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Saturno

Ao longo de sua vida, Jakob Lorber, o grande profeta místico do século XIX, não somente produziu importantes obras referentes aos relatos bíblicos e às curas naturais, mas também focou seu poderoso talento visionário em muitos aspectos naturais do nosso sistema solar. “Saturno”, “Terra e Lua” e “O Sol Espiritual” promoveram uma ampla visão do nosso sistema solar.

A presente obra é especialmente rica em belas imagens. As plantas, os animais, as montanhas e os rios do grande planeta anelado do Sistema Solar, tudo reluz em detalhes espetaculares através do poder da prosa de Lorber, sempre com profusão de cores e vívidas observações.

“Saturno” é mais do que mera descrição de quadros da vida cotidiana de um mundo. A obra também contém um retrato de uma sociedade espiritual ideal, calçada nas diretrizes da obra de Lorber, por meio das quais podemos alcançar - já em nossas próprias vidas na Terra - a mesma proximidade com o Divino.

1

O NOME ATUAL E A DESCRIÇÃO DE SATURNO

O DUPLO ANEL E AS LUAS DE SATURNO

A MAGNIFICÊNCIA DA REVELAÇÃO DIVINA

1) A fim de ter uma clara concepção deste corpo planetário que vós chamais de Saturno, é importante saber o que o seu nome significa: Terra da Tranquilidade, Mundo do Nada. É também absolutamente necessário aprender a respeito de sua esfera natural, sua distância do Sol, seu tamanho, estrutura, seus habitantes bem como os habitantes de seus anéis e luas, além das diversas vegetações existentes de acordo com as condições determinadas por variações climáticas distintas. Acrescem-se ainda os animais que existem neste planeta, nos seus anéis e em suas luas.

2) Uma vez que todos os detalhes acima mencionados forem adequadamente explanados, será analisada a história deste planeta, sua estrutura interna e polaridade para com outros planetas e, finalmente, sua esfera espiritual.

3) No que diz respeito à distância de Saturno ao Sol, três diferentes pontos de vista podem ser adotados, e a razão disto é bem conhecida. Não há um planeta que orbite em um curso completamente circular; em vez disto, a órbita planetária em torno do seu sol é uma elipse, posto que o sol está relacionado com a órbita do planeta de forma semelhante a um ovo cuja superfície se afunila a partir da parte obtusa e se expande a partir da parte aguda. Nesta situação, a gema não estará no centro do ovo, mas sim consideravelmente mais perto do fundo, na parte obtusa (*). Vamos assumir que o centro da gema do ovo representa o sol e a periferia da casca, a órbita do planeta. Se medirdes a distância da periferia ao centro do sol, no caso a gema do ovo, tereis o seguinte resultado: o centro do sol está mais próximo da periferia na parte mais baixa desta. A meia altura da periferia está a uma distância mediana, enquanto que o topo da periferia é o ponto mais distante do centro do sol. Quando Saturno está no ponto mais baixo, a distância do Sol é apenas 187.719.120 milhas geográficas (1). Quando, em sua órbita, passa a meio da periferia, a distância é sempre 198.984.136 milhas geográficas, no topo a distância para o centro do Sol é de 210.249.152 milhas geográficas, e é claro que esta última é a maior.

4) Estas distâncias não são medidas da Terra, mas sim do Sol. A distância da Terra em relação à Saturno pode variar tremendamente. Regularmente estes dois corpos celestes se aproximam mutuamente em um milhão de milhas geográficas, para então novamente se distanciarem por outro milhão de milhas geográficas. A aproximação acontece quando ambos estão no mesmo lado do Sol e nas suas proximidades. Nesta posição eles estão bem mais perto entre si, do que quando estavam em oposição, em lados opostos do Sol. Pode ocorrer que Saturno esteja orbitando no trecho mais distante em relação ao Sol e que a Terra, no lado oposto, esteja no trecho de sua órbita mais próximo do Sol. Quando isto ocorre, a diferença não é apenas um milhão, mas sim dois a três milhões de milhas geográficas. A razão pela qual distâncias exatas não podem ser obtidas é porque nenhum planeta orbita sempre a uma exata distância do sol; por isto, em um ano o planeta se distancia e depois se aproxima do sol, e o acréscimo ou decréscimo da distância determina as diferenças de temperatura. E podeis estar seguros que em setenta e sete órbitas não regulam duas, no que diz respeito à distância do seu sol, que sejam perfeitamente as mesmas.

(1) Uma milha geográfica = 7.420 km; uma milha austríaca = 7.586 km.

(*) Observação da tradução para o Português: Seria como se colocássemos um ovo em pé, ficando a parte mais larga para baixa e a mais afunilada para cima.

5) Uma vez concluídas as distâncias, determinaremos agora o diâmetro de Saturno, bem como o comprimento de sua circunferência, sua área superficial em milhas geográficas quadradas e seu volume em milhas geográficas cúbicas.

6) O diâmetro de Saturno é 17.263 milhas geográficas. O da Terra, em comparação, é de apenas 1.719 milhas geográficas; isto nos dá uma ideia de quanto Saturno é maior. A circunferência de Saturno mede 54.515 milhas geográficas. A superfície tem 936.530.820 milhas geográficas quadradas. O volume de Saturno é de 2.757.547.946.775 milhas geográficas cúbicas. Sendo assim, Saturno é aproximadamente 1.037 vezes maior do que a Terra. Para uma volta completa em torno do Sol, Saturno demanda 29 anos terrestres, 164 a 166 dias, 2 horas e dois segundos.

7) Tudo que pode ser contado, no que diz respeito a Saturno, tem sido determinado. Uma vez que Saturno é rodeado por um anel duplo, isto também deve ser mais precisamente determinado em forma de números.

8) O diâmetro externo do anel é de 40.006 milhas geográficas. Considerando que o anel em questão consiste na realidade de dois anéis concêntricos independentes, a distância entre o limite externo do anel menor e o limite interno do anel maior é de 545 milhas geográficas. A largura do anel maior, distância entre seus limites interno e externo, é de 1.350 milhas geográficas; a largura do anel menor, medida do mesmo modo, é de 3.850 milhas geográficas. Tanto o anel maior como o menor são elípticos (ovoides), isto é, se apresentam como o contorno de um ovo ao ser cortado. O anel menor comporta três semidescontinuidades, cada uma com 20 a 30 milhas geográficas. As interrupções da continuidade deste anel são chamadas semidescontinuidades, porque não dividem completamente o corpo do anel menor em dois. Já o anel maior é completamente separado do anel menor em toda extensão limite. Estas três semidescontinuidades do anel menor são cheias apenas de esferas ovoides (*) que têm diâmetro grande o suficiente a possibilitar a formação de um só anel. Entretanto há espaços vazios nestas semidescontinuidades. Eles vão se curvando e afunilando ao longo do corpo do anel, tal como uma pirâmide cônica arqueada vai se estreitando da base para o topo, ou se alargando do topo para a base. Cordões de esferas nestas três semidescontinuidades têm levado muitos astrônomos de renome a assumir que este anel é composto apenas por muitas luas, pois através de um telescópio têm o aspecto de um terço. Mas não é o caso; em vez disto são apenas um conjunto de pequenas esferas.

9) Quanto aos detalhes relativos à estrutura dos anéis, estes serão explicados mais tarde. Agora daremos uma olhada rápida nas luas deste planeta.

10) Sete luas de tamanhos distintos orbitam Saturno a diferentes distâncias (2). A primeira lua, que é ao mesmo tempo a mais próxima do planeta e a menor, tem apenas 120 milhas geográficas e distancia de Saturno 28.840 milhas geográficas. A segunda tem diâmetro de 240 milhas geográficas e distancia de Saturno 40.516 milhas geográficas. A terceira lua tem diâmetro de 666 milhas geográficas e distancia de Saturno 60.500 milhas geográficas. A quarta lua tem diâmetro de 699 milhas geográficas e distancia de Saturno 87.920 milhas geográficas. A quinta lua tem diâmetro de 764 milhas geográficas e distancia de Saturno 277.890 milhas geográficas. A sexta lua tem diâmetro de 900 milhas geográficas e distancia de Saturno 40.516 milhas geográficas. A sétima lua tem diâmetro de 1.120 milhas geográficas e distancia de Saturno 360.920 milhas geográficas.

(*) Observação da tradução para o Português: asteroides.

(2) Alguns cientistas atuais contam dez luas orbitando Saturno, mas três delas (as menores) se compõem de um aglomerado de restos de planetas (asteroides).

11) Em vista da informação que vos foi dada até aqui, deveis concluir que este corpo celestial, em virtude de seu tamanho, sua diferente estrutura e também suas sete luas, exerce um importante papel no Reino da Criação.

12) Quanto mais artisticamente um mecânico monta sua obra, mais variado e magnífico deve ser o propósito da mesma. E justamente como a mecânica incorpora vários fatores numa obra engenhosa, a fim de alcançar os mais diversos propósitos, Eu, como o Maior Mecânico do Universo, não deixo de posicionar habilmente um só corpo na vastidão do universo, sem que haja com isto um grande e significativo propósito. Uma vez que Eu considero importante a menor partícula de poeira solar, quanto mais importante não deve ser um corpo celestial tal qual este planeta. Eu não o criei como mero brinquedo.

13) Como consequência desta revelação referente a este corpo celestial, apreendereis a finalidade de propósitos tão sublimes, que vos farão perder a respiração. Vós sempre fostes surpreendidos e experimentastes certas emoções quando Eu revelei a Lua (3). Mas como reagireis quando viajardes a este corpo celestial por um só instante? Tudo o que posso dizer é que experimentareis grandes coisas; portanto, preparai-vos. Tereis dificuldade de acreditar no que vereis. Sempre que Eu revelo algo grandioso, os únicos seres a que se destina são aqueles que têm um grande coração capaz de compreender a honra desta grandiosidade. Uma vez que tenhais recebido toda a informação relativa a este corpo celestial, tanto quanto possível à vossa compreensão, então começareis a apreciar o significado do versículo da Bíblia que consta: “Nenhum olho humano viu, nenhum ouvido humano escutou, tampouco pôde ser abarcado por um coração ou mente humana o que Deus tem preparado para os homens no Seu Amor”.

14) Onde quer que se revele algo de Mim, sempre se receberá o maior presente do Céu, porque Eu sou o maior de todos os céus, de todo o universo e de todos os mundos. E estando Eu a vos revelar sobre o Céu ou o Inferno, tanto um quanto o outro terá, a seu tempo, contribuído para vossa bem-aventurança. Tudo o que Minha Palavra contém é plenamente vivo e traz - àquele que a aceita com amor, gratidão, humildade e fé viva - a vida eterna e, por conseguinte, o convívio Comigo aqui e no Além. E por esta preferência, quem aceita verdadeiramente Minha Palavra é extremamente feliz.

(3) Refere-se à obra “A Terra e a Lua”.

2

A ABUNDÂNCIA DE ÁGUA NA SUPERFÍCIE DE SATURNO

AS ILHAS CONTINENTAIS

AS GRANDES ZONAS GLACIAIS E OS POLOS

A SUAVE E PURA ZONA CENTRAL

A INTENSA LUMINOSIDADE DA ATMOSFERA

CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE E DE TEMPERATURA

O ANÉL DE SATURNO COMO REGULADOR E REFLETOR

O ESPLENDOR DO CÉU ESTRELADO

1) Tendo sido feita a introdução necessária, podemos ousar e começar a dar uma olhada no planeta em si.

2) Observai a superfície de Saturno... A maior parte é água. Neste planeta não há propriamente um continente, mas abaixo do equador há isoladas ilhas maiores do que a Europa, Ásia, África, América e Austrália juntas. Entretanto, por causa do tamanho de Saturno, elas não podem ser consideradas continentes, mas sim ilhas; elas estão tão separadas umas das outras como a Ásia e a América segundo a região equatorial da Terra. E entre estas grandes ilhas há obviamente um punhado de ilhas menores, que, se comparadas às maiores, são como as menores ilhas da Terra comparadas aos continentes da mesma.

3) Com respeito aos polos de Saturno, são cobertos por neve e gelo permanentemente; esta zona começa a quarenta graus de latitude, menos distante do equador do que aqui na Terra. E o que é descrito na Terra como zona de temperatura moderada é a região sujeita à neve em Saturno. E o que é a zona glacial na Terra é a região de gelo eterno em Saturno. A zona que, na Terra, é tropical é a moderada ou zona limpa de Saturno, onde nuvens ou nevoeiros muito raramente se formam, enquanto que as duas outras zonas estão sob permanentes cerrações e nuvens.

4) Tanto quanto são rudes e rigorosas as zonas de neve e gelo do norte e do sul, tão brilhante, suave e limpa é a zona central, a qual é a única zona habitada. Nesta zona há setenta e sete grandes ilhas, cada qual com um tamanho médio maior que as Américas. E cada uma destas ilhas é, no que tange a sua constituição e seus produtos, mais distinta uma da outra do que a Lapônia em relação à maioria dos países tropicais da Terra.

5) Vós provavelmente pensareis que Saturno, devido a sua grande distância do Sol, seria justamente escuro, e que sua temperatura não poderia ser tão amena próximo ao equador. Se vós pensardes por este caminho, estareis errados, porque este planeta tem sua própria luz, a qual é proporcionalmente mais forte, quanto maior ele é do que a vossa Terra. Este planeta é também rodeado por uma atmosfera que é milhões de vezes maior e mais extensa, com um diâmetro de quase 10.000 milhas geográficas, ao passo que a atmosfera da Terra mede não mais do que 2.000 milhas geográficas de diâmetro, incluindo aí o diâmetro da Terra. Uma vez que a atmosfera de Saturno tem tal diâmetro extraordinariamente grande, quantos raios ultravioleta esta larga esfera de ar é capaz de absorver, podendo conduzi-los refratados e na forma mais condensada para a superfície deste planeta? Este é também o porquê dos habitantes de Saturno verem o Sol muitas vezes maior que os habitantes da Terra. E por isto o calor nas imediações do equador seria insuportável, se não fosse amenizado pelo anel ao redor do planeta. Este anel absorve a maioria dos raios ultravioleta condensados e faz uso deles parcialmente; o restante ele devolve ao universo. Este é o motivo pelo qual, através do telescópio, o anel aparece mais iluminado do que o próprio planeta, enquanto que sua sombra traz um efeito muito benéfico sobre Saturno e, através disto, o trópico ou zona quente torna-se uma zona moderada.

6) Como resultado da ação do anel, não há noite em Saturno tal como na Terra; há, claro, dia no lado voltado para o Sol, mas também no lado oposto, pois o anel tem sua face interna iluminada pelo Sol e pela poderosa luminosidade do próprio anel; além disto, as várias luas que orbitam o planeta contribuem frequentemente para a iluminação do lado oposto ao Sol.

7) Em aditamento a esta verdadeira “noite-de-luz”, ou para melhor entenderdes esta circunstância, “noite-dia”, vem uma terceira luz, que é a luz das estrelas fixas, as quais, quando observadas de Saturno, aparentam ser dez vezes mais poderosas, devido a atmosfera pura e de longo alcance do planeta; consequentemente, as estrelas desprendem uma luz muitas vezes mais forte do que Vênus, a Estrela Vespertina ou Estrela Dalva, desprende para a Terra em sua maior luminosidade.

8) Agora transportai-vos em espírito para a terra na zona central deste planeta e observai de lá o esplendor magnífico do céu estrelado! Em verdade, mesmo se elevardes vossa imaginação ao máximo, não sereis capazes de visualizar a milionésima parte do que existe lá, porque a noite de Saturno é tão iluminada quanto vossa Terra é de dia (*). E sob a benevolente sombra do anel, nunca perdereis de vista a beleza do Sol durante o dia, especialmente se fordes à montanha e apreciardes a imensa vista de lá. E o efeito abaixo do anel é de um resplandecer de cores e nuances tão multifacetadas, que tal é inconcebível a vossa imaginação.

9) No que diz respeito às características dos países na zona central, às montanhas e rios, à vegetação, ao reino animal e aos seres humanos, tudo vos será revelado. Mas, por hoje, ficai satisfeitos com o que vos foi ofertado e meditai a respeito. Descobrireis que vos foi dada uma grande porção, na qual vosso espírito deverá encontrar bom alimento. Tudo sempre vos será dado obrigatoriamente em porções que vos sejam compreensíveis, e vos será dado na maior e mais irrestrita abundância. Devereis ser muito diligentes, pois recebereis uma abundância de informações. Por isto, Eu vos digo: Sede diligentes! Por hoje, Eu digo: Amém!

(*) Observação da tradução para o Português: Alguns homens em nossa história recente, os astronautas, talvez tenham melhor noção, pois experimentam a sensação de ver o espaço estrelado, enquanto são banhados pela luz do Sol. Pelo exposto, percebe-se que a atmosfera de Saturno não só amplia o poder de visão (como uma grande lente de aumento), como também não se torna opaca e azul anil como a terrestre ao receber os raios solares.

3

A TERRA HERRIFA

A MONTANHA CURADORA, GIRP

A ÁRVORE DO SOL, A ÁRVORE DA CHUVA

A ÁRVORE DE CABELOS, A ÁRVORE LARGA E A ÁRVORE DE RAIOS

1) Com referência aos países e suas características, entre eles há, como mencionado no início, diversidade em forma, constituição interna e especialmente no que diz respeito à vegetação e animais, águas, metais e pedras. Nenhum país é similar a outro em nenhum aspecto. A única exceção em todos os países do planeta é o habitante humano e o ar que circunda o planeta; todo o resto é frequentemente sujeito à maior diversidade.

2) Agora nós iremos dar uma olhada em um país que, em Saturno, é denominado Herrifa.

3) Esta terra é maior que a Ásia, Europa, África e o Mar Mediterrâneo juntos. Está localizada em um pequeno trecho sobre o equador de Saturno, em posição ligeiramente inclinada, com a forma de um ovo alongado.

4) É a terra com as maiores montanhas e, na totalidade, a mais montanhosa de todas as outras. A maior montanha é chamada por seus habitantes de Girp e, de acordo com as medidas da Terra, tem 243.150 pés de altura (4). Apesar de sua altura, esta montanha é frequentemente coberta com grama e ervas aromáticas, mesmo em seus picos mais altos. Tem declives suaves em sua extensão. Por esta razão os habitantes podem facilmente escalar esta montanha, como que em um platô ascendente. A montanha é, ao mesmo tempo, a farmácia de medicina natural de toda população, bem como dos animais deste país. Como já mencionado, vós encontrareis aqui a maioria das ervas aromáticas; paralelamente, as ervas com propriedades de cura estão disponíveis para qualquer um dos males. Esta também é a razão pela qual esta montanha e a área ao redor, que abrange 100.000 milhas geográficas quadradas, é a parte mais habitada do país.

5) Há apenas dez diferentes espécies de árvores neste país. Mas destas, três são diferentes das da Terra, porque elas não produzem frutos somente uma ou duas vezes por ano; em vez disto elas estão constantemente florescendo e como tal, produzindo frutos maduros o ano todo, ano após ano.

6) Entre estas árvores, a árvore do sol se distingue especialmente. Em Saturno, esta árvore é chamada Gliuba. Ela alcança altura de mais de 600 pés. O tronco desta árvore adulta frequentemente tem uma circunferência tal, que uma centena de seres humanos não poderia abraçar. Os galhos adultos frequentemente apresentam extensão de 2.966 pés a partir do tronco, de acordo com vossos cálculos e medições. A fim de não quebrarem com seus próprios pesos, eles produzem ramos de sustentação em níveis inferiores, semelhante a uma árvore de bahahania da Terra, os quais são perpendiculares ao solo e, quando completamente crescidos, formam a mais bela colunata. Estes ramos de sustentação se estendem sempre de galhos superiores, de forma que a árvore, quando completamente crescida, se assemelha a uma pequena montanha de basalto da Terra, embora com uma diferença: sobra espaço suficiente entre os ramos de sustentação perpendiculares, de modo que vós podeis penetrar o tronco desta árvore por todos os lados, sem qualquer obstáculo.

7) Uma folha desta árvore do sol, Gliuba, é grande o suficiente para cobrir (na Terra) completamente o cavalo, o cocheiro e toda a carroça. A cor da folha é azul como a pena do pavão e é adornada com as mais lindas marcações. Elas retêm o seu frescor e sua riqueza de cores igualmente quando fica seca, semelhante a uma folha madura quando cai da árvore na Terra; pois a queda das folhas, claro, também ocorre em Saturno.

(4) Um metro corresponde a 3,163 pés.

Entretanto há uma diferença em Saturno: nenhuma árvore jamais fica desfolhada. Isto porque, tão rápido quanto uma folha cai da árvore, outra cresce no lugar. Os habitantes desta área juntam estas folhas, que são muito duráveis e não rasgam facilmente. Eles as usam para fabricação de roupas muito artisticamente confeccionadas, poderia Eu acrescentar. Estas roupas se prestam ao mesmo propósito que vossos casacos. Mas elas podem também ser usadas diretamente na pele nua, porque são muito agradáveis e macias; a face externa destas folhas não é tão polida como são as folhas de vossa Terra. Estas folhas de Saturno podem ser comparadas ao veludo. Na luz do Sol, elas se tornam particularmente iridescentes, quase como o rabo de penas do pavão. Porém as folhas têm muito mais brilho reluzente do que as penas. Mas enquanto jovens, as folhas desta árvore parecem com ouro polido, coberto com um leve tom azulado.

8) Com que se parece a flor desta árvore do sol? Alguém poderia dizer, sem hesitação, que Salomão vestido em todo o seu esplendor real seria reduzido ante a visão desta flor. A flor da Terra à qual a flor desta árvore se assemelha é a rosa, mas com a diferença que esta rosa não é cheia de pétalas; em vez disto ela forma um vasto cálice, similar à flor de amora preta. Toda flor desta árvore do sol tem trinta pétalas vermelhas plenamente cintilantes; cada uma destas pétalas tem o tamanho aproximado de um grande papel de embrulho. As bordas de cada pétala têm uma costura dourada e, em direção ao interior do cálice, a pétala torna-se vermelha mais escura. Há dois filamentos tão finos quanto um braço e com seis pés de comprimento, no centro do cálice. Estes filamentos são transparentes e têm a aparência de pingentes de gelo no inverno. No lugar onde a antera é encontrada nas flores da Terra, estes dois filamentos possuem duas flores menores e peculiares, que brilham como chama intensa; uma destas flores menores brilha na cor esverdeada enquanto a outra é vermelha, mas é um vermelho mais brilhante do que o da própria a flor em si. A flor e a flor menor dispersam uma fragrância extraordinariamente delicada. Estas pétalas e filamentos também são cuidadosamente coletados pelos habitantes. As pétalas são usadas como fortificante medicinal, enquanto que os filamentos são aproveitados como um prato favorito pelos habitantes.

9) Com que as flores se parecem? Que espécie de frutos a Gliuba produz? Será um pouco difícil dar-vos o completo entendimento disto, uma vez que não há nada na Terra que se compare. Mas para terdes alguma espécie de ideia desta fruta, imaginai uma longa e hexagonal haste vermelho-fogo, tão fina quanto um braço humano e com muitas hastes no final. Onde a fruta é conectada ao galho há um grande nó que se desenvolve em forma de talo de 18 polegadas de base. Neste talo se dependura uma fruta nodosa tão grande, que quatro homens fortes da Terra teriam problemas para carregá-la. O interior desta fruta nodosa é uma pequena semente plana, de cor verde e dura como uma rocha, aproximadamente do tamanho de uma noz terrestre. A polpa desta fruta tem gosto de pão e amêndoa adoçada com açúcar. Todos os nós ou "olhos" presentes nesta fruta são côncavos e parcialmente cheios com o mais delicioso hidromel de vossa Terra. A cor deste sumo é amarelada como um bom vinho envelhecido da Terra. A cor da polpa é esbranquiçada e a casca às vezes tem aparência acinzentada, tal como se tivesse sido prateada, mas sem lustre.

10) Aqueles que vivem debaixo destas árvores têm todas as suas necessidades satisfeitas e não precisam de nenhuma propriedade ou pedaço de terra; sua porção de terra é, deste modo, a árvore, a qual não murcha nem se decompõe ao longo da vida, mas continua crescendo, mais na largura do que na altura. Agora uma questão pode ser levantada: Se esta árvore alcança assim tamanha altura, como poderia ela ser escalada, a fim de se colher o fruto? Este problema não existe. O tronco desta árvore, tanto como cada galho, tem espinhos apontados para direita e para esquerda. Ele praticamente se assemelha a uma escada de pombal, que permite à pessoa facilmente escalar a árvore ao topo mais alto e às mais distantes extremidades dos galhos sem, entretanto, encontrar o menor perigo.

E se ocorresse uma queda, nenhum dano haveria para qualquer pessoa em Saturno, posto que os seres humanos e os animais deste planeta podem se sustentar no ar por algum tempo, quando em uma terrível necessidade. Por isto, por diversão eles podem pular dos topos das árvores, o que a geração mais jovem faz frequentemente. Tal feito é possível em Saturno é facilmente explicado pelo fato do anel, que está a uma distância de poucos milhões de milhas geográficas, divide o poder da força de atração (gravidade) no espaço entre ele e o planeta, a uma razão de 1 a 3/5. Se, além desta circunstancia de redução de peso, acrescentarmos mais outra condição orgânica conveniente, então a gravidade residual é facilmente anulada e a pessoa ficará capacitada a se manter no ar por um maior período de tempo.

11) Agora nós apreendemos sobre uma espécie de árvore; nove ainda restam. As espécies remanescentes não são tão imponentes ou tão benéficas para os saturnianos. Entretanto estas espécies servem aos animais que habitam este país de Saturno e eles são, a saber, aqueles que se assemelham aos pássaros da Terra.

12) Particularmente notável é a árvore da chuva, que em Saturno é denominada Briura; além dos animais, seres humanos também obtêm algum benefício desta árvore. Como o pinheiro da Terra, esta árvore tem somente um tronco, que frequentemente alcança alturas de 240 pés e tem o diâmetro de uma torre de igreja de tamanho médio. Esta árvore expande seus galhos muito longe e sempre da mesma maneira que um pinheiro terrestre. Suas folhas são como vários pequenos tubos verde-claros, dos quais goteja a mais pura água. Por isto os saturnianos constroem grandes tanques com 600 pés de diâmetro para armazenagem de água ao redor destas árvores, e isto faz parecer que a maioria destas árvores se encontra de pé no centro de açudes. Estes tanques de armazenagem são construídos, é claro, com o propósito de recolher a água que vem em abundância da árvore e é usada pelas pessoas tanto quanto pelos animais domésticos que elas mantêm.

13) Agora vós provavelmente direis: Não há água nascente em Saturno, especialmente na região montanhosa, tal como nas montanhas da Terra? Sim, há muitas nascentes, algumas com água suficiente para envergonhar vosso rio Mur (5). Mas esta água nascente é considerada muito crua e pesada para os seres humanos. De qualquer modo, no que diz respeito aos saturnianos, a água da árvore da chuva é bem mais purificada e similar à água fervida; por isto eles usam esta água para todas as suas necessidades de consumo. Por esta razão eles dizem: Água nascente é feita somente para os animais, lavagem e irrigação do solo. Mas para os seres humanos e seus mais nobres animais o grande Deus criou a árvore da chuva, que produz a boa água tratada.

14) Esta é uma segunda espécie de árvore que, embora em estado bem menos perfeito, também cresce na Terra muito de vez em quando, especialmente nos países tropicais.

15) Agora iremos dirigir nossa atenção para a árvore de cabelos brancos, que em Saturno se chama Kiup. Esta árvore tem um tronco reto que frequentemente alcança 180 pés e é quase perfeitamente roliço. Ela não tem galhos; em vez disto crescem filamentos branco-prateados no topo, que formam um largo feixe devido à sua abundância. Os cabelos ou feixes se dependuram do topo até o meio do tronco, e o circundam com uma espessura de várias braças. Estas árvores apresentam uma bonita visão ao espectador, independentemente se o vento sopra forte ou não. A floresta destas árvores parece uma floresta coberta de neve. As pessoas cuidadosamente juntam os filamentos que caem destas árvores, com os quais elas produzem uma espécie de linho. Este material é muito elástico, macio e durável. Isto é tudo sobre a utilidade desta árvore que muito beneficia os saturnianos.

(5) Um rio caudaloso na região montanhosa da Europa.

16) A seguir desta árvore, nós iremos tratar sobre a árvore larga, que em Saturno é denominada Brak. Na Terra não há árvore que se assemelhe a esta. Ela cresce para fora do solo como uma parede vermelho-dourada. No início, ela parece uma linha sucessiva de troncos que com o tempo crescem tão perto e comprimidos uns dos outros, que se tornam realmente uma parede. A parede frequentemente tem uma altura de várias centenas de braças e alcança alturas de 120 a 150 pés. A parede não tem galhos, ramos ou folhas, mas a face superior apresenta uma densa e verde-azul ada ramada. As folhas são semelhantes às folhas de plátano ou árvore platanus da Terra. No centro desta ramada crescem belamente pequenos e eretos talos que produzem a flor e a verdadeira fruta. A fruta só é comida pelos pássaros e não pelos seres humanos. È uma espécie de fruto carnoso, longo e avermelhado. Mas quando as flores caem, as pessoas as recolhem e enchem sacas com elas, até mesmo as sobras; a razão disto é seu efeito fortificante e sua fina fragrância. A floresta destas árvores parece um labirinto. E quando as pessoas entram na floresta para colher as flores, marcam seus caminhos, pois assim elas encontrarão suas trilhas de volta para casa. Quando certo grupo de árvores é iluminado pelo sol, as paredes têm um reflexo muito forte, similar a uma superfície dourada.

17) A próxima árvore que Eu devo descrever é a árvore de raios, chamada Bruda. Esta árvore tem cor completamente amarela, tem um tronco só, e nela só crescem galhos e ramos para esquerda e direita, sempre em linha reta. Os galhos mais baixos têm uma espécie de estrelas verdes que se afilam em seis pontas regulares. Cada ponta tem uma pequena flor azul, similar à flor-do-sino da Terra. A flor é seguida por um fruto avermelhado, similar ao botão da rosa da Terra.

18) Vós deveis estar desejando conseguir uma noção desta árvore. Se parece com o objeto em que se expõe a hóstia sagrada, mas em tamanho gigante. Pouco ou nada é aproveitado desta árvore pelos seres humanos, exceto nas retas avenidas arborizadas, com propósito ornamental.

19) No que diz respeito às demais árvores e outras poucas plantas, especialmente às espécies peculiares, nós discutiremos isto em detalhes no capítulo seguinte. E por agora, Eu digo Amém.

4

A ÁRVORE-FUNIL, A ÁRVORE-PIRÂMIDE E A ÁRVORE-ESPELHO

1) A árvore-funil, que em Saturno é chamada Kibra, é a sexta espécie de árvore. O tronco tem um diâmetro de 18 pés e uma polida casca azulada. O troco tem o mesmo diâmetro do topo até a base e alcança a altura de 120 pés. No topo crescem galhos de todos os tamanhos, num ângulo afunilado de 45.º. Estes galhos são retos, chegam a 60 pés de comprimento e têm ramificações salientes, brotando paralelas à direita e esquerda, semelhantes ao pinheiro terrestre. E tais ramificações também estão diretamente no tronco, onde se tornam mais longas e largas. E são ao mesmo tempo, tanto quanto os galhos, como as folhas desta árvore. No final dos galhos, vós encontrareis as flores e eventualmente os frutos. Entretanto esta espécie de árvore não tem tantas frutas quanto galhos.

2) A peculiaridade desta árvore ocorre no período de sua floração. Antes das flores brotarem, a árvore em si começa a queimar, porém é um fogo frio, que se assemelha ao do vaga-lume e ao da madeira apodrecida. Há uma distinta diferença: este fogo da prefloração é bem mais brilhoso do que o do mencionado vaga-lume. Eventualmente, uma floresta inteira destas árvores dá ao espectador um magnífico espetáculo de luzes. Nem sempre estas árvores começam a florescer ao mesmo tempo, pois o fogo da prefloração chega para algumas árvores mais cedo e mais tarde para outras. Este fogo ocorre sete dias antes da floração e queima continuamente, mas as cores mudam constantemente. O resultado disto é que o brilho apresentado na árvore-funil durante sete dias muda de uma cor primária para outra; em outras palavras, a mudança ocorre ininterruptamente ao longo das sete cores primárias.

3) Agora imaginai cada árvore florescendo. Posto que nem todos os galhos desta árvore começam a florescer no mesmo dia, o fogo da prefloração em uma mesma árvore já é multicolorido. Com apenas um pequeno exercício de imaginação, vós podeis captar quão espetacular é a floração ou, na verdade, quão espetacular é a queima da floresta na prefloração deve aparecer aos olhos do espectador (especialmente estando este em um ponto de observação mais alto e vantajoso), mormente quando uma floresta inteira de árvores do funil começa a florescer desta forma. Frequentemente estas florestas cobrem uma área de várias centenas de milhas geográficas quadradas.

4) Após esta queima da prefloração, a flor peculiar desta árvore faz sua aparição. Eu estou certo que não seria tolerada em muitos de vossos estados, uma vez que seis a doze fitas tricolores crescem a uma largura de doze pés por doze a dezoito pés de extensão, de uma haste ouro amarelada que é mais grossa que um braço humano. Esta fita tem três cores de igual largura: vermelho, azul e branco (*). E há tantas flores em tantas árvores, que parecem muitas bandeiras de fitas flutuantes ao vento.

5) Agora vós tendes uma pequena concepção do esplendor das flores desta árvore. Quando o tempo da floração termina, as bandeiras e hastes caem da árvore e os espécimes mais belos são recolhidos pelos habitantes. Já que elas perdem o esplendor quando secam, os saturnianos enrolam as flores caídas e a folhagem, fazem pilhas, e, enquanto elas ainda estão frescas e macias, eles relaxam nelas para fortalecer seus corpos. Uma vez que elas se tornam secas e firmes, eles as queimam. E enquanto queimam, expelem uma fumaça com adorável fragrância e uma cor cinza aço-prateada que propicia um excelente fertilizante para o solo. As partes não atrativas destas flores são deixadas sob a árvore, quando então se decompõem e por este meio também fertilizam o solo.

(*) Observação da tradução para o Português: cores da França, na época em luta contra austríacos e alemães.

6) A coisa mais magnífica desta árvore é o fruto que vai se formando após a flor. A forma deste fruto se assemelha um pouco ao formato de uma garrafa de cuia da Terra, mas com a diferença que o pescoço do fruto frequentemente alcança o comprimento de 24 a 30 pés e tem um diâmetro de 2 pés. O pescoço envolve no final uma esfera perfeita, a cabeça, cujo diâmetro tem em torno de 9 a 12 pés. A casca externa deste fruto tem a aparência de puro ouro polido. Novamente, perguntai à vossa imaginação qual o efeito de uma floresta inteira destas árvores sendo atingida pela luz do Sol.

7) Vós provavelmente também gostaríeis de saber qual a utilidade deste fruto. A resposta é muito simples. Para o mesmo propósito que usais as cuias na Terra: em parte para reter líquidos (água) das fontes ou poços; em parte para conter, guardar ou preservar sucos que foram extraídos dos mais variados frutos e plantas. Este fruto é colhido tão cuidadosamente quanto possível e guardado para ser usado como artigo de troca.

8) Vós poderíeis também gostar de saber por que esta árvore tem a forma de funil. A razão do funil é que esta árvore pode absorver a luz do sol e o fluido eletromagnético mais efetivamente. No centro do funil há um tubo principal do qual evapora uma verdadeira névoa, especialmente durante a noite. Esta névoa, se inalada, é algo venenosa e destrutiva para o restante da vegetação e para os seres humanos, caso a luz do sol não a disperse. Entretanto tal funil é estruturado de tal modo, que não permite que esta desta névoa se dissipe ao longo da noite além do que a árvore precisa para sua frutificação ou polinização, e só enquanto o fruto não alcança completamente metade de sua maturação. Por conseguinte, durante a maturação do fruto, o tubo principal no centro do funil começa a se estreitar, e então a névoa é direcionada para o fruto, a fim de inflá-lo. Por outro lado, através desta atividade o funil retém tanto de ar revitalizante, que os saturnianos sobem com escadas até estes funis, preparam suas camas e dormem neles por muitas noites.

9) Vede, isto é o que é memorável com ralação a esta árvore-funil! Além do ar revitalizante, não há nada que seja conveniente para o consumo humano. As sementes, que são semelhantes às sementes de abóbora da Terra, são consumidas só pelos animais domésticos.

10) Agora discursaremos sobre a sétima espécie de árvore, a árvore-pirâmide, que é chamada Uhurba.

11) Esta árvore atinge as maiores alturas de todas as árvores deste corpo celestial e tem os mesmos atributos do vosso abeto-prata, que tem o tronco esbranquiçado. A árvore pirâmide frequentemente alcança tais alturas, que na Terra dificilmente há uma montanha que possa competir com ela. A Uhurba tem um tronco somente, que ao nível da base frequentemente alcança o diâmetro de 480 a 600 pés. Os galhos começam retos na base do tronco e crescem em várias direções. O mais baixo destes galhos de uma árvore-pirâmide completamente crescida frequentemente tem um comprimento de 6.000 pés, e, aproximando-se do topo da árvore, os galhos gradualmente tornam-se cada vez mais curtos, de tal maneira que assumem o formato de uma potente pirâmide em forma de cone circular. Quando comparadas a estas árvores, vossas orgulhosas pirâmides egípcias não são mais do que pequenas conchas de caracol. Se houvesse a possibilidade de transportar fisicamente um ser humano terrestre a Saturno, este ser acreditaria estar se deparando com as mais altas montanhas.

12) Esta árvore pertence à família das coníferas; sua folha se assemelha, claro que em tamanho muitíssimo maior, às agulhas do pinheiro da Terra, e a cor não é verde, mas sim azul. A utilidade desta árvore diz respeito à purificação do ar; e o preenchimento dele com sustâncias vitais. Isto de uma forma tão extraordinária, que o poder de cura dos topos dos galhos desta árvore chega até a Terra. A fragrância balsâmica das coníferas terrestres recebe suas substâncias etéreas da árvore-pirâmide de Saturno.

13) Estas árvores também são cuidadosamente plantadas em todo lugar, o que é feito facilmente, tomando-se uma muda desta árvore e plantando-a em algum lugar de bom solo. Rapidamente ela começa crescer e em poucos anos saturnianos completa seu crescimento, tornando-se uma árvore imponente. Pode alcançar a idade de vários anos saturnianos. Quando, passado este tempo, esta árvore murcha, a raiz começa a se decompor primeiro e a árvore passa a se consumir uniformemente até o ponto mais alto. Enquanto tal árvore se decompõe e consume, os habitantes espalharão ao seu redor um magro solo. Em poucos anos este se tornará muito fértil e será preparado para o cultivo de suas ervas de sumo. Igualmente podeis empregar a ajuda de vossa imaginação para visualizar várias destas árvores, e a vossa ilusão de “grandeza” da Terra será bem afetada.

14) Vós sabeis agora os detalhes mais importantes desta árvore. Sendo assim, nós devemos dirigir nossa atenção para a oitava espécie, que para vossos habitantes da Terra deve realmente ser a árvore mais peculiar. Vós não encontrareis nada parecido na Terra.

15) A oitava espécie de árvore é a árvore do vidro extraordinário ou árvore-espelho, chamada Ubra. Esta árvore tem um tronco verdadeiramente quadrado, o qual é translúcido como os vidros verdes da Terra. O tronco regula com a altura. A árvore em si alcança uma altura de 120 a 180 pés e não tem galhos ao longo do tronco. Mais da metade do tronco da árvore de vidro ou árvore-espelho é parecida com uma espécie de cacto da Terra, adornado com grandes flores penduradas, as quais têm o mesmo formato dos lírios da Terra, só que maiores e com a diferença que, em Saturno, cada pétala de flor tem uma cor diferente. Há um total de dez pétalas em cada flor. Após meio ano, as flores começam murchar e uma espécie muito peculiar de fruto começa a crescer feito uma cristalina haste cartilaginosa. No início este fruto consiste de nada mais do que uma bolsa de água translúcida, que gradualmente começa a crescer e crescer. Quando este fruto amadurece, ele se assemelha a um balão com 6 a 9 pés de diâmetro.

16) Quando este fruto alcança o primeiro estádio de amadurecimento, o líquido na bolsa começa a condensar todo seu conteúdo, tanto que a bolsa se contrai e descasca pouco a pouco com a condensação do líquido. O líquido condensado cai da árvore no chão, junto com a haste. Daí então, os saturnianos colhem este suco solidificado; eles cortam este fruto uniformemente, e o resultado é que eles obtêm placas quadradas que usam como espelhos. Esta árvore não tem mais nenhuma outra utilidade além de adorno para os seus jardins, pois se uma fileira destas árvores é plantada, forma uma magnífica avenida de esplendor. A razão pela qual os habitantes de Saturno preferem plantar esta árvore é porque, tal qual a árvore-pirâmide, é facilmente plantada, mas esta última não pode ser propagada através de mudas. Uma vez que não tem galhos, ela é plantada por meio de sementes, as quais não estão contidas nos frutos, mas sim nas flores.

17) A razão da translucidez é que o organismo inteiro consiste de tubos quadrados, através dos quais o líquido que lhe é útil ascende. Se os órgãos fossem arredondados, nenhum raio de sol seria capaz de penetrá-los, porque os raios seriam refratados muito frequentemente; ao passo que nestas formas quadradas os raios experimentam muito pouca refração e podem, portanto, penetrar sempre sem qualquer obstáculo. E uma vez que todas as árvores de Saturno, e especialmente neste país, têm a casca completamente lisa e polida, a superfície desta árvore peculiar brilha como o vidro espelhado da vossa Terra, tanto que qualquer transeunte pode ver seu reflexo da cabeça ao dedão do pé no tronco desta árvore.

18) Esta explanação cobre os detalhes da oitava espécie de árvore. Permiti que vossa imaginação vagueie a respeito, e a vós não será difícil entender como Eu, o Criador, sou capaz de adornar um mundo sem cidades e palácios construídos pelas mãos humanas. Esta é a informação de hoje. Discutiremos as outras espécies de árvores nos demais capítulos. Amém.

5

A ÁRVORE MISCELÂNEA, A ÁRVORE DE FOGO E O ARBUSTO OLEOSO

A FORMA FÍSICA DOS SERES HUMANOS DE SATURNO

SUAS REAIS CARACTERÍSTICAS E OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

1) A árvore de número nove na série de árvores que crescem em Saturno é a Ahaharke. O nome desta árvore é difícil de traduzir para alguma língua falada na Terra, porque em toda a Terra vós não encontrareis facilmente algo que possais compor como um nome adequado para esta árvore. A única solução seria chamá-la de árvore miscelânea.

2) A altura desta árvore é aproximadamente 96 pés, seu tronco básico também tem uma circunferência de 96 pés. Deste tronco um grande número de galhos cresce em todas as direções, cujos maiores alcançam o comprimento de 60 pés. Do ponto em que estes galhos começam a se expandir ou espalhar, três troncos elevam-se retos e em ordem apropriada. Estes troncos frequentemente podem alcançar alturas de 72 a 90 pés. No final destes troncos crescem galhos e ramos em todas as direções e em proporções adequadas. De cada um destes galhos erguem-se novamente três troncos com altura de 60 pés, dos quais novamente crescem galhos e ramos em grandes quantidades, que se espalham e crescem em proporções adequadas. Acima da terceira coroa de árvore, galhos novamente se elevam retos ao ar, sendo estes proporcionalmente os menores galhos e ramos, indo até o topo. Quando a árvore está completamente crescida, ela tem de sete a dez destas graduações ou estágios e em ordem tal que de cada tronco de árvore elevam-se três novos troncos; assim sendo, em seus últimos estágios a árvore representa realmente uma floresta.

3) Agora sabeis por que esta árvore é chamada de árvore miscelânea. A razão para este nome pode ser dada sem qualquer dificuldade. O entendimento, entretanto, é assunto diverso, porque em cada estágio esta árvore produz diferentes espécies de fruto e, como resultado, diferentes folhas e flores. O mais extraordinário ou peculiar desta árvore, e ao mesmo tempo o mais inacreditável, é que ela produz a mesma espécie de fruto somente a cada dez anos. Isto porque de um ano para o outro a árvore muda seu fruto e não há quem saiba qual será a próxima espécie de fruto que a árvore produzirá. E com tal mudança, as folhas e flores mudam também. Quando várias destas árvores estão em uma mesma área, nenhum fruto combina com o fruto de outra árvore. Então, para que possam a qualquer tempo usufruir todos os frutos que esta árvore produz, os saturnianos plantam dez destas árvores, uma a cada ano. E assim aquele que tem dez destas árvores em sua propriedade tem todos os produtos da mesma. Isto porque cada árvore produz um fruto diferente e troca anualmente seu fruto até o décimo ano, então começa novamente com o fruto de dez anos atrás.

4) Entretanto, desde que o plantio de cada árvore difere de um ano, pode acontecer que a primeira árvore produza um fruto inteiramente novo no segundo ano, mas a árvore que foi plantada a seguir deve produzir os mesmos frutos que a primeira árvore produziu no primeiro ano. E quando primeira árvore novamente produz no terceiro ano uma nova espécie de fruto, então a segunda árvore produz no terceiro ano o que a primeira produziu no segundo ano. A terceira árvore produz o mesmo fruto que a primeira produziu no primeiro ano e a segunda no segundo ano. E assim sucessivamente. Tendo murchado uma destas árvores, então outras dez são plantadas diagonalmente à velha árvore, em ordem tal que o fruto fica disponível ano após ano e nenhum fruto é perdido. Além disto, os frutos desta árvore apresentam-se em ordem tal, que o maior e mais pesado é encontrado nos níveis mais baixos da árvore e nesta progressão os frutos tornam-se menores e mais leves na direção do topo.

5) A natureza de cada fruto desta árvore e como este fruto é usado pelas pessoas de Saturno não pode ser descrito em seus maiores detalhes, porque isto necessitaria centenas de páginas, se feito apropriadamente. Mas em geral pode-se dizer que nesta árvore há, num sentido mais abrangente, a representatividade de todos os frutos que crescem em vosso clima moderado da Terra e que contêm em seus âmagos uma ou várias sementes bem desenvolvidas. Por exemplo, o mais baixo nível produzirá num ano somente maçãs, no segundo ano somente peras, no terceiro somente ameixas, no quarto apenas pêssegos, no quinto apenas damasco, e assim por diante. Os níveis mais altos desta árvore produzem frutos similares, porém grandiosamente desenvolvidos ou em estágio mais enobrecido, tendo também uma forma inteiramente diferente, além do gosto muito melhor e mais refinado. Sendo assim, os frutos do nível mais alto são real, completa e inteiramente de natureza etérea e, no que diz respeito à forma e ao gosto, não trazem qualquer semelhança com os dos níveis mais baixos; eles são tão diferentes em termos terráqueos, como uma uva madura é de uma maçã não amadurecida.

6) E esta é a progressão que diz respeito ao fruto desta árvore. E se trabalhardes um pouco em vossa imaginação, provavelmente sereis capazes de vos complementar daquilo que nós temos apenas ventilado num devido lapso de tempo, e que por isto mesmo não foi tratado com detalhes. Daí concluiremos a descrição desta árvore dizendo que estes frutos são comidos pelos saturnianos, porém apenas os frutos dos níveis mais altos, enquanto que os dos níveis mais baixos são usados como provisão para seus animais domésticos. Obviamente é compreensível que o fruto em Saturno é dez vezes maior que o mesmo fruto na Terra. A casca desta árvore lembra a casca de vossa macieira e também é algo áspera. Mas a casca desta árvore não é cinza como na Terra, mas sim vermelho escuro e torna-se mais clara a cada nível que subimos.

7) E agora devemos dirigir nossa atenção para a última árvore desta sequência, que é a mais peculiar neste país.

8) Em Saturno esta árvore é chamada Febura, que em vossa linguagem significa árvore de fogo. Esta árvore tem uma similaridade com a que em vossa Terra chamais aragonita (flor de ferro) no que diz respeito ao seu desenvolvimento; esta árvore é completamente mineral. O tronco arredondado lembra uma coluna de mármore branco com uma circunferência de 36 pés e altura de 90 a 120 pés. Tem a mesma circunferência da base ao topo. No topo, o tronco se divide justamente como uma árvore de coral, em muitos diferentes galhos e ramos, os quais terminam todos em pequenos tubos. Os ramos se curvam e oscilam justamente como a aragonita acima mencionada. Esta árvore não tem nenhuma folha ou fruto. Seu propósito é estritamente voltado ao fogo. Seu fruto é por esta razão o fogo, que é usualmente produzido quando uma parte do país está sob a sombra do anel. Em Saturno, o tempo não é determinado por estações como verão e inverno, tal como na Terra, mas sim pelo período de sombra e o período de luz. Esta árvore supre a falta da luz do Sol durante o período de sombra, através de sua luz branca. Todas as raízes desta árvore são, na realidade, pequenos tubos que têm a capacidade de atrair o mais sutil gás natural. Este gás é guiado através de tubos aos ramos externos, onde faz contato com o ar atmosférico (que no período de sombra contém uma grande quantidade de oxigênio), entra em ignição e queima até que a luz do sol volte a brilhar novamente. A luz do sol expande o ar atmosférico e provoca a queda do oxigênio, e assim o fogo da árvore começa a se extinguir, ela entra em repouso e não mais crescerá, até que o período de sombra a ative novamente. Em Saturno, o período de sombra se estende por meio ano e, tal como a estação de inverno do planeta Terra, toma-se por base a temperatura para identificá-la.

9) Esta árvore começa a crescer sem sementes, como cogumelos da Terra, mas jamais onde o solo é magro; em vez disto, ela cresce onde o solo contém nafta, e é lá que vós mais frequentemente encontrareis a árvore de fogo. Os saturnianos também plantam esta árvore cortando os ramos junto do tronco (*) durante o período de sombra e plantando-os em solo rico em nafta. Os ramos continuarão a queimar e a crescer continuamente. Tal qual acontece com mudas na Terra, as raízes crescem no solo e se espalham sobre o terreno.

10) O fogo desta árvore não é propriamente uma chama de queima; às vezes ela aquece, outras vezes dispersa a energia do aquecimento a uma certa distância, por meio do efeito de muitos e intensos raios brancos. Esta é a forma pela qual este planeta é mantido aquecido e iluminado durante o período de sombra, e, por conseguinte, não muito mais frio do que no período com a própria luz do sol. Toda família procura deste modo plantar tais árvores em grande número ao redor de suas moradias e propriedades, de modo a reduzir a perda de calor ou de luz durante o período de sombra.

11) Permiti vossa imaginação vaguear quando ela chegar aos efeitos desta árvore e vós certamente percebereis que, além de sua magnificência, a luz tem um efeito muito maior que vossas luzes de iluminação a gás (6), mesmo que vós as juntásseis de uma vez em um farol. Decerto, se vós plantásseis apenas uma árvore de fogo em um morro adjacente, não apenas ela iluminaria uma cidade inteira tal como dez luas cheias, mas sim um país inteiro se beneficiaria com esta luz. Agora imaginai muitos milhares destas árvores ao longo de um país e como suas luzes afetariam este país. Se vossa vermelha e prejudicial luz da queima vos supre na noite escura, quão não vos supriria a delicada luz branca? Entretanto estas espécies de árvores não são destinadas à Terra, ainda que no Oriente, especialmente em algumas áreas do Cáucaso, casos similares ocorram, onde algumas vezes é constatado que um graveto, uma vareta de junco ou um pedaço muito poroso de madeira encravada no solo entra em combustão espontânea, queimando como uma tocha, queimando aos poucos a face externa da madeira ou do caniço; ainda assim há uma diferença: as chamas são avermelhadas e extremamente quentes.

12) Isto completa o viveiro de árvores deste país, e nós podemos agora tratar dos arbustos de um modo geral.

13) Os arbustos que crescem em Saturno têm a peculiaridade de não serem tão baixos como os da Terra; embora eles representem as menores plantas (no que diz respeito às espécies vegetais do planeta), apresentam-se em diferentes e variados tipos. Apesar disto, frequentemente o menor arbusto de Saturno cresce mais alto e mais imponente que a maioria das árvores mais expressivas da Terra. No país aqui descrito há cerca de 12.000 arbustos bem diferentes uns dos outros. Cada espécie tem seu próprio fruto particular, dos quais são feitos muitos pequenos e exclusivos usos pelos diversos seres que habitam o ar. Entretanto um destes arbustos, que é o mais abundante e é cultivado pelos habitantes de Saturno, não deveria passar despercebido, porque ele se assemelha totalmente à vossa árvore de oliva, novamente com a diferença de ser um arbusto muitas vezes maior. Os bagos desta árvore são tão grandes que, quando está madura, um bago produzirá um litro do mais fino óleo. E se um destes arbustos frequentemente carrega vinte a trinta mil destes bagos em seus galhos até a maturação, isto deveria vos dar uma ideia do rico óleo colhido; em especial, se puderdes também imaginar que uma família sempre tem diversos milhares destes arbustos oleosos ─ ou, mais propriamente, árvores oleosas ─ em sua propriedade.

(*) Observação da tradução para o Português: processo de extração de muda.

(6) A revelação foi dada em 1842 e 1843. Nesta época, toda iluminação − tanto doméstica como pública − era a gás (com o famoso lampião de gás).

14) Certamente a propriedade da família não é tão pequena quanto uma grande fazenda da Terra; muitas vezes são bem maiores do que um país inteiro. Além disto, os seres humanos que habitam Saturno são extremamente belos quanto à forma física; eles também são mais altos do que vós. A altura da mulher é algo em torno de 80 a 90 pés e a altura do homem de 95 a 135 pés. Muitos dos seus animais domésticos foram criados nestas proporções.

15) Se vós tomardes estas proporções a partir de agora, tudo o que for dito será muito mais compreensível. Por hoje, Eu digo Amém.

6

AS ERVAS E AS PLANTAS BENÉFICAS DE SATURNO

CEREAIS (MILHO)

O BARRIL FLUENTE, A ÁRVORE AMBULANTE E A GARRAFA DE CUIA

1) Nós já apreendemos tudo o que era mais singular a respeito dos arbustos. Agora nós devemos voltar nossa atenção para as ervas e as plantas benéficas deste país.

2) Este país é um dos mais montanhosos de Saturno, e por isto ele tem o maior número de plantas e ervas benéficas, proveitosas e curativas.

3) Por exemplo, vossos campos de colheita de safras tais como grãos, trigo, cevada, etc., não crescem em Saturno. Mas no lugar destas há muitas outras espécies cultivadas de grãos que até certo ponto se assemelham aos vossos cereais, porém estas plantas crescem vinte a trinta vezes mais do que as dos cereais da Terra. Suas folhas têm frequentemente algo em torno de 12 a 21 pés de comprimento e 5 a 8 3/4 pés de largura. Tais folhas têm uma cor completamente azul celeste. As extremidades têm aproximadamente 9 polegadas de espessura, enfeitadas com um leve vermelho carmim, ao passo que o centro - que tem também 9 polegadas de espessura, a qual afila-se até 1 polegada em direção à ponta da folha - apresenta um dourado esverdeado. A haste desta planta é tão grossa quanto a base de um carvalho crescido da Terra e tem uma cor de ouro polido de luminosidade escura, tornando-se mais clara à medida que sobe. A corola, cujos ramos em geral se espalham por 6 a 9 pés, parece um candelabro com os mais brilhantes cristais belamente talhados. A razão desta aparência é porque tudo em Saturno é em escala consideravelmente maior. Ao verdes a flor do cereal através de um bom microscópio, vós constatareis sempre a mesma espécie de lustre, o qual, por sua vez, se mostra tal qual um pólen esbranquiçado.

4) Em escala maior, o fruto desta planta lembra um sabugo de milho, ainda que não quanto ao gosto e ao uso. Em Saturno o fruto tem gosto delicado e pode ser comparado neste particular ao abacaxi. Quando este fruto está maduro, os grãos individuais podem facilmente ser removidos e comidos imediatamente; eles não são farinhentos; em vez disto eles são suculentos como as uvas da Terra. O peso de uma destas polpas, de acordo com os padrões da Terra, é normalmente entre duas e três libras. Um sabugo frequentemente sustenta em torno de 300 a 500 polpas, e uma simples planta produz 20 a 30 destes sabugos; isto vos dará uma ideia do quão rica tal colheita pode ser.

5) Mas onde estes habitantes estocam esta colheita? Vós apreendestes sobre os bons "containers" (recipientes) que a árvore funil propicia. É lá onde as polpas são estocadas, bem como prensadas para extração do sumo. O fruto cresce quatro vezes ao ano e é extremamente saudável e fortificante. O suco revigora os corações dos habitantes de Saturno tanto quanto as uvas terráqueas e seus néctares fortificantes, se não mais.

6) Uma vez colhido o fruto, a planta é deixada nos campos até secar; então os saturnianos dirigem seus grandes animais de tiro e de carga para estes campos, onde eles comem as folhas; as hastes permanecem ilesas. Então os habitantes cortam estas hastes com uma serra especial. Eles fazem grandes pilhas em todos os campos e queimam-nas; isto dá ao solo os necessários nutrientes ao crescimento e futuros cultivos de plantas.

7) Se este fruto é destinado a prosperar, o solo deve estar úmido. Mas desde que raramente chove e não há orvalho neste clima moderado, tanto quanto alhures onde o clima do planeta é predominante moderado, e desde que fontes não são abundantes nas regiões campestres, o que os habitantes podem fazer? Como eles irrigam tais campos? Estes campos usualmente cobrem uma área de 30 a 40 milhas geográficas quadradas. Vede, Eu, o Criador, resolvi este problema com outra planta, a qual cuida da irrigação. Esta planta é plantada juntamente com as demais plantas benéficas.

8) Esta planta é chamada de planta barril fluente e produz cuias de grande semelhança com a cuia comum da Terra. Mas em Saturno estas cabaças alcançam um tamanho e altura tal, que mesmo os saturnianos têm dificuldade de olhar por cima delas. Esta planta em si frequentemente cresce várias milhares de braças na largura e no comprimento e tem seis pés de espessura. Ela provém de sua raiz em centenas de afloramentos em todas as direções. As folhas lembram as da abóbora da Terra, mas elas são várias centenas de vezes maiores, e a cor não é verde, mas sim integralmente azul-violeta. Estas folhas têm marcas como estrelas brancas prateadas que a cobrem por todo lado. O contorno da haste da folha tem 12 a 18 pés de comprimento e várias braças de diâmetro. O interior da haste é côncavo; na parede da haste há muitos milhares de tubos que vão na direção da folha; eles nutrem a mesma com um cálido sumo; parte deste líquido goteja da ponta da folha para o chão e umedece o solo desta maneira, feito uma constante chuva leve. Entretanto a principal função de irrigação desta planta é realmente executada por seu fruto. Tão logo este fruto fique meio maduro, à noite ele abre seus poros superficiais, que também são pequenos tubos que surgem da sua superfície para tal propósito, através dos quais um fresco líquido é forçado e espalhado como uma fonte, e o solo deste modo recebe regular e suficiente irrigação a noite toda.

9) Agora uma questão podia ser levantada: De onde o fruto extrai esta água? A resposta é que esta planta é uma verdadeira artesã perfuratriz de água de poço ou reservatório subterrâneo; ela guia suas raízes longa e profundamente para baixo, até encontrar um poço subterrâneo em qualquer lugar. Lá ela puxa tal água encontrada para cima com a maior eficiência e então a conduz através da melhor tubulação de água, completamente purificada, para sua área externa de rápido crescimento.

10) Os habitantes Saturno usam este fruto para algum outro propósito além da irrigação de seus campos? Sim, eles fazem uso deste fruto quando está completamente maduro. Eles o cortam longitudinalmente bem ao meio. A semente e a polpa da cabaça são removidas; as sementes são guardadas para um futuro plantio e as polpas são usadas para alimentação das vacas, ovelhas e cabras de Saturno. A pele ou casca da cabaça, a qual tem seis pés de espessura, é seca, e assim alcança grande firmeza. Uma vez que ela esteja completamente seca, a metade do fundo desta fruta é normalmente usada como uma espécie de recipiente para transporte aquático, enquanto que a metade de cima, que é porosa e tem muitos tubos, é usada do modo mais simples, como uma espécie de carroça.

11) Uma perfuração é feita nas paredes opostas da cuia e através de tais buracos um forte e bem preparado eixo é colocado. Em cada extremidade, uma roda é montada. Um outro buraco é perfurado em frente, através do qual uma barra de reboque é posicionada comandando um eixo fixado por um cravo, e a viga-mestra é montada em frente à barra de reboque. Desta forma a carroça está perfeitamente pronta para o uso, exceto pelas rodas. Estas rodas não têm de ser confeccionadas por mãos humanas; elas são confeccionadas pela arte da Natureza, a saber, por esta mesma planta. Nada mais é necessário além da haste perfeitamente arredondada desta cuia, da qual as rodas são extraídas com uma serra; elas usualmente medem 18 a 24 pés de diâmetro, sendo que algumas chegam a ter 30 a 36 pés.

12) Isto completa o trabalho com a carroça. Tudo o que resta a ser feito é atar um boi na viga-mestra, ou, para um transporte mais rápido, um destacamento de cães ou de alces, e a carroça estará pronta para o uso. Esta carroça acomoda facilmente quatro saturnianos.

13) Esta espécie de vagão somente é usada como veículo leve; claro que os saturnianos têm vagões muito mais pesados e maiores, que eles habilmente constroem em madeira e, tal como os vossos na Terra, são habilmente equipados com encaixes e reforços de metal maleável e resistente. Este metal é semelhante ao vosso ferro, entretanto, é mais puro, de maior durabilidade, não enferruja e sempre retém em sua superfície um lustre dourado. A cor deste metal é como a platina misturada ao puro ouro e ao puro ferro. Na Terra, um químico raramente teria sucesso no preparo ou na produção desta mistura, seguindo os atuais procedimentos químicos.

14) Agora que nós apreendemos a respeito destas duas plantas, nós podemos dirigir nossa atenção para uma outra que é muito espetacular e ao mesmo tempo muito útil.

15) Ninguém na Terra já ouviu falar desta planta; e não há planta na Terra que se assemelhe a ela na estranheza, nem a assim chamada “folha ambulante” (7) (*) da América do Sul, que realmente é um animal antes que uma planta. A planta de Saturno que estamos discutindo é realmente uma planta ambulante, uma vez que ela se move de um canto a outro como um animal. A força motriz provém de suas raízes, que têm a forma de um pé humano disforme, e é claro que ela não tem dedos desenvolvidos, ou calcanhares, ou algo que lembre qualquer parte do pé humano. A coisa toda tem 60 pés de comprimento, com um conjunto de talos em ângulo reto, os quais têm um grande número de filamentos voltados para todos os lados, que agarram feito tentáculo e também possuem elementos de sucção. Estes talos fixam-se em qualquer lugar, como a gavinha da videira, mas com uma diferença: somente permanecem no local enquanto houver alimento para elas. Uma vez que tenham extinguido toda a umidade do solo, elas se libertam do solo, esticam-se adiante cada vez mais longe e movem-se ao longo do solo até encontrarem outro local úmido. Lá elas habilmente perfuram o terreno e se entrelaçam às camadas úmidas da terra que tenham ervas e gramíneas. Através deste entrelaçamento, elas puxam a planta inteira para elas. Através desta atividade do “pé” das raízes, a planta desta espécie viaja muitas milhas geográficas no curso de um ano, tomando-se por base as medições terrestres.

16) Com o que esta planta realmente se parece? A planta tem uma haste com 24 a 30 pés de altura, e os galhos e ramos começam a crescer da haste a seis pés de altura do terreno. Alguns destes galhos crescem para baixo em todas as direções até alcançar o terreno e desta maneira eles evitam que planta tombe. Estes galhos são usualmente destituídos de folhas e somente alguns deles, que afloram das hastes em variadas curvaturas, produzem folhas, flores e frutos. Em aditamento, esta planta também se assemelha à vinha da uva, apesar das folhas serem consideravelmente maiores e de uma cor levemente azulada e suas faces inferiores serem cobertas com protuberâncias avermelhadas. O fruto lembra uma espécie de uva que vós chamais de Gaisdutte, exceto que a cor não é azul, mas sim tanto amarela quanto laranja e parcialmente translúcido como a uva verde. Há também diferença no tamanho dos bagos das uvas. A maioria delas produz um litro de puro sumo, e um cacho normalmente contém 50 a 100 bagos, e maioria das plantas produz de 10 a 20 destes cachos. O gosto do fruto é semelhante ao da uva moscatel, quando completamente madura.

17) Esta é a mais peculiar planta de Saturno! Ela tem uma grande vantagem, porque não requer qualquer cultivo ou trabalho. Esta planta cuida de suas próprias necessidades, por isto entre os habitantes deste planeta não haverá disputas relativas aos direitos de propriedade envolvendo esta planta muito popular, se acontecer dela entrar na propriedade de um vizinho (os direitos de propriedade são estritamente respeitados em Saturno). Por esta razão os habitantes desenvolvem estas plantas prioritariamente no centro de suas propriedades ou nas proximidades das árvores de chuva. Quando estas plantas crescem próximas às árvores de chuva, elas permanecem lá e não se movem, porque as raízes são suficientemente supridas com nutrientes. E caso estas plantas fossem forçadas a se mover por uma ou outra razão, elas não entrariam na propriedade de um vizinho, posto que isto seria bem difícil, considerando a distância a ser cruzada do centro de uma propriedade até a propriedade vizinha. Como Eu mencionei antes, estas propriedades são frequentemente o dobro de alguns países da Terra.

(*) Observação da tradução para o Português: bicho-pau.

(7) Phyllium, um gênero dos insetos ortópteros; parte da família Phasmida.

18) O sumo destes bagos é usado pelos saturnianos para os mesmos propósitos que vós usais na Terra. Este sumo obviamente é muito mais fortificante do que os outros que Eu mencionei anteriormente e não é guardado nos mesmos recipientes daqueles. Em vez disto, é estocado em um recipiente que é uma fruta-garrafa especialmente adequada para esta espécie de sumo; ela também lembra algo da garrafa de cuia. Entretanto esta fruta-garrafa é consideravelmente maior do que vossos usuais barris de vinho (os assim chamados barris de vinho Heidelberg). Uma vez que a garrafa de cuia está completamente desenvolvida, ela pode facilmente conter um milhão de vossos baldes. Estas frutas-garrafas são extremamente sólidas. As paredes têm espessura de 3 a 6 pés. Uma vez que este recipiente estiver completamente esvaziado, o que é feito por um animal de Saturno, ele estará pronto para o uso.

19) Nos capítulos seguintes, Eu, o Criador, descreverei mais destas plantas e ervas peculiares. Portanto, por hoje Eu digo Amém.

7

RIQUEZA DE SATURNO NO REINO VEGETAL

CORES PRIMÁRIAS DE SATURNO, O AZUL

ERVAS CURADORAS AROMÁTICAS

O ARBUSTO DE OURO, PLANTAS DE METAL, GRAMA AZUL,

FLORES DO CAMPO MUTÁVEIS, AROMÁTICOS MUSGOS

MONTANHAS E PLANÍCIES DE SATURNO

1) Já aprendemos alguma coisa sobre as plantas mais úteis. Vamos tratar sobre as demais plantas em um sentido mais geral, porque se ficássemos discursando sobre cada planta peculiar de Saturno em detalhe, isto levaria muito tempo e não serviria ao intento proposto (especialmente se levardes em consideração que deveremos ainda verificar algum outro dos setenta e seis destes grandes países, bem como as diversas centenas de pequenas ilhas e as enormes áreas do sul e do norte que são inteiramente cobertas de gelo; depois então os imensos países do anel e também as sete luas). Ainda que pudéssemos somente tocar no que fosse mais peculiar, deveríamos omitir tantas outras coisas e somente fazer menção àquelas que sustentam alguma semelhança com os produtos da Terra. Herrifa, o país do qual tratamos, tem incontáveis espécies de plantas que em parte lembram aquelas que crescem na Terra; mas por outro lado há muitas espécies que não possuem qualquer semelhança com algo da Terra, e também há ainda as plantas nativas de Saturno que não existem em nenhum outro lugar.

2) Com relação às plantas que se assemelham às da Terra, a principal diferença é que as plantas de Saturno geralmente suplantam em várias vezes o tamanho e o crescimento das plantas da Terra. Por isto na grandeza delas podeis ver suas maravilhas a olhos nus, enquanto que na Terra teríeis de empregar um microscópio.

3) A segunda diferença é a cor; em Saturno, o verde é na maioria das vezes trocado por um viçoso e alegre azul em todas as suas nuanças, similar à América, onde algumas plantas são mais azuis do que verdes e o verde em si é mais próximo do azul do que do amarelo; o amarelo é realmente a cor que está mais distante de uma cor de vida.

4) A terceira diferença é que as flores são bem maiores e mais opulentas, e a coloração da melanina é ampliada por algo como uma base de polimento metálico e brilhoso.

5) Comparando os frutos das plantas de Saturno com os da Terra, um simples grão de cereal de Saturno é do tamanho de centenas ou alguns milhares de vezes os da Terra. Além do mais, a planta produz dez, ou frequentemente cem vezes o número de grãos da planta terrestre. Para tal, grandes campos são necessários, porque, em Saturno, meio ano de colheita corresponde a cinquenta anos na Terra. Este também é o porquê de uma criança saturniana de dez anos ter quase trezentos anos terrestres de idade.

6) Estas são as diferenças essenciais destas plantas que, em uma escala menor, também crescem na Terra. Se quiserdes acordar vossa fantasia, olhai para cada planta da Terra e imaginai a mesma uma centena de vezes maior. Em adição, imaginai isto com todas as cores que cada planta tem em Saturno, além de todos os outros esplendores que estas vossas plantas possuem quando vistas no microscópio; quando abordardes deste modo, tereis uma ideia da vegetação de Saturno.

7) Nas mais altas regiões montanhosas de Saturno crescem extraordinárias ervas curadoras; seus poderes curadores, aromáticos e etéreos são tão enormes e de longo alcance, que não só mantêm os saturnianos na melhor saúde, mas seus efeitos curadores alcançam mais de um milhão de milhas geográficas através do éter, tanto que, como exemplo preferencial, árvores e arbustos juníparos (Juniperus Communits) e também aquelas vossas ervas curadoras espinhosas (8) recebem uma significante quantidade de seus aromas etéreos e curadores das plantas de Saturno.

(8) São ervas que possuem espinhos, tal como o zimbro ou sabugueiro.

8) Uma das espécies de ervas montanhosas em Saturno merece uma explicação em maiores detalhes. Esta erva é conhecida pelo nome de Hellatharinaga, que quando traduzido significa “o arbusto das mil folhas de ouro”. Este arbusto cresce diretamente na rocha nua e a haste alcança alturas de 18 a 24 pés. Por todos os lados da haste, milhares de folhas avermelhadas se expõem ao redor do arbusto em forma de espiral. Sua forma é um tanto longa e oviforme (oval), com geralmente 5 a 6 pés de comprimento e 3 de largura. Das bordas destas folhas projetam-se pontas com extensão de nove polegadas, tantas que do caule da folha até o fim dela existe uma centena destas pontas, além do que a folha tem uma centena em cada lado, o que totaliza duas centenas. Estas pontas têm uma cor azul escura que se torna mais clara perto da espinha. Destas espinhas, a do centro é a mais longa, têm nas suas muitas pontas uma coleção de outras espinhas que são vermelhas como a folha em si. O lado inferior da folha lembra o vermelho do ferro quente ou do carvão em brasa quando estimulado pelo fole, e aquelas folhas apresentam-se realmente com um brilho ardente. O lado inferior da folha é adornado com longos pelos de 41/2 polegadas de extensão, que apresentam todas as cores do arco-íris a partir da folha, e, igualmente a certa distância, vós descobrireis o resplendor do arco-íris sob cada folha. Quanto maior vossa aproximação destas folhas, aumenta o esplendor de seus arco-íris, pois a iridescência torna-se mais concentrada no olho. A haste ou talo desta planta parece com um ouro fosco-polido e frequentemente se eleva por 3 pés, acima da esfera das folhas, no qual há diversas florações e novos brotos tornam a crescer continuamente.

9) A flor não tem nada em comum com as flores da Terra. Seu formato é como uma meia-esfera com três pés de diâmetro, na qual estão gravadas silhuetas de um braço humano cor de ouro avermelhado, e em cada braço em vez de cinco dedos de diferentes tamanhos há dez espinhas de raios dourados. Isto aparenta como se alguém tivesse pintado uma mão esticada e, em vez de pintar os dedos, pintasse uma metade de um sol emanando dez raios. Há cinco pétalas de flor em torno de um botão, as quais crescem em linha reta da extremidade da meia-esfera do botão, então cada meia-esfera é presa ao conjunto de pétalas em forma de cálice. Do centro desta meia-esfera projetam-se dois fios, um dos quais com a espessura da metade de um braço humano masculino, enquanto que o outro tem o diâmetro de apenas uma polegada. O mais fino é de constituição fêmea e o outro é macho; a fêmea é branca, enquanto que o macho é rosa. Ambos os filamentos estendem-se por três pés além do cálice e dependuram-se em direção ao terreno, mas não o tocam.

10) No final do fio fêmea há um funil voltado para cima (9), enquanto que o fio macho se inclina por cima, com seu orifício (10) virado para baixo. O fio macho irá de vez em quando gotejar uma fragrância líquida no interior do funil do fio fêmea (11). Esta é a real polinização ou copulação desta flor. O fio fêmea absorve o líquido e, por este meio, carrega as sementes extremamente poderosas desta planta, enquanto que o fio macho recebe este líquido etéreo das pétalas das flores, que recebem o líquido das folhas da haste.

11) A cor da flor é branca. Claro que isto quer dizer que as pétalas das flores são brancas, uniformemente mais brancas do que o branco de vossos lírios. O disco-colar no final das pétalas das flores parece um rubi polido que é algo dentado, similar a uma mão espalmada no final de um braço. Os raios, entretanto, são como ouro translúcido.

12) Esta flor ou erva curadora, floresce e cresce o ano todo e, assim, está sempre disponível; quando aqui e ali uma é transplantada pelos habitantes, uma outra cresce em seu lugar. Quando está no auge de sua floração, ela emana uma fragrância inimaginável, à qual nada na Terra se assemelha. A fragrância de vossa rosa é ínfima em comparação.

(9) Estigma

(10) Similar a uma antera

(11) Estigma

13) Se apenas uma desta erva curadora no auge de sua floração crescesse na Terra, sua fragrância poderia saciar um país inteiro, tal como a Síria, com a mais bela fragrância. Não sendo este o caso, então como poderia o poder aromático de cura alcançar distantes montanhas de outros planetas? Tanto isto é verdade, que pode ser confirmado por uma pessoa que tem poderes mediúnicos e que interage no plano astral com este planeta; ele ou ela vos contarão, sem reservas, que os efeitos de cura desta erva deste distante planeta podem ser percebidos como muito benéficos.

14) Os habitantes de Saturno protegem esta planta com muito cuidado, e eles as colhem ou as removem muito raramente, pois o efeito fortificantes desta planta fica primariamente no ar que a rodeia. Só quando tal planta alcança a idade madura e se aproxima do murchar (quando os cabelos da folhas começam a se tornar esbranquiçados), então acontece que a haste é cuidadosamente cortada e as sementes são despejadas nas rochas. As sementes desta flor são muito pequenas e parecem mais uma poeira perfumada antes que uma semente. Esta poeira é absorvida pelos dos poros da rocha, e daí a planta aflora aqui e ali.

15) Há mais uma coisa que nós devemos tocar, que é o modo como cada planta produz raízes sobre a rocha nua. A maneira como isto ocorre é que a planta espalha suas raízes ao longo de toda a rocha, similar às pedras com ervas da Terra. Da raiz que se espalha completamente, incontáveis fibras finas de raízes penetram os poros das rochas e sustentam a haste desta planta tão firmemente, que nenhum ser humano é capaz de arrancá-la da rocha. Uma questão surge agora: O que estas raízes extraem destas rochas secas e duras? A resposta é simples: Elas tiram uma espécie de óleo pétreo. Como elas extraem isto da rocha? Tal ocorre por meio de um poder inerente que está em uma própria fusão a fogo, e isto se traduz em pequenas faíscas elétricas invisíveis a olho nu. Entretanto as raízes têm poder suficiente para dissolver as bordas dos átomos da pedra em um óleo etéreo, que é imediatamente absorvido pelas raízes e é guiado pelos talos, mais e mais purificado, até as folhas e pétalas das flores, e eventualmente até as sementes etéreas.

16) Estes são os pontos mais essenciais que deveis saber sobre esta planta extremamente peculiar deste corpo celestial. Igualmente aqui, deixai vossa fantasia vaguear por um momento e, se seguirdes a descrição desta flor, estareis aptos a imaginar e usufruir dela em vosso espírito e vos tornardes encantados pelo seu esplendor e poder de cura.

17) Obviamente esta não é a única erva ou planta curadora; há muitas diferentes plantas que têm efeitos benéficos e curadores e que transmitem estes efeitos pelo éter espacial para regiões de outros planetas.

18) Especialmente notáveis são as plantas metálicas. Em Saturno elas são conhecidas como Kibri. Através destas espécies de planta, os saturnianos adquirem as mais puras e todas as variadas espécies de metal sem a necessidade de fusão química ou processos de purificação. Estas plantas metálicas procedem de diferentes áreas montanhosas, nas formas mais magníficas. Na Terra há plantas que também contêm metal; mas em nenhum lugar da Terra encontrareis plantas cujas raízes, talos e folhas são completamente de puro metal. Vós deveis ser capazes de artificialmente produzir algo similar, quando tomais um pedaço de zinco e o colocais em chumbo dissolvido e, por um curto tempo, a assim chamada árvore metálica de Saturno será formada; ela também é chamada de árvore de chumbo. Entretanto requer um grande esforço na Terra e somente pode ser executada artificialmente. Sob a mais singular, sutil e delicada das circunstâncias, o poder criativo da Natureza trabalha por inteiro em Saturno, de maneira rica e grandiosa, livre e sem o menor e mais desprezível auxílio da ciência humana. Qual é o porquê dos anciãos sábios chamarem este planeta de Saturnus? Saturnus em sua língua significa "tanto quanto uma estrela saciada" e também significa "fartura" em todas as línguas fundamentais.

19) Vede, assim prosperam as coisas neste planeta, que é um corpo celeste ricamente abençoado sob todos os sentidos.

20) Quando comparais o crescimento da grama da Terra com a de Saturno, o crescimento em Saturno é luxuriante e maior. A cor da grama é completamente azul, mas passando para o lado cor violeta. O talo da semente ou funículo, o qual frequentemente alcança a altura de 12 pés acima do solo, é predominantemente de um branco deslumbrante, e esporadicamente esverdeado. O espigão do talo é em geral de uma cor verde claro. De acordo com as variadas espécies de grama, há uma extraordinária diferença na formação dos espigões, tanto quanto a cor e forma e das folhas.

21) As pradarias são absolutos tesouros da maior variedade, com as mais magníficas espécies de flores. Um botânico entusiasta poderia não conseguir contar em cinco anos todas as espécies de flores em uma milha geográfica quadrada de prado.

22) Bastante peculiar em Saturno é a Briden. Esta é uma espécie de flor do prado que troca de forma dez vezes num ano. Pois na frequência em que a maior das luas da Saturno completa seu curso, as outras fazem o mesmo várias vezes, por isto que esta planta troca sua forma. Só retoma sua forma original, quando todas as luas assumem suas posições originais, o que ocorre cerca de dez vezes por ano de Saturno. Por isto estas plantas têm tal nome, que significa flor da lua.

23) Além de todas as diferentes espécies de grama e flor do campo, o que é notório neste planeta são as muitas espécies de musgo alpino. Em Saturno eles são chamados Tirbi. Eles literalmente enfeitam tão magnificamente as alturas montanhosas desprovidas de árvores, que vós podeis apenas fitá-las quando iluminadas pela luz do sol. Este musgo cresce extraordinariamente denso e em diferentes variedades, aproximadamente 30 polegadas acima do terreno da montanha rochosa. Ele se mostra por completo como um tapete arenoso de iridescência dourada, acompanhado da mais aromática fragrância alpina. Nestas montanhas, o montanhista continuamente encontra a si mesmo na intensa fragrância no ar, como se alguém estivesse a entrar em uma floresta de árvores balsâmicas do Líbano, no Oriente, quando estivessem floridas. Alguém então colhendo estas flores se sentiria como se estivesse no saguão de entrada do céu.

24) Nós já mencionamos as alturas das montanhas de Saturno. Há uma coisa que também deve ser mencionada: igualmente nos mais altos picos é possível ter o crescimento de alguma espécie de vegetação, o que não é possível aqui na Terra devido aos baixos níveis de disponibilidade de ar. Também as montanhas de Saturno não têm tantos estágios de inclinação, mas se elevam como pirâmides regulares. Elas também não formam fileiras ou cadeias descontínuas, mas elevam-se sobre as planícies, como no prado quando vós empilhais a grama cortada em montes de feno. E tais montanhas tornam-se cada vez mais altas em direção ao centro da ilha ou país. Se alguém estivesse no cume da mais alta montanha no centro de tal país, ele facilmente seria capaz de olhar sobre todas as outras montanhas.

25) Agora e mais uma vez vós encontrais formações rochosas nestas montanhas, mas elas não são tão acidentadas como as da Terra. Elas elevam-se de cada lado da montanha em uma justaposição, como formações tipo pão-de-açúcar (*), algumas com alturas alcançando de 30.000 a 100.000 pés. No entanto, uma árvore piramidal completamente crescida humilhará esta formação rochosa, pois os topos destas árvores piramidais alcançam alturas superiores aos picos destas montanhas. Agora podeis comparar, com as informações por vós recebidas, a altura de uma árvore piramidal com a altura das montanhas, e vós constatareis por que estas árvores deveriam ser chamadas "montanhas ascendentes'' em vez de árvores.

26) Este continente Herrifa é o mais montanhoso país de Saturno, mas também é o país com as maiores regiões planas, as quais são cortadas em todas as direções pelos mais belos rios, que fluem tranquilos até desaguarem no imenso oceano saturniano.

27) Nos capítulos que se seguem, nós discutiremos sobre o tipo de vegetação que cresce nas margens destes rios ou córregos e como ela é utilizada. Mas por hoje, Eu digo Amém.

(*) Observação da tradução para o Português: formação geológica caracterizada por uma brusca, isolada e pontuda elevação rochosa. O exemplar do Rio de Janeiro é um dos mais famosos e leva o mesmo nome.

8

A PLANTA BARCO, CHAIABA

1) Nós já discutimos sobre as plantas deste país, as várias árvores e arbustos. Mas antes de voltarmos nossa atenção para os rios e lagos, será necessário aprendermos sobre as plantas que crescem em todas as margens e bancos de areia destes rios e lagos, tais como juncos, papiros e várias plantas aquáticas da Terra.

2) Em Saturno há uma planta que pertence a uma espécie de vinha rastejante, ou seja, uma espécie de abóbora; mas há uma diferença: ela forma seções articuladas de gomos, sempre que se alonga pela superfície do terreno. Destas seções um grande número de raízes brancas projeta-se para o interior do terreno e deste modo extrai líquidos e nutrientes do solo. Elas tornam-se mais vigorosos e capazes de se expandir, especialmente ao longo das margens de rios e lagos.

3) Com que esta planta aparenta? Que tipo de fruto ela sustenta e para que ele se presta? Quando emerge do solo, esta planta se parece com um broto ascendente, quase sempre como um junco da Terra, daqueles que usais em trabalhos de estuque ou como material de construção em vossas casas. Os talos crescem a uma altura de 90 a 120 pés, como estacas verde-dourado, sem qualquer folha. No final deste caniço, a planta tem um botão azul que se transforma gradualmente em uma espécie peculiar de flor, assim como se tivésseis amarrado dez flâmulas brancas e vermelhas claro ao redor do topo de uma estaca.

4) Estas flâmulas estão presas em doze pés da extremidade da longa haste reta, então de cor amarela esbranquiçada, ao longo da qual se desenrolam; e quando plenamente crescidas, chegam a ter 24 a 30 pés de comprimento, dependuradas e esvoaçantes. A flor que cresce destes longos caniços é estruturada, de modo que poderia ser considerada um fruto, mas um fruto que não murcha, em vez disto permanece firme e consistente por anos.

5) A estaca, que é realmente um caniço rijo, usualmente tem um diâmetro de 30 a 90 pés na base. O interior é oco, entretanto tem a dureza do metal. Uma vez que a estaca alcança a maturidade, brotos projetam-se como raízes que rápida e luxuriantemente começam a serpentear no terreno; estas também têm cor verde-dourado, só que mais clara. Delas brotam altas hastes com grandes folhas, de todas as juntas de seção. Tal haste é azul-esverdeada, redonda e oca, medindo aproximadamente 12 a 18 pés. A folha é vermelha, tanto quanto a maioria das rosas da Terra. O contorno tem aproximadamente 60 polegadas de largura e as cores do mais belo dos arco-íris. Sua superfície brilha como ouro polido, enquanto que as margens resplandecem em majestoso esplendor. A parte de baixo é azul escura e coberta com 9 polegadas de longos filamentos que aparentam a mais linda das sedas e que lembram a cor do índigo mais puro da Terra. O pecíolo da folha é de cor ouro-esverdeado, assim como se vós cobrísseis o ouro com uma fina camada do verde. O pecíolo é polido e tem um diâmetro de 30 a 60 polegadas. Quando se projeta da haste, é rodeado por uma espécie de coroa de diversas pontas, cujas extremidades são arredondadas e de uma cor branca deslumbrante. Aproximadamente na terceira seção, uma flor peculiar cresce de um longo e forte pedicelo. Esta flor parece um grande sino, cujo diâmetro da extremidade aberta mede 24 a 30 pés, ao passo que o diâmetro no pedicelo, da extremidade fechada, mede de 6 a 9 pés.

6) Esta flor é perfeitamente arredondada, como se vós a tivésseis confeccionado em um torno. Difere apenas com respeito à forma do sino, cuja orla é decorada com pontas longas de 9 polegadas, que se dispõem em intervalos regulares. As flores são de cor amarelo claro, e as pontas são de um vermelho vivo.

7) No centro deste cálice de sino emerge uma deslumbrante coluna branca duas vezes maior do que a flor de sino e suas pontas; ou seja, ela cresce além da borda. Esta coluna é o órgão reprodutor macho, o estame. As pontas nas bordas são, na realidade, os pistilos da flor. Quando o estame está completamente desenvolvido, dispersa pequeninas estrelas brilhantes que se prendem nas pontas das bordas como faíscas elétricas. É a real polinização desta planta.

8) Uma vez que a polinização foi adequadamente executada, esta maciça flor murcha e cai do pedicelo sem alterar sua forma, pelo que frequentemente é coletada. Ela tem a maciez de uma almofada e é usada para este propósito. As pontas são removidas e, por causa de sua dureza, são usadas como pregos.

9) E quanto o respectivo fruto cresce? Posso vos dizer que é o mais peculiar fruto do mundo. Deve aparentar ser peculiar para vós, pois a extremidade desta planta produz um verdadeiro barco. Mas não penseis que são como os barcos ou navios da Terra, que podem encalhar com tripulação e carga. Esta é uma impossibilidade para estes “navios que crescem”. Vós aprendereis o porquê, tão logo a estrutura deste fruto vos for explicada. Depois que a flor se assenta, tal qual a abóbora da Terra, a parte inferior do fruto começa a se desenvolver rápida e enormemente da seguinte maneira: Seria como se vós construísseis um grande ovo a partir de uma folha fina de metal e após fizésseis uma mossa no topo, formando uma superfície curva dentro de outra (não um apoio dentro de outro), de modo que a parede amassada não tocasse a parede da base. Em outras palavras, há espaço entre as duas paredes – e é assim que este fruto se apresenta.

10) Agora apliquemos esta base de apoio ao nosso fruto, porque nosso fruto cresce nesta cunha com forma de ovo e quando está completamente maduro, tem um comprimento de 180 a 240 pés e uma largura de 90 a 129 pés. O vão entre a parede superior amassada da base de apoio e a parede inferior tem geralmente de 6 a 9 pés. Quando o fruto está completamente maduro, cada uma destas paredes tem uma espessura de 5 a 7,5 pés e a dureza do metal. Quando o fruto está maduro, ele se desprende da haste. Nela as verdadeiras sementes estão localizadas, em um molde circular. No fruto em si não há nada mais do que uma espécie de ar muito sutil. Por isto esse fruto é muito fácil de ser erguido; normalmente qualquer criança pode fazê-lo. A borda é rodeada por uma protuberância muito peculiar que se estende por aproximadamente 12 pés sobre e acima do fruto e tem a aparência de uma barbatana de peixe terrestre. Entretanto ele é por todos os lados radial e elasticamente estruturado, tanto que ninguém pode quebrá-lo, a menos que faça esforço extraordinário.

11) O fruto é adaptado para navegação e é usado como um barco que não pode ser facilmente destruído. Os saturnianos pilotam esses navios com varas (12), assim como pilotais vossas embarcações fluviais. Esta vara ou leme de caniço tem a vantagem de ser muito leve e, por ser oca, não é necessário tocar o fundo com a haste; em vez disso a água gera o seu próprio efeito resultante, porque um volume de água rapidamente se faz mais pesado do que um espaço vazio deste caniço. Desta maneira a água oferece resistência à cada impulso. As flâmulas que foram mencionadas no parágrafo três são desfraldadas, e assim os habitantes adornam os parapeitos destes navios naturais.

12) Uma outra espécie de locomoção em Saturno é alcançada por meio das já mencionadas belas folhas desta planta, fazendo-se velas das mesmas. Tudo o que se tem a fazer é serrar o talo e remover a folha junto com o pecíolo, de modo tal que a coroa fique ao alto com suas pontas, e colar a folha com a seiva de outra planta, entre as flâmulas que são desfraldadas na proa do navio. Mesmo um furacão terrestre não seria capaz de trazer danos a este navio, capaz de acomodar dez saturnianos e, em caso de emergência, até doze.

(12) Mencionadas no parágrafo três deste capítulo.

13) Os saturnianos muito habilmente conectam vários destes barcos para fazer um grande barco, que poderia fazer com que vossos transatlânticos parecessem meros brinquedos, se comparados. Por causa dos extensos rios, grandes lagos e imensos oceanos, milhares destes barcos são frequentemente conectados para formar um barco maior. Nestes barcos, lindas construções leves são edificadas, e por isto este corpo flutuante parece mais uma cidade do que um navio.

14) Agora Eu disse tudo a respeito deste fruto peculiar! Despertai vossa fantasia e sereis agradavelmente surpreendidos. A única coisa que tenho de acrescentar é a cor deste fruto, que não é muito atraente. A casca parece, inclusive quanto à cor, com as escamas do lúcio. E por hoje Eu digo: Amém.

9

INFORMAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A PLANTA BARCO

OS RIOS DE SATURNO E SUA DECLIVIDADE REGULAR

A ESTRUTURA DE CASCA ESFÉRICA DE SATURNO

E DE TODOS OS OUTROS CORPOS CELESTIAIS

A PROFUSÃO DE FORMAS DA CRIAÇÃO

OS QUATRO PRINCIPAIS RIOS DE SATURNO

1) Uma vez que aprendemos sobre esta peculiar planta barco no capítulo anterior, a única coisa que resta a ser dita é o quanto ela é abundante e quanto destes frutos (barcos) tal planta produz.

2) A planta cresce abundantemente nos meandros dos rios, nas margens dos lagos e nas vastas praias oceânicas. Em um ano saturniano, esta planta frutifica duas vezes e cada uma produz 400 a 500 frutos por colheita. Mas ninguém do planeta, ou melhor, de Herrifa, tem direitos de propriedades sobre estes frutos; em Saturno, tal como na Terra, um princípio legal ancestral se aplica: “Primo occupanti jus!” (13). Quem quer que necessite de uma ou mais plantas, colhe os frutos; e qualquer que seja a colheita, esta será posse sua. Ninguém contestará isto, e tal se dá pela maior razão moral, porque qualquer um em Saturno considera-se o menor e o mais insignificante. Isto será explanado com mais detalhes, quando discutirmos os seres humanos em Saturno.

3) Agora podemos dar uma olhada nas águas de Saturno, em particular nas de Herrifa.

4) Em Herrifa, há vários milhares de grandes e extensos rios que, sem exceção, têm sua origem no centro do país, no local denominado Girp, a maior montanha de Herrifa. A fim de que compreendais do que se trata, não deveis imaginar que o sopé desta montanha é tão pequenino quanto os da Terra. Em vez disto o sopé de Girp cobre, em todas as direções, uma área bem maior que o continente europeu. Agora podeis entender que tão imensa montanha contém muitas nascentes de água

5) A despeito da altura e extensão, esta montanha é formada tal qual um perfeito cone; sua forma é alterada somente por uma ou outra formação rochosa encontrada aqui e ali, e também pelos sulcos formados pelos muitos córregos. Deve ser uma conclusão lógica que os riachos que se originam em tal montanha fluem em todas as direções. Quando alcançam certo nível em sua descendente, são alargados por outros córregos de outras montanhas, até que tomam seu curso em direção ao oceano. A diferença entre os rios e riachos da Terra comparados com os de Saturno é que em Saturno todos têm o mesmo fluxo ou queda d’água, porque lá em nenhum lugar pode ser encontrado um planalto; há somente montanhas sucessivamente menores, vastos vales e planícies que ascendem regularmente do nível do mar. E já que tal elevação gradual e regular da terra, começando no nível do mar e indo até meio caminho da montanha, é a mesma em toda parte (a saber: 6.000 pés acima do nível do mar), e graças também à suave elevação, todos os rios têm a mesma queda d’água, no que diz respeito à velocidade do fluxo.

6) Dos muitos rios e córregos existentes, nós dissertaremos apenas a respeito de quatro, por serem os mais largos e os que tomam um curso retilíneo, assim como se traçásseis uma linha reta na prancheta de desenho.

7) Mesmo onde se originam, estes rios e córregos são sempre maiores e mais vastos do que o Danúbio quando desemboca no oceano. Estas correntes aumentam de largura enquanto fluem. Ao alcançarem o oceano, cada uma atinge cerca de duzentas milhas geográficas de largura.

(13) Aquele que primeiro tomar posse terá os direitos.

Diferenciam-se dos rios da Terra no que diz respeito aos seus leitos, pois têm a mesma profundidade em toda a extensão. Assim sendo, um rio de Saturno em nenhum local é mais fundo ou mais raso, pois tem a mesma profundidade do topo da montanha até a base desta. Ao longo do seu curso para o oceano, recebe contribuições de água de diversos afluentes, razão pela qual se torna mais largo, mas não mais profundo.

8) Vós deveis vos admirar de como isto pode ser possível. Eu posso vos contar: Não há explicação mais fácil para isto, a não ser o fato de que a fundação é, em todo canto e em toda extensão, um contínuo leito rochoso sobre o qual a camada de terra tem a mesma espessura e é carreada pela água pouco a pouco. Sob tais circunstâncias, como poderia haver diferença na profundidade do leito do rio?

9) Já que tal circunstancia (considerar que os rios têm a mesma profundidade) pode ainda ser um pouco incompreensível, é preciso dar uma breve explicação a respeito, pelo que deveis entender melhor e atentar mais para isto. Durante a destruição dos mundos na queda de Adão (14), que Eu vos expliquei e vós apreendestes a respeito, Saturno permaneceu incólume em sua estrutura primária, ainda que anteriormente fosse muitas vezes maior.

10) O tamanho original de Saturno é representado pelo seu anel atual. A superfície do anel externo era precisamente a superfície de Saturno. Naqueles dias, Saturno foi cortado uniformemente na horizontal de tal forma, que a crosta do hemisfério norte e a crosta do hemisfério sul foram ejetadas ao espaço infinito, como duas cochas côncavas, porque a serpente demoníaca criou uma ninhada de demônios em ambos os hemisférios. Somente a quente parte central permaneceu pura; por isto ela foi preservada como um remanescente testemunho de que o Grande Arquiteto do Universo pode preservar um corpo celeste, ainda que ele não mais exista na sua perfeição original.

11) Agora provavelmente desejais saber de onde e como o presente planeta, bem menor, se posicionou no interior do anel. Eu vos direi, mas deveis abrir vossos olhos e ouvidos tanto quanto possível e dar uma olhada no interior dos planetas, não somente de Saturno, mas no que concerne a todos os corpos celestes. O presente corpo celeste já existia antes da ejeção das crostas hemisféricas, tal como aconteceria na Terra, se suas crostas fossem arrancadas; restaria um corpo semelhante. Em outras palavras, há no interior de vossa Terra uma Terra menor e dentro desta outra, todas conectadas umas às outras através de ar, água e fogo. O presente planeta Saturno já está atualmente na terceira esfera, pois o anel já representa duas esferas, pelo que é dividido completamente em duas partes que não se tocam.

12) E atualmente, quando olhardes para Saturno, tereis a oportunidade de observar um corpo celestial como uma maçã que cortastes ao meio em dois pedaços. A vista de cada face cortada corresponde a uma vista da estrutura mecânica interna do corpo celestial. Mas no que concerne à Saturno na sua forma atual, não podeis ver perfeitamente a região central da esfera remanescente. Entretanto a correlação permanece a mesma. Tudo o que é presentemente visto em Saturno e até o mais longínquo interior do planeta é formado com a mesma correlação; esta tanto pode ser vista na face mais externa do anel, bem como no planeta em si na sua forma atual. Se o planeta fosse “descascado” novamente, então um outro anel menor apareceria abaixo do anel maior. Em torno do novo anel, um perfeito corpo celestial remanescente esférico surgiria flutuando livremente, tal como o presente está em reação ao grande anel.

13) Se aumentásseis vossa capacidade de raciocínio e sensibilidade um pouco, entenderíeis cada vez mais. Por meio desta linha de raciocínio direta, compreendereis quão fácil é para Mim - pois tal é inerente ao Meu Poder, quando necessário - tanto reduzir quanto aumentar qualquer corpo celestial.

(14) Ver em A Criação de Deus, por Jakob Lorber - A editora.

14) Se pudésseis ver todos os corpos celestes do espaço infinito da criação, verdadeiramente vislumbraríeis formações que vossas almas não estão capacitadas a compreender, enquanto não estiverem na completa Luz. Se vós, seres humanos, que com vosso limitado poder intelectual têm capacidade para dar à vossa laboriosa criação uma variedade significativa de aplicações, então Eu poderia ser capaz do mesmo em o vasto Reino da Criação. Assim sendo, Minha grande fantasia seguramente não tem de ir para vossa escola a fim de fazer um curso de instrução de estética, tal qual vossos sábios parecem pensar.

15) As plantas, animais e minerais da Terra provam a prosperidade da imaginação de seu Criador nos pequenos, insignificantes e mais ínfimos cantos. Em Saturno, já descobristes algo desta diversidade, e Eu posso vos dizer que ela é bem maior no Sol. Se o que encontrais em Saturno é extremamente maravilhoso, então o que direis quando Eu vos permitir dar uma olhada no Sol? Entretanto agora estamos concentrados em Saturno, e ainda há muito para se ver.

16) Tende certeza que, no que se refere à Saturno, nós começamos do princípio. Vós sabeis que Eu sirvo sempre o melhor vinho, não sou como o mau hospedeiro da Terra que intoxica a imaginação da sede de seus convidados com o primeiro copo e, em vez de servir logo o melhor vinho, serve primeiro o vinagre mais diluído. Portanto entendei bem o significado do que Eu digo: Nós começamos do princípio. Quando tivermos acabado com este corpo celeste, podereis ter alguma orientação em vossa imaginação e podereis ter um melhor conceito, para alcançardes um nível espiritual sempre mais elevado. Porque Comigo a elevação espiritual cresce até o infinito e nunca tem fim. E em nenhum lugar há um terceiro nível de comparação, mas em qualquer lugar há somente um acima de outro, um mais magnificente que outro. E em nenhum canto há algo tão magnífico, que não venha a ser suplantado por outro ainda mais magnífico; porque Eu mesmo sou o inatingível mais elevado de tudo. Uma vez que virdes bastante do esplendor dos corpos celestiais, ser-vos-á concedida uma ligeira visualização do céu. E este vislumbre, a despeito de sua brevidade, fará com que esqueçais completamente toda magnificência que já vistes dos corpos celestes. Pois mesmo que estas Minhas obras sejam infinitamente exaltadas, elas estão na morte, na matéria fixada. Quanto ainda terão de se espiritualizar, até que tudo seja luz e vida?

17) Mas por enquanto vamos retornar ao nosso corpo celestial, o planeta Saturno, e vamos avaliar a profundidade dos rios, lagos e também dos oceanos. E uma fita métrica com um comprimento de três mil pés será suficiente. Os oceanos de Saturno têm sempre a profundidade de três mil pés em qualquer ponto, e somente nas proximidades do continente eles tornam-se gradualmente mais rasos. Os rios têm a profundidade de sessenta pés em qualquer ponto do eixo central do leito, e naturalmente ela torna-se menor quanto mais se aproxima das margens. Somente na foz o leito do rio saturniano cai até eventualmente atingir a plataforma continental oceânica.

18) O que acontece - como consequência da uniformidade e constante profundidade de dos leitos dos rios - é que todo rio ou riacho apresenta-se, para o deslumbre dos olhos, sempre com superfícies completamente lisas, nas quais refletem as paisagens das vizinhanças em todo seu esplendor, assim como num lago em calmaria na Terra. Especialmente à noite, isto oferece uma vista extremamente bela, quando o brilho da luz refletida dos rios é simplesmente indescritível.

19) Quatro rios principais dividem este grande país, a partir da montanha central, em quatro partes. Assim, alguém no topo desta montanha pode ver as divisas de cada uma destas partes do país simplesmente seguindo o curso dos rios principais. Claro que um habitante da Terra não seria capaz de ver devido à grande distância. Entretanto os saturnianos são capazes disto, porque sua visão é melhor do que alguns dos melhores telescópios da Terra. E em Saturno isto é algo necessário, pois quem quiser supervisionar sua propriedade, necessitará de boa visão. Em um dia claro, a visão do saturniano tem capacidade de facilmente alcançar todo o país a partir de uma montanha suficientemente alta. O sentido mais forte do ser saturniano é a visão; ela pode ser comparada à visão de uma águia terrestre, a qual, a partir de uma altura significativa, pode facilmente ver o menor dos animais.

20) Algumas outras características destes rios, lagos e oceanos deverão ser discutidas em capítulos futuros. Por hoje, amém!

10

O POVO QUE VIVE ÀS MARGENS DO RIO DA MANHÃ

AS MORADAS DAS ÁRVORES DOS SATURNIANOS

COMO A FORÇA DE VONTADE DOS SATURNIANOS CONTROLA A NATUREZA

COMUNICAÇÕES DOS SATURNIANOS COM O MUNDO ESPIRITUAL

AS INÚTEIS MISSÕES DE ESPÍRITOS TERRÁQUEOS A SATURNO

1) Dos quatro principais rios há um cujo fluxo é exatamente em direção ao nascente; este é o rio mais popular (Rio da Manhã). Mas não julgueis que encontrareis cidades e fortificações erigidas às margens dele, tal como na Terra; não encontrareis nada igual em todo planeta.

2) As mais maravilhosas acomodações dos saturnianos são as árvores de sol. Em Saturno elas são chamadas Gliuba, e abaixo de seus ramos e troncos vivem famílias inteiras. Os habitantes não vivem todos juntos no mesmo lugar, como é costume na Terra. Parte da população vive nas planícies, preferivelmente nas margens dos rios, enquanto que outra parte vive nas montanhas. Por isto ambas as partes do Rio da Manhã são frequentemente plantadas com árvores de sol, nas quais os saturnianos têm suas casas permanentes. A razão pela qual Eu digo “casas permanentes” é porque essas espécies de árvores não murcham após um curto período de tempo. Em vez disto, cada árvore mantém-se crescendo, tornando-se enorme e alcançando tamanho tal, que abaixo dela pode viver uma singular família, a qual, por meio de inter-relacionamentos, frequentemente alcança uma população de 10 a 20 mil pessoas. Os rios, mas especialmente o Rio da Manhã, satisfazem múltiplas necessidades dos habitantes, na seguinte ordem de importância: primeiro os habitantes de Saturno são grandes amigos da higiene pessoal e não é pouco comum para eles se lavar sete vezes ao dia. Em segundo lugar, eles gostam de nadar, porque isto particularmente serve como um divertimento fortificante. Consequentemente, todos eles são grandes artistas na água; não apenas porque nadam na superfície como as pessoas da Terra, mas também porque podem facilmente caminhar na superfície da água. Além disto, eles são capazes de desempenhar todos os tipos de manobras aquáticas, por exemplo: podem planar, sentar e rodopiar na superfície da água.

4) Querendo, também podem mergulhar, mas não é mais fácil para eles do que é para os gansos da Terra. Na relação com a água, os saturnianos são 40% mais leves que as pessoas da Terra. Vós podeis deduzir do tipo de relação mencionada acima que os saturnianos podem manobrar no ar com facilidade, especialmente os mais jovens. E toda pessoa mais velha pode pular às maiores alturas sem qualquer dano físico, embora elas não gostem de fazer isso, porque depois de cada excursão aérea eles são ocasionalmente acometidos de uma desconfortável vertigem.

5) Em terceiro lugar, os saturnianos preferem viver perto da água como acima mencionado, porque ela emite um característico vislumbre luminoso à noite. Em quarto lugar, estes rios exalam um particular ar fresco prazeroso, do qual os saturnianos são grandes amigos. Em quinto, eles vivem nas margens dos rios, porque os animais domésticos têm fácil acesso à água, o que iremos discutir depois. Às montanhas, o maior dos animais domésticos não pode ser levado, porque há falta de água adequada. Já que as fontes dos rios estão nas camadas mais baixas das montanhas, as áreas mais altas têm que se satisfazer com a árvore da chuva e com a fruta aquosa chamada de barril fluente. O maior dos animais domésticos requer, de acordo com as vossas medições, 598 mil quartos (566 mil litros) de água em um dia, o que deve parecer um enorme volume para as pessoas da Terra. Este grande animal doméstico é o que vós consideraríeis como sendo uma vaca. Este animal, a vaca saturniana, é tão grande, que um elefante terráqueo poderia caminhar em suas costas que não seria mais do que um simples parasita.

Por causa das extraordinárias facilidades deste animal, os saturnianos preferem viver nas margens dos rios, córregos e lagos, a fim de que esta benéfica criatura não venha a sofrer danos, já que ela tem a particularidade de beber cinco vezes mais do que come. O que estes animais comem será explanado mais tarde, quando os discutirmos sobre a fauna de Saturno.

6) Ainda que os saturnianos não construam cidades ou casas, eles sabem como plantar a árvore larga ou a árvore-parede, discutida em capítulos anteriores, de maneira tão artística que, se estivésseis analisando tal plantação como uma habitação, teríeis que concordar que é algo indescritível e muito mais belo do que a maior e mais bonita cidade da Terra, onde as paredes parecem ter sido construídas com um brilhante e luminoso ouro polido.

7) Em sexto lugar, os saturnianos gostam de viver nas margens dos rios por causa de sua paixão pelo mar e pela vela. Eles o fazem não por razões interesseiras ou lucrativas, mas antes por prazer e por questões de saúde. Assim, quando alguém dentre eles deseja visitar a vizinhança, ilhas ou países distantes, faz uso daquilo que realmente se acerca de seu coração: velejar em seu barco.

8) Vós deveis estar perguntando por que os saturnianos preocupam-se em construir navios, quando têm habilidade para caminhar na água. A resposta para esta questão é realmente simples. Os saturnianos podem facilmente caminhar na água, contanto que estejam sem carga. Mas tão logo carreguem algo, eles irão afundar, já que a relação com a capacidade da água de sustentar um ser humano é calculada por cada fio de cabelo. E quando os saturnianos caminham sobre a água, o fazem de modo lento e cauteloso, pois é um procedimento que requer considerável prática, muito mais que a de um patinador da Terra. Considerai ainda que, com seus navios, os saturnianos podem deslizar de forma rápida e segura sobre as águas, facilmente viajando por 30 a 50 milhas geográficas em uma hora terrestre. Eles também não têm motores a vapor, remos ou roda de remos. Sua força motriz reside apenas em sua firme vontade e inabalável fé. Por isto demarcam as bordas e parapeitos de seus navios com bandeiras ou certo tipo de plantas, as quais magnetizam com sua vontade e, como consequência, o barco toma a direção indicada pela vontade do marinheiro como sendo o seu destino.

9) Vede, tal força motriz é melhor e mais perfeita do que vossas horríveis máquinas a vapor, por meio das quais sempre a vida natural do ser humano está em constante perigo! E se Eu não interferisse através de anjos guardiães, haveria uma quantidade bem mais considerável de acidentes pelo vapor liberado, do que realmente já ocorre. Nada é mais tolo do que um ser humano que manipula forças da Natureza das quais não tem o menor conhecimento. Não é suficiente saber, por mera experiência, que o vapor d’água expandido possui uma grande força de compressão; também é importante saber o que jaz por trás deste vapor expandido e o que causa esta grande força compressiva.

10) Potências mortas não são potências; entretanto, potências efetivas podem ser liberadas ou expandidas vivas. Mas quem sabe quantas potências de espíritos liberados o vapor possui? Em verdade, se eles não fossem contidos pelos anjos, não tardaria e os arrogantes e conceituados engenheiros das máquinas a vapor descobririam quão absolutamente ridícula é a base de seus cálculos. Pois os espíritos libertos em apenas 1.837 litros de água, quando não contidos, podem transformar toda uma cadeia de montanha em pó e cinzas num piscar de olhos. Isto deve vos demonstrar quão enorme é a proteção constantemente requerida para que estes tolos seres humanos com seus tolos empreendimentos não pereçam devido a acidentes desta natureza.

11) Os saturnianos desconhecem tais tolices e, apesar disto, são incomparavelmente mais sábios que vossos doutores e superinteligentes inventores de máquinas a vapor, engenheiros e conquistadores dos oceanos da Terra. Além de muitas vantagens, os saturnianos têm ainda mais um benefício inestimável: Várias vezes durante suas vidas eles podem pessoalmente associar-se Comigo e com os anjos do Céu, por meio do que podem ganhar mais em uma breve conversação em sua esfera de conhecimento e percepção, do que através das estapafúrdias e estúpidas teorias dos estudiosos.

12) Por falar nisto, Eu gostaria de mencionar, de passagem, que espíritos de vossa Terra mui frequentemente vêm visitar os saturnianos, o que lhes é permitido fazer a qualquer tempo, especialmente em caso de necessidade. O que normalmente ocorre é que tais espíritos terrestres - que se julgam seres mui letrados - são, devido às suas crenças extraordinariamente tolas, motivo de riso e de repreensão por parte dos saturnianos, já que não percebem que o Senhor e Criador do Céu e de todos os corpos celestes é completamente humano. Este fato é conhecido apenas por uns poucos seres humanos cristãos da Terra, e consequentemente muitos de tais espíritos têm as ideias mais ridículas e absurdas a Meu respeito; por isto pintam tantos quadros sem nexo de Mim.

13) Alguns destes quadros descrevem-Me como um soberano, enquanto outros Me apresentam sentado seminu em uma nuvem e segurando uma cruz na mão, usualmente na mão direita da soberania. Outros ainda Me descrevem na forma de uma pomba voadora, por meio da qual Eu devo sempre pairar sobre duas pessoas abaixo de Mim; ou seja, sobre um soberano e sobre uma pessoa nua com a cruz da crucificação de Cristo. Outros Me colocam em todas estas três descrições ao mesmo tempo, pelo que Me torno uma insensatez matemática, porque sou retratado como três pessoas, das quais somente duas são dotadas da forma humana, tendo a terceira uma forma animal; e de novo destas três diferentes personalidades deve derivar somente uma pessoa divina, consistindo de um soberano, um Cristo nu e uma pomba...

14) Entretanto em todo o planeta Saturno não há um ser humano que tenha qualquer outra concepção de Mim divergente daquela em que Eu sou completamente humano, exatamente como qualquer ser humano, com uma diferença: Eu sou o mais completo e mais perfeito ser humano; ou seja, Eu sou o ser humano em que vive incorporada a plenitude da Divindade. Tendo dificuldade para o entendimento disto, voltai a questão para vossa consciência, para que ela mesma vos diga de onde vem e o que é, e ela sempre vos disse isto. Então vós não mais tereis tanta dificuldade de compreender ou alcançar o que significa em Mim − o mais completo ser humano − viver incorporada a plenitude da Divindade.

15) Vede, quando os saturnianos, por assim dizer, vão direto ao assunto, estes conceituados espíritos terrestres tornam-se muito inconvenientes e raivosos e, em represália, querem pela força impor sua crença. Porém os saturnianos incontinente mostram-se extremamente humildes e ao mesmo tempo excepcionalmente firmes em sua crença, com o que os espíritos terráqueos começam a se sentir miseráveis por conta de sua arrogância; e não podendo mais suportar a esfera dos saturnianos, logo partem voluntariamente.

16) Eu devo explanar sobre tais cenas com mais detalhes quando visitarmos as regiões nevadas e geladas de Saturno, onde os saturnianos desencarnados em geral se apresentam e são ativos. Vós deveis saber que o espírito de qualquer corpo celestial, especialmente quando não é completamente purificado, quase sempre retorna à área do planeta que ocupava com seu corpo físico.

17) Mas no momento direcionaremos nossa atenção de volta aos rios.

11

AS BELAS PAISAGENS RIBEIRINHAS

O RIO DO NORTE

O RIO DA NOITE

O RIO DO MEIO-DIA

1) Se quereis imaginar apropriadamente um rio de Saturno, então imaginai uma vasta e calma água superficial que se expande para o oceano em uma linha reta, longa e imensurável para vossos olhos. Além disto, imaginai que este rio flui através de uma vasta planície que é ocasionalmente interrompida por formações regulares de montanhas já conhecidas por nós. Adicionai a isto a maior e mais abundante fertilidade destas regiões ribeirinhas e imaginai que entre as montanhas crescem avenidas inteiras de árvores pirâmide e belos jardins com avenidas de árvores espelho, além de uma vasta floresta ao longo dos bancos de areia dos rios, com árvores-funil e outras espécies de árvores luxuriantes, arbustos, plantas, ervas e gramas. Imaginai a população extremamente peculiar de animais e a enorme, extremamente diversa e magnífica população de aves aquáticas que frequentemente voam em bandos em todas as direções sobre as vastas superfícies de tais rios, todas sujeitas à vontade dos saturnianos. Entre as famílias, especialmente aquelas que vivem nas margens dos rios, vós frequentemente encontrareis visitantes celestes tais como anjos e, de vez em quando, a Mim mesmo.

2) Se juntardes tudo isto, tereis uma ideia aproximada do esplendor de tais regiões ribeirinhas. Como acima mencionado, especial atenção deve ser dada aos rios que fluem em direção ao nascente, com suas espaçosas margens. Mas não fazeis ideia do que diz respeito à vegetação, que para vós sempre cresce em grande desarranjo; ao contrário, tudo cresce em perfeita ordem planejada. Tudo é feito na assim chamada vegetação casual, não somente para as necessidades dos animais, mas Eu também tenho tido um extremo cuidado com a mais ornamental forma. Vós deveis chegar a esta conclusão por meio da descrição das plantas e de toda vegetação.

3) Os demais afluentes são estruturados da mesma maneira que o Rio da Manhã; mas não têm tal largura, nem são tão densamente povoados. Entretanto o esplendor dos afluentes não é proporcionalmente menor do que o do Rio da Manhã.

4) O rio que flui em direção ao norte é, ao longo de suas margens, aquilo que vós na Terra denominais de “romântico”, porque o vale pelo qual ele corre é frequentemente confinado por montanhas, e nos lados destas montanhas vós notareis incontáveis picos, deslumbrantes torres de rocha branca que sempre são adornadas por plantas curadoras conhecidas como “ Bellatharianga” ou o “arbusto dourado das mil folhas”, descrito anteriormente. Esta região é a melhor área para esta planta, apesar de que ela pode também ser encontrada alhures, mas nunca com a mesma profusão.

5) Imaginai para o Rio do Norte as mesmas margens vivas do Rio da Manhã, com as mesmas coisas, salvo por uma exceção: a árvore-pirâmide não cresce bem em terreno rochoso. Agora tendes um quadro completo deste rio e suas margens.

6) O Rio da Noite, o rio que corre para oeste, é famoso por causa de seus harmoniosos cânticos de pássaros. Se a vós fosse possível passar uma noite lá, ficaríeis tão encantados com um concerto como aquele, em um grau tal, que a música da Terra, mesmo considerando um grande compositor como Händel, tocado pela mais magnífica orquestra filarmônica, seria comparável a nada mais do que um coaxar de rãs no charco.

7) Vede, consequentemente, em Saturno, Eu sou o professor de música dos pássaros! Deveis estar certos que mesmo vossos melhores vocalistas, se ouvissem estes cantores emplumados de Saturno uma única vez, não mais ousariam cantar uma única nota pelo resto de suas vidas. (Nota: Música é uma forma muito popular de entretenimento dos saturnianos; ocorre que eles não têm instrumentos musicais. Em vez disto, eles são excelentes cantores, louvam e agradecem a Mim com tais talentos durante seus serviços divinos. Tudo isto será descrito quando discutirmos sobre os verdadeiros saturnianos, seus relacionamentos e circunstâncias).

8) O rio que corre para o sul, o Rio do Meio-dia, é famoso pelo lustre de suas águas. A superfície da água tem um vislumbre uniforme, especialmente durante o dia, exatamente como um grande, belo e bem lapidado diamante da Terra; a razão disto é que esta água é de uma pureza particular, especialmente em sua superfície. Apesar de que toda a água de Saturno é mais pura do que a da mais pura fonte da Terra, a água deste rio é tão límpida, que podeis ver qualquer objeto, mesmo nas maiores profundidades, tanto quanto poderíeis enxergar na luz do dia normal; este é o porquê da superfície reluzir tão lindamente, especialmente quando há um pequeno movimento de ondas. Vós não tendes ideia do esplendor. Um arco-íris da Terra seria algo muito simples, se comparado a este espetáculo.

9) Entretanto, no tocante à população ribeirinha deste rio, é sem dúvida a mais pobre. A razão disto é que a vegetação não cresce tão bem, em virtude da dureza da água. Uma vez que a água é extremamente limpa, ela é mais dura que a água de outros rios. Já que isto se aplica na Terra, igualmente se aplica em Saturno; quanto mais límpida e fresca a água de fonte é trazida à superfície, tanto mais dura e infértil ela é. Este fato não deve vos levar à conclusão que as margens deste rio são desoladas; porém são consideravelmente mais luxuriantes do que a maioria das margens mais férteis da Terra, ainda que não estejam no mesmo nível de grandeza de outros rios de Saturno, especialmente do Rio da Manhã.

10) Assim vimos os quatro rios das montanhas centrais. Mas estas não são as únicas regiões habitadas ou populosas. As montanhas, bem como todas as margens dos rios remanescentes, não são menos habitadas. Parte destes outros rios fluem por vários meandros até o oceano, mas a maioria deságua no rio principal acima mencionado ou em seus afluentes.

11) O que resta agora é a descrição dos vastíssimos lagos interiores, suas utilidades e esplendores, e a habitabilidade das variadas e extensas regiões costeiras.

12

OS LAGOS INTERIORES DE SATURNO

A MAGNÍFICA ZONA RURAL

E A ENORME POPULAÇÃO DA REGIÃO COSTEIRA

INTERLIGAÇÕES ENTRE CÓRREGOS, RIOS E LAGOS

GRUPOS DE CONES DE PEDRA

OS LOCAIS DE ENTRETENIMENTO

CORRIDA DOS CISNES

1) Os lagos interiores mencionados no capítulo anterior são completamente diferentes dos lagos interiores da Terra, que são uma coletânea de volumes de água com profundidades irregulares. Em Saturno, a fonte de água também ocorre em depressões de superfícies que surgem em todos os lados da montanha. Estes lagos têm leitos muito mais rasos do que os rios. Raramente o leito de um lago é mais profundo do que 36 pés, o que é bem raso para um saturniano em pé. Um saturniano pode facilmente transitar por estes lagos, devido a pouca profundidade. A água dificilmente alcança nível acima dos joelhos do saturniano, e só às vezes, quando alta. Entretanto a profundidade é suficiente para conduzir seus barcos.

2) Surge a questão: Para que servem; a que se propõem estes lagos? Atualmente servem aos mesmos propósitos dos canais artificiais da Terra. Estes lagos interiores apresentam uma centena de córregos de transbordamento, ou frequentemente grandes fluxos de transbordamento, que se encaminham para os rios e assim se tornam afluentes. Destes lagos interiores é possível para os saturnianos alcançar os quatro principais rios pelas redes de córregos, o que pode ser convenientemente realizado da maneira descrita a seguir. Por exemplo, se há uma região com lagos entre o Rio da Manhã (leste) e o Rio do Meio-dia (sul), ela terá ao menos um, se não mais, destes afluentes que se encaminham tanto para o Rio da Manhã como para o Rio do Meio-dia. Vós também encontrareis regiões com lagos entre o Rio do Meio-dia e o Rio da Noite (oeste), e entre o Rio da Noite e o Rio da Meia-noite (norte), e entre o Rio da Meia-noite e o Rio da Manhã. Desta maneira a conexão hídrica não é estabelecida somente uma, mas centenas de vezes. O meio para tais conexões entre os lagos interiores e os principais rios é garantido; também há conexões entre riachos e rios, então não há rio ou lago neste imenso país que não possa ser facilmente alcançado por água.

3) Estes lagos interiores cobrem vastas áreas, a menor das quais é tão grande quanto o Mar Cáspio (424.300 km2), na Ásia, o maior lago da Terra. Há diversos mais largos, alguns cobrindo área equivalente ao Mar Mediterrâneo (2.496.000 km2). Mas não há muitos lagos grandes com todo este tamanho; a localização destes lagos é usualmente em regiões próximas ao oceano. Entretanto há um grande número de lagos interiores menores em torno do centro deste país, porque em todo canto vós encontrareis áreas planas neste país e, em algumas extensões com suas névoas, vós encontrareis significantes regiões de lagos. Ao ficardes de pé em um ponto elevado, isto vos proporcionará uma vista tão espetacular, ou, como vós diríeis, um quadro tão perfeito, que na Terra dificilmente seríeis capazes de imaginar visão tão magnífica.

4) Embora na Terra tendes regiões com lagos interiores, a forma destes não é uniforme, mas sim é mais aleatória e irregular. Assim são as cercanias do lago terrestre: há áreas de rochas liberadas pelas intempéries, de montes arborizados, planícies de sedimentos, e outras coisas que não dizem muito, mas que tornam irregulares as cercanias de uma área aquosa ou de um lago. Isto não se aplica em Saturno, porque lá os lagos têm sempre mais ou menos a mesma forma elíptica. Tais lagos têm regularmente grandes extravasores, a partir dos quais sempre fluem, em todas as direções, para outros lagos, rios e riachos.

Agora imaginai tais calmas superfícies de água, onde a menor tem de 10 a 100 milhas geográficas quadradas, além de outras com 100 a 1.000 e com 1.000 a quase 30.000 milhas geográficas quadradas, de acordo com vossas medidas de área, e isto vós dará uma ideia das dimensões destes lagos interiores. Além disto, dai uma olhada nos vastos extravasores que escoam a água destes lagos interiores, a maioria deles em linha reta, e vós realmente apreciareis o esplendor de tais regiões de lagos, especialmente quando souberdes que aqueles extravasores apresentam, em toda extensão, de 2 a 40 milhas geográficas de largura.

5) E não são somente as grandes dimensões que determinam a magnificência destas regiões de lagos; é prioritariamente a costa densamente povoada em torno destes lagos interiores. Em nenhum lugar há um esplendor de vegetação desenvolvida com tantos grandiosos desabrochamentos, como nas costas destes lagos. É um meio-ambiente com árvores-pirâmides, as quais, de vosso ponto de vista, crescem a alturas inacreditáveis, com pontas frequentemente mais altas que algumas das grandes montanhas de Saturno.

6) Os saturnianos também plantam a árvore-barco, para embelezar a costa. Atrás destes campos, onde as árvores-barco crescem e florescem, as árvores-parede são cultivadas, as quais normalmente excedem significativamente as alturas mencionadas no capítulo anterior. Em algumas costas, as paredes douradas destas árvores crescem a alturas de 3.000 pés. Os saturnianos têm alcançado tal proficiência na arte dos enxertos que, quando uma árvore-parede cresce certo número de pés, eles dão um corte na base, enxertam nele outra árvore-parede e cobrem o corte com terra; por meio disto, se a árvore continuar a crescer, o tronco estará pronto para se tornar 50% mais largo. Este procedimento é continuado tanto quanto possível, e as árvores se transformam em magníficos adornos daquelas costas, pois tais troncos crescem a alturas estonteantes, bem acima de suas alturas naturais. Atrás destas paredes, os saturnianos cultivam grupos misturados de árvores que vós já conheceis e que, considerando sua extraordinária diversidade, contribuem em grande parte para o embelezamento das regiões costeiras, as quais se elevam gradualmente para o interior.

7) Quando discursamos sobre o Rio da Manhã, os habitantes e suas acomodações, foi mencionado que não encontraríeis cidades, fortificações, ou qualquer outra habitação no planeta, exceto nas árvores. Isto também se aplica às costas dos lagos interiores. Não há, habitações, senão nas árvores principais por nós discutidas (15). Há, entretanto, algo que deve ser mencionado: quando estas árvores crescem em regiões de costa de lagos interiores, elas superam consideravelmente, tanto em tamanho da circunferência do tronco como em altura, as mesmas espécies de árvores que crescem em rios, riachos e montanhas, e por esta razão servem como habitação às famílias mais numerosas.

8) Todas as outras árvores, arbustos, plantas e gramas também são cuidadosamente mantidas em boa ordem. Assim sendo, estas costas parecem verdadeiros paraísos na acepção da palavra. Uma vez que a árvore do sol é o único tipo de habitação, não penseis que nestas regiões costeiras uma árvore do sol cresce próxima a outra; em vez disto perde-se um tempo considerável para viajar de uma habitação a outra. A menor distancia entre elas é de aproximadamente 10 a 20 milhas geográficas, eventualmente algo em torno de 50 a 100 milhas geográficas, posto que cada propriedade normalmente tem o tamanho de um país inteiro (da Europa) e apenas uma destas árvores, porém não mais do que cinco a dez. Só quando não há mais espaço para todos os membros da família, uma outra árvore será plantada nas proximidades.

9) Quando ocorre que alguns membros da família têm que se mudar por causa da superpopulação, então pode acontecer que eles se mudem para as montanhas, o que não gostam de fazer.

(15) A Árvore do Sol, capítulo 3, parágrafo 6 -10 - A editora.

Mas antes que alguém plante sua habitação arbórea na montanha, ele fará tudo o que estiver a seu alcance para encontrar uma costa ou margem de algum lugar. Somente quando for impossível encontrar algo na sua vizinhança, ele se mudará para as montanhas. Claro que ele procurará por áreas nas montanhas onde existam várias fontes próximas e as árvores de barril fluente, outro meio de abastecimento de água. Além disto, os habitantes de Saturno não podem mais trazer suas grandes vacas para as montanhas, as quais lhes dão o quente leite diário. Sendo assim, têm que se satisfazer com leite de cabra doméstica, que não é tão doce.

10) Se eles desejam usufruir o leite da grande vaca, eles não têm outra escolha senão ir às planícies e visitar seus afins; por meio de trocas, por ervas medicinais das montanhas ou por serviços prestados, é que eles obterão seu precioso leite. Então eles enchem os recipientes anteriormente mencionados e se encaminham para casa. Vós vos lembrareis dos vagões que eles têm, os quais discutimos mais cedo neste livro, aqueles que são feitos tão facilmente a partir do barril fluente, que os habitantes das planícies frequentemente o chamam de “navio das montanhas”.

11) Embora, segundo vossas concepções terrestres, estas habitações em árvores estejam separadas umas das outras por grandes distâncias, elas são suficientemente próximas para um saturniano, desde que ele possa ver a árvore onde habita seu vizinho, a despeito da grande distância alcançada pela sua acurada visão. Além disto, suas longas pernas podem carregá-lo por ao menos dez milhas geográficas em quinze minutos, com enorme facilidade. E no caso destas casas vizinhas estarem necessariamente a uma distância maior, então ela viajará de barco. A velocidade de tais embarcações já foi mencionada anteriormente (16).

12) A única coisa que resta ser explicada é se a água em tais lagos interiores fica estagnada ou flui, mas já tem sido dito que ela é fluente. Tais águas têm uma corrente tão forte, que fluem em todas as direções possíveis. Entretanto o movimento da água nos lagos é algo menor do que o dos rios e córregos. Se desejardes imaginar o fluxo da água nestes lagos, imaginai que ela flui a partir do centro do lago, de maneira radial, para inúmeros canais que o lago alimenta, através dos quais ele se conecta a outros lagos interiores, rios, riachos e córregos. Mas aqui reside outra peculiaridade ou diferença em relação aos canais da Terra. A água destes canais, os que conectam outros lagos interiores, fluem da seguinte maneira: Por exemplo, nos canais de conexão dos lagos continentais, a corrente do lago A flui pela esquerda para um lago B através de canais, em longo redemoinho, retornando para o lago A pelo lado direito. Entretanto, um navegante pode viajar da margem esquerda do lago A rumo ao amanhecer (leste), e ainda, outro navegante na margem direita do lago B pode ir ao lago A em uma corrente que flui na direção oposta. Eu devo supor que vossos mecanismos hidráulicos teriam severas dificuldades em produzir esta espécie de movimento de água. Entretanto, no que diz respeito ao escoamento que corre para os rios e córregos, não há aqui contramovimento; em vez disto as correntes dos canais fluem de um lago interior para um rio, ou de um rio para um lago interior. Isto não impede a navegação nem um pouco, posto que o movimento da água em Saturno é muito calmo e a corrente mais rápida viaja a não mais do que sessenta pés por minuto, enquanto que uma corrente normal viaja entre três e trinta pés por minuto. Por outro lado, este movimento da água tem muito pouco a contribuir para a navegação, contudo há uma finalidade, já que as águas não se tornam estagnadas e sujas; por meio deste constante movimento, estas águas emitem um benéfico sopro de vida.

13) A beleza destes lagos interiores é extremamente sublimada pelas muitas rochas cônicas brancas que são encontradas principalmente nos centros dos lagos. A razão disto é que a água destes lagos é mais calma no centro e ali poderia facilmente tornar-se estagnada e podre.

(16) Capítulo 10, parágrafo 8 - A editora.

Por esta razão, são necessárias estas rochas cônicas, por entre as quais as águas podem bater e vagar. Por meio disto, é causada uma fricção e uma transformação continuamente revigorante, através do despertar da eletricidade inerente. Estes cones são também frequentemente repletos de ervas medicinais conhecidas de nós, como a Hellatharianga, o arbusto dourado das mil folhas. Por meio da exalação de sua fragrância etérea de vida, estes arbustos fazem da superfície do lago uma área extremamente revigorante; por isto os saturnianos sempre viajam em seus barcos até estes cones.

14) Às vezes há grupos com milhares destes cones nos lagos, os quais são particularmente magníficos em aparência. Se pudésseis vê-los, acreditaríeis estardes diante de uma das maiores cidades sobre as águas; assim Veneza seria, em comparação, simplesmente um brinquedo, pois a maiorias daqueles cones têm uma circunferência de duas a três milhas geográficas e uma altura de 12.000 a 24.000 pés. Há espaço na base de um cone incompleto suficiente para se construir uma cidade. Agora imaginai um grupo de milhares destes cones, e isto deve vos dar uma ideia do tamanho que cada cone ocupa no lago.

15) Os habitantes de Saturno trabalham arduamente com seus formões, para tornar um ou outro destes cones habitáveis, entalhando-os gradual e diretamente até o topo. Aqui eles apreciam ficar horas nos cones, preparando-os desta maneira. Cones muito grandes são entalhados, até que finalmente se tenha vários pavimentos de habitações. O acesso aos andares superiores é obtido através de uma escada em espiral, entalhada no exterior do cone, por meio da qual pode-se alcançar todos os andares. Mas somente são selecionados os cones que não apresentam qualquer crescimento de planta. Os cones com plantas são considerados santuários, e os saturnianos são de opinião que seria um pecado grave tocar com o formão em tais cones. Ocasionalmente eles são informados por espíritos angelicais que tal não é propriamente um pecado, mas seria sim imprudente destruir tão nobres plantas com seus cinzéis. Assim sendo, os saturnianos poupam, com uma prudente modéstia, os cones onde a vegetação brota. Os topos e contornos dos cones preparados para habitações são cuidadosamente decorados com todo tipo de folhas e bandeiras da planta Chaiaba. E este é o motivo pelo qual um grupo de cones no centro da serena água de um lago é de fato um belo atrativo a todo saturniano. Se o povo da Terra pudesse ver este espetáculo, ele ficaria emudecido por um minuto inteiro.

16 – A beleza destas costas, ou melhor, destas cidades costeiras em cones, é engrandecida pelos muitos navios que se apresentam; assim se dá a completa união de suas poucas famílias. Também há grande variedade de aves marinhas domesticadas, similares aos cisnes da Terra e com uma grande variedade de cores, animando com seus diferentes sons as áreas aquosas entre os cones e outras grandes áreas ao redor. Mas não imagineis que estes pássaros são do tamanho de vossos cisnes; tais pássaros são grandes como um pequeno barco. Por isto o povo de Saturno monta as costas destes pássaros aquáticos como uma espécie de entretenimento. São carregados por tais pássaros velozmente, num instante, sobre toda a superfície de água. Os saturnianos treinam estas aves como animais caseiros e os enlaçam a seus navios. Se pudésseis ver a imagem, vós a descreveríeis como um espetáculo de um conto de fadas, ao ver a frente de um destes navios algumas centenas daqueles pássaros nadando e puxando as embarcações. Tais viagem são só para entretenimento e não acarretam a exploração dos animais, já que os saturnianos se compadecem de todas as suas criaturas. Assim sendo, o saturniano não as usa para trabalhos pesados, pois o poder de sua vontade e de sua crença é suficiente para todas as coisas.

17 – Isto abrange tudo relativo aos lagos interiores. Nós agora começaremos com o reino animal, a saber, com os maravilhosos animais formados na água. Também aqui, deixai vossa imaginação vagar e privareis de muitos milagres.

Por hoje, Eu digo: Amém!

13

AS COSTAS DOS OCEANOS

O PERIGO DECORRENTE DAS INUNDAÇÕES TEMPESTUOSAS

AS LUAS E OS ANÉIS COMO CAUSADORES DE INUNDAÇÕES

AS MENORES ESPÉCIES DE ANIMAIS OCEÃNICOS

O MEXILHÃO AZUL GIGANTE

1 – Até aqui nós temos aprendido sobre a formação do país em si, a sua rica vegetação, as águas e como tudo isto pode ser adequadamente usado. Agora nos voltaremos para o reino dos elementos metálicos, para as esferas dos vegetais e da água, que são a base primária do reino animal, para então chegarmos ao reino animal propriamente dito.

2 – Antes de nos ocuparmos com os verdadeiros animais, será necessário inspecionar as regiões das costas oceânicas, que são a principal residência da maior variedade de animais. Na Terra, a linha costeira dos oceanos é a região mais populosa, com poucas exceções, devido ao fácil acesso via água e porque é muito conveniente fazer negócios e ter um sistema de transporte da costa para os oceanos e para outras vias de sistemas hidráulicos, precavendo-se que estas regiões não sejam localizadas em áreas de rochedos prejudiciais à navegação, arrecifes, bancos de areia ou áreas pantanosas. Mas nas costas oceânicas de Saturno isto é completamente diferente. Em Saturno, nenhum ser humano vive na faixa litorânea de quarenta milhas geográficas costa adentro. A razão por não ser habitada nenhuma terra baixa na faixa de quarenta milhas geográficas costa adentro é porque ninguém está seguro das súbitas inundações. Na Terra, o oceano é sujeito às periódicas altas e baixas de marés; muito mais ocorre em Saturno, por tratar-se de planeta de grandes proporções. A maré se eleva e atua neste planeta da mesma forma que na Terra, sobre todas as coisas e sobre tudo o que a ela está afeto.

3 - A razão pela qual as marés de Saturno não sobem sempre no mesmo nível é devido às sete luas, que têm uma considerável influência no planeta em si. Esta influência ocorre especialmente naqueles momentos em que todas as setes luas estão em um mesmo lado do planeta, como resultado das diferentes velocidades de suas órbitas. Sendo assim, as águas oceânicas se elevam mais do que o usual naquele lado do planeta. Desde que em vosso caso somente uma lua orbita o planeta, seria imprudente atribuir as marés altas e baixas apenas à Lua, apesar de que não devemos desconsiderar que a lua terrestre realmente exerce uma pequena influência. Mas esta influência da Lua na Terra não representa mais do que uma polegada, enquanto que a elevação natural das águas oceânicas chega a seis pés (*). Mas em um planeta como Saturno a elevação natural das águas oceânicas é um fator determinante; adicionai a isto o fato que uma lua aumenta o nível em uma polegada e sete luas, em sete polegadas. Vós deveis aplicar tais sete polegadas proporcionalmente, como toda proporção da Terra em relação à Saturno. Vós rapidamente chegareis à conclusão que aquelas sete polegadas, depois de deduzirdes todas as causas efetivas usuais, são responsáveis por 420 pés. Adicionai a isto a elevação natural das águas oceânicas de Saturno de 360 pés durante a maré alta, e isto vos dirá quão alto as águas oceânicas às vezes sobem em algumas regiões da costa.

4 – Se o anel sobre o oceano não tivesse um verdadeiro efeito benéfico nas águas oceânicas, as planícies e algumas terras baixas e planas estariam em perigo por milhares de milhas. Mas um peculiar fenômeno ocorre durante o tempo de maré alta por meio da força de atração do anel. As águas oceânicas raramente invadem o interior mais do que 40 milhas geográficas, porque durante a maré alta o oceano forma uma real montanha de água sob o anel. Então as águas são puxadas e retidas juntas, formando estas montanhas, como se não quisessem invadir muito longe terra adentro.

(*) Observação da tradução para o Português: Ver em “Terra e Lua” sobre o efeito da respiração da Terra.

5 – Estas montanhas de água assemelham-se às trombas d`água da Terra, mas com a diferença que, por conta da força de atração do anel, elas frequentemente alcançam a assustadora altura de 100 milhas geográficas. Entretanto, durante a maré alta, a navegação é tão boa quanto impossível. Pois quando um navio é pego por tal montanha crescente de água, ele se eleva com tamanha e indescritível ferocidade e velocidade, que tão logo alcance o pico mais alto, é arremessado abaixo com um ímpeto que não se pode falar de um feliz e incólume retorno. Acontece, mas muito raramente, que em algumas áreas o acúmulo de água é tão alto, que quase alcança o anel.

6 – Entretanto sempre o mais insignificante acúmulo de água é muito perigoso para o navio e sua tripulação. E sempre que estes acúmulos ocorrem, as águas oceânicas rodopiam com indescritível velocidade. Se algum navio se aproxima do raio de ação da dança da montanha de água, ele inicialmente é puxado para o alto até a crista, enquanto o rodopio ainda está lento. O rodopio e o nível das águas aumentam cada vez mais, então acontece que um navio varrido de longe é impulsionado a profundidades tremendas, ou é destruído pelo poder do redemoinho de água. O diâmetro de cada montanha d’água, em média, é algo em torno de 20 a 50 milhas geográficas em sua base, 10 a 20 milhas geográficas no meio, e uma a duas milhas geográficas no topo. O giro da água no meio da montanha é de uma velocidade tal, que a rotação se completa em quatro a cinco minutos, enquanto que no topo leva algo em torno de um a um minuto e meio. Agora podeis imaginar o poder de impulsão que esta montanha tem! Se um navio está na superfície do oceano e, justo abaixo da embarcação, o pico de uma tal montanha de água começa a se formar, o navio é levantado a alturas assustadoras. Porém, se o navio vai para o interior da corrente do redemoinho da montanha de água, ele é elevado ao nível da onda característica e é então arremessado numa descendente para o fundo.

7 – Esta explanação foi absolutamente necessária antes de começarmos nossa descrição do reino animal, porque aprendemos que, devido a tais circunstancias, as costas dos oceanos saturnianos não são habitáveis. O que será mostrado, entretanto, neste grande ato da Natureza é a primeira geração (abiogêneses = geração espontânea) do reino animal, porque através dela ocorre um fenomenal ato de união, através do qual o éter animalesco é admitido na água, onde seres se multiplicam de classe em classe, até que alcançam o reino que vós na Terra chamam de anfíbios. Neste corpo celestial (Saturno), esta classe animal forma uma transição ordenada de animal aquático para animal terrestre. Portanto as terras costeiras são o primeiro nível, por conta de uma apropriada sequência de estágios, considerando o desenvolvimento continuado no qual os animais aquáticos podem atravessar da água para a terra. Se quisermos examinar o reino animal em Saturno, devemos, portanto, começar na ordem pela qual ele realmente tem sua origem.

8 - Portanto a água dos oceanos é o primeiro habitat dos animais. Que espécie de animais descobriremos primeiro neste corpo celestial, isto é, nas suas águas oceânicas?

9 - A primeira classe de animal consiste de incontáveis amontoados de vermes brancos, tão minúsculos que milhões se acomodam em uma gota normal de água. Já a segunda classe é uma categoria algo maior de verme que sempre é equipada com dois braços.

Em geral eles não são visíveis aos agudos olhos dos saturnianos. Estes animáculos do segundo nível consomem muitos milhares do primeiro ao segundo nível; através deste modelo, suas vidas se incorporam. A terceira classe é uma espécie de verme cinza, alongado, do tamanho dos nematóides: o anguillula aceti. Esta classe animal é muito voraz e se nutre das duas classes menores e, portanto, incorpora a vida delas em si. A quarta classe é uma espécie de verme que tem duas cabeças e em geral um comprimento de 2,14 a 2,25 milímetros; ao redor da cintura ele é ligeiramente mais largo, então sua forma é similar a um rolo crescente. Este animal só consome seus predecessores. A próxima classe difere de tudo o que foi previsto no gênero. Nas classes predecessoras não existe diferença de gênero. Este animal, entretanto, por conta de suas duas cabeças, é estruturado de forma tal, que unifica em si mesmo os princípios masculino e feminino, indicados por suas duas cabeças. A próxima ou quinta classe consiste numa espécie de coleóptero avermelhado com quatro patas. Este animal tem um comprimento visível de 4,28 a 4,50 milímetros e uma espessura de corpo de 1,07 a 2,02 milímetros; ele é um glutão, porque se alimenta de todas as classes predecessoras em incontáveis quantidades, e sendo assim, incorpora suas vidas. Assim, no caso dos milhares de níveis de vários seres vivos, há sempre um absorvido pelo outro, até que eles são aceitos na classe dos crustáceos.

10 – A classe dos crustáceos é abundante; quem aparece primeiro é o mexilhão, depois o caracol (ou caramujo).

11 – Dentre os peixes com concha, o único que vale a pena ser mencionado é o mexilhão azul gigante, que frequentemente apresenta um tamanho final que, se o tivésseis visto em algum oceano da Terra, pensaríeis tratar-se de uma ilha, cobrindo uma área de uma a uma e meia milha geográfica quadrada. Este mexilhão ocupa o nível mais alto no que concerne aos mexilhões. Sua morte é causada por pequenos caracóis. Os mexilhões gigantes são sua comida e os caracóis os comem andando para todos os lados. Quando o mexilhão é consumido desta maneira, a concha é então arrastada pelas marés para uma pequena ilha, ou para a costa, onde os habitantes colhem tais valiosas conchas. As mesmas são fixados na terra de tal modo, que várias árvores da chuva são plantadas entre duas conchas de mexilhões, e em suas grandes bacias a chuva é coletada da maneira mais econômica.

12 – O exterior deste mexilhão gigante não é particularmente belo, sendo sua cor um verde escuro. Entretanto, o interior é encantador; ele é similar ao brilho reluzente do ouro, coberto com um belo azul celeste. Assim, ao olhardes para esta bacia de água (bacia de concha de mexilhão), será mais magnífico quando cheia com a água das árvores da chuva. As pessoas de Saturno gostam de banhar-se ali, porque a água tem a maior das purezas, bem como é saturada com uma fragrância etérea. É similar ao óleo de nardo da Terra, que também está entre as maiores fragrâncias da Terra.

13 – Vós provavelmente perguntais: Como os saturnianos movimentam este mexilhão gigante? Isto é executado de um modo bem simples. A concha do mexilhão não é tão pesada como deveis imaginar, porque abaixo do anel os objetos não são pesados como em outras regiões de Saturno, seja nas latitudes ao norte ou nas latitudes ao sul. Quando os habitantes de saturno encontram este mexilhão, eles o abrem usando cunhas e alavancas. Eles limpam cuidadosamente as conchas, fecham e colam as aberturas novamente com uma espécie de pasta d’água. Então eles esperam com seus navios por uma pequena maré alta; isto então eleva os mexilhões, que são mantidos presos aos navios por fortes cordas, e eles começam suas viagens ao continente por um rio, com uma velocidade que vós não tendes concepção. Sob tais circunstancias, os saturnianos usam sua poderosa força de vontade ao longo de todo o trajeto. Assim vós não deveis vos surpreender que os saturnianos transportam objetos de um lugar ao outro que vós não ousaríeis mover devido ao seu peso e tamanho. Isto será tratado de maneira mais clara em oportunidades futuras.

14 – Nos próximos capítulos examinaremos o reino animal mais de perto. Por hoje, Eu digo Amém!

14

O CARACOL-GRAVETO

O CARACOL-PIRÂMIDE

O CARACOL-DISCO QUE PRODUZ

UNGUENTOS E ORNAMENTOS DE JARDIM

1 – A seguir do grande mexilhão azul, nós agora nos deparamos com os caracóis; primeiro com os aquáticos, depois então com aqueles que, de acordo com seu físico, são mais desenvolvidos e vivem em terra.

2 – Nas águas há milhares de espécimes de caracóis, que estão numa ordem sequencial de um relacionamento biológico, um sucedendo ao do outro; ou melhor dizendo, “numa ordem respeitando-se as regras de procriação da vida”.

3 – No que diz respeito às espécies precedentes de caracóis, elas são menos interessantes aos vossos olhos curiosos, apesar de que vós poderíeis escrever volumes de livros sobre estas espécies. Entretanto, se vos dedicásseis à descrição deles em detalhes, vós nunca seríeis capazes de listar todos eles. Assim sendo, nós apenas descreveremos as espécies dos crustáceos que estão no mais alto estágio de desenvolvimento e que devem ser especialmente interessantes a vós. Nós descreveremos as cinco maiores espécies, devido a sua maravilhosa estatura.

4 - A primeira das espécies altamente desenvolvidas dos caracóis é o caracol-graveto, uma particularmente peculiar espécie de caracol, porque o verticilo (espiral) da concha lembra um parafuso alongado. Isto é similar a entalhar sessenta pés ao longo de um graveto segundo um parafuso. Ou, numa melhor descrição, enrolar uma longa corda ao longo de uma haste, de modo que um verticilo poderia firmemente se entrelaçar do topo para a base dentro do graveto. Não imaginai este graveto como sendo muito fino. A partir da base, a parte mais larga, tem o diâmetro de cinco pés e de lá se afunila a um ponto. E a espiral também se torna proporcionalmente mais fina. Na Terra, vós poderíeis chamar tal caracol como uma espécie de obelisco em serpentina. A razão pela qual nos o chamamos de caracol-graveto é porque assim os saturnianos o denominam.

5 - A cor externa deste caracol é absolutamente bela. A parte mais larga é completamente rosa avermelhada, com uma linda espécie de recobrimento prata polido. Em torno do topo, o vermelho torna-se mais escuro, com o mesmo brilho metálico incandescente. Então a coloração rosa começa com um suave avermelhado e termina com um vermelho bem escuro, mas a cor não é o esplendor deste caracol. Há um ornamento nele: o longo cinturão abdominal a toda volta, adornado com a mais bela coloração ao longo de sua extensão, tendo ainda grandes e menores pérolas. Um sulco corre entre as espirais e é adornado com uma fita dourada, a qual contém figuras em arabesco. Assim é estruturada a casa deste caracol.

6 - O animal que vive dentro da concha é menos interessante e é meramente como um verme equipado com quatro protuberâncias ou trombas. Sua nutrição é feita por pequenos caracóis e mexilhões bem menores, os quais ele agarra com suas trombas menores e os esmaga, então ele leva à boca a comida triturada com as outras duas trombas. Este animal sente seu caminho ao redor, a ponto de encontrar algo para comer e determinar se algum adversário pode estar por perto. Neste caso, ele se engaveta em sua bela casa e fecha a saída com uma crosta esbranquiçada; mas muitas vezes esta precaução não é suficiente, porque seu inimigo é a lagosta-espada, a qual Eu deverei citar mais tarde. O crustáceo de espada e rabo (da ordem dos cifozoários) tem a habilidade de penetrar nesta crosta. Ele entra na concha pela força e consome seu pequeno animal indefeso pouco a pouco, até não sobrar nada. Esta lagosta então se torna vítima de um outro caracol maior, do qual nos falaremos mais tarde.

7 - Os habitantes de Saturno coletam as conchas destes caracóis-gravetos e adornam seus jardins com elas. Às vezes eles usam as conchas como bombas d`água da seguinte maneira: sempre que existem fontes na montanha, eles captam as águas com a base da boca da concha e cortam o bico da extremidade tampada. Isto resulta num engenho pressurizador e a água jorra com força da citada extremidade; abaixo deste ponto, toma-se a água com um outra larga boca de outra concha, e continua-se isto às vezes por varias milhas morro abaixo. Com isto a bomba d`água produz uma pressão muito mais interessante do que vós podeis imaginar.

8 - A próxima espécie de caracol é o caracol-pirâmide, cuja cor é um verde grama dourado e uniforme. A circunferência abdominal é proporcionalmente decorada com uma grande forma elíptica branco-neve, cujas bordas são belamente adornadas, como se tivésseis adornado um plano de alabastro com uma moldura de ouro polido. Este caracol é muito grande. Se vós o comparásseis com algo da Terra e medísseis sua espessura, ela seria consideravelmente maior do que o vosso Stadtschlobberg (17). A cor do animal que vive nesta casa é cinza escuro e ele tem uma protuberância do tamanho da tromba de um elefante imensamente grande. A tromba tem um grande alcance e é extremamente forte. Em ambos os lados há duas outras trombas que são menores e mais delicadas, e em cada uma das extremidades há um olho acentuado. No lado exterior do caracol há um forte par de nadadeiras esbranquiçadas que habilitam o caracol a se mover rapidamente e para todo o lado sobre os platôs de gelos, sempre que a superfície do oceano congela. Quando esses caracóis viajam, suas casa ficam voltadas para cima, e ao virdes um destes caracóis viajantes à distância, notareis que ele se parece com uma “pirâmide esquiadora”.

9 - Este caracol tem uma natureza muito viciosa e ataca o ser humano, enrolando sua tromba em torno da vítima e depois a esmagando e a colocando em sua grande boca. Mas os saturnianos são bem cuidadosos e se mantêm bem equipados. Quando querem pegar este caracol, eles colocam um laço em torno da sua tromba e as fecham rapidamente, e o caracol é capturado. Desde que o caracol é um animal que respira e retém o ar através da sua tromba ele morre rapidamente quando não pode mais inalar ar através da tromba. Os saturnianos sabem quando o animal está morto, pois um líquido branco escapa de sua boca. O líquido é um sinal do início da decomposição interna.

10 - O povo de Saturno coleta o líquido por causa de sua extraordinária fragrância, a qual supera qualquer fragrância da Terra. Tão logo o animal morto cessa de produzir o liquido, eles o devolvem para a Natureza. Em breve os vermes oceânicos entram vorazmente em ação, e em poucos dias o caracol está completamente consumido; isto é, somente o caracol em si, não sua dura e firme concha, cuja espessura quando completamente liberada é em geral em torno de 24 a 30 pés. Uma vez que a concha é assim completamente limpa, ela é removida do oceano no período de maré vazante e toma o mesmo destino do mexilhão gigante.

11 - A principal fonte de alimento deste caracol é os crustáceos de espada e cauda (lagostas e afins) já mencionados, que existem em vários tamanhos e formas. Nenhum é maior do que o caranguejo oceânico (Macrocheira), mas a maioria deles é bem menor, menor que um gafanhoto terrestre. E como esta segunda espécie de caracol (caracol-pirâmide) caça sua presa principal, os crustáceos de ponta e cauda? Ele caça quando ela está mais ocupada, ou seja, quando sua atenção está direcionada para o seu consumo próprio de caracóis-vara ao redor. Quando o caracol-pirâmide cruza com uma concha de caracol-vara cheia destes crustáceos, assopra com sua grande trompa ao redor, leva o caracol-vara para a costa e coloca a casa em um local totalmente exposto. Assim que estão fora da água, os crustáceos começam a sair um após o outro; esta é a oportunidade do caracol-pirâmide para comê-los. Portanto tais crustáceos são, ao mesmo tempo, da classe animal intermediária de coletores e um atalho por onde a vida de um caracol passa potencializada para a vida de outro. Entre duas classes próximas de animais há sempre uma terceira classe de animal acima do animal menor e propositadamente “mal posicionada”, próxima do animal maior. Portanto ela é rapidamente consumida como um saboroso alimento pelo animal maior da classe seguinte.

(17) Montanha austríaca.

12 - A terceira espécie de caracol oceânico de Saturno é o caracol-disco. Este caracol lembra um extenso caracol náutilus da Terra, com a diferença que vosso caracol náutilus, obviamente, é bem menor e proporcionalmente tem plataformas em ambos os lados muito mais espessas do que as plataformas do caracol saturniano. O disco deste caracol frequentemente apresenta diâmetro de 600 a 720 pés, mas a espessura total do topo até a base raramente ultrapassa os 18 pés. Durante a maré alta, este caracol permanece no leito do oceano e no período de maré baixa ele nada até a superfície.

13 - Quando o caracol está no leito oceânico, ele levanta sua longa tomba até a superfície da água de modo a inalar ar. Sua posição pode ser facilmente determinada por isto, e usualmente ele é capturado enquanto nela. Entenda-se, claro, que isto se dá durante a média maré, pois durante a maré alta nenhum habitante saturniano ousaria ficar no oceano. Vós podeis questionar por que o caracol-disco não é capturado na maré baixa, enquanto nada na superfície do oceano. Este animal não pode ser capturado na superfície por poder viajar ali a grande velocidade e assim não pode ser pego sem que seja desprendido muito esforço para isto. E mesmo se alguém conseguisse pegá-lo, não seria capaz de abraçar todo o disco, porque, no que pese a natureza dócil desta criatura, ao mais leve toque ela retrai todas as suas extremidades imediatamente e, por meio de uma de suas nadadeiras que se estende na água, começa a girar de tal forma, que ninguém ousa tocar o disco em que ela rapidamente se transforma.

14 - E com que este caracol extremamente peculiar se parece? Certamente Eu vos direi: Deveis vos imergir em toda sorte das mais maravilhosas fantasias, mesmo assim não tereis sucesso em imaginar adequadamente toda a beleza deste caracol. E esta é a razão pela qual os saturnianos procuram se apossar de tal caracol espetacular, geralmente sob severas circunstâncias e grande perigo para si mesmos.

15 – No que diz respeito a casa, a deste caracol forma um círculo completo. A extremidade decorada da borda da abertura se prolonga em uma espiral plana e toma cerca de um terço do círculo total. A abertura através da qual o caracol eventualmente projeta seu corpo e suas maravilhosas extremidades não é muito maior do que três pés. O aro em forma de funil vindo da prolongada abertura é tão delicadamente arredondado que aumenta o enorme esplendor da casa, em vez de dar uma aparência de algo desorganizado ou incompleto.

16 – E com que esta casa se parece? Olhai bem ficai atônitos em vossa imaginação. Quanto ao aspecto exterior, ela tem uma aparência maravilhosa. Pode ser comparada a uma casa feita pelo mais talentoso e artístico joalheiro, lapidando a mais multifacetada e bem composta de todas as espécies de gemas preciosas. Há uma faixa a toda volta aparentando diamantes, e cada um com peso de uma libra. Outra faixa que se segue é de rubis do mesmo peso, depois outra de esmeraldas, e assim por diante com todas as doze espécies de pedras preciosas. E entre cada faixa de pedra há uma fita de puro ouro. Este conjunto contém, na mais exaltada forma, desenhos e representações espetaculares que fielmente retratam os precedentes grupos de espécies animais unificados neste caracol.

17 – O final desta casa de caracol é arrematado com uma galeria de colunas verticais meio douradas e com de cerca de 6 metros de altura, parecendo que um escultor hábil esculpiu um corrimão ou grade em torno de cada disco, roda, ou rondel. E quando as hastes foram artisticamente esculpidas, caracóis-vara foram conectados na parte superior como arcos finamente entalhados. Estas varas ou gravetos estão em conformidade com seu tipo, pois são de cor dourada, como o ouro do caracol-graveto em si. Os arcos de ligação têm um acabamento mais bonito do que o ouro mais fino, reluzente e polido. Acima de cada arco, em uma forma artística, ireis encontrar o caramujo-pirâmide em miniatura e com a sua cor muito peculiar. A grade torna-se menor no início da abertura da concha e, eventualmente, cessa por completo onde o animal projeta suas extremidades principais a uma distância de cerca de 30 pés.

18 – Assim se parece a parte superior deste caracol. Como mencionado anteriormente, as paredes laterais não são mais altas (mais largas ou mais espessas) do que 18 pés, e parece uma colunata com colunas de 12 pés de altura. As colunas são brancas ao longo e não têm uma base ou um capitel, em vez disso, elas sobem a partir da superfície da protuberância inferior até o teto superior. O pano de fundo por trás das colunas é levemente colorido e se assemelha a um arco-íris. O canal alongado, ou melhor, a abertura alongada da concha de caracol é completamente avermelhada, como às vezes as nuvens da Terra ficam ao brilho do sol poente. A abertura tem, ao mesmo tempo, uma luminosidade fosfórica própria que, especialmente à noite, não a deixa menos iluminada, parecendo mesmo uma nuvem iluminada pelo sol da tarde.

19 - E com que as extremidades do caracol se parecem? Este caracol estende as extremidades como uma espécie de vela redonda, assim como o pavão exibe sua longa cauda circular. Quando há vento na superfície do oceano, a vela serve o propósito de impulsionar o caracol a velocidades extremamente rápidas sobre a superfície. Durante uma calmaria, o caracol abana o ar com sua grande vela redonda e se move rapidamente sobre a superfície do oceano. Este movimento é acelerado por extremidades inferiores que estão na água.

20 - Quando esta vela redonda é esticada para fora, é muito bonito. Sua cor é um violeta pálido. A borda é um todo radiante vermelho e autoiluminado, como as nuvens no brilho do sol poente. O círculo inteiro é dividido em compartimentos, em intervalos regulares, cada um decorado com um desenho espetacular de um caracol-graveto (ou caracol-vara), com a extremidade cônica apontando para baixo. Estes compartimentos são adornados na parte traseira com crustáceos do tipo espada e cauda, em perfeita ordem, do menor ao maior. Estes desenhos são da mais bela cor de ouro-carmim. Cada compartimento forma um arqueado próprio na beira. Na frente, este arco é adornado com uma verdadeira reprodução do caramujo-disco em si. E na parte traseira, em um fundo azul claro, com o caracol-pirâmide. A borda exterior do arco na parte de trás é um branco deslumbrante e também tem sua luminosidade própria à noite, como nuvem vermelha, assim como na frente.

21 - A longa tromba que o caracol usa para inalar também é completamente branca, mas com uma fita vermelha de enrolamento; ao longo do centro da fita há um pálido tom verde-ouro. Esta tromba também serve ao caracol como um braço para conseguir seu alimento, o qual consiste de um tipo de grama que cresce nas margens dos oceanos. Nesta grama há inúmeros vermes com um pouco de ouro e que servem ao caracol como nutriente suplementar. Através de tal alimento suplementar, o caracol incorpora a vida de todas as espécies de animais precedentes a ele.

22 - Este caracol já possui forte instinto e às vezes se mostra com inteligência suficiente para, em certos países, receber de alguns seres humanos uma reverência divina. Isto é causado pelo fato deste caracol, quando não provocado ou perseguido, resgatar objetos que acidentalmente caem e flutuam no oceano. Para o que quer que este caracol encontre desamparado na superfície do oceano, ele faz uso de seu tronco forte, impõe seu bonito e espaçoso disco, veleja com o objeto para a praia e o deposita com seu tronco em terra firme. É também por isso que a este animal marinho extremamente belo foram dados tantos nomes diferentes pelos saturnianos, nos diferentes países. Alguns o chamam de "varredor do oceano”, porque não suporta ver algo flutuando na superfície do oceano. Outros o chamam de "salva-vidas", outros ainda o chamam de “oceano de luz", e outros de “navio vivo" ou "roda milagrosa", e há muito mais de tais designações para este animal.

23 - Exceto pelos seres humanos, este animal quase não tem inimigos. Uma vez que atinge certa idade, ele morre. Mas quando morre, a sua bela casa perde muito do esplendor. É por isso que os saturnianos tentam apreender o animal vivo e, em seguida, matá-lo de modo que o esplendor de sua bela casa permaneça. Quando este animal morre naturalmente, fica flutuando na superfície do oceano. Os humanos levam-no para casa rapidamente com seus navios, via um dos rios. Uma vez que chegam ao seu destino, eles cuidadosa e habilmente retiram a carne, para que os compartimentos do grande ventilador ou vela não sejam danificados. A vela é então cuidadosamente removida do corpo rígido do caracol e cuidadosamente esticada. E quando seca corretamente, ela é tratada com óleos muito perfumados, através dos quais se torna macia e flexível.

24 - A partir da vela deste caracol-vela, costura-se um tipo de casaco. Mas estes casacos são usados apenas por aqueles saturnianos, especialmente em Herrifa, que são tidos em alta estima como patriarcas. Um grande ventilador (vela) mantém todas as suas cores e desenhos, mas perde a sua luminosidade própria.

25 - A carne restante deste caracol é quase toda gordurosa, feito uma graxa. Deve ser fervida para expulsar a gordura, a qual é então misturada a ervas aromáticas, pelo que os saturnianos prepararam uma pomada extraordinariamente requintada, usada somente pelos patriarcas.

26 - Mas o que acontece com a bela casa de caramujo? É cuidadosamente retirada em terra pela saturnianos e seguramente colocada de forma horizontal em um muro de terra construído especialmente para propósito decorativo, principalmente em um dos jardins dos patriarcas. Esta é uma vista muito agradável. Saturnianos gostam muito de olhar para ela, especialmente em ocasiões especiais, ou mesmo de andar sobre ela. No entanto, andam a casa do caracol muito raramente, porque a maioria dos patriarcas tem tal adorno de jardim em alta estima, uma vez que a riqueza de Saturno é determinada apenas pelo esplendor do jardim. A fim de aumentar o esplendor de um jardim, uma concha de caramujo-pirâmide é colocada ao lado da concha do caramujo-disco. Não é incomum para um patriarca ter até uma centena destes adornos em uma linha reta em seu jardim, na mesma quantidade para ambas as espécies. 27 - Basta dizer que tudo que tendes a fazer é despertar o poder de vossa imaginação, e ficareis espantados com a grandiosidade e o esplendor de um jardim deste tipo. Porque uma fileira de diamantes com a qual a superfície de uma casa de caracol é adornada é mais valiosa que o tesouro de um imperador na Terra, isto sem contar as outras pedras preciosas e o ouro radiante, assim como todo o demais esplendor contido nestes jardins dos patriarcas. 28- Nós vamos discutir os outros dois caracóis nos capítulos que se seguem. Para hoje, no entanto, eu digo amém!

15

O CARACOL-SETE

UTILIZAÇÃO PRÁTICA DE SUAS CONCHAS

TAXA DE GRAVIDADE EM SATURNO

1 - O quarto caracol não pode competir em esplendor com o caracol-disco, embora o supere bastante em tamanho. As pessoas em Saturno usualmente o chamam de “o grande caracol-sete” – não porque sua concha abriga sete lesmas individuais, mas porque a concha de tal caracol consiste de sete torres espirais crescendo como protuberâncias diretamente a partir da base da concha elíptica. A casa principal desta lesma é completamente oval, como um ovo mesmo; a base cônica está sempre na água, enquanto que a parte mais pontiaguda esta sempre apontada para cima. O verticilo não é visível, pois fica apenas dentro da concha. Entretanto, com respeito ao verticilo, vós encontrareis sempre uma protuberância em cada um, sempre que for completado um ciclo. Estas protuberâncias são dispostas de tal forma, que a maior delas emerge do topo e no centro da concha, e as demais espirais ao redor da maior, em ordem decrescente. Tais protuberâncias se assemelham a uma grande cobra em um galho, mas com a diferença que suas espirais são de diâmetro consideravelmente maior que o da base da casa principal.

2 – A abertura da concha é completamente circular e numa proporção adequada ao tamanho imenso deste crustáceo. O corpo preenche toda a grande concha, tanto que as protuberâncias podem ser recolhidas para garantir a discrição do animal. A lesma projeta as protuberâncias quando quer mergulhar. Se quer ir para a superfície, ela se contrai e as protuberâncias vão para o centro da concha, através do que ela se eleva à superfície da água. O corpo desta lesma, que o empurra pela abertura até a superfície da água, é completamente branco e por vezes lembra uma lesma da Terra, exceto que tem uma grande e longa tromba na fronte, entre seus quatro sensores que usa para colher seu alimento.

3 - Seu alimento consiste de todo o tipo de ervas marinhas; às vezes come um polvo, que ela arranca do fundo do oceano à força e o coloca em sua enorme boca. Nos dois grandes sensores superiores ela tem olhos aguçados que, com ajuda dos sensores, pode girar em todas as direções. Quando esta lesma descobre alguma presa, ela rapidamente se desloca ao local e a captura imediatamente, desde que seja alguma espécie de erva do mar ou de polvo. Com relação a sua capacidade de viajar, ela tem duas fortes nadadeiras abaixo da abertura, com as quais impulsiona a água e, através de tal movimento, consegue se deslocar adiante.

4 – Qual o tamanho desta lesma? Tem o diâmetro de três mil pés. A protuberância do centro é maior do que a mais alta torre da Terra (18). O diâmetro do pé tem em geral 120 a 180 pés e afunila-se como uma pirâmide de ponta a cabeça. A cor da concha é algo entre o verde e o azul. Do centro das protuberâncias correm faixas azuis esbranquiçadas que dão à concha uma aparência semelhante a um tigre. Entretanto, não há adornos. Com relação às protuberâncias, elas parecem com o corpo da lesma, já supramencionado. Já a abertura da lesma é púrpura.

5 – Esta lesma é considerada uma boa caça pelos saturnianos. Quando a carne é removida, a concha é deslocada pela água, da maneira já mencionada, até uma localidade no interior, onde a parte pontiaguda da concha é imersa no solo seco até o nível da abertura; então este tipo de vaso é usado como uma espécie de recipiente grande como um “container”, para armazenar sementes e caroços de frutas.

(18) Esse livro foi escrito em 1841 / 1842 - A editora.

6 - Às vezes vãos de passagem são abertos em todos os lados das conchas e no interior é feito um piso. Deste modo, elas são usadas como magníficas residências pelas crianças de Saturno. A razão disto é que tais residências podem ser mantidas muito limpas por causa de seu extraordinário polimento interno A fundação do piso consiste de areia; em outras palavras, o piso da concha é preenchido com areia completamente seca até o nível da abertura. Pedras brancas achatadas são colocadas sobre a areia, sempre na mais bela ordem; tais pedras são abundantes em Herrifa. Quando o piso estiver assentado, então a construção está pronta e ela se parece com um grande domo, sobre o qual se mostram as bem conhecidas espirais. As saliências são seccionadas para que a luz possa entrar e também para que fumaças e gases coletados das fogueiras possam sair.

7 – Quando estas espécies de lesmas deixam de ser abundantes em Herrifa, tais casas podem ser apropriadas pelos patriarcas que vivem na costa oceânica. Por causa de seu tamanho e extraordinárias densidade e solidez, tal concha é sempre por demais pesada para ser transportada muito para o interior, mesmo para o forte gigante saturniano. No que diz respeito à solidez de tais conchas, a espessura das paredes têm algo em torno de 24 a 30 pés. Se tomais isto em consideração, tereis uma ideia de seu peso.

8 – Se a taxa de gravidade fosse a mesma em Saturno como na Terra, então seria completamente impossível transportar individualmente tal concha, mesmo se tivésseis força superior à dos saturnianos. O que pesa 100 libras na Terra dificilmente pesa uma libra sobre os anéis de Saturno. Os saturnianos sempre podem reduzir tal peso por meios artificiais; a saber, através da rarefação do ar interior. Este método é especialmente empregado quando transportam a concha desta lesma. Os saturnianos usam galhos secos da árvore-pirâmide, ricos em resinas, e os empurram através da abertura da concha, enquanto os queimam. Por meio desta combustão, o ar quente no espaço vazio da casa fica tão leve, que ela pode ser movida com facilidade. As pessoas de Saturno são grandes mestres em aerostática. Tudo isto será explanado em mais detalhes nos capítulos que se seguem.

9 – Isto conclui o capítulo do caracol-sete! Aqui então, despertado um pouco o poder de vossa imaginação, olhareis com grande admiração este animal, tanto quanto a utilização de sua casa do ponto de vista dos saturnianos. E vós ficareis ainda mais admirados se Eu vos contar que tal edificação é de indestrutível firmeza. Algumas destas conchas de Saturno são mais velhas do que vossa civilização, e quanto mais velha, mais firme fica. Por isto a mais velha de tais edificações é tomada em alta consideração. Sendo assim, deveis vos admirar com isto e ter em mente que tais caracóis gigantescos do planeta são apenas criaturas em miniatura, se comparadas a outras espécies de animais de Saturno. Mas há ainda maiores em Júpiter e outros inalcançáveis em tamanho, no Sol. Contempleis o que foi dito e vislumbreis o que ainda está reservado a vós. Por hoje, Eu digo Amém!

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O GIGANTESCO E ILUMINADO CARACOL-RAIO

SUA APARÊNCIA DURANTE AS TEMPESTADES OCEÂNICAS

1 – Este, o quinto caracol, é o último na ordem dos caracóis; ao mesmo tempo é o maior e de certo modo o mais peculiar. Este é o chamado “caracol-raio”. Ele é visto pelos habitantes de Saturno apenas antes das mais severas tempestades oceânicas, que nós discutimos antes. Sua forma é a mais magnífica que podeis imaginar. A título de comparação, não há nada na Terra que seja similar.

2 – Mas, para vos dar uma ideia, imaginai uma grande lâmina brilhante; pois este caracol é muito angular; a parte do topo é mais chata, enquanto que é mais apontado na parte mais baixa. As bordas que, nas porções superiores são vários milhares em número, são dispostas na mais linda ordem e todas em formatos triangulares. Elas parecem faixas douradas polidas com três pés de largura, que em todo lugar são enclausuradas por áreas de triângulos equiláteros. A face do triangulo tem 18 pés em cada lado, e nenhum algo maior ou menor. Somente bem no topo do caracol há uma área que não é triangular. Ela tem trinta e duas pontas e é similar a um disco compassado que nas extremidades é também acabado com faixas douradas reluzentes. Tais superfícies são translúcidas como facetas de um diamante e são igualmente duras. Todas têm a capacidade de absorver a luz do sol e de outras estrelas e depois emiti-la à noite, quando transformam a escuridão em vários raios refratados.

3 – E quanto ao tamanho deste caracol? Enquanto na superfície do oceano, ele pode facilmente acomodar todas as ruas, casas e quarteirões de sua cidade (19). A concha em si tem 60 pés de espessura e do topo até a extremidade da base tem 1.800 pés. No que diz respeito à largura, o diâmetro usualmente excede uma milha geográfica.

A abertura desta concha é elíptica e tem o diâmetro de 420 pés. A lesma estende sua cabeça massiva, muito similar a uma morsa, através da abertura, especialmente durante tempestades, o que em terra pode ser visto com facilidade em uma montanha alta.

4 – A despeito de seu tamanho, este caracol tem uma natureza gentil e não faz mal a ninguém. Seu alimento consiste de diferentes espécies de comida. Primeiro, as plantas aquáticas, enormes em tamanho e abundância. Segundo, o grande verme marinho. Terceiro, às vezes ele se alimenta de pássaros marinhos, que lhe são uma iguaria. Ele só se alimenta de pássaros durante as tempestades severas, porque nas águas calmas este animal gigantesco fica nas profundezas do oceano.

5 – Na escuridão de uma noite tempestuosa, quando o caracol emerge das profundezas do oceano, ele costuma espargir tanto sua forte luminosidade, que uma área de 100 milhas geográficas quadradas do oceano é completamente iluminada. Imaginai uma tempestade onde muitas paredes de água quase alcançam o céu, e vós sentados em uma alta montanha observando ao longe vários milhares de milhas oceânicas quadradas serem iluminadas aqui e ali por tais caracóis que emergem das águas. Isto vos dará uma vaga ideia do espetáculo que tal visão proporciona às pessoas do planeta. Isto se torna especialmente imponente quando vários destes caracóis emergem em grupo e estendem seus longos pescoços acima da superfície do oceano, enquanto caçam os pássaros de tempestade que voam ao redor. No entanto, para muitos de vós tal seria um sinal macabro e terrivelmente belo.

6 – Este caracol não é capturado pelos saturnianos, porque durante as calmarias ele nunca vai á superfície do oceano. Além disto, a concha é pesada demais para ser transportada a terra por qualquer propósito. Este caracol alcança idade avançada e em geral vive trinta anos saturnianos. Quando morre, a concha se separa e cai, e o restante se desfaz rapidamente. A carne é devorada por uma espécie de peixe que se assemelha ao tubarão da Terra, mas que também lembra o crocodilo.

(19) Graz, capital da região da Styria, na Áustria – A editora.

7 – Isto conclui o capítulo sobre o caracol raio. Aqui, também, acordai o poder de vossa imaginação e, com a ajuda das informações fornecidas, deveis estar aptos a encontrar uma concepção apropriada para este animal.

8 – No próximo capítulo nos focaremos no terceiro grupo de crustáceos, mas antes discutiremos sobre as tartarugas (20), e a descrição delas será para vós mais incrível do que a dos mexilhões e a dos caracóis. Por agora, Eu digo Amém!

(20) No manuscrito original não há menção desta espécie de crustáceo – A editora.

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MAIS INFORMAÇÕES SOBRE ANIMAIS AQUÁTICOS

A MAIOR BALEIA-PEIXE – BISORBIOBIOBIO

UM TRANSFORMADOR DE ASTRAL-ESPIRITUAL

DE ANIMAIS AQUÁTICOS PARA ANIMAIS AÉREOS

1 - Até agora muita informação foi dada sobre este planeta e sua estrutura planetária, bem como de seus domínios, terras, plantas e animais, e houve uma pausa na sequência, quando descrevemos as particularidades das espécies de caracol. Nós, de forma breve e compreensível, continuaremos com a descrição. Não nos deteremos muito tempo com espécies individuais; em vez disto, discutiremos apenas os assuntos mais importantes e ofereceremos uma visão geral de todas as outras coisas.

2 – Consequentemente, nós descreveremos de passagem os animais que em geral vivem na água, e daí voltaremos para os habitantes do ar. Nós não nos deteremos muito neles, e o mesmo se aplica aos animais terrestres, de modo a podermos em breve discutir sobre os seres humanos deste corpo celestial. Agora vamos retornar aos animais aquáticos.

3 – Vós deveis ter uma noção da enorme massa de água e dos imensos oceanos que existem neste planeta. E também sabeis que na Terra o maior e o menor dos animais vivem na água. Encontrareis as mesmas circunstâncias em Saturno. Naturalmente as espécies e classes são diferentes e têm pouca ou nenhuma semelhança com aquelas da Terra. Só mencionaremos alguns animais, primeiro aqueles que pertencem à enormemente vasta família dos peixes.

4 – O maior de todos os peixes de Saturno é chamado Bisorbiobiobio . O peixe está aproximadamente no mesmo nível das baleias da Terra; entretanto, no que diz respeito a sua forma, há uma enorme diferença. Este peixe tem a cabeça completamente redonda, com 600 pés de altura. Então sua cabeça tem aparência de uma bola com 600 pés de diâmetro, e ela abre para trás, a partir do meio. Sua cabeça não tem dentes nem brânquias; em ambas as partes da imensa cavidade redonda de sua boca, tanto na mais alta como na mais baixa, há dois discos completamente chatos e duros. Logo na entrada da enorme garganta há ainda uma longa, flexível e bifurcada língua que o peixe usa para empurrar o alimento, a fim do mesmo ser esmagado pelos dois discos. É claro que o gigantesco corpo principal é proporcional a sua cabeça. Um peixe adulto e plenamente crescido mede aproximadamente 18.000 pés de comprimento e tem altura de 9.000 pés, medida da área do abdômen até as costas (dorso). O peixe chega a 6.000 pés de diâmetro em sua circunferência maior. Além disto, este peixe tem um rabo de 6.000 pés de comprimento que usa para fazer curvas e se deslocar. Nas costas há barbatanas extremamente fortes e com mais de 600 pés de diâmetro. Na área abdominal há duas nadadeiras semelhantes àquelas das focas e morsas terrestres.

5 – Tendo o quadro da Bisorbiobiobio em vossa imaginação, então deve ser claro para vós que se ela se prostrar em alguma costa da Terra e esticar sua nadadeira dorsal, tal nadadeira competirá com algumas das mais altas montanhas da Terra. Todos os saturnianos chamam este peixe de “montanha nadadora”, “ilha nadadora”, ou “terra nadadora”, ás vezes a chamam também de “o planeta na água”.

6 – Surge a questão: Os saturnianos caçam este peixe? A resposta é não, porque cada pessoa em Saturno tem um extraordinário respeito por este peixe. Quando ele vê algo se aproximando da superfície da água, abre sua enorme cabeça esférica, se desloca com grande velocidade até o objeto, o esmaga com o grande poder e peso de sua cabeça e o devora assim que entra em sua garganta. Felizmente o habitat deste peixe é em geral apenas nas regiões polares, as quais, devido aos permanentes gelo e neve, são muito menos acessíveis aos saturnianos do que as regiões polares da Terra. E assim, é rara a ocasião que este peixe é visto por alguém de Saturno. Mas se avistado em algum ponto das regiões do norte, habitat deste peixe, isto é considerado um mau presságio. Como resultado, as pessoas fogem tanto quanto possível para bem longe, rumo ao interior, pois são de opinião que tal peixe é trazido por espíritos demoníacos do gelo, vindo atrás do falecimento deles. No ponto em que tal peixe foi avistado, ninguém se atreve pisar por um longo tempo. Por isto também as regiões do norte de Saturno são raramente habitadas por completo.

7 – Vós, portanto, deveis agora perguntar: Qual então é o real propósito deste peixe? Este peixe é o último organismo de aceitação de tudo o que é astral-espiritual nos animais aquáticos, e distribui este astral-espiritual a todas as espécies de animais do ar. Pois não apenas as futuras espécies de animais aéreos locais se desenvolvem neste órgão de acordo com suas respectivas partes substancial-espiritual, mas todas as futuras espécies aéreas animais do corpo celestial se originam lá, e por isto se extinguiriam sem este peixe. Sendo assim, este peixe mais parece um pequeno planeta do que um animal, pois é também o último organismo através do qual um sem número de espécies passa e se desenvolve distintamente, de acordo com suas classes e ordens. Tal também se aplica em vossa baleia na Terra; entretanto, com relação ao efeito geral, as baleias preparam apenas os animais emplumados das regiões polares, enquanto que este peixe em Saturno provê todo o planeta com os habitantes emplumados do ar − em outras palavras, a partir da alma deste peixe (*), as almas dos animais aquáticos são aglutinadas e transformadas nas diversas espécies de almas dos emplumados habitantes aéreos.

8 - Portanto este peixe é o maior e o mais notável do planeta inteiro. Além disto, há um sem número de classes de anfíbios e peixes de tudo que é modo imaginável, diferentes em tamanho, forma e utilidade. Além deste peixe gigante, há aproximadamente umas mil espécies que, com respeito ao tamanho, são maiores que as baleias terrestres. Porém, mencionar e descrever todas em detalhes não serviria ao propósito pelo qual Eu vos revelo o planeta. Entretanto, se estiverdes espiritualmente mais alertas, podereis facilmente olhar nos mínimos detalhes, não somente Saturno, mas todos os outros planetas, e sem qualquer explanação Minha.

9 – Com este capítulo estamos concluindo as informações relativas aos animais aquáticos deste planeta, e devemos agora voltar nossa atenção para os habitantes do ar, que vos serão mais interessantes do que os da água que tendes apreendido até agora.

(*) Observação da tradução para o Português: A alma da baleia-peixe, após ser liberada do corpo (após a morte do corpo) é a principal na formação de um novelo composto de muitas outras almas. As novas almas derivadas de tal novelo serão, na maioria, de animais aéreos.

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INSETOS VOADORES

A MOSCA SATURNIANA

A ESTRELA VOADORA

COM, A BORBOLETA GIGANTE, E A UTILIZAÇÃO DE SUA PLUMAGEM

1 – Se procurardes na Terra, encontrareis, ao lado de muitas espécies de pássaros, um número bem maior de classes de espécies daqueles pequenos animais alados por vós conhecidos pelo nome genérico de insetos voadores. Tais criaturas também existem em grande número em Saturno, numa grande variedade de espécies e tipos. Tal como na Terra, a mosca é um dos mais importantes insetos dentre todos os demais. Também é o único animal que se assemelha ao correspondente da Terra sob todos os aspectos; ao longo de lagos e rios encontrareis uma enorme variedade de moscas em incontáveis quantidades. Esta mosca é branco-azulada durante o dia. Depois do pôr-do-sol, quando normalmente é muito ativa, ela se ilumina como uma luz estrelar, algo parecido com o vagalume (gênero Fulgora Lanternaria ) da América e de outros países tropicais ao Sul. Obviamente, as diversas espécies de moscas saturnianas suplantam todas as terrestres em brilho e luminosidade, pois sua luz é completamente branca e mais forte do que a de qualquer inseto voador da Terra. À noite os saturnianos se distraem com as brincadeiras voadoras destes insetos, quando milhares deles recortam o ar em todas direções.

2 – Este é um animal notável e pertence à classe dos habitantes do ar. Um outro tipo de inseto, cujo lar é em Saturno e em nenhum outro planeta, é a “estrela voadora”. Este animal começa sua atividade vital particular somente à noite. Durante o dia ele habita a já bem-conhecida árvore-pirâmide. À noite, logo após o pôr-do-sol, ocorre um espetáculo grandioso para os saturnianos, quando milhares de estrelas voadoras recobrem uma árvore-pirâmide.

3 – Por que este inseto recebe o nome de “estrela voadora”? Porque ele tem, em cada lado de seu alongado e arredondado corpo, três asas piramidais afuniladas que brilham muito intensamente; quando estas asas estão esticadas, elas dão ao inseto a forma de uma estrela de seis pontas. Quando este inseto está completamente crescido, tem um diâmetro de nove polegadas e suas asas reluzem de modo singular durante o voo. Desde que as estrelas voadoras não se desloquem para longe de suas residências, aquelas árvores gigantescas adquirem uma aparência radiante ao longo da noite, quando milhares de estrelas zunem ao redor e em todas as direções.

4 – Ao lado destes insetos reluzentes, há numerosos outros insetos que brilham a noite em diversas cores. Entretanto, suas luzes não são fortes e são consideravelmente menores. Por isto os saturnianos dão menos atenção a eles. Há também vários grandes grupos de pássaros; durante a noite, suas plumagens emitem um brilho muito reluzente, especialmente durante o voo.

5 – Posto que não há muito mais para ser encontrado de particular importância no reino dos insetos, nós imediatamente voltaremos nossa atenção para o reino dos pássaros. E enquanto estamos nessa alternância de nossa transmissão, dedicaremos algo de nossa atenção às borboletas.

6 – Justamente como as borboletas na Terra, que carregam as mais belas cores e padronagens em suas asas, tal ocorre muito mais em Saturno. A borboleta conhecida como Com é a maior e mais magnífica de todas as borboletas dos corpos celestes. Quando abre suas asas, ela cobre uma área de 1,719 jardas quadradas. Seu corpo tem aproximadamente 120 pés de comprimento e um diâmetro de quase 6 pés. Seus pés são mais fortes do que as patas de um elefante terrestre. Cada pé tem seis membros e é estruturado de tal modo a ser expandido quando necessário.

Suas antenas aparentam duas árvores de álamo que brotam de suas cabeças; as antenas têm ramos que derivam em intervalos regulares pela direita e pela esquerda, similar ao arranjo de agulhas de algumas árvores coníferas. O proboscídeo é mais longo e regular do que a tromba de um elefante da Terra. E com que esta borboleta se parece? De acordo com seu corpo, diríeis que ela se assemelha a uma robusta criatura, mas este não é o caso de modo nenhum. Esta criatura é extremamente tímida e muito difícil de ser capturada. E esta dificuldade é acrescida significantemente por seu voo ligeiro.

7 – As jovens saturnianas são mais qualificadas e mais hábeis na captura deste animal, porque carecem de muito menos esforços para flutuar no ar do que os rapazes. Com tal propósito, elas fazem uso de um par de asas artificiais e perseguem as borboletas em grande velocidade. Quando conseguem uma captura no ar, há grande júbilo entre elas; usam tudo que provém da borboleta na decoração de suas roupas, porque dificilmente há um planeta onde o gênero feminino, especialmente a geração mais jovem, atribui tanto valor a um belo vestuário como em Saturno. Para entender adequadamente por que a esta borboleta é atribuído tanto valor, é necessário mostrar seu esplendor. Seria, entretanto, extremamente difícil dar-vos aqui uma ideia apropriada da beleza sobrenatural desta borboleta. Suas asas são perfeitamente quadradas, exceto por apresentarem ambas as extremidades afuniladas, terminando próximas à cabeça e com aproximadamente nove pés de comprimento, muito semelhante a uma espada rústica.

8 – A parte superior das asas parece com um brilhante ouro polido e rosado. Desta superfície dourada dependura-se uma grande quantidade das mais belas plumas de toda gama de cores. Estas cores cintilam num reluzir metálico polido que muda ao mais leve movimento. As plumas estão atadas às superfícies das asas de modo tal, que os mais belos padrões e formas emergem delas. Estes padrões não são de natureza permanente, como ocorre nas vossas borboletas; são sim formas inteiramente distintas e maravilhosas que aparecem continuamente através dos diferentes movimentos e por meio dos quais as cores se alternam. As beiradas das asas são adornadas com fileiras de plumas similares às do pavão da Terra, exceto que são muito maiores, mais vivas e cintilantes no reluzir das cores.

A parte inferior das asas é semelhante a uma superfície de ouro polido coberta por uma fina camada de tinta verde. Os pés desta borboleta, bem como todo o corpo, também são adornados com as mais magníficas plumas. As antenas, entretanto, são a mais bela parte deste animal; sua haste principal é extremamente luminosa e parece muito com ouro transluzente. Se podeis imaginar, ela reflete todo o tipo das diferentes cores ao menor movimento, quase como num corte feito numa barra de diamante, e lá aparece, em ambos os lados, o mesmo tipo de formas das plumas que adornam as bordas das asas. Os proboscídeos têm um reluzente brilho branco e pairam ao redor de faíscas fugazes que superam o arco-íris em seu esplendor de cores.

9 – Os olhos desta borboleta são a coisa mais maravilhosa. Vós não seríeis capazes de

olhá-los diretamente, assim como não podeis olhar o sol alto. Quando a borboleta morre, o esplendor de seus olhos cessa. Este é o motivo pelo qual os olhos como um todo não são tão valorizados. Então eles são cuidadosamente removidos e um líquido é drenado deles. Por meio de uma cuidadosa preparação, as mulheres preparam um tipo de “pochete” ou bolsa de mão, a qual, por ser muito translúcida e durável, é usada pela senhoras elegantes daquele planeta; são, tal como na Terra, as chamadas “ ridicüle”, bolsas de mão, feitas de rede ou tricô. Com respeito ao que pode ser suprido por esta borboleta, nada nela é descartado, exceto o interior do corpo; tudo o mais é usado para adorno dos mais diferentes modos.

10 – E por que tal espécie de ornamento tem um valor tão excepcional? Há três razões: primeiro, devido à bela criatura, por sua raridade, por ser muito difícil de ser obtida; segundo, por serem as plumas muito duráveis (as mulheres de Saturno as consideram indestrutíveis); e terceiro, pelas plumas serem inacreditavelmente reluzentes e reterem cor e esplendor.

11 – Há um grupo de pássaros cujas plumas são similares às das borboletas. As plumas destes pássaros são então ofertadas por certos aproveitadores de Saturno como sendo “as legítimas”, mas há também qualificados especialistas capazes de diferenciar a pluma real da falsa, assim como os joalheiros da Terra podem diferenciar uma imitação de uma pedra preciosa. Mas atentai: quando tal trapaceiro é pego pela mulher para a qual ele vendeu falsas penas, ela afina as pontas das falsas plumas e arranha-o todo, para que no futuro ele não ouse vender mercadoria falsa para ninguém; por outro lado, ninguém mais comprará algo de alguém que porta o tipo de cicatrizes formadas.

12 – Esta é nossa famosa borboleta. Aprendeste como este animal é capturado e o que é utilizado dele. E realmente não é necessário mencionar como as mulheres de Saturno usam seus adornos. E, de passagem, cabe mencionar que algumas mulheres muito vaidosas cobrem inteiramente seus corpos com asas destas borboletas; então, se olhásseis para elas, veríeis algo parecido com a própria borboleta. Basta, pois não é necessário aprender mais sobre isto, além do que esta mostra de vaidade aqui em Saturno não é mais tolerável para Mim do que na Terra.

13 - Vós bem podeis imaginar que ao lado desta borboleta há ainda incontáveis animais igualmente fantásticos, de todas as cores, formas, tamanhos e espécies – e isto podeis deduzir facilmente com base em tudo que existe neste planeta multifacetado.

19

AS DIFERENTES ESPÉCIES DE MORCEGO

A VACA VOADORA

A FITA VOADORA

O COMÉRCIO DE JÓIAS EM SATURNO

1 – Antes de começarmos com as verdadeiras espécies de pássaros, discutiremos sobre uma espécie de animal voador (e seus afins) que na Terra pertence à classe dos morcegos (chiroptera) - animais com membros modificados, cobertos com uma pele membranosa que atua como asa. E encontramos tais animais em Saturno? Definitivamente sim, e consideravelmente mais do que na Terra. Não há morcegos no sentido estrito, no entanto, há em larga escala outras criaturas com tais asas. Se vós fosseis fazer um levantamento de cada um destes animais, precisaríeis de mais de 10.000 folhas de papel. Isto, porém, não serve ao nosso propósito particular. Sendo assim, discutiremos apenas sobre uns poucos animais desta ordem, os outros serão referenciados apenas de modo generalizado.

2 – Um tipo particularmente peculiar destes animais é chamado de “vaca voadora”. Ela é excepcionalmente bela e aproximadamente do mesmo tamanho de um bovino terrestre crescido, exceto que o rabo é cerca de três pés maior. Ela tem quatro patas com belas garras brancas reluzentes. É vermelha nas costas e verde-clara na região abdominal. A pele tem um brilho particular, semelhante ao da seda aveludada da Terra. A cabeça é muito parecida com a do galgo, só que completamente diferente na cor. É azul-claro do pescoço para a cabeça, e das costas do pescoço para o focinho há uma faixa vermelha. A parte inferior da cabeça gradualmente muda para um azul escuro.

3 – Na face frontal das patas há dois longos membros, como braços prolongados à direita e à esquerda, que, quando esticados, cobrem um diâmetro de mais de 36 pés. Deles se estica uma forte pele fixada à parte posterior das patas. Entende-se que isto só ocorre quando animal tem intenção de voar; quando não está voando, tais braços permanecem dobrados; cada braço tem três ramificações. Os braços ficam tão acomodados ao resto do corpo, que dificilmente são notados, exceto quando se está bem perto. Entretanto, quando as vacas voadoras abrem suas asas para voar, elas têm a mais linda aparência. A pele dos braços também é branca reluzente. E no final de cada braço há quatro dedos bem definidos, cada um com unhas fortes e afiadas que se prestam a agarrar diversas coisas. A pele das asas se parece com um belo ouro polido, adornado com pontos vermelho-claro e listras em intervalos regulares, correndo umas para as outras. Estas asas de pele são bordeadas com uma faixa de um brilhoso arco íris, do qual derivam espinhos brancos e reluzentes, com mais de 30 polegadas de comprimento e que brilham como fibra de vidro, mais do que a mais pura seda.

4 – Os olhos da vaca voadora são extremamente pronunciados e vivos, e no crepúsculo eles cintilam como diamantes. O focinho deste animal é vermelho escuro e sua boca tem um tom avermelhado, como rosa. Seus numerosos dentes parecem puro cristal. Sua língua é vermelha brilhante e proporcionalmente muito longa, então o animal pode fazer uso dela de muitos modos, tais como lavar o rosto e limpar todo o corpo, pois tem um corpo particularmente flexível. Pode ainda usar sua língua para beber, tal como o cachorro terrestre. E quando enrola sua língua ao longo de seu comprimento, o que faz toda vez que toma ar, produz por este tubo lingual um assobio extremamente alto e forte, que pode ser claramente escutado muito longe.

5 - Por que chamam este animal de “vaca voadora”? Ele tem entre suas pernas traseiras um úbere grande e com quatro tetas, repleto do mais fino e delicioso leite, tão logo um filhote nasça.

Por isto frequentemente os saturnianos os capturam e em muitas áreas é tido como um animal extremamente domesticado e benéfico; e isto é feito com facilidade, pois este é um animal bastante dócil. Quando jovem surge somente um macho a cada seis novilhos. Este, ao crescer completamente, difere das fêmeas por apresentar um saco escrotal invés de um úbero, tal como os carneiros da Terra, além de um chifre pequeno, completamente branco e levemente curvo para trás, posicionado entre suas duas orelhas brancas dependuradas.

6 – Se pudésseis fazer uso do poder de vossa imaginação, não seria difícil imaginar a beleza deste animal. Provavelmente pensais: “Por que este animal tão belo e qual sua finalidade?” Mas Eu vos digo: Se direcionásseis vossa atenção às belas flores da Terra, suas variadas formas e padrões, também não seríeis levados a perguntar por que as flores são tão belas? Não seria mais apropriado que um simples grão de semente produzisse algo menor que um botão de flor? Vede, para questões desta natureza as respostas ainda não estão amadurecidas; com relação à beleza das criaturas, será impossível alcançardes a razão sem confrontar diretamente com o reino de Minha Luz ou Sabedoria. Assim sendo, contentai-vos somente com a ideia de que, aceitando como simplesmente válido o fato de existirem todas estas formas e padrões, Eu, o Bem sobre tudo e o mais sábio Criador de todas as coisas, sei por que criei todas as coisas e criaturas da forma que são.

7 – Depois de darmos uma boa olhada nesta criatura, daremos também uma olhada em um outro animal voador. Os saturnianos chamam este animal de fita ou cordão voador. Como este animal adquiriu tal nome? À medida que nos familiarizarmos mais com ele, a explicação ficará clara. Vede, o corpo deste animal lembra o corpo de um bem constituído macaco da Terra. Quando caminha, o faz com suas patas traseiras, tal qual o ser humano. As patas dianteiras são muito longas e equipadas com uma membrana de vôo que vai da lateral do corpo ao meio da perna traseira. Por outro lado, este animal usa suas patas dianteiras do mesmo modo que um macaco. Em pé ele tem 18 pés de altura e quando se agacha, apenas a metade. O corpo da fita voadora não tem nada de excepcional em relação a outros animais, exceto que a área abdominal é azul clara e tem uma lã vermelho-escura perto do fim das costas.

8 – Isto posto, o que é realmente diferente neste animal? Sua longa cauda, que só se estica por completo quando ele voa. Quando este animal caminha, enrola o rabo com tamanha destreza, que ele repousa perfeitamente sobre as vértebras do cóccix, como se alguém portasse nas costas uma mochila na forma de uma mangueira enrolada e bem apertada. Um animal maduro tem um rabo com aproximadamente 540 a 600 pés de comprimento, com largura de aproximadamente 30 polegadas. Entretanto este rabo é tão especial, que quando enrolado dificilmente apresenta um diâmetro externo superior a 18 polegadas. Ao longo de toda cauda tem o chamado filamento sensitivo interno, responsável por seu enrolamento; pois o rabo não tem ossos e é apenas uma extensão de pele das costas. A cauda tem as cores do mais brilhante arco-íris e, tanto no topo quanto na base, há uma extremamente curta e bela lã – algo assim como uma seda aveludada e contínua – tanto que aparenta ser muitas pequenas e supercintilantes verruguinhas. Agora sabeis por que este animal é chamado de “fita voadora”.

9 – Vós raramente encontrareis esta criatura ainda de posse do seu rabo, especialmente nas áreas densamente povoadas, porque os saturnianos os caçam em grande quantidade e podem fazê-lo facilmente, já que os mencionados animais não voam durante o dia. O rabo é cortado bem perto das costas e usado pelos saturnianos, especialmente os aristocratas, para enfeitar suas roupas. Novamente são principalmente as mulheres que se adornam com eles, depois de tratá-los com óleos de fragrâncias florais, de modo a torná-los flexíveis e, tal como o couro, duráveis e resistentes. Geralmente são usados como cachecol ou também como cinta ao redor dos quadris. Este animal é um hóspede sempre bem-vindo pelos saturnianos. Enquanto o rabo cresce, o animal é domesticado e mantido como bicho de estimação.

10 – Os mercadores de joias de Saturno criam estes animais. E uma vez que o preço é determinado pelo comprimento do rabo, eles frequentemente emendam dois ou três pequenos rabos e vendem como um. Quando tais fraudes são descobertas, as mulheres punem estes homens severamente.

11 – Em Saturno são frequentes os casos em que as mulheres exercem jurisdição sobre os homens, já que os homens saturnianos são normalmente mais amorosos, tal como na Terra. Assim sendo, os homens são enganados mais facilmente e frequentemente fazem papel de tolos, no afã de agradar suas mulheres amadas; além disto, eles também ficam a mercê dos desejos e modismos das suas mulheres. Por outro lado, diante das mulheres da Terra, as saturnianas são incomparavelmente mais modestas e domésticas. Esta é a razão pela qual os homens são muito inclinados a elas e alegremente lhes concedem muitos privilégios. Entretanto, quando discutirmos sobre os saturnianos, voltaremos a tratar deste aspecto com mais detalhes. Vamos agora retornar aos animais.

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A POSIÇÃO DOS ANIMAIS VOADORES SEM PENAS

O REINO DOS PÁSSAROS

AS GALINÁCEAS AQUÁTICAS, BEHOR

AS DIVERSAS ESPÉCIES DE GARÇA

MENSAGEIROS CELESTES

A ENTONAÇÃO DURANTE O VOO DOS PÁSSAROS

CANÇÕES E MUSICALIDADE DOS SATURNIANOS

1 – Como já mencionado, os numerosos espécimes de animais voadores de Saturno são tantos, que precisaríeis de mais de 10.000 folhas de papel para anotar todos os seus nomes. Entretanto suas variadas formas e padronagens são muito mais admiráveis que sua quantidade. Quase todos os quadrúpedes de Saturno, bem como muitas espécies de peixes, apresentam também mutações que figuram entre as criaturas voadoras. A situação é algo como se todos os animais domésticos e selvagens da Terra, incluindo-se os anfíbios e os aquáticos, tivessem asas tais como as dos morcegos. Teríeis então elefantes alados, bem como cavalos, bovinos, leões, tigres e hienas voadoras, e assim por diante, em toda a extensão do reino animal. Isto que aqui é colocado apenas para melhor entendimento e não passa de ficção terrestre, em Saturno é pura realidade, com a diferença que em Saturno os animais voadores são consideravelmente menores do que seus correspondentes sem asas, os quais habitam as terras e águas daquele planeta e obviamente são bem maiores, mais fortes e mais poderosos.

2 – Agora tendes uma ideia de como tudo é cheio de vida em Saturno. E é especialmente prazeroso o fato de que a maioria destas criaturas é mansa. Através do poder de sua vontade, os saturnianos são permanentes mestres dos elementos e de quase todos os animais. Somente uns poucos animais têm a reputação de serem selvagens e perigosos.

3 - Uma vez que demos uma olhada nos animais alados de Saturno que pertencem à classe dos animais sem penas ou plumas e aprendemos quão grande é em quantidade e variedade, um pensamento vos deve emergir e resultar na seguinte questão: “Se são tantas as criaturas voadoras deste planeta, como elas são capazes de existir? Se todos estes animais alçassem voo, todo o espaço do céu estaria ocupado.” Entretanto tal colocação neste planeta é completamente sem fundamento. Refleti apenas no seguinte fato: este planeta é algumas milhares de vezes maior que a Terra e, como sabeis, tem mais de setenta continentes, muitos dos quais têm área equivalente a toda a superfície terrestre, considerando aqui toda vossa área de terra firme, mares e oceanos. Na Terra os seres humanos podem se deslocar livremente, e tanto na terra como no ar e nas águas, nos campos, céus e oceanos há milhões de criaturas de todas as espécies circulando. E assim como as pessoas na Terra não são incomodadas pelos animais, o mesmo se aplica aos habitantes de Saturno. Isto sem considerar o fato de que, apesar de haver muitas diferentes e peculiares espécies naquele planeta, vereis lá bem menos animais circulando livremente na Natureza do que na vossa Terra, onde tudo se move em ciclos bem menores do que em Saturno.

4 – Uma vez que já tendes uma ideia da vastidão deste planeta, Eu devo chamar vossa atenção para o que foi mencionado anteriormente a respeito deste corpo celestial, no que concerne às distâncias entre as moradias dos habitantes de Saturno. O mesmo se aplica à outras circunstâncias, de modo que para tudo há suficiente espaço ou dependência. Esta é a razão pela qual as disputas de fronteira são totalmente desconhecidas neste corpo celestial.

5 – Este fato deve ser mencionado, a fim de que não caiais vítimas de descrença quando Eu vos der conta de todos os animais emplumados que habitam o ar, bem como de todos os animais de terra.

6 – Agora vamos voltar nossa atenção para os pássaros! Sabeis quão variadas são essas espécies, mesmo em vosso pequeno planeta, quando começais vossa conta com a grande avestruz e seguis todo o longo caminho até o pequenino beija-flor. Mas quão pequena é a superfície terrestre frente à enorme superfície de Saturno! Em Saturno há milhares de vezes mais espécies destes animais do que na Terra. Se desejardes estimar o número de espécies, Eu posso vos dizer: se em Saturno houvesse apenas um macho e uma fêmea de cada espécie, haveria mais de 240 milhões de pássaros. Naturalmente não há apenas um só gênero de pássaro em um mesmo continente, mas sim diferentes espécies em cada país. As espécies que habitam a parte sul de um país não se assemelham muito com as da parte norte, apesar de pertencerem à mesma espécie. Por exemplo, há a galinácea da água ou galeirão, que é muito bem conhecida em Saturno. Ela se apresenta inteiramente diferente entre as águas do sul e do norte. Todas as espécies de pássaros, domésticas e selvagens, diferem em forma, cor e práticas – do norte ao sul e do leste ao oeste – em um mesmo país.

7 – Daí podeis deduzir que é praticamente impossível gravar os nomes de todos estes animais no período de uma vida. Podeis igualmente conceber a completa impossibilidade de descrever cada pássaro individualmente de acordo com sua espécie, cor, forma, padronagem e utilidade. Sendo assim, descreveremos apenas brevemente o primeiro e o maior dos pássaros de Saturno, pertencente ao reino dos animais emplumados.

8 – O nome do nosso pássaro é Behor ou a “navio dos ares”. Podeis crer que se este pássaro estivesse na Terra, tomaria mais espaço do que a maior das costas oceânicas, mesmo sem tomar em consideração suas asas. Quando este pássaro voa ou estica suas asas, de acordo com vossas medidas, é bem considerável a distância entre as pontas das duas penas mais nas extremidades das asas (21). O talo das plumas têm diâmetro maior do que o tronco do carvalho terrestre. E cada pena das asas tem comprimento da base do talo à ponta de 4.800 pés. Este também tem amplas e fortes pernas. Quando de pé no solo, elas se mostram em relação ao corpo proporcionalmente tão grandes quanto as da garça terrestre. Por que pernas tão desproporcionais? Porque ela é um pássaro aquático e consequentemente habita as costas dos oceanos, onde vive da pesca. Vós nunca a vereis em terra – ou está nadando ou está voando baixo sobre as águas; por isto os saturnianos a chamam de “navio voador”.

9 – E este pássaro é bonito? A resposta é não, ele não é contemplado pela beleza. Se imaginardes a garça, mas em uma escala bem maior, tereis a forma aproximada do “navio voador”. Sua cor é acinzentada ao longo do corpo e às vezes marrom escura; seu bico e sua cabeça se assemelham à do ganso, só que proporcionalmente maior. Um peixe comum nas águas de Saturno, que tem o tamanho de um tubarão terrestre completamente desenvolvido, é devorado por este pássaro com a mesma facilidade que comeis um morango. Assim tereis uma ideia do seu tamanho e forma.

10 – Alguns de vós hão de perguntar: Este pássaro é de algum modo perigoso? Definitivamente não. O Behor é muito amedrontado e se esquivará ao perceber a aproximação do ser humano, mesmo de uma criança. Seu tamanho é enganador, pois ele é muito pequeno para se portar como um pássaro realmente poderoso. De fato só é grande sua longa e profunda plumagem, que o faz aparentar ser enorme. Se removida sua plumagem, seu peso não ficará longe da mais magra mulher daquele planeta.

11 – Assim aprendemos a respeito de um pássaro em especial, o maior do planeta. Este pássaro também difere entre os vários oceanos, em tamanho, cor e forma.

(21) 3,75Km – A editora.

12 – O próximo pássaro em nossa lista é o mais peculiar de saturno e é conhecido como “o mensageiro do céu”. Este pássaro se assemelha à pomba branca terrestre, tanto na cor como na forma, apesar de ser cerca de 500 vezes maior. Os saturnianos acreditam que este pássaro voa constantemente por que ninguém jamais viu um “mensageiro celeste” pousado ou descansando em terra. De certo modo os saturnianos estão certos, pois o mensageiro celeste não costuma pousar no continente; ele voa alto e vagarosamente, algumas vezes baixo. Mas quando faminto, voa em grande velocidade pela costa oceânica e se esconde em recantos onde procura seu sustento, que consiste de uma espécie de musgo branco e espesso.

13 – Após se alimentar e recuperar as forças, este pássaro voa de volta ao interior em extraordinárias alturas. E o faz de manhã cedo, antes do nascer do sol; por isto também é chamado de “mensageiro do sol” em algumas áreas de Saturno.

14 – Em voo este pássaro canta as mais belas canções, de forma muito mais perfeita que o rouxinol da Terra. Por esta razão também é denominado “alegre cantor das manhãs”, especialmente pelas mulheres de Saturno.

15 – Quase sempre este pássaro branco é percebido e ouvido em diversas partes do país próximas do oceano, e as pessoas costumam parar e observá-lo até perdê-lo de vista. Em muitos locais os saturnianos admiram tanto este pássaro, que lhe confeririam reverências divinas, se assim fosse permitido pelos espíritos angelicais do planeta.

16 – Mas isto não se sucederá, pois em tais pássaros há um instinto nato especial. Eles evitam até mesmo encarar o ser humano. Se uma pessoa de Saturno pretende apenas fitar vagamente tal pássaro, ela pode ter a certeza que a ave de pronto repelirá tal desejo. Por esta razão estas aves habitam locais inacessíveis às vistas dos saturnianos.

17 – Especialmente notável neste pássaro é seu esporádico voo ultraveloz, e não é fácil conceber corretamente tal velocidade. Uma vez este pássaro alçando certa altura, ele facilmente alcança mil milhas geográficas por hora. Quando voa à noite, ele brilha numa trajetória branca reluzente. E por causa destes voos em alta velocidade, ele frequentemente aparenta uma estrela cadente. Ele prefere voar sobre o continente à noite, tornando-se o maior espetáculo dos saturnianos. Algumas pessoas de Saturno admiram tanto estas aparições luminosas, que - em algumas regiões onde vivem os pássaros - se deitam de costas em uma colina sem árvores e de vista desobstruída, só para ver os voos das aves.

18 – Há ainda uma peculiaridade: se dois ou três destes pássaros voam em linha reta e em grande velocidade, produzem um puro som ao cortarem os ares de Saturno. Quando vários destes pássaros voam desta maneira em uma mesma direção, cada um produz um som específico. Estes sons geralmente formam um acorde que cresce do pianíssimo ao fortíssimo e torna a se acomodar no pianíssimo, tal como a escala de tons ou os acordes de um piano.

19 – Por isto estes pássaros prendem extraordinariamente a atenção dos saturnianos que, embora sejam apreciadores das canções e dos acordes harmoniosos, não são grandes músicos. Eles têm os mais simples e primitivos instrumentos musicais, mas dispõem de cantores muito especiais. Usualmente as mulheres cantam as melodias e os homens somente os acordes. Estes cantores frequentemente deleitam-se por dias com um acorde, após o que se sentem agraciados por terem conseguido um. Entretanto, lhes é muito difícil encontrar outro bom ou harmonioso acorde depois de uma interrupção. Quanto aos saturnianos, outras circunstâncias serão apresentadas de modo claro e no tempo certo. Uma vez que não podemos reportar nada de maior importância relativa ao nosso mensageiro do céu, o feliz cantor do sol da manha, devemos tornar a outro habitante emplumado dos ares.

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OS CANTORES SOBRE RIOS E LAGOS

OS MESTRES DA ARTE DA FUGA MELÓDICA

OS CANTORES AÉREOS DO NORTE

A MÚSICA MAIS EFETIVA

1 – As espécies de pássaros sobre as quais vamos discutir agora são chamadas de “cantores sobre rios e lagos”. Estes pássaros já foram anteriormente mencionados por causa de seu canto melodioso. Entretanto, dedicaremos um pouco mais de atenção a eles e inicialmente daremos uma olhada em sua forma. Estes pássaros meio que se assemelham aos cisnes da Terra, apenas doze ou treze vezes maiores, e o pescoço não é proporcionalmente tão longo, mas, por outro lado, bem mais grosso. A cabeça é proporcionalmente maior que a cabeça do cisne.

2 – Estes pássaros têm uma laringe muito flexível e que está em contato com uma língua muito ágil. Proporcionalmente ao restante do corpo, eles têm pulmões grandes e muito elásticos, com uma enorme capacidade de aeróbica. São os reais músicos do planeta; no que diz respeito à música, são autores e os produtores musicais. Estes pássaros nunca repetem uma canção. Apesar de cantarem por anos, nunca repetem uma melodia que já tenham cantado.

3 - Isto, entretanto, não é o mais surpreendente na arte destes cantores aquáticos, pois quando vários deles se juntam (o que não é raro acontecer, já que gostam de cantar em conjunto), nunca se ouve uma só nota destoada ou desafinada. Assim que um pássaro começa a cantar, não demora entra um segundo, um terceiro, um quarto e assim por diante, até todos se juntam no canto. Apesar disto, cada pássaro cantará sua própria melodia particular, mas, guiado por uma percepção mui sensitiva, o canto de um nunca fica em contraste desarmônico com o de outro, ainda que haja trinta ou mais.

4 – O canto destes pássaros seria um verdadeiro êxtase para um amigo da mais estrita e mais completa fuga melódica. Não apenas há um contínuo encontro de novas ideias e composições, mas também elas vão se modulando e alternando o tom fundamental tão repentinamente, que o maior compositor da Terra não seria capaz de imaginá-lo. E imaginai as mais puras das vozes adicionadas a tudo isto...; a voz do melhor cantor terrestre seria meramente um grito estridente em comparação.

5 – Tais cantores aquáticos são a razão pela qual os saturnianos não mostram grande interesse pelo aprendizado do canto e da música, apesar de serem grandes amigos da música. Eles dizem: “Quando comparadas a estes cantores, nossa gargantas são nada mais do que grosseiras flautas de caniço. E os sons que compomos são tão ruins em comparação, que não se pode nem prestar atenção aos mesmos; por outro lado o Grande Espírito dos Espíritos permite-nos ter estes cantores pelos quais temos em abundância a mais magnificente música.”. Os saturnianos que vivem nas costas destes rios e lagos não praticam qualquer música, enquanto que os que vivem mais afastados daquelas águas ou nas montanhas o fazem.

6 - Estes pássaros podem ser aprisionados ou domesticados. Sim, isto pode ser feito, mas eles param de cantar quando capturados, ainda que aprisionando-se um bando completo. Porém tão logo sejam libertados e nadem em uma superfície aquosa, estes pássaros recomeçam seus cantos.

7 - Estes são os pássaros cantores que foram mencionados anteriormente.

Algum de vós provavelmente gostaria de saber se estes cantores habitam muitos dos grandes países do planeta e se eles se localizam nas áreas mais ao sul, norte, leste ou oeste. Estas espécies de pássaros habitam a maioria das grandes terras ou continentes, mas em seus próprios países, em geral habitam as regiões mais ao sul.

8 – As regiões ao norte têm muito pouco destas espécies; invés disto uma outra espécie fixa residência lá e de certo modo substitui a extraordinária companhia de cantores sulistas. Entretanto, estes cantores voadores do norte não cantam melodias. Quando vários destes pássaros cantam juntos, o som parece o vento passando pelas cordas da harpa, produzindo deste modo sons encantadores. Nestas regiões é raro acontecer que aqueles fracos cantores alcancem uma harmônica. Mas para aqueles saturnianos que não têm oportunidade de ouvir cantores melhores as canções destes pássaros são enriquecedoras. Apesar de não cantarem tão belamente, eles são mais nativos. No tocante à forma, são as mais belas e mais magníficas espécies de pássaros do planeta. Discutiremos sua aparência na próxima mensagem. Por hoje, isto é suficiente.

9 – E como aparenta ser este cantor voador do norte? É muito difícil vos dar uma descrição adequada, posto que não há na Terra um único pássaro que se assemelhe a ele. Apesar disto, nos esforçaremos para vos dar uma ideia da forma deste pássaro. Agora prestai atenção:

10 - Este pássaro é maior que um boi completamente crescido da Terra. Seu corpo é completamente coberto por plumas dourado-esverdeadas, que são mais lanosas do que lisas. As pequenas penas que margeiam a parte superior das asas, começando no corpo e indo diretamente às extremidade das asas, parecem um ouro polido sobre o qual se aplicou um brilho vermelho-carmim. Os pinhões das penas das asas são azul-claros, enquanto que as bordas destas plumas parecem ouro fosco. Os caniços das penas são de um branco reluzente que cintila em várias cores, parecido com a pérola dourada da concha-mãe da Terra. A cauda consiste de plumas longas e é dividida em duas partes, similar a um esôfago na Terra. Estas penas não são cobertas por pelos rígidos, mas por longos e maleáveis pelos. Os pelos maleáveis têm cores quase iguais às penas da cauda do pavão terrestre. Nas pontas das partes mais protuberantes dependuram-se chumaços destas plumas maleáveis, às vezes com até noventa polegadas de comprimento. Mas é tão leve que, de acordo com vossas medições da Terra, não pesa mais do que nove gramas. Estes chumaços são multicoloridos e a cada movimento alteram suas cores.

11 – Os pés destes pássaros são completamente brancos e bem torneados, isto é, não têm nada a ver com os pés dos pássaros da Terra. A diferença é que as pés dos pássaros terrestres são completamente pelados e extremamente magros, enquanto que os dos pássaros saturnianos são – inteiramente e até as garras - muito mais carnudos e cobertos com a mais bela plumagem, exatamente como a da área abdominal, só que de cor mais clara. As assim chamadas “garras” dos pés dos pássaros saturnianos, por vezes têm a forma das patas de um bem-formado macaco terrestre. Nestes casos, entretanto, o pássaro tem o pé com a forma de uma mão humana, exceto que acima dos dedos até as pontas das unhas há uma cobertura com as mais belas e delicadas.

12 – Assim se apresenta o corpo deste pássaro, mas na cabeça está a parte mais peculiar. E por que isto? Vede, este pássaro (acrediteis ou não) tem duas cabeças, mas não do modo que se apresentam as águias de duas cabeças das telas pintadas na Terra; invés disto, há uma cabeça sobre a outra. O pescoço parece o de um cisne, com uma cabeça emergindo da crista de outra mais abaixo.

13 – A cabeça inferior é completamente arredondada e tem uma altura, da base ao topo, de quase dois pés e um pé e meio de largura. Esta cabeça tem um semblante humano e feminino, quase como as sereias da Terra (que são, claro, raramente vistas). E o topo da cabeça é coberto com os mais ricos e longos cabelos, com tons alternando no azul escuro. Da crina da cabeça inferior emergem trinta polegadas de um pescoço com uma segunda cabeça que se assemelha à cabeça do cisne terrestre e que serve ao pássaro como a tromba serve ao elefante.

14 – O pássaro não se alimenta pela segunda cabeça, porque seu pescoço não tem garganta. A propósito, este pássaro tem dois olhos muito flexíveis e versáteis localizados na cabeça superior e pode ver em todas as direções com os mesmos, enquanto que nada enxerga ao lado com a cabeça inferior. Entretanto, posto que a visão dos olhos da cabeça inferior é muito aguçada, ela permite ao pássaro distinguir qualquer coisa à grande distância. A face da cabeça inferior não é nua; ela também é coberta por pequenas plumas avermelhadas. Somente os lábios e a parte mais chata do bico são pelados; tudo o mais é emplumado. Os olhos da cabeça inferior são grandes e azuis claros, e nas proximidades da fronte o segundo pescoço alterna para um branco deslumbrante. O pescoço da cabeça superior é verde-violeta, enquanto que a cabeça em si é vermelho-fogo. O bico é rosado embranquecido, com formato de fortes pinças capazes de agarrar e carregar diversas coisas.

15 – Como este pássaro se alimenta e como bebe? Isto é feito de um modo muito simples.

Ele remove o fruto com sua cabeça superior e o sustenta em frente à boca da cabeça inferior, a qual, com seus dentes habilidosos e tal como a boca de um macaco terrestre, belisca o fruto e o consome. Se este pássaro deseja beber, ele usa a cabeça superior como um cálice. Ele colhe a água com sua cabeça superior, retém o líquido em uma grande concavidade existente naquela cabeça e dá de beber à boca da cabeça inferior. A boca da cabeça inferior bebe na concavidade da cabeça superior.

16 - Este nosso cantor secundário é algo imperfeito, já que só entoa um tom, mas um tom belo e melodioso. Ele impressionaria as pessoas da Terra mais do que uma orquestra completa.

17 – E podeis acreditar em Mim quando digo que a música celeste mais impressionante não consiste de muitos sons, mas sim de um só tom. Esta sim é a música mais tocante e mais efetiva. Provo-vos isto. O que preferis: uma nota clara e limpa de um cantor ou cantora, ou um acorde penetrante de um instrumento? Quando alguém possui uma voz melodiosa e extremamente clara, limpa e forte, não dá pena quando tal voz é encoberta por outros sons? Portanto este não é o caso de sons multifários em harmonia, mas sim a qualidade de cada tom individual é que causa o efeito auditivo prazeroso da música. Um tom perfeito é em si a mais pura harmonia - desde que não apenas chegue individualmente de uma manifestação perceptível ou audível - mas sim quando o tom fundamental vem de dentro do ser e lá dentro já existe um tom correspondente, derivado do tom fundamental na devida proporção, quase que como o som do repique do puro sino.

18 – Deste modo deveis imaginar o canto deste cantor saturniano, numa suave e baixa oitava, como é o caso do G, A e B, conhecidos na Terra como a grande oitava. Isto vos dará uma ideia do canto deste pássaro. Quando canta, começa com o pianíssimo e tanto quanto possível alterna o tom sem desvios e suavemente; ou seja, sem redução ou elevação brusca do tom, a cada nível de decibel, como se fosse direto a uma próxima escala que está sendo repicada. O pássaro mantém cada nível de decibel por alguns segundos. Então ele o deixa “murchar” mais e mais, até que não poder ser ouvido. Havendo dois, três ou eventualmente quatro destes pássaros juntos e que tenham coincidentemente vozes boas e harmoniosas, é gerado então um surpreendente e maravilhoso acorde melódico muito apreciado pelos saturnianos.

19 - Não há, entretanto, nenhuma chance para estes acordes; em outras palavras, não há como um mesmo acorde perdurar. Sendo assim, esta qualidade de música não pode de modo algum rivalizar com a música dos nossos bem-conhecidos cantores principais, pois estes cantores simples falham neste sentido. Havendo dois saturnianos e estando um em desvantagem em relação ao outro - o que somente ocorre naquele planeta ocasionalmente - tudo que se necessita é desta espécie de cantor simples, e a qualquer momento os dois inimigos amargos se tornam os mais pacíficos amigos. Por isto estes pássaros frequentemente são chamados de promovedores da paz.

20 – Estes pássaros também podem ser domesticados e assim tomam o mesmo lugar do pavão da Terra, sendo considerados pássaros ornamentais. Tais pássaros domesticados têm uma voz potente, mas de tom áspero, ao passo que o mesmo espécime selvagem produz um som altamente claro e puro. O espécime domesticado muitas vezes é tido como uma raridade das regiões sulistas do país. Lá ele logo perde sua voz original, como resultado da alimentação diferente; ficam tristes, doentes e frequentemente morrem. Por isto as pessoas do norte não são facilmente convencidas a conviver com um destes animais, devido ao grande afeto que têm por eles.

21 – As fêmeas carregam suas crias e as alimentam com seus seios fartos, os quais se situam abaixo da cabeça inferior, quase que como a fêmea humana; contudo os seios deste pássaro não são desnudos, mas cobertos com penas leves.

22 – Agora sabeis tudo o que deveis saber sobre este pássaro. Depois disto daremos uma olhada nas aves domésticas e daí nos voltaremos para os animais terrestres; em seguida discursaremos sobre os saturnianos.

22

A GALINHA DOMÉSTICA

A ESFERA DOURADA

O GANSO GIGANTE

A NATUREZA E SEUS BENEFÍCIOS

OS PÁSSAROS DOMESTICADOS

1 - Tal como na Terra, a galinha detém o mais favorável papel dentre as aves domésticas de Saturno. Entretanto, as galinhas saturnianas pouco se assemelham às terrestres. Na Terra encontrareis vários tipos e espécies desta ave nas diferentes regiões do mundo; este também é o caso em Saturno. Há lá também um pássaro com as mesmas características onde quer que se esteja, conhecido como a galinha doméstica do planeta.

2 – Como esta galinha aparenta ser? Ela é ao menos uma centena de vezes maior que a terrestre. Todas as galinhas têm a mesma cor. As asas são azul-claro, enquanto que as costas são completamente brancas, mudando para um tom avermelhado na cauda, a área abdominal tem a cor madrepérola, os pés são vermelho-claro, e o pescoço é de um verde-claro que vai diretamente da cabeça até a área dos pés, estes muito próximos daquela, tanto que a maior parte do corpo se estende por trás dos pés.

3 – Com o que ela se parece com relação a sua forma? Aqui experimentamos alguma dificuldade para vos dar um quadro propício, posto que em toda a superfície terrestre não existe um pássaro que possa se comparar a esta galinha; consequentemente, não nos resta alternativa para alcançar esta questão atípica. Se vos fosse familiar, não teríeis dificuldade de imaginar o formato da ave por inteiro.

4 – A cabeça desta galinha é mui grande, maior em proporção ao corpo do que a cabeça da coruja noturna em relação ao seu corpo. Em cada um dos lados da cabeça há uma orelha branca e com o formato semelhante ao da orelha do elefante, exceto por não ficar dependurada. Em frente a estas orelhas há dois proporcionalmente grandes e aguçados olhos, separados por uma crista verde e emplumada. Um pouco abaixo dos olhos há uma espécie de apêndice dependurado, robusto e vermelho sangue, como é o caso das galinhas indianas, mas estes pássaros os mantêm enrijecidos e abaixados por uma espécie de autocontrole. A cabeça é conectada ao corpo por meio de um longo, comparativamente fino, mas harmonioso pescoço.

5 – Sem as asas e os pés, o corpo tem uma forma completamente elíptica. As asas são proporcionalmente curtas, e no lugar de plumas em pinhão há cobrindo as asas somente longas agulhas espinhosas. Entretanto, as partes das asas próximas à cabeça são recobertas com uma espécie de pluma, semelhante a do avestruz terrestre.

6 – Como resultado da pequenez da estrutura das asas, tais pássaros não são muito proficientes quando tencionam voar. Por conta de suas muito firmes e longas pernas, eles são capazes de correr muito rápido e exigem muito esforço dos saturnianos que pretendem capturá-los. Sendo assim, se algum saturniano deseja capturar tal pássaro, ele sempre faz uso do poder de sua vontade. Este poder da vontade será discutido com mais detalhes oportunamente. A cauda deste pássaro é circular, mas como a da galinha indiana e sim algo como a cauda do pavão terrestre, porém maior em proporção ao corpo e mais compacta.

7 – Tereis uma boa ideia da aparência deste pássaro, se arrumardes todas as informações que vos estão sendo dadas na sequência apropriada. A única coisa a fazer é adicionar uma cor metálica e lustrosa nas penas, então tereis um quadro apropriado deste pássaro.

8 – Os machos diferem das fêmeas somente no tamanho e em geral pelo seu canto sonoro irritante, ao passo que a galinha apenas emite um cacarejo sonoro muito curto, o qual não é muito prazeroso de se ouvir. Os saturnianos citam o seguinte provérbio quando ouvem alguém que não sabe cantar: “Para o canto, tua voz é pior que a da galinha!”.

9 – E que benefícios os saturnianos usufruem deste animal? Muito mais que as pessoas da Terra com suas galinhas. As galinhas saturnianas põem muito mais ovos. Os saturnianos bebem o conteúdo do ovo cru, porque assim é mais gostoso. As substâncias de tais ovos têm um gosto doce e delicado, similar ao leite bovino da Terra e muito melhor que o leite das grandes vacas domésticas de Saturno. A casca é tão dura, que os saturnianos conseguem cortar sua extremidade inferior numa linha completamente reta. Isto serve aos saturnianos como um utensílio de bebida, mas somente para seus sucos extravagantes, que eles dizem beber até a última gota, sempre nestas conchas que, quando cheias, acomodam facilmente cinco baldes de líquido (22).

10 – Os saturnianos constroem abrigos para estas aves domésticas; são as árvores-largas, também conhecidas como árvores-paredes, cuja forma é oval e cobre aproximadamente meia milha quadrada. Nesta pitoresca e grande casa de galinha cresce todo tipo de grama e planta, às vezes algumas das já conhecidas árvores de chuva também são plantadas. Os saturnianos mantêm alguns milhares destes pássaros em tais abrigos de galinhas, já que eles representam um grande acúmulo de prosperidade aos seus donos. Estes pássaros só convivem com os da sua própria espécie e não toleram outros animais nas vizinhanças. Por isso os abrigos são construídos somente para tal espécie de ave e suficientemente longe das residências principais. Podereis entender o porquê disto, se lembrardes do incômodo canto daqueles pássaros.

11 – Além deste pássaro há diversas outras espécies que também pertencem à categoria de “pássaros domésticos”, mas que não são tão benéficas quanto esta galinha. A carne é comestível e as penas são usadas nos acolchoados, tal como na Terra. Pouco é utilizado destas aves, em geral em entretenimento ou beneficiamento. Muitos dos ricos habitantes de Saturno têm várias espécies de pássaros domesticados nas proximidades de seus lares, ao passo que outros apenas mantém as galinhas. Quanto aos demais pássaros domésticos, falaremos apenas superficialmente.

12 – Um destes pássaros é o “esfera dourada”. As pessoas gostam de pegá-lo devido ao lustre de suas penas, e este é o principal atrativo ou esplendor desta ave. Ela tem a aparência de uma bola com pelo menos 72 pés de diâmetro. Imaginai sob tal bola dois fortes pilares como pernas, com dedos que se projetam de forma radial. Isto realmente descreve por inteiro a forma deste pássaro; entende-se que ele assume tal forma com as asas fechadas.

13 – O esfera dourada virtualmente não tem cabeça. Na parte frontal há um extenso e muito curto bico vermelho escuro, com apenas 15 polegadas de comprimento contra 120 de extensão. Acima do bico há dois olhos ovais com comprimento de seis pés e largura de quatro pés e meio. A cor da plumagem é amarelo-ouro por completo; as patas começam numa cor esverdeada que se desbota e eventualmente se torna avermelhada. A plumagem de todo o corpo, tanto quanto a das asas, é completamente plana, de maciez uniforme e tem o lustre da mais bela superfície de ouro polido. Os saturnianos dificilmente podem olhar para estes pássaros durante o dia, porque eles se assemelham a abóbada de um campanário dourado ambulante.

14 – Quando este pássaro morre, nada além da pele é usado. Os saturnianos são muito proficientes no escalpo deste animal. Nas ocasiões festivas, as peles e as plumas servem às senhoras como xales; apresentam- se como peças úteis e belas, cobrindo os ombros e ao redor dos braços das senhoras. Os ovos destes pássaros usualmente são mantidos para procriação, mas em geral de cada doze ovos há um portando um fruto vivo.

(22) Um balde tem aproximadamente 56,6 litros na medida austríaca. Esta medição se aplica aqui – A editora.

15 – Estes são os fatos mais importantes sobre este fantástico pássaro. Há ainda um outro frequentemente encontrado em Saturno. O formato do corpo deste pássaro é semelhante ao de um ganso gigante. Entretanto este não é o aspecto mais interessante dele; sua distinção mais evidente é o pescoço excepcionalmente longo, que, medido a partir do corpo, tem comprimento de 180 a 240 pés. A cor do corpo é um cinza rosado e os pés estão numa saliência preta, o que é muito raro naquele planeta. O pescoço é vermelhão, mas não fosco e sim de um tom metálico lustroso. A cabeça se assemelha à de um ganso terrestre, mas, é claro, em dimensões proporcionais ao restante do corpo. O corpo deste pássaro tem aproximadamente três vezes o tamanho de um elefante terrestre. A cauda não se parece com a de um pássaro, mas sim com uma espécie de rabo de cavalo, que fica dependurada na parte preta e alcança o comprimento de trinta pés. Com relação à perna, seu comprimento é proporcional ao resto do corpo, mas está relativamente ao longo da lateral do corpo, sendo forte como uma árvore.

16 – Estas são as características deste pássaro. E por que ele é criado pelos saturnianos? Como mencionado anteriormente, quase sempre devido ao gosto dos saturnianos pelo esplendor. Fora isto, este pássaro não tem nada de muito proveitoso. Ocasionalmente os pelos da cauda são coletados e fios e cordões são feitos a partir deles; no entanto, não são muitos firmes. A plumagem não é usada para mais nada.

17 – Este pássaro é criado estritamente pelos habitantes de Saturno que vivem nos meandros, bancos de areia e costas de rios e lagos. Isto porque é um pássaro aquático que se nutre principalmente dos vermes da água. Por isto este animal tem um longo pescoço, com o qual pode facilmente pesquisar o fundo, onde encontra seu alimento. A diferença entre o macho e a fêmea mostra-se na riqueza da cauda.

18 – Este pássaro deposita seus ovos na água e deixa-os lá flutuando, até que seu instinto lhe diz que eles estão no ponto. Então ele abre suas asas sobre um ou mais ovos e nada com eles até um local calmo. Ele mantém rígida vigília sobre os ovos, que em breve chocam a si mesmos.

19 – Quando este pássaro faz a guarda de seus ovos não é aconselhável se aproximar, pois, com velocidade rapidíssima, ele ataca qualquer intruso que esteja ao alcance do seu firme bico. O intruso, por sua vez, não mais terá intenção de perturbar as águas desta ave quando ela tenciona levar a cabo sua mais importante tarefa.

Estes são os mais importantes e memoráveis fatos sobre as espécies aladas deste planeta. Podeis imaginar que, ao lado das espécies que temos discutido, existem milhares de outras nos vários países e continentes de Saturno, nas mais multifacetadas variedades. Agora devemos nos voltar para os animais terrestres domésticos e selvagens.

23

O MAIOR E MAIS IMPORTANTE ANIMAL TERRESTRE − O MUD

O ENSINO DOS SÁBIOS SOBRE O MUD

A PROPOSTA DE SUA CRIAÇÃO

1 – Devido às muitas espécies e tipos de animais terrestres, nós daremos uma especial atenção apenas àqueles mais notáveis e que não existem em lugar algum, exceto naquele planeta.

2 – O maior animal terrestre vivendo em Saturno chama-se Mud. Ele somente é encontrado em poucos continentes de Saturno. Se vós os contabilizásseis, não encontraríeis mais do que 10.000 de tais animais em todo o extenso planeta. Os países onde eles podem ser encontrados são dispersamente povoados. Devido ao enorme tamanho do Mud e sua enorme voracidade, não há muito que reste para outras criaturas. Além disto, os saturnianos não têm coragem de lutar com estes enormes animais. Eles desistem, sem hesitar, das terras ocupadas por tais animais e as denominam “terras inabitadas do Mud”. Este animal não existe nos principais continentes. Mas ao sul e ao norte de tais continentes principais há grandes ilhas e aqueles países são geralmente deixados para toda sorte de animais e todo tipo de espécie animal. Porém, nenhum destes países é tão evitado quanto os habitados por Muds.

3 - E como se apresenta este animal? Há animal similar na Terra? Sim há, mas se encontra no rol dos animais subordinados, enquanto que em Saturno ocupa a lista dos mais terríveis sob todos os aspectos, o que se justifica tanto por seu tamanho gigantesco quanto por sua voracidade e ferocidade.

4 – E que animal terrestre lembra esta criatura? É um bem conhecido de vós: o porco. Mas no que diz respeito ao tamanho, o maior porco terrestre seria grande o suficiente para ser comparado a uma parasita. Mesmo os enormes saturnianos se sentem como minúsculos anões ao lado de tal animal gigantesco. Eu lhes digo que se o Mud parasse atrás de uma montanha alta como o monte Chor (23), ainda teríeis de esticar vossos pescoços de modo a ver o ápice das costas do animal.

5 – E este imenso animal é igualmente voraz como vossos pequenos porcos, e sua comida também não é muito seleta. Está sempre comendo, seja grama, certas árvores, ou qualquer espécie de animal, de seres humanos a animais aquáticos – come tudo com o mesmo apetite.

6 – Uma vez que este animal tem um poder proporcional ao seu tamanho, é pouco provável que se queria entrar em qualquer tipo de combate com ele. Entretanto alguns saturnianos corajosos tentaram, com uso de alguns tipos de lanças longas montadas em varas de 600 pés de comprimento, adicionando-se ainda o emprego de suas forças de vontade levadas ao máximo. A despeito disto, eles foram mortalmente feridos. O Mud foi ferido em muitas áreas diferentes e, por causa da dor causada por tais feridas, tornou-se muito feroz e raivoso, correndo por todo um rio, de modo a refrescar suas feridas. Tão logo a dor melhorou, o Mud levantou-se e sugou uma grande quantidade de água junto com grandes pedras do leito do rio e a cuspiu sobre seus perseguidores, que pensavam já terem conquistado o animal; eles foram mortalmente feridos e só uns poucos conseguiram voltar para casa. Alguns dos mortos foram devorados pelo animal com apenas umas poucas mordidas, assim que o animal os alcançou em terra.

7 – E tendes ideia de quão grande é a boca do Mud? Eu vou lhes dar um exemplo: se houvesse nozes maiores que o Schloβberg (24 ), tal noz não seria maior que um dente deste animal, usado para quebrá-la facilmente com uma mordida. Se o Mud enchesse sua boca com água e pedras e cuspisse tal conteúdo da parte superior da Styria para baixo, a região inteira seria alagada e as ondas alcançariam altura maior que a mais alta torre de igreja da cidade de Graz.

(23) 2.000 metros de altura - A editora.

(24) Monte de Graz (475 metros de altura) - A editora.

8 – Se levardes esta informação em consideração, estará respondida vossa questão do motivo pelo qual os saturnianos não apreciam encontros com este animal. Por isto os saturnianos fizeram, desde tempos imemoráveis, apenas três tentativas neste sentido, e todas falharam. A partir de então, eles desistiram de tal iniciativa. Suas sagas têm o seguinte conselho:

9 – “O ser humano é capaz de fazer muitas coisas com seu poder, mas não pode controlar as luas, o grande anel brilhante, os rios, as tempestades do oceano, o peixe gigante e o Mud. Assim sendo, ele deve usar seu poder onde o mesmo possa ser efetivo. Ele não deve tentar controlar forças superiores com seu poder limitado.”

10 – E há também um outro aviso ou ensinamento nas sagas, que diz o seguinte: “Prestai atenção! O Grande Espírito deu-nos um enorme mundo para vivermos; nós não sabemos onde ele começa nem onde ele termina. Na terra onde nascemos, sabemos as coisas da água, da terra e do ar, e sabemos e temos experimentado o tempo todo que tais elementos estão sujeitos aos nossos poderes. Se tivesse sido a intenção do Grande Espírito que o Mud fosse destinado a nós, então o animal obedeceria aos nossos poderes. Sabemos, entretanto, que ele manifesta escárnio de nossos poderes com grande facilidade, assim que tentamos fazê-lo submisso a nossa vontade. Sendo assim é claro e nítido como o brilho do sol que reluz em toda parte que o Grande Espírito tem apontado outros poderes além dos nossos e que não nos servem; e não devemos tentar fazer destes poderes nossos servos. Por isto devemos permanecer nos limites de nossos poderes e com tudo o mais que foi determinado para nós, deixando outros poderes agirem onde o Grande Espírito os colocou. Não mais devemos nos interessar pelo grande anel brilhante nem pelo que há sobre as luas. E nunca mais, nem agora nem no futuro, poremos o pé nas terras do Mud!”

11 – Se pensardes nestas palavras sábias por um curto instante, o propósito do tamanho gigantesco deste animal e de sua tremenda força provavelmente se tornarão claros para vós. Mas apenas isto de modo algum serviria para descrever a forma deste animal. Fica por conta da imaginação individual de cada um imaginar este animal tão bem quanto possível.

12 – Os saturnianos eventualmente ficam interessados neste animal? Isto raramente acontece. Isto apenas acontece em ocasiões de longa viagem, ou quando ele é visto dos picos e contrafortes do continente principal, dos quais as terras do Mud não estão muito distantes. Não é aconselhável se aproximar da costa da terra do Mud. Se este animal percebe algo na superfície da água de seu ponto vantajoso em terra, ele caminhará com passos gigantescos para o oceano (se o oceano não for muito profundo, isto ocorrerá mesmo). Com apenas uns poucos passos, o Mud alcançará o que quer que esteja flutuando na superfície, acolhendo-o com sua imensa boca.

13 – Algo que é tremendamente amedrontador e horripilante é o grunhido deste animal; na verdade, vós não fazeis ideia do quão horrível ele é. Eu posso vos dizer mais: se este animal estivesse no ponto mais distante da Hungria e direcionasse sua boca para a Styria, na Áustria, grunhindo umas poucas vezes, a terra não tremeria apenas na Styria, mas muito além dela. Não somente toda construção de Graz seria nivelada por este tipo de terremoto, mas também se perderiam os topos das montanhas vizinhas dos Alpes, que cairiam. Esta descrição deve vos dar o motivo pelo qual os saturnianos não são grandes amigos da “canção ambulante” deste animal.

14 – Este animal tem os sentidos muito apurados, apesar do seu tremendo tamanho. Sua audição e seu olfato são especialmente sensíveis. Por isto ele pode perceber algo agradável ao seu estomago chegando pela superfície da água, bem longe. Este porco não é nem de longe como o porco sujo da Terra. Especialmente no que diz respeito a sua defecação, o Mud supera em higiene quase todo animal terrestre conhecido. Antes de liberar seus dejetos, ele cava um buraco muito profundo no solo que, de acordo com suas medidas, tem uma circunferência em torno de uma hora de jornada e profundidade com cerca de 600 pés. Uma vez que tal buraco foi escavado, o Mud deposita seus dejetos ali e os cobre imediatamente com a mesma terra escavada. Assim é que este animal mantém a terra que ocupa limpa e fertilizada, adequada para o crescimento de grama, a qual, nas terras dos Muds, são de extrema densidade, usualmente muito maiores e mais densas que as mais densas selvas da Terra.

15 – O que resta ser perguntado é: Qual o propósito deste animal colossal neste ou em outro planeta? A resposta foi dada na descrição do peixe gigante. Tal como aquele peixe conforma a transição geral do animal aquático para o animal do ar, o Mud conforma a transição de todos os níveis de animais e vegetais até espécies mais nobres de animais, o que culmina no ser humano. Agora vós sabeis tudo que há para saber sobre este animal. Nos próximos capítulos daremos uma olhada com mais ênfase nas terras dos animais.

24

O ELEFANTE SATURNIANO: SISTERKIBI

SUA ESTRUTURA E HÁBITOS

CAÇA DESTE ANIMAL E FINALIDADE DE SUA CRIAÇÃO

1 – O animal que iremos descrever agora é o Sisterkibi. E a qual ordem ele pertence em Saturno? Este animal é verdadeiramente o elefante daquele corpo celestial.; a despeito disto, ele é ofuscado pelo Mud em todos os aspectos. Em tamanho o Mud é mais do que cem vezes maior do que o Sisterkibi, e também em nada se assemelham. O Sisterkibi se assemelha muito ao elefante da Terra, mas pouco com os outros animais dos quais já ouvimos falar.

2 – E com que este animal se parece? Ele tem quatro patas extremamente fortes, semelhantes ao do elefante da Terra, mas na proporção de seu tamanho. As pernas não são estruturadas como as dos elefantes, mas sim parecidas com as dos ursos, com fortes garras. Seu corpo é extremamente volumoso. Quando totalmente crescido, tem uma extensão de 420 a 480 pés da área abdominal até a espiral da coluna. Sua cauda é proporcionalmente longa como a de um leão em relação ao corpo. No final, a cauda tem um tufo extremamente forte, cujos pelos medem de 36 a 60 pés. O animal tem um pescoço proporcionalmente bem longo, porém massivo, com uma crina que se estende por vários pés, constituindo uma juba muito forte.

3 – A cabeça é semelhante à do cavalo; em proporção, sua testa é muito vasta. Abaixo da testa, entre os dois olhos, há uma grande e flexível tromba que se estende por 240 pés, a qual ele retrai até um terço do seu comprimento. A tromba tem um tremendo poder de levantamento, conseguindo arrancar árvores enraizadas de grande porte.

4 – Por este meio, este animal arranca ramos de árvores e os devora com frutos e tudo, especialmente quando está com muita fome.

5 – A cor do Sisterkibi é cinza clara, enquanto sua tromba é cinza escura. A crina do pescoço cintila entre o azul e o penacho é cinza claro. Seus olhos são de um castanho muito escuro. Este animal tem presas extremamente fortes nos cantos da boca. No fundo da boca há ainda ossos extremamente fortes, usados para triturar a comida; ele não tem dentes, mas tem ossos proeminentes acima e baixo da mandíbula. Com tais ossos protuberantes, este animal pode facilmente triturar pedras duras e ramos de árvores a um ponto que tudo se torna uma só massa alimentar em sua boca.

6 – Na realidade, o animal é herbívoro; entretanto, se estiver com muita fome, ele devorará animais, e nem mesmo seres humanos estão seguros. Por esta razão os saturnianos não se encontram com este animal. Mas onde quer que possam encontrar este animal, eles fazem uso de uma habilidade, apesar da mesma apresentar certo obstáculo perigoso para eles.

6 – Como os saturnianos caçam o Sisterkibi? Eles não podem caçá-lo meramente com uso da força, porque este animal tem muito mais força em sua tromba do que mil dos mais fortes saturnianos. Por isso os saturnianos optam por ter a perspicácia como sua aliada. O habitat deste animal usualmente é as grandes florestas das já bem conhecidas árvores-pirâmides. E ele causa grandes danos àquelas árvores, ao arrancar os ramos ao alcance da tromba.

7 – Quando os saturnianos se dão conta que tais árvores gigantes estão sem ramos em alguns países (e por falar nisto, estas árvores são nativas em todos os países de Saturno), isto significa que um (ou mais) destes animais está presente na floresta. E o que os saturnianos fazem nesta situação? Equipados com tochas, eles cercam a floresta e a inflamam. Uma vez que este animal teme demais o fogo e a fumaça, ele rapidamente corre pela floresta em busca de um canto onde o fogo ainda não se expandiu; entretanto, para onde quer que vá, os saturnianos o guiam com suas tochas para uma saída que o leve a um rio selvagem, um lago, ou mesmo ao oceano. Quando o Sisterkibi encontra tal saída, ele rapidamente entra na água.

8 – Tão logo entra na água, ele se torna estranho e desajeitado, sustentando sua tromba reta para o ar. Os saturnianos agora forçam o animal a ir cada vez mais para o fundo, por meio de perseguição em seus barcos com tochas presas às pontas. Uma vez que o animal tenha alcançado uma profundidade tal que somente a cabeça fique fora da água, eles rapidamente cortam a formidável tromba com seus grandes e afiados facões. Tão logo o animal perde sua tromba, ele perde sua vida. Ele se afoga e começa a decomposição, e sua carne torna-se alimento para vários animais aquáticos esfomeados.

9 – E se acontecer, por uma ou outra razão, que a floresta não margeie nenhuma massa de água com a profundidade requerida? Então uma operação como esta se transforma em algo mais perigoso e precário. Deve-se espalhar o fogo apropriadamente por todos os lados, de forma que o animal (ou vários deles) se sinta surpreendido no centro de uma floresta em chamas e não consiga encontrar uma saída, então ele sufocará em um frenesi violento. Se o fogo for muito severo, ele se queimará também. Entretanto, se o fogo não estiver na proporção adequada, o animal quebrará o cerco com grande ferocidade, até achar uma área com menos chamas.

10 – Deve ter muito cuidado quem se encontrar com este animal sob tais circunstâncias! Ele pegará qualquer animal ou ser humano com sua tromba e o arremessará com veemência no ar ou ao chão, de modo que nada mais reste... A força deste arremesso frenético supera a força de uma bala de canhão. Se este animal fizesse um arremesso deste na Terra, ele facilmente lançaria uma pedra com 11.000 libras a uma distância superior a 20 milhas geográficas, mas com tal força que a pedra viajaria tal distância em poucos segundos. Sendo o arremesso do animal para o chão, então vocês podem estar certos que a pedra seria enterrada cerca de seiscentos pés.

11 – A partir desta breve descrição, vós podeis conjecturar sobre o respeito que os saturnianos têm por estes animais e avaliar o que causam no continente inteiro quando conseguem escapar da caçada com fogo. Por isto, cada floresta é periódica e detalhadamente avaliada neste aspecto; não importando se está localizada próxima de uma massa de água ou não. Se a floresta não está próxima nem margeia uma massa de água grande o suficiente, então ela será assunto de muitas deliberações sobre quando será mais adequado queimá-la.

12 – Se a floresta tiver uma boa condição para inflamar e ao mesmo tempo for grande o suficiente, então será queimada. Não sendo este o caso, a floresta é deixada por um tempo para o animal. Mas de vez em quando madeiras secas são colocadas em torno da floresta, formando literalmente uma parede, a qual é queimada quando as árvores ficam mais inflamáveis. Isto usualmente ocorre quando a área está sob a sombra dos anéis por um longo período de tempo, o que, de acordo com a cronologia da Terra, abrange diversos anos. Durante este período, as árvores ficam como as da Terra no inverno: sem seiva. Nesta época, os saturnianos inflamam as paredes de madeira seca por todos os lados e ao mesmo tempo, então saem dali o mais rápido possível.

13 – Isto conclui o capítulo sobre este memorável animal. Os Sisterkibis habitam aproximadamente dez continentes de Saturno, mas em pequeno número.

14 – Com relação aos benefícios deste animal, estes são os mesmo no aspecto físico e no espiritual, mas em uma escala menor do que o Mud e o peixe gigante (25). Este animal, tanto quanto os demais, também têm outra finalidade natural. E nenhum destes animais foi colocado no planeta como um pré-requisito indispensável à manutenção de outras entidades, posto que as transições psíquicas podem passar bem sem eles até os outros demais níveis. Por tal razão, nenhum país estará perdido se a grandeza e a força destes animais tão perigosos aos seres humanos se tornarem extintas.

(25) Que é para o desenvolvimento das almas na natureza. Para maiores detalhes, ler capítulo 17 - parágrafo 7, e capítulo 21 - parágrafo 15 – A editora.

25

O URSO AZUL, IHUR

SUA ESTRUTURA, CARACTERÍSTICAS E ALIMENTAÇÃO

SUA UTILIDADE COMO CULTIVADOR DO SOLO

1 – Depois de termos aprendido sobre estes dois animais gigantes deste vasto planeta, voltaremos nossa atenção para outros poucos animais que não são tão enormes. Eles são, entretanto, importantes o suficiente para merecer alguma menção.

2 – O primeiro animal desta ordem é o Ihur; em vossa língua se traduz como “urso azul”. Quando o Ihur está completamente crescido, é quase tão alto quanto o ser humano de Saturno; isto é, se este animal estiver em pé em suas pernas traseiras, o que usualmente o faz. O nome deste animal faz menção à sua cor, que é azul claro em quase todo ele.

3 – Por outro lado, com que este animal se parece? Em geral ele se parece com o urso dourado da Terra, mas a estrutura de sua cabeça é completamente diferente.

4 – E com que esta cabeça se parece? Será um pouco difícil de descrevê-la de modo que possais ter uma figura correta do animal, porque vós não conheceis nenhum animal na Terra que tenha cabeça similar à do urso saturniano. Entretanto, vamos descrever uma forma pela qual podereis ter uma ideia da cabeça.

5 – Imaginai um bem arredondado novelo de madeira com diâmetro de 9 pés e em ambos os lados, aproximadamente no meio, duas longas orelhas com comprimento de 9 pés e largura de 6 pés. Imaginai ainda mais dois longos e enrolados chifres no alto da testa deste novelo, cada um com 18 pés de comprimento e distando 3 pés entre si. A cor destes chifres é de um ouro lustroso, e aproximadamente 5 pés abaixo deles há dois grandes e proporcionais olhos que se parecem com olhos humanos. Abaixo dos olhos imaginai uma boca proporcional e semelhante à de um leão. Mais abaixo, esta cabeça é conectada ao corpo por meio de um proporcionalmente massivo, longo e forte pescoço.

6 – Além disto, atrás de sues chifres, em ambos os lados do pescoço, há 12 a 18 pés de uma longa juba azul escura; esta é a forma completa deste animal. O Ihur não tem rabo, entretanto, em seu lugar há um pelo curto mais alongado e de um azul mais escuro.

7 – Se considerardes tudo que foi mencionado no presente assunto, estareis aptos a imaginar tal animal, se ainda considerardes que o Ihur geralmente mede 300 pés, começando por seus cifres e terminando nas pernas traseiras. E quando este animal se apoia em suas quatro patas, ele mede quase 120 pés do chão até o alto de suas costas. E cada pata tem comprimento de 36 pés, tendo espessura de um barril com volume superior a 566 litros. As patas são com as do urso, de mesmo formato, apenas o tamanho e a cor são conforme o descrito acima.

8 – Espero não ser mais necessário descrever maiores detalhes sobre a forma e o tamanho deste animal. Vamos, portanto, descrever suas características, seu modo de vida e sua utilidade.

9 – O Ihur é normalmente de boa natureza; entretanto, ele não deve ser provocado ou perseguido. Se provocado, ele rapidamente muda sua boa natureza e torna-se tempestuoso e enraivecido; nestas condições, nada está a salvo. O que quer que cruze seu caminho será imediatamente atacado e totalmente destruído. Embora este animal não seja maior que um ser humano de Saturno, ele tem força de dez homens; por esta razão, uma pessoa maliciosa não passará bem se, por si mesma, tentar enfrentar este animal insensato.

10 – Os saturninos se afastam deste animal, apesar da boa natureza do mesmo; eles tentam, de todas as formas, convencê-lo a se afastar das áreas populosas dos seres humanos. Por isto estes animais muito raramente são vistos por alguém.

11 – E qual o alimento deste animal? Ele se nutre com grama, raízes e ramos frescos de árvores e arbustos. Ele nunca come carne, nem mesmo nas emergências. Se provocado, ele abate humanos e animais e então os deixa prostrados e se vai.

12 – Uma característica muito peculiar sobre este urso saturniano é que teme sua própria raiva. Por esta razão este animal, guiado por seu próprio instinto, cuidadosamente evita , sempre que possível, um situação que possa vir a deixá-lo irritado. Tal instinto seria uma bênção em muitos seres humanos da Terra, especialmente naqueles que são patrões competitivos, ambiciosos e beligerantes, os quais fazem de tudo para se envolver em uma situação em que haja uma querela. Esta informação é o bastante. Agora devemos nos voltar para a utilidade deste animal.

13 - O Ihur pode perfeitamente ser considerado um arador de áreas selvagens; em muito pouco tempo é revolvida uma grande área de solo com suas garras extraordinariamente fortes, e isto é feito tão bem, que nem o saturnianos com suas ferramentas podem competir. E o que este animal faz depois de revolver o solo? Ele, após procurar por áreas férteis, se mune de todo tipo de raízes vegetais comestíveis. Depois deposita estas raízes naquele solo que foi revolvido por suas garras. A intenção, é claro, não é cultivar o solo, mas sim garantir seu suprimento de comida. Mas acontece que algumas das raízes colocadas nos sulcos não são comidas pelo urso e então começam a brotar e crescer. Assim, o campo que antes era selvagem e estéril torna-se cada vez mais fértil na medida em que o animal aumenta seu estoque (o que ele que faz em abundância), pois ele não deixa seu território até que o alimento local esteja quase todo consumido.

14 - Então ele caminha por toda a área buscando algo para comer e deixa seus dejetos em toda parte, e por este meio faz uma fertilização não-intencional por anos.

15 - Quando os seres humanos em suas frequentes viagens por aqueles vastos países encontram tais locais, eles ficam cientes que são vizinhos do animal. Eles esperam por longo tempo, na expectativa de encontrar o animal que fará uso daquele campo. Não sendo este o caso, fica provado que o Ihur já deixou o local; então eles tomam posse do campo.

16 – Acontece ocasionalmente que o urso retorna por causa das raízes; então, se os habitantes nada fazem, permitem que o urso escave os sulcos novamente. Assim, ou o urso destrói o plantio que as pessoas haviam feito, ou elas atacam este indesejável visitante com rigor; tal confronto sempre tem um final duvidoso. O animal sempre lutará por suas prerrogativas, e não será fácil fazê-lo abrir mão delas. Por outro lado, não será fácil para os humanos abrir mão de tal terra nova e fértil.

17 – Achando por bem subjugar e espantar o animal, então os habitantes não mais temem qualquer distúrbio ou o retorno do mesmo. Uma vez que não capazes de matar o animal, eles o perseguem até o ponto em que ele perceba que está sendo caçado. E, uma vez que este animal, quando no estado calmo, teme sua própria raiva, ele não retornará ao local onde foi provocado.

18 – Isto é tudo o que há de notório sobre este animal. Devemos agora continuar com outro animal que também habita o planeta.

26

O LEÃO SATURNIANO, HORUD, SERVE COMO CAÇADOR E LENHADOR

MÉTODO DE CAPTURA DO JOVEM LEÃO SATURNIANO

1 - O nome deste animal é Horud, a respeito do qual vamos agora discutir brevemente. Onde é que este animal se enquadra quanto à ordem dos animais de Saturno? Se observardes o leão na Terra, o Horud tem a mesma posição em Saturno. Mas será que este animal é parecido com o leão terrestre? A resposta a esta pergunta não é sim nem não. Em muitos aspectos, assemelha-se ao leão da Terra, mas também há muitos aspectos que não são os mesmos. Uma análise mais criteriosa irá apontar as diferenças na sua forma em relação ao leão terrestre.
2 - Com que este animal se parece? É tão grande como o urso azul, mas tem mais de uma cor, de acordo com partes do seu corpo. A parte traseira do animal é vermelha brilhante, estendendo-se até perto do meio da área abdominal. As omoplatas, as pernas da frente e as pernas traseiras são na cor verde pálido. A área abdominal em si é mais para um verde escuro, algo como uma exuberante grama verde. A cauda é branca, enquanto que o tufo espesso em sua extremidade é vermelho-claro. O lado superior da cauda branca é adornado com manchas vermelhas em intervalos regulares. As garras nos pés também são brancas, e as costas das garras são decoradas com uma listra vermelha.
3 - Exceto pelas diferentes cores que acabamos de descrever, pelo pescoço e pela cabeça, que não se parecem com os do leão na Terra, o restante da forma do Horud se assemelha a de um leão terrestre. Não há um animal na Terra que tenha uma cabeça parecida com a do Horud. Este animal tem uma cabeça quase quadrada, tal como um dado com cantos arredondados. Esta cabeça está assentada sobre o pescoço de tal forma, que a superfície traseira é presa ao pescoço; mas tal não ocorre com a parte da frente, pois esta projeta-se da superfície do pescoço como uma mandíbula, por 3/4 de seu diâmetro. Em cada uma das superfícies laterais da cabeça há um funil em forma de ouvido crescente, localizado para trás e a partir da superfície de cada lado da cabeça, cada qual com mais de 6 pés de comprimento e com as cores do arco-íris, mas em tons muito claros.
4 - Na superfície superior, encontrareis um de chifre longo de quase 3 pés, cônico e completamente preto. Esta é a cor básica deste chifre, mas nesta superfície negra há discos redondos e avermelhados, com espirais regulares como as dos caracóis, que apresentam um forte brilho metálico. Em torno da base do chifre há uma coroa de pelos azuis claros e longos, que dão a aparência do mesmo estar assentado em uma bacia. Na parte traseira da cabeça e na parte que se conecta ao pescoço, o pelo se torna continuamente mais denso, enquanto que para a testa o cabelo torna-se mais curto e crespo.
5 - Na superfície frontal da cabeça (ou rosto) há, em proporção ao animal, dois olhos muito grandes e localizados em uma cavidade, cada olho com um diâmetro de 3 pés, de acordo com as medidas da Terra - o que significa, claro, o olho realmente. Se a cavidade ao redor do olho fosse incluída, seriam quase 6 pés de diâmetro. As pálpebras são de um vermelho muito escuro, acima das quais há sobrancelhas proporcionalmente muito grandes e grossas, semelhantes às dos seres humanos, pois são crespas, assim como os cabelos em torno do chifre e em direção à testa.

6. - Agora chegamos à característica mais peculiar deste animal, a sua boca. Em algum momento deveis ter ouvido falar sobre um pássaro chamado grifo. Com tal pássaro este animal se parece, com exceção das asas. Em vez da boca costumeira, ele tem um enorme e forte bico de águia, semelhante em cor ao chifre em sua cabeça. As manchas ou discos não são espiralados aqui, mas em linhas, partindo da base até a ponta do bico e diminuindo de tamanho. A parte superior do bico é como a de qualquer outro pássaro que conheceis sobre a Terra.

A parte superior não se move, enquanto a parte inferior do bico, inclusive a superfície inferior da cabeça, é móvel em relação ao pescoço. Na base do bico, este animal tem poderosos dentes esmagadores. Em vez dos incisivos ou caninos, ele usa seu bico muito forte e poderoso que se projeta por quase 9 pés da face, e na base é quase tão grande quanto a superfície principal da face.
7 - O Horud também tem uma língua que pode ser notavelmente alongada no comprimento, e tem quase os atributos de um cabo. Portanto, este animal tem a capacidade de se apropriar e levar à boca todo o tipo de coisa pela força de sua língua. Em torno da base do bico, há o cabelo azul e encaracolado, que muda para um tom esverdeado na direção do pescoço.
8 – E qual, geralmente, é a cor da cabeça? A cabeça é cinza-claro; sob os olhos, bem como sobre a testa, existem três círculos vermelhos brilhantes, um em cima do outro. Com respeito às outras partes da cabeça, apenas as duas faces laterais (com as orelhas) são visíveis e também são de uma cor cinza, mas são simples, sem ornamentação. Como sabeis, a superfície traseira, começando pela superfície superior, é adornada com pelos longos na cor azul, tornando-se mais viva quanto mais perto do pescoço. O pescoço é bastante grande em seu comprimento até a cabeça, tão longo quanto a parte traseira inteira (isto é, a partir das omoplatas, o mesmo comprimento das pernas da frente até a cauda). E é todo coberto com uma abundante juba azul brilhante. Assim este animal se apresenta.
9 - Qual sua utilidade? Que tipo de caráter ele tem? Onde ele se sente em casa? E qual sua relação com os saturnianos? Vamos brevemente responder a estas quatro perguntas. O Horud é geralmente de natureza gentil e é frequentemente mantido pelos saturnianos como um animal domesticado. Eles gostam do esplendor e da beleza deste animal, bem como de sua vontade de trabalhar, desde que tenha sido devidamente treinado.
10- Para que tipo de trabalho este animal é utilizado? Normalmente para caçar vários outros tipos de animais algo nocivos e por vezes muito prejudiciais. Este animal também é empregado como um lenhador durante o tempo da sombra; com seu bico, abocanha ramos grossos da árvore pirâmide com uma só mordida e pode subir nesta árvore até o topo com a maior facilidade. Os galhos frequentemente apresentam seção em circunferência, e na Terra seriam necessários cinco homens para cercá-los. Não é preciso qualquer esforço maior para este animal morder tal ramo, além daquele que fazeis ao morder uma maçã.
11 - Após morder e cortar ramos suficientes, o Horud irá, em seguida, puxá-los com o bico até as habitações dos seres humanos, depois de lhe ter sido dado o sinal adequado para fazê-lo. E quando lá, irá cortar pedaços menores, conforme indicado pelo seu proprietário. Estes pedaços de madeira são então usados ​​pelos saturnianos como lenha. Eles também empregam este animal para muitos outros tipos de trabalho, tais como aparar e transportar.
12 - O único pré-requisito é que este animal seja capturado quando jovem, a fim de ser treinado. Porque se um animal maduro é capturado, ele não vai se acostumar com este tipo de trabalho, e como tal seria de pouco benefício. Além disto, quando não é estimulado o animal foge assim que um ser humano chega perto, e quando é cercado por seres humanos, não se pode confiar nele por muito tempo. Porque tão logo ele começa a cavar o chão com suas garras fortes, é um sinal para os caçadores de que é hora de sair dali. Se os caçadores não o deixam, o animal vai começar a pular e rugir, e quem provar o poder do seu bico vai se sentir como se fosse atingido por um tronco de uma grande árvore. É por isso que os caçadores recuam quando o animal começa a se comportar desta maneira.
13 – Mas se o Horud adulto é assim perigoso, como os jovens são capturados? Os saturnianos usam sua astúcia. Porque as pessoas que vivem nas regiões onde este animal habita sabem que é muito fácil intoxicá-los com bebidas alcoólicas, mas isto é feito apenas nos momentos em que há animais jovens; o estratagema se aplica tanto no adulto de sexo masculino como na fêmea, os mesmos na aparência, exceto quanto aos órgãos genitais.

Quando surge a situação, os caçadores de Saturno transportam recipientes bastante grandes de bebidas até as proximidades destes animais. E não demora muito até que mordam a isca. Assim que o Horud esvazia o recipiente, muito gentilmente retorna ao lugar onde seus jovens estão, e geralmente há dois, três ou quatro filhotes. Uma vez que atinge o ponto que cai em sono profundo, nem percebe quando seus jovens são tomados. Os jovens são levados para as casas dos saturnianos, que os treinam para seus propósitos particulares. Os animais adultos são deixados vivos para procriarem ainda mais.
14 - Isto é tudo que precisais saber sobre este animal particular. A única coisa que ainda não sabeis é onde é sua casa. Seu habitat é apenas nas regiões ao sul de Saturno e apenas nos países do continente que não se estendem além da latitude 45.° - Sul. Uma vez que este animal ama as regiões oceânicas, só se sente em casa quando lá pode desfrutar da temperatura que lhe é agradável. Um país excedendo este grau significativamente, naturalmente vai ficar mais frio, especialmente se banhado por um oceano. Tais condições climáticas são, evidentemente, completamente inadequadas para este animal.
15 - O Horud tem um instinto especial, na medida em que não habita o extremo oeste ou o extremo leste de um país, só habita o centro-sul. E a área deve ser grande o suficiente, só então ele vai viver em tal país. Se este tipo de ambiente não existir, então ele não progride e não pode, portanto, sobreviver. E é por isso que o Horud não será encontrado no interior, mas sempre nas regiões próximas dos oceanos. Às vezes, porém, é levado ao interior como uma curiosidade, mas não sobrevive por muito tempo naquelas circunstâncias.
16. Agora vós sabeis tudo sobre este animal, que é de relativa importância. Então vamos nos voltar para aquele que só pode ser encontrado neste planeta.

27

O ANTÍLOPE DE SATURNO, ZIGST
SEU PROPÓSITO E DICAS DE CRIAÇÃO
AS RAZÕES PARA A CAÇA DE ZIGST
FRAUDE COM REMÉDIO SECRETO

1 - O animal que discutiremos a seguir é chamado Zigst, ou, na linguagem da Terra "pata pontuda" ou "pata perfurante," e é nativo apenas deste planeta. Na ordem dos animais, está aproximadamente no mesmo nível do antílope na Terra. Seu habitat em Saturno é apenas sobre as montanhas mais altas.
2 - Por que é chamado "pata pontuda"? Não penseis que este animal realmente tem quatro lanças apontadas no lugar dos pés articulados. Ele é chamado de “pata perfurante”, porque em suas patas dianteiras, na área acima das garras, não tem nenhum membro usual, mas sim um chifre reto, que é pontiagudo e voltado para baixo. Sendo assim, esta garra completamente sólida se estende desde a área do cotovelo. As pernas traseiras do animal são como as pernas de qualquer outro animal, enquanto que suas garras não são divididas, mas são muito pontiagudas.
3 - Estas são as razões para o nome deste animal. E com quem este animal, por outro lado, se parece? Entre os animais maiores da Terra, não há nenhum como este. Existem algumas semelhanças, no entanto, entre os animais menores. O corpo principal deste animal assemelha-se ao corpo de uma lontra, e a cauda assemelha-se à cauda de um boi. O pescoço e a cabeça têm uma estreita semelhança com um tigre, mas os dentes se assemelham aos de um animal herbívoro.
4 - Na coroa de sua cabeça tem um único chifre, que é meio que voltado para trás. Esta é uma descrição da forma deste animal, não do seu tamanho nem de sua cor.
5 – E qual é o tamanho deste animal? Se fosseis medir seu tamanho de acordo com as medições terrestres, não iríeis encontrar um animal na Terra para comparar com o "pé pontudo". Porque em Saturno a proporção de tudo é pelo menos cem vezes maior e às vezes até mais. Este "pé pontudo" pertence aos animais menores, é quase um terço menor que o animal anterior, que viemos a conhecer como o leão daquele planeta. Esta é também a razão pela qual é fácil para todo ser humano, em Saturno, após o Zigst ser capturado, levá-lo para casa nas costas.
6 – E quais são as cores deste animal? A cor principal é um branco, mas desde a cabeça até a cauda tem uma larga faixa azul-claro. Em direção ao abdômen, este animal é de cor amarelo-ouro, enquanto que nas patas muda de cor para um avermelhado, com exceção das garras pontudas que são completamente pretas, bem como o chifre na cabeça. A parte inferior do pescoço, começando pela mandíbula inferior até o peito, tem listras na cor vermelho-escuro.
7 - Agora tendes a forma completa deste animal, que não pode ser encontrada desta maneira em qualquer outro planeta. E qual é a utilidade deste animal? Qual é a sua alimentação? Os saturnianos capturaram muitos destes animais?
8 - Quanto a sua utilidade, não é maior importância para o saturniano do que uma cabra-montês ou um antílope dos Alpes para o povo na Terra. Mas, apesar disso, tem o seu lugar na ordem das coisas e, sem saber, o ocupa utilmente. Quem sabe a utilidade da cabra-montês na Terra? Quem pode dar a razão pela qual este animal sobe as montanhas? Porém, para quem deseja conhecer, Eu devo divulgar a razão.
9 - Estais cientes de que todos os tipos de musgos, bem como outras espécies de plantas crescem sobre as altas montanhas da Terra com a finalidade de dissolver as pedras. Também sabeis que o musgo e plantas são produtos de potências espirituais e inteligências espirituais. Torna-se claro que são tais produtos quando, dentro deles, algum tipo de vida inteligente começa a se expressar. Uma vez que a vida começa a se expressar, ela não reage bruscamente contra a morte, mas em vez disto se fortalece gradualmente através de um desenvolvimento em uma escala crescente, deixando uma forma e passando a uma forma imediatamente superior.
10 – Quais expressões de forma de vida nos Alpes ou montanhas estão acima destas formas de vida pequenas de musgo, capim e outras plantas alpinas ou das montanhas? São, naturalmente, os animais das montanhas. Eles são as formas de vida imediatamente mais elevadas que a vida vegetal das regiões das altas montanhas.
11 - Podeis facilmente entender que esta é a sequência correta de eventos, porque a vida dos animais é mantida através da incorporação da vida das plantas. E é por isso que nutrir-se da comida compatível com a natureza do animal não é nada mais do que absorver e unir a vida dispersa das potências inferiores menores diretamente a uma vida mais elevada e mais completa. Em outras palavras:
12 - Alimentar-se significa reunir e absorver a vida em um recipiente que continuamente emana de Mim, e assim a vida se torna mais forte e mais completa de nível para nível em seu retorno à fonte primária de onde veio.
13 - Se compreenderdes o que foi dito até certo ponto, podeis então aplicar este conceito ao Zigst. Transferi a mesma peculiaridade para o "pé pontudo" e sabereis tudo que há para saber sobre este aspecto particular.
14 - Há outra questão que precisa ser respondida: a saber, se o saturniano captura este animal. Minha resposta a esta pergunta é que às vezes um ou outro saturniano muito corajoso tenta capturar o animal, mas muito raramente é bem sucedido. Porque este animal é tão hábil em escalar os picos mais altos das montanhas deste planeta, que nenhum dos seres humanos é capaz de segui-lo. Este animal também tem a capacidade, por conta de suas garras pontudas, firmar-se em uma área não maior do que a palma de uma mão. Onde as rochas se transformam em picos escarpados, já não existe qualquer possibilidade dos seres enormes Saturno continuarem sua caça.
15 - Quando tal animal despenca de um pico de uma alta e íngreme montanha e faz uma queda fatal, o que acontece muito raramente, é a única vez que ele pode ser capturado, se o lugar for acessível a um ser humano. Até agora, nenhum ser humano de Saturno capturou diretamente o "pé pontudo."
16 - Podeis questionar que, se este animal é tão difícil de capturar, por que os saturnianos fazem tal esforço? São obrigados a fazê-lo por uma espécie de superstição. Na Terra este tipo de superstição se enquadra na categoria do chamado charlatanismo medicinal. Pois o animal se alimenta das ervas mais poderosas e perfumadas, e os saturnianos são de opinião que sua carne deve ser tão saudável, que a pessoa que comê-la, mesmo se muito pouco, vai se tornar imortal.
17 - Não há muita diferença entre os saturnianos (que conhecem todos os tipos de remédios e por meio dos mesmos acreditam que podem perpetuar suas vidas) e as pessoas na Terra, quando se trata deste tipo de crendice médica. No entanto, a experiência nos ensina diariamente que a morte do corpo não pode ser interrompida.
18 - O que estas pessoas fazem, apesar de suas experiências diárias que continuamente provam serem seus remédios sem efeito? Elas colocam o remédio em uma categoria extremamente secreta de sua ciência restauradora de vida, dizendo: Este remédio deve se administrado exatamente à meia-noite e em uma dosagem exata. Um gran (26) milésimo mais ou menos faz o remédio ineficaz.
19 - Esta explicação não sendo suficiente, confundem o assunto e buscam refúgio na influência das constelações. E então esta mística acaba por prolongar a “vida dos médicos".

(26) 1 gran = 2 gotas de água ou o tamanho de um grão de pimenta– A editora.

Eles aconselham seus clientes com grande eloquência altamente ininteligível, tal como em que quarto a lua deve estar e em qual constelação o sol deve passar, e dizem ainda que isto tem que ocorrer exatamente à meia-noite. Se, por exemplo, o Sol não está no signo de Leão à meia-noite e a Lua em Capricórnio, não é adequado; ao mesmo tempo, e se um certo planeta não passa em um determinado signo e um outro planeta em outro signo do zodíaco ao mesmo tempo, então o "remédio da vida eterna" é impotente e ineficaz...
20 - Pessoas crédulas costumam crer em tais pregadores místicos de sabedoria ou sabichões, e comprar remédios caros apregoados como provedores de vida eterna. Uma vez que estas pessoas estão na posse de tal "remédio eterno", elas olham em todos os tipos de calendários ou efemérides para descobrir quando a Lua, o Sol e o resto dos planetas entram em signos predeterminados exatamente à meia-noite. Podeis ver, mesmo sem nenhum conhecimento particular de matemática, que estas transições astronômicas e astrológicas e suas correlações com os signos do zodíaco nunca vão ocorrer, e se alguma ocorrer, pode acontecer uma vez em um milhão ou vários milhões de anos, não exatamente da maneira simples que prescreve o remédio. Por isto a eficácia de tal um remédio de vida eterna neutraliza-se completamente de acordo com esta especulação mística e astuciosa. Nestas circunstâncias, o vendedor destes remédios escapa da responsabilidade, porque ele pode fazer a alegação de que o remédio não foi tomado em conformidade com as instruções.
21 - Em Saturno, a carne do Zigst é usada de forma semelhante, para um propósito similar. No entanto, quando o remédio não produz os efeitos desejados, logo em seguida os médicos de prolongamento de vida de Saturno alegam a desculpa que o usuário do remédio era um tanto descuidado e que, em vez de tomá-lo durante o tempo da sombra do anel, deve tê-lo tomado durante a luz do sol, e sob tais circunstâncias o remédio é ineficaz.
22 - Caso um parente de uma pessoa já desencarnada reclame tal acréscimo de vida ao médico e mencione o fato de que o parente tomou o remédio no tempo da sombra do anel, o médico em seguida irá questionar quanto à posição das luas. Caso o parente seja capaz de fornecer esta informação, então a posição das luas entra em questão e é considerada pelo médico como altamente desfavorável para o remédio. E ele explica o motivo com a maior eloquência. E a maioria das pessoas não pode responder as perguntas sobre a posição das luas ou planetas; isto se torna uma válvula de escape para o "portador da vida eterna."

23 - Também pode acontecer que um parente de uma pessoa falecida que tenha tomado certo remédio consulte ainda outro destes "médicos de vida" sobre o fato do remédio ter sido ineficaz. Em uma situação como esta, podeis bem imaginar o que esse “médico de vida” vai dizer sobre o remédio inútil de seu colega: " Por que não vieste a mim? É bem sabido que aquele médico usa o tipo errado de remédio !” E a fim de convencer esta pessoa que ao falecido deve ter sido dado um remédio errado, ele lhe mostra um remédio de cor diferente. Isto normalmente convence a pessoa que faz as investigações a respeito da razão do outro remédio ter sido ineficaz.
24 - Nestas situações, o parente do falecido na maior parte das vezes volta ao médico original, que agora considera ser um charlatão. Como é que tal médico sai de uma situação como esta? O médico leva a pessoa que exige prestação de contas a uns vizinhos comparsas e previamente informado. Ele diz para a pessoa que exige prestação de contas: " Veja, essas pessoas têm usado o meu remédio adequadamente. Pergunte-lhes como são velhos." Questionando-os quanto à idade, ele normalmente irá receber uma resposta que ultrapassa até mesmo os anos de uma pessoa com idade muito avançada. Geralmente isto é feito não ao se mencionar um número de anos, mas ao se expressar fatos extraordinários, como experiências tidas durante a longa vida, o que é tido como prova. Por exemplo, uma testemunha pode falar que se lembra bem de certa montanha que não mais existe. Outra pode dizer, apontando para a faixa de luz branca no céu, que viu quando o Grande Espírito estendeu o anel no firmamento.

Outra pode dizer que se lembra da época em que não havia lua no firmamento. Cada pessoa que é questionada tem uma razão melhor que seu antecessor para provar sua idade. Quando a pessoa comprova algo que exigiu ouvir nestes depoimentos, ela geralmente fica satisfeita com as explicações e pode, além disto, até mesmo comprar outro remédio de tal médico, o qual não é mais velho que a maioria de seus vizinhos.
25 – E esta é toda a informação necessária relacionada a este animal em particular. Passemos agora a outro animal deste corpo celeste que não é doméstico, e então começaremos com os animais domésticos.

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O CAOLHO BAUOR

A CAÇA AO ANIMAL

A PELE COMO CASACO DE UM PATRIARCA

1 - O próximo animal digno de menção é muito raro. Em países do continente, ele é completamente estranho. É nativo apenas de algumas importantes ilhas do sul. E qualquer que seja a ilha que este animal chama de lar, o saturniano a visita muito pouco, tanto quanto visita os países onde o Mud vive.

2 – O nome deste animal é Bauor; em vossa linguagem significa “caolho”. Primeiro devemos discutir o porquê deste animal ser chamado “caolho”. Ele realmente só tem um olho? Não, ele tem dois olhos para sua visão, assim como qualquer outro animal. Mas acima de seus dois olhos, no centro de sua vasta testa, ele tem um “olho-arma”. E o nome deste animal deriva de tal perigoso olho.

3 – Mas antes de descrevermos este olho, devemos descrever o animal segundo sua forma, daí então descreveremos o tal olho.

4 – Com que o Bauor se parece? Qual seu tamanho e cor? Ele lembra um cavalo, com exceção do pescoço e da cauda; o corpo é obviamente cem vezes maior.

5 – O rabo lembra uma cobra sem a cabeça e alcança um comprimento de 720 a 780 pés, e na área do ânus, onde o rabo principia, tem um diâmetro de 9 pés. No final do rabo tem três grandes ganchos farpados, algo similar a uma âncora de navio. A maior parte da força deste animal está no rabo, sendo assim, o Bauor consegue alimentação na água; por isto ele é usualmente encontrado nas costas oceânicas com seu longo rabo, movendo-o constantemente sobre a água, de modo a capturar um peixe grande ou algum outro grande animal aquático para a sua alimentação. Ele também é muito habilidoso a sua maneira. Assim que suspeita que algo vivente na água pode lhe beneficiar, ele atira sua cauda diretamente àquele ponto em particular, e quando projeta seu rabo deste modo, ele nunca falha seu alvo. Este é o propósito de sua cauda.

6 – E com que a cabeça do Bauor se parece? Sua cabeça é extremamente peculiar, se assenta em um grande e forte pescoço e se assemelha à cabeça de um boi-marinho, ou mesmo de uma foca comum da Terra. Apenas é proporcionalmente maior do que a cabeça de uma foca comum da Terra, o mesmo para o corpo, maior do que o de um cavalo terrestre. Exceto pelo “olho-arma”, a cabeça parece mesmo com a de uma foca!

7 – E qual a real finalidade do tal “olho-arma”? Ele na realidade não é para a visão, mas para perceber, paralisar e capturar. Usualmente este olho fica fechado, mas quando um inimigo ou algo inamistoso se move nas proximidades do Bauor, então tal olho se abre. E assim que ele se abre, um intenso raio de luz vermelha se projeta, e é mais fácil olhar para o sol de meio-dia do que para este olho.

8 – E quando este raio é direcionado a um ser vivente, o mesmo logo é tomado por um espécie de letargia, como um encantamento, ficando meio impossibilitado de se mover do ponto onde foi atingido pelo raio. Quando o Bauor se dá conta que o inimigo está encantado e impossibilitado de se mover livremente, ele lentamente se aproxima até a distância do comprimento do seu poderoso rabo. Este animal nunca erra a distancia segura entre o inimigo e sua cauda. Uma vez tal situação estabelecida, ele projeta sua cauda sobre seu inimigo, rápido como um relâmpago, e o abate. O rabo é usado como arma, mas na alimentação também coloca a presa em sua enorme boca, para depois ser triturada por seus poderosos dentes. Este animal não faz distinção entre outro animal qualquer e um ser humano; por causa de sua grande voracidade, ele come qualquer ser vivente, onde quer que sua presa habite, seja no ar, na terra ou na água.

9 - Exceto quanto à cor, nada mais neste animal é digno de nota.
10 - E qual é a sua cor? Na área abdominal é azul claro; ao longo do centro da área abdominal passa longitudinalmente uma listra escura consideravelmente larga. A parte traseira do animal é vermelho reluzente com pequenas listras amarelas, como nas zebras. No restante do corpo, as pernas são um amarelo-alaranjado. Os cascos são completamente negros. O pelo ao longo do corpo é bastante curto, por isso os saturnianos eram de opinião de que este animal era completamente nu, desprovido de pelo. Mas quando alguns destes animais foram pegos, eles perceberam seu erro.
11 - Se uns saturnianos desejam capturar o Bauor, isto se torna uma proposta muito cara para eles, porque para apreendê-lo devem, de antemão, sacrificar muitos de seus animais domesticados. Só após o Bauor se fartar de comer muitos animais é que ele se mostra sonolento e cansado. Então ele se deita em algum lugar perto da costa, relaxa sua cauda e começa a digerir os alimentos que comeu. Assim que os saturnianos caçadores recebem o aviso que o animal está descansando, eles procuram se certificar do domínio do rabo tão rapidamente quanto possível; eles costumam fazê-lo cortando a cauda do corpo com golpes rápidos. Após a cauda cortada, é aconselhável não ficar nas proximidades do animal ferido, porque o rabo ainda tem a vida por um bom tempo e se lança para trás e para frente em horríveis contorções. O Bauor entra em um acesso de raiva, dando saltos e coices com seus cascos. Os saturnianos estão cientes deste comportamento e por isso se afastam imediatamente depois de terem cortado a cauda. Esperam na superfície em seus navios, até que o animal caia e permaneça imóvel, mas sua cauda ainda estende-se espasmodicamente.
12 - Uma vez que estes eventos acontecem, então nossos caçadores atracam na costa e cortam a cauda em pedaços menores. Enquanto isto, as peças ainda saltam durante um bom tempo. Em seguida, se aproximam do próprio animal e sondam-no por completo, para ver se ainda há alguma vida nele. Não havendo qualquer reação, então removem a bonita pele do animal. Mas antes de iniciar esta tarefa, cortam a cabeça e jogam-na na água, porque acreditam que o animal ainda pode abrir seu olho terrível enquanto estão a esfolá-lo, e todos seriam envenenados por ele. Isto é, naturalmente, impossível, porque este olho não contém veneno em si, e a poderosa luz vermelha torna-se completamente extinta tão logo o animal perde sua energia vital.
13 - Uma vez que o animal tenha sido esfolado e a pele carregada aos navios, eles deixam tudo o mais para apodrecer. A decomposição do animal recebe uma ajuda de uns convidados: os famintos saturnianos que vivem ao longo da costa, para os quais é também uma oportunidade de vingança sobre seu inimigo bem conhecido.
14 - Para que finalidade o saturniano visa a pele, obtida com esforço tão grande? A pele é tratada com óleo de modo que se mantenha macia. Uma vez devidamente tratada desta forma, a pele é preparada, cortada e depois é costurada segundo um longo casaco tipo sobretudo. Um casaco como este, para as costas de um homem, significa mais do que um reino inteiro. Há um ditado em Saturno: “É o Bauor que empresta ao príncipe ou ao patriarca mais superior o devido respeito que ele supostamente representa”.

15 – Conquistar um Bauor é um das maiores e mais ousadas façanhas que o saturniano pode realizar. Quem capturou tal animal e usa sua pelagem mostra para seu companheiro a grande coragem que possui. Este testemunho tem o maior significado para o saturniano, porque ele julga que não pode ser devidamente liderado por um governante ou chefe que não tenha coragem. O casaco é uma prova que a pessoa que o obteve nas circunstâncias descritas se dispôs a sacrificar um grande número de coisas. Isto leva o saturniano a acreditar que o portador da pelagem, além de sua grande coragem, é uma pessoa muito generosa, porque não poupou quaisquer despesas para o benefício dos seus irmãos. E finalmente, atribui-se ao proprietário de tal capa uma grande quantidade de inteligência, pois conquistou o monstro que tem, em Saturno, uma reputação consideravelmente mais terrível do que a de um dragão ou uma tênia-gigante, na Terra.
16 - Se uma pessoa conquistou o Bauor, então ela deve ter a capacidade de lidar com qualquer outra situação ou empreitada, sempre com uso da inteligência adequada. Portanto, o dono de tal casaco faz-se infalível e imediatamente um grande patriarca, mesmo se ele é três ou quatro vezes mais jovem do que qualquer outro patriarca. Mas ele é um grande patriarca, apenas enquanto o casaco dura.
17 - Uma vez que garante a honra do usuário ser um grande patriarca, nada é mais bem cuidado do que a tal capa. Por isto o casaco Bauor é usado por um grande patriarca sob as mais extraordinárias circunstâncias. Uma vez que existe uma série de pequenas decepções neste planeta, isto também se aplica ao tempo de vida de um casaco, pois seu dono gostaria que ele durasse para sempre. Quando o sobretudo está caindo aos pedaços e não pode mais ser usado, algumas vezes ele é substituído por um falso, feito das peles de outros animais, e é apresentado como uma verdadeiro casaco Bauor.
18 – O grande patriarcado que tenha sido adquirido como resultado de tal um casaco é herdado por todos os filhos e os filhos dos filhos do patriarca, desde que a capa possa ser mantida ou a sua existência possa ser comprovada por mostra. Caso outra pessoa, no entanto, conseguir ser dona de outra capa decorrente da caça do Bauor e mostrá-la às pessoas de seu país, então termina o patriarcado de idade. O velho patriarca, no entanto, ainda goza da posição de uma pessoa estimada. Em um caso como este, mesmo o menor pedaço de um casaco Bauor ainda representa uma patente válida de nobreza. Ela dá direitos e privilégios ao proprietário Bauor do casaco, mas apenas enquanto ele possa apresentar uma parte da capa, não importa quão pequena. Mas, uma vez que as traças comeram até o último pedaço pequeno, então ele perde sua posição de arquipatriarca e nada mais lhe resta senão uma memória vazia.
19 - Mas neste momento não devemos nos preocupar com as condições políticas de Saturno, já que não chegamos a este ponto ainda. E uma vez que ainda não estamos lidando com seres humanos, devemos voltar aos animais. Antes de começarmos com os animais domesticados, vamos ter uma visão geral do selvagem reino animal.

29

HARMONIA DOS CORPOS CELESTES.
EXEMPLOS DA ARTE DA MÚSICA.
OS SEGREDOS DOS ENSINAMENTOS DE SOM E CRIAÇÃO.
CORRESPONDÊNCIA ENTRE A VIDA SELVAGEM
DE SATURNO E DA TERRA.

1 - Vós já sabeis que temos descrito detalhadamente apenas os animais extraordinários em relação à sua espécie. Pelo que foi divulgado até agora, vós aprendestes sobre os animais que são típicos deste planeta. Quando estes animais foram descritos, deveis ter notado que a maioria é de ordem tal que, como um todo, nenhum animal da Terra ou de qualquer outro planeta pode ser comparado a eles.
2 - No entanto, existe uma harmonia perpétua em tudo entre um plano e outro, sem o que dois corpos celestiais não podem existir, mesmo que estejam longe um do outro. Para compreender isto corretamente, devo recordar-vos que a harmonia entre ambos só pode ocorrer quando uma mesma causa traz efeitos semelhantes adiante.
3 - Por exemplo, se fordes apertar uma corda sobre uma tábua plana e depois puxá-la, em cada momento tereis um tom especial, mais alto ou baixo. Se apertardes mais, tereis uma sequência de caracteres mais intensos, ou, como deve ser percebido, o tom será mais alto e agudo. No entanto, com a corda mais frouxa, o som será mais baixo e grave. E qual é a causa deste efeito sonoro? Provavelmente não ireis encontrar ou definir nenhuma outra causa se não o modo com que a corda que é apertada sobre a tábua. E quantas vezes renovardes a causa, quantas vezes tereis o efeito.
As mudanças, na medida em que o som produzido é baixa ou alto, não fazem absolutamente nenhuma diferença, porque o som continua a ser o som, independentemente de saber se é alto ou baixo. Podeis perguntar: O que realmente faz o som é a corda ou a tábua onde a corda é apertada? E Eu vos direi: Não é nem a tábua por si só, nem a corda em si, mas ambos os objetos juntos. A tábua ou placa plana, como um todo coerente, tem de prontidão todas as características possíveis para a formação de tons a qualquer momento. A corda vibrante acima da placa evoca estas características de maneiras distintas uma das outras. Portanto, a tábua contém todas as formas possíveis de som. A corda que é esticada sobre ela está lá para despertar as formas de som, a fim de transferi-las a uma escala perceptível, a um nível audível. Para que isso ocorra, deve existir uma harmonia inegável entre a placa plana e a corda esticada.
4 - Se considerardes o ar como meio de formação, então ele deve ser mostrado como aquilo que traz qualquer tipo de efeito, sendo impossível ele ser o causador dos dois polos (alto ou baixo), sempre conduzidos em uma conexão recíproca. O meio, no entanto, não pode ser considerado uma causa, mas apenas um caminho pelo qual o efeito das duas polaridades é levado a aparecer.
5. Por exemplo, observai o fluido magnético! Pode o fluido magnético absorvido em uma barra de ferro ser gerador da polaridade (positivo e negativo)? Ou melhor, não é a polaridade livremente eficaz em si mesma e em todo o infinito? Portanto, uma barra de ferro é apenas o caminho, o meio pelo qual este fluido pode expressar-se de modo tangível aos vossos sentidos. Seria uma impossibilidade considerar a barra de ferro como quem gera o fluido magnético em si.
6 - Ou vós diríeis que o ar e o éter entre um sol e um planeta são a fonte de luz? Eles não são mais do que o caminho em que a luz chega ao planeta, após emanada de um sol, desde que o planeta esteja estruturado e seja capaz de absorver a luz que o atinge.
7 - Portanto, não deveis considerar o ar, quando nele se forma um tom, como a causa do som, mas apenas como o caminho sobre o qual o tom se desenvolveu entre a corda e plano, podendo então ser percebido pelo ouvido.
8. Não imagineis um som quando pensais em um "tom", mas apenas uma forma, uma manifestação característica que, através de um certo grau de vibração, é retirada de uma superfície lisa e elástica. O som não é mais do que uma testemunha que, através de vibrações regulares de um corpo com capacidade de vibrar, desenvolvem-se formas de outro corpo subjacente. Mesmo que acrediteis serdes bem versados na arte da música, Eu digo que não há praticamente nenhum assunto com o qual estais menos familiarizados ou mais desinformados do que a arte da música. Com relação a este assunto, não sabeis mais do que os vermes que roem na casca de uma árvore morta. Consequentemente, podeis compor alguns diferentes tons agudos e graves e se deliciar com eles, mas apenas como os vermes quando roem a casca de uma árvore morta. Quem dentre vós já teve a ideia de que o tom é uma das formas mais maravilhosas?
9 - Se cantardes uma nota ou um tom, ou se gerardes um som com um instrumento, não tereis nada mais a dizer sobre ele à exceção: “Esse tom é um SI ou um LÁ, e pertence tanto a esta ou aquela oitava”. E também podeis ter a capacidade de saber em que instrumento o tom ou som foi produzido. Admiti: Não sabeis muito sobre um tom, exceto, talvez, que podeis avaliar a qualidade de um tom e podeis avaliar sua proporção em comparação com seu ouvido, mas que estais prestes a esgotar vosso conhecimento sobre o tom.
10 – Para que possais ter uma compreensão fundamental de quão pouco conhecimento possuís na arte da música, vou iluminar-vos um pouco, de passagem, sobre o tom próprio.
11 - Sabeis que muitas cordas podem ser apertadas em uma placa, e cada corda, de acordo com sua tensão, pode produzir um tom diferente, agudo ou grave, alto ou baixo, e tudo irá ocorrer em uma mesma placa. Se todas as possíveis variações de som podem ser traduzidas em uma mesma placa, então há um número infinito de formas contidas na tábua que podem aparecer em conjunto, perceptíveis através de cada possível grau de tensão da corda.
12 - Quando examinardes atentamente esta tábua em particular, o que achareis? Nada além de uma tábua, vazia e lisa! E quando examinardes as cordas que estão ligados a esta placa, o que encontrareis? Encontrareis uma cinta definida e elástica, seja de metal ou das entranhas de um animal. E não tereis nada além de dois corpos uniformes, sobre os quais não se pode filosofar. Apesar disto, multifacetadas variações encontram-se dentro destas duas uniformidades básicas, as quais todos os compositores que já viveram, remontando aos tempos de Davi, ainda não desvendaram nem uma bilionésima (27) parte em todas as suas composições. E estes tons já externados são, em relação ao real som original, nada mais que a casca de uma árvore morta em relação à vida interior e espiritual invisível.

13 - De acordo com isto, o que é um tom? Tom não é nada mais do que uma autoexpressão harmoniosa de uma das infinitas formas espirituais, de como elas são inerentes à matéria ou de como elas se projetam da matéria. Portanto, a bordo de um instrumento musical que vibra há um mundo infinito preenchido com formas espirituais. Por exemplo, se imprimirdes um SI ou um LÁ, então uma criação completa, com um sem-número eterno e infinito de seres de todos os tipos (*) se reporta ao seu ouvido em um modo uniformemente perceptível através do som rudimentar.
14 - Como seres humanos, permaneceis com o que percebeis, mas não examinais o que está por trás disto. E mesmo quando, depois de vários sons sucessivos, sois tomados por algumas grandes ideias destas formas de vida espiritual, literalmente agarrando-vos pelo pescoço, estais cego e roeis apenas a casca, sem pensar que com cada tom único, através do tom perceptível de uma única nota, todas as substâncias básicas que preenchem o infinito inteiro se projetam livremente. Agora deveis ter uma pequena ideia do que é um som monótono que chamais de “tom” e quão diferente é seu significado.

(27) Um “milliard” na Grã-Bretanha e Alemanha = um bilhão em França e nos Estados Unidos.
(*) Formas de energia espiritual.

15 - Desde que previamente procedido de condições harmoniosas (descritas como uma harmonia continuada entre uma tábua e uma corda e os efeitos que se exteriorizam a partir daquela harmonia), podemos, portanto, conceder completa validade a nossa primeira assertiva, quando foi dito que entre dois corpos celestes deve existir uma harmonia continuada, independentemente da distância entre ambos.
16 - Por que isto acontece? Pensai no Sol como a placa de vibração e os planetas como as cordas que são apertados sobre ela. Agora, quando os planetas (ou cordas que flutuam em torno da placa vibratória do Sol) são atingidos pela luz que emana do Sol, assumem todas as formas subjacentes que existem no Sol (depois de terem recebido este legado por meio da luz) e fazem com que as formas apareçam externamente.
17 - Se agora direcionardes vossa sua atenção à corda de Saturno, que é apertada em cadeia junto ao mesmo Sol da Terra que habitais, deveis compreender facilmente o efeito causado em Saturno e em vossa Terra, permitindo, portanto, o aparecimento das mesmas formas solares em ambos.
18 - Por exemplo, comparai um piano com sete oitavas de um com apenas cinco; vós não podeis negar que o piano com sete oitavas tem tons muito mais agudos e muito mais graves do que aquele com cinco oitavas. No entanto, quando começardes tocar as teclas do piano com sete oitavas no mesmo local de nota musical do piano com cinco oitavas, vereis que a escala vai ter o mesmo som, subindo e descendo como no piano com cinco oitavas, mas claro que os tons do maior instrumento provavelmente serão mais fortes, com mais volume e mais desenvolvidos do que os do menor instrumento.

19 - Na verdade, nós já temos toda a informação deste capítulo. Eu disse, no início, que iríamos ter uma visão geral de todo o selvagem reino animal de Saturno; antes de estudarmos os animais domesticados individualmente, Eu só queria vos dizer que já tivemos tal visão geral. A descrição da força produtiva do Sol teve de ser mencionada anteriormente, então o que ainda tem a ser dito pode parecer tagarelice ou representação pouco convincente do planeta Saturno, como um recurso de alguém que perdeu sua imaginação e, portanto, busca refúgio no que a Terra tem a oferecer com respeito às aparências formais. De modo que Eu só vos teria a acrescentar: Todos os animais que encontrardes na Terra também serão encontrados em Saturno, embora, naturalmente, com algumas variações, proporcionalmente maiores em tamanho e mais fortes e, como consequência da luz do sol mais refratada, os animais saturnianos são mais coloridos.
20 - Uma vez que uma representação anatômico-analítica da condição harmoniosa precedeu a tudo isto, não deve haver uma pessoa com coração crente que objete quando Eu digo: Começando pelo maior elefante original até o menor camundongo, Saturno tem todos estes animais sobre a sua superfície, só que eles são proporcionalmente maiores e mais fortes e com mais variações de cor entre o azul, o verde, o vermelho, o branco e o preto, enquanto que as cores dos animais na Terra raramente são tão completamente desenvolvidas, uma vez que os raios do sol são ainda muito intensos e, portanto, não são suficientemente separados quando caem no chão. A coloração é, em todos os momentos, consequência da luz. As flores da Terra são coloridas com todos os tipos de cores perfeitas, mas a estas cores falta um certo brilho vivo, enquanto que as flores de Saturno se tornam muito mais reluzentes, e tal coloração não se aplica só aos animais selvagens, mas também aos seres humanos daquele planeta.
21 - Isto deve bastar como uma visão geral dos animais de quatro patas, assim como dos outros animais deste planeta. Vamos agora examinar brevemente somente os poucos animais domesticados que o piano da Terra, apenas com suas cinco oitavas, não contém.

30

OS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE SATURNO

O ANIMAL MAIS BENÉFICO, A VACA BUKA


1 - O primeiro animal que deve observar é a grande vaca doméstica saturniana chamada
Buka . Podeis pensar: Por que é que vamos começar com a vaca e não com o touro? Nós não estamos lidando com um registro zoológico do reino animal, onde, de acordo com os ensinos dos chamados zoólogos, o macho deve sempre preceder a fêmea. Em vez disto, estamos lidando com um registro do planeta em ordem de utilidade e notoriedade. Uma vez que a vaca é muito mais útil e muito mais notável, vamos considerar isto primeiro na nossa devida ordem, significando que trataremos antes sobre a vaca do que sobre o touro.
2 – E que tipo de animal é a Buka? Com que se parece, quão alta ela é e onde é sua casa?
3 - Buka ou vaca de Saturno é um animal gigante; apesar do seu tamanho, é extremamente mansa. Considerando seu tamanho gigante, ela come muito pouca forragem, mas bebe consideravelmente mais água.
4 - Com a sua oferta abundante de leite ligeiramente amarelado e excepcionalmente gostoso, este animal é o mais benéfico às criaturas deste planeta. Seu leite é a principal fonte de alimento para os saturnianos. Agora provavelmente gostareis de saber o quanto de leite esta vaca produz em um dia de Saturno (28). Uma vez que o dia em Saturno não é muito diferente do dia na Terra, não deve ser muito surpreendente para vós quando Eu digo que essa produção regular de leite de vaca é frequentemente algo em torno de 1.000 baldes em um dia (29).
5 - (Nota: Na Terra esta vaca seria muito benvinda para alguns de vossos magnatas industriais, desde que não comesse mais do que uma vaca terrestre comum, embora ela beba bem mais água do que eles gostariam. Mas independente do fato de que tais gananciosos seres humanos terrestres não gastariam muito para criar este animal, seria completamente impossível criar uma vaca de Saturno na Terra!)

6 – Com que esta vaca se parece? A forma do animal se assemelha à da vaca terrena que chamais de “auroch” (30). No entanto, em tamanho não podem ser comparadas, pois a vaca de Saturno é tão grande, que uma vaca terrestre comum da Terra não seria maior do que uma mosca nas suas costas. Após o Mud, o touro é o maior animal do planeta. A vaca, no entanto, é consideravelmente menor do que o touro. Se tal vaca viesse aqui a Terra, e vós ficásseis em pé em suas costas, teríeis uma visão muito melhor do que se estivésseis em pé em cima de P/abutschberg (31).
7 - As maiores espécimes deste gado podem ser encontradas em todo o continente que conhecemos por Herrifa, mencionado no início, quando começamos com o lançamento de Saturno. A altura de uma vaca neste país frequentemente atinge 2.400 pés e tem duas vezes o comprimento da cabeça à cauda. Seu corpo é suportado por quatro pernas proporcionalmente fortes, que, quando comparadas com o resto do corpo, são muito mais curtas do que as pernas de uma vaca terrestre quando comparadas ao seu corpo. Tem um úbere extraordinariamente grande, com oito tetas proporcionalmente longas, situadas entre as pernas traseiras. Quando a vaca saturniana se levanta, suas tetas ficam a 240 pés acima do solo.

(28) O tempo de rotação diurna de Saturno é de 10 horas e 14 minutos.
(29) Um balde = 56.6 litros

(30) Auroch ou Ur, Urus (Bosprimigenius), agora extinta.

(31) Uma montanha próxima da cidade austríaca de Graz, na província da Styria.

8 – E como podeis ordenhar uma vaca tão grande? Vós não ordenhais a Buka como uma vaca terrena, porque estas vacas dão leite a todos por si mesmas. Em razão do seu organismo, a produção do seu leite é controlada pelo seu instinto animal. Qual o aviso prévio percebido pelos saturnianos de que a vaca vai dar leite? Eles percebem pela plenitude do úbere inchado e quando o animal fica mais quieto, o que geralmente ocorre após beber grande quantidade de água.
9 - Quando a vaca está em repouso, os saturnianos apressam-se, e recipientes são colocados com amplas aberturas sob as tetas; os recipientes são as abóboras que discutimos em capítulo anterior. O leite, que a vaca dá voluntariamente, é cuidadosamente recolhido nestes recipientes,. Uma vez que a Buka tenha liberado todo o seu leite, ela permite que este fato seja reconhecido com um mugido feito um trovão.
10 - Quando os coletores de leite a ouvem reclamando, eles de imediato tomar seus recipientes e saem rapidamente debaixo do abdômen da vaca, de modo que, quando a vaca começar a se mover novamente, ninguém seja pisoteado até a morte pela pata da extremamente gigante e pesada Buka. Depois de uma vaca alcançar vários anos de idade, não é preciso mais se preocupar com isto, porque uma velha vaca não vai se mover muito enquanto houver um ser humano em sua barriga. Mas isto não se aplica às vacas mais jovens, pois elas, por natureza, são muito agitadas e, portanto, há que se ter muita cautela..
11 – Os saturnianos fazem um pouco de gordura, manteiga e queijo a partir do leite. Preferem comer este alimento, especialmente manteiga e mel espalhado sobre queijo. Neste planeta, nenhum mel vem das abelhas, mas de uma espécie de flor que tem grandes cálices e uma fragrância requintada. Mais da metade destes cálices é preenchida com mel.
12 - Agora sabemos como os saturnianos desfrutam de seu leite. Sendo assim, o que resta a ser descrito é a cor do corpo da vaca. Ela é azul acinzentada e na área da barriga é completamente branca. Começando no corpo, a cor das pernas transforma-se gradualmente em um azul escuro; isto se aplica tanto às pernas dianteiras como às traseiras. O rabo deste animal também é de cor mais escura que o corpo e é adornado no final com um vermelhão brilhante e extremamente forte. O pescoço é mais delgado do que massivo em proporção ao restante do corpo. Do início da cabeça até as pernas dianteiras e em ambos os lados há uma longa juba vermelho-intenso, com 3.000 pés de comprimento. A cabeça não tem chifres e é pequena em proporção ao restante do corpo. O touro, no entanto, tem dois pequenos chifres na posição vertical, que são dobradas para trás, como aqueles da cabra-montês.

13 - Algo que acentua a cabeça deste animal são as orelhas, que têm um comprimento de 180 a 240 pés e uma largura de um terço do seu comprimento. As orelhas são brancas e brilhantes. A testa do animal é um cinza claro e azulado, na área dos olhos proporcionalmente grandes esta cor é um pouco mais escura. O focinho lembra o de uma vaca da Terra, é pelado e cinza escuro. Todo o resto muito lembra a auroch na Terra.
14 - Este animal é mantido em um celeiro? Ele é muito grande para se construir um, por isto é mantido em um jardim vivo. Em Saturno, é um grande pasto cercado com árvores-parede. A vaca não pode saltar esta cerca, apesar do seu tamanho, porque suas pernas são curtas e ela não pode levantar as patas além de 30 pés do chão. Este é, em outras palavras, o celeiro para esta vaca. Naturalmente, o prado que o cerca é três vezes o tamanho da Styria.
15 - Quantas vacas um habitante de Saturno normalmente tem? Eu vos digo, qualquer um que tem dez vacas e dois touros é considerado o ser mais rico.
16 – Isto é tudo sobre este notável animal. Portanto, vamos agora para outro animal muito útil, a doméstica cabra azul.

31


A CABRA AZUL. TROCA COM O SEU LEITE
FESTIVAL DE AGRADECIMENTO PELA CABRA
A LIGAÇÃO DOS SATURNIANOS COM O MUNDO ESPIRITUAL
A LÃ DA CABRA AZUL E SEU USO


1 - Que tipo de animal é o bode ou a cabra azul? É um animal extremamente útil e indispensável para aqueles saturnianos de recursos moderados, particularmente para aqueles que vivem nas montanhas, onde a grande vaca não pode se mover livremente e onde não há o suficiente para comer, mas principalmente não há água disponível suficiente para a vaca, a fim de satisfazer a sua grande sede.
2 - Com que é que este animal se parece? Parece com qualquer cabra da Terra? Não, não. Ele lembra um pouco um alce, o que na Terra habita mais ao norte dos continentes; esta cabra é, naturalmente, pelo menos cem vezes maior do que um alce da Terra. A cabra em entre suas duas patas traseiras e proporcional ao seu tamanho, um úbere muito grande, com seis bicos, o qual facilmente pode produzir dez a vinte baldes de leite.
3 - O leite da cabra não é tão doce como o da vaca gigante, mas é muito mais perfumado e mais nutritivo. Portanto, acontece muitas vezes dos moradores das montanhas levarem seus produtos de bom leite de cabra para as pessoas nos vales e planícies, para trocá-los por outras coisas que são de absoluta necessidade para eles. Neste planeta não há atividades comerciais que não seja a troca. A troca tem uma boa finalidade para os habitantes da montanha. A cabra não pode prosperar nos vales e planícies, mas ela o faz nas alturas, onde procura por comida sob a neve usando seus chifres curvos como pá. Deveis entender que em Saturno, como na Terra, os picos mais altos das montanhas são cobertos de gelo e neve , isto durante o tempo da sombra do anel.
4 - Este animal é um pouco tímido por natureza, mas quando é bem tratado pelos seres humanos, torna-se manso e domesticado, e quase corre atrás deles como vossos cães leais fazem na Terra. Portanto, quando estes moradores das montanhas querem ir para algum lugar, eles têm de amarrar o animal em uma árvore com uma longa corda de grama, caso contrário, o bode irá segui-los. O saturnianos, especialmente aqueles que vivem nas montanhas, têm um festival a cada ano, o qual é oferecido ao Grande Espírito em agradecimento por este animal benéfico.
5 - Um bom número de cabras das mais bonitas e com úberes cheios é levado para este festival. Lá, elas são levadas para um local especial, onde formam um círculo e são ordenhadas, sendo o leite recolhido em recipientes limpos e especialmente bonitos. Assim que este trabalho é feito, os animais são levados a uma lagoa de árvore-chuva que está sempre por perto e, como parte da ação de graças obrigatória, são regadas com esta água extremamente pura e gostosa. Depois disso, elas andam à solta, para que possam pastar nas pastagens suculentas que cercam a referida lagoa de árvore-chuva. O povo volta ao lugar onde o leite fresco está esperando por eles naqueles belos recipientes.
6 - Todos levam seus recipientes a um templo construído especialmente para este festival. O templo é plantado com árvores-raio (Bruda) ou cultivado com árvores espelho (Ubra). A razão pela qual Eu digo "plantado" ou "crescido" é que, neste planeta, templos de culto divino não são construídos por carpinteiros como na Terra, mas são cultivados no solo vivo, e consistem das árvores mais belas. Estas árvores são plantadas em determinada ordem, quase como um cordão de isolamento entre a terra e os jardins, que são regularmente podados. Um templo como este, quando totalmente crescido, é uma visão magnífica, especialmente no período em que as árvores estão em flor; a vista é tão magnífica, que na Terra não se pode imaginá-la. Este templo é tão grande, que as pessoas da Terra levariam um dia inteiro a andar, da entrada santa ao lado oposto, onde é a saída.
7 - Quando então as pessoas levam para o templo todos os seus recipientes de abóbora cheios com leite. Elas, primeiro lugar, agradecem ao Grande Espírito o dom deste animal doméstico e benéfico, e também agradecem pelo leite que tomarão a partir dele. Depois desta oração, o mais velho se levanta no meio dos demais e pede a todos os devotos que se reúnam, para deitar no chão com os rostos voltados para baixo.
8 - O ancião olha para cima e implora ao Grande Espírito que permita o aparecimento de um Espírito de Luz para assumir a cerimônia e proclamar o que seria agradável ao Grande Espírito, o que devem fazer enquanto no santuário. E uma vez que os habitantes de Saturno (especialmente os moradores das montanhas) estão quase em constante contato com os espíritos de seus céus, isto acontece o tempo todo. Depois de um pedido desta natureza pelo ancião, um espírito de luz brilhante na forma humana vem a eles e proclama como devem se conduzir.
9 - Uma vez que o espírito termina sua proclamação, as pessoas se aproximam e o ancião anuncia o que foi dito. Depois do sermão, o povo dá graças novamente ao Grande Espírito. Feito isto com a maior devoção, as pessoas de ambos os sexos buscam seus recipientes de leite e levam-nos para o mais velho, para que ele possa transmitir a bênção do Grande Espírito sobre os mesmos. Em seguida, voltam com os seus contentores, abraçam-se uns aos outros, e um convida o outro para compartilhar de seu leite e de uma série de outros alimentos comestíveis. Após os convites, começam a comer no templo e travam conversas dos mais variados assuntos.
10 - Na ocasião, após quase toda comida ser consumida, durante todo o restante do dia o saturniano dá graças novamente ao Grande Espírito, o que procura endossar através do canto dos pássaros, sempre que eles estiverem disponíveis. Isto não é feito pelo pássaro-cantor principal, mas pelos cantores do segundo nível, como mencionado anteriormente.
11. Após esta ação de graças, todo mundo sai do templo; mas, lembrai-vos, nunca pela santa saída dianteira, mas sempre pela saída traseira, que se destina ao povo, pois a saída santa é só para os mais velhos e para os Espíritos de Luz. Assim que as pessoas estão fora do templo, chamam suas cabras (que pastam calmamente em torno da lagoa da árvore-chuva); as cabras vão obedecer as chamadas e seguir seus mestres.
12 - Esta é a mais simples das celebrações do saturnianos. As demais preocupações, celebrações e serviços divinos principais serão descritos quando discutirmos sobre os saturnianos em particular.
13 - Quando os habitantes voltam para casa com suas cabras, ordenham-nas novamente e então deixam-nas vagueando livremente mais uma vez, pois os saturnianos não constroem celeiros as cabras. Além disso, ninguém faz de uma cabra sua posse permanente; se uma cabra vem a sua habitação com o úbere cheio, ela é ordenhada e deixada para ir onde quiser.
Além disto, ninguém tem que cuidar de uma cabra, alimentando-a, etc., já que não se exige que ninguém cuide dela. Estes animais cuidam de si mesmos, pois são muito mansos, de boa índole e sempre que necessitam vêm na hora certa para as habitações das pessoas. Elas também não precisam de um guardião ou atendente, porque em Saturno, especialmente nas montanhas, não há animais carnívoros.
14 - Se lembrardes, aqueles animais que são selvagens e antagônicos normalmente vivem em áreas que estão longe de ser os continentes habitados por seres humanos, e elas são separadas pelas águas. Nos países dos continentes, estes animais selvagens só habitam áreas onde o homem nunca pisou. E se isto acontecer, vai acontecer só por causa da curiosidade, ousadia, e às vezes ganância humana também. Mas nas montanhas, como sabeis, os animais selvagens (exceto o "pé pontudo", com o qual já estamos familiarizados) vivem muito raramente.

15 - Do que foi dito, podeis deduzir o quão fácil é para o saturniano manter este animal e como isto é benéfico para eles. Agora sabemos como é importante para o saturniano manter este animal e quão benéfico isto lhes é. Então foi aprendido tudo de importante sobre este animal.
16 - Eu não acho que seja necessário reiterar por que este animal é chamado de cabra azul. Assim como o nome indica, sua cor é azul. Além disto, este animal tem lã extremamente fina e em quantidades abundantes, como as ovelhas da Terra. O saturnianos, especialmente aqueles que vivem nas montanhas, fazem todo tipo de roupas quentes para a estação mais fria de sombra. Eles limpam a lã de antemão, a fiam lindamente em diversas espessuras e tecem todos os tipos de tecidos estampados, de diferentes maneiras e com ferramentas muito peculiares e proficientes.
17 - O que acontece quando o bode azul morre? Eles tiram a pele, e a carne é colocada em um buraco, porque as pessoas em Saturno mal comem qualquer carne.
18 - Isso é tudo que há para saber sobre este animal. No próximo capítulo, vamos descrever outro animal domesticado notável.

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O EMPREGADO DOMÉSTICO DE SATURNO, FUR
UMA ESPÉCIE DE MACACO DOMESTICADO
RELATIVO AO CÃO DE SATURNO, O CAVALO, A OVELHA E ÀS OUTRAS ESPÉCIES ANIMAIS


1 - Quanto ao animal chamado Fur, seu nome é derivado do propósito a que serve ao saturniano, enquanto que o nome do animal que discutimos antes deriva de sua cor.
2 - O que este animal faz? Rende os mesmos serviços a seu mestre que um servo fiel e diligente de uma casa da Terra. Este animal realiza, com a maior precisão, quase todo o trabalho que vós na Terra consideram pesado ou difícil. Este animal lavra os campos, transporta água, reúne e transporta madeira para a casa (para os seres humanos fazerem uso), limpa os campos, afugenta os animais nocivos e à noite guarda toda a família e realiza muitas outras tarefas.
3 - Por isto o povo em Saturno deu a este animal o nome “Fur”, que está de acordo com sua utilidade; o significado em seu idioma é "empregado doméstico fiel."
4 - Agora já sabemos o que esta criatura faz e qual o seu nome. O que lembra este animal útil e doméstico? Esta, claro, é uma questão completamente diferente. Existe na Terra uma criatura semelhante a que ele se assemelha em forma? A resposta é sim, na Terra há criaturas similares, e elas existem em grande número e em todos os tipos de gradações. Somente que na Terra tais animais são selvagens, sem exceção, enquanto que em Saturno é o caso inverso. A maioria dos animais desta espécie é dócil, e os animais aprendem tão facilmente, que em um curto espaço de tempo podem ser treinados para fazer quase todo tipo de trabalho humano. Qual é o nome deste animal na Terra, que por conta de sua habilidade natural e estrutura física também poderia ser utilizado para a maioria das vossas tarefas, se apenas pudesse ser domesticado e ensinado a fazê-las? Na Terra este animal é denominado macaco, mais particularmente aquele que conheceis como orangotango.
5. Como referido acima, estas criaturas são os membros mais úteis do reino animal em Saturno, porque elas podem ser empregadas em todos os tipos de trabalho. Custa muito manter um animal destes? Ele não custa quase nada. É o servo mais barato ao saturniano, pois exige nada mais do que um tratamento adequado e o ato de comer frutos ocasionalmente pela mão de um ser humano. Isto é tudo o que este trabalhador requer de seu mestre.
6 - Somente quando ele é abusado ou tratado cruelmente, costuma vingar-se, tornando-se infiel e saindo de casa para sempre. Se for retido pela força, então o proprietário terá uma grande luta, na qual o animal sempre se torna o vencedor por conseguir fugir. Quando as pessoas em Saturno ofendem o Fur a ponto do animal querer ir embora, elas sinalizam que lamentam seus erros e querem uma reconciliação, segurando algumas frutas em suas mãos e as oferecendo ao animal. Geralmente o animal ofendido se vira e, tal como antes, torna-se novamente um servo fiel ao seu mestre.
7 - Que tipo de comida este animal tão útil come? Seu alimento usual consiste de todos os tipos de frutos de menor crescimento de árvores e arbustos, os quais raramente são consumidos pelos seres humanos, pois nem todos lhes fazem bem. A partir disto, podeis constatar quão pouco tal funcionário animal custa a seu mestre. E se adicionardes a isto o fato de que este tipo de fruto há em grande abundância e não é próprio ao consumo humano, e que Eu me ocupo da roupa indestrutível deste trabalhador, então deveis entender claramente quão extremamente barato é este trabalhador para o saturniano.
8 - Já mencionamos um pouco sobre a utilidade destes animais, vamos agora nos voltar à sua forma. Eu mencionei antes que estes animais se assemelham ao macaco terrestre. Porém, em Saturno tudo é muito mais desenvolvido e aperfeiçoado de acordo com sua forma, por isto estes servos fiéis da casa são bem mais desenvolvidos e aperfeiçoados que o orangotango da Terra.
9 - Quanto à pele do orangotango de Saturno, ela é coberta densamente com pelos, exceto nas palmas das mãos e em uma pequena parte do rosto. Além disto, as mãos e os pés são, em regra, significativamente mais finos e, portanto, menos carnudas do que as de um ser humano de Saturno. Os seres humanos em Saturno são todos perfeitamente constituídos e sem nenhum pelo no corpo, com exceção da cabeça e das partes genitais. A cor da pele do saturniano é principalmente branca como a neve e nas palmas surge um os toque de marrom avermelhado. Já a cor do pelo do animal é ou azul-claro ou cinza, às vezes. As partes sem cabelo são sempre em um tom vermelho pálido.
10 – E quão alto é o animal? É perto da altura de uma mulher de Saturno, mas nunca ninguém viu um atingindo a altura de um homem de Saturno.
11 - Qual é o habitat principal deste animal? Se levardes em consideração que neste planeta todos os continentes estão em uma mesma zona climática, deve ser facilmente compreendido quando digo que o habitat deste animal está em quase todos os continentes, mas principalmente junto aos moradores das montanhas. E isto se aplica a todo o planeta com uma variação muito pequena na forma e cor do animal.
12 - Esta espécie de macaco não é a única que vive neste planeta. Há uma variedade quase incontável de espécimes deste animal em particular, mas todos eles são selvagens. Em alguns continentes estes animais são tão numerosos, que se movem em grandes bandos para as montanhas. Enquanto lá, não poupam as frutas nobres destinadas aos habitantes locais.
13 - Quando isto ocorre, os servos fiéis da casa executam um serviço inestimável, porque assim que avistam um destes bandos perto das árvores de fruto dos saturnianos, eles imediatamente largam o que estão fazendo e espantam estes parasitas indesejados. Ai dos intrusos que forem presos! Eles não escapam e são feitos em pedaços imediatamente.
14 - Porque todas as espécies menores deste grupo de animais sabe instintivamente que a recepção por parte destes membros maiores de sua espécie não é nada amigável. Os confrontos acontecem muito raramente, apenas quando são forçados por uma necessidade vital. Tal empreendimento é sempre realizado à noite, nunca durante o dia, e apenas quando a área está sob a sombra do anel (que para o povo de Saturno equivale ao inverno da Terra).
15 - Agora sabemos tudo sobre este notável animal, e por esta razão vamos descrever outro animal doméstico que é grandemente estimado pelos saturnianos das planícies e dos vales.
16 – E que tipo de animal é este? Em muitos aspectos, se assemelha ao vosso cão doméstico. Quanto a sua utilidade, devido a sua força e agilidade, é usado para fazer tudo o que fazeis com os cavalos, exceto equitação, porque o saturniano não monta animais a passeio. O saturniano considera abaixo da dignidade humana montar seu corpo nobre em um corpo de um animal, e nada poderá levá-lo mais rápido ao seu destino do que seus próprios pés.
17 - Este animal também tem muitas gradações diferentes (ou espécimes) habitando os diversos continentes e, com exceção de algumas espécimes menores, quase todos são usados ​​para o mesmo fim.
18 - Estes são os menos belos animais, a sua cor é semelhante à cor de outros animais em Saturno, mas eles não são tão limpos e não tão animada. Portanto, entre cães na Terra e em Saturno não há quase diferença nenhuma outra que não seja o tamanho. O maior desta espécie em Saturno é de 500 vezes o tamanho de seu maior cão do mundo. Mas, tanto quanto o resto destes cães está em causa, eles são usados ​​além de suas atividades outras como cães de guarda. Eles não latem, sua voz é mais parecido com um trovão, como rosnar. O rosnar é, naturalmente, muito mais alto quando se trata de espécies maiores, que não é alto quando se trata de espécies menores.

19 - Foi dito tudo que é digno de nota sobre este animal. Se fizésseis a pergunta: Existe um animal que se assemelha em Saturno ao nosso cavalo nobre da Terra? Minha resposta a esta pergunta seria sim, há uma espécie de cavalo em Saturno, mas nunca é domada, porque em Saturno ela pertence à categoria dos animais selvagens.
20 - Há algumas ovelhas em Saturno? Sim, existem, mas não se pode domar qualquer uma, pois são consideradas selvagens. Muitas vezes são caçados por seu belo pelo macio.
21 - Há muito pouco destas espécimes em Saturno, no modo manso encontrada da Terra. Em Saturno estes animais não são domesticáveis, levam vida selvagem.
22 - Todo o reino animal em Saturno tem sido descrito da forma mais sucinta possível. Se exercerdes vosso poder de imaginação só um pouco, ser-vos-á fácil, como resultado disto, alcançar uma representação muito pictórica que vos possibilitará imaginar quase qualquer animal aqui descrito e como ele existe em seu estado natural no planeta. A grande multiplicidade dará novas provas de quão maravilhosas e abundantes são Minhas obras infinitas. E uma vez que estas obras já existem em um planeta em multiplicidade e beleza, quão muito mais maravilhosas e grandiosas se fazem presentes em um sol com todo o seu vasto território. E ainda, quão inenarrável, maravilhoso, grandioso e multifacetado é um mundo espiritual, quando comparado a um mundo material, um mundo natural, que em comparação dificilmente representa mais do que a casca externa morta de uma árvore?
23. Informações como estas e muitas outras vos revelarei quando Eu descrever as pessoas deste planeta. Por hoje, vamos encerrar aqui este capítulo.

33

O SER HUMANO SATURNIANO

SUAS ORIGENS, DENSIDADE POPULACIONAL E CONDIÇÕES DE MORADIA

1 - Muito já tem sido dito a respeito do ser humano de Saturno. Apesar disto, muito mais ainda resta ser dito sobre o mestre daquele corpo celestial, de modo a aprenderdes qual descendência espiritual dele e o tipo de organização que existe no planeta.

2 – Posto que a boa ordem é, a qualquer tempo e lugar, a base de toda sabedoria, então devemos aqui observar bem o ser humano saturniano − primeiramente sua forma externa, daí sua existência espiritual, bem como sua constituição interior, sua ocupação e função divina. Agora devemos começar com o físico do ser humano saturniano.

3 – Houve inicialmente somente um casal de humanos em Saturno, ou diversos casais criados simultaneamente nos vários cantos do planeta? Todo ser humano que hoje vive em Saturno se originou de um único casal; isto se aplica em todos os planetas, tal como na Terra. A história dos saturnianos é mais do que um milhão de anos mais antiga do que a história do ser humano da Terra.

4 – O saturniano durante toda sua vida raramente tem mais do que quatro descendentes com sua esposa; isto deve ser esclarecedor quando Eu digo que, em proporção com a Terra, aquele planeta é bem menos populoso. Nos vastos países continentais, muitos dos quais maiores que a Ásia, África e Europa, os seres humanos muito raramente vivem com vizinhança próxima. Uma situação como a existente nas vilas terrestres constitui uma das maiores raridades de Saturno.

5 – Se um ser humano da Terra pudesse de algum modo viajar em um destes continentes, as residências dos saturnianos estão tão distantes, que seria preciso dez a doze dias de viajem para tal viandante ir de uma a outra. Nas montanhas, estas distâncias de uma residência a outra ou de um vizinho a outro são regras antes do que exceção, enquanto que nas regiões dos baixios, perto dos lagos e rios, as residências dos saturnianos são mais próximas entre si.

6 – Sempre que encontrardes uma morada, nela não haverá somente uns poucos humanos, mas sim uma família inteira, que usualmente enumera algo em torno de 1.000 a 5.000 pessoas.

7 – Quão grandes devem ser estas residências para acomodar tantas pessoas? Deve ser mencionado que os saturnianos preferem ter plenitude de espaço. No que diz respeito às acomodações, isto foi mencionado bem no início com a descrição da árvore do sol (Gliuba). Foi também mencionado que esta árvore é a casa deles, a preferida ante todas as demais. Sendo assim, Eu não tenho que descrever a forma peculiar desta árvore de novo, apenas que relembrar que é uma árvore extraordinária, com muitos troncos, muito copada, que quase sempre se desenvolve horizontalmente, onde as pessoas fazem seus lares.

8 – Tal árvore é tão significativa em Saturno como uma importante cidade da Terra. O patriarca de cada grande família denomina e define os ramos e troncos de uma unidade familiar individual, e tal parte da árvore então se transforma em sua propriedade privada, tal como casas em vossas cidades. A diferença aqui é que as pessoas que vivem nestas árvores-cidades são todas parentes de sangue, enquanto que em vossas cidades qualquer um que disponha de recursos financeiros suficientes pode comprar uma casa bem ao lado da vossa.

9 – Vós deveis estar vos perguntando: Como estas pessoas podem dormir nestes ramos? Se rolarem enquanto dormem, elas não podem cair direto das árvores? A possibilidade disto ocorrer é na verdade bem maior convosco, ao simplesmente rolardes em vossos leitos.

Os ramos com disposições e formatos horizontais são tão fortes e largos, que em apenas um há espaço suficiente para acomodar qualquer casa da vossa cidade-capital (32), e teríeis ainda espaço para conduzir e cavalgar ao redor.

(32) A cidade-capital é Graz, Áustria, com uma população de 200.000 habitantes – A editora.

10 – Além disto, há um grande número de braços menores crescendo em direções paralelas horizontais em todos os grandes e vastos ramos; eles são os reais suportes dos frutos desta árvore. Mais perto do tronco estes braços menores são especialmente fortes, tanto que um ser humano poderia caminhar, ficar de pé ou deitado na extremidade, e ele não cairia da árvore. Vamos assumir que alguém caminhasse descuidadamente além do ramo e caísse no chão ou de um ramo mais alto para um mais baixo; ele não sofreria nenhum dano pela queda. A razão disto já é conhecida por vós e foi mencionada no capítulo anterior: em Saturno, devido à atração existente entre o planeta e os anéis, o peso específico de um dado corpo - incluindo-se aí o corpo humano - é significativamente reduzido. Sendo assim, ninguém em Saturno é capaz de tomar uma queda com a mesma severidade que na Terra.

11 – A explicação acima é a razão desta ocorrência e deve satisfazer completamente a mente inquisitiva a respeito. Ao longo do tempo em que este planeta foi habitado por seres humanos, ninguém jamais quebrou uma perna ou um braço durante sua vida, nem machucou ou abriu a cabeça devido a uma queda, o que, obviamente, acontece muito frequentemente na Terra.

12 – Uma questão agora se levanta: Esta árvore é a única habitação que os saturnianos chamam de lar? A resposta é não. Além desta residência principal nesta árvore, eles têm outras moradias, que são ocupadas durante o período frio de sombra.

13 – Tais casas são construídas de vários modos. Algumas são construídas em troncos fortes de árvores-pirâmides, enquanto que outras “crescem” a partir de espécies mais esbeltas de árvores. As casas assim desenvolvidas, ou casas-de-estar, são superiores às casas construídas. Entretanto, as casas construídas sempre ficam entre as casas-de-estar, pois as casas construídas servem de despensas para estocar comida.

14 - Os saturnianos também só fazem fogo nas casas construídas, onde cozinham, assam e tostam suas várias comidas, embora não com o mesmo talento nem com os vossos tantos recursos e variedades artificiais, mas sim algo mais para vossas maçãs assadas, peras cozidas e algumas de vossas saborosas beterrabas e raízes. Nisto consiste toda a arte de cozinhar de Saturno. Nestas casas eles também estocam seus laticínios e seus preciosos recipientes com sucos de frutas.

15 – Ninguém come ou dorme nas casas construídas, o que é sempre feito nas casas que crescem, porque é insuportável aos saturnianos permanecer por um período muito prolongado na vizinhança de uma coisa morta. Isto se aplica tanto a uma casa construída com madeira de uma árvore abatida, quanto a seres humanos e animais mortos. Por isto as casas construídas pelos saturnianos são usadas exclusivamente como áreas de trabalho e de estocagem.

16 – Vós provavelmente gostaríeis de saber quão grandes são tais casas fabricadas e também como elas se apresentam. Eu posso vos conceder esse pedido. Tais casas são construídas em forma de capela, semelhantes às casas da zona rural da Áustria, exceto que elas não têm telhado, são completamente abertas para o Céu. Para os saturnianos, a maior atrocidade é uma casa separada do Céu por um telhado. Eles dizem que tudo que vem do alto para os campos é uma benção, portanto, uma benção para o solo. E uma vez que eles também vivem no solo, porque deveriam se separar das bênçãos celestes? Eles são de opinião que isto lhes é enormemente benéfico, uma vez que estão vivos, e sendo assim, com necessidades muito maiores do que o solo de suas terras, que acreditam ser morto.

17 – Agora sabemos como estas casas são construídas. Agora precisamos saber quanto as suas formas e tamanhos. Usualmente tais casas são construídas em forma de estrela, como um indicador de compasso, entretanto às vezes têm oito, dezesseis, ou trinta e duas pontas, cada qual formando uma espécie de setor isolado para determinado tipo de comida ou bebida. No centro há um salão circular em rotunda, onde a comida é cozinhada. Entenda-se que tal rotunda é proporcional ao tamanho dos saturnianos.

18 – Nesta casa-estrela a distância de uma ponta à outra oposta, de acordo com vossas medidas terrestres, levaria uma hora para ser coberta, se caminhásseis em um bom ritmo. No que diz respeito à altura de tais casas, toda pessoa da altura de um homem de Saturno pode facilmente olhar por sobre as paredes.

19 – Estas casas são decoradas de algum modo? Não, exceto que as pessoas as adornam com as folhagens das árvores que abatem para construção. Isto é tudo com relação a estas casas.

20 – Já que aprendemos que as casas construídas pelos saturnianos são na verdade suas granjas, cozinhas, paióis e despensas, devemos agora olhar mais de perto suas áreas domiciliares de estar.

21 – E qual é a forma destas áreas? Sua forma externa é completamente redonda, com a entrada voltada para a manhã (leste). Somente duas espécies de árvores são usadas para construir, ou melhor, crescer nestas árvores. A mais bela e magnífica cresce nas já bem conhecidas árvores-espelho ( Ubra) plantadas próximas umas das outras. As menos belas e esplendorosas crescem nas árvores-parede (Brak), não a espécie comum, mas a árvore-parede cultivada.

22 – O piso interno destas casas é completamente nivelado. Sementes de grama são semeadas nestes pisos, do qual cresce uma grama muito curta, mas extremamente espessa, como um denso tapete. Tal grama tema a aparência de veludo e é tão resiliente que, quando alguém caminha nela, ela imediatamente se recompõe ao seu estado original.

23 – O centro da casa é uma grande, redonda e proporcionalmente alta mesa circular da família, coberta em todos os lados pela mesma grama. Então, para terdes uma ideia do tamanho, circunferência e altura deste círculo, Eu posso vos dizer que tem um diâmetro de aproximadamente 540 pés e uma altura que alcança acima dos joelhos, perto da metade das coxas de um homem saturniano. Entretanto, quando o círculo é comparado à altura de uma mulher, fica por volta da metade do tamanho dela (33).

24 – E a que propósito tal círculo familiar serve? Ele serve aos saturnianos da mesma maneira que as mesas da Terra, a saber, para a comida e a bebida.

25 – Não longe deste círculo familiar, a uma distância de aproximadamente 200 pés, há uma pirâmide completamente circular, planificada no topo, cujo diâmetro da base é aproximadamente três vezes o diâmetro do círculo. O espaço no topo da pirâmide é grande o suficiente apenas para um homem ficar de pé adequadamente. Esta pirâmide tem a altura de um homem e é coberta com a mesma grama do chão e do círculo, e serve como o púlpito familiar para o patriarca. Todo dia, antes do ocaso, o mais velho da família fica em pé nesta plataforma e reúne toda a família ao redor, de modo que todos por ele ouçam a Vontade do Grande Espírito pertinente para a noite e para todo o dia seguinte.

26 – Que outros tipos de mobília ou facilidades tal casa contém? Precisamente na área dos fundos, na entrada diretamente oposta ao nascer do sol, há outra parede circular coberta com a mesma grama. Mas não é tão alta como o púlpito central; em vez disto, tem um círculo envolvente consideravelmente maior e tem muitas curvaturas moderadas. Qual o propósito da terceira parede circular? Ela é a cama comum ou o local de descanso dos nossos saturnianos.

27 – Antes de ir dormir, eles posicionam travesseiros macios perto da periferia da parede circular e recostam-se contra uma destas curvaturas, cada pessoa tendo sua própria curvatura. Os homens tomam suas posições com as faces voltadas para o nascer do sol, e as mulheres com as faces voltadas para o por do sol. Eles repousam seus corpos em uma posição de 30 graus em relação ao solo, segundo as medidas da Terra. E assim é o modo como adormecem, e permanecem nesta posição até pouco antes do nascer do sol. Apesar da sombra dos anéis, eles se dão conta do nascer do sol, porque os anéis nunca cobrem o sol tão completamente a ponto dele não poder ser visto. E quando às vezes acontece do sol ser completamente oculto pelos anéis, isto não dura mais do que meio dia; depois então um fino contorno do sol começa a ser visto novamente.

(33) A mulher tem 80 a 90 pés de altura e o homem 95 a 135 pés.

28 – Estas são todas as mobílias que tal casa contém, que são ocupadas pelos saturnianos durante o período de sombra. E qual o tamanho destas casas, considerando sua circunferência de contorno? O diâmetro é mais de uma metade maior do que o diâmetro da casa-estrela de estocagem.

29 – A população toda de uma grande árvore-residencial vive em tal casa? Não, apenas uma família, o pai, a mãe, suas crianças e as crianças de suas crianças, que também vivem juntos em um dos ramos durante o período de luz. Há muitas e tantas residências artesanais construídas, quanto há ramos onde as famílias de saturnianos habitam.

30 – Em tais residências familiares comunitárias, a área em que circunda cada árvore cobre, na maioria das vezes, mais milhas quadradas do que a Styria (632.586 milhas quadradas). Estas residências estão, como sabeis, a uma tamanha distância umas das outras, que levariam vários dias para de uma alcançar a outra. Em torno destas residências há as áreas de campo e pasto dos animais domésticos que vós já conheceis. Estes animais devem ter área de pasto suficiente, como também deve ser de tamanho adequado a área de colheita para manutenção da vida dos saturnianos, bem como a área destinada à preservação dos animais. Além do mais, há, nas regiões limítrofes das propriedades de famílias comunitárias, uma enorme e muito expandida floresta de árvores funil. Em grandes planícies, especialmente ao norte dos grandes lagos, há florestas de árvores-pirâmides cobrindo áreas de 2.000 a 3.000 milhas geográficas, e há também grandes florestas de arbustos. Quando tomardes tudo isto em consideração, não vos surpreendereis que a distância entre duas residências familiares comunitárias seja tão grande.

31 – Agora sabemos como as pessoas de Saturno moram, especialmente as das regiões montanhosas. Mas nada sabemos a cerca das regras e leis que governam seus lares, apesar de já examinados os saturnianos das áreas montanhosas e suas residências. Então, antes de nos voltarmos para o povo das planícies, devemos primeiro examinar, no capítulo seguinte, a constituição dos lares do povo das terras altas.

34

A CONSTITUIÇÃO DOS LARES DOS SATURNIANOS

A PLANTAÇÃO DE UM TEMPLO

A LEI MAIS IMPORTANTE: EMIGRAÇÃO

O AMOR A TEU VIZINHO OU A HARMONIA CARIDOSA

1 – Quem é o líder ou mentor principal de uma grande família ou comunidade das terras altas?

2 – Se acontece do primeiro progenitor estar ainda vivo, ele permanece como líder e também como sumo sacerdote, enquanto viver. Quando ele morre e há dois ou mais filhos, o filho mais velho é escolhido para nortear tanto os assuntos domésticos quanto os espirituais. Quando o filho mais velho morre e um ou mais irmãos ainda vivem, então o mais velho destes se transforma no líder. Quando o último dos irmãos morre, então o filho primogênito do mais velho dos irmãos passa a ser o líder; em outras palavras, o primogênito do mais velho dos irmãos (daquele que herdou a liderança do progenitor principal da família) assume. Nestas condições, o mais velho da linhagem direta será sempre o cabeça da família.

3 – Quando a família não é tão numerosa, então a transferência dos deveres familiares de um membro para outro às vezes continua por sete gerações, em alguns casos até a décima. O que acontece quando a família torna-se tão numerosa, que alcança a quinta geração junta? Neste ponto a separação toma lugar e se dá da seguinte forma: o irmão patriarca-líder assume suas responsabilidades familiares e convoca seus dois irmãos mais novos. Depois de estes dois receberem dotes do irmão que permanece como líder da família, pegam os membros de suas próprias famílias e seus pertences, saindo em busca de outra árvore-residência ainda inabitada (Gliuba). Depois de encontrarem a árvore, eles dizem suas preces de agradecimento e, sob a liderança do mais velho de ambos, suplicam ao Grande Espírito bênçãos para manter domicílio e viver tão bem quanto as demais moradias.

4 – Uma vez que tal prece é terminada, o mais velho de ambos dá vários passos para o lado e ora para si mesmo. Ele pede ao Grande Espírito que o proveja com o Espírito da Luz. O mesmo que Grande Espírito fez por seus pais e avós. Ora para que o Espírito da Luz possa, a todo tempo, lhe proclama a vontade do Grande Espírito. Durante tal prece, todos os membros da família prostram-se com suas faces voltadas para o chão. O mais velho não cessa sua invocação, até que o Grande Espírito lhe envie o desejado Espírito de Luz.

5 – Quando o Espírito de Luz aparece, o mais velho lhe pede bênçãos para a nova e ainda inabitada árvore, em nome do Grande Espírito. Em seguida, o leva ao interior da casa, para lhe mostrar o lugar que está prestes a ocupar como líder da família. Feito isto, o mais velho dos dois irmãos dá graças ao Grande Espírito na presença do Espírito de Luz por esta grande bênção. Então o mais velho é guiado pelo Espírito de Luz para o ponto onde apareceu. Aqui o Espírito de Luz deixa o mais velho, mas não antes de ter fortificado a vontade dele.

6 – Deste modo fortificado em seu íntimo, o mais velho retorna à família (ainda está prostrada com a face voltada para o chão) e fala a todos em forte voz. Daí eles se levantam, oram ao Grande Espírito pela concessão de tamanha graça, pois têm seu próprio patriarca iluminado.

7 – Uma vez isto concluído, o mais velho indica os ramos para os pais das famílias, e eles tomam posse com gratidão. Os ramos são limpos e prontificados para ocupação.

8 – Em tal ocasião, o que não ocorre frequentemente em Saturno, todos ficam alegres e animados. Eles têm sua nova árvore habitável, mas ainda não têm desenvolvidas suas casas vivas para morar nem edificados os abrigos de estocagem. Isto porque, no primeiro dia, pouco está concluído e muito ainda está sendo tomado em consideração, planejado, projetado e discutido, mas sempre sob a liderança do mais velho, pois ninguém deseja fazer nada sem seu consentimento.

9 – Na alvorada do dia seguinte, eles imediatamente começam a medição de áreas destinadas às casas cujas árvores ainda crescerão. Então o mais velho abençoa os lotes, e sementes apropriadas para crescimento de moradias são plantadas em ordem adequada.

10 – Uma vez feito este trabalho, o que raramente leva mais do que um dia, eles vão para a floresta no dia seguinte, para cortar a madeira de construção das edificações de estocagem. Animais domesticados também ajudam neste trabalho. Horud, o leão saturniano, que é meio doméstico e meio selvagem, corta os maiores e mais robustos galhos de árvore-pirâmide. Este bem conhecido servente peludo cata tais galhos e os carrega para o lugar indicado pelas pessoas.

11 – Tão logo a madeira esteja disponível no sítio de construção, ela é aparelhada adequadamente e as edificações de estocagem são construídas.

12 – Quando isto fica pronto, os estábulos de animais e os jardins são plantados. Também é construída uma barragem adequadamente grande em torno de uma árvore-chuva, e daí a água pode ser coletada, e um açude começa a emergir.

13 – Havendo alguma fonte na montanha, eles constroem simples condutos de água, através dos quais a água é levada até as residências principais. Tais dutos são construídos com as supramencionadas conchas de caracóis . Tais conchas não estando disponíveis, são usados os frutos da árvore-funil.

14 – Feito isto, outras propriedades são medidas, e seus usos são determinados. E quando o rateio é completado, havendo florestas de árvore-funil próximas ou pouco além, parte da floresta a que a propriedade tem direito é limpa, sendo as árvores abatidas. Quando tal trabalho começa, os animais supramencionados recebem suas tarefas. A madeira é empilhada para secar no final da propriedade e mais tarde usada como lenha.

15 – Terminado este trabalho, a propriedade é abençoada e toda espécie de fruta é semeada. Tal semeadura tem lugar usualmente a cada dez anos neste planeta. Entretanto, uma semeadura supre todas as futuras colheitas , quando o solo é algo mais rico, pois as raízes das plantas de Saturno não morrem tão facilmente, mas permanecem vivas no solo, como raízes de muitos arbustos e bulbos de plantas da Terra.

16 – Uma vez feito isto, o próximo trabalho relaciona-se à preparação do solo para a plantação e colheita; então as famílias se unem para preces de agradecimento ao Grande Espírito. No final rogam a Ele que lhes conceda sua bênção a todos os frutos e a todos os seus esforços.

17 – Uma vez terminadas tais preces de agradecimento e súplica, eles começam o mais importante trabalho, chamado “a plantação do templo”, onde eles oferecem ao grande Deus o único sacrifício que creem ser agradável a Ele. Este sacrifício é praticado pelo patriarca e dois dos mais velhos, e ninguém mais é autorizado a pôr suas mãos em tal serviço sagrado.

18 – E por onde eles começam tal serviço? Nesta ocasião o patriarca procede, a partir da localização onde o mensageiro do Além primeiro apareceu, um rogo ao Grande Espírito pela graça maior de lhe ser mostrado, através do espírito de Luz, onde Ele, O Grande Espírito, gostaria de ter o templo erigido. Quando o patriarca roga por longo tempo e ninguém lhe aparece, então ele edifica o templo no local onde o Espírito de Luz apareceu pela primeira vez. O Espírito de Luz aparecendo, ele conduz o patriarca para o ponto onde o templo deve ser construído, ou o patriarca vê o espírito já neste ponto. O patriarca vai para tal ponto onde está o Espírito e mostra-lhe o contorno do templo.

19 - No ponto onde o Espírito de Luz aguarda, um marco é demarcado no chão; será ali a elevação a partir de onde o patriarca ensinará sua família. Ao mesmo tempo, é mostrado a ele, por meio do mensageiro celeste, um ponto (na direção da saída dos fundos) a partir do qual o patriarca aprenderá a vontade do Grande Espírito, depois de apelar ao mesmo adequadamente, sempre por intermédio do mensageiro celeste.

20 – Feito isto, o Espírito se tornará invisível. O patriarca dá um sinal, então fala de homem para homem, por meio de certo número de mensageiros que estão esperando (especificamente um para cada moradia de árvore), dando notícia que tem permissão do Grande Espírito para construir o templo naquele ponto. Ele pede a todos para agradecer com ele ao Grande Espírito por tal bênção e para rogar ao Grande Espírito que as sementes que venham a crescer no futuro templo possam prosperar, podendo Ele as encontrar meritórias de conhecer Sua Sagrada Vontade.

21 – Esta prece é muito solene. Tão logo é terminada, o patriarca chama por dois ou três dos mais velhos e distribui entre eles sementes que foram bafejadas pelo espírito de Luz. Estas são plantadas no solo para crescer como o templo. O mais velho imediatamente começa seu trabalho e planta as sementes das mais magníficas e belas espécies de árvores, com a maior devoção e seriedade.

22 – Os dois ou três mais velhos plantam a parte frontal do templo que é destinada às pessoas ou familiares, enquanto que os patriarcas plantam o santuário do templo, que quase sempre consiste de árvores-raio ( Bruda), enquanto que a outra parte do templo é usualmente construída com árvore-espelho (Ubra).

23 – Ao largo da forma elíptica de ovo do templo, um círculo das mais nobres espécimes de árvore-parede (Brak) é plantado a uma distância apropriada, no lugar de uma parede anelar. As espécimes nobres de árvore podem ser distinguidas das espécimes comuns pela casca. A casca da espécime comum parece ouro, enquanto que da espécime nobre aparenta vários arco-íris, uns sobre os outros. As cores têm um reluzir metálico muito vivo. As folhas nas fronteiras mais externas têm a forma da folha do aloé, só que seu tamanho é proporcional às demais coisas deste planeta. Suas cores são de um branco brilhante. As flores são como as da espécime árvore-parede comum, somente mais delicadas, com a mais sutil e extremamente agradável fragrância.

24 – Quando estes construtores de templos completam seus trabalhos, eles novamente dão graças ao Grande Espírito pela energia e pela luz de sabedoria que os envolveu durante a construção, e pedem ao Grande Espírito que as plantas do templo possam crescer perfeitamente a partir das sementes plantadas.

25 – Após tais preces de agradecimento e súplica, eles deixam o prédio com grande respeito e caminham de costas mais do que a metade caminho até as árvores-parede. Então eles se curvam em deferência e partem para casa.

26 – Quando chegam às suas residências, eles pedem aos outros que se levantem do chão e escalem os bem distribuídos ramos das árvores de suas casas, a fim de comerem e beberem após a bênção dos alimentos pelo mais velho. Isto porque, enquanto o templo está sendo plantado, o que em Saturno é um dos rituais mais espiritualizados, nenhuma comida ou bebida é consumida.

27 – Após a refeição, a qual é, sob aquelas circunstâncias de um dia de cunho espiritual muito especial, celebrada à noite, o mais velho adverte todos os membros da família que devem sinceramente unir suas vontades à vontade do Grande Espírito e que não deve haver outra vontade agora, exceto que a semeadura daquele templo possa crescer logo de maneira próspera e maravilhosa.

28 – Depois da admoestação, todo saturniano presente concentra sua vontade, revigorando o solo onde o templo é semeado. E vós podeis crer: as circunstâncias ao redor, tal qual a ocasião, são absolutamente miraculosas; a semeadura do templo muito frequentemente levanta-se em todo o seu esplendor na manhã seguinte, o que pode vos parecer inexplicável.

29 – Quando a família vê o templo, seus júbilos devotos e louvores não têm fim. Seus júbilos, louvores e sua glorificação às vezes perduram por vários dias e noites.

30 – Porque as pessoas ficam tão contentes quando seus templos crescem tão bem e tão rápido? Há mais do que uma razão para esta alegria. A principal é que elas agora estão convencidas que o Grande Espírito está com elas em seus lares, como antes em suas antigas casas.

A segunda razão é que mais uma vez há um local onde, através do patriarca, lhes é permitido se aproximar do Grande Espírito. E a terceira razão é que tal família, agora já separada da antiga família principal, por intermédio deste templo novo é obviamente agradável ao Grande Espírito.

31 – Há ainda outra razão, próxima da terceira razão relatada, que é o fato da comunidade inteira poder agora chegar à conclusão que a nova propriedade por eles ocupada é certamente deles, sendo assim seu lugar de permanência. Pois quando o templo não cresce tão rapidamente, então (do ponto de vista deles) a propriedade não é indubitavelmente deles. Sendo assim, se alguém vier e disser que tal propriedade estava em suas posses antes, eles devem a qualquer tempo estar preparados para abandoná-la imediatamente, sem qualquer oposição, e procurar por outra propriedade alhures.

32 – Uma vez que há um templo, todo proprietário perde qualquer direito sobre sua propriedade. Ele não fará jus, devido ao novo templo, a menor restituição por sua propriedade.

33 – Sempre que o Grande Espírito der algo a alguém, tal pertence completamente àquela pessoa. E nenhum ser celeste, nenhum Espírito de Luz, nenhuma criatura em todo mundo tem o direito de contestar este maior presente. Quem o fizer deve se exilar naquela região do planeta onde nada mais o aguarda, exceto o frio eterno, o gelo eterno, a neve eterna.

34 – Toda pessoa em Saturno conhece esta lei. E seguramente não há lei mais respeitada do que esta. Por isto nunca há disputas de posses, especialmente entre habitantes das montanhas, pois entre eles sempre se observa a melhor ordem.

35 – Com relação aos relacionamentos entre vizinhos, não há fronteiras verdadeiramente. Em vez disto, em qualquer parte alguém estabelece um tanto razoável para sua propriedade, pois todo ser humano em Saturno carrega um real testemunho do Grande Espírito dentro de si, e isto já o satisfaz, podendo, se necessário, viajar e se mudar para qualquer outro lugar do imenso corpo celestial.

36 – Quando ocorrer de um continente ocasionalmente se tornar superpopuloso, várias famílias se juntarão e deixarão seus lares e, tal como discutiremos em outro capítulo, se mudarão outra terra em Saturno.

37 – Pode a semeadura do templo prosperar da maneira descrita, ou o templo pode crescer gradualmente de modo natural. E se uma família emigrada puder mostrar o local de implantação de um templo para um emissário dos países nativos (emissário este despachado pelos países nativos para tal propósito) e se ela puder provar a ele que todas as árvores de templo estão crescendo bem no local, então, sob tais circunstâncias, ela passa a ser dona da propriedade que ocupa. E o dono anterior não mais terá direitos sobre a propriedade que os recém-chegados tomaram posse , exceto o direito à amizade.

38 - Um ser humano nunca prejudica este direito de amizade do outro; eles logo estabelecem um relacionamento. Assim, o patriarca dos recém-chegados diz ao emissário do povo nativo:

39 – “ Irmão no Grande Espírito, observo como seus olhos me examinam, mas não encontram nada que os impedirá de acessar a minha pessoa; pelo mesmo dito, seu coração não deve encontrar nada em meu coração que lhe trará algum prejuízo relativo a qualquer coisa que você necessite; por isto, para mim, você é meu irmão no Grande Espírito .”

40 – Depois destas palavras bem colocadas, eles abraçam um ao outro. Este abraço é um documento permanente da completa prosperidade comunitária selada entre as duas famílias. Assim, o emissário convida toda a família recém-chegada a fazer uso de sua moradia, até que a nova propriedade cresça em todos os aspectos. Isto posto, os recém-chegados seguem o emissário, que é normalmente mais idoso, para sua casa.

41 – Tal ocasião é, a qualquer tempo, uma grande celebração. Porque para o saturniano quase nunca há algo maior ou mais exaltante do que encontrar um irmão no Grande Espírito em outro continente ou no país para o qual ele emigrou. Assim é como os saturnianos se relacionam entre si.

42 – Pode acontecer que o recém-chegado, após chegar à residência do outro mais idoso, ache que seu hospedeiro vive em circunstâncias muito pobres. Então ele oferece ao hospedeiro seus serviços para cultivar e estender os campos; tais serviços são sempre gratamente aceitos pelo hospedeiro que, em retribuição, oferece seus préstimos ao seu novo vizinho.

43 - Se, entretanto, o recém-chegado patriarca diz ao novo vizinho: “Irmão no Grande Espírito! Eu agora estou convencido que você está muito necessitado; portanto, eu decidi lhe devolver a propriedade como era e procurar por aí por um lugar para viver.” A resposta do patriarca nativo a tal proposta será então quase sempre a seguinte: “Irmão no Grande Espírito! Eu preferiria deixar de viver e desejaria não mais existir, antes de ver você deixar o lugar que tomou com a permissão do Grande Espírito. Você sabe muito bem que não é o solo, mas somente o Grande Espírito, que nos dá tudo e todo tipo de vida. Além do mais, o campo em que vivemos é grande o suficiente para suprir completamente pelo menos dez ou mais famílias como as nossas.

44 – Quando os recém-chegados decidem ficar, há uma outra celebração, e os habitantes originais fazem de tudo para ter seus novos irmãos de coração por perto e a toda hora.

45 – Isto é tudo por hoje. No próximo capítulo nós continuaremos a lidar com a constituição dos moradores das montanhas.

35

A PRINCIPAL LEI DA VIDA: A VONTADE DIVINA

TRATAMENTO AOS OFENSORES

1 – Já aprendemos que neste planeta, notadamente entre os habitantes das montanhas, não há fronteiras tal como as propriedades privadas vos são concebidas, e que a expressão no rosto de um ser humano é testemunho suficiente ao saturniano que o Grande Espírito deu àquele o direito incontestável de tomar posse de quaisquer propriedades em qualquer lugar do planeta que for conveniente a sua necessidade.

Devemos agora retornar a nossa família que foi separada da família principal sob a liderança do novo patriarca.

2 – Vimos como um novo templo é implantado e aprendemos sobre a possibilidade de como uma semente abençoada de um novo templo cresce com miraculosa velocidade do solo deste planeta. Temos também visto como os saturnianos constroem ou fazem crescer outras edificações. Isto completa a descrição das novas empreitadas em suas propriedades. Devemos agora descrever o que na Terra chamaríeis de constituição política.

3 – De que consiste a constituição política no que diz respeito a tal família? Em Saturno a constituição é muito curta e contém poucas palavras; a fundação de tal constituição consiste de apenas uma lei principal, a saber: a nenhum membro de nenhuma família comunitária é permitido empreender algo, a menos que o patriarca comunique-lhe a vontade do Grande Espírito; nenhum membro da comunidade elaborará algo, a menos que tenha sido comunicado. Uma vez lhe comunicada a vontade do Grande Espírito através do patriarca, ele não pode começar qualquer serviço até que tenha dado graças ao Grande Espírito por lhe ter proclamado sua vontade. Após as graças, ele também suplicará ao Grande Espírito para que o trabalho que empreenderá seja feito de modo profícuo e correto.

4 – Este é o principal fundamento de toda a constituição política de Saturno. Todo ser humano age de acordo com este princípio e não se preocupa com mais nada; os saturnianos se preocupam apenas com o modo pelo qual podem agradecer apropriadamente ao Grande Espírito, depois de terem completado seu serviço.

5 – Podeis crer que esta curta sentença contém tudo que se possa imaginar. Quem quer que aja de acordo com Minha Vontade, age apropriadamente a qualquer tempo.

6 – Sendo assim, não há interpretações adicionais sobre esta breve lei política, que qualquer criança aprende depois de tê-la repetido três vezes. E esta curta lei não tem pena ou código criminal ao seu lado como supervisor político, exceto pela expressão: “Eu ajo de acordo com a conhecida Vontade do Grande Espírito”. Esta expressão, para todo ser humano de Saturno, é uma evidência documental poderosa de uma condução legal, e não pode ser influenciada por nada.

7 – Entretanto, pode ocorrer que às vezes alguém das profundezas (34) venha até os habitantes das montanhas para tratar de algo vantajoso para si, sem antes ter discutido o assunto com o mais velho membro da família. E então o mais velho, ou o que se segue na linha hierárquica, vai imediatamente a tal pessoa e lhe pergunta; “Em nome da vontade de quem você está fazendo isto? E sua réplica sendo: “Isto é feito em nome da vontade do Grande Espírito!”, então ele não será mais interferido em sua empreitada.

8 – Mas se a resposta for: “De acordo com minha vantagem, isto é absolutamente necessário”. Então o mais velho lhe dará a seguinte leitura:

(34) Pessoas das planícies e vales – A editora.

9 – Ouça, meu irmão no Grande Espírito! Como é possível você ter mais do que necessita, sendo que isto repousa somente na vontade do Grande Espírito? Você tem uma necessidade à parte ou divergente da necessidade decorrente da vontade do Grande Espírito? Sendo assim, eu o advirto, como verdadeiro irmão no Grande Espírito, que cesse tal trabalho imediatamente, assim você não se tornará infeliz enquanto o bom senso conduzir suas intenções. Sendo você um destituído e sem-teto, olhe para nosso lar, pois aqui tem uma sala suficiente para acomodar centenas como você. Se você agiu assim devido a um impensado egoísmo oculto, então deite ao solo seu semblante instantaneamente e implore com profundo remorso e muito seriamente ao Grande Espírito por uma punição adequada. O Grande Espírito é extremamente benevolente, mas também extremamente reto e justo com relação ao que contraria sua santa vontade, que está acima de tudo!

10 – Seguindo tais recomendações, o estrangeiro que não tinha autoridade para agir daquele modo imediatamente abandonará suas intenções. Caso recuse, então o mais velho replicará: “ Você sempre deve suplicar e possa você ter a graça de que seus pecados não cresçam aos olhos do Grande Espírito. Mas cuidado para que sua punição não o ataque em campo aberto”. (35)

11 – Isto feito, o mais velho oferece sua ajuda e deixa-o continuar seu trabalho. Quando o mais velho volta parar casa, o que ele faz? Deveis ser de opinião que o mais velho despacha vários membros da família, tal como de costume na Terra, de cordas e lanças na mão, para tomar o ofensor sob custódia, tomar sua casa e dispensar-lhe uma punição adequada.

19 – Se a pessoa não é um criminoso empedernido, então o mais velho despacha três mensageiros carregados com frutas para ofertá-las onde ele estiver desenvolvendo seu trabalho. Tão logo cheguem, eles o instruem a cessar com seu trabalho imediatamente em nome do Grande Espírito, instruem-no a respeito da vontade do Grande Espírito, perdoam-no por seu ato, acolhem-no em seu meio e guiam-no montanha abaixo até onde ele indicar o local de sua moradia.

20 – Lá eles lhe darão o presente de frutas e dirão: “Irmão, assim que você não mais cometer pecados contra nós no futuro e, principalmente, contra o Grande Espírito, nós o deixaremos ir livremente e você poderá nos visitar sempre que desejar e nunca mais voltará de mãos vazias para seu domicílio. Nós aprendemos da vontade do Grande Espírito, porque isto é que deve ser feito. Mas ousando pecar de novo como fez agora, então sua vontade sofrerá a punição do Grande Espírito assim que você der o primeiro passo em falso.” Então eles apertam as mãos, abençoam-no e orientam-no a oferecer preces de agradecimento ao Grande Espírito e voltar para casa.

22 – Estes são os completos procedimentos judiciais que são realizados por parte do povo de Saturno. No próximo capítulo, nos focaremos na política constitucional e seus procedimentos.

(35) Quando ninguém mais o está amparando por perto. – A editora.

36

A INDÚSTRIA DO METAL, OUTROS OFÍCIOS E NEGÓCIOS

O VERDADEIRO SOCIALISMO ALTRUÍSTICO NO COMÉRCIO E NOS NEGÓCIOS

1 – Ademais, a manufatura das ferramentas de metal necessárias ao cortar e aparar de árvores, a manufatura dos utensílios caseiros, daqueles para aliviar o trabalho de campo e o preparo da comida e outras coisas, pertence ao modo lícito de vida das pessoas de Saturno.

2 – Onde tais ferramentas são manufaturadas? Há algumas fábricas no planeta, especialmente no sopé das montanhas, nas quais um metal usual e similar ao ferro da Terra é transformado em diferentes espécies de ferramentas e utensílios.

3 – E quem são os donos destas fábricas? Todas as famílias comunitárias da vizinhança têm direito a tomar estes produtos de acordo com suas necessidades. Toda família comunitária da vizinhança envia trabalhadores à fábrica para produzir metal sob a direção do mais velho da fábrica. Na fabricação em si, o metal não é transformado em ferramenta; invés disto, ele é apenas transformado de modo a ser mais maleável e daí preparado para uso posterior, semelhante às barras de ferro que são produzidas e preparadas para uso posterior, na Terra.

Tendo os trabalhadores sido requeridos por cem dias e, por exemplo, tal fábrica necessitando de cem trabalhadores, então o metal produzido é dividido em cem partes. Após a conclusão dos termos de trabalho na fábrica, cada trabalhador recebe sua parte adequada e a leva para sua residência familiar comunitária. A parte que o trabalhador recebe pesa algo entre 1.000 e 1.500 toneladas, nos termos terrestres.

5 – O que o saturniano faz com este metal? Se a família ainda tem ferramentas em boas condições de uso, então o metal é embalado em folhas e o patriarca toma a custódia do mesmo. Se a as ferramentas devem ser trocadas por estarem gastas devido a um longo período em justo serviço, então é procedida, sob a direção do patriarca, a manufatura de novas ferramentas..

6 – E como isto é realizado? Vós pensais que é feito com um fogo regular, como na Terra? A resposta é não! Isto é realizado de modo muito peculiar e com um procedimento muito simples. Os saturnianos fazem uso de um fruto parecido com uma abóbora que tem um arco regular como uma lente côncava na base da superfície, cujo diâmetro está entre 120 a 180 pés. A casca externa desta abóbora reluz como o mais polido dos aços; a parte côncava deste fruto reflete bem os raios do sol, e os saturnianos os direcionam para uma barra de metal no ponto focal. E não leva mais do que um momento para que uma grande quantidade desta barra se aqueça ao branco.

7 - Isto feito, sempre que se precisa de algo metálico, corta-se desta barra aquecida ao branco e forja-se com o martelo algo ou alguma ferramenta metálica que se faz necessária. Isto é feito em uma bigorna muito lisa, dura e polida como o diamante.

8 - Enquanto um ferreiro da Terra perde cerca de meia hora para forjar uma foice, no mesmo tempo o saturniano forja pelo menos umas dez, sempre com um peso final de cerca de 110 libras, de acordo com as medidas terrestres. Se tomardes isto em consideração, podereis imaginar quão habilidoso é o ferreiro saturniano em sua arte.

9 – Aqui uma nova questão se faz: Quantos têm habilidade para este serviço? Esta não é uma pergunta muito difícil, pois dentre as pessoas de Saturno já é parte da constituição doméstica todo homem ser habilidoso para toda a arte requerida; tanto que não existe grande diferença de arte, mesmo com relação à idade. Assim, um artista não pode dizer a outro: “Eu sou mais necessário que você, e meus produtos são mais importantes que os seus”. Em vez disto, qualquer um pode fazer o que seu irmão faz. Qualquer pessoa pode ser igualmente beneficiada por outra em tudo que se fizer necessário. E se, por sucessão, um se torna o mais velho da família, então ele já tem experiência e habilidade para liderar e guiar apropriadamente os demais em todos os assuntos.

10 – Quando surge alguma necessidade do dia-a-dia, uma vez que todos são experimentados em qualquer habilidade, não há, por assim dizer, nenhuma exploração comercial ou lucro, especialmente entre os moradores das montanhas. Eles também não produzem nenhum excedente ou supérfluo de seus produtos, e assim não podem negociá-los com seus vizinhos; tudo é produzido de acordo com a própria necessidade doméstica.

11 – Entretanto, a despeito disto, um vizinho necessitando de algo por não ter os mesmos meios e facilidades de outro nunca será assim questionado: “ O que tu poderias me dar por aquilo que necessitas?” − A única questão que lhe será levantada na ocasião é sobre a vontade do Grande Espírito. Se for testemunhado estar tal necessidade em consonância com a vontade do Grande Espírito, que é a única coisa realmente significativa e de valor corrente em Saturno, então imediatamente lhe será dado tudo o que necessita para sua tarefa, e tudo se tornará sua propriedade, e ninguém pensará em reembolso de forma alguma.

12 – Isto acontece como resultado de uma lei política entre eles: Quem é mais do que o Grande Espírito? O que poderíamos ter no enorme mundo do Grande Espírito que já não é abundantemente suprido por um incontável número de bens? Portanto, só é apropriado agradecermos ao Grande Espírito por qualquer dádiva. Se aceitássemos o fato de estarmos fazendo a outro irmão um único favor, como nos apresentaríamos ao Grande Espírito, se produzimos para nosso irmão o que caberia apenas ao próprio Grande Espírito? É, portanto, uma preocupação daquele que concede um presente ou uma ajuda ao seu irmão, pois deve verdadeiramente agradecer ao Grande Espírito por ter lhe dado a honra de servir ao irmão.

13 – Por conta de tal razão meritória, em Saturno o ser humano conscientemente não aceita o mais despretensioso agradecimento de seu irmão, tanto menos aceita qualquer reembolso. Sendo assim, todo comércio entre saturnianos é baseado nesta premissa.

14 – Em Saturno não há escritórios ou casas de câmbio, nem impostos, nem taxas de bens e serviços, nem inspetores de produção; e lucro é algo desconhecido em Saturno.

15 – Uma ferramenta de uso constante na Terra é a escala ou régua de cálculo; tal ferramenta é completamente estranha para os saturnianos. A única espécie de escala que eles conhecem é tão somente a vontade do grande Espírito e as necessidades do seu irmão.

16 – Uma segunda escala, na Terra conhecida como vara (36), é também estranha aos habitantes de Saturno. Nada é medido pela vara, tal como na Terra; a mais infalível medida para os habitantes de Saturno é a palavra do seu irmão em consonância com a vontade do Grande Espírito; com isto eles avaliam a presteza a ser dada àquilo que o irmão lhes pede.

17 – Um comércio baseado nestes princípios deveria ser solução muito melhor para os habitantes da Terra. Muito melhor que estoques, comércio financeiro, bancos, casas de câmbio, lojas, bares e salas comerciais. Um poder intelectual algo melhor poderia vos dizer: O que devemos dar a Deus por todos os produtos da Terra? Quanto devemos Lhe pagar pela Terra, desde que façamos as regras na Terra com nossos plenos diretos?

18 – Como supramencionado, se tivésseis um pouco mais de inteligência não deveríeis perguntar a vós mesmos sobre questões desnecessárias. Todas as vossas ações vos dirão claramente quão injustos vós sois a partir do Meu ponto de vista para Minha propriedade. Eu sozinho criei e estabeleci condições para todos vós vos apropriardes igualmente destes produtos dados por Minha Mão amorosa. E vós, egoisticamente, gananciosamente e violentamente processastes tais produtos para seus propósitos e os vendestes aos vossos irmãos por preços exorbitantes, justo quando eles mais necessitavam ou ansiavam por tais produtos...

19 – Deixemos este lamento vergonhoso da Terra e voltemos para Saturno, onde os seres humanos ainda estão de posse daqueles tesouros ainda não atacados pela ferrugem nem consumidos pelos meses; e vamos então examinar várias outras páginas do muito pequeno livro de leis políticas dos saturnianos, escrito nos corações deles.

(36) uma ferramenta de medição – A editora.

37

A MANUFATURA DOS TECIDOS

NENHUMA PRÁTICA ARTIFICIAL EM PRODUTOS NATURAIS

A ORDEM DO VESTUÁRIO

1 – Nós já nos informamos sobre os seres humanos saturnianos como ferreiros e apreendemos como eles “vendem” suas ferramentas ou produtos a um irmão, quando este precisa de um apoio; agora devemos aprender sobre os fabricantes de tecidos.

2 – Quando vimos a descrição dos reinos vegetal e animal, aprendemos que há plantas em Saturno nas quais cresce um tipo de cabelo muito longo das flores e também das folhas, além do que há muitos animas extraordinariamente ricos em lãs alguns deles têm notável abundância de longas jubas; então vós já deveis ter noção que os saturnianos fazem uso de tais facilidades.

3 – E como estes materiais são usados? Não há muita diferença entre vós e os habitantes de Saturno. Estes materiais são enrolados em fios mais fortes do que as cordas da Terra. Entretanto eles são proporcional e suficientemente finos para uso em tecidos de roupas, para serem tecidos como fios de lã destinados às roupas daqueles enormes seres humanos de Saturno.

4 – E quem enrola e tece estes fios? Este trabalho é feito apenas por mulheres, de maneira muito peculiar e ainda segundo um procedimento muito simples, embora não do mesmo modo que teceis vossos tecidos nos teares, mas sim similar às vossas mulheres quando tricotam, alternando e enfiando suas agulhas de tricô. Deste modo artigos completos de roupas e todo o vestuários são tricotados em Saturno, mais especificamente com ajuda de duas varas longas, sempre feitas de madeira. As mulheres saturnianas têm tamanha destreza, que em um dia produzem um tecido de mais de 250 pés de comprimento e 12,5 a 15 pés de largura, de acordo com as medidas da Terra.

5 – E eles são em cores naturais ou são tingidos? Em Saturno ninguém tinge estes materiais. Aqui uma regra geral de conduta caseira se aplica por causa da vaidade existente nas profundezas. É o seguinte:

6 – O ser humano é um ofensor se ele quer fazer algo melhor, mais bonito ou mais perfeito do que o modo como o Grande Espírito criou! Aflija-se todo aquele que quer fazer vermelho algo que o Grande Espírito criou como branco! Aflija-se todo aquele que quer retificar algo que o Grande espírito criou curvo! Aflija-se todo aquele que quer fazer comida mais saborosa do que aquela preparada pelo Grande Espírito!

7 – Todo aquele que neste ponto agir de maneira contrária à vontade do Grande Espírito será por Ele olhado com ressentimento, e Ele enviará um demônio após outro para o corpo físico desta pessoa, do mesmo modo que faz nas profundezas, local onde o ser humano não percebe para quem o Grande Espírito tem tudo extremamente satisfatório e sabiamente arrumado. Assim sendo, não é necessário o ser humano fazer mudanças. Em vez disto, ele deve agradecidamente aceitar tudo tal como a gentil mão do Grande Espírito lhe dá. “Nossa única razão para estar aqui é usar o que o Grande Espírito nos dá, não para melhorar ou para embelezar Seu presente, que deve ser usado tal qual nos foi ofertado.

8 – Há uma exceção a esta regra, e é para o metal que o Grande Espírito coloca cru e bruto no solo; isto porque devemos “cozinhá-lo” primeiro antes de usá-lo em nosso benefício. A razão de termos esta concessão é porque o Grande Espírito nos ensinou como fazê-lo. De acordo com Sua vontade, podemos também amolecer alguns frutos para uma melhor digestão, e podemos também cortar alguns galhos para construir depósitos, pois todas estas coisas nos foram ensinadas pelo Grande Espírito.

9 – Mas que cor ou polimento deveríamos dar a algo que Ele já não nos tenha ensinado? É, portanto, uma grande ofensa alguém trocar a cor de algo branco por vermelho, verde por preto , azul por amarelo, tingir ou colorir algo em ordem diversa da original.

10 - Seja este ou aquele, somos um só tipo de irmão ou irmã no Grande Espírito. Com relação a isto, não há diferença – todos foram criados por Ele. Então por que deveríamos diferir um do outro na cor de nossas vestimentas?

11 – Por que deveriam nossa tanga e nosso cinto que vai até os joelhos (os quais normalmente usamos) ser de outra cor diferente do azul, já que a lã de que são feitos é azul por natureza? O nosso casaco é vermelho como a juba do animal de que é feito; nossos chapéus são cor de palha porque derivam dela, e nossas pernas são cobertas com uma vestimenta verde como a lã das árvores e plantas de que são feitas.”

12 – A mulher também deve permanecer sem mudar muito o padrão de vestimenta, constante de uma camisa azul esvoaçante, além de outras peças derivadas das lindas folhas da árvore-residência (Gliuba). Podem usar ainda muitas outras coisas para adorná-las, as quais o Grande Espírito faz crescer de árvores, arbustos e animais. As mulheres das montanhas se distanciam do excessivo amor ao esplendor e ao luxo bem mais do que as mulheres dos bancos dos grandes rios e das costas dos lagos, as quais encontram grande prazer em enfeitar seus corpos femininos e delicados com todo tipo de ornatos.

13 – É prática inabalável nas montanhas sagradas agradecer por tudo e ser sempre fiel á vontade do Grande Espírito.

14 – A fabricação de tecidos tanto quanto as roupas que usam seguem uma das mais extensas e pormenorizadas regras de conduta.

15 – Os moradores das montanhas são muito generosos com seus tecidos e com tudo o mais. Vindo alguém desnudo às vizinhanças destas montanhas, tal nudez só serve como indicador inconteste que o do Grande Espírito considera que possuem muitas roupas e devem vestir o viajante desnudo. Qualquer um que se recusar a fazê-lo é considerado grande ofensor, e a punição para tal é o desterro por três anos, até que aprenda durante o isolamento quão doloroso é vaguear sem novas roupas até ficar desnudo.

16 – Vós deveis pensar: Como uma pessoa pode ter suas roupas tão danificadas em um, dois ou três anos, até o ponto de nudez? Lembrai-vos que um ano em Saturno equivale a quase trinta anos da Terra. Se considerardes tal fato juntamente com a ideia do desterro por três anos, vos ficará claro que após tanto tempo nenhuma peça de vestuário restará em boa aparência ou mesmo inteira, se usada dia e noite.

38

A ESTATURA DO HOMEM E DA MULHER

PROCRIAÇÃO, GRAVIDEZ E NASCIMENTO

A CONSTITUIÇÃO DAS CRIANÇAS

1 - Nós deveríamos discutir nos próximos capítulos outras notáveis regras caseiras. Entretanto, vamos agora nos familiarizar com a estatura dos saturnianos, tanto do macho quanto da fêmea. E como aparenta a mulher?

2 – Vós já sabeis que todas as coisas em Saturno são mais exuberantes, mais magníficas e mais belas que na Terra, e isto se aplica muito mais aos seres humanos que habitam em Saturno.

3 – A mulher de Saturno é uma figura perfeita e de uma beleza muito além dos conceitos terráqueos. Ainda que na Terra ela fosse considerada um gigante no que diz respeito ao tamanho, sua beleza vos compeliria a admirá-la. Seu corpo tem as mais espetaculares curvas. Em nenhuma parte é desproporcional. Seu corpo inteiro é delicado; em nenhum local encontrareis alguma imperfeição.

4 – No sol sua pele é branca como a neve. Somente naquelas áreas mais delicadas aparece um rosado pálido. A despeito do tamanho da mulher saturniana, sua pele é mais clara, mais bela e mais delicada do que a mais delicada moça da Terra.

5 – Suas unhas do pé e da mão são diferentes das terráqueas. A cor das unhas é como se alguém gentilmente tivesse coberto ouro polido com a cor carmesim. Porém, onde as unhas ultrapassam os dedos das mãos e pés, elas assumem as cores do arco-íris. Sendo assim, a mulher de Saturno é naturalmente adornada de modo muito mais belo que a mulher da Terra vestindo os mais belos anéis e colares de ouro.

6 – Os seios da mulher de Saturno são elásticos e desenvolvidos com perfeição, sendo a cor da pele tingida ao rosado. Os seios das saturnianas são tão verdadeira e etereamente delicados e belos, que os seios da mais delicada e linda moça da Terra pareceriam rudes seixos em comparação.

7 – O pescoço é nem muito longo nem muito curto, mas se eleva acima dos ombros na mais bela e harmoniosa proporção em relação ao corpo. O pescoço é adornado com a mais celestial e bela cabeça; e uma exceção a isto é uma raridade.

8 – A testa é de tamanho mediano e de um branco deslumbrante. O nariz é reto, sublimemente gracioso e delicado em todas as partes. Os olhos são em geral excepcionalmente grandes, a pupila é uma bola negra e a íris completamente azul, se destaca no globo ocular completamente branco. As sobrancelhas de toda mulher são grossas e de um louro dourado escuro. Os cabelos são extremamente suaves, na maioria das vezes alcançam os joelhos e são da mesma cor das sobrancelhas. A boca é proporcionalmente pequena e os lábios são de um vermelho carmesim. Atrás dos lindos lábios, acima e abaixo das mandíbulas, há o adorno de belos dentes perolados. A protuberância do queixo é pequena e ligeiramente rosada, tal como as bochechas. As orelhas são pequenas em relação ao tamanho da cabeça e de cor delicadamente rosada.

9 – Isto completa a descrição da estatura da mulher em Saturno. Agora não assumis que a aparência de uma é igual a outra. Em Saturno se aplica a mesma regra da Terra: Vós não encontrareis, entre 10.000 faces, duas que se assemelhem muito.

10 – Se agora imaginardes a figura feminina aqui descrita usando as roupas relatadas no capítulo anterior, podereis ter uma ideia de como a saturniana se apresenta. Isto completa a descrição da mulher saturniana. Devemos agora voltar ao homem saturniano.

11 - E como o homem saturniano se apresenta? Como já sabemos, o homem saturniano é consideravelmente mais alto do que a mulher. Tal fato não ocorre com muita frequência na Terra. Em média, um homem saturniano é 15 a 20 pés maior do que a mulher. Inicialmente vós considerareis esta uma diferença algo peculiar, pois levareis em conta que a mulher de Saturno, quando comparada ao homem de lá, é como vossas meninas de dez a doze anos ao lado de um homem adulto.

12 – Mas ao saberdes que o ato de procriação entre dois saturnianos é bastante diferente do da Terra, então vereis que a aparente desproporção não é assim tão significativa. Já que tocamos na procriação, vamos tecer algumas palavras sobre ela antes de continuarmos com o físico do saturniano.

13 – Como os saturnianos procriam? Unicamente através do amor e de sua força de vontade, exatamente como deveria ocorrer na Terra, se o homem derivado de Mim não tivesse caído antes que Eu pudesse abençoá-lo.

14 – Quando o homem de Saturno deseja procriar, ele se apresenta com sua esposa ao ancião mais velho (um saturniano nunca tem mais de uma esposa). O ancião o abençoa em nome do Grande Espírito, então o casal se prostra no chão e fervorosamente pede ao Grande Espírito pelo despertar do fruto vivo.

15 – Quando completam suas súplicas, o homem toma sua mulher nos braços, aperta-a contra seu coração e lhe dá um beijo na testa, outro na boca e outro no seio. Então coloca sua mão direita no corpo dela e concentra-se em sua vontade. Este é o completo procedimento da procriação, durante o qual o casal experimenta a sensação do puro e celestial amor, o qual os inspira, os une e os faz alegres pelo mais longo tempo.

16 – Uma vez terminada a procriação, ambos os cônjuges se prostram no solo e agradecem ao Grande Espírito por ela. Ao mesmo tempo pedem a Ele para abençoar o fruto que dela irá prosperar. Daí eles se apresentam novamente ao ancião, que abençoará primeiro a esposa, depois o marido dela.

17 – Em Saturno a gravidez dura apenas três meses e a mulher não mostra sinais, exceto uma coloração ligeiramente mais acentuada nos seios.

18 – O nascimento é sem dor. O recém-nascido é muito pequeno, com cerca do tamanho de uma criança terráquea de cinco anos. Entretanto, cresce com rapidez, e cerca de três anos terrestres depois alcança 72 a 90 pés de altura.

19 - No primeiro ano as crianças são tão leves, que flutuam no ar como plumas; elas se tornam especialmente mais pesadas quando desmamam do peito da mãe e começam a comer comida mais forte e mais consistente; esta também é a razão pela qual em Saturno vós nunca ouvireis que uma criança se assustou ou se machucou ao cair de certa altura.

20 – Levando em consideração tudo o que foi dito, é fácil entender porque a mulher é de menor altura e de menor compleição física do que o homem em cerca de um terço.

21 - Para o homem de Saturno, ele é Minha imagem completa. Sua altura lhe certifica que ele é o senhor da natureza naquele planeta. Sua estatura significa que a forma apropriada para o homem é aquela que lembra a dureza da rocha, sem a delicadeza dos seios da mulher. Ele deve ser, em todos os aspectos, a imagem Daquele que o criou, contendo em si mesmo toda a perfeição de energia, poder, força, firmeza e vontade, magnificência e beleza em todas as formas.

22 - Assim, se quiserdes imaginar a imagem do saturniano, então deveis imaginar um perfeito jovem da Terra, com sua musculatura mostrando certa continuidade, sem muita separação. Transferi tal perfeição humana bem máscula ao homem saturniano, obviamente em uma escala bem maior, e tereis então a estatura dele diante da vossa. Entretanto, o saturniano tem a pela consideravelmente mais bela do que a vossa.

23 – O queixo do homem saturniano é coberto com uma proporcionalmente grande e crespa barba. Em geral a cabeça porta leves e esvoaçantes cabelos louros longos até a cintura. Devo ainda mencionar que a barba e as sobrancelhas são um pouco mais escuras do que os cabelos.

24 – Todas as partes do corpo estão na mais bela proporção; algumas partes, tal como as bochechas, peito e braços, são um pouco mais avermelhados do que as das mulheres.

25 - Secretamente deveis estar conjecturando: Os saturnianos têm genitálias semelhantes às das pessoas da Terra? Sim, têm, mas proporcionalmente menores e menos peculiares, porque em Saturno só servem a um propósito representativo.

26 – Imagineis o homem saturniano em toda a sua magnitude e verdadeira nobreza humana; então deveis conceder-lhe a credencial de que sua forma melhor representa toda a nobreza, toda a dignidade e toda magnificência que há na origem primária de todos os seres e de todas as coisas.

27 – Ainda que a mulher seja também encantadora por conta de suas curvas e sua delicadeza, somente o homem representa eterna e completamente toda a beleza e toda a perfeição.

28 - Todos os habitantes de Saturno pensam assim e por isto agradecem todo o tempo ao Grande Espírito. São gratos por suas formas que lembram as do Grande Espírito, o que as pessoas da Terra nunca pensam em fazer!

39

O CONHECIMENTO DE DEUS PELOS SATURNIANOS

MAIS RESPEITO DO QUE AMOR

O CONHECIMENTO DA ENCARNAÇÃO DIVINA NA TERRA

1 – Como os saturnianos sabem que em suas formas está a imagem do Grande Espírito?

Eles sabem porque o próprio Grande Espírito se lhes tem revelado muitas vezes. E raramente há um ancião de uma família que já não O tenha visto ao menos uma vez.

2 – Assim sendo, eles conhecem Deus como um perfeito ser humano. Portanto, o mais grandioso de todos os ensinamentos sobre o Grande Espírito diz o seguinte:

3 – “Deus, que é o Grande Espírito, é o mais perfeito ser humanos de todos. Ele tem mãos e pés como nós temos, Ele tem um corpo como o nosso e sua cabeça lembra a nossa. Mas Ele não labuta com suas mãos nem caminha com seus pés; em vez disto todo o seu poder reside em sua vontade. E com a incompreensível energia de sua sabedoria, Ele cria e guia todas as coisas.”

4 – E uma vez que os saturnianos têm uma apropriada concepção de Mim, eles se reconhecem muito mais rápido e facilmente. Cada qual é plenamente conhecedor do seu espírito e não se perde em imagens, mas reporta-se eterna e unicamente à imagem no espírito Daquele depois do qual ele foi formado e criado.

5 – E os habitantes de Saturno amam o Grande Espírito? Sim, amam, mas seu amor em geral consiste de um imenso respeito ou temor, tanto que é um desafio chegar cada vez mais próximo do Grande Espírito e eventualmente tornar-se uno com Ele.

6 – Eles também sabem muito bem e são informados pelos espíritos que o Grande Espírito se aproximou de um pequeno planeta perto do Sol e se tornou um ser humano de carne e osso; e que o ser humano daquele corpo celestial falhou em perceber quem estava ali; e que o corpo do Grande Espírito foi fisicamente morto pelos habitantes daquele planeta; – tudo isto elas sabem muito bem.

7 – Entretanto, eles têm grande dificuldade em entender como foi possível que aqueles seres humanos falharam em reconhecê-LO. E eles perguntam aos espíritos que se lhes chegam como as pessoas daquele corpo celestial fazem agora e se elas ainda não reconheceram o Grande Espírito.

8 – Quando recebem um “não“ como resposta a tal questão, ficam bastante tristes e oram frequente e ardentemente em seus templos para que o povo daquele tão imensamente abençoado corpo celestial possa reconhecer, ao menos uma vez, Aquele único que nos concede todas as bênçãos. A qualquer momento que os saturnianos começam a pensar levemente na Minha grandeza, eles tremem. Depois de segurar a respiração por um longo período, eles dizem com voz muito forte:

9 – “ Oh, se tivéssemos sido honrados com tal bênção, se o Grande Espírito tivesse se vestido de carne e osso em nosso planeta, brilharíamos verdadeiramente mais que milhares de estrelas no seu apogeu !”

10 – Assim os saturnianos se expressam quando ouvem algo sobre a Terra. Eles são muito ansiosos para ver a Terra. Eles não podem alcançá-la com seus físicos, mas é certo que aqueles que nunca a visitaram o fazem quando se descartam de suas cascas físicas.

11 – Porém, embora o espírito não possa ver o que é material, eles podem, entretanto, ver a Terra espiritual. Por meio de correspondências, podem ver o mundo material através do mundo espiritual. Mas tão logo começam a conhecer melhor os seres humanos da Terra, ficam muito tristes e deixam o planeta.

12 - Assim que discutirmos sobre a religião dos saturnianos, nós aprenderemos mais. Por enquanto, retornaremos às constituições políticas.

40

LEIS CONTRA ARROGÂNCIA

A LEI DA LIMPEZA

AVERSÃO A TUDO QUE É MORTO

SERVIÇOS FUNERAIS

CASAMENTO

1 – E o que contém esta tal constituição política? Ela contém o seguinte: A ninguém é permitido se estender falando sobre sua própria beleza física, tamanho, ou qualquer outro aspecto seu pessoal.

2 - Então tal importante resolução é obedecida a todo tempo. Eles sempre frisam bastante as suas crianças que elas são muito pequenas e que toda a notoriedade do mundo se apresenta ao Grande Espírito como um mero nada. Este é o motivo pelo qual não há um patriarca ou líder mais idoso, muito menos um membro familiar, que pensa algo notório de si mesmo.

3 – Eles fazem o seguinte comentário relativo à beleza do corpo: “Todos nós somos igualmente belos como imagem do Grande Espírito. Alguém se dizendo ou se achando belo e que por isto terá alguma vantagem sobre outros, deve logo se reportar à imagem eterna primária e considerar-se a mais feia das mais feias criaturas animais do corpo celeste.”

4 – Os espíritos desencarnados ajudam na manutenção desta lei. Havendo alguém que possa ser envolvido pela vaidade, este logo será acometido por um sorriso horrível e malicioso, meio que distorcendo a face. Todo aquele que tiver sido punido deste modo logo descartará sua vaidade; os saturnianos sabem que os espíritos não admitem gracejos, pois em qualquer assunto que venham a se expressar são muitíssimo sérios. Esta lei política é observada pelo mais e pelo menos importante, pelo jovem e pelo idoso.

5 – No que concerne ao notável, reportai-vos sempre ao espiritual; a saber, tudo aquilo que vós considerais de menor importância para a pessoa. Por este motivo os espíritos de saturno não têm bom relacionamento com os espíritos da Terra, onde nada é mais predominante do que sua suposta notoriedade.

6 – A próxima lei é uma lei doméstica baseada nas recomendações e na manutenção de limpeza. Por tal motivo vós raramente encontrareis alguém em Saturno que não esteja limpo, tanto com relação ao corpo como ás roupas.

7 – Exceto quanto a lei supramencionada, os principais ensinamentos saturnianos não se atêm muito ao corpo físico, posto que é mortal; entretanto, o oposto se aplica ao espírito, que é imortal.

8 – Por isto os saturnianos têm aversão a tudo que é morto e, como sabeis, não vivem em casas mortas, somente em casas vivas. Muito menos toleram algo morto em um templo abençoado por Deus.

9 – Tudo deve ser mantido limpo, até o corpo, uma vez que é o lar do espírito imortal. E esta é outra regra!

10 – E o que acontece em Saturno com os corpos dos seres humanos desencarnados? Eles não são enterrados, mas cremados, como é costume em alguns países da Terra. Os corpos são colocados em um lugar onde haja uma floresta de árvores pirâmides. Lá o morto é posicionado com a face voltada para o solo e coberto com galhos da árvore pirâmide. Os corpos, especialmente de fêmeas, são dependurados em galhos próximos aos troncos da árvore, atando pés à cabeça, quase tocando o solo.

11- Vós provavelmente deveis pensar no odor ruim que penetrará nas narinas à longa distância, quando tais enormes corpos começam a se decompor. Mas naquele planeta não é o caso; é o oposto. Uma vez que os corpos dos saturnianos são mais etéreos e mais leves do que os vossos físicos, rústicos “corpos da serpente”, eles evaporam em um tempo muito menor depois da desencarnação, e tal evaporação produz fragrâncias muito agradáveis na região.

12 – Quando tais fragrâncias penetram as narinas de um saturniano, ele se ajoelha em gratidão ao Grande Espírito e Lhe implora permissão para que o espírito daquela pessoa cuja fragrância tocou suas narinas venha até ele, para que juntos possam orar ao Grande Espírito agradecendo a saída da prisão da carne. Isto acontece todo o tempo, especialmente quando o suplicante é uma pessoa séria.

13 – Os saturnianos lamentam quando alguém experimenta a morte física? A resposta é não. Por exemplo, quando o mais idoso morre, o mais velho na ordem cronológica torna-se seu sucessor e pede a todos os membros da família para se ajoelharem e agradecer ao Grande Espírito por ter concedido ao patriarca a grande bênção de ser chamado para a vida eterna.

14 – Depois eles imploram ao Grande Espírito que conceda a graça de permitir que o desencarnado apareça logo ao novo mais-idoso, para guiá-lo ao interior do santuário do templo e lá abençoá-lo no sublime ofício de tratar diretamente com o Grande Espírito.

15 – Isto sempre acontece visivelmente para toda a família. O espírito do patriarca desencarnado aparece em sua glória e pede em palavras audíveis ao novo mais-idoso que o siga ao interior do santuário do templo. À família, ele pede que o siga até a área comum do templo.

16 – Posteriormente, o espírito posiciona o novo mais-idoso no púlpito, na presença de toda a família. Abençoa-o e salienta que o Grande Espírito concorda que o novo mais-idoso então apresentado assuma os ofícios sagrados. Portanto, a família deve obedecê-lo em todos os assuntos e observar bem suas palavras, sejam elas quais forem.

17 – O espírito pede ao novo mais-idoso que remova seu corpo morto da maneira usual; ele abençoa toda a família e promete que o novo mais-idoso, agora empossado como novo patriarca, guiará toda a família enquanto for do agrado do Grande Espírito e permanecerá como orientador e líder de todos, segundo a vontade do Grande Espírito.

18 – A seguir, o espírito desaparece. O novo líder e toda a família caem de joelhos agradecem ao Grande Espírito por tudo que ocorreu. Uma vez que as preces de agradecimento terminam, eles se levantam e imediatamente removem o corpo do patriarca morto, colocam-no no local previamente designado e então vão para casa em silêncio.

19 – Quando a mulher morre, eles também pedem pelo aparecimento do espírito dela. Depois do aparecimento dela, eles rezam em casa uma prece de agradecimento. Então o corpo da desencarnada é levado para o local previamente designado. O corpo de uma mulher se evapora consideravelmente mais rápido do que o de um homem; sob condições favoráveis, esta evaporação é tão rápida, que no décimo dia nada resta do corpo, nem mesmo os ossos.

20 – A rápida decomposição é acelerada naturalmente pela grande árvore agulha (Ururba), que rouba toda eletricidade do cadáver colocado abaixo dela, através de suas milhões de pontas. Tão logo toda a eletricidade tenha escapado de um corpo natural, o corpo desaparece como que consumido pelo fogo.

21 – A observância de tal lei é uma daquelas importantes regras caseiras que são feitas para serem seguidas exata e estritamente, a todo o momento.

22 – Há alguma outra lei caseira importante e notável? Sim! A lei da união conjugal do homem e da mulher.

23 – Por meio de tal lei, todo homem é estritamente incentivado − quando tiver alcançado a idade propícia para o casamento, por volta dos trinta a quarenta − a tomar uma esposa de sua escolha e satisfação.

24 – Entretanto, ele não pode contar a ninguém que escolheu uma esposa. Tal deve ser feito apenas pelo mais idoso da família. O patriarca chama os parentes daquela que é pretendida como noiva e dá-lhes ciência do desejo e das intenções do pretendente. Tal declaração é acolhida com a maior gratidão e é submetida á aprovação do Grande Espírito. E o pretendente nunca volta atrás, como é costume na Terra.

25 – Então o patriarca chama os noivos e junta a mão direita dele à mão direita dela. Devem manter suas mãos juntas e seguir o mais idoso ao interior do templo, somente até o santuário. Lá eles se prostram com as faces voltadas para o altar cônico, enquanto o mais velho, no interior do santuário, chama em preces pelo espírito de luz.

26 - Nesta ocasião, tão logo o espírito de luz apareça em seu invólucro velado, o mais velho pede ao noivo e à noiva para se levantarem. O mais velho então os informa de seus deveres conjugais, que consistem de todas as regras caseiras que já aprendemos, além de algumas outras que ainda aprenderemos.

27 – Feito isto, o mais velho desce do púlpito e faz um gesto, como se quisesse separar as mãos dos noivos. Mas isto é apenas um velho e bem conhecido ritual simbólico e significa que eles não devem nunca se separar enquanto estiverem no mundo material, aconteça o que acontecer.

28 – Depois desta cerimônia, o mais velho se posiciona ao lado. Então o espírito de luz desvela-se de seu invólucro, abençoa o casal, aproxima-se deles e separa suas mãos. O significado disto é que a única razão válida para a separação de ambos é a morte, a separação do espírito do corpo.

29 – Após, o espírito desaparece, e o casal já é marido e esposa.

30 – Agora eles oferecem uma prece de agradecimento ao Grande Espírito. Imploram para que o casamento seja abençoado com descendentes agradáveis a Ele e que sejam por Ele guiados segundo sua mais sagrada vontade. Terminada a prece, o casal e o mais velho se erguem e caminham para casa na maior veneração, onde usualmente os espera uma refeição dedicada à glória do Grande Espírito, com toda a família presente.

31 – No dia seguinte é dada aos recém-casados a opção de permanecer com sua família na presente comunidade, ou mudar-se para outro local e construir sua residência. Eles querendo ficar, um galho é preparado para seu lar; uma nova casa, uma nova cozinha e um novo paiol de estocagem de gêneros também são construídos para eles. Se decidirem, entretanto, deixar seus familiares devido ao espaço limitado, eles são providos com toda a espécie de provisões e podem levar com eles parentes de qualquer grau de parentesco.

32 – E já foi explicado o que acontece quando eles encontram desocupado um local próprio para uma residência.

33 – Estas são todas as regras familiares! Nós, entretanto, discutiremos um pouco mais sobre as regras caseiras quando falarmos sobre a constituição religiosa espiritual.

41

OS HABITANTES DAS TERRAS BAIXAS VISITAM AS MONTANHAS

A RECEPÇÃO DOS MORADORES DAS MONTANHAS

OS MEIO-PAGÃOS E SUAS CONVERSÕES

CORTEJANDO NAS TERRAS BAIXAS

1 – Acontece ocasionalmente que as famílias dos vales e das planícies, por causa da saúde do corpo, viajam às montanhas. E neste caso, os moradores das montanhas têm uma regra através da qual recebem estes “peregrinos de saúde” calorosamente e providenciam ou obtêm tudo o que os visitantes julgam necessário à saúde.

2 - Caso os peregrinos decidam morar definitivamente nas montanhas, então o mais velho da família da montanha aponta um líder (dentre os da sua família) para ajudar as pessoas das terras baixas que desejam se estabelecer. As pessoas das terras baixas querendo futuramente manter o líder indicado, o mesmo é obrigado a honrar tal desejo.

3 – Se o líder for casado, ele deixa a família recém-estabelecida apenas o tempo necessário para ir em casa, pegar sua esposa e seus filhos e receber do mais velho, nesta ocasião, a bênção para seu novo ofício. Uma vez que tenha posto tudo em ordem, ele sai com esposa e crianças e com tudo o mais que requisitar para a recém-estabelecida família.

4 – Uma vez lá, ele começa a instruir tal família sobre todas as leis e costumes dos moradores das montanhas, incentiva-a a construir um templo e, de acordo com o número de membros e as necessidades da mesma, a construir um paiol de estocagem de gêneros e uma moradia própria, pois há também leis que os moradores das montanhas devem obedecer!

5 – Também acontece dos moradores das planícies e vales viajarem para as montanhas exclusivamente pela beleza da vista. Quando os viajantes encontram uma família da montanha, eles são parados e questionados muito educadamente quais suas intenções. Usualmente as perguntas são feitas de forma muito polida. Uma vez que, via de regra, a intenção dos viajantes é escalar até o cume da alta montanha por causa da vista espetacular, o mais velho dos moradores da montanha informar-lhes-á quais picos não se apresentam como perigosos aos escaladores. Se algum dos picos da montanha representa algum risco, então os tais viajantes em férias são polidamente advertidos sobre os mesmos antes de iniciarem a escalada e informados com detalhes dos perigos que terão de encarar caso não mudem seus planos. Usualmente o aviso é aceito e a mudança de planos é feita, até que os viajantes retornam aos seus lares.

6 – Se, entretanto, estes picos montanhosos são acessíveis sem apresentar perigo aos escaladores, então os moradores das montanhas providenciarão um guia para os mesmos. Este guia fica responsável por ter coisas: primeiro, devem liderar seu grupo até o topo na maior segurança em toda a trilha; segundo, devem supri-lo com comida e bebida, as quais usualmente são carregadas pelos serventes da casa, o animal Fur; terceiro, devem explicar tudo ao seu alcance para o grupo, chamando especial atenção em torno da presença do Grande Espírito em tudo o que ele faz.

7 – O guia não pode pedir nada em contrapartida aos seus esforços, exceto, depois de revigorar todos na grandeza do Grande Espírito, pedir ao grupo que se assegure de seguir o Grande Espírito a todo o momento e nunca comprometer-se a nada sem a vontade expressa Dele.

8 – Uma vez obtida esta confirmação, o guia lembra ao grupo que deve agradecer ao Grande Espírito por tudo o que foi apreendido e experimentado e, ao mesmo tempo, deve pedir a Ele para que todos retornem aos seus lares em segurança. Isto feito, todos vão para suas casas.

9 - O grupo é conduzido a casa do guia para comer e beber. Uma Vez reconfortados, todos são polidamente lembrados que devem agradecer ao grande e santo doador; eles também são saudados e abençoados pelo mais velho e partem para retornar a seus lares nas terras baixas.

10 – Em algumas cavernas destas montanhas vivem os mencionados “doutores de meia-tijela”; as pessoas das planícies são prevenidas pelos moradores das montanhas sobre tais charlatões. É sabido que são invasores fugidos das terras baixas que se estabelecem nas cavernas das terras altas e, por ganância, tentam tapear os moradores das terras baixas com toda espécie de coisas sem valor nem utilidade. Os habitantes das montanhas alertam as pessoas crédulas das terras baixas da seguinte maneira:

11 – O grande espírito tem milhares de frutos saudáveis e ervas curadoras e medicinais nos campos, as quais crescem para nos fortalecer para manter nossa saúde corporal. Ele criou a água pura no mundo inteiro e plantou árvores gigantes no solo, para atrair todos os vapores tóxicos e trocá-los por fragrâncias e ar puro. E o Senhor, que é extremamente benevolente, em todo Seu infinito poder colocou o magnífico Sol no firmamento, cujos raios despertam a mais saudável energia, tão saudável como a dos lírios, cujo poder rivaliza até com os raios do sol. E também o Grande Mestre tem arrumado o firmamento com a luz da faixa branca (37), a qual ilumina a noite para nós tão claramente depois que o sol se põe e é quase tão agradável como o dia. E sempre durante a noite somos revigorados pelos fortes raios da faixa. Além desta faixa, o Grande Mestre Construtor coloca sete grandes luzes (38) que muito alternativamente iluminam nossas noites, sempre durante o período de sombra completa.

12 – O Grande Espírito tem sido excepcionalmente benevolente e graciosamente cuidadoso com todos nós. E nós, habitantes das montanhas, temos experimentado isto o tempo todo. Por tudo isto nunca devemos ficar aflitos por alimento. Quando alguém morre, nunca é por doença; ele só morre como resultado de sua completa maturidade espiritual, e este, pela eternidade, nunca morrerá novamente, mas viverá para sempre. Somos testemunhas da existência após a morte. Podemos provar que é assim a todo tempo, diante de seus olhos.

13 – É, portanto, uma grande loucura preocupar-se em obter remédios para prover-se com a vida eterna a partir de um ser humano cujos olhos estão cheios de engano, já que ele mesmo é muito desprovido da vida do Espírito Eterno. Porém, os remédios que o Grande Espírito tem nos abençoado são considerados inadequados e impróprios ao uso por aqueles doutores fajutos.

14 – Caros irmãos das terras baixas, eu vos falarei que no futuro vós não deveis mais procurar vosso bem-estar com estes charlatães; em vez disto, procurai vosso bem-estar seriamente na vontade do Grande Espírito, pois só então recuperareis a saúde até que vosso espírito esteja completamente amadurecido.

15 – Quando vosso espírito estiver completamente amadurecido, o que significa tornar-se senhor da vida fora do Grande Espírito, vós nunca mais provareis a morte; vós estareis aptos a deixar vossa carne e vosso sangue sem dor e sem restrição, com a maior clareza e completa consciência, e vós descartareis o pesado invólucro de carne e osso, com a maior gratidão direcionada ao Grande Espírito.

16 – Depois da preleção, os então denominados “buscadores-de-remédios-de-longa-vida” são despachados com bênçãos a seus lares com um remédio muito melhor para a vida.

17 – Em alguns lugares das planícies e vales, especialmente ao longo de lagos e rios, certamente há pagãos que consideram a faixa branca no firmamento como sendo uma divindade, outros consideram os anéis como um caminho pelo qual o Grande Espírito caminha e de onde Ele olha para o planeta, para ver o que o povo está fazendo. Estes meio-pagãos frequentemente escalam as montanhas na crença de que ficarão mais perto dos anéis e talvez possam alcançá-los.

18 – Os moradores das montanhas sentem uma espécie de obrigação amorosa de ensinar a tais viajantes o caminho certo, o que o anel e as luas realmente são e quais seus propósitos.

(37) Outro nome para os anéis de Saturno.

(38) As luas de Saturno – A editora.

Eles cumprem esta façanha por meio de suas firmes vontades, colocando estes seres humanos perdidos em um estado de clarividência, na qual os viajantes são capazes de examinar as luas e os anéis do princípio ao fim.

19 – Uma vez estes pagãos tendo passado por tal experiência, eles constatam quão errados estavam, e daí são instruídos com carinho, mas sabia e seriamente, no verdadeiro reconhecimento do Grande Espírito e Sua vontade. É deixado a critério deles se querem passar o resto de suas vidas nas montanhas, ou retornar aos vales e planícies onde moravam antes.

20 – Eles decidindo ficar nas montanhas, então são providos de acomodações. Entretanto, preferindo viver nas terras baixas, são abençoados e providos de comida e bebida, e enviados em nome do Grande Espírito.

21 – Mas tão logo estes pagãos das terras baixas não desistam dos seus caminhos errantes, é certo que os fortes moradores das montanhas os farão ir embora. Se um destes pagãos se tornar obstinado e rebelde e decidir escapar ou ferir alguém, sua ação não irá adiante sem um tratamento adequado. Então um espírito angelical punitivo se apresentará, o qual, falando de modo simples, fará com que tal obstinado ou rebelado entenda quão pouco ele conseguirá com seu desafio. Depois da admoestação, usualmente o obstinado corrige seu rumo. Se persistir com sua obstinação, acontecerá de ser punido por um anjo vingador por meio de várias dores ou, em circunstâncias extraordinárias, até com a aniquilação corporal. O efeito desta punição é tamanho, que a pessoa se recordará bem sempre que se resguardar da noite e da friagem.

22 – Uma das mais importantes regras dos moradores das montanhas é a seguinte: Tendo maioria de machos em relação às fêmeas da família, então os machos têm permissão para procurar uma esposa nas vizinhanças. Se não encontrarem, podem se dirigir às terras baixas. Se não conseguirem encontrar esposa lá, podem viajar cada vez mais longe. Acontece às vezes que o noivo viaja por dois, três e até quatro continentes a procura daquela que será sua esposa.

23 - Encontrando uma esposa nestes locais longínquos, a regra terceira não é uma objeção, caso exista maioridade de fêmeas. O noivo é livre para retornar de lá com sua esposa, e este é em geral o caso; ou ele pode retornar com sua esposa para um lar próprio, mas ele tem o dever de visitar a casa de seus pais a cada três anos, não importa o quão longe eles morem. Uma vez que não morem longe, então a obrigação deve ser cumprida fielmente.

24 – Sendo a maioria dos membros da família de fêmeas, então um mensageiro é enviado para informar às famílias vizinhas; nesta ocasião um ou vários pretendentes devem ser considerados.

25 – O mais velho clama ao espírito de luz para indicar-lhe a vontade do Grande Espírito quanto ao pretendente de maior valor dentre todos; isto se dá imediatamente. Aquele que foi escolhido leva a noiva o lar do casal após a cerimônia de casamento, conforme já descrito.

26 – Havendo mais de uma mulher elegível na família e apenas um pretendente, então o mais velho pede ao espírito de luz para indicar mais outro que seja digno e de valor. Sendo assim, os dois são casados na mesma cerimônia descrita e levam suas noivas aos seus lares.

27 – Havendo igual número de mulheres elegíveis e pretendentes, então cada pretendente tem o direito de escolha. Isto feito, os pretendentes têm de informar ao mais velho suas escolhas. Então o mais velho confere com o espírito de luz se aquelas escolhas foram justas, se têm a anuência do Grande Espírito. Se confirmada, a cerimônia de casamento se desencadeia sem problemas. Não havendo nenhuma sanção às escolhas por parte do espírito de luz, então ele pede ao mais velho para divulgar as escolhas em nome do Grande Espírito. Isto é logo feito, e os casais concordam com grande gratidão em seus corações. Após os casais definidos, são imediatamente casados, e os noivos levam suas novas para casa. É óbvio que os detalhes da cerimônia já foram explicados no capítulo anterior, inclusive os costumes aqui mencionados.

28 - Além destas regras caseiras há umas poucas outras de menor importância, que não serão mencionadas, pois conhecê-las não vos teria qualquer serventia. No próximo capítulo, discutiremos a religião de Saturno.

42

A ÍNTIMA RELIGIÃO ESPIRITUAL DOS SATURNIANOS

O SIGNIFICADO DO NÚMERO SETE

A CELEBRAÇÃO DO DOMINGO

O BATISMO OU BÊNÇÃO DA CRIANÇA RECÉM-NASCIDA

O TEMPLO DE REFEIÇÃO

O SERMÃO DO MAIS VELHO SUPORTADO PELA VISUALIZAÇÃO ESPIRITUAL

A SABEDORIA DOS SATURNIANOS

1 - A religião dos saturnianos tem muito pouca pompa e circunstância de cerimonial externo.

2 – A parte cerimonial, como já sabeis, consiste na boa ordem no vivida no templo, no qual preces de súplica e agradecimento relativas a todos os assuntos importantes são oferecidas ao Grande Espírito.

3 – O número sagrado dos saturnianos é o 7 e todo número divisível por 7, tal como 14, 21 e assim por diante; são todos números sagrados. Por isto após um período de 7 dias, no sétimo é celebrado um feriado.

4 – A observância deste feriado forma a segunda parte do cerimonial; neste dia tomam lugar todas as cerimônias religiosas pertencentes ao feriado.

5 – A primeira parte da cerimônia já é conhecida por vós. A cerimônia do feriado inicia-se antes do nascer do sol, quando todos os membros da família vão ao templo; todos os homens caminham à frente, enquanto que as mulheres vão atrás. No templo, os homens se postam do lado direito, enquanto que as mulheres perfilam do lado esquerdo. Quando todos estão arrumados no templo, o mais velho lidera a congregação em orações até o sol nascer, oferecendo preces ao Grande Espírito e agradecendo pelas bênçãos que eles têm recebido. As preces são sempre feitas na mais profunda emoção de seus corações.

6 – Quando o sol nasce, todos deixam o templo e curtem a vista do dia que chega e o extremamente belo panorama daquele corpo celestial. Quando o sol já está bem alto no horizonte, eles voltam ao templo e agradecem ao Grande Espírito pelo retorno do dia.

7 – E quando uma mulher dá a luz, a criança recém-nascida é levada à beira do santuário interno. Lá o mais velho coloca suas mãos sobre a criança e fala as seguintes palavras ao bebê recém-nascido:

8 – “ Tu vieste a este mundo como um fraco convidado, desprovido de todo teu poder e de acordo com a vontade do Grande Espírito, Aquele que é santo acima de toda a santidade e tem poder sobre todo poder, Aquele que tem controle sobre toda a força e Aquele que é excessivamente fiel e firme em cada uma de Suas palavras e em todas as Suas promessas; apenas Ele é perfeito e maior Senhor sobre todas as coisas, que preenche este planeta e todo firmamento. Ele é santo, santo e santo, além de toda a santidade. Por isto deves viver até o fim nesta terra completamente de acordo com a vontade daquele que é Único, Aquele que entrou nesse mundo e então se fez homem (no caso de menina, que se fez uma mulher fiel) deve deixar este mundo em toda verdadeira dignidade e na magnificência da mais consumada virtude !”

9 – “Por isto eu te abençoo aqui, no santuário interno, em nome do Grande Espírito, Aquele que criou e abençoou a ti, teus parentes e eu. Que cresçam e se multipliquem tais bênçãos dentre os teus, através do estrito cumprimento da mais sagrada e mais elevada das vontades. Que assim seja a todo tempo, agora e eternamente!”

10 – “ Assim pequeno como tu estás agora, permanece sempre assim, ante o Grande Espírito, ante nós, ante teus pais e irmãos e ante ti mesmo! E que assim seja em toda tua vida aqui e no Além. Amém !”

11 – Depois de do mais velho ter pronunciado tais palavras, ele insufla boas energias na criança, e então o mais velho deixa os pais abençoarem sua criança e levá-la para casa. Em tal feriado os parentes não são obrigados a retornar ao templo; no lugar disto eles podem permanecer em casa e cuidar da criança que então foi abençoada. Mas, se preferirem, podem permanecer no templo.

12 – Não havendo criança a ser batizada, então as pessoas imediatamente começam suas refeições matinais no templo. Os saturnianos fazem a refeição matinal, tanto quanto a refeição ao meio do dia e a refeição noturna, diretamente no templo, bem cedo durante a manhã. E não é preciso explicar que eles dão graças ao Grande Espírito antes e depois de suas refeições.

13 – Depois da refeição matinal, o mais velho sobe ao púlpito e se dirige moderadamente à grande comunidade familiar, que nas montanhas raramente excede mil pessoas. Esta é uma diferença em relação às terras baixas, cujas famílias frequentemente contam vários milhares de pessoas.

14 – E sobre o que o primogênito discursa? Ele nunca escolhe o assunto. Em tal ocasião como em qualquer outra, o espírito do palestrante se concentra, aguarda, e lhe chega o que deve ser dito.

15 – Usualmente estas espécies de leituras se referem à orientação e determinações do Grande Espírito, como ele colocou a raça humana desde os primórdios da história daquele corpo celestial, e como Ele a tem liderado desde então de acordo com Sua vontade, a mais sábia e sagrada de todas. Nesta ocasião o mais velho sempre conta a história dos tempos de outrora. Às vezes o primogênito explica a estrutura daquele mundo, dos anéis e das luas. Outras vezes ele pode falar sobre as diferentes constelações e mostrar aos ouvintes as determinações do Grande Espírito para aqueles corpos celestiais, e em tais ocasiões ocasionalmente mencionar a Terra.

16 – Mas assim que o mais velho menciona a Terra, todos os ouvintes fecham seus semblantes, não por temerem o planeta, mas por ouvirem falar sobre o infinito amor do Grande Espírito e como os habitantes da Terra se dirigem e chamam o Grande Espírito de seu Pai, sendo que tudo Dele é indescritivelmente santo. Por isto os saturnianos tremem em sua humildade, especialmente quando o primogênito lembra a ingratidão dos habitantes da Terra.

17 – Em outras ocasiões ele lhes dá informações sobre o mundo espiritual e a vida nos céus.

18 – Depois de cada uma destas leituras, especialmente as que versam sobre a estrutura daquele mundo, os anéis, as luas e outras constelações planetárias, o mais velho transporta alguns de seus ouvintes à visão interna, (às vezes muitos, e outras apenas uns poucos), onde podem ver tudo o que foi explanado como se estivessem presentes.

19 – Por isto os saturnianos, especialmente os que moram nas montanhas, são extremamente sábios e enriquecidos com considerável conhecimento. O mais sábio e escolado da Terra rapidamente veria seus conhecimentos considerados como insignificantes, se fosse entrar em uma discussão científica com o menos conhecedor ser humano de Saturno.

20 – Eles não só conhecem seu corpo celestial nos mínimos detalhes, até onde é necessário e benéfico, mas também conhecem outros corpos celestiais melhor do que vós conheceis suas ilhas nos oceanos. Os saturnianos não só conhecem bem a história de seu planeta, como também conhecem bem a história de vários outros mundos.

21 – Nenhuma língua é estranha para eles. Por isto eles entendem os espíritos, não importa de que corpo celestial o espírito veio (já que todo espírito usa no Além, em maior ou menor grau, as características da linguagem do planeta onde ele caminhou em corpo). É este entendimento das línguas que os espíritos de vossa Terra não possuem até que tenham renascido completamente e estarem aptos aos céus.

22 – Acontece sempre dos espíritos da Terra encontrar com os espíritos de Saturno após a morte física, especialmente quando alcançam a longevidade. Os espíritos de Saturno compreendem os espíritos da Terra imediatamente. Entretanto, a recíproca não é verdadeira, especialmente quando os da Terra são espíritos imaturos. Além disto, os espíritos da Terra não veem os espíritos de saturno, a menos que os saturnianos queiram ser vistos. A razão de tal superioridade reside na grande e verdadeira sabedoria interna dos espíritos de saturno.

23 – Estes são os frutos das instruções e dos ensinamentos das orações no templo depois da refeição matinal.

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PROFUNDA OBSERVAÇÃO ESPIRITUAL DA NATUREZA

COMUNICAÇÃO COM ANJOS E COM O PRÓPRIO SENHOR

1 – E o que acontece depois de tal sermão?

2 - As pessoas agradecem ao grande espírito pela elucidação ao mais velho. O mais velho também agradece ao Grande Espírito e abençoa os ouvintes, depois deles terem ofertado preces de agradecimento. Então todos deixam o templo e vão para caminhadas ou passeiam juntos pelas belas colinas. Eles conversam sobre o sermão ouvido recentemente, mas também discutem sobre observações a respeito de alguns objetos naturais que chamam a atenção deles durante o passeio. Todos eles são inspirados por grande fraternidade e mútua participação em tudo aquilo que um ou outro encontra e comenta, ou que seja relativo à admirável bênção do Grande Espírito.

3 – Por exemplo, uma pessoa chama a atenção de todos para a estrutura de uma flor, uma outra para o movimento de uma nuvem, uma terceira para um animal ou para o voo de um pássaro, enquanto que outro alerta seu vizinho para o canto de um pássaro, ou para a descoberta de um brilhoso lago distante. Há um sem número de objetos e coisas naturais que os saturnianos prestam atenção em tais ocasiões. E eles admiram estes objetos tal como fez certa feita o homem de Meu Coração, ao observar minha Obra.

4 – E neste ponto, Eu vos tenho alertado: Todo aquele que observa Minha Obra com olhos humildes e respeitosos sempre encontrará grande prazer nisto. Mas aquele que examina Minha Obra com olhos de crítica e erudição, faria melhor se permanecesse em sua idolatria do que examinar Minha Obra com a inconsequência de seus olhos profanos, pois eles são como uma mosca-fel que perfura a bolota do fruto e ali deposita sua perniciosa ninhada. Tal fruto tem um amadurecimento ruim, não podendo ser usado para nada além do preparo de suco preto; este suco poderá ser usado para escurecimento de algo muito branco ou para reduzir a luminosidade de alguma superfície, mas nunca poderá ser usado para limpeza ou clareamento de algo.

5 – Mas agora devemos retornar a nossos passeios com as pessoas. Quão longo ele é? Até meio-dia. Então todos se reúnem novamente no pátio externo do Templo. Eles rendem graças ao Grande Espírito e vão fazer suas refeições de meio-dia no pátio externo.

6 – Uma vez terminada a refeição, novamente oferecem graças ao Grande Espírito e alguns permanecem lá, enquanto outros passeiam pelas belas trilhas ao redor do Templo e aproveitam o incrível esplendor das magníficas flores que são plantadas nos leitos dos quintais e ao longo das trilhas do Templo. As mulheres acariciam seus maridos e suas crianças e lhes explicam com suas vozes delicadas o quanto todos têm a perceber e ganhar com o sermão do mais velho e com aqueles passeios,

7 – Às vezes em tais ocasiões, espíritos e anjos se juntam a eles e discutem com assuntos relativos ao Senhor.

8 – Às vezes o Senhor mesmo aparece em forma de anjo. Enquanto o Senhor está entre eles e conversa com uma ou outra pessoa, nem mesmo o mais velho é avisado que se trata do próprio Senhor. Mas quando Ele está para deixar a reunião, Ele revela sua identidade pouco antes de desaparecer. E Ele sai imediatamente, pois os saturnianos não poderiam suportar o Senhor permanecendo entre eles por mais tempo, sabendo que ali estava o Senhor mesmo. O respeito dos saturnianos é tão grande que nenhum deles ousaria falar o nome do Senhor à frente Dele. Isto porque o mandamento “Não deveis tomar o nome do Senhor Deus em vão” é obedecido na maior exatidão e da maneira mais sagrada.

9 – Quanto dura os debates nas áreas externas do Templo? Até o por do sol. Depois eles adentram o Templo, glorificam o Grande Espírito e entoam cânticos e louvores para Ele.

10 – O mais velho sobe ao púlpito novamente e enumera as grandes bênçãos do dia, abençoa a todos e conclui as cerimônias do feriado ou do dia festivo. Depois todos vão para seus lares em gratidão e bem humorados.

11 – Havendo alguma sobra da refeição do meio dia, eles distribuem e comem com gratidão. Não havendo, eles fazem a refeição da noite em casa. Eles dão graças ao Senhor de um modo geral, estando assim terminado o feriado e com ele todo o cerimonial, o qual realmente consiste de nada mais do que aquilo que vos foi descrito.

12 – Isto também conclui nosso dia. O próximo capítulo trata dos aspectos espirituais da religião.

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O ASPECTO ESPIRITUAL DA RELIGIÃO SATURNIANA

O RENASCIMENTO ESPIRITUAL

ATRAVÉS DOS ENSINAMENTOS E DA PRÁTICA

1 – Uma vez que aprendemos sobre a parte cerimonial da religião dos saturnianos, devemos agora nos voltar, como supramencionado, para sua parte espiritual.

2 – Posto que foi suficientemente observada a parte cerimonial, no momento passa por vossas mentes que uma cerimônia onde anjos e espíritos celestes se apresentam, e eventualmente o próprio Senhor aparece visivelmente e debate com os saturnianos, é algo tão espiritual quanto possível. Poderia algo ser mais espiritual ainda?

3 – E Eu vos digo: Deixai estar! O que se segue irá vos ensinar como em algo espiritual há sempre mais espiritualidade ainda contida.

4 – Agora que vós já tendes certo nível de entendimento, Eu vos mostrarei um exemplo de como isto é possível, de acordo com a natureza.

5 – Por exemplo, tomeis um jarro de certo vinho muito bom! Quem de vós não sentirá e também perceberá logo (com base nos efeitos provocados pelo vinho) algo mais do que o vinho em si, que é sempre tido como a substância espiritual primária do vinho? Entretanto, apenas pergunteis ao mais próximo farmacêutico, e ele vos contará que deste vinho podeis destilar o mais fino espírito (éter) vinícola. E vos dirá ainda que podeis refinar várias vezes este espírito, até ele se tornar tão volátil, que se uma gora entornasse do receptáculo, ela se volatizaria ao cair não mais do que três pés, antes mesmo de alcançar o solo. Agora compreendeis quanto a mais há de espiritualidade contida no vinho, ele que já é excepcionalmente espiritual?

6 – Se isto se dá a conhecer pela natureza visível, quanto mais não se revela nela toda, quando então fica caracterizado completamente o espírito em si?

7 – Por exemplo, tal também se aplica na luz. Como sabeis, a Terra é iluminada pelos raios do sol. Vedes nestes raios uma revigorante energia e inúmeras formas? Não, não vedes. Vós nem mesmo tendes ideia da simples energia efetiva ou do poder do raio. Muitas pessoas não sabem nada além do que experimentam diariamente, nem mesmo sabem das possibilidades do raio de luz ou do seu efeito de aquecimento além do expressado diariamente.

8 - Mas o que um observador diria se tais raios fossem concentrados ou condensados por grandes e magníficas lentes em um ponto focal, e daí então se manifestasse tamanha energia, que seria capaz de dissolver espetacularmente o mais duro diamante? Um homem culto se surpreenderia ao testemunhar a enormidade dos efeitos de tais raios de luz e provavelmente diria: Quem haveria de crer que naqueles delicados raios que nos aquecem diariamente reside oculta tamanha força penetrante?

9 - Isto também se aplica aos trabalhos cerimoniais dos saturnianos! Ainda que a parte religiosa aparente ser completamente espiritual, há ainda na religião de Saturno um extraordinariamente robusto “éter” que tem, na unificação dos brilhantes raios solares, um forte efeito interno difícil de ser explicado para vós, povo da Terra. Entretanto podemos focar tal questão e dizer: “De que consiste este fator real-espiritual contido no que já é espiritual?”

10 – O real-espiritual contido no espiritual (e que já é do vosso conhecimento) reside no recôndito interno conhecido pelo Grande Espírito tanto quanto todos os níveis, relações e condições que conectam o ser humano livre aos Céus, ao Grande Espírito, e vice-versa.

11 – Como fazer para aqueles seres humanos reconhecerem o Grande espírito? Primeiro, lhes são dadas a palavras do professor relativas à natureza de Deus. Então são levados a conhecer a vontade do Grande Espírito e depois para a prática do reconhecimento da vontade Dele.

12 – Aquelas instruções são ainda os trabalhos religiosos externos, que representam um atalho para a verdadeira vida interna e espiritual. São, na realidade, já o “espiritual do vinho” e a “luz não–concentrada do sol”.

13 – A atividade prática na vontade reconhecida do Grande Espírito reside antes na “destilação” e no “refinamento” feito pelo farmacêutico e, além disto, na concentração dos raios solares por meio de grandes e magníficas lentes; em outras palavras, na verdadeira, independente e ativa liberação do primor real-espiritual provindo dos meios descritos.

14 – Agora começais a compreender em que os verdadeiros trabalhos religiosos de Saturno consistem? Eu vos darei a resposta em poucas palavras, as quais imediatamente abrirão a porta para vosso iluminamento. E tais poucas palavras são: O renascimento do espírito!

15 – Este renascimento deve ocorrer aos saturnianos tão bem quanto deve ocorrer a vós. Sem ele um habitante de Saturno entenderá tão pouco sobre seu espírito, suas condições e o relacionamento com ele, sobre os céus e o Grande Espírito, tanto quanto vós da Terra.

16 – É absolutamente insatisfatório ao renascimento do espírito que alguém apenas tenha habilidade de ver espíritos, tanto que, na maioria dos casos na Terra onde a pessoa vê tais “horríveis” e “assustadoras” aparições, ela não sabe nem compreende mais do que um cego conhece as cores do arco-íris. Clarividência não é muito além do que uma parte, um complemento do verdadeiro renascimento; tanto mais é a determinação de toda a ação. Cabe dizer que o renascimento foi assim estruturado desde o princípio, desde os primórdios, na mais completa Ordem e Sabedoria.

17 – E como e quando ele tem lugar? Tal só pode ter lugar quando o espírito, através do mais estrito cumprimento do caminho já descrito até Deus, esquiva-se da matéria e posiciona-se novamente no seu ponto focal, como um ser completo e existente em si mesmo, podendo caminhar fora de toda a sensualidade da matéria, como uma entidade capaz de abrir determinadamente os novos sentidos espirituais, sentidos voltados para as impressões e condições daquele mundo do qual ele é o real e original habitante.

18 - Uma vez o ser humano tendo atingido este nível, outra atividade começa a tornar-se efetiva em todo o seu ser. Tudo começará a mudar; sua visão, sua audição, seus sentidos, sua percepção, suas colocações. Todos os seus pensamentos girarão em torno das formas que ele verá; ele se tornará um realizador de obras. Suas palavras se tornarão definitivas e únicas com seus pensamentos e sua vontade. Espaço não mais será algo tão imenso e o tempo se mostrará a ele como o último minuto. Porque na livre existência espiritual ele ouve, vê, sente, percebe, pensa, se motiva, age e fala além do tempo e do espaço. Isto significa que para tal pessoa somente o presente existe, no qual um eterno passado e um eterno futuro saúdam um ao outro de modo fraternal. E algo infinitamente longe, não o é mais para seus olhos e para seus próprios pensamentos.

19 – Toda pessoa em Saturno se esforça ao máximo para atingir tal estágio de desenvolvimento espiritual; mas ela não alcançará tal estágio até que tenha cumprido completamente em si mesmo todas as “condições de vida”.

20 – Apenas o controle de sua própria natureza não é suficiente, mas sim o cumprimento completo de todas as “condições de vida”, que lhe são conhecidas. Elas devem se tornar parte integral de sua proficiência pessoal.

21 – Ao se tornar um mestre de todas as condições, ele se torna livre em si mesmo e toda sua energia vital brota desvinculada de toda sua natureza sensual. E quando um nascimento acontece, e já sabeis o que ocorre a tal pessoa; e é conhecido como “o renascimento do espírito”.

22 – Então a prática fielmente contínua de todas as “condições de vida” é o que trata a parte espiritual da religião dos saturnianos.

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MAIORES DETALHES A RESPEITO DO CAMINHO PARA O RENASCIMENTO E DA TRANSFORMAÇÃO EM UM COM DEUS

1 – Vós tendes uma ideia de que consiste os trabalhos religiosos e espirituais dos saturnianos e no que eles diferem dos trabalhos cerimoniais?

2 – Por trás de uma cerimônia espiritual jaz bem escondido o serviço do espírito, que é constante, enquanto que a cerimônia em si se sucede em certos intervalos de tempo.

3 – Uma vez que esta parte relativa aos trabalhos religiosos das pessoas de Saturno é da maior importância para as pessoas da Terra, Eu vos darei outro exemplo descritivo, através do qual estareis aptos a diferenciar claramente estas duas espécies de prática religiosa.

4 - Tomai, por um instante, um estudante que deseja abraçar uma carreira artística! Vamos assumir que ele deseja alcançar a proficiência de um virtuoso na arte da música. Se ele viesse a vós que lhe direis e qual seria o primeiro passo? Vós examinaríeis suas habilidades, o encaminharíeis a uma adequada escola de boa reputação e o instruiríeis sobre as condições, ou lhas daríeis por escrito, e lhe diríeis: “ Se você cumprir totalmente essas condições, você, sem dúvida nenhuma, se tornará um virtuose. Entretanto, se você não as cumprir, você se tornará um conhecedor, mas nunca um virtuose .”

5 – O que agora deverá fazer tal estudante que leva a sério sua virtuosidade? Ele imediatamente fará uso de toda sua diligência externa em conexão com sua vontade interna e praticará dia após dia, cinco, seis, sete ou quantas horas diárias lhe for exigido. Ele completará a escola de A a Z e não praticará nada além daqueles exercícios necessários a alcançar o que se propôs. Quando, deste modo, o estudante tiver praticado e desenvolvido por muitos anos, ele transmitirá a seus professores a certeza de que atingiu o nível de um artista completo, uma vez que agora domina o instrumento de sua escolha em elevado grau de proficiência, mecânica e espiritualmente.

6 – Agora temos o que precisávamos! E qual era a prática prescrita (ou os exercícios determinados) para ele atingir a proficiência técnica? Nada mais do que uma bem ordenada grade curricular de sua arte. E ele praticou dia e noite sem interrupção? Oh não! Ele só praticou o tempo prescrito e necessário o domínio dos exercícios.

7 – Como era o estado de seu esforço e de sua vontade durante o exercício? Sua vontade era reordenada periodicamente? Definitivamente não! A vontade nunca sofreu intromissão, é similar a uma boa fonte de observação presente em seu organismo espiritual e natural. Este mecanismo é o móvel espiritual de nosso estudante, através do qual ele se transforma completamente sempre que se prepara.

8 – Uma vez tendo se tornado um completo artista, que tipo de vida ele levará? Certamente não levará a vida de um estudante; ele levará a vida de um mestre autônomo ou um maestro. Ele se tornará, por conta disto, um inimigo do seu modo de vida como estudante? Certamente não! Ele continuará, como grande maestro, a fazer o que sempre fez como estudante, só que agora ele o fará com grande e real prazer. Ele diligentemente praticará suas escalas e repetirá todos aqueles exercícios que praticava quando estudante. Mas com uma grande diferença! O que ele fez com grande esforço, de modo pouco gracioso e com enorme dispêndio de energia enquanto estudante, ele agora faz com a maior facilidade, sem constrangimento, com confidência e pleno de significado espiritual interno.

9 – Como estudante ele tocava as escalas, mas não sabia o significado do que tocava; agora como mestre, ele vê nas mesmas escalas incontáveis formas novas das quais não tinha a menor ideia antes. Assim é que ele, um “mestre renascido”, pratica os trabalhos cerimoniais; mas sua pratica é de uma forma inteiramente diferente de audição, sentimento, percepção, entendimento, captação e vontade. Esta é a “retificação” espiritual e a superação do material.

O combustível que dissolve o sensual vem do poder dos raios de seu espírito; sendo assim, ele trabalha na autopurificação espiritual.

10 – Se vós transferirdes isto para a real vida do ser humano - seja ele da Terra, Saturno, Júpiter, ou do Sol - em todo canto e a todo o momento existirá estes dois serviços divinos que se revelam como caminho, como meta ou como proposta de trajetória.

11 - Todo aquele que perseverar no caminho alcançará seu destino. Uma vez alcançado o destino nunca mais desaparecerá de sua memória nem de suas recordações. Só mesmo quando alcançada sua meta, ele terá uma clara e completa visão em sue espírito de todas as idas e vindas e relacionamentos passados no caminho adotado.

12 – Vós sabeis que a principal meta do saturniano é tentar chegar no seu caminho a nada menos do que o próprio Grande Espírito. Ele deseja tornar-se completamente uno com a vontade Dele.

13 – Uma vez alcançada tal meta através da prática diligente, então o esforço do serviço religioso é dado como completo. A partir deste ponto, cessa o real impulso para alcançar o Grande Espírito. No seu lugar, fica um definitivo e inabalável desejo de permanecer cada vez mais fiel.

14 – E tal excepcionalmente definido e firme desejo é continuamente o mais interno e divino serviço (do tipo espiritualmente mais completo) de todo habitante renascido de Saturno. Este estágio pode ser alcançado por qualquer um de Saturno, independente de sexo ou idade. Isto conclui a parte espiritual da religião dos saturnianos.

15 – Uma vez que abordamos tudo o que é necessário e importante sobre as montanhas, daremos uma rápida olhada nas terras baixas e daí faremos uma excursão às regiões polares do planeta, bem como aos anéis e às sete luas. Isto é tudo por hoje.

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OS HABITANTES DAS TERRAS BAIXAS

SUAS CONSTRUÇÕES E RESIDÊNCIAS

E SEU MODO DE PENSAR BEM MAIS MUNDANO

1 – Com respeito aos baixios do planeta, em diferentes ocasiões temos aprendido muitas coisas relativas ao estilo de vida dos habitantes das terras baixas de Saturno. Mas ainda resta dizer algo.

2 – Em nenhum lugar neste planeta encontrareis uma cidade. Entretanto, há regiões com pequenos lagos e rios onde famílias vivem mais próximo uma das outras do que nas montanhas, especialmente na parte sul de alguns países continentais. Mas nestas regiões não há muitos familiares morando juntos na mesma casa, tal como nas montanhas. Aqui a família usualmente consiste dos pais e suas crianças. Os avós e bisavós normalmente vivem por si mesmos, porém contam com alguns servos.

3 – Estas pessoas raramente vivem nas já bem conhecidas residências de árvores (Gliuba); vivem em dependência que consiste de uma espécie de tenda estruturada construída a partir de árvores, uma colocada sobre a outra da seguinte forma: as árvores são posicionadas em formato de pirâmide de base circular, começando do chão até o cume, enquanto ripas ou de tiras estreitas de madeira são fincadas em círculo em torno da residência. Estes arcos de ripas são cobertos com todo tipo de folhagem, interna e externamente. Voltado para a manhã (leste) fica o espaço da entrada. E como são tais residências?

4 – Com relação ao tipo de residência, ela não pode acomodar muitas pessoas como uma casa das montanhas. Entretanto, tal casa-tenda é ainda suficientemente espaçosa para acomodar ao menos dez regimentos de soldados da Terra.

5 – A mobília é semelhante à que encontrais nas casas de árvore das montanhas. A acomodação para dormir consiste de um recosto de em forma piramidal, onde em frente há uma elevação arredondada que serve de mesa. E isto é tudo sobre a mobília de tal casa.

6 – E onde as pessoas das terras baixas guardam suas ferramentas, mantimentos, pertences, utensílios, roupas e provisões de comida? São guardados em paióis de estocagem, construídos da mesma forma, tanto nas terras baixas como nas montanhas.

7 – Os templos são construídos tal como nas montanhas, mas frequentemente são considerados menores e não são tão sublimes como os das montanhas. Nas terras baixas, nenhuma residência simples tem seu próprio templo; em vez disto, várias famílias têm um só templo.

8 – Isto é tudo com relação às construções e residências das terras baixas, exceto por alguns agradáveis jardins, os quais usualmente são propriedades de um patriarca privilegiado. Como tais jardins são adornados e arrumados foi mencionado na ocasião da descrição dos crustáceos chamados lesmas. Há também conchas de lesmas em alguns destes jardins que são preparados para a diversão das crianças, tal como aprendemos mais cedo.

9 – A qualificação do patriarca das terras baixas também deve ser questionada. Lembrai-vos do animal com rabo de serpente e olhos de fogo (Bauor) e imaginai que todo aquele que tem um casaco feito com a pele daquele animal pode assumir a posição de patriarca. Não é difícil entender que tal espécie de patriarca heroico das terras baixas não é o mais idoso nem o mais evoluído no caminho para o Grande Espírito, tal como o patriarca das montanhas. Sendo assim, é também compreensível que os espíritos angelicais não percam muito tempo com os patriarcas que usam tais casacos. A razão disto é que os povos das planícies são muito mais mundanos e materialistas do que os povos das montanhas sagradas. Apesar de serem irmãos e irmãs honestos e corretos uns com os outros, frequentemente gostam de conversar como eruditos e sábios e se considerar mais inteligentes e iluminados do que os povos das montanhas. Mas quando passam por uma experiência de tempos difíceis ou ruins, apesar de toda sua sabedoria, vão para os passeios nas montanhas...

E lá, então, já sabeis que são instruídos de forma diferente do que pensavam.

10 – Assim, encontrareis muito poucas das grandes revelações nas terras baixas. Apenas muito raramente e mesmo assim quando trazidas por aqueles que conservaram verdadeira e fielmente os ensinamentos recebidos nas escolas das montanhas.

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MAIS A RESPEITO DOS HABITANTES DAS TERRAS BAIXAS

NEGÓCIOS E RELAÇÕES COMERCIAIS

BANIMENTO DAS PESSOAS DESONESTAS

MODO DE VIDA, MATRIMÔNIO, PROCRIAÇÃO E FUNERAL

1 - Nas terras baixas, especialmente nas regiões dos lagos e dos grandes rios, as pessoas convivem com uma espécie de barganha. Eles usualmente negociam com toda sorte de mercadorias, com as quais as mulheres adornam-se da maneira já previamente descrita.

2 – Daí acontece que um negociante pode deliberadamente pensar em obter algum ganho ou vantagem sobre outra pessoa. Mas ele estará realmente com problemas, se alguém descobrir uma fraude sua. A mulher irá arranhar o mercador com todo tipo de objeto pontiagudo. Se for pego de novo, depois de receber este tipo de lição, então um navio será preparado para tal fraudador e família, e todos eles serão mandados embora para um lugar distante. Ele permanecerá lá por um tempo considerável, ou mesmo para sempre, dependendo da extensão de sua segunda fraude. Em saturno esta punição é conhecida como “purak,”, ou eterno banimento. Todo aquele que é banido somente por um tempo específico tem permissão para pegar uma porção de sementes da árvore frutífera (Chaiuba), assim ele poderá semear tal árvore em seu país de exílio e colher os respectivos frutos.

3 – Àqueles sentenciados ao exílio pelo resto da vida não é permitido levar sementes da planta Chaiuba. Então acontece que moradores das montanhas de algum outro país são informados por espíritos do penoso estado da pessoa exilada. Os moradores das montanhas não perdem muito tempo. Viajam até os exilados, lhes dão as boas-vindas e os conduzem pelas montanhas, onde normalmente fazem deles (exilados) seres humanos melhores.

4 – Sempre lhes são dadas acomodações nas montanhas, para que guardem seus pertences. Acontece que muitas vezes as pessoas dos baixios sentenciadas à vida no exílio devem viajar pelas montanhas e lá encontram abrigo, hospitalidade e amparo na verdadeira religião. Quando os anfitriões reconhecem seus convidados, geralmente acontece uma surpresa após outra. E os anfitriões não conseguem entender como seus convidados tiveram de suportar a longa vida de exílio e vieram parar naquele lugar nas montanhas.

5 – Nesta ocasião eles mostram aos seus incríveis convidados como o Grande Espírito é capaz de muitas coisas, das quais as pessoas que vivem nas regiões à beira dos lagos e dos oceanos sabem muito pouco. Quando os surpresos questionadores recebem as respostas às suas perguntam, eles apertam as mãos e lamentam amargamente quanto à insensatez que reina nas terras baixas, a respeito da qual os visitantes são seriamente admoestados para que, ao retornarem para casa, possam contribuir com o melhor de suas habilidades, a fim de eliminar muito ou a maioria de tais loucuras.

6 – E é por meio de tais medidas de aproximação que acontecem em muitos dos grandes países continentais que os povos das planícies estão agora no mesmo nível dos moradores das montanhas. Mas ainda há países onde ainda existe uma enorme diferença entre as pessoas das terras baixas e as das terras altas.

7 – No que diz respeito às maneiras, às habilidades e ao comércio, as terras baixas e as terras altas são comparativamente similares, exceto quanto a uns poucos luxos comerciais que não podem ser encontrados em nenhum local das terras altas ou das montanhas, onde qualquer coloração ou tingimento de uma costura é considerado pecado.

8 – A alimentação (com exceção do leite da grande vaca) é a mesma nas terras baixas e nas montanhas. Somente algumas famílias patriarcais apresentam grandes e belas rochas brancas dos lagos preparadas como agradáveis castelos (como mencionado em capítulo anterior).

Enquanto os das terras baixas se ocupam com tais agradáveis castelos, costumam saborear muitas iguarias um pouco mais artificialmente preparadas. Mas no devido tempo, eles sofrem por esta indiscrição. Como consequência de tal comportamento, muitos sábios doutores têm muito que fazer.

9 – Lembrai, vós tendes o mesmo problema na Terra! Se tivésseis uma vida muito simples e de acordo com a natureza e comeceis os frutos da Terra que Eu preparei nela, que com muito poucas exceções têm de ser levemente cozinhados ao fogo, então vossa linguagem teria quatro palavras a menos, dentre elas “doutor”, igualmente “medicina” e “farmácia”. Não saberíeis das três palavras acima mencionadas, por que a primeira delas, “doença”, simplesmente não existiria. Tendes muitos chefes de cozinha especializados, além de vários doutores, médicos e farmacêuticos, cada qual com suas culinárias específicas. E a partir de tais culinárias, vós obtendes todo tipo de “tarifas” medicinais, por meio das quais as doenças se transformam em hospedeiras nos corpos dos pacientes.

10 – Portanto há nas terras baixas de Saturno nada menos que as mesmas diferenciações que na Terra. Por isto as pessoas das terras baixas não vivem tanto quanto as das terras altas.

11 – No que diz respeito aos casamentos, nas terras baixas os patriarcas unem marido e mulher tal como nas montanhas, exceto que nos baixios usualmente há muito mais pompa externa.

12 – A procriação é a mesma das terras altas, mas acontece que o homem das terras baixas não possui fé e força de vontade suficientes, então ele promove uma viajem com sua esposa às montanhas, de modo a aumentar sua força de vontade e sua fé. Nada mais tenho a colocar a respeito.

13 – O funeral do ser humano das terras baixas é feito de duas diferentes formas. Para aqueles no mais alto nível espiritual, o enterro é tal qual o das terras baixas; entretanto, para algumas nações pagãs que consideram a luz dos anéis como uma espécie de divindade, o funeral é consideravelmente diferente. Eles colocam o falecido em navios e então navegam com os mesmos até o alto-mar, especialmente quando o oceano não dista muito de suas residências. Então, depois de velejarem o suficientemente longe, o cadáver é virado na água sem qualquer cerimônia; assim eles encontram um túmulo que avidamente come seus cadáveres. Uma vez que tal “enterro” ocorre, os assim chamados “coveiros” retornam à sua pátria e a cerimônia funeral se dá por concluída por inteiro.

14 – Isto se soma ao que vós já sabeis como informações ocasionais sobre os mais notáveis e destacados costumes e tradições dos povos dos vales e das planícies de Saturno. Nós agora devemos deixar os habitantes dos países de Saturno e viajar pela rota mais curta até as regiões nevadas e gélidas do planeta dos anéis. E isto conclui as informações de hoje.

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AS VASTAS REGIÕES POLARES DO SUL E DO NORTE

A ENORME FRIAGEM SERVE PARA TEMPERAR O IMPULSO DESTRUTIVO DOS ESPÍRITOS PRIMÁRIOS DAQUELE PLANETA

COMO SATURNO AFETA A TERRA

1 - Foi mencionado no início que este planeta tem realmente apenas dois climas, sendo que um deles é bem moderado, onde estão localizadas áreas habitáveis dos países e cuja extensão, no total, abrange mais do que um terço das regiões polares.

2 – Estas terras na zona moderada são rodeadas por oceanos contínuos tanto no norte como no sul, onde encontrareis somente terras lamacentas, mas que adentrando aos continentes nas partes ao norte ou ao sul, estarão permanentemente congeladas, em gelo. Isto não significa que um país dito do norte ou do sul está todo localizado nestas terras congeladas, mas sim que se situa no hemisfério norte ou no sul. Portanto as partes mais extremas dos hemisférios são cobertas por gelo permanente; isto é perfeitamente natural, pois em Saturno, tal como na Terra, as regiões polares transformam-se em permanente neve e gelo.

3 – Com o que tais regiões particulares de Saturno se parecem? Ainda que tenhais olhos e sentimentos voltados para a Natureza, nenhuma fantasia ou imaginação humana terá a menor ideia...

4 – O frio intenso destas regiões polares é tão intenso, que diante dele o frio das vossas regiões polares parece um forno bem aquecido. Não apenas a água lá se congela como diamante, mas, nas temperaturas mais baixas, até mesmo ao ar se congela em varas de gelo que se projetam por várias milhas. Devido à imensa pressão, o ar atmosférico muito frequentemente se inflama em tais regiões, e esta é a razão pela qual vastas áreas apresentam um forte brilho de muitas milhas, e este brilho aumenta e eventualmente resulta em severas explosões.

5 – Tais inflamações do ar resultam, como consequência da imensa friagem, em queda da eletricidade do ar; então a friagem aumenta ainda mais, e assim o processo continua sucessivamente por um período de quinze anos terrestres.

6 – Estas pavorosas regiões são habitadas? Com respeito ao aspecto natural, tais regiões não são habitadas por nenhum ser vivo, mas são habitações úteis à esfera espiritual, pois neve e gelo provêm aprisionamento de espíritos que necessitam ser acalmados. Sempre que a friagem está bem severa, então espíritos pacificadores estão muito ocupados. Por este meio, que se dá através da friagem natural, os pacificadores são capazes de rapidamente abater os espíritos de fogo e temperar suas forças destrutivas. Quando regiões da Terra se esfriam abruptamente, podeis sempre ter certeza de que espíritos destrutivos da Terra estão sendo acalmados e temperados por espíritos pacificadores.

7 – Os espíritos com tendências ao fogo e à destruição devem ser corrigidos pelas frequentes inflamações de ar das regiões polares. A maioria de tais espíritos quer se divertir, e geralmente eles são aprisionados pelos espíritos pacificadores. Ao caírem as mais baixas temperaturas, se dão os mais intensos aprisionamentos de demoníacos e alegres espíritos de fogo, os quais, depois de aprisionados por vários milhares de anos, finamente se submetem e abandonam suas paixões por fogo. Eles então surgem como nuvens cheias de eletricidade, e ventos gelados transformam sua eletricidade contida em granizo, o qual às vezes causa algum dano.

8 – Quem são estes espíritos polares do fogo em Saturno? Não são espíritos de seres humanos desencarnados; em vez disto, eles são ainda espíritos primários fora do processo normal através do qual todo corpo celestial é realmente formado, mas que eventualmente passarão por uma existência livre na forma humana, de acordo com a bem calculada ordem do Grande Espírito.

9 - Também pode acontecer que uma pessoa desencarnando com muita sede de vingança formada durante sua vida natural seja levada de volta ao estado polar natural. Isto ocorre muito raramente em Saturno, mas com bastante frequência na Terra.

10 – A diferença entre estes dois espíritos é a seguinte: os espíritos dos seres humanos desencarnados que são aprisionados desta maneira nunca retornarão ao físico natural, enquanto que este é sempre o caso dos espíritos primários, pois eles têm que se vestir completamente com as formas humanas naturais, antes de serem considerados aptos a passar para uma vida livre, independente e, por conseguinte, absoluta.

11 – Os espíritos primários de Saturno são de natureza altamente destrutiva. Por isto muitos profetas anciãos da Terra mencionam que este planeta comeria suas próprias crianças. Portanto tais espíritos primários, quando ainda neste estágio de espírito primário, são completa e apropriadamente preparados pelos espíritos pacificadores antes de poderem ingressar em uma vida livre e absoluta. Se assim não fosse feito, nenhum sol e nenhum planeta no universo estariam seguros do seu poder destrutivo.

12 – Esta é a razão pela qual Saturno está tão longe do Sol, pois assim os raios do Sol não são capazes de um calor efetivo tal como em Júpiter, Terra, Vênus e especialmente Mercúrio, cuja maioria dos habitantes vive na maioria nas regiões polares e ainda assim enfrenta um severo calor. Entretanto em Saturno, como sabeis, o clima é moderado nas áreas habitáveis e mesmo quando recebe um calor excessivo, a sombra dos anéis previne um superaquecimento.

13 – Embora os habitantes de Saturno nunca entrem nestas regiões polares − pois seu maior medo é a neve e o gelo (este medo se origina de suas existências primárias originais) − eles sabem exatamente como elas se apresentam, especialmente os habitantes iluminados das montanhas. Porém os iluminados não têm grande interesse em visualizar e descrever muito tais regiões. Eles têm o maior interesse em conceber, visualizar e descrever os anéis.

14 – Por que isto? Será esclarecido no próximo capítulo, quando os anéis forem discutidos. Com relação às regiões polares, não há nada mais de importante que deva ser mencionado no momento, exceto que os anos da Terra nos quais ela se aproxima de Saturno são geralmente anos ruins e infrutíferos. A razão disto é a excessiva friagem polar daquele corpo celeste. O efeito daquele corpo celeste frequente alcança, de um ponto de vista metafísico, várias centenas de milhões de milhas, similar ao de uma cauda invisível de cometa.

15 – No vasto sistema solar há um sem número de cometas negativos, os quais consomem tão completamente os raios de sol que caem neles e a um nível tamanho, que nem mesmo o menor átomo é refletido por eles. Os cometas tornam-se visíveis quando se saturam e começam a viajar ordenadamente em uma rota. Os cometas frequentemente são convidados dos planetas e se fazem conhecer em determinadas épocas, por curtos períodos, em forma de estrelas arremessadas. Entretanto, quanto aos cometas negativos, aprenderemos mais a respeito deles quando examinarmos o Sol. Nós somente mencionamos este assunto para que vós pudésseis captar da explanação em curso o quão longe alcança e o quanto é efetiva a friagem de Saturno às vezes.

16 – Isto conclui a real informação sobre este planeta. No próximo capítulo deveremos tratar com o anel de Saturno.

49

OS ANÉIS DE SATURNO COMO UM PLANETA CARACTERÍSTICO

O EIXO DE ROTAÇÃO E SUA FINALIDADE

1 – Com respeito à forma posição e localização dos anéis de Saturno, tudo já foi devidamente mencionado no início. O que falta é serem discutidas a utilidade e a natureza.

2 – Os anéis formam um corpo celestial completamente separado, compacto e sólido. Sua superfície supera a área do planeta em muitas vezes. Uma vez que sua superfície é tão grande, então seu volume físico é muitas vezes superior ao do planeta em si.

3 - E o corpo de anéis é completamente liso ou montanhoso? Há água nele? E ele é rodeado por atmosfera?

4 – O corpo de anéis tem todos os componentes do planeta; a saber, montanhas extremamente altas, lagos, rios, e em toda parte é rodeado por atmosfera. Entretanto, a água e o ar são mais rarefeitos e etéreos do que os do real planeta.

5 – Os anéis também têm rotações em torno de um eixo comum com o planeta, mas tais rotações, no que diz respeito às velocidades, são diferentes entre si. Isto deve ser entendido do seguinte modo: enquanto o planeta gira em torno de seu eixo duas vezes, o anel interno − que na realidade consiste de dois anéis conectados um ao outro por muitas esferas elípticas − gira apenas uma vez em torno do mesmo eixo. Já o anel mediano tem uma rotação algo menor. E o anel mais externo e maior requer quase sete dias saturnianos para uma só rotação.

6 – Podeis perguntar: “Por que tais anéis giram em diferentes velocidades? Por que não rodam na mesma velocidade, e por que não na velocidade do planeta?” Aqui deveis considerar o diâmetro de cada anel e o quão um é maior que outro; sabendo disto, deve estar claro para vós por que cada anel deve girar em uma velocidade diferente.

7 – Por exemplo, se no anel interno em seu diâmetro maior fosse girar na mesma velocidade tangencial do planeta em si, então, levando-se em conta a força centrípeta e seu ponto central de aplicação, tal velocidade estaria obviamente retardando a parte externa do anel. Se o segundo anel, em seu movimento rotatório, estivesse na mesma velocidade tangencial do primeiro ou do planeta em si, então o segundo anel seria submetido ao mesmo destino, e assim sucessivamente até o anel mais externo. O movimento é exatamente calculado, de modo que nenhum anel perderá velocidade e se precipitará no planeta, e isto é controlado pela força centrípeta. Igualmente o movimento de cada anel está sob um controle que não permite que nenhuma parte seja catapultada para fora. Isto é fundamentado no apropriado controle do movimento, onde a força centrípeta permanece constantemente na taxa adequada à força gravitacional específica de cada anel.

8 – Este é o controle − mantido bem regulado e na potência adequada − da natureza de um anel. Agora devemos tratar da segunda questão:

9 – Qual o propósito dos anéis com relação ao planeta? É na realidade − como alguns cientistas afirmam − apenas um capricho do Criador, ou, segundo o mesmo enfoque, meramente uma grandiosa ideia da Natureza? Alguns afirmam ainda que o Criador, quando criou o planeta, ficou seriamente sem inspiração e deixou inacabado algo que havia tido um início magnífico, ficando para mais tarde a complementação do planeta inteiro.

10 – A explanação que se segue mostrará se é real um ou outro cenário acima mencionado. No último capítulo vós aprendestes as características dos espíritos primários deste planeta. Se os anéis não causassem uma permanente sobra que moderasse o calor alternadamente, ás vezes mais ao norte e outras mais ao sul, onde às vezes também se faz necessário desenvolver uma zona tropical, então todo o sistema solar experimentaria a força, o poder e o potencial dos espíritos primários deste planeta, pois eventualmente tal poder se estenderia além da crosta do globo.

11 – Por meio dos anéis são constantemente estabelecidos climas ou zonas moderadas adequadas às condições de habitação dos países do planeta. Como resultado, os espíritos primários não se inflamam e não adquirem capacidade de devastar corpos celestes no espaço.

12 – Por isto podeis considerar como incontestável o fato do habitante de Saturno procurar manter a todo tempo as condições de maior respeito e obediência consciente em torno Grande Espírito. Por isto pouco é palestrado sobre o amor, quando muito eles reconhecem o amor, mas são orientados a ter o maior respeito temeroso pelo amor.

13 – Por esta razão, o amor entre marido e mulher e a procriação de crianças são estruturados de tal forma a não despertar muita emoção no ser humano. Tudo é guiado e conduzido com a máxima humildade possível, a qual fostes habilitados a observar quando foi discutida a descrição dos saturnianos.

50

MAIS A RESPEITO DAS VÁRIAS FINALIDADES DOS ANÉIS DE SATURNO

EXEMPLO DO VIDRO SOPRADO E DOS FORNOS DE RESFRIAMENTO

A DELICADEZA DA COMPOSIÇÃO MATERIAL DOS HABITANTES DOS ANÉIS

SEU MODO DE VIDA E SUAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO COM OS HABITANTES DO PLANETA
AUSÊNCIA DE MUNDO ANIMAL E DE SEMENTES DE ÁRVORES FRUTÍFERAS

1 - Vós podeis ver como tudo é especialmente designado e calculado com relação aos anéis, que são posicionados diretamente sobre o equador de Saturno! Além do mais, vós aprendestes que em Saturno a criação inteira, começando pelo reino vegetal até o ser humano, manifesta-se em corpos gigantescos.

2 – A questão que se apresenta: Isto é verdade? E sendo verdade, então por que tais corpos gigantes? Se para o mais alto de todos os espíritos o corpo do Cristo enquanto na Terra foi receptáculo suficiente e de acordo com Sua Ordem, então por que estes espíritos humanos saturnianos têm corpos gigantes?

3 – A razão disto é que eles experimentam pouca matéria interna e pouca pressão física. A pressão resultante poderia inflamá-los, se manifestada de fora para dentro, então a pressão resultante é originada de dentro para fora. Por tal razão, eles têm corpos extremamente delicados, de modo que os facilmente excitáveis espíritos não encontram nada que possa pressioná-los sobre sua natureza, o que facilmente os levaria a uma completa inflamação.

4 – Agora imagineis se estes grandes e já pesados corpos – sob a enorme força de atração gravitacional resultante do imenso volume do planeta – fossem muito mais pesados ainda, proporcionalmente similares aos corpos de vossa pequena Terra... Haveria algum ganho àquela espécie de espírito de Saturno, se para o mais cuidadoso empreendimento ela estivesse encerrada em um corpo com tamanho peso?

5 – Também por isto Minha ciência, em um nível algo mais alto que a dos vossos cientistas, inventou estes anéis, através dos quais a força gravitacional do planeta é consideravelmente reduzida, pois estes corpos gigantes e proporcionais ao seu planeta são quase mil vezes mais leves que vossos corpos em proporção à vossa Terra muito menor.

6 – Este é mais um extraordinário e muito importante propósito destes anéis, o qual não foi mencionado antes. Mesmo aparentando-se pequeno ao telescópio, os anéis são da maior importância – pois não são apenas anéis ao redor do planeta, mas sim uma forte faixa que encerra todo o universo.

7 – Agora a questão que se levanta: Este é o propósito final dos anéis? Oh não! Ainda devemos aprender sobre outra finalidade, da maior importância para cada um de nós. Mas antes de nos determos e examinarmos o propósito principal, devemos formular a pergunta: O conjunto de anéis é habitado?

8 – Por isto Eu digo aqui: Se há ainda um principal propósito maior nele, então ele deve ser habitado. Mas por quem e como, esta é outra questão.

9 – Mas antes de responder esta questão, como exemplo, Eu gostaria de direcionar vossa atenção para uma atividade comercial que praticais na Terra, que é a manufatura do vidro.

10 – Uma vez que tenhais extraído os ingredientes necessários à manufatura do vidro e misturando-os aos necessários sais, então tais ingredientes serão colocados em um pote de fundição e, com a aplicação apropriada de muito calor, estes ingredientes se liquefazem. Observai esta massa quente e esbranquiçada de vidro fundido! Esta é a condição do ser humano saturniano em seu corpo neste planeta.

11 – E o que acontece quando alcança a liquidez adequada? Provavelmente toda sorte de diferentes vasos, jarras, recipientes, enfeites e demais peças feitas a partir de tal substância, da forma já bem conhecida por vós; a saber, por meio do ar que enche os pulmões do artesão soprador de vidro, empregando sua pipeta de sopro. Aqui temos os saturnianos como um delicado, translúcido e espiritual corpo humano que, através do renascimento, abandona seu corpo físico. Por meio disto, o espírito já assume uma forma consistente.

12 – Quando a peça de vidro é produzida desta maneira, então a pipeta de sopro é removida e a peça é colocada em outro pote, introduzido em um forno de resfriamento. Agora chegamos em nosso conjunto de anéis, porque quando o ser humano morre em Saturno, ele é, por assim dizer, removido da pipeta de sopro do Grande Artesão do Vidro e colocado em outro pote destinado ao forno de resfriamento. Este forno de resfriamento é o conjunto de anéis!

13 – O primeiro anel é para resfriar o maior calor. O segundo anel faz um resfriamento secundário. O último anel promove maleabilidade através do resfriamento, e somente após o espírito humano é liberado, estando apto a aceitar o amor.

14 – Eu sou de opinião que, levando-se em conta esse exemplo, qualquer outra explicação se faz desnecessária, pois a atual explanação está bem clara. Entretanto, não significa que não cabe ainda a seguinte questão: Qual a finalidade de ser dado àqueles espíritos um local material para ficar?

15 – A resposta a tal questão é muito fácil, porque o espírito do ser humano saturniano, quando deixa seu primeiro corpo, não é imediatamente um espírito puro, como podeis constatar devido ao fácil ressurgimento após a morte e à rápida decomposição de seu corpo. Quando o espírito entra no grande anel, ele ainda tem uma espécie de corpo material, o qual, é claro, é muito mais leve, mais delicado e mais puro do que o anterior que ele tinha enquanto no planeta em si. E tal corpo torna-se continuamente mais puro e mais espiritual, conforme o ser humano saturniano passa para esferas mais altas do anel.

16 – Os habitantes comem, bebem e vivem nos anéis justamente como faziam no planeta em si, com uma única diferença: todos os produtos são proporcionalmente mais delicados, mais sutis, conforme os seres humanos que os consomem.

17 – A diferença entre o conjunto dos anéis e o planeta é que no primeiro não há animais; entretanto, há árvores frutíferas, mas nenhuma delas tem semente para propagação, pois crescem do solo como cogumelos da Terra.

18 – Que os habitantes dos anéis podem proceder dos mesmos para o planeta em si por um curto período de tempo (através da vontade interna dos habitantes do planeta), podeis vos certificar a partir das aparições dos espíritos humanos dos anéis ao redor dos habitantes do planeta em si.

19 – Mas uma vez que as residências e as condições de moradia dos espíritos humanos dos anéis são incomparavelmente mais magníficas, sublimes e confortáveis, os espíritos dos anéis não são inclinados a permanecer no planeta mais tempo do que a vontade do Grande Espírito julgar necessário. Por isto eles sempre se mostram agradecidos quando têm permissão para retornar aos anéis.

20 – Agora sabeis tudo o que é necessário e digno de nota sobre os anéis de Saturno. No próximo capítulo, deveremos tratar das luas daquele corpo celestial e concluir a comunicação sobre o mesmo.

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AS LUAS DE SATURNO SEM QUALQUER EIXO DE ROTAÇÃO

A VIDA NATURAL EXISTE SOMENTE NO LADO OPOSTO DA LUA

AS LUAS – ESCOLAS DE RECUPERAÇÃO DE SATURNO

A VIDA PURAMENTE ESPIRITUAL

PALAVRAS FINAIS

1 – Com relação às luas, nós temos o mesmo relacionamento com planeta como acontece entre vossa Terra e vossa Lua. Apenas que lá existe uma graduação entre as luas, o que obviamente não acontece na Terra, por ela só ter uma lua.

2 – Com relação ao movimento, sempre giram com a mesma meia-face voltada para o planeta.

3 – Por tal razão, a “habitabilidade” das luas tem duas características; a saber, a espiritual e a natural. Sendo assim, o lado de cada lua oposto ao planeta é habitado por seres humanos e animais, e tem vegetação, água e tudo o que é necessário para suportar a vida.

4 – Os seres humanos que vivem naturalmente nas costas de cada lua são consideravelmente menores do que os humanos do planeta em si, e são tanto menores quanto menor é a lua. Alguns nem mesmo atingem o tamanho dos terráqueos e outros, em luas maiores, são mais altos que os terráqueos.

5 – O ser humano natural das luas está em constante contato com os seres do planeta. Os seres humanos saturnianos que não se prepararam durante toda sua vida natural para alcançar um dos anéis deve primeiro fortificar sua vivência espiritual em uma ou mais luas, de acordo com seu nível de desenvolvimento, antes que possa ser aceito no anel mais baixo.

6 – O que estes seres humanos fazem nas luas? E que espécies de espíritos saturnianos vêm às luas? Os espíritos que vêm para as luas são os egoístas e os ateus, aqueles que adoravam e reverenciavam os anéis como uma divindade, enquanto viviam em Saturno. Em qualquer lua, primeiro se apresentam com seus corpos naturais e, através destes, veem o que é natural e vivem lá como seres humanos naturais, mas não podem ver os anéis que formalmente idolatravam.

7 – Quando, através disto, eles desmistificam os anéis e percebem que também perderam seu planeta, então são mudados para o lado da lua com a face voltada para o planeta, de onde podem ver o próprio planeta, os anéis e quase todos os corpos concretos. Por este meio, começam gradualmente a ter suas mentes clareadas, enquanto são instruídos (por outros espíritos mais elevados que vão até eles) que o conjunto de anéis não é uma espécie de divindade, nem a residência de uma divindade, nem um caminho pelo qual o Grande Espírito caminha em direção aos céus. E eles podem ver com seus próprios olhos que é apenas um corpo celestial de material sólido, posicionado ao redor do planeta. Então constatam que este conjunto de anéis foi criado pelo Grande Espírito a fim de que os espíritos dos seres humanos desencarnados no planeta sejam ali preparados para uma vida espiritual mais elevada, vida esta que eles − habitantes da lua − sequer fazem ideia.

8 – Quando estes espíritos são orientados disto, através dos ensinamentos bem como através de suas próprias intuições, eles rapidamente abandonam suas falsas crenças e passam a formular várias perguntas como, por exemplo, o local da casa o Grande Espírito. Então os anéis são apontados como o lugar onde terão tais informações. São orientados que antes devem passar por aquele estágio na lua e se aproximar de um estado de maior pureza espiritual. Depois disto, eles experimentam uma ânsia pela vida nos anéis, mas anseiam ainda mais por atingir um estado de maior pureza espiritual. Quando tal acontece, eles são imediatamente transferidos para o primeiro anel.

9 – Agora sabeis as respostas para as questões anteriores, mas, em tempo, outra se apresenta: Porque é preciso sete luas para este propósito? Não poderia ser apenas uma lua a cumprir esta simples tarefa?

10 - Isto seria verdade se fossem espíritos de uma natureza diferente; então uma lua seria suficiente. Entretanto, os espíritos saturnianos se assentam na perna, abaixo dos joelhos do Grande Homem da Criação, ou Grande Homem Cósmico (39), e esta é uma razão mais do que suficiente. Pois nas pernas é onde se externam os fundamentos da vida, e nelas se encaixam as juntas (ou articulações). Se, por exemplo, o corpo recebe uma agressão no braço, na pele, ou em qualquer outro canto, poderá ainda se levantar e se mover pelas imediações para pedir socorro. Se, entretanto, uma das pernas, especialmente uma das juntas, recebe um severo ataque, então corpo inteiro é inabilitado, e a pessoa provavelmente irá ao chão, incapacitada de se locomover e, portanto, incapaz de procurar ajuda. Por isto as pernas do ser humano são construídas mais fortes do que qualquer outra parte do corpo.

11 – Os habitantes de Saturno representam a mais importante parte da perna, sob o joelho, do Grande Homem na Criação (também chamado Grande Homem Cósmico), e vós já deveis ter ouvido falar deste grande ser em outras ocasiões. Por esta razão, muita atenção deve-se ter com os espíritos dos seres humanos de Saturno, e tal se aplica a cada espírito simples saturniano no qual um dos sete espíritos primários (40) está em posição mais ameaçadora (o espírito simples é constituído a partir dos espíritos primários). E esta é a finalidade da existência de sete luas, pois em cada uma das luas um dos setes espíritos primários específicos pode ser adequadamente acalmado e trazido para a ordem apropriada, mantidos na ordem os seis demais espíritos primários. Com esta explanação, estais aptos a perceber por que a este planeta foram destinadas sete luas.

12 – Agora sabeis tudo o que há para saber com relação e estas luas. Suas distâncias para o planeta e seus tamanhos foram mencionados no início deste livro. Sendo assim, isto conclui a descrição das luas.

13 – Uma vez que aprendemos sobre o planeta, os anéis, bem como suas luas, devemos agora concluir este trabalho.

14 – Alguns de vós deve ainda perguntar: Que benefício ou finalidade traz toda essa mensagem? E Eu responderei o seguinte:

15 – Primeiro, cada um de vós que lê essa mensagem deve tomá-la como um sério exemplo e uma permanente lembrança do quão diferente é o respeito dos habitantes de Saturno por Minha Vontade em relação a vós, habitantes da Terra.

16 – Segundo, deveis perceber através de toda essa mensagem como Meu Amor, Minha Sabedoria, Meu Poder e Minha fraternal solicitude alcançam consideravelmente mais do que o tolo e arrogante senso humano pode conceber.

17 – Terceiro, essa mensagem deve guiar as pessoas da Terra à mais profunda humildade, através da qual o ser humano deve ver quem ele é e Quem Eu sou, vosso Deus, Criador e Pai.

18 – Ele deve olhar em seu coração e contemplar a bênção e a compaixão com que foi agraciado, pois Eu, o único Senhor e Criador de toda estas miraculosas obras, achei por bem escolher a Terra, este pequeno e pecaminoso planeta, como lar de Meu infinito Amor, Compaixão e Misericórdia e, consequentemente, de toda a extensão de Meu Divino Ser.

19 – Por tal razão, vos permitirei inspecionar o Sol (41), bem como outros planetas. Não serão descritos em muitos detalhes, serei breve, mas será o suficiente.

20 – E com esta promessa, Eu concluo esta comunicação. Minha Bênção, Meu Amor, Minha Misericórdia e Minha compaixão estejam com esta promessa!

Amém!

(39) O Grande Homem Cósmico (ou Grande Homem da Criação) constitui a grande transformação sofrida pelo espírito primário de Lúcifer. Para maiores detalhes, ver “Roberto Blum – nas Portas do Céu”, e “Os Princípios Fundamentais da Vida”, por Jakob Lorber – A editora.

(40) Os sete espíritos primários de Deus são:

1 – Amor;

2 – Sabedoria;

3 – A efetiva Vontade de Deus;

4 – A Ordem;

5 – A divina Seriedade (Rigor);

6 – Paciência, e;

7 – Misericórdia (Humildade).

Cada um destes sete espíritos se originou de UM mesmo espírito principal. Para maiores informações, reportar-se a “Grande Evangelho de João” e “Fundamentais Princípios da Vida”, por Jakob Lorber - A editora.

(41) “O Sol Natural”, por Jakob Lorber – A editora.

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