mas meus pensamentos a respeito você não entenderia facilmente.

− Oh, eu imploro, fale-me francamente. Quem sabe não me serviria?

− Bem, vou te contar uma ou outra coisa a respeito, mas não é minha culpa se você não gostar. Portanto, direi francamente o que suspeito. Suspeito que não haja um Deus nem um Céu e suspeito com razões fundadas que nós, pessoas, não passamos de obra da natureza. Quando a matéria bruta, como uma cobertura do poder natural da vida, cai, apenas o poder natural da vida continua existindo por um tempo. Mas ela também morrerá eventualmente; o poder se distribui no espaço como o poder da pólvora fora do cano de um canhão. Então está eternamente acabado com aquelas pessoas que tanto esperaram. Se você olhar atentamente para mim e ver como já cheguei perto da completa decomposição e destruição, minha suspeita se tornará, mesmo nesta noite escura e dura,ainda mais clara do que o Sol na Terra em um meio-dia brilhante.

− Oh, pelos queridos céus, se for como você diz, é realmente terrível! Sim, sim, você saberia melhor do que eu. Mesmo na Terra, às vezes eu pensava assim; como quando meu altamente erudito e proeminente senhor disse uma vez: `Não há nada após a morte!`. Só agora vejo que o meu senhor falou a verdade; portanto, o tempo irá acabar comigo, como já está fazendo com você. Na Terra, quando me dava mal, ainda podia dizer: ´Meu Deus e meu Mestre, não me abandone!´; mas o que posso fazer agora, se Deus não existe? Você, meu estimado amigo, poderia me dizer como é, então, com Cristo e sua mãe, a virgem Maria? Por que, então, nós na Terra rezamos tantos rosários para ambos e por que você leu tantas missas com tanta atenção, se é como você me disse agora?

− Sim querida, isso me ocorreu aqui. Os senhores superiores na Terra não seriam capazes de controlar as pessoas em geral, se não tivessem desenvolvido um ou outro deus e, portanto, uma ou outra religião. É uma jogada fácil manter a ralé burra a reboque da religião. Funciona diligentemente para eles, para que possam viver em seus palácios e castelos sem preocupações, engordando-se em camas e cadeiras macias. Portanto, eles nomeiam oficiais e líderes espirituais em todos os lugares, mantidos em silêncio para manter o povo em geral também em silêncio. Sempre que tais oficiais espirituais usam seus cérebros, eles são promovidos rapidamente, deixando-os viver uma vida boa, para que pensamentos claros não representem perigo para os grandes senhores. Mas para dar a tal religião que não tem significado um matiz um tanto significativo, eles devem decorá-la com todo tipo de misticismo; isto é, cerimônias sem sentido, sem as quais não haveria o efeito desejado sobre as pessoas em geral.

Veja, estimada amiga, tal foi o meu caso. Na Terra, eu vi muito bem que deve ser muito diferente com a vida após a morte, daquilo que eu preguei do púlpito. Eu, para ser entendido, apenas muito secretamente pedi uma explicação aos grandes senhores no poder. Nunca recebi uma, mas em vez disso, rapidamente me agarrei, por que nem eu mesmo sei, a uma promoção importante. Tornei-me um professor bem pago e, por fim, até reitor de um seminário. Acho que os senhores viram que eu era inteligente demais para um cargo inferior. Portanto, eles me deram um melhor, para que eu não fosse, com minha capacidade, prejudicial, mas sim útil por interesse próprio. Eu realmente sempre vivi como um homem completamente honesto, mas como eu era estúpido (e ainda me lamento disso), eu não percebi completamente como no começo eu estava apenas sendo enganado pela tal promoção. Além disso, em meu trabalho bem pago, mesmo que aparentemente para meu próprio bem-estar, vivi uma vida muito tola e espiritualmente rígida. Eu pensei que a vida de abnegação logo me daria a dignidade de um bispo. Mas avaliei muito mal, pois os grandes senhores calcularam exatamente que eu possuía a quantidade correta de estupidez para o meu cargo designado, a ponto de não ser mais perigoso a eles. Eles poderiam, portanto, me deixar despreocupado em meu lugar.

Veja, é o caso das religiões em todo o mundo. No começo, eu já disse que nós dois fomos enganados.

− Só agora uma luz raia em mim pela primeira vez! Se eu soubesse disso na Terra, quanto prazer eu poderia ter! Pois eu era, como se dizia, uma moça bonita e rica. Quantos jovens não competiram por mim... Porém, por pura religiosidade, eu mal podia olhar para ninguém. Fiquei solteirona por amor ao nosso querido Mestre e à bem-aventurada virgem Maria; ainda por cima, já durante a minha vida, doei toda a minha riqueza para a Igreja. Oh, como eu fui estúpida! Se eu tivesse me tornado uma prostituta feliz, teria agora alguma alegria! O ditado se aplica a mim: 'Um cachorro tímido não engordará'. Não amigo, se é realmente como você diz, eu gostaria de amaldiçoar e renunciar a tudo! Mas não, isso eu não vou fazer. Mesmo que seja pior para mim, eu irei, mesmo que por hábito, clamar a Deus e à bem-aventurada virgem Maria. Lembro-me muito bem que o chamado à Cristo e à nossa querida Senhora às vezes ajudava; portanto, penso que, mesmo que não existam, não ganhei nada rezando para eles, mas também não perdi nada. Não preciso me repreender por estar nesse ´resort´ sombrio, sendo punida por causa do meu modo de vida. A única coisa é que talvez tenha passado muito tempo com outros, mas isso nunca estragou minha castidade, pois neste terreno nunca me permiti nada. Na verdade, muitas vezes denegri pessoas que considerava más e, às vezes, ainda apenas por questões religiosas, arrastei-as vigorosamente pela lama. Assim amaldiçoei também todos os luteranos, judeus, turcos e pagãos em nome de Deus Pai, Filho e Espírito Santo; mas os senhores das questões espirituais disseram que alguém, como um cristão verdadeiramente crente, certamente deveria assim fazer. Além disso, acrescentaram que se deve rezar por eles, para que se convertam à verdadeira religião. Eu, portanto, assim fiz e, como deveria ser, primeiro os amaldiçoei e depois orei por eles. Talvez estivesse errada; não sei. Também dei aos pobres; mas nem tanto, pois preferi dar minha riqueza para a Igreja, porque pensei que os senhores das questões espirituais seriam mais capazes de aplicá-la melhor do que eu. Assim, quanto mais pondero sobre mim, considero que vim aqui completamente inocente neste julgamento. Mas é claro, se é como você disse, então um ou outro me prejudicou tão pouco quanto me beneficiou. Continuo chamando a Deus e a nossa querida Senhora e vou me arrastar nesse lugar enquanto eu durar. Talvez encontre alguém que tenha algo melhor que você para me dizer, apreciado amigo.

Eu me despeço de você, pois vejo que não ficarei mais feliz em sua companhia. Teria sido melhor para mim, se nunca tivesse conhecido você, seria melhor do que o jeito que me sinto agora! Só agora vejo que a estupidez torna alguém mais feliz do que uma mente sempre tão perspicaz.

Estou feliz por não ter acabado no temido purgatório ou mesmo no inferno. Afinal, não estou passando tão mal, porque tenho algo para a fome e não sinto dor. Tenho que saciar a fome com o capim que aqui tem em abundância. Se ao menos não piorar, vou me virar com essa comida. Portanto, adeus!

− Sim, sim, adeus a você também, e tome cuidado para não ganhar peso comendo grama. Desejo-lhe um 'bon appetit'! Não tive a sorte de encontrar um abundante campo relvado, apenas musgo e muito esparsamente, este foi até agora o meu único alimento.

Eis que ambos partem; ele em uma direção mais ao norte, ela mais perto do meio-dia.

Você diz:Não pudemos realmente entender por que eles se encontram nessa região. A seu respeito, a julgar por suas afirmações, parece haver um raciocínio fundamentado.”

Meus queridos amigos! Isso vocês devem ser capazes de ver à primeira vista. Como é o amor de quem faz certas coisas nas quais ele ou ela acham que são boas, mas, na verdade, fazem especialmente por causa de uma recompensa imediata ou que virá no futuro? Não é o amor-próprio? Pois quem faz o bem e o certo por qualquer medida de interesse próprio, gosta demais de si mesmo e faz de tudo para cuidar de si o melhor possível. Tal foi com ela. Apenas para ganhar o Céu, ela deu seu sustento e outras coisas, como quem compra algo com suas economias terrenas. No entanto, eles não têm nem mesmo uma vaga ideia do verdadeiro amor por Cristo, que deve ser sempre altamente altruísta! Sua fome de recompensa precisa, portanto, ser completamente erradicada aqui, e ela precisa ser compelida a buscar Deus por si mesma e ansiar por ele. Só assim será possível que ela se aproxime do verdadeiro amor e compaixão do Mestre.

E acaso ele precisa se considerar destruído antes de poder receber uma misericórdia maior? Você nunca deve considerar alguém completamente perdido, mas saiba que para muitos, de acordo com sua contagem de tempo, cem, mil e outros milhões de anos podem se passar antes que ele possa receber uma misericórdia maior.

Para vocês vivenciarem ainda mais de perto a variedade de motivos que levam muitas pessoas a virem para cá, vamos em frente. Somente quando encontrarmos empreitadas inteiras, vocês receberão maior luz; então verão com que incontáveis tipos de tolices as pessoas do atual mundo vivo da 'melhor humanidade da Terra` estão infundidas. E verão também que elas realizam boas ações principalmente por motivos pessoais, de interesse próprio.

Deixemos assim por hoje.

CAPÍTULO 31

Estância de escuridão. Há choro e ranger de dentes.

Anselmo, olhe longe, onde a suave luz cinza avermelhada pode ser vista, há cerca de trinta pessoas de ambos os sexos. Vamos lá com coragem renovada e logo os alcançaremos. Pode discernir algo?

Anselmo:“Oh, sim, parece uma ralé heterogênea e que o grupo está em um conflito físico.”

Você não viu errado, mas é apenas uma realidade aparente. Uma disputa espiritual parecerá a qualquer distância como uma luta física. Aproximemo-nos um pouco mais, então a situação assumirá um aspecto bem diferente. Olha, quanto mais nos aproximamos do grupo, mais largadas se apresentam suas mãos; em vez disso, começamos a ouvir de todos os lados uma espécie de ranger, como acontece com um moinho de grãos na Terra. De vez em quando, você também ouve uma voz um pouco distante, chorando…

−Parece que aqui está se cumprindo o que o Mestre disse aos filhos da Luz a respeito daqueles que seriam lançados na escuridão total: `Haverá choro e ranger de dentes!`.

Sim, sim, caro amigo, aqui tem aquele significado. O que significa espiritualmente o choro e o ranger de dentes, bem como o ser empurrado às trevas exteriores, você contastará com seus próprios ouvidos e olhos. Só mais alguns passos e olhe, estamos onde queremos. O que vê aqui?

− Esta cena já não me parece tão ruim assim; apesar dos rostos muito emaciados a que já estamos acostumados, a assembleia parece bastante tolerável. Eles ficam ao redor de um orador que está se preparando para fazer um discurso.

Queridos amigos, vocês estão certos. Exatamente para este discurso eu trouxe vocês aqui.

− No entanto, uma vez que todo este reino da noite parece ser uma planície de areia sem fim e não há um palco para ser encontrado, gostaria de saber como será possível ao orador se elevar um pouco acima de seu público.

É bom que você pergunte isso, pois as coisas mais insignificantes têm aqui o significado mais importante. O palestrante fez um pequeno monte de areia um pouco, mas seu discurso será como a estabilidade do seu palanque. Enquanto o orador permanecer calmo em cima de seu pódio de areia, o montículo o suportará. Se ele procurar mais apoio, o montículo de areia desabará, e ele cairá de sua altura para o mesmo nível de sua audiência. Ele já indicou que vai falar; nós o ouviremos em segredo. Olha, ele começa, então escutem.

O orador: “Prezados amigos e senhoras, ouvi pessoalmente de cada um de vocês como vocês na Terra, tudo e todos em seu próprio terreno, viveram e agiram como cidadãos completamente justos e honestos (aplausos de todos os lados) . Como bons cristãos todos vocês foram benfeitores na medida certa para a humanidade sofredora. Em todos os desastres, seus nomes foram listados entre os maiores doadores, com letras grandes, em todos os jornais. Também é mais do que justo, pois até os cegos e surdos deveriam entender que, em matéria de apoio, nada existe de mais louvável do que o reconhecimento das pessoas que sempre praticaram a caridade. Em primeiro lugar, a pobre humanidade sabe, por tais manifestações públicas, a quem deve recorrer em momentos de aflição. Em segundo lugar, outros estão sendo claramente encorajados a se juntar aos agradáveis e humanitários círculos dos conhecidos grandes benfeitores da humanidade (aplausos). Sim, vocês sempre estiveram presentes na fundação de instituições de caridade; posso dizer, com profunda emoção em meu coração, que vocês foram, no real sentido da palavra, verdadeiros, nobres e honrados cidadãos da Terra (aprovação excepcional e aplausos de todos os lados) .”

A plateia, então, brada com emoção: “Glorioso orador! Homem piedoso! Sempre apoiaste as artes e as ciências, serviste fielmente ao Estado como cidadão exemplar. Sim, o homem pode dizer que você viveu completamente de acordo com o caráter do evangelho, pois você, como todos sabem, sempre deu a Deus o que é de Deus e a César o que é de César! Honra e desejo de louvor nunca foram a motivação para seus nobres atos, mas a necessidade absoluta sempre foi o incentivo para tudo de bom e belo que você trouxe. (novamente, apupos misturados com lágrimas, suspiros e choro) .”

E retoma o orador: “Suas vidas eram inescrutáveis como o Sol no céu mais claro, caros ouvintes.

Mas, estimados ouvintes, permitam-me fazer uma pergunta muito importante: Qual é agora a sua recompensa por atos tão excelentes e honrosos? Onde está o tão louvado Céu prometido aos que se fizeram reais e exemplares cristãos? (grande concordância de todos os lados).

Muitas vozes acrescentam melancolicamente: “Sim, onde está o céu pelo qual oferecemos tantos sacrifícios para ganhá-lo?! Fomos enganados!”

Prossegue o orador:“Estimados ouvintes, esse solo arenoso daqui, essa 'escuridão egípcia' e nossa escassa 'comida musgosa' é a nossa recompensa, é o Céu que foi tão magnificamente pintado para nós pelos sacerdotes! (novamente, grande concordância). Onde está o Deus justo por quem vocês fizeram tantas ações nobres? Pois está realmente escrito no evangelho: ´O que você faz aos pobres você faz a Mim e você será ricamente recompensado no Céu por isso’. Além disso, está escrito: ´Com a medida que você medir, você será medido em abundância’.

Bem, honrados ouvintes, vocês fizeram tudo, sustentaram milhares de pobres e sempre foram particularmente justos em pesos e medidas. Mas onde está agora o tesouro no Céu e onde a medida ricamente devolvida de todas as obras de caridade que vocês fizeram como verdadeiros cristãos? “

Um outro: “Sim, onde está tudo?!”

Prossegue o orador: “Aqui temos, pois o tesouro celestial e esta escuridão são a recompensa altamente elogiada que teria sido derramada sobre nós nos céus, consiste no escasso musgo que é comido na Terra pelos ´eland´ encurvados; devemos nos satisfazer com ele, como a recompensa celestial altamente elogiada. Quantas vezes nós na Terra, em várias ocasiões, tocamos o `Te Deum Laudamus' [composição de Antoine Charpenter (1690)] ,e os sacerdotes clamaram em voz alta que lá, no reino radiante dos céus, vocês golpearão de uma vez o grande e eterno 'Te Deum laudamus'? Honrados ouvintes, permitam-me agora fazer uma pergunta e é a seguinte: Como está agora para vocês o belo reino celestial e o tão altamente elogiado 'Te Deum laudamus'? Vocês levantam os ombros... Na verdade, eu gostaria de protestar não apenas com os ombros, mas com todo o corpo, se não tivesse que temer por meu palanque cambaleante quase me deixar cair de minha posição elevada. Penso, sem querer violar a boa opinião de ninguém, que nossas vozes mal seriam capazes de produzir um som suportável para cantar a bela canção, devido à comida mui gordurosa.

Agora, outra questão de peso está se apresentando nesse céu resplandecente, a saber: Algum Deus realmente existe? O 'sentar junto com Abraão e Isaque à mesa celestial carregada de comidas celestiais', não parece ser a norma aqui! Se eu estivesse na Terra agora, poderia me elogiar por ser capaz de apresentar uma das exegeses mais precisas sobre tais textos bíblicos promissores. Eu apresentaria 'Abraão e Isaque' como a escuridão e a areia, e a mesa bem provida como o musgo islandês, um alimento verdadeiramente valioso para as renas da Terra! Para qualquer um que queira nos dizer que estamos indo melhor do que esses animais miseráveis no norte coberto de gelo, eu entregaria imediatamente meu pódio cambaleante. Eu acho que nós, para entender isso, devemos apenas sentir nossos estômagos, para descobrir como esse alimento difícil de digerir ainda está fermentando como palha seca. Se também dermos uma olhada na areia brilhante daqui, então a prova estará dada para o nosso status de ´eland´ e renas.

O bom salvador do mundo, Cristo, provavelmente não sabia bem como era o reino celestial sobre o qual Ele pregou, pois, se soubesse, não teria se deixado pregar na cruz por isso. Se Seu louvado Pai e Deus O deixasse antever seu estado depois da crucificação, um estado assim como o nosso, então aquele Homem plenamente honrado ficaria verdadeiramente surpreso, tal como ficaria se antevisse a sagrada comunhão por Ele introduzida representada por essa bela planície musgosa. Para nos certificarmos disso, provavelmente devemos fazer menos esforço do que os coletores de pérolas procurando pérolas no fundo do mar. Que assim é, não se precisa de mais provas.

Mas agora, queridos ouvintes, apresento a vocês mais uma questão importante e é a seguinte: Nós estamos aqui, assim é, como uma vara parada na água; mas por quanto tempo temos que ficar neste reino sóbrio? Estará tudo bem com a nossa existência? Teremos o ´privilégio´ mais feliz de vagar por aqui para sempre nestes campos inundados de ´bênçãos´? Olhem, é uma pergunta excepcionalmente importante, mas exatamente essa pergunta importante clama por alguém para respondê-la. Honrados, é certo que podem obter uma resposta até de uma pedra, mas não de mim.

Penso que com esta iluminação excepcional de nossa grande cena, alguém mal pode trazer algo para a 'luz do dia', pois para trazer algo para uma luz brilhante, é necessária a luz, a luz do Sol. Trazer algo propriamente à luz aqui significa nada mais do que declarar-se diante dos outros como um tolo. Também é verdade que os grandes sábios da Terra encontrarão aqui muito tempo para pensar. Eles são felizes se trouxeram muito material, pois com esses três elementos − escuridão, areia e musgo − eles logo estarão prontos. Microscópios e outros instrumentos de investigação podem deixar na Terra, pois poderiam ver a olho nu um escasso campo musgoso nesta superfície arenosa. Também para os astrônomos é feita uma provisão muito pobre. Os bibliotecários eruditos ficarão totalmente entediados, pois aqui não encontrarão nada. Além disso, o virtuoso e os artistas farão um péssimo negócio aqui, pois literalmente não morderão a grama, mas o musgo! Aqui eu entendo a expressão 'morder a grama' pela primeira vez, vejo que ela teve uma origem muito mais antiga do que muitos autores e historiadores jamais teriam sonhado. Este dito deve ter sua origem nos sábios egípcios primordiais, que sabiam do glorioso destino que aguarda os mortais aqui. Muitos honrados ouvintes, que o mesmo destino aguarda os atuais vivos na Terra, não duvido.

Também sou da opinião de que o honesto Moisés e o mui honesto Cristo, com relação às suas legislações, trilharam um caminho mui vacilante e sem sentido. Deveriam eles, e especialmente Moisés com seu cajado maravilhoso, ter golpeado o solo e dito: ´Sol, escurece, pois nós temos, para nossa tolice, luz estelar suficiente! E tu Terra, deves te tornar um deserto arenoso, e nada além do escasso musgo islandês em ti crescerá´; então toda a lei estrita do trovão e do relâmpago seria deixada para trás. Mas nestas circunstâncias, os pecados deveriam automaticamente se tornar algo mais raro do que diamantes na Groenlândia, Spitsbergen ou Nova Zembla [Novya Zemlya] . Gostaria de ver quem seria capaz de roubar ou furtar aqui e quem ainda seria capaz de ter luxúria com a comida gordurosa e nossa aparência encantadora de esqueleto. Também pagaria um mentiroso aqui com ouro, se tivesse algum; e alguém seria capaz de cometer assassinato aqui? Seria muito mais difícil para nós, com todos os nossos tesouros, ficar por trás disso do que a descoberta de planetas e outros sóis, para os astrônomos com seus instrumentos ópticos. Em suma, podemos fazer e falar o quanto quisermos, estou convencido de que não melhoraremos nem um pouco o nosso destino! Já fiz viagens aqui mais longe que a de Colombo. Atravessei areia e escuridão em todas as direções, mas não tive a sorte de gritar ´Terra!´; apenas: ´Noite, musgo e areia!´

Portanto, termino meu discurso com a seguinte opinião: Entre todas as pessoas que já pisaram na Terra, considero o Cristo o mais glorioso. Ele aboliu a extensa lei de Moisés que tinha um forte caráter tirânico em certo sentido e ensinou em seu lugar a única lei que prega o amor ao próximo. Porque sob esta lei, o homem pode olhar para ela como quiser, seres inteligentes em qualquer circunstância podem viver vidas mais felizes. Eu sou a favor da noção de que também nós aqui, pelo bem do bem, devemos permanecer fiéis a esta lei, ter em mente o Cristo como o Homem verdadeiro e honrado e, nessas circunstâncias, ficar o mais contente possível com nosso destino terrível. Acho que seremos capazes de tornar nosso destino mais tolerável com o tempo.

No entanto, peço a vocês, estimados ouvintes, que não considerem meu desejo como uma lei estabelecida, pois, como já disse, minhas palavras finais devem ser consideradas apenas como um desejo bem-intencionado. Se agíssemos cada vez mais socialmente, acho que, exatamente por meio disso e com poder combinado, suportaríamos nosso destino com muito mais facilidade, do que quando cada um age apenas por si. Estarei, de minha parte, sempre disposto, no que estiver ao meu alcance, a apoiá-los intensamente com minhas palavras. Com este desejo e garantia, encerro meu discurso.” (aprovação alta e geral de todos os lados)

Como você vê, o orador desce do pódio cambaleante e com grande cautela, sendo recebido muito amigavelmente por toda a assembleia. Muitos estão apertando sua mão, dizendo: “É bom ficar na companhia de um homem cujo coração está no lugar certo. Estamos, portanto, felizes por tê-lo encontrado, querido amigo. Queremos acompanhá-lo em tudo, aconteça o que acontecer.”

Veja agora como fica mais claro acima da assembleia e como todos ficam surpresos com isso.

E o orador se faz ouvir mais uma vez, dizendo: “Sim, sim, e se o verdadeiro Cristo, com Seu ensino misericordioso, não nos trouxesse alguma luz, então seríamos para sempre convidados da noite!”

Veja, novamente torna-se consideravelmente mais claro. Olha para trás como dois mensageiros enviados pelo Mestre do lado da manhã estão se aproximando para trazer muito mais luz.

CAPÍTULO 32

Nascimento fora da escuridão. No primeiro grau de luz da vida.

Vejam, a assembleia agora vê os dois mensageiros. Nosso orador principal vai ao encontro deles mui amigavelmente, para recebê-los. Como vocês podem ouvir por si mesmos, ele diz : “Sejam mil vezes bem-vindos aqui comigo, assim como conosco! Na verdade, não os conheço, mas vejo que vocês, pessoas como nós, acabaram de chegar aqui da Terra, ou encontraram melhores pastagens do que nós, pois parecem incomparavelmente melhores do que todos nós juntos. Se vocês acabaram de chegar da Terra, chamo imediatamente a atenção para o fato de que os chamados Robinsons estão muito melhor lá do que nós. Para tal hipótese, basta olhar-nos da cabeça aos pés. Nossa boa aparência sub-humana mostrará a vocês, mesmo nessa escuridão ainda considerável, com muita evidência, como é a boa vida aqui... Além disso, posso garantir que não há doenças aqui, pois o que ainda pode adoecer aqui conosco? Mal podemos contrair as doenças que as rochas podem, pois penso que quando o homem está desprovido de todos os seus sucos vitais, você também está livre de todas as doenças. O único mal que atormenta alguém, principalmente no começo, é a fome, a queixa do estômago. Mas como a fome costuma ser o melhor cozinheiro, ele logo encontra uma comida que desafiará excessivamente sua culinária. Olha, aos nossos pés, na areia, há um petisco para os nossos estômagos. Isso é musgo; pode-se dizer, o verdadeiro musgo islandês e siberiano. As escassas gotas de orvalho presas entre estas folhinhas são também a única forma de saciar a sede que encontramos nesse enorme deserto arenoso. Não se preocupem se tal situação durar para sempre, pois a paciência e o hábito finalmente tornam tudo suportável. Ficaremos todos muito felizes, se vocês quiserem ficar conosco com suas vestes fosfóricas, pois posso assegurar-lhes que pode-se vencer tudo menos essa escuridão. Podem, portanto, imaginar que o vosso brilho fosfórico nos parece um sol! Mas agora, queridos amigos, vocês poderiam ter a gentileza de nos contar a razão pela qual vieram da Terra? Se vieram de um pasto melhor, digam-me o que os fez sair de lá para vir para cá?”

Um dos mensageiros: “Pobre amigo, você está gravemente enganado conosco, pois não viemos nem da Terra, nem de algum outro pasto melhor da região; mas nós viemos do Mestre, chamado Cristo, a quem você vê apenas como um homem totalmente honesto, enquanto Ele realmente é o único Mestre do Céu e da Terra. Ele nos enviou até você, para mostrar a razão pela qual você está vagando por tanto tempo e de modo tão impotente nessa região.

Se vocês se perguntarem como viveram na Terra, dirão com boa e clara memória: `Todos nós sempre vivemos honesta e razoavelmente`. Mas se vocês se perguntarem um pouco mais: `Por que vivemos e agimos assim?`. Então vocês não poderiam dizer nada além de: `Temos vivido predominantemente para nosso próprio bem-estar!`. A honra mundana, o elogio mundano e o consequente prestígio perante outras pessoas foram a motivação mais predominante de todos os nossos nobres feitos.”

Respondem os outros: “Éramos membros fiéis do Estado e da Igreja. Porquê, então? Talvez por amor a Deus? Como seria possível, já que não conhecemos a Deus de forma alguma e, portanto, também não conhecemos a Sua Santa Vontade. Nossa fidelidade como membros da igreja baseava-se primeiramente nos privilégios que poderiam ser facilmente obtidos, mais do que outros que não tinham boa reputação com o Estado e a Igreja como nós. Além disso, a cega fidelidade espiritual ao Estado e à Igreja tem como fundamento a seguinte ideia: Se houvesse um ou outro tipo de vida após a morte de acordo com o que dizem os sacerdotes e outros pregadores da imortalidade, não pereceríamos tentando alcançá-la. Se tal vida não existe, então nosso prestígio adquirido por meio de ações pelo menos ainda viverá na Terra por meio de nossos filhos e netos. As pessoas poderão, mesmo centenas de anos depois, ainda falar sobre nós, dizendo: `Aqueles eram homens e aqueles eram tempos em que tais homens viveram.”

Um dos mensageiros:“Olha, como foi relatado, vocês assim também tiveram que dizer em si mesmos. Como tal, obviamente, sem qualquer compreensão interior, vocês passaram da vida terrena para a vida espiritual e não sabem absolutamente o que é necessário para a vida espiritual. O que seria mais evidente do que vocês não poderem encontrar nada na vida espiritual, só o que vocês trouxeram na alma de sua vida mundana, ou seja, apenas uma forma altamente lamentável e pobre de seu caráter real e uma completa escuridão sobre os conceitos do plano espiritual. Em outras palavras, vocês vieram aqui quase como um embrião na concepção natural do homem no ventre materno, onde prevalece a escuridão total. Em certo sentido, o embrião alimenta-se com os restos do sangue da mãe até atingir, apesar desta tão pobre comida insípida, o nível certo para poder se libertar do escuro estado de origem. Da mesma forma vocês se encontram aqui em um 'corpo de mãe' e também têm que se alimentar com seus resíduos. Mas como ainda há uma centelha viva de vida eterna em cada um de vocês, ou seja, seus pequenos amores e suas estimas por Cristo... Cada centelha tomou conta do seus embrião espiritual até fora da esfera escura, até ao nascimento, e seguirá com ele.

Como você disse no final de seu discurso para sua assembleia: ‘Se não houver luz surgindo para nós com Cristo, podemos ter certeza de que a escuridão será nossa possessão eterna´. Mas vocês encontraram a luz em Cristo!

Vocês realmente experimentarão o que o Mestre disse a um de Seus discípulos, ou seja: ´Ninguém pode ter parte na vida eterna e, portanto, também no reino de Deus, se não nascer de novo´. Isto disse o Mestre à noite ao Seu discípulo, para mostrar-lhe que todo espírito não renascido se encontra na noite como um embrião no corpo da mãe. O Mestre também vem à noite para o espírito ainda não renascido, para levá-lo desta noite para a luz da vida eterna, para o renascimento.

Chegou a hora do seu renascimento por causa do seu despertar, mas ainda com pouco amor pelo Mestre. Fomos enviados aqui para tirá-lo do lugar do seu renascimento espiritual e levá-lo para um lugar onde você será cuidado como filho. Aí poderá reunir nova força vital para, à medida que for mais ou menos desenvolvido, entrar numa esfera que se adaptará particularmente às suas forças.

Mas nunca pense no Céu como um recurso de recompensa pelas boas obras que alguém fez na Terra, mas pense que o Céu consiste em nada mais do que seu próprio amor pelo Mestre! Quanto mais se apegar com amor ao Mestre e quanto mais humilde for para com Ele e para com todos os irmãos, mais levará dentro de si o verdadeiro Céu. Portanto, junte-se a nós e siga-nos!”

Veja como toda a assembleia se alegra e segue os dois mensageiros.

Você pergunta para onde vão levar a assembleia. Vire-se e olhe, já bem atrás de nós está o já conhecido muro alto aberto; você ainda não o vê? Não se parece com a abertura do ventre da mãe no nascimento de uma criança?

Você diz: “De fato, como com um golpe de relâmpago, agora reconhecemos a correspondência maravilhosa. Mas quando a assembleia passar por essa fenda, para onde ela irá por direito?”

O que acontece com uma criança logo após o nascimento?

− É envolta em um pano macio e colocada em um berço; ainda se encontra em circunstâncias de vida muito restritas.

Você realmente viu, quando nos aproximamos da parede do outro lado, desde a manhã, muitos vales à esquerda e à direita? Olha, são os panos e o berço. As pessoas estão assentadas nesses vales, em seguida, passam com eles.

Assim como uma criança recém-nascida não pode se tornar um homem de hoje para amanhã, um espírito recém-nascido também, especialmente no reino dos espíritos, cresce apenas gradualmente. Agora você sabe em que região você se encontra. Portanto, também não se surpreenderá ao saber que entre os muitos que se movem por aqui não há muitos professores superiores, pois seria tão inútil como alguém na Terra querer educar uma criança que ainda se encontra no ventre da mãe. Você sabe quando chega a hora de educar uma criança. Portanto, esses mensageiros também não vêm aqui como professores, mas podem ser considerados como verdadeiras 'parteiras espirituais!

Agora que sabemos disso, podemos avançar um pouco, onde uma nova cena muito diferente se apresentará a nós. Com isso, chega por hoje!

CAPÍTULO 33

Sobre as aparições espirituais.

Se você olhar atentamente, verá um pouco mais à direita algo semelhante a uma espécie de nuvem de poeira. Você confirma que o vê; isso é bom. Vamos rapidamente até aquela nuvem de poeira, então poderemos vê-la com mais detalhes. Você pergunta o que significa uma nuvem de poeira aqui. Eu te digo: Na verdade, não muito; você já ouviu muitas vezes na Terra sobre os chamados arrogantes; veja, esta é uma imagem correspondente a eles. Por quê e de que maneira, em breve você poderá se convencer. Apenas alguns passos, e estaremos na cena.

Olha, já estamos; o que você vê? Você diz:“Não vemos mais uma nuvem de poeira, mas sim uma grande companhia de pessoas anãs e emaciadas, de ambos os sexos. As pessoas anãs estão constantemente blefando, ficam na ponta dos pés e cada um quer ser maior que os outros. Os menores até pegam areia e jogam para o alto, tentando mostrar aos outros os gigantes que são”.

Você observou bem, pois, como tal, a natureza de sua atitude vem à tona.

Agora estamos muito próximos deles, e esta assembleia parecerá muito diferente. Olha, estamos muito perto agora. O que você vê agora?”

Você diz:“Eles parecem um pouco maiores agora. Eles se olham de maneira muito amável e amigável, agem um com o outro como mulheres coquetes de uma companhia de entretenimento.”

Você novamente observou bem, mas agora você se pergunta como é que alguém vê essa assembleia de maneira e em posições tão diferentes. Isso é porque assim é na Terra também. De perto, ninguém diz a verdade na cara de um poderoso, mesmo os poderosos assim evitam entre si; é por isso que todos eles se cortejam. Quando tal assembleia se desfaz, porém, cada um se exalta acima do outro; mas ninguém se atreve a falar nada de concreto, apenas faz referências vagas. Somente para si mesmo cada um sabe discernir sua posição mais elevada; este é o significado de jogar areia para o ar, ou seja, exaltar sua mente acima da dos outros. Tal assembleia pode ser nitidamente percebida à distância; está sendo julgada e todas as conversas e ações são sem sentido, com certa ostentação à solta.

Se você comparar essas duas situações, você chegará à seguinte conclusão: à distância, a verdadeira visão da situação pode ser vista; de perto, a visão completa fica cada vez mais obscurecida, mas, em vez disso, cada parte separada entra em foco. Se você olhar ainda mais de perto, nada mais da imagem original será visto; em vez disso, os detalhes saltam para você. Se algum de vocês ainda não o compreendeu completamente, chamo a atenção para um fenômeno natural no mundo material. Se você se distanciasse de uma montanha de tamanho significativo, veria a montanha inteira. Se você se aproximasse da montanha, a imagem de certa forma se desfaria e você veria vários contrafortes e vales parecendo fazer parte da montanha principal à distância. Se você subisse a própria montanha, é como se não visse a floresta pelas árvores, pois nada mais da imagem inicial poderia ser visto. Acho que, se considerarmos esse exemplo com atenção, as aparências de nossa assembleia se tornarão completamente claras para nós.

− Está tudo bem claro, mas como vai a nossa assembleia? Qual é a sua mentalidade? Não podemos deduzir isso do comportamento desses seres, pois suas ações e maneiras parecem mais uma pantomima do que uma ou outra conversa com palavras compreensíveis.

T al é, de fato, completamente aparente. Você realmente deve estar completamente cego ainda, se não for capaz de adivinhar de onde vem e para onde vai. Veja, esta é uma companhia de supostos oficiais dos reinos puros, grandes, mundanos e egoístas, que apenas exercem seu ofício para seu próprio benefício, mas não para o benefício do Estado e seus cidadãos.

Na Terra, essas pessoas interagem de maneira particularmente cortês e amigável umas com as outras, mas todas sabem como influenciar as outras de maneira inteligente. Ninguém confia no outro, achando necessário, portanto, manipulá-lo por meio de várias astúcias, de modo que o outro possa abrigar pequenos segredos diante de seu vizinho. No entanto, o que mais é uma amizade tão egoísta e um namoro tão deliberado senão uma autossatisfação brutal, que nada mais é do que uma raiz ou semente de fornicação real? Da mesma maneira, uma prostituta licenciosa lançará olhares amigáveis e significativos a um homem, para tentar atraí-lo para sua armadilha. Uma ave de rapina levanta uma tartaruga bem alto apenas para deixá-la cair e depois se servir com uma guloseima saborosa. Tais pessoas são de pouca utilidade para o benefício geral e não se saem melhor do que as demais, por causa da maior astúcia das outras. Sim, tais pessoas se parecem mais com jogadores que se encontram à noite, muito amigáveis, fraternos e apaixonados um pelo outro. Estão sentados na mesa de jogo, porém ninguém se importará se seu oponente perder casa e coração no jogo.

− Mas caro amigo, essas são obviamente pessoas más. Como eles justamente acabam aqui; eles não estão perdidos, então?

V ocê está julgando com muita severidade. Você não consegue discernir entre ladrões violentos e os chamados ladrões oportunistas! Olha, nossa assembleia consiste nisso. Através de sua posição na Terra, eles de alguma forma ganharam dos canais oficiais os direitos políticos para agir assim, e estão convencidos de que agiram completamente de acordo com as regras de seu ofício.

Mas aqui, no reino dos espíritos, o homem nunca é julgado por suas ações feitas com um sentimento de retidão, quando não violou sua consciência; é o caso dessas pessoas. Para elas nada é realidade completa, nem o bom, nem o ruim, mas tudo é, em certo sentido, apenas uma comédia política e inteligente. Por essa razão eles estão aqui, para que todos os vãos e falsos sejam destruídos. Quando isso é alcançado, mesmo que demore muito, eles renascerão desse ambiente e então são justamente trazidos para os vales à esquerda e à direita, onde conhecemos os estoicos.

CAPÍTULO 34

Influência mútua de casais, de um cônjuge sobre o outro.

Você diz: “Isso é totalmente correto e nós entendemos. Mas como também vimos mulheres na assembleia e que não exerceram nenhum cargo público, a questão é o que elas estão fazendo aqui e por que elas são, de certa forma, parte integrante da assembleia”.

Meus caros amigos, vocês deveriam se surpreender por não terem entendido isso imediatamente. Não é o caso, desde a antiguidade, que a mulher, em muitos aspectos mais fraca, deseja apaixonadamente e anseia por exatamente aquilo de que ela é menos capaz, ou seja, reinar e governar. Quando um homem cumpre seu ofício e se casa ou se já é casado, por vezes acontece que a mulher, no final, governa mais do que ele, mesmo o homem estando realmente mais equipado para governar. Para executar seus planos, ela usa toda a sua astúcia feminina; o marido, com certeza, deve ser muito resoluto, se não quiser ser pego por sua `Eva`.

− Sim, mas por que a mulher geralmente obtém a vitória por meio de sua astúcia?

Eu lhe digo que a razão é muito natural e, portanto, também compreensível. Se você considerar que a mulher é a raiz do homem, então você terá o resto facilmente declarado.

O tronco de uma árvore de fato fica com seus galhos na luz do céu, sugando seu alimento etéreo dos raios do sol, e ninguém vê que ainda suga sua principal quantidade de alimento através de suas raízes. Se as raízes conspirassem contra a árvore e se soltassem dela, o que logo aconteceria com a árvore? Ela murcharia e finalmente não daria mais frutos.

Veja, a esposa sabe disso em seu coração e pode muito bem sentir o quanto o homem precisa dela. Se ela tiver uma educação ruim e uma natureza depravada, fará o mesmo que as raízes às vezes fazem com uma árvore: deixam novos brotos crescerem da terra, alimentam-nos e assim privam a árvore de seu futuro alimento. Tais brotos de raízes certamente nunca se tornarão uma árvore poderosa e frutífera, terão apenas um crescimento espesso e que apenas lembra a árvore principal. Se a árvore principal, com base no alimento superior dos céus, não resistisse poderosamente a tal ameaça, empurrando diligentemente o crescimento de seus galhos e ramos menores para deixar os brotos murcharem em sua forte sombra, para deixá-los sufocar durante uma estação favorável ou com a ajuda do inverno, certamente prejudicaria sua própria existência e esfera de trabalho. Assim é com um homem que tem uma esposa com sede de poder e quer impressionar em tudo. Se ele não for capaz de resistir a ela com seu poder viril, ela logo o envolverá com seus brotos selvagens, e ele ficará cada vez mais fraco. Finalmente murchará e verá todo o seu poder concentrado no crescimento invencível da raiz masculina de seu corpo, mas só para atender a sua esposa. Este, então, é o desejo feminino de governar e reinar!

Outro exemplo você verá com seus filhos, que muitas vezes são mais fortes em sua fraqueza do que o maior herói por quem milhares e milhares estremecem. Suponhamos que o herói seja o pai de uma criança pequena que mal consegue balbuciar alguma coisa com coerência. Milhares podem vir a este herói para desviá-lo de uma certa ideia, mas de nada valerá. No entanto, a criança só tem que olhar para ele, sorrir para ele e dizer: `Papai, fique comigo, não vá embora, estou com tanto medo que você fique ferido...`. O herói, então, fica compassivo e ouve seu filho.

Depois deste exemplo, voltamos às mulheres. A voz de um homem ganha um poderoso som viril já na juventude; a da mulher retém o som de uma criança. Veja, como a mulher retém esse som, ela também, em certa medida, retém a natureza de uma criança nela. Por causa dessa habilidade, ela também possui o poder infantil que não raro, como foi dito, é maior que a força de vontade de um tão grande senhorio. Por causa desse poder, a mulher pode influenciar o homem desde a raiz. Se ela percebe que não pode conseguir nada pelos meios usuais da 'política feminina´, então a mulher reverte a sua conhecida infantilidade aparentemente frágil, com a qual consegue especialmente conquistar o homem poderoso.

Acho q ue esse exemplo vai deixar tudo ainda mais claro, para que você entenda facilmente porque também existem seres femininos na assembleia.

E você também deve saber que a mulher fica com o homem no reino espiritual, se ele não se livrou completamente das coisas pesadas do mundo.

E muito homem teria progredido mais cedo − sim, muito mais cedo − na pureza espiritual, se sua esposa bem mais sensual não o tivesse impedido. Portanto, às vezes a companhia do homem seria muito melhor, se não fosse de uma mulher. Por vezes um ou outro homem tem uma boa intenção e seu coração está inclinado para um caminho melhor, mas sua esposa sabe como impedi-lo por meio de seu desejo de poder e mostra-lhe outro caminho. Em outras palavras, um homem que tem uma esposa assim tem uma vida muito pior no reino espiritual do que na Terra. Mesmo que ele procure se separar dela, ela sabe como comovê-lo novamente com suas súplicas e fingimentos infantis, para ele ficar com ela e prometer de todas as maneiras possíveis que nunca a deixará. Sim, muitas vezes acontece que homens de bom coração vêm a este ´resort´ com esposas que se prepararam completamente para o inferno. Tais mulheres são as mais perigosas e as mais teimosas, pois seu coração está apegado ao que pertence ao inferno; também agem contra seus homens por diferentes motivos egoístas e desejo de poder. Porque a atitude de tal mulher, de fato o puxa seu homem para o inferno, e o homem melhor não tem o poder necessário para se desvencilhar dela nem se libertar da aparente fraqueza dela. Ela, aos poucos, o puxa para além dos limites dessa região, para o riacho que já lhe é familiar; como você diria, o leva inocentemente para o inferno. Então, custará ao anjo mais poderoso a maior paciência e o maior esforço para libertar tal homem das mãos de sua esposa infernal. De acordo com sua estimativa de tempo, esse processo pode durar centenas de anos. E veja, também nesta assembleia estão algumas destas esposas.

− Mas o Mestre não poderia interceder e traçar uma linha poderosa sobre a conta de tais mulheres?

Há algo a dizer sobre tal intervenção, se a pessoa não for iniciada nos caminhos superiores da ordem divina. Mas quem é iniciado saberá muito bem que algo assim seria, com vistas à preservação do espírito, quase impossível. Você precisa saber que o amor de um homem é a sua vida, é a vida que ele carrega dentro de si.

Mas como um homem se deixa assim conquistar por uma mulher? Ele a levou fundo em seu amor.

Um homem deve aconselhar-se consigo mesmo e colocar seu amor por sua esposa e o amor pelo Mestre em uma balança muito sensível.; ele precisa pesar esses dois amores com meticuloso temor e ver bem qual deles pesa mais. Ele precisa investigar por si mesmo qual perda seria mais suportável para ele: a perda de sua amada esposa e também de todos os benefícios do seu relacionamento com ela, ou o Amor do Mestre.

Mas isso não pode, como se diz, ficar como um comentário superficial, onde alguém diria, por exemplo, que não trocaria o Amor do Mestre por uma nem por dez mulheres... Não, essa questão da vida precisa ser respondida com plena convicção!

Consideremos uma situação em que o Mestre, por meio da morte do corpo, leva a esposa de um homem que alega amá-Lo dez vezes mais do que sua esposa. Então o homem diz em si mesmo, com toda a seriedade e plena convicção: `Mestre, eu te agradeço por fazer isso comigo, pois eu sei que, devido ao meu amor por ti, tudo o que fazes é o melhor`. Para tal homem, o amor do Mestre nele é mais do que uma recompensa pela perda de sua esposa, é verdadeiramente maior do que por sua esposa. Mas se ele se entristecer por causa do ato do Mestre, e disser: `Mestre, verdadeiramente, eu te amo tanto; por que me afligiste com tanta tristeza e dor?` Verdadeiramente, você pode acreditar, tal homem ama sua esposa mais do que o Mestre! Se tal homem sobrevivesse no Além sem sua esposa por muitos anos, a esquecesse no meio do caminho e se entregasse completamente ao Mestre, ele ainda assim não teria banido completamente tal amor de seu coração. Se sua esposa voltasse depois de dez anos, ele ficaria como que encantado e a aceitaria de volta com o maior amor, especialmente se ela voltasse para ele espiritualmente rejuvenescida.

− Como, então, é possível, se tal viúvo se devotou completamente ao Mestre?

Mas eu lhe pergunto: Essa devoção foi voluntária ou necessária? Ele teria feito isso, se o Mestre não tivesse tirado sua esposa dele? Com o Mestre, apenas o livre arbítrio e a consequente abnegação completa contam. Este homem lamenta a perda de sua esposa. Ele se volta para o Mestre para encontrar o conforto necessário, o consolo e a cura total de seu coração partido. O que o Mestre, então, significa para ele? Ele é verdadeiramente o amor central do coração de tal homem, ou é apenas um consolo, uma cobertura para a dor e, portanto, também o curativo para ela? Agora você certamente não pode dizer nada além de que o Mestre era apenas o segundo, ou seja, remédio, a cobertura de gesso.

Mas quem pode dizer que o amor de gratidão é o amor fundamental do coração? Não é este amor comparável ao amor que se sente por um benfeitor que o fez feliz e ao amor pela graça que lhe sobrevém? Acho que há uma grande distinção a ser feita entre esses dois tipos de amor, pois o amor pelo benfeitor é apenas uma consequência do amor fundamental no qual as vidas receberam bem-aventurança e, como tal, não é fundamental, mas um amor decorrente do fundamental. O que representa o amor de gratidão em relação ao Mestre, já que o homem, de fato, espera sua maior alegria somente do Mestre? Se considerado assim, tudo o mais deve ser para ele sem valor e nulo, portanto, eternamente vestigial. Ele deve ser capaz de dizer honestamente em si mesmo: Se eu tiver o Mestre, não peço nem o Céu nem a Terra, muito menos uma esposa.

A partir disso, você pode entender facilmente por que concentrei especificamente sua atenção em quão intensamente um homem deve investigar seu amor pelo Mestre e por sua esposa, pois o próprio Mestre diz: `Quem ama seu pai, sua mãe, sua esposa, seu irmão e seus filhos mais do que Eu, não é digno de Mim!`.

− Tal homem, então, está perdido por causa de seu amor subjetivo pelo Mestre?

Certamente não, mas ele não pode vir ao Mestre antes de se despedir devidamente da verdadeira base de seu amor para sempre e de ter feito de seu amor subjetivo, seu amor principal.

Os problemas que isso costuma causar a ele no reino espiritual, vimos, em parte, com a assembleia.

Teremos um olhar mais adequado e intensivo sobre esse ponto na cena seguinte. Então você verá com que frequência um amor aparentemente extinto por completo e casado erroneamente se inflama quando os casais se encontram novamente no reino espiritual.

Vamos deixar esta assembleia seguir seu caminho sem entraves. Iremos um pouco mais longe.

CAPÍTULO 35

Um casal no Além.

Olha, não muito longe de nós você verá um casal humano. Um homem e uma mulher, e eles estão atualmente em uma situação que poderemos usar muito bem para nosso propósito. Iremos rapidamente até eles.

Você pergunta sobre a relação entre eles. Eu lhe digo que para nosso propósito eles não poderia ser nada melhor. É um relacionamento em que a esposa morreu apenas seis anos antes do marido. O marido lamentou muito por ela, mas depois de alguns anos ele se jogou completamente nos braços da religião e viveu fielmente de acordo com suas percepções eruditas. Mas agora ele também foi chamado para longe da Terra e chegou aqui apenas recentemente. Esta introdução é suficiente por enquanto; os detalhes você experimentará na prática, em espírito.

Agora que alcançamos nosso casal, nada mais resta a você senão tomar conhecimento da conversa deles, que começará imediatamente e da qual você poderá colher tudo o que for necessário.

Ouça agora! Ela logo começou a fazer uma pergunta ao marido, dizendo: “Estou excepcionalmente feliz em vê-lo novamente depois de tanto tempo. Agora acredito que nenhuma morte jamais nos separará. Mas conte-me agora o máximo que puder, diga-me se meu último desejo foi devidamente atendido, pois é caro ao meu coração.”

O homem diz: “Minha acima de tudo amada esposa, para que você veja quão rigorosamente sua última vontade foi obedecida, posso apenas dizer-lhe que não fiz, em minha própria última vontade, nada além de confirmar a sua novamente. Em meu último testamento, portanto, mantive exatamente o anterior, exceto por algumas mudanças insignificantes. Toda nossa riqueza, portanto, multiplicada em alguns milhares por mim, é legada a nossos filhos. Você está feliz com isso?”

− Amado marido, exceto pelas mudanças, plenamente! Diga-me as quantias e a quem foram dadas.

− Querida esposa, as quantias doadas não passam de dois mil florins, estão divididas em cinco partes e são legadas a parentes seus, exceto uma parte. Tive que dar uma parte aos pobres, por uma questão de decência. Eu não teria feito isso, se você não insistisse muitas vezes em sua vida para pensar nos seus parentes. Mas em relação aos pobres, você sabe que sempre se deve fazer algo primeiro para o bem da sociedade e depois também para o bem de Deus, porque somos cristãos e não pagãos. Além disso, estas esmolas de dois mil florins não são nada comparadas com nossa grande herança legada, pois, como finalmente calculei, cada um de nossos sete filhos recebe uma quantia total de cento e cinquenta mil florins. Todos os nossos filhos aprenderam a lidar com o dinheiro frugalmente, e você pode ficar tão tranquila quanto eu em relação à sua riqueza legada. Ao meu lado, você pode agora, comigo, buscar outras riquezas que aqui nos levariam a uma vida tão feliz quanto a que vivemos na Terra.

− Ficarei contente com o fato de nossos filhos serem bem cuidados. Cada criança terá, de fato, um troco na mão com os dois mil florins e poderá começar com isso sem ter que usar imediatamente os juros do grande capital. Sendo assim, não podemos mais fazer nada a respeito e devo me contentar com isso. No entanto, o que você disse sobre riquezas aqui disponíveis, eu lhe peço, como sua esposa ainda fiel e amorosa, para deixar de lado todas as suas ideias tolas a respeito.

Já se passaram seis anos em que vagueio em grande agonia e preocupação por esse deserto escuro e solitário, enquanto a única coisa comestível que pude encontrar foi uma espécie de musgo. De vez em quando, encontra-se algum tipo de grama seca para finalmente encher o estômago. Se você não tivesse vindo da Terra com um pouco de luz do crepúsculo e, por coincidência, exatamente para esse lugar, na eternidade mal teríamos nos encontrado.

− Mas minha amada esposa, então você absolutamente não suspeita das razões pelas quais você veio justamente a esse lugar? Acho que sua atitude mundana a trouxe aqui. Você realmente era uma mulher muito frugal e em nossos relacionamentos mundanos, uma mulher muito honrada e excepcionalmente sábia, mas o ensino do verdadeiro Cristianismo muitas vezes era um espinho no olho para você. Muitas vezes você se expressou negativamente sobre isso e o manteve mais na sabedoria e filosofia do mundo.Eu sempre lhe disse, querida esposa, que se existisse uma vida no Além, então, eu acho que a sabedoria mundana não seria suficiente; portanto, seria melhor manter a Palavra de Deus, pois o temporário dura pouco tempo. Se, no entanto, existisse uma eternidade, teríamos dificuldade em encontrar nosso caminho com sabedoria temporária, como eu disse. Veja, querida esposa, essas foram minhas palavras literais que muitas vezes lhe falei em confiança e, como posso ver, para minha maior e lamentável surpresa, isso se tornou realidade, infelizmente.

Portanto penso, querida esposa, que agora é para premente para nós, se é que podemos assim dizer aqui, nos livrarmos completamente de todas as reminiscências mundanas e nos voltarmos para nosso Mestre Jesus Cristo, para recebermos compaixão e piedade. Pois se Ele não nos ajudar, estaremos perdidos para sempre; pois sinto em mim mesmo e sei, com certeza, que sem Cristo não há outro ajudante em todo o infinito. Se Ele nos ajudar, seremos ajudados; pois se Ele não nos ajudasse, então estaríamos eternamente, irremediavelmente perdidos!

Agora eu gostaria de ter deixado nossa riqueza para mendigos e transformado nossos filhos em mendigos. Isso nos traria mais bênçãos aqui do que todos os nossos cuidados mundanos com o bem-estar material de nossos filhos. Porque não podemos mais mudar nossa tolice mundana, nada nos resta, querida esposa, como disse, senão nos voltarmos exclusivamente para Cristo, excluindo todos os outros pensamentos ou desejos. Que Ele possa, apesar de nossa grande tolice, ser misericordioso e compassivo para conosco e possa recompensar nossa loucura para nossos filhos através de sua infinita misericórdia e compaixão.

− De fato, sempre pensei que sua tolice religiosa e fanática o traria a tal mundo. O que você e eu fizemos de errado na Terra? Não fomos sempre justos com todos! Alguma vez ficamos em dívida com alguém ou nem sempre pagamos à nossa empregada o salário acordado? Se existisse um ou outro Deus, ou, segundo sua opinião, um ou outro `Cristo`, então seria de fato a maior injustiça que ele recompensasse pessoas como nós com o que vemos aqui diante de nós. O que menos ofenderia a Deus é alguém não poder ter fé em uma 'velha saga' crivada de bobagens e coisas tolas. Eu acredito, e até mesmo um cego pode ver, que se um deus desse algum valor à humanidade, se um deus existisse, o homem não seria capaz de imaginar nada mais injusto do que esse deus, dotado de todo seu poder maravilhoso, vir a ele pessoalmente apenas uma vez. Além disso, vir apenas a um povo de uma região muito pequena, enquanto o mundo inteiro era realmente povoado.

Diga-me, portanto, se Deus pode esperar inequivocamente que pessoas e nações, que não viveram naquela mesma região, e especialmente não no mesmo tempo que Ele, aceitem incondicionalmente que foi Ele quem iniciou o ensino? Pode Deus, se existe e é justo, culpá-los por não fazerem isso?

Não pode o povo revoltar-se contra Deus, se porventura Ele existisse e dissesse: `Como quereis colher, se não semeastes?`. E o povo revoltado: `Como tu podes nos julgar, sendo um Deus injusto? Tu gostarias de julgar com justiça, então julgues aqueles que te viram e para quem pregaste. Mas deixa-nos em paz, pois nunca te vimos e nunca poderíamos nos convencer de tua existência. A palavra que nos foi entregue e teria vindo de ti é impossível para nós julgarmos, pois tanto poderia ter sido inventada, quanto poderia ter sido verdadeira, mas provavelmente mais inventada do que verdadeira. Se vivemos na Terra, vimos apenas a velha Natureza; ainda, nenhum traço de ti. Viemos a este mundo sendo filhos puros dos poderes da Natureza. Pessoas e professores nos ensinaram conhecimento. Nossas vidas inteiras por lá não foram um traço de ti. Por que agora desejas executar julgamento sobre nós, enquanto nunca quiseste nos dar qualquer prova de tua existência e caráter?`

Veja, querido esposo, isto é claro como o sol em uma tarde brilhante sobre a Terra. Você ainda não o vê, porque está aqui há pouco tempo. Quando você estiver aqui por tanto tempo quanto eu, então ficará claro para você, mesmo nessa densa escuridão.

Como prova de meu amor e fidelidade, digo também que você pode invocar o seu chamado Deus-Cristo aqui, ao lado de sua esposa acima de tudo amada, por quanto tempo e com a força que quiser; no entanto, garanto com meu amor e fidelidade que você, após anos de tentativas, chegará à percepção clara de que eu, sua esposa sempre fiel e amorosa, vejo mais claramente com minha mente natural do que você com seu chamado conhecimento divino.

Um velho ditado diz sobre a Bíblia: `Oh Bíblia, oh Bíblia, você é um mal para o homem!`. E olha, esse ditado está certo. Se as pessoas na Terra tivessem a coragem de destruir aquela velha raiz judaica sem sentido e colocar em seu lugar a lógica humana pura, o mundo teria progredido cem anos no futuro em relação à sua cultura. No entanto, por alguma razão, esse velho ditado absurdo ainda tem que ser preservado, pelo qual as mãos das pessoas mais honradas e justas são ligadas às artes mais finas. Qual é o resultado? Apenas pense com sua mente boa! Onde se encontram as pessoas mais abomináveis, más e pobres? Certamente, em nenhum outro lugar senão exatamente onde a Bíblia e o novo ensinamento cristão são predominantes. Vá para Roma, vá para a Espanha, vá para a Inglaterra e você encontrará minhas palavras confirmadas.

As pessoas dependem de Deus e se tornam preguiçosas enquanto esperam por Sua ajuda! No entanto, a ajuda não vem, com a consequência natural de que muitas pessoas empobrecem e, mesmo que nem todas se tornem más, acabam se tornando um fardo para os zelosos e novos. O homem proclama em todos os lugares, dizendo: `Deus é infinitamente bom, altamente amoroso e excepcionalmente misericordioso!`; no entanto, Ele preferiria deixar todo mendigo morrer de fome, se não fosse cuidado por seu zeloso semelhante.

Olha, querido esposo, é fácil para os religiosos preguiçosos pregar para pessoas honestas, diligentes e, portanto, abastadas sobre um deus infinitamente bom e misericordioso. Mas se excluirmos essas pessoas, logo veremos a que fim sombrio tais sermões chegarão. Se esses gritadores em preto e branco soubessem como é a vida aqui no futuro, eles provavelmente pregariam de maneira diferente. Possivelmente deve existir um Deus que pode guiar com um poder primordial todo o universo, mas um Deus como é ensinado pela Bíblia derivada do Judaísmo, certamente não existe.

− Oh, amada esposa, você está em um caminho terrivelmente errado, pois eu li em autores teológicos famosos que espíritos infernais puros falam exatamente como você. Posso garantir que é por isso que você se encontra na noite eterna. Verdadeiramente, estou ficando com medo por sua causa! Com tais princípios, vejo você se perder irrevogavelmente e para sempre! Se você absolutamente não quer aceitar nenhum princípio, então me sinto obrigado a deixá-la para sempre.

− Então, você poderia fazer uma coisa dessas comigo, sua esposa fiel e eternamente amada? Eu lhe digo que você não seria capaz, mesmo se fosse condenado ao inferno! Eu não gostaria de deixá-lo no fogo, e você gostaria de me deixar por causa de minhas sábias palavras? Você é livre para dar uma sábia exegese de sua opinião para mim, mas não deve ser um disparate, pois eu o amo demais para deixá-lo seguir o caminho errado. Em vez disso, siga-me, quero levá-lo a um lugar melhor do que aqui, onde você teria em uma companhia maior do que aqui com essas pessoas.

− Minha querida esposa, eu não quero deixá-la, porque eu gosto muito de você, portanto eu a seguirei onde quer que você me leve, pois posso ver que você ainda é muito honesta em seu coração, apesar sua ignorância em relação à verdadeira religião. Você ainda é minha boa esposa, contra quem ainda não tenho nada a objetar, exceto que você não pode compartilhar minhas ideias. Se quiser saber sobre um lugar no reino das trevas, leve-me até lá; veremos o que pode ser feito lá.

Olha, ela pega o braço dele e o leva embora. Mas seguiremos o par interessante, para sermos testemunhas do sucesso desta relação. Ela está fora, e nós os seguiremos.

CAPÍTULO 36

O casal e o espírito mentiroso.

Você não deve se surpreender, se desta vez seus olhos forem um pouco desafiados, pois estamos indo para o norte, para onde fica cada vez mais escuro. No entanto, para nós mesmos, teremos luz suficiente para que nada nos escape.

Você ainda não ouviu algo ao longe?

Você diz: “Realmente ouvimos algo, mas é muito diferente de uma voz humana; soa como o barulho de carroças à distância. Também soa como o barulho estrondoso de uma grande e distante cachoeira. O que significa?”

Sigamos nosso casal, logo chegaremos lá.

Ainda não consegues discernir algo vagamente avermelhado, um brilho como de um ferro de brilho suave? Olhe nesta direção, pois nos espera uma cena importante.

Ouça, algo está se aproximando, e o barulho peculiar está se transformando mais em vozes naturais, cruas e humanas. Mas vamos ficar parados, pois a multidão está se movendo até aqui. Como você vê, também eles, nossos líderes mutuamente muito amorosos, pararam.

Veja como o marido está com medo do que está por vir e recua em sua grande ansiedade e medo. A esposa o agarra pelo braço, porém, e implora ao querido para apenas ouvi-la e ficar com ela mais uma vez, pois esta é exatamente a fortuna que ela previu e que ele precisa conhecer, para convencer a si mesmo se ela está certa ou errada.

Ele pergunta o que está se aproximando deles que parece tão horrível.

Ela diz:“O que é?! Pessoas de pensamento puramente profundo que você logo verá claramente com seus próprios olhos e ouvirá claramente com seus próprios ouvidos.”

E agora veja, ele está contente com isso e espera pela aproximação do grupo de pensamento profundo. Veja, a grande assembleia está quase lá. Nosso casal os aborda por decência. Devemos fazer o mesmo também, mesmo que seja por outro propósito. Olha, eles se encontram e se cumprimentam com a maior cortesia. Também vamos nos aproximar, a fim de não perder nada.

Você vai ver que do meio do grupo está saindo uma figura masculina nodosa e emaciada e se aproxima do nosso casal. A mulher o recebe de maneira excepcionalmente amorosa e benevolente. Além disso, o marido da mulher se curva profundamente diante desta figura masculina.”

A figura masculina diz: “Estimada senhora, muito me agrada que a fortuna especial tenha me acontecido ao chamar novamente uma de nós, pois com sua mente e seu comportamento excepcionalmente amável, você está honrando muito nossa companhia e de fato nos dá o ornamento mais bonito. Bem, minha querida senhora, se você tivesse alguma coisa em seu terno coração... Seria a maior felicidade, se você confiasse a mim um desejo tão doce de seu coração.”

Ela diz: “Meu amigo muito estimado e acima de tudo muito honrado, veja, esse homem aqui ao meu lado, é meu ternamente amado esposo terreno. Ele agiu de todas as formas na Terra de forma excepcionalmente justa, boa e lucrativa, para que eu possa dizer com toda a seriedade que nosso casamento foi realmente muito feliz. Pois o que uma mulher pode pedir mais em seu casamento do que ter um marido que satisfaça todos os desejos do coração feminino? A este respeito, com exceção de algumas coisas insignificantes, eu não faria nenhuma objeção. Mas agora vem uma questão importante sobre a qual nunca pudemos chegar a um acordo e por causa da qual muitas vezes havia discórdia entre nós dois. Vou explicar-lhe a razão desta discórdia tão bem quanto uma mulher pode, e você, honrado amigo, certamente faria a gentileza de sussurrar algumas palavras para meu marido que o curariam completamente?”

− Eu imploro, minha muito estimada senhora; você é muito gentil! Garanto-lhe que seria uma grande honra e felicidade, se pudesse dizer a mim mesmo que poderia ter servido a uma senhora tão amorosa com minha pequena pessoa. Portanto, peço-lhe que confie a mim a questão que carrega em seu coração.

− Oh, meu amigo muito apreciado, você é muito bom e muito modesto, e exatamente isso é o que me inspira tanta confiança. Não vou esconder nada; seja assim tão bom para mim em me ouvir.

Veja, em relação a esta questão fatal, posso dizer francamente que meu homem bom e adorável é uma Bíblia e, portanto, também um fanático por Cristo. A razão, porém, por que ele se jogou nos braços desta seita risível, é porque ele cresceu pobre. Portanto, ele foi arraigado desde o berço, como costuma acontecer com as classes pobres, na filosofia daquele velho mendigo. Mas como se torna difícil com o tempo corrigir tal absurdo em quem foi, por assim dizer, amamentado por tais ideias como leite materno, e elas se tornaram sua própria carne... Você, mais honrado amigo, sabe ainda mais do que eu. Com a tal filosofia de mendigo, meu ainda muito apreciado marido também acabou aqui nesse reino onde regem os poderes primordiais da natureza, como você já nos explicou gentilmente. Mas isso não chega até ele! Ele ainda está apegado ao seu Cristo e até quer se separar de mim para procurar o tal Cristo que provavelmente não pode ser encontrado em lugar nenhum. Agora, meu douto e mui honrado amigo, apresentei brevemente meu problema e, portanto, peço-lhe que tenha misericórdia de meu pobre homem.

− Ah, se não for outra coisa, nós aqui, no reino da verdade nua, nos encontraremos rápida e facilmente.

Agora a figura se volta para o marido, oferece-lhe a mão e diz: “Caro amigo, é isso que sua adorável esposa acabou de lamentar diante de mim, verdadeiramente seu ponto sincero?”

O homem diz: “Estimado amigo, devo admitir honestamente que realmente não acredito que, por mais amada e querida que minha esposa seja para mim, possamos chegar a um consenso sobre tal assunto. Pois não importa como as coisas vão se sair, estou firmemente decidido a me apegar à minha fé em Cristo para sempre! Também estou absolutamente convencido de que muitas vezes este nome me deu muitas consolações e ainda é minha estrela infalível, feliz e guia. Se alguma vez segui um caminho errado, foi apenas porque não me apeguei a Cristo com firmeza. Quando, então, me voltei novamente para Cristo, muitas vezes fui ajudado novamente como num passe de mágica! Você, como um homem pensante e sábio, portanto, verá por si mesmo que seria muito irracional da minha parte me afastar de tal benfeitor, especialmente agora que eu mais preciso Dele, como me parece. Portanto, estimado amigo, não faça nenhum esforço por minha causa, pois garanto-lhe abertamente que nada conseguirá comigo. Já fui o escravo tolo do charme de minha esposa por muito tempo. Após a morte dela, aprendi em Cristo, meu Mestre, a suportá-la e espero que não me influencie aqui, principalmente porque o casamento com minha ex-esposa foi rompido por causa da morte de seu corpo. Se ela me seguir, ela sempre será valiosa e amada. Mas eu nunca desistirei de Cristo por causa dela, mesmo que me arrastem com uma força poderosa para o meio de algum outro inferno! Se ela está contente com o fato de eu poder estar com ela sem impedimentos com meu Cristo, então não quero romper os antigos laços de amor com ela; mas se não estiver, acabei de falar minhas últimas palavras em sua presença.”

− Caro amigo, eu o ouvi pacientemente do começo ao fim e só posso dizer com toda a seriedade sobre suas palavras, que eu as deploro profundamente. Para que você saiba com quem está lidando (aqui a figura se refugia em uma mentira) , digo-lhe que sou o grande mestre Melanchton, de quem certamente você deve ter ouvido falar na Terra!

− Ah sim, mas o que você quer dizer com isso?

− Estimado amigo, nada além de que eu saberia melhor do Cristo do que você, pois trabalhei até a última hora de minha existência com zelo excepcional na chamada vinha cristã e certamente até teria morrido, se necessário, por amor ao Cristo. Eu não apenas purifiquei de todos os fardos vestigiais o ensino romano, mas também o ensino mais puro de Lutero. Eu vivi literalmente de acordo com a palavra do ensinamento cristão, e qual foi o resultado? Isso não preciso, estimado amigo, explicar-lhe em palavras, pois um olhar sobre todo o meu ser lhe mostra o resultado de minha vida de acordo com o chamado conteúdo mais puro e abreviado do Cristianismo. Eu não preciso lhe dizer mais. Que seja de acordo com a velha ´experyetia docet´ [nenhum substituto para a experiência]. Então estou convencido de que, se tudo correr bem, nos encontraremos novamente depois de cem anos, exatamente como estamos agora, um contra o outro. Você, meu amigo, ainda é um recém-chegado aqui e não sabe como se vive no reino dos poderes primordiais centrais. Quando for perseguido e esfomeado por essa noite eterna por décadas, então percepções mais sólidas e práticas o privarão de toda loucura mundana e encontrarão mais espaço em você do que agora.

− Caríssimo amigo, se você possui tanto conhecimento bem fundamentado sobre este terreno, deixe-me ouvi-lo. Não me esquivo de ouvi-lo, no entanto, permanecerei com minha convicção, se você não puder me convencer completamente.

− Bom, meu amigo, primeiro quero chamar sua atenção para o fruto do Cristianismo na Terra. Os romanos foram um grande povo, até quando permaneceram em seu ensinamento lógico-divino. Todo o trabalho deles era grande e cheio de significado sábio. Seus princípios de justiça ainda são a base de todas as leis estaduais e nacionais. Mas quando o Cristianismo se insinuou, a morte insinuou-se junto com ele no grande povo romano.Agora, no lugar onde outrora viveu a maior e mais heroica nação, padres preguiçosos e indolentes, muita ralé miserável e grande número de ladrões e assaltantes vigiam as estradas com rosários na mão, onde nenhum pedestre tem mais segurança de sua vida. Veja, este é o fruto do jardim do Cristianismo! Faça uma viagem pela bela Espanha e olhe para aquela nação desde os tempos antigos e depois olhe para ela novamente na idade média cristã; não escapará ao seu olho como, através da pura bênção cristã, milhares e milhares sangraram e ainda mais milhares e milhares queimaram até às cinzas em estacas flamejantes e deram seu último suspiro em dúvida!Veja a comovente importância do Cristianismo sob Carlos, o Grande; como ele, por meio de tal bênção, perseguiu milhares e novamente milhares pelo fio da espada! Viaje de lá para a América; procure sua história e você verá exemplos incontáveis, lamentáveis e tristes das bênçãos cristãs que aconteceram lá! Vá de lá para o meu tempo e veja as abençoadas atrocidades da guerra de fronteira de trinta anos. Você pode perscrutar a história antiga de todos os povos, se não houver cenas horríveis semelhantes, então me obrigo a carregá-lo em meus braços para sempre. Não quero focar sua atenção nas múltiplas bênçãos do Cristianismo de outros tempos, mas apenas permitir que você veja as condições de outros povos atuais que ainda não conhecem o Cristianismo, como os chineses quase eternamente pacíficos, e outras nações significativas em Ásia e nas ilhas ainda não descobertas. De fato, você deve estar completamente cego, se ainda não pode, à primeira vista, ver a diferença entre o Cristianismo e a verdadeira sabedoria das pessoas mais velhas e experientes.

− No entanto, eu lhe digo que todas essas grandes e prejudiciais deficiências do Cristianismo, ou ainda mais do novo Judaísmo, poderiam ser corrigidas se alguém dissesse: `Esses fatos históricos são de fato todos verdadeiros, mas Cristo nunca ensinou isso e, portanto, Ele não poderia de modo algum ser culpado por todo o horror que a divulgação de Seu ensinamento trouxe consigo, pois Seu ensinamento era, de fato, puro e especialmente humano`.

− Prezado amigo, isso é aparentemente muito plausível e assim também cri durante toda a minha vida na Terra, fui um zeloso defensor do Cristianismo. Só aqui, na minha atual compreensão, vi no ensinamento cristão o verdadeiro veneno para as nações e a clara referência à preguiça e indolência. O homem, tendo uma inclinação inata para a preguiça, encontra no ensinamento cristão a melhor defesa para esta inclinação, pois lhe é claramente ensinado a não fazer outra coisa senão buscar um certo reino espiritual onde os pássaros assados voariam em sua boca aberta. Veja, vários sábios não precisam de muito tempo para se convencer de que nada resultaria destas aves assadas. Eles, portanto, recorrem a outros meios, a saber, a fiel espada velha; deixam o povo cristianizado na sua cegueira e depois lhe servem aves assadas com a espada na mão.

Amigo, pense como quiser, você não chegará, em relação ao Cristianismo, a uma outra conclusão possível, apesar de todas as outras experiências espirituais mais elevadas que alguém ganha aqui em uma condição purificada, como no meu caso, após a passagem de muitos séculos. Digno amigo, terminei agora e você pode fazer o que quiser. Tenha ainda a certeza da minha alta estima e da minha amizade. Será um prazer, se nos encontrarmos novamente depois de alguns séculos.

Olha, os outros partem e seguem com toda a assembleia, e nosso casal fica sozinho. O efeito do 'discurso puro' e da instrução excepcionalmente humana, verificaremos na próxima vez.” Assim, chega por hoje.

CAPÍTULO 37

Fraqueza do marido. A esposa vai para o inferno.

Veja, a assembleia desapareceu completamente, mas nosso casal ainda está parado no mesmo lugar, imerso em pensamentos.

Ela pergunta ao esposo: "Bem, amado marido, o que diz agora sobre isso?!"

Ele diz pensativo:“Minha querida esposa, não há muito mais a dizer aqui. Ou o orador está certo, então a questão está resolvida e ninguém deve falar mais sobre isso, ou ele está errado e eu fico com meus princípios, então ainda não há mais o que dizer. Se ele está certo ou não, não será determinado tão rapidamente, mas será ensinado por minha experiência com o passar do tempo.

Ela retruca: ”Mas paizinho, você tem a mim, sua esposa fiel, e esse homem digno, ambos como mentirosos? Porque você não quer acreditar prontamente em nossas palavras convincentes? Veja, as pessoas só estão inclinadas a mentir e enganar umas às outras, se quiserem ganhar algo para si mesmas com isso. Mas diga-me, que tipo de benefício mentiras e enganos podem dar a alguém aqui?

Aqui, de fato, não há nada a ganhar, nem a perder, mas uma coisa é certa: com uma companhia você sempre tem pior satisfação para o estômago, do que vagando sozinho por essa região sem fim. Uma única pessoa pouco consome. Se houver mais de uma pessoa, vai ser pior com um pedaço de musgo, do que se ela estiver solitária. Você me pergunta o que eu quero dizer com isso? Meu amado homem, ninguém mais do que eu quer convencê-lo, ainda um homem sábio, para seu próprio benefício, a abandonar sua fé bíblica. Pois se procedêssemos cada um por si, ambos lucraríamos; cada um seria capaz de navegar mais facilmente por conta própria na superfície escassa, do que dois fariam juntos. Se quiséssemos mentir ou enganá-lo, teríamos deixado você com seus princípios, e você teria ido embora como consumidor de seus princípios. Certamente não queremos mentir, nem enganá-lo, mas lhe mostramos apenas a pura verdade com a qual nenhum mortal na Terra poderia ter sonhado, muito menos um fanático fiel da Bíblia e de Cristo como você.

O que você ainda quer pensar? Recupere o bom senso e siga- me, sua esposa eternamente amorosa. Se você não me ouviu na Terra, pelo menos aqui no reino da verdade nua, onde já tenho seis anos mais de experiência do que você. Olha, na Terra não passa de engano, porque todo mundo tira proveito disso ou pelo menos pensa ganhar alguma coisa, mas aqui acabou tudo que ganhava; todas as mentiras e enganos desaparecem automaticamente. Acredite em mim, nada além do meu amor me liga a você; é o único ganho que tenho de você. Mas se você ainda quiser se apegar tolamente aos seus princípios antigos e insignificantes, meu ganho também será perdido. Portanto, só podemos ser felizes, se nossas percepções e sentimentos concordarem mutuamente. Se não conseguirmos estabelecer essa harmonia, devo reconhecer honestamente que seria mais feliz sem você do que com você, cabeça oca, ao meu lado. Não posso falar mais nada a seu favor, só mais o seguinte: Porque eu realmente o amo e sempre o amei, fiz aqui todo o possível para lhe mostrar meu amor e fidelidade solenemente prometidos. Mas você nunca me amou, você está disposto a me deixar para sempre por causa de seu amor por sua loucura. Agora, considere o que você vai fazer.”

Olhe, o homem começa a coçar atrás das orelhas e depois de um tempo diz à sua esposa: “Minha querida esposa, deduzi de suas palavras que você realmente me ama. Isso eu não posso negar de forma alguma. Mas eu simplesmente não consigo entender se neste mundo espiritual e escuro nada pode ser ganho ou perdido por verdade ou mentira. Por que você, então, completamente sem sentido, tentaria forçar uma certa ´verdade´ sobre mim, com a qual tampouco pode ser ganho afinal para você e seu erudito e alegado ´ensino´?! Portanto, creio que, se o seu amor por mim fosse realmente tão intenso quanto você acabou de me indicar, você poderia muito bem me seguir assim como eu poderia segui-la, exceto se você já tiver encontrado algo melhor e definitivo no caminho da sua verdade. Nesse caso, eu realmente gostaria de segui-la, para me convencer da realidade de sua verdade. Se não for esse o caso, não me importa para onde vamos...

Fico pensando: Nós vivemos na Terra como os chamados cristãos, lemos o evangelho, mas nunca vivemos realmente de acordo com ele. Vivíamos e agíamos de acordo com nossas próprias percepções e para nosso próprio benefício, mas a prática ativa do ensinamento de Cristo não estava comigo, muito menos estava presente com você. Veja, o ensinamento diz: ‘Ame a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo´. Já fizemos isso? Se eu perguntar ao meu coração, ele responderá com toda a honestidade que o amor a Deus permaneceu completamente estranho.

Você nunca acreditou em um Deus. Seu coração é ainda mais desprovido de amor do que o meu.

Também está escrito na palavra do evangelho: ´Quem quiser entrar na vida Comigo, tome a sua cruz e siga-Me!´ Diga-me pela primeira vez, querida esposa, quando fizemos algo assim na Terra? Eu nunca carreguei uma cruz e você menos ainda; nossa cruz completa consistia em preocupações financeiras puramente mundanas.

Além disso, está escrito no evangelho que o Mestre disse ao jovem rico: ´Vende todos os teus bens terrenos, distribui o teu ganho entre os pobres e segue-Me, então herdarás a vida eterna.´ Mas o que o grande Mestre diz aos jovens, ou melhor, aos seus apóstolos depois que o jovem se afastou do Mestre em tristeza? Olha, essas palavras estavam cheias de um significado especial e, ao que me parece, estamos vivendo agora exatamente o triste significado dessas palavras, ditas assim: ´É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar pela porta do Céu.´

Também está escrito nas escrituras que o Mestre convidou muitos convidados para um banquete festivo e que os convidados não encontraram tempo para comparecer devido a seus assuntos mundanos. Diga-me uma vez, não fomos convidados? E naquela vez demos atenção ao convite? Bem, minha querida esposa, temos apenas a nós mesmos para agradecer por nossas circunstâncias e por termos nos encontrado neste lugar de escuridão total, onde há choro e ranger de dentes, do qual o Mestre uma vez disse que precisamente pessoas como nós seriam lançadas. ..

Porque não há fé no Mestre para ser encontrada aqui, e sua honrada assembleia tem falado com tanta negação sobre Ele quanto você. Eu acredito que eles estão se encontrando aqui pela mesma razão que nós. Se o grande amor e a misericórdia de Cristo não ajudassem a todos, estou convencido de que todas as eternidades, repletas de verdades melancólicas, dificilmente poderiam nos ajudar. Além disso, se você tiver encontrado algo melhor com a sua alegada verdade, então eu quero, como disse, segui-la até lá; pretendo mostrar que eu também O amo e não forçarei nenhum dos meus princípios sobre você; você impôs as suas assim chamadas ´verdades´sobre mim.”

A esposa diz: “Pode falar o quanto quiser, estou certa de uma vez por todas. Não posso garantir que já encontrei algo melhor, no entanto, sou de opinião que, se você me seguir, em não muito tempo encontraremos um lugar onde há luz abundante. Pois veja, aqui à nossa direita eu, uma vez e de acordo com meu sentimento interior, caminhei por um longo tempo por toda parte e cheguei a um rio largo. Do outro lado do rio, cheguei a uma poderosa montanha; atrás da montanha, surgiu uma luz como a luz da madrugada. Se alguém puder atravessar o rio, encontrará, segundo minha convicção, um ambiente mais leve do que este.”

O homem diz: “Bem, eu te seguirei; conduza-me até lá.”

Nós também os seguiremos, pois vocês precisam ver o desenrolar disso!

CAPÍTULO 38

No primeiro grau do inferno.

Você diz:“Caro amigo, nós estamos seguindo o casal já por um bom tempo. Desde que saíram antes de nós, permanecem tão cegos e silenciosos como a noite; olha, ainda não há nada para ser visto da tal manhã vermelha atrás das montanhas de que a mulher falou... Onde está, então? A mulher realmente teria mentido para o marido?”

Tenha um pouco mais de paciência, e logo verá a louvável manhã vermelha.

Observe nosso par, como a esposa está ficando cada vez mais alegre; o homem, ao contrário, fica mais triste e sombrio.

Você pergunta:“Por quê?”

A resposta é óbvia: Ela está se aproximando do elemento de onde seu amor se origina; portanto, ela fica mais feliz. Mas com ele, o oposto é verdadeiro. Ele está se aproximando de um elemento que não lhe é relacionado, não é atraído por seu amor, mas é arrastado pelo amor que tem por sua esposa. Vai com ela quase como o amante do velho conto sobre o amor pela bela Sirene. Enquanto o amante observava a encantadora Sirene, ele ficava exultante. Ser abraçado por tal amada parecia-lhe o ápice de toda a felicidade. Quando ele se aproximou de sua amada e quando ela o tomou em seus braços macios, arrastando-o em um abraço para seu elemento, o encantamento fantástico inicial desapareceu; um grande susto e o medo da morte o envolveu. Veja, é exatamente o caso aqui. O homem percebe que está ficando cada vez mais escuro. A noite cada vez mais impenetrável não é seu elemento, mas a esposa se sente cada vez mais satisfeita quanto mais escura a noite se torna, pois a escuridão mais completa é o elemento de seu amor e também de sua vida.

Mas você também pode ouvir um ruído abafado, como o de uma grande e distante cachoeira?”

Você pergunta:“O que significa?”

Nós nos aproximamos bastante do ribeirinho que já conhecemos desde nossa passagem pela região norte. Vamos lá corajosamente, então logo chegaremos à beira do rio.

Você novamente pergunta: “E quanto ao primeiro brilho vermelho mencionado atrás das montanhas, que ainda não está à vista.

Tenha um pouco mais de paciência. Quando chegarmos à margem do rio já bem perto (como você pode perceber pelo barulho crescente), provavelmente você conseguirá ver o brilho vermelho ao longe, atrás das montanhas. Preste atenção e observe o terreno, pois em poucos passos chegaremos à margem do rio. Pare agora, pois atingimos nosso objetivo. Olha, ali ao lado do rio, ali ao longe, pode ver um brilho vermelho mui forte, parecendo um incêndio distante?

Agora, preste atenção novamente na conversa do nosso casal.

Ela diz: “Bem, meu querido marido, o que você diz? Eu estava certa ou não? Olhe para aquela linda manhã vermelha, e aqui está o rio largo. O que devemos fazer agora, para chegarmos à região brilhante? Olha, não podemos atravessar o rio, mas podemos caminhar ao longo da margem. Fica cada vez mais claro, como pode ver com seus olhos; certamente chegaremos à região brilhante.”

O homem diz: “Minha querida e apreciada esposa, parece que algo está errado com tal luz. Em relação ao brilho vermelho, parece não ter nenhuma relação com o verdadeiro vermelho matinal. Aos meus olhos, não parece um brilho vindo do sol, mas muito mais como uma cidade em chamas atrás das montanhas. Se existe, de fato, uma cidade em chamas, eu tenho dúvidas, mas que algo está queimando, certamente está, além de qualquer suspeita. Eu, portanto, quero ir com você até que tenhamos uma visão adequada do fogo, mas não irei mais longe, pois não se pode saber de onde vem o fogo. Por isso é sempre sensato ficar longe, pois deve-se preferencialmente ficar fora do ambiente que não se conhece e que não está relacionado com a sua natureza.”

Ela diz: “Não, mas agora você está falando bobagens! Só agora se vê como você realmente é burro; mas de onde vem isso? Eu mesma lhe direi; primeiramente porque você teve muito pouco cuidado na Terra para explicar os efeitos dos poderes primordiais da Natureza, tornando-se agora incapaz de explicar esses fenômenos. Em segundo, você está aqui apenas por um período muito curto e teve muito pouca oportunidade de observar tais fenômenos. Deixe-se educar a pelos sábios da região. Mas olha, tem dois homens andando na beira do rio e se aproximando de nós. Vamos ao encontro. Estou convencida de que você terá muito proveito em conversar com eles.”

O marido diz:“ Sim, querida esposa, sempre fui muito amigo dos homens possuidores de muito conhecimento. Por que eu não estaria interessado?”

Mas agora Eu digo a vocês: Prestem bem atenção. O marido cumprimenta o maior, mais estranho e mais imponente dos dois com muita cortesia. O imponente estranho se curva rigidamente e pergunta ao marido: “Quem lhe mostrou, ralé da noite, o caminho das trevas até o domínio da luz?!”

O homem, o marido da mulher, diz: “Mui respeitável amigo, só cheguei aqui no meio da noite há alguns dias, mas minha esposa já está aqui há cerca de seis anos. Ela não sabia nada sobre os domínios de luz. Eu também não sei nada, mas apenas sinto um grande desejo de luz, tanto que nada mais me resta senão deixar-me, sendo uma pessoa inexperiente, ser conduzido aqui por minha esposa mais experiente. Você, portanto, meu respeitável amigo, consideraria isso uma transgressão minha? Se alguém agiu errado, obviamente só pode ter sido minha esposa.”

O estranho diz: “E você ousa reconhecer que você aqui é um homem? Verdadeiramente, você não parece ser algo significativo, pois homens que precisam da liderança de suas mulheres estão, a nosso ver, no mesmo nível dos macacos!”

Então o estranho vira-se para a mulher e diz: “Foi mesmo você, minha amável e adorável senhora?”

Ela diz:“Oh, amigo respeitável, eu realmente devo reconhecer, para minha vergonha, que ele, meu marido verdadeiramente amoroso, por puro amor estúpido e insignificante ao seu bem conhecido filósofo judeu, provavelmente prefere musgo e grama seca na escuridão mais densa, do que trilhar o caminho da luz. Tal lhe foi sugerido não apenas por mim, mas também pelo excepcionalmente sábio, o conhecido estudioso que se autodenomina Melanchthon.”

O estranho diz:“Ó senhora muito estimada e adorável, eu realmente tenho sincera compaixão por você, mas, por outro lado, também admiro sua força e poder inerente, com os quais você está tão incansavelmente ocupada em trazer um homem tão desajeitado para o caminho certo. Amável e digna senhora, não me culpe se eu, neste tempo cada vez mais brilhante, soltar meu manto de aborrecimento sobre aquela velha filosofia cristã-judaica. Sim, parece-me ainda muito mais estúpido quando alguém resolve permanecer fiel às roupas terrivelmente antiquadas, enquanto o mundo inteiro ao seu redor há muito vê os benefícios da nova roupa e a aceita incondicionalmente.”

Agora, o estranho se volta para o marido e diz:“É realmente verdade o que sua esposa, verdadeiramente sábia, disse sobre você?”

Olha, o homem está meio desgrenhado e não sabe de pronto o que responder ao imponente estranho, o qual lhe parece muito instruído. Ele não quer deixar o Cristo e não parece aconselhável dizer algo sobre Ele na presença daquele homem aparentemente tão poderoso e sábio.

Mas o erudito estranho voltou-se novamente a ele e disse: “Sim, meu caro amigo, se é assim com você, então você recebe a comida sem custo?! Você me entende?”

O homem diz: “Não, não sei o que você quer dizer.”

O estranho diz: “Isso não me surpreende mais. Quanto ao 'não pagamento', já era costume entre os antigos sábios romanos e gregos dar comida de graça aos loucos e aos tolos. Mesmo naquela época, os homens davam a homens como você o honroso diploma de tolice sem custo, com o qual você poderia facilmente ser levado para um manicômio bem provido. Isso não deveria ser desconhecido para você, pois, até onde eu sei, você estava de fato no topo da administração e dos assuntos de estado. Você entende o que quero dizer?”

O homem diz:“Infelizmente, devo entender, mas também tenho a liberdade de lhe fazer uma pergunta: Quem lhe dá, com toda a sua erudição, o direito de me tratar tão grosseiramente, enquanto eu, na verdade, o abordei com particular cortesia, tal como na Terra um professor totalmente arrogante faria com um aluno burro e miserável?”

O estranho diz: “Escute, caro amigo, eu o tratei apenas um tanto rudemente apenas por um discernimento especial da minha parte, o qual você pode atribuir à sua esposa sadia. Eu teria tratado um simplório cristão tão idiota de outra forma, mas tal tratamento provavelmente o teria privado eternamente de seu desejo por uma região brilhante. Quando você estiver aberto à razão, fique do lado de sua esposa e me dê a garantia de que você se arrepende de sua velha estupidez mundana que o levou a essa escuridão; então eu o trarei – veja bem, apenas por causa de sua esposa – à vizinhança daquele lugar brilhante, a um lugar de instrução onde você, se não for lento de entendimento, chegará a uma melhor compreensão.”

O homem diz estupefato, mas de forma humilde:“Se é assim, então peço que me leve até lá. Na Terra, como aluno, sempre pertenci aos melhores e certamente não serei o pior em sua escola.”

O estranho diz: “Bom, eu vou aceitar, mas pense em considerar que você deve deixar a escola imediatamente no caso de maus resultados, e será mandado de volta a sua noite original. Mas se você for um aluno excelente, seu reconhecimento não lhe será negado. No entanto, em relação à sua velha filosofia cristã-judaica, eu recomendo, de antemão, que não fale muito a respeito lá na escola, pois resultará em expulsão imediata. É um sinal adverso, pois os fanáticos não são adequados para o estudo de ciências sérias; apenas o pensamento sóbrio e controlado pode ser aplicado lá.”

A esposa agora se ajoelha diante do erudito e lhe agradece novamente com as palavras mais lisonjeiras por tão excepcional favor. O erudito responde-lhe: “Sim, sim, minha estimada e amada senhora, você é uma em mil, uma entre milhões de habitantes da região noturna. Segue-me!”

Olha, a esposa vai atrás do estranho erudito, agarra o braço do marido e lhe diz enquanto caminha: “Bem, o que você diz agora? Eu realmente percebo agora que os relacionamentos aqui funcionam de uma maneira muito diferente do que você teria sonhado na Terra.”

O homem diz: “Querida esposa, é assim, mas se esses relacionamentos forem bons e úteis, apenas o futuro mostrará. Dito entre nós, todo esse desastre ainda me parece bastante suspeito; mas o tempo dirá o que será disso. Em um texto do respeitável apóstolo Paulo está escrito: ´Provai todas as coisas; retende o que é bom.´ Farei isso também aqui, mas, no fundo do meu coração, acho que não há muito ou nada de bom a se esperar desse estranho julgamento. A luz cada vez mais intensa me parece como a que se vê quando se aproxima de uma cidade em chamas, não me parece nada boa...

Olhe um pouco mais abaixo, no rio, ali, mais ao fundo, algo parece brilhar. Parece que as ondas se dissolvem em uma névoa brilhante. Veja, nos aproximamos de um mar de fogo que agita o rio.”

A esposa diz:“Sim, meu querido marido, aqui está a fonte para você conhecer os poderes de trabalho das profundezas de seu ser e, de fato, dá uma luz um pouco maior, como quando um estudante miserável na Terra tenta estudar um escritor romano com a luz de uma lâmpada fraca”.

Veja, há um barco atracado na margem do rio. O barqueiro diz que quem quiser ir em direção à sua maior fortuna deve entrar no barco, pois navegarão rio abaixo para as regiões exaltadas da luz.

A esposa entra rapidamente no barco, mas o homem se coça hesitantemente atrás das orelhas e n ão sabe o que deve fazer. Mas, para não ficar para trás sozinho novamente, por uma questão de decência ele entra no barco. O barco é desamarrado e dispara rio abaixo como uma flecha de arco.

Agora também iremos rapidamente. Podemos ser ainda mais rápidos, se necessário.

Chegamos ao barco. Veja como a água lá embaixo está brilhando com intensidade crescente até lá onde o rio corre para uma ampla fenda na montanha. Vamos, portanto, rapidamente ganhar vantagem até além da montanha e esperar nosso barco na saída do rio. Não tenha medo, pois também aqui somos intocáveis; todos os horrores que você verá lá não nos influenciarão.

Olha, nós já estamos lá. Você está tendo um grande susto, porque vê o rio agora como uma cachoeira larga e brilhante, trovejando em um mar profundo e infinito de chamas; daí pergunta o que significa. Digo-lhe que é o início do 'ensino médio', onde o nosso pobre esposo conhecerá o funcionamento dos poderes primordiais; ou, melhor dizendo, é o primeiro grau do inferno!

Agora olhe para o rio novamente; nosso barco está se aproximando. O homem fica em pé, torcendo as mãos, querendo p ular do barco, mas a esposa joga os braços em volta dele e agarra-se a ele.

Olha, agora o barco com os quatro mergulha na fenda!

Você pergunta: “Nós também precisamos descer lá?”

Na verdade, Eu disse de antemão que você precisa ver toda a progressão até o fim, ou conhecerá apenas metade da escravidão do amor duplo de um coração. Não tenha medo das chamas, pois é apenas uma manifestação do inferno. Na chegada, já parecerá diferente. Siga-me, então, sem medo.

CAPÍTULO 39

Onde estão localizados o Céu e o inferno!

Você diz: “Realmente desce abruptamente, e a estrada passa por tantas pedras e colinas íngremes!”

Sim, sim amigos, só parece assim para vocês; mas para aqueles cujo ser corresponde a este lugar parece um caminho amplo e facilmente transitável. Prossigamos corajosamente; não demorará muito para que alcancemos o mar de chamas.

Olhem lá embaixo, como as chamas começam a desaparecer gradualmente, permitindo que vocês vejam muitos lugares brilhantes sem chamas lá em cima.

Vocês perguntam: “Temos que passar por lá?”

Não se preocupem com isso, trata-se apenas de aparições retratando a condição de ser daqueles que vivem abaixo. A chama significa o zelo do mal, o sopro acima da chama corresponde ao errado, e o brilho mostra o amor-próprio completo, com o consequente zelo mal direcionado e vontade depravada daqueles que se encontram em tal situação de amor-próprio.

Mas como tudo vai funcionar aqui, vocês verão imediatamente com seus próprios olhos.

Anselmo, olhe para baixo novamente; o que você vê agora?

Você diz:“As chamas desapareceram completamente, e o brilho se acumulou em montes, mas entre os montes vemos uma noite escura como breu. O que é, então, o rio que vimos fluindo brilhantemente?

Este rio é, mais uma vez, uma aparição e retrata o progresso do mal à medida que flui para o mal. A profundidade do mal é retratada pela profundidade deste abismo, é como ele trama planos astutos e bem pensados para executar sua resolução maligna.

Como já você sabe disso, vamos abordá-los com coragem, para alcançar nosso objetivo e, portanto, também nossa assembleia. Mais alguns passos e veja, já estamos na planície e, portanto, também completamente nas profundezas. Você não está vendo nada agora, pois a escuridão aqui é tão profunda, que não pode ver nada com a luz de seus olhos. Precisamos, portanto, de luz suficiente para discernir qualquer coisa. Nenhum dos aqui presentes, porém, pode ver nada da nossa luz.

Você precisa se apegar a mim e não se aproximar da esfera de ninguém além do que lhe é concedido. Agora, olha, já temos toda a luz necessária para ver este ´resort´ de perto. O que você vê?

Você comenta com entusiasmo:“Pelo Amor de Deus todo-poderoso e misericordioso, o que é isso? Que ´resort´ horrível! Não vemos nada além de areia negra e rocha negra, é nisso que consiste a superfície desse ´resort´. Entre areia e rocha sobe lava e fogo aqui e ali, como por vezes vimos na Terra quando brasas eram queimadas. Há algum ser a ser visto aqui? A região parece desolada!”

Sim, queridos amigos, também é apenas uma aparição e retrata a 'morte'! Não se preocupem com a ausência de seres neste ´resort´, pois logo verão mais do que o suficiente.

Olhe você, não muito longe daqui pode ser visto algo que parece uma grande aposta na Terra. Vamos dar uma olhada de perto naquele obelisco, então você logo se convencerá sobre o material que ela consiste. Bem, estamos na distância certa; vamos dar uma olhada mais de perto. O que vê?”

Você diz: “Mas em nome do Todo-poderoso Deus, o que poderia ser? São puramente pessoas empilhadas umas sobre as outras, como arenques... Estão tão bem presas ao chão com uma corrente muito forte, que ninguém seria capaz de se mover nem um pouco naquela condição. Se for assim, então se faz particularmente pobre a eterna liberdade do espírito.”

Sim, caro amigo, quando o vemos de nossa luz celestial, certamente parece ser o caso à primeira vista. Portanto, isso também é apenas uma aparição, uma correspondencia à situação real. Em sua natureza mais profunda, essa aparição descreve como uma assembleia é mantida aprisionada por sua própria inflexibilidade completamente errada e as consequências malignas dela.

Deixemos agora o obelisco e continuemos.

Olha, ali na nossa frente está outro monte mais alto. Já estamos perto, diga-me o que você vê.

− Amigo, vemos aqui o mesmo que antes, a pilha é de forma piramidal, e uma massa de correntes jaz jogada sobre ela, fazendo parecer que esses seres estão fortemente pressionados, juntos, tanto que seus corpos estão quase unificados sob pressão. Em nenhum lugar podemos ver como são seus rostos, pois todos eles têm seus rostos voltados para baixo.

Amigo, nosso quarteto anterior também se encontram nesta pilha?

Não, ainda chegaremos a eles. Agora que já vimos tudo aqui, vamos um pouco mais longe.

Olhe, longe de nós está uma verdadeira montanha para ser vista e porque estamos novamente à distância certa, podemos vê-la mais de perto. O que você vê?

− Mas pela onipotente e justa Vontade de Deus, agora o que é isso?! Isso também são seres humanos, empilhados sob correntes e grades de ferro. Entre eles também há um monte de cobras e víboras olhando com seus olhos detestáveis em todas as direções, sacudindo suas línguas para dentro e para fora. O que significa?!

Isso quer dizer que essa é uma assembleia que já passou de sua instituição ilícita para atos perversos. Vamos continuar a partir daqui. Veja, não muito longe de nós, está uma montanha que você não pode ver tão claramente à primeira vista, também não é necessário, pois um lugar fala pelo todo. Aqui já se encontra um dos contrafortes da serra; dê uma boa olhada e me diga o que vê.

− Nada além de todos os tipos de monstruosidades esfoladas e nodosas; aqui e ali um esqueleto achatado de um cadáver humano está pendurado entre eles. O que isso significaria, então?

Isso representa o mais puro amor-próprio e é a imagem do poder mundano, grandeza e riqueza, que toma forma quando essas características são usadas na Terra para propósitos egoístas e ruins.

− Mas caro amigo, sabemos muito bem que nos encontramos em sua esfera e, de fato, no sol espiritual, onde não esperamos nada além do celestial; como é que encontramos aqui também um inferno completo?

Sim, querido amigo, não foi explicado no momento de sua passagem para o Sol Espiritual que o espiritual é o mais interior, o que tudo penetra e o que tudo abrange? Se essa é a natureza do espiritual, então ela realmente penetra em todos os planetas e em toda esfera, até onde a luz do sol natural alcança; mas o puramente espiritual leva muito mais longe. Portanto, agora você não está exatamente na esfera do sol real, mas na esfera específica do seu planeta. Como todos os planetas recebem seu calor do próprio sol e sua influência penetra em todos estes planetas, assim também é o caso do Sol Espiritual, permitindo-nos observar, pelas vibrações de sua radiação espiritual, também o espiritual de seus planetas. Como agora entendemos melhor, espero que fique claro que alguém também será capaz de ver a natureza espiritual do inferno, no que se refere à sua terra.

Você não deve imaginar o Céu e o inferno como sendo materiais e espacialmente separados um do outro, mas apenas como condições O Céu e o inferno podem se encontrar espacialmente um ao lado do outro, assim como uma pessoa celestial e boa pode caminhar ao lado de uma infernalmente má, até sentar ao lado dela no mesmo banco. Um tem o Céu perfeito em si mesmo; o outro, o inferno perfeito. Como prova disso, posso imediatamente deixar você ver Minha própria esfera, que pode se encontrar tanto aqui no Céu quanto no inferno, pois você vê tudo claramente em Minha esfera. Mas basta dar um passo para fora de Minha esfera, e você se encontrará novamente no mesmo lugar de onde originalmente entrou em Minha esfera. Já que você já sabe disso, podemos deixar a montanha novamente e olhar para tudo sob outra luz.

Agora, observe, a luz mudou. Como você vê as montanhas agora? Você fica surpreso ao ver instantaneamente, em vez da montanha, grupos que se movem livremente, bem como várias habitações. Parecem em parte uns ´pubs´ imundos e em parte uns velhos castelos negros de cavaleiros. Veja, tudo isso se apresenta em uma luz avermelhada e escura.

Mas olhe, bem na frente, não muito longe de nós está um velho castelo de cavaleiros, aparentemente construído contra a montanha rochosa. Nós iremos lá. Olhe, aqui estamos nós; o portão está aberto. Somos invisíveis aqui, portanto vamos entrar no castelo, depois veremos como estão as coisas. Bem, há o primeiro corredor. Nas paredes estão pendurados todos os tipos de instrumentos de assassinato e tortura.

Ao fundo, num trono, senta-se o chamado ´senhor do castelo´. Ele conferencia com seus irmãos de armas, a fim de decidir sobre sua estratégia para roubar os bens e tesouros do dono do castelo vizinho, seu semelhante. Ouça como ele os instrui a superar o castelo-alvo em completo silêncio, matar de forma impiedosa todos com seus sabres, todos que vivem lá, e depois tomar posse dos tesouros. Aqueles que resistirem obstinadamente devem ser levados cativos e, como já acontece, o cativo será submetido às mais dolorosas torturas.

Bem, a decisão foi tomada e o conselho está dissolvido. Todos pegam suas armas e correm para fora. Como não temos mais nada para fazer aqui, vamos correr atrás deles.

Olha, ali na nossa frente, não muito longe daqui, está o mencionado castelo. Está sendo cercado. Olha, começa a terrível matança. Os seres malignos estão lutando ferozmente uns contra os outros, fazendo com que os habitantes do segundo castelo sejam cortados em pedaços.

Continue assistindo; nosso quarteto familiar acaba de ser acorrentado e aproximado pelos irmãos de armas de nosso primeiro dono de castelo. Juntemo-nos a eles e escutemos o diálogo.

Ouça, o homem diz à mulher: “Oh, cobra miserável, agora eu vi através de ti! Minha suspeita ansiosa sempre me sussurrou que tu estavas permeada por um espírito mau! Essa é agora a escola secundária e sua luz misericordiosa que tu habilmente retrataste para mim como um chamado de um ser espiritual altamente experiente, porém em com hipocrisia e mentira. O tal professor maligno e acorrentado da escola agora está preso conosco nesse cativeiro abominável, no qual podemos ter certeza de esperar o destino mais horrível.”

A esposa diz: “Como você pode pensar isso de mim agora? Quem pode fazer alguma coisa sobre a má sorte imprevista? Eu só quis fazer o bem a você.

O homem diz: “Cale-te, cobra miserável! Só tenho a te agradecer por obviamente estar no inferno. Entre mim e tu agora todos os laços serão cortados para sempre.

E Vós, meu Jesus, a quem sempre invoquei, ajudai-me neste terrível cativeiro. Prefiro, se for da Vossa Santíssima Vontade, vagar por milhares de anos no escuro para fazer penitência por meus pecados, do que ficar mais um momento neste balneário de horrores, que me parece ser eternamente isolado de Vossa Compaixão e Misericórdia! Oh Jesus, ajudai-me! Oh Jesus, salvai-me!

Veja, dois espíritos disfarçados estão se aproximando rapidamente da caravana. Olha, eles já estão lá. Tiram o disfarce e, como vê, são dois anjos julgadores do Mestre. Cada um tem uma espada flamejante na mão. Um balança sua espada sobre o castelo conquistado, no qual os seres dilacerados e cortados foram reunidos novamente; eles começam a lamentar a injustiça sofrida. O outro anjo balança sua espada sobre o primeiro castelo, ocasião em que a edificação explode em chamas. Figuras em chamas e uivantes se jogam para fora por aberturas, janelas e portas, amaldiçoando os anjos julgadores.

Continue olhando. Um anjo golpeia com sua espada flamejante o chão bem aqui entre nosso quarteto. A corrente está quebrada. O homem se ajoelha diante dos dois anjos e implora por uma salvação misericordiosa. Um anjo o agarra e o puxa, mas a esposa também segura o marido e grita por compaixão e misericórdia, pede para não ser deixada. Veja por quanto tempo ela se deixou arrastar pelo espírito angélico!

Veja agora, os dois anjos levantam ambos; um carrega o homem, enquanto a mulher se deixa levar e não larga o homem. Só agora, já em grande altura, o outro anjo, com muito esforço, solta a esposa do marido, golpeando-a com sua espada. Ela, de repente, cai de volta em seu elemento, chorando. O homem é levado à fronteira do reino dos filhos, onde o ambiente ainda parece escasso e escuro.

Você já viu tal resgate, e ainda é um dos melhores. De fato, existem inúmeros casos mais horríveis e teimosos, dos quais você mal seria capaz de suportar a cena, mesmo expressa apenas em palavras.

Agora, portanto, voltaremos ao nosso lugar inicial e de lá passaremos para a região do meio-dia. É o suficiente por hoje.

CAPÍTULO 40

Onde os pagãos se encontram na outra vida?

Nem é preciso mencionar que existem nesta conhecida região da noite, muito mais, sim, inúmeras situações como as que conhecemos agora. Se alguém perguntar onde então estão os pagãos que chegaram recentemente aqui, então digo a você que também eles acabam principalmente neste tipo de ambiente, mas os lugares de chegada são estritamente separados uns dos outros, para que um pagão em determinada circunstância não chegue aos lugares onde os cristãos crentes iriam. Essa distinção só é feita no inferno e mais em nenhum lugar. Como você provavelmente pensaria, nada é misturado sem qualquer ordem adequada. A distinção é essencial, pois se tais espíritos fossem permitidos juntos, eles se arrastariam tanto para a perdição devido à sua depravação interior, que não haveria mais como alcançá-los, exceto pela destruição total.

Você deve imaginar isso para si mesmo da seguinte forma: Assim como existem diferentes elementos na Terra que sempre se consideram com animosidade e querem destruir um ao outro, também existem nas esferas espirituais tais elementos básicos que nunca devem entrar em contato um com o outro. Se assim fosse, haveria nas esferas espirituais efeitos semelhantes aos que se veriam quando fogo e madeira seca ou fogo e pólvora fossem reunidos, ou quando a água corresse sobre um edifício construído com cal. Portanto, onde nenhuma retenção de espíritos é possível no reino espiritual, há tal divisão de essência crítica.

Quando alguém do grupo pergunta: “Como é o local de chegada dos espíritos pagãos?”

A resposta é que não é seguro a um espírito cristão, independentemente de quem que o acompanha, visitar tal lugar. Somente o Mestre pode trazer ou guiar alguém até lá, pois de outra forma seria mais perigoso do que útil visitar tais lugares.

Mas antes de irmos para a região do meio-dia, primeiro veremos o que nosso marido resgatado está fazendo e em que circunstâncias ele se encontra.

Vejam, nosso muro de pedra está aberto, portanto, aproveitaremos imediatamente a oportunidade e passaremos a fenda para a fronteira mais externa do reino dos filhos.

Olhem, nós já estamos aqui. A parede já se fechou novamente, e agora iremos para o vale muito estreito que corre ao longo da parede até o meio-dia. Sigam-me rapidamente! Lá no fundo distante está um canto pantanoso e úmido demais para ser visto, e no canto mais distante há uma simples cabana de madeira com cercadura bastante escura, porque o canto é cercado por pedras altas. Nós iremos para lá, pois é onde nosso homem foi colocado.”

Você pergunta: “Por que, então, em um deserto tão solitário e ainda por cima em um canto tão pantanoso e úmido isolado?”

Caro amigos, não se pode, de modo algum, ao menos no começo, lidar de outra maneira com espíritos que foram resgatados do inferno com tanto esforço, pois tais pessoas de fato ainda têm coisas nelas que absorveram do inferno e que correspondem ao fogo do inferno.

Elas ainda abrigam, até certo ponto, um egoísmo motivado pela necessidade própria, como se sabe, de todo tipo de urgência pessoal; assim elas têm, até certo ponto, o egoísmo como um guia permanente. Quem se vê em perigo, geralmente se esquece de tudo e se preocupa apenas com a própria salvação. O pobre só implora para si e o doente quer um remédio só para si. Quem cai na água, geralmente só pensa em si mesmo e tenta escapar do elemento destrutivo. Somente quando ele próprio estiver seguro, ele pensa em outros que compartilham o mesmo destino.

É por isso que esse lugar é muito adequado para o nosso homem. O solo pantanoso é necessário para extinguir seu fogo egoísta, e a escuridão bastante espessa fará bem aos olhos que estavam acostumados com escuridão. Uma súbita luz brilhante seria tão fatal para ele, quanto os fortes raios do sol para os olhos de uma criança recém-nascida. Acima de tudo, sua atitude está em total correspondência com o cálculo dos juros do capital que ele deu como cristão aos pobres por fé e amor. Você não deve incluir o legado conhecido, aquele que ele fez antes de sua passagem da Terra para o reino espiritual, mas apenas as esmolas que ele deu em segredo, sendo um crente cristão, devido ao seu próprio sentimento de compaixão pelos pobres. Tal capital não atinge o total de mais de duzentos florins em moedas de prata. Quando você comparar o capital que ele deu aos pobres por amor ao Mestre com a grande quantia que ele legou a seus filhos, você encontrará a comparação matemática correta entre seu amor-próprio e seu amor pelo Mestre. Tal cuidado exagerado com os filhos é amor-próprio, pois quem ama o Mestre mais do que a si mesmo ou a seus filhos, dá ao Mestre proporcionalmente mais do que a si mesmo ou a seus filhos.

− Então porque o Mestre não lhe deu o ´insight´ para entender, tão claro quanto o Sol, que o Mestre pode e deve cuidar mui melhor de seus filhos do que ele seria capaz de cuidar de si mesmo e filhos?

O Mestre disse que só o que fizer a seus próprios filhos, terá feito a Mim? Não! Ele pensou foi nos pobres, nus, famintos, sedentos e encarcerados. Ele disse: ´O que fizer a eles, você terá feito a Mim.´

Ele não disse: `Se acolher seus próprios filhos em Meu Nome, então você já terá Me acolhido`.

Ele disse em uma ocasião em que muitos pobres trouxeram seus filhos ainda mais pobres a Ele: ´Verdadeiramente, quem acolher uma criança tão pobre em Meu Nome, ter-Me-á acolhido.´

Ainda disse: ´Quem ama pai, mãe, esposa, irmão ou filhos mais do que a Mim, não é digno de Mim.´

Aqui, muitos diriam que isso certamente deve ter apenas um profundo significado espiritual. Oh sim, Eu digo, o mais profundo possível, pois é uma Palavra de Deus pura e direta. Por que não buscar ouro na superfície da Terra, invés de cavar poços profundos e difíceis túneis de mineração?!

− Como devemos entender isso?!

Nada mais fácil. Quem quer chegar ao ouro, precisa atentar para a superfície da Terra, pois precisa rompê-la e, por fim, também a crosta externa da Terra, e enfim chegar às profundezas onde estão depositadas as camadas de ouro. É preciso considerar plenamente o significado literal da Palavra de Deus, antes de ser capaz de entender o espiritual em seu significado correto e proposto.

Se agora considerarmos nosso homem, descobriremos que ele trouxe mais de um milhão de florins de amor-próprio e apenas pouco mais de duzentos florins para o Mestre. É uma situação muito lamentável. Sua moradia é adaptada, como podem ver, exatamente aos juros do capital. Tudo agora depende de como ele usará o capital. As visitas dos muitos pobres seres do lado oposto não escaparão dele, que implorarão por sua ajuda. Se ele empregar todos os seus esforços para cuidar de tais irmãos pobres tanto possível com as necessidades básicas, então seu pequeno capital logo ganhará dez vezes mais juros, sim, cem vezes mais, com os quais ele será enviado para melhores ´resorts´. No entanto, ele não virá ao Mestre da maneira usual, a menos que seu capital ganho cresça até dez vezes o que ele legou a seus filhos em seu amor próprio.

Exceções são possíveis, mas devem ser da natureza que você viu no exemplo inicial; isto é, se alguém der tudo o que tem e ainda apoiar a vontade de seus irmãos com todo o seu poder, então será possível um resgate rápido e completo. No caso, um espírito humano se parece com a mulher que ofertou no templo juntamente com outras ofertas. Aquela mulher, de fato, trouxe a menor oferta em comparação com as outras. Então o Mestre perguntou quem ofertou mais, e apontaram quem deu o maior valor, mas Ele retrucou: ´Foi a mulher, pois deu tudo o que possuía!´

Como você pode ver, aqui é uma escola de purificação completamente justa para a vida eterna, baseada no grande Amor e Misericórdia do Pai.

Visto que agora conhecemos todas as coisas que precisam ser bem consideradas por todos, podemos deixar a região e ir para o meio-dia. Vocês realmente perguntam sobre o caminho, mas Eu lhes digo que não se preocupem, pois não precisaremos de tanto tempo com nossa passagem por lá do que precisamos para vir aqui. Nós nos encontramos verdadeiramente no caminho e imediatamente estaremos lá onde queremos estar. No caminho, ainda precisamos dar atenção a vários estágios intermitentes, mas como se parecem bem com o que já tivemos atrás de nós, basta lembrarmos o que vimos até agora, então vocês poderão entender facilmente todas as etapas da passagem dessa região até o meio-dia.

O vasto corpo d'água forma a fronteira principal que não pode ser percorrida pelo caminho usual, pois a grande água retrata o alto grau de sabedoria necessário para chegar ao meio-dia. Portanto, eles precisam se tornar fortes no fogo do amor ao passar para o meio-dia, para ganharem o grau correspondente de sabedoria no fogo do amor, como é indicado pela água.

Já que agora o sabemos, devemos da próxima vez, como dissemos, proceder imediatamente ao meio-dia radiante, sem olhar mais por aqui. Com isso, chega por hoje.

CAPÍTULO 41

Visita ao meio-dia. A operação da verdadeira fé e do amor ativo.

Olha, agora mesmo, antes de você perceber, já estamos onde queríamos estar. Ou seja, já estamos no meio-dia. Diga-me se você gosta daqui e do que vê.

Você diz: “Isso nos convém muito bem; no entanto, devemos reconhecer que esperávamos um pouco mais do que vemos aqui. Essa região parece uma paisagem encantadoramente bela, pois certamente existem muitas na Terra; mas não podemos ver aqui nada exaltadamente belo.”

Sim, querido amigo, você está certo; aqui também está brilhando um sol e está localizado exatamente no ponto mais alto. O céu também é de um lindo azul, assim como na Terra. Você vê uma rica variedade de campos e colinas frutíferas, cobertas de árvores frutíferas; nem mesmo as vinhas das vossas castas faltam. Aqui e ali você também vê muitas montanhas atraentes erguendo-se acima das colinas menores; você também vê aqui e ali algumas casas bem construídas por onde as pessoas entram e saem; nos campos, você vê algumas pessoas ocupadas colhendo e processando as frutas. É verdade; visto superficialmente, tudo tem uma notável semelhança com as belas paisagens da Terra. Mas Eu lhe digo que se nos aproximássemos de uma dessas habitações, você veria algo diferente em sua organização.

Veja naquela rua; entre a fileira dupla de árvores frutíferas, está localizada uma casinha muito bem construída. Vamos lá ver como é por dentro.

Bem , já chegamos ao nosso objetivo. Veja, o dono da casa está parado na entrada, mas ele ainda não nos pode ver, pois ainda somos invisíveis para os habitantes do meio-dia. Ele sente a presença de seres mais espiritualizados em sua vizinhança. Ele, portanto, escuta dentro de si mesmo e, como você pode ver, ele se comporta como alguém que está profundamente absorto em seus pensamentos. Entraremos em sua casa imediatamente. Olha, já estamos dentro. Você gosta?”

Você, maravilhado, junta as mãos dizendo:“Mas, pelo amor de Deus, como isso é possível! Vemos que a casa está lindamente decorada por dentro e o interior parece ser muito maior do que o exterior. Se olharmos para fora através de um ou outro quadro de porta ou janela, não vemos mais vestígios do ambiente anterior, mas tudo parece mui diferente e incomparavelmente maior. Vemos palácios e templos maravilhosos e impressionantes em todos os lugares; as montanhas distantes brilham como se estivessem revestidas com a matéria leve do próprio sol, e a vasta planície se estende diante de nós. Nesta planície erguem-se incontáveis palácios de beleza insondável, maravilhosa e impressionante. No meio, corre um rio; suas ondas brilham como se os mais belos diamantes lapidados estivessem rolando uns sobre os outros, enquanto as margens estão cobertas de árvores gigantescas. De fato, vimos tais árvores sob o Sol Natural, mas elas são mil vezes mais bonitas, pois todas parecem translúcidas e suas folhas brilham para todos os lados, como uma parte viva de um arco-íris. Como é bonito o interior desse edifício! Vimos algo assim apenas na faixa intermediária do Sol Natural, mas, em comparação com isso, lá tudo é mais grosseiro e imperfeito. Aqui tudo é retratado com um grau tão infinito de pureza e precisão, que se pode passar anos admirando os mínimos detalhes. A magnificência infinita das cores, distribuída de maneira adequada e gloriosa por toda parte, parece tão atraente, que podemos decidir não sair de casa!”

Sim, sim, querido amigo, assim é; aqui já vale a pena atribuir ao interior um valor imensurável, mas é tão grande, que ultrapassaria seu entendimento, pois é a ação da luz que vem da sabedoria da verdadeira fé no Mestre, da fé verdadeira, fruto de um relacionamento equilibrado por amor ativo, um amor pelo Mestre dentro da real sabedoria.

− Essa casa é, então, habitada por apenas um espírito humano abençoado?

Oh não, vamos da primeira sala para a sala oposta, você logo verá muitos espíritos humanos felizes de ambos os sexos. Veja, lá no fundo estão cerca de trinta seres. São todos habitantes da casa, e o homem que vimos à entrada é o servo de todos os que lá vivem. E ele faz seu melhor para fornecer a todos tudo o que for possível. Por essa razão, ele é o maior entre eles e, como tal, também o dono da casa.

Você não vê como os trinta habitantes estão vestidos de maneira excepcionalmente bonita? Alguns até usam coroas brilhantes na cabeça, são mui felizes e louvam o Mestre em sua bem-aventurança.

Mas agora, novamente, olhe para o nosso homem ainda parado na porta, como ele parece simples. Um manto branco amarrado em torno de sua cintura por um cinto simples é tudo o que ele tomou da glória celestial para si. Ele poderia, de fato, ter se vestido magnificamente, mas não deseja isso. Sua única felicidade é apenas fazer seus irmãos e irmãs tão felizes quanto puder. O que quer que consiga através do Amor e da Misericórdia do Mestre, imediatamente falará aos amigos; e se tal lhes causar grande alegria, ele logo será levado às lágrimas. Ele ficaria muito feliz se pudesse doar tudo!

− Por que, então, ele não participa da assembleia?

Você pode facilmente deduzir isso de sua expressão facial. Ele está cheio de grandes pensamentos e ponderando o que pode fazer a seguir por seu grupo, para preparar ainda mais bênçãos para eles. Olha, ele encontrou algo. Já lhe disse que ele não nos vê, mas tem uma suspeita sobre nós. Portanto, ele está se voltando cada vez mais para dentro, para nos ver e obter algo mais de nós para o benefício de seu grupo. Ele também está verificando se pode ver um recém-chegado que ainda não tem hospedagem, para ir prontamente ao seu encontro e levá-lo para sua casa.

Enquanto estivermos na casa, ele não nos verá, mas quando sairmos, ele nos verá. Então você testemunhará sua alegria indizível e encontrará nele um homem particularmente amoroso e hospitaleiro. Vamos, portanto, sair.

Olha, agora ele nos vê, cai de joelhos diante de nós e diz:“Oh, meus altos amigos desconhecidos do Mestre, eu senti vossa presença, mas não vos pude ver. No entanto, já que a Misericórdia agora me permitiu vos ver, peço-vos, pelo amor infinito do Mestre Todo-poderoso, que não me deixeis novamente tão cedo. Por favor, vinde comigo para minha morada, deixai-me dar muito mais alegria à minha pequena assembleia através da vossa presença, pois vós certamente sabeis algo mais sobre o Mestre, nosso Pai amoroso. Dizei-nos, pois uma palavra Dele vale mais para nós, do que todas as glórias que possuímos aqui em abundância indizível.”

Digo-lhe: “Gemaniel, levanta-te, pois iremos contigo para tua casa.”

Olha, ele se levanta, estende os braços para nós e humildemente nos mostra, sorrindo amigável e amorosamente, para irmos adiante dele.

Vamos, por enquanto, nos dedicar à assembleia. Veja como toda a assembleia está de pé e alegremente vem ao nosso encontro. Ouça como Gemaniel vai nos apresentar o grupo.

Gemaniel diz: “Vede, meus queridos e amados irmãos e irmãs, eu realmente vos disse que o bom Mestre e Pai certamente em breve nos enviaria grande fortuna por meio de um de Seus exaltados amigos! Temos uma Palavra do Pai! Vede, o único bom Pai nos concedeu nosso desejo mais querido, pois mesmo antes que percebêssemos, esses amigos exaltados entraram em nossa casa. Nossos olhos não abençoados não podiam vê-los inicialmente por causa da enorme glória, mas a grande Misericórdia do Mestre abençoou nossos olhos, pelos quais agora os vemos em nosso meio, para nossa grande bênção. Ainda não sabemos quem são, mas entendemos que são grandes amigos íntimos do Mestre, e só isso já é nossa maior benção!”

Eis que ele se volta para nós e humildemente pede uma Palavra do Pai: “Exaltados amigos do Mestre, bem sei que uma Palavra Dele, mesmo dita por vossa boca, é santa demais para nós; mas nosso amor por Ele, o Pai infinitamente bom, não nos dá descanso. Portanto, pedimo-vos humildemente por Ela!”

Respondo Eu: “Agora, pois, vos darei uma Palavra do Pai. Ouçai bem, Gemaliel e vós, pessoas de sua casa!

Assim fala o Mestre: Deixai vir a Mim os pequeninos, porque a eles pertence o Reino dos Céus!

Veja como todos eles estão radiantes, e Gemaliel diz, suspirando de amor: “Sim, sim, é verdadeiramente a Palavra e a Voz do Pai; `Quem não é pequeno e igual às criancinhas, não entrará no reino dos céus!`. Oh, queridos irmãos e irmãs, que essas palavras sagradas se tornem a maior decoração e a maior riqueza de nosso lar.

Nós, portanto, queremos ser pequenos para sempre, para, talvez uma vez, participar da grande Misericórdia que seria o Mestre visitar nossa região, para podermos ir a Ele. E se Seus exaltados amigos quisessem nos impedir, que Ele dissesse com grande Misericórdia também para nós: `Deixai vir a mim os pequeninos, porque a eles pertence o reino dos céus!`”

Vocês já viram como é aqui. E você me pergunta secretamente: “Esses espíritos obviamente já estão no Céu; como podem falar como se nunca tivessem visto o Mestre?!”

Realmente veem o Mestre continuamente, mas tal qual você vê o Sol da Terra; isso significa dizer que a Luz de Deus está acima de suas cabeças, o que denota a esfera da sabedoria.

Visto que a humanidade do Mestre representa o Amor mais puro, o amor deles deveria ter um caráter muito diferente. Eles ainda não são capazes de ver a humanidade do Mestre; portanto, eles estão aqui, onde podem ser aperfeiçoados ainda mais. Acontece, embora não com frequência, que o Mestre às vezes visita a região pessoalmente, ou por meio de um espírito angélico superior. Os `menores` dessa região são, então, aceitos e levados pela manhã.”

Vamos agora deixar a casa com bênçãos e passear pela região. Passaremos pelas altas montanhas que você vê lá ao longe. Lá conheceremos mais uma região do meio-dia. Portanto, chega por hoje.

CAPÍTULO 42

A diferença entre viagens no Além.

Você pergunta: “Mas amigo, não deveríamos primeiro nos despedir dos simpáticos habitantes da casa e agradecê-los por sua recepção amorosa?”

Amigo, lamento que, aos seus olhos, não pensei nisso antes. Já nos encontramos no topo de uma das montanhas que antes avistamos ao longe; agora nossa casinha já está bem atrás de nós”.

Você fica surpreso e, portanto, diz:“Mas amigo, como pode ser que possamos viajar aqui tão rápido quanto nossos pensamentos, enquanto viajamos passo a passo nas regiões do norte e da noite, com apenas algumas exceções? Com base em experiências anteriores, com certeza sabemos que o homem pode proceder no espírito tão rapidamente quanto um pensamento. Isso não é tão estranho. Mas que progredimos apenas passo a passo naquela região que era muito pobre em aparições belas e gloriosas, ao passo que nessa região celestial aqui todas essas glórias passam por nós basicamente despercebidas, parece estranho.”

Queridos amigos, vocês estão julgando corretamente e de acordo com suas sabedorias, mas não de acordo com a sabedoria espiritual. Quando nos movemos no reino dos espíritos nas regiões onde as circunstâncias são de caráter mais natural, então tudo é mais tardio. Nosso lento progresso em tais regiões retrata com muita verdade, inclusive visualmente, a tediosa progressão do espírito. Quanto mais fundo penetramos em tais regiões, mais difícil e lento se torna nosso andar.

Mas aqui, onde o espírito já goza de plena liberdade, ele se liberta de tais grilhões e seu progresso é bem menos impedido, podendo ele acelerar um pouco.

− Caro amigo, tudo isso é verdade, bom e verdadeiro, mas lembramos que fizemos uma rápida viagem nas montanhas, nas regiões do norte, quando voltamos do inferno, e retornamos excepcionalmente rápido ao Reino das Crianças, e nossa jornada do reino das crianças até aqui também durou apenas um momento. Como devemos entender isso?

Amigo, com certeza Me surpreende que você ainda não entenda, embora já tenha experimentado algo assim muitas vezes na Terra, no desenvolvimento de seu espírito. Eu lhe explicarei por meio de um exemplo, então você imediatamente compreenderá completamente as três − para você inexplicáveis − aparições de viagens rápidas.

Se você fosse ensinado, por exemplo, em Matemática ou em uma ou outra ciência e você tivesse, como parte do ensino, de fazer um ou outro conceito difícil como uma teoria principal, porque quase toda a complexidade da ciência seria ligada à plena compreensão deste conceito, então provavelmente lhe custaria muito esforço para se apossar completamente de tal conceito. Sim, você teria que progredir passo a passo, de ponto a ponto. O que aconteceria, então, quando você compreendesse totalmente tal conceito? Seu espírito não voaria rapidamente e ganharia ´insighs’ em grande velocidade, pelos quais ele veria com um olhar aquilo que primeiro pesquisou e investigou com muito esforço? Mas isso não é tudo; ele faz deduções do conceito que ele agora entende e se torna, por causa de tal voo, um vidente, pesquisador e descobridor, até mesmo um criador de verdades futuras! Agora você entende um voo tão rápido? Veja, é exatamente assim com o espírito; pois o que você chama na Terra de obra do espírito ou dos pensamentos, está aqui no reino espiritual como pura realidade.

Mais uma vez fomos com passos lentos para a noite, conhecemos várias condições ao longo do caminho e até mesmo alcançamos, através de nosso caminho muito instrutivo, a maior profundidade que poderia ser alcançada com seu espírito. Você precisou que tudo fosse investigado até o limite. O que seu espírito fez com isso? Ele aprendeu um segundo conceito muito importante. Através do ensinamento do segundo conceito importante, foi possível outro rápido voo ascendente.

Chegamos, então, ao reino dos filhos, na fronteira mais externa. Aí tivemos que investigar outro terceiro e importante conceito, que forma uma conexão muito importante com o anterior e que serviu como um precursor muito apropriado para o que se seguiria ao meio-dia.

Como você se apegou tão rapidamente ao novo importante conceito de conexão, pudemos fazer um rápido voo ascendente do espírito na região de luz, da mesma forma que em todas as outras.

Estamos agora na região da luz superior. Como você pode se surpreender com o fato de estarmos nos movendo para cá mais rapidamente com nosso espírito muito mais maduro e experiente do que nas duas regiões anteriores? Mas Eu lhe digo que aqui, damos apenas passos pequenos, mas rápidos; avançamos nessa região não além do alcance dos olhos de nosso espírito.

Quando nos aproximarmos da manhã dessa região, nos moveremos com velocidade ainda maior e movimentos mais rápidos. Então veja, tudo é espiritualmente muito natural.

Algo semelhante já pode ser visto claramente com os espíritos mais despertos em um corpo celeste, onde um pensador experiente pode avaliar um objeto que é colocado diante dele muito rapidamente e pode analisá-lo completa e minuciosamente em todas as suas partes. Ele, porém, ainda precisa ter um objeto diante dele. Sem um objeto, a atividade de seu espírito cessa. De maneira semelhante, podemos nos mover rapidamente pelos espaços que vemos aqui.

Quando o espírito entrar em uma condição ainda mais livre e ilimitada, ele não mais se ocupará com a avaliação de objetos dados, porque ele encontrou em toda matéria o potencial do infinito, seu olhar tornou-se infinitamente mais profundo e sua velocidade ou progressão, muito mais perfeita.

Você entendeu bem?! Você confirma e diz: `Isso é bom e, portanto, podemos imediatamente desviar nosso olhar dessas belas alturas para a região muito mais bonita que está diante de nós.`

Mas você está surpreso por não estarmos vendo o vale da bela montanha alta, de onde vimos anteriormente a casinha familiar. Em vez disso, vemos os campos férteis mais esplêndidos, vastos e estendidos, em uma altura uniforme de onde estamos, como uma planície diante de nós. Mas você fica ainda mais surpreso por causa do rio que você já viu antes, fluindo com beleza e largura excepcionais, livre e abertamente, subindo contra a montanha.

− Mas, melhor amigo, isso obviamente não é natural!

Contanto que você veja tal fenômeno com olhos mundanos, você está certo; mas se você o vê espiritualmente, é muito diferente e tão natural quanto é natural em qualquer corpo celeste onde a água flui para baixo.

− Como assim, então?! Não podemos entendê-lo realmente...

Eu sei disso, mas a esta altura vocês já deveriam ter ido tão longe, que deveriam ser capazes de entender tal fenômeno por si mesmos.

Diga-me: Por que a água flui para baixo nos corpos celestes?!

− Por causa de seu próprio peso.

Então pergunto: O que determina o peso da água?

−O poder de atração do centro de gravidade da Terra ou de outro corpo celeste.

Bem dito! Se o ponto central de gravidade da Terra inicia o movimento da massa e, portanto, o fluxo descendente da água, o que no reino espiritual você acha que poderia ser um ponto central de gravidade que puxaria tudo para ele?! Não é o Mestre, que vive nas maiores alturas?! Veja, é a razão pela qual o fluxo ascendente da água contra as montanhas é tão natural aqui, quanto é natural que a água flua para baixo nos corpos celestes.

Agora que você entende; espero que também entenda o que a montanha e o vasto trecho de altura platônica atrás dela significam.

− Temos uma vaga suspeita, mas não podemos dizer muito a respeito ainda.

Mas Eu lhe digo que tais palavras soam realmente muito peculiares vindas de você; para que você tem escadas em uma casa de vários andares?

− É óbvio! (diz você sorrindo)

D e fato, como você seria capaz de ir de um andar mais baixo para um andar mais alto? É preciso lentamente puxar-se para cima, galgar níveis.

Bom, já que você está organizando uma casa na Terra tão confortavelmente, você não acha que o Grande Mestre Construtor talvez tenha mais discernimento que você? Nunca ouviu como o velho Jacó uma vez sonhou com uma escada ao longo da qual espíritos angelicais subiam e desciam, estando o Mestre no topo da escada?! Veja, aqui temos um degrau da escada celestial, porque cada degrau de tal escada significa mais do que um degrau de uma escada em sua casa.

Vimos no primeiro degrau inúmeras, maravilhosas e gloriosas coisas que veremos mais de perto na próxima oportunidade.

Portanto, novamente, é o suficiente por hoje.

CAPÍTULO 43

Ambiente peculiar e morada de espíritos abençoados.

Se der uma olhada nesse lugar glorioso, o que você vê e o que é mais peculiar para si?

Você diz: “Caro amigo, seria fácil dizer, se tivéssemos palavras para descrever as inúmeras coisas que vemos aqui! Se alguém não tem palavras para tal, nada resta, a não ser apontar o dedo estupefato para as coisas que mais nos impressionam. O que vemos ali não pode ser chamado nem de edifício, nem de árvore, nem de montanha. É uma unidade, bem combinada em certo sentido, das partes mais variadas e perfeitas.”

S im, sim, por um lado, você pode estar certo; mas, se olhar com mais atenção, será capaz de discernir melhor os objetos. Podemos tentar isso. O que você vê diante de nós, à direita do rio?

− Vemos uma colina coniforme, cercada em sua base por uma espécie de parede circular. A parede do anel tem a aparência de um espinheiro vivo em um jardim em vez de uma parede real, mas as folhas parecem crescer de uma espécie de parede. A própria parede é translúcida aqui e ali, quase como um arco-íris; sua altura mal chega a um klafter (1,90m). Acima da parede há arcos como se fossem de vidro. Acima dos arcos corre uma espécie de calha feita de ouro; nessa calha, bolas brilhantes de várias cores e com o diâmetro de cerca de dois palmos, estão constantemente se movendo, deixando meio klafter entre as bolas. O cume extremo da enigmática colina coniforme é adornado com uma espécie de templo. Os pilares se parecem com os choupos delgados da Terra. O telhado tem a aparência de ouro polido e parece quase como se estivesse pairando sobre os pilares, sem ser preso de alguma forma. Acima do telhado, há uma esfera radiante translúcida. Veja amigo, é isso que agora estamos vendo à primeira vista na margem direita do magnífico rio. Parece que tudo é uma grande unidade. Nossos olhos nunca viram algo assim e mal se pode imaginar algo assim fora de si mesmo. Portanto, também não podemos saber o que é, para que serve ou como se chama. Serve como um espetáculo excepcionalmente peculiar e esplêndido para os olhos, mas é a única realidade que podemos deduzir por enquanto.

Bem, amados amigos, vocês deram uma boa olhada em tudo, e já posso lhes dizer que essa também é uma morada de espíritos bem-aventurados.

− Pode bem ser, mas até agora não pudemos ver nenhum dos habitantes da habitação peculiar.

Aproximemo-nos um pouco mais do edifício notável, logo você poderá ver os moradores. Olha, já estamos perto da parede, e aqui está a porta de entrada. Vamos passar pela porta, então chegaremos imediatamente aos moradores do prédio. Estamos dentro do prédio; dê uma olhada e me diga o que você pode encontrar.

− Sim, mas que escárnio é esse de novo !? (diz você estupefato e esticando os olhos) Quase não passamos pela estranha parede circular que vimos, mas agora ela não está mais lá, a colina se foi e, portanto, também o notável templo e todo o ambiente; até onde os olhos podem ver, tudo parece muito diferente de antes. Inicialmente vimos nas planícies, em colinas semelhantes, mais altas ou mais baixas, uma grande quantidade de moradas enigmáticas. Em vez disso, agora vemos muitos palácios impressionantes e construídos em estilo extraordinário na margem do rio até cidades bastante grandes; só o rio restou!. Caro amigo, o que tal metamorfose significa? Por que não podemos também ver a habitação peculiar que vimos de fora como sendo a mesma por dentro?

Sim amigos, de acordo com a medida terrena, isso seria de fato correto, mas de acordo com as medidas espirituais, não faz sentido.

− E o espírito não tem olhos para ver as coisas como elas são? Por que ele deveria olhar para um objeto de um lado (para saber como ele se parece), mas, quando ele quer vê-lo do outro lado, o objeto desaparece e também não existe mais para ele?

Sim, queridos amigos, quando vocês olham para um objeto na Terra com seus olhos materiais, o objeto permanece o mesmo e não muda, e vocês o reconhecem por causa de sua forma externa.

Suponha, pela primeira vez, que alguém não esteja mais satisfeito em continuar olhando para a forma externa, mas gostaria de conhecer as partes internas deste objeto e começar a inspecioná-lo mecanicamente. Ele desfaz o objeto em uma quantidade satisfatória de partes e as examina todas separadamente. Então ele se volta para a Química e deixa o objeto ser dividido em suas substâncias primordiais, onde terá, em vez do objeto inicial, apenas os materiais de construção dos quais o objeto consistia. Eu poderia, então, perguntar: Por que a forma inicial não é mais visível depois de tal análise química?

− Caro amigo, isso é realmente muito natural, pois, por causa da análise do objeto, ele inevitavelmente teve que perder sua forma externa inicial e crua.

Bom, mas qual foi a causa ou a razão para que tal parte, que antes retratava uma forma específica, ter de ser dissolvida assim? Você está encolhendo os ombros e não tem uma resposta que funcione. Bem, então Eu vou lhe dar a resposta sobre isso. A razão é que o espírito queria penetrar mais fundo no mais íntimo da matéria. Ele percorreu os caminhos e penetrou nas partes internas da matéria, mas, no processo, abandonou completamente a forma externa.

Agora veja; o que é feito na Terra mais mecanicamente para satisfazer as necessidades da alma é manifestado no espírito na mais bela e harmoniosa realidade. Pois se você entrar em algo que primeiro viu de fora, isso representa sua entrada no significado interno e, portanto, também na análise completa e esmiuçada dele; em outras palavras, você penetra na natureza do que vê . Nós aqui não temos mais que só ver a forma externa, como vista de fora. Em vez disso, vemos também o significado interno mais profundo que espiritualmente corresponde àquela forma externa.

Para que você veja ainda mais claramente, vou lhe declarar a correspondência entre o que você viu de fora e o que agora está vendo por dentro. O `riacho ou rio` mostra a vida espiritual contínua e sempre visível nele, consistindo no amor e na sabedoria, ou, o que é idêntico, na verdade da fé e no bem do amor. A `colina` que inicialmente vimos na margem direita do rio, significa o esforço ascendente da sabedoria. O brilho suave da colina mostra que essa sabedoria surgiu do amor. A `parede anelar` que envolve o rio significa que a sabedoria ainda está se movendo dentro de uma forma determinada. O fato de a parede rodear toda a colina significa que a forma de sabedoria é suavizada pelo amor. A cena das folhas crescendo na parede retrata que o círculo de sabedoria está cheio de vida e esta vida também é amor. A parede é translúcida em alguns lugares, mostrando a unificação do amor e da sabedoria. Os `arcos` acima da parede do anel mostram a ordem da sabedoria quando unida ao amor. A `calha` que corre no topo representa um receptáculo aberto, que é um caminho para a luz. As `bolas` brilhantes e em movimento na sarjeta significam a verdadeira vida que surge da sabedoria, quando unida ao amor. O `templo` sobre a colina`, com pilares semelhantes a choupos e tendo no topo um telhado dourado pairando e adornado com uma `bola brilhante`, diz que tal sabedoria é vivificada pelo amor ao Mestre; esse é o porquê dos pilares vivos. O `teto dourado pairando` é a riqueza da misericórdia divina que brota de tal amor. A `bola brilhante` no topo do telhado significa a vida, a elevada sabedoria nos assuntos divinos.

Olha, assim é a forma enigmática. Quando entramos lá, ela desaparece, mas em vez disso, você vê a realidade demonstrada e exaltada que se expressa em tal esfera, na qual a sabedoria está unida ao amor pelo Mestre.

Todos os palácios, edifícios e cidades são, em seu propósito, correspondências do amor e formas totalmente esplêndidas da sabedoria radiante. Portanto, novamente tornamos nossas as coisas importantes e pudemos prosseguir pela região e observar suas glórias. Não entraremos novamente em tal edifício, pois veríamos muitas outras coisas; novamente haveria muito a declarar e discutir e nunca se chegaria ao fim.

Quando vocês mesmos forem espíritos puros e se encontrarem em uma condição espiritual completa, verão para sempre a infinita variedade e a maravilhosa multiplicidade. Agora estamos apenas investigando os princípios de como o espiritual se desenvolve.

A gora você pode deleitar seus olhos e dar uma boa olhada nas grandes e maravilhosas glórias para o conteúdo do seu coração; então, da próxima vez, resumiremos tudo o que você viu e prosseguiremos.

Com isso, então, chega por hoje.

CAPÍTULO 44

Beleza e esplendor do meio-dia. Ensinando sobre a natureza do Amor e da Sabedoria.

Bem, você olhou em volta para todos os lados e viu glórias inumeráveis e abrangentes de todos os tipos. Agora, conte sobre as muitas coisas que você viu e a qual delas deu mais atenção.

Você diz: “Caro amigo, também é dado a Você ver o interior; seja, portanto, gentil em resumir para nós o melhor e mais belo do que vimos.”

Bom, eu quero fazer isso, pois posso ler em seus olhos e em seu rosto o que você mais gostou de todas as coisas que viu. Não foram os palácios infinitos, extraordinários e brilhantes que você mais gostou. As cidades ribeirinhas também não despertaram seu interesse. Mas lá, mais ao fundo, do outro lado do rio, no lado da manhã, você viu lindas colinas sobre as quais se erguiam pequenas casas quase pobres. Você olhou mais para lá…

Digo que se alguém julgasse a beleza exterior aqui como faria na Terra, poderia dizer: ´Querido amigo, você tem mau gosto.´ Mas quando julgarmos espiritualmente, devo dizer a você: ´Querido amigo, você tem um nariz sensível e, portanto, sua suspeita está correta ao pensar que deve haver muito mais escondido atrás das pequenas propriedades rurais, do que parece à primeira vista.´ Portanto, você está secretamente dizendo a si mesmo: `Amigo e irmão, se tivéssemos uma escolha, gostaríamos de trocar uma centena dos belos palácios por uma daquelas casinhas.`

Você certamente não está errado, mas um palácio tão magnífico merece nossa atenção. Dê uma boa olhada em um e veja como ele é construído com um tipo de rocha branca brilhante e tem exatamente sete blocos, e cada bloco tem trinta andares de altura. Cada palácio tem quatro empenas frontais completas; em cada uma são colocados setenta grandes quadros, cada um a sete medidas do outro. De cada moldura está irradiando luz como se fosse do sol, enquanto cada empena rotunda, em frente às molduras radiantes e isso em todos os andares é adornada com um corredor de pilares que irradia como se fosse de puro ouro polido e translúcido. O telhado do palácio parece coberto por grandes placas de diamantes. O palácio é cercado por um jardim proporcionalmente grande e magnífico, no qual você pode ver milhares de lindas e maravilhosas flores, além de milhares de todos os tipos possíveis de deliciosas árvores frutíferas. Entre as flores e árvores frutíferas, você vê pirâmides brilhando em todas as cores. Você vê os topos das pirâmides decorados com grandes bolas fortemente irradiadas. No topo das bolas, você vê algo semelhante a uma coroa de onde brotam fontes, lançando a água até onde seus olhos podem ver. As gotas dessas bicas aumentam de tamanho, de onde caem em múltiplas cores e voltam a cair no mais belo estilo, gradativa e majestosamente, no jardim, para aí se dissolverem em múltiplos aromas celestiais.

Se você focar seus olhos um pouco mais, verá que há em tal jardim pessoas excepcionalmente belas, amáveis e abençoadas, de ambos os sexos, vagando por ali. Veja, perto da entrada do lindo jardim está um homem. Ele está vestido com bisso branco (espécie de algodão) e usa uma coroa brilhante na cabeça. Seu rosto é branco como a neve, e seu cabelo é como se fosse de ouro. Olha só que lindo! A cor de sua pele se destaca muito bem com a guarnição vermelha brilhante de sua roupa, e a cintura ao redor de seus lombos brilha como se consistisse de muitas estrelinhas. Agora olhe, está vindo um espírito feminino para a entrada do jardim; o que você acha dela?

Você diz:“Ao ver esse ser, perde-se completamente o juízo; verdadeiramente, algo tão perfeito um homem mortal não pode olhar sem perigo agudo para sua vida, muito menos ponderar sobre isso! A beleza mais do que celestial desse ser feminino está além de qualquer consideração humana! Que infinita e doce amabilidade em seu rosto, que forma insondável e suave e que bela cor de seu semblante! O cabelo loiro claro radiante e exuberante, uma coroa brilhante como de diamantes em sua cabeça naturalmente bonita, a vestimenta azul-celeste com decoração vermelha suave… Oh, como tudo é harmonioso e belo! Vemos o braço em cima do qual a roupa é franzida em pregas por meio do alfinete decorativo mais esplêndido. Que arredondamento e harmonia naquele braço! Parece tão suave quanto o suspiro suave do mais magnífico vermelho matinal da primavera! E oh, melhor amigo, além do braço, vemos dessa mulher angelical também o pé e a perna até o joelho. Verdadeiramente, tal cena é demais até mesmo para o olho espiritual, pois a suavidade harmoniosa e a perfeição não são descritíveis. Verdadeiramente, só Deus é capaz de criar tal harmonia indizível!

Acima de tudo, amigo, vemos ao fundo muitas destas belezas celestiais. Verdadeiramente, ser um irmão feliz em tal companhia seria uma felicidade um pouco exagerada!”

Sim, querido amigo, há infinitas destas belezas aqui; portanto, Eu novamente lhe pergunto: O que você acha do palácio?

Você diz coçando atrás das orelhas:“Caro amigo , após uma inspeção mais detalhada, nós, de fato, não temos mais nada contra tal palácio, se o compararmos com as casas na colina do lado oposto do rio. Obviamente, estaríamos eternamente contentes com tal bem-aventurança na condição espiritual pura e necessária a ela por toda a eternidade, especialmente se tivéssemos a misericórdia de ver o Mestre de vez em quando; se tal não for o caso, voltamos atrás em nossas palavras.”

Sim, amado amigo, assim como é com você agora, vendo todas essas glórias, tem sido com muitos. A única diferença é que você vem aqui livremente. Mas os espíritos que vêm para cá ainda têm muitas provações esperando por eles, onde devem negar e provar a si mesmos, se quiserem cruzar o rio para ir para a região montanhosa com casas simples.

Você diz: “Quem, de fato, são os espíritos abençoados que habitam o palácio e de onde eles vêm?!”

Eles são espíritos de famílias parcialmente pobres e parcialmente ricas da Terra que vieram aqui no decorrer dos tempos, desde a noite já familiar. Uma parte deles está aqui devido à sua fé no Mestre, tendo vivido vidas estritamente ordenadas e justas na Terra. Mais para o meio-dia, você também encontrará espíritos pagãos que viveram fielmente suas vidas na Terra e, de acordo com sua fé, aceitaram voluntariamente a fé do Mestre.

No palácio, aqui diante de nós, estão vivendo aqueles espíritos que têm sido cristãos fiéis desde o início da seita dos calvinistas. Três deles eram ricos enquanto estavam na Terra; eles não são os mais ricos aqui, mas pertencem às classes servis. Aqueles que você viu no portão, como ainda vê lá, eram extremamente pobres na Terra. Ele era pastor de montanha na Suíça, e ela era uma cuidadora de vacas pouco atraente. O piedoso pastor, com o passar do tempo, veio a conhecer as boas características cristãs da moça e tomou-a como esposa, de acordo com seu conhecimento. O casal viveu toda a sua vida com a maior castidade. Eles têm alguns filhos, que foram educados estritamente de acordo com sua convicção cristã, e esses princípios foram fielmente mantidos nas cinco gerações seguintes. Você está, portanto, testemunhando aqui algo que acontece muito raramente, ou seja, uma família abençoada de parentesco consanguíneo composta por pais, filhos e netos. Os dois que você viu são os primeiros pais de toda a família. Os três súditos da assembleia também são parentes desta família, mas eram pessoas que, em condições terrenas afortunadas, se desenvolveram e, com isso, se tornaram proeminentes e ricos. Por causa de tais riquezas e honras terrenas, eles tiveram muitos privilégios e luxos na Terra, mas permaneceram estranhos aos outros membros pobres da família. Portanto, eles agora devem sentir falta de muitas coisas aqui, das quais os outros membros da família podem desfrutar ao máximo.

Os últimos, apesar de estarem aqui, pode-se dizer que são indescritivelmente felizes, porque usaram sua proeminência e riquezas mundanas principalmente para boas causas.

Queremos, porém, já que estamos aqui, fazer uma breve visita aos que estão diante da porta do horto, para que vejam como são espirituais. Vamos até eles imediatamente.

Olha, eles já nos viram e estão correndo em nossa direção; mas, como você pode ver, eles pararam de repente. Qual seria a razão?! É que eles suspeitam de algo sensual em você, portanto, querem esperar até que cheguemos a eles.

Olha, estamos com eles e o homem verdadeiramente belo nos recebe com as seguintes palavras: “Sejam saudados com a pureza da palavra do Mestre! Posso eu, o servo mais insignificante dessa casa, perguntar-lhes quais intenções puras e boas os trouxeram aqui?”

Você não deve falar aqui, preciso falar em seu nome; digo Eu: “Caro amigo, sua pergunta é justificada e pelo tom de sua voz soa a pura sabedoria do Céu; mas olha, falta uma coisa, e é o amor! Você organizou sua casa muito bem, e toda a sua bela posse vem de sua pura sabedoria; mas olha, um grão de areia no Reino do Amor do Mestre supera muitas vezes todas as glórias! Olha, aqueles que estão comigo são discípulos no amor, e Eu sou do mais alto amor por eles; sou um líder em nome do Mestre. Reconhece-nos e compreende-nos a partir desse ponto de vista.

Veja, a pureza da moral é um belo atributo, e o justo é amigo do Mestre, mas quando um pecador se arrepende por amor ao Mestre, é para Ele melhor do que noventa e nove pessoas como você, que nunca tiveram necessidade de arrependimento por perfeita pureza moral.

E você esposa pura desse homem puro, a sua conduta de vida foi verdadeiramente como a da mais pura estrela, e uma castidade nunca profanada foi o seu caminho para o reino glorioso! Mas na manhã eterna estão vivendo muitas mulheres que muitas vezes pecaram contra sua carne. Estas pecadores reconheceram sua culpa, humilharam-se em arrependimento diante do Mestre e então se inflamaram em grande amor por Ele, sendo movidos por isso a não quererem nada além de receber tanta misericórdia Dele, para Ele se apiedar delas e as levar após a morte, para poderem se entregar eternamente à Sua infinita Misericórdia! Veja, elas agora vivem felizes na manhã eterna, na companhia constante do Mestre!

Verdadeiramente, tudo aqui é glorioso e excepcionalmente radiante, mas a menor cabana de palha do reino do Mestre tem infinitamente mais valor do que todo esse esplendor!”

Veja agora como o casal diz em união com as mãos no coração: “Oh, poderosos amigos do Mestre, vocês nos disseram muito com poucas palavras. Há muito tempo que suspeitamos que deveria haver algo mais do que aqui, mas não sabíamos o caminho, pois nossa sabedoria só realizava o mais exaltado. Agora sabemos que isso só foi permitido, para que reconhecêssemos o Amor. Diga-nos o que fazer para nos tornarmos dignos de apenas uma gota do Amor Verdadeiro e Pleno.”

Digo Eu:“Queridos amigo e amiga, vocês nunca ouviram o que o Mestre disse ao jovem rico: ´Dá tudo e segue-Me!´? E vocês não leram no Livro que o Mestre fez uma comparação eternamente válida quando um fariseu justo relatou seus atos perante Ele, um relato completamente de acordo com a lei de Moisés, enquanto, ao mesmo tempo, na parte detrás do templo, um pobre pecador batendo-se no peito em arrependimento, dizia: ´Oh, Mestre, não sou digno de levantar meus olhos para o Teu Santo Lugar!´ ? Quem dos dois foi justificado pelo Mestre? Vocês dizem que foi o humilde pecador; pois vejam, aqui vocês podem encontrar facilmente o caminho real para o Mestre. Façam vocês também, pois a Palavra do Mestre é totalmente válida nos céus e por todas as eternidades! “

Olha, o casal está se levantando e volta chorando. Vemos como todos se reúnem diante do palácio e escutam atentamente os primeiros pais. Vejam como estão tirando seus adornos e trocando suas belas roupas por vestes muito simples, e como os primeiros pais estão entregando todas essas glórias aos três mais pobres. Agora você pode ver como a grande companhia de centenas de pessoas está correndo para fora, em nossa direção.

Você pergunta: “Mas amigo, o que faremos com eles?”

Não se preocupe com isso; você terá uma cena verdadeiramente celestial para testemunhar, na qual, como você costuma dizer, ao ouvir e ver a gente quase perece!

Veremos isso na próxima vez. Chega por hoje.

CAPÍTULO 45

O significado correspondente do comer e beber dos espíritos celestiais. O casamento celestial.

Veja, a grande assembleia já está conosco. Basta olhar para os queridos filhos, como um é de maior beleza celestial do que o outro! Cada um mostra uma beleza diferente. Os anjos viris têm poder juvenil e sua expressão facial é excepcionalmente suave e solene. Seus olhos são grandes, mostrando que estão cheios de luz; seus narizes são bem formados e muito macios, revelando que são sensíveis e têm uma grande capacidade de discernimento. Suas bocas são macias e quase sempre fechadas, mostrando sua modéstia em sabedoria. Seus queixos são igualmente macios e sem barba. O que quer dizer que a sabedoria real é aberta e não cercada pelo crescimento selvagem do misticismo. Seus pescoços são lisos e redondos, o que significa que a verdade é, em princípio, considerada autoevidente e um todo completo. Olhe também a maciez de suas mãos; significa que a sabedoria está assumindo tudo com boa deliberação e não quer tocar em nada que seja imperfeito”.

Você agora diz:“É peculiar que o ser viril esteja se mostrando aqui quase na mesma forma arredondada da fêmea, de tal maneira que alguém finalmente lutaria para saber em que nós, sendo espíritos viris, teríamos mais prazer na forma masculina, excepcionalmente bela, ou na feminina.”

Isso, meu amigo, tem sua razão no verdadeiro casamento celestial, pois está escrito nas Escrituras que homem e mulher se tornarão uma só carne. Portanto, eles não diferem muito aqui e são, como disse o Mestre, todos iguais aos anjos de Deus!

Você agora diz:“Há diferenças de gênero aqui com os espíritos?”

Aqui é o mesmo que nos corpos celestes, e os espíritos também comem e bebem aqui, assim como provêm as necessidades. Os casais também desfrutam dos 'privilégios matrimoniais' como na Terra, mas tudo tem um significado bem diferente do que nos corpos celestes.

O que você entende ser o ato sensual aqui? A relação sexual é aqui entendida como a unificação do bem do amor e da verdade da fé, até seu desdobramento amoroso.

Quem quer trabalhar antes deve tomar o princípio ativo que forma sua base, o que aqui se entende por ingestão de alimentos. A digestão do alimento produz e sustenta a vida contínua dos espíritos.

Tudo se mantém aqui em sua função e propósito. A vida pode e não quer ser isolada e autossustentável, mas agarra o objeto que lhe corresponde e o puxa; ele, então, dá sua confiança a ela, fazendo com que duas vidas se tornem uma unidade completa. Isso pode ser entendido como o propósito. O propósito torna-se sensível, porque uma vida combinada tem em todos os aspectos uma influência mais poderosa do que uma vida independente, que não pode ser considerada uma vida perfeita, porque nenhum propósito ou crescimento pode ser expresso. Você entende isso?

Você diz:“Caro amigo, apenas parcialmente, mas ainda não está totalmente claro para nós.”

Bem, vou iluminar um pouco mais. Na Terra, você já tem uma ação correspondente que descreve a relação dos espíritos. O que acontece quando um homem viril trata uma mulher com magnetismo? Nada além de que o homem com seu espírito poderoso está penetrando no espírito mais fraco da mulher, despertando-o e apoiando-o com seu poder, conectando-se magneticamente com ela, aderindo-a a ele por um tempo especificado por meio do magnetismo e unindo-a a ele parcial e etericamente, ou seja, entrando com ela em um 'casamento espiritual'. Qual é o resultado de tal conexão? Se você apenas der uma olhada nas múltiplas aparições neste campo, você admitirá que o poder do espírito feminino mais fraco é muito fortalecido pela unificação com o espírito masculino. Em tal estado, ela será capaz de muito mais do que seria possível em um estado isolado, sendo possível se potencializar, às vezes facilmente, outras com grande esforço.

Uma maior clarividência − a capacidade de obter `insights` em si mesmos e nos outros, bem como a penetração poderosa e clara nas profundezas impenetráveis da Criação − é o resultado de tal unificação. Bem, esta é a natureza da assim chamada relação espiritual. Compreenda a tomada mútua de duas potências espirituais intimamente relacionadas, e o resultado corresponde ao ato conhecido que acabamos de discutir.

Agora você:“Tudo está mais claro, mas ainda quero saber qual o resultado do ato aqui produzido.” Tal ato é feito da mesma maneira que na Terra quando com amor verdadeiramente conectado, mas não há nenhuma forma de sensualidade de qualquer tipo.

Na primeira congregação, a de Adão, quando o povo ainda tinha muito mais contato com o Céu, a relação sexual era conduzida de maneira muito mais espiritual do que sensual. No momento de tal ação, ambos os cônjuges eram permeados pelo Espírito de Deus, adormeciam fisicamente e logo acordavam novamente de tal sono natural, se tornavam um em espírito e, assim, entravam em um estado de encantamento celestial. Somente então, em tais condições, era realizada a relação sexual. Eles logo eram separados novamente e colocados fisicamente de volta na esfera natural. Por essa razão, o ato era naquela época chamado de `one-sleep`, `co-sleep` ou `adormecer juntos`.

Como as pessoas se tornaram cada vez mais sensuais através de vários prazeres mundanos, começaram a dormir com mulheres em sua esfera terrena puramente física, não experimentaram mais o sono espiritual, ou melhor, o sono para que o espírito fique livre.

O fruto resultante, portanto, tornou-se igual à ação. De fato, vocês mesmos dizem: ‘Ex trunco non fit Mercurius´. Como, então, é possível gerar frutos do espírito a partir de um ato puramente físico?

Eu acredito que, se você tomar a anterior descrição como importante, histórica e completamente verdadeira, você considerará o ato dos primórdios puramente celestial e muito mais correto e honrado do que a forma atual, profana em sua essência, puramente sensual, para a qual as leis de Moisés de castidade foram dirigidas.

Agora que você sabe disso, pergunto o que significa `prover as necessidades naturais`? O que significa ´natural’? Nada além de livrar-se da forma externa, depois que ela, sendo portadora de substâncias doadoras de vida, as libertou. Veja, a vida pode se manifestar de maneira diferente de sua forma correspondente. Já a forma se relaciona a todo despojamento externo. Todos os frutos que você vê aqui também nada mais são do que correspondências puras e vivas, provenientes do Amor e da Sabedoria do Mestre; mas a maneira como aparecem aqui, sendo formas externas de fé verdadeira e de amor ativo, não podem ser retratados sem uma forma externa, não são como um pensamento que pode ser manifestado sem palavras. Portanto, se você ouve palavras, está comendo frutos espirituais. Essas palavras, como forma, são rapidamente `digeridas` por você, mas o significado delas permanece em você. Isso corresponde exatamente aos atos espirituais em prol das necessidades naturais. As formas são as portadoras do que é vivo. Visto que o vivo é puramente piedoso e, portanto, também o mais íntimo e o mais puramente espiritual, ele não pode ser tomado completamente por nenhum espírito externo.

O Mestre cria formas externas correspondentes, que são os portadores de Sua Vida. Se quisermos levar vida para dentro de nós, devemos aceitá-la junto com a forma. Somente dentro de nós a forma que atua como portadora de vida será destruída; então a vida é libertada e logo se une à sua semelhança, a Vida Divina em nós, fortalecendo-a e mantendo-a viva. A própria forma, como uma casa destruída, então é eliminada por ordem da Onipotência. Isso é chamado de 'excreção' na Terra, mas aqui é chamado de dissolução. Ocorre como a matéria grosseira do excremento, porém aqui é bem mais espiritual, pois a forma se dissolve imediatamente e desaparece no meio ao redor.

Já que agora você sabe de tudo isso, voltaremos à nossa grande, maravilhosa e bela companhia”.

Veja, nossos antigos primeiros pais já estão aqui conosco. Ele vem a Mim, dizendo: “Poderoso residente da manhã eterna e certamente mui amado amigo do Mestre, veja que agora deixamos tudo e demos todas as nossas posses e tesouros, de acordo com o seu conselho. Você pode ver que somos muitos e, no entanto, não há um entre nós que tenha uma opinião diferente da minha. Agora estamos aqui, humildemente diante de você. Pode nos dizer, você que está aqui em Nome do Mestre, o que você quer e qual é a vontade do Mestre, pois nós a faremos!”

Agora lhes digo:“Amados irmãos e irmãs, não se arrependam de terem escolhido o amor pelo Mestre, mas sigam-nos em Seu Nome! Olhem ali para a outra margem do rio, onde se veem as colinas aparentemente mais inabitáveis e sobre elas casas pequenas e pouco atrativas, distribuídas uniformemente; para lá lhes levarei e darei a cada um a sua própria morada.

E saibam que certamente não viverão tão agradável e glamorosamente como aqui no belo palácio, mas apenas ganharão com isso, pois na manhã eterna, na presença contínua do Mestre, não se vive em tais palácios, mas sim em mui simples e pequenas cabanas. Também não se veste tãoesplendidamente, mas os verdadeiros filhos do Mestre andam quase completamente nus. Ninguémdeve ficar desempregado, pois o Mestre sabe como manter seus filhos diligentemente ocupados.

Aqui vocês têm um `descanso abençoado` e desfrutam agradável e pacificamente de tudo o que possuem em rica abundância. Lá vocês deverão trabalhar diligentemente para merecer o pão diário.

Aqui não precisam pedir nem agradecer nada, porque o Mestre tudo lhes dá gratuitamente de Si mesmo e na maior abundância, mas lá vocês terão sempre de pedir e agradecer ao Mestre e ao Pai.

Aqui cada um pode comer e beber em sua própria mesa como um senhor independente e de acordo com seu gosto. Lá ninguém tem sua própria mesa, mas cada um deve ir e sentar-se à mesa do Pai.

Aqui vocês podem comer e beber o que quiserem, mas lá existe a regra que se deve comer e beber o que for posto à sua frente na mesa.

Se vocês estão contentes com essa transição, então sigam-Me! No entanto, sua vontade não será violada nem um pouco.”

Diz agora toda assembleia: “Oh, grande e amado amigo do Mestre, mesmo que possuíssemos mil desses palácios, ainda os deixaríamos se pudéssemos estar perto da morada de nosso Grande e Santo Padre, sendo apenas os servos mais baixos e insignificantes! Todos os pré-requisitos que você nos explicou são muito grandes e muito exaltados para nós. Se ao menos fôssemos considerados dignos de receber migalhas de pão da mesa do Mestre, seríamos indescritivelmente mais felizes do que aqui, pois devemos, em meio a todo esse esplendor magnífico, abrir mão do que temos exatamente em prol daquilo que causa aos anjos a maior bem-aventurança; ou seja, ver o Mestre, que é acima de tudo um excelente e santo Pai para todos aqueles que vivem com Ele. Estamos cientes do Mestre também aqui no santo sol da misericórdia acima de nós, mas aqui não podemos ver o Pai entre Seus filhos! Leve-nos para onde quiser e dê-nos um lugar de acordo com a sua visão celestial. Nós o seguiremos!”

Agora, Eu digo: “Então sigam-Me através do rio até a região montanhosa. Não se deixem intimidar pelas ondas que eram capazes de carregá-los antes, porque seu princípio fundamental não era o verdadeiro `fundamento da vida`, ou seja, o amor ao Mestre. Mas agora esse amor se tornou seu alicerce, e a água do rio não os carregará, pois o amor realmente representa seu alicerce.”

Veja como todos eles agora nos seguem e como a água os carrega como uma superfície firme!

Assim, iremos juntos para a região montanhosa e ali estabeleceremos nossa assembleia. Então veremos o que mais acontecerá lá e quão feliz a assembleia ficará lá.

CAPÍTULO 46

Na região montanhosa da manhã eterna. Um pequeno teste de amor.

Como vocês descrevem o Mestre para si mesmos!

Veja que com a maneira já familiar de viajar rapidamente, de pronto estamos aqui. À nossa frente está uma casinha tão pequena... Não se parece muito com uma verdadeira e adorável cabana de montanha, como com você tem na Terra, na Suíça?

Você diz: “Sim, de fato, isso é realmente o que parece. Há uma diferença real entre uma casa tão pequena e um palácio, ou mesmo uma grande cidade como a que vimos antes mais abaixo na planície baixa; no entanto, gostaríamos de viver em uma casa tão pequena em vez de um palácio.”

Bom, vamos agora entrar em tal casa, dar uma olhada em seu interior e ver os habitantes reais. Olha, estamos dentro.

Você agora pergunta:“Mas, caro amigo, por que a casa não muda de acordo com a maneira espiritual usual? Permanece inalterada, com o interior em perfeita concordância com o exterior.”

Caros amigos, isso vocês aprenderão gradativamente ao interagir com os moradores da região, durante o desenvolvimento gradual de nosso ponto de vista; também deverá ser considerado o modo como os habitantes da região se apresentarão a nós durante nosso contato. Não veem os implementos agrícolas? Há foices, pás, ancinhos, pinças e foices; até mesmo o arado e a grade não faltam, e se olharem bem em volta, verão atrás da casa até um pequeno barracão e um estábulo para uma ou duas juntas de bois. Lá vocês veem uma cozinha, aqui uma sala para o pessoal e, ali na frente, uma sala decorada com bom gosto para os donos da casa. O que vocês acham?

Posso ver que vocês estão bastante surpresos, pois dizem: “Verdadeiramente, tudo parece aconchegante e realmente gostaríamos de viver aqui, mas o arranjo totalmente terrestre deixa uma impressão bastante peculiar neste céu aparentemente verdadeiro.”

Meus queridos amigos, pensei mesmo que vocês achariam tudo um pouco estranho. Mas tal surpreenderia totalmente os padres terrenos, muito emburrecidos, que imaginam um céu para si com uma eterna ociosidade ainda maior que a da Terra. Como as pessoas se comportam aqui, ainda veremos bastante na continuação de nossa caminhada por esse ambiente do meio- dia.

Para informá-lo, Anselmo, por que você encontra todos os utensílios agrícolas aqui, assim como na Terra, gostaria, no momento, apenas de dizer que tais implementos nunca teriam sido descobertos na Terra, se antes não tivessem uma maneira e forma totalmente correspondentes em todos os céus. Portanto, não deveria surpreendê-lo encontrar aqui no reino espiritual do Céu os mais originais dos utensílios agrícolas, pois todos os equipamentos retratam a obra do Amor e estão disponíveis aqui para produzir o bem e o fértil. Por enquanto , não precisamos saber mais.

Olha, o dono da casa acaba de voltar de seu acre. Iremos a ele, vamos cumprimentá-lo e apresentar-lhe nossa pergunta. Ele já nos viu e se aproxima de nós de braços abertos. Gosta da roupa dele? Você diz:Caro amigo, nada mal, pois estamos acostumados a ver tais roupas. Ele parece um fazendeiro verdadeiro, piedoso e diligente em nossa Terra. Vemos que ele está vestindo uma camisa normal, não muito fina, e calças feitas do mesmo linho. Isto é, então, o que descobrimos sobre este bom homem. Se não usasse um cinto vermelho em volta da cintura, dificilmente seria distinguível de um lavrador. Sim, querido amigo, não parece ser tão esplêndido aqui como nos palácios. Seria de fato um grau mais alto de bem-aventurança do que na planície infinita lá embaixo, repleta de glórias incontáveis e beleza indescritível?”

O grau de bem-aventurança aqui é maior; menos glória e menos esplendor externo. Em breve ficará claro para você. Veja, aqui está o nosso homem, e vamos recebê-lo imediatamente.”

Ouçam, ele diz ao casal que lidera a companhia: “Sejam bem-vindos mil vezes, amados irmã e irmão! Vejo que trouxeram uma companhia considerável, e eu sei o que querem aqui. Eu digo a vocês dois imediatamente que ainda vai custar a essas boas pessoas uma boa quantidade de esforço e abnegação, antes que sejam acostumados à vida superior; mesmo assim, isso lhes custará ainda mais esforço considerável, antes que tenham feito a vida superior completamente sua. Mas de fato saibam que todos os obstáculos podem ser superados com amor e paciência. Portanto, não deixarei de fazer o necessário para o verdadeiro, eterno e vivo cuidado dos queridos irmãos e irmãs.

Queridos amigos, vamos agora entrar em minha morada e levar conosco os da companhia, para organizarmos os preparativos e trazermos todos em breve à ordem eterna do Amor. Vamos!”

Veja, nosso anfitrião acena e com grande alegria já se encontra com todos em sua casa.

E nós também já estamos na sala; anote bem o que vai acontecer aqui.

O nosso anfitrião diz:“Queridos amigos, do fundo do meu coração, dou-vos as boas-vindas.

Contem-me, com franqueza e liberdade, o que lhes moveu a deixar a grande glória para vir aqui a essas colinas, onde não há beleza, esplendor, riquezas nem fartura.”

O homem do casal responde: “Amigo celestial, eu ainda não o conheço, não sei quem você é, mas porque você está me perguntando do fundo do seu ser sobre a motivação por trás de nosso esforço, posso lhe dizer que minha única motivação − e, portanto, de todos nós − é o Mestre!”

O anfitrião diz: “É a maior alegria ao meu coração ouvir isso. No entanto, o Mestre já lhe deu uma recompensa imensurável; ainda quer mais? Acredito que basta quando o Mestre dá tudo o que se pode imaginar no fundo do coração; portanto, acho que seu esforço é baseado na ingratidão.”

O homem do casal diz:“Caro amigo, pode parecer assim, se avaliado superficialmente, mas não de acordo com o nosso ser interior. Olha, o que você teria feito em meu lugar, se você possuísse glórias que são mil vezes mais belas de se ver do que as minhas, mas apesar de todas as glórias indizíveis, nunca chegasse a ver o Santo Doador? Você certamente gostaria de largar tudo por causa do seu grande amor pelo Mestre, para possivelmente se aproximar do Mestre.”

O anfitrião diz:“Querido amigo, posso ver isso mui claramente e também sei por que o disse. Mas sabe se aqui virá o Mestre? E quando? Tem certeza de que aqui é uma das regiões onde o Mestre certamente aparece pessoalmente?”

O homem do casal diz:“Caro amigo, não sei ao certo, mas sei que o Mestre ama mais os pequenos do que os grandes, pois Ele mesmo disse: ´Deixai vir a Mim os pequeninos!´ Portanto, não acredito que esteja no caminho errado, pois estou aqui diante de você depois de deixar todo o meu esplendor por amor ao Mestre e buscar a simplicidade e a humildade nessas colinas.”

Nosso anfitrião diz: “Caro amigo, você respondeu bem, só acho que sua resposta está fora de lugar, pois o Mestre diz assim apenas para o mundo. Ele declara claramente que toda grandeza mundana é uma abominação para Ele; diz ainda: ´Quem na Terra é o menor, é o maior diante de Mim e no Céu.’ Você realmente não está mais na Terra, mas no Céu. Foi pequeno na Terra; sim, um pastor discreto nos Alpes, e por isso o Mestre lhe fez grande no Céu. Portanto, pergunte a si mesmo o que quer.”

O homem do casal diz: “Percebo que você me supera de longe na Sabedoria do Mestre, mas também sei que nunca O vi de outra maneira senão no sol da Misericórdia, em minha bem- aventurança.”

O anfitrião diz:“O que você quer mais! Você não leu: ´O Mestre, Deus Jeová, vive na Luz inacessível!’? Você, então, quer chegar mais perto do que é possível a você?!”

O homem do casal diz: “Amigo, é verdade, mas o Mestre Deus-Jeová quando estava na Terra também como um ser humano, tendo assumido a nossa natureza e sendo homem, assegurou aos que eram Seus, que viveriam eternamente com Ele. Ele até disse ao criminoso crucificado: ‘Ainda hoje estarás comigo no paraíso!´ Além disso, o apóstolo Paulo se alegra em vir ao Mestre. Portanto, acredito que deve ser possível, em algum lugar nos céus de Deus, encontrar o Pai em Cristo pessoalmente e olhar para Ele com alegria, com um coração transbordando de amor.

O anfitrião diz:“Bom porque você acredita nisso, você pode ficar aqui, pois o que o Mestre disse na Terra é verdadeira e igualmente falado diante de todos os céus, pois todos os céus foram criados pela Palavra do Mestre que foi falada na Terra .

Mas agora, meu amigo, algo mais… Olhe, lá embaixo você tem um senhor em sua grande propriedade glamorosa. Aqui você deve servir e merecer seu pão com obras de suas próprias mãos. Como vê, eu mesmo devo trabalhar e cultivar a terra, para colher e prover minhas necessidades.

O solo é realmente muito abençoado pelo Mestre e produz cem vezes mais frutos do que na Terra, mas ainda precisa ser trabalhado diligentemente, caso contrário, o Mestre não o abençoa. Portanto, você terá que arar aqui e terá que cultivar os campos com vários implementos agrícolas; terá que entrar nos campos com foices para colher o trigo, amarrar em feixes, trazê-lo aos celeiros e joeirar. Tudo isso você deve fazer sendo servo e não dono de um ou outro pedaço de terra. Sim, você terá que ser muito diligente, pois ninguém permitirá que nenhum de vocês ande à toa!

Considera bem isso; se achar razoável, fique aqui, pois aqui não falta trabalho, mas principalmente trabalhadores. Se tais pré-requisitos não lhe forem adequados, pode retornar às suas glórias.”

O homem do casal diz:“Oh, querido amigo, não se preocupe com isso. Certamente nos acostumamos com a vida preguiçosa, mas ainda não desacostumamos com o trabalho abençoado. Por tudo que fizemos na Terra por interesse próprio, preferimos mil vezes mais fazer aqui por amor ao Mestre, assim como por amor a você, que certamente é um amigo importante do Mestre!”

O anfitrião diz:“Bem, se é assim, então você pode ficar aqui.”

O homem do casal diz:“Mas, querido amigo, somos cerca de cem homens; como todos nós podemos ser levados para a casinha modesta?

O anfitrião diz:“Caro amigo, não se preocupe! Você nunca ouviu o que o Mestre disse na Terra?! Ele disse: ´Na casa de Meu Pai há muitas moradas!´ Olhe para as colinas, até onde seus olhos podem ver na região da manhã, veja quantas casas semelhantes. Todos vocês encontrarão um lugar lá.

Você pergunta de quem são todas aquelas casas! Digo que todas as habitações pertencem a um único proprietário; portanto, eu os estabelecerei lá e distribuirei o trabalho entre vocês.

Você pergunta se eu sou um gerente designado em nome do proprietário dessas casas... Querido amigo, se não fosse assim, como eu poderia falar assim com vocês! Como eu teria o direito de incomodar o proprietário com outros homens, se não fosse capaz de administrar tudo com justiça, amor e de acordo com meu próprio prazer?

Você e sua esposa podem morar aqui em minha casa, mas a sua amada assembleia distribuirei em minha vizinhança mais próxima. Vá para fora, portanto, e diga-lhes!”

O casal sai e conta a notícia com um comportamento amigável para a companhia que espera ansiosamente. Basta ver como todos estão felizes e, caindo de joelhos, agradecem ao Mestre por ser tão misericordioso com eles e ter dado acomodação a todos , onde eles se tornarão úteis e alegres.

Nosso anfitrião está saindo agora. Coloca suas mãos sobre todos e mostra as habitações onde cada um deles devem se estabelecer.

Veja como a forma anterior de nossa companhia mudou com a imposição de mãos. Sua cor branca anterior mudou para uma cor avermelhada natural e suas formas excepcionalmente sutis e tenras tornaram-se robustas. Veja como eles parecem felizes, vivos e contentes, enquanto seus semblantes mostram uma seriedade secreta e sábia. Eles se dispersam pelas casas designadas pelo anfitrião.

O casal e o anfitrião agora estão entrando, e ele lhes pergunta: “Queridos amigos, como imaginam o Mestre? E você? Você O reconheceria se Ele estivesse à sua frente?”

O homem diz: “Oh, meu amigo, você que nos recebeu com tanto amor em nome do Mestre... É uma pergunta muito difícil de responder, pois em nossa religião na Terra nunca nos incomodamos com o exterior humano e com o visual do Mestre, mas apenas com Sua Palavra, pensando que o Mestre se mostraria imediatamente ao entrarmos nesse mundo, e nós o reconheceríamos por Sua Voz e Suas Palavras. Só agora vejo que o verdadeiro amor ao Mestre, além de Sua Palavra, envolve Seu Ser. Isso não nos é tão fácil, pois nunca prestamos atenção à figura Dele nem fomos acolhidos pessoalmente por Ele. Você poderia, portanto, ter a gentileza de nos descrever a figura e a estatura Dele?”

O anfitrião diz: “Bem, já que você deseja isso vivamente, do fundo do seu coração, eu lhe digo: ´Olhe para mim, pois o Mestre se parece exatamente comigo em sua estatura e figura humana.”

O homem diz:“Oh amigo, é um grande conforto e alegria, e já estou extremamente feliz em ver uma imagem tão perfeita do Mestre diante de mim, mas que felicidade seria ver o próprio Mestre...”

O anfitrião diz: “Verdadeiramente, seu amor pelo Mestre aumentou; tenha grande ânimo, pois veja, Eu sou o Mestre e agora você viverá Comigo para sempre!”

Veja como tudo mudou de repente. Nada do meio-dia é mais visto. A simplicidade anterior do ambiente permaneceu e ela é a única verdadeira, eterna, sobretudo bela manhã do Mestre!

Mas já passou da hora de ficarmos aqui; segundo a Vontade do Mestre, devemos partir ao meio-dia.

CAPÍTULO 47

O céu “católico-romano” no mais distante meio-dia.

Como você pode ver, o ambiente que vimos já desapareceu novamente. Nada pode ser visto nas colinas, nem as edificações sobre as colinas; nos encontramos no meio do meio-dia. Você pode colher isso do sol alto no meio do céu e da grande beleza da região, bem como do já conhecido rio que flui daqui até a manhã.

Você pergunta:“Mas amigo, como é possível que a região matinal infinitamente feliz tenha desaparecido completamente diante de nossos olhos?”

Querido amigo, você ainda não entendeu que a ‘manhã’ significa o ‘amor ativo’ e o ‘meio-dia’, a ‘sabedoria investigadora’? Estamos agora novamente ‘investigando’ e, portanto, no caminho da sabedoria e no meio-dia, que está fora do amor.

− Estávamos no meio-dia antes e podíamos ver a região da manhã de lá. Por que não podemos vê-la agora? Não estávamos, então, fora da região do amor?

Querido amigo, realmente estávamos na região do meio-dia, mas estávamos na margem do rio, e isso mostra como amor e sabedoria se apoderam um do outro e passam para a vida eterna. Estávamos no centro entre o amor e a sabedoria e, portanto, podíamos ver bem ambas as regiões.

Como, então, realmente passamos para a manhã, também pudemos ver suas profundidades infinitas na região do meio-dia; e por quê? Porque a sabedoria nasce do amor! É exatamente o caso quando alguém chega a entender o princípio fundamental de algo e pode ver e compreender a realização disso. Mas aquele que apenas vê a ação, não pode ver facilmente o princípio fundamental dela, exceto se for para onde a causa e a consequência se fundem.

Agora que você certamente pode ver isso, iremos sem impedimentos para a região da manhã no meio-dia mais profundo, onde você verá coisas que lhe dizem respeito intimamente. Olha, já chegamos ao nosso destino.

− Caro amigo, vemos à nossa frente, novamente, um mar infinitamente vasto. No horizonte distante, vemos nuvens pela primeira vez no mundo espiritual, tal como as vimos na Terra, se acumulando no céu como em dias belos e claros. Também parece que o Sol não está brilhando logo acima, mas sim mais atrás de nós, causando sombras diante de nós!

E vamos ter que caminhar sobre a superfície do mar de novo?

Meu querido amigo, o mar aqui está conectado com o mar que vimos antes na região do entardecer. Ele está estendido infinitamente longe da direção da noite, entre o meio-dia e a manhã. Mas, ao contrário, onde se vê nuvens, ele é margeado por uma praia, atrás da qual se estende uma vasta paisagem. Esta região é chamada de “meio-dia mais profundo” e nos encontraremos lá.

Você novamente pergunta como vamos atravessar o mar; voltaremos a viajar pelo nosso caminho rápido habitual dizendo ‘Aqui e ali!’, e rapidamente estaremos onde queremos estar! Olhe para trás, pois já estamos onde queremos estar! Toda a superfície do mar está atrás de nós e, se olharmos para cima, veremos que já estamos sob as nuvens brancas.

− Amigo, as nuvens aqui realmente brilham com beleza, mas o sol não é mais visto; para onde foi?

O sol realmente brilha aqui também, mas é obscurecido pelas nuvens a tal ponto, que se pode ver sua luz apenas intermite e raramente; só se é capaz de ver o sol por entre as nuvens.

− Então que tipo de região é essa que estamos e o que isso significa?

Veja, é o chamado céu católico romano, para onde vêm os católicos mais piedosos, se tiverem vivido conscientemente e de acordo com sua fé. Esse céu é, portanto, mais um céu de teste do que permanente. Como tudo se encaixa, veremos durante nossa investigação mais detalhada desse céu.

Direcione seu olhar um pouco mais para o continente, então você logo verá um grande número de conhecidas igrejas e mosteiros católicos romanos. Lá, não muito longe daqui, na planície, há uma igreja muito imponente; veremos o que acontecerá dentro dela. Você ouve o toque dos sinos?

− Verdadeiramente, querido amigo, soa exatamente como já ouvimos muitas vezes na Terra.

Agora ouça um pouco mais atentamente; você pode até ouvir vários órgãos.

− E o que de fato deve ser feito dentro da igreja?

Chegaremos bem a tempo para a primeira bênção.

Já estamos à entrada da igreja e vemos o altar-mor, onde arde um grande número de velas. Veja como o bispo pega os barris de prata da custódia e dá a bênção aos muitos atendentes, assim como na Terra. Já que recebemos a bênção, ficaremos para a missa.

Veja, a cerimônia completa procede exatamente como na Terra, e você vê que toda a cerimônia da missa está terminando com a execução usual do órgão, e a segunda bênção acaba de começar.

− Amigo, qual santo é homenageado no altar-mor? Não consigo ver o que a estátua representa...

Aproximemo-nos um pouco; veja, é muito distinto e lindamente pintado: a Santíssima Trindade. A única diferença é que aqui nesse céu de teste, nenhuma outra imagem é permitida. Os altares laterais representam, do lado direito, o Salvador crucificado; do lado esquerdo, o Espírito Santo em forma de pomba. Nada mais pode estar lá. Isso para não aliciar a chegada a uma ou outra idolatria rendendo homenagem a algum outro dito 'santo', pois toda homenagem deveria, segundo seus entendimentos, pertencer somente a Deus. Por tal razão, todos os chamados 'santos', incluindo os papas, são mantidos longe dessa região; se algum papa vier aqui em algum momento, ele não poderá ser reconhecido como um papa, mas apenas como um padre mui modesto.

− Como que as três pessoas `piedosas' estão sentadas juntas em uma nuvem brilhante, cercadas por todos os santos e anjos também em nuvens brilhantes, ajoelhadas e adorando a Deus face a face?

Espere até que a 'prática religiosa' termine, então testemunharemos a chamada ´ascensão ao céu´ dos espíritos que participaram do serviço. Como você pode ouvir, o padre está atualmente ocupado em proclamar a 'ascensão' eminente. Portanto, devemos deixar a igreja e aguardar os eventos vindouros.

CAPÍTULO 48

Procissão da chamada ascensão.

O lha, já estamos do lado de fora, e a multidão, provida de ramos de palmeira, aguarda a ascensão antecipada. O padre os segue em traje sacerdotal completo, com os barris de prata e ouro na mão. Você pode ver quatro espíritos masculinos vestidos de branco segurando um chamado ´céu´ acima da cabeça do padre, enquanto todos os espíritos se dispõem diante dele em fileiras, seguindo a conhecida bandeira da procissão. A procissão começa com as cerimônias de procissão habituais. Nem os sinos faltam. Um crucifixo é levado à frente do céu e o conhecido ´Santo, santo, santo é nosso mestre Deus Zebaoth´, é cantado e rezado por toda a procissão. Veja, a procissão agora avança em direção a uma pequena colina. Vamos segui-la até lá.

A colina é bastante enganosa, pois não pode ser escalada tão facilmente quanto se poderia pensar à primeira vista. A estrada para o topo é o verdadeiro ´caminho católico para o Céu´. Quando alguém chegar por ali na primeira altura que nos é visível, verá outra ainda mais alta. Atingindo a segunda altura, descobrirá uma terceira; e assim vai, dependendo do estado de espírito dos ´trilheiros´. Às vezes, devem subir mais de mil destas alturas, antes de chegarem à ´região das nuvens celestiais´.

Também acontece frequentemente em tais ´ascensões ao céu´ que muitos ficam cansados e fartos da longa espera. Daí eles se dirigem a um bispo e perguntam quanto tempo durará a jornada. Então o bispo sempre responde com um texto da escritura que diz o seguinte: ´Quem perseverar até o fim, será abençoado´. Com tal resposta, a procissão recomeça. Depois de terem conquistado cerca de cinquenta destas alturas, o bispo é questionado se não é permitido descansar um pouco depois de uma viagem tão longa. O bispo, então, responde assim: ´Orai sem cessar´. No mundo espiritual, isso significa que nunca se pode descansar, uma vez que você está a caminho do Céu; pois é preciso saber com certeza que o tardio e o morno serão vomitados da boca de Deus e não serão admitidos no reino dos céus. Eles apenas precisam reunir todas as suas forças e prosseguir, até alancarem o abençoado portão do Céu. Após tais advertências, a procissão prossegue em sua jornada.

Se o próprio bispo se cansa depois de mais cinquenta escalas e suas companhias mal conseguem subir, o líder espiritual diz: ´Escutem, ovelhas do meu rebanho, estamos na metade do caminho. Agora vamos dar a honra a Deus e agradecê-lo por ter nos ajudado a chegar a este ponto.´ Então param ali, ajoelham-se e agradecem a Deus como o bispo lhes dissera; primeiramente, ao Deus-Pai, depois ao Deus-Filho e, finalmente, também ao Deus Espírito Santo.

Depois que toda a assembleia foi assim um pouco reanimada, a procissão parte novamente.

Se o bispo percebe que seus próprios pés não lhe permitem subir as colinas seguintes tão facilmente sem descansar mais, ele proclama imediatamente que uma ´estação do calvário´ será a ordem em todas as alturas próximas. Ele, então, descansará sozinho, em todas essas ocasiões. Quando as doze, ou no pior dos casos, catorze estações forem alcançadas e as sucessivas estações cada vez mais íngremes não tiverem fim à vista, é dada a ordem de rezar um rosário a cada estação.

Quando o rosário também se esgota e ainda não se vê o fim das alturas cada vez mais íngremes, todos se voltam para o padre, perguntando-lhe o que pode significar que nenhum fim foi alcançado, apesar de suas ordens. Então o bispo diz: ´Sim, queridas ovelhas do meu rebanho, só aqui chegou o momento onde a violência é necessária para o reino dos céus; quem me puxar com violência, o possuirá.´ Então o padre também ordena que um salmo de Davi seja rezado em cada estação recém-escalada. Como tal, a procissão continua tediosamente.

Já que estamos vivenciando todos esses estágios fatídicos junto com a procissão, iremos acompanhá-la deste último rosário até o final, a pé.

Olha, a altura seguinte já é íngreme, e é preciso um esforço enorme para escalá-la. Nossa assembleia o alcançou após uma longa e cansativa subida. Basta olhar como todos imediatamente deitam-se no pequeno planalto.

O bispo pega um pequeno livro de salmos, coloca o barril de prata e ouro ao seu lado e começa a ler o primeiro salmo o mais demoradamente possível, para que todos descansem o máximo possível.

O primeiro salmo foi lido. Nosso bispo novamente pega seu barril de prata e ouro e diz aos carregadores que eles podem deixar o pequeno céu honorário e ficar onde estão, pois já estão bastante perto do céu real. Todos os demais se levantam após essa instrução e imediatamente começam a subir a próxima altura.

Você pode ver que eles sobem desta feita de quatro. Nosso bispo, o portador da bandeira e da cruz, tem cada vez mais dificuldade. O bispo deixa-se puxar por alguns montanhistas mais experientes. Os portadores do estandarte e da cruz usam seus bastões celestiais como apoio para escalar.

A próxima altura foi escalada com muitíssimo esforço. O próximo platô é tão pequeno, que nosso grupo mal consegue encontrar um lugar para descansar adequadamente. Depois que todos encontraram um lugar para se deitar, o padre começou a ler o segundo salmo. No entanto, como você pode ver, ele também está começando a se sentir um pouco assustado, pois vê à sua frente outra altura ainda mais íngreme e, quando olha para baixo, fica realmente tonto.

O que ele deve fazer agora?! Ele é bombardeado por perguntas de seus colegas alpinistas; perguntam onde seria a escada para o Céu.

O padre diz: “Eu acho que esses imensos terraços de montanha são os degraus, mostrando a todos vocês, por experiência, exatamente como é preciso ser purificado, se não quiser ser sobrecarregado por tais enormes degraus celestiais. Teremos que nos dividir, pois parece que a base está ficando cada vez menor e não conseguiremos encontrar espaço suficiente para todos descansarem. Devemos ter um tempo de louvor ao Mestre e à Santíssima Trindade; portanto, os mais destemidos de vocês devem ir primeiro. Descansem lá em cima, até verem que começamos a nos mover para lá e começamos a subir o próximo degrau.”

Como você pode ver com seu olho interior, cerca de metade da companhia está se levantando e escalando a altura muito íngreme com as mãos e os pés. Alguns chegam ao topo, mas os mais fracos deslizam para trás, e o padre pergunta aos que chegaram ao topo se há outra altura.

Clamam de volta: “Vitória!! Não há outra altura; estamos à beira de uma vasta planície. Ao longe, vemos a nuvem cobrindo tudo e, no meio dela, uma forte luz. Ainda não podemos dizer o que é.”

Olha, todo mundo está se levantando e extraindo todas as suas forças para chegar ao topo. O padre amarra seu barril de prata e ouro às costas e sobe com as mãos e os pés o melhor que pode. Por fim, e depois de muito esforço, todos, felizes por terem escalado até a última altura, elogiam o sacerdote, dizendo: “Esta é uma prova clara de que ninguém pode ganhar o céu sem tal líder espiritual.”

Mas o padre diz: “Sim, filhos amados, é verdade, porque Deus assim ordenou, mas a honra não é minha, somente de Deus! Pois se eu olhar para mim mesmo, eu trouxe vocês aqui em certo sentido por meio de um engano piedoso, e não com meu discernimento. Uma vez que o Mestre admoestou Seus apóstolos a serem astutos, sou justificado por isso, e o sucesso de minha liderança mostra a vocês que eu realmente os conduzi de maneira razoável e fiel, de acordo com o ensino de nossa única igreja salvadora. Vamos recuperar nossa ordem e prosseguir para nossa meta eterna.”

Eles começam sua jornada com força renovada sobre o vasto planalto. Veja como nossa procissão está avançando rapidamente aqui. As nuvens celestiais estão se aproximando rapidamente, e já estamos sob a cobertura celestial de nuvens. Lá você vê um muro alto com um portão dourado que está realmente trancado.

O padre vem à frente e diz:“Queridos filhos, pedimos e recebemos, procuramos e encontramos; agora é hora de bater. O portador da cruz pode bater primeiro, três vezes. Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, então a porta certamente será aberta.”

Acontece exatamente como o sacerdote predisse. Verdadeiramente, na terceira batida, o portão é aberto e lá aparece Pedro com o arcanjo Miguel. Eles investigam a assembleia e permitem que eles entrem no Céu sem exceção. Apenas os atributos específicos de Pedro e do arcanjo Miguel foram omitidos, para extinguir a centelha materialista ainda demais naqueles que são admitidos no Céu.

Você quer saber se são realmente Pedro e o arcanjo Miguel? Eu lhe digo: Isso é apenas uma aparição provocada por espíritos angelicais em nome do Mestre. Assim se originou todo este céu e é assim que deve ser, pois, se fosse diferente, não haveria outra maneira de encontrar uma saída a esses espíritos que se basearam em coisas que não são verdadeiras.

Todos devem encontrar o mundo espiritual e o Céu da maneira que retrataram para si mesmos, de acordo com sua fé. A única exceção é o purgatório; isso não é permitido pelo Mestre, pois grande dano seria incorrido aos espíritos, se eles voltassem a uma condição tão miserável (em vez de voltarem ao Mestre com ainda mais zelo pelos santos), ou esperassem ajuda das ofertas de missas na Terra. Tudo isso mataria completamente o espírito no devido tempo, pois o espírito cessaria completamente de toda diligência e apenas desejaria obter sua salvação na misericórdia direta ou indireta de Deus; o que significaria, em outras palavras, nada mais do que suicídio espiritual!

É, de fato, fácil de entender! A vida do espírito consiste unicamente na graça do amor nele presente e especificamente com a atividade correspondente. O que acontece com quem se afasta de todas as atividades? Ele finalmente se torna completamente impotente e tão fraco, que mal consegue se defender de uma mosca. Se ele, então, caísse na maior e inescapável miséria por causa de sua completa inatividade, a experiência na Terra ensina que tal condição geralmente resultaria em suicídio. No mundo espiritual o resultado seria o suicídio espiritual, pois se tais espíritos sofredores não encontrassem salvação apesar de seus apelos aos santos, eles se tornariam infiéis e desanimados, resultando na verdadeira morte espiritual! Porque o desânimo espiritual significaria uma separação completa e violenta do Mestre. Tal condição não seria jamais permitida, mesmo no inferno. Caso o mal se tornasse muito ativo lá, o Mestre castigaria o mal de uma forma muito sensível. Se o mal cessasse por causa disso, o castigo e a dor também cessariam.

Com relação a este céu católico, não é prejudicial ao espírito, mas pode ser considerado uma boa escola viva, onde os espíritos, pela primeira vez, podem começar a reconhecer o verdadeiro Céu.”

Na próxima ocasião, veremos como este céu e sua atividade funcionam da forma mais completa possível. Com isso, chega por hoje.

C APÍTULO 49

Sentado à mesa de Abraão na visão da santíssima trindade.

Visto que toda assembleia é admitida, também entraremos pela porta sagrada. As ditas aparições de Pedro e Miguel deixaram o portão aberto para nós, pois realmente sabem o que viemos fazer aqui.

Você conhece as várias representações deste céu, especialmente na Igreja Católica. Se você não for iniciado nestas representações, você será devidamente iniciado aqui. Olhe para frente; estamos nos aproximando do primeiro retrato, enquanto seguimos nosso grupo.

O que você vê à nossa frente, não muito longe? Você diz: “Vemos no amplo fundo um palácio excepcionalmente belo, onde podem ser vistas palavras brilhantes. Se bem o vemos, está escrito: ´Morada de Abraão´.”

Ótimo, e o que mais você vê?

Você diz:“Vemos o edifício cercado por um jardim mui grande e espaçoso que parece começar a apenas alguns passos de nós. Isso é verdadeiramente maravilhoso! Vemos uma mesa quase infinita, carregada com as comidas mais deliciosas. Se olharmos bem, descobrimos muitos convidados sentados em ambos os lados da mesa, já jantando alegremente. Vemos uma multidão de seres servindo-os diligentemente, e os convidados interagindo com grande interesse com os seres serviçais sobre um ou outro assunto.”

Você vê muito bem. Devemos, portanto, imediatamente nos juntar à nossa assembleia no jardim, que já se dirige para a mesa, e veremos o que acontecerá à mesa.

Veja, Pedro e Miguel agora designam um assento para cada um e dize m: “Sentem-se no reino celestial à mesa de Abraão, Isaque e Jacó e desfrutem aqui da abundância do fruto de suas obras terrenas que vocês fizeram com perseverança, por grande amor ao Céu e em honra de Deus.”

A assembleia senta-se à mesa com semblantes radiantes e logo começa a consumir lividamente a comida e a bebida. Vamos deixá-los satisfazer a fome com bom humor e seguir em frente um pouco.

Veja, lá no final da mesa quase infinitamente longa estão sentados Abraão, Isaque e Jacó em toda a sua glória, e muito perto de nós está um convidado conversando com um criado de mesa. O que eles discutem? Aproximemo-nos um pouco mais, então ouviremos. Perceba que nosso convidado já excessivamente satisfeito está perguntando ao criado de mesa, de acordo com sua contagem de tempo, quanto tempo durará o banquete.

O servo responde ao convidado:“Querido amigo, por que você me pergunta?”

O convidado responde, um tanto embaraçado:“ Bom amigo, eu não teria lhe perguntado, se eu ainda estivesse na Terra; certamente teria pensado que cometeria um pecado fazendo tal pergunta; mas como agora estou no Céu, onde não se pode mais pecar, sei que tal pergunta não é pecado.

A verdadeira razão da minha pergunta é dar toda honra e louvor a Deus! É realmente indescritivelmente glorioso estar aqui; a comida e a bebida têm um sabor verdadeiramente celestial, mas devo admitir honestamente que estou começando a ficar entediado por causa dessa monotonia contínua. Por isso que perguntei quanto tempo vai durar o banquete.”

O criado da mesa diz: “Bem amigo, você não ouviu na Terra que a bem-aventurança celestial duraria imutavelmente e para sempre? Como você pode me perguntar quanto tempo ainda durará esse banquete? Veja, tal banquete realmente dura para sempre!”

Nosso convidado fica com medo e diz ao criado da mesa: “Sim, caro amigo, eu entendo isso, mas também ouvi na Terra sobre ver Deus eternamente. Eu realmente vejo lá no fundo Abraão, Isaque e Jacó, mas em nenhum lugar nada de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo...”

O servo diz: “Meu amigo, você acha que a Trindade Divina se sentaria bem diante do seu nariz? Olhe para cima, lá, acima de Abraão, Isaque e Jacó; você imediatamente verá Deus em Seu Ser Tríplice na luz inacessível. Muitas vezes você deve ter ouvido na Terra que Deus vive no Céu, onde todos os bem-aventurados o veem face a face; isto é, da face do Pai para a face do Espírito Santo; Mas a Trindade Divina, de fato, vive na luz inacessível! Amigo, poderia desejar um paraíso mais perfeito?

Nosso convidado diz: “Amigo, eu digo que de jeito nenhum; estaria completamente contente, se ao menos pudesse ser um servo como você, para ter um pouco de movimento ou, se permitido, passear no lindo jardim; aumentaria consideravelmente a bem-aventurança celestial, na minha opinião!”

O criado da mesa diz: “Caro amigo, o que ouço da sua boca? De fato, parece que você está descontente com o que Deus lhe destinou no Céu. Você fala sobre movimento e peregrinação nesse jardim; você não orou sempre para que Deus lhe desse o descanso eterno e a vida eterna? Você não tem o descanso eterno e paz eterna aqui? Para que você quer se mudar?”

O convidado fica completamente embaraçado e finalmente diz ao criado da mesa: “Caro amigo, reconheço que está tudo correto e que o reino celestial veio aqui para se expressar no sentido verdadeiro e literal; também vejo que não pode ser diferente, por causa da verdade eternamente falada. Se eu devo pensar em ter que sentar aqui nesse lugar para sempre, porém, melhor amigo, calafrios verdadeiramente correm pela minha espinha. Então também tenho que reconhecer honestamente (sobre a bem-aventurança celestial) que eu, tendo sido um pobre fazendeiro, era consideravelmente mais feliz do que sou aqui com a perspectiva eterna no Céu! Já que agora estou no Céu, tudo é sacrificado a Deus! A melhor coisa aqui é que não se pode pecar.”

O criado da mesa diz: “Na verdade, vejo que você está descontente com o Céu. Mas o que devo fazer? A ordem celestial não pode ser perturbada por sua causa!”

O convidado diz: “Amigo, uma vez ouvi na Terra e vi em pinturas que os bem-aventurados sempre podem ver Deus ajoelhado nas nuvens, mas aqui há apenas um jardim; onde estão as nuvens?”

O servo diz:“Caro amigo, dê uma olhada no chão, então você logo descobrirá o subterrâneo solto. Você acha que esse é um reino terreno? Veja só, vou afrouxar um pouco o chão, então você pode se convencer imediatamente de que estamos todos sobre nuvens celestiais.”

Vejam, o criado move um pouco a grama para o lado, e nosso convidado vê, para sua grande surpresa, que o chão consiste, de fato, de nuvens brilhantes.

Depois de se ter convencido adequadamente disso, ele prontamente faz a próxima pergunta: “Amigo, já que o chão é tão terrivelmente solto aqui, é possível que alguém, em um movimento ligeiramente desajeitado, caia? E se é possível, onde cairia? Haveria um purgatório lá embaixo?”

O criado diz:“Amigo, não precisa temer tal coisa, pois você é de fato um espírito excepcionalmente radiante, e a superfície é tão resistente para você, quanto o reino terrestre foi a seu corpo.´

O convidado continua:“A superfície é tão sólida em todos os lugares quanto aqui na mesa?”

O servo diz: “Amigo, por que você faz perguntas sobre coisas que não lhe dizem respeito? Você pode ver que a superfície é resistente o suficiente para eternidades, aqui onde você está desfrutando de sua bem-aventurança. Você não precisa entrar no vasto jardim; por que você se preocuparia com sua solidez? No entanto, já que você me perguntou, posso dizer-lhe que o jardim tem o mesmo chão firme, caso contrário, não seria capaz de nos carregar quando constantemente devemos colher frutos abundantes para a mesa eterna e trazê-los aqui.”

O convidado está finalmente satisfeito, e o criado quer ir embora, mas neste momento outro pensamento vem ao nosso convidado. Ele, portanto, diz ainda ao nosso criado de mesa: “Amigo, como já trocamos tantos pensamentos, gostaria de lhe perguntar mais uma coisa, mas apenas entre mim e você: O que aconteceria com alguém se ele, por já ter se cansado da presente sessão prolongada, se levantar e der um pequeno passeio pelos belos campos?”

O criado da mesa diz:“Nada aconteceria, mas você sabe que Deus não gosta de ver um espírito abençoado ficar descontente com Suas ordenanças. Não posso garantir o que pode acontecer com você, mas uma coisa é certa: Se o seu lugar for ocupado por outra pessoa, então você deve se sentar bem no final novamente. Na verdade, meu amigo, vejo que você nem uma vez olhou para a Trindade, enquanto foi dito que você veria Deus ininterruptamente.”

O hóspede diz: “Melhor amigo, está tudo bem, mas veja, todo o meu ser anseia por mais liberdade e, se possível, também por um ou outro tipo de atividade. Por Deus, devo dizer que não posso suportar nem mais um momento assim; preciso deixar de lado a eternidade!”

Olha, nosso convidado agora se levanta e vai embora o mais rápido que pode. Como você pode ver, muitos estão seguindo seu exemplo. Os serventes da mesa os perseguem e quando os alcançarem, nós também os alcançaremos; então veremos como isso se desenrolará. Mas agora, chega por hoje.

CAPÍTULO 50

Insustentabilidade da aparição mundana de um céu.

Olha, estamos juntos, então, continue procurando.

A assembleia que se afastou chegou à beira do grande jardim. É cercada por uma parede transparente que é, como você pode se convencer, aparentemente uma decoração muito bonita para o jardim; mas por ser transparente, tem o atributo fatal de poder mostrar através dele um terrível abismo. Nossos convidados gostariam muito de ir mais longe e poderiam escalar o muro sem nenhum problema, mas essa conhecida e fatal situação restringe tal esforço.

Vemos todo o grupo parado junto à parede, confuso; nenhum dos convidados sabe o que fazer.

Você também pode ver que vários criados de mesa se aproximam deles, enquanto o líder dos criados chega à tímida companhia, dirigindo-se a eles da seguinte forma: “Queridos amigos e irmãos, o que vocês farão agora?

O grupo responde:“Perdoem-nos, querido amigo, nada mais fizemos, senão o que sentimos dentro de nós como uma necessidade urgente da vida. Podemos assegurar-lhes de nosso desejo mais íntimo de viver em seu céu, cuja natureza nos é muito familiar. Como estávamos, era impossível; portanto, tentamos nos tornar mais ativos.”

O primeiro criado de mesa:“Eu por certo entendo que ficar sentado muito tempo e comer continuamente, bem como o constante olhar monótono para sua Trindade Divina, está se tornando entediante para vocês, mas se vocês pensarem em suas vidas... Vocês realmente nunca rezaram por qualquer coisa exceto pelo `descanso eterno`, por uma ´luz que brilha eternamente´, pela ´satisfação na mesa de Abraão, Isaque e Jacó no reino celestial´ e para `ver Deus face a face`, Ele que vive na tal ´luz eterna e inacessível´? Já que receberam tudo literal e fielmente, por que não estão satisfeitos?”

O convidado, que atua como orador do grupo, responde:“Grande amigo, responderei em nome de toda a companhia; seja, portanto, gentil em nos ouvir. Na terra, acreditamos fortemente e com certeza em tudo o que nossa igreja nos apresentou. Pensávamos que, se vivêssemos consciente e rigorosamente de acordo com o ensinamento da Igreja, sendo ativos na fé de acordo com o amor que ativa esta fé, então não poderíamos errar ou falhar de forma alguma, pois estaríamos constantemente na posse do Espírito Santo.

Bem, nós realmente alcançamos tudo o que a Igreja nos ensinou e no qual acreditamos infalivelmente. Mas, infelizmente, outra luz raiou sobre nós depois de termos alcançado tudo em que acreditávamos. Por causa dessa luz, passamos a suspeitar que deve existir algum outro tipo de céu em algum lugar, pois o céu em que estamos agora está, de fato, literal e figurativamente falando, nada além do mais puro aprisionamento. Para que serve a mesa eternamente bem provida, para que serve a contemplação eterna das três pessoas piedosas, se nenhuma ação benevolente jamais foi tomada ao longo dos tempos?

Então não me culpe, caro amigo, se não queremos mais ´sentar para sempre´! Esse pensamento deve levar todo espírito tímido ao desespero em algum momento! Devemos admitir que sentar não causa nenhuma dor, como é o caso na Terra. Também não é nada desagradável estar constantemente em companhia muito amigável e piedosa; também gostamos muito de ver a Trindade Divina. A comida e a bebida são tão saborosas, que não ofendem o paladar nem o estômago. Até ouvimos, entre os muitos convidados à mesa, um canto adorável e agradável.

Olha, tudo isso seria muito bom, mas se você pensar em que a terrível eternidade consiste... Você apenas tem que pensar; se você tiver apenas um pouco de sentimento vivo e humano dentro de si, hesitará nas profundezas de sua alma. Pois, como se costuma dizer na Terra, é lógico e verdadeiro que a vida é uma força que se move livremente. Olha, nós sentimos tal poder dentro de nós; mas, apesar do sentimento vivo, devemos sentar à mesa para sempre?! Isso não está diretamente em oposição ao conceito de vida?

Acima de tudo e com base em experiências adquiridas na Terra, devo acrescentar outra observação que você facilmente deduzirá quão antinatural é esse céu aqui em relação ao sentimento humano.

Quando eu estava na Terra ainda como um jovem muito lívido de cerca de trinta anos, solteiro, encontrei uma donzela por acaso, uma beleza celestial para mim. Então eu disse em meu coração: ´Meu Deus e meu Senhor, se Tu me desses esta menina para ser minha esposa, eu ficaria mais contente do que se tu me desses imediato e livre acesso ao céu!`

Eu fiz um voto em meu coração de que aquele anjo celestial deveria se tornar minha esposa. Depois do juramento, fiz todo o possível para torná-la minha. Custou-me muito esforço, mas pensei:´Quanto mais eu tiver que lutar por este anjo terrestre, mais feliz eu ficarei no dia em que puder tê-la`. Sim, minha fantasia foi tão longe, que até imaginei que, quando aquele anjo celestial feminino estivesse diante de mim para sempre e eu pudesse olhá-la da cabeça aos pés, nunca mais seria capaz de me cansar dela. E depois de quase dois anos de luta amarga, o anjo celestial realmente se tornou minha esposa.

Verdadeiramente, a princípio mal pude acreditar que fui tão feliz e que então tinha todo o direito de dizer àquele anjo celestial: `És minha amada esposa!`. Eu estava muito feliz! Mas depois de cerca de dois anos, eu me acostumei tanto com ela, que muitas vezes me custou muita abnegação ficar com ela em casa, pelo menos por decência e honra. A princípio, eu tinha tanto ciúme em meu coração, que seria capaz de ficar com raiva de um verdadeiro anjo do céu, se ele ousasse se aproximar de meu anjo celestial. Mas depois de dois anos, devo admitir, para minha vergonha, que muitas vezes ficaria feliz se meu ideal celestial fosse de vez em quando a uma visita, e que eu encontrasse algum tempo para caminhar um pouco na natureza divina e livre.

E olha, já então eu pensava comigo mesmo: ´Meu Deus e Senhor, se é assim que o Céu vai ser, certamente não atenderá às necessidades humanas. No entanto, também pensei: ´Se o céu fosse uma monotonia tão eterna, então Deus mudaria as emoções de um espírito imortal a tal ponto, que essa monotonia eterna deveria proporcionar uma felicidade indescritível.`

Agora eu provei o verdadeiro Céu e lhe digo que nem por um fio cabelo se sai melhor; pelo contrário, é ainda consideravelmente pior do que era o meu céu terrestre. Se o Mestre não remover de meu corpo a fatal sensação de tédio, especialmente em vista da eterna monotonia, eu teria preferido ser um cortador de lenha na Terra. Meu amigo, repito que a ideia de que tudo o que se gosta aqui dura para sempre sem mudança é horrível.

Julgue por si mesmo sobre o desespero em mim e faça conosco o que quiser. Não serei trazido de volta à mesa, mesmo que você se esforce tanto! Prefiro vagar pelo jardim; quando estiver com fome, poderei pegar algo para comer das árvores. Como disse, não volto para a mesa!

Q uero acrescentar que minhas lembranças de minha vida ativa na Terra estão me dando maior prazer do que toda esta mesa celestial, com exceção, é claro, da visão da Trindade Divina. Algumas coisas ainda podem ser ditas sobre isso, mas esse tema é muito sagrado e não somos dignos de nos expressar verbalmente a respeito. Portanto, julgue e aja de acordo.”

CAPÍTULO 51

A verdadeira trindade. O pecado contra o Espírito Santo.

O criado de mesa diz : “Caro amigo, entendo muito bem o que você quer me dizer, mas não entendo por que você, durante sua vida terrena, fez para si mesmo qualquer outra imagem do céu, quando, na verdade, muitas vezes você lia as cartas de Paulo. Diga-me, o que você pensou ao ler: ´Assim como a árvore cai, ela fica!´? Você está encolhendo os ombros e não sabe o que me responder. Mas eu lhe digo que a árvore representa exatamente a sua fé e significa nada mais do que: ´Como você acreditou, assim será para você!. Como é a fé, tal é o discernimento. Do ´insight´ vem a motivação para a ação. Como é a motivação para a ação, assim é o amor, que é a vida real.´

Veja, como tal, todos vocês acreditaram em um céu, como está exposto diante de vocês e vocês agiram muito bem para obter esse céu. A árvore caiu na vida terrena, mas ela permanece de acordo com sua experiência interior, no espírito. É impossível dar a vocês outro céu além daquele que vocês deram a si mesmos, pois está nas Escrituras: ´O reino de Deus não vem com ostentação, mas está dentro de você´. Esse céu atual é, portanto, um produto da convicção interior de sua fé.

O que fazer? Podemos acabar com sua fé? Podemos torná-lo luterano ou puramente evangélico?”

O convidado diz: “Que a Santíssima Trindade nos livre disso, pois acabaria por nos levar ao inferno.”

─ Então o que você quer? Nada lhe resta, a não ser ficar aqui no descanso perfeito para sempre...

─ Amigo, o que acha? Seríamos capazes de retornar ao lugar para onde chegamos repentinamente após nossa morte? Eu preferiria estar lá e fazer o que fosse prescrito para mim. Pobre e doce, eu faria qualquer coisa que fosse útil para os outros, a fim de ganhar comida escassa. Eu sinto que isso seria muito melhor para mim, melhor do que ficar sentado aqui para sempre!

─ Sim, sim, caro amigo, entendo tudo tão bem quanto você; eu não apenas entendo, como já disse antes, por que você nunca quis ter um conceito melhor do Céu, enquanto muitas vezes se sentava durante uma longa missa, totalmente entediado, esperando intensamente o final da missa.

─ Amigo, admito que você adivinhou corretamente; assim, tem sido comigo frequentemente. Muitas vezes e fielmente confessei essa transgressão, mas nunca consegui me livrar completamente dela! O padre me explicou que era obra maligna do demônio, que eu tinha que trabalhar, exercendo muita abnegação para tentar me convencer da agradabilidade da santa missa, mas todos os meus esforços foram tristemente ineficazes. Rezei todas as orações comunitárias em um bom salão de missa e me mantive concentrado o máximo possível, mas simplesmente não consegui me desapontar no final com o término do serviço de missa. Na verdade, eu sempre ficava muito aliviado por dentro quando conseguia sair da igreja. No verão, se não fizesse muito calor e a missa fosse acompanhada de boa música coral, as coisas eram melhores; mas no inverno, querido amigo, devo admitir honestamente que muitas vezes a imaginei como uma espécie de purgatório nos purificando de nossos pecados; portanto, tudo menos uma aparição do Céu. A monotonia celestial que assumi enquanto vivia na Terra e a ideia que parecia aceitável como nos é ensinada agora, era porque minha vida era cheia de muitas eventualidades e várias atividades ainda cheias de diversidade. Mas aqui, onde toda diversidade foi destruída de uma vez, onde não há mais noite, nada para fazer, vadiagem eterna, a mesma perspectiva imutável…; só aqui vemos como isso é terrivelmente chato. Portanto peço- lhe que fale em nosso nome a Abraão, Isaque e Jacó e pergunte-lhes se eles gostariam de nos dar algo para fazer, ou, como dito anteriormente, permitir que desçamos novamente para a região inferior, onde pelo menos poderemos encontrar algo para fazer, pois aqui não aguentamos mais!

─ Mas o que quer, então? E o que há abaixo? Você acreditou quando disse: ´O Senhor Deus Zebaoth é um Deus Todo-poderoso e não precisa da ajuda dos homens! Ele apenas nos deixou trabalhar na Terra por Sua Misericórdia, para termos o Céu como recompensa. Mas aqui, em Seu reino, todo trabalho cessa!´. Olha, era nisso que você acreditava, então o que você quer fazer aqui diante da onipotência divina? Deus precisa do seu serviço?

─ Oh amigo, acredite em mim, agora vejo meu enorme erro e admito abertamente que estamos literalmente nos encontrando aqui em um paraíso de punição, pois cheguei a essa conclusão com sua pergunta. Se o Senhor nos deu trabalho para fazer por pura misericórdia, para obter o Céu, então não vejo como Sua Misericórdia e Seu infinito Amor cessariam no Céu. Posso ver em seu rosto que você tem outra coisa em mente. Por isso, imploramos com urgência que não nos deixe mais na incerteza e nos diga qual é a verdadeira Vontade de Deus. Queremos fazer tudo e nos sujeitar em tudo, mas não nos traga de volta a mesa longa e excepcionalmente chata, literalmente falando, pois eu verdadeiramente prefiro morrer e deixar de existir, se possível, do que fingir ser um pólipo glutão no fundo desse imensurável mar de luz!

─ Querido amigo e irmão! Olhe, só agora você está maduro e posso compartilhar a verdade com você e todos os outros. Portanto, ouça: O céu que você está vendo aqui nada mais é do que uma aparição de sua fé errada, e a trindade que você vê retrata é o auge do seu equívoco. Como você pode pensar que três deuses podem, de fato, ser um deus e que cada um desses três deuses funciona de maneira diferente, sendo os três ainda completamente um em ser e natureza?! O Senhor não ensinou que Ele e o Pai são completamente Um? Ele não disse: ´Quem Me vê, vê o Pai!´? Ele também não disse: ´Acredita que Eu e o Pai somos Um e que o Pai está em Mim!´? Veja, você poderia até ter antes pensado que o Mestre é apenas Um e, portanto, também uma pessoa comum, mas não um ‘tri-deus!´ Como você pode imaginar isso?

Além disso, como você pode imaginar um Deus ocioso, enquanto Ele é, por toda a eternidade, o Ser mais ativo? Veja, você se imaginou em uma vida eternamente ociosa, sem considerar que a vida é a energia que Deus soprou em Suas criações vivas a partir de Sua energia eterna.

─ Amigo, você sabe como nossa fé foi limitada. Não poderíamos saber de outra coisa, senão o que a Igreja nos ensinou; por um lado sob muitas ameaças de condenação eterna ao inferno e, por outro lado, com os ainda vagos louvores de um certo céu, ao qual sempre acrescentaram que as coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem as que subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam.

─ Oh irmãos, eu sei muito bem que vocês foram enganados, totalmente enganados. Portanto, chegou o momento da salvação, no qual conhecerão o verdadeiro Deus e o verdadeiro Céu.

Vocês leram na Palavra do Mestre, com que forma externa Ele comparou o reino celestial. Se vocês considerarem adequadamente, deve rapidamente ficar claro a vocês que o Mestre nunca ensinou um céu ocioso, mas um céu muito ativo de muitas maneiras.

Portanto, voltem-se agora para o único Senhor Jesus Cristo, pois só Ele é Deus do Céu e da Terra. Voltem-se para Ele em seu amor, então vocês imediatamente encontrá-Lo-ão e Dele verão mui claramente o seu verdadeiro destino na vida eterna.

A falsa tri-unidade deve perecer dentro de vocês, para que vocês conheçam a verdadeira tri-unidade, que é o AMOR, a SABEDORIA e o PODER vindouro no único Senhor Jesus.

Não pensem que uma tríplice personalidade divina é retratada com o batismo, pois o que aconteceu ali foi apenas uma aparição, permitida pelo Senhor, para ajudar o povo a reconhecer a plena Onipotência e plenitude da Piedade no único Senhor.

A Sabedoria de Deus que surge como Seu Verbo eterno do Amor assumiu a carne e é chamada de Filho de Deus. A Sabedoria é fruto do Amor e procede dele, como luz do calor. A forma visível do Espírito de Deus acima do Filho apenas diz que o poder eterno e infinito de Deus realmente vem como a Sabedoria vem do Amor, trabalha através da Sabedoria, como o calor do sol na luz irradiada produz seus efeitos.

Quando vocês entenderem tudo isso, vocês entenderão facilmente que a luz completa e infinita da Sabedoria era evidente no Mestre, e Ele também tinha que possuir a plenitude do Amor infinito; da mesma forma, o Poder Divino infinito Nele fluía de ambos.

João de fato disse: ´Em Cristo vive a plenitude de Deus´ e ´No princípio era Deus, e Deus era o Verbo, e o Verbo estava com Deus; o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Com efeito, dizeis que está escrito que no princípio era o Verbo e Deus era o Verbo, porque o Verbo estava com Deus e Deus estava no Verbo´. Isso tem o mesmo significado, pois Deus e a Palavra são um, o mesmo que Filho e Pai. Quando você diz Verbo e Deus é novamente o mesmo que Filho e Pai, um não é antes do outro, pois Pai e Filho, ou Deus e o Verbo, ou Amor e Sabedoria são, desde a eternidade, totalmente Um. Portanto, você pode transformar o texto de João da maneira que quiser, mas o testemunho dele permanecerá sempre o mesmo; ou seja: `O Senhor é Um, assim como o Pai, o Filho e o Espírito Santo o são; tal como o Amor, a Sabedoria e o Poder o são!

Você pergunta como se deve entender quando o Mestre diz que o pecado contra o Pai e o Filho é perdoável, mas o pecado contra o Espírito Santo não é. Isso é bastante simples, pois quem lutar contra o Amor Divino, será levado pelo Amor Divino e curado; quem lutar contra a Sabedoria Divina, receberá o mesmo tratamento. Diga-me, se houvesse um tolo que realmente se colocasse contra o infinito Poder Divino, o que ele poderia esperar, senão que o Poder Divino também o dominasse e o soprasse para o infinito, de onde teria uma viagem de retorno desesperadamente longa, para possivelmente se aproximar novamente do Amor e da Misericórdia de Deus?

Olha, tudo isso é feito por Um e o mesmo Senhor que se revela a cada pessoa, de acordo com a vontade da pessoa. Quem quiser enfrentar Seu poder, experimentará Sua Onipotência em comparação com a fraqueza da criatura! Mas não pense que o Senhor condenaria ou destruiria um competidor tão tolo, pois o Senhor faz tudo, em Seu Amor infinito, para que nenhum homem pereça.

Considerem isso em seus corações; então eu voltarei e os guiarei segundo o que vocês encontraram e reconheceram em si mesmos.

CAPÍTULO 52

A verdadeira pobreza de espírito. O perigo da dúvida cega.

Agora, olhe! O criado de mesa se retira, e nossa assembleia junta suas cabeças. Isso significa no reino espiritual que eles se tornam uma só mente. Onde eles estão agora? Tenha um pouco mais de paciência, veremos em breve. Aquele que primeiro falou com o criado de mesa e que já foi agricultor na Terra, logo se apresentará e fará uma proposta a todo o grupo. Você gostaria de ouvir, mas Eu lhe digo que as coisas não podem acontecer tão rapidamente no espírito. A capacidade de absorção de um espírito em sua condição mais pura e perfeita funciona, de fato, a uma rapidez ofuscante para sua percepção, mas a de um espírito mais imperfeito, ao contrário, é muito mais tediosa e lenta.

Você pergunta: “Por que isso?”

Isso é realmente fácil de entender, porque o espírito não tem contra o que se apoiar. Sua única posse é seu mundo interior. Um espírito perfeito tem o bem e a verdade perfeitos nele em uma abundância infinitamente grande, é por isso que ele pode absorver a verdade espiritual e a bondade em si mesmo com uma velocidade tão surpreendente. Um espírito menos perfeito não tem nada além de equívocos nele. Se quiser obter um progresso bom e totalmente verdadeiro, primeiro deve reconhecer seus equívocos, removê-los de si e, portanto, mergulhar na pobreza absoluta, tornando-se um verdadeiro pobre de espírito. Somente na pobreza, ou vazio espiritual completo, a centelha divina − que é a Bondade Amorosa − se liberta nele, começa a se espalhar e preenche o vazio espiritual anterior com nova luz. Somente sob esta luz, a capacidade de absorção do espírito, torna-se cada vez mais perfeita.”

Diz você: “Caro amigo, então qual é o ponto perigoso da assembleia?”

O fato mal merece atenção, mas o cético, roendo as fibras da árvore da vida e do conhecimento, traz um pequeno fato aparentemente insignificante sob o microscópio. Ele descobre, nesse pequeno fato insignificante, montanhas de discrepâncias que não querem se reconciliar com a imagem natural da superfície da madeira viva. A causa é que os céticos continuam focando no ponto insignificante e nenhum deles tem ideia de erguer o olhar do microscópio de suas mentes para as bordas do ponto, onde poderiam ver como o desigual ponto se une com a madeira viva. P ara que você veja em que consiste tal ponto, quero chamar sua atenção que o criado de mesa tem, ainda que sutilmente, mutilado um tanto os textos por ele citados. Você ouviu a respeito durante as conversas. O criado da mesa aparentemente pegou um texto de Paulo e o colocou na boca de João. Como o orador e alguns outros na companhia são bem versados nas escrituras, isso os atingiu e essa é a razão pela qual eles estão pensando juntos.”

Nosso orador imediata e secretamente mostrou um de tais textos aos outros e disse: “Meus queridos e abençoados amigos, se o criado de mesa estivesse confortável na verdade divina, então ele não teria trocado Paulo por João tão facilmente. Ele claramente colocou algo na boca de João, e foi o que apenas Paulo disse. Isso é o suficiente para eu assumir que o servo não é realmente versado na Verdade Divina. Nós, portanto, não temos que prestar muita atenção a tudo o que diz.

Acredito que esse céu é, de fato, o verdadeiro e perfeito Céu. A história e o ensino do aprisionamento à mesa são, em minha opinião, apenas suposições do criado da mesa, o que nos levou completamente a rodar no mato.

Somos livres e podemos sentar-nos à mesa quando quisermos, mas também podemos passear no grande jardim, se quisermos. Também sou da opinião de que somos livres para contemplar aquele belo palácio ali atrás da grande e comprida mesa e até mesmo morar nele, pois o Mestre, de fato, disse: ´No reino de Meu Pai há muitas moradas!´. Poderia haver um grande número de habitações em um palácio excepcionalmente grande. Também poderia muito bem ser possível que houvesse uma quantidade enorme de tais palácios mais adiante. Eu acho que nós, portanto, não precisamos esperar pelo leal servo da Bíblia, mas podemos ir imediatamente para aquele grande palácio, se acharmos adequado. De fato, aqui não podemos mais pecar, podemos fazer o que quisermos!

Certamente é melhor estar nesse céu tendo uma cognição clara, do que entrar no céu de um verdadeiro fazendeiro, de acordo com a opinião um tanto rebuscada de nosso criado de mesa. Se esse não for o verdadeiro céu, não podemos fazer nada a respeito, pois nunca aprendemos nada diferente na Terra. Se a conduta aqui fosse completamente justa, como fomos ensinados na Terra, (onde certamente seria), eu gostaria de saber por que fomos enganados por um falso céu por certo tempo. Sempre acreditamos em um céu plenamente verdadeiro, mas não em um céu falso ou aparente. Seria verdadeiramente infame de nossa parte, se suspeitássemos que Deus está nos provocando com esse céu aqui. Prossigamos, portanto, corajosamente.”

Agora você vê como o ponto em questão tem uma floresta inicial de bons ´insights´, entretanto, como um cupim de madeira, nossos céticos voltaram a cair em seus velhos enganos.

Você pergunta:“Sim, e por que o criado de mesa fez isso?”

O servo falou corretamente no sentido espiritual, mas os céticos enganados e preconceituosos não elevaram suas mentes microscópicas além dos limites do ponto de dúvida, através do qual eles poderiam ter descoberto as boas conexões associadas.

Você deve ter notado que o servo não citou fidedigna e completamente o texto do apóstolo Paulo, mas omitiu o conceito de ´ser corporal ou material´. Olha, esse é o ponto crucial; tal elo é exatamente o que falta ao grupo, pois significa o amor ativo provindo do puro Amor do Senhor.

Continue atento. O evangelho completo de João, descrevendo a palavra interior e viva de amor ao Mestre, está unido em um sentido celestial ao texto que o servo citou e que é, em relação ao Senhor, a única e correta luz. Mas Paulo, lívido, recebe em si a Luz, que, segundo João, é o Amor do Mestre. É a razão pela qual Paulo diz: ´Não obstante, eu viva, ainda não sou eu, mas Cristo vive em mim´. O texto citado pelo servo pode, portanto, ser o de João e não o de Paulo, porque a toda aquela assembleia ainda falta o amor ao Mestre.

Veremos em breve a continuação dessa importante progressão junto à assembleia.

CAPÍTULO 53

Surpresas no céu aparente.

Veja, toda a assembleia está agindo de acordo com sua resolução e vai para o palácio murado. Mas preste atenção, uma cena muito importante vai se desenrolar de repente, pois o grupo logo enfrentará uma fenda. Ninguém será capaz de colocar um pé sobre a fenda. Se alguém olhar para baixo, terá a sensação que uma fenda imensamente mais profunda se abrirá para ele.

Olha, a assembleia chega ao local destinado; o líder eloquente é o primeiro. Alguns passos e ele recua, gr itando: “Em nome de Deus, o que é isso!! Deem uma olhada aqui; é um abismo que parece levar direto ao inferno! Não, quando eu encontrar nosso criado de mesa novamente, certamente farei com que ele entenda o quão familiarizado ele está com a geografia celestial. Ele não disse antes, quando afrouxou um pouco a superfície da nuvem atrás de mim, que o solo do grande jardim é uniformemente sólido em todo canto? E vemos aqui, para nosso espanto, esse terrível abismo!”

Alguém da companhia se dirige ao orador, dizendo com ênfase: “Irmão, não fale tão alto, pois assim o criado da mesa poderia lhe dizer que você não é bem versado na Sagrada Escritura. Olha, agora sei dar conselhos melhores. Deve ser o abismo do qual Abraão falou com o homem rico que lhe pediu uma gota de água e um pouco mais. O abismo provavelmente foi preservado como testemunha. Como não somos capazes de atravessar o abismo, soando bastante peculiar para nós, ´espíritos abençoados´. Devemos refazer nossos passos e discretamente sentar à mesa”.

O primeiro orador diz: “Irmão, você está certo, assim será. Portanto, sugiro a todos os outros seguir imediatamente o seu conselho”.

Bem, a assembleia faz uma curva à direita e volta como veio. Mas veja, outro grande problema a aguarda; outro grande abismo se formou atrás deles e nossa pobre assembleia agora está, por assim dizer, entre duas fogueiras; tem só alguns metros de largura de faixa de terra para alcançar a mesa.

Mas ouça as palavras do nosso orador quando vê o segundo abismo: “Ai, ai, pelo Amor de Deus! O que é isso para a vida celestial? Fecha-se assim o Céu? Isso não passa de um truque astuto de nosso digno servo de mesa. Ele ouviu nossa conversa de algum ou outro esconderijo secreto e então formou esses abismos por meio de algumas habilidades mágicas espirituais à sua disposição; agora estamos aqui encalhados. Ele não se deixa ver. Acho que ele deve ter desconfiado de nossa condição. Verdadeiramente, se aquele canalha viesse aqui, eu até o seguraria com meus braços celestiais. Esses dois abismos são realmente algo horrível. Se não fôssemos tão cautelosos, um de nós certamente teria caído Deus sabe onde, em algum lugar desconhecido lá embaixo!

Queridos amigos e agora meus irmãos e irmãs celestiais, eu disse inicialmente e estou me apegando à ideia de que esse céu não passa de uma trapaça. O criado de mesa tem atormentado a todos nós; fomos enganados com a jornada e nossas esperanças celestiais foram frustradas. A única coisa que ainda falta é outro pequeno abismo, e todos nós nos perderemos!”

Outro o repreende: “Irmão, não fale tão alto! Você nunca ouviu o velho ditado da Terra que diz que se você fala do diabo, você pisa em seu rabo? Nosso criado, que se arrogou em pregar essa peça em nós, poderia muito bem ter a ideia de traçar outra linha em nossa conta. Portanto, eu penso que devemos passar pacifica e modestamente ao longo da faixa de terra para a mesa; caso contrário, pode muito bem acontecer que tenhamos de ser submetidos a um tratamento de fome aqui. Acredito que, mesmo que alguém não possa realmente pecar no céu, ainda pode não ser certo agir por vontade própria. Pode muito bem ser que haja algum tipo de punição celestial para espíritos celestiais desobedientes. Obviamente, nenhum mortal sabe nada sobre isso, mas como você e todos sabem, não pudemos comprovar nada de concreto sobre o Céu e, portanto, só agora estamos conhecendo as regras pertinentes. Acredito que devemos mostrar penitência diante da Santíssima Trindade aqui, para encontrarmos perdão por nossas transgressões.”

O orador diz: “Meu irmão, não posso dizer que você está errado de forma alguma, mas para mim parece que as circunstâncias se parecem com as fábulas dos antigos romanos sobre o chamado Scylla e Charybdis; portanto, sou da opinião de que não teremos vitória alguma no entendimento do Céu. Se ficarmos aqui, enfrentaremos a fome; chegarmos à mesa, significa sentar-nos novamente para a eternidade, comendo e bebendo. Eu digo que quem quiser voltar para a mesa que tente asorte, desde que não se depare com um abismo à frente. Fico aqui e não darei um passo antes que o criado de mesa volte, como prometeu, e dê uma explicação satisfatória sobre a origem das fendas.”

Olha, um grupo caminha pela faixa de terra e passa sem problemas. Em uma investigação mais detalhada, nosso orador quer seguir o grupo. Ele se junta ao resto da assembleia que ficou para trás. Mas veja, ele realmente encontra em seu caminho a esperada fenda transversal que ele não pode pular. Ouça como este habitante do céu se expressa com palavras poderosas sobre tal evento celestial: “Agora aí está! Assim como eu pensei... É realmente um paraíso para mim, não se poderia desejar nada melhor! Queridos irmãos e amigos, eis agora a chamada alegria celestial! Devo admitir honestamente que nunca estive, desde que vivi na Terra, em um embaraço maior e mais fatal do que neste recurso de bem-aventurança.

Se eu pensar em tudo que fiz na Terra para merecer este céu...! Quantas vezes jejuei; quantas centenas, sim, milhares de rosários rezei; quantas missas prestei e quantas assisti com toda a atenção; quantos pobres alimentei durante toda a minha vida, enquanto eu mesmo era um pobre agricultor! E agora eu e todos vocês estamos desfrutando da recompensa promissora, isso em um lugar de poucos metros quadrados, cercado por três fendas, de onde podemos realmente ver a Santíssima Trindade até que nossos olhos falhem, mas de onde não podemos nos mover, pois então logo acabaríamos caindo lá embaixo, Deus sabe onde! A única coisa que falta é que esse pequeno quadrado de chão celestial afunde lentamente em direção ao abismo. Então nada restaria a Deus, senão ter a sorte de afundar conosco, só Ele sabe onde; ou nos encontraríamos em cima do muro, equilibrando-nos entre dois abismos, desde que o muro também não afundasse...

Não, caros amigos, se eu pudesse pensar na maneira realmente tediosa como o padre nos conduziu por uma estrada bastante suspeita – ao menos para mim − desde que chegamos ao mundo espiritual e no esforço que nos custou antes de alcançarmos o portão dourado do céu, então quero explodir de puro aborrecimento, pois lá embaixo teríamos nos saído muito melhor do que aqui!”

Olhe, alguém acaba de empurrar nosso orador, apontando para a fenda transversal e chamando atenção para uma grande peça que acaba de afundar.

Nosso orador recua, agora um tanto confuso, e diz: “Ago ra, eis o que eu disse. Certamente iremos montar na parede como se estivéssemos à cavalo. Verdadeiramente, se tivesse acreditado firmemente que uma pessoa não pode ser lançada no inferno depois de entrar no Céu, então já teria alegado que a miserável vida celestial preparou tudo para nossa jornada tão louvável ao inferno.

Acho que devemos ir imediatamente para a parede, pois não se pode saber quanto espaço restará após uma segunda pausa. Uma vez na parede, poderemos deslizar para o outro lado, até sairmos do cerco fatal, então poderemos tentar alcançar o portão de saída desse paraíso, de onde poderemos voltar ao já conhecido e tedioso caminho. Que Deus nos dê misericórdia e sorte e que a parede não nos falte. Acredito que seremos capazes de passar inteiros por essa situação horrível.”

Veja, depois dessas palavras, todos correm para a parede. Eles a alcançam, mas é alto demais para escalar. Nossa assembleia agora forma escadas vivas e conquista a parede. Eles finalmente se levantam, mas assim que o último homem é puxado, a parede começa a se curvar e nosso orador diz: “Amigos, não percam a esperança! Toda honra a Deus, o Mestre; agora só temos que ver onde vamos parar com justiça! Para mim, é tudo a mesma coisa, pois agora está claro que, exceto a Trindade Divina que ainda podemos ver, o nosso respeitável criado de mesa não se mostrará novamente. Apesar de sua promessa de voltar, ele nos deixou aqui com os mais terríveis problemas celestiais. E olhem, nossa parede inclinada se quebrou, e nós vamos, Deus sabe para onde!”

Devemos seguir e ouvir nosso orador ao longo do caminho. Sua assembleia parece sem esperança; apenas nosso orador se recusa a perder a esperança. Ele consola os participantes de seu destino da melhor maneira possível, dizendo: “Queridos irmãos, não suspirem por isso; o Mestre realmente quer apenas o melhor para o homem. Não sabemos para que serve a viagem. Talvez vamos embarcar em uma viagem verdadeiramente espiritual, jornada celestial excepcionalmente interessante, conhecendo o céu estrelado inferior, talvez acabemos até em algum mundo estranho e bonito. Digo apenas que prevaleça a Vontade do Mestre! Não podemos morrer; só se pode melhorar indo ao céu acima. Seria realmente terrível se continuássemos caindo assim para sempre, mas não se pode presumir, pois a trindade ainda visível diante de nós seria apenas uma aparência espiritual e fugaz. Já devemos estar bem no fundo, pois toda a imagem da trindade está ficando muito pequena. Não amigos, pode ser que seja assim, mas estou realmente preocupado sobre onde iremos parar após esta jornada aérea espiritual.”

Veja, alguém do grupo chama a atenção do orador para que veja águas poderosas bem no fundo. O orador agora também vê e diz: “Para tal superfície, uma parede certamente não forneceria nenhuma proteção digna de nota; mas não posso mais me importar com nada, pois em tais circunstâncias eu realmente tive o suficiente da vida! Aconteça o que acontecer, com ou sem água, para mim é tudo igual!”

V eja, a assembleia chega à água; seu pedaço de parede se transforma em um pequeno barco, e toda a assembleia se encontra ilesa. O vento começa a soprar, e o barquinho acelera sobre as ondas.

Na direção entre a manhã e o meio-dia, como se pressionasse a partir da água, surge uma bela e extensa terra, e nosso orador diz ao seu grupo: “Eu disse que não perderíamos muito no céu anterior. Toda honra e graças a Deus, o Mestre, pela salvação milagrosa! Até nosso servo da mesa é perdoado por tudo; mas se eu o encontrasse, ainda assim lhe daria uma reprimenda!”

Olhe agora, o barquinho está se aproximando da terra; mas dê uma olhada mais de perto, na praia está de pé nosso conhecido criado de mesa, esperando a rápida companhia de navegação. Nosso orador também o reconhece agora, pois ele olha para a praia com espanto.

O que acontecerá a seguir, veremos na próxima vez.

CAPÍTULO 54

Resgate do céu aparente.

Agora veja, quanto mais o navio se aproxima da costa, melhor o orador reconhece seu criado de mesa, do qual ele ainda se lembra bem. Ele, portanto, volta-se para a sua assembleia, dizendo: “Olha aí, se não é o nosso justo criado de mesa, bem ali na superfície sem água. Oh, é ele; todo o seu jeito, seu rosto, seus longos cabelos loiros. É certo sim, quanto mais nos aproximamos, mais eu o reconheço! Se eu tivesse apenas um pouco de onipotência, gostaria de enviar-lhe uma pequena tempestade. Já que não posso fazer isso, ainda assim, quando estivermos juntos novamente, o atingirei com algumas palavras afiadas e bem escolhidas da minha boca. Simplesmente não posso acreditar que no reino espiritual, isto é, no céu suspeito e aqui embaixo em terra, podem ser encontrados dois espíritos exatamente iguais, como duas gotas d'água. Devemos, portanto, fingir que nunca o vimos, mas esperaremos para ouvir o que ele dirá quando todos estiverem em terra. Se ele não disser nada, iniciarei uma conversa e determinarei se ele é criado da mesa ou não!”

Alguém da assembleia diz ao palestrante:“Escute, amigo, suponha que este espírito que claramente está nos esperando, seja nosso conhecido criado de mesa, então penso muito diferente de você sobre a forma como devemos interagir com ele, amigo e irmão. Olha, de fato foi totalmente nossa a vontade de sair do céu, sempre sentados, comendo e bocejando. Não me surpreende que ele não tenha vindo até nós lá em cima, pois, permita-me, ele recuou após sua partida, por você ter citado o texto errado. Em segundo lugar, nenhum de nós atendeu seu conselhos sobre o nosso código de conduta. Que ele nos deixou por conta própria e nos deixou em grande embaraço, descubro, notando que realmente o tratamos de forma bastante brutal, que recebemos o que merecíamos. O fato de termos sido milagrosamente salvos e estarmos ilesos, provavelmente deve ser agradecido a ele, e acredito que devemos deixar de lado nossa tempestade, nossas palavras afiadas e abordagem rude. Ele pode, de novo, de nos esquecer e deixar a terra já tão perto, como naquele céu.”

O orador diz:“Muito estimado amigo e irmão, com toda a bondade, você está certo. Fiquei um pouco acalorado, mas suas palavras me trouxeram sobriedade novamente. Este servo poderia muito bem ser um anjo disfarçado, embora eu não tenha visto nenhuma asa nele, mas ele poderia mantê-las sob sua roupa. Se for assim, que a Santíssima Trindade esteja comigo; então eu certamente me sairia mal, pois tal anjo tem que ser terrivelmente forte. Certa vez, um espírito verdadeiramente piedoso me disse que tal anjo poderia, com seu enorme poder, facilmente dividir a Terra em duas com apenas um golpe de sua grande espada flamejante. Se o tratamos aqui um pouco rudemente, poderá muito bem ser revelado que ele tem debaixo de sua roupa, além de suas asas, também uma espada flamejante. Não quero falar mais sobre o que ele poderia fazer à luz de nossa total fraqueza.”

O outro diz:“Sim, sim, caro amigo e irmão, novamente você está certo. Mesmo que ele não pareça ser tão versado nas Sagradas Escrituras, ele ainda pode ser um anjo de verdade; portanto, nós o encontraremos em grande humildade.”

Um terceiro na companhia comenta: “Escutem irmãos, seis olhos veem melhor do que dois! Creio que não devemos fazer nenhum barulho sobre a Sagrada Escritura e a mistura do texto, ou melhor, a mudança de nomes. Como podemos saber que lugar a palavra divina tem com os espíritos celestiais e especialmente com os anjos? Como ele a lê e entende? Pode muito bem ser que João realmente tenha feito esta proclamação sobre Cristo, mas que não tenha sido escrita; também, de acordo com muitas tradições, até onde eu sei, também uma carta inteira de Paulo se perdeu para o mundo. Essas coisas não se perderiam no Céu. Portanto, penso, como já disse, que devemos agir com muito mais modéstia, por causa de nossa ignorância sobre essas coisas. Vocês sabem que eu mesmo fui sacerdote na Terra e até doutor em Teologia e me consolei com o pensamento de que, se tal parte perdida tivesse sido imperativa para a salvação do homem, o Mestre nunca teria permitido que ela realmente se perdesse. Também acho que tal documento deve estar presente no Céu por causa de um propósito espiritual superior, na forma mais pura.”

Veja, também o orador e todos os outros estão plenamente satisfeitos com a proposta.

Neste meio tempo, nosso navio chegou à praia e toda a assembleia de mais de cem homens desembarcou na praia, onde o criado de mesa está esperando por eles e os recebe com braços abertos. Nosso orador vai até ele com reverência, perguntando-lhe: “É você, ou não é você?”

O criado de mesa diz:“Sim, sou eu! E nos encontramos aqui novamente, como eu disse lá em cima. Você e seu grupo não cumpriram meus pré-requisitos, então tive que alterar os meus de acordo com o grau do seu desvio. No entanto, quero libertá-lo do céu aparente. Portanto, eu, de acordo com sua mudança, tomei outro caminho, para tirar você e sua assembleia do céu aparente.

Você me pergunta qual o significado altamente maravilhoso de uma viagem tão peculiar e também me pergunta qual seria o significado conspícuo entre a solidez mostrada à mesa e o colapso completo do céu pouco depois, pois tal coisa em seu significado natural seria uma trapaça flagrante. Digo-lhe que tudo tem significado interior, porque quando eu, ainda à mesa, lhe mostrei a solidez do seu céu, não mostrei outra coisa senão o fundamento sólido do seu céu baseado em equívocos.

Mas, quando você começou a sentir perto de mim a imperfeição e a repugnante loucura do seu céu, você se levantou do centro do seu engano e fugiu com muitos que, secretamente inspirados por mim, compartilharam as suas percepções. No limite extremo ou em seu engano, mostrei-lhe tudo o que ainda o prende ao seu céu tolo. Você teve que prestar atenção nisso, mas mesmo no limite de seu engano você se agarrou aos seus conceitos e não quis ver o que eu lhe disse. Você quis, portanto, prosseguir em seu engano. Não eu, mas a palavra que falei com você, afrouxou seu engano, apesar de sua vontade de seguir seu próprio caminho, fazendo com que muitos rasgos se abrissem em muitos lugares, através dos quais você poderia facilmente ver o fundamento completamente errado de seu céu aparente.

Você, ainda muito fraco, foi isolado por uma nova fenda e, como tal, foi apanhado. Então seu engano afundou ainda mais, e você fugiu por cima do muro com a sua assembleia. A parede era a Palavra Divina que ainda pairava em você, mas seus fragmentos ainda lhe eram completamente incompreensíveis, tornando-a impotente para você e sua assembleia.

Tudo cedeu e caiu com vocês nas profundezas da Palavra, que até então ocupava apenas suas mentes; uma pequena parte caiu nas profundezas vivas de seus corações. Você logo viu água abaixo, ameaçando devorá-lo. Mas a água nada mais era do que a sabedoria visível do ´insight´ que se esconde mesmo no fragmento da Palavra.

Quando você secretamente começou a absorver a Palavra cada vez mais em si mesmo, ela o carregou até o limite de sua crescente capacidade de absorver mais, cada vez mais perto da costa sólida da vida. Você não poderia alcançá-lo antes que a Palavra conquistasse completamente o senso de superioridade do seu coração. A Palavra venceu e, portanto, você chegou à margem sólida.

Pense nos discursos tolos, que foram todos um produto de sua superficialidade bem-humorada; então você verá facilmente quão improváveis e vazios têm sido todos os seus conceitos sobre Deus e o Céu. Só agora você se encontra no primeiro e verdadeiro terreno da Palavra; procure, portanto, nesse terreno, então você, assim como sua assembleia, conhecerá Deus e o Céu de um ponto de vista completamente diferente.

Eis que entre a manhã e o meio-dia está um grande palácio. Você deve ir lá. Você deve encontrar lá tudo o que precisa.”

Nosso orador diz:“Oh, querido, amigo celestial muito apreciado, você não seria tão gentil em nos guiar até lá?”

O suposto criado de mesa diz: “Isso não é necessário, pois você não perderá o caminho, mas irei adiante de si na velocidade de um pensamento. Irei recebê-lo lá e apresentá-lo. Somente aí teremos mais luz sobre algumas palavras de João e Paulo; então veremos quem de nós é o mais capaz no terreno da Palavra. Siga meu conselho e vá para lá. Amém!”

Veja, o suposto criado de mesa desapareceu repentinamente e nossa assembleia, um tanto confusa, se pôs na estrada indicada. Nós os seguiremos novamente e testemunharemos todas as coisas memoráveis que ainda acontecerão.

CAPÍTULO 55

Primeira morada sólida depois do céu aparente. Trindade incompreensível. O Cristo do Evangelho.

Nosso palestrante diz para seu grupo: “Isso é curioso demais! Até agora, sempre acreditei que os espíritos só poderiam desaparecer tão instantaneamente para as pessoas na Terra, mas que os espíritos se tornem invisíveis para espíritos é algo completamente novo para mim. Quem puder me dizer como esse espírito, que, sem dúvida, deve ser um anjo, pode desaparecer de nossos olhos tão instantaneamente, sabe mais do que eu. Pela minha pobre vida! Acredito que o homem preferiria na Terra dar uma mordida na Lua, do que encontrar uma resposta para esta questão.”

Outro lhe responde:“Caro amigo, não acho estranho, pois muitas vezes ouvi na Terra que os espíritos podem viajar tão rápido quanto um raio. Porque o espírito angélico desapareceu tão rapidamente diante de nossos olhos, nada mais é do que uma confirmação do que muitas vezes ouvimos na Terra.”

Um terceiro diz: “Amigos, isso é muito bom em relação ao nosso criado de mesa ser um anjo, mas para um voo tão instantâneo, ele certamente teve que colocar suas asas em movimento. Enquanto eu não vejo asas em um anjo, não acredito que seja um anjo, pois todas as pessoas piedosas na Terra sempre teriam visto anjos com asas, o que sempre só foi possível em uma condição chamada de êxtase espiritual, sempre com os olhos espirituais. Se as pessoas piedosas sempre viram anjos com asas, por que não nós, que agora somos totalmente espírito?”

O primeiro orador diz: “Amigo, devo honestamente lhe dizer que tal desejo vem de uma atitude espiritual muito fraca. Todos sabem que as asas representam apenas grande velocidade e, como tal, são apenas uma aparição. Tal espírito pode, portanto, muito bem ser um anjo sem ter um par de asas visível. O mais notável é, como já disse, que um espírito pode tornar-se invisível para o outro espírito. Não me incomoda que nós, sendo espíritos, não possamos agir tão rápido quanto nosso criado de mesa, pois certamente é preciso alguma prática para isso; continuem aprendendo! Mas, como eu disse, não posso deixar de desaparecer. Chega disso. Quando o encontrarmos novamente, como ele mesmo disse, ele nos explicará.

Em vez disso, absorvamos o ambiente verdadeira e maravilhosamente belo; verdadeiramente, para mim, certamente é mil vezes mais bonito do que nosso céu antes tão exaltado. Eu gostaria de morar aqui e me tornar um fazendeiro feliz lá nas montanhas. Basta olhar para a grama exuberante, as árvores magníficas, a bela alameda com árvores que parecem ter as frutas mais nobres e também os pequenos riachos... Olhe ali, à nossa frente, como a vasta e bela planície é cercada por reluzentes cordilheiras e como todas as montanhas são adornadas com maravilhosamente belos edifícios, semelhantes a palácios. Se meus olhos não me enganam, então também vejo nas montanhas próximas seres vestidos de branco, vagando pelos palácios. Isso me cai bem! Tal ambiente me parece muito mais um paraíso, do que aquele onde ficávamos sentados como pólipos gulosos.

Sim, isso é excepcionalmente bonito. A trindade realmente não está em lugar nenhum, mas todo esse ambiente é iluminado por um sol brilhante. Se posso ser honesto, devo admitir que posso facilmente deixar de contemplar a trindade diante da visão desse esplendor.

Outra ideia me ocorreu: Seria, além de toda beleza, o ápice de toda alegria, se pudéssemos encontrar o Cristo-Mestre em algum lugar, como quando viveu na Terra e ensinou Seus discípulos.

Há ainda outra coisa que devo admitir honestamente: É realmente algo exaltado contemplar a Trindade Divina, mas eu seria um mentiroso infame no fundo do meu coração, se alegasse que ela me deu alguma medida de um sentimento caloroso de amor. Na verdade, eu me forcei tanto quanto possível, mas falhei em abranger as três personalidades em igual medida com meu amor. Se eu gostasse do Pai, então não poderia gostar do Filho ao mesmo tempo. Quando descobri isso em mim, pensei que o Pai, assim como o Filho, poderia ter levado a pior... Eu gostaria apenas de gostar do Filho, então me perguntei se o Pai teria se contentado com isso?

Também devo admitir honestamente que minha luta interior para amar o Espírito Santo na forma de uma pomba foi inútil. Eu poderia muito bem ter amado um pedaço de madeira em vez Dele, altamente impessoal. O Espírito Santo é o menor dos meus amores; eu nunca poderia compreender o Seu ser e imaginar qualquer coisa Dele. Pai e Filho de certo estão mais próximos do meu coração. E se não houvesse dois, mas apenas um, então eu não poderia gostar de um ou de outro.

De fato, eu tinha pensamentos secretos de que se Cristo descesse por uma vez de Seu alto trono e fosse a algum lugar onde eu pudesse encontrá-Lo sozinho, eu realmente seria capaz de amá-Lo do fundo do meu coração; mas com meu amor ainda muito insuficiente pela luz inacessível, eu não posso, como disse, aproximar-me nem do Filho nem do Pai em sua luz inacessível. Acho completamente antinatural focar o amor, seja espiritual ou fisicamente, em algo no infinito, pois o amor deseja um objeto alcançável − amar algo inatingível é uma loucura absoluta para mim.

Quando eu ainda estava na Terra, uma vez quis ver se poderia me apaixonar por uma bela estrela. Observei tal estrela por longos períodos e forcei meu coração o máximo que pude; mas você acha que eu pude cultivar em mim o amor verdadeiro por aquela estrela, como por um bom amigo ou uma amiga simpática? Oh, eu nunca pude fazer isso! Da mesma forma, não muito melhor se dava com meu amor à Trindade e ao santíssimo sacramento do altar. Todas as vezes que eu comungava e tinha que perguntar ao meu coração se meu coração ansiava mais pelo sacramento ou mais por minha esposa e filhos, tive que admitir, para minha vergonha, que meu amor por minha esposa e filhos era muito mais forte do que pelo santo sacramento. Da mesma forma, nunca consegui realmente incluir a Trindade, assim como o santo sacramento do altar, em meu coração, mas só pude abordá-la com uma espécie de santa reverência. Sim, eu de fato fui tão longe com minha santa reverência, que considerei o amor natural do coração por Deus, literalmente, um pecado.

Só com Cristo foi diferente. Quando eu lia seus evangelhos, eu sempre me imaginava presente. Durante minha pobre vida, sempre pensei que, se eu verdadeiramente tivesse a misericórdia dos apóstolos, eu mesmo teria me tornado um apóstolo; eu teria, sem esforço, deixado esposa e filhos por puro amor a Ele! Sim, devo dizer que, de fato, se pensasse bem, teria feito tudo unicamente por amor ao Cristo dos evangelhos, ao qual me incitaram os poucos sonhos felizes que tive com Ele.

Eu involuntariamente continuo lutando em mim mesmo com a Santíssima Trindade e o santo sacramento do altar. Porque meu coração sempre foi tão frio quanto o gelo do polo Norte em relação a essa exaltação tão misteriosa e incompreensível. Amigos, não quero impor nada a ninguém com minha confissão; eu apenas expus abertamente o meu coração nesse ambiente livre. Você também está livre para fazer o mesmo, ainda há tempo suficiente antes de chegarmos ao palácio indicado.”

Muitos da companhia respondem:“Amigo e irmão, podemos honestamente assegurar-lhe que não se deu nem um pouco melhor conosco a esse respeito. Acreditávamos em tudo obsequiosamente, mas muitas vezes ficávamos cheios de uma reverência misteriosa e santa que nos emburrecia completamente, só depois encontrávamos nosso descanso no Cristo evangélico. Nossos corações, portanto, muitas vezes se inflamaram com um amor maior pela bendita mãe de Deus, bem como por muitos outros santos, do que pela santíssima alteza divina, a quem, de fato, tememos. No entanto, incitar o amor por Aquele que estamos temendo tão terrivelmente exigiria algum esforço. Depois, há a questão se conseguiríamos ver a bem-aventurada virgem Maria ou qualquer outro santo nessa região, pois no céu que estivemos, também não havia sinal deles. Amigo, você que ainda tem o melhor raciocínio, talvez possa nos dizer algo a respeito.”

O orador diz: “Queridos amigos, acho que não devemos perguntar muito sobre esse assunto, mas apenas nos esforçarmos para chegar ao palácio indicado o mais rápido possível, para recebermos lá a explicação prometida sobre a Palavra de Deus que não entendemos, especialmente as de Paulo e João. Em segundo lugar, podemos, já que não somos mais capazes de ver a Trindade Divina, nos apegarmos mais fortemente ao nosso Cristo evangélico. Segundo Sua proclamação − ´Na casa de Meu Pai há muitas moradas’ − esse lugar parece muito mais um céu do que o céu lá de cima onde vivemos, sendo ele apenas uma morada.

Chega disso agora, pois olha, nosso suposto criado de mesa já vem nos encontrar! Vamos ao seu encontro silenciosa e pacificamente.”

CAPÍTULO 56

A caminho de Cristo.

Veja, eles chegaram todos juntos e nosso suposto servidor de mesa pergunta ao nosso palestrante como eles gostaram da viagem até aqui e o que eles discutiram.

Nosso orador diz: “Caro amigo e irmão de um certo alto cargo, eu lhe cito um velho ditado que diz: ´Muito balido, pouca lã!´; assim foi conosco. Falamos sobre muitas coisas insignificantes entre nós que, juntas, acrescentariam pouco peso à balança da verdade. Acho, portanto, que não seria necessário repetir a loucura que você poderia ter lido em nossos rostos. Exceto por um assunto que certamente não é importante só porque eu falei, mas porque é importante mesmo.”

O suposto criado de mesa pergunta ao locutor:“Em que consistiria o assunto significativo? Olha, ainda temos uma boa distância a percorrer até o palácio; você pode me dizer.”

N osso palestrante diz: “Caro amigo e irmão, se você quiser me ouvir pacientemente, eu realmente gostaria de lhe dizer em que consiste o assunto mais importante para mim e para todo o meu grupo. Você me faz um gesto e diz que posso falar; portanto, trarei à tona tudo o que puder encontrar em mim, abertamente. Eu já tive na Terra tais imaginações fantásticas, mas elas não passavam de fantasias volúveis e passageiras que sempre, como era apropriado, deram lugar à minha fé católica. Minhas fantasias consistem, e atualmente existem ainda mais fortes do que antes, no seguinte: Em primeiro lugar, para mim, sempre foi incompreensível a tão exaltada Trindade, à qual nunca fui capaz de elevar completamente o amor do meu coração, independentemente do que eu fiz ou quis. Eu, de fato, nutria um medo lamentável, junto com um imenso temor sagrado. Essa era a extensão do que eu podia sentir pelo Ser mais sagrado e trino.

Eu não poderia fazer mais, impossível trazer meu coração para Deus. Se considero que o homem deve amar a Deus acima de tudo e com todo o poder de sua vida, eu me pergunto: É assim com você, ou você realmente gosta de sua esposa, filhos e amigos no fundo do seu coração, não obviamente mais do que a Santíssima Trindade? Sempre surgia em mim a resposta inequívoca de que amava minha esposa, filhos e muitos de meus amigos muito mais do que a Trindade. Sim, devo acrescentar, para ser sincero, que não conseguia entender como era possível ao homem amar tal Trindade.

Quanto mais foco meu amor no maior e mais poderoso, mais me conscientizo de que o homem não é capaz de reunir o amor a todos os grandes. Tentei fazer isso por meio de várias fantasias. Uma vez pensei comigo se seria capaz de amar uma mulher bonita, caso ela fosse do tamanho de uma torre de igreja. Eu imaginei tal mulher para mim tão vividamente quanto possível, e o Céu saberia dizer se minha imaginação o fez, ou se foi um ou outro espírito; no entanto, eu realmente vi uma figura feminina imensa. Pelo que consigo lembrar, poderia realmente chamar a figura de bonita, mas, em vez de o amor despertar em meu coração, um medo infernal tomou conta de mim. Ficou claro para mim que o coração humano não é capaz de amar coisas mui grandes, mas que se deixa abalar por elas, como uma criança tímida vendo pela primeira vez um herói de capa e espada.

Da mesma forma, perguntei ao meu coração se seria capaz de amar uma montanha ou toda a Terra. Eu tentei acender todo o meu amor em meu coração por isso, mas ele me acompanhou como um homem sem muita força tendo de pegar uma bigorna excepcionalmente pesada. Nesse esforço, imaginei-me então como um grande herói e pensei comigo mesmo que ele ama muito a Terra, já que lutou muito para possuí-la. Porém meu coração me disse que tais heróis não amam a Terra, mas apenas a si mesmos; eles não querem ser pais, mas apenas mestres e governantes na Terra. Quando descobri isso, tive meu princípio confirmado, ainda mais que o homem nunca pode abarcar um objeto de amor grande demais. Da mesma forma, tentei me apaixonar de uma estrela. Também não foi possível, pois estava longe e me senti como um peixe fora d`água, ansiando por água… Com exemplos tão estranhos de amor, muitas vezes investiguei meu coração, mas nunca deu em nada. Não me saí nem um pouco melhor em relação à Trindade; na verdade, bem pior.

Quanto às provas de amor, não tive outro temor senão pela gigantesca aparência feminina. No entanto, sempre tive um medo imenso da trindade, porque só conheci o Ser Mais Santo por meio da minha fé, e Ele é para mim como um juiz implacável e rigoroso, tendo apenas misericórdia das pessoas durante sua curta vida na Terra, na premissa de arrependimento pleno.

Depois que um homem morre, essa misericórdia limitada chega ao fim por toda a eternidade e nada espera o homem além da condenação eterna e, no caso mais feliz, o terrível purgatório. Não se fala do Céu antes do juízo final. Se afinal acontecesse, nem um único anjo saberia. Um longo tempo de bem-aventurança foi prometido, mas de fato nada como o que acabamos de experimentar.

Se você, caro amigo, puder unir tudo isso − primeiro, o mais curioso, misterioso e insondável Ser da Trindade de Deus; segundo, o rigor indizível e implacável deste Ser como juiz; terceiro, o inferno, o purgatório e o último julgamento e, em quarto lugar, o Céu eterno bocejando e engolindo, acompanhado de descanso eterno − então eu gostaria de conhecer o coração que será capaz de abraçar com o maior esforço e amor ardente um Deus tão lamentável.

Veja, nossa doutrina ensina que o pão sacramental (hostie) do mosteiro é infalível e irrefutavelmente a Divindade perfeita. Há muito mais igrejas e cada igreja tem muito mais hosties de mosteiros. Quando vários padres liam a missa simultaneamente e não tinham consagrado tudo simultaneamente, amigo, muitas vezes me custou bastante esforço imaginar o verdadeiro Ser Divino em cada hostie, como de fato, perfeitamente e indivisível. Como me saia com tal pensamento? Verdadeiramente, eu não podia tirar de mim a ideia de múltiplos deuses, especialmente quando eu pensava e via com meus próprios olhos o Santo dos Santos exibido, no qual residia a presença do Deus perfeito. Então havia um Deus ainda perfeito, mostrado por múltiplos sacerdotes como encarnado? Eu não me livrava da ideia de múltiplos deuses − mais de cem – dentro do uso da cerimônia de comunhão total.

Você pode imaginar meu estado de espírito, especialmente se eu quiser abraçar a hostie com meu amor? Ao ver muitos hosties, eu só podia imaginar apenas um; assim, fui forçado a não amar ninguém. Pude sentir a maior sinceridade em relação ao ostensório, pois ele permaneceu o mesmo. Isso ainda é o mínimo da minha loucura.

Mas há outro pensamento queria se apoderar de mim e eu nunca me atrevia a processá-lo. Eu imploro que você não ria de mim, se eu lhe contar. Olha, é o seguinte: Se eu olhava para um deus-hostie tão perfeito, muitas vezes me vinha o pensamento duvidoso pelo qual eu me perguntava se este seria o Deus perfeito e verdadeiro, tal como minha fé me ensinava. Como é, então, com o Deus real no Céu? Ele tem que descer completamente, ou o Pai fica no Céu enquanto o Filho vem para baixo, ou o Espírito Santo permeia este serviço? Muitas vezes tenho perguntado sobre isso, mas nunca recebi outra resposta além de que é um mistério divino insondável e é um dos maiores pecados refletir a respeito e poderia levar ao pecado contra o Espírito Santo.

Eu tive que suprimir meus pensamentos estúpidos tanto quanto possível, pois vi mui claramente que o homem nunca chegará a uma conclusão sobre isso na Terra; portanto, sempre me consolei com o mundo espiritual. Eu realmente pensei nas palavras de Cristo que disse que elas são o Seu Corpo, mas não a Sua Divindade. Mesmo isso não me ajudou muito. Eu me senti melhor quando pensei que era o pão vivo do Céu, que seria o alimento para a vida eterna do crente, e vivi com esta fé o melhor que pude, até o fim da minha vida terrena.

Amigo, essa era minha fantasia número dois. O número três pertence ao Cristo evangélico. Devo admitir a você, agora que tenho estado honestamente apaixonado por Ele tal como uma Madalena. Se eu sonhasse com Ele e visse muitas cenas de Sua vida terrena diante de mim, devo dizer a você, meu coração se inflamaria. Não sei se isso aconteceu e fiz o melhor que pude; no entanto, não fui capaz de vê-lo como um juiz implacável, apesar do ensinamento católico. Pela cena com o assassino na cruz e como Ele, enquanto morria na cruz, implorou ao Seu Pai que perdoasse aqueles que O insultaram. Então temos as parábolas do filho pródigo, do samaritano misericordioso, do cobrador de impostos, do fariseu no templo, da adúltera e muitas outras. Tais parábolas sempre foram uma forte parede contra a qual minha fé católica no julgamento não podia prevalecer.

Então estou imaginando o Céu como uma paisagem muito bonita, onde alguém teria a alegria indescritível de encontrar Cristo, ser ensinado por Ele e tornar-se ativo na atividade caridosa e frutífera de amor, sendo um discípulo Dele; então seria de fato o céu como nenhum mortal sobre Terra poderia imaginar algo mais belo, mais feliz e mais exaltado.

Muitas vezes também pensei comigo mesmo que a cabana mais simples seria o mais alto céu para mim, se eu pudesse estar com Cristo dessa maneira, mesmo que fosse apenas de vez em quando! Sim, também não poucas vezes pensei que se eu pudesse ter meu amado Cristo, então eu não pediria mais um Céu ou uma Terra feliz!

Veja, amigo e irmão, essas são minhas fantasias. Os pensamentos são livres e, portanto, tudo pode ser como Deus quer! Você pode pensar como quiser; se você achar que podemos aprender algo com isso, então é bom; se não, então a Vontade do Deus trino e Todo-poderoso prevalecerá!”

O suposto criado de mesa olha para o nosso orador com um sorriso e lhe diz-lhe: “Ouve, meu caro amigo, as suas fantasias são melhores do que pensas, especialmente o seu terceiro item é, sem dúvida, o melhor. É verdade que coisas, relacionamentos, caminhos e conselhos eternamente insondáveis estão realmente dentro da Divindade, que não pode ser entendida como um ser criado; mas com relação ao seu amor por Cristo, uma luz brilhante logo surgirá para você. Posso dizer com antecedência que seu paraíso fantástico será de fato uma herança sua e de seu grupo no devido tempo!”

Já que estamos agora à porta do palácio, entraremos, onde você experimentará mais detalhes.

CAPÍTULO 57

O palácio residencial da assembleia. A semente do reino celestial. A Palavra de Deus.

Nossa companhia olha com admiração para o portão, pois ele é feito de ouro reluzente, e as bordas são cravejadas de diamantes e rubis.

O orador imediatamente diz ao suposto criado de mesa: “Mas amigo, isso é bom demais; posso alegar que o valor do portão realmente ultrapassa todos os tesouros e riquezas da Terra. A altura do portão é de pelo menos três klafter e é realmente de ouro maciço! Estou omitindo o valor do ouro, mas os diamantes e rubis do tamanho de um punho...; oh bondade celestial!

O César mais rico não seria capaz de comprar um, mas aqui estão facilmente algumas centenas! Para que propósito, então, tal extravagância?”

O suposto criado de mesa diz: “Amigo, está bom assim. Não há desperdício com Deus. Você já contou as estrelas no céu, cada uma brilhando com sua própria luz, algumas delas mais de um milhão de vezes maiores do que a Terra em que você viveu? Você também não gostaria de saber para que propósito tal extravagância de sóis no universo imensurável? Olha, o Mestre é rico e Seus tesouros são imensuráveis; portanto, tal pequeno adorno jamais contaria como uma extravagância.

O adorno do portão de entrada é muito prático e significativo, permitindo que você veja quanta fé verdadeira e quanto amor bom você possui. O portão dourado denota a estrada de sua vida, sendo o resultado de sua verdadeira fé e seu amor ativo. Vamos agora entrar no palácio pelo portão.”

Olha, eles estão entrando agora. Vamos com eles, para estar lá imediatamente quando uma cena muito importante vai acontecer.

Agora olhe para o nosso orador; ele e toda a sua companhia estão parados ali, olhando estupefatos para os arredores. Por quê? Você pode facilmente adivinhar, pois nosso bravo orador não pode mais ver nada de todo o palácio; ele se encontra agora ao lado do suposto criado de mesa, em um grande templo de dez pilares. Os pilares são de diamantes puros, as bases dos pedestais são de ouro, os capitéis de ouro translúcido, o teto de rubis e o piso de ladrilhos, de ametista pura. Se alguém olhasse do templo para todas as direções, veria ao redor uma vasta e infinita planície, ocasionalmente interrompida por colinas que são adornadas com templos semelhantes. A planície em si está coberta de lindas árvores frutíferas de todos os tipos. Tudo está tão bem projetado, como se tivesse sido feito por um arquiteto paisagista muito famoso.

Agora vamos ouvir o que nosso orador terá a dizer e que resposta ele dará quando o suposto criado de mesa lhe perguntar se ele gosta do palácio. Sua resposta é a seguinte: “Mas maior amigo e irmão, o que é isso agora? Um novo truque celestial? Na minha fantasia, já vi os cômodos mais bonitos do palácio, mas mal entramos pelo portão e todo o palácio se foi como se tivesse explodido! No lugar do palácio, de fato, está aqui esse templo de beleza indescritível, cercado de outras belezas em todas as direções. Vê-se, em vez dos meus quartos fantasiosos do palácio, uma paisagem de beleza indescritível. Não, isso é mais uma vez inexplicável para mim! Quem pode explicar isso, deve ter nascido pelo menos dez mil anos antes de Adão, pois os filhos de Adão certamente não são capazes de suportar tal aparição. Diga-me, caro amigo e irmão, você entende algo disso?”

O suposto criado de mesa diz: “Não se preocupe muito com isso; vou apenas dar-lhe uma parábola que irá ajudá-lo a entender. Agora preste atenção! Se você, quando ainda na Terra, tivesse olhado para uma semente de grão, sempre a veria em sua forma simples. Você pega a semente e a coloca na terra. A semente logo morre; em seu lugar, cresce uma bela planta da terra, capturando toda a sua atenção. Aí você diz: ´Meu Deus, como é possível? Tudo estava presente na semente do grão?´ Seu sentimento e sua mente lhe indagam como o grão de semente se desenvolve assim, se tudo não estiver presente em seu caroço? Então você percebe que a beleza interior do grão de semente é muito maior do que a forma inicial externa e nua dele.

Bem amigo, o Mestre da humanidade não comparou o reino dos céus com uma semente de mostarda? Você diz que sim, pois que isso você sabe muito bem.

Pois lhe peço que agora preste atenção. O grão de mostarda é a Palavra em sua forma exterior ou literal, mas quando a Palavra é colocada na terra do coração, ela brota e se torna uma árvore na qual vivem os pássaros do céu. O que, então, a árvore representa? A árvore significa o interior, o espiritual. Os pássaros significam o celestial, o estado primordial de onde o Verbo tem sua origem.

Todo o ser da árvore descreve a sabedoria que vem do amor, e somente a sabedoria pode reconhecer o celestial. A árvore não produz, quando amadurece, uma riqueza mil vezes maior de sementes? E quando você semear novamente tal riqueza de sementes em seu domínio terreno, não será porque você já semeou mil outras vezes em vez de apenas uma, deixando mais de mil árvores brotarem, produzindo uma colheita significativa?

Você diz que sim, que certamente é assim; mas uma riqueza tão indescritível não foi evidente para você na primeira simples semente de grão?

Veja, assim é com o Céu. Você não pode simplesmente chegar a algum lugar no Céu, você deve criar o seu próprio céu. A semente do reino dos céus é a Palavra de Deus. Quem quer que a aceite e aja de acordo, colocou tal semente celestial em seu domínio terrestre, de onde crescerá como uma árvore.

Agora ouça um pouco mais! Quando chegamos ao portão do palácio, você viu que era decorado com diamantes, pois você tomou a Palavra em si mesmo; e com rubis, porque você agiu de acordo com a Palavra. Eram apenas sementes externas puras de grãos. O palácio retrata a sua vida, e o portão com diamantes e rubis mostra que você concedeu entrada a si mesmo por meio da Palavra de Deus.

Entramos pela porta; o que isso diz? Nada além de termos entrado no seu portão e no de todos os outros, entramos no significado interno da Palavra. Tal Palavra não é apenas uma palavra vazia, e não é verdadeira apenas no sentido literal, quando alguém diz que um é um e não dois. Tal Palavra é verdadeira em seu ser intrínseco! Tudo o que você vê, ouve e ainda saberá infinitamente mais de coisas mais profundas, já está criado e presente na Palavra Divina, como inúmeras plantas ou árvores já estão presentes com seus frutos em uma única semente. A única diferença é que um grão de semente só produz o que já está presente no começo, sem nenhuma mudança de forma, enquanto a Palavra de Deus, como a semente do Céu, se expressa em inúmeras variedades. E por quê?! Porque a Palavra de Deus é uma semente perfeita!

Acho que você, amigo, quando considerar bem isso, entenderá a aparição atual sem problema.”

Nosso orador diz: “Bom amigo, uma luz poderosa e completamente nova está começando a surgir para mim e para todos nós. Se eu agora pensasse em minhas ideias anteriores sobre o Céu, pareceria exatamente com uma visão noturna na qual eu às vezes me lembraria da luz do dia. Que riqueza deve haver em toda a Palavra do Mestre, se o primeiro broto do grão de mostarda já mostra tanta beleza! Sim, agora entendo o texto que diz: ´O reino dos céus não vem com aparência exterior, mas está dentro de você.´ Sim, ficou claro para mim agora!

Também começo a entender o motivo pelo qual você, lá no céu aparente, atribuiu um texto do apóstolo Paulo a João. Paulo é, de fato, também uma porta na qual as sementes da Palavra de Deus foram aplicadas em pleno esplendor; mas com João, sim, com o João inteiro, a plenitude da Divindade em Cristo irradia vivamente! Paulo, de fato, diz isso em um ou outro texto, mas parece mais uma semente. Com João, vem a expressão em toda a sua riqueza, sendo já uma planta. Certo?

O suposto criado de mesa diz: “Sim, tem razão. Olhe, o que vê agora é apenas o primeiro rebento. Segue seu crescimento, então colherá, no devido tempo, o fruto do plantio em plena maturidade!”

Nosso orador diz: “Sim, caro amigo, sim, você está completamente certo; a única coisa que ainda me falta, de fato, nada mais é do que meu Cristo amado acima de tudo! Se eu pudesse tê-lo comigo, então eu gostaria de expressar meu coração de uma forma que mal seria capaz de imaginar.”

O suposto criado de mesa diz: “Fique nesse estado de espírito, pois lhe digo que você está mais perto da luz do seu coração do que pensa! Verdadeiramente, se você se apegar fortemente à Cristo, então Ele estará com você!”

CAPÍTULO 58

Intensa saudade do Senhor. Um teste para o amor. O santo propósito.

O orador diz: “Caro amigo e irmão, suas últimas palavras soam particularmente reconfortantes, no entanto, quero observar que o verdadeiro domínio de Cristo provavelmente pode ser uma questão um tanto duvidosa, desde que Ele não esteja na minha frente. Eu, assim como toda a minha assembleia, já O levei em meu coração há muito tempo, mas o bom Cristo não permitiria que O tivéssemos literalmente conosco. Teria sido bom, caro amigo, sim, excepcionalmente bom, agarrar-se a Cristo com todas as nossas forças. Sim, todo o meu ser anseia intensamente por isso; mas Ele deve estar lá, ou pelo menos na região, e Ele pode nos deixar encontrá-Lo. Verdadeiramente, se chegasse a isso, eu não me importaria de ser expulso de mais mil céus assim por amor a Cristo, se eu pudesse saber que terminaria sempre aos pés de Cristo... Mas enquanto não tenho certeza disso, o amor de Cristo me parece como se eu estivesse suspirando em vão pelo ar mais abençoado da vida, como se alguém se encontrasse em uma atmosfera onde nenhum, ou muito pouco ar de a vida se fizesse presente.”

O suposto criado de mesa diz: “Você, então, tem muito pouco ar para respirar? Você fala como se tivesse que respirar fundo e com dificuldade aqui.”

Nosso orador responde:“Caro amigo e irmão, espero que você não tenha me entendido mal, pois penso que existem dois tipos de ar da vida. Primeiro o ar que está disponível em abundância e destina-se à necessidade viva dos pulmões; mas não me refiro a este. O coração é um ser superior que respira, o que, na minha opinião, significa que ele exala amor e também precisa inalar amor.

Veja, quando eu ainda vivia na Terra como humano, me apaixonei completamente por uma mulher, como já disse. Eu tinha ar suficiente para respirar naquelas circunstâncias. Se eu não estivesse perto de minha amada, sofreria uma sensação de sufocamento, apesar da abundância de ar para meus pulmões. Estando eu com meu amor à volta (e perdoe-me se agora usar uma expressão desagradável), então até mesmo o ar infestado de um banheiro me era mais agradável, se nada mais estivesse disponível.

É o mesmo comigo aqui, e toda a minha assembleia certamente não se sai nem um fio de cabelo melhor do que eu. Eu digo a você: Remova todas essas glórias celestiais e substitua-as por uma simples fazendinha bem aqui onde fica o palácio; dê-me, em vez dessas roupas macias, uma roupa simples de fazendeiro. E que todas essas árvores frutíferas luxuriantes abram caminho para uma espécie de pomar escasso e campos de centeio e trigo, mas, em troca, me dê Cristo! Então você me fará mais feliz, do que se me acrescentar outras mil regiões infinitamente mais belas à vista.

Sim, vou contar um pouco mais sobre o meu coração. Se fosse possível estar junto com Cristo no canto mais pobre da Terra, mesmo que pareça a porta do inferno ou o próprio inferno, eu ainda seria muito mais feliz e bem-aventurado do que sem a Sua presença visível e verdadeiramente humana no céu mais exaltado e magnífico! Acho, caro amigo e irmão, que isso já foi expresso com bastante clareza.”

Nosso suposto criado de mesa diz: “Meu caro amigo, eu o entendi muito bem, mas me parece que você coloca seu amor por Cristo no mesmo nível que seu amor terreno e sensual. Eu acredito que o amor pelo Mestre tem que ser de um caráter muito diferente daquele de uma futura noiva. Então eu penso que você, enquanto não puder discernir estes amores um do outro, você não será capaz de amar verdadeiramente a Cristo. Se você não pode amá-lo verdadeiramente, eu pensaria que Cristo reconsideraria antes que Ele aparecesse para você ou realmente viesse a você.”

Nosso orador diz: “Amigo, é mais fácil falar do que fazer. Se houvesse um segundo amor em meu coração que fosse mais digno do Senhor do que o que estou vivendo agora, eu o abandonaria imediatamente. Mas eu penso que, quando unifiquei todo o amor do meu coração (inclusive aquele que um dia senti por minha esposa) e direcionei tal amor concentrado já por muito tempo em segredo para o Senhor, eu posso dizer, do fundo do meu coração, que dei a Cristo tudo o que tenho; então não posso fazer, por enquanto, nada mais. Se todo esse amor for indigno do Senhor, então eu o troco a qualquer momento por outro mais digno ao Mestre. No entanto, mal posso acreditar que o Mestre queira que o amemos com outro amor além daquele que ele colocou em nossos corações.

Quando penso em todos os entes queridos do Mestre durante Sua vida terrena, ele realmente amou mais aqueles que vieram a Ele com o amor mais natural e infantil de seus corações. Como João, a quem o Mestre provavelmente beijou a torto e a direito e até mesmo deitou em seu peito na Ceia do Senhor, que era Seu amado. O mesmo aconteceu com Maria, irmã de Marta e não menos com Madalena, que estava verdadeiramente apaixonada por Ele. Exatamente por esse seu grande amor, ela foi a primeira a vê-lo depois de sua ressurreição. O exemplo mais tátil foi dado pelo querido Senhor Cristo quando as pessoas Lhe trouxeram seus filhinhos, e Ele disse: ‘Deixai vir a Mim os filhinhos e não os impeçais, porque deles é o reino dos céus!’ Veja, as criancinhas certamente não sabem nada sobre o amor mais elevado e digno, mas elas abraçam o Senhor Todo-poderoso do Céu e da Terra com amor totalmente infantil e natural. Em seguida, o Mestre disse a Seus apóstolos e seguidores: ´Se não vos tornardes como essas crianças, não herdareis o reino dos céus!’

Olha, caro amigo, é isso que me dá coragem para amar o Mestre com meu amor natural e infantil;

e quem sabe se tal amor tão simples não é muito mais agradável a Ele, do que se eu O amasse com o amor mais puro de um serafim. Gostaria de amá-Lo com o amor de um serafim, se eu o possuísse!

Verdadeiramente, guardarei meu coração na manga; mas agora devo clamar junto com o melhor apóstolo Paulo: ´Meu amado Cristo, veja, obviamente não tenho nem ouro nem prata em meu coração, mas quero dar-Lhe tudo o que tenho, se eu puder ter Você!´, compreende isso?”

Nosso pretenso criado de mesa abre os braços e, segurando todos bem, diz ao nosso orador (e por Ele, à toda a congregação) : “Amado amigo e irmão, na verdade Eu te disse: `Toma Cristo em ti, então Ele estará presente!`. Você O aceitou e, portanto, aconteceu o que eu lhe disse, pois Cristo veio a você e você nunca mais ficará sem a companhia Dele. Portanto, pode abraçar o seu Cristo amado para o contentamento do seu coração!”

Nosso orador, cujo coração estava realmente comovido de amor, pergunta ao ainda suposto criado de mesa: “Maior amigo, onde está Ele? Onde, para que eu e toda a minha congregação possamos nos prostrar diante de Seus pés?”

O ainda suposto criado de mesa diz: “Amigos e irmãos, Ele está aqui diante de vocês! Eu sou Aquele a quem corações têm procurado! Eu estive com você desde muito tempo atrás, procurei por você e o trouxe aqui. Portanto, aproxime-se de Mim, e Eu o levarei para onde vivo, entre aqueles que Me amam tanto quanto você. Em verdade, não peço ouro nem prata, mas o amor infantil por Mim! Se Eu quiser beleza e esplendor, queridos amigos e irmãos, certamente posso decorar todo o infinito.

Eu sou um verdadeiro Pai para vocês, Meus queridos filhinhos e, portanto, seus corações em sua simplicidade infantil valem mais do que toda a magnificência dos céus! Venham, portanto, Comigo!”

Vejam como tudo mudou de repente. Toda a nossa congregação agora abraça o Mestre, acaricia-O e se inclina para o Pai como as crianças fazem quando não veem seus pais por muito tempo.

O Mestre agora os conduz como um bom Pai e lhes dá a conhecer as Suas maravilhas ao longo do caminho. Vejam que felicidade emana dos rostos de nossa congregação!

Nosso orador grita: “Oh, que jornada! Nosso Santo Padre está levando Seus filhos para onde mora!”

CAPÍTULO 59

A chegada na manhã eterna. O poder de Deus é limitado pela educação da mente humana.

Você pergunta se devemos continuar a seguir a procissão. Eu lhe digo que também isso é essencial. Você deve ver tudo do começo ao fim, pois nossa assembleia agora está totalmente maravilhada e completamente dominada pelo Amor pelo Senhor. Somente na caminhada deles será organizada uma onda de amor; lá, na melhor fonte, nosso orador terá muitas perguntas a fazer.

É bastante prevalecente entre os melhores católicos-romanos que eles entrariam no reino dos espíritos com um desejo excepcional de Luz e, portanto, também agora, no verdadeiro Céu. Portanto, eles farão mil perguntas para iluminar todos os cantos que foram mantidos escuro s durante sua vida física.

Olha, já estamos perto do lugar certo. Nossa conhecida paisagem montanhosa está nos acolhendo novamente; o sol está no céu, irradiando uma luz avermelhada maravilhosamente bela. Nossa empresa percebe isso e fica maravilhada com a simplicidade do ambiente que se lhe apresenta.

Existem as casas familiares e os moradores já conhecidos. Veja como estão plenos de alegria o Pai e os demais companheiros que correm para encontrá-Lo.

O Pai os recebe também de braços abertos, dizendo: “Vejam só como Eu voltei a ficar mais rico! Todo trabalhador é digno de sua recompensa; vejam, Eu também trabalhei e trouxe Minha recompensa Comigo. Trago-lhes novos irmãos e irmãs, e eles estarão ao Meu redor assim como vocês, para que Minha Palavra se cumpra na eternidade. Onde Eu estiver, estarão também os Meus servos; e aqueles que Me amam viverão comigo!”

Nosso Mestre agora se volta para o orador e diz: “Bem, meu amado amigo e irmão e filho, veja, este é meu lugar favorito; o que você acha?”

Nosso orador O retruca, dizendo: “Ó Mestre, como Você pode me perguntar isso? Prefiro perguntar-Lhe como Você gosta daqui, pois, no que me diz respeito, onde quer que Você esteja e viva, o melhor é onde Você está e onde for mais conveniente para Você.

Verdadeiramente, parece aqui como aconteceu lá na Terra com nossos pobres fazendeiros. Que bela vista se tem aqui! Lá embaixo, a vasta e infinita planície...; quão magnificamente ela é adornada! Há cidades e palácios incrivelmente belos em números incompreensivelmente grandes; e parece não haver fim para a gloriosa região montanhosa com suas habitações amigáveis diante de nós.

Mas como é que a planície lá embaixo parece muito mais bonita do que esta região montanhosa? Oh, eu sou um trapalhão; só agora percebo que estou novamente me perdendo em mil perguntas. Por favor, me perdoe!”

O Pai pega o nosso orador pela mão e lhe diz: “Olha, na região lá embaixo moram muitas pessoas que viveram uma vida justa somente por meio de sua fé. Entre elas estão principalmente os chamados protestantes e outras seitas cristãs. Mais ao fundo, vivem pagãos que viveram uma vida reta na Terra, de acordo com sua fé, e somente aqui receberam a fé em Mim. Lá, mais ao fundo, na região que se estende entre o meio-dia e a noite, está a habitação dos cristãos católicos, que se autodenominam em parte católicos-romanos e em parte greco-católicos, mas não puderam se purificar completamente de seus enganos aqui sem prejuízo para suas vidas e liberdade. Eles não são de forma alguma infelizes, também desfrutam de grande bem-aventurança. Eles também não estão presos à sua região; poderão, portanto, progredir quando chegarem à Verdade, por meio de uma consciência mais profunda dela.

Você gostaria de saber em que consiste tal engano? Olha, tal engano se baseia no seguinte: quando alguém, por temor a Deus, aceita a fé por dever e depois vive uma vida fiel de acordo com ela, não consegue abraçar a Deus com verdadeiro amor, porque O teme demais. Esse medo exagerado de Deus é um erro tão arraigado, que não pode ser facilmente removido deles sem prejuízo para sua vida e liberdade.

Você realmente questiona como pode o Todo-poderoso permitir tal coisa; no entanto, quando se trata da plena liberdade de um ser, devo renunciar à Minha Onipotência. Se Eu a usasse, seria o fim de tal pessoa, e Eu criaria máquinas ao invés de crianças que vivem, pensam, trabalham e agem livremente. Seriam apenas implacavelmente forçadas, mas nunca agiriam voluntariamente de acordo com a Minha Vontade. Portanto, só posso usar Minha Onipotência quando for absolutamente essencial e ainda assim sem nunca limitar o espírito livre em seus pensamentos e atos. Dar-lhe-ei um exemplo que mostrará como emprego Minha Onipotência.

O mundo natural e a formação de todos os seres, em geral, é obra da Minha Onipotência. Quando os espíritos livres tiverem tomado a vida de Mim para dentro de si mesmos com base na Minha Palavra e na seguinte vida guiada, então Minha Onipotência cuidará para que tais espíritos libertos sejam capazes de ver abundantemente e imediatamente fazer uso livre de tudo o que desejam, reconhecendo a si mesmos como úteis, bons e verdadeiros.

Esta região aqui embaixo é principalmente uma obra da Minha Onipotência e corresponde completamente ao que estes espíritos têm em si mesmos como verdades de sua fé e com as boas obras que eles fizeram por causa disso. É o caso em todos os lugares, onde quer que você vire seus olhos, seja o meio-dia sem fim, toda a noite ou todo o norte.

Agora você está se perguntando se não é assim também com a manhã eterna... Não, são condições completamente diferentes e completamente definidas em todas as suas partes, assim como todo mundo natural é definido. A solidez inabalável da manhã permanece como um fundamento interno e eterno contra a solidez natural externa. Em primeiro lugar, portanto, sou imutável em Minha Vontade. Ao que quer que Eu tenha dado uma certa forma, permanecerá para sempre imutável e duradouro, assim como Eu sou imutável e duradouro em Minha Vontade eterna. Em segundo lugar, esse ambiente é imutável, porque Meus filhos vêm aqui a Mim por causa de seu grande amor por Mim; são, em suas vontades e em suas percepções, completamente unos Comigo. Em outras palavras, porque eles se humilharam até a última gota e, por causa de seu amor por Mim, entregaram completamente sua própria vontade; em vez disso, assumiram Minha Vontade eterna e viva neles. Eles, portanto, não querem aqui nada além do que Eu quero. Minha vontade é o exemplo mais claro e eternamente estabelecido do que é bom e verdadeiro.

Esse ambiente em que estou vivendo aqui com os Meus é, portanto, completamente sólido e não há ilusão. O que você vê aqui é completamente o mesmo por dentro e por fora. Todas as plantas, árvores, frutas e campos de grãos são aqui não apenas aparições visuais, mas realidades perfeitas e determinadas. Quando você quiser ir de um lugar para outro, verá, se contar seus passos, que a distância de ida e volta é a mesma.

Você agora Me pergunta se essa solidez aqui tem algo em comum com a solidez da Terra. A solidez celestial nada tem a ver com a solidez do mundo material, pois a solidez do mundo é apenas uma aparência e dura apenas para um espírito enquanto ele for um habitante da matéria. Uma vez que ele se afasta da matéria, então a solidez também desaparece. Mas aqui não é assim, pois a solidez é a verdadeira solidez e é imutável e indestrutível, é a expressão perfeita do Meu eterno Amor de Pai!

Você Me pergunta até onde vai essa região... Meu querido amigo, irmão e filho, a região, como você a vê ao amanhecer, não tem fim. É tão grande que, quando todas as pessoas que nascerem através dos tempos em todos os corpos celestes vierem para ela, depois de mais de mil séculos, então o tamanho dela não será sequer o de um grão de areia no infinito deste espaço eterno.

Você ainda Me pergunta:“Como pode supervisionar tudo isso e como aqueles que vivem, vistos daqui tão infinitamente longe, no meio da manhã, conseguem Me ver?

Querido amigo, irmão e filho, isso também direi, pois nada será negado a Meus filhos!

CAPÍTULO 60

O Deus Primordial. O Sol. Explicação sobre a onipresença pessoal e substancial do Mestre.

Olhe para cima e veja o sol que parece daqui como se estivesse muito baixo. Eu estou totalmente em casa neste sol. Este sol se encontra no centro eterno e firme de Meu Ser Divino. Os raios que irradiam deste sol preenchem de maneira única todo o infinito e nada mais são do que a Vontade de Meu Amor e, dela procedendo, a Sabedoria que emana eternamente. Os raios são, portanto, completamente vivos e em toda parte iguais ao Meu Ser.

Onde quer que um raio caia, Eu mesmo sou, exatamente como no sol, totalmente presente; não apenas ativamente, mas também pessoalmente.

Tal personalidade é a mesma em todos os lugares. Onde quer que você vá a partir daqui, Me encontrará perfeitamente em casa. Entre em qualquer uma das pequenas moradas que vê daqui e pode ter certeza de que Me encontrará lá, como um Mestre perfeito daquelas pequenas casas.

Na verdade, agora você diz que Eu sou, dessa maneira, não o Cristo real e verdadeiro que andou e ensinou na Terra, mas apenas uma imagem viva e perfeita Dele, posto que o Eu real agora vive na luz inacessível. Você também diz que, sendo assim, há aqui uma sugestão de politeísmo. Veja, amado amigo, irmão e filho, você ainda pensa naturalmente a esse respeito, mas quando você pensar interna e espiritualmente, a questão terá uma aparência completamente diferente a você. Para ajudá-lo a passar mais facilmente de sua mentalidade natural para a espiritual, vou guiá-lo por meio de um exemplo natural.

Veja, na Terra você vê apenas um sol, mas se você segurar um espelho no Sol, o mesmo estará no espelho, e você poderá peremptoriamente alegar que o sol no espelho é outro, não aquele que brilha em o céu. Você diz que realmente precisa ser assim, mas vou dar um exemplo ainda melhor.

Você deve ter ouvido muitas vezes sobre a região do assim chamado espelho côncavo. Você diz que sim e que até tinha um. Se você capturasse os raios do Sol com tal espelho, fortaleceria o raio reflexivo do espelho muitas vezes, até mais de mil vezes a potência dos raios originais do Sol real e natural. E se você colocasse mil desses espelhos ao Sol, veria o mesmo efeito em cada espelho; isso é certo e completamente verdadeiro. O que estaria funcionando naqueles espelhos? Veja, nada mais que o único e mesmo sol que você multiplicou com muitos espelhos. Mas agora Eu lhe pergunto se o sol realmente foi multiplicado, ou foi apenas sua atividade?”

Você diz: “Na verdade, foi apenas a atividade!

A ssim é bom; mas quantos sóis você tem em seus espelhos?

Você diz: “Visto dos espelhos, é tanto quanto há de espelhos, mas em relação ao Sol, ainda é o mesmo e único.”

Bem, como o exemplo natural mostra, agora você está a ver na maior e mais viva realidade, em plenitude diante de si.

Agora você diz a si mesmo:“Eu posso entender isso, mas se alguém olhasse e investigasse cada espelho-sol para conhecer o ser do sol original, não teria nada a ganhar com os espelhos, pois o o ser real do sol ainda permaneceria completamente desconhecido para o olhar investigativo.”

Está certo, mas como você e toda a Terra se tornariam melhores, se o verdadeiro sol chegasse tão perto da Terra como o tanto que você chegou perto dos espelhos? Veja, toda a Terra e você também se vaporizariam instantaneamente como uma gota d'água em um prato quente. O que, então, a aproximação do sol o beneficiaria? É ainda mais o caso com Meu sol aqui. Tem que ficar para sempre no centro inacessível, para nenhuma criatura poder chegar mais perto do que a ordem estabelecida, pois cada aproximação desordenada a destruiria completamente. Assim também foi dito a Moisés, quando ele quis ver a face de Deus, pois com `ver` não se deve entender o ver com o olho físico, mas a aproximação total ao ser mais profundo da Divindade.

Tome nota: Para você, Eu sou tamanho que você pode se aproximar de Mim completamente como um irmão faria com o outro; isso não vale mais? Não é mais amor e misericórdia do que se você realmente fosse capaz de se aproximar do Sol, mas fosse destruído por ele?

Acima de tudo, nem você nem Eu seríamos perfeitamente felizes, se não Me fosse possível estar presente em Minha verdadeira e plena personalidade de Pai, onde quer que Meus filhos estejam.

O céu é infinito! Se uma multiplicação tão substancial e infinita em toda a Minha Unidade não fosse possível, quão desamparados estariam Meus filhos e quão solitário Eu estaria no meio deles!!

Você pode entender que Eu sou o mesmo com a mesma vida, consciência divina e todo o Amor Divino, Sabedoria e Poder. Eu realmente conduzi você aqui pessoalmente e lhe mostrei o caminho e o poder do Meu Amor, Sabedoria e perfeita Vontade Divina.

Se tudo isso ainda não é suficiente para você, pense em qualquer coisa que desejar, então quero que apareça diante de você, perfeitamente criado. Bem, você quer ver diante de você uma região familiar na Terra. Olhe atrás de você. Eu já o criei visível e tangível atrás de você.

Você diz: “Verdadeiramente, só Deus pode fazer tal coisa!”

Então, você certamente entende que Eu, enquanto estou aqui diante de você e revelo as maravilhas do Meu Ser a você, sou completamente o mesmo que sou desde a eternidade!

─ Sim, eu acredito completamente nisso, mas se eu fosse para outra casa agora e Você ficasse aqui, e eu encontrasse lá um segundo ser da mesma origem que Você, ele deveria ser totalmente um Consigo... Ele deveria se parecer exatamente com Você?

Você é livre para tentar isso. Farei com que você se encontre, tão rapidamente quanto um pensamento, em uma casa lá muito além, assim como esta. Ficarei aqui e seu grupo testemunhará quando você voltar; então você poderá Me dizer se Me encontrou plenamente lá ou não. Vamos lá!

Veja, querido amigo, irmão e filho, você está agora no meio da manhã. Você pode ver isso olhando ao seu redor. Você não vê mais sua assembleia nem nada além da manhã infinitamente estendida com suas moradas. Diga-me: Não sou o mesmo aqui? Assim deve ser e, se assim não fosse, nada poderia ter sido criado e a existência do homem seria impensável! Pois a vida de cada homem nada mais é do que uma imagem espelhada perfeita de Mim. Eu ou um milhão de pessoas teria vivido de acordo com a Minha Palavra? Só uma pessoa pode dizer ´O Cristo vive em Mim´? Incontáveis justos não podem dizer isso? Se todos os justos dizem isso, então Eu não sou um Cristo dividido, mas eternamente indivisível neles? Eu sou eternamente o mesmo no coração de cada ser humano. Se milhões de corações estiverem plenos de Mim, cada um totalmente por si mesmo, então ninguém tem outro Cristo, em cada coração vive o mesmo Cristo plenamente! Bem, o que você diz agora?

─ Você é o mesmo, e não há diferença; nem em Sua Pessoa, nem em Sua Palavra, nem em Sua Vontade Divina! Não consigo imaginar nada além de que Você veio aqui tão rapidamente quanto eu!

Sim, parece que sim, mas, como já disse, a sua assembleia testemunhará a Minha presença contínua lá quando você regressar. Portanto, Eu lhe digo: Esteja lá! Olha, você está de volta. Como você Me encontrou lá?

─ Você mesmo estava lá como aqui, e não havia nenhuma diferença.

É correto. Mas agora, pergunte à sua assembleia se Eu saí daqui nesse meio tempo.

O grupo diz: “Absolutamente não! O Mestre, de fato, nos contou como foram as coisas por lá.”

Olha, agora você está fazendo olhos grandes e está surpreso, mas não é nada surpreendente, está tudo completamente em ordem.

Se você fosse um oftalmologista na Terra, seria capaz de imaginar por si mesmo ainda melhor. Por que se muitas pessoas olham para um mesmo objeto, todas veem o objeto como sendo apenas uma coisa, todas veem o tal objeto, certo? Olha, isso está nos olhos do homem. O objeto emana raios para todos os lados, e o homem aceita a imagem irradiada em seu olho. O homem, então, vê apenas a imagem irradiada, que é totalmente igual ao objeto observado.

Fizeram cópias, ou o objeto foi rasgado em pedaços; todos viram uma imagem dele em si mesmos?

Você diz: “Absolutamente não!”

Também aqui está a verdade viva que na Terra é apenas uma aparição morta e natural.

Você terá uma visão ainda mais profunda dessa maravilha, mas primeiro deve digerir o que lhe foi revelado como verdadeiro pão celestial.

Enquanto isso, entrarei em Minha morada aqui, onde deixarei que Meus servos ponham a mesa para que você e sua assembleia se sentem Comigo à mesa pela primeira vez, para desfrutarem do pão do verdadeiro Pai celestial. Espere aqui, portanto, até que Eu volte e o conduza à Minha casa!

CAPÍTULO 61

A refeição na mesa do Pai. Cordeiro, pão e vinho.

Anselmo agora pergunta: “Devemos também esperar pelo convite?”

Isso está totalmente em ordem, pois tudo, de fato, acontece para lhe ensinar. Você, portanto, deve assistir até o fim. Você deve entender 'o fim' como sendo a entrada completa na Ordem Divina. Agora veja, o Mestre está vindo de Sua morada e acena para que nosso grupo venha.

Você pergunta: “Haverá espaço para todos na habitação?”

Não se preocupe, pois aqui diz o ditado: 'Muitas ovelhas vão para o curral!', literalmente. Há, portanto, muito espaço para muitas coisas bem ordenadas. A assembleia já está dentro da residência, então vamos segui-los.

Veja como todos foram atendidos com muito conforto em um quarto. O Mestre, como você pode ver, pendurou um avental em Si mesmo e age como um criado de mesa!

E o que é servido? Temos a Ceia da Comunhão diante de nós; há um cordeiro assado, pão e vinho.

Veja como o Mestre está partindo o pão e põe um grande pedaço diante de todos. Você também vê o cálice e todas as bebidas derivadas do único cálice.

Apenas veja como nossa assembleia está começando a parecer vigorosa e quanta alegria agradecida e amorosa é irradiada para o Mestre em todos os rostos.

Você diz: “Não há mais disposição em comer e beber; portanto, não ficarão à mesa para sempre.

E lá, o Mestre diz: “Queridos irmãos e filhos, vos fortalecestes pela primeira vez em Meu Reino.

Agora sabeis como estou continuamente aqui e em toda parte, essencial e poderosamente em casa! Quando saírdes Comigo novamente, Eu vos elevarei totalmente ao vosso destino eterno.

Agora que estamos reunidos em frente da casa, escutai a Minha Vontade: Ouvistes na Terra que a Minha Seara é grande, mas há poucos trabalhadores no Meu campo; aqui é o lugar onde tornar-vos-eis verdadeiros trabalhadores e colaboradores da Minha colheita, tal como os vossos irmãos.

E tu, líder do grupo, tu logo reconhecerás todas as ferramentas pertencentes a uma boa casa: um arado, uma grade, uma enxada; aqui também estão foices e tesouras de podar a vinha.

Olha em volta para os grandes acres e aqueles vinhedos ali. Vê lá, mais pela manhã, há uma verdadeira floresta de árvores frutíferas puras e nobres. É o campo do qual tens de cuidar, não da mesma forma como na Terra, mas no sentido mais íntimo e vivo. Aqui não deves arar nem semear com sementes; não colherás trigo, não cultivarás vinhas e não colherás frutos; tudo aqui é apenas uma imagem verdadeira e interior da obra de amor que farás daqui para os teus irmãos da Terra.

E digo a todos, não somente para vossos irmãos na Terra, pois aqui quero falar-vos no sentido mais amplo da Palavra: Ainda tenho muitos rebanhos que não vivem no aprisco da Terra, mas que vivem de acordo com sua natureza, vivem em inúmeras outras terras e corpos celestes. Todos, entretanto, deverão um dia ser conduzidos para aqui, para esse recôndito da vida eterna.

Eu, portanto, dou a ti Meu poder em abundância, para que possas, onde quer que Eu o envie, trabalhar com a mesma perfeição que Eu, trabalhando para todos, para sua felicidade e ao Meu lado, para aumentar teu grupo continuamente e de eternidade em eternidade!

Tu, portanto, deverás, quando Eu enviar um ou outro a ti para um propósito tão grande aqui ou ali, assim como Eu, ver todo mundo natural externamente, ver de seu ser interior mais profundo. Tu também terás que vê-lo de seu núcleo interno mais profundo até a crosta externa e de volta ao núcleo mais interno. O que terás que fazer em tal missão, tu te tornarás plenamente consciente.

Assim, atribuí a ti teu alto chamado, pelo qual tu podes ser totalmente diligente de acordo com Meu Amor, Sabedoria e Ordem. Com isso, eu o nomeio e o faço verdadeiro anjo do Meu Reino e, portanto, também verdadeiro habitante da Minha cidade santa, a Jerusalém eterna! Teu olho interior foi aberto, e agora podes ver quão glorioso é Aquele que fala contigo e estará contigo para sempre!

Agora, olha na direção da manhã e Me dize o que tu vês lá.”

O orador diz: “Oh meu amado Jesus, verdadeiro, infinito e amoroso Pai, Tu és santo acima de tudo!

E o que meus olhos veem? Que glória sem fim! E nesta glória, uma cidade aparentemente sem fim. O sol, o lindo sol, brilha no meio da cidade. A cidade…, a cidade brilha como o sol!

Vejo novamente meu antigo céu estrelado e vejo, ó meu Mestre, as profundezas infinitas de Suas criações. Sim, isso eu realmente chamo de paraíso! Então é de fato literalmente verdade: `Nunca jamais penetrou no coração do homem as coisas que Tu, ó Pai Santo, preparaste para aqueles que O amam!`. Sim, que felicidade infinita de bênçãos meus olhos imortais estão vendo agora! Oh, amoroso e santo Pai, posso abraçar e amar você com todo o poder do meu coração?

O Mestre diz : “Querido amigo, irmão e filho, vê Eu realmente estou aqui diante de ti. Ama-Me o máximo que puderes, pois, na verdade, Eu vos criei para Me amardes com alegria e para serdes Meus filhos amados e queridos, a quem agora posso chamar de Minha abundância divina como Pai!

Vamos agora para a cidade e não perguntemos o que acontecerá com as moradas, pois elas são correspondências da real humildade, fluindo do puro amor a Mim. As habitações permanecerão aqui e de fato viremos com frequência. Como tenho aqui, entretanto, Meu escritório do Conselho da Cidade, meus anjos precisarão estar lá também, onde o mais importante destino de amor os espera.

Vós ainda Me perguntais quem, então, habitará regularmente as cabanas. Vede, queridos amigos, irmãos e filhos, se os habitantes da cidade na Terra têm para seus fins recreativos uma ou mais casas rurais, por que não deveríamos ter? Portanto, Eu vos digo que quando tivermos feito grandes coisas, nos daremos o descanso necessário aqui; mas agora iremos para a cidade!”.

O próprio Mestre agora está conduzindo o grupo para a cidade. Como se pode avançar muito rápido aqui de forma inesperada, já nos aproximamos da cidade de todas as cidades de todo o infinito.

Vejam como a grande multidão de Deus está passando pela porta da cidade santa para encontrar o Mestre, que agora está se aproximando! Bem na frente, você vê os conhecidos amigos do Mestre, ou seja, Seus apóstolos e todos os patriarcas de Abraão e profetas! Ouçam o alto regozijo ressoando da bem-aventurada multidão e vejam como todos estão estendendo seus braços, cheios de alegria por receber o Mestre com amor ardente. Que alegria emana de todos os seus rostos por causa da assembleia recém-conquistada. As multidões se encontraram e estão cercadas de grande glória, a qual vem do Mestre e é distribuída a todos.

O que você acha da cena? Mas vamos continuar agora. Veja, o Mestre deixa todos entrarem na cidade antes Dele, e segue Seus filhos como um simples pastor de seus cordeiros!

Também estamos na cidade; basta olhar para o infinito indescritível com palavras humanas, a glória e o esplendor que vemos aqui à esquerda e à direita da rua. Tudo envolvido na glória do Mestre. Um vento sagrado sopra pelas ruas e becos, e é a vida fluindo em abundância sem fim do Mestre!

O Mestre agora vai à frente de uma grande casa e diz à companhia: ‘Até aqui, queridos amigos! Essa é a nossa casa e o nosso prédio oficial; vamos nos mudar para cá!’

Depois todos seguem o Mestre para dentro. Vejam os muitos, grandes e belos quartos; eles estão totalmente preparados para a recepção de nossos novos príncipes celestiais!

Agora como o Mestre mostra uma placa brilhante e diz: `Na placa, sempre vereis Minha Vontade.`

O Mestre agora impõe as mãos e os preenche completamente com a Onipotência do Seu Amor.

Os amigos e irmãos falam uns com os outros sobre os relacionamentos infinitos e divinos de tudo!

Agora vocês viram qual é o verdadeiro destino do homem no céu mais real, verdadeiro e perfeito; e você viu como nossa assembleia se saiu.

Na verdade, você não deve pensar que isso acontece com todos se encontrando no céu aparente. Este é apenas o caso dos poucos que, apesar de todas as ideias ilusórias que lhes foram ensinadas, amaram única e exclusivamente seu Mestre em seus corações, já durante sua vida terrena.

Veremos com nossos próprios olhos como se saem muitos outros, de acordo com a Vontade do Mestre. Nós, portanto, deixaremos a cidade santa e novamente viajaremos rapidamente de volta à igreja-estado espiritual católica romana. Olha, já estamos de novo perto de um mosteiro.

Você diz:“Querido amigo, embora estejamos tristes por deixar a bela cidade de Deus repentinamente, gostaríamos de saber, já que estamos aqui de novo, de que ordem é o mosteiro.”

Amados amigos e irmãos, vamos primeiro conhecer um mosteiro feminino, um das monjas carmelitas. Vocês devem experimentar vividamente como ele é. Pensem na ordem de antemão, então terão muito mais facilidade para entender se a ordem é aceitável ao Mestre ou não.

Com isso, vamos parar por hoje.

CAPÍTULO 62

Visita às carmelitas.

Você pergunta: “Podemos entrar? Com aquela comunidade, como na Terra, também não ganharemos muita experiência.”

Queridos amigos e irmãos, aqui acontece o mesmo que na Terra, mas nada deve nos desviar do caminho, pois somos como moscas parasitas. Nada pode nos impedir de enfiar o nariz no mais profundo dos segredos; faremos o mesmo aqui. Entraremos furtivamente no mosteiro e farejaremos todo tipo de coisa. Apenas venham e não se preocupem com nada.

Permaneceremos invisíveis para esses seres ainda por muito tempo. Pois você deve saber que os espíritos angélicos, sejam eles do próprio terceiro Céu ou que se assemelhem aos do terceiro Céu, permanecem invisíveis para os espíritos dos céus inferiores, até que os espíritos dos céus inferiores tenham tomado em si a essência do amor ao Mestre; primeiro, apenas em relação ao ‘insight’ e depois em relação às ações por amor. Portanto, podemos entrar no mosteiro sem que ninguém nos veja. Eles não Me veem, porque sou um cidadão da cidade santa; nem você, pois você está na minha esfera e isso com a ordenação da vontade do céu mais alto, que é a Vontade do Mestre.

Olha, já estamos no chamado refeitório. São trazidas tigelas com os chamados alimentos sólidos. A comida é colocada nas mesas e as irmãs entram. Não estão vestidas exatamente como na Terra?

Você diz: “De fato, nunca tivemos a oportunidade de ver uma irmã monástica de perto, mas elas estão vestidas exatamente como as vimos na Terra por meio de umas boas imagens.”

Olhe, começa a oração da mesa. Em que consiste? Como pode ouvir claramente, consiste em um rosário completo, também algumas expressões em latim dos salmos e dos pais da Igreja, que não são compreendidas por nenhuma das irmãs. Olhe, a chefe está sentada, e as outras se ajoelham diante dela, levantam-se e vão para o lado de suas cadeiras. A matrona faz sinal para que se sentem e depois, olhe, ela tem um sininho que ela toca, indicando às irmãs que elas podem se juntar.

Você vê alguém parado à frente? É a chefe. Não pode começar a comer, pois antes deve ler a Paixão do Mestre para as outras. As senhoras terminam a refeição, e a matrona volta a tocar a campainha. Indica que todas devem se levantar. Elas se levantam e novamente se ajoelham diante da matrona.

A oração de ação de graças está sendo dita, a qual novamente consiste em um rosário completo, seguido de cem silenciosas Ave Marias. Estas são rezados por cerca de três quartos de hora completos, então as orações em latim são recitadas novamente. Quando terminam com isso, vão até a imagem do crucifixo e deitam-se diante dela, no chão; então vão até a imagem de Maria e fazem o mesmo; depois à imagem de José, fazendo novamente o mesmo; depois à imagem da fundadora Theresa para fazer o mesmo novamente, e então vão para a matrona, como sendo a encarnação de Theresa, e fazem o mesmo novamente.

A matrona agora deixa todos se levantarem e anuncia que devem se preparar para a oração do coro que começará em uma hora. Enquanto isso, elas devem ir para suas celas designadas, a fim de lerem suas orações de coro; e que o coro prossiga sem soluços, pois qualquer soluço levaria a um aborrecimento e, portanto, a um pecado venial. Acrescenta a matrona que a pessoa mais justa já peca diante de Deus sete vezes ao dia; assim, deve tomar cuidado para não pecar oito vezes ou mais.

Uma das irmãs agora pede permissão à matrona para perguntar algo e, como agora não há silêncio prescrito, a matrona permite. O que, então, a irmã pergunta? “

Ouça, ela diz:“Honrada noiva de Cristo; enquanto vivemos fisicamente na Terra, a estrita vida monástica era tolerável, pois precisávamos dela para ganhar o Céu após a morte. Uma vez que já há algum tempo trocamos a vida terrena pela celestial e ainda estamos vivendo uma vida mui rigorosa também na tal "vida eterna", não tendo nada do verdadeiro Céu à vista, a questão é se algum dia terá fim a vida monástica. Será terrível ficar em tal sistema rígido eternamente.

A matrona diz: “Oh, criança desobediente, como você pôde se deixar cativar pelo demônio assim? Como você se permite fazer uma pergunta tão terrível? Não sabe que ninguém pode entrar no Céu antes do primeiro dia, e que − com a intercessão da Virgem Maria, a santa Theresa e entre eles, o santo José − o Cristo-Mestre isentou nossa ordem do purgatório, porque eles são os mais rigorosos? E você não sabe que o Mestre, em vez disso, nos concedeu plena pureza e misericórdia para nos purificarmos completamente de nossos pecados veniais e pecados até a morte que cometemos na Terra, para alcançarmos Sua santíssima justiça aqui? As regras da ordem de nossa exaltada fundadora devem, portanto, ser levadas em conta o mais estritamente possível; caso contrário, poderia acontecer que uma criança desobediente como você tivesse que ouvir no dia mais jovem, antes do implacável, estrito e justo Juiz, o veredicto: ‘Afasta-te de mim, maldita, porque nunca te conheci como minha irmã!’ Você assim não sabe?!”

Agora veja, as palavras da matrona atingem nossa pobre indagadora como mil raios de uma só vez. Ela cai diante da inquisitora, implorando pelo castigo apropriado, ao que a matrona diz: “Sim, você mereceu um castigo apropriado, mas só vou repreendê-la desta vez com apenas um leve golpe em sua bochecha e um dia de jejum... No entanto, você não deve demorar para chamar imediatamente um confessor para confessar-lhe as palavras diabólicas e altamente abomináveis diante de Deus que você me falou em detalhes. E com muito arrependimento, deves fazer a penitência que ele te imporá em honra da santíssima Trindade, em honra das cinco chagas de Jesus Cristo, em honra de sua amarga paixão e morte, em honra da santíssima virgem e mãe Maria, em honra do santo José e em honra da santa Theresa, e isso tudo por pelo menos dez vezes. Agora levante-se para receber o golpe contra sua bochecha!”

Olha, a nossa irmã levanta-se e vira humildemente a face à superiora. Como você vê, a superiora dá-lhe uma bofetada vertiginosa, para expulsar o demónio sem luz,. Nossa irmã começa a chorar amargamente, agradece à superiora pelo castigo e retira-se com as outras irmãs do refeitório para sua cela. O que acontecerá lá, veremos na próxima vez.

CAPÍTULO 63

A freira confessa e o verdadeiro pai confessor.

No momento em que a freira chega à sua cela, ela dá ao porteiro um sinal para entrar, tocando uma campainha. Trata-se apenas de chamar um padre confessante, para se purificar do pecado cometido contra o superior antes da oração do coro. O porteiro imediatamente organiza a situação, e nossa freira vai até a cadeira de confissão, ajoelha-se e espera o padre de confissão.

Agora iremos lá e ouviremos um pouco a confissão. Nós sabemos o que ela vai confessar, porém o que o padre irá responder a ela não sabemos, mas queremos ouvir.

O padre da confissão vem, senta-se e põe o ouvido na grade. Ela confessou, e ele lhe diz: “Ouça, cara confessora, segundo as regras, tais como existem na Terra, você claramente pecou, mas não contra a Ordem de Deus. Mas de acordo com a ordem do mosteiro, você é proibida de pensar assim. Pela transgressão cometida contra a ordem do mosteiro, você recebeu o castigo apropriado, então você novamente está sujeita à ordem.

Agora tudo é sobre o perdão dos pecados da parte de Deus, mas Deus nunca elevou uma ordem monástica à representante das leis divinas. Sendo ordenanças humanas, mesmo que estivessem em uso por milhares de anos, Deus nunca as ratificou como sendo Suas. Ele não olha para ver se alguém, em certo sentido, transgrediu as ordenanças mundanas por necessidade e, portanto, não posso perdoar nada da parte de Deus.”

Nossa freira diz ao confessor:“Honroso padre, você que se senta diante de mim na cadeira da justiça divina, como você pode dizer que nossa ordem monástica e suas regras não são uma instituição divina, mas apenas humana? Olha, se eu contasse isso à minha superiora, nós dois correríamos o risco de um castigo mui delicado. Ela deveria me tratar como alguém possuído pelo demônio, e você seria excomungado como um verdadeiro herege, ou mesmo receberia a proibição eclesiástica. Explique-me com mais clareza, por favor, o que quer dizer.”

− Ouça, minha querida irmã, quem ama a Cristo-Mestre como o único Deus verdadeiro do Céu e da Terra acima de tudo, não teme a excomunhão nem o banimento eclesiástico. Veja, as pessoas na Terra que se apegam ao mundano e sabem muito pouco ou nada sobre Cristo estão atualmente rindo de tal arrogância eclesiástica. E eles riem por não verem nenhum dano causado à sua carreira por tal arrogância. Por que aqueles que realmente amam a Cristo não ririam? Eles sofreram ainda menos danos com tal arrogância.

Você nunca ouviu o que o Cristo disse certa vez no templo à adúltera, quando os fariseus lha trouxeram, pois ela deveria ter sido apedrejada de acordo com a lei de Moisés?

− Eu sei bem, mas o que você quer dizer com isso?

− Não quero dizer mais nada com isso, só que Cristo é muito mais brando em Seu julgamento do que os sacerdotes e os escribas. Eles condenaram a adúltera ao apedrejamento público sem qualquer piedade e compaixão, sem hesitação; mas Cristo lhes disse: `Quem de vocês estiver sem pecado, pode atirar a primeira pedra sobre ela!`. Eis que com essas palavras os fariseus e os escribas foram atingidos como que por um raio, pois existia ainda outra lei, segundo a qual a mais alta ordem sacerdotal deveria ser isenta de pecado. Os fariseus e os escribas conheciam tão bem essa lei quanto a lei sobre as mulheres adúlteras, mas também sabiam que eles mesmos cometeram o pecado de adultério em todos os aspectos, tanto física quanto espiritualmente. Eles, portanto, ficaram tão assustados com tal resposta excepcionalmente penetrante, que todos, sem exceção, esqueceram completamente nossa adúltera e se retiraram rapidamente. Eles não queriam mais irritar a Cristo, pois temiam que Ele tornasse sua reprovação conhecida a todos. Então os muitos judeus crentes se apoderariam deles e os tratariam conforme a lei de Moisés expressamente prescrita para tais casos.

Mas o que aconteceu, então, com nossa adúltera? Ela ficou lá sozinha.

O Mestre a condenou? Oh não, Ele perguntou a ela: `Aqueles que te trouxeram aqui não te condenaram?` E nossa adúltera respondeu: `Ah não Mestre, ninguém me condenou.`

E Ele retrucou: `Então Eu também não te condeno. Vá e não peques mais.`.

Agora, o que você diz àquela ação do Senhor?

− Não posso dizer outra coisa senão que o Mestre é verdadeiramente mais compassivo e misericordioso do que todas as pessoas boas na Terra juntas.

− Bom, minha querida irmã, se você vir o Mestre assim, então entenderá que meu conselho é totalmente válido! Se o Mestre, em Sua Misericórdia e no caso da adúltera, não se vincula à lei de Moisés que veio Dele, quanto menos se vincularia a uma regra monástica. Pois veja, o Mestre é completamente livre e pode fazer o que quiser. Se alguém Lhe perguntar: ‘Mestre, o que você está fazendo?’; ele não lhe dará resposta?

Eu, como padre de confissão, sou enviado a você completamente em Seu Nome e, portanto, também carrego Seu Nome. Quando ajo de acordo com esse Nome, diga-me, a quem devo temer?

− Certamente não o Mestre, pois você agiu completamente em Seu Nome!

− Bem, se eu não devo temê-lo, devo temer seu mosteiro ou a autoridade eclesiástica? Oh, veja, não é o caso; portanto, eu digo a você que se você tem um amor verdadeiro pelo Senhor, então ouse também, a partir desse amor. Você pode ir agora e dizer à sua superiora o que eu lhe disse; então diga-lhe que ela que ela deve vir imediatamente aqui com você.

Nossa freira pergunta o que ela deve fazer para satisfazer a penitência, e o padre da confissão não diz nada além do que acabei de lhe dizer.

A nossa freira levanta-se agora, mas como a madre superiora começa a desconfiar da ausência demorada dela, vai ter com ela à entrada da pequena câmara de confissão, onde a nossa irmã lhe conta o que disse o padre da confissão.

A superiora quase cai de susto e diz à nossa irmã: “Olha só que pecado cometeste! A Misericórdia de Deus se retirou completamente de você; um demônio assumiu a forma de um anjo de luz e tomou posse da cadeira de confissão, como um padre de confissão, para lhe dar um ensinamento tão amaldiçoado! Ele quer que eu também fale com ele para que todo o mosteiro seja levado à condenação eterna, porque eu sou a alma do mosteiro. Sim, muitas vezes pensei comigo mesma que ao menos uma vez você mergulharia nossa santa casa de Deus no infortúnio. Não, não temos outro recurso senão unir-nos poderosamente e apresentar nossa grande necessidade diante da santíssima Virgem Maria, do santo José e da santa Theresa. Se ela não nos responder, estaremos perdidos, pois então não haverá mais misericórdia nem compaixão da parte de Deus!”

Nossa irmã diz à digníssima mulher:“Muito honrada mãe, pode dizer o que quiser, mas depois da lição do digníssimo padre de confissão, não tenho mais fé em suas palavras e preferiria morrer, se fosse possível, do que permitir a menor dúvida em mim mesma quanto ao ensinamento dele.”

A digníssima superiora agora quer dar um tapa na boca de nossa irmã por puro zelo monástico, mas nosso padre de confissão tem a audácia de romper a grade da confissão, para o que tem poder suficiente, afastando nossa irmã de novos maus tratos.

O que acontecerá mais, veremos na próxima vez.

CAPÍTULO 64

Resgate dos pobres cativos. O julgamento e o dia mais jovem.

Como nossa superiora vê isso acontecendo, ela imediatamente faz um sinal da cruz após o outro, corre para a bacia com água benta e asperge zelosamente sobre o padre e nossa freira. Ela pede fervorosamente às irmãs por ajuda. Elas vêm imediatamente, olham para o padre, mas não conseguem ver nada de diabólico nele.

A superiora faz agora um grande sinal da cruz diante dela mesma, manda à confissão o padre e a freira, querendo fazer-se violentamente dona deles, e diz com voz estridente e alta: “Censurável demônio infernal, tu que tens a maldita brutalidade para esgueirar-te por meio de mentiras e enganos com a aparência de um anjo de luz em nosso lugar sagrado, eu te ordeno − em nome da santíssima Trindade, da bem-aventurada virgem Maria, do santo José e da santa Theresa − que desapareças deste lugar imediatamente e voltes para tua danação eterna e teu fogo infernal!”

Agora, veja, nosso padre confessor não se deixa desviar em nada por essa terrível maldição de proibição 'exorcista' e diz: “Ouça, líder cega deste pobre rebanho, você me chama de demônio e me amaldiçoou severamente; me diga, o que eu, como seu suposto demônio, fiz a você e a essa irmã?!

Eu disse a essa irmã toda a verdade, pois é válida também aqui no reino dos espíritos. E a enviei para chamá-la, sendo você uma líder, e para educar ambas ainda mais na Verdade Divina. Em vez de me ouvir, você imediatamente agarrou a espada flamejante do julgamento para, se possível, matar a pobre irmã com um golpe, ou entregá-la imediatamente ao inferno.

Eu, como vosso demônio, estou tendo misericórdia dessa pobre irmã e a resgatei do poder de vossa ira; mas por isso, você me exorcizou e me condenou ao desterro infernal.

Se compararmos nossos corações uns com os outros, surge uma pergunta pesada a ser respondida: Em qual coração o amor ao próximo mais verdadeiro seria encontrado; no seu, que quer ser celestial, ou no meu, supostamente diabólico?

Eu lhe digo que seu domínio sobre este pobre rebanho cego chegou ao fim. Theresa realmente fundou esta ordem na Terra; mas, em seu tempo, o verdadeiro amor ao próximo era o fundamento e a regra monástica mais importante que Theresa implantou na ordem fundada, um trabalho de amor com a pureza essencial do coração. Em tais circunstâncias, a ordem teve a aprovação do Mestre. Com o tempo, as regras deturpadas, combinadas com as cláusulas mais rígidas e as muitas orações labiais incompreensíveis, passaram a ser uma abominação para o Mestre, não sendo de forma alguma aceitáveis para Ele. Ainda pior aconteceu quando, como no seu caso, a verdadeira ânsia tirânica e despótica de poder, juntamente com ideias cegas e delirantes, se infiltraram na ordem!

Você já ouviu falar na Terra que ainda existem mosteiros e instituições monásticas no reino espiritual? Tanto quanto eu sei, você acreditou que entraria em um doce sono da alma, ou iria para o paraíso, ou possivelmente iria direto para o Céu após a morte corporal, ou até ao julgamento final. No entanto, se você realmente acreditou nisso, sabe dizer como esse mosteiro surgiu?

Olha, agora você está estupefata e não sabe como me responder. A pobre irmã fez a mesma pergunta a você, sua superiora. Já que você ainda deve uma resposta a ela, assim como ainda me deve também uma resposta, você se inflama em uma forte raiva e dá um tapa no seu indagador...

Vou agora dizer de onde vem o mosteiro. Vem do seu caráter dominador! Você, devido às suas ideias cegas e delirantes, criou por mentiras e enganos, apenas para você e as pobres irmãs daqui. Tal instituição nada mais é do que um instituto delirante, nada agradável ao Deus-Mestre.

Eu tenho o poder, embora você me veja como Belzebu, para acabar com esta instituição em nome de todas essas irmãs e conduzi-las à liberdade. Mas eu tenho que deixá-la aqui nessa instituição até que você se permita mudar profundamente e, com remorso consciente de seu erro espiritual, veja que tal instituição é um erro do espírito humano e não há nada de verdadeiro ou bom nela.

Para que você e todas as pobres irmãs vejam que tenho pleno poder para agir assim e que não tenho o poder de Belzebu em que você, superiora, aspergiu água benta − pois o tenho diretamente de Deus − digo agora que a irmã resgatada por mim é a própria Theresa, por mim enviada a você, para libertá-la de suas ideias delirantes!

Em seguida, Eu declaro: “Eu mesmo sou Aquele tão amado por Theresa! Se não acreditas em Mim, coloca tuas mãos em Minhas cicatrizes, assim como Tomé!

Vê tu, superiora do mosteiro, Me condenaste em tua grande cegueira. Eu também tenho o poder de te condenar, mas para te mostrar que sou melhor que tua ordem, não te condenarei; em vez disso, vou ensinar-te e mostrar-te o caminho para Mim. Tu não podes Me seguir ainda, somente depois de derrubar teu mosteiro imaginário até o chão!”

Vejam, todas as irmãs se ajoelham diante do Mestre, louvam-No por Seu grande Amor e Sua grande Misericórdia, imploram-Lhe misericórdia para com sua superiora.

O Mestre diz: “Assim é, mas a superiora ainda tem o seu livre arbítrio e o terá por toda a eternidade. Se ela quiser destruir o mosteiro, ela pode fazê-lo; se ela quiser manter o mosteiro, não a deterei nem um segundo a mais do que se o entregasse voluntariamente a Mim.”

Vejam, a superiora está petrificada diante do grupo de irmãs e não sabe o que deve fazer a seguir, pois ainda está se apegando à cena como se fosse uma obra peculiar do diabo.

O Mestre lhe diz: “O que tu estás pensando agora? Não era de tua fé que Satanás deveria fugir diante do nome de Jesus Cristo e que todo joelho deveria se dobrar diante desse Nome, tanto no Céu quanto na Terra e sob ela? Se Satanás tem medo tão intenso do nome de Jesus, falaria o que pensa ou até mesmo se transformaria em Sua figura? Vê a imensidão da tua ilusão! Não estás madura para a luz pura e não estarás enquanto não for destruída em ti a última pedra do teu mosteiro.

Digo a todas vós que só tendes de recorrer a Mim se quiserdes ser libertadas da vossa instituição.

E tu, superiora, esperarás em vão pelo teu 'dia mais jovem', pois ele está lá continuamente para todas as pessoas. Para os justos e amorosos, é um dia de ressurreição para a vida eterna, que é o renascimento completo do espírito. Mas para todos aqueles que não Me aceitam em espírito e em verdade e não querem Me acolher com todo o amor em si, para eles é um dia de julgamento.

Agora tu sabes onde estás. Dirije-te de acordo com tua consciência, então tu alcançarás teu dia mais jovem para tua vida eterna; caso contrário, o sol que está brilhando neste dia certamente não nascerá para ti por eternidades!”


O Mestre, então, dirige-se às irmãs, dizendo-lhes que O sigam.

Como vocês podem ver no espírito, a superiora finalmente se lança em dúvida diante Dele e Lhe implora, agora que O reconheceu, que não a deixe sozinha.

O Mestre lhe di z: “Olha, aqui está minha amada Theresa. Ela te ajudará a destruir teu mosteiro.”

Veja, Theresa imediatamente ajuda a superiora a se levantar com muito amor e lhe mostra o verdadeiro caminho para o Mestre.

O Mestre toma o caminho da manhã eterna com Suas cordeiras inocentes!

Não demorará muito para que Theresa, nossa adorável discípula do Mestre, tenha sua irmã ainda cega totalmente livre da sua instituição autocriada. Ela não irá para a manhã tão rapidamente, porém irá mais para o meio-dia, ou o Segundo Céu.

Agora você viu outra forma de resgate de um recurso espiritual injusto de bem-aventurança que era, de fato, uma das melhores instituições. Ainda existem muitas outras onde as coisas, porém, são muito mais difíceis. Da próxima vez, veremos um mosteiro masculino semelhante. Será novamente um dos mais rígidos, e você verá que tipo de problemas a vida está crivada lá, onde uma enxurrada de falsos princípios sufocou completamente a semente da vida.

Ninguém deve, portanto, obrigar-se em parte alguma, mas apenas guardar o amor ao Mestre e ao próximo como única medida de sua vida. Pois o amor é a boa semente na qual a semente da vida floresce; mas se as ervas daninhas foram semeadas, então a boa semente terá problemas para crescer. Veremos isso claramente no exemplo a seguir.

Com isso, chega por hoje!

CAPÍTULO 65

Um mosteiro de monges. A fé agostiniana.

Devemos deixar o mosteiro das senhoras e subir um pouco mais. Olha, mais ao meio-dia e à noite, já é um mosteiro facilmente reconhecível à primeira vista. Observe a pomposa igreja com suas duas enormes torres de relógio e em ambos os lados da igreja está o prédio do mosteiro com pequenas janelas. Como você pode ver, o mosteiro e a igreja são murados juntos por um muro alto.

Você quer saber que tipo de ordem é estabelecida lá. Digo que é uma das mais rigorosas, a saber, a ordem dos chamados agostinianos descalços. Esta ordem era apenas uma ordem remunerada de penitência de acordo com as regras de Agostinho, um mestre da Igreja que, como se sabe, muito se dedicou a estabelecer o Ser da Trindade como uma ideia conformada. Este cristão, Agostinho, sempre muito zeloso, foi seriamente advertido pelo próprio Mestre Jesus para interromper a investigação da Trindade. Mas, apesar disso, ele se alinhou com o bispo romano Eusébio e concordou plenamente com a ideia nascida em Niceia, sobre a Trindade composta por três pessoas distintas. Ele tenta dar à Trindade o máximo de validade judicial possível e, por meio de sua grande sabedoria mundana, ele de fato foi honrosamente exaltado como pai e professor da Igreja.

Era, de fato, estranho que tais mestres da Igreja se permitissem ser chamados de pais da Igreja, enquanto eles de fato tinham o evangelho segundo o qual somente Cristo deveria ser chamado o único e verdadeiro Pai de todas as pessoas e, portanto, certamente também de sua igreja.

Como Agostinho não fez sua investigação por interesse próprio, mas com intenção honesta, isso não lhe foi atribuído no mundo espiritual. De fato, já parcialmente sozinho no mundo natural, ele viu sua ilusão e, portanto, foi rapidamente levado pelo Mestre e trilhou caminhos melhores. Ele, por causa de sua melhor visão já durante sua vida terrena, fundou uma pequena escola em segredo, com o propósito de obter uma visão melhor e mais viva do Deus Trino. Agostinho finalmente encontrou a Palavra Interior e Viva e conheceu o caminho pelo qual o homem pode alcançá-la. Foi um caminho de profunda humildade, desafiou totalmente o mundo para se apegar ao Mestre com todo o amor.

A escola atraiu muitos, mas foi mantida o mais secreta possível. Até o que um bispo romano ouviu falar dela, não se opôs e até ingressou na escola. Ele logo viu que o ensino público não correspondia ao da escola, mas não podia nadar contra a corrente. Para que tal escola, que foi um achado muito importante para a época, não fosse destruída, ele permitiu que ela tivesse um exercício mais livre e a chamou de 'escola dos verdadeiros padres', que ficaram conhecidos como escolásticos. Esses escolásticos não eram os mesmos que os antigos escolásticos egípcios, que se ocupavam principalmente com o misticismo mágico, mas eram bastante `escolásticos` segundo o significado interno da palavra.

Formaram outra imagem da Trindade, consistindo de um triângulo e no meio de uma coroa de raios em forma de sol. Mesmo que esta imagem também não esteja completamente correta, Deus ali foi retratado como uma unidade. O olho retrata o Sol do Mestre, no qual Ele existe em Seu eterno Amor e Sabedoria; pois do olho irradia Amor e do olho vem a Luz. Os três cantos desta forma, no meio dos quais está o olho, representam os três graus dentro dos quais o divino se expressa como o mais íntimo. Os três graus foram assim arranjados de acordo com os três cantos, de modo que o canto inferior esquerdo corresponde ao natural, o canto direito ao espiritual e o canto superior significa o celestial. A irradiação do olho para os três cantos indica o influxo do Mestre nos três graus e através deles. A luz que irradia para fora da forma indica o poder infinito e a inexorabilidade do Ser Divino. Essa representação foi, portanto, considerada um hieróglifo bastante bem-sucedido do Deus Trino. Essa foi, então, a regra segundo a qual foi fundada a ordem do Agostinho descalço.

Você pergunta por que os chamados novos escolásticos ainda não puderam representar bem o Deus Trino com mais perfeição e por que o Mestre não os corrigiu. Porque eles ainda tinham algumas ideias erradas devido à sua visão anterior da Trindade Divina, composta por três personalidades.

Alguns desses escolásticos, mais tarde, chegaram a uma melhor compreensão, colocando-se sob a proteção da igreja grega, onde se desenvolveram em uma seita com o nome de `Unitarianos`.

No entanto, sob o bispo romano, a primeira regra de sigilo permaneceu sob a estrita cláusula do direito de permanecer calado. Tal sigilo foi tão longe, que depois de algum tempo nem mesmo os iniciados podiam falar uns com os outros. Todos podiam se comunicar por meio da palavra interior, mas não tinham permissão para compartilhar a palavra interior uns com os outros. Por isso, a boa ordem desmoronou com o tempo e não teve respeito por parte das hierarquias que se sucederam.

Como uma imitação dessa ordem, algumas outras ordens semelhantes foram fundadas e também foram estritamente isoladas do mundo pelas mesmas razões válidas. No entanto, não podiam significar nada; em primeiro lugar, porque foram retidos pelas ordenanças da Igreja e, em segundo lugar, porque só podiam aplicar suas regras a portas fechadas, mas não podiam aplicá-las de maneira útil em seu cuidado pastoral.

Muitas dessas ordens foram fundadas, das quais todas inicialmente tinham uma boa base e das quais quase todas eram adeptas da escolástica interna. Mas a boa base se perdeu com o tempo e nada além da forma externa permaneceu. Desde que algumas ordens começaram a agir em benefício do bispado romano, elas começaram a receber muitas recompensas externas deles. Isso logo deu origem a `seminários para homens` e `ordens para homens`. Como tais ordens se saíram melhor do que aquelas que mantiveram as regras originais, começaram a agir cada vez mais em benefício de Roma, que por sua vez lhes deu cada vez mais privilégios. A ordem alterada começou a perder toda a moral interior naquele momento, e uma base falsa foi lançada.

Aqui, por exemplo, vemos um mosteiro que é fundado sobre tal falso fundamento, apenas ainda carregando o nome do fundador original. Você vê isso imediatamente na Trindade composta por três pessoas, representada logo acima do portão da entrada principal. Abaixo dela, quase como se empurrado pelas nuvens, está o `Olho de Deus`, mostrando que a ilusão prevaleceu sobre a verdade.

Esses monges ainda andam descalços (no plano espiritual) e ainda usam as mesmas roupas, mas quando você quiser ver seus escolásticos internos, verá que eles agem apenas externamente, como no início faziam os primeiros agostinianos.

Se perguntar a um ou outro por que ele faz isso, você não obterá resposta, e se você obtivesse uma resposta, soaria assim: ‘Fazemos isso como penitentes convictos pelo bem do Céu, pois o reino dos céus só pode ser adentrado com violência; quem não tentar tomá-lo com violência, não o ganhará’.

A partir disso, você pode facilmente entender a motivação real para uma vida tão rígida. Eles fazem tudo pelo bem do Céu; eles também amam e temem o Mestre, mas não por Ele mesmo, apenas por causa do Céu e do inferno. Se o Mestre lhes tirasse o inferno e o gozo e o bocejo almejados no Céu se transformassem em um paraíso de atividades, eles logo largariam sua vida estrita e penitente. É o caso dos habitantes monásticos de melhor atitude.

No entanto, para muitos outros, seguir as regras estritamente ordenadas é apenas uma maneira política pela qual eles pensam que podem obter importantes privilégios mundanos para si mesmos. São ações de natureza infernal, uma verdadeira abominação para o Senhor.

Não encontraremos tal natureza aqui, pois ela pertence ao entardecer, no pior grau, em casa do inferno. Encontraremos aqui apenas pensamentos sobre o Céu querendo ganhar o Céu por meio do cumprimento estrito das regras de sua ordem, tal como diaristas.

Além disso, este mosteiro está aqui por causa de sua crença materialista no juízo final. Por causa de tal crença, você encontrará muitos desvios aqui, fluindo dos velhos conceitos escolásticos e místicos pouco compreendidos, constando que a alma continuaria vivendo após a morte em um estado de completo sono ou 'psicopaníquia', ou em um vida paradisíaca passiva.

Como tudo isso se desenvolve, veremos na próxima ocasião; portanto, chega por hoje.

CAPÍTULO 66

Explicação da organização do mosteiro agostiniano.

Agora você Me pergunta:“Caro amigo e irmão, olhe, o mosteiro está fechado por todos os lados; devemos passar por portas trancadas, ou fazemos com que as portas se abram diante de nós?”

Querido amigo e irmão, não faremos aqui nem um nem outro. O mosteiro parece fechado por todos os lados, mostra que seus habitantes são difíceis de abordar. O mosteiro fechado dá a conhecer externamente os seus princípios fundamentais ossificados.

Quando nos aproximamos do mosteiro, entramos em sua esfera e, portanto, de fato, entramos no mundo experiencial dos seus habitantes; veremos, com o tempo, que ele está aberto. Vamos ver, para que todos se convençam disso. Veja, agora nos encontramos na esfera do mosteiro e seus portões se abriram para nós.

─ Caro amigo e irmão, ainda não conseguimos entender realmente como algo assim funciona. Isso acontece pela vontade dos espíritos residentes, acontece por Sua Vontade ou alguma máquina fantasmagórica instalada, pela qual todas as portas se abrem repentinamente com o pressionar de um simples botão?

Querido amigo e irmão, não é o caso, mas, para ajudá-lo a entender, darei um exemplo simples. Há um chamado 'sábio mundano' em uma assembleia, chamado de filósofo por vocês. Este homem não é de forma alguma falador, ou não fala nada. Por quê? Porque ele, em primeiro lugar, não quer jogar suas pérolas aos porcos; em segundo lugar, porque ainda acha muitas de suas próprias ideias bastante ousadas e, portanto, não ousa divulgá-las. Por um lado, para não desperdiçar sua fama de estudioso de maneira frívola; por outro, por medo de ouvidos desconhecidos e atentos de fortes instituições políticas, que poderiam lhe causar muitos problemas.

Para que nosso homem não tenha problemas com outros, ele se fecha, entra em certo sentido em um sono da alma, em seu paraíso espiritual de sabedoria ou em seu céu estoico e imperturbável; nessa condição, ele talvez ouça com muito cuidado, só se encontar uma alma aparentada. Se ele encontrar alguém e logo se familiarizar com ele, abrirá um após outro portão de seu mosteiro para o visitante. Se ele encontra uma ou mais almas que são totalmente iniciadas em suas ideias e as tornam suas, então ele imediatamente abre todos os portões de seu mosteiro. Nosso homem não terá falta de aplausos de sua assembleia, a qual se corresponde com ele e adere às suas ideias.

Não estamos em verdadeira correspondência com as ideias e os princípios fundamentais errados da comunidade monástica, mas, por nossa abordagem, ainda somos considerados parentes espirituais.

─ E esses espíritos monásticos nos veem?

Não seria essencial, pois estamos aqui apenas para informar-lhes sobre as relações aqui e seus efeitos, mas podemos entrar onde nos convém e ouvir tudo o que for possível em segredo. Como o objetivo aqui é dar a você uma percepção um pouco mais consciente, também é imperativo que nos tornemos visíveis para os residentes do mosteiro. Por essa razão, o mosteiro nos viu chegando.

O s portões estão abertos para nós e podemos entrar sem impedimentos. Primeiro entraremos na igreja e veremos tudo o que pode ser visto lá.

Veja, já estamos na igreja. O que você vê?

─ Notável! É realmente uma igreja excepcionalmente bonita! A arquitetura magnífica, a altura e as pinturas de paredes magistrais são realmente incríveis. O altar-mor é uma obra-prima perfeita da arte da escultura. Além disso, a grande pintura da Trindade, especialmente notável por seu caráter exaltado e manso, foi retratada com maestria. Verdadeiramente, nunca vimos a Trindade incompreendida tão magistralmente pintada como aqui. A aparição é notável, porque o Pai e o Filho têm suas cabeças quase encostadas uma na outra, estando ambos na luz e em um triângulo. Acima de ambas as cabeças, no canto superior, está a forma de pomba do Espírito Santo colocada de tal forma, que parece que a pomba está sentada ali, curvando sua cabeça entre as duas cabeças. Além disso, é notável que haja abaixo da Trindade, multidões sobre multidões representadas, ajoelhadas e orando nas nuvens. Debaixo destes bem-aventurados só se veem os antigos profetas, os apóstolos do Mestre, e logo abaixo da Trindade estão Maria e José, depois muitos dos nossos conhecidos mártires, depois apenas papas, cardeais, bispos e prelados puros, alguns famosos monges, césares, reis, príncipes, condes, cavaleiros e mulheres reais abençoadas; mas nenhum fazendeiro abençoado pode ser encontrado entre eles.

Você vê isso muito bem, mas ainda não viu tudo. Olhe bem para o fundo, para a parte inferior do quadro. Lá você vê a superfície da Terra representada, onde muitos fazendeiros pobres estão levantando suas mãos e implorando a tais `abençoados no Alto`.

Ainda mais abaixo é o purgatório, onde incontáveis pobres almas estão estendendo seus braços acima das chamas, pedindo ajuda aos santos no Céu. Lá à esquerda desta representação está, logo acima da Terra, uma nuvem bastante escura com uma escada de pé sobre a Terra, encostada na nuvem. No final da escada, você vê um portão com duas portas na forma das duas tábuas de pedra de Moisés; atrás do portão estão Pedro e o arcanjo Miguel. Na escada, você vê alguns ocupados em subir, mas também alguns que, no topo da escada, caem da nuvem de volta para baixo. No fundo da nuvem escura, você vê alguns abençoados ajoelhados; são os chamados ‘mais santos’. Olha, só falta uma coisa no quadro: o inferno. Por não existir na mentalidade da comunidade, não pode fazer parte da representação.

Estudamos cuidadosamente a imagem no altar-mor, de cima a baixo. O que mais o impressionou?

─ O belo tabernáculo, representado com um pequeno grupo de cabeças de serafins artisticamente combinadas. Ainda a entrada do tabernáculo representando o Cristo ressuscitado e, se vemos corretamente, ali está o Cristo ligeiramente translúcido; vê-se ao lado do coração, em vez de seu coração, uma bela custódia com o brilho mais santo. Sim, é verdade, o amor a Cristo é aqui representado por meio do amor ao ouro e à prata, às pedras nobres e ao pão da vida que se reveste das importantíssimas riquezas terrenas. Se você, querido amigo, pudesse explicar isso com mais clareza, com certeza não nos prejudicaria...

Ah sim, isso certamente posso fazer. Em primeiro lugar, perguntem-se onde nessa igreja é preciso ir para obter o pão da vida, o nobre Cristo... Quem não for batizado ou confirmado nessa igreja, não pode participar dos tesouros vivos da misericórdia da igreja; mas quem se encontrar por uma vez nessa igreja estabelecida, não deve esquecer o ouro e a prata, pois as chaves de Pedro lá são feitas de prata e ouro. Se alguém trouxer prata e ouro, receberá o pão da vida.

Você não deve pensar que alguém deve pagar pela comunhão, pois todos os participantes da comunhão recebem uma pequena hóstia de graça, quantas vezes quiser confessar. Mas se alguém quiser ter para si o trabalho completo da hóstia, deve pagar e deixar que uma missa seja lida. Se ele quiser que uma missa regular seja lida para ele após sua morte, precisa fazer uma doação substancial. Se quer e pode doar ainda mais, se quer ser agregado às missas lidas, deve ser lido diante dos altares privilegiados. Agora você pode, sem dificuldade, deduzir desses poucos fatos como alguém pode adentrar à porta do santo dos santos por meio de prata, ouro e pedras preciosas.

Na Terra, ouro, prata e pedras preciosas ainda significam uma honra a Deus e são chamados ‘Omnia ad majorem Dei gloriam’ [Para a maior glória de Deus e a salvação da Humanidade]! Mas aqui é entendido de forma diferente e é traduzido como: `Tudo para nosso maior prestígio.`; ou melhor: ‘Sejamos senhores da Terra, então todo imperador inclinará sua cabeça até o chão diante de nós’.

Há que se perguntar honestamente onde o ouro, a prata e as pedras preciosas se encaixam na verdadeira humildade cristã e no desprezo ao mundo; onde se encaixam o amor ao próximo, a abnegação e o `Tome a sua cruz e siga-Me!'.

Pois em relação ao ouro, prata e pedras preciosas, o Mestre aqui não deveria ter dito: 'Pegue seu ouro, prata e pedras preciosas e siga-Me em Meu reino lindamente adornado!' Além disso, Pedro não deveria ter dito: 'Prata e ouro, eu não tenho!'. E o Mestre não deveria ter dito tão mesquinhamente ao jovem rico que um camelo passa pelo buraco de uma agulha com mais facilidade do que um homem rico entra no Céu.

Tudo é assim distorcido e destruído, e a igreja que se autodenomina a única igreja que oferece a salvação tem muito pouco a ver com o Cristianismo.

Quem quer que se anote em um certificado ou qualquer outro documento como um `católico` não precisa acrescentar ser `cristão`; mas se escrever apenas `cristão`, então será considerado uma espécie de herege e poderá até mesmo esperar ser tratado de forma um tanto desagradável.

Vamos, no entanto, deixar assim, pois as consequências de tais grandes ilusões estão agora claramente diante de nós. Porque você conhece o verdadeiro Céu e você não achará difícil reconhecer a grande distância entre aqui e lá logo à primeira vista.

─ E por que o Mestre não deu um fim rápido e completo a tais ilusões e por que Ele permitiu isso desde o início?

Digo-lhe que os caminhos do Mestre são sempre insondáveis e Seus conselhos eternamente profundos. Deve ser o suficiente para você saber quão infinitamente bom, paciente e misericordioso é o Mestre; como Ele, sendo o mais santo Amor e Sabedoria, é muito bem e infalivelmente capaz de trazer todas as colheitas à maturidade. Quando amadurecem, Ele saberá como aplicá-las para Seus propósitos eternos, amorosos e sábios, da maneira mais capaz e eficaz.

Você também poderia perguntar por que o Mestre colocou tantas ervas daninhas e animais selvagens e venenosos na Terra, mesmo que você não entenda o uso deles. Digo-lhe, quanto a isso que o Mestre sempre segue Seus caminhos insondáveis e Seus próprios conselhos. Basta-nos ter a santa convicção de que Ele é o Pai infinitamente bom. Se temos tal convicção, sabemos que Ele não criou nada com um propósito ruim, mas que conduzirá tudo sem dúvida ao melhor propósito e o fará até a eternidade!

─ E vamos visitar o resto da igreja?

Isso não é necessário. Nós iremos agora para o mosteiro e faremos nossas observações lá.

Olha, está chegando um amigo agostiniano da chamada 'sacristie' (lugar sagrado). Ele nos cumprimenta e nos convida a ir até ele. Nós, portanto, reagiremos ao seu chamado.

CAPÍTULO 67

Pedro fundou a igreja romana!


O que o agostiniano gostaria de nos dizer e o que ele deve nos deixar ver? Nada além do que é importante para nós. Estamos com ele; ouça, portanto, o que ele nos dirá e como ele nos receberá. Suas palavras soam assim:“Sejam mil vezes bem-vindos, queridos amigos e irmãos, em nome da misteriosa Trindade, em nome da bem-aventurada Virgem Maria, do Santo José e do padroeiro de nossa igreja, Santo Agostinho, que foi um verdadeiro apóstolo e seguidor de nosso Mestre Jesus Cristo! Posso, sendo seu servo e súdito, perguntar-lhes qual propósito piedoso os trouxe a esse templo aprovado somente por Deus? Talvez vocês tenham vindo aqui por minha ordem, sendo recém-chegados; ou talvez tenham vindo aqui como piedosos penitentes espirituais para a renúncia dos pecados diários, para escapar do purgatório? Vocês estão em busca do descanso eterno e da luz eterna, ou do verdadeiro pão vivo espiritual dos anjos? Ou vocês desejam finalmente serem iniciados nos mistérios superiores da Trindade? Para resumir, seja um ou outro motivo que os trouxe aqui, vocês encontrarão satisfação suficiente aqui para qualquer um. Pois vocês devem saber muito bem que não há salvação ou bem-aventurança a ser encontrada fora dessa igreja.

Quando Cristo, o Mestre, fundou Sua igreja, Ele deu as chaves do reino celestial somente a Pedro. Nossa igreja é construída sobre a rocha de Pedro, é assim fundada por Pedro e por ele foi concedido à nossa igreja o poder para os tempos de todos os tempos, para salvar ou para condenar. Você saberá que Cristo deu à igreja o direito de condenar através dos textos: `Vocês se assentarão em tronos julgando as doze tribos de Israel’. Também está escrito: ‘E tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu; e tudo o que perderes na Terra será desligado no céu’. Mais uma vez, foi escrito: ‘Recebei o Espírito Santo, e todos os pecados que perdoardes, serão perdoados’. Existem ainda mais textos nos quais o Mestre deu todo o poder a Pedro sobre os humanos. Portanto, não há dúvida de que a Igreja Católica Romana, fundada pelo próprio Pedro, é a única igreja santificadora de acordo com o imutável conselho de Deus.

Quando você sem dúvida pertencer a esta igreja, você só poderá encontrar aqui a porta para o Céu. Se não pertencer a essa igreja, você pode facilmente ver por si mesmo o destino que o aguarda, pois está escrito nas Escrituras que quem não crer nessa igreja e não for batizado nela, será condenado!”

Agora Eu digo: “Escute amigo, você já nos perguntou sobre tudo e nos contou sobre os textos mais importantes das Escrituras pertencentes à sua igreja. No entanto, devo informar de antemão que não viemos com nenhuma intenção relacionada às suas perguntas e, em segundo lugar, que os textos que você citou não nos interessam nem um pouco.

O monge agora faz uma cara um tanto estupefata e pensa consigo mesmo: “O que, então, eles estão vindo fazer aqui? Vieram aqui sem as intenções indicadas por mim e têm até a intenção de negar o texto que citei, que indica claramente que a Igreja de Roma é a única igreja santificadora? Mas assim é, e não pode ser diferente.”

Digo Eu: “O que você pensaria, se viéssemos aqui apenas por uma razão puramente científica, para ver e ouvir um pouco de você? Com tal propósito, não seríamos bem-vindos?”.

O monge diz: “Amigo estimado, você nunca ouviu na Terra que as ciências não dão mais frutos no mundo espiritual, mas que apenas a fé católica romana faz isso, se estiver viva por meio de obras?”.

─ Ah, sim, muitas vezes ouvimos isso, mas também ouvimos que o homem esclareceria todas as dúvidas terrenas no mundo espiritual. Tal luz poderia, então, muito bem ser chamada de ciência espiritual, uma entrada na brilhante consciência dos mistérios divinos. Se existem no mundo espiritual, assim como no mundo natural anterior, mosteiros e igrejas de cantaria, decorados com várias obras de arte, então por que não existiria mais no mundo espiritual nenhuma ciência, que já era mais espiritual na Terra do que a alvenaria de um mosteiro e de uma igreja com todas as suas estátuas e esculturas em madeira?

─ Ouça! Como posso deduzir de suas palavras, se você parece estar cheio de ideias heréticas e objetáveis? Pois quem consideraria qualquer coisa pertencente ao serviço mais sagrado de Deus não puramente espiritual?! Quem material e abertamente assim testifica em palavras e ações é para sempre condenado ao inferno mais profundo?! Herege! Se você está falando sério sobre o que disse, seremos forçados a expulsá-lo para sempre desse puríssimo templo de Deus, para a sua perdição eterna. Pois está escrito: ‘Evite uma pessoa herege!’; além disso, tal herege deve ser removido da congregação e, como disse Paulo, entregue ao diabo!

Você não sabe que aquele que vai além das instituições da Igreja do Espírito Santo comete o pecado mais pecaminoso contra o Espírito Santo, pecado que nunca pode ser perdoado? Portanto, explique-se mais claramente nesse lugar sagrado, para que a condenação eterna não caia sobre você. Pois para nós, os puros servos de Deus, é mais agradável que o mundo inteiro seja condenado, do que uma santidade do Céu seja manchada pelo menor pecador. Aqui toda graça e misericórdia terminam. Aquele que não é puro no verdadeiro sentido da Igreja, como o Sol no Céu, nunca terá permissão para entrar no reino de Deus!

─ Amigo, você certamente não entendeu a palavra de Deus do lado mais brando, mas sim do ponto de vista mais rigoroso e crítico. Mas gostaria de lhe fazer uma pergunta, então você pode me dar sua resposta sincera, mas você deve me garantir de antemão que não me deverá resposta.

─ Se não for de natureza puramente diabólica, eu responderei bem. Mas você sabe que não se deve dar uma resposta ao diabo.

─ Bem, bem, vou lhe fazer a pergunta... Se você puder me provar que é do diabo, você pode me manter sem resposta; mas se você não puder fazê-lo completamente, você não sairá do lugar até que me responda. Cuidado, no entanto, com toda mentira, pois isso pode lhe custar caro.

Então minha pergunta é: Como você pode me provar pelas Sagradas Escrituras que a Igreja Católica Romana foi verdadeiramente fundada pelo apóstolo Pedro? Que eu saiba, não há a menor menção em toda a presente Escritura. Que Paulo ensinou em Roma e pregou o evangelho do Senhor é bem conhecido; mas que Pedro realmente fundou o papado em Roma, não consigo lembrar de uma sílaba em todas as Sagradas Escrituras. Se você deseja vincular-Me ao seu direito eclesiástico de condenação, você deve primeiro me provar que a Igreja Romana foi realmente fundada por Pedro, a quem o Senhor teria dado tal direito. Se você não puder provar isso para mim, e de fato pelas Sagradas Escrituras, você terá um oponente ferrenho em mim.

Veja, nosso monge faz uma cara lamentável e procura de um canto a outro, para encontrar uma resposta adequada. Agora pensa em uma desculpa inteligente, mas isso não o ajuda muito. Ele nos convida a ouvi-lo, e assim faremos.

O monge diz:Ó demônio abominável, essa é a pergunta mais infernal! É tão tremendamente herética e tão contrária ao Espírito Santo, que para tal herege mil dos mais abomináveis dos infernos, com mil vezes danação eterna, ainda seria bom demais. Devo dar uma resposta a tal pergunta, para que todos os demônios se unam para me pegar? Mas eu não vou deixar assim.

A igreja romana não foi fundada por Pedro!? Aquele que estudou sozinho por três anos em Roma e instalou sua cadeira lá e morreu como mártir em uma cruz de cabeça para baixo?! Além disso, seu corpo imperecível está até hoje na cripta de sua igreja em Roma e sua cadeira é ainda hoje o poderoso trono do Papa! E você, diabo infernal, se atreve a fazer tal pergunta e se atreve a pisar tão completamente a um puro servo de Deus, um sacerdote ungido? Rogo-vos em nome do Deus-Trino, da bem-aventurada Virgem Maria, de São José, e em nome de todos os santos apóstolos, discípulos, mártires, em nome de todos os outros santos e em nome de toda a Igreja Católica Romana, que você, diabo abominável, deixe esse lugar sagrado com sua assembleia infernal e maldita! Caso contrário, convocarei todos os meus irmãos que estão descansando no paraíso e no Céu, para que possam perseguir e velar você e seus companheiros condenados com três crucifixos altamente consagrados e com outras insígnias altamente eclesiásticas, até que esse lugar se torne mais miserável do que a casa do demônio diabólico! Seu demônio anticristão, seu enganador de todos os homens, véspera do sétimo dia da Criação, a sempre maldita criatura de Deus! Vá embora, longe, longe daqui!”

CAPÍTULO 68

Disputa com um Agostinho. Pedro e Paulo.

Agora Eu digo:“Ouça, meu caro amigo, seu exorcismo extraordinariamente implacável certamente não tem poder eclesiástico; pois, como você vê, todos nós, seus três demônios subterrâneos, estamos ainda completamente ilesos diante de você. Pode ter certeza de que não fugiremos de todo o seu convento, nem de mil crucifixos e nem de baldes de água benta. Enquanto não soubermos o verdadeiro motivo de sua parte, conforme evidenciado pelas Escrituras, de que sua igreja foi fundada por Pedro, não seremos movidos daqui. Pelo contrário, agora estamos muito inclinados a penetrar mais fundo em seu mosteiro e a não sermos dissuadidos por nenhuma violência exorcista.

Para tal fim, peço-lhe que nos sirva e nos conduza aos aposentos de seus irmãos igualmente insensatos, pois você mesmo é um deles.

O monge retruca, enquanto faz três cruzes diante dele:“Deus me ajude! Muitas vezes ouvi dizer que as tentações do demônio no mundo espiritual são mil vezes piores do que no mundo natural e que no mundo espiritual é que realmente se tem uma ideia verdadeira da grande violência do demônio. O que li sobre isso nos livros sagrados, escritos por homens mui piedosos, agora está literalmente diante de mim! Mas eu lhe digo, seu diabo eternamente abominável, seu persistente enganador de Deus e de todos os humanos, você acha que Deus está enganando a si mesmo? Você está errado! Mas, por menos que Deus possa ser enganado, eu, um sempre fiel servo de Deus, não posso ser enganado por você e, em vez de me render, resistirei a você com a ajuda de Deus e com a ajuda da Santíssima Virgem Maria, até que sua paciência em lutar comigo lhe falte. Portanto, você pode fazer o que quiser, você não vai me fazer abandonar minha igreja!

Você não ouviu o que a Igreja exige de acordo com a autoridade dada a ela por Cristo, que se deve acreditar absolutamente no que ela prescreve? Para se acreditar, sem perguntar se está escrito ou não, o que também é uma exigência mui razoável da Igreja? Pois se a Igreja está de posse do Espírito Santo, e Ele fala por meio da Igreja, quem não acreditaria nela, sendo um cristão sincero e verdadeiro? Mas se alguém fosse indagar sobre todos os princípios da Igreja como você faz, então também deveria perguntar: ‘Onde, então, estava escrito o que Moisés e os profetas disseram de Deus?’. Veja, demônio imundo, o que eles disseram saiu do Espírito Santo e, portanto, é e permanece uma verdade eterna. Assim, a Igreja também tem o Espírito Santo. Isso, no entanto, não se limita ao que já foi escrito antes; mas Ele sempre pode falar e ensinar livremente, e os filhos da Igreja devem reconhecer isso como uma verdade irrefutável em todos os momentos. Então se a Igreja expressa historicamente que Pedro realmente ensinou em Roma, onde estabeleceu sua cátedra, e ali morreu também com a morte de cruz, esta é certamente uma verdade garantida, porque a Igreja está em plena posse da Espírito Santo. Agora você tem a prova necessária!

Agora remova-se, como você disse! Não serei culpado por lhe dar tal instrução, mas fiz isso para lhe causar uma condenação ainda maior.”

Agora Eu digo:“Ótimo, meu amigo e verdadeiramente mal-humorado irmão sombrio! Eu lhe pergunto, já que você aparentemente me deu o espírito santo eclesiástico de forma tão clara, como é possível que o Espírito Santo pode estar tão terrivelmente errado na declaração histórica sobre a presença de Pedro em Roma? Pois você acabou de reivindicar a presença de Pedro em Roma por três anos... E posso garantir a você que, a esse respeito, não tenho conhecimento de nenhuma carta histórica escrita sobre Pedro. Se, a propósito, você for apenas um pouco versado na história, certamente descobrirá a diferença entre vinte e quatro anos e os seus alegados três anos.

Além disso, o ano da morte do apóstolo em Roma é muito diferente, e deve-se chamar de sorte se apenas uma variante de um ano for descoberta nos escritos. Que essa minha afirmação está correta, você pode ver pelos vários historiadores, pois sua biblioteca é a mais afortunada, por possuir todos esses escritos. Agora me diga, em qual deles você entrega totalmente a sua fé?”

O monge fala:“Eis que já é um poder diabólico! O que devo lhe dar como resposta? Eu lhe digo que o cristão verdadeiro e obediente acredita em tudo e não pede dados historicamente incorretos. Mas o ponderador, que é um herege, pondera todas as coisas. Também existem contradições semelhantes nas Sagradas Escrituras! Não deveríamos acreditar? Mas se você não sabe como o Espírito Santo fala, eu te digo que Ele sempre fala com sabedoria interior, e tais afirmações têm um significado muito diferente, que, claro, não é entendido por um demônio. Mas nós, os teólogos, conhecemos esse sentido e sabemos no que acreditamos. Eu respondi, para torná-lo ainda mais condenado!”

Agora Eu digo:“Bem meu amigo, se isso estiver correto, eu não entendo de forma alguma a razão pela qual agradou ao Espírito Santo relatar sobre o apóstolo Paulo nos atos dos apóstolos fielmente escritos; contudo, sobre o o Santo Pedro, como você o chama, nunca foi mencionado nada a respeito, enquanto Paulo foi pessoalmente chamado para estabelecer a Igreja de Cristo.

Paulo foi chamado como apóstolo dos gentios; em nenhum lugar está escrito que o Senhor também chamou Pedro para os gentios. Além disso, Pedro conhecia a excelência do apóstolo Paulo e não considerou necessário ser um apóstolo seguidor onde Paulo fundou uma igreja cristã. É bem conhecido pelas Escrituras, e de fato pelo próprio Paulo, que uma vez ele repreendeu Pedro; mas uma situação oposta não é mencionada.

Mas como Pedro, como o primeiro cabeça visível da Igreja, já havia sido repreendido por Paulo a respeito de um erro e assim foi responsabilizado, o Espírito Santo naquele momento não o ajudou; ou melhor, Pedro esqueceu um pouco o Espírito Santo? Então podemos assumir que os tais dados históricos, que variam tanto entre si, foram voluntariamente tirados do ar, ou que o Espírito Santo pode ser acusado de infidelidade?

Mas eu sei que Cristo, o Senhor, deu o mesmo poder a todos os apóstolos. E quando Ele voltou após Sua ressurreição, segundo João, Ele ordenou a Pedro que O seguisse, e o discípulo João também o seguiu. Quando Pedro fez uma observação sobre isso, o Senhor disse a ele: ‘Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, o que te importa?’ Ou seja, se ele quiser Me seguir como você, deixe-o. Por que, então? Porque o Senhor quis mostrar que o discípulo deveria segui-Lo, como Pedro, na constituição inalterável e contínua. Portanto, ele deveria continuar para sempre, apesar da objeção de Pedro, em tal estado de espírito, seguindo o Senhor. Eu só sei que assim o Senhor defendeu João quando ele foi acusado irracionalmente diante dos apóstolos por não ter sido diretamente chamado por Ele. Ali Jesus trouxe as mentes de Seus apóstolos invejosos para um descanso e uma reflexão.

Também não há nenhuma sílaba a ser encontrada sobre Cristo ordenando um apóstolo para construir qualquer edifício do templo, nem de uma ordenança posterior do Espírito Santo. Cristo realmente disse: ‘Pregai este Meu Evangelho em todos os lugares’. Ele ainda teria dito: ‘Construi-Me uma casa de oração’? Não é mencionado isso em nenhum lugar, nem mesmo ligeiramente.

Mas sabemos que Ele falou à mulher da fonte de Jacó: ‘Chegará um tempo, e já está aqui, em que os verdadeiros adoradores adorarão a Deus em espírito e em verdade, e nem o templo de Jerusalém será necessário, nem a montanha de Gerizim, mas as pessoas poderão fazer isso em todos os lugares, em espírito e em verdade. ‘(João 04).

Sabemos também que o Senhor ordenou aos que oram que entrem sozinhos em seus aposentos. Ele não disse aos apóstolos: ‘Fechem-se nos conventos’; mas sim: ‘Vão por todo o mundo e preguem o evangelho à toda a Criação’.

Se você, porém, deseja fortalecer seu jogo de poder eclesiástico pelo Espírito Santo, você faz de Cristo um mentiroso ou um mestre fraudulento que não sabia, durante o tempo de Seu ensino, o que seria necessário para Sua Doutrina e teve de corrigi-lo secretamente depois, de acordo com dados históricos conflitantes. Não, não ... Ele não previu que mosteiros e igrejas seriam necessários à difusão de Seu ensino; não que Pedro deveria fundar Sua igreja em Roma e que uma imensa casa de oração e uma residência ainda maior deveriam ser construídas para Seus sucessores?

Assim, Cristo pode não ter considerado que no decorrer do tempo seriam necessárias grandes hierarquias sob o sacerdócio de Sua Igreja para a difusão de Sua Doutrina? Se assim fosse durante Seu ensino, como Ele poderia ter respondido aos apóstolos quando Lhe perguntaram quem deveria ser o líder Ele disse: ‘Nenhum de vocês é o Mestre. Eu o sou, e vocês todos são irmãos unidos.’

Mas sua ignorância aparentemente vai ainda mais longe... Ele disse: ‘Ninguém é bom, só para Deus. A ninguém chamareis de Pai, pois um só no Céu é o vosso Pai; portanto, ninguém é santo, só Deus.’ E você diz que todo apóstolo é santo, e o sucessor de Pedro é até um `santo pai`?!

Se você, meu caro amigo, leva isso muito a sério, então você deve acusar Cristo na ordem eclesiástica. E se você acredita em Sua Divindade, diga também que Deus também Se vê como um homem fraco, Ele só vem a saber com o tempo o que é melhor, é compelido a entregar-se às suas criaturas, pondo em risco a sua Verdade eterna e a sua infinita Sabedoria...

Sabemos que o Senhor estabeleceu a Igreja Judaica por meio de Moisés e dos profetas como uma prefiguração do Senhor em todas as suas partes. Mas Ele fez isso literalmente por meio de Moisés. Nenhuma menção jamais foi feita de que o Senhor, em Sua aparição na pessoa mais elevada de Cristo, havia estabelecido uma igreja cerimonial e figurativa. No entanto, Ele lançou no fundamento de Sua doutrina nada mais que o amor ao próximo e, sendo indispensável em primeiro plano, o amor a Deus: ‘Amem- se; todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.’

Assim, Ele também disse que Seus apóstolos e discípulos não deveriam condenar ninguém e não julgar ninguém, para que não fossem condenados e julgados. De fato, o Senhor mesmo disse de Si mesmo que não veio para julgar o mundo, mas para salvar e buscar o que está perdido.

Como, então, você foi capaz de julgar contra tal doutrina explícita de Cristo e até mesmo obteve a condenação temporal e eterna e a sentença de morte?

Não poderia, neste contexto, aplicar-se a vocês o texto de Cristo aos que Lhe disseram: ‘Em teu nome temos pregado, profetizado e exorcizado demônios!’; foi quando então Ele, excitado em Si mesmo, respondeu o seguinte: ‘Afastai-vos de Mim, malfeitores, nunca vos conheci; pois sois vós que sempre resististes ao Espírito Santo!’, não poderia?

Por isso eu lhe digo que julgue estas palavras exatamente em você mesmo e me dê uma resposta. Mas Eu vou lhe mostrar o poder de outro exorcismo que abrirá seus olhos cegos, e você verá o abismo que o espera se você permanecer em sua teimosa loucura.

Eis que o Senhor se compadeceu de vocês e me enviou aqui para a sua salvação. Se me ouvir, será salvo; mas se não, também tenho o poder de colocá-lo imediatamente no lugar certo que o Senhor designou para você.”

Eis que o monge começa a ficar intensamente perturbado e não pode mais aconselhar ou ajudar a si

mesmo. Então, ele se vira e se retira para sua assembleia.

Vamos segui-lo também, para que você possa ver como tais erros se desenvolvem no mundo espiritual.

CAPÍTULO 69

O monge agostiniano em conselho.

Eis que ele entra em um grande salão e, como você notou, muitos irmãos monges estão vindo em sua direção. Vários perguntam-lhe quem são e o que querem? E ele (o monge) respondeu-lhes furtivamente: “Não perguntem, pois são seres terríveis que querem nos perturbar muito em nosso descanso feliz por uma estranha autorização. Se aquele no meio é o próprio Lúcifer ou seu primeiro ajudante, não sei, mas o que é certo é que ele zombou de todos os meus exorcismos mais poderosos e me ameaçou abertamente com o inferno, se eu não pudesse provar literalmente pelas sagradas escrituras que Pedro havia fundado a Igreja Romana.”

Sim, eu vos digo, reuni toda a minha sabedoria e dei-lhe a prova mais forte, mas foi tão ineficaz e inválido, quanto uma gota d'água para apagar o fogo de uma casa. O que mais podemos dizer quando alguém prova pelas Escrituras, quase nos mínimos detalhes, que a Igreja Romana em sua ordem existente, se fosse guiada e mantida pelo Espírito Santo, tornaria Cristo um mentiroso ou um ser (embora nascido da Divindade) que, em tamanha imperfeição, a Divindade julgaria necessário, mais tarde, melhorar a doutrina fundada por Cristo?!

Em suma, isso provaria que, na atual ordem eclesiástica, a doutrina de Cristo é de origem totalmente divina e nossa igreja, ao contrário, nada mais é do que um paganismo autossuficiente e muito mesquinho. Provaria ainda que, se nossa igreja estivesse certa, Cristo não seria nada; e se Cristo não for nada, então nossa igreja não tem legitimidade. Aí está o enigma!

Se tivéssemos a Santa Inquisição aqui neste reino, poderíamos atormentar tais espíritos heréticos como os homens físicos na Terra, poderíamos tornar as coisas tão quentes para eles por causa de sua heresia, que o inferno mais baixo ficaria envergonhado. O que fazer aqui, onde a violência não é mais possível? Devemos levar uma cruz tão terrível nas costas e seguir Cristo com mui paciência.

Veja, ele já está entrando no corredor com seus ajudantes. Não posso lhes dar outro conselho senão fazer uma cruz secreta em qualquer uma de suas palavras, não dizer nada e não dar a ele a menor resposta. Fujamos para trás do nosso crucifixo do refeitório e comportemo-nos com toda a calma!

Alguém fica atrás da cruz e faz o sangue escorrer das feridas do crucificado, e esse hóspede infernal certamente não será capaz de nos prejudicar.”

Veja, todo o grupo, cerca de quinhentas cabeças, corre atrás do crucifixo, e logo o sangue das feridas da imagem de Cristo crucificado está começando a fluir. Os monges fingem estar dormindo, e nosso orador principal mantém-se o mais afastado possível.

Agora você diz: "Meu querido amigo, parece que todo esforço e trabalho serão em vão; na verdade, somos da opinião de que nem mesmo o solo arenoso e musgoso na noite extremamente escura os beneficiaria. É terrível como esses seres consideram as palavras todo-poderosas do Senhor como as palavras de Satanás. Sim, o Senhor pode aparecer em pessoa e pregar contra o absurdo deles, e eles O considerarão nada além do que acreditam. E se Ele testemunhar-lhes a verdade de Seu ser por milagres, eles dirão o mesmo que os fariseus: ‘Ele faz tudo isso por meio do diabo’; não é assim?”

Sim, meus queridos amigos, seu comentário é bastante correto, e assim é com esses seres, como você disse. Mas também é verdade que tudo é infinitamente possível para o Senhor, onde nós, com toda a sabedoria, não podemos alcançar nada.

Faremos aqui alguns experimentos, e logo será mostrado que efeito eles terão sobre esses seres. O crucifixo enganoso serve como base principal de apoio e proteção para seus absurdos. Vamos atacá-lo primeiro, derrubá-lo e destruí-lo sob nossos pés.

E assim os abordamos. Eis que o maquinista do falso sangue já está recuando por causa de nossa aproximação, e digo: “Essa ilusão que brotou da falsa base duradoura desses seres será destruída, pois não há maior abominação aos Olhos do Senhor do que tal miragem relacionada a Ele, através da qual milhares e milhares de corações de homens são preenchidos com a mais sombria ilusão e com a mais hedionda imundície da morte”.

Olha, o crucifixo já está destruído, como palha suja no chão. Um após outro, os monges estupefatos começam a se levantar. De cada rosto brota ira, mas ninguém se atreve a colocar a mão sobre nós. Ninguém quer falar uma palavra; vou me dirigir ao monge que ainda está em segundo plano. E lhe digo: “Ouça, espírito sombrio lá atrás! Saia e me dê resposta sobre a questão colocada no templo!”

O monge, tomado de grande medo, surge e quer responder com uma maldição por causa do crucifixo. Mas agora, bem na frente dele, uma grande fenda se abre, e ele olha para o inferno.

Digo-lhe: “Eis aqui, tu, espírito das trevas, o teu Cristianismo. Seu coração está cheio do que vês!

Em vez do amor mais terno de Cristo, sangrando pelo perdão do malfeitor, pedindo ao Pai em si mesmo que os perdoe, você não tem nada além de ódio, zelo sectário, condenação, julgamento e fogo dentro de você; assim você se opõe ao ensinamento mais básico de Cristo, sendo um anticristo convicto. Tira a última gota de vida de todos os seus confessores e enche seus corações de morte!

Em vez do pão vivo, que é a verdadeira Palavra Viva de Deus, você oferece-lhes pedras brilhantes, fazendo com que todos, como você, fiquem cheios de vingança, raiva, furor, julgamento e condenação contra todos aqueles a quem o O próprio Pai projetou e ensinou. Sim, você não tem nenhuma dor na consciência por suprimir dos outros por causa de sua ânsia de poder, nem por tirar a Palavra de Deus da congregação tanto quanto possível, nem mesmo para dominar um iluminado com uma maldição e condenação de herege!

Em vez da Palavra de Deus, você alimenta as pessoas com seu próprio interesse, com sua ânsia de poder. Seu lema é manter toda centelha de melhor luz longe das pessoas, enquanto Cristo, o Senhor, disse expressamente: ‘Seja perfeito como seu Pai Celestial é perfeito.’

O que devo fazer com vocês? Vocês, que deveriam alimentar o rebanho do Senhor e alertá-los contra os lobos devoradores, rastejaram atrás de uma parede de sete dobras e, no final, em vez de serem pastores fiéis, tornaram-se lobos. E há muitos milhares e milhares que provaram a dureza de seus dentes de lobo e os acusam em voz alta no tribunal de Cristo.

O que devo fazer com vocês, que sempre pisaram na palavra de Deus com seus pés, porque não foi bom para o seu desejo insaciável de domínio?

O que devo fazer com vocês? Perguntem-me quem sou e responderei que sou um verdadeiro apóstolo do Senhor, enviado aqui para representá-lo em Seu nome. Mas como devo despertá-lo, quando vocês estão cheio de julgamento eterno?

O que devo fazer com você que, com bastante ousadia, ousou afirmar diante do povo que a Terra está a seus pés e que carrega Deus em suas mãos?!

Eu lhe digo que você nunca poderia ter inventado um testemunho mais prejudicial e ao mesmo tempo mais impressionante. De fato, você sempre pisou sobre os povos onde possível, com seus pés dominadores e sedentos de lucro, junto com seus imperadores e reis ungidos; você negociou a Palavra de Deus em suas mãos, como se fosse uma mercadoria ruim.

Nunca houve nada divino em seus corações sempre preenchidos com o espírito das trevas”.

E lhe pergunto novamente:“O que você quer fazer? Fale, ou o abismo o devorará!”

Agora nosso monge fala: “Em nome de todos os meus irmãos, eu te peço, quem quer que sejas, que nos poupe desta dura prova. Se, segundo a doutrina de nosso Senhor, nos tornamos verdadeiros enganadores, estávamos fora de nós mesmos; mas devemos ser como somos e a nenhum de nós foi permitido falar ou agir de maneira diferente do que nos foi permitido falar e agir segundo a Igreja. Se fomos lobos, assim tivemos de ser. Se realmente és um mensageiro superior, certamente saberás como foi e ainda é conosco. Ainda estamos presos aqui, assim como estávamos na Terra. Portanto, se te for possível, liberta-nos, pois também queremos aceitar a pura Palavra de Cristo; ao menos cobre o horrível abismo diante de nós.”

Digo-lhe: “Se quer passar pelo abismo, precisa abafar, em Espírito e Verdade, aquilo que vê nele diante de si, pois é uma aparição que você carrega em seu próprio coração. Procura a si mesmo.

Façam o mesmo todos vocês aqui presentes. Despertem de sua morte, a fim de que, quando eu voltar, os encontre limpos e vivos, para tirá-los da prisão da morte!

Mas ainda há muito mais neste mosteiro que ainda preciso admoestar.

Quando você recobrar o juízo, retornarei e lhe mostrarei um novo caminho em Nome do Senhor”.

Veja, começam a gemer e chorar. Não ouviremos, iremos imediatamente aos ‘monges do paraíso’.

CAPÍTULO 70

Os Agostinianos do Paraíso.

Eis que há uma porta aberta que conduz a um jardim bastante grande, em frente ao grande pátio do mosteiro. Queremos ir lá e ver o que acontece no jardim. Bem, o jardim já está espalhado diante de nossos olhos. Você gosta?

Você diz:“Caro amigo, certamente seria um inimigo de toda estética superior, se não gostasse desse jardim. Essas esplêndidas arcadas, juntamente com os altos muros do jardim, os espelhos d'água, as esplêndidas colunas e depois as flores mais esplêndidas, bem como as árvores frutíferas na mais bela ordem; deve ser dito que a arte e o bom gosto estão unidos aqui. A natureza está em toda parte bem calculada e na mais bela harmonia com a arte. Ergue-se sobre o muro do jardim um palácio muito esplêndido, que, pela sua imponência, nada deixa a desejar. Acredito que se os espíritos que vivem nesse jardim representam apenas algumas dessas características esplêndidas, eles podem ainda não estar totalmente corrompidos.”

Sim, Eu lhes digo, meus queridos amigos e irmãos, parece bom, mas vocês nunca devem esquecer a seguinte regra: `Onde há muito esplendor entre os homens, também há muito desperdício. Onde há muito esplendor e desperdício, há uma grande ânsia de poder. Onde há muito desejo de poder, há muito amor próprio. Onde há muito amor próprio, há muito interesse próprio`. Portanto, o esplendor externo nunca é um sinal favorável para quem se apega a ele. Basta olhar por uma vez em sua Terra. Quem mora nos grandes e magníficos palácios? Raramente alguém que não seja um rico e poderoso. A quem este esplendor beneficia? Ninguém, exceto o próprio dono. Como isso o beneficia? Ele faz isso de maneiras diferentes. Em primeiro lugar, é um sinal de sua prosperidade ou de seu poder de estado, colocando qualquer pessoa que passa em um estado de temor e a torna tímida, fazendo com que evite tal mansão e não se aproxime facilmente dela por qualquer motivo. Em segundo lugar, tal esplendor impede que os pobres da humanidade se aproximem do dono e lhe peçam alguma esmola. E em terceiro lugar, tal esplendor é uma fonte inesgotável para alimentar a arrogância e, portanto, também para o desprezo contínuo pela classe humana pobre.

Tal esplendor é também o melhor meio de manter a pobre humanidade continuamente em sua própria cegueira. Você pergunta por quê? Porque o homem simples se apraz em manter os donos de tão grande esplendor como seres de uma espécie superior. Ao ver tamanha grandeza, ele não consegue se livrar desse sentimento. Sim, devo dizer que, se a Basílica de São Pedro e o Vaticano papal não fossem construídos com tanto esplendor e grandeza, excedendo toda a compreensão humana, muitos não achariam tamanha graça por serem admitidos nos chinelos do Papa. As indulgências cegas concedidas pelos camponeses nunca teriam produzido um efeito tão lucrativo como o fazem, não fosse o maravilhoso esplendor do Vaticano. Você sempre viu que qualquer religião, quando passa para o materialismo, começa a usar o esplendor externo para explorar a cegueira do homem por um longo tempo.

Pode-se perguntar se tal impressão feita às pessoas já foi de alguma utilidade para a humanidade?

Mesmo o templo de Salomão era essencialmente nada além de um profeta mudo. Por sua existência desde a época de Salomão, mostrou a todo o povo israelita como o espiritual havia transcendido para o material e, no final, nada de bom ou verdadeiro restou dali.

E depois o Senhor deu aos próprios judeus o testemunho do templo, e eles fizeram da casa de oração uma cova de assassinato! Sim, naquele templo foram cometidas atrocidades sem nome. As pessoas foram tão cegadas pelo templo, que não conheceram o Senhor da Glória e até mesmo decidiram no templo por Sua crucificação. Judas também foi pago com o dinheiro do templo; no final, jogou o dinheiro de sangue novamente no templo, para um grande testemunho de que o templo sempre foi um poço de assassinato do Espírito de Deus.

Se você considerar isso um pouco, tal esplendor não aparecerá para você em uma luz muito favorável. E como as coisas estão a respeito, teremos uma pequena amostra quando entrarmos no primeiro templo do jardim. Veja só, já há dois monges vestidos de branco vindo ao nosso encontro.

Você pergunta se eles são dominicanos ou cistercienses. Oh, não, queridos amigos e irmãos, são apenas agostinianos paradisíacos, pois no paraíso eles tiram as vestes pretas e se vestem de branco.

P or que você está olhando tão atentamente para o palácio? Eu sei o que está em seus olhos: os anjos, pulando com pares de asas presas aos ombros, feitas de penas brancas. Claro, você pergunta se eles podem voar... Oh, não, eles não podem fazer isso, pois as asas não crescem neles, mas são apenas artificialmente presas, como se estivessem em um teatro. O salto pretende representar a vivacidade desses anjos e como eles estão dispostos a servir a esse ‘paraíso’ ao menor sinal. Eis que meia dúzia já corre atrás dos dois agostinianos paradisíacos que se aproximam de nós; E você logo verá que esses anjos do paraíso são até munidos de porretes e sabres para afastar qualquer hóspede não solicitado nesse paraíso, de uma forma não muito paradisíaca.

Você pergunta quem eram esses anjos na Terra? Você já ouviu falar dos chamados irmãos leigos, ou melhor, dos donos das casas monásticas? Aqui, também, eles são espíritos administradores do mosteiro. Mas, para que gostem de seu ministério, eles são designados para serem anjos. Tudo isso se deve à justificativa errônea em que tais homens trocaram o temporal pelo eterno. O grande Amor e Misericórdia do Senhor, entretanto, deixa esses seres por muito tempo em tal raciocínio, enquanto eles não começarem a perceber que algo está errado com suas circunstâncias.

Em primeiro lugar, eles nunca podem se satisfazer plenamente com todas essas belas frutas. A comida e a bebida parecem para eles como se estivessem comendo e bebendo em sonhos.

Em segundo lugar, eles também veem continuamente nuvens brancas flutuando acima deles, mas não podem ver de onde essas nuvens obtêm sua luz.

Em terceiro lugar, só aos poucos percebem que, sabendo que estão no mundo espiritual, não há nenhum santo à vista, nem mesmo a Virgem Maria, nem Pedro, nem o arcanjo Miguel.

Em quarto situação e fatal para eles, é que, ao olharem por cima do muro do jardim, geralmente por meio de escadas, não veem nada além de planícies estéreis; só seu jardim é frutífero.

Em quinto lugar, eles estão gradualmente se tornando conscientes do fato de que sua igreja monástica nunca é visitada por ninguém além deles.

E assim ainda existem vários meios pelos quais a mente pode ser gradualmente informada de que algo está errado com seu paraíso.

Estes habitantes do seu paraíso, de fato, ainda mantêm seu céu monástico, que só conheceremos mais tarde, mas eles têm dúvidas consideráveis sobre seus céus. Estes habitantes celestiais devem, portanto, ser muito políticos e manter suas suspeitas sobre o Céu tão secretas quanto possível, para o bem de seu paraíso (que também pensam ser uma entrada para para o real Céu), até que o solo dali também se torne miserável e não se possa mais cultivar o vasto jardim.

Você deve saber que o Senhor permite, por um bom motivo, que espíritos adquiriram seu pão com trabalho das mãos e suor dos rostos, como na Terra. Eles devem trabalhar, se quiserem comer algo.

Mas veja, nossos habitantes do paraíso estão se aproximando de nós. Portanto, vamos ficar quietos e ver como eles vão nos receber! Eis que um homem do paraíso está acenando para um anjo que carrega um bastão ao seu lado, para que ele possa se aproximar de nós com segurança. O outro homem do paraíso, juntamente com quatro anjos portadores de sabre, constituem a proteção da retaguarda da linha de frente, caso ela seja muito fraca contra o inimigo.

Bem, o primeiro homem do paraíso nos pergunta: “De onde você é, de cima ou de baixo?”

E digo: “De cima!”

Ele nos pergunta: “E onde se encontra o que é de cima?”

Eu lhe mostro colocando minha mão no meu peito e dizendo: “Bem aqui, no coração; o Amor do Senhor é unicamente lá de cima!”

Ele diz: “Acha que sou bobo? Não sabe onde é o Céu nem que se encontra no Paraíso de Deus?!”

Eu lhe digo: “Sei onde fica o Céu e conheço muito bem o paraíso, mas o seu paraíso aqui e o seu céu eu não reconheço como um real paraíso. Digo ainda que reconheço isso apenas pela Verdade. O céu e o paraíso daqui nada mais são do que uma invenção sua e de sua total loucura mundana.”

Ele retruca: “Que discurso! Então, são aqueles que dizem vir de cima? Espere um pouco, mostraremos onde é o andar de baixo. Venham, anjos de Deus, peguem de uma vez esses três patifes infernais e escoltem-nos para o esconderijo; vocês sabem a que lugar me refiro, a escola onde eles aprenderão a distinguir de cima e de baixo.”

Eis que os anjos nos seguram, e desta vez não nos defenderemos, mas deixemo-nos introduzir por eles. Somente quando tiverem executado sobre nós um julgamento muito mundano é que começaremos a nos mexer um pouco, pois tudo pertence à causa. Você não teria um conhecimento completo da situação espiritual e nós não poderíamos facilmente chegar a esses espíritos de qualquer outra maneira para, então, convencê-los de sua ilusão para o próprio bem deles. Portanto, como já disse, deixemo-nos levar de boa vontade, para que todos vejam de quantas maneiras infinitas o Senhor sabe prover continuamente Seus servos do fecundo labor do Amor.

CAPÍTULO 71

Em aparente cativeiro dos agostinianos paradisíacos.

Suas dúvidas sobre a correção de sua conduta.

Os dois monges celestiais (pois você deve entender que ‘celestial’ é aqui referido como ‘do paraíso’) nos conduzem, e os anjos nos seguem com bastões e sabres.

Você pergunta onde eles vão nos levar, pois basta olhar para o norte; no canto do grande muro do jardim há uma torre suja, com uma porta preta. Lá eles devem nos segurar. O que acontecerá mais adiante, a experiência dirá.

Mas ouça um pouco o que os dois monges do paraíso discutem no caminho. Um deles apenas diz: “O que você pensaria se esses três vagabundos fossem emissários de algum lugar diferente, onde nunca poderíamos comer o suficiente? Não deveríamos ouvir o caso deles e perguntar de onde eles realmente vieram? Pois a pergunta que fizemos a eles, se eles vieram de cima ou de baixo, foi muito precipitada. Nós, como se diz, batemos com a porta da casa no nariz; colocá-los neste paraíso pode nos custar muito caro. Minha opinião é que, ao invés de trancá-los na torre, poderíamos levá-los para a torre da liberdade, na direção do meio-dia, aberta por fora e trancada apenas por dentro.”

O outro diz: “Querido amigo e irmão, você não vai querer ser herege aqui no paraíso. Bem sabemos que o Senhor caminhou sobre a Terra sem glória, e assim também aconteceu com os primeiros proclamadores e propagadores de Sua doutrina. Mas você sabe que naquela época a igreja do Senhor era pobre e sofredora. No entanto, após a grande reunião da Igreja em Niceia, ela triunfou globalmente sobre todos os pagãos. Por isso ela deixou de ser pobre e sofredora e se tornou uma igreja rica e triunfante, uma igreja cheia de esplendor, glória, prestígio e poder.

Se na Terra o Senhor trata a Igreja e Seus servos com tanta glória, quanto mais Ele fará isso no reino dos espíritos abençoados. Se, então, ele nos enviar mensageiros superiores, você pode esperar com a maior confiança que tais mensageiros não aparecerão assim na forma de lixo de beco, mas sim com grande esplendor e majestade celestial. Pois está dito nas Escrituras que o Senhor voltará com grande poder e glória sobre as nuvens do céu.

Como, então, tais sentinelas devem ser emissários de Deus? Mensageiros velados do inferno sim, mas não mensageiros superiores do Céu. Portanto, apenas à direita, na torre fechada com eles, que é construída de pedras sagradas puras, e mostrará imediatamente que tipo de filhos espirituais eles são! Tais pedras consagradas queimarão o diabo mil vezes de modo pior que o inferno mais baixo.”

As primeiras respostas soam: “Bem, faça o que quiser, mas vou ficar com a minha ideia. Se as coisas derem errado, você pode lidar com isso. E assim, faça o que quiser, não vou atrapalhar seu plano. Veja, a torre já está perto de nós. Aqui eu lhe dou a chave, porque não quero ter nenhuma parte no seu empreendimento. Mas já pensei muitas vezes que em nossa igreja romana, somos sempre mais rápidos na condenação do que na bênção. E assim, tenho pensado sobre o texto do Senhor, no qual Ele advertiu explicitamente os apóstolos e discípulos contra a condenação e o julgamento. Por essa razão, eu secretamente comprometi-me a não condenar ou julgar ninguém. Assim, permanecerei fiel à minha intenção em relação aos três e, portanto, dir-lhe-ei novamente: Faça o que quiser, mas não quero ter nenhuma participação em suas ações.”

O outro diz: ‘Tomarei a chave e executarei a justiça divina; grande é o amor do Senhor, mas a sua justiça está acima, clamando pelo sangue do Filho de Deus. Portanto, deixe-me executar a justiça.”

O primeiro responde secamente ao executor de justiça: “Eu mesmo sei pelas escrituras que o Senhor não deu aos apóstolos e aos discípulos outro mandamento senão o do amor. Eu também sei que o Senhor certa vez usou uma governanta injusta como um exemplo imitativo, e Ele disse uma vez que tem mais alegria por um pecador penitente do que por noventa e nove justos. Mas não me lembro de nenhum texto importante em que o Senhor tenha enfatizado explicitamente a estrita justiça. O cobrador de impostos foi justificado no final, e o justo fariseu reprovado! Quando penso nisso, nossa dura justiça perdeu muito; é minha opinião.

A propósito, como eu disse, faça o que quiser. A torre está aqui, os três também. Você tem a chave na mão, então vou recuar.”

CAPÍTULO 72

Pergunta espinhosa, resposta honesta.

Veja, o espírito do monge segurando a chave como habitante do seu paraíso celestial. Abre a porta e nos convida a entrar. O que você acha, devemos obedecer ou não?

Muitos católicos diriam que a obediência assim exige. Mas existe um princípio diferente, afirmando que devemos obedecer a Deus e não ao homem; pois não seguiremos as ordens aqui, mas permaneceremos fora. E também tomarei a liberdade de reduzir aquela torre a um pó inútil, com um toque suave de Minha Mão direita.

O portador da chave nos ameaça com as seguintes palavras:“Se você não entrar imediatamente, colocarei uma mão violenta sobre você imediatamente.”

Então devemos nos aproximar da torre, para que Eu possa tocá-la com Meu dedo. Agora estamos na torre e, veja, ela se foi!

Mas agora olhe para o nosso zelador, a cara miserável e espantada que ele faz...

E um outro, melhor de espírito, aproxima- se dele, dizendo: “Agora, meu querido irmão, o que você diz sobre esse fenômeno? O diabo poderia ter feito isso?”

O outro diz: “Sim, meu querido irmão, o assunto é extremamente intrigante. Até agora, Satanás não foi capaz de fazer nada contra a torre; na verdade, ela ficou lá como uma fortaleza verdadeiramente inexpugnável de Deus. Todos os hereges e servos do diabo, como adversários da única igreja salvadora, encontraram seu asilo condenado aqui. Nunca antes um demônio ousou tocar a torre. E eis que este homem perverso, ou o que quer que seja, tocou a torre com apenas um dedo, e imediatamente não restou nenhum vestígio dela. Agora não vejo outro meio senão tirar esses três do paraíso sagrado, o mais longe que puderem; caso contrário, ele tocará em outra coisa e a destruirá, assim como fez com esta torre.

Devo confessar verdadeiramente que Deus, o Senhor, é de fato um Ser enigmático; quando você pensa que fez o seu melhor, Ele vem e reduz tudo a nada. Assim, Ele estabeleceu uma igreja após a outra, e quando uma igreja se adequa acertadamente para, como diriam, seguir na coleira de Deus, Ele vem e corta a coleira, como um espartano pagão. Cai toda a casa eclesiástica e só resta o nome, como aconteceu com a cidade de Babilônia, pois não se pode sequer determinar o local onde outrora existiu esta grande cidade cosmopolita.

Eu próprio nada mais terei a ver com os três seres. Se você deseja continuar com eles, então pode.

Mas eu realmente duvido que você chegará a algum lugar com eles. Acho que, nesse caso, uma assembleia geral provavelmente seria melhor. Como conduzir isso enquanto os três estão aqui?”

O outro diz: “Isso não será necessário, pois esses três são claramente de cima, o que nosso encontro alcançaria? Eles vão espanar nosso encontro como fizeram com a torre. Deixaremos de lado a questão de saber se esses três são de baixo; pois é dito que a rocha ou a igreja de Pedro nunca será vencida pelos poderes infernais. Mas o que aconteceria, se nosso julgamento em uma reunião fosse que esses três emissários são do inferno e, apesar do testemunho de Cristo, acabaram com esta torre? Nós, portanto, não poderíamos dizer nada além de que nossa única igreja santificadora não é de forma alguma estabelecida por Pedro ou Cristo. Tal testemunho certamente seria muito pior do que a destruição total da torre. Mas se confessarmos, ao contrário, que o Senhor nos fez de acordo com Seu imensurável conselho, não nos prejudicamos nem um pouco; pois o Senhor é livre para fazer o que quiser, e tudo o que Ele fizer certamente será bom.”

O objetor diz: “Está certo, e não posso levantar nenhuma objeção. Mas o que nossos outros irmãos abençoados e os muitos anjos ministradores dirão quando ouvirem isso? Portanto, seria necessário contar-lhes a notícia o mais rápido possível, para que não pareçamos estranhos a eles.”

O outro diz:“Novamente, sou de uma opinião bem diferente. Não nos preocupemos com o que nossos irmãos diriam, mas, em nome de Deus, que estes três, enquanto ainda estiverem aqui, façam o que acharem adequado, e nós lavamos nossas mãos. Nossos irmãos, no entanto, devem decidir por si mesmos se eles gostam de nadar contra um riacho da montanha.”

Agora falo com o melhor monge e digo:“Ouça, querido amigo, suas palavras me agradam; portanto, você está mais próximo do reino de Deus do que muitos outros. Você ainda tem muito mais luz do que os outros. A você agora será dada a oportunidade de fazer as boas ações que lhe faltavam para o reino de Deus. Portanto, que todos os hipócritas deste paraíso se reúnam aqui.”

Nosso caro monge diz: “Queridos amigos, isso pode ser feito imediatamente; por meio de uma chamada e uma piscadela, todos eles virão aqui.”

Eu digo: “Portanto, dê a dica e deixe o clamor ser ouvido.”

Nosso monge o faz e uma grande multidão já está se reunindo de todos os lados; veja como alguns deles colocam as mãos sobre a cabeça, porque não veem mais a torre. A pergunta é feita de todos os lados: “Pelo Deus-Trino, o que aconteceu aqui? Que homem perverso fez isso?”

Nosso melhor monge respondeu em voz alta, dizendo: “Ouçam, irmãos, eu digo a vocês que não perguntem, pois os três poderosos ainda estão de pé entre nós. O do meio, a quem queríamos trancar na torre, mal tocou com um dedo, e a torre foi destruída em um momento. Sabemos que o poder de Satanás nunca pode fazer isso; estejam atentos, para que um mal maior não aconteça”.

Eis que um prior deste conselho monástico paradisíaco se aproxima de nós com muito medo, fazendo-nos uma pergunta: “Nós e todos os bons espíritos louvamos a Deus o Senhor! Se você também é de bom humor, diga- nos o que deseja.”

Eu digo: “Meu desejo é muito simples e consiste apenas em que você me diga em que ocasião Pedro estabeleceu a igreja romana e em que ocasião toda a ordem monástica? Mas você deve me provar isso pelas Escrituras, pois todas as outras provas rejeitarei.”

Agora veja como o prior faz uma cara mui miserável, rápida e secretamente faz uma cruz diante de seu rosto e fala secretamente ao seu próximo: “Deus nos ajude! Estamos diante da tríade infernal suprema. Eles são Lúcifer, Satanás e Leviatã! É certo! Mas nos fizeram uma pergunta, o que devemos responder? Se ficarmos calados, a tríade nos destrói − Deus nos ajude! Também todo o nosso mosteiro será atingido, nosso paraíso e nosso reino dos céus, e depois nos levarão direto para o inferno! Mas, se lhe respondermos, estaremos entregues ao inferno. Verdadeiramente, a providência de Deus aqui assume um ângulo peculiar que o homem no paraíso e no Céu não entende o que fazer a respeito. Mas como não posso provar a autoridade apostólica da Igreja Romana a partir das escrituras, será melhor responder-lhes com toda a verdade.”

E ele responde aos inquisidores: “Ouça amigo, não posso responder-lhe. Eu acredito que a Igreja Romana foi estabelecida por Pedro, como também é evidente na tradição histórica, segundo a qual este apóstolo esteve em Roma por vinte e cinco anos, mas seja esta tradição autêntica ou não, o querido Senhor Deus certamente saberá melhor do que eu.

Sempre fui católico romano e acreditei, ensinei e agi de acordo com o espírito da Igreja e não pensei que tivesse errado ao fazer isso. Mas se o assunto for diferente, você pode nos informar. Não serei avesso a ouvi-lo; assim, você pode falar. Se você for um espírito bom, não terá nenhuma má intenção; mas se for um espírito mau, pense que Deus é ainda mais poderoso do que você. Assim sendo, diga o que você tem a dizer.”

C APÍTULO 73

Uma pergunta ao prior do mosteiro agostiniano.

E Eu lhe digo:“Por este momento você se livrou bem do laço. E como você mesmo não é capaz de responder à minha pergunta, também considerarei tal explanação como uma resposta. Mas tenha cuidado, pois eu lhe darei uma segunda pergunta, e talvez você encontre a resposta em você. Visto que você, sendo bem versado nas Escrituras, não poderia saber durante a sua vida na Terra se o apóstolo Pedro viveu em Roma e estabeleceu ali a Igreja Romana. Eu ainda gostaria saber de você por que você abraçou a ideia durante a sua vida e perseguiu zelosamente a posição de um prior monástico, para depois lhe nomearem o cargo de general de seu convento, ou, se possível, um bispo? Eis que esta é uma pergunta importante, e você poderá me dar uma resposta, já que você experimentou tudo em si mesmo e tudo ainda está vivo em sua memória.”

Nosso `primus paradisíaco` agora faz uma cara muito perplexa, procura uma resposta inteligente em todos os cantos de seu ser e não encontra, como você pode ver facilmente em sua fisionomia embaraçada. Nada achou em si mesmo. Sente-se fortemente coagido pela verdade, contra sua vontade. Mesmo que queimasse sua língua como quando alguém come comida muito quente, não faria nenh um bem a ele. Ele, portanto, decide falar a verdade, aconteça o que acontecer. Veja, ele abre a boca; então ouça: “Querido amigo, seja você quem for, digo-lhe francamente que fiz tudo isso literalmente por mim mesmo. E por que eu fiz isso? Porque eu conhecia muito bem os princípios da Igreja Católica Romana e estava muito bem familiarizado com o que os teoremas cristãos afirmam; ou seja, nada além de governar o mundo. E para obter a Igreja, é preciso poder dar-lhe prestígio, através do prestígio, tesouros e riquezas.

Mas em que condição o Cristianismo puro está por causa disso? Como você mesmo sabe, a Igreja Romana nunca se importou. E se não me engano, a Igreja Romana esteve em tal estado de consciência em relação ao Cristianismo desde a época de Carlos Magno, quando, tanto quanto sei, deu ao Bispo de Roma um pedaço de terra e assim fez dele um governante secular.

Desde aquela época, o homem considera o Cristianismo em sua esfera pura bastante inadequado para os assuntos eclesiásticos, posto que, em sua autenticidade, o Cristianismo puro se opunha diretamente ao prestígio temporal. O homem, portanto, apenas manteve o nome e adotou os ensinamentos a tal ponto, que o prestígio mundano teve que ser aceito.

Devo dizer-lhe que muitas vezes comparei secretamente o estilo de vida papal ao deus de Daniel Mäusim, a quem ouro, prata e pedras preciosas são sacrificados, e não há amor pelas mulheres.

Mas em que tudo isso me beneficiou? Eu estava preso como um boi estúpido. Quem poderia ter me desatrelar? Mas é verdade, porém, que os bois da frente têm que puxar menos na carroça do que os traseiros unidos mais perto da carroça. Fiquei feliz em ver isso. Por isso tentei ser colocado em um jugo mais para frente, sendo mais um boi de desfile do que um boi puxador. Poderia agir diferente?

Eu poderia ter feito diferente, se Deus não tivesse me dado uma pele tão sensível. Mas, por causa da minha pele muito sensível e da visão constante das muitas estacas acesas, agi com sabedoria e não fiz nada. Eu pensei que o verdadeiro bem-estar cristão enraizado em um verdadeiro sentido piedoso é virtualmente impossível em tais circunstâncias! Eu preferia não fazer nada, tolerei a estupidez externa o melhor que pude e usei-a para minha própria vantagem temporal. Eu sabia muito bem que havia algo errado com aquela doutrina de Cristo, mas então pensei novamente: ‘Se o Senhor estabeleceu esta doutrina como está nos evangelhos, Ele também terá Suas razões, porque permitiu que Seu ensinamento simples e puríssimo degenerasse! Além disso, pensei cada vez mais em Paulo, que implorava que suas congregações se sujeitassem ao poder secular, seja bom ou mau, pois não há poder exceto de Deus. Se o que estes líderes da Igreja estão fazendo for errado, eles serão responsabilizados. Mas farei o que Pôncio Pilatos fez uma vez, desde que ele não poderia impedir que Cristo fosse crucificado. O Senhor, como o Ser mais perfeito, certamente verá que uma pessoa com poder muito limitado não pode nadar contra o rio coletivo do mundo!

Eis, querido amigo, de onde quer que você seja, esta é a resposta para sua pergunta; e agora você pode tirar minha pele aqui mesmo, mas não vai conseguir tirar mais nada de mim.”

Agora Eu digo: "Bom, meu caro amigo, você não escondeu nada, deu um verdadeiro testemunho do que você encontrou em sua memória. Mas eu gostaria de saber por que você veio a esse paraíso? Pois se você estava convencido da total deficiência da Igreja Romana, de acordo com sua declaração, você deve estar convencido de que sua doutrina da sobrevivência da alma após a morte deve ser tão falsa quanto qualquer outra da Igreja Católica.

Vocês já entraram no verdadeiro reino de Deus, e também devo observar a vocês que, mesmo que a Igreja Católica se encontre em completo anticristianismo, ainda não sei se ela alguma vez proibiu a caridade ou a humildade. Ainda gostaria de saber como você veio a esse seu paraíso, como já disse”.

Nosso primus diz:“Caro amigo, de onde quer que você seja, responder a essa pergunta será um pouco difícil para mim, pois honestamente, a razão que me trouxe aqui eu sei tão pouco quanto o centro da Terra. Pois digo-lhe sinceramente que renunciei completamente à imortalidade da alma após a morte com os muitos outros problemas em minha vida física. Mas se alguém renunciar à vida espiritual após a morte, não há outra escolha a não ser viver de acordo com o antigo ditado romano: ‘Ede, bibe, lude; post mortem nulla voluptas!’ (Coma, beba, brinque; pois, depois da morte, não há mais prazer!) Então, eu também vivi na Terra principalmente para comer e beber e, para comer e beber, participei de todos os tipos de frivolidades mundanas.

Quando, porém, me sobreveio a fatal morte corporal, sobre a qual tive tantos pensamentos inúteis durante a minha vida, aprendi pela primeira vez que a morte do corpo não é de forma alguma a ‘ultima linea rerum’; pois continuei vivendo minha vida após o inexplicável abandono de meu casco terrestre, como vivi anteriormente na Terra. A diferença é que agora estou gastando meu tempo nesses lindos salões de jardim, em vez de nas sujas celas monásticas. Estou usando, em vez de uma túnica preta, uma túnica branca. Não leio mais nenhuma missa, estou aqui como um piolho dotado de razão e literalmente um 'fructus consumere natus' (nascido para consumir frutos da terra).

O fato de que essas regras monásticas seculares ainda estão sendo observadas aqui é tão inexplicável quanto qualquer outra coisa. Nós nos imaginamos felizes aqui; na verdade, só estamos felizes aqui por causa de nossa ordem monástica reinstituída e aplicada, um tanto cultivada. Se você tirar isso, os ratos do campo serão mais felizes do que nós. Devo, portanto, admitir a você que nenhum de nós realmente sabe por que estamos aqui. Se você souber de algo melhor, avise-nos, e teremos o prazer em trocar essa pretensão incerta, mesmo com alguma situação difícil.

Faça comigo e conosco o que quiser, apenas nos poupe do inferno e de mais perguntas.

Já lhe contei tudo. Agora pode me perguntar o quanto quiser, saberei responder como uma pedra, pois onde não há nada, a morte não pode levar nada.”

CAPÍTULO 74

Indagação sobre o amor a Cristo.

Agora Eu digo: “Ouça, querido amigo, não acho que você seja tão silencioso quanto uma pedra e, portanto, poderá me responder a mais uma pergunta. Eu também farei uma pergunta do modo mais simples possível. Ouça: Você nunca pensou em Cristo durante todo o seu ministério espiritual e nunca lhe ocorreu se poderia amá-lo com todas as suas forças? Veja, é uma pergunta simples que você pode responder com sim ou não; mas a verdade viva deve ser a base.”

Primus diz: “Caro amigo, de onde quer que você seja, posso responder a tal pergunta, mesmo que você também pergunte mais delas. Mas não me pergunte mais sobre a Igreja Romana, pois estou extremamente feliz, como um soldado desmobilizado, por não ter mais nada a ver com ela. Mas, quanto a Cristo, quero falar com você pelo tempo que quiser. Então, em resposta à sua pergunta, digo que eu mesmo muitas vezes pensei sobre Cristo, e muitas vezes senti em mim mesmo que não seria um mau apóstolo, se tivesse a sorte de lidar com Cristo como o apóstolo Pedro foi e lidou com Ele. Sim, devo dizer-lhe que Cristo é a única pessoa divina que eu poderia amar com todas as minhas forças, se Ele realmente estivesse presente em algum lugar.

O fato de que durante todo o meu ministério espiritual eu pude me ocupar muito pouco com Cristo por causa do ofício, você deve saber o como e o porquê. Pois, como ministro do mosteiro, fui chamado a algumas autoridades espirituais superiores, um bispo, ou mesmo a Roma uma vez, mas nunca houve qualquer menção de Cristo em tais reuniões; apenas se tratava sobre a renda do mosteiro, como as riquezas da Igreja deveriam ser administradas e como eu deveria lidar com isso caso o mosteiro arrecadasse muito pouco dinheiro para aumentar os impostos da Igreja! Mesmo quando certa vez fui convocado a Roma e pensei que receberia uma luz mais brilhante sobre Cristo, não houve vestígio disso. Fui questionado minuciosamente sobre o estado das pensões eclesiásticas, se houve doações importantes e, caso sim, o que aconteceu com o capital doado.

Respondi que tínhamos uma situação um pouco diferente com as doações. Em relação às doações antigas, elas foram adicionadas ao capital geral da igreja monástica há muito tempo, e não havia novas doações naquele momento difícil: `Deve-se contentar com simples indulgências e algumas missas pagas pelos mortos, mas não há mais vestígios das chamadas doações eternas agora.`. Com tal comentário, o cardeal primeiro proferiu poderosa maldição contra os hereges e protestantes.

Fui apenas admoestado a advertir o povo por meio de estritos sermões e repreensões na cadeira de confissão, para não se deixarem iluminar pelos chamados protestantes e para encontrarem sua vida. Deveriam alcançar o Céu na única igreja santificadora, por meio de ricas doações.

Após tal admoestação, recebi um pacote de várias centenas de indulgências completas, que tive de vender às pessoas o mais rápido possível, pelo valor de pelo menos dez táleres, por indulgência. Deram-me gratuitamente uma indulgência completa, mas com a condição de que esta se tornasse efetiva para mim somente depois que eu enviasse à Roma o valor das outras indulgências.

Na ocasião, eu quis indagar sobre alguns assuntos religiosos, mas me foi dito que me calasse, e um dos jurados disse-me de passagem: ‘Muito obrigado por tão elevada graça por parte do sumo sacerdote de Cristo. Saia de Roma o mais rápido possível, para que você possa voltar para casa mais cedo, cumprindo a vontade do santo padre. Segui seu conselho. Fui até recebido com a graça de um beijo de face, mas também fui aconselhado a não ficar em Roma por mais de vinte e quatro horas.

A partir de tal apresentação, você pode ver facilmente que tipo de cristianismo era aquele. De fato, se um cardeal não tivesse pronunciado a expressão ‘vigário de Cristo’, eu teria estado em Roma sem ter ouvido o nome de Cristo naquele supremo instituto, exceto durante a cerimônia eclesiástica.

A visita a Roma também sugou a última gota da minha fé na imortalidade e, portanto, também dos meus pensamentos sobre Cristo.

Quando voltei ao meu mosteiro com minhas indulgências, entreguei-as aos meus irmãos monásticos. Eles, até onde eu sei, felizmente se livraram de todas elas. Eles, até onde eu sei, venderam-nas por preços bastante razoáveis. Quando comuniquei que eu tinha um problema moral em relação à venda das indulgências, Roma permitiu alguma negociação e contentou-se em receber uma quantia menor. E eis que é tudo o que posso responder à sua pergunta.

No que diz respeito ao meu amor por Cristo, você poderá inferir de minha própria declaração que quando tais manipulações da igreja são realizadas até a última gota, o homem, especialmente no sacerdócio, perde toda a fé.

No final das contas, também não se sai muito diferente com o amor a Cristo. Não quero dizer que não gostaria de amar a Cristo, se Ele estivesse em algum lugar. Sim, até poderia amá-Lo acima de tudo, porque a sua doutrina é verdadeiramente a mais pura e a melhor que um homem mortal pode imaginar; mas o 'se Ele estivesse em algum lugar ' é o mais fatídico.

Eu vim para cá, e agora vivo aqui, como já disse, sem saber por que, onde e como, desde que deixei o mundo e constatei a imortalidade da alma. Aqui não experimentei mais nada de Cristo, nada mais do que aprendi sobre Ele na Terra. Assim, entre mim e Cristo há sempre o 'se' fatal. Liberta-me e ter-me-ás como discípulo, como João ou Madalena.”

Agora Eu digo:”Bem, meu amigo, você me deu uma resposta muito extensa à minha pergunta curta. Então, agora vou dizer algo a você e a todos. Se você observar isso, poderá entrar no caminho da verdadeira vida eterna. Caso contrário, o caminho para a morte eterna já está aberto no local onde a torre desapareceu!

E assim, ouçam: Jesus Cristo é o único Deus e Senhor de todos os céus e de todos os mundos! De acordo com Seu Amor eterno e infinito, é o Pai; na Sua Sabedoria infinita, o Filho; na Sua eterna Vontade e santidade onipotente, o próprio Espírito Santo. Como Ele mesmo disse de Si mesmo, Ele e o Pai são Um, e quem o vê, também vê o Pai. E o Espírito Santo sai dele, como demonstrou quando soprou sobre seus apóstolos e disse-lhes: ‘Recebam o Espírito Santo!’. Esse deve ser o primeiro artigo de fé para vocês, sem o qual ninguém pode entrar na vida eterna, pois está dito na Escritura: ‘Quem não crê que Cristo é o Filho do Deus vivo, que é o Amor do Pai, não será salvo’. Eu vos digo que, se não aceitardes o Pai como o Espírito no Filho, que é Cristo, não entrareis na vida.

Não se deixem incomodar com o texto que diz: ‘O Pai é mais do que o Filho’, pois isso expressa que o Amor, como o Pai em Si mesmo, é o Ser fundamental de Deus e Dele emana a luz eterna e o Espírito eternamente poderoso. Essa é sua segunda regra de fé.

A terceira regra de fé: ´Humilhai-vos de todo o vosso coração e amai a Deus no único Cristo acima de tudo. Amai cada um de vosso próximo como a vós mesmos. Que cada um de vós viva para o bem dos outros. Que todos se considerem os últimos e sirvam os outros tanto quanto possível.

Se você tivesse aceito plenamente essas três regras de fé dentro de você, ser-lhe-ia mostrado o caminho para a vida eterna. Você não trouxe nada além de truques malignos da Terra com você. Eles estão em toda parte, na sua frente. Eles não têm razão, portanto, logo serão destruídos diante de seus olhos e passarão como uma efeméride, assim que sua própria noite interior cair sobre você.

Portanto, dei a você uma nova semente em nome do Senhor. Plante-a em seu coração, pois ela se tornará uma planta frutífera. Somente este fruto será uma força viva para você. Seu espírito acenderá seu amor, e a chama iluminará para você o novo caminho que leva à vida eterna!”

Veja, agora todos os monges do paraíso começam a bater no peito e gritar: “Que abismo abaixo de nós, que profundidade acima de nós! Senhor, tem misericórdia de nós, grandes pecadores! Fecha o abismo e cobre as profundezas acima de nós, pois não somos dignos nem mesmo de uma centelha de Tua graça; destrói-nos, pois somos dignos de destruição, mas não nos deixes viver, para que não sejamos condenados por Ti!”

Veja, eles estão se tornando um pouco mais fáceis do que os anteriores. Mas se os deixarmos nesse estado de espírito e formos para o céu monástico, você descobrirá que o 'medium tenere beati' tem sua realidade literal aqui; pois o céu aqui será pior que o sono das almas.

CAPÍTULO 75

Um passeio pelo céu monástico.

Você está realmente perguntando:“Querido irmão e amigo, onde é o paraíso?”

Eu lhe digo:“Não precisaremos ir muito longe para vê-lo. Ali, diante de nós, você vê um magnífico palácio. No meio dele, há uma pequena escada com um pequeno portão, bem no meio do palácio. É a entrada para o Céu, pois você deve saber que o Céu e o paraíso não estão muito distantes.”

Você pergunta:“Pedro e Miguel também estão aqui?”

Digo Eu: “Não estarão ausentes, mas há dois deles que não estão na frente, porém atrás da porta. Não entraremos com força aqui, e você encontrará imediatamente um Pedro e um Miguel quando batermos. Vamos até a portinha e batamos ali, para que possamos entrar no Céu. Estamos no local. Observe a pergunta que nos será feita através da porta trancada, quando eu bater.”

Então, Eu bato e escuto do tal Pedro, que já está presente: “De onde? De cima ou de baixo?”

Eu respondo: “De cima.”

O pseudo-Pedro diz: “Qual é o nome?”

─ Mensageiro do Senhor!

─ Quem é o Senhor?

─ Conheço apenas um Senhor, a saber, Jesus Cristo.

─ Você é um mentiroso! Como pode Cristo ter enviado você de fora, visto que Ele habita apenas aqui, no Céu, e está sentado à direita do Pai? Mas você vem com uma voz estranha, de fora, então você é um mentiroso, enganador e um pecador de todos os pecados contra o Espírito Santo! Portanto, desça ao inferno, você e todos os que estão com você!

─ Escute, seu cego guardião do Céu, você está terrivelmente enganado. Já que você me perguntou de onde e em nome de quem eu vim, eu também pergunto quem você é, para que você possa pronunciar imediatamente uma sentença de condenação, enquanto o Senhor defendeu expressamente seus apóstolos contra isso.

─ Eu sou Pedro, uma rocha sobre a qual Cristo edificou Sua igreja, e esta Igreja não será subjugada por mensageiros de baixo como você, que está esperando em vão para entrar.

─ Como você me prenderia, se eu arrombasse essa porta e tomasse autoridade sobre o seu Céu, apesar do poder do seu ‘Pedro celestial?

─ Ó demônio abominável de todos os demônios! Apenas tente agarrar a fivela, logo você sentirá como está quente. Mas posso assegurar-lhe de antemão que a fivela lhe causará um tormento muito maior em um momento do que mil anos no inferno mais profundo.

─ Ouça, é apenas um teste. E assim, eu ataco sua fivela perigosa, e eis que a porta está aberta. Posso assegurar-lhe que não senti nenhuma dor. Em um segundo momento, eu dominei seu pequeno portão. Agora pergunto-lhe, portanto, face a face: Por que você está me segurando desde que eu dominei sua porta de pedra? Agora fale!

─ Que direi diante de um transgressor que pisa com os seus pés mais abomináveis a santa morada de Deus e os seus sete santos?’

─ Você está falando comigo como Pedro falaria? Você não sabe que Cristo ordenou a Seus apóstolos que fossem gentis como as pombas? E você está aqui tão rude quanto um cachorro acorrentado! Se você é realmente Pedro, saberá muito bem que o Senhor ordenou a Seus apóstolos e discípulos nada mais do que a verdadeira humildade do coração, a maior mansidão da mente e o perfeito amor ao próximo. Se eu, um suposto demônio, lhe lembro disso, não estou, portanto, mais próximo da Verdade Divina do que você que se considera Pedro e pensa que é um diarista do Céu? Mas a Palavra do Senhor em sua obra é mais estranha a você do que o centro da Terra; por isso, exorto-o mais uma vez a confessar a verdade perfeita no nome mais ativo do Senhor e a dizer quem você é.

─ Ouve, diabo abominável, não vale lhe responder… E se você não deixar este lugar instantaneamente, convocarei imediatamente todos os poderes celestiais; em primeiro lugar, os santos. Se você fugir deles, invocarei todos os anjos, e se também se opuser, chamarei a Santíssima Virgem Maria e São José; se você ainda quiser fugir deles, chamarei a Trindade eu mesmo. Então ficará claro quem é mais poderoso, você ou a Santíssima Trindade! Portanto, não crie problemas e desça gentilmente para o seu inferno maldito. Pois se você deve ter certeza de que todos os poderes celestiais virão sobre você; você será jogado com correntes brilhantes, junto com pontas de lança, no mais baixo dos infernos para, com mil tormentos, queimar, ferver e assar lá.

─ Ouça, se você me der tais respostas à minha pergunta, que é acompanhada pelo verdadeiro Amor do Senhor, e até me ameaçar com todos os seus poderes celestiais, devo tomar liberdade, sem sua permissão, para penetrar em seus céus celestiais, e para me convencer de que todos os seus poderes celestiais serão capazes de executar sua ameaça para mim.

Então o tal Pedro dá um grito lamentável e prepara o seu Miguel para nos enfrentar, o qual corre de volta e chama todos os poderes celestiais de uma vez. Mas chegamos um passo mais perto do pseudo-Miguel e vemos que ele também corre atrás do pseudo-Pedro, e as escadas estão livres. Vamos direto para cima. Você poderá até se convencer de que Pedro e Miguel, junto com outros poderosos celestiais, se manterão de acordo com a humilde política celestial do fundo do seu céu.

Agora vejam, nós já estamos, e o tal céu, em uma escala não muito extensa, está aberto diante de nossos olhos como no raciocínio errôneo desses habitantes celestiais. O que você diz a respeito?

Pelo que vejo, você encolhe os ombros e diz:“Não, isso deveria ser um paraíso? Teríamos considerado o antigo jardim paradisíaco muito mais um paraíso do que esse altamente insolente mercado de lixo teatral. Certamente não imaginamos que esses habitantes celestiais seriam tão burros. Se eles tivessem imitado a Igreja de São Pedro, em Roma, para ali ser um paraíso, eles ainda seriam perdoados por um certo grau de cegueira. Mas o retrato aqui altamente desajeitado e vulgar dificilmente teria a honra da Terra para ser aplaudido pelas crianças camponesas mais estúpidas; portanto, seria ridicularizado por qualquer tipo um pouco melhor de pessoa. Como é mostrado aqui, as mesas de Abraão, Isaque e Jacó representam, por assim dizer, o átrio do Céu; e na frente, em vez de uma escultura, há apenas um quadro mal pintado representando Abraão, Isaque e Jacó. No pódio do teatro celestial, coberto por uma paisagem de nuvens, a Trindade também é recortada em uma capa de papelão áspero, desajeitada e altamente artística, fixada ao fundo com um prego visível e desajeitado. E tal trapo da Santíssima Trindade é carregado por querubins e serafins! O melhor ainda é a grande janela redonda de vidro amarelo atrás da Trindade.”

Sim, meus queridos amigos, vocês viram muito bem, mas agora querem saber por que o Céu aqui parece tão miserável? Digo-vos que todas estas coisas têm a sua boa razão. Você já ouviu no jardim como a miséria do Céu deve ser devidamente escondida lá, para que os habitantes do paraíso não sejam provocados a uma possível insurreição, especialmente por parte dos anjos servidores. No entanto, isso é de menor consideração aqui, pois um engano sempre acarreta outro em seu rastro.

Durante a discussão a seguir, porém, entenderemos claramente por que este céu é tão grosseiro e material. É por isso que agora queremos torná-lo nosso, pois você já pode supor de antemão que o claustro também tem um céu muito fechado.

No entanto, como geralmente há duas partes em tal mosteiro, a saber, os monges reais e os irmãos leigos empregados domésticos, este céu é habitado principalmente pelos leigos, pelos quais os monges não têm consideração. Estes estariam mais contentes com o seu céu, se tiverem apenas o suficiente para comer; pois de acordo com sua situação extraordinária como leigos, eles nunca foram capazes de imaginar outro melhor. Eles pertencem àquela classe católica obscura que considera uma estátua mui mal esculpida e um quadro mal pintado muito mais maravilhosos do que uma obra-prima estética. Portanto, você também deve ter observado que as chamadas imagens milagrosas da graça são, em sua maioria, as piores caricaturas. Assim, para esses habitantes celestiais, o Céu como vimos há pouco seria muito bonito e, portanto, longe de ser real e eficaz.

Em suma, não nos deixaremos mais sobrecarregar por este céu, pois nos será explicado em detalhes pela próxima e sucessiva revelação desses habitantes celestiais. Você irá ver uma chamada comédia celestial no sentido literal da palavra. Essas pessoas logo começarão a nos expulsar de seu céu, e assistiremos a tal comédia na próxima ocasião.

CAPÍTULO 76

Inflação do céu enganoso.

Você vê este céu ainda em seu estado original e encolhido; mas como os habitantes deste céu que se apegam a seus falsos raciocínios são até um tanto maus, eles agora, depois de alguma consideração, começam a se explodir contra nós. Em breve, veremos isso florescendo em todo este céu.

Você pergunta como é possível, depois que os habitantes deste céu se esconderam de nós por causa de seu medo miserável de nós? É o caso da natureza de toda pessoa que ainda é fortemente mundana. Esse medo, que muitas vezes não passa de tristeza, nada mais é do que uma semente de raiva que logo brota e pode finalmente se transformar em uma raiva desesperada e imprudente. Isso você pode ver mais facilmente com guerreiros lutando contra um inimigo; na maioria das vezes, eles abordam o inimigo com grande medo e ansiedade. Uma vez que eles se posicionaram contra o inimigo e dispararam os primeiros tiros, seu medo logo se transforma em um ardor de paixão e, se eles encontrarem o inimigo, a raiva feroz se torna uma fúria ardente, o medo enraizado e tão bélico deve mergulhar furiosamente nos maiores perigos.

O mesmo se aplica a alguns que choram no luto. Se pudessem se apoderar da causa efetiva de seu estado aflito e tivessem o poder suficiente para fazê-lo, a causa do luto poderia não ser o melhor assunto. Eu poderia até mostrar-lhe muitos milhares e milhares que, em seu vão luto, amaldiçoaram até o Senhor das maneiras mais grosseiras. É por isso que o Senhor nunca aprovou a tristeza na Terra, exceto o luto pela própria condição em desacordo com a ordem do Senhor. Isso significa que a dor deve ser apenas um verdadeiro remorso do coração, e deve ter como base um grande amor natural pelo Senhor, quando o enlutado deve sofrer em plena mansidão de coração.

Por outro lado, também é certo que aquele que ama verdadeiramente o Senhor terá poucos motivos para lamentar, porque o luto é basicamente apenas a dor pela perda de uma pessoa ou de um objeto. Mas se alguém tem o Senhor, o que ele pode perder, o que deveria lhe causar dor? Você sabe pelas Escrituras que muitas mulheres seguiram a crucificação do Senhor até o maltratado Salvador do mundo, e lamentaram e choraram por Ele. Ele não aprovou a tristeza delas, mas as dirigiu para si mesmas e as fez entender que deveriam chorar por seus pecados e por suas consequências.

Assim como ocorre com o luto, ocorre com o medo, que nada mais é do que uma consciência miserável da própria impotência e fraqueza. Se um homem tem o Senhor em seu amor e, portanto, confia completamente Nele, como pode ter medo de alguma coisa? O medo também é consequência de uma consciência impura e, como já dito, da consciência da própria impotência e fraqueza.

Agora, se partirmos dessa definição para nossos habitantes celestiais, descobriremos que eles se encaixam perfeitamente nela. Olhe para o céu deste ponto de vista e logo verá que todos os objetos celestiais estão gradualmente começando a aumentar, para forçar respeito a nós por suas aparências. Tal ampliação se deve ao inchaço das mentes desses habitantes celestiais. E assim, veja como todo o pódio do teatro celestial começa a se expandir por todos os lados.

As cabeças dos tais querubins e serafins, que mal tinham o tamanho de um punho, agora têm um diâmetro de um klafter [1,90m]. A suposta trindade já é tão grande, que você ainda poderia vê-la muito bem na Terra, a quilômetros de distância. O fundo do pódio, anteriormente bastante raso, parece ter quase vinte milhas de profundidade, e as antigas cenas de nuvens agora parecem, como você pode ver, como as nuvens de tempestade imensamente pesadas da Terra; como você as viu de vez em quando, empilham-se umas sobre as outras de manhã e à noite. Mas agora, também, olhe para o nosso pátio,como também se expandiu enormemente. Agora estamos como três pontos, quase imperceptíveis em um espaço tão grande.

Como você se sente nessa história? Você diz: “Essa metamorfose, ou melhor, essa fantasmagoria verdadeiramente teatral, ainda é o melhor e mais interessante de todos os céus, embora se deva dizer com bastante sobriedade que nos tornamos um pouco estranhos nessa extraordinária ampliação dos objetos ou, como diríamos na Terra, a coisa deixa de ser uma piada.”

Bem dito. Eu disse que a comédia poderia surpreendê-lo. Mas a verdadeira comédia ainda não começou. Até agora, essa aparição não foi senão o levantar da cortina para o teatro mais irritante da face da Terra. Se você for capaz de olhar para as pessoas que atuam neste teatro celestial, você terá olhos ainda maiores. Mas, como Eu disse, você não precisa fazer nada pelo que ainda virá, pois tudo isso procede das ilusões totalmente vazias desses espíritos.

Agora olhe novamente para o pódio, que dimensões extraordinárias ele assumiu em largura e altura; sim, atualmente tem a aparência tal, que se poderia alcançar a Lua da Terra. Ele agora atingiu seu estado totalmente inflado e logo aparecerá um comediante ao fundo. Veja só, ele está saindo com um pé atrás do pano de fundo. Eis que agora ele está bem visível; mas noto que você está começando a parecer bastante chocado. Então o que é?

Você diz: “Ouça, amigo, isso é uma forma humana anormal. De fato, se tal gigante estivesse na Terra, a Lua se sairia mal. Não podemos nem olhar para sua terrível magnitude, apesar de sua grande distância ao fundo, e apenas a enorme espada que ele tem na mão já é algo sem sentido! Na verdade, ele poderia cortar a Terra inteira como uma maçã com o menor esforço. Amigo e irmão, se ele se aproximar de nós, temos a certeza de que talvez seja melhor fugir de tudo isso antes que o tal verdadeiro comediante de Sírius possa nos alcançar com sua espada inspiradora.”

Ó Meus queridos amigos e irmãos, não deixem que isso os assuste; pois aqui no reino dos espíritos nós, os servos do Senhor, muitas vezes temos batalhas bastante semelhantes, das quais você agora está apenas testemunhando o começo.

E você apenas espere até que esses heróis apareçam com todos os tipos de armas; então você realmente verá os gigantes desses heróis teatrais. Agora você também vê nossa antiga mesa pequena de Abraão ampliada de maneira semelhante. Você também verá em breve como alguns servos de mesa gigantes aparecerão e colocarão a mesa com frutas igualmente gigantescas. Pouco depois, convidados gigantescos e semelhantes se sentarão à mesa, e você verá obras-primas gigantescas. Você verá, no sentido literal da palavra, verdadeiros comedores de mundo.”

Por hoje, contentem-se com o que viram. Da próxima vez, a comédia principal seguirá.

Por hoje, chega!

CAPÍTULO 77

Peça de comédia no céu monástico. A mesa gigantesca e o comer de mundos.

Olha, já estão aqui os garçons de mesa, todos tão grandes quanto o nosso herói do primeiro palco. Veja como quatro pessoas que servem a mesa cobrem a feia ´mesa de Abraão´ com uma toalha de mesa que parece ser grande o suficiente para envolver e segurar todos os astros do seu sistema planetário, incluindo o sol, como se fossem algumas maçãs insignificantes. As frutas agora estão sendo colocadas na mesa, consistindo em frutas bem conhecidas da Terra, como peras, maçãs, ameixas e muito mais. Acrescenta-se uma espécie de pão, sendo cada pedaço destinado a uma pessoa. Coloca-se uma taça que parece poder conter três vezes o volume dos mares terrestres. Você pergunta, em nome do Céu, como tais coisas são possíveis...

Mas Eu digo que tais coisas são facilmente possíveis entre os espíritos. Você deve experimentar por si mesmo que, se você deixar suas fantasias funcionarem um pouco, ainda é muito fácil descrever para si mesmo a forma de um ou outro animal conhecido ou outra coisa tão gigantesca, que você mesmo ficaria com medo disso. O que era possível para você na Terra apenas pela fantasia de seu espírito (e é possível para cada pessoa à sua maneira) também é possível no reino dos espíritos para cada espírito, mas aqui é revelado como uma aparição. Tais aparições são aqui chamadas de 'falácias', e especialmente espíritos malignos as empregam quando desejam realizar alguma malícia secreta. Como os espíritos aqui estão enganados e muitas vezes ainda são malévolos, o chefe pode usar sua falácia inofensiva para afugentar seus inimigos. Quando ele se convencer de que não estamos chocados com sua pretensão, a arte dele logo voltará ao seu estado inicial. Ele, então, não tentará novamente.

E agora veja que os convidados chegam à mesa por todos os lados, estendem suas enormes mãos gigantescas para as frutas colossais e as levam às suas bocas assustadoras e que parecem grandes o suficiente para engolir a Terra como um morango.

Você se pergunta:“Como pode olhar para essa falácia fantástica e grotesca com a maior facilidade?” ─ Isso ocorre porque esse tamanho aparente não é de forma alguma grande, mas apenas engano. Estamos, através do Senhor, na luz mais brilhante e, portanto, nenhum engano pode ser tão grande diante de nós que não sejamos capazes de vê-lo em todas as suas facetas com um olhar. Há ainda outra razão: nossas formas também aumentaram nas mesmas dimensões que as formas enganosas aos olhos desses espíritos. É assim que pode ser entendido.

Agora, olhe para o pódio do céu teatral e fraudulento já conhecido. Veja como agora uma multidão de guerreiros gigantes e blindados aparece por trás das nuvens, o líder segurando um crucifixo que é tão colossal quanto o próprio líder.

Mas agora temos outra aparência, pois veja, o gigantesco Cristo começa a nos falar da cruz. Ouça, ele fala: “Do Céu até você, maldito; pois você sempre resistiu ao espírito da minha única Igreja Católica Romana Santificadora, e sempre foi, acima de tudo, um herege odiado para mim. Portanto, vá para a escuridão mais externa, pois não há lugar para você no Céu, e eu nunca o conheci. Não me force a usar violência, pois, se eu tiver que fazer isso, o inferno mais baixo será sua parte. Se você ainda não acreditou em meu apóstolo Pedro, acreditará em mim quando eu falar com você pregado na cruz.”

Você pode estar um tanto surpreso, mas Eu lhe digo que não se perturbe com esse fenômeno, pois a cruz e a figura nela são ocas. O portador, como facilmente se vê, leva a cruz à boca e nela fala por uma abertura que se abre na boca da figura de Cristo na cruz. Portanto, a voz vem da boca do Salvador na cruz e é, portanto, também um engano vaidoso e maligno, porque a natureza humana do Senhor é formalmente usada como um meio enganoso. Mas tal engano ainda não é total e fundamentalmente mau, uma vez que o líder atuante carece de uma vontade maligna básica.

Veja também que ele não se atreve a ir longe demais com o seu crucifixo falante, e isso é sinal de que esta arte não lhe trará uma grande bênção. Portanto, ele agora retorna aos guerreiros e dá a eles uma dica para tentar nos assustar com um grito poderoso. Eles, portanto, começam a fazer grandes movimentos e batem ruidosamente com suas espadas, fingindo querer nos atacar. Eles percebem que não estamos nem um pouco assustados, então voltam aos bastidores, junto ao líder.

N ossos convidados também veem que não estamos muito nervosos por causa de sua grande refeição, então um após o outro começa a se levantar da mesa; mas a comédia ainda não acabou. Um segundo ato começará, e se algum de vocês foi a um zoólogo, achará o ato bastante interessante, pois eu lhes direi de antemão que nossos habitantes celestiais agora ousarão ir ao extremo e fingirão ser todo o tipo de animais enormes. Mas nós sabemos dessas coisas, então não devemos ter medo deles em tal situação.

CAPÍTULO 78

Segundo ato da comédia celestial.

Olhe lá em cima. Lá aparece um crocodilo bem alimentado, em tamanho proporcional aos demais objetos. Ele abre bem as mandíbulas, como se pudesse devorar metade da criação. Mas como nada voa em sua garganta, ele se torna muito modesto novamente. Veja, surgem ao fundo vários tigres, hienas, leões, leopardos e ursos; ainda mais ao fundo, você pode ver deslizando as cobras gigantes mais venenosas. Agora veja como todos esses animais se enfrentam com os movimentos mais terríveis e meandros raivosos, como se estivessem prestes a se despedaçar. Ali no canto, uma grande cabeça de macaco espreita para ver se já nos assustamos. Mas não temos medo e a batalha animal começa a se retirar.

Você pergunta como tal metamorfose é possível, e Eu digo que tal metamorfose pode também ser provocada por um bom espírito, e o mesmo ainda pode, com o poder do Mestre operando nele e através de sua vontade, produzi-la efetivamente, como se realmente existisse. Tais aparições são chamadas de 'ilusão de ótica' no reino dos espíritos. De fato, não é o caso com essa aparição diante de nós, pois os espíritos que abrigam algum mal neles não podem produzir nenhuma ilusão de ótica efetiva fora de si mesmos. Quando muito podem, no máximo, produzir o mal de si mesmos, criando uma forma externa e não-efetiva desse mal. É o caso desses espíritos.

Agora você teve a oportunidade de ver a grosseria e a maldade dos espíritos em sua real forma.

Tudo aqui é, por um lado, engano e vã pretensão. De acordo com seu antigo ditado bíblico: `Para os puros todas as coisas são puras`; não há em todas essas aparições enganosas nada de enganoso para nós, pois exatamente por meio dessas aparições esses espíritos dão a conhecer a sua vida interior e não é possível a nenhum deles produzir outra coisa senão exatamente aquilo que corresponda plenamente ao seus interiores.

Você primeiro vai conhecer o pseudo-Pedro, e isso quer dizer que todo o apostolado de sua igreja é baseado em um Pedro completamente falso. Você encontrará, portanto, tais pseudo-Pedros em milhares de tais mosteiros. No entanto, como é com Pedro, assim é com todos os outros. A princípio, você achou esse paraíso, de acordo com suas próprias palavras, extremamente desajeitado e ridículo. Se você olhar para seus verdadeiros mercados de lixo pagão em suas casas de oração, admitirá que esse paraíso em comparação com aqueles ainda é bom demais para tais absurdos.

Em relação à mesa mui bagunçada de Abraão, é uma representação verdadeira da mesa do Mestre em tais casas de oração, onde, observem, uma oferta agradável é dada ao Senhor por cães doentes, bois, gado, cavalos, ovelhas, porcos e muitos outros animais; assim se dá para o sucesso de vários atos atrozes! O pão do Mestre é distribuído na mesa. Que espírito um tanto mais iluminado pode imaginar um disparate maior?! A mesa do Mestre não se parece com um cocho de porcos no qual apenas os porcos recebem sua comida? Aqueles que comem daquele cocho não parecem porcos? Sim, verdadeiramente, um é um porco genuíno, e os outros se misturam ao caldo dos porcos.

O Mestre comparou Sua Palavra com pérolas que o homem não deve lançar aos porcos. Portanto, sou da opinião de que não há muito pão vivo a ser encontrado em tal cocho de porcos. Você deve entender facilmente que esta ´mesa de Abraão´, como a vimos no início, ainda é boa demais para ver todas as atrocidades de muitas `mesas do Mestre` em suas igrejas. A razão, portanto, é que nossos irmãos leigos tiveram que se apresentar na Terra, por necessidade, melhores do que de fato eram. Eles têm uma ideia confusa da ´mesa de Abraão, Isaque e Jacó´, que deve ser uma representação do mais puro amor ao Mestre e a próxima atividade útil para o bem-estar espiritual de nossos irmãos. Como é a mesa, portanto, assim é esse céu, pois o real não se paga com dinheiro, enquanto a igreja ainda se vende continuamente por um preço determinado. Tal paraíso do lixo está completamente em correspondência com isso e deve se parecer com alguém que tomou posse dele .

C APÍTULO 79

Um olhar sobre o verdadeiro caminho para o verdadeiro paraíso.

Se você apenas ponderar um pouco, constatará que o reino celestial real do Mestre, bem como a vida fundamental do espírito Nele, não pode ser alcançado por qualquer outro meio que não seja o homem cumprindo ativamente em si mesmo os pré-requisitos declarados pelo Mestre para a obtenção da vida. Isso significa que o homem primeiro deve encontrar a vida em si mesmo e somente depois de encontrá-la é que ele pode fortalecê-la e capacitá-la de acordo com a ordem prescrita pelo Mestre, pois só o Mestre sabe o que é necessário para a vida espiritual real.

Quando alguém deseja comprar o reino celestial ─ que é, como já dito, a vida real totalmente desenvolvida e predestinada do espírito ─ por meio de coisas tolas, mundanas, egoístas e, portanto, imundas e completamente mortas, então tal comportamento é ainda mais tolo e insensato, do que quando alguém semeia em um campo ainda não limpo de pedras. O trigo não quer crescer, e se joga ainda mais pedras no campo, para tentar aumentar o crescimento do trigo!

Um agricultor sábio não deveria primeiro transformar seu campo em boa terra, fertilizá-la, só então colocar nos sulcos os grãos de trigo para ajudá-los a brotar rapidamente e produzir muitos frutos? Todos devem concordar com tal agricultor experiente.

No entanto, se este é o único pré-requisito correto para a semente de trigo se tornar frutífera e nenhum homem pode esperar bênção de qualquer outra forma, como então a semente muito mais nobre da vida do espírito pode crescer em um campo tão insensato como fruto para a vida eterna?

Darei a você outro exemplo mais vívido, pelo qual você obterá ainda mais conhecimento sobre essa importante questão. Para entender completamente tal exemplo específico, devemos iluminar alguns pontos pelos quais a correção do mesmo deve ser mostrada como matematicamente exata. Portanto, ouça!

Você sabe que tipos diferentes e tamanhos desiguais não podem ser somados ou multiplicados. Se alguém tivesse uma bolsa com dinheiro no valor de mil groshens, o dinheiro aumentaria se adicionassem mil pedras à bolsa? Quando alguém possui uma casa, ele ganha outra casa obtendo uma grande quantidade de móveis? Se alguém mantém dez ovelhas em um celeiro, ganha mais ovelhas construindo outro celeiro? Fica claro, portanto, que para obter mais do mesmo objeto, é necessário mais do mesmo tipo.

Agora que sabemos disso, dou o próximo exemplo. Imagine um homem tolo, alimentando o desejo ardente de ter seus próprios filhos para ver seu legado viver neles. Por ser um tolo e não saber de onde vêm os filhos e como são concebidos, ele se volta para um amigo e pede-lhe conselhos. O amigo, porém, é desonesto, ganancioso e sabe que nosso homem é tolo, mas rico. Ele pensa sozinho: ´É bom pescar em águas turvas; eu ganharei com sua tolice de maneira desonesta´.

Quando ele decide isso, diz ao tolo: ´Escuta, caro amigo, o que tu queres é muito difícil e vai te custar muito, mas se realmente quiseres, eu te darei os meios e te ensinarei o que fazer. Meu único pré-requisito é que tu faças exatamente o que eu disser. Se fizeres isso, certamente obterás o objetivo desejado; se não, ficarás perdido por muito tempo!´

Depois que o falso amigo declarou seus pré-requisitos, o homem tolo lhe disse: ´Porque eu sei que você é um homem rico em conhecimento, confiarei em você completamente. Apenas me dê os meios, eu possuo recursos suficientes.´

Mas o que o falso amigo faz agora? Ouça! Em vez de dar uma mulher viva ao homem tolo, ele lhe vende uma estátua de madeira morta por uma grande quantia e lhe diz: ´Coloca-a em tua cama e respira diligentemente sobre ela. E se também te deitares na cama ao lado dela, tu certamente terás muitos descendentes.´

Nosso homem pega a estátua, carrega-a para casa, coloca-a na cama e deita-se ao lado dela, soprando suavemente sobre ela.

E le faz isso por um ano inteiro, mas nenhum descendente é visto. Ele, portanto, vai até seu falso amigo e exige a causa. O falso responde: ´Por que tu és tão tolo?! Como podes esperar ter frutos vivos depois de apenas um ano, enquanto uma árvore, uma vez plantada na terra, só começa a dar frutos depois de muitos anos?´

Para atingir o objetivo, o falso recomenda ao tolo uma variedade de outros produtos que devem ser obtidos do falso amigo. O tolo compra pelo preço determinado e usa de acordo com a falsa prescrição. Independentemente disso, nenhum fruto vivo surge. O tolo enganado pergunta de novo ao falso amigo sobre a causa do fracasso. O falso amigo torna-se bastante místico e astuciosamente culpa o fracasso por várias circunstâncias inventadas e mantém o homem tolo afastado por um tempo, até que ele, por causa de sua idade avançada, tenha perdido todo o seu potencial viril.

A questão agora é: Como devemos olhar para obter a luz correta? Eu lhe digo, pois é de fato óbvio. Em primeiro lugar, a vida só pode gerar vida em outra vida e não em matéria morta. O homem deveria ter uma esposa viva e não uma estátua de madeira morta.

Em segundo lugar, vejam-se como pessoas que têm que ter o verdadeiro reino dos céus gerado em vocês e, de fato, pela santa noiva da vida, a palavra de Deus, que vive e se chama congregação do Senhor. Se a congregação fosse uma estátua de madeira morta, vendida enganosamente por dinheiro, por amigos gananciosos e falsos que chamam a si mesmos de sacerdotes de Deus, como se ela fosse a única igreja viva e adequada para a geração da vida (enquanto a vida pode ser gerada apenas pela Vida), então tal congregação seria, de fato, a fraude mais vergonhosa. Que os adeptos de tal igreja seriam tolos como nosso homem no exemplo seria imediata e totalmente claro para qualquer um que pensasse um pouco a respeito.

Paulo não pregou apaixonadamente que alguém que pregasse outro evangelho além daquele do Senhor crucificado seria amaldiçoado? Nada deveria ser pregado além daquilo que Ele ensinou de Si mesmo; a saber, o que ensinou Jesus Cristo, ativo em espírito e verdade e que disse: `Quem não quiser nascer de novo, não entrará no Reino dos Céus.`

Mas veja, uma igreja construída com pedras, uma igreja que tem como lema mais importante o ouro e a prata, uma igreja prometendo um céu que ela mesma não conhece, uma igreja que fornece a seus crentes tolos vários meios místicos para obter um céu ainda mais tolo, incitando-os por dinheiro, perseguindo-os e condenando-os diligentemente; então você deve reconhecer claramente a estátua de madeira na cama do homem tolo. Apenas o desejo vivo de ter descendentes vivos permanece no homem, , sem nunca obter a alegria disso.

Veja, assim é com a vida na Terra; não apenas em sua Igreja Católica, mas também em todas as outras seitas da igreja que se consideram católicas.

Quando você considerar este céu cômico à luz do exemplo, você certa e rapidamente verá a semelhança. Porque é fruto de uma igreja idêntica à estátua morta, e o que era suposto à vida real nele é apenas uma forma densa, irregular, morta, nada mais que um produto falho de um tolo, enganoso. Que tal céu pode ser incrivelmente duradouro, você pode ver facilmente, se considerar que não é nada além de uma ilusão de ótica do espírito, que deseja gerar vida, mas não pode, porque falta o fator doador de vida.

U ma vez que agora sabemos disso e conhecemos esse céu em sua correspondência, podemos começar com o desenvolvimento e exposição contínuos, onde muitas ilusões de ótica lhe serão explicadas.






C APÍTULO 80

Mais exposição da comédia falaciosa. A vida espiritual é guiada por infinitos caminhos.


Você diz: “Agora podemos entender como as pessoas deste céu podem se expandir e mudar, mas ainda não está completamente claro como elas podem aumentar, além de si mesmas, também seu céu; pois aparentemente estão completamente fora dele e se movem dentro e sobre ele, como em solo natural.”

Ouçam, queridos amigos e irmãos, isto é tão facilmente compreensível quanto os outros itens, pois todo este céu nada mais é do que o produto da imaginação errônea daqueles espíritos. Quando eles se inflam assim, seu céu cresce proporcionalmente com eles.

Para ajudá-los a entender completamente, darei um exemplo claro e mundano.

Há um homem em uma assembleia, onde se discute determinado assunto. Este homem não tem o menor conhecimento sobre este assunto, mas, para não passar completamente despercebido, ele evoca uma declaração completamente equivocada, a qual se ajustaria melhor em qualquer outro lugar, exceto no assunto da discussão.

Agora é a vez dele dar sua opinião. Ele faz isso, mas a tolice de sua declaração lhe é apontada com muitas risadas histéricas.

Inicialmente, este homem não teve muita confiança em sua declaração, pois secretamente diz a si mesmo: O assunto em discussão aqui é de fato tão estranho para mim quanto o centro da Terra. O que os outros dizem é tão incompreensível para mim quanto a minha própria ignorância. Portanto, posso conjurar algo apenas para ter o que dizer.

Veja, até agora, nosso homem era bastante modesto e paciente, mas o riso feriu seu ego. Ele só agora começa a considerar sua afirmação e ainda a acha, em seu sentimento de valor próprio, que deve ser mais incisivo e ir direto ao ponto. Ao descobrir a grandeza que está na base da sua afirmação, embora não possa atestar a validade dela, ele se irrita e confirma ainda mais sua ideia e, finalmente, tenta se vingar da assembleia que zombou dele. Ele começa a tentar provar que eles, cabeças duras como são, não são capazes de entendê-lo. Sim, ele extensiva e expressamente, afirma que eles dificilmente seriam capazes de progredir tanto, nem em cem anos, a ponto de entender adequadamente apenas uma pequena parte do que ele apenas tocou levemente.

Alguém se aproxima dele, dizendo: ´Escute, amigo, seu tempo de cem anos é muito curto, pois pensei em um pouco mais… Da profundidade excepcional de sua declaração, suspeito ter captado uma sugestão, como se atrás de um véu, pois acho que só se conseguiria alcançar tal profundidade daqui a mil anos!`

Ele recebe um segundo elogio secreto de conteúdo semelhante. Esta é, então, a eclusa da represa, pois nosso homem começa a se surpreender com sua própria sabedoria infinita; se infla desmesuradamente e vê as declarações dos outros como menores em comparação às dele.

Ele finalmente se considera tão acima dos outros, que lhes diz: ´Com mentes atrasadas pelo menos mil anos, alguém como eu não pode de modo algum continuar a conversar sobre o assunto, pois agora sou da opinião de que a declaração apresentada por mim não seria compreendida por vocês em mais mil anos.´

Veja, este exemplo é muito claro e é tirado da vida diária. Indica claramente como o absurdo pode se inflar naqueles que proclamam o absurdo. Se o caso for astuciosamente bem controlado por uma parte aparentemente oposta, o absurdo finalmente cresce para gerar uma apresentação forçada e, sendo assim, tornar-se um produto espiritual fundamentado erroneamente. Se é assim na Terra, então é ainda mais evidente e vívido aqui no reino espiritual. Antes de aparecermos aqui, esses habitantes celestiais não davam muito valor ao seu céu. Se eles não tivessem sido tão bem alimentados pelos habitantes do paraíso, eles teriam derrubado seu céu há muito tempo.

Mas quando chegamos e começamos a duvidar do céu deles, eles a princípio recuaram assustados, porque viram que não nos deixaríamos intimidar por sua estupidez. Eles se sentiram envergonhados por isso e, portanto, logo começaram a deixar seu orgulho inflar entre si e sua aparição de céu, o qual se inflou junto com eles.

Só agora eles experimentam o caráter extraordinário de sua aparição e, portanto, para nos mostrar a grandeza de seu céu, realizaram aquelas cenas e uma verdadeira bagunça diante de nós. Porque deliberadamente não nos deixamos abalar e ainda mantivemos nossa posição, esses habitantes celestiais estão se vingando com seu último recurso. Precisamos permitir que eles façam essa manobra em nós; só então poderão aceitar uma palavra Minha.

Anselmo, você aprenderá com isso como é extremamente importante para o caminho correto da vida saber que tipo de orientação de ensino é necessária para trazer muitos espíritos diferentes que se apegam à percepções erradas. O princípio é o seguinte: de acordo com a sua liberdade, nenhum espírito pode ser ´pescado´, a menos que tenha pescado a si mesmo primeiro. Esses espíritos devem ter todas as oportunidades pelas quais eles, sem se tocar em sua liberdade, em certo sentido necessariamente se enredam em suas próprias redes. Quando eles não tiverem mais nenhuma fuga, eles têm que se render. Quando a declaração errada de um estudioso na Terra é refutada matemática e corretamente de todas as maneiras, então o erudito deve dar o melhor e permitir que seu filho espiritual receba uma educação melhor.

A maneira pela qual isso literalmente ocorre no reino dos espíritos puros, você verá claramente após a próxima manobra vingativa. Sim, queridos amigos e irmãos, neste reino infinitamente vasto, acontecem cenas que nenhuma fantasia humana pode imaginar por si mesma.

Caso você, se o Mestre permitisse, conseguisse ver um quadro completo e ver quantas pessoas da Terra e as pessoas dos incontáveis outros corpos celestes estão sendo conduzidas no caminho da verdade, você conseguiria ver bilhões vezes bilhões de cenas assim e você perderia sua vida, pois Eu lhe digo que em nenhum outro lugar o Mestre se mostra tão grande, sábio e maravilhoso como nestes infindáveis e inacreditáveis vários modos de guiar a vida espiritual. Sua Sabedoria, de fato, em todos os lugares emprega os meios mais confiáveis para trazer sob o mesmo teto, como você costuma dizer, tal variedade infinita.


Aguardemos a cena, pois aprenderemos com isso.























CAPÍTULO 81

Terceiro ato no pódio tragicamente cômico.

Agora, olhe para o nosso pódio celestial. As nuvens tornam-se escuras, enquanto a grande abertura redonda brilhante no fundo e a ´trindade´ cada vez mais escura tornam-se menores. Você logo verá que toda essa abertura de luz logo será apenas um orifício. Tome nota do que deve surgir.

Veja, já está completamente escuro em todo este espaço celestial e as bordas das nuvens parecem estar brilhando. Você pode ouvir um estrondo abafado como de uma poderosa tempestade. A colossal trindade ao fundo está se tornando ´brilhante de raiva´ e relâmpagos saem da boca dos querubins. A tempestade está se aproximando e, por trás das nuvens, as chamas aparecem disparando, enquanto poderosas rachadas de luz se cruzam por todo o vasto espaço.

E sta cena vem ainda com mais fogo e relâmpagos. Como você pode ver e ouvir, feixes poderosos de chamas estão caindo como granizo sobre o canteiro de flores celestiais, em crepitação alta. Onde quer que um feixe de chamas caia, ele inflama a matéria, e o fogo ardente se espalha por toda parte. O que você diz de tal cena?

Tenho a suspeita de que isso pode deixá-lo bastante ansioso, não achando aconselhável esperar até o fim do terceiro ato deste espetáculo celestial sem esperança. Mas Eu digo que nós temos o poder de apagar o fogo imediatamente, quando quisermos. Nós, portanto, não precisamos temer o fogo. Faremos aqui, de fato, o que pudermos e devemos: responder ao fogo com um contra-fogo, que queimará os adversários com muita sensibilidade. Quando nossos oponentes perceberem isso, eles sairão, tentando escapar do fogo. Nosso fogo os levará cativos e devorará o mal neles. Só então eles poderão receber de nós palavras que lhes sejam benéficas.

Veja, eu agora dou um sinal com Minha Mão, e imediatamente massas de fardos flamejantes estão caindo no pódio celestial, em meio à escuridão vermelha. O fogo começa a fumegar profusamente.

Você agora ouve o lamento de nossos habitantes celestiais? Veja como grandes multidões estão avançando em meio às chamas e pedindo ajuda, mas todo refugiado é cercado por um pilar de chamas do qual ele não pode escapar. O pódio já está cheio, e todo o grande grupo em chamas cai no canteiro de flores. Agora você pode ver que a água está fluindo em meio aos relâmpagos ainda reluzentes, como se fosse uma explosão de nuvens, dando muito alívio para nossos ardentes habitantes celestiais.

Você realmente diz: “Querido amigo e irmão, é realmente um meio terrível para curar!”

Eu lhe afirmo que deve ser assim para essas pessoas gravemente enfermas serem curadas, pois, comparativamente, pertencem até certo ponto aos que sofrem de gota, e essa doença só pode ser curada por um forte 'banho de vapor de `fogo espiritual`. Você tem banhos de vapor na Terra que são especialmente curativos para a aflição da gota; por que não haveria de ter também no reino dos espíritos banhos de vapor espirituais semelhantes?

Eu lhe digo que não há nenhuma aparição que não esteja presente de maneira semelhante no reino dos espíritos. Tal aparição, portanto, não é tão estranha quanto você pensou inicialmente. Você não deve comparar o fogo daqui com o fogo da Terra, pois o fogo aqui significa, quando se torna visível, nada além de grande zelo.

Como vocês viram, esses habitantes celestes queriam se vingar de nós e nos fazer fugir em seu grande zelo, produto de suas ideias delirantes, com o mal derivando disso.

P orém nossa maneira celestial de fazer não visa vingar o mal com o mal, mas fazer somente o bem àqueles que querem nos destruir e abençoar. Àqueles que nos amaldiçoam, nós não vamos a eles com fogo semelhante, mas sim com o 'fogo de amor', em comparação tão grande quanto o 'fogo da ira' que nos enviaram. Isso é o que significa amontoar brasas vivas e verdadeiras sobre a cabeça de nosso adversário. Você entenderá quando a 'água viva' lançada sobre eles os convencer .

Agora vejam: a multidão de mais de mil habitantes celestiais se encolhe de volta às suas dimensões originais, indicando que agora todos estão em seu zelo, sendo apropriadamente humilhados. O céu inteiro e fortemente inflado agora também se encolhe de volta à sua forma original. O fogo se apaga, e nossos habitantes agora estão diante de nós, como se estivessem nus.

Como você pode ver, um sentimento saudável de vergonha está tomando conta deles, o que sempre indica que o conquistado está começando a se ver do ponto de vista de sua própria loucura e da injustiça que a acompanha.

Eles agora também estão maduros para ouvir Minhas palavras com mais boa vontade do que antes. Eu, portanto, quero fazer a seguinte pergunta ao homem que está mais próximo à frente, o 'falso Pedro' que vimos anteriormente; digo-lhe: “Olhe, você, chamado Pedro, ainda estamos aqui apesar de todos os seus poderes celestiais. Você não pode fazer nada contra nós, como você e sua assembleia podem ver claramente. Diga-me, por que você me toma agora? Eu sou ´de baixo´ ou, afinal, sou 'de cima'?”

O pseudo-Pedro responde: “Agora me escute. Eu e todo o meu grupo, estávamos e ainda estamos infundidos com muitas ideias delirantes. De fato, agora podemos ver claramente que algo está terrivelmente errado com esse paraíso verdadeiramente sem esperança, onde todos nós fomos tratados com muita dor. Vemos também que, se tais cenas se repetissem nesse céu tão suspeito, poderia muito bem ser considerado como o primeiro grau do inferno e, se não for, pelo menos um purgatório bem conservado. Peço-lhes, pois, em nome de todos os meus irmãos, que nos livrem, se for possível, desse céu verdadeiramente fatal! Com isso, coloco meu status de Pedro a seus pés. Eu vejo claramente e reconheço abertamente, do fundo do meu coração, que não sou bom em ser `Pedro` e nunca fui, mas também que sou muito mau e burro, mesmo para ser o mais insignificante criador de porcos em um ou outro pasto espiritual, se tal ocupação existe em algum lugar.

Também não lhe peço outra coisa, senão que nos liberte desse 'céu de cartas'! Onde quer que você queira nos colocar, ali serviremos ao Mestre, mesmo com a comida mais escassa. Apenas nos poupe do purgatório e do inferno, pois sentimos a terrível queimação do fogo em nossas peles; muito breve, de fato, mas com sensibilidade suficiente para que nos lembremos do ocorrido para sempre!”

Agora Eu digo: “Muito bem. Essa linguagem é muito mais aceitável do que a anterior. Vistam-se, pois, e sigam-nos até ao 'paraíso', onde vários dos seus irmãos já aguardam semelhante salvação!“

Veja, os nus estão vestidos com roupas de linho cinza claro, e enquanto estamos deixando o lugar, eles estão nos seguindo honestamente, louvando e honrando a Deus.

Você diz que as roupas de linho parecem jaquetas militares reais e resistentes, feitas de linho cru, e toda a procissão parece uma pobre escolta militar.

Sim, queridos amigos, a vestimenta aqui é de acordo com a percepção da verdade e do bem vindouro. O nível de verdade e bondade presente nesses espíritos, vocês podem ver claramente por seu céu e suas ações, e as roupas são totalmente adaptadas à sua condição.

O que acontecerá a seguir, veremos muito bem na próxima instância.

C APÍTULO 82

Chegada das almas recém-convertidas ao 'jardim do paraíso'. Seu reconhecimento de culpa.

Veja, nos encontramos novamente no chamado ´paraíso´. Você pode facilmente se convencer de que ainda é o antigo, tal como vimos e deixamos antes. Lá no meio do paraíso, os primeiros paradísicos nos esperam, muito mais humildes e contemplativos do que antes, quando viemos do mosteiro até eles. Nossos 'moradores do céu' também estão nos seguindo humildemente, e assim procedemos com nossa nova pescaria diretamente aos nossos primeiros habitantes do paraíso.

Vejam, nosso anterior líder do paraíso e os dois primeiros oradores estão com os olhos arregalados quando veem de longe que toda a companhia celestial está nos seguindo. Eles não esperavam que o céu fosse conquistado, pois secretamente mantinham isso como uma pedra divisória que mostraria toda a verdade de nossa missão final.

Como todo o céu nos segue humildemente, o prior diz aos seus companheiros: “Escutem amigos, nas atuais circunstâncias, todo o caso está ganhando uma aparência completamente diferente. Os três são definitivamente enviados aqui por um poder divino ainda desconhecido para nós; isso é claro como o sol!

Mas o que devemos fazer com tal terrível certeza é uma questão completamente diferente. Como está a nossa consciência? Como nos saímos em relação ao nosso comportamento anterior em relação a esses mensageiros superiores? É, repito, uma questão completamente diferente. Devemos ir depois de feito o julgamento, se tudo correr bem, para o purgatório, ou ─ que o Mestre nos ajude ─ até para o inferno? Ouçam, amigos, é mais uma questão sem esperança!

Eles também se aproximam de nós com rostos muito severos, o que não nos traz muito consolo.

E se apenas pensarmos como foram as coisas com a nossa vida sacerdotal na Terra e pensarmos como nós, que conhecemos bem o evangelho do Mestre, nunca vivemos uns com os outros de maneira verdadeiramente cristã, como nós, no sentido literal do significado, sempre resistimos ao puro Espírito de Deus… Oh irmãos, então eu não posso fazer uma observação mais direta para assumir que todos nós enfrentamos, nestas circunstâncias altamente tristes, nada além do mais puro, mais terrível e ardente inferno! Eu quase gostaria de gritar para que as montanhas caíssem sobre nós, para que não precisássemos mais ver os rostos de juízes tão terríveis!”

O outro, o melhor orador, volta-se para o prior, dizendo: “Escute, amigo e irmão, creio que não devemos nos desesperar tão rapidamente, pois haverá muito tempo para isso quando formos finalmente condenados. Conhecemos o velho ditado que diz: ´Uma boa palavra sempre encontra um bom lugar´. Confiemos, pois, na nossa oração e na nossa maior humildade possível e não nos desesperemos cedo demais na grande Misericórdia do Senhor. Quem sabe se esses três mensageiros realmente vão nos julgar com rigor implacável, pois se eles foram enviados por Deus, serão melhores e mais brandos em seu julgamento, do que jamais fomos com os supostos pecadores em nossa única igreja santificadora.”

O prior diz: “Oh, querido amigo e irmão, suas palavras consoladoras são doces como o favo de mel e o leite mais saboroso, então eu penso novamente nas palavras de Cristo no evangelho, onde o Senhor diz aos 'falsos profetas ', ou seja, aos cristãos nominais e aos sacerdotes nominais: `Afastai-vos de Mim, malditos! Ide para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos, porque não vos conheço; sois obreiros da iniquidade, vós sempre resististes ao Espírito Santo!`. Amigo, o que você diz sobre esse texto?”

O outro diz: “Sim, irmão, é um texto excepcionalmente terrível, totalmente aplicável a nós. Também devo admitir que não estou me sentindo muito bem com o inferno. Se o Mestre realmente não for mais misericordioso do que nós na Terra na maioria das vezes, então esse texto pode ser aplicado de maneira horrível. Pois o Senhor disse: ´Sede misericordiosos e alcançareis misericórdia!´. Mas exatamente aí está o problema, pois nossa misericórdia na Terra estava em um estado de tristeza. Se eu apenas pensar com que facilidade e com quanta alegria muitas vezes condenamos nações inteiras ao inferno, eu começo a realmente temer; minhas palavras consoladoras anteriores para você começam a soar muito vazias para mim.”

Um terceiro diz: “Amigos e irmãos, compreendo perfeitamente; estamos perdidos! Acho que devemos ir juntos direto ao mensageiro principal que está no meio e perguntar nada além do grau mais quente do inferno, para poupá-lo da terrível sentença judicial, especialmente à luz do fato de que fomos na Terra principalmente compelidos pela autoridade eclesiástica a agir assim, não de outra forma. Apenas cumprimos os requisitos da Igreja, fossem eles corretos ou não. Eu acho que era impossível para nós agirmos de maneira diferente na Terra, porém negamos as palavras de Deus e, portanto, não servimos a Deus, mas a Mamom.

Poderíamos ter preferido morrer como mártires a agir assim contra Cristo, mas, exatamente por causa de nossa igreja, éramos de fé muito fraca para que tal coisa chegasse na ser feita contra nós. Portanto, quero dizer que não nos tornamos culpados para o pior inferno. A Deus seja a glória, e Seu nome deve ser sempre louvado acima de todas as coisas. Quero dizer que Ele não fará o pior conosco, e por isso esperaremos com a mais humilde paz o que o Senhor decidir sobre nós.”

Veja, toda a assembleia concorda humildemente com ele. Agora que todos se humilharam e reconheceram sua culpa uns pelos outros, iremos até eles e lhes ofereceremos um destino justificado.

Seja completamente sério ao meu lado, pois ainda há muito que precisa ser removido deles antes que possam estar prontos para um destino mais elevado.

CAPÍTULO 83

A Palavra Eterna como o Tribunal de Cristo.

Agora estamos perto o suficiente do grupo de monges para podermos falar com eles. Portanto, repetirei imediatamente Minha pergunta à assembleia, para deduzir de sua resposta o quanto eles caíram em si por causa de nossa conversa anterior.

Você pergunta: “Tudo aqui no mundo espiritual também deve ser feito com palavras? Aos espíritos do seu nível de perfeição não é concedido avaliar tais espíritos sem palavras e à primeira vista saber como estão as coisas com seu ser interior?”

Todo espírito do céu superior é concedido isso, e ele pode avaliar todo espírito imperfeito completamente à primeira vista. O espírito imperfeito não pode fazer isso. É o mesmo quando algum criminoso está sendo questionado na Terra. O juiz já está, na primeira sessão de julgamento e depoimento de testemunha, convencido de que o indivíduo é culpado de determinada transgressão, mas ele não pode julgar o criminoso com justiça se ele mesmo não reconhecer o crime. A palavra é, então, o único meio para revelar os pensamentos; ou seja, tanto a pessoa quanto o espírito entregam sua mente interior à revelação. Portanto, o conhecimento apenas de Minha parte da natureza interior desses espíritos, tomado por si só, é tão bom quanto nada. Mas, de acordo com esse conhecimento, posso direcionar suas mentes para expressar sua própria opinião, de modo que não possam me evadir por uma questão de necessidade e devam, portanto, revelar sua natureza interior por meio de sua palavra e entregá-la ao escrutínio público. Com isso, então, as palavras: ´Será proclamado em alta voz dos telhados´ se tornam verdadeiras. Em algum outro lugar está escrito por Paulo: ´Tudo será dado a conhecer perante o tribunal de Cristo´. Isso significa que tudo precisa ser revelado ou dito por meio da palavra, pois a palavra é o próprio tribunal de Cristo. ´Proclamar dos telhados´ significa que cada um será julgado de acordo com suas próprias palavras, ou seja, terá que entregar totalmente sua mente interior. Pois assim como o telhado é a proteção da casa pela qual o homem se protege o melhor possível durante sua vida terrena contra as intempéries do lado de fora, assim também é, vista espiritualmente, a palavra que serve como autoproteção e amor próprio. Porque a palavra é igual ao telhado de uma casa no sentido espiritual que não oferece mais nenhuma proteção no mundo espiritual. `Proclamar dos telhados´ significa que as próprias palavras o limpam de todos os vícios internos.

Quero, portanto, dirigir-me como mensageiro à assembleia dos monges com a pergunta que já pretendia fazer. Você poderá, então, deduzir de sua resposta o quão ruim e escuro o núcleo escondido neles ainda é. Tome conhecimento. Segue minha pergunta: “Bem, como você pode ver, voltei depois da conquista do seu céu. Como você se saiu em relação ao seu ´insight´ interior e à humilhação que o acompanhou? Vocês ainda se mantêm como verdadeiros servos do Senhor, ou como enganadores obstinados do povo?”

O prior diz:"Nós nos examinamos e nos achamos totalmente dignos do castigo infernal, pois reconhecemos plenamente que você é um verdadeiro mensageiro da justiça divina e dotado de um poder pelo qual todos os nossos muros e torres desmoronam como palha. Somos e continuamos devedores eternos do Senhor. Cada um de nós carrega tanto dessa dívida em seu próprio pescoço, que ninguém pode, de acordo com a justiça de Deus, jamais ser perdoado. Portanto, nada mais temos a lhe dizer, mas peço-lhe, se possível, apenas graça e misericórdia divinas. Não nos condene, segundo a nossa culpa, ao grau mais amargo e doloroso do inferno.

Se fosse possível confessar aqui, confessaríamos por cem anos para obter a libertação de nossa culpa de acordo com o grau de penitência associado a uma confissão. Mas uma vez que isso não é mais possível e, de acordo com Paulo, nós jazemos como caímos, não temos escolha a não ser esperar tristemente o seu julgamento condenatório.”

Agora digo Eu: “Então você que com a confissão pode se livrar dos pecados? Se é sua fé, diga-me em que ocasião o Senhor, quando na Terra, estabeleceu a confissão como meio de perdoar os pecados?”

─ Caro amigo! É assim que você saberá como o Senhor deu a Seus apóstolos o poder de resolver e vincular. É evidente que o Senhor instituiu a confissão. O apóstolo Tiago também disse expressamente: ´Confessem seus pecados uns aos outros´. Se você olhar para todas essas e muitas outras coisas similares, é impossível negar que o Senhor não usou manifestamente a confissão como meio de perdão dos pecados.

─ Ouça, amigo e irmão, se você assim entende a Palavra de Deus, não é se admirar que você esteja aqui neste grau de desespero. Diga-me que tolice pode ser maior do que a seguinte: Imagine duas pessoas mutuamente hostis, dois pecadores ou devedores mútuos, mas um começou a se sentir oprimido em sua consciência, por causa de sua condição pecaminosa. Porém, para se livrar dessa condição incômoda, ele foi a um outro homem para se livrar de sua condição incômoda, confessando-se ao estranho, que nada tem a ver com a situação, só para aliviar sua culpa. Diga-me se tal estranho, que recebe pagamento para ouvir o homem aflito, o que ele é então? Ele não é o maior enganador? Você concorda comigo em sua mente. Bom, mas lhe ficará ainda mais claro.

S uponhamos que A deva a B mil florins. Em vez de pagar honestamente a B os mil florins de volta, A se deixa persuadir e paga apenas cem florins, como penitência por sua dívida, a um enganador C, a quem nunca deveu um centavo. O que B diria? Deveria ser indulgente? E a culpa de A em relação a B realmente seria redimida? Acho que mesmo os espíritos infernais não assumiriam isso. Não podemos esperar isso nem mesmo do Mestre, pois Ele mesmo é o Santíssimo Amor e Sabedoria.

Os textos que você citou sobre o perdão dos pecados, portanto, precisam de outra explicação, pois seu argumento não contém água. Darei a você tempo para refletir bem sobre isso; então você pode me dizer a que conclusão chegou. Mas não mais do que sete minutos.

Bem, investigue-se em espírito e verdade. Amém.

CAPÍTULO 84

Sobre o pecado contra o Espírito Santo.

Veja, nosso prior fez sua exploração e começa a nos falar sobre isso. Portanto ouça; ele diz: “Caro amigo, considerei seus exemplos e sua pergunta no fundo do meu ser e não posso dizer outra coisa senão que você está absolutamente certo em tudo. Porque, pela primeira vez em minha vida dupla, vejo agora que a confissão é o maior infortúnio, tanto para a justiça piedosa quanto para a justiça mútua e de vizinhança. Do jeito que vejo agora, alguém mal pode imaginar algo mais tolo do que quando devedores mútuos têm que se contentar e são aliviados das suas dívidas quando um terceiro, não tendo nada a ver com a dívida de um ou de outro, quita a dívida de um ou de outro. Ou mesmo quando um terceiro, ao aceitar uma pequena quantia ─ obviamente totalmente injustificada ─ convence plenamente o devedor de que ele pagou integralmente a dívida substancialmente maior para com seu credor. Oh, amigo, agora está tão claro para mim quanto este ar é claro aqui.

Mas agora segue outra pergunta: Se isso é indubitável, que destino finalmente recairia sobre todos os tolos confessores? Se eu pensar que isso é exatamente a 'conditio sine qua non' ─ ação indispensável e essencial ─ em minha igreja, então começo a suar frio.

Como, em nome de Deus, é possível que esse terrível absurdo se enraíze de forma tão indelével? Oh, amigo, eu gostaria de fazer penitência no inferno por minha loucura, mas primeiro, deixe-me ir para a Terra com um corpo imortal por um ano ou dois. Vou acender uma luz para a igreja que seria mais perigosa para ela do que um pedaço de ferro em brasa para uma gota d'água. Pois sei muito bem quão obstinado o sumo sacerdócio desta igreja procede com o engano mais sem sentido e também vejo que ela nunca abandonará essa loucura de maneira normal e natural. Portanto, como disse, gostaria de descer com um corpo imortal e indestrutível, para acabar com essa e muito mais não menos importantes loucuras da Igreja.”

Agora Eu digo: “Amigo e irmão, o Mestre não precisa disso. Entenda o perdão dos pecados aqui da perspetiva correta, então você terá oportunidades ilimitadas de trazê-lo para uso prático aqui muito melhor e de forma mais útil do que se lhe fosse concedido ir à Terra com vários meios maravilhosos.

Se você deseja realizar sua intenção em uma corporação mundana como uma comunidade de igreja, você deve começar removendo completamente todas as seduções da carne, inclusive a necessidade sexual como um sentimento vivo, bem como todas as outras questões físicas. Mas se você pudesse fazer isso, que homem você seria em um corpo tão mundano?

A Terra não é um recurso para purificação, mas sim um recurso para testar o livre-arbítrio. Todos e tudo são ali permitidos; há boas intenções e loucuras, Satanás e anjos podem coexistir.

Para que a vontade do espírito possa ser exercida, são necessárias várias tentações que esforçam-se constantemente para desviar a verdade para o lado da mentira. O homem deve, assim como sociedades inteiras, travar uma batalha constante que exercite o poder da vida; é quando a liberdade de escolha deve optar por uma ou outra direção. Veja, interiormente o ser humano cresce exatamente desses estímulos vivos, bem como de todas as ações humanas apaixonadas.

Se agora está totalmente claro para você que a remoção total de todos os erros e males vindouros de um corpo mundano não é possível por nenhum outro meio além de remover a própria raça humana, então você também entenderá que anos de permanência em um corpo do mundo onde você pretende realizar maravilhas para o presente (bem como para o futuro) produzirão menos frutos para a plena conversão de todo o mal ao bem, do que o conjunto das vidas terrenas do Mestre, dos apóstolos e dos discípulos.

E u vou lhe dizer, porém, por que você quer ir para a Terra. Olha, há duas razões. O principal motivo é a vingança, o outro é que você quer agradar e compensar sua tolice para com o Mestre por meios ainda mais tolos, injustos e mal escolhidos!

Você deve abandonar rapidamente, portanto, sua intenção. Em vez de se vingar, deixe o verdadeiro amor ao próximo e fraternal brotar em sua vida, em seu coração; então você logo verá claramente que o homem aqui no recurso do verdadeiro purgatório pode, de acordo com o mais sábio plano amoroso do Mestre, enfrentar melhor a tolice do mundo.

Como posso dizer que você e toda a sua assembleia entendem isso, devo chamar sua atenção para o fato de que você ainda me deve uma resposta real sobre os textos das Escrituras relativos ao perdão dos pecados. Não podemos dar um passo adiante, antes que tal questão seja totalmente discutida. Comece agora, portanto, com a resposta e comece com o texto da Escritura sobre desatar e amarrar, de Mateus 18:18 e João 20:23. Quando terminar, então prosseguiremos. Portanto, fale!”

O prior diz:“Oh, excelentíssimo amigo, será indescritivelmente difícil para mim e, portanto, peço-lhe humildemente que me desculpe por não poder lhe dar a esse respeito uma resposta satisfatória, pois onde não há nada, nem mesmo a morte pode chegar a algo de significativo.”

Eu agora digo: “Veja, eu sabia que chegaria a isso. Quer ir para a Terra para trazer sua igreja ao bom caminho, mas como vai administrar isso, se lhe falta o mais essencial e básico para tal?”

O prior diz:“Nobre amigo, verdadeiramente, minha tolice cresce como ervas daninhas prolíficas em solo fertilizado. Depois do que você acabou de dizer, entendo que não estou apto nem para ser um pastor de porcos; deixe ir para um reformador maravilhoso da igreja. Oh, diga-me, quanto desse tipo de insensatez ainda está preso em mim?”

Eu respondo: “Eu lhe digo que ainda há uma grande porção, mas a resposta à pergunta fará maravilhas em você. Preste atenção, portanto, como eu lhe darei a resposta. Portanto, ouça!

Vou explicar o texto de João, porque ele dá preferência à revelação do Espírito Santo; se você perdoar os pecados das pessoas, isso será perdoado no Céu; mas se você mantiver as pessoas em seus pecados, isso será contado no Céu. ´Recebei o Espírito Santo´ quer dizer tanto quanto: Sê iluminado pela Minha Verdade! O significado mais profundo também diz: `Segue-Me em tudo! Amai-vos como Eu vos amei! Porque por meio disso sabereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. Recebam, portanto, o Espírito Santo, pois o Mestre não deu outro mandamento senão o do amor. Ele não pode, portanto, oferecer outro espírito além do Amor.

E você entende isso? Você me confirma em seu coração. Bom, então continuemos.

´A quem perdoardes os pecados, assim será perdoado no Céu´ significa que quando qualquer um perdoar (de acordo com Meu Espírito de Amor e Sabedoria) a culpa de seu irmão contra si, Eu também perdoarei não só a culpa do irmão perdoado, mas também perdoarei toda a culpa daquele que estendeu a remissão. Quando alguém, como afirma a segunda parte do texto, não perdoa a culpa de seu irmão, deixarei que o credor mantenha sua culpa. Quando o devedor quiser se reconciliar com o credor mas o culpado não quiser aceitar, serei irreconciliável com o culpado, até que esteja disposto a se reconciliar. Veja, é a única explicação celestial válida do texto.

Os pecados que o homem comete contra Deus e contra o seu próprio espírito não podem ser perdoados por ninguém, mas somente por aquele cuja ordem sofreu transgressão. O pecado contra o próprio espírito não pode ser remido ou perdoado por mais ninguém senão pelo próprio espírito, e isso com uma vontade completa, honesta e por amor ao Mestre. Depois deve-se negar a si mesmo e nunca mais cometer tal transgressão.

Quanto aos pecados contra o Espírito Santo que vem do Amor radiante do Mestre, quando alguém se opõe voluntariamente a tal poderoso meio de misericórdia, devemos perguntar seriamente por quais meios alguém que luta maliciosamente contra o santíssimo ainda poderá ser salvo.

Veja bem, esta é a exegese completa e significativa destes textos sobre o perdão dos pecados.

Ambos os textos se expressam em alto e bom som na mais exaltada oração do Senhor, onde está escrito de forma irrevogável: ´Perdoa-nos os nossos pecados, assim como nós devemos perdoar a quem nos tem ofendido`. Não está escrito algo como: ´Perdoa-nos os nossos pecados na medida das nossas penitênciais´ (a confissão, as ações penitenciais, a comunhão e a absolvição segundo a confissão do padre). O perdão geral dos pecados também é mencionado: ´Seja misericordioso e receberá misericórdia`; o que não significa: `Confesse, então seus pecados serão perdoados`.

Na parábola do filho pródigo, o Mestre refere-se ao meio mais importante para receber o perdão dos pecados; ou seja, um retorno caridoso, humilde e amoroso a Deus, o melhor e mais amoroso Pai de todos os homens! Você entende? Você confirma que sim, então vamos prosseguir.

CAPÍTULO 85

A Palavra do Senhor! O juiz real.

Quanto a Tiago, ele não diz que a congregação deve `confessar` seus pecados a um ancião da congregação, mas apenas diz que nenhum irmão da congregação deve ter segredo para com o outro, nem querer ser considerado melhor do que realmente é por toda a comunidade. Por tal razão Tiago recomenda, mas não dita de forma alguma, que pecados erros sejam confessados uns aos outros.

Mas se tudo isso é irrefutável, qual é a confissão de ouvido na Igreja Católica? Eu lhe digo, nada mais é do que um banco de pecados incriminadores, onde as pessoas se livram das responsabilidades e culpas de suas vidas. Por meio dessa transposição, trazem à usura eclesiástica um duplo ganho: primeiro, pela necessidade criada de se ter um serviço de confissão em igreja; segundo, porque o pecador se afasta dos olhos de seus irmãos e de seus semelhantes pela confissão, para que eles não saibam quem ele realmente é em seu ser interior e o considerem, imediatamente depois da confissão, novamente um homem completamente justo e honesto; enquanto ele permanece, mesmo após a confissão, o mesmo homem que era antes.

Todos os pecados confessados são assim encobertos. Todo dono os renovará, na medida em que enganou a si mesmo e a todos os seus semelhantes! De acordo com cada confissão, ele se considera um homem totalmente digno da graça divina, pela qual ele se exaltou e teve prazer em si mesmo. Ele ainda engana seus semelhantes, pois eles nunca saberão realmente até onde se assemelham ao pecador; em geral devem considerá-lo muito melhor do que antes. Portanto, as taxas de juros eclesiásticos são chamadas de fraude dupla! E o ardil ainda tem um fardo principal, que consiste no fato de que o homem condenado é iludido para ser perfeitamente justificado diante do Senhor.

Posso assegurar-vos que se Judas, o traidor, tivesse estabelecido uma igreja cristã, certamente teria sido melhor do que esta. E ela não saiu do Cristianismo, mas sim do paganismo, apenas salgando um pouco tal paganismo com o Cristianismo; pois, como o sal é apenas o menor ingrediente de um prato, neste paganismo o cristianismo constitui a menor parte. Ainda seria suportável, se fosse apenas bom. Mas o próprio sal é velho, como então o paganismo puro se tornará Cristianismo?

O paganismo tem muitos deuses, portanto, aqueles que possuem o novo sal não querem ficar com um Deus, mas dele fazem três. Depois esse deus separado em três torna santas as pessoas que viveram na Terra, criando um substituto para os rejeitados ´semideuses e deuses de casa´. O antigo paganismo era muito lucrativo para seus sacerdotes, mas o Cristianismo puro se opõe diretamente a tal lucro, pois afirma expressamente: ´De graça recebestes, de graça dareis´.

O paganismo não poderia fazer uso disso, mas inventou um 'registro de pecado'. Como a lei mosaica não era transgredida com frequência, eles o inventaram, independentemente de novas leis que eram bastante difíceis de cumprir. Além do registro de pecados e do extenso livro da lei, eles também estabeleceram a 'confissão' para o perdão dos pecados, e por essas confissões as pessoas eram levadas a várias obras lucrativas de penitência. Com isso, o único pontificado santificador se exaltou, por meio de cerimônias religiosas ainda mais lucrativas, ao renome mundial, diante do qual todos os reis tremiam! Para que tal único pontificado santificador se tornasse ainda mais independente e, portanto, também mais poderoso e menos restrito, soube formar seu próprio poderoso exército por meios muito inteligentes, com mais de um milhão de homens poderosos sitiando castelos, cidadelas, cidades, países de césares, reis e príncipes em todos os lugares, vitoriosamente tornando todos os países sujeitos e tributáveis. Tal exército consistiu de oportunistas sacerdotes e monges, e o meio foi o celibato. Assim, o novo poder pagão e eclesiástico foi estabelecido de forma invencível.

Como todo governante, se quisesse saber como estavam as coisas com seus súditos, precisava de seus espiões, tais espiões também eram indispensáveis ao pontificado. Quem eram esses espiões?! Bem, todo o sacerdócio! E como foram chamados os meios pelos quais as atitudes ocultas foram descobertas? Nada além da 'confissão` oportunista. Olha, é o segundo lucro para o padre da confissão e, de fato, também para toda a ordem sacerdotal das trevas.

E de que natureza é o lucro? Eu digo a você, pois consiste em nada além de que a confissão oportunista de pecados vem sendo descrita como benéfica para a Igreja, na qual o engano egoísta do povo está necessariamente conectado. As pessoas são levadas a acreditar que são totalmente justificadas diante de Deus sempre que confessam.

Você agora está aqui, vestido com tal 'lucro', e isso requer outra pergunta: O que você apresentaria agora para a amortização total de tal puro 'lucro infernal'? Devo acrescentar imediatamente que ninguém pode entrar na Vida apenas com base na pura e direta Misericórdia do Senhor; porque: ´Ao que nada tem, até o que tem lhe será tirado`.

Veja, esta é a pergunta mais importante que você ainda precisa responder. Vou lhe dar tempo para pensar a respeito. Se você puder apresentar algo que seja aceitável aqui no reino da verdade nua, crua e completa de fidelidade, então será justo e bom. No entanto, se você não puder, então você já carrega seu julgamento em si. Acredite em mim, nem eu nem o Mestre devemos julgá-lo, pois suas obras, como você pode deduzir de minha explicação, ainda se opõem diametralmente à Palavra; portanto, não devem ser a seu favor em nenhum ponto, mas precisamente contra você.”

O prior diz:“Sim, assim é. Agora meu veredicto para o inferno está praticamente cumprido, pois o que eu seria capaz de apresentar a meu favor? Só posso dizer: Mestre, tenha compaixão e misericórdia de nossos pobres, tolos e cegos, e do maior de todos os pecadores! Não vejo nada além do peso de chumbo da culpa diante de mim e não preciso de tempo para pensar nisso. Resta esperar dolorosamente o terrível julgamento que agora me parece certo a todos nós, mais doloroso do que o próprio fogo do inferno. Eu, portanto, lhe imploro que não nos retenha mais, mas nos dê uma indicação de onde pertencemos.”

Digo Eu: “Aqui não prevalece a minha vontade, mas a Ordem Divina! Você deve, portanto, sujeitar-se a ela, se não quiser perecer para sempre por sua própria causa. Eu, portanto, digo mais uma vez que você deve falar sobre o assunto que lhe é apresentado, pois ainda vejo em seu coração um pedido de confissão. Enquanto isso ainda estiver preso em você, você não pode sair desse lugar; portanto, não se apresse e depois fale! Amém!”

C APÍTULO 86

O puro amor do Mestre também está no inferno.

Nosso prior, que já investigou neste novo curto tempo de contemplação todos os recantos de seu ser, felizmente encontrou uma desculpa para seu problema, como logo ouviremos de sua boca.

Nós queremos dar a ele a oportunidade de apresentar seu pedido e, portanto eu, o mensageiro, digo-lhe: “Caro amigo, vejo que gastou bem seu tempo e encontrou algo. Diga-nos o que encontrou”.

O prior diz: “Realmente encontrei algo que poderia ser um caso válido de confissão na situação mais favorável. Mas se a descoberta será aceita a meu favor, é outra questão. Eu realmente tenho que reconhecer honestamente que dentre todas as coisas relacionadas ao caso, eis o ponto mais consolador para mim pessoalmente, especialmente em relação à confissão. Mas se estou certo em considerar isso como um consolo, é outra questão.

O ponto em si é a parábola do mordomo injusto que, quando se considera à risca, ele age em sua posição quase como um padre confessor para com seus filhos. Mas o Mestre elogia o mordomo injusto e até diz a Seus discípulos que eles também devem fazer amigos por meio de coisas injustas para que o Mestre, quando chamar seu mordomo para prestar contas, o leve à Sua morada celestial. Veja, isso é o que posso afirmar em meu benefício. Também penso que muitos dos meus confessores foram acolhidos pelo Mestre e se encontram em seus lares celestiais. Eu realmente fui um mordomo injusto e transgredi com coisas injustas a Palavra de Deus. Eu agi com coisas imensuráveis e em detrimento do grande Mestre da casa, porque eu O converti, no sentido literal da palavra, no vergonhoso Mammon; portanto, posso ser visto com um alto grau de atos injustos.

Quantas vezes não redimi os maiores devedores do Mestre de suas dívidas na cadeira de confissão? Eu lhes redimi completamente, mas do capital principal deixei apenas alguns escassos valores para o devedor, pois os pequenos pecados diários podiam ser considerados como uma mancha remanescente dos maiores. Apenas uma penitência purificadora devia ser feita, e os meios purificadores eram fixados. Pelos sumo-sacerdotes, o devedor podia facilmente se livrar de sua dívida. Porém eu, assim como meus iguais, pouco pudemos fazer, pelo fato de que a Igreja prescreveu os meios. Não apenas eu, mas também todos os padres eram obrigados a usá-los.

Eis tudo o que posso lhe dar. Sua sabedoria pode avaliar a situação melhor do que minha mente.”

Digo agora: “Bem amigo e irmão. Ouvi a sua súplica e digo-lhe que é de facto válida a confissão audível, mas como? É outra pergunta que responderei imediatamente. Sim, se o coração do padre confessor estiver realmente cheio de amor, e ele usar a confissão apenas para mostrar ao confesso naquela ocasião o caminho e o tempo para ter seus pecados perdoados somente pelo Senhor. O padre deve deixar o confesso ver que a confissão não tem nenhum efeito sobre ele sem a consideração desses meios e a plena aplicação deles; e ainda que ele, como um pecador, acreditar na remissão total de seus pecados por meio unicamente da confissão, tornar-se-á ainda mais endurecido e incorrigível. É certo quando o padre da confissão aconselha com muita amizade e amor que o confesso deve tentar no futuro, com cuidado e seriedade, evitar todos os seus pecados confessados da maneira mostrada pelo evangelho e isso sem cessar, pois é o único caminho que conduz ao renascimento do espírito. Então, se o confesso prometer honestamente ao padre confessor que fará todo o possível para seguir seus conselhos ─ recebendo assim o perdão de seus pecados em Nome do Senhor ─ só então o padre será um verdadeiro confessor e, neste caso, ele pode ser chamado de ´mordomo injusto´.

Você agora me pergunta como um padre confessor em tal caso ainda poderia ser um mordomo ´injusto´. Você poderia ter deduzido da minha explicação que ninguém tem o direito de remediar a dívida que existe entre duas pessoas, exceto quando o terceiro mediar entre o devedor e o credor, reunindo-os pelo ensino do amor e pagar do próprio bolso, em nome do devedor pobre, a dívida ao credor. Mas observe, isso só pode acontecer quando ambas as partes concordam total e fraternalmente, em plena amizade, com uma redenção tão caridosa. Em segundo lugar, a mordomia injusta de tal confissão é facilmente indicada no texto da Escritura, onde o Mestre diz a Seus apóstolos e discípulos: ´Se tiverdes feito tudo, então dizei e reconhecei: Somos servos indignos.`.

Eu realmente acho que não é necessário elucubrar mais sobre este caso, pois se você ainda tem uma centelha de fé no evangelho, então minha palavra, como a Verdade eterna e imutável, deve ser completamente clara para você.

O prior diz: “Eu realmente entendo tudo muito bem; mas o que acontecerá agora com todos nós? Nenhum de nós pode ser elogiado por ser mordomo injusto, pois como estamos aqui diante de você, nunca usamos a confissão para propósitos tão puros.”

Digo Eu, o mensageiro: “No entanto, eu lhe digo que o caminho já está aberto diante de você, e em breve você poderá ser um mordomo injusto muito melhor no reino da fidelidade absoluta do que na Terra, onde a luz e a fé viva estão completamente ausentes.

Veja, veja todos os leigos enganados, veja a grande multidão de leigos nesse paraíso, e então veja a grande multidão de ´almas adormecidas´ nesse mosteiro em sua falsa fundação! Vá e pregue a eles o verdadeiro evangelho, traga-os todos aqui, e você dará o primeiro passo para se tornar um verdadeiro ´mordomo injusto´ no reino de Deus”.

O prior diz: "Ó divino amigo e irmão, seria possível que eu escapasse do inferno?!”

Digo Eu: “E quem te condenou ao inferno? Você acha que os mensageiros do amor eterno farão isso? Se você não se condena por sua mente inflexível, e se, a meu ver, você sente amor pelo Senhor em você, onde está aquele que tem o poder de condená-lo ao inferno? Você acha que o Senhor envia Seus mensageiros para condenação? Oh, você ainda está em um grande erro!

O Senhor envia mensageiros apenas para salvação, nunca para condenação! Portanto, não se importe com tolices, mas faça seu amor pelo Senhor brilhar intensamente. Vá com esse amor aos seus irmãos e tire-os de suas prisões, só então você experimentará como o Senhor julga Seus filhos.

Crê-me, o Senhor é puro Amor também no inferno; e não há um espírito maligno ali que, se quiser, não possa voltar para o Pai como um filho perdido! Se este é o caso mais certo e infalível, então você será capaz de inferir seu amor ao Senhor que, na Sua Onipotência, não criou filhos para o inferno. Portanto, vá agora e faça como eu lhe disse, para que você seja salvo em breve!”


CAPÍTULO 87

A diferença entre o uso correto e o uso incorreto da confissão.

Eis que o Prior vai buscar aqueles que outrora deixamos além do abismo flamejante. Você está se perguntando se há alguma ponte pela qual essas almas adormecidas possam vir até nós. Eu lhe digo que nada aconteceu até agora, posto que as almas começaram a sentir pena de si mesmas, e esta é uma situação muito ruim para o homem em relação à vida espiritual.

Na autopiedade, o homem se justifica. Ele empurra toda a culpa para outro lado e assim se apresenta como inocente, ao mesmo tempo, digno de toda misericórdia. É precisamente o caso das aflições das nossas almas aqui. Como já foi dito, não há ponte pela qual elas possam nos alcançar, mas isso também serve como um forte teste para nosso prior, e será mostrado que efeito a condição miserável dessa irmandade adormecida terá sobre ele.

Vocês gostariam de ser testemunhas de sua ação, mas eu lhes digo que isso não é necessário, pois o veremos novamente em breve, pois ele retornará sem ter conseguido nada.

No entanto, preferimos nos voltar para outro irmão monástico e ver que efeito nosso tratamento para com o prior teve sobre ele. Não precisamos dizer ao monge: ´Venha aqui e revele-se!´, pois ele sabe onde lhe apertam os sapatos.

E assim, como você vê, ele (o monge) vem até nós com um propósito e logo Me faz a seguinte pergunta: “Bom amigo e irmão! Eu escutei seus ensinamentos sobre a confissão do começo ao fim, com a maior atenção e apreço interior, e daí se entende que esta função principal na Igreja Católica se dá principalmente por causa do uso mais injusto da palavra divina. Não se pode objetar à sua verdade pura pronunciada. Mas, não obstante o reconheçamos, esta ação ainda existe na própria Igreja, como existe há séculos e continuará a existir.

Mas se esta função é, tanto para o confesso quanto para o padre confessor, de tão decidida importância em relação à vida eterna do espírito, então, com a melhor consciência do mundo, deve-se fazer a pesada pergunta: `Por que o mais correto, amoroso, sábio e onipotente Senhor e Deus do Céu e da Terra tolera tal abominação em Seu plano de vida?`.

Também devo lhe confessar francamente que, por meio da confissão católica, muitas pessoas na Terra aparentemente se tornaram grandes favoritas do Senhor, e Ele também muitas vezes revelou isso a elas. E, tanto quanto me lembro, o Senhor não expressou sua desaprovação a nenhum de Seus seguidores. Pelo contrário, conheço vários casos em que o Senhor deu a conhecer aos homens, por meio de Seus queridos, que eles deveriam se confessar arrependidos para conseguir o perdão de seus pecados. E também conheço vários casos em que homens que seguiram totalmente esse conselho e renasceram totalmente em espírito e em verdade após a função confessional, desde que realizada com toda a seriedade; e os confessos, então, permaneceram desde aquele momento os verdadeiros e respeitáveis amigos do Senhor.

Mas se a situação é assim como todos vocês nos ensinaram antes, devo confessar francamente que a orientação da humanidade na Terra por parte do Senhor é um mistério indissolúvel para mim. Tanto quanto me lembro, a confissão é concebida de tal forma, que o pecador, por tal função penitencial, só pode entregar o perdão de seus pecados se declarar ao padre sua mais séria intenção de não mais cometer os pecados que honestamente se arrepende. Se por parte do confesso a condição não for cumprida, como costuma acontecer, os púlpitos serão informados com a maior frequência possível, e especialmente antes dos tempos de confissão geral, ninguém pode, como dissemos, receber o perdão de seus pecados sem cumprir plenamente tais condições.

Assim, tanto os púlpitos quanto os confessionários pregam e ensinam com muito cuidado que ninguém pode ser remido dos pecados pelo Senhor, a menos que o confesso primeiro tenha resolvido de todo o coração as pendências com todos os seus devedores. Se talvez alguém fizesse mau uso dessa função, embora a regra eclesiástica geral seja que essa função deva ser tratada em um sentido bem puro, então toda a Igreja poderia ser acusada de tal uso indevido.

Veja, eu não quero tocar se a Igreja entendeu correta ou incorretamente o comando dos textos conhecidos; mas é certo que o Senhor não o considera tão injusto, pelo menos não na Terra, porque Ele fez brotar esta função. Em segundo lugar, Ele ainda está tolerando esta árvore em Sua Vinha tal como é, como se sabe, enquanto ela ainda vem produzindo uma colheita abundante.

Pois isto é certo que, se um homem estiver doente, ele deve ir a um médico para o doutor diagnosticar a doença, propor um tratamento eficaz e oferecer ao sofredor um remédio adequado. Isso não pode ser chamado de injusto no nível físico, embora também se possa dizer que só o Senhor Todo-poderoso pode curar plenamente todas as doenças, o que Ele também certamente faz de acordo com Sua Ordem; mas também ocorrerá, se o sofredor usar os meios dados pelo médico e abençoados pelo Senhor, na viva confiança no Senhor.

Se, como eu disse, isso é verdade para o corpo, realmente não vejo por que não deveria ser igualmente aplicável à alma doente do homem. Se os verdadeiros médicos do corpo não são redundantes diante do amor e da onipotência divinos, por que seriam redundantes os médicos espirituais ao lado do amor e da misericórdia divinos? Além disso, os humanos são encarregados de amar uns aos outros.

Se nunca pode ser desconsiderado vestir os nus, alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, consolar os aflitos, redimir os presos (pois o próprio Senhor, exemplificando quem é o verdadeiro próximo, enviou socorro aos mortos pelo misericordioso samaritano), como, então, as obras espirituais da Misericórdia e Amor do Senhor por parte de Seus doutores espirituais, tais como existem, são uma abominação para o Senhor? Se eles não são como deveriam ser, agindo completamente de acordo com o mais puro reino da verdade, nós, como uma geração posterior, não podemos, entretanto, deixar de seguir esta regra principal da Igreja, pois ela serve para o perdão dos pecados e melhoria da pessoas.

Creio, porém, que o Senhor há muito já teria dado fim a uma abominação segura; mas como certamente não existe em nenhum sentido ruim, gostaria, como disse no início, de receber de você uma luz um pouco mais brilhante a respeito.”

Agora Eu digo: “Meu amigo e irmão, sua pergunta é mais importante e pesada do que você mesmo imagina. Para esclarecê-la adequadamente, é necessário mais luz do que você pode suportar no momento. Por enquanto, direi a vocês que a orientação das almas por parte do Senhor é muito mais maravilhosa e extraordinária, do que vocês jamais serão capazes de conceber na menor parte.

Veja, na vista do Senhor não há caminho errado; cada um é bem conhecido do Senhor e cada um procede Dele como um elo de vida. Mas você saberia a diferença entre um caminho reto e um tortuoso? Não há dúvida de que o Senhor pode abrir caminho pela estrada tortuosa; mas um homem não alcança seu objetivo assim que segue um caminho reto, mesmo que o objetivo seja o mesmo do caminho reto. Se uma estrada tem muitos desvios que divergem da meta e muitas vezes uma pessoa pode dar várias voltas na Terra antes de atingir sua meta, isso não será tão difícil de compreender. Deve ficar claro que o Senhor não pode ser indiferente se um homem vem a Ele pelos desvios ou pelo caminho mais curto.

A inda que digas no teu coração que tudo isto é verdade, no entanto, você não vê como a confissão se encaixa nesse exemplo, pois você também a considera um caminho muito curto. Digo, porém, que não se pode negar que tal função era muitas vezes um caminho curto para algumas pessoas; mas como? Porque o Senhor encontrou o homem que levou a sério a melhora de sua vida e então o guiou pelo caminho reto e mais curto, isso ainda não é motivo para falar da função da confissão com uma palavra de aprovação. Há também milhares e milhares de gentios a quem o Senhor também encontra e os conduz para o caminho reto. Tal se dá unicamente pela Misericórdia do Senhor.

O prior diz: “Alguém deveria falar bem do paganismo por o Senhor ter misericórdia de tais gentios?

Eu digo: “Durante minha instrução, mostrei como deve ser a confissão para ser aprovada pelo Senhor. Citei a parábola do mordomo injusto, onde o Mestre mostrou a única maneira correta pela qual a confissão católica pode ser justificada. O padre da confissão fazendo como o mordomo injusto e cumprindo sua função daquela maneira única e completamente justa, então a confissão estará de acordo com o evangelho e também será um ramo da verdadeira árvore da vida. Se for usado apenas em interesse próprio sacerdotal, então é um ramo cortado da árvore da vida e não dará frutos.

Que a comunidade católica, sob a direção do bispo romano, deu muitos frutos agradáveis ao Senhor e que essa função é muitas vezes um bom fator de humilhação para os homens, nós sabemos ainda melhor do que você. Se assim não for, então podem ter a certeza de que o Senhor sempre saberá como conduzir um puro mal de volta aos bons caminhos, como Ele fez nos dias das várias reformas eclesiásticas, porque a função da confissão atingiu um alto grau de degeneração. Mas tudo isso não foi endossado no reino da verdade pura.

Quando o confesso diz que não pode perdoar os pecados, mas somente o Senhor, e se considera apenas um instrumento amoroso para ajudar a mostrar aos que estão em necessidade espiritual, por meio da confissão bem como no púlpito, o caminho puro para o Senhor, ele é um bom padre de confissão. Ele, então, é um amigo amoroso e verdadeiro do homem, levando o bem-estar espiritual de seus irmãos em seu coração. Mas quando ele diz: `Eu tenho o poder de perdoar seus pecados ou não, e depende de mim se você vai para o inferno ou para o Céu!`, então presume a si o poder divino.

Assim, ele torna Deus um vestígio para seu irmão, rompe o vínculo entre Deus e o homem e torna o homem um desprezador desesperado do Divino ou um vilão obstinado que no final não tem mais medo de qualquer abominação, cometendo todos os tipos de impropérios e atrocidades, sem a menor carga de consciência. Ele também pode se tornar um observador sorrateiro e consciencioso que, após a confissão, entorpece sua consciência e não se torna melhor. Ele acredita que esvaziou seu velho saco de pecados na confissão. Finalmente se convence de que tem que pecar um pouco para a próxima confissão para ter algo a confessar, assim o padre, como sempre, terá algo a perdoar.

Se as coisas são assim com tal função, diga-me se é aprovável! Você nega isso em seu coração. Assim, também lhe digo que sua primeira pergunta deve ser considerada fútil para o ponto de vista atual.

O que está por vir, no entanto, lhe trará uma luz mais poderosa a respeito.”
















CAPÍTULO 88

O problema do prior na fenda. A verdadeira ponte da salvação. Da morte para a vida.


Agora veja, nosso prior está voltando do mosteiro com uma cara muito desanimada, sem ter alcançado seu objetivo, aproximando-se de nós com grande e duvidosa ansiedade em sua mente. Ele se abrirá imediatamente para nós. Agora preste atenção, pois você será levado a passos rápidos mais fundo na orientação divina.

O prior está aqui e começa a se relacionar. Ouça, ele diz: “Oh, amigo e irmão, qual foi a razão inicial para sua designação para mim? O Mestre deve saber, mas eu não entendo nada! Pois veja, eu fui ao seu comando para nossos irmãos ainda adormecidos e queria trazê-los aqui, de acordo com a sua designação. Mas que horror estava lá! Eis que entre mim e aqueles que lamentavam e choravam, havia uma larga fenda da qual saíam chamas brilhantes. Atrás dessas chamas, meus irmãos tentavam continuamente atravessar, mas era em vão. Eu estava procurando por algo através do abismo para improvisar uma ponte de emergência. Mas tudo o que eu coloquei sobre a fenda logo foi tomado pelas chamas e de repente foi consumido. Como não fui capaz de cumprir o encargo com todo o meu esforço e com a minha melhor vontade, pensei comigo mesmo que, se Deus não pode exigir o impossível de ninguém, menos ainda um mensageiro enviado por Ele o pode. Preencher essa lacuna, que exigiria o desafio dos elementos, foi puramente impossível para mim.

E assim voltei não tendo alcançado meu objetivo, aquele pelo qual fui enviado. Pensei comigo mesmo se não havia entendido a missão, ou se você havia me dado a missão como uma prova tangível de mim mesmo, de acordo com a qual devo ver como sou completamente inadequado para o reino de Deus. Então, estou aqui novamente e contei a vocês como é o assunto. Vocês podem fazer o que quiserem. Vejo claramente que não podemos resistir.

E se você não fosse um mensageiro de cima, nossa pequena força, no entanto, teria que ser subjugada pela sua, porque em nenhum lugar pode se opor a ela. Devo também salientar o fato de que, ao ver a grande aflição de meus irmãos, comecei a duvidar de minha missão divina; então pensei novamente que era preciso esperar o fim e depois julgar. Agora, portanto, aguardo sua solução prometida, só então me julgarei e julgarei aquele em cujas mãos estou.”

Agora Eu, o mensageiro, digo: “Do seu ponto de vista, é estranho para mim que você não possa construir uma ponte sobre a rachadura de fogo, já que o chefe da igreja carrega o título muito significativo de `Pontifex Maximus´, tampouco todos os padres sob seu cetro, que estão entre os pontífices menores. E vocês que, como pontífices menores, leram muitas missas de almas na época de suas vidas físicas e pregaram que as almas mortas poderiam construir pontes do purgatório ao paraíso, agora são incapazes de construir uma pequena ponte sobre a fenda muito estreita?!!”

O prior diz: “Caro amigo e irmão, já vejo uma pequena luz! Se não me engano, você me permitiu ficar um pouco agitado com a missão, para que eu visse dela o efeito em nossas `massas de almas`, bem como todas as outras funções de mortalidade sempre lucrativas na Terra.”

Agora Eu digo: “Sim, querido amigo e irmão, desta vez você acertou em cheio. Você sabe qual é o único meio de salvação e, portanto, a única ponte da morte para a vida? Você indica que não o vê claramente, mas eu lhe digo: Olhe para o Senhor! O que O motivou a redimir a raça humana caída da Terra e assim construir uma ponte eterna da morte à vida para cada habitante da Terra? Não foi o Seu eterno, divino e misericordioso Amor paternal? Você afirma que sim para mim; bom!

Vou lhe dizer outra coisa: Imagine um rei com prisioneiros na Terra, mas alguém gostaria de ajudar aqueles prisioneiros. Os prisioneiros são mantidos em uma sólida fortaleza, da qual apenas o rei tem a chave. O bom homem, porém, se preocupa com os prisioneiros. Ele aprendeu que o rei só é acessível por uma grande humilhação apresentada diante de si, seguida por um grande amor que o faça pôr de lado tudo o mais.

Visto que sabemos disso, pergunto-lhe como o bom homem se esforçará para libertar os prisioneiros de seu cativeiro? Eis que lhe direi: Ele será primeiro motivado por seu amor pelos prisioneiros, tendo um desejo ardente de vê-los livres. É a primeira ponte. Se ele ergueu essa cabeça-de-ponte, deve perceber que o rei que só é acessível por meio da humildade seguida de amor deve ser um governante extremamente nobre, bom e justo. Considerando essas coisas, o bom homem reúne toda a sua humildade e amor em um único ponto e os apresenta como um sacrifício ao rei. Feito isso, ele completa a segunda cabeça-de-ponte.

Uma vez que o nobre, bom e justo rei certamente aceitará tal sacrifício e encontrará nosso construtor de pontes com um amor muito maior do que aquele que o construtor trouxe, ficará claro que o amor do rei se unirá ao amor do construtor de pontes por um propósito, e a ponte sobre o fosso será construída. O próprio rei abrirá o portão fechado da fortaleza, libertará todos os prisioneiros e os trará da grande vergonha para a terra da glória.

Agora que criamos esta imagem, ficará claro para você de qual substância e como uma ponte deve ser construída que não possa ser destruída pelo fogo do interesse próprio, amor próprio, inveja e discórdia.”

O prior diz: “Sim, eu reconheço, é o amor ao próximo e o amor a Deus unidos em um.”

E Eu, o mensageiro, lhe digo: Bem, vá e construa uma ponte com essas substâncias e você pode ter certeza de que esta ponte se tornará uma verdadeira rocha indestrutível que desafiará todos os poderes do inferno. Também será a verdadeira chave com a qual você e todos com você poderão abrir todas as prisões e o verdadeiro portão do Céu.

Você leu muitas missas no mundo e desempenhou outras funções da Igreja para o bem-estar dos falecidos. Mas você construiu tudo na areia, e seu material de construção se perdeu, pois você não teve o amor como base de todas as funções, apenas os ganhos da Igreja. O mesmo vale para seus irmãos. Você se convenceu disso, pois suas tentativas de pontes materiais correspondiam às suas funções eclesiásticas. Agora vá e construa uma ponte da rocha viva de Pedro, que é amor e sua luz viva. Você certamente experimentará um grau de sucesso diferente do que antes.

E se você acredita que não você, mas somente o Rei pode libertar os prisioneiros, tal também acontecerá, pois você vive de seu amor. E assim, vá novamente em nome do Senhor. Amém!”

















C APÍTULO 89

A oração viva do prior e seu efeito.


V eja, retornamos às almas adormecidas. Desta vez Eu também devo manter minha promessa feita aos adormecidos e ir até eles. Nós, portanto, seguiremos o prior, para que você possa ver o que vai acontecer. Veja, estamos aqui com o prior; portanto, devemos silenciosamente prestar atenção ao que nosso prior fará com os adormecidos. Ele está perto do abismo e logo começa seu discurso.

Portanto, preste atenção, pois ele (o prior) diz: “Caros Irmãos! Vocês sabem o que sempre nos separou em nosso convento? Foi apenas uma divergência sobre a condição da alma após a morte do corpo. Vocês afirmaram que a alma deve permanecer em algum estado de sono ocioso e quase inconsciente até o Juízo Final, e apelaram a favor dessa opinião para seus vários professores da Igreja. Mas nós, que estamos de fora, temos uma opinião diametralmente oposta. Se é o caso de que a alma, após a morte do corpo, está em algum estado de sono entorpecido e quase inconsciente, todas as nossas funções eclesiásticas dirigidas à alma para o bem da alma são tão boas quanto um vazio engano, pois em tal estado da alma após a morte nenhum purgatório ou qualquer grau de inferno pode ser possível.

Apesar dessa nossa contraprova, vocês afirmaram sua opinião com grande veemência. E assim entre vocês e nós havia um abismo de fogo secreto, do qual, em cada tentativa de fazer uma ponte, perpétuas chamas destrutivas irrompiam. O que era apenas uma diferença moral de opinião entre nós no mundo, toma sua forma aqui na realidade mais óbvia.

Mas agora direi outra coisa. Vocês sabem tão bem quanto eu sobre o poderoso mensageiro que veio até nós para nos libertar de nossa velha ilusão. Este mensageiro me mostrou como somos tolos em tudo e me mostrou um novo caminho a seguir. E esse caminho não é outro senão o único Amor do Senhor Jesus Cristo, que é o único Deus de todo o Céu e de todos os mundos, O qual disse em Sua Palavra de Si mesmo que Ele e o Pai são Um, e quem O vê, também vê o Pai. Além disso, Ele disse que aquele que ouve a Sua palavra e vive de acordo com ela, tem a vida eterna dentro de si; e ainda que quem crê Nele, que Ele é o Filho ungênito de Deus, jamais provará a morte!

Eis o caminho, um caminho totalmente novo que o mensageiro nos deu! Se seguirmos esse caminho e andarmos dessa forma, no único Senhor Jesus Cristo e como verdadeiros irmãos, teremos uma boa ponte entre nós e vocês. Assim que tivermos uma boa ponte, o reino da divina misericórdia do único Senhor Jesus Cristo poderá ser alcançado com segurança.

Portanto, atinem-se! Joguem fora seus velhos e enganosos pijamas e voltem-se comigo para o único Senhor Jesus Cristo. Aquele que conhece todas as coisas em todo o infinito e eternidade terá misericórdia de nós em Seu Amor infinito. Em breve uma ponte de união duradoura será construída sobre o abismo, e vocês serão capazes de atravessar! As chamas das profundezas, porém, certamente se apagarão assim que vocês, comigo e com todos os nossos irmãos, na fé e no amor, se voltarem para o único Senhor Jesus Cristo.”

Agora que o prior falou, do outro lado do abismo, um deles responde: “Bom amigo e irmão, seu discurso é louvável e cheio de bom senso, mas como pode ser útil para todos nós, já que você deve saber que nenhum homem pode mais trabalhar pela vida eterna após a morte do corpo e, portanto, toda fé e todo amor aqui são tão bons quanto pensamentos fúteis do espírito? Assim, podemos assegurar-lhe, de antemão, que a sua opinião, que por si só é boa, de pouco nos servirá.”

Agora o prior torna a falar: “Ó queridos amigos e irmãos, em vosso suposto mérito para a vida eterna, o nó que é pernicioso para a vossa salvação está enterrado. O Senhor, tal como o mensageiro me mostrou claramente, disse a Seus apóstolos e discípulos: ´Se vocês fizeram todas as coisas, digam que foram servos inúteis.´ Assim não foi?


Digam-me, queridos irmãos, o que a criatura impotente pode fazer pelo Deus Todo-poderoso? Quem de vocês já criou uma folha de grama, ou mesmo um ácaro com seus méritos? Quem de vocês esteve presente na criação de todos os mundos e céus, servindo ao Senhor como um servo menor! O que temos contribuído para a grande obra da salvação, para que possamos dizer que tivemos junto a Deus algum mérito? O que temos feito para receber a vida do Senhor? Que mérito uma fraca criança pode ganhar de seus pais, para que então lhes peça sua parte ´merecida´?

Eis que não apenas sempre fomos servos inúteis diante do Senhor, mas ainda pensávamos, como os ociosos mais injustamente delirantes, ter feito algo para o Senhor. Ó amigos, ó homens, irmãos e pregadores morais! Quão longe nos desviamos em tal ilusão do objetivo da verdade eterna! Se tivéssemos acreditado e aceito o que aceitamos aqui enquanto estávamos na Terra, teriamos nos saído muito melhor do que agora.

Mas como não podemos mais voltar ao tempo passado, neste estado espiritual mais elevado que se chama eternidade temos tempo para ver a grande ilusão e confessar no íntimo do nosso coração a nossa maior culpa com toda a contrição perante o Senhor. Andamos por tanto tempo em tal ilusão, que dificilmente fizemos algo merecedor de Deus e do bem-estar de nossas próprias almas.

Irmãos! Vamos bater em nosso peito e dizer com sinceridade: ´Ó Senhor! Tudo isso é nossa única e maior falha, portanto, nunca deixaremos de ser seus devedores eternos, ó Santo Amor!´ Irmãos, estou convencido de que se vocês sentirem isso vividamente, tal como agora sinto claramente em mim mesmo, vocês certamente passarão para um estado diferente, uma ponte da qual todos nós não temos ideia até agora.

Agora também falem comigo em seus corações e digam em voz alta: ´Oh Todo-poderoso, Amor santo e misericordioso, Senhor e Pai em Jesus Cristo, agora confessamos nossa antiga e grande culpa diante de Ti; dizemos aqui que sempre fomos não apenas inúteis, mas os mais miseráveis servos diante de Ti. Confessamos que todos os nossos supostos méritos do nosso lado eram para Tu apenas uma abominação, ó Santo Pai. Ainda Te pedimos aqui, em nossa máxima e grande necessidade, que possas ser gracioso e misericordioso conosco! Deixa-nos aqui sermos verdadeiros irmãos que sempre O amarão por meio de Tua Graça e Misericórdia e Te darão toda honra em todas as situações, toda glória e todo louvor! E também pedimos do fundo do coração que Tu, ó Santo Padre, nos conceda essa graça santíssima que nós, os maiores pecadores, possamos Te amar, ó Amor eterno, com todas as nossas forças!`

Ó irmãos, digam essas coisas vivas em vocês e finalmente digam: ´Oh Pai! Pedimos o que pedimos de nossa vontade! Portanto, oramos para que Tu tenhas pena de nós, pois somente a Tua Vontade é santa e somente a Tua santíssima Vontade será feita!´

Veja, essas palavras do prior trouxeram nossos adormecidos da alma completamente para uma nova mentalidade; eles, portanto, se despem e agora estão nus diante de nós. Mas olhe para a porta do refeitório; agora um homem muito simples entrou por ela. Você conhece o homem?! Você realmente deve saber, pois é aquele a quem o prior se voltou. Só agora a cena principal real se desenrolará. Você pode ter certeza de que grandes coisas ainda acontecerão aqui.








C APÍTULO 90

O homem simples. Reconhecimento voluntário do prior.


Veja, o homem simples vai ao nosso prior. Ele logo o descobre e, como você vê, vem ao seu encontro.

Imediatamente lhe faz uma pergunta: “Caro amigo e irmão! Bem-vindo aqui mil vezes! Você ainda é um estranho para mim e não me lembro de tê-lo visto em minha assembleia. Mas eu fui um bom juiz dos homens na Terra, e trouxe um pouco disso, isto é, pelo mais alto grau de misericórdia imerecida e graça do Senhor. Então reconheço que você é um homem de muito caráter nobre. Imediatamente darei a conhecer a você o que está em meu coração.

Eis que éramos todos da ocupação sacerdotal na Terra. Mas como agimos no mundo, certamente éramos tudo menos sacerdotes diante do Senhor. Realizamos mecanicamente nossas cerimônias religiosas prescritas, que deveriam ser de adoração; mas quão verdadeiramente `religiosos` fomos foi mostrado tão claramente quanto o sol por um mensageiro enviado pelo Senhor... Assim temos sido até hoje; na maioria ainda estamos enganados, presos por nós mesmos, fundamentados em toda falsidade possível. Nunca teríamos nos libertado de nós mesmos, se o Senhor não tivesse tido muita pena de nossa pobreza sem limites em Seu Amor Infinito.

Além do abismo, você ainda pode ver o perigo de minha irmandade. O mensageiro do Senhor me enviou com o propósito de tirar os pobres irmãos deste cativeiro. Eu já fiz todo tipo de coisa para alcançar com eles esse propósito abençoado, mas ainda não há como atravessar o abismo. Mas eu sei o que o mensageiro do Senhor me deu e estou totalmente convencido em meus sentimentos mais íntimos. Gostaria de ajudar aqueles pobres irmãos de todo o meu coração, se fosse possível.

O mensageiro do Senhor, de fato, me encaminhou para esta atividade... Oh, querido amigo e irmão, estou bem convencido de que o Senhor pode ajudar esses irmãos tanto quanto a mim mesmo como ninguém mais em todo o infinito; mas também sei que sou muito indigno de tal ajuda do Senhor. Se, portanto, você pudesse me ajudar a salvar aqueles pobres homens, estou convencido de que certamente teria feito um bom trabalho para irmãos mais miseráveis. E se conseguirmos, em nome do Senhor, trazer os pobres sobre o abismo terrível, eu irei, junto com você perante o Senhor, pela primeira vez, em espírito e em verdade, me jogar no pó do meu nada, dizendo: `Oh Senhor, o mais misericordioso e melhor Pai, agradeço-te pela imensurável graça que me mostraste! E também pelo fato de agora poder dizer do fundo do meu coração que eu, oh Senhor, não fiz nada, mas apenas Você fez tudo; eu sou seu servo mais indigno e inútil!`, você concorda?”

O homem simples diz: “Bem, meu querido amigo e irmão, eu o entendi completamente; o que devemos fazer aqui? Vamos colocar algumas vigas unidas?”

O prior diz: “Caro amigo e irmão, eu já fiz essa tentativa, mas o fogo sombrio abaixo irá destruí-las assim que forem colocadas sobre o abismo. Pois olhe para baixo, é simplesmente desesperador e horrível de se olhar, pois imensa massa brilhante e flamejante se enfurece lá embaixo. Não confio em mim mesmo para chegar perto de lá.”

O homem simples: “Bem, meu querido amigo e irmão, então irei ver como é com o fogo. Eis que estou no abismo e devo confessar abertamente a você, exceto por algumas pequenas faíscas, não vejo mais nada de fogo.”

A qui também o prior vai e se convence. Mas quando olha para o abismo, levanta as mãos e clama aos outros irmãos: “Óh irmãos, aproximem-se do abismo e convençam-se de quão infinitamente misericordioso é o Senhor! Dificilmente alguns pequenos carvões ainda estão nas profundezas. Lancem-se para baixo, graças ao único Senhor! Ele sozinho abafou o brilho horrível. Mas também, enxuguem com as lágrimas de seu arrependimento e seus maiores agradecimentos a Ele, o Santo e Onipotente, auxílio em todas as necessidades. Quanto a essas pequenas brasas, estejam plenamente convencidos de que, se o bom, santo e amoroso Pai nos ajudou até agora, Ele pode nos ajudar ainda mais! Vejam aqui um bom e querido irmão que veio até nós. Ainda não sei de onde e quem ele é, mas é certo que o Senhor Jesus Cristo o enviou para que me ajude e a todos nós, pois reconheço isso em sua grande disposição!”

Eis que os irmãos ainda nus além do abismo agora sem qualquer brilho prostram-se sobre seus rostos após o discurso do prior, agradecendo profundamente a Deus por tanta graça e misericórdia. E o padre agora pergunta ao homem simples o que ele pensaria, se eles talvez construíssem uma ponte com vigas e tábuas.

O homem simples: “Quero dizer que, se o Senhor já extinguiu o brilho sem a sua intervenção, pode muito bem acontecer que, no momento certo e se você for de boa fé, a fenda também se feche novamente assim como surgiu, se houver necessidade.”





























CAPÍTULO 91

Pré-requisito para a salvação. Travessia da ponte.


O prior diz: “Oh, querido e prezado amigo e irmão! Este pensamento glorioso também se tornou o mestre perfeito do meu sentimento. Posso ver completamente a conclusão certa no Senhor; além disso, quão infinitamente indignos todos nós somos de uma ajuda sagrada tão extraordinária.”

O homem simples diz: “Caro amigo e irmão! Digo-lhe que está no melhor para si e para os seus irmãos. Pois enquanto alguém acredita que pode fazer algo ou que é digno da graça e misericórdia divinas, então o Senhor o fará esperar até que tal ilusão tola seja consumida nele. Mas se ele chegar à sua presente visão interior de que ele não é nada e nada pode fazer, mas que o Senhor é tudo em todos, o Primeiro e o Último, o Alfa e o Ômega, então ele se entrega voluntariamente ao Senhor, e o Senhor o agarra e o conduz ao caminho justo.

E assim, também eu penso em tal situação. Coloque todo o seu amor pelos seus irmãos, e todo o seu cuidado por eles diante dos pés do Senhor, abrace-O com todo o seu coração e você certamente se convencerá de que o Senhor para começa a agir quando o homem, humilhado em seu conhecimento interior, entrega todas as suas vãs obras de poder à vontade do Senhor.

Enquanto alguém quiser administrar sua própria fortuna, o diretor não cuidará dele e não investigará como ele administra sua propriedade. Mas é diferente se alguém vê sua fraqueza na administração de sua propriedade, pega toda a sua fortuna e vai ao chefe honesto, mostra-lhe isso e ao mesmo tempo pede, com todo amor sincero e com humildade obediente de coração, que o o chefe assuma sua propriedade. Assim, o chefe assumirá completamente a fortuna e a entregará ao tribunal do banco, e o peticionário honesto e fraco receberá seus interesses pontualmente e adequadamente. Como já foi dito, esse é frequentemente o caso entre os homens no mundo, embora em um sentido muito mais impuro e sem amor.

Mas se os homens tolos do mundo entendem tão mal de suas fortunas materiais e ainda assim obtêm uma aposentadoria descuidada, quanto mais o homem sábio, que é muito mais sábio, o mais perfeito administrador e zelador de todas as necessidades vitais do homem espiritual, o qual deve dar ao sábio, de antemão, todos os seus capitais vitais.

Além disso, o Senhor no evangelho também declara expressamente a que Lhe venham todos os cansados e injustiçados, para encontrarem o refrigério certo e que Lhe transferiram todos os seus problemas. Se você pensa assim, achará muito em breve que seu cuidado por esses irmãos, com toda a sua bondade, é um tanto desnecessário.

Pelo menos, pela redenção completa de seus irmãos, você poderá dizer diante do Senhor que você também é um servo inútil. Eis que, por melhor que a coisa soe em si e por si perante o Senhor e quanto ao seu mérito pessoal, cuide para que não haja em si um pouco de vaidade, pois você certamente prestará um bom serviço ao Senhor, mas o fará de acordo com o serviço estabelecido, como se você não tivesse feito nenhum serviço para merecer o louvor do Senhor.

Mas eu digo que ainda há muitos que dizem serem os últimos e o menores de todos diante de Deus, mas que professam e confessam assim em si mesmos e, na verdade, gostariam de se colocar em um favor especial diante do Senhor para, segundo a palavra do próprio Senhor no evangelho, serem os primeiros e os maiores no reino de Deus.

Mas o Senhor também fala em outro lugar: ´Se não fordes como estas crianças, não entrareis no reino de Deus.´ Como e por quê? Veja, porque os filhos são realmente os menores, transferindo todas as suas preocupações somente para o pai. Onde está a criança que gostaria de dizer a seus pais ricos o que devem comer e beber e o que devem vestir? Eis que tal cuidado é estranho à criança. Quando têm fome e sede, vão ao pai, pedem pão e bebida, e o pai lhes dá.

Mas se estiver frio, o pai se lembrará bem deles e lhes dará não apenas um vestido quente, mas também um vestido bonito, porque são seus filhinhos queridos (Mateus18,03). Portanto, eis, meu querido amigo e irmão, entregue-se também ao Senhor e pode ter certeza de que Ele não lhe privará de nada que lhe seja realmente necessário. Certamente, isso é muito e indescritivelmente melhor, do que qualquer pai terreno da mais rica herança pode prover para seus filhos em relação àquilo que eles realmente precisam.”

O prior diz: “Ouça, meu caro amigo e irmão, por mais simples e claro que pareça, devo confessar-lhe que essas palavras são ainda mais sublimes e mais verdadeiras, do que aquelas dos celestiais mencionadas pelo Mensageiro do Senhor. Sim, agora você me mostrou não apenas a verdade mais viva de todas as verdades, mas devo lhe confessar que essas palavras me encheram de um consolo tão vivo, que me sinto completamente oprimido por causa do mais humilde gratidão e amor por nosso Pai Celestial de Amor inefável.

As palavras do sublime mensageiro do Senhor foram para os meus sentimentos como uma lima tosca, com a qual, para sempre e graças à Misericórdia divina, ele lidou com meus muitos e mais extremos erros. Não raramente eram como uma espada afiada que feria dolorosamente e extraia o sangue de uma vida injusta, mas as tuas palavras, meu amigo e irmão, foram, por outro lado, como um bálsamo amável e curador.

Não posso descrever para você como me sinto incrivelmente bem por causa de todas as suas palavras! Cheguei tão longe, que posso honestamente e com plena convicção dizer de meus sentimentos mais profundos: `Oh Senhor, oh Todo-poderoso, mais do que Santo, bom Pai, agora, para mim e para todos esses meus pobres irmãos, deixe valer apenas a Sua Santíssima Vontade! Todos os meus cuidados e toda a minha vontade eu coloco diante de Seus Pés santíssimos; e o que queres fazer comigo, o que me dás, em tudo isso também seja apenas a Sua Santa Vontade! Oh, querido irmão celestial, você ...; você certamente deve ser um amigo maior do Senhor, mais do que o antigo mensageiro sublime. Mas você deve me perdoar; pois seu discurso me encheu de tanto amor, que não posso deixar de abraçá-lo e, assim, dar-lhe minha gratidão por sua doutrina celestial, por meio de meu mais caloroso amor fraternal. Tão certo como nunca deixarei de amar o mais querido Santo Padre, meu coração nunca o esquecerá!

O homem simples:“Meu querido irmão e amigo, venha e me ame, pois é da Vontade do Senhor que todos os irmãos do Senhor se amem.”

Veja como o nosso prior se lança sobre o homem simples, ainda desconhecido, abraça-o e aperta-o contra o coração, e o homem simples retribui o mesmo ato ao prior, com ainda mais paixão. O que você acha, é um sinal favorável ou desfavorável para o prior? Eu lhe digo que tal sinal sempre foi de caráter favorável; pois isso é tão peculiar no caráter do Senhor que Ele, conosco e com todos os Seus mensageiros celestiais, tem a maior alegria em um filho perdido que voltou.

Mas agora, como você vê, nosso casal amoroso se acalmou, e o homem simples agora fala ao prior: “Meu querido amigo e irmão, olhe em volta imediatamente, pois me ocorre que durante nossa conversa e durante nosso amor fraterno, todo o abismo desapareceu. Acho que não será mais difícil trazer os pobres irmãos para cá. Então, vamos apontar isso a eles.”

Agora os dois vão para os adormecidos de almas nuas. Eles se levantam e olham com espanto e alegria agradecida, onde antes havia o misterioso abismo. O homem comum disse-lhes: `Eis que a fenda não existe mais; portanto, sejamos despreocupados.

Mas as pessoas nuas dizem: “Caro amigo e sublime irmão, estamos nus e dificilmente ousamos ir para o lado mais claro de nosso antigo refeitório.”

O homem simples:“Não se preocupem com uma roupa, pois Aquele que teve pena de vocês e destruiu o abismo já providenciou roupas adequadas. Eis que ali no meio da câmara, sobre a mesa, encontrarão o que lhes for necessário; então venham e sigam-nos!”

Agora eles saem, e o prior, agradecido ao seu querido irmão, fala-lhe: “Não, querido amigo e irmão do Céu, por tal serviço de amor não posso deixá-lo caminhar como todos nós, mas imploro-lhe: Deixe-me carregá-lo.”

O homem simples disse: “Meu querido irmão, deixe estar assim. Pois, se necessário for, poderei carregá-lo junto com todos os seus irmãos, tanto quanto você quiser, mais do que você seria capaz de carregar. Mas que você me carregue em seu coração, ó irmão, é indescritivelmente melhor para mim, do que você me carregar fisicamente. Talvez você já tenha me carregado em suas mãos. Você realmente me pergunta o que quero dizer com 'talvez'. Eu digo a você que não se preocupe com isso; com o tempo, tudo ficará claro para você. Portanto, vamos à mesa, para que nossos irmãos tomem as suas vestes de direito.

O prior diz:“Sim, sim, querido irmão, você está certo, então eu absolutamente o farei. O `talvez` ainda está preso em minha cabeça, mas também deixarei isso aos Pés santíssimos do Senhor, e assim, que seja feita a Sua Vontade.”

Veja, eles agora vão para a mesa e, como podemos ver, todos os irmãos pobres já estão vestidos sem a ajuda de um criado de quarto. Sua vestimenta, entretanto, não parece muito celestial, mas é uma vestimenta de justiça e corresponde ao amor do Senhor neles. O que vai acontecer agora, veremos na próxima vez.

























C APÍTULO 92

Três provações para testar a disposição do amor em servir.


O homem simples pergunta ao nosso prior o que fazer com os irmãos salvos e vestidos.

E o padre diz: “Caro amigo e irmão! A tarefa que me foi confiada pelo sublime mensageiro do Senhor é levá-los todos para o jardim que antigamente formava nosso falso 'paraíso' monástico, onde certamente receberão uma instrução mais detalhada do mensageiro, instrução essa a respeito de qual caminho devem seguir e como proceder a partir daí. Isso é o que ainda os espera, e devo cuidar para que venham ao jardim com esse propósito.”

O homem simples diz:“Bem, a tarefa provavelmente será fácil, e você não precisará de mim.”

─ Óh querido amigo e irmão, faça tudo o que quiser, mas eu imploro que não me deixe. Devo lhe dizer sinceramente que tenho um sentimento me dizendo que, se você me deixar, será como eu perder minha própria vida! Portanto, não me deixe, e tal problema será fácil de resolver; pois até agora você dirigiu tudo de maneira mui favorável e visivelmente ajudou a mim e a esses pobres irmãos em nome do Senhor até o ponto que estamos agora. Então, por favor, ajude-me em nome do Senhor e desses pobres irmãos até o fim! Portanto, assim rogo a você, querido amigo e irmão, do fundo do meu coração.

─ Sim, meu querido amigo e irmão, tudo bem; mas apenas um único ponto deve ser considerado, a saber: o mensageiro celestial deu a tarefa para você resolver. Mas se eu for, o mensageiro verá que não você, mas eu resolvi sua tarefa; diga-me: você tem certeza de que ele ficará contente com você? Se você puder me dar a garantia de que não estou lhe causando perda, eu irei com você; farei com prazer o que você pede, mas não quero prejudicá-lo de forma alguma, nem levá-lo a um grande constrangimento diante da face do mensageiro celestial. O que você pensa a respeito?

─ Caro amigo e irmão, se é assim, então venha comigo para fora rapidamente, pois se não quiser, eu mesmo informarei imediatamente ao sublime mensageiro que você sozinho resolveu a situação, que eu deveria ser considerado não apenas como uma quinta, mas sim uma décima roda na carruagem. Como tal, você não pode usar isso como uma objeção para ir mais longe comigo. No que diz respeito a meu benefício ou qualquer dano, as coisas seguirão seu curso. No que me diz respeito, realmente irei para o inferno por você, se for possível. Por amor a você, não permitirei que algumas palavras duras da parte do mensageiro celestial me abalem.

─ Bom, querido amigo e irmão, a esse respeito estamos mutuamente abertos; mas há outro ponto mais importante: conheço a precisão aguçada do mensageiro celestial e sei que em nome do Senhor ele não negocia um átomo sequer; por isso, algo importante me ocorreu… Veja, pode mui facilmente acontecer que o mensageiro celestial, por seu grande poder, prontamente restaure todos os irmãos que foram libertados à sua condição anterior, porque não você, mas eu resolvi sua condição dada a você pelo celestial mensageiro. Mas posso fazer o possível para que o mensageiro não saiba que ajudei os pobres irmãos. Em tais circunstâncias, então, você estará diante do mensageiro como um homem perfeitamente justificado e que completou sua tarefa de acordo com as instruções.

─ Caro amigo e irmão, eu preferiria ir para o inferno, do que atribuir a mim mesmo algo do qual eu não participei no mínimo. Mas eu mesmo confessarei abertamente ao mensageiro que o sucesso da minha missão pode ser atribuído somente ao Senhor e a você. E se o mensageiro não se contentar com isso e, portanto, impedir os pobres irmãos novamente em sua liberdade, então eu me jogarei diante dele no pó e pedirei a ele, com toda humildade, que me castigue sozinho em vez dos irmãos, em Nome do Senhor, como ele achar adequado. Eu alegremente assumirei toda a culpa sobre mim.

─ Querido amigo e irmão, você é muito agradável para mim; este segundo ponto também está resolvido, e ele não me impedirá de sair com você.

Mas agora há um terceiro obstáculo; se você puder pular, nada me impedirá de realizar seu desejo. Eis que aqui no reino dos espíritos está a regra e o costume geralmente imutáveis de que os espíritos perfeitos do céu superior, ao qual também pertenço, sempre experimentam imediatamente tudo o que é discutido ou feito a respeito do Senhor.

Mas ouvi também a boa parábola do mensageiro, na qual ele representa o Senhor como rei e só é acessível por um amor e uma humildade extraordinários. Nesta parábola, só o Senhor tem as chaves das prisões e, portanto, só Ele pode abrir a prisão ou construir a ponte sobre o abismo, pois ninguém mais tem tal direito.

Você invocou o Senhor na plenitude do seu espírito, da sua vida e da verdade, para ajudar você e os pobres irmãos, mas como você esperava a ajuda do Senhor com a melhor confiança, entrei por acaso na grande câmara e, quando cheguei a você, você começou a lamentar sua angústia. Você me segurou e também me pediu para ajudá-lo, então também o ajudei com minha força. Pois me pergunto se tal ajuda seria aceita pelo mensageiro de acordo com sua parábola descrita.

Pois teria ficado claro, bem entendido, que o próprio Rei sublime deveria vir e ajudar você. Como o assunto agora deve ser considerado? O mensageiro dirá a você: `Por que, ao ver este amigo e irmão, você abandonou a confiança no Senhor, a ponto de pedir ao amigo e irmão que o ajudasse, depois de ter visto na parábola que para tal salvação das prisões só o Senhor tem as chaves justas?`

─ Caro amigo e irmão, essa é uma pergunta diferente, para a qual terei dificuldade em responder. Mas, quer saber? Ficarei com a verdade! Não invoquei ninguém além do Senhor. Quando cheguei a Ele em total abandono, então você veio. Como, então, posso pensar e acreditar diferente que o Senhor, inspirado por Sua infinita Misericórdia, o enviou para me ajudar em Seu nome, já que eu nunca poderia pedir, de acordo com minha grande indignidade, que o mais santo da própria Terra viesse me socorrer; justo eu, o menor de todos... Mas a Ele, portanto, toda glória, todo louvor e toda honra, pois somente Ele ajudou a mim e a esses irmãos, enviando você! Então, eu também falarei perante o mensageiro, e ele então fará o que quiser comigo em Nome do Senhor, porque eu tomarei todas as coisas sobre mim.

─ Bem, vejo que você é perfeitamente fiel, honesto e amoroso e, portanto, nada me impedirá de ir com você e seus irmãos para o jardim. Mas se o mensageiro quiser condená-lo um tanto severamente , o que devo fazer na minha situação?

─ Caro amigo e irmão, não tenho medo disso; certamente não poderei ajudá-lo, mas certamente não será necessário. Pois você é alguém que certamente não precisa da ajuda de qualquer criatura, visto que, como residente do Céu supremo, você já está equipado com a plenitude do poder divino. Pelo contrário, peço-lhe apenas que me tolere em nome do Senhor, pois se você não me ajudar como agora, Eu me sairei mal.

─ Bem, vou me lembrar desse seu pedido perante o Senhor; e assim, vamos sair.










CAPÍTULO 93

A habilidade de aparecer em lugares diferentes simultaneamente.


Agora nós também vamos, para estarmos no lugar certo, na hora certa. Pois esta companhia não precisará de muito tempo para chegar até as outras no jardim; portanto, devemos estar lá imediatamente.

Veja, já estamos onde deveríamos estar. Entenda que fomos testemunhas de tudo também, mas ninguém mais sabe.

Você pergunta: “Será que aqueles que ficaram no jardim saberiam que estivemos ausentes?”

Veja, a esse respeito, o reino dos espíritos é um pouco diferente do mundo. No mundo, sua aparência está intimamente ligada à sua presença, e você não pode se mostrar a ninguém, senão quando o enfrenta pessoalmente. Mas, como eu disse, aqui é um pouco diferente. Há também casos raros no mundo que são como tais aparições, mas apenas em grau imperfeito.

As chamadas duplas, triplas, quádruplas, quíntuplas e até múltiplas presenças são algo como um mesmo ser humano sendo visto por outra pessoa em um lugar muito diferente, às vezes até sendo visto e agindo de modo diferente em cada lugar ao mesmo tempo, mas sem realmente estar individualmente em nenhum dos lugares. É um caso raro, mas acontece.

Há outro caso muito mais corriqueiro que o anterior e exatamente por isso pouco considerado; é, portanto, julgado com muita leviandade e não compreendido em sua profundidade. É o seguinte: se um homem se encontra em algum lugar em sua aparência externa, pode acontecer que seus conhecidos pensem nele simultaneamente em cem, em mil lugares diferentes. Nenhum deles pensa nele de modo diferente em forma, estatura e natureza do que ele é e está, e ele lhes aparece agindo igual para todos que o veem. Agora pergunte a si mesmo como todos esses milhares, então, pensam nele e assim o multiplicam em seu espírito, enquanto ele existe sendo apenas uma pessoa? A razão reside no fato de que cada um carrega em seu espírito não apenas uma, mas múltiplas imagens, assim como dois espelhos opostos um ao outro refletem uma imagem inúmeras vezes em si mesmos; ou seja, eles podem refletir a imagem retratada inúmeras vezes reciprocamente. As duas primeiras reflexões serão as mais nítidas e ao mesmo tempo as maiores; as sucessivas serão cada vez menores e menos detalhadas. Agora não lhe será difícil compreender tal aparição aqui no reino puro dos espíritos, pois o que você chama de pensamentos formados em você são aqui manifestações completamente formadas externamente. A primeira manifestação é a mais viva e a menos transitória. As imagens formadas posteriormente, ou os chamados pensamentos posteriores, que você sabe serem memórias em sua maioria fugazes, não são mais válidas e não aparecem em nenhum tipo de forma, exceto no caso daqueles indivíduos que têm mentes muito firme.

Primeiro nos colocamos diante dos habitantes do jardim e discutimos coisas muito importantes com eles. Então nós éramos, e ainda somos, os principais pensamentos e as principais reflexões neles. Por esta razão, eles também nos viram continuamente, sem a necessidade dos personagens principais estarem constantemente presentes.

Uma característica principal desse fenômeno, no entanto, reside no fato de que a aparência também é capaz de se mover e falar, portanto, de se explanar para com aqueles que o mantiveram em seus pensamentos.

V ocê pergunta como tais coisas são possíveis, mas Eu lhe digo que para este caso até existem aparições semelhantes no mundo. Assim pode, por exemplo, alguém ter um sonho onde falou com seu conhecido sobre determinado assunto, e o amigo também lhe respondeu. Quando acordado, ele se aproximou do seu amigo, que certamente não soube uma sílaba do que sua imagem perfeita falou no sonho. No entanto, a linguagem do sonhador e as respostas de seu amigo no sonho foram tais, que o sonhador nem imaginou o que seu amigo negaria qualquer lembrança do sonho ao ser abordado, pois julgava que realmente se encontraram. Esta seria uma aparência mundana semelhante.

Uma segunda aparição semelhante no mundo é a das aparições duplas e múltiplas que às vezes também trocam palavras com aqueles a quem aparecem. Aqui, a semelhança com o fenômeno puramente espiritual torna-se um pouco mais definida, pois em tal esfera o principal, o indivíduo, na maioria das vezes tem uma vaga noção e lembrança que ele realmente disse algo em algum lugar em sua forma pós-plástica puramente espiritual. Tais fenômenos são citados apenas como semelhantes, mas não como completamente idênticos. Eles têm uma mesma razão nas profundezas; mas a educação no mundo deve, é claro, aparecer muito mais velada do que aqui no reino espiritual, onde tudo é aberto e puramente espiritual.

Para melhor compreendê-lo, você pode considerar que as aparições fora do indivíduo principal podem ser efetuadas em duas situações: primeiro, de maneira quase involuntária, como já indicado; em segundo lugar, pela vontade firme de quem quer ser visível à parte da sua individualidade principal. Esta segunda situação pode ser compreendida como da natureza das chamadas aparições duplas e múltiplas. No entanto, isso nunca pode chegar à plena expressão no mundo, porque o espiritual está, mesmo nas melhores circunstâncias, invariavelmente em conflito com a matéria.

Há também um terceiro tipo mundano de semelhança de fala nos chamados monólogos, que colocam um indivíduo em uma posição fixa diante do receptor, passando a ele, como você diria, palavras amorosas. É a explicação mais adequada para o que está acontecendo aqui. A pessoa fixa não aparece em sua forma real e fala apenas o que consta no monólogo. Aqui, porém, a aparência é idêntica ao indivíduo principal. A aparência não é fantástica, mas é a expressão espiritual viva e evocada do indivíduo principal.

Mas a essência básica é de fato o amor fraterno ou ao próximo, tendo seu único fundamento no Senhor. Agora, de acordo com o Amor do Senhor em cada espírito, cada espírito permanece em relacionamento incessante com o próprio Senhor e, portanto, também com tudo que está em cada espírito. Se, como antes, aparecemos diante de outro espírito, como é o caso aqui, não na realidade principal, mas apenas aparente, em conversa, e essa ocorrência é consignada ativamente no Senhor. Quando penso em algo, tal pensamento passa pelo Senhor para nosso segundo ou mesmo centésimo ego e ali aparece. Esse outro aparecimento eu faço se da minha vontade, e então falo exatamente como se estivéssemos atualmente ativos e conversando. Assim, como indivíduos principais, podemos saber tudo o que nossos próximos fizeram e disseram durante o contato.

Isso, de fato, pode ser algo muito maravilhoso para você, mas também está vivo no reino perfeito da vida, pois a atividade vital de cada espírito se manifesta de muitas maneiras. Considere as tantas pessoas muito prudentes que dizem: `Se eu pudesse estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo, se eu pudesse me dividir!… ` Essa linguagem, esse desejo e pensamento frequentemente fortes são mais do que uma prova clara de que deve ser possível no reino da mente dividir-se da maneira descrita sem sofrer a menor divisão em sua individualidade principal como uma unidade.

Pois tudo o que é possível para a mente pensar é retratado realisticamente no reino dos espíritos, com a única diferença de se manifestar imperfeitamente nos espíritos imperfeitos, mas perfeitamente nos perfeitos, como uma imagem perfeita no Senhor. Não acho necessário usar mais palavras para o caso; o inteligente saberá o que é dito, mas para o tolo, mais mil palavras não serão suficientes.

Mas agora nossa companhia está saindo do mosteiro; assim, nós mesmos nos preparemos para recebê-los!






C APÍTULO 94

Seja astuto como as cobras e manso como as pombas.


Mas veja, o orador anterior está vindo a Mim e pergunta ao prior, depois de ver em Mim um homem estranho: “Quem é tal homem e o que tem a ver conosco?”

No primeiro momento, você consideraria esta questão de um significado não tão grande, mas se você considerar do que se trata, ou seja, a verdade, a questão será mais importante para você do que parece à primeira vista.

E se o questionador ouvir a verdade na cara dele? Deve-se dar-lhe uma resposta evasiva? Deve-se dar-lhe nenhuma resposta ou ter uma resposta? Ou ele deveria ser instruído a esperar até que a resposta viesse por si só? Eis que todas essas ideias são muito válidas, todas relacionadas ao monge.

Vejamos, entretanto, como o questionador deve ser tratado; então Eu digo a ele: “Ouça, querido amigo e irmão, não é o lugar para dizer se você entrou na luz com tal pergunta muito cedo ou muito tarde. A pergunta em si é feita levianamente por você, mas, de acordo com a ordem divina, seria irracional da minha parte dar-lhe uma resposta, em vez de esperar até que você possa suportar tal resposta em seu ser interior. Pois veja, certas respostas aqui no reino dos espíritos são de tal natureza, que custariam a vida espiritual do questionador se fossem respondidas antes do tempo. Portanto, neste momento, não posso dizer mais nada à sua pergunta, exceto que seja paciente em humildade e amor ao Senhor; no momento certo, obterá as informações corretas sobre o estranho. Mas agora nada mais disso, pois, como você vê, toda a companhia está perto de nós sob a orientação do estranho e do prior; de fato já está aqui.”

O monge observa: “Sim, querido amigo e irmão!" Sua resposta é adequada para você; mas quanto a mim, devo me contentar com minha própria escuridão. No entanto, você me contou muito, ao contrário do que eu esperava. Como já lhe disse, ainda que algo velado, notei, no julgamento de tantas coisas e na agudeza do seu espírito, que tenho de encontrar algo muito especial por trás do estranho. Pois, se não fosse assim, não haveria razão para eu perguntar algo para o qual você me daria uma resposta evasiva. Se o estranho, como você, fosse apenas um mensageiro dos céus, eu teria certeza que encontrá-lo seria tão ameaçador a mim quanto você. Ele deve ser, portanto, certamente alguém mui importante e deve estar acima de você, pois você já deu tal testemunho.

Além disso, ao me aproximar do estranho, senti uma atração diferente e até então desconhecida em mim. Tal atração me diz, como uma leve noção, que esse estranho está muito próximo do Senhor e ninguém está mais próximo do Senhor do que ele! Estou certo ou não?”

Digo-lhe:“Caro amigo e irmão, não posso dizer outra coisa senão que sejam humildes e conservem-se exclusivamente no amor do Senhor e não se perderão. Não sejam irreverentes! Porque tudo de bom precisa de seu tempo. Quem colhe o fruto prematuramente da árvore da vida e ainda mais cedo da árvore do conhecimento, se enche de dúvidas. Pois, em primeiro lugar, ele recebe um fruto imaturo que não pode saciá-lo, mas só pode prejudicar sua saúde; em segundo lugar, ele também estraga a árvore, porque priva o fruto da oportunidade de armazenar o abençoado suprimento de sucos no fruto, capacitando-se para futura fertilização. Eu sei que você fará isso, posto que você foi um bom jardineiro na Terra.”

O monge: “Sim, agora estou bem, então ficarei quieto como um rato quando sente o cheiro do gato.”


Agora veja, nosso monge se acalmou, e isso é bom. Mas não pense que esse monge é o único sabichão da sociedade. Existem vários outros. Mas isso também é um resquício do espírito sacerdotal; não é raro nos padres católicos romanos, especialmente em muitas seitas monásticas. Mas essa característica mundana não pode funcionar aqui, pois o amor deve ser puro. Um amor ao qual está ligado um certo grau de astúcia não é puro. Você pode muito bem ver isso no mundo.

Tome, por exemplo, uma moça bem-educada e bem-comportada que é muito amada por um jovem muito atencioso e honrado. Mas, para ter certeza absoluta de seu amor, ela aplica todos os tipos de meios astutos de investigação, pelos quais ela secretamente tenta se convencer de quão profundamente seu amante a ama. Quando você olhar para esse exemplo, você dirá que a moça é honesta, pois sua ação é a prova mais segura de que ela ama seu jovem e está tão à sua mercê.

Bem, Eu digo que queremos examinar esse amor um pouco mais de perto e ver se ele é realmente à prova de teste. Suponhamos que o jovem saiba da astúcia de sua amada e pense consigo mesmo: `Como é com o seu amor, que você me espiona secretamente? Eu nunca fiz isso antes, pois confiei plenamente em seu coração. Pois por que razão você deveria me considerar mais traiçoeiro do que você mesma? Espere um pouco, quero sentir o seu amor na ponta dos dentes. Darei a entender que talvez eu tenha um relacionamento com outra garota, e isso mostrará imediatamente como é o seu amor. Se me ama como eu a amo, não se ofenderá; se não me ama tão puramente quanto eu a amo, então se afastará de mim e encherá seu coração de raiva em vez de amor.`

Agora veja, o homem faz exatamente como descrito, e o que o amante astuto aprende? Qual é o resultado? Vamos ouvi-los um pouco; pois do que o coração está cheio, a boca também apresenta.

As palavras da moça: `Aqui estamos nós! Oh, eu tenho um nariz muito inteligente, é o que pensei. Este enganador do meu coração, este homem desonroso, pensou que eu era um ganso estúpido e acreditou que uma criatura tão miserável seria uma presa fácil. Mas um pobre ser não é tão estúpido quanto pensa o homem falso e infiel; sou muito mais inteligente e, dessa forma, eu trouxe à tona toda a natureza vergonhosa do homem astuto e de má vontade. Mas agora venha a mim sua fachada de homem infiel e desonesto, e eu lhe mostrarei um amor do qual você se lembrará por muito tempo.`

Veja, para que serviu a astúcia da moça? Digo que para nada, que ela muito perdeu do antigo respeito por seu admirador. O que acontecerá quando o jovem voltar a ela?

Ouça você mesmo, pois ele virá até ela, e a recepção dela será rápida. Ele acaba de chegar a ela e se aproxima dela com o amor mais sincero; como ela vai encontrá-lo?

Veja a grande frieza, e ao lado dela um grande forno de cal cheio de ciúmes ardentes. Ele ficou surpreso com o comportamento dela e disse: `Ouça, sua atitude é muito estranha. Qual a razão?`

Ela diz: `Uma donzela honrada não responde a um homem muito desonroso e não pode dizer-lhe outra coisa senão que ele é tão desonesto de sua parte, que ele, como um falso amante e enganador de corações, ousa ir onde não há lugar para ele; onde, por causa de sua conduta mais infiel, ele é mais indigno`.

Ele diz: `O que é isto que ouço? Seu amor por mim estava em tal pé? Houve desconfiança em vez de amor? Verdadeiramente, se você me amasse tanto quanto eu amo você, se você confiasse em mim como eu confio em você, não teria enviado nenhum batedor secreto atrás de mim, já que eu não enviei nenhum atrás de você. Mas descobri isso e testei seu amor por mim. E eis que o seu amor não passou no teste. Você nunca me amou, mas quis ser amada por mim, quis apenas que sua imagem fosse adorada por mim, enquanto minha imagem em você era objeto de seu desprezo. Eis que com tanto amor nunca se pode contentar! Mas eu lhe dou algum tempo; explore seu coração, se você pode me amar do jeito que eu a amei e ainda amo. Se você puder fazer isso, não vou bani-la do meu coração, mas vou mantê-la como costumava fazer. Mas se você não puder fazê-lo, você me verá pela última vez após o prazo expirado.`


O que nossa garota fará depois de colocação tão importante? Aqui estão dois caminhos abertos: se seu orgulho ofendido for vencido pela sabedoria do homem, e a moça souber de sua culpa, a situação acaba bem; mas se sua arrogância ofendida crescer, a coisa certamente tomará um rumo terrível, que em casos semelhantes é sempre a via mais frequente. Porque o coração feminino que não está cheio de muito amor agora se sente atingido pela sabedoria do homem e geralmente começa a considerar seu valor cada vez mais alto. Em vez de buscar a reconciliação, busca a vingança. Acho que esse exemplo o convencerá o suficiente de que uma certa astúcia não pode fazer parte do verdadeiro amor puro.

De fato, você diz aqui e pergunta como isso deve ser entendido, uma vez que o Senhor deu a Seus apóstolos e discípulos o único mandamento do amor, mas disse: `Sede sábios ou astutos como as serpentes e simples como as pombas.` (Mateus 10:16)

Ó meus queridos amigos e irmãos, tal astúcia é muito diferente e tem sua base aqui: O homem não deve ser cegado por nenhuma tentação, ficando como o amor e a graça do Senhor o deixaram. Do fundo de seu coração, ele deve dizer para si mesmo: `Ó Senhor, deixa vir sobre mim, seja o que for que Tua Santa Vontade achar bom; mesmo que possa ser mui estranho ou contraditório para mim, eu saberei que Tu és meu Pai amável e nobre. Tanto mais Te amarei, quanto mais Te esconderes de mim, porque sei que quanto mais distante me pareceres, mais perto estarás de mim; por isso quero amar-Te mais e mais, com todo o poder da minha vida!`

Veja, neste exemplo a discutida sabedoria e a simplicidade do amor estão unidas; mas nosso astuto e engenhoso ainda carece disso, e isso deve receber atenção especial no curso de nossa discussão.























C APÍTULO 95

Ainda mais testes. O início da recompensa.


Nosso prior agora também está conosco, junto com seu homem simples. Com muita alegria em seu rosto, e ele Me faz conhecer o homem simples, dizendo: “Veja, meu amigo e irmão simples, lá entre os dois espíritos aparentemente insignificantes está o mensageiro sublime.”

O homem simples disse:“Bem, meu amigo e irmão, vá e mostre-lhe tudo”

O prior diz: “Mas, caro amigo, você não vai comigo?”

O homem simples: “Vá em frente; se for necessário, eu o seguirei.”

O prior aceita, então vem a Mim e diz: “Caro e sublime mensageiro do Deus Altíssimo dos céus, veja, de todos aqueles que foram capturados, nenhum ficou para trás; pelo contrário, mais um veio com eles. Mas não é um prisioneiro e ─ além de Deus, o Senhor Todo-poderoso ─ devo a ele a salvação dos pobres irmãos.”

Agora Eu digo: “Sim, meu querido amigo e irmão, e quando o estranho fez o trabalho que você começou a fazer, como ficam seus méritos? Eu estabeleci uma condição para você, que você deveria ter libertado os prisioneiros sozinho, só com a ajuda do Senhor. Como você conseguiu contratar um estranho para servi-lo sem considerar como deveria ter trabalhado? E quem é o homem estranho que o ajudou? Se assim é o seu modo de agir, em que posso mais confiar em você? Você não sabe que o Senhor não lhe deu força para ficar ocioso, mas Ele lhe deu o poder da vida por Sua grande Misericórdia e apenas por caridade justa? Agora pergunte a si mesmo em que luz você aparece diante de mim? Portanto, lhe peço que se justifique adequadamente diante de mim, ou considerarei sua ação imprópria, e você terminará atrás do conhecido abismo, onde terá que suportar a visão das chamas para sempre, considerando a conduta correta dos caminhos do Senhor.”

O prior diz: “Meu caro amigo e irmão, se não houver mais nada além disso, coloque-me rapidamente atrás das chamas. E se eu definhar sozinho após a medida da Terra por mil anos, ainda assim glorificarei e louvarei o Senhor por trás das chamas, porque Ele tem sido misericordioso e gracioso para com meus pobres irmãos cativos por meio do afetuoso estrangeiro!

Estou convencido de que segui seu conselho pontualmente, não por compulsão, mas completamente fora de mim. Voltei-me para o Senhor junto com meus pobres irmãos cativos; quando nossa confiança atingiu talvez o mais alto grau do Amor e da Misericórdia do Senhor, aquele Salvador veio a mim, e pensei comigo mesmo: Estou muito consciente do fato de que sou eternamente indigno de receber qualquer ajuda pessoal do Senhor, mas como o Senhor é misericordioso, Ele certamente me enviou este Salvador em Seu Santíssimo Nome; ao Senhor todo louvor, toda honra e toda glória!

Os irmãos, entretanto, estão sendo salvos sem nenhuma intervenção minha… Agora você pode fazer comigo o que quiser. Se eu estiver atrás do abismo, dê-me a ordem, e eu irei, com alegre louvor ao Senhor e me apressar; se possível, fazer penitência dez vezes por cada um deles!”

Agora digo: “Muito bem, meu amigo e irmão; é isso, então, é a sua absoluta sinceridade!”

O padre: “Amigo e irmão, é apenas uma questão de julgamento; dê-me a ordem, e você logo se convencerá de que farei o que você diz, conforme a santíssima Vontade do Senhor exige.

Agora digo: “Bem, então você pode seguir seu caminho e ir por causa de seus irmãos.”

E is que o prior me agradece pela ordem, vira-se e volta direto para se posicionar atrás do abismo. Mas, de passagem, ele ainda fala com seu homem simples: “Querido amigo e irmão, você estava certo. Como você pode ver, agora devo ir por meus irmãos salvos atrás do abismo quente e pensar em como agir nos caminhos do Senhor. Mas eu quero ir, pois se apenas salvei meus irmãos, não me acho importante demais. Se eu pudesse apenas glorificar e louvar ao Senhor por causa de Seu grande Amor e Misericórdia e amá-Lo acima de todas as coisas de acordo com meu poder, as chamas não seriam desconcertantes. Assim, vou em nome do Senhor. Se você vir o Senhor, lembre-se de mim.”

O homem simples diz: “Sim, pode ter certeza que não vou lhe esquecer; mas vá agora e cumpra a vontade do mensageiro! “

Veja, agora, com alegria, ele sai, louvando o nome do Senhor. Você quer saber quanto tempo ele terá que ficar lá? Não se preocupe com ele. Em vez do abismo, ele encontrará apenas convidados elevados do Céu, que o vestirão com uma nova roupagem.


Aí você o vê, voltando e vindo direto para Mim, vestido com uma túnica branca e com uma coroa brilhante na cabeça. Ele está aqui, e Eu lhe pergunto: “Querido amigo e irmão, o que é isso? Este é o abismo? Você vem aqui, vestido com uma vestimenta celestial de amor, em vez de ter que fazer penitência lá no abismo das chamas?”

O prior diz: “Ó querido amigo e irmão, nada posso fazer a respeito. Eis que quando eu estava prestes a entrar no triste fundo, três jovens brilhantes se levantaram da brecha de fogo e me disseram: `Irmão no Senhor, sabemos para onde você está indo; mas lá não é o seu lugar`; foi apenas um último teste para o seu coração. Então tire a roupa do erro anterior e coloque essa nova roupa de amor e verdade, com toda graça.` Toda a minha resistência não valeu nada, quer eu quisesse ou não, o vestido foi tirado do meu corpo, e este vestido me foi colocado na velocidade da luz. Agora estou nele e tenho vergonha, porque sou tão indigno de tal roupa! O que eu faço agora?!

O vestido ficou de vez no corpo e, como não tenho outro, não posso tirá-lo; é, portanto, um vergonhoso objeto de zombaria diante de meus irmãos. Acho, porém, que o Senhor fez isso comigo, para que eu seja devidamente humilhado. Portanto, a Ele todo louvor, toda honra e toda glória; pois somente Ele, de fato, somente Ele é bom, mesmo nos céus, Ele é o único bom.`

Agora falo: “Sim, querido irmão, se for assim, devo estar satisfeito. Mas agora vou lhe fazer uma pergunta, e você deve me responder. Diga-me, o que faria, se acontecesse do Senhor vir até nós?”

O sacerdote diz: “Ó amigo e irmão, isso seria terrível! De fato, se tal coisa fosse possível, seria mil vezes melhor colocar-me atrás das chamas e no canto mais sujo, ou pelo menos estar aqui no vestido mais roto. Pois se o Senhor me encontrasse neste traje e então me perguntasse como eu, certamente o mais infeliz, cheguei ao vestido de honra celestial. Sim, irmão, cem montanhas não seriam suficientes para me esconder atrás de mim, a fim de não suportar tão grande e merecida desgraça diante do semblante do Senhor. Mas se fosse possível para você me dar outra roupa, você certamente me faria o maior serviço de amor. Vista todos os meus irmãos, que certamente são mais dignos do que eu, com tais vestes celestiais; mas eu coloco velhos trapos, e então deixe-me ficar em segundo plano, se o Senhor aparecer. Eu o adorarei sem ser detectado na mais extrema humildade, mas apenas não me deixe estar em primeiro plano , pois agora, neste vestido, percebo claramente que sou o último de meus irmãos!

Agora digo: “Caro amigo e irmão! Não cabe a mim dizer, mas vá ao seu homem simples, que é um ajudante perfeito e todo-poderoso em nome do Senhor; certamente o ouvirá e lhe dará de acordo com o seu desejo.”

O prior diz: `Sim, querido irmão e amigo, ele é o homem certo para mim. Devo lhe dizer sinceramente que o amo muito, mas prefiro aquele homem pelo menos cem por cento mais do que você, pois ele é muito mais gentil e também me escuta melhor; então me submeterei imediatamente ao seu conselho!

Veja, agora o padre já está indo para o seu homem simples, lamentando sua angústia. O homem simples lhe diz: “Caro amigo e irmão, seu desejo é caro para mim, acima de todas as coisas; então que seja de acordo com o seu desejo verdadeiro e humilde. Em seguida, vá até a pérgula do jardim próximo, onde você já encontrará outra peça de roupa.”

O prior sai feliz, mas volta depressa, sem conseguir nada, e fala ao homem simples: “Mas, querido amigo e irmão, isso não seria uma troca limpa! Em vez de um manto modesto e digno de mim, encontrei uma vestimenta azul brilhante, ornada com estrelas brilhantes nas bordas, forrada com um cinto vermelho brilhante no meio, tão delicada, que eu poderia, apenas olhando para ela e cheirando seu aroma, sentir-me como se tivesse sido instantaneamente transferido para o Céu! Rogo que não me faça isto; porque eu não aguentaria... Deixe-me, no entanto, encontrar uma capa de camponês solta e comum e, se ainda estiver esfarrapada e rasgada, ficarei indescritivelmente mais feliz com ela do que com essa roupa que me oprime.”

O homem simples: "Vá agora para outro caramanchão ali e você encontrará a roupa certa.”


Veja, nosso Prior já está correndo; mas desta vez ele não volta tão rápido, então já deve ter encontrado a vestimenta certa. Verdadeiramente, olhe, ele já está saindo, vestindo uma roupa grosseira e esfarrapada, muito feliz com tal descoberta. Ele agora vai rapidamente ao homem simples, agradecendo a Deus diante dele por essa grande piedade.

O homem simples lhe diz: “Agora você está mais confortável; mas se o Senhor vier e disser: `Amigo, como você veio aqui e não tem traje de casamento?!”

O padre diz: “Caro amigo e irmão, quando eu for lançado nas trevas exteriores, não será mais do que perfeitamente certo e razoável. Apenas nos cantos mais árduos, lá é o meu lugar! Mas pensar em mim digno do Céu, mesmo sendo o menor daqueles que são permitidos no céu mais baixo, será meu último pensamento para sempre.”

O homem simples diz: “Bem, bem; agora vou lhe contar algo mui secreto. Eis que o mensageiro já está trabalhando com todos os seus irmãos para a iminente aparição do Senhor, e também lhe digo que Ele logo estará aqui ! O que você vai fazer agora?”

O padre diz: “Caro amigo e irmão, por causa do Senhor Todo-poderoso, leve-me, de acordo com sua melhor percepção, a algum canto muito remoto do jardim. Se não for demais para você, fique comigo pelo menos até que o Senhor Todo-poderoso tenha terminado Sua santa causa com os irmãos. E se Ele finalmente vier me procurar, eu me prostrarei diante Dele e Lhe implorarei por Sua Divina Misericórdia.”

O homem simples diz: “Como, então, isso se compara ao seu amor pelo Senhor? Porque tem tanto medo dele?”

O padre diz: “Quanto ao meu amor pelo Senhor, é tão forte, que faria qualquer coisa por Ele, se assim pudesse fazer. Mas já estou satisfeito se posso só amá-lo, muito de longe, em meu coração! Mas para estar perto Dele, eu não sou digno nem em todas as eternidades. Eu só posso olhar para trás, para a minha vida de filisteu mais quebrada na Terra… Como eu frequentemente lucrei com o poder de Deus, eu deveria perecer em vergonha! Portanto, deixe-me fugir o mais rápido que puder.”

O homem simples diz: “Querido amigo e irmão, não vou ficar no caminho de sua justa humildade, por isso vou segui- lo rapidamente até aquele canto, pela manhã. Lá seremos os que não serão facilmente descobertos, porque aquele ângulo está coberto de vegetação e densa folhagem, através da qual não se pode olhar com tanta facilidade e rapidez. O olho do Senhor, é claro, tudo vê, mas não importa. Vamos, portanto, rapidamente, e teremos nossas humildes contemplações lá, até quando o Senhor quiser aparecer. Se ao menos Ele não se apresentasse a nós primeiro...”

O prior diz: “É certo que o Senhor não irá primeiro aos mais indignos, então estaremos perfeitamente seguros. Vamos!”



C APÍTULO 96

Tudo deve ser exposto perante o tribunal de Cristo. O prior finalmente reconhece o Senhor.

Nosso prior e seu homem simples, alcançam o caramanchão denso de figueiras e entram atrás dele.

Tenha cuidado; nosso ex-monge já se aproxima de Mim com muita modéstia e Me pergunta imediatamente: “Querido amigo e irmão, todos nós agora o reconhecemos como um sublime mensageiro do Senhor, mas não reconhecemos quem é o homem estranho e simples. Diga-nos, portanto, quem é o homem, pois eu o observei bem e devo confessar-lhe francamente que durante minha contemplação meu coração se acendeu cada vez mais, e muitos de meus irmãos me revelaram o mesmo com eles. É por isso que penso que não pode haver nada insignificante para tal homem; ele é Pedro, ou Paulo, ou mesmo o discípulo favorito do Senhor! Se meu palpite não estiver muito errado, você seria tão gentil em me dizer? Ainda não sei o que acontecerá com todos nós neste caminho; vamos para o inferno ou pelo menos para o purgatório? No entanto, uma coisa é certa: amarei esse homem desconhecido e simples onde quer que eu esteja, por toda a eternidade, porque ele é tão simples e amoroso. Tomei isso, claro, pelo fato de ter visto o quão paternal, fraternal e afetuosamente ele conversou com o prior e como foi complacente e empático com sua fraqueza até agora, pois o colocou sob sua proteção antes da iminente e terrível vinda do Senhor.

Sim, eu o chamo de `o verdadeiro amigo do homem`. Estar aberto a qualquer pessoa no mundo é uma coisa fácil, porque todo homem está em absoluta liberdade. Mas aqui, no reino de espíritos incertos e implacáveis, vazios de todo amor, graça e compaixão, é algo um tanto especial encontrar um amigo tão nobre, atrás do qual se pode esconder diante de algo tão terrível que se aproxima.

Portanto, em nome de todos os irmãos, peço novamente que me diga quem é esse homem! Talvez ele seja tão gracioso e compassivo conosco, visando nos proteger e nos cobrir quando o Senhor aparecer da forma mais terrível, como um juiz irado! Amigo e irmão, você certamente não pode compreender ou imaginar o que é para um pobre pecador comparecer perante o inexorável tribunal do Juízo de Cristo! Eu preferiria me enterrar para sempre nas maiores profundezas possíveis do solo, do que olhar para o rosto do Juiz eternamente implacável e mais justo por um momento. Portanto, preste-nos um último serviço de amor, se formos dignos de tal, então ficaremos satisfeitos com o eterno julgamento divino; apenas sejamos mantidos a salvo diante do juiz implacável!”

Agora digo: “Caro amigo, você exige de mim coisas incomuns, e não considera que não atuo como o Senhor, mas apenas como um servo do Senhor; não posso fazer o que quero, mas apenas o que é da Vontade do Senhor! Mas o homem despretensioso não é Pedro, nem Paulo, nem o discípulo predileto do Senhor, é aquele que nunca está longe de quem o menciona, e nem de você ou de mim. É o suficiente por ora.

Mas se esconder com seus irmãos do Senhor será um esforço vão. Você acha que a face do Senhor não o encontrará onde você estiver? Oh, aí você ainda está muito enganado! Mas se você pensa que pode se esconder atrás das costas de um homem simples, de modo que não possa ver a face do Senhor, então vá com todos os seus irmãos ao prior, e lá ser-lhe-á mostrado se você está a salvo do rosto do Senhor. Você acha que o Senhor virá a um lugar vazio? Ele não fará isso, mas irá direto para onde você está, ou até mesmo esperará até que você esteja atrás da folhagem.”

Agora nosso monge diz: “Ó sublime amigo e irmão, você agora colocou coisas horríveis em meu ouvido. Se assim for, então prefiro não me esconder no caramanchão, mas me esconder sozinho, ou no máximo com um irmão, no canto mais sujo, pois por causa da imundície o Senhor não poderá voltar Sua Face tão cedo para lá.”

Replico: “Caro amigo e irmão, isso também não te servirá de nada, porque o Senhor te encontrará, ainda que queiras ser sepultado nas profundezas de todas as profundezas. Portanto, acho que você deveria ficar aqui com seus irmãos e se submeter à vontade do Senhor. E o Senhor certamente considerá-lo-á com mais misericórdia sendo você um servo obediente, do que se você se esconder em sua própria tolice diante de Quem nenhum homem pode se esconder.”

Nosso monge diz: “Se é assim, então, no Todo-poderoso Nome do Senhor, se faça Sua Santa Vontade; pois agora estamos prontos para tudo! “

Eu digo: “Bem, já que é o seu caso, deixe-nos e vá para onde o prior se retirou com o homem desconhecido e simples; ali esperaremos o Senhor, pois é o lugar mais adequado do jardim!”


Vejam, os monges, bem como os irmãos leigos, seguem-nos humildemente, mas também com temor no coração, rumo à folhagem por nós conhecida.

Estamos no local agora. Deixe a companhia sozinha esperar um pouco antes da folhagem; vamos um pouco atrás da folhagem, pois queremos ver como estão as coisas com o nosso prior.

Veja, ele pergunta a seu amigo protetor com uma voz embaraçada: “O que, pelo Amor de Deus, significa agora que, para minha consternação, todos os meus queridos irmãos vieram aqui para nosso esconderijo? No final, ainda acontecerá, como você, meu caro amigo, já observou; ou seja, que o Senhor aparecerá primeiro onde me esconderei. Caro irmão, não seria possível trocar de lugar?”

O homem simples diz:“De que adiantaria para você? Você não sabe o que o apóstolo Paulo insinuou quando disse que todos nós devemos ser revelados perante a cadeira de julgamento de Cristo?”

O padre: “Meu querido amigo e irmão, conheço muito bem essas palavras terríveis. Mas o que devo fazer, já que não consigo me livrar de meu terrível medo do Senhor?”

Agora o homem simples diz: “Ouça, meu querido amigo e irmão, posso lhe dar um bom conselho. Você já observou que poderia amar o Senhor acima de tudo e que ficaria satisfeito para sempre, se O visse apenas uma vez à distância. Mas você também sabe que o Senhor é um grande amigo daquele que O ama e Ele vem ao seu encontro mais do que a metade do caminho sem se revelar. Como seria se você pudesse, em vez de seu grande medo, se apegar ao seu amor pelo Senhor e, então, o Senhor o encontrasse? Acho que seria melhor do que ser tão tolo, a ponto de ter medo Daquele a quem se deve apenas amar acima de tudo.”

O prior diz: “Sim, meu caro amigo e irmão, como sempre, você está certo. Oh, se eu pudesse amar o Senhor, se eu pudesse ser menos mau diante Dele com meu amor, eu O amaria excessivamente, com todo o meu poder, pois sinto isso vivo em mim; mas agora não posso fazer nada, apenas amar o Senhor inexprimível e indescritivelmente.”

Agora o homem simples diz: “Meu querido amigo e irmão, eu gosto mais da atual linguagem do que a anterior, então agora vou lhe revelar um pequeno segredo: Eis que Aquele a quem você tanto temeu e ainda teme não está longe de você. Diga-me, você também temeria tanto o Senhor, se Ele aparecesse a você tão claramente simples e cheio de amor?’

O prior: “Ó meu querido amigo e irmão, assim eu não teria medo Dele. Mas no que diz respeito ao amor, creio que isso quase me mataria, se visse o Senhor em sua simplicidade diante de mim!”

O homem simples diz: “Veja, seu medo vem de uma concepção terrena fundamentalmente errada do Senhor, enquanto o Senhor não corresponde nem um pouco à sua imaginação. Sua ideia também foi a razão pela qual você nunca pôde se apegar ao Senhor com tanto amor.

Mas como toda ilusão deve acabar, veja! Primeiro, olhe para Meus Pés, onde ainda estão as cicatrizes dos pregos, depois olhe para Minhas Mãos e coloque, assim como Tomé, sua mão em Meu Lado perfurado, e você logo verá o que a folhagem mais densa não pode esconder do Senhor!”


Olha, o prior agora reconheceu o Senhor em seu `homem simples` e cai a Seus pés, movido pelo amor mais poderoso. Não podendo falar, ele chora e soluça, mas o Senhor se inclina, levanta-o e lhe diz: “Agora diga-me ainda, amigo e irmão, sou tão horrível e terrível como você sempre imaginou?”


O prior diz: “Ó Tu, meu amado Senhor Jesus! Quem de nós jamais teria pensado ser possível pensar que Tu és tão imensa e incrivelmente bom, mesmo no reino dos espíritos?! Ó Senhor, deixa-me sair agora e clamar com todas as minhas forças, para que todos os confins de Sua infinita criação ouçam que Tu és o Pai infinitamente melhor, mais amoroso e santo!

Ó Senhor, quão imensamente abençoado sou agora, por ter Te conhecido assim. Sim, Tu és o Céu de todos os céus e a maior bem-aventurança de todas as bem-aventuranças! Se eu apenas Te tiver e puder Te amar cada vez mais, não peço nem um céu nem qualquer outra bem-aventurança. Deixa-me construir aqui uma cabana que seja grande o suficiente para conter a mim, meus irmãos e a Ti, ó Senhor; e não quero trocá-la por nenhuma outra bem-aventurança. Oh amoroso e santo Jesus, Tu não podes mais me deixar, pois sem Tua Presença eu seria o ser mais infeliz para sempre!”

O Senhor diz: “Meu amigo e irmão, conheço o seu coração, e seu desejo é bom; agora vai a seus irmãos e revela-Me, como Eu me revelei a você. Mas Eu o seguirei assim que você for, para poder redimir todos os seus irmãos, e Eu os conduzirei aos seus verdadeiros e eternos destinos. Então vai e faz de acordo com o Meu Amor. Amém!”



Nota do tradutor: Atentar que o MENSAGEIRO DO SENHOR que auxilia a assembleia, o HOMEM SIMPLES que acompanha o prior, bem como o ANFITRIÃO que relata a história a Anselmo e seu grupo, todos são o PAI assumindo diferentes personagens, às vezes simultaneamente.





















CAPÍTULO 97

O testemunho de um pregador.


O prior, impregnado da mais alta bem-aventurança, vai ao encontro de seus irmãos, como o Senhor lhe ordenou. Então vamos atrás dele, para ver como ele vai administrar seu escritório.

Eis que já se aproxima dele nosso familiar monge falador e lhe pergunta com expressão assustada: “Escute, irmão, como é possível que neste momento tão terrível, em que todos esperamos o implacável juiz, você possa vir de seu bom esconderijo com uma expressão tão exaltada em seu rosto?! O líder simples fez isso com você, ou você se convenceu assim?

Diga-me e a todos nós como você chegou a essa felicidade? Ao Senhor seja dado todo louvor, toda honra e ação de graças por ter permitido a você tamanha alegria. Mas nós, pobres pecadores, estamos ainda mais amedrontados e ansiosos. Se uma pequena ajuda pudesse ser dada a nós, seria algo extraordinário para nossa mente assustada.

De fato, na Terra muitas vezes preguei do púlpito ao povo como é terrível aparecer diante do Juiz Implacável e como é terrível cair nas mãos do Deus Todo-poderoso vivo! Muitos de meus ouvintes podem ter ficado abalados no âmago de meus sermões, mas eu certamente levei meus sermões a sério, como você sabe. Deixe-me provar uma boa mordida, bem como um bom copo de vinho. Aqui, porém, é precisamente a questão proverbial: `Quem cava uma cova para outro nela cai.` E agora, sinto forte e vividamente o que em minha vida eu deveria ter feito os outros sentirem através de meus sermões. Por isso peço-lhe ainda mais que você dê a mim e a todos nós uma mensagem um tanto consoladora. Como é possível você estar tão alegre?”

O prior diz: “Escute, então, meu amado irmão: meu antigo e atual temor do Senhor é a razão pela qual nunca quisemos ter o Senhor como Ele é, mas nós mesmos o fizemos o Ser mais terrível de todos os seres. Perdemos assim o verdadeiro Cristo, isto é, o Cristo que, ainda sangrando e morrendo na Cruz, abençoou Seus maiores inimigos, algozes e mártires, e os desculpou por sua própria ignorância. Perdemos o Cristo que acolheu o pródigo, que se voltou para Ele com o coração mais aberto, Aquele que não condenou nem mesmo os que O injuriaram na cruz. Em vez desse verdadeiro Cristo, formamos um cristo-tirano, que continuamente trama vingança até o dia do julgamento definido por nós, enquanto nós poderíamos facilmente ter pensado que o Senhor, se Ele quisesse se vingar de Suas miseráveis criaturas, não precisaria de um período indefinido tão longo, mas poderia ter feito com eles como fez com Sodoma e Gomorra.

Além disso, imaginamos Cristo continuamente em altura inacessível, de onde Ele pouco cuidava de Suas criaturas, mas as deixava livres até o dia do Juízo, pois elas têm Sua Palavra e Sua Lei. Mas pensamos pouco no que o bom pastor estava falando. A promessa: `Estarei convosco até o fim dos tempos`, também passou silenciosamente por nossos corações. E nos contentamos com a presença viva de Cristo apenas na nossa cerimônia morta, pela qual apenas perdíamos o verdadeiro Cristo...

Colocamos tudo na matéria; no final, imaginamo-nos criadores de Cristo e, com base neste poder celestial, pecamos tanto contra o Amor e a Misericórdia Divina, o que foi uma imensa vergonha! Como o Cristo amoroso não nos beneficiou tanto quanto o deus mais estrito e implacável, atribuímos tudo à Sua mais absoluta justiça, em vez de suplicar Seu eterno Amor e Misericórdia como seres fracos. E assim O tornamos tolerante ao tempo e ao lucro, e Ele permaneceu em nossas mentes até o presente.

Vocês acham, porém, que o verdadeiro Cristo realmente mudou e se moldou da mesma maneira como nós tolamente o moldamos em nós? Oh, não, meus queridos irmãos! Ele, como sempre e sempre, permaneceu até o momento presente como o próprio Santo Padre, e assim permanecerá para todo o sempre e na eternidade.

Ele ainda é o mesmo amigo amoroso que fala a todos: `Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.` Ele ainda é o mesmo Cristo que, mesmo sendo crucificado por Seus ofensores, inimigos e algozes, perdoou a todos na plenitude de Seu Amor Divino.

Oh, amigos e irmãos! Eu gostaria de dizer que se um cidadão da Terra pode cometer um grande e grave pecado, então não pode haver outro maior do que alguém, por vergonhoso interesse terreno, deixar de apreciar a bondade indescritível e o Amor do Senhor, pois falhamos em reconhecê-lo.

Vejam e considerem a parábola do filho pródigo. Que ação ele tomou para se reconciliar com seu pai profundamente aflito? Nada além do fato de que ele foi impulsionado e compelido pela mais alta e terrível necessidade de voltar para a casa de seu pai, para ser o último servo ali, no máximo. Mas o que o pai fez? Ele reconheceu o filho que voltava no meio do caminho. E o filho, ao chegar, caiu e bradou para seu pai seu desejo irresistível. O pai o levantou o mais rápido que pôde, apertou-o forte contra seu peito e imediatamente lhe colocou as vestes mais magníficas. Depois de ambos refeitos da emoção pelo reencontro, o pai ordenou uma grande refeição festiva.

Digam-me, queridos irmãos, alguma vez olhamos para Cristo desse ponto de vista? Provavelmente pregamos o filho pródigo, mas como? O filho perdido tinha que voltar por nossa confissão, depois de todo tipo de imposições que muitas vezes eram piores do que a ração de porco do filho pródigo no exterior. Se algum filho perdido realmente se virou e veio a nós, ele encontrou, no entanto, em vez do único Pai Bom e Verdadeiro, nada além de nós, que o induzimos a não considerar Quem é o Pai e onde Ele está e para onde aquele filho pródigo deveria ter se virado e ido! Assim fizemos…

Mas o bom padre nunca mudou nem um pouquinho. Não passamos de filhos perdidos que desperdiçaram e prostituíram prematuramente os bens obtidos do Pai na Terra. Nós experimentamos nossa pobreza fora da casa do Pai por um tempo muito longo e amargo. Voltemos e joguemo-nos a Seus pés. Não que Ele nos prepare uma refeição deliciosa e nos receba com grandes honras, mas que sejamos os últimos na casa do Pai e O amemos com todo o nosso poder vivo!”

O monge diz: “Ó irmão! Que palavras você falou agora e que bálsamo celestial você derramou em nossos corações! Sim, você falou a verdade eterna! Então devemos, com a maior alegria e o maior amor, esperar nosso bom e santíssimo Pai, a quem tanto tememos. Sim, meu querido irmão, posso assegurar-lhe que você me tirou completamente todo o medo do Senhor, tanto que não tenho mais medo do mais severo dos julgamentos.

Pois agora eu sei que posso ousar amar um Cristo tão amoroso. Ele é tão infinitamente bom e amoroso em Si mesmo, que sinto-me capaz de ser feliz em qualquer lugar onde possa sempre amá-Lo, Ele, o Amoroso.

Agradeço-lhe, querido irmão, também em nome de todos os nossos irmãos, por nos ter dado uma visão tão gloriosa, a mesma que aquele homem amoroso e simples certamente lhe deu. Dou-lhe também a plena certeza de que eu e todos nós amaremos o verdadeiro Cristo; sim, nunca deixaremos de amá-Lo, porque Ele é infinitamente bom e amoroso em si mesmo e fora de si! Sim, portanto, quem não puder amá-Lo deveria ser, sim, pior do que o pior demônio infernal. Como outrora temia aparecer diante de Sua face, de agora em diante, será sempre o meu desejo mais apaixonado em minha grande indignidade: chegar a ver o santíssimo Padre apenas uma vez.

Ó Tu, meu Cristo, Tu! Quanto Te amo agora que Te conheço melhor do que na Terra! Sê misericordioso e gracioso para comigo, pobre pecador, e não me recuses a bem-aventurança, consistindo em que eu possa Te amar com todas as minhas forças; de qualquer maneira que Tua Misericórdia e Tua santa Vontade possam me levar. Ó Senhor! Eu para sempre não desejo nada de Ti, pois não sou digno nem mesmo da menor misericórdia. Apenas deixa-me amar -Te e, se possível, deixa-me dissolver em tanto amor por Ti!`

O prior diz: “Meu caro irmão, diga-me, depois de mudar de ideia, o que você acha do meu homem simples que acaba de sair detrás da folhagem?”

O monge diz:“Querido irmão, este homem tem sido muito agradável para mim desde sua primeira aparição. Eu poderia segui-lo onde quer que ele quisesse, e se ele me posicionasse aqui ou ali de acordo com a Vontade do Senhor, eu poderia me manter como uma rocha em um ponto por meia eternidade, sem mover um fio de cabelo. Seria um homem no qual eu poderia cair em volta do pescoço e derramar todo o meu amor sobre ele.`

O prior diz: “O que você faria, se o Senhor de todos os céus e todos os mundos se aproximasse de você com tanta simplicidade?”

O monge: “Para expressar tal sentimento, as palavras no peito ficariam presas até mesmo na garganta do mais exaltado e mais elevado espírito celestial! Pois seria insuportavelmente grande, se fosse apenas uma felicidade momentânea!”

O prior diz:“Discuta você mesmo com o homem simples, que agora se aproxima de nós. Ele lhe dará a melhor informação, onde, acredite meu irmão, deixará toda a minha linguagem na mão. Eu digo que vá e que todos vocês vão encontrar o homem simples. Ele vai lhes mostrar que eu sou o verdadeiro caminho para o Pai e também posso ser o próprio Pai! Não posso dizer mais a vocês...”

Agora o homem simples abre os braços e diz: “Filhinho, venha para os braços de seu bom Pai, pois sou Aquele a quem você tanto temeu!”

Segue-se um clamor geral; todos se prostram diante Dele e choram de tanto amor por Ele! E tudo o que se ouve deles é: `Ó bom e santo Padre! Tão infinitamente bom é Você! Oh, que O possamos amar tanto quanto Você é digno de todo o amor!`

E eis que o Senhor se inclina para eles, os levanta a todos e lhes diz: `Filhinhos, ouçam bem o Meu justo julgamento, que diz: `Sigam-me, pois Eu, seu único e bom Pai verdadeiro, os conduzirei ao lugar de seu destino cada vez maior em Meu reino. Não aqui onde ainda há tanto do seu pensamento delirante, mas em um lugar vivo e puro. Eu vou lhes mostrar o que vocês devem fazer e como devem Me amar completamente em espírito e em verdade, adorar-Me com imenso Amor ao único Deus eternamente verdadeiro! Então deixem tudo aqui e Me sigam.

Agora vejam como o querido Pai novamente traz para casa um pequeno grupo de filhos perdidos, e vemos como eles O seguem, louvando Seu Santo Nome! Vamos também segui-los, para que também possamos ver o desenrolar completo.














C APÍTULO 98

O segredo do verdadeiro progresso.


Olha, estamos na margem do conhecido grande corpo d'água, como vamos passar por ele desta vez? Eu digo que não precisamos ter medo tendo o Nosso líder, pois Ele entende mudar a água tão repentinamente em terra sólida como você nunca experimentou nada parecido antes.

Portanto, veja agora como o prior, que está mais próximo Dele, pergunta: “Ó Amor Eterno, Meu amado Jesus Cristo! O que faremos com este oceano sem fim?”

O Senhor diz: “Querido amigo e irmão, em Meu amor, passaremos por ele.”

─ Ó meu amor, a água também nos levará?

Como você pode temer assim ao Meu lado? Você não sabe que todas as coisas são possíveis para Mim e que também sou um mestre de todas as águas? Eis que Eu quero que a grande massa de água de uma vez se torne um solo firme, assim permaneça e nos carregue até que estejamos todos do outro lado. Mas assim que atingirmos a superfície definida da terra do outro lado, a terra sólida derreterá novamente em seu elemento emergente. Amém! Você vê alguma água agora?

─ Ó Tu, meu Santo Amor Onipotente! Bom e santo Padre, como isso é possível?! Quão rápido tudo mudou! A superfície terrivelmente ondulada e infinitamente esticada tornou-se terra seca, e podemos passar sem medo e sem hesitação. Como poderíamos agradecer a Você, que se mostrou tão maravilhosa e onipotentemente amoroso para nós?

Meu querido amigo e irmão, a única gratidão que é preciosa e digna para Mim é um coração que Me ama sempre acima de todas as coisas. Eu lhes digo que nenhuma oferta de agradecimento, nenhuma oração de ação de graças, nenhum voto de ação de graças, nenhuma procissão de ação de graças, nenhum "Te Deum Laudamus", nenhuma festa jubilar e nenhuma grande cerimônia de ação de graças é agradável a Mim, mas Eu detesto isso como alguém detestaria uma carcaça fedorenta ou a carne podre nas sepulturas, cheia de mau cheiro e pestilência. Mas um coração humilde, sempre Me amando, é uma joia preciosa inestimável na coroa infinita de meu eterno poder e glória divinos, e também é derramado sobre Mim como um bálsamo no coração do amoroso Pai, bálsamo esse que mui Me refresca e é a alegria de Toda a Minha Divindade infinita, exaltando-a indescritivelmente!

Portanto, se você permanecer em seu amor por Mim e nada mais buscar para sempre, você é para Mim tudo o que deve ser, e Eu serei para você tudo o que posso ser para você como seu Deus e Criador sempre amoroso. Pai e filho! O amor é o único vínculo entre Mim e você; é a única ponte maravilhosamente onipotente entre Mim, o Criador infinito e sempre onipotente, e você, Minha criatura finita. Nessa ponte, posso ir até você e você vir a Mim, como um bom pai vem para seus filhos e os filhos para seu querido pai.

O amor também é o seu olho verdadeiro, pois é o único olho eterno em Mim. Somente com este olho é possível que você Me veja, seu Deus e Criador, como um irmão olha para o outro. Para todos os outros olhos, sou eternamente invisível no Meu Ser. O amor também é o braço direito do seu ser, com o qual você pode Me abraçar como um irmão. Assim, o amor também é o ouvido direito, o único que ouve a voz de Meu Pai; nenhum outro ouvido será capaz de fazê-lo para sempre.

O amor é um destino de alcance infinito que nunca pode ser alcançado pela mente, nem com muita sabedoria. Mas o amor começa com um destino para o qual os estudiosos e os sábios navegam em vão. Sim, o amor é a arma de visão mais interna e aguçada do espírito, com a qual sozinho você pode ver em Meus milagres divinos, enquanto o erudito e o sábio não podem nem mesmo tocar a orla de Minha vestimenta mais externa. Portanto, você também é abençoado, você e seus irmãos, quando você tem amor em você. Esse amor Me trouxe até você, e isso agora transformou as águas em uma ponte fixa, sobre a qual Eu os guiarei agora como o único e verdadeiro Líder, como seu único Pai e Irmão verdadeiro em seu amor por Mim, tal como em Meu Amor por você. E assim, você nunca deve pensar em outra ação de graças; pois o seu amor é tudo em tudo, assim como Eu estou no Meu amor por você e por todos vocês em tudo! E assim, passemos pela ponte; sigam-Me, portanto!

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Veja, Anselmo, a procissão está avançando. Posso assegurar que, embora pareça que avançamos passo a passo, continuamos a avançar com uma rapidez indescritível. Ao lado do Senhor, espiritual e materialmente, um passo cobre uma distância maior do que passos de sol a sol da maneira terrena.

Mas você deve entender a diferença entre o progresso secular e esse progresso puramente espiritual, pois este movimento aqui não indica apenas progresso, mas o significado é antes aquele que é guiado pelo Amor do Senhor em sua esfera interior de conhecimento. O progresso em um momento aqui, que pode corresponder a um passo, avança em tais etapas inexplicavelmente mais em relação à experiência, faz observações infinitamente maiores, muito mais extensas e mais iluminadas que um pesquisador de conhecimento e sabedoria em milhares de anos terrestres.

Para lhe explicar um pouco melhor, saiba que um passo sob a direção do Senhor vale mais do que bilhões sob a orientação de um espírito mui iluminado. Uma palavra da Boca do Senhor vale mais do que todas as palavras ditas e escritas, mesmo aquelas faladas e escritas em todos os corpos de todos os mundos pelos seres desde o início primordial. Não preciso dizer mais a esse respeito.

Entretanto, passamos sobre as águas; agora olhe para trás e você verá nosso vasto mar novamente, em vez da terra firme. E veja, o Senhor está chamando a atenção também de Seus seguidores e diz ao prior: “Veja, já chegamos ao nosso lugar. O que você acha daqui?”

O sacerdote diz: “Ó Senhor e Pai! Você, meu eterno amor, onde quer que Você esteja, eu gosto de todos os lugares incrivelmente bem. Sem Você, porém, seria aqui, como certamente em toda parte, para sempre desesperador!”

Meu querido filho, amigo e irmão! Você falou bem; assim é e não de outra forma. Comigo você pode fazer tudo; sem Mim, mais nada! Então é sempre bom estar Comigo! Mas fora de Mim não há nada duradouro, pois Eu sou o único caminho, a verdade e a vida! Quem permanece em Mim pelo amor e Eu nele, tem a luz, a verdade e a vida. Portanto, continue Me seguindo, e Eu lhe mostrarei outro lugar . Veremos se você vai gostar de lá. Se você encontrar conforto lá, poderá escolher uma casa. E se você não gostar de lá, procuraremos outro. E assim, siga-Me!

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Veja, Anselmo, a procissão se move entre a manhã e o meio-dia, e lá, atrás daquela montanha brilhante, faremos novamente uma parada em uma região indescritivelmente bela. Nossos convidados terão lá um teste bastante forte, pois ainda há uma questão oculta neles, a saber: o amor pelas mulheres, segundo o qual eles eram hostis ao celibato ou pelo menos eram obrigados a sê-lo. Eles suportaram o celibato por causa do dever e da consciência, e nenhum deles jamais transgrediu com uma mulher em relação ao amor carnal na Terra .

Mas não há muito mérito nisso, pois o lugar na Terra onde tiveram sua vida monástica era, em muitos aspectos, muito negligenciado no que diz respeito às belezas femininas. Apenas as mulheres mais velhas de lá tinham que confessar, pois a ordem das mulheres mais jovens era muito rígida. Assim, uma tentação anti-celibatária não poderia ocorrer facilmente, e as vitórias destes celibatários não devem ser contadas entre aquelas de quem as gerações posteriores sempre falarão. Portanto, nossos convidados ainda devem passar pelo teste na presença do Senhor.

Digo-lhes que na próxima estação veremos espíritos femininos abençoados que lhes farão sentir tonturas. O lugar também é tão celestialmente belo, como vocês nunca viram, exceto na cidade santa. Em breve será questionado como tal lugar está para com o amor ao Senhor e aos recém-salvos. Mas isso será assunto de nossa consideração apenas na próxima vez.

CAPÍTULO 99

Outro teste pesado.

Já estamos no cume das montanhas que uma vez vimos diante de nós brilhando a uma grande distância. Então, veja este país de beleza indescritível, que, visto aqui da cordilheira, é um pouco mais baixo, apresentando uma extensão infinita no maior esplendor, de variedade maravilhosa.

Magníficos vales largos com fileiras alternadas de colinas se cruzam em todas as direções, e os mais belos riachos cruzam os vales. Os riachos têm água como o ouro mais puro e transparente. A água move-se em justaposição mútua e, à medida que um riacho desagua no outro, forma um pequeno lago sempre redondo, que produz um esplêndido brilho de sua pequena superfície ondulante. Veja, na margem de tal lago estão os palácios mais gloriosos, com telhados verde-avermelhados; estes telhados não se destinam a proteger da chuva, mas apenas a deixar a luz nas mais variadas cores incidindo no interior.

Então considere a construção de um de tais palácios de arquitetura admiravelmente bela e sublime, adornada por cores de luzes diferentes que fluem de cada uma das muitas janelas.

Em seguida, olhe ao redor dos palácios para as plantas de jardim maravilhosamente bonitas, nas quais há pequenas árvores fofas com frutas mui maravilhosas em belas fileiras, além das flores brilhantes de esplendor inimaginável.

Entre todos os tipos de salões de jardim, alguns dos quais aparecem com pequenos jardins suspensos e outros com torres com cúpulas magníficas, alguns templos com todos os tipos de pilares radiantes e alguns telhados arredondados, às vezes com pontas de pirâmide. Veja também os esplêndidos jardins que consistem nas mais belas arcadas e folhagens e podem ser percorridos para seu deleite repetidas vezes.

A lém disso, veja os mais numerosos navios do mar com vários espíritos abençoados da região, navegando na superfície do magnífico corpo de água e navegando de uma costa a outra. Mas ouça também o canto maravilhoso, vindo de longe até nossos ouvidos.

E veja, em todos os lugares das colinas estão edifícios semelhantes a igrejas com torres muito altas. Cada torre tem um sino magnificamente em carrilhão. Então você também pode se convencer de como os sinos soam porque, por causa de nós, todos os sinos estão sendo tocados. Esses sinos não soam como sinos terrenos, mas seu som se assemelha aos tons suaves de seus chamados ventos, um sussurro indizível e mais puro, que ainda ecoa longe em todas as suas outras delicadezas. Você pode ouvir os tons mais profundos totalmente harmônicos com os tons mais altos.

Mas agora olhe para o caminho reto diante de nós, que não se parece com uma estrada rural em sua terra, mas sim com uma fita de veludo de várias braças e esplendidamente adornada com ouro e pedras lisas, alinhadas em ambos os lados com árvores sempre cheias de flores perfumadas, junto às mais deliciosas frutas maduras. Pela estrada, vê-se como se aproxima de nós uma procissão, embora sem bandeira e sem crucifixo, mas com radiantes palmeiras nas mãos. Os seres femininos têm cestas cheias de todos os tipos de frutas celestiais, para entreter imediatamente os convidados que chegam com a maior bondade e hospitalidade.

Veja, a procissão está chegando ainda mais perto, e os espíritos femininos estão agora correndo na frente com suas cestas, para estarem conosco ainda mais cedo. Duas já estão aqui. Considere pela primeira vez a delicadeza infinita e a forma mais maravilhosamente bela. Tudo deve ser visto em um brilhante facho de luz sobre elas. Uma verdadeira bondade alegre e celestial irradia de seus rostos. E suas roupas extremamente delicadas atestam a grande inocência desses seres. Mas veja, cada vez mais surgem, e suas figuras são cada vez mais magníficas e gloriosas.



Ouça também o discurso celestial, gentil e eufórico, e como dão as boas-vindas à nossa companhia: “Ó, venham, amigos supremos de nosso santíssimo e amoroso Pai, e sejam revigorados com nossos frutos que trouxemos para vocês com um coração amoroso, Oh, como somos especialmente felizes ao ver seu líder, o Senhor, o mais bom e mais amoroso, Deus e Pai!”

Agora olhe também para a nossa assembleia, pois eles começam a fazer grandes olhos. O prior acaba de se voltar para o Senhor, dizendo: “Ó Senhor, Ó Senhor clemente e misericordioso Criador e Pai de todos os seres no Céu e na Terra, isso se dá por causa da Sua vontade? E aqueles são espíritos de anjos que já viveram na Terra, ou são os anjos mais puros do mais alto Céu? Essa beleza infinitamente maravilhosa e gloriosa nunca entrou em minha fantasia interior. Eu era um celibatário convicto na Terra, mas se algo semelhante tivesse acontecido comigo em meu mais alto zelo celibatário… Eu poderia me converter, mesmo provindo do mais vergonhoso Islamismo. Senhor e Pai! Aqui, no sentido literal, é dito que estamos chocados; estamos perdidos, desde que alguém possa se perder aqui...”

O Senhor diz: “Bem, meu querido amigo e irmão, encontramos o lugar certo? Pelo que percebi, você não parece relutante em escolher um local de residência com uma querida noiva celestial; pois não se fala mais em estar perdido; você e todos os seus irmãos podem escolher aqui à vontade. Se, portanto, você estiver satisfeito, pode imediatamente escolher uma noiva celestial e com ela também um pequeno palácio. Eu abençoarei você e todos e lhe revelarei o seu ofício celestial. Eis que esta é, em resumo, Minha oferta, mas sob a condição de que você escolha livremente.”

O sacerdote e seus irmãos olham primeiro para a região, depois para o Senhor, mas principalmente para as belas noivas celestiais. Portanto, o prior não pode se restabelecer tão cedo e assim conversa consigo mesmo: “Certamente seria bom aqui ao lado de uma noiva tão celestial e em uma posse tão gloriosa, onde os pássaros estão mais do que literalmente voando assados para a boca! É verdadeira e eternamente impossível para um espírito imaginar um céu mais celestial do que isso. Verdadeiramente, e mais três vezes verdadeiramente, se um bom conselho não custa caro aqui, não o será na eternidade. E se eu apenas pensar em abraçar uma noiva tão celestial e a apertar contra meu peito, cheio de amor celestial brilhante... Eu me sentiria bastante tonto e gostaria muito de pronunciar em um altar meu forte 'sim!'diante do Senhor, contanto que tal glória infinita estivesse dentro de Seu firme fundamento.

Mas e se toda essa história for apenas um teste? Se mordêssemos esta maçã da mesma forma que Eva fez no Paraíso com o pobre Adão? Após a mordida, o lugar maravilhoso se transformou em outra coisa… Que Deus nos livre disso por toda a eternidade! Então tal magia celestial acabou sendo significativamente mais cara do que o melhor conselho da história! Sim, se eu pudesse ter certeza de que ela realmente tem uma existência eterna, eu ─ mal ouso dizer ─ diria secretamente 'Sim'!`a tal proposta celestial da parte do Pai santíssimo e amoroso.”

Agora, porém, o outro monge, já conhecido por nós, aproxima-se do prior e diz: “Ouça, irmão, até quando esperará para responder ao amado Santo Padre? Se fosse para eu responder, eu, juntamente com vários outros, já teria acabado com isso há muito tempo. Não digo senão aquilo que o meu sentimento mais íntimo me revela, e é o seguinte: Ó Senhor e Pai em todo o Seu infinito Amor e a Sua Misericórdia, com Você e junto com Você quero estar em toda parte; então aqui também, nessa glória celestial maravilhosa, é muito bom estar. Se Você ficar aqui, me sentirei muito em casa aqui. Se Você, porém, como Fonte Primordial de todas as glórias, não ficar aqui e aqui não for para Si uma morada permanente, não ficarei. Se for a Sua Santa Vontade, continuarei Consigo até que Você diga que aqui está em casa! O que você acha irmão? Não seria uma resposta correta?”

O prior diz: “Sim, irmão, você me ajudou a sair do meu sonho; você está certo. O mesmo se dá comigo no meu coração e assim falarei com o Senhor, pois é mais do que todas as glórias celestiais!”


CAPÍTULO 100

O destino celestial.


A gora, o Prior se volta para o Senhor e diz: “Ouça-me, ó Todo-poderoso e clemente Santo Padre! Embora você veja tudo e saiba o que ocorre em mim, ainda falarei diante de você, porque você quer. Portanto, quanto à sua proposta anterior e amável, não tenho mais dúvidas de que não a faria a mim ou a meus irmãos, se tivéssemos aceito seu pedido; pois você está em toda parte, amor eterno, fidelidade, verdade e sabedoria! É verdade, quando olho para essas moças, seres angelicais e puramente celestiais… Uma é mais gloriosa e bela que outra, e nenhuma pode superar a outra de forma alguma. Pergunto ao meu coração se ele ficaria satisfeito com uma graça tão infinita. Devo, de fato, bater em meu peito e dizer: `Ó Senhor, não sou nem um pouco digno de tal graça infinita!`. Como um reino celestial teria tal recompensa para um miserável e indigno celibatário ocioso terreno. sendo tal cônjuge celestial ou companheiro de vida abençoado por Ti? Os anos terrestres, se fossem válidos aqui, teriam que passar tão rapidamente quanto gafanhotos em um dia quente de verão. E não haveria perspectiva de tédio por todas as eternidades das eternidades em tais circunstâncias celestiais exaltadas.

Mas, ó Senhor e Pai ─ e aqui digo um grande 'mas' ─ olha, é difícil falar na Sua frente, principalmente nesse caso em que a gente se sente em apuros. Pois se alguém ficar insatisfeito com tal recompensa, se a rejeitar por causa de uma bem-aventurança superior, parece-me, no mínimo, pecar cruelmente contra Sua infinita bondade. Aceitá-la com entusiasmo e boa vontade seria assumir-se digno dela, o que nunca pode ser o caso conosco. Mas então também surge uma questão interna e oculta, pois, pelo menos para mim, há duas coisas boas aqui diante de Você: uma glória celestial, a saber, esse céu; uma glória infinita, a saber, o Senhor, Você mesmo! Se um pobre pecador como eu (assim soou em mim), fosse livre para escolher entre esses dois bens, devo reconhecer, seja por interesse próprio ou pelo que for, que devo dizer: `Senhor, eu permaneço Contigo e por Teu Amor; deixarei o céu excessivamente glorioso e as virgens ainda mais gloriosas que estão aqui, com a premissa de que tal escolha minha, pobre pecador, é aceitável a Ti, ó Senhor, pois não quero que Tu penses que estou insatisfeito. Oh, certamente não, mas eu te louvaria com todas as minhas forças para sempre. Amor e louvor do mais indigno de uma graça tão infinita!`

Mas, ó Senhor ─ e novamente o 'mas' aqui significa muito ─ se, querido Pai, Você não quer ficar aqui para sempre, como Você está aqui agora? Se, talvez, viesse aqui em uma ocasião muito rara... Pois eu gostaria infinitamente mais de passar a eternidade com Você no canto mais remoto de todo o Céu infinito, do que aqui uma hora sem Você, ó Santo e amado Pai!”

Agora o Senhor diz: “Bem, eu ouvi do fundo do seu ser e vejo que teu amor é dirigido a Mim, e tu, bem como teus irmãos, sacrificaste Mim a grande glória celestial como um sacrifício agradável. Eu digo-te que por esse sacrifício vos tornastes dignos do Céu glorioso; é o destino determinado por Mim para ti e teus irmãos e, portanto, agora podeis, sem vos preocupardes, fazer escolhas de acordo com os desejos dos vossos corações. Cada um de vós deve se apropriar de um palácio esplêndido e deve levar uma mulher celestial que lhe seja perfeitamente agradável. Como dono de tal posse, tu não tens outra obrigação senão reconhecer-Me e amar-Me para sempre, como o Senhor e Pai, e então receber, entreter e vestir os pobres recém-chegados que vêm aqui não raramente, e trazê-los para mais perto a Mim, o Pai, por meio de instrução amorosa.

Não perguntes se ficarei aqui visível, como agora, ou invisível; pois quer Eu esteja visível ou não, ainda estou sempre totalmente presente. E quando vir este sol aqui, pense que nele habita teu Pai. E este sol que aquece suavemente a região e a ilumina tão magnificamente nunca se põe aqui, e tu sempre o verás e nunca desviarás dele a face de teu amor. No entanto, sempre que Me agarrar no maior amor por Mim, estarei presente no Meu Ser Pessoal, como agora contigo e teus irmãos.

E m tua nova casa neste Céu, porém, tu encontrarás um quadro branco. Olha para ele de vez em quando e, de acordo com a tua caridade, então olharás para a Minha Vontade.

Mas a mulher que eu te darei aqui, ame-a como a ti mesmo. Sê UM com ela, para que possas te apresentar junto com ela como um humano perfeito, que está na perfeita verdade celestial e nas boas obras de amor. Nessa mulher sentirás o poder do teu amor por Mim, e na mulher o poder da Minha sabedoria em ti; e assim sereis como um em Meus eternos Amor e Sabedoria.

O mais alto grau de tua bem-aventurança será quando estiveres totalmente apaixonado por Mim.

Não cuidarás aqui de comida nem de qualquer outra necessidade, pois tudo aqui é provido por Mim, por todas as eternidades. Pois é um reino que desde o princípio estabeleci para aqueles que me amam; é a grande e sagrada herança para todos os Meus filhos, que lhes preparei na cruz! Portanto, aceita isso de Mim, o único doador de todos os bons presentes, e desfruta de Suas glórias e tesouros incomparáveis para todo o sempre.

Tu não envelhecerás neste reino, mas se tornará mais abençoado, cada vez mais forte, jovem e glorioso. Tal é a tua bem medida bênção. Então vá, escolhe com teus companheiros de vida eterna, para que Eu vos possa abençoar com felicidade eterna e sem fim!”

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Eis que o nosso Prior está quase tonto por tanta felicidade tão incrível. Com toda a sua timidez, ele e seus irmãos mal se atrevem a tirar o pé do lugar ante as virgens celestiais que os esperam. Mas o Senhor dá um aceno e elas se apresentam; cada uma estende ao seu pretendido um ramo de palmeira radiante. Com a adoção do ramo de palmeira, no entanto, os anteriores vestidos ordinariamente ordenados dos monges são transformados em correspondentes vestes celestiais. O Senhor os abençoa, e todos caem sobre seus rostos, louvando-O por tal graça imensurável.

Mas veja, atrás dos monges principais e dos seus irmãos mais simples, que agora são exatamente iguais aos monges principais, ainda há um irmão simples sem uma mulher, sem um ramo de palmeira, observando um tanto triste, pois todos os outros foram agraciados com tudo. Só para ele não houve nenhuma mulher e mesmo suas roupas não mudaram, pois ele ainda aparece em sua roupa de monge. O que vai acontecer ? Aguardaremos, certamente o Senhor não o esquecerá.

E agora vejam, o Senhor está falando aos homens celestiais:“Portanto, meus irmãos, deixai-vos guiar por vossas esposas celestiais, e que todo homem tome plena posse da bondade eterna que Deus preparou para ele.”


Nossos sacerdotes, agora casados com o Céu, levantam-se.

O prior, com pena, nota o pobre irmão simples que, na ocasião, foi deixado de fora. Volta-se imediatamente para o Senhor e diz: “Ó Senhor amado e melhor pai! Só posso lhe louvar e glorificar o suficiente pela graça que tem mostrado a todos nós. Mas veja, há um pobre irmão lá atrás ainda sem esposa e sem manto; ele veio comigo o tempo todo. Ó Senhor, se for do Seu agrado, eu prefiro desistir de minhas vestes e de minha esposa, do que vê-lo aqui tão abandonado. Entendo que Sua infinita bondade paterna já o proviu; mas como também recebi de Si um coração amoroso e compassivo, devo lhe confessar que, se não puder ver esse pobre irmão tão abençoado quanto eu, prefiro, em Seu santíssimo Nome, renunciar à toda salvação para mim por vários milhares de anos, do que vê-lo ser apenas alguns dias menos abençoado do que eu.”

O Senhor diz: “Você realmente quer dar sua esposa, roupa e propriedade celestial a esse irmão?”

O prior diz: “Sim, ó Senhor, na hora, mesmo que eu tenha que voltar para meu antigo dormitório.”

O Senhor chama o pobre irmão simples e lhe diz: “Olha, tu és o único irmão da assembleia que perdeu a bênção. O teu irmão aqui viu a tua miséria e teve tanta pena de ti, que quer te dar a parte dele por amor a Mim. Ficarias satisfeito?”

O pobre irmão leigo diz: “Ó Senhor, no que me diz respeito, estou bastante satisfeito se puder apenas sentar aqui para sempre, e Lhe louvar e glorificar, olhando para essas glórias celestiais. Estou no caso extremamente contente se Você, ó Senhor, me permitir, em toda a minha falta, ser um dos menor de meus servos na casa de um dos meus menores irmãos a quem Você, Senhor e Pai, abençoou para serem cidadãos celestiais por toda a eternidade. Pois na Terra eu era o menor no mosteiro e tinha pouca utilidade lá; toda a minha atividade nada mais era do que colher esmolas dos servos superiores do mosteiro, de modo que eu não aparecia inteiramente, e eles me alimentavam e me vestiam, como o ocioso mais ardente do mosteiro. Portanto, nunca fiz nada meritório, mesmo pelo menor salário. Como, então, eu poderia esperar ser recompensado igualmente a um desses irmãos muito melhores?”

O Senhor diz ao prior: “Bem, meu caro amigo e irmão, o que há para fazer? Eis que esse seu irmão não aceita de modo algum o seu pedido; o que você quer fazer agora?”

O sacerdote: “Ó Senhor e Pai, deixe-me exercer minha primeira situação de fraternidade no Céu. Eu o levarei para a casa que Você me deu, o tratarei como meu igual e o designarei como senhor de todas as posses que Você agora me deu em Seu Amor, Graça e Misericórdia!”

O Senhor diz: “Eu tenho um plano muito diferente... Porque você e esse seu irmão se deixaram prender total e completamente pelo amor por Mim, Eu também os levo completamente cativos ao Meu Amor. Os irmãos aqui que já começaram, mudem-se com suas esposas celestiais para suas casas e Eu abençoarei tudo e todos. Tu, tua esposa e esse irmão vão Comigo para onde habitarei para sempre no mais alto Céu entre Meus filhos.”

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Eis que o prior, sua esposa e seu irmão caem diante do Senhor, em êxtase infinitamente grande. Mas o Senhor os fortalece, os eleva e diz: “Meus filhinhos, sigam-me para Minha casa”.

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Eis que são levados, sem serem observados pelos outros irmãos, para a eterna e santa manhã.


Filas infinitamente estendidas de irmãos abençoados são bem-vindas ao pequeno grupo, chegando por todos os lados e exclamando: “ Louvemos ao Senhor por Sua infinita bondade, Amor e Misericórdia!”


Vamos segui-los, para que possamos ver também a instalação dos três novos cidadãos celestiais.










CAPÍTULO 101

Significado de conduzir, puxar e carregar no reino espiritual.


Mas Eu percebo uma questão secreta em você. Pois quanto à participação altamente agradável para o prior, você ainda tem alguma confusão, sobre como a situação do prior deve ser apreendida e corretamente compreendida pelo centro principal real e mais iluminado.

Diz Anselmo:“O Senhor apresentou ao prior uma esposa e uma posse celestial e o abençoou, assim como aos outros, para um fim determinado, sem reservas pressupostas. O Senhor determinou o destino do prior e seu ofício celestial, como fez para todos os outros. Como aos outros, ele lhe deu a orientação divina celestial sobre como viver com suas esposas angelicais celestiais e mostrou a ele, assim como aos outros, que Ele sempre apareceria assim que O segurassem com toda a força do seu amor. Em todos esses decretos celestiais, o Senhor não dá ao prior o menor indício de que tinha alguma intenção maior para com ele. Como, então, o destino já estabelecido e claramente declarado do prior terminou repentinamente, ele e sua esposa não puderam nem mesmo ver os bens dados pelo Senhor para aquele Céu. Eles foram imediatamente levados com o Senhor até o mais alto dos céus!? Isso é um tanto difícil de compreender, porque o Senhor já havia abençosado anteriormente a aceitação voluntária de todos, junto com o prior. Assim, por meio dessa bênção, expressou total e unanimemente Sua divina e firme Vontade com os bem-aventurados, com o consentimento e livre arbítrio de todos.

Quando uma pessoa muda de plano tão rapidamente, não é um tanto difícil de compreendê-lo, devido à imperfeição de seu conhecimento. É sim um tanto difícil compreender isso quando vindo do lado da Omnisciência divina, mas o Senhor certamente sabe como, por que e quando Ele expressa com mais clareza Sua vontade.”


Amigo e irmão, veja, sua questão secreta é baseada em princípios importantes, mas as questões podem, no entanto, ser corretamente arbitradas. Assim, o evento foi assim direcionado, porque você ficaria um pouco ofendido se fosse de outro modo.

Ao se recordar do acontecimento do mosteiro, verá que, depois da salvação das almas adormecidas, o nosso prior, como nenhum outro além dele, abraçou por amor e gratidão o homem simples ainda desconhecido e o trouxe à mesa. Você deve se lembrar de como o homem simples recusou isso e durante o discurso de recusa proferiu um certo `talvez` misterioso. Aí Ele deu ao prior uma certa indicação de que ele sim, o homem simples e desconhecido, poderia estar carregando o prior em suas mãos. Assim você também não achará difícil compreender o evento atual, após um exame um pouco mais perto da presente cena.

O assunto pode parecer um pouco desequilibrado a princípio, mas conosco aqui no reino celestial dos espíritos, nem sempre é tudo sequencial como um, dois e três, como é na Terra. Por outro lado, você pode, por exemplo, considerar sem correlação na Terra algo como setenta, trezentos e quinze, mas aqui conosco será como um, dois e três. Uma pessoa vive na Terra em um país da América do Sul, outra em um canto da Sibéria. Os dois estão distantes no sentido natural, mas não no espiritual; pois podem atuar como um e dois, ou seja, um ao lado do outro, um em sintonia com o outro.

Mas se agora considerarmos o que o Senhor indicou fundamentalmente ao mencionar ao prior o misterioso ´talvez´ em relação a ele ser carregado, nosso assunto nos parecerá imediatamente mais coerente e claro. O que, então, o Senhor teria dito ao prior?

Ouçam! O Senhor quis dizer ao prior: Na Terra, você pensou ter Me carregado em forma de pão em suas mãos, mas você nunca efetivamente Me deu à luz. No entanto, muitas vezes você Me mantinha secretamente em seu coração e não acreditava plenamente que Me levava; então bem assim, bem ali naqueles momentos, você Me carregava.

Agora, com relação ao inexplicável 'talvez', ainda não havia ali uma determinação perfeita do prior a respeito do infinito Amor, da Misericórdia e da mansidão do Senhor. Por isso, O Senhor disse ao prior que, tratando-se de um carregar o outro, seria mais fácil e melhor o Senhor, carregar o prior do que o contrário...

Mas cuidado! Há uma grande diferença entre as expressões `liderar ou guiar´, `puxar ou atrair` e `carregar` no reino espiritual.

Quando os homens são guiados pelo Senhor, eles passam para a luz da fé, para assim entrarem no Céu mais baixo. Quando os homens são atraídos pelo Senhor, é assim: o Amor do Pai é derramado sobre esses homens; eles são recebidos no Amor do Pai e vão para o segundo Céu, que consiste na fé e na luz do amor ativo ao Senhor e ao próximo.

Mas se é dito que os homens são carregados pelo Senhor, isso expressa uma condição perfeita e infantil dos homens que passaram tão completamente para o Amor do Senhor, que trouxeram diante Dele o maior sacrifício de abnegação, até a última gota de amor próprio. Por causa disso, eles também são verdadeiramente filhos reais e autênticos de Deus, e são aceitos por Ele no mais alto e puro Céu de Amor, pelo eterno e único Pai verdadeiro.

Se você prestar um pouco de atenção a essas diferenças, o aspecto aparentemente censurável da definição alterada do prior não mais lhe parecerá tão despreparado quanto parecia a princípio. Além disso, porém, o Senhor já incorporou esse fenômeno ao múltiplo e abrangente 'talvez'.

Assim, ele não quis dizer nada mais do que isto: Eu darei a você um destino inteiramente de acordo com a sua livre escolha, mas também considerarei que você já Me carregou em seu coração. Darei, na medida mais completa do seu destino eterno, uma pequena oportunidade de mostrar até onde você Me carregou e ainda Me carrega em seu coração, e até que ponto Eu o carregarei por isso. Mas nessa situação, fecharei Meus Olhos por um tempo diante de você, para que você fique completamente livre em si mesmo. Só depois disso, Eu olharei para você novamente e o abençoarei em seu destino celestial escolhido. Eu, como seu Pai santíssimo e amoroso, o tomarei em Minhas Mãos e o carregarei como um filho perfeito, para Minha cidade ou para outro local qualquer.

Veja, agora temos quase tudo junto e, portanto, precisamos apenas adaptar levemente toda a explicação ao evento, e toda a sua pergunta terá sido respondida.

O nosso prior alcançou, como todos os seus irmãos, o seu destino perfeito, como também foi claramente expresso pelo Senhor. Por que, então, todas essas experiências? Para que o prior ganhasse na sua esfera de actividade e tivesse maior liberdade de movimentos, enquanto ainda não fazia ideia do que o Senhor lhe reservara. Por isso teve que haver ─ por acaso, mas preparado há muito tempo pelo Senhor ─ um pobre irmão leigo que foi tratado injustamente, sendo que, no fundo, ele próprio também estava destinado ao Céu mais alto; ele serviria conscientemente como um campo de teste muito eficiente de amor verdadeiro ao Senhor e, pelo prior, de amor ao próximo. Nessa cena, o Senhor desviou seu Olho omnisciente e que tudo vê, deixando o prior agir completa e livremente por seu próprio amor. O prior, que outrora trazia o Senhor no coração, agora estava plenamente fortalecido Nele, pois encontrava-se no amor perfeito do Senhor, na mais completa negação de si mesmo.

Então o Senhor olhou para ele, mudou Seu plano eterno secreto pela livre ação do espírito humano, e o sucesso está diante de nossos olhos.

Em breve, experimentaremos junto com eles o lugar mais alto e santo.

Continua em:

O SOL ESPIRITUAL II

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