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SUPLEMENTOS
O livrete SUPLEMENTOS é um adendo do Grande Evangelho de João e consta no décimo primeiro Tomo da versão original em alemão. Na versão em português do Grande Evangelho, com dez Tomos, ele não foi publicado.
Mais alguma coisa sobre a Ressurreição
Recebido por Jacob Lorber, em 16 de dezembro de 1840
Dúvida:
Em João 20 – 17 está escrito: “ Jesus fala com ela (Madalena): - Não Me toques, pois ainda não ascendi para junto de Meu Pai! Vai para junto de Meus irmãos e dize-lhes que Eu vou ascender para junto de Meu Pai, Meu Deus, vosso Deus.” João 20 – 27, porém, diz: “Logo a seguir Ele fala com Tomás: - Dá-me teu dedo e olha Minhas Mãos; estende tuas mãos e encosta-as no lado de Meu Corpo. Não sejas descrente, porém tem fé.”
Lorber: Não exista nenhuma outra vontade, em nenhum lugar do Universo, que não seja a Tua, e tudo que acontecer nas alturas ou nas profundezas aconteça conforme Tua Vontade. Amém.
Resposta do Senhor:
Que assim seja, e agora escreve! È incrível como não vos dais conta que quanto mais perto de vós algo é apresentado, tanto menos vós o entendeis. Vede, estes dois trechos vos são tão próximos quão possível, mas em vez de procurardes no “próximo”, vós procurais a resposta bem longe de vós, tão longe em espaço, como no tempo. É claro que nunca encontrareis nada lá , pois lá não há nada a procurar.
Quem vai querer procurar Sua casa na água e Sua residência no fogo, sem dar-se conta que com isto está fazendo uma procura tola e sem sentido? Não se dá conta que Ele realmente se encontra em seu lar , enquanto O procura totalmente cego , num lugar onde Ele não está, nem poderia estar...
Em que igreja estais!? E quem era Madalena?
Qual igreja corresponde a Meus irmãos? E quem sou Eu?
Vede, estas duas perguntas contêm todo o segredo. Por acaso pensais que a anterior bailarina e prostituta que se apresentava e se entregava aos poderosos e pagãos, aquela que estava possuída por sete diabos desde a idade de doze anos, a que foi a pouco por Mim liberta destes possessores, a que fez muitas ações de caridade e penitência, achais que ela estava apta a Me tocar, a tocar em Minha Santidade? Ela, cujos cabelos e lágrimas ainda não purificados de toda prostituição mundana nem podiam ter tocado Meus Pés ainda não perfurados pelos pregos da cruz (pois se esta prostituta Me tocasse, teria retirado de Mim – Meus Pés – a sua parte de culpa e vertido a mesma sobre sua própria cabeça, o que significaria sua destruição e morte)?
Observai vossa igreja e vereis justificado o Meu “Não Me toques!”. Mas Eu também vos digo o mesmo que disse à Madalena: “Vai e dize a Meus irmãos que Eu já várias vezes ressuscitei entre teus filhos e agora venho junto aos mesmos, para que possam Me ver, possam depositar seu amor no lado de Meu Corpo traspassado por Amor e descubram ali, tal como Tomás, a pequena portinhola e o estreito caminho que leva à Vida Eterna e, por esta, ao Pai, que é Meu Pai e por Mim tornou-se vosso Pai, o qual é Meu Deus e por Mim tornou-se vosso Deus. Por isso todos vós deveis colocar vossas mãos em Minhas Chagas, a fim de que creias que Eu sou a Vida Eterna pelo Meu Poder, tal como Eu sou a Ressurreição, e que Eu não obtive Vida pelo Pai, pois Eu sou a Vida no Pai; assim como o Pai não existe fora de Mim, mas sim é Deus na Eternidade em Mim, tal como todo o Santíssimo Espírito em todo o seu poder e força emana de Mim, como emana do Pai, feito um espírito único e igual.
Vede, após a Ressurreição Eu Me tornei tudo aquilo que sou agora e serei por toda a eternidade. Então se uma prostituta arrependida tivesse Me tocado, teria sido destruída, pois de longe ainda não estava purificada pela penitência. Tocar-Me só é permitido àqueles que permitiram que Eu limpasse seus pés e que tenham compartilhado Comigo a Santa Ceia. Então eu vos digo: Permiti que eu lave vossos pés e que vos possa trazer para receberdes o lugar à minha mesa do Verdadeiro Amor. E não vos preocupeis com Madalena, mas sim crede que Eu sou quem vem silenciosamente em vosso meio. Colocai vosso coração na chaga de Meu Corpo, para que lá seja fortificado para a Vida Eterna; pois a vós Eu não digo “Noli me tangere!”, mas sim o que Eu disse para Tomás, a fim de que desejais, como ele, tornar-vos vivos. Mas lembrai-vos: só Eu, e não Madalena, possuo a Vida. Então não basta receberdes a notícia por Madalena, mas somente quando eu chegar por completo em vossos corações, se realizará em vós a profecia que Eu ressuscitei para junto de Meu Pai e de vosso Pai, para junto de Meu Deus e de vosso Deus, vós em Mim e Comigo. Amém.
Isto Eu vos digo; Eu, a Ressurreição e a Vida Eterna. Amém, amém, amém.
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de dezembro de 1840
Dúvida:
· Em Mateus 28 – 1, temos: “Após o sábado, quando amanhecia o primeiro dia após o sábado, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo”.; e no versículo 9: “Jesus apresentou-se diante dela e disse: “- Salve!” Elas se aproximaram Dele, prostraram-se diante Dele, beijaram Seus Pés e O adoraram.” ( In Biblia Sacra vulgata etitiones “Illae autem accesserunt et tenuerunt pedes ejus, et adoravant eum” )
· Segundo o evangelho de João 20 – 17, Madalena quis Te tocar, Senhor, e Tu lhe dizeste: “Não Me toques!”. Já segundo o evangelho de Mateus 28 – 9, Maria e as outras abraçaram Teus Pés. No que nos explicaste ontem, disseste: “Deveria uma prostituta arrependida ser destruída tão logo Me tocasse.”...
Lorber: Ó Senhor, envia Tua Luz misericordiosamente, para aclarar nossas trevas. Não exista nenhuma vontade, nem nas alturas, nem nas profundezas, a não ser a Tua Vontade. Que nada aconteça, a não ser o que estiver de acordo com Tua Vontade. Amém. Para que Teu Nome seja eternamente louvado, adorado e santificado. Amém, amém, amém.
Resposta do Senhor:
Escreve. Sem dúvida o homem é cego, surdo e mudo, para não entender o que acima significa, ou então ele é igual à figueira que apesar dos cuidados que recebe do jardineiro, não dá frutos. Os servos então vão ao dono da terra e pedem autorização para cortar a árvore, pois estava ocupando um lugar valioso no pomar de terras tão difíceis. O dono, porém, disse que por mais um ano a adubassem, regassem e cuidassem bem; só então se assim mesmo não dessem frutas, que a cortassem e usassem como lenha para o fogo.
Vê, Meu filho (Lorber), tu Me perguntas estas coisas, para solucionar tuas próprias contradições, mas Eu te digo que isto é bastante difícil. Servir dois amos, ao amigo e o inimigo, é impossível. Se tu te importas Comigo, por que deverias te importar com o mundo? Mas se tu te preocupas em dar ao mundo um caminho suave, onde obteremos o fruto espiritual? Vê, Minha Vontade é muito mais elevada que a vontade do mundo. Mas se tu quiseres ambas as vontades para ti, isto é impossível, pois felicidade mundana é contrária à Minha Misericórdia; mas Eu te afirmo que tal felicidade acontecerá como conseqüência e no tempo certo, porém todos os caminhos, teus e de teus filhos, devem se orientar primeiro por Minha Misericórdia. Então eu não Me preocuparia em arrumar todo o resto. Mas já que tu gostas de carregar alguns problemas mundanos tão inúteis e desnecessários, então carrega-os ao teu bel-prazer, mas cuidado que um só não se torne um exército.
O amor dos pais por seus filhos é sempre cego, eles não conseguem ver a semente, mas somente árvore, e não se dão conta que tudo está contido na pequena semente. Mas a boa semente só produz milhares de bons frutos, se crescer em Meu pomar; no pomar do mundo ela morre imediatamente. Mas se a semente do mundo cresce bem neste pomar, produzindo ervas daninhas, então pergunta a ti mesmo: Para quê?... Estejas certo que não será para Meu reino, nem para Meu celeiro.
Vê, tudo isto Eu te digo porque tens dúvidas e contradições em ti mesmo; Eu te digo, para que as dúvidas sobre o evangelho sejam esclarecidas em teu coração. Mas presta atenção, já que agora sabes quem é Aquele que conhece todos os segredos, especialmente quando o mundo e seus asseclas quiserem te levar a caminhos errados, pois só Eu conheço o caminho certo. Então volta-te para mim e confia. Tens que te preocupar com os teus, o resto deixa para Mim.
Para livrar Mateus de toda a culpa, entendei que quando Eu disse à Madalena: “ – Não Me toques! Mas sim ajoelha-te perante Mim, abraça os Meus Pés e adora-Me em Espírito e Verdade; então vai para junto de Meus irmãos e dize-lhes que Eu ressuscitei.”, isto vós também deveis fazer. Não penseis em procurar as respostas na Sabedoria, mas sim no verdadeiro e puro Amor, que é representado por Meus Pés. Por isto não vos será permitido conhecer Minha Sabedoria, sem que antes tenhais abraçado e adorado os Meus Pés no mais puro e sincero amor.
Mas vós perguntais: “- Senhor, como é que Tomás pôde Te tocar?”
- Ele primeiro teve que voltar seus olhos para as chagas nos Meus Pés, antes que Eu o chamasse para colocar sus mãos na grande chaga em Meu Peito.
Mas ainda tens dúvidas (Lorber) e Eu vou te explicar o motivo pelo qual Eu disse à Madalena: “- Não Me toques!”, mas logo a seguir lhe permiti, e às outras também, que abraçasse Meus Pés (esta adoração todos vós deveis fazer em vossos corações, pois assim encontrareis a vida eterna).
Vê, Madalena estava apaixonada por Mim. Tinha até ciúmes e Me considerava seu único amante. Achava que Eu era um importante profeta, mas Minha divindade lhe era desconhecida. De acordo com seu coração apaixonado, ninguém perdeu tanto com Meu sofrimento e Minha morte como ela, pois ela não só perdeu o seu Salvador, Senhor e Mestre, como também seu amado; por isto seu desespero. Foi este o motivo por que ela foi a primeira a perguntar por Mim na presença dos outros. Eles também o fizeram, mas sim em tristeza e luto, enquanto ela o fez por um apaixonado amor. Mas quando ela Me viu à sua frente, Eu, seu amado perdido, então ela libertou seu coração de todas as amarras, gritou e quis se jogar em Meus braços com seu coração apaixonado. Vê bem quem Eu sou, e então o “Noli Me tangere!” falado ontem estará bem esclarecido. Mas também deves considerar o seu grande amor por Mim, então te estará esclarecido o seu abraço a Meus Pés. Considera também que Meu querido João escrevia inspirado em Meu espírito e que Mateus escrevia de Meus Pés (Amor). Assim tudo te terá um aspecto bem mais claro. Mais claro também será a posterior penitência de Madalena, após Minha ascensão, pois ali ela reconheceu quem de fato era seu suposto amante. Só então ela começou a Me amar no espírito da Humildade e em toda Verdade.
Mas Eu te digo (Lorber) que somente quem Me ama com tanta intensidade quanto Madalena estará apto a Me encontrar e seguir Minhas pegadas, que levam ao Meu reino e à vida eterna, pois Meu reino é da maior e mais santificada pureza, e nada de impuro poderá nele entrar.
Pensa (Lorber) no que foi dito, trata de resolver tuas dúvidas e contradições, aceita que não é possível servir a dois amos, então Eu afastarei de ti o machado que te derrubaria para a destruição e Eu te podarei e adubarei, como no caso da figueira. Não esqueças jamais no futuro de decidir se queres que Eu, teu Deus e Pai, seja teu orientador, ou o mundo. Preocupa-te em viver segundo Minha Ordem e deixa o resto par Mim. Vê: hoje Eu falo, amanhã Eu atuo e depois de amanhã Eu quero vir. Quem não estiver Me esperando, por esta casa Eu passarei sem entrar. Amém, amém, amém.
Isto vos fala o Senhor, que sempre deixa que abracem Seus Pés. Amém, amém, amém.
Recebido por Jacob Lorber, em 3 de Dezembro de 1841
Mateus 10-41 - “Aquele que recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá uma recompensa de profeta. Aquele que recebe um justo na qualidade de justo, receberá uma recompensa de justo”.
Para entendermos o que isto quer dizer no espírito da verdade, devemos entender o que é de fato um profeta. No sentido amplo cada pessoa é um profeta, no momento em que ele diz a seu irmão ou irmã: “... em nome do Amor Dele e na santificação do Nome Dele – Jesus, o crucificado”. Pois está escrito: “Todo aquele que oferecer em Meu Nome um gole de água a um necessitado, este será recompensado”. Neste sentido qualquer pessoa pode ser um profeta, e quem o acolher em Meu Nome, tanto espiritual como materialmente, este deverá receber uma compensação espiritual ou material.
Mas aquele que o acolher espiritual e materialmente, este sim receberá uma recompensa espiritual e material, junto com o profeta que doa bênçãos e bens em Meu Nome.
Mas aquele que for rude contra Meu profeta ( na atualidade é a Nova Revelação que dou a este Meu servo) e que possui um espírito de metal (só pensa em dinheiro), este receberá a recompensa condizente.
Mas aquele que acolher um profeta para conseguir vantagens, este já retirou sua recompensa do próprio profeta e não receberá mais nada. Num sentido mais restrito só é profeta, não aquele que fala por si mesmo, mas sim aquele que falar em Meu Nome e somente disser Minha Vontade. Aquele que renegar este profeta em qualquer assunto, este não renega somente o profeta, mas sim Me renega, pois onde estiver um profeta de tal monta, lá estou Eu presente.
Aquele que acolher a um profeta tão importante e ímpar, como está escrito, este Me acolhe. E como Eu sou a recompensa do profeta, Eu a serei para todo aquele que Me acolher em espírito e verdade, por intermédio do profeta.
Mas ninguém deve usar este profeta em alguma coisa além daquela a que veio realizar em Nome Daquele pelo qual ele se tornou profeta. Cuide-se aquele que desejar usá-lo em proveito próprio e não o deixar atuar livremente. Em verdade vos digo: Tudo que vos fizerem será feito contra Mim e não contra o profeta; poucas bênçãos vos serão dadas pelo profeta, e no fim o fogo ardente do espírito do profeta vos destruirá, pois está pleno de Meu Espírito.
O mesmo acontecerá com o justo. É um justo aquele que estiver pleno de Meu Amor Verdadeiro e espargir este Amor sobre seu próximo. No sentido mais amplo é um justo todo irmão em relação ao seu outro irmão, especialmente se o último for pobre e necessitado, ou se for um perseguido por falar em Meu Nome. Em verdade todos os vossos pecados vos serão perdoados, se acolherdes a um destes injustiçados, e vossa recompensa será a mesma do injustiçado. Mas cuidai-vos em não receberdes a um justo para proveito próprio, pois sereis considerados assaltantes ou assassinos. Teria sido melhor que não o tivésseis acolhido.
Desta maneira deveis entender estes textos por todos os tempos. Amém.
João 12-27 - “Presentemente a Minha Alma está perturbada. Mas que direi? Pai Me salva desta hora... Mas é exatamente por isso que vim a esta hora.”
Que não tenhas sido capaz de entender corretamente ao Mateus é compreensível, pois não sabias de fato o que era um profeta, mas Daquele de quem fala João, Este deveria ser bem conhecido para ti.
O que e quem é “Minha Alma?” Vê – se ainda não o captaste – é Meu Amor. Seria possível que Ele, ao deparar-se com o desamor de Seus filhos, não ficasse perturbado? E isto ocorrendo até a morte, quero dizer, até a noite da morte, a qual aprisionava todos os filhos! Depois ainda está escrito: “Mas que direi?” O que é que tu desejarias dizer, se todos os teus filhos te amaldiçoassem e te abandonassem?
Vê, netas ocasiões até o mais puro Amor possui um espinho contra o qual é difícil se debater; pois um amor desprezado por tanto tempo dói muito, tanto no peito material (humano), como no divino. Pensa bem nisto e tenta entender.
Por isto é que ainda sobra um único sentimento Neste Peito Divino, e este sentimento é o Amor Paterno, e este sentimento deve retirar o espinho do Amor. Este sentimento paterno comoveu este Amor desprezado e o Amor disse: “- Tua Vontade”. Por isto é que Eu, o Amor, cheguei nesta hora, para tornar-Me Pai para todos aqueles que Me chamam: “Abba”! Entendes o texto agora? É assim que o deves entender e louvar ao Pai sempre. Amém.
Sede obediente às autoridades que possuem poder sobre vós
Ontem comentáveis este texto, do quanto deveríamos obedecer às autoridades, independente se fossem boas ou más, pois as mesmas não teriam poder, se este não lhe fosse dado de cima.
Este texto está correto, mas lembrai-vos que Eu acrescentei uma emenda, e o apóstolo Paulo também. A emenda diz: “... enquanto o Espírito da Verdade em Mim, orientar estas autoridades.” Se isto não acontecer, deveis vos afastar destas autoridades que não mais estão inspiradas na Minha Vontade, pois se não fosse assim, seria o mesmo que Eu tivesse dito: Obedecei a todos os diabos! E estou certo que ninguém poderia esperar isto de Mim, pois Eu sempre vos orientei a examinar tudo com muita atenção e obedecer ao que é bom e verdadeiro.
Este texto, de fato mal elaborado, em vez de bom ou mau deveria ser suave ou rigoroso. No momento que conhecerdes isto, vereis que Eu jamais diria que deveis obedecer aos diabos. Espero que entendais que nunca palavras tão errôneas saíram de Minha Boca, nem nunca serão pronunciadas.
Se alguém dentre vós achardes nas escrituras algo que vos ofenda ou que vá contra vossa confiança, procurai Meus conselhos e esclarecimentos. Eu sempre estarei ao vosso lado, para vos esclarecer. Amém.
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O destino do inevitável
Recebido por Jacob Lorber, em 12 de janeiro de 1842, à noite
O que acontecerá com os amaldiçoados após o retorno de tudo, a ninguém é permitido saber. Nem mesmo um anjo ou o mais elevado e iluminado espírito sabe disto. Somente a Divindade do Eterno Pai, na Sua Santidade, conhece de antemão o destino de cada criatura por todas as eternidades, cada um seguindo a Sua Santa Vontade num assunto tão supersecreto. Amém.
Nota da tradutora:
Há na atualidade tantos “videntes” que profetizam o futuro... Eis a resposta do Pai.
Três textos explicados em conjunto
Recebido por Jacob Lorber, em 8 de fevereiro de 1842
Atos dos Apóstolos 12-8 - E o anjo lhe disse: "Cinge-te e calça tuas sandálias". Ele assim o fez. O anjo acrescentou: "Cobre-te com tua capa e segue-me".
Marcos 6-51 - Ele subiu para a barca junto deles e o vento cessou. Todos se achavam tomados de um extremo pavor.
Ato dos Apóstolos 20-10 - Paulo desceu, debruçou-se sobre ele, tomou-o nos braços e disse: “Não vos perturbeis, porque a sua alma ainda está nele".
Às vezes no outono, bem à vista do homem, o vento junta as folhas caídas em pequenos montes, e desta maneira pessoas completamente diferentes às vezes se encontram, o que para o exterior dá a impressão de ser uma casualidade. Esta mesma ilusão de casualidade vos pode parecer haver nestes três textos oriundos de lugares totalmente diferentes, mas que estão juntos aqui, como vós, Meus queridos filhinhos, que fostes escolhidos de origens tão diferentes. Mas isto não é assim. Que as folhas unidas pelo redemoinho agora precisam formar um montículo, as pessoas desconhecidas que certamente formam uma reunião bem amistosa, e também estes três textos de diferentes lugares do novo testamento, tudo isto já foi por Mim pensado e programado desde a eternidade.
O que tem mais importância: um pardal surdo no telhado, o cabelo desalinhado na cabeça, ou três textos tirados de Meu Livro, cheios de louvou e vida?
Mas se Eu Me preocupo com um pardal surdo, e conto os cabelos esparsos da cabeça do homem a cada instante, para que sem Minha permissão nenhum pardal caia do telhado, como também nenhum cabelo da cabeça, quanto mais Me será importante tudo o que vos levar e orientar para a vida eterna. Vamos, pois, ver em que condições estes três diversos textos por vós escolhidos estão intimamente conectados.
Sede todos como Meu apóstolo que estava preso e na prisão Me louvava, cheio de fé e confiança. E chamava Meu nome vivo, no qual se encontra oculto o maior poder, a maior força e violência. Eu logo lhe enviei um mensageiro do céu, para libertá-lo do cárcere. Prestai atenção, num cárcere semelhante encontra-se mais ou menos cada cristão, um absoluto crente e confessor de Minhas Palavras em seu coração.
O mundo é este cárcere e para este tenebroso cárcere envio continuamente mensageiros redentores dos céus. Estes mensageiros todos têm a mesma tarefa, a de conclamar aos prisioneiros: “Cinge-te com abnegação, calça-te com humildade, veste a capa da inocência e do Amor e finalmente segue-me corajosamente com fervor e confiança, nos estreitos caminhos e na apertada porta para fora do sinistro e tenebroso cárcere do mundo”. Aqueles que ouvem e seguem o chamado e que o obedecem, igual ao que fez o apóstolo Pedro, estes todos chegarão brevemente às margens do mar da Misericórdia e da graça, onde verão os vagalhões romper nas margens e onde os aguarda o barco para a passagem para a vida eterna. Com certeza grande pavor se apoderará deles, quando virem o quanto o barco que os aguarda, é atacado pelas ondas revoltas e fortes neste Meu mar santo e infinito da Misericórdia e graça. O vento uivante que se estende sobre o mar também encherá seus corações de grande temor.
Liderados pelo mensageiro, no momento em que pisarem no barco eles Me verão, a Mim mesmo, dirigindo-Me em sua direção, subindo ao barco; e o vento se acalmará, e o mar ficará sereno. Como todos se surpreenderão por terem encontrado a mais feliz e total vida eterna justo naquele lugar que tanto os assuntava e onde acharam que aconteceria a sua destruição!
Vede, já conseguimos unir os dois primeiros textos, como se desde a eternidade já tivessem sido conectados intimamente.
Agora vamos tentar unir o terceiro texto aos dois anteriores. Para que vós entendais bem esta conexão, deveis dar, mais uma vez, atenção ao que se passa no convés do barco.
A situação no barco, motivada pela Minha Presença, se assemelha à total contrição frente à Minha Divina Santidade. Esta é uma condição para alguns conseguirem a liberdade da vida eterna, mas desconsiderando isto, a contrição é a última queda fatal de tudo que é mundano, nas profundezas da insignificância que sois, pela qual o homem mata tudo o que for humano e material; todos os pensamentos, todos os desejos, tudo, até o último centavo, tudo o que pode ter-se grudado nele (no homem) no tempo em que se estava no mundo.
Nesta situação o homem parece estar totalmente morto. O que então o torna vivo novamente? É o que este terceiro texto diz. Paulo que é um professor do Amor, pois de fato ele é o Meu Amor que desperta a todos para a Vida desce até onde ele está, deita-se sobre o mesmo, abraça-o totalmente e diz a cada um dos que ainda não passaram por esta última queda: “Fica quieto e nada teme. Sua alma, que está prenhe de Meu Espírito da Vida Eterna, ainda se encontra nele e permanecerá viva para todo o sempre no peito de Meu Infinito Amor Paternal”.
Vede pois, que os acontecimentos são assim e que esta segunda e última situação é necessária, pois podeis reconhecer claramente que se alguém sobe num barco em uma margem, este certamente deseja passar para a outra margem já pré escolhida.
Esta última situação é a última margem-alvo, que todos, igual ao apóstolo, desejam alcançar e que todos os irmãos em Cristo alcançarão, pois quem não procurar esta última margem em Cristo, este também não poderá ser aceito para ficar em Minha Companhia.
Vede pois, Meus queridos filhinhos, como estes três textos se conectam e se complementam de tal maneira que, para se conseguir a Vida Eterna, eles devem estar bem juntos para todo o sempre.
Agora Eu vos digo: Adaptai vossa vida a estes textos com total fervor, e assim vos dareis conta de como Eu, vosso Pai Verdadeiro e Santo, sou misericordioso com Meus filhos.
Amém.
Recebido por Jacob Lorber, ditado pelo Senhor, no dia 13 de fevereiro 1842
João 3-30 - “Ele deve crescer, mas eu devo diminuir.”
Olhando superficialmente este texto, todos acham que é de fácil compreensão, mas isto não é o caso. Este texto só será entendido, quando alguém o colocar em ação na sua vida diária, mas Eu o explicarei aqui sem considerar o anteriormente dito.
Para entender este texto a fundo, primeiro devemos entrar na sabedoria de seu sentido mais profundo e considerar o seguinte: Quem é de fato o “João”, ou o “eu”? Como conseqüência, o que é o “Ele que deve crescer”, enquanto que o “eu” deve diminuir?
João é a representação do homem externo, o que necessita se penitenciar. Esta penitência não é nada mais do que a volta do homem do mundo para Deus. Foi assim que João predicava a penitência, para que as pessoas se libertassem do mundo e vestissem o espiritual, pois ele próprio era a encarnação da penitência.
O que é no homem o “João” ? O “João” no homem é o seu eu, a sua vida na carne quando o espírito e a alma ainda não tiverem vida própria, mas sim estiverem vivendo para a carne. Eu sei que comentareis que este tipo de vida jamais poderá ser de Meu agrado, mas é assim que é na natureza e na ordem de todas as coisas. Para entenderdes esta verdade, olhai a vida dos vegetais e vós vereis distintamente o “eu” e o “Ele”.
Observa uma flor. Que seria da fruta se a flor não diminuísse e secasse? Vede aqui o “eu” e o “Ele”. Quando a flor tiver secado e vós começardes a ver a casca do fruto, pouco conseguireis ver do “Ele”, que é o interior da fruta. A casca sim aumentará a medida que a flor diminuir. A casca será o segundo corpo, e quando este secar e assim se tornar morto, só então é que o interior começará a crescer e amadurecer; então veremos florescer o “Ele” interior, que é o fruto vivo.
Observai que a vida da alma e do espírito teve que atuar para o exterior, o que é demonstrado com a flor e com a casca do fruto. Que isto não é o fim da vida observastes na “morte” da flor e da casca, que permitiram a vida do verdadeiro fruto. Se observardes isto com bastante atenção, ninguém terá dificuldades em encontrar o “João” que nele habita. O “João” de fato é o seguinte: Se alguém leu a Palavra do começo ao fim, então ele a leu com os olhos, bem como com a boca e por fim com os ouvidos. Se ele a leu com muita atenção, então a alma e o espírito estavam voltados para o exterior e prestavam atenção como a carne assimilava a Palavra através das letras. Não é isto a flor? O que acontece depois de termos lido a Palavra? Observai uma flor, quando o vento da primavera começa a balançar sua corola. Não caem os elementos fertilizantes dos órgãos masculinos, que será o verdadeiro interior de um novo fruto e que será envolto por uma casca por enquanto quase invisível? Vede, isto é a aceitação da Palavra na nossa vida interior espiritual. No momento em que a Palavra se tornou raiz, ela começa a crescer, fica cada vez maior e constrói, em primeiro lugar, um corpo. Este é o corpo da penitência, do arrependimento, e neste corpo se encontra tudo o que fora assimilado no corpo externo (flor). Este corpo então é o verdadeiro “João”.
Sei que perguntareis por que este corpo tão nobre de João deve diminuir? Para que o “Ele” cresce, e o que é de fato este “Ele” ? Observai bem quando a Palavra foi absorvida pela vida espiritual. O que é que começa a se manifestar? E para onde nos leva este sentimento? Este sentimento consegue ser auto-suficiente, ou precisa de um algo do qual se apodera, para assim tomar posse total do mesmo?
Para que consigais entender isto, vou apresentar-vos um exemplo: Uma noiva recebe uma carta de seu amado que está bem distante, e ela lê a carta com muita atenção. Quando termina de ler, dentro dela se formou um homem que é semelhante a seu noivo. Este homem espiritual foi motivado pelas palavras da carta e para o mesmo se dirige toda sua vida externa de flores, de tal maneira que ela neste momento vive, respira, pensa e sente tudo nele e por ele. Vede, este homem é um “João” para esta noiva, pois com sua carta conseguiu que ela se afastasse de todo outro tipo de vida material e se unisse totalmente a este novo homem que se formou nela. Eu vos pergunto: - Será que esta noiva estará satisfeita com este ser que nela se formou em imagem, mas que continuará a representar o “eu” ? Não, absolutamente não! E em pouco tempo ela vivenciará neste homem o nascimento do fruto vivo, o verdadeiro amor. E com isto ela terá que, totalmente prenhe deste amor, transferir-se para o “Ele”. Desta emanará um sentimento cada vez mais vivo de querer unir-se ao “Ele” em todos os sentidos, e não descansará até o verdadeiro “Ele” chegar e ela se tornar una com o mesmo.
Vede, isto também acontece com a Palavra no homem que já se entranhou na carne viva do mesmo. Não descansará, até que novo homem sentimental tenha encontrado no seu interior o grande e santo “Ele.” Mas quando ele tiver encontrado este “Ele” em si, não desejará unir-se por completo com o mesmo? Vede, isto acontece na natureza de todas as coisas e não existe nenhuma diferença entre elas e os homens, exceto que nas coisas isto é uma obrigação, enquanto que nos humanos livres deve-se respeitar o seu desejo por esta vida.
Bem, o “eu” deve diminuir, para que o "ele” cresça no homem. Quando o Eu não diminuir, tudo se transferirá para o exterior: a flor, a casca, mas o fruto da vida jamais verá a luz.
Vós podereis jogar as mais bonitas flores, mas jamais aparecerá um fruto, e todas apodrecerão na terra.
Mas se, porém, tomares boas sementes e as semeares na terra, podereis testemunhar de que toda a vida externa teve que se transferir para dentro desta sementinha, pois se não fosse assim, como é que uma planta viva idêntica à anterior se originara desta semente?
Se meditares com correção sobre isto, o texto vos aparecerá claro ante vossos olhos que de fato quer dizer: Aquele que amar sua vida material, este a perderá mas aquele que a desprezar, este viverá. Aqui João nos mostra como devemos fugir da vida material. Segue o seu exemplo, permita que vosso Eu diminua e assim Eu crescerei em vós até o infinito, como este texto escrito vos ensina. Amém.
Mais um esclarecimento sobre a tentação do Senhor no deserto
Recebido por Jacob Lorber, em 20 de fevereiro de 1842
Lucas 11, 1 – 13
Novamente encontramos trechos bem simples das escrituras, e mais uma vez vós nada entendeis. Mas por que não os entendeis? Pelo motivo que ainda não sabeis manipular corretamente o grande livro da vida que é o Amor. Se vós soubésseis entender o âmago da vida que é o Amor, nem o mínimo cantinho da Terra, da superfície até o seu núcleo, deixaria de se apresentar a vós como o mais claro e familiar mundo. Mas de fato é mais fácil dissipar, do que recolher. Vós ainda vos encontrais muito submersos no local onde os raios são dissipados, mas só no centro inflamado é que o Ser se encontra completo. No local em que vós vos encontrais só existem pequenos átomos do Ser. A Palavra foi dada (em suas letras) ao mundo da dissipação e nesta dissipação ninguém conseguia vislumbrar as chama ardente da Palavra. No momento em que alguém começa a recolher estas palavras dissipadas em seu interior, então ele orienta os raios espirituais para certo ponto em seu coração. E este ponto é uma chama que inflamará o coração receptivo em seu amor por Mim e iluminará com sua chama de amor o grande segredo de Deus em si mesmo.
Mas o que é este amor? É o Espírito Divino no homem, pelo qual tudo se torna vida, especialmente a Vida Eterna no homem. No momento em que entenderdes que o Espírito Divino não é nada diferente do Amor Eterno de Deus – nem pode ser algo diferente – então possuireis a chama verdadeira em vós, com a qual podereis descobrir as profundezas verdadeiras da Divindade.
O que são estas profundezas da Divindade? Consiste nas letras dissipadas da Palavra de Deus que está a vosso alcance, mas que só poderá ser entendida e assimilada no seu mais profundo sentido, se possuirdes o Espírito de Deus. Para assuntos mundanos, vós mesmos já dizeis que o amor é uma chave dourada que abre todas as fechaduras. Este antigo provérbio tão bem conhecido é um verdadeiro “vox populi, vox Dei”, pois o amor é de fato a chave com a qual qualquer um consegue chegar ao âmago do Meu Coração. Já que sabemos disto, vamos ver se esta chave mestra também nos revela o segredo de Minha Palavra pela boca de Lucas.
Em primeiro lugar devemos estabelecer um ponto importantíssimo, do qual todos os mistérios se revelarão. O ponto no evangelho é o seguinte: “E o Espírito de Deus desceu sobre Ele em forma corpórea.” Estas poucas palavras são a chave para todos os mistérios que nos esperam adiante. O que devemos entender é: até o momento Jesus era um homem educado pelo Pai (ou o Espírito que estava Nele, Jesus). Este homem, Jesus, era o Filho de Deus, pois Deus O Fez nascer de uma virgem e O educou, Ele próprio, com o maior zelo. Assim Jesus era até este momento de sua primeira aparição, nada mais que uma Palavra Divina desconhecida, que tinha se tornado carne e como tal teve que, como todo ser humano comum, libertar-se por meio das mais duras provações e preparar-se assim para receber completamente o já predestinado Espírito de Deus (Infância de Jesus, cap. 298 / 299).
No rio Jordão, onde João Batista predicava o arrependimento para remissão dos pecados, Jesus também teve que para lá se dirigir , como se fosse mais um dos pecadores. Foi assim que Jesus – o eterno e mais puro Homem-Deus – se humilhou, colocando-se no meio dos pecadores comuns e deixando-se batizar com o batismo do arrependimento. E o que acontece quando Ele se submete à esta grande humilhação? O Espírito de Deus desce sobre Ele em forma visível. De fato o Amor Divino do Eterno Pai se apodera e toma morada no Homem Jesus e também fala aos que ali se encontram, para que todos o ouçam e saibam: “ Este Homem Jesus é Meu filho amado, do qual Eu muito Me alegro e com o qual, de agora em diante, Me torno uno para toda a eternidade. A este Homem Jesus deveis obedecer e ouvir Sua Palavra”. Vede, aqui está Jesus, uno com o Pai, de tal forma que entre Ele e o Pai não há mais nenhuma diferença. Esta total unificação não poderá ser nada diferente do que o próprio Amor, jamais uma dispersão; pois o Amor é uma unificação que aqui se apresenta visível a todos, jamais poderá ser considerada uma separação, uma dispersão que em toda a eternidade não poderá ser lembrada.
Quando está escrito: “Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito”, devemos entender que Ele foi liberto por si mesmo, pelo mais elevado Amor, e levado ao deserto do mundo material, para que fosse tentado, como Ele mesmo disse, por Satanás,. Devemos entender que tais palavras nada mais são do que a afirmação de que este Maravilhoso e Divino Amor não exclui nem mesmo o pior pecador, mas sim se apresenta a ele, para que o mesmo O reconheça e se dê conta que em Deus não habita uma orgulhosa distância (como erroneamente supunha), mas sim a mais elevada e Divina Humildade. Como então o Amor Eterno poderá mostrar a Satanás que nele habitava a Divina Humildade? Se observardes as supostas três tentações permitidas ao diabo com vossos olhos espirituais, tereis a resposta. Com o Amor, o Homem-Deus jejua e permite que a fome se apodere Dele. E na primeira tentação mostra que o Amor Verdadeiro consegue negar a Sua necessidade e que lhe é mais importante a Palavra do Amor, criada para a manutenção da criação, do que satisfazer a Sua fome. Com isto, também devemos saber: “O homem não vive só do pão, mas sim e muito mais das Palavras vindas da Boca do Amor de Deus.” Quem não reconhecerá que aqui o Espírito Divino está mostrando ao Inimigo e seus asseclas o caminho para sua remissão, e em Espírito lhe diz: “Vê, aqui também é teu lugar. Apodera-te do Meu Amor e abandona o duro pão de pedra do mundo; então viverás. Na outra tentação, quando o Inimigo testa mais uma vez a humildade do Homem-Divino, Jesus lhe disse que mesmo ele, o Inimigo, é um convocado do Amor, e que ele não mais tentasse a Humildade no Amor, mas sim se dispusesse a servi-Lo. Em mais uma tentação, a sua obra é duramente censurada por Jesus e novamente lhe é mostrado que deveria se arrepender, servindo a Deus e não mais O tentando. Quem será tão cego a ponto de não ver o que aqui o Espírito Divino desejou obter, sem prejudicar em nada o livre arbítrio de Seu Inimigo? Ele quis mostrar que somente o Amor O levou ao Seu Inimigo, a fim de provar ao mesmo que estava fora da Ordem o fato de Deus, o Amor, humilhar-se ante suas criaturas; mas sim o contrário deveria acontecer, porém sempre norteado pelo amor e pela liberdade, nada forçado. Se meditardes sobre isto, sei que vos será impossível não compreender o que se entende por “Espírito de Deus”, além de como e por que Este levou Jesus ao deserto. Podereis perguntar sim: “Como é que este fato se relaciona conosco?” É muito fácil responder isto, basta observardes o deserto em que se encontram as vossas vidas. Assim Eu permito que, com Meu Amor Paterno, Eu seja levado para este vosso deserto, onde muitas vezes sou obrigado a jejuar e sou testado pelos inimigos em vós muito mais que três vezes, além do que tenho de aguardar por muito tempo, na maior pobreza e na escassez, até que os espíritos de vossos corações se tornem anjos e comecem a Me servir. Então considerai com muito cuidado cada palavra dirigida a Satanás, pois vós todos sois satanás no começo, até que vos torneis propriedade do Meu Amor. Para isto acontecer é que Eu vou ao deserto de cada um de vós com o Meu Espírito do Amor e permito que Me tenteis por longo tempo e de tudo quanto é modo possível, para que todos vós conheçais Meu Amor e Minha Humildade em todo seu esplendor. Mas aquele que teimar permanecer no deserto, tal qual aquele que lá Me tentou, não se admire se ouvir de Minha Boca: “Afasta-te de Mim, Satanás!”
Observai bem tudo que vos disse, meditai sobre vossas vidas e então tereis a Vida Eterna igual ao Espírito de Deus e para sempre. Amém.
Mais algumas explicações de trechos das Escrituras
João 7.7 - “O mundo não vos pode odiar, mas a Mim ele odeia, porque Eu testemunho contra ele; suas obras são más” .
Ouve-Me tu, a quem amo: Nas palavras deste Meu amado discípulo João, encontra-se uma grande verdade: todos os que não são do mundo, não são por ele apreciados, pois não têm nenhum agrado nas obras más e odiosas do mesmo. A vós o mundo certamente não odeia tanto quanto a Mim, Eu, que sempre testemunhava contra suas obras; mas alegrai-vos se o mundo vos desprezar, pois se alguém for desprezado por Me amar, este poderá ter absoluta certeza que Eu não estarei distante dele.
Vede, o mundo é igual ao cão trufeiro, ou ao urubu. O primeiro descobre onde há vida oculta e o urubu descobre vida em decomposição à grande distância. O trufeiro não procura a planta (trufas), mas o assado que com ela se fará. Por isto ele cavouca junto a planta, para não perder o petisco que ela lhe preparará. Mas se não lhe dão este assado, quando ele acha a trufa, ele não prestará mais como trufeiro, pois as trufas se lhe tornam desprezíveis. De fato estes cães não são trufeiros, mas sim procuram carne assada nas trufas. Se, porém, o servidor não lhe der o assado, eles não mais prestarão para o serviço. Se estes mesmos servidores do mundo te abandonarem e de ti descuidarem, não te dando o “assado do mundo,” lembra te que Eu, o mais odiado do mundo, plantei em ti uma “trufa do amor”, mas não penses receber o “assado do mundo”. Não te preocupes com estes caçadores de carne assada do mundo; não os temas, pois eles não querem a trufa, mas sim o assado. Os urubus, porém, se aglomeram onde descobrem um cadáver.
Vê, Eu sou um cadáver podre para o mundo, pois ele Me considera um e Me odeia muito mais que a este cadáver podre. Porém existem milhares de pássaros no mundo e só poucos são urubus; mas não é suficiente estar junto aos urubus, tal como uma gralha, e arrancar pedaços do cadáver. Não, tu deves te tornar um cadáver, para que dele se origine a Vida. Vê, aquele que não renascer do cadáver, este não conseguirá obter a Vida. O cadáver, porém, é de um fedor horroroso para o mundo, más não é para a ave de rapina, pois para ela o cadáver é um perfume delicioso. O cadáver, porém, é o mais fiel espelho para o mundo. Ele lhe mostra sua verdadeira forma, e é por isto que o mundo o odeia, pois ele espelha fielmente suas obras malignas. A ave de rapina, porém, não odeia esta podridão do cadáver, pois sabe muito bem que com a podridão do cadáver a sua própria podridão será dizimada. Mas como Eu sou um cadáver putrefato para o mundo, este e seus seguidores estarão eternamente em lados opostos a Mim e aos Meus Anjos.
Se vós desejais viver, então deveis vos tornar cadáveres putrefactos pela Minha Vontade, e o mundo deve vos evitar e fugir de vós, como se fosses a peste em pessoa. Esta peste deveis aceitar em Meu Nome e com alegria, pois estareis contaminados com a “peste da Vida Eterna”. Pois se não vos afastardes do mundo, este fará com vós o que faz com todos os servidores do mundo, e vós vos tornareis um deles. Mas se vós Me pertencerdes e se estiverdes plenos de Meu Amor, sereis cada vez menos considerados pelo mundo, e todos se afastarão, como se afastam da peste, pois não têm a mínima idéia do que existe em vós, Meu amados. Este é o motivo por que o mundo não vos pode odiar: ele não sabe o que há em vós. Mas a Mim eles Me odeiam ao extremo, pois sabem o que Eu sou e que Eu continuamente espelho suas maldades, e isto lhes é um horror.
Vê (do Pai a Lorber) o que Eu hoje te apresento. Eu te convido a comer do cadáver junto com a ave de rapina; melhor, Eu te digo que deves te tornar um cadáver, Eu te torno pestilento para o mundo. Mas não te preocupes, pois Eu sou o objeto mais pestilento e odiado para o mundo. Não temas a Minha peste, pois ela é a Vida Eterna. Bom para ti, que foste contagiado com a Minha peste, pois nela estarás na Minha Vida de Amor por toda a eternidade. Pois Eu sou o cadáver putrefacto da vida, e esta peste é eternamente Meu Amor. Isto te diz Aquele que criou toda a Vida, ao qual o mundo odeia e contra o qual Ele sempre testemunha. Amém.
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de Fevereiro de 1842
Oseas 5-10 – Os chefes de Judá procedem como aqueles que mudam os marcos; derramarei sobre eles as torrente de Meu furor.
Amós 7-6 – O senhor arrependeu-se: “Pois tampouco isto acontecerá”, disse-me o Senhor, Senhor.
Miquéias 4-6 – Naquele dia – oráculo do Senhor – recolherei os coxos, reunirei os dispersos e os que Eu tinha afligido.
Estes três textos tiveram a seguinte explicação dada pelo Senhor:
Para que entendais corretamente estes textos que são da maior importância, deveis saber em primeiro lugar o que “Os Príncipes de Judá” significa, bem como entender a expressão “mudar os marcos”.
“Príncipes de Judá” não são os filhos de reis e monarcas, mas sim aquelas pessoas que possuem Minha Palavra e a utilizam acordo com o seu livre arbítrio.
Existem aquelas pessoas que as têm em forma profética interna, ou em forma profética externa, seguindo as letras dos livros. Quando, seguindo a sua vontade livre, a utilizam egoisticamente, contra Minha divina intenção; quando os primeiros acrescentarem à Minha Palavra, verdadeiro tesouro de Amor e caridade, suas próprias palavras e pensamentos; se os segundo mudarem o sentido da Palavra que está escrita por motivos mundanos, egoístas e para que sirvam aos seus próprios anseios, aí é que eles “mudam os marcos”, quer dizer, mudam as fronteiras de Minha Ordem. É esta a razão por que Eu deixo que Minha ira os atinja como uma enchente, se eles não se arrependerem de imediato e retornarem aos limites de Minha Ordem Divina.
O que é esta Minha ira que Eu despejo continuamente sobre estes príncipes de Judá, ou manipuladores de Minha Palavra, feito uma torrente de água turva.? Vede, é a cegueira total em seus corações, que os acomete cada vez que se afastam de Minha Ordem. Eles então se apresentam como os idiotas, os surdos, os cegos, com seus corações endurecidos que nada sentem, com seus olhos cegos que nada vêem e com os ouvidos que nada ouvem nem entendem o que é do espírito, o Amor e toda a vida que dele flui. Mesmo que leiam Minhas Palavras com os sentidos carnais, eles nada delas entendem pois se encontram em Minha ira.
Queridos filhos, nos dias atuais existem muitos destes “Príncipes de Judá”. Eles se encontram sob “Minha Penitência”, que significa o mesmo que Minha Paciência, Misericórdia, Mansidão, Suavidade. No que se chama “Minha Penitência”, não permitirei jamais que a Terra se encontre tão órfã, assim que tudo seja encoberto pela Minha Ira, pois por isto está sempre presente “O Senhor”, o mesmo que se fala de Sua Penitência por duas vezes: primeiro que Eu sou o Senhor, no sentido infinito, do Céu e da Terra, e consequentemente de toda a criação infinita, tanto espiritualmente como materialmente; em segundo que Eu sou o único e mesmo Senhor nos corações de cada criatura e homem, o que orienta este coração para Mim. Então a palavra “Senhor” duas vezes presente significa que Eu me encontro presente tanto espiritualmente, como materializado. A presença externa é igual à eterna Sabedoria e a interna é igual ao Amor Divino, aquele que fala no coração, o manipula e atrai para si. Vede, este Senhor espiritual é aquele que vos falou e que vos fala sempre, e que está falando em Sua Penitência: “Não deve acontecer, apesar dos muitos príncipes de Judá que existem na atualidade, que Eu deseje deixar órfãos aqueles que Me procuram. Eu ficarei junto aos mesmos até o fim do mundo, quer dizer, até a época quando o mundo tiver acabado totalmente para Ele. A seguir deste momento, conseguirá Minha total aceitação e apoderar-se-á da Vida Eterna; está escrito aqui no vosso terceiro texto, que diz: “Naquela época bem aventurada reunirei os coxos e o dispersos, unificarei em grupos e os que Eu prejudiquei”. Com isto quero dizer que naquela época em que não haverá mais um mundo, todas as suas forças adormecidas de cada pessoa serão despertadas e unificadas em uma única força: do Amor e da Vida Eterna. E os repudiados e dispersos serão unidos em um só grupo, debaixo de uma única cobertura: do Amor. E finalmente os por Mim atormentados não mais o serão, pois as diversas provocações e tentações de então naturalmente acabarão por si mesmas. Pois se o Senhor em alguém falar, o educar e o ensinar, este de uma certa forma não passa de um sofredor, pois ele não se educa a si mesmo, mas sim é educado por Mim, o que é o mesmo que ser por Mim atormentado.
Mas se o homem permitiu ser por Mim educado até o fim de seu tempo no mundo e permaneceu fiel até o fim, então o “Senhor, Senhor” existirá nele, o que significa que ele é batizado com o fogo espiritual, ou o renascimento total, com o qual o homem está prenhe de Meu Espírito, de Amor, Força, Poder e Violência, e consequentemente se torna uno Comigo. Que tipo de tentações poderiam ainda influenciá-lo? Seria impensável também toda ou qualquer fraqueza neste homem, pelo simples fato de que um renascido e Eu sermos totalmente unos, e ele poderá exclamar feito Paulo: “Agora não vivo mais eu, mas Cristo vive em Mim. Cristo, porém, é o Senhor, Senhor”.
Este é o verdadeiro entendimento interno dos textos. Observai-os bem e fechai-os bem dentro de vossos corações, pois em verdade não é suficiente conhecê-los externamente como acontece com os Príncipes de Judá que também falam “Senhor, Senhor”, mas o “Senhor, Senhor” jamais estará com eles em seus corações. Tudo isto deve ser lido e entendido com o coração e dentro do íntimo do coração vivo. Só então virá o “Senhor” e mais tarde o “Senhor, Senhor”, como mostramos nesta revelação, Virá para o homem e o tornará completamente vivo.
Fazei assim vós todos, que em pouco tempo sabereis o batismo do espírito do fogo. Amém. Minhas bênçãos para todos vós, agora e eternamente. Amém.
Marcos 9-10 – E eles perguntaram “O que dizem os fariseus que Elias deve vir antes?”
João 7-15 – “Ninguém deles falava livremente pois temiam aos judeus”.
João 3-12 – “Se vos falo de assuntos mundanos e vos não acreditais, como acreditaríeis se Eu vos falasse de assuntos celestiais?”
Vede, esta é a maneira como o mundo usualmente pergunta a respeito de todos as profecias do céu, se elas se estenderão às maravilhas que o mundo acha possuir na sua grande tolice. O mundo, imerso na total cegueira, se baseia nesta ilusão, cada vez mais apoiado na sua tolice. E imagina o fim de uma forma tão material e tão extraordinária, que nem um anjo jamais conseguiria imaginar.
Mas se os sinais de advertência chegam em uma forma bem diferente do que o mundo tolo achou e imaginou e, assim como os judeus, pergunta-se por um/ Elias que deve vir antes do Messias. Agora temos a profecia do Meu Reino de Mil anos, ele é esperado materialmente e na Minha presença física.
Vede, este Reino há muito já se encontra aqui nos corações das pessoas boas, mas como o Elias material, ou na ignorância originada na tal profecia, ainda não apareceu como o mundo na sua cegueira ignorante imaginou sua aparição. Acontece Comigo e com Meu Reino o mesmo que aconteceu a novecentos anos atrás.
Não enviei um só Elias, mas muitos dele para advertir Meu povo sobre Minha próxima vinda, mas sua sorte não é melhor que a de João no deserto.
Para ti, porém, Eu digo, se quiseres achar o Elias, procura-o dentro de ti. Esta é a busca correta, de acordo com Minhas palavras; e então "Meu Reino" chegará forte e celestial, interno em ti.
Eu já Me encontro no caminho correto predito nos muitos que já se encontram em Meu Reino, mas estes muitos se identificam com aqueles judeus bons que não se atreviam a falar abertamente de Mim por temor dos judeus mundanos maus.
Na época dos judeus o temor variava. Às vezes o pequeno temia o grande poderoso, outras vezes, o poderoso temia o pequenino; mas agora não: agora o pequeno sempre teme ao poderoso. Mas isto será de curta duração: em pouco tempo o temor será totalmente modificado. Quando isto acontecer, todos entenderão melhor Meu Reino, que tipo de homem é este Elias que virá. Aí então a menina que tem dificuldade de entender o mundano entenderá com grande facilidade tudo o que for espiritual e divino, se este não lhe for deturpado pelos ensinamentos errôneos de freiras e capuchinhos. Tudo isto Meu Espírito fará junto aos pequenos e fracos, mas o mundo assim mesmo permanecerá cego e tolo, pois ele não reconhecerá o verdadeiro Elias. Mas vós todos deveis reconhecer o Elias; vós já o reconhecestes, pois há muito que está convosco. Como o aceitais, assim também Me aceitais, a Mim; mas entendei bem: deve ser especialmente espiritual. Amém.
Os textos, três por vez, foram escolhidos por acaso, por diferentes grupos de pessoas e depois apresentados na reunião, para serem explicados três por vez, em conjunto. Nisto novamente podemos ver que o acaso não existe, tudo estava previsto para ser unido e amalgamado. Observai bem tudo em vossa volta e vereis que tudo e todos seguem uma Ordem prefixada e harmoniosa. Deixai a natureza livre de vossa intervenção, não destruais o que os anjos construíram.
O salmo 60 de Davi - versículo 8-14
(Na “ Bíblia Sagrada” - Editora Ave Maria - é o salmo 59, porém no Hebr. é o salmo 60)
Ao mestre de canto, conforme “A lei é como o lírio”(poema didático de Davi composto quando guerreou contra os sírios da Mesopotâmia e de Soba e quando Joab, voltando, derrotou doze mil edomitas no Vale do Sal).
Após uma derrota
3 – Ó Deus, Vós nos rejeitastes, rompestes nossas fileiras;
Estais irado, restabelecei-nos.
4 – Fizestes nossa terra tremer e a fendestes;
Reparai suas brechas, pois ela vacila.
5 – Impusestes duras provas ao Vosso povo;
Fizestes-nos sorver um vinho atordoante.
6 - Mas aos que Vos temem, destes um estandarte;
A fim de que das flechas escapassem.
7 – Para que Vossos amigos fiquem livres;
Ajudai-nos com Vossa Destra; ouvi-nos.
8 – Deus falou no Seu santuário;
“Triunfarei, repartindo Siquem;
Medirei com um cordel o Vale de Sucot.”
(medir com um cordel significa apropriar-se, ser o dono).
9 – Minha é a terra de Galaad; Minha, a de Manasés;
Efraim é o elmo de Minha Cabeça; Judá, o Meu cetro.
10 – Moab, a bacia em que Me lavo,
Sobre o Edom atirarei Minhas sandálias;
Cantarei vitória sobre a Filistéia.
(tudo metáforas para indicar o domínio)
11 – Quem Me conduzirá à cidade fortificada?
Quem Me levará até Edom?
12 – Quem, a não ser Vós, ó Deus, que nos repelistes;
E já não saís à frente de nossas forças?
13 – Dai-nos auxílio contra o inimigo;
Porque é vão qualquer socorro humano.
14 – Com o auxílio de Deus faremos proezas;
Ele abaterá nossos inimigos.
Recebido por Jacob Lorber, em 3 de março de 1842
Para entendermos estes versos, devemos saber em primeiro lugar o que entendemos por “Davi” durante o decorrer do salmo, pois enquanto virmos em Davi nada mais do que o rei da Antigüidade que escrevera salmos, então não podemos considerar que entendemos estes textos.
Mas se alguém entender no sentido espiritual o que e quem é Davi, este entenderá o que Siquem, Vale do Sucot, Gilead (ou Galaad), Manassés, Efraim, Éden e Filistéia significam.
Bem, vamos ver o que se encontra atrás de Davi! Vede, Meus filhinhos amados, atrás de Davi se encontra nada mais, nada menos, que Eu mesmo. Vede, agora possuis a chave; mas como será possível entender isto de que Davi um homem como qualquer outro, composto de alma e corpo seja Eu, já que ele pecou em Minha presença.
Então escutai e vamos ver como o “Davi” e Eu nos tornamos unos, pois aqui, nestes versos, Davi fala com Deus e Deus fala com Davi.
Vede e prestai bastante atenção: sobre o nome de Davi se entende a descida do Amor Divino e sobre o nome de Deus se entende a infinita Sabedoria do Espírito . Já que agora sabeis isto, não vos será difícil entender o que o versículo 8 do Salmo 60 (59) quis dizer, ao se expressar com se segue: “Deus falou no seu Santuário.” Deus falou no Seu Amor, e não em Sua Sabedoria, mas sim a Sabedoria em Seu Amor. Disto Eu me regozijo e quero difundir! Não quero observar demais a sabedoria, a qual está representada por Siquem, mas para isto desejo medir o Vale de Sucot, a verdadeira humildade, e o puro Amor que dela advém. Disto Eu me sinto feliz! É desnecessário mencionar o quanto este Eu acima citado está alegre, ou então pleno de amor. E por que isto? Pela união da infinita Sabedoria com o igualmente infinito Amor, pela Misericórdia Divina!
Já que certamente conseguistes entender o versículo 8, estou certo que não tereis problemas em entender o 9, o qual não passa de um desmembramento do primeiro, tal como o são também os versículos 10 e 11. Vede, já que Sucot significa pura humildade, lhe segue o Amor e neste Amor habita totalmente a Sabedoria. Então Gilead e Manassés são Meus. Gilead, a Sabedoria ou a Luz, a qual é inconstante; Manassés, o eterno permanecer do Amor, que é constante.
“Efraim é o poder de Minha Cabeça, e Judá é Meu regente”. Vede, se vós tomasses isto ao pé da letra, de certo que se originaria a maior confusão e tolice, pois se assim fosse, Davi primeiramente deveria estar carregando sobre sua cabeça todos os patriarcas da tribo dos judeus, em segundo lugar o país dos judeus, em terceiro lugar a cidade dos judeus, e ainda usar toda a sua vestimenta militar. Considerai ainda que o poderoso Rei Davi estaria em posição de vassalo do príncipe de Judá, pois ele diz: “Judá é meu regente”, o que significa o mesmo que Judá é meu senhor. Podeis ver com isto quanta tolice pode se originar com uma simples colocação de letras, se não existir um puro sentido espiritual na essência da história.
Mas, já que Galaad é Minha, como também Manassés, aí então Efraim, sendo a Luz do Amor, é certamente o poder de toda Sabedoria, a qual é Minha Cabeça. Judá é na verdade um rei em Mim, é a Palavra Viva e Eterna do Amor, pela qual tudo foi criado, a qual se derramou sobre a Terra nos cânticos de Davi. Vede Meus Filhos, será que este verso, especialmente o que começa com Efraim, não tem um sentido muito mais sábio, do que aparenta quando só olhado o significado das palavras e letras?
Então também no verso 10, sobre Moab, podemos ver o amor mais humilde, que se iguala ao arrependimento nos corações das pessoas, igualar-se a uma bacia. O sapato, que representa o mundo o material, será estendido sobre Edom, que significa a noite da morte. E vós, filisteus, deveis Me louvar; ou seja, o Amor anunciado se unirá a Mim. É quando este Amor tão anunciado e louvado se torna uno com a Luz e encerra a mesma no seu íntimo, este íntimo do Amor, único e eterno guia do universo e de todas as coisas nele existentes.
Então no versículo 11 está a seguinte pergunta: “Quem me guiará para o abrigo de uma cidade segura? E quem me levará até Edom?” Mas se observarmos as perguntas, podemos conduzir a resposta sobre as duas, já que na primeira pergunta entende-se por “Quem” o Amor, e na segunda o “me” é a Sabedoria Divina. E sobre a cidade segura, entende-se um coração preparado para recebê-los, não um coração repleto de coisas materiais, consequentemente repleto de morte, que está representado por Edon.
O mesmo acontece com a pergunta que encontramos no versículo 12: “Quem se não vós, ó Deus, que nos repelistes e já não saís à frente de nossas forças?” Este versículo significa: Tu, Luz do Amor, vais me guiar, quando deverei descer à Terra. E não sairás do poder da Luz, nosso exército (forças), que é o poder do eterno Amor.
Eu chamo vossa atenção ao detalhe de que geralmente, quando falamos da Sabedoria, usamos o singular. Mas o Amor Divino muitas vezes é representado no plural, pois tudo o que existe no infinito universo se origina do mesmo.
Bem, já que entendestes o que vos foi apresentado até agora, não vos será difícil entender os dois versículos restantes, que não passam da humildade do que foi dito: “Dai-nos auxílio contra o inimigo, porque é vão qualquer socorro humano.” Dai-nos ajuda na miséria e necessidade, Tu, eterna Luz, permanece nosso único guia em Teu Amor, pois qualquer auxílio humano é inútil e ineficaz. Todo amor sem Tua luz divina é inútil e se torna automaticamente amor próprio. Então, ó Deus, deixa Teu Amor, o Amor que em Ti se origina e ilumina, realizar todas as ações; pois só assim a escuridão, que é o pior inimigo da vida, nada mais poderá fazer, pois estará repleta de Tua Luz e Teu Amor Divino. Sem Deus o amor estará cego, porém com Deus o amor é poder, força e autoridade à qual todo o universo deve obedecer com humildade.
Devo alertar-vos que estes versículos têm um duplo significado: quando se referem a Mim, eles também estão se referindo a cada um de vós, humanos. Por isto assimilai os mesmo com bastante seriedade, lá no recôndito de vossos corações, e vereis que a luz substituirá a noite que se encontra neles. Amém. Amém. Minha Misericórdia, Meu Amor e piedade estejam com vós todos. Amém.
Sobre Sonhos e três palavras sonhadas
Recebido por Jacob Lorber, em 5 de março de 1842 , à tarde, das 15 às 18 horas
Os sonhos geralmente são sem valor algum, mas devemos diferenciar com muita seriedade os sonhos de pessoas que nada mais possuem além de seus sonhos, daqueles das pessoas que se encontram em Minha Graça, Meu Amor, Minha Piedade e nas Minhas Palavras, e as seguem por amor a Mim, com todas suas forças.
Para que possais reconhecer bem a diferença, vou dar-vos um exemplo bem esclarecedor. Vede, pois:
Quando uma pessoa materialista sonha, este sonho não passa de impressões do mundo fútil em que se encontra, que a alma deste ser voltado ao mundo exterior alguma vez captou e agora reproduz, mas em situações e apresentações diferentes. Estes sonhos são totalmente inúteis e sem valor, como são todos os assuntos e coisas mundanas. Eles são sonhos vazios, produtos de uma alma vazia.
Bem diferentes são os sonhos dos que estão pobres de Minha Palavra e Meu Amor, que estão voltados para seu interior. Estes sonhos não são mais visões do mundo, mas sim reconhecimento das situações espirituais interiores, bem afastados das alucinações errôneas do mundo.
Desejos mundanos e eternidade
Conselhos carinhosos a uma jovem
Recebido por Jacob Lorber, em 10 de Março 1842
Conserva fielmente Meu Amor Santificado frente ao mundo. Não te deixes iludir pelos assuntos mundanos tão inúteis e fúteis, que logo desaparecerão qual neve ao sol.
A futilidade e inutilidade do mundo só reconheces totalmente em espírito. Não te deixes atrair pelo brilho do mundo e assim muito em breve poderei te assumir, qual filha amada deste Meu Amor Paternal. E te sentarei no Meu colo, te apertarei contra Meu Peito, e só então poderás saber o que é de fato Meu Eterno e Verdadeiro Amor de Pai.
Ó, tu, Minha pequena noiva e filha, se não fosse tão perigoso para teu coraçãozinho e teus olhinhos mostrar-Me a ti, para que vejas quão perto de ti estou e como Meu desejo de estar a teu lado é milhares de vezes maior que o teu de Meu ver, a Mim, teu tão santo Pai e noivo... Teu coração se despedaçaria de tanto amor, e não conseguirias viver nem mais um minuto.
Reconhece ao menos nestas Minhas palavras, que Eu Me encontro bem mais perto de ti, do que jamais conseguirás acreditar. E prende em teu coração o conhecimento de que Eu somente serei alcançado pelo amor e humildade.
Ouve, Minha filhinha, se tu tiveres fé, Me amares e atuares de acordo com Minha Palavra, por amor a Mim, tu já Me possuis e estou ao teu lado. Para te preservar, não posso Me mostrar, mas fica certa que estou com cada vez mais força em teu coração.
Ó filhinha, por favor, acredita, acredita mesmo que é assim, para que consigas Me amar, a Mim, teu Santo Pai, acima de tudo e de todos, pois Eu te amo como se fosses a única em todo o infinito.
Mas, Minha filhinha, afasta teus pensamentos e coração do Mundo, pois Eu sei, Eu, o criador do universo: todo o mundo é um nada e não pode representar nada para ti. Tudo o que veres e que atrair teus olhos corpóreos é sutileza, nada mais que uma ilusão, criada para provar o espírito imortal por um tempo bem curto, que é a vida das pessoas na Terra
Já que, falando espiritualmente, milhares de anos não têm valor algum, não valem nem ser mencionados, imagina o valor que tem este período de provação que é a vida de uma pessoa. Vê, então, Minha filha, como é fútil quereres amar os bens materiais e apegar-se aos mesmos, para usufruires dos mesmos neste quarto de segundo que é a vida na Terra e com isto arriscares a perder a eterna vida espiritual.
Eu te digo: Se um destes tolos ricos conseguisse ver por um instante o que se encontra atrás de seu dinheiro e bens materiais, ele morreria de susto, mas isto não é permitido, por razões que tu ainda não podes saber.
Eu te digo: Reza, reza por todos estes ricos, pois eles são (por seu egoísmo ou seu orgulho) os que menos conseguimos ajudar e por conseqüência, são os mais pobres e miseráveis em espírito. A eles será muito difícil Me ver como seu Pai, pois se tornaram alimento para Satã, graças a seus bens e tesouros. Eles serão tragados pelo mesmo e habitarão seus intestinos.
Bem Minha pequena, afasta teu coração e pensamentos das atrações do mundo. Crê, crê em Mim e te realizarás, como todos aqueles que em Mim confiaram e jamais sentiram o pavor da morte; isto te acontecerá também, com certeza.
Fica em Mim, fielmente. Confia em Meu Amor de Pai carinhoso. Este é Meu desejo de teu Pai. Amém.
Oração de agradecimento e de pedido do servo
Escrito por Jacob Lorber, em 14 de Março de 1842
Ó tu, meu amado Deus, Pai, Mestre, Professor, Líder, Redentor e Vivificador Jesus. Tu, eterno amor, Tu, eterna Luz, sim Tu, eterno amor de todos os amores, tu, infinita Luz de todas as luzes, ó tu, eterna Misericórdia! Com que palavras e com que coração poderei, eu, insignificante ser, agradecer-Te, a Ti, pela Tua incrível Graça que Tu, meu bem amado Jesus, me agraciastes já fazem dois anos, a mim, teu humilde servo.
Se me tivesses dado forças milagrosas, quanto mal eu teria praticado com este meu coração tão maldoso... Tivesses me dado riquezas materiais, como estaria eu infeliz! Pois certamente, este poderoso veneno já teria matado meu espírito e tornado meus ouvidos insensíveis às palavras que vem de Ti, e para tudo que representa Tua Vontade. Se tivesses me dado um emprego importante, quantas vezes não me teria transformado num implacável juiz, teria deixado que o mundo me cegasse (deslumbrasse) e teria me tornado um peso assustador para meus irmãos.
Para encurtar, Tu me deste justamente aquilo que me faz extremamente feliz: a Tua Graça e Amor, pelos quais ó tu, querido Pai Jesus, já me preparastes por eternidades, com humilhações e até com pecados, para esta tarefa de quase me assemelhar a João na mensagem de Amor e Misericórdia, da qual ele é o mais importante profeta por todas as eternidades, e que com suas palavras consegue vivificar em Teu Nome todo aquele que Te procurar.
Vê, foi isto que Tu fizeste comigo. Tu me deste tal graça, que eu sou incapaz de jamais entender o mínimo da mesma. Sim, em verdade, agora reconheço o que Tu me destes. É a maior das bençãos, é a Tua Palavra viva e santificada, da qual não mereço a mais ínfima partícula. Sim, de fato é a mais pura verdade.
Meu Deus e Pai, como poderei Te agradecer por tal maravilhosa graça? Eu, que nem sou digno de receber um só raio de luz de Tua Divindade; Eu, que sou o mais terrível pecador ante ti, ó santo Pai Jesus. Olha com compaixão este pecador, tem piedade de mim, e recebe meu Amor tão cheio de falhas, como se fosse algo vindo de Ti.
Isto é tudo que consigo fazer com tua bondosa permissão. Todo demais que parece vir de mim, é definitivamente Tua Obra. Só o pecado me pertence.
Por isto, amoroso Pai Jesus, tem piedade de mim, este pecador, e aceita piedosamente minha gratidão por Tua enorme bênção.
E permite que te roguemos que deixes esta bênção eternamente sobre nossos corações e sempre fala conosco, dando-nos Tua Santa Vontade.
Que Tua Vontade se faça hoje e sempre, por toda eternidade. Amém.
Da Maravilha do Eterno Amor
Recebido por Jacob Lorber, em 14 de Março de 1842
Sim, sim, escreve, pois que para Mim o Amor, o Amor que nada tem de mundano, é a maior expressão de gratidão e é o maior presente que podeis Me dar.
Mas expressar a gratidão para ti é às vezes bom, pois assim reconheces que aquilo que Eu te dou é infinitamente melhor, de que se tivesse te outorgado poderes extremos, com os quais conseguirias criar Sóis e mundos novos, destruindo os que já existem a teu bel prazer. Pois vê as maravilhas que Meu amado João conseguiu realizar com seu amor, mesmo que várias vezes desejasse usar o fogo dos céus.
Sim, com prazer ele teria queimado toda a Terra, tal era sua ira e decepção. Mas como o amor que tinha por Mim era tão enorme, lhe foi dado o maior de todos os tesouros: a mais intensa palavra de Amor e a vida eterna que nele se origina.
Observa bem o que recebes de Mim. O que isto contém? Não é o mais intenso, sagrado e vivo Amor que emana de Mim? Como seria possível dar-te mais do que isto, já que estou te dando o mais importante de tudo?
Quem seria o suficiente tolo em exigir uma prova de tal maravilha, uma maravilha das maravilhas? Ou exigiria que Eu matasse um mosquito, para que Eu desta maneira provasse que todos os sóis, planetas, etc. que existem no universo e que ele conhece foram obras Minhas? Só com a morte do mosquito ele conseguiria acreditar no resto de Minhas obras? Eis uma grande tolice... ó cegueira infinita.
Se tua noiva te desse o mais ardoroso beijo como prova de seu imenso amor por ti, a quem tu te igualarias, se lhe exigisses uma coisa completamente insignificante como prova de amor, em vez de acreditar no seu beijo? Vê, isto acontece aqui.
Ou se tivesses ganho uma grande quantia do mais puro ouro e tu exigisses de quem te pagou o ouro umas moedinhas sem valor como prova da transação? O que acharias de tal hiper-tolo?
Podeis vós todos, portanto, vos considerar mais que satisfeitos, pois estou a vos dar o mais puro e divino tesouro, o tesouro celestial mais cheio de Amor Paterno, o tesouro da verdadeira e viva Jerusalém. Quem deseja mais? Quem não está satisfeito com esta graça? A quem ela não basta?
Se houver alguém tão cego, para este Eu dou uma chave feita dos restos velhos das que foram mortas. Com esta chave, se assim desejar, poderá abrir as comportas da Terra, e este sedento de milagres (procurador de milagres) poderá se afogar nestas águas turvas.
De que esta chave é feita, ninguém além de ti precisa saber. Mas quando a noite da morte chegar, ele se lembrará da chave que Eu te dei.
Porque foi que um de vós permitiu que o lixo do mundo lhe estragasse o estômago; e assim este pão puro, do mais puro Amor, não lhe é mais de agrado? Atenção amigo, para que não te tornes uma destas sementes que ficaram no caminho. Se alguém permite que cresçam no seu pomar ervas daninhas, ele deve considerar bem que infinito dano lá está criando raízes. Eu e o Mundo jamais poderemos habitar a mesma casa!!
Quem encontrou o Meu caminho, tenha certeza de Minha bênção. Vede, Eu já habito vossa casa para sempre. Eu estou limpando vossa casa, e isto só pode causar-vos muita alegria. Não quero que ninguém Me deixe à porta a esperar quando Eu lá chegar, para dar-vos Minha cruz para guardardes.
Vede, quando viajantes chegam, eles trazem bagagem e a entregam à guarda do hospedeiro.
Eu também sou um viajante e Minha bagagem consiste na Minha cruz. Na tua casa (Lorber) Eu agora Me abrigo! Estou certo que desejas que Eu lá fique!
Vê, onde Eu não chego com Minha cruz, lá Eu não desejo permanecer. Lá onde Eu chegar com Minha bagagem santa (a cruz), lá Eu cheguei com "mala e cuia" e estou certo que não será fácil Me expulsar daquela casa.
Sê feliz e não temas o mundo. Ele nada mais poderá fazer e imagina estar muito feliz vagando na sua escuridão.
Permanece como és, Meu Filho, pois tu conheces o mundo e sabes como ele é. Se tiveres tempo, senta-se à mesa de escrever, que acharás textos completos em teu coração, os quais deves escrever. Não fiques te policiando, escreve o que teu coração te dita, pois é o que vem de Mim.
Vê, tenho prazer de estar na tua casa. Deixa que Eu aqui permaneça, que Eu para cá Me mude com "mala e cuia".
A quem Eu amo, EU digo: Temor a Deus e uma enorme humildade é obrigatório a todo aquele que foi batizado com água e fogo. Sem isto não se pode imaginar a Vida Eterna. Vê, tu tens bastante "temor divino e humildade", mas Eu te digo: Os filhos que temem demais seus pais e trêmulos de pavor se jogam aos seus pés, estes jamais conseguirão preencher o coração paterno e dificilmente chegarão perto do mesmo. Eles nunca conseguirão elevar seus corações (ardentes com amor) para junto daquele a quem tanto temem.
Se tu Me procuras com temor e tremendo, o que te acontecerá quando Eu Me aproximar de ti? Não chamarás apavorado: "Terra abre-te e me engole!"? Terei que permanecer afastado de ti por muito tempo, até que este teu amor se transforme em Amor por Mim.
Amor e temor não caminham no mesmo compasso. Quanto maior o temor, menor o Amor. Onde menor for o temor, maior é o Amor, a confiança, a força e a coragem, conseqüentemente maior será a verdadeira Vida.
Swedenborg é verdadeiro e bom, podes crer. Mas também crê no seguinte: O Amor está acima de tudo e é o mais divino de tudo. Quem o possuir, possuirá tudo, pois Me possui, a Mim. Vê, isto é muito mais que todos os profetas, todos apóstolos, Pedro, Paulo e João incluídos e muito mais que Swedenborg.
Quero vos dizer que o mundo é algo bem fútil, pior que um horrível pesadelo. Reconheçai que Sou Eu que vos digo isto, reconheçai que Eu sou vosso Deus e Pai, pois os dias na Terra são efêmeros, mais que uma tormenta de verão, e os anos passam como se fossem minutos.
Abençoado e feliz aquele para quem a eternidade não é um mero sonho.
Eu vos digo, a todos vós: Sede felizes e alegres, todos juntos em Meu Nome Vivo. Pois Eu Me encontro, de fato, entre vós. Aquele que estiver um pouco atrasado, este que corra para se juntar a nós. Prestai atenção: O tempo é curto e a realização já se encontra à porta. Amém.
A Ressurreição como está nos quatro evangelhos
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de março de 1842
Pergunta:
· Como é possível nivelar as contradições encontradas nos quatro evangelhos sobre a Ressurreição do Senhor?
1) As mulheres, que visitam o sepulcro (Mateus 28 - 1, Marcos 16 - 1 e João 20 - 1);
2) O número de anjos materializados e o lugar onde se encontravam (Mateus 28 - 2, Marcos 16 - 5, Lucas 24 - 4 e João 20, 11 - 12);
3) Pelas circunstâncias, se foram as mulheres que entraram primeiro no sepulcro (como consta em Mateus, Marcos e Lucas), ou se foram Pedro e João (como consta em João), e
4) A posterior disseminação da notícia (Mateus 28 - 8, Marcos 16 - 8, Lucas 24 - 9, João 20, 10 - 18).
Resposta do Senhor:
Escreve, escreve. Em Mateus 28 - 1, em vez de "ao anoitecer", deve ser escrito "no fim do Sabat", pois os judeus consideram o fim do dia anterior somente no momento do nascer do sol do dia seguinte. Assim, o fim do sábado é no amanhecer do domingo e o momento é coincidente em todos os evangelhos.
O número das mulheres está errado em todos, pois eram sete. Lucas as menciona de leve, ao dizer: "... e as outras". E em João, Madalena diz a Pedro: "Nós não sabemos onde o colocaram". Mas esta falha em relação às mulheres deve-se em primeiro lugar ao fato de que nenhum dos evangelistas conhecia o número exato delas; em segundo lugar para que as mulheres não se tornassem mais um motivo de adoração para o mundo, e em terceiro lugar para que ninguém percebesse a Santidade de Minhas Palavras pelo número de mulheres (o cabalístico número sete), mas sim pela atividade que se origina no fundo de seus corações.
Com respeito ao terremoto mencionado só em Mateus, é verdadeiro, mas tem um significado muito mais espiritual do que material. Ele nos mostra um tremor no Coração e deve anunciar a todos que Eu não me encontro mais no sepulcro, pois já ressuscitei. A razão por que os outros três não mencionam o terremoto é que eles interpretaram corretamente o mesmo como uma ocorrência espiritual e somente deram uma versão bem insignificante, ao mencionarem o susto das mulheres. Era costume daquela época não mencionar fatos da natureza, os quais só eram apresentados através das reações das pessoas ao enfrentá-los.
Agora, porém, vamos ver o que significa o anjo reluzente que remove a pedra. Em Mateus 28, 2 - 3 e também em Marcos 16 – 5, só havia um anjo, mas este se encontrava sentado na tumba. Em Lucas 24 – 4, eram dois homens vestidos em roupagem brilhante, e em João são dois anjos em roupas brancas. Tudo isto tem uma explicação. Em primeiro lugar, no que se refere ao número, devemos nos lembrar que na antiga cultura judaica só se refere a um anjo, pois os dois estavam fazendo um único ato e só tinham uma única palavra. Em segundo lugar nem todas as sete mulheres avistaram os dois anjos. Somente as três primeiras viram ambos, enquanto que as outras só viram um único anjo e assim o narraram aos que lhe perguntaram; por isto as diferenças entre os apóstolos e os discípulos. Estas foram as razões por que Mateus e Marcos não se atreveram a falar de dois anjos, pois não queriam ser acusados pelos judeus-cristãos de cometer um erro. Lucas e João, que escreveram a Palavra muito mais tarde, não se prenderam a estes costumes do idioma e passaram as informações das três primeiras mulheres, que tinham de fato visto dois anjos. Finalmente existe um terceiro motivo e Eu assim o desejei por causa da cegueira do mundo, porque este mundo Me rejeitou, para que ele se escandalizasse até a morte, tanto pelas suas mulheres, quanto pelo número de seus espíritos mundanos. É o sentido espiritual, que contém: a avidez de ver e ouvir só apresenta um único espírito que pode despertar a fé, mas o grande amor de Madalena vê além, vê um outro Espírito, que é o espírito do Amor e da Vida, vestido em roupas brilhantes e chamejantes. Desta maneira mais uma contradição foi revelada, tanto historicamente como no seu sentido espiritual.
Com respeito ao aspecto dos anjos, estes refletem o interior das sete mulheres. Madalena os viu inflamados e brilhantes. As outras, porém, só os viram com roupas brancas. O motivo é o amor ardente de Madalena e o silencioso luto e tristeza nas outras. Devido ao hábito de fazer referência a somente um anjo, assim Mateus nos apresenta a história de Madalena. Marcos, mais cheio de escrúpulos do que Mateus, se refere a várias vozes, porém em relação ao vulto é novamente um. Lucas reproduz a história de Madalena fielmente, mas em vez de usar a palavra “branco” para as vestes dos anjos, usa a palavra mais altiva “brilhante”, com o que quer ressaltar o branco tal como branco-neve ou branco ofuscante. Também não menciona o rosto flamejante para, seguindo Minha Vontade, indicar a passagem da fé simples para o amor ativo e vivo, que se pode observar e aprender na ordem apresentada pelos quatro Evangelistas. João só fala de dois anjos sentados e vestidos com roupas brancas. O motivo disto está na ordem espiritual de seu sentimento evangélico. Sua intenção é indicar a inocência do Amor e a calma desapaixonada que se obtém ao apoderar-se da Vida Eterna. E assim ele silencia o ardor de Madalena, e com isto o seu apaixonado amor por Mim, o que é correto, porém não se enquadra na Ordem Divina. Com isto teríamos solucionado mais uma contradição e somente nos resta a contradição das posições dos anjos.
Em Mateus, eles vêm do céu e, de acordo com o hábito judaico, só se fala de ambos como um anjo junto às mulheres. Afastam a pedra do sepulcro e entram no mesmo. Em Marcos o sepulcro ainda se encontra selado ao chegarem as mulheres, mas elas logo observam que a pedra é afastada e assim entram no sepulcro. Em Lucas, elas primeiro entram no sepulcro que já está aberto, e então os anjos chegam e lhes dão a notícia. Em João, somente Madalena olha para dentro do sepulcro e recebe de um anjo sentado (em vários lugares diferentes) a notícia consoladora; e isto só acontece após Pedro e o evangelista João, que foram por ela chamados, terem abandonado o sepulcro.
Como em todos as outras contradições, estas se baseiam em primeiro lugar na Minha Vontade e na correspondente Ordem Divina e Celestial, a qual os quatro evangelistas seguem desde a fé mais materialista até o mais íntimo renascimento do Espírito. Como seguimento desta razão principal, há várias versões do que foi visto pelas mulheres, pois cada uma enxergou o que sua evolução mostrou e cada uma narrou o que de fato viu. Portanto as versões de Marcos, Mateus, Lucas e João estão corretas, pois tudo o que eles contam foi visto de fato, mas somente com os olhos espirituais. Estes olhos reproduzem o que a vida interna do Amor no coração lhes apresenta. Compreendemos que a visão espiritual não é a mesma da visão material, onde o que um vê é igual ao que o outro vê. Porém no plano espiritual cada um somente vê o que é e como está o seu interior, e desta maneira tudo aconteceu. O fato de terem buscado Pedro e João só ser contado por João deve-se à uma inspiração interna dele ao narrar este fato (pois João também nada ia dizer), para que no seu evangelho tudo estivesse esclarecido, como testemunha espiritual de que o Amor Vivo tudo esclarece, até os mais ínfimos segredos, pois já na Terra o candidato ao amor deve encontrar o coração de sua amada totalmente aberto ao objeto de seu amor. Se a escolhida começar com segredinhos, o que é que o candidato pensará da mesma e de seu coração? Vede, novamente tudo se encontra na mais perfeita ordem. O que os três primeiros consideram como insignificante e desnecessário, o evoluído e amado deve narrar em sua totalidade. Bem, agora só resta Minha aparição para as mulheres.
Em Mateus, Jesus só aparece para Madelena e nada se diz se Ele também aparece às outras; só há uma referência totalmente indefinida, pois ele diz: "... primeiro Madalena”. Então subentende-se a conclusão: "... e depois as outras." Em Lucas, Cristo não aparece para as mulheres e Pedro corre para o sepulcro sem João, só depois de ter sido avisado. Em João, Madalena chega sozinha para os discípulos e lhes informa que a pedra tinha sido removida. Somente após o retorno de Pedro e João é que Cristo aparece para Madalena e proíbe a mesma de tocá-Lo, ante o ardoroso impulso dela. Nada se fala das outras mulheres. Como todos os fatos anteriores, este também tem principalmente uma razão interna e espiritual. Com respeito ao acontecimento histórico, de fato só Madalena vê o Cristo (em primeiro lugar), quando a mesma tenta jogar-se sobre Ele e abraçá-Lo, mas é por Ele repelida. Só então Maria Joana o avista. Ambas se jogam aos Seus Pés e Os beijam com fervor. Maria Jacó e Salomé não O vêem, mas sim pressentem Sua presença espiritual. As outras três, porém, não se dão conta da presença do Senhor e no caminho de volta esforçam-se a convencer as outras que suas visões não passavam de algo imaginário. Em relação à notícia dada a Pedro, de fato a única mensageira é Madalena, pois as outras ficam no jardim onde o sepulcro tinha sido esculpido numa rocha. Então cinco não prestam atenção a Pedro e não o vêem. Só Maria Joana o vê chegar e partir, mas o rápido João também ela não percebe. Também não teria visto Pedro com Madalena, que chegava esbaforida, se esta não lhe tivesse chamado a atenção. Pedro e João ficam pouquíssimo tempo junto ao sepulcro, e isto se explica pelo grande temor que eles tinham dos judeus.
Após entenderdes estes fatos, creio que não vos será difícil entender a verdadeira explicação espiritual destas aparentes contradições encontradas nos quatro evangelistas, pois as informações foram transmitidas por diferentes mulheres videntes e a visão espiritual difere uma da outra. Isto também aconteceu com os escritores dos evangelhos, onde cada um escreveu de acordo com sua fé.
. Respostas à algumas perguntas
Recebido por Jacob Lorber, em 6 de agosto de 1842
“Todo aquele que clamar por Deus será bem aventurado.” (Romanos 10-13)
Esta é uma verdade infalível, apesar das maldições e penitências de confissões dos monges romanos. De verdade, aquele que por Mim clamar em seu coração, este não se perderá, mesmo que tenha sido amaldiçoado pela eternidade; não só pelos romanos, mas sim por todas as diferentes seitas existentes, pois ciumeiras das seitas terrenas jamais foi um julgamento aceito pelo Amor em Deus. Entenda isto muito bem. Amém.
- É o casamento indissolúvel pela eternidade?
- Certamente que sim, se este casamento tiver sido realizado no puro e verdadeiro Amor e se tiver sido realizado considerando o valor dos seres que o desejam. Se não for assim, então aquilo que chamais casamento não tem nenhum valor nem nome para o Céu, mas sim tem um grande valor para o inferno. Amém.
- Não diz um olhar muito mais que a palavra? E não existe no olhar mais poder que na palavra?
- Ó sim, se quem falar no olhar for o espírito!
Deverias ter perguntado se existe mais poder na Palavra espiritual do que na palavra falada. Terias entendido tua pergunta por ti mesmo. Esta é o motivo certo. Amém.
- Senhor, eu não consigo entender que nas leis Mosaicas existe a pena de morte para tantos casos e que tantos povos foram destruídos em Teu Nome pelos israelitas, enquanto que Tu, como Jesus, dizes: “Não julgueis, para que não sejais julgados, não amaldiçoeis para que não sejais amaldiçoados, etc!?”
- Vê, sob Moisés e após Moisés a velha ligação durou até a Minha chegada. Nesta velha ligação a única crença e a fé foram estabelecidas para regulamentar, pois o Amor começou a ser abandonado a partir de Noé e se tornou fria sabedoria. E assim se expressavam as leis mosaicas, baseadas só na crença. O amor então se interiorizou e se ocultou e com o tempo se tornou severa obediência, pois a Sabedoria se tornou independente do Amor e por isto tinha que ser constantemente julgada com severidade, para que não saísse da Ordem eterna. E assim o período que abrange desde Moisés até Cristo foi um período difícil, severo, de julgamento. Por isto Eu tive que assumir o peso deste julgamento no fim de Minha encarnação e coloquei no lugar da fria crença novamente o nosso velho Amor. Vê, este é o motivo. Uma outra explicação mais profunda é que naquele tempo o senhor da morte ainda não tinha sido julgado e se encontrava totalmente livre.
Porque? Isto é de fácil compreensão, pois ele se desejava completar com a única crença da sabedoria e do julgamento. Porém este seu desejo evoluiu para todo tipo de idolatria, e por isto Eu tive que intervir de maneira severa.
Vê, por isto que tudo parecia tão cruel naquele tempo. Mas como Eu vim e venci, ele foi julgado, e o Amor é novamente a única lei. Se acontece algo horrível, isto acontece pela vontade má dos homens e por influência demoníaca. Mas na Minha lei nada disto é mais aceito; só o Amor. Amém.
- Quando eu digo que vou introspectar, desejo me conhecer. Então é o espírito que entra na alma, ou é a alma que entra no espírito? É a alma que estuda o espírito, ou o espírito a alma? Pois a alma não pode penetrar na alma e o espírito não pode no espírito. Quem é o “me” e quem é o “eu”?
- Eu te digo que não acontece nem um, nem outro. Porém o “ entrar em si” só se entende por “ o amor ou o espírito recolher sua vontade e a direcionar unicamente para Minha Vontade ”. Se, porém, o Amor permitir total liberdade à vontade, então esta se tornará cada vez mais forte que o amor por Mim. E ela puxa o amor para si e ele fica cada vez mais fraco, e com isto a vontade também enfraquece.
Introspectar significa: Puxar para dentro de si toda a vontade própria e se estudar. Significa investigar a vontade própria, como também o amor por Mim, para ver se tudo está orientado à minha direção. Vê, assim é.
Explicações sobre textos pequenos, mas importantes na escritura.
Recebido por Jacob Lorber, em 16 e 17 de agosto de 1842
Eu desejo te dar, a ti e aos outros, algo muito importante. E é de Minha vontade que constantemente os tenhais em vossas mentes e especialmente em vossos corações, principalmente vós e todos Meus filhos amadurecidos. Quem guardar o que se segue em seu coração, vai levar uma vida íntegra e andará no caminho reto, que o levará cheio de luz diretamente para Mim. Então escreve.
João 13.16 “O servidor não é maior que o patrão, nem o apóstolo é do que Aquele que o enviou.”
Como estamos hoje em relação à situação do servidor e do apóstolo, já que se fazem altares para o servidor e se adoram aos apóstolos, como se fossem mais do que Eu! Como Me retiram todo o poder e se apoderam de toda a honra a Mim devida? E Eu tenho que ser como é do desejo do servidor e do apóstolo, e não eles segundo o espelho de Minha Vontade?! Mas mesmo assim orais: “Seja feita a Tua Vontade”. O que quer dizer isto? Não quer dizer renegar ao Deus com todas as fibras do ser?
Mateus 11-30 “Meu jugo é suave e leve é Meu fardo.”
Porém como é possível que as pessoas permitam que lhe sejam colocadas montanhas sobre ombros e que fardos de ferro as subjuguem, somente para conseguir o jugo, não aceitando nem uma pluma de Minha Vontade amorosa? Porque estão mortas (espiritualmente) e por isto não se dão conta pelo que e como são subjugadas! Ó esta insensatez do mundo!
Mateus 13-37 – “Eis o Filho do Homem – Cristo. O único a semear sementes boas.”
Isto nos prova suficientemente de que espírito são filhos aqueles que dizem: o que não vem de uma determinada cidade e não vier de um certo regente humano, ou que pelo menos tenha sido por lá provado, é obra do Satanás! E quando o Filho do Homem não atuar de acordo com a vontade desta cidade, pois Ele jamais poderia fazer isto, o que é que ele se torna? Ó prostituta, que jogo terrível jogas Comigo!
Mateus 7-21 – “Nem todos os que clamarem “Senhor, Senhor!” serão aceitos no reino dos céus, mas somente os que fizerem a vontade de Meu Pai no Céu.”
Assim os dominus tecum (o Senhor seja contigo), os dominus nobiscum (o Senhor seja convosco) e os domine exauti o ratio nem mean (Senhor escuta minhas preces) não alcançarão de jeito nenhum o reino dos céus, e isto se entende se olharmos do Meu ponto de vista. Eu acho que isto só influencia ao Senhor do mundo – pois Eu só olho as obras e nunca olho os dominus tecum nobiscum e muito menos ao exaudi.
Mateus 12-50 – “Quem fizer a vontade de Meu Pai no Céu, este será Meu irmão, irmã e mãe.”
Seria bem melhor dizerem “amate fraters” (Amemo-nos irmãos), do que o “orate fraters” (oremos irmãos), ao que se inicia um rezar mudo e mecânico, que é então considerado uma obra de amor. E todos os atos realizados no verdadeiro amor são totalmente desconsiderados, a não ser o movimento do dedo polegar junto ao indicador, para que se realize o “orate fraters”. Ó estas seriam mães, irmãs e irmãos muito esquisitos. De fato, estes não têm nenhum tipo de parentesco Comigo!
João 14-21 – “Aquele que possui Meus mandamentos e os obedece é aquele que Me ama.”
Com isto quero dizer: quem possui o amor e quem é fiel a este amor, este certamente Me ama e ao seu próximo, pois estes são Meus mandamentos; ou seja, que os homens amem a Deus acima de tudo e ao seu próximo (seu irmão, sua irmã) como a si mesmo. Como poderá um irmão amar o outro, se ele é seu senhor e juiz? Como pode alguém amar ao seu semelhante como a um irmão, se ele antes disto não conheceu o Santo Pai, o reconheceu e o amou? O que significa uma pessoa para a outra sem a presença Dele? Eu vos digo: nada além de um animal de carga que deve servir ao rico para um salário miserável; e este rico, como se fora um senhor e juiz, governa e manda no irmão pobre! Estes senhores e juizes com certeza não obedecem Meus Mandamentos, e como conseqüência não o farão estes animais de carga, já que estão repletos de raiva, inveja e desejo de vingança contra aqueles que se consideram seus juizes e seus senhores da vida e da morte – horror dos horrores! Em verdade jamais verão o rosto do Pai no Céu! E Eu jamais os visitarei e nunca Me revelarei aos mesmos!
João 13-34 – "Isto Eu vos ordeno: Amai-vos uns aos outros."
Mas não condeneis nem julgueis e não vos alegreis, quando um irmão se perder e for apanhado e condenado pela lei terrena, em vez de apiedar-se dele e reconduzi-lo ao caminho certo. Em verdade, se Eu tivesse ordenado: roubai um ao outro e assassinai vosso vizinho, tenho certeza que este mandamento teria uma aceitação muito grande; mas amar ao seu irmão, ninguém quer! Ó tu, mundo horroroso! Muito mais terrível será necessário para livrar-te de tua dureza e imundície!
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João 15-8 – "O Pai será honrado, quando lhe trouxerem muitos frutos."
Perguntais qual fruto é este que é para levar-Lhe, de que é feito? As obras do amor e da humildade que dele provém são os frutos que devem ser trazidos para mim. Em que tipo de árvore vamos encontrar este fruto? Na árvore na qual ele deveria crescer, a árvore do amor e da vida, cujas raízes estão totalmente secas e mortas.
Mateus 6-23 – "Mas quando a luz que está em ti for uma total escuridão, de que tamanho tua verdadeira escuridão não deverá ser? ”
Isto quer dizer que, se o homem já ama o falso, para com isto conseguir mais espaço para desenvolver sua maldade, quão grande não deve ser mesmo o amor pelo que é mau. Vede, esta é a elogiada sabedoria do mundo, da razão esclarecida: inventar leis, para que sob as mesmas o homem consiga pecar com mais e mais liberdade. Mas Minhas leis, as que são só Amor, são consideradas pueris e indignas ao homem, que deseja ser um completo discípulo da razão. Quem critica o glorioso Amor, fala sobre suicídio. Ó Mundo! Ó horror!
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Mateus 5-9 – "Bem aventurados os mansos, pois eles serão os filhos de Deus."
Onde é que estão estes? Atrás dos canhões e das espadas, certamente que não. Onde é que mora um povo pacífico, este que em paz e verdadeiro amor fraternal vive em comunhão, sob Minha proteção? Pois onde houver paz, esta só acontece pelo medo dos canhões, das espadas e lanças. Ó quão poucos são os habitantes da Terra que realmente desejam se chamar Filhos de Deus; quão poucos são estes felizardos! Pois todos partem segurando armas, ou nas mãos, ou na sua língua de duplo fio! Onde então os mansos? Onde os felizardos? Onde os filhos de Deus?
Mateus 5-13 – "Se o sal perde o sabor, com que vamos temperar? ”
Este texto-pergunta tem muita utilidade nos tempos atuais, onde quase todo o sal se tornou insosso (cego), sem gosto (surdo) e sem sabor (tolo). Cego, surdo e mudo, já que não o colhemos mais das montanhas do Amor, mas sim das doenças que o amor próprio prepara. Dizei-Me, por favor, que gosto não tomarão estes frutos mundanos, temporãos e ainda não maduros, que forem temperados com este sal? Ou não é verdade que os pais na atualidade deixam que seus filhos sejam totalmente salgados com tal sal, para obter vantagens mundanas, ser independentes e ter abundante pão? Tende certeza que no Meu Reino também terão esta independência por eternidades. Eu os deixarei livres e tão independentes, que ninguém se lhes aproximará, pois Eu tornarei tal estado espiritual posse deles, como o fiz com a mulher de Lot, e os colocarei em locais ermos e abandonados. Lá eles poderão usufruir seu sal de independência por toda a eternidade! Entendeis agora o sal sem sabor?
Mateus 6-17 – "Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto, assim não ostentas teu jejum aos homens."
Estes versículos são bastante atuais, quando a hipocrisia alcançou os patamares mais fundos. Alguns acorrem às igrejas, somente para serem considerados pessoas devotas e com isto conseguir favores junto a um ou outro clérigo; outros, para mandriar nas igrejas; outros ainda, para obter um tipo de ligação religiosa, conseguir uma união com seus amantes e assim alcançar o perdão de seus pecados; outros vão com seu vizinho ou vizinha a criticar as pessoas, ou para ver com que roupa andam; outros vão, porque desejam colocar-se em bons termos com parentes dos quais esperam benefícios. Alguns vão a igreja para afastar de si desconfianças que pairam sobre suas cabeças. O melhor de todos vai à casa de oração com uma meia fé, tendendo mais para superstição, para pedir – não a Mim, mas sim a algum santo qualquer – benefícios materiais; mas nenhuma vai lá para Me louvar. Sim, existem mais motivos por que as pessoas acorrem à uma casa de oração, mas Eu sou a menor motivação de todas. Vede, eles são todos jejuadores que não se lavaram e não perfumaram suas cabeças. Assim é que as pessoas se penitenciam por medo de Roma, mas só por amor a Mim ninguém jejua. Ninguém se prontifica de verdade a colocar a cruz em seus ombros e Me seguir. Todos querem “parecer ser”, mas ninguém quer de fato “ser”. Já que ao mundo basta o “parecer”, para que então é necessário o pesado “ser” ? Para que perfumar a cabeça e lavar o rosto? Pois ao mundo basta o “parecer”! Eu sou o Ninguém neste mundo! Mas sim, em breve chegará a cada um a sua hora... E os não perfumados e não lavados serão afastados, como o joio do trigo; então todo “parecer” vai desaparecer e, em sua nudez, serão atirados ao fogo infernal. Entendei isto bem!
Mateus 7-1 – "Não julgueis, para não seres julgados!"
Este mandamento se encontra como a quinta roda de um carro, como tantos outros do livro do amor e da vida. Quem achar isto um exagero, que estude as milhares de leis e regulamentos mundanos e as infinitas considerações burguesas (onde também se deve considerar a situação política, econômica, etc.), que ainda nem imaginará quantas coisas podem ser combinadas, julgadas e pré-julgadas nos tribunais mundanos. Então verá com clareza a quinta roda do carro, pois isto lhe aparecerá tão claro, como o sol que ilumina um dia de verão.
Ó não, isto não acontecerá! A Terra e o Céu desaparecerão antes de que Eu faça desaparecer uma vírgula do que disse, somente pela maldade dos homens.
Estes ditames, porém, julgarão os homens e fecharão seus caminhos para a Vida; por isto não desejo falar mais sobre a quinta roda.
Mateus 12-33 – "Pelo fruto se conhece a árvore."
Também este texto na atualidade pertence ao grupo da quinta roda do carro. Tu dizes: “Como é isto?” Ouve então, e é a pura verdade: conhecemos a árvore pelos frutos que produz, pelo fruto podemos ver se a árvore é boa ou má. Mas dize-Me como reconheceremos a qualidade de uma árvore que não dá frutos? Não sabes Me dar a resposta, não é? Vê, uma árvore pode ser avaliada pelas folhas, pois foi assim que Eu reconheci a figueira que não dava frutos. Aquela figueira foi a única que Eu amaldiçoei, por não produzir nenhum fruto, nem algo que servisse de alimento aos porcos... e Eu a condenei a ser alimento dos vermes da terra pobre. Vê, nesta árvore está escrita a palavra que indica a sorte dos homens da atualidade: mornos e estéreis. Entenda bem isto!
Mateus 12-34 / Lucas 6-45 – “Porque a boca fala do que lhe transborda o coração.”
Vede, este é o verdadeiro juiz. Mas a pergunta é: de que a boca pode transbordar, se o coração estiver totalmente vazio, como acontece na maioria dos homens da atualidade devido à sua grande frouxidão? Nem mais conseguem pecar, por terem pecado demais no passado... Imaginai se conseguirão produzir frutos! Também consta: “Pelas tuas obras serás julgado!” Isto tem o mesmo significado que as palavras anteriores. Mas como será o julgamento daqueles que não têm nem um tipo de obra? Eu vos digo: tudo acontecerá como foi dito sobre a figueira, pois o que está morto já foi julgado de antemão. Não é necessário nada mais que uma maldição, para que as plantas parasitas que se apoderam da nobre figueira sejam exterminadas. Conseguis entender isto? Ó sim, vós o entendeis!
Mateus 13-52 – “Por isto todo escriba instruído nas coisas do reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas velhas e novas.”
Porque? Por ser assim por toda eternidade, baseado na Minha Ordem que diz: de uma semente se cria um fruto novo, mas só onde aquela semente foi colocada na terra, a árvore reapareceu; sem a árvore que já existe, nenhum fruto poderá ser produzido e nem imaginado. Se quisermos produzir alguma coisa deve existir uma base. Assim, uma palavra mais antiga é o fundamento para uma palavra nova e um ensinamento mais velho é a base para um mais moderno, como uma vida passada é a base para a vida póstuma. Entende bem isto, pois de acordo com isto Minha Palavra (nova) será considerada verdadeira, se possuir o antigo fundamento (base). Entendes o que digo? Sim, isto deve ser entendido primeiramente.
João 4-23 – “Os verdadeiros adoradores hão de adorar ao Pai em espírito e verdade.”
Quero dizer que O adorarão de forma viva, através de suas obras e de seu amor, pois ninguém poderá dizer: “Pai Nosso!”, se não tornar a todos seus irmãos e irmãs pelas suas obras de amor ao próximo e se não fizer isto com todo seu coração. Quem realizar suas obras com todo seu amor, este sim é um verdadeiro adorador do Pai em verdade e espírito. Entendei isto, pois é a vida.
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Corintos 3-6 – “A letra mata, mas o espírito vivifica.”
Não adianta ter conhecimento e fé sem a ação! De que adianta dar um menu ao faminto? Um pedaço de pão lhe é mais caro que toda uma biblioteca cheia dos mais elaborados menus e livros de receitas! Entendei, a Vida depende só das obras e não das palavras vazias. É isto que este versinho diz.
João 8-32 – “A verdade vos libertará.”
Como e quando? Quando ela se tornou uma luz viva em vossos corações, a qual se origina no fogo do amor vivo e ativo! E esta luz só pode ser mencionada na mais pura e justa verdade, pois se não for assim, toda a verdade que se origina na mente se iguala a uma fruta pintada, que pode ser extremamente bonita para os olhos, mas que é um puro engodo, uma pura mentira, para um estômago faminto.
Lucas 9-62 – “Aquele que põe a mão no arado e a retira logo depois não é apto para o reino de Deus.”
A mão é a vontade, o arado é a palavra de Deus; o reino de Deus é a vida ativa, cheia de amor e de acordo com a Palavra. Quando alguém se apodera da Palavra e atua de acordo com a mesma só com a metade de sua capacidade, usa a outra metade para o mundo, dizendo: “Enquanto eu viver no mundo, eu preciso viver com ele. Por isto não posso acabar totalmente meu relacionamento com ele. Tenho que fazer muitas coisas por ele, às vezes só para satisfazer a aparência, para que eu não seja criticado em pensamento ou palavras. Pois não podemos modificar o mundo e assim não podemos fazer mais nada além de compartilhar com o mesmo atitudes que não consideramos as mais horríveis. Pensar, atuar e acreditar no seu íntimo, isto sim podemos fazer do acordo com nossa vontade”. Vede, isto é o que Eu chamo colocar a mão no arado e retirá-la logo depois, para não ser crucificado pelo mundo!
A pergunta se segue: Com este tipo de preparo da lavoura, como será que fica a semente da Vida, que lá deve ser semeada? Uma coisa é verdade: levar o arado para traz (de volta ao início da lavoura) é bem menos árduo do que levá-lo em frente, mas quem isto fizer, como diz no texto, não estará apto para o reino de Deus, pois não antes que tenhais devolvido ao mundo o último centavo que pedistes emprestado, não entrareis no reino dos céus. Observai isto muito bem e sede lavradores completos.
Mateus 23-23 – “A lei mais difícil é a justiça, a misericórdia e a fidelidade.”
Vede, este é um nó muito importante. Quem o desatará e como? Pois, se olharmos bem, a justiça acompanhada pela fidelidade exclui totalmente a misericórdia; pois atuar de acordo com a justiça significa mais que ser fiel às leis, enquanto que misericórdia significa nada mais, nada menos, que relevar as leis para alguém. Como é isto compreensível? Sede misericordiosos e assim conseguireis obter misericórdia? Como é possível ser justo e misericordioso ao mesmo tempo?
Nada mais fácil. Eu vos digo: devemos ser justos conosco e misericordiosos com o irmão. Assim, viveremos na plena Ordem do Senhor e seremos totalmente justos, misericordiosos e fiéis. Devemos observar bem isto e entendê-lo em nossas vidas.
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Lucas 12-27 – “Feliz é o servo a quem o Senhor encontra em pleno trabalho (em sua obrigação) ao chegar (Bem aventurados os servos a quem o Senhor achar vigiando, quando vier)’’.
Aqui se pergunta qual é esta tal obrigação? Nada mais do que apenas a Minha Vontade, que somente e unicamente subsiste no Amor ordenado. Quando então será rezado em verdade e espírito: “Tua Vontade se faça”. Entende isto, para conseguires a Vida Eterna.
Mateus 9-17 – “Coloca-se vinho novo em odres novos, e assim tanto um como o outro se conservarão.”
A Palavra Viva somente será entendida nos corações daqueles que pela autonegação se tornaram totalmente novos. Se, porém, esta Palavra for apresentada a um coração cheio de defeitos e consequentemente apodrecido, acontecerá à Palavra o que acontece ao vinho novo que é colocado em um odre velho: este se rasga e os dois se afundam na matéria. Por esta razão, não devemos jogar pérolas aos porcos. É bom observar isto muito bem.
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Mateus 11-19 “A Sabedoria foi justificada por seus filhos.”
Isto é verdadeiro e fiel, mas ninguém deve se preocupar se eles não forem compreendidos pelo mundo; pois diferentes são os caminhos da noite, e muito mais diferentes são os caminhos do dia. Quem caminha durante o dia sabe para onde vai, mas os hóspedes da noite correm desordenadamente de um lado para outro, feito malucos, e não sabem o porquê e para onde. Por isto o dia não precisa se preocupar com o julgamento da noite. O dia deve prestar conta do dia. Entendei bem isto.
Marcos 4-25 / Mateus 13-12 “Ao que tem lhe será dado em abundância.”
Isto parece uma verdadeira injustiça, mas não é assim. Pois isto quer dizer somente o seguinte: se alguém utilizou e praticou sua força e de agora em diante está apto a carregar pesos maiores, este não se enfraquecerá com o peso e sim se tornará cada vez mais forte. Mas aquele que nunca quis experimentar sua força pequenina, este logo perderá esta força tão logo a utilizar para carregar um peso, mesmo bem insignificante, e cairá exausto na morte total e absoluta.
Por isto todos vós deveis utilizar e praticar as forças do espírito e logo vos encontrareis no meio da maior e mais esplendorosa força da Vida Eterna e conseguireis carregar sobre vossos ombros o grande peso de Meu Amor, Misericórdia e bem-aventurança. Por isto àquele que tem será dado em abundância, e àquele que pouco tem, a este até lhe será tirado o que ele possuía desde sua origem. Entendei isto! Sim, isto deveis entender bem.
Lucas 9-49-50 – João Me disse: “- Mestre, nós vimos alguém que expelia demônios em Teu nome, mas ele não era um dos nossos seguidores, e nós lhe proibimos, pelo motivo de não nos seguir”. Porém Eu, Jesus, disse: “- Não deveis proibir-lhe, pois não existe ninguém que faz algo em Meu nome e logo a seguir sai falando mal de Mim.”
Este texto deve ser uma eterna proteção tua contra todas as agressões do mundo! Pois quem não é contra Mim é a Meu favor! Isto te será fácil de entender. Só há aqui uma coisa que falta, e esta coisa é Meu Sal e Minha paz em vós. Isto Eu vos digo, Eu, Jesus, em verdade e confiança. Amém. Amém. Amém.
Pai nosso que estás no Céu
Recebido por Jacob Lorber, em 10 de setembro de 1842
Escreveis hoje algo muito importante, pois trata da exaltação no início de Minha oração que diz: "PAI NOSSO QUE ESTAS NO CÉU!" Esta chamada é feita por milhares de pessoas diariamente, mas muito poucos pensam no que estão dizendo e ainda menos oram estas palavras no seu teor verdadeiro, no qual o Pai, ao qual oram, está "no Céu".
Como é então o sentido celestial desta exaltação inicial?
Não é o momento de extrair o sentido desta exclamação, analisando-a gramaticalmente, mas sim tenciono mostrar-vos, na forma mais celestial e espiritual, o seu sentido verdadeiro. Isto, porém, com uso de palavras bem naturais, pois (ainda) não conheceis a linguagem espiritual. Como esta frase se expressa na boca dos espíritos mais puros é: "Eterno e infinito Amor, que habitas na Luz de Tua divindade!" Esta é uma mensagem e um sentido, mas deste podemos extrair um sentido mais profundo que diz: "Vida de toda vida, que habitais em nossos corações!". Vede, este sentido já é bem mais profundo! Porém vamos nos aprofundar um pouco mais, vamos ver o que se encontra além e então diremos: " Homem dos homens, Tu, que habitas nos homens!” Vede como mais profundo é isto. Mas escutai mais, vede o sentido profundo disto: " Palavra de todas as palavras, Tu, que habitas em Teu ser original, e nós nele, e a mesma em nós!" Quão mais profunda é esta frase! Prestai atenção ao sentido da mesma, pois nela habita a totalidade do Espírito Santo. Mas novamente vos peço para que escuteis mais e com maior profundidade, e então dizei: "Ó inconcebível centro da eternidade em todo Amor, Força e Poder, Violência e Divindade, Tu, que sozinho envolves Teu infinito Ser!" Mais uma vez escutai com vossos corações abertos: " Eterno, e ilimitado Deus, tu, que habitas no Espírito de Tua infinita claridade e plenitude". Vede que profundidade encontramos aqui, e mesmo assim esta não é a palavra final, pois a profundeza da profundidade também aqui é infinita, para que cada anjo, por mais perfeito que seja, ainda tenha que pensar e encontrar outras explicações cada vez mais profundas, e que cada uma seja um novo começo para novas idéias, e que cada um se dê conta que nunca conseguirá elucidar o verdadeiro significado desta exortação. Imaginem se alguém alguma vez poderá elucidar-Me, a Mim, à quem esta exortação é dirigida!
Agora pensai como vós de vez em quando repetis esta exortação e os pedidos que se seguem de uma forma quase que mecânica, e o que os anjos devem pensar sobre isto, eles que sabem perfeitamente que não conseguirão desvendar o verdadeiro sentido desta exortação (e de toda a oração) por eternidades sem fim.
Acordai e clamai em espírito e verdade: "Pai nosso que estás no céu "; pois assim achareis a vida, tanto nas profundezas, como nas alturas. Pois nesta exoração já está contida toda a oração e é o pedido que a prece contém. Por isto pensai bem, no futuro, o que é como orais, e assim vossa oração será ouvida.
Entendei isto por toda a eternidade. Amém. Amém. Amém.
Recebido por Jacob Lorber, em 18 de setembro de 1842
Mateus 6-34 – “Não vos preocupeis pois pelo dia de amanhã; o dia de amanhã terá suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu próprio tormento ”.
Escreve pois: Este texto só tem um significado natural. Mas é desnecessário dizer que ele também tem um significado divino-espiritual, como acontece com cada palavra que se origina de Minha Boca.
O que devemos entender de seu significado natural está claro e explícito nas suas palavras, mas o que significa divino e espiritualmente isto é enorme e será um grande esforço para vosso espírito de conseguir entender mesmo só algo dele. Vós perguntareis: Como é que isto é possível? Pois nós já entendemos vários textos de difícil compreensão porque é que justamente este será tão incompreensível? Pois Eu vos digo: Paciência! Algumas provinhas logo vos convencerão de como é difícil entender este texto no seu sentido divino espiritual para aqueles que ainda não se encontram totalmente no céu (que ainda não são totalmente iluminados pela luz do Amor).
Existem muitos outros textos similares mas este é o mais difícil porque ele se origina na mais pura e mais elevada Sabedoria.
Bem, vamos à prova: “Não vos preocupeis” quer dizer que não deveis profetizar para “o dia de amanhã” quer dizer para a mais elevada sabedoria do eterno Espírito de Deus “o dia de amanhã terá suas preocupações próprias” quer dizer que esta sabedoria não precisa de auxiliares. “A cada dia basta o seu tormento” quer dizer que vos basta receber uma porção da sabedoria do Pai de acordo com a força e intensidade de seu Amor. este porém é o sentido mais fácil deste texto. Ouvi um outro que diz: Não vos preocupeis com as eternidades futuras, pois elas já foram preenchidas em Meu Espírito: basta que a vossos olhos o presente seja eterno. Vede isto já é um pouco mais difícil de entender. Vamos nos aprofundar para entender seu significado melhor. Observai o que vos digo: o Amor não se preocupa com a Sabedoria, basta que a Divina Sabedoria se preocupe com o Amor, pois o Amor é o motivo de toda a Sabedoria. Vede, isto já é novamente mais difícil de entender nas profundezas de vosso ser. Além disso, que a vida não pergunte pelo dia da Morte, pois a Morte já se preocupa pelo seu dia, a vós basta o dia da Vida. Vede, isto já é novamente bastante profundo.
Nós, porém, vamos nos aprofundar mais: Não queimai o óleo de vossa lâmpada durante o dia pois o dia tem sua luminosidade própria, mas à noite não deixais que o óleo se acabe e daí ao vosso coração a luminosidade da lâmpada para que nele não se apague a luz para o Dia da Vida. Vede quão mais difícil e profundo se tornou este texto, mas vamos mais um pouco: Uma Palavra livre não procure seu Ser pois a Palavra e o Ser são unos, mas cada Palavra possui seu próprio Ser. Entendeis isto? Acho que é bem difícil.
Ouvi pois mais um pouco: Um presente é justo, quando o doador for um doador sábio; não vos preocupeis pois pelo presente mas sim pelo doador do mesmo pois pelo doador o presente será santificado (se tornará santo) porém Vou dar-vos mais uma explicação (mais profunda) para que possas captar a infinita profundeza que se encontra neste texto: Não desejeis vos tornar em juizes na grande roda da eternidade, pois basta a existência do Único Eterno Juiz. A cada um de vós porém é dado uma roda própria, cuidai para que esta roda permaneça nos trilhos da vida.
Vede cada explicação leva a outra cada vez mais profunda e espiritual e se torna cada vez mais infinita. Por isto um texto como este é difícil de ser totalmente explicado e compreendido, pois seu conteúdo e infinito.
Nisto podemos reconhecer a mais pura Divindade e a enorme importância destes textos, pois ocultam em si o infinito. Este é o motivo que não deveis tomar os textos fáceis por textos fáceis, pois quanto mais descoberto se apresenta o sentido da palavra, tanto mais profundo é o seu sentido divino-espiritual. Devemos ler com cuidado estes textos, pois com isto conseguiremos vivificar nosso espírito para as profundezas celestiais. Refleti bem sobre isto e Quem é Quem vos aconselha a fazer isto. Amém.
Explicações sobre a localização dos logradouros na Palestina mencionados no Evangelho de João e no Velho Testamento
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de março de 1847
Já que me perguntaste várias vezes se os nomes e a localização dos lugares são os mesmos que se encontram nos guias de turismo e nos mapas, ou como aprendem os meninos nas escolas israelitas, devo te avisar sem demora que nenhum lugar existe mais que Meus Pés tenham pisado, ou pelo que qualquer um dos Meus apóstolos tenha caminhado no país dos judeus. Todos os locais podem ter os nomes que bem lhe aprouverem, mas muitos lugares foram tão destruídos pelos pagãos, que os conquistaram, que ninguém mais poderá dizer: “Veja, este lugar é onde o Senhor e Seus apóstolos permaneceram, ou fizeram isto ou aquilo.”
Belém é o único local que ainda está mais ou menos no mesmo lugar de antigamente. Do outro lado do vale, no alto da montanha, havia o castelo de David por Mim descrito, do qual porém só existem algumas pedras muito esparsas. Na atualidade existe um mosteiro e uma igreja no local, cujos moradores de vestes marrons sabem muito bem extorquir bastante dinheiro dos peregrinos por meio das assim chamadas relíquias.
Em relação a Jerusalém não podemos considerar que mais de um oitavo sobrou da antiga Grande Jerusalém. Do local Betânia não existe o menor sinal. Sobre o monte das Oliveiras ainda existe uma pequena cabana com várias ruínas, que são denominadas Betânia. Quando Eu estava na Terra, esta cabana era mais uma pousada no monte das Oliveiras (de fato uma elevação não maior do que 26 metros). Pertencia a Lázaro e era chamada de Bethphage. Com isto vemos que também de Emaús, perto de Jerusalém, nada mais existe.
O quanto Jerusalém se modificou se pode ver pelo monte das Oliveiras, que na atualidade está totalmente diferente e fica situado a oeste da Jerusalém turca, enquanto que a velha Jerusalém era justamente o contrário: a leste. Houve um imperador romano chamado Justiniano que ordenou aos judeus que reconstruíssem a cidade e o templo no mesmo local e da mesma maneira de quando Eu aqui estava fisicamente. Então vieram de todos os cantos judeus ricos com muitos construtores e operários ao local da antiga Jerusalém, com a intenção de reconstruí-la segundo as supostas localizações das ruínas. Eles, porém, foram advertidos, por um beato que ali morava e pregava o Evangelho, mais tarde chamado de Apóstolo Felipe, sobre as profecias de um outro profeta: que os judeus abandonassem seus projetos, pois, se insistissem, teriam um fim trágico. Eles, porém, zombaram do profeta e começaram a cavar nos locais para retirar o entulho. Mas vede: o trabalho não durou meio dia, quando houve um terremoto. E logo um grande incêndio eclodiu das entranhas da terra; agora sim, não sobrou pedra sobre pedra da antiga Jerusalém. As pedras e rochas foram tão destruídas e levadas pelo vento a tal distância, até onde atualmente existe um deserto, que ninguém desconfia hoje que neste lugar a velha e orgulhosa Jerusalém ficava.
Novamente vieram operários e construtores e começaram a procurar um local que fosse digno de tal monumento. Quando encontraram tal lugar e iniciaram as escavações, não tiveram melhor sorte que os primeiros: novamente terremoto e incêndio. Poucos conseguiram escapar, porque fugiram a tempo. Assim, foi abandonado o projeto de reconstruir a velha Jerusalém, que voltou à tona só após mais de 600 anos, quando então os sarracenos chegaram nas cercanias de Bagdá e destruíram tudo o que encontram no caminho, mesmo aquelas cidades antigas que tinham sido poupadas pelos romanos. Jerusalém então não possuía nada, além de uma fortificação romana e uma capela numa elevação que erroneamente foi denominada Zion. Tais locais já naquela época eram adorados, pois os consideravam Minha sepultura. Este local ainda hoje é tido como Minha sepultura e leva milhões de peregrinos a caírem na maior superstição.
Mais tarde, os sarracenos construíram a oeste do monte das Oliveiras uma cidade totalmente nova, à qual deram o nome de Jerusalém. E aquela capela (uma tosca construção de madeira) foi reformada e melhorada, de modo que todos os anos os beatos peregrinos, com seus cajados e bengalas de pura religiosidade, se engalfinham uns com os outros de tal maneira, que o local parece mais um campo de batalha do que um local de peregrinação. Isto acontece porque cada seita não quer que a outra adore ao Cristo que lhe pertence unicamente.
Os gregos não querem saber nada do Cristo dos católicos romanos e vice-versa. E tantas seitas há, tantos inimigos existem para se enfrentarem... E se matariam sem dó, de tanta fé e de tanta religiosidade, se as soldados turcos não os contivessem e restabelecessem a ordem. Estes fazem isto, pois lhes traz muitas gorjetas. Pois é esta a situação atual nos chamados locais sagrados. Como Eu tinha previsto isto, Eu permiti que os mesmos especialmente a Galiléia, onde Eu passei a maior parte de Minha vida terrena fossem tão totalmente destruídos, que nem um hiperestudioso da Bíblia os consegue identificar.
Da cidade Tibérias, no mar da Galiléia, ainda existem vestígios, mas de todos os outros lugares na margem do mar não resta absolutamente nada. Também o mar diminuiu tanto em relação às suas antigas margens, que hoje o espelho da água monta a um terço do que era na Minha época.
De Nazareth (onde morei), também não existe mais nada. Somente num vale a oeste do mar da Galiléia, a várias horas afastado, encontramos um vilarejo turco miserável, o qual atualmente é considerado o Meu lugar, o lugar da falsa casa onde morei. Atualmente há uma igreja e um monastério, no qual os sacerdotes ainda nos trazem um sem fim de relíquias dos locais onde se situava a casa do carpinteiro José e cercanias, mas isto tem pouca importância nas outras seitas; pois cada uma se diz dona e possuidora das relíquias, especialmente os católicos, que afirmam que todas as relíquias da casa de José foram removidas para Roma e que lá se encontram aos cuidados do papa, na Capela Sixtina, para a qual foram transportadas pelo ar por anjos. As outras seitas de qualquer jeito têm pouca crença nestas relíquias, e assim esta Nazaré de hoje pouco lucra com estas relíquias. Na costa do mar Mediterrâneo, Joppe é o lugar melhor conservado. Tiro e Sidon são ruínas, tal como Sardes e Laodicéia. No lugar destas cidades encontram-se algumas vilas de pescadores; nas ruínas há animais selvagens, tal como chacais e hienas (isto foi recebido em 1847).
De todas as cidades do mar da Galiléia e do Vale do Jordão por Mim visitadas durante os meus últimos anos na Terra, só existem algumas ruínas habilitadas por Beduínos, e isto somente porque elas foram construídas com pedras de basalto. Já no Meu Tempo tinham mais de dois mil anos e eram habitadas por gregos e romanos. Também no norte da Síria, existem lugares por Mim visitados, mas estes não são interessantes para os homens; primeiro porque estão bastante afastados e segundo porque nos quatro Evangelhos eles não são mencionados.
Podes ficar bem descansado em relação aos lugares que Eu mencionei na Palestina, pois Eu, já prevendo a idolatria que poderiam causar, os destruí de tal maneira, que deles não existe mais o menor vestígio.
O mais certo é o vale da Cisjordânia e a trilha de caravanas que unia Damasco a Tiro e Sidon, passando por Carpernaum. Mas este vale que se encontrava junto a margem do mar da Galiléia, agora está a três ou quatro horas afastado e é um vale arenoso, totalmente improdutivo. O mesmo acontece com o vale e a baía de Ebal, que naquele tempo estavam junto a Genezaré. Agora é um bem vasto deserto arenoso e fica a duas horas do mar da Galiléia. Na Minha época lá o mar tinha um efluente que no tempo dos cananitas era o efluente principal do Jordão; e onde ele hoje desemboca, era naquele tempo só um riacho. Com o passar do tempo, este vale do Jordão foi tão modificado por acomodações do solo e terremotos (bem freqüentes naqueles lugares), que nenhum viajante poderia acreditar (hoje) que era o leito do Rio Jordão. Na Minha época este vale ainda possuía um braço do Jordão, que passava por todo o mesmo. Porém com as acomodações de solo e terremotos que aconteceram depois de Mim, desapareceram todos os vestígios. Devido à acomodação do solo na região do mar da Galiléia, o terreno afundou mais de 200 toesas e assim sua superfície diminuiu consideravelmente, a ponto do Jordão precisar procurar lá seu efluente principal, lá onde a acomodação lhe abriu um espaço mais amplo. Pelos mil anos depois de Mim o vale do Jordão afundou por volta de cem pés na sua desembocadura no mar Morto, e o mesmo aconteceu com o mar. Não existem mais margens suaves. O mar hoje em dia está rodeado de altas e íngremes rochas e só se consegue chegar a este mar sem vida por poucos lugares.
O que Eu disse é a mais pura verdade, todo o resto são suposições ou romantismo dos homens. Mais ainda: no Evangelho de João que Eu te ditei, não se dá a menor importância à localização e ao nome dos lugares por onde passei. O importante é o ensinamento de vida e a verdade que se encontra no mesmo, e que Eu ditei.
Ainda existem tolos que brigam por saber onde estava localizado o Paraíso e para onde foi que Adão fugiu, em que país Caim matou Abel, para onde ele fugiu após isto e onde foi que Adão se estabeleceu mais tarde. Existem tantos indícios, que até um espírito quase que totalmente evoluído poderia ser enganado. Porém isto pode ser considerado uma briga por uma arca de tesouro vazia. O que deveras existe, encontra-se na Minha Criação Divina e no Grande Evangelho de João; tudo além não tem nenhum valor, pois naquela época a Terra era totalmente diferente e era também dividida de maneira diversa da atual. Ela foi bastante modificada e ao tentar estabelecer o local onde moravam os patriarcas, certamente acertaríamos bem longe do alvo, pois naquela época a Sibéria ficava bem mais para o oeste e o oriente médio se estendia até a China, sendo uma extensão da terra extremamente fértil e abençoada. Olha este local e encontrarás tudo ao contrário. Na Sibéria quase não tem nada, além da neve eterna. E o oriente médio, antes tão abençoado, atualmente é árido e com muitos desertos, quase tão grandes quanto o Saara.
Concluímos disto que a Terra sofreu sérias mudanças, especialmente devido ao homem. O que necessitas para melhor entender os livros de Moisés e Minha caminhada na Terra já te ditei, tanto na Criação, como em João. Isto te basta. O resto é totalmente inútil.
Com esta Minha explicação, tu e qualquer outro considerai-vos satisfeitos. Os tais chamados sábios mundanos, que desejam esmiuçar a história do mundo, que se satisfaçam com o pó que se solta das ruínas, o que nada vos adiantará, pois neles nada de nutritivo encontrareis.
Eu sou o Senhor e modifico a Terra ao Meu bel-prazer e conforme Minha Sabedoria, pois tais supersábios que já escutaram a grama crescer e já ouviram plantas roncar ao respirar deveriam retirar um rio do leito e lá encontrarão alimento para sua inteligência. Mas estes jamais conseguirão retirar água de uma rocha, como fez o profeta Moisés com seu cajado, conseguindo, com este gesto simples, matar a sede de muitos, baseado na sua fé e confiança em Mim. Mas este cajado milagroso de Moisés sou Eu e sempre serei, e nunca a crença orgulhosa de um sábio doutor em assuntos terrenos.
Isto que sirva para acalmar a todos aqueles que tiverem fé em Mim, que Me amarem acima de tudo e ao seu próximo como a si mesmo Isto Eu vos digo novamente; Eu, vosso Pai, Senhor e Mestre. Amém.
“Muitos serão os chamados, mas poucos os escolhidos”
Recebido por Jacob Lorber, em 18 de maio de 1847
Este texto do Evangelho, como acontece com muitos outros, é interpretado totalmente errado por todas as religiões, especialmente a católica romana, pois todas são convictas que somente os que seguem seus ensinamentos serão os “poucos escolhidos”. E isto todas anunciam de seus altares e púlpitos, pois só os seus seguidores alcançarão o “paraíso”, enquanto que os outros estão destinados a expiar suas culpas nos mais profundos infernos, e isto para toda a eternidade!!!
Para que este trecho do evangelho seja corretamente entendido, Eu vou apresentar-vos uma figura tal, que mostrará a verdade em espírito que ele deve nos ensinar.
Parábola
Havia no ocidente um poderoso e sábio rei. Seu reino era extenso e muitos povos se dobravam sob seu cetro.
Este rei resolveu conhecer melhor seus subalternos e convidou todos os senhores feudais, junto com seus filhos e filhas, para um grande e festivo banquete. Ele tinha a intenção de usar os filhos dos mandatários em sua corte, para auxiliá-lo. Queria também dar as filhas em casamento a estes auxiliadores.
Quando os convites foram chegando, os senhores feudais muito se assustaram, pois pensaram que o rei os desejasse levar a seu castelo junto com seus familiares, para lá eliminá-los. Todos inventaram desculpas, e nenhum dos convidados foi ao palácio.
Quando o rei viu as pseudodesculpas dos convidados ele disse aos seus mensageiros: “- Que devo fazer? Vede, o banquete está pronto. Quem o comerá? Vejo nas ruas e vielas muitas pessoas, e também muitos estão trepados em muros, curiosos para ver o que Eu farei com os convidados que aqui chegarem. Ide com grande poder às ruas, vielas e muros, e todo aquele que encontrardes obrigai a entrar, para que comam Meu banquete. Não olhai as vestimentas; se festivas ou não, isto não tem importância, pois agora o importante é o consumo do banquete, para que a comida não se estrague. Quando isto tiver acontecido, vamos ver que qualidade de convidados usufruiu Meu banquete e se eles eram dignos de sentar-se à Minha mesa”.
Quando os muitos servidores receberam esta ordem, todos se apressaram em cumpri-la, e conduziram a força todos que se encontravam nas ruas, vielas e muros para o banquete do rei. No meio destes encontravam-se muitos dos que tinham sido convidados. Quando viram a boa intenção do Rei, sua alegria e simpatia, começaram a louvar tanta bondade e misericórdia, perderam completamente o medo e se surpreenderam de terem permitido que o temor tomasse conta de seus corações!!!
No fim do banquete, porém, o Rei começou a circular alegremente entre Seus convidados, conversando com os pais e com os jovens e observou cuidadosamente as filhas. Aquele que lhe era de agrado, Ele chamava para fazer parte dos Seus servidores na Sua corte e os fez vestir roupas adequadas. Isto motivou que muitos convidados ficassem tristes, pois não tinham recebido tal honraria.
O Rei, porém, falou aos mesmos: “- Por que estais triste por Eu ter escolhido alguns entre vós para Minha corte, por Eu ter descoberto neles aptidões que Eu muito preciso em Meus servidores? Por acaso não são eles vossos filhos? Porque então vós os invejais e estais entristecidos por seus destinos? Vede, a eles espera nada mais que muito mais trabalho e responsabilidade que vós tendes, e em tudo eles não são nada mais nem nada menos do que vós, Meus queridos amigos, pois também devem obedecer Minhas leis. Pois todos os escolhidos têm a mesma lei e têm a mesma liberdade como vós e podem, se assim desejarem, abandoná-las ou mesmo opor-se às mesmas; e quando assim o fizerem, serão julgados do mesmíssimo modo que vós. A Mim, o Senhor, Me é permitido extinguir a lei tanto para eles, como para vós, se todos forem sábios; e assim poderá existir a mais ampla liberdade em todo o Meu Reino, tanto na Minha corte, como junto aos mais afastados lares de Meus súditos. Assim sendo, acalmai-vos em relação aos escolhidos, pois Eu, vosso Senhor e Rei, preciso de Meus súditos, por causa dos quais Eu escolhi estes servidores para Minha corte”.
Ao ouvirem isto de seu Rei muito se alegraram e louvaram a sabedoria e bondade Dele. Enquanto todos louvaram ao Rei com “hossanas”, um entre eles começou a insultar o Rei e a recriminá-Lo, por ter-se misturado voluntariamente ao povo. O Rei mandou prendê-lo e trazê-lo à Sua presença. Quando o difamador encontrou-se à Sua frente, vestido em andrajos, amargamente o Rei lhe disse: “ - Infeliz difamador de Minha bondade e de Meu enorme Amor pelo Meu povo, como te atreves a te apresentar em tais andrajos para Meu banquete? Eu bem sei que desde sempre te opões à Minha bondade e Minha sabedoria. Tu jamais vestiste uma roupa festiva para Mim! Agarrai-o — vós, Meus fieis servidores — e jogai-o no mais escuro calabouço, onde permanecerá a lamentar-se e a ranger os dentes”.
Vede, só este único é mencionado como tendo sido condenado ao calabouço, mas nada dos convidados. Nestes somente lhes é censurada sua tendência aos bens e prazeres materiais, que é uma tolice e não maldade. Somente uma ovelha desgarrada aparece aqui como julgada. Vede, esta é a verdadeira interpretação espiritual do trecho mencionado. Não honreis e considereis dignos de Meu Reino somente os escolhidos; não, todos os convidados o são. Amém. Amém. Amém.
Mais explicações sobre a parábola anterior e uma nova parábola
Recebido por Jacob Lorber, em 24 de Maio de 1847
O “ocidente” aqui significa o Reino de Deus, o qual é o Reino da Vida, ou melhor, a Vida Eterna; o Rei sou Eu, o Senhor e Criador de todas as criaturas e coisas em toda a eternidade.
O grande banquete é eu ter Me tornado homem — como Jesus Cristo. A este ato está atrelada a “Grande Libertação”, para a qual muitos — sim, muitíssimos — são convidados. Em primeiro lugar as principais tribos de Israel, as quais até agora não quiseram vir a este Meu banquete, algumas por medo das não compreendidas leis mosaicas, outras porém, pela dureza e teimosia de seus corações e de sua total incredulidade
Os filhos qualificados, que devem ser escolhidos para Meu serviço, são os que irão anunciar Minha Palavra, agora divina e limpa; e as belas filhas, as que devem ser escolhidas para esposas e mães, são aqueles hábitos, ensinamentos e costumes que ainda permanecem puros, os que jamais dobraram seus joelhos ante os deuses Baal e Mamon. Os arautos que vão convidar Meus hóspedes são anjos, profetas e finalmente os apóstolos, discípulos, evangelistas e todos os Meus servos que divulgam Minha Palavra pura e verdadeira para os povos.
As pessoas nas vielas são todas as pessoas que vivem na Terra e que pertencem ou pertenceram à alguma seita (ou igreja), mas que ainda estão totalmente imersas nas tolices mundanas e não desejam se apossar da Verdadeira Luz. Não conseguem entender que com isto lhes seria dada a verdadeira e eterna Vida e elas se tornariam totalmente felizes e libertas.
Os que se acham nas ruas são aqueles que ainda vivem na Terra, mas que se encontram num paganismo mais ou menos reconhecido, quer dizer, são os incrédulos, os pagaõs.
Os que estão sobre os muros são aqueles que já morreram no corpo e já se encontram no mundo espiritual. Lá suas almas são convidadas para o grande banquete; são vivificadas, redimidas e finalmente são para lá levadas com a violência do amor. Aquele que lá se encontra sem as vestes festivas é Satã e todos aqueles que lhe são fieis e que não se consegue mudar com nenhum meio, nem de amor, nem de rigor. Sua sorte, como diz a parábola, é o calabouço no qual impera a escuridão e que está repleto de gemidos e ranger de dentes, o que de fato significa: os gemidos, o falso; os enganos, o oposto ao céu; e no ranger de dentes está a maldade e a ira, pois quando alguém se inflama na ira, começa a ranger os dentes, qual hiena enraivecida ou tigre furioso. Com estas poucas palavras conseguimos encontrar e entender o conteúdo espiritual destas palavras. Quem desejar mais informações, siga o exemplo de um estudioso das plantas; ele diz: “O que ainda tenho que fazer? Conheço tudo sobre as plantas das montanhas e das planícies, sei o que os pântanos nos dão e quais plantas são cobertas pelas águas de rios e mares. De todos conheço os nomes, local de produção, raízes, caules, folhas, flores e frutos. O que ainda devo fazer com este conhecimento? Vede, agora me dou conta: meus olhos ainda desejam ver o interior de cada broto, de cada caulinho, fibra e células; tenho certeza que aí encontrarei bastante matéria para maior instrução de meu espírito.” Bem pensado e melhor ainda realizado. O botânico está bem certo. Quem conhece a matéria e o seu caminho, ou quem conhece a Palavra e a sua utilidade, siga o exemplo do botânico, que chegará ao mais profundo elemento do espírito.
Mas alguém pergunta: - Com que armas poderei prover meus olhos para conseguir alcançar aquelas profundezas do espírito, onde para os olhos comuns só existe a mais profunda noite?
- Ó, Meu amigo! Isto é mais fácil do que achas. A fé é a mais comum e desarmada visão do coração. A fé, porém, é que desperta o Amor, e este é o fogo, o calor e a luz; estas três coisas se ampliam, aumentam, dilatam e finalmente se desfraldam totalmente, da mesma maneira como o faz o fogo, o calor e a luz do sol natural, e a cada ano, visível aos olhos de qualquer um. Ao amor junte-se a paciência (que é o adubo) mais a humildade (que é a chuva frutificante) e a meiguice, piedade, fidelidade e sinceridade. Estes são os bons ventos que afastam todas a tormentas. Quando voluntariamente colocamos estas coisas em nosso coração e quando atuamos de acordo com as mesmas, então nossa visão espiritual está bem armada para desvendar a mais ínfima célula no conteúdo de Minha palavra. Desta maneira, cada um de vós, que não for cético demais, poderá ver de forma cada vez mais clara a Maravilha de Minha Palavra dada a todos vós, para a qual cada um está sendo convidado e chamado por toda a eternidade. Amém. Amém. Amém.
Tu és Pedro uma rocha e sobre esta rocha construirei a Minha Igreja
Recebido por Jacob Lorber, em 25 de maio de 1847
Tu és Pedro uma rocha e sobre esta rocha construirei a Minha Igreja, e os portais do inferno não a poderão subjugar! A ti te darei as chaves do Céu. O que tu dissolveres na Terra, o será também no Céu, e o que amarrares nas Terra, o também será no Céu.”
Por causa deste texto nas escrituras existe o maior engano e ilusão entre as várias agremiações cristãs na Terra, pois todas, sem exceção alguma, se consideram mais ou menos a rocha de Pedro. Acham que possuem a verdadeira chave para o reino de Deus e que podem permitir a entrada de quem desejarem, pois com a chave abrem e fecham os portais do Céu ao seu bel-prazer. Isto significa que elas conseguem modificar, repassar, aplicar, esconder e truncar a palavra (o Evangelho) conforme suas vontades e conforme suas necessidades, e não aplicá-la de acordo com o entendimento divino que lhes seria transmitido por intermédio de seus espíritos. Com sua atitude, estas igrejas cristãs aplicam castigos eternos. E com mandamentos imprevisíveis, levam os homens a pecar em grande quantidade, pois com isto podem exercer o poder sobre os mesmos. Dependendo de sacrifícios (oferendas de materiais ou de poder) relevam estes mandamentos, dando ao pecador a remissão parcial ou total de suas faltas! Quem tiver um pouco de inteligência poderá ver se Eu, Aquele que somente prega o mais puro Amor fraternal, poderia ter delegado a Pedro ou a qualquer outro apóstolo, tal poder e uma tal determinação, que se encontra em relação ao amor ao próximo, como o inferno se encontra para o Céu. Quem faz leis também faz o julgamento; e é o julgamento baseado no amor? Eu assumi todo julgamento sobre Mim na cruz; assim, só ficou o amor para os homens. É possível pensar em amor, quando existem miríades de fóruns e juizes entre os que deveriam ser irmãos, e para qualquer lado que olhemos só vemos leis e mais leis. É este o Pedro, a rocha sobre a qual construiria Minha igreja, a qual não deveria ser nada mais que amor e sempre amor?
Cada um que me reconhecer e amar como Pedro o fez é uma rocha, sobre a qual poderei construir Minha igreja, a verdadeira Sabedoria e o Amor que emana de Mim, e sobre os quais verdadeiramente a construo. Como é possível que uma comunidade, grande ou pequena, com seu condutor ou tutor, pode ser esta rocha, se cada um pensa e crê como quer? Onde um murmura palavras incompreensíveis com seus lábios e vende este murmurar como uma oração eficaz, o outro ri, zomba e maldiz esta atuação; e um terceiro aparece como juiz supremo, condenando tudo e todos ao mais profundo dos infernos! Pode uma destas comunidades ou seus representantes ser a rocha sobre a qual Eu construí a Minha igreja, cujas portas os infernos não conseguirão subjugar jamais?
No amor que tendes um para o outro, o mesmo amor que Eu sinto por vós, é que se reconhecerá o Meu verdadeiro apóstolo e seguidor. O amor é a única marca na qual se pode reconhecer se alguém é a verdadeira rocha sobre a qual construí a Minha igreja! Ó tu, pavorosa tolice cega dos humanos destes tempos; tu, que achas que estás inatingível pelo inferno, no entanto pela tua maneira de agir e viver já te encontras há muito, muito, muito tempo no centro do mesmo! Se Eu tivesse querido construir uma igreja visível, Eu teria dito aos meus apóstolos! Vós todos sois "pedros", mas Eu só disse isto ao Pedro, pois ele foi o primeiro a reconhecer em Mim Minha natureza divina. Ele foi também o primeiro ao qual Eu dei as chaves do Céu (pela sua fé e confiança em Mim), as quais são um reino de amor por Deus nos corações dos homens, e como conseqüência disto nasce o amor ao próximo. A este amor divino ninguém chega sem conhecer Deus, pois certamente ninguém ama a outro antes de conhecê-lo, e isto também acontece Comigo. Este amor divino e amor ao próximo são o verdadeiro Reino de Deus, a única e verdadeira igreja viva, que está construída sobre a rocha do conhecimento verdadeiro, da confiança e fé imperturbável e firme que dele se origina. Esta igreja, com certeza, nenhum inferno conseguirá perturbar ou destruir.
Porém obras colossais e de ostentação, cheias de esplendor, construídas pela comunidade para suas cerimônias sobre uma rocha dourada ou prateada de algum “pedro” é tão pouco a igreja e a rocha de Pedro, como o inferno é um céu, ou o excremento de um porco é um diamante. Ou será que Eu disse: no ouro e na prata, nas pedras preciosas, nas caras vestimentas de missa, no grande poder terreno, ou na reputação e fama terrena, nas pomposas igrejas, nos sinos, órgãos, no idioma latino ou outros semelhantes, sereis ricos e reconhecidos como meus apóstolos e seguidores? De verdade, de verdade vos digo: isto nunca foi indicado por Mim como um marco para o reconhecimento de Minha verdadeira igreja; em João, porém, na nova revelação, falo bastante da “grande prostituta”. Será que esta é a rocha de Pedro?
Simão Jonas que foi um verdadeiro “pedro” (rocha) disse para alguém a quem curou no Meu Espírito Vivo: “ Ouro e prata eu não tenho, mas o que eu possuo eu te dou”! Será que o tal representante de Pedro em Roma, os bispos da Inglaterra, alguns superintendentes da Alemanha e o poderoso Patriarca de todos os Gregos e Russos poderiam dizer o mesmo, sem se ridicularizar ante o mundo e de boa consciência? Será que eles também não têm casacos, sapatos ou bolsas? Ó vede como era Pedro, qual era sua origem e como sua igreja do Amor foi construída sobre a rocha de seu coração! E agora, como são construídas todas as igrejas? E qual a sua origem? Eu acho que até um cego consegue se dar conta disto, muito mais um vidente, especialmente aquele à quem já foram razoavelmente abertos os olhos. Virá o tempo em que Deus será adorado somente em Espírito e Verdade e não irão a Jerusalém e nem ao monte Garizim! Então lede a Escritura. De acordo com ela é o Espírito a verdade, o reconhecimento, a fé, a confiança e o verdadeiro amor a Deus e ao próximo que existe no coração de cada um, a única e verdadeira rocha e a verdadeira e viva igreja por Mim construída sobre ela; a única igreja que poderá se opor ao inferno por toda eternidade. Todo o resto é obra dos homens. Não tem nenhum valor e não consegue proteger ninguém nem nada do inferno, se a verdadeira igreja viva de cada pessoa não estiver presente. Então se apresenta a pergunta: "Qual entre todas as igrejas visíveis e materiais que usam o Meu Nome é a certa?" A resposta, a eterna resposta é: nenhuma! Só a igreja no coração, a igreja que Eu fiz é a certa e que está a salvo do inferno por toda a eternidade. Todo resto foi imaginado e realizado pelo mundo, lhe pertence e para Mim não tem valor algum. Consequentemente, as chaves que levam ao Meu Reino se encontram somente na igreja viva, jamais numa igreja ou congregação dita religiosa, ou junto aos Meus ditos representantes. Aquilo que alguém juntar ou então separar na sua igreja viva, ainda que seja aqui na Terra enquanto materialmente vivo, isto será considerado junto ou separado também no Céu, pois esta verdadeira igreja já é o Céu. Para ser mais claro: tudo o que alguém realizar nesta sua Igreja de Amor, será realizado no Céu por todas as eternidades. Estas também são as verdadeiras chaves do reino celestial, que vós Me reconheceis como vosso verdadeiro Pai e Deus, que Me amais acima de tudo, e aos vossos irmãos e irmãs como a vós mesmos.
Acontecendo isto convosco, então tereis ao Pedro, a verdadeira igreja totalmente construída, as chaves que levam ao Reino do Céu. Tudo além disso é um zero total! Entendei isto bem e vivei de acordo. Amém.
A Igreja Viva
Recebido por Jacob Lorber, em 29 de maio de 1847
Mas se alguém perguntar pela rocha de Pedro e comentar: "Bem, se esta rocha for de caráter totalmente espiritual e se encontra somente dentro da pessoa, se ela não se encontra nem no superior de uma comunidade, nem no superior daquele, por que o Senhor permite que estas comunidades ou mesmo países lutem entre si, afirmando-se possuidores e únicos representantes da rocha de Pedro e que sua igreja é a única construída sobre a mesma?”
A razão de permitir isto é bem mais profunda que qualquer um possa imaginar. Não deveria ser como é realmente, mas, no entanto, deveria ser assim (como é na atualidade) pois todo o resto ainda é assim. Foi dado a Abraão um herdeiro legal, sem ter havido o ato sexual. Foi espiritual, da mesma maneira foi João (Batista). Maria também deu a Luz sem o ato sexual (aqui o Pai confirma, Ele mesmo, “a concepção sem pecado” da Virgem Maria). Nos primórdios da criação este tipo de concepção era muito comum e agora também acontece com freqüência, mas os pais não sabem disto. Este ato é divino e o seu conhecimento não tem nenhuma utilidade para o mundo, mas deve acontecer a concepção espiritual na Salvação do mundo. É necessária a concepção sensual dos homens e a repetição do pecado original, para conseguirmos, um dia, a redenção total. Daí a luta de todos os espíritos elementares, que não teriam nenhuma chance se a concepção fosse espiritual. Por este motivo devem existir as rochas dos "pedros" materiais, nos quais os filhos do mundo começam a evoluir! Como o espírito só tem prazer no que é de sua natureza, o mundo também só sente prazer no material, no que se iguala à sua natureza. Seria de grande prazer se as árvores, em vez de primeiro florir ou apresentar outras cerimônias externas, nos dessem de imediato os frutos maduros. Mas isto é impossível no mundo material, onde tudo que está em estágios evolutivos inferiores deve ser levado a estágios evolutivos superiores por etapas (senão seria destruído pelo fogo do espírito divino). Assim, devemos permitir que junto ao caminho espiritual do mundo também existam outros caminhos, às vezes totalmente enganosos, para que as almas que os seguirem possam com o tempo, uma ou outra que seja, encontrar o caminho da redenção. Ou será que os espíritos primários que vêm de baixo poderiam ser introduzidos na verdadeira igreja viva de sopetão? Isto seria tão impossível, como um fruto maduro sem haver tido a floração prévia.
O senhor da noite e da morte deve possuir, junto à igreja viva do Senhor, a que foi construída sobre a rocha de Pedro, a sua capela mundana, mas desta capela sai um caminho que vai à igreja de Deus e ele não pode proibir a ninguém de seguir este caminho, encontrar sua redenção e nela permanecer pela eternidade. Bem, mas agora basta. Tenho certeza que todos já sabem (após esta Minha explicação) porque junto à verdadeira igreja de Pedro em vossos corações permito a existência de outras materiais, só externas. Falar mais sobre isto será desnecessário. Observai este ensinamento no fundo de vossos corações. Amém.
Descrição de Lázaro
Recebido por Jacob Lorber, em 26 de junho de 1847
Pedido: - Ó Senhor, Tu, amoroso Pai! Se for de Tua Divina Vontade, então dá-nos a descrição de Lázaro, o Teu amigo, irmão de Maria e Marta, o qual Tu - para desespero dos poderosos de Jerusalém - ressuscitaste, e com quem comeste após sua ressurreição.
- Meu querido, tu, que és um retratista, é estranho que desejas a descrição de Lázaro, irmão de Maria e Marta; mas já que Me pedes e já pediste várias vezes, hoje te responderei. Vê, Lázaro é muito parecido com teu irmão, só que sua riqueza material era muito maior e seu coração apreciava esta riqueza muito mais que teu irmão.
Lázaro e suas duas irmãs possuíam uma enorme riqueza, a qual ele gerenciava muito bem. Era extremamente correto e administrava os negócios com tal retidão, como suas irmãs administravam as tarefas domésticas.
Ele era um homem que respeitava as leis e vivia como um judeu autêntico, ansiava pela vinda do Messias, mas o imaginava completamente como os judeus O imaginavam.
Mas assim mesmo ele respeitava muito Jesus, quer dizer, a Mim, e achava que Eu era um Profeta que veio após Elias. Às vezes Me considerava superior à Elias e muito se alegrava com Minha amizade. E quando Eu o visitava, ele deixava tudo de lado e se deliciava com Minha companhia, com Minhas palavras. Muitas vezes pedia Meu conselho em outras tarefas.
Porém ele não conseguia entender que Eu era o tão prometido e desejado Messias, pois Eu era (para ele) materialmente pobre demais. Por isto muitas vezes ele Me ofereceu sua fortuna, pois se Eu fosse o Messias, precisaria de mais ostentação.
Mas após tê-lo ressuscitado, no que ele Me reconheceu, todas suas dúvidas desapareceram. E ele confirmava a todos e a todo momento que Eu era Deus, para desespero dos fariseus e templários. Por esta razão foi bastante perseguido, especialmente após Minha ressurreição. Como conseqüência disto, após alguns anos vendeu todos seus bens aos romanos e com as duas irmãs mudou-se para o Egito, onde viveu seguindo Meus ensinamentos, converteu muitos egípcios ao cristianismo e fundou uma comunidade no interior do alto Egito, que ainda existe hoje.
Lázaro, porém, desde sempre tinha sido caridoso. Auxiliava aos pobres, vivia em retidão e sempre solteiro, tal como suas duas irmãs, apesar de serem muito bonitas e bem dotadas. Ambas dedicaram todo seu amor e seus pensamentos somente a Mim e aos Meus ensinamentos. Amém. Amém. Amém.
Pôncios Pilatos e a premonição de sua mulher
Recebido por Jacob Lorber, em 28 de junho de 1847
Isto é uma boa pergunta, e por isto te explicarei a atuação de Pôncios Pilatos, um romano em todos os sentidos. Foi, sob o governo de Tibério, o governador do país dos judeus e morador de Jerusalém. Este romano, inimigo ferrenho do odioso sacerdócio judeu, gostava muito das pessoas que às vezes diziam a verdade àquela casta desprezível. E quando estes sacerdotes buscavam junto dele seus supostos direitos, Pilatos quase sempre não lhes dava ouvidos. Esta é a razão porque Pilatos e Herodes sempre se encontravam em lados opostos e sua relação era extremamente tensa, pois o sacerdócio vivia em íntimo conluio com Herodes. Toda vez que o sacerdócio pensava em Me destruir, não conseguia vencer o direito dos romanos.
Somente após Minha entrada em Jerusalém, a expulsão dos vendilhões do templo, e a ressurreição de Lázaro, quando o povo me saudava com Hosanas, foi demais para o sacerdócio. Então decidiram Me atacar seriamente e Me apresentar a Pilatos como um traidor. Se ele Me condenasse, permaneceria no poder; mas se não Me condenasse, então o sacerdócio o tornaria suspeito junto ao imperador, no que Herodes ajudaria com muito prazer. Este plano sinistro não era desconhecido por Pilatos, porém ele não sabia como se prevenir, por isto decidiu aguardar. Porém enquanto ele ainda discutia consigo mesmo sobre o que fazer se o sacerdócio aparecesse com Jesus para prejudicá-lo, estes chegaram com o Jesus prisioneiro e exigiram julgamento. Pilatos, como a cair das nuvens, com voz zangada e poderosa os atacou com a pergunta: “O que este justo, ao qual não consigo relacionar nenhuma culpa, fez contra a lei?” Mas o sacerdócio e seus asseclas pagos gritaram dez vezes mais forte: "Este é um traidor! Incentiva o povo contra o império, não respeita o Sábado, é um apóstata e se diz filho de um deus vivo! Isto tudo ele é de acordo com nossa leis, as quais Roma respeita, e também de acordo com as leis do imperador. Ele merece a morte em mais alto grau; por isto julga-o e faze que seja crucificado, senão te tornas inimigo do imperador.”
Estas declarações gritantes assustaram Pilatos e de princípio não sabia o que fazer. Decidira que, para ganhar tempo, o melhor seria fingir se curvar às exigências do sacerdócio. Mas neste momento sua mulher Túlia Inocência o mandou chamar e lhe comunicou que tinha visto juntamente a este tal de Jesus flutuando sobre nuvens, acompanhado de miríades de anjos e que todos gritavam com voz tonitruante "Vivas ao nosso grande Deus, vivas ao vencedor da morte e do inferno! Cuidado, porém, Jerusalém! Cuidado vós, que nela habitais! Vossa veste será a eterna morte, a eterna destruição, pois não reconheceis Jesus e O julgais, e O crucificais! A este único justo de toda a justiça, seja dada a eterna honra, fama e vida!" Após isto aquele Jesus olha para a Terra, e então ela se incendiou. E toda a Terra era fogo, e tudo o que respirava foi destruído por este fogo! Por isto, querido Pilatos, por favor, não te envolvas com nada que possa prejudicar a este justo!
Esta narrativa muito assustou a Pilatos, que, como bom romano que era, acreditava nas visões. Ele decidiu nada mais fazer contra Jesus e mandá-lo de volta à justiça de Herodes, que possuía o "jus gladii" que lhe tinha permitido decapitar a João.
Herodes, porém, pressentiu uma armadilha, pois bem sabia que o povo não lhe perdoava o julgamento e morte de João. Se ele matasse o Cristo, o povo o lincharia. Por isto ele enviou Jesus, ao qual muitos chamavam de Cristo (o Messias), de volta para Pilatos.
Pilatos então começou a procurar todos os meios que libertassem Jesus, mas era tudo em vão. Até que no seu maior desespero lavou suas mãos e disse: "Não quero participar da culpa no sangue deste justo. Vós, porém, tendes vossa lei. Tomai-O e julgai-O vós mesmos". Então os sacerdotes começaram a gritar: "Seu sangue venha sobre nós e nossos filhos! Nós, porém, não podemos sujar nossas mãos com sangue! Por isto dá-nos soldados!"
Pilatos então se lembrou que, de acordo com as leis judaicas, ele poderia libertar um prisioneiro durante as festas de Páscoa. Mais uma vez se dirigiu ao povo, dizendo-lhe que nada tinha encontrado contra Jesus, que O tinha examinado superficialmente e por isto ele precisaria interrogá-Lo e examiná-Lo com mais tempo e cuidado. Além disso, era tradição libertar um facínora durante as festas da Páscoa; ele então lhes apresentaria Jesus, a quem nenhuma culpa era provada, e Barrabás, um conhecido e violento facínora, para que escolhessem a quem libertar. O povo gritou: "Barrabás!” E isto era o que Pilatos desejava, pois sabia que o sacerdócio não permitiria a libertação de Jesus. Ele pensara colocar Jesus no presídio no lugar de Barrabás e então ele, Pilatos, ganharia o tempo que necessitava para em primeiro lugar calar a boca dos sacerdotes e em segundo lugar colocar impecílios intransponíveis aos sacerdotes junto ao imperador. A intenção do governador era boa. Porém após a libertação de Barrabás, o povo começou a gritar: "Crucificai-O! Crucificai-O!” O povo não queria nem ouvir da possibilidade de encarcerar Jesus e começou a chamá-lo (a Pilatos) de covarde. Então este se zangou de sobremaneira e disse: "Vede aqui o infeliz. Tomai vosso facínora, que é muito mais justo que todos vós! E aqui estão os carrascos! Ide embora e fazei com Ele o que desejais, mas meu testemunho sobre Ele e sobre vós será apresentado ao imperador!” Com estas palavras ele se afastou, entregou Jesus aos algozes, e tudo aconteceu como é do conhecimento de todos.
O que Pilatos fez logo a seguir é conhecido e que ele concordou com tudo que os amigos de Jesus lhe pediram. Mas que tanto Pilatos como sua mulher tinham ocultamente se tornado cristãos e que Pilatos, com o seu relatório exato, muito ajudou a que, oitenta anos mais tarde, Jerusalém tivesse sido totalmente destruída pelos romanos e os judeus dispersos pelo mundo todo, isto creio que é de conhecimento de muito pouca gente na Terra. Portanto Eu vos conto isto, para que vós não amaldiçoeis a Pôncios Pilatos, como milhões o fazem; pois agora já deveis saber que tudo teve que acontecer desta maneira, de acordo com Minha eterna Vontade, como Eu também expliquei aos dois andarilhos no caminho a Emaús, para mostrar-lhes o que Deus queria, para que também aplacassem um pouco seu ódio contra os sacerdotes.
Vós não odiais a Pilatos, mas ele sempre aparece como um "sujeito maldito", que poderia facilmente Me ter salvo, se tivesse tido vontade! Mas pensai bem: Deus Todo Poderoso não precisa de nenhum ser humano fraco para Se livrar de perigo algum! Ou vós por acaso acreditais que Pilatos poderia ter assim feito? Ter salvo Aquele que é o único salvador de todos os seres vivos e de todos os espíritos? Ó vede: em vós ainda existe muita fraqueza e bastante das antigas crenças romanas e babilônicas. O que foi escrito devia ser realizado! E por isto foi a todos tudo perdoado na cruz, pois não sabiam o que faziam. Já que tudo isto agora é de vosso conhecimento, deixai que Pilatos viva um pouco mais, pois o coitado só foi um joguete. Parai de condená-lo e perdoai sua atitude. Isto Eu vos digo, vosso Pai. Amém. Amém. Amém.
A leitura da Palavra de Deus
Recebido por Jacob Lorber, em 2 de julho de 1847
Como algumas pessoas lêem a Palavra de Deus e como elas devem ser lidas ou ouvidas pelos homens para proveito da alma, do espírito e da vida.
Existe uma variedade de leitores da Palavra de Deus, o Deus vivo, aquele Deus pelo qual tudo que existe foi feito. Uns a lêem como se fosse uma velha história, uma história da carochinha, de Joãozinho e Maria, etc. A Bíblia – dizem muitos – é uma obra antiga, velha, como uma colcha de retalhos, que não se pode comparar à literatura moderna. Está repleta de estórias maravilhosas e místicas, que são recheadas de uma moral ultrapassada e sem sentido; talvez com algumas cenas históricas, cheia de prédicas de ameaça e castigo, cheia de profecias trágicas também. Mas para estes tais estórias não seriam em nada melhor que a previsão do tempo nos antigos calendários, muito comuns nas zonas rurais, nos quais cada profecia pode acontecer em algum lugar do mundo, em qualquer época do ano, com isto querendo referendar a veracidade da mesma. Assim, estes leitores consideram as profecias na Bíblia. A estes a Bíblia faz bocejar e logo em seguida adormecem, às vezes até para toda a eternidade; quer dizer, eles lentamente se afundam na morte eterna! Pois quem não se tornar ativo após ler a Palavra, muitas vezes morre espiritualmente por toda a eternidade. Eu já expliquei para estes incrédulos por meio de profetas e explicadores (quer dizer, por meio de Meu Espírito Santo neles) a palavra tanto do velho como do novo compromisso. Mas a revelação lhes causa o mesmo efeito: eles dizem que a Bíblia Velha é como um Proteus, como um camaleão que é utilizável de todas as maneiras e em todas as cores, e que uma pessoa esperta pode fazer com ela o que bem lhe aprouver. Com estas críticas certamente não estarão construindo casas douradas para serem seus lares no reino da vida.
Existem outros leitores que possuem um pouco de respeito pela Bíblia e que às vezes a lêem com bastante atenção, mas nela existem muitas coisas que não entendem e muitas contradições, e então eles dizem para si mesmos e também na presença de amigos: “Se Deus tivesse querido expressar Sua Vontade pela Bíblia aos homens da Terra, deveria ter sido mais claro, para que fosse entendido por todos em todas as épocas, certificando-se de que ninguém conseguisse modificar ou falsificar nem uma vírgula na Sua Mensagem.”
Esta crítica é só um bocadinho melhor do que a que fazem os primeiros leitores. Ela não tem razão, pois a mensagem é clara e é a mesma por todo o sempre, mas quem é cego e não se dá conta do mesmo, não tem a força espiritual para combater esta cegueira; quem está cheio de preocupações mundanas a semana toda (e no sétimo dia não consegue saber onde está a sua cabeça) e lê alguns versos da Bíblia, é como o viajante que toma sua sopa após terem chamado para o embarque. Então Eu pergunto: Ele poderá exigir que, como vocês costumam dizer, o frango assado pelo Espírito Santo lhe caia no prato? Aqui se confirma que de ervas daninhas e espinhos não se colhem uvas e figos; assim uma alma que está totalmente tomada de problemas e assuntos terrenos não conseguirá jamais compreender o âmago de Minha Palavra, nem jamais conseguirá o amadurecimento. Se uma pessoa se envolver com coisas mundanas, ela se tornará um sábio nesta matéria, mas permanecerá fora dos portões que lhe abririam a Sabedoria Divina e, como conseqüência, a compreensão da Palavra e o coração preenchido com o Amor. Aquele que se envolver especialmente com a Minha Palavra, e atuar de acordo com a mesma, este se tornará um sábio no Meu Reino e na Vida Eterna, esta Vida que é prometida a todos na Palavra. Também na Palavra é explicado o que se deve fazer para obter a Vida Eterna. Mas se este alguém ler a Bíblia ou obras revelações somente muito de vez em quando, como um artigo qualquer impresso, ou se desejar decifrar as mensagens nelas contidas, como se fosse um artigo específico, aí sim, o Espírito Santo se encontra a milhas de distância, como em dois pólos opostos da Criação.
Comigo não existe isto de alcançar Deus por meios alternativos ou mágicos, mas somente por meio de uma real atividade espiritual que desperte o divino em nós. Onde esta faltar, devido a todo tipo de atividade rotineira do dia-a-dia, quase não existe o divino desperto, não existe totalmente o Deus in nobis (o Deus em nós) e com isto desaparece também a verdadeira compreensão da antiga e da nova Palavra de Deus. Este tipo de pessoa Me é totalmente repulsiva, pois ela é morna em relação ao assunto mais importante de sua vida e encara a Vida prometida como um jogador encara a loteria: se ganhar muito bem, que maravilha!..., mas se perder, tudo bem também. Bem, para estes também será eternamente certo se a Vida não vier a si, se nada vier que os leve a mudar de atitude.
Mas quem ler Minha Palavra, que a leia com muita atenção e faça tudo em seu poder para atuar segundo a Palavra. E que não seja somente um leitor ou um ouvinte da mesma, mas sim um caloroso e vivo trabalhador atuante . Este sim colherá os frutos certos, que se encontram na Palavra e em outras revelações autênticas. Mas não ache ninguém se que tratar de Minha Palavra como se trata um romance de ínfima categoria, Eu lhe empurrarei a Minha Misericórdia, Minha enorme Clemência e Meu Reino. Não, isto Eu certamente não farei por toda a eternidade. Acredite cada um na sua tolice o que quiser; Eu, porém, farei o que quero e não deixarei que a tolice humana Me engane, pois Eu não preciso de vós humanos, mas vós sim, precisais e Mim.
Eu, porém, darei pragas à humanidade e ficarei aguardando por quanto tempo Me desafiar. Tão infinitamente bom Eu sou para aqueles que Me procuram com seu coração ansioso, tão inexorável sou para aquele que me vê em seu coração repleto de mundo e matéria, como se Eu fosse um mero inseto insignificante. Amém.
Em verdade, em verdade, Amém. Amém.
Coincidências (para o conhecimento de Deus e de si mesmo)
Recebido por Jacob Lorber, em 13 de Julho de 1847
Ninguém vai tão longe, que não possa seguir mais e ninguém é tão feliz, que não deseje ser mais feliz ainda; mas também ninguém – quando chegar à queda – cai tanto, que não possa cair ainda mais profundamente, pois o mundo espiritual é idêntico ao infinito mundo material, e o mar da eternidade também não tem limites. Aquele que nele cair pode cair cada vez mais fundo, porém aquele que nele começar a se dirigir para cima jamais conseguirá chegar à superfície do mesmo, mas sim absorverá por toda a eternidade – em quantidades cada vez maiores, quanto mais subir – as sensações de prazer e felicidade que ele contém.
Por isto o Reino de Deus é igual a uma semente deitada no solo, que germina e logo a seguir produz milhares de frutos. E quando estes forem plantados novamente, das cem sementes provenientes da primeira teremos milhares, e logo milhões, até o infinito, o qual não tem limite em sua qualidade de ser infinito. Assim é também com o aperfeiçoamento espiritual da Vida Eterna, igual a uma semente, já que um espírito jamais alcançará aquele degrau no qual ele possa dizer: “Agora estou completo, agora possuo tudo.” Todo espírito bem-aventurado de fato sempre possui tudo, tudo o que ele pode possuir no momento, mas nele existe também um eterno “sentir falta de algo mais”, o qual jamais será satisfeito. Todo Espírito Perfeito poderá igualar-se a Mim, como um irmão se assemelha ao outro, mas jamais conseguirá alcançar a Minha Plenitude. O Filho poderá ser igualado, porque foi dito: “ - Vós fareis coisas maiores do que Eu.” O Pai também poderá ser igualado, porque foi dito: “- Vós deveis ser perfeitos, como vosso Pai no Céu o é.” Mas o Pai e o Filho como um ser uno tem em si o Espírito Santo, que é Deus santificado, santificado e santificado. É a verdadeira Vida no Pai, como o é no Filho, os quais são totalmente Unos. É a Vida de todas as vidas, a Luz de todas as luzes, a Força de todas as forças, o Poder de todos os poderes, o Amor de todos os amores, a Sabedoria de todas as sabedorias, a Profundeza de todas as profundezas, a Grandeza de todas as grandezas, a Eternidade de todas as eternidades e o Infinito de todos os infinitos, existentes em todas as criaturas do infinito. Esta é a razão por que quando alguém se opõe ao Filho, isto poderá ser perdoado; e quem se opuser ao Pai, também será perdoado; mas aquele que se opuser ao Espírito, este não será perdoado, nem temporariamente, nem eternamente; pois tanto o Pai como o Filho podem ser conquistados, porém jamais o infinito Espírito do Pai e do Filho, que são Unos. Assim também no homem serão unos seu amor e seu coração com o Pai e o Filho, no momento em que aceitar o Amor do Pai em seu coração. O Espírito porém é infinito em tudo e como conseqüência, eternamente inalcançável ou passível de ser conquistado.
Uma pessoa que caiu na água, ou do telhado e ficou tombada no chão, ainda pode ser salva, pode ser curada, se seus ferimentos não forem fatais. Mas quem conseguiria salvar aquele que caiu da Terra para o espaço infinito? Ou que tenha caído num mar de chamas? Quem poderia protegê-lo das queimaduras e de sua total destruição? Por isto orai e vigiai, para que não caiais em tentação, pois é terrível cair no julgamento de Deus devido ao orgulho, altivez e soberba. Quem cair por estes motivos, este cairá eternamente; mas aquele que se elevar (na humildade), este se elevará eternamente (no Amor e Sabedoria) da Luz para a Luz. Amém.
A Transfiguração de Cristo e o significado vital da mesma
Recebido por Jacob Lorber, em 22 de Julho de 1847
Minha transfiguração no Monte Tabor é lida por muitos como algo divertido, mas poucos a entendem e terrivelmente muitos não têm a mínima idéia do que se oculta de verdade nesta transfiguração! A origem desta confusão está no mundo e no seu ensinamento errôneo da Trindade dividida, pois àquele que não acreditar totalmente no Filho Único — que é completamente Uno com o Pai, o qual está Nele como Ele está no Pai, tal como o Espírito no Homem e o Homem no Espírito — o Espírito que penetra o homem em sua totalidade, e que de fato é o Homem. Este está confuso em suas idéias e é igual à água turva, na qual nenhum raio de luz consegue penetrar, a fim de iluminar as profundezas de seus pensamentos.
A transfiguração, porém, contém uma luz completamente oculta; ou melhor dizendo, um significado espiritual fortemente oculto, e este é o motivo que a mesma foi compreendida por uma minoria, tal como acontece nos dias atuais.
Para que vós não vos torneis iguais à água turva do mundo (a qual só pode ser iluminada superficialmente e que brilha na sua superfície, porém no seu interior é igual a um sepulcro dourado que só contém escuridão e morte) Eu vos darei uma curta, porém precisa explicação sobre a mencionada transfiguração. Ouvi com atenção:
O Monte Tabor representa o mais alto e ao mesmo tempo o mais profundo reconhecimento de Deus em Espírito e Verdade. Para este Monte do mais elevado conhecimento Eu levo somente os Meus preferidos: Pedro, João e Jacó, que o eram no mais alto grau. Ao mesmo tempo estes três representam um homem como ele de fato deve ser na verdadeira ordem celestial. Pedro é o homem exterior, mas que dirige todo o seu ser, por uma série de provações, para o seu interior. Jacó representa a alma do homem, que é pura e se orienta sempre de acordo com o Senhor, mas apesar disto, tal como o homem exterior, deve sobreviver a muitas provações, para conseguir conquistar para si o homem-matéria e uno a ele tornar seu espírito imortal. Finalmente João representa o Espírito do homem, o que está totalmente uno Comigo; quer dizer, é Meu Amor e de quem Eu mesmo disse a Pedro, que estava um pouco zangado: “- Já que Eu digo: “Que ele viva!”, o que é que te importa isto?” Isto significa que somente o espírito vive e aquele que não permitir que o seu espírito o persiga, o aprisione e o penetre, este não possuirá a vida. Pois o espírito é o único do qual Eu digo que é vivo eternamente.
De tudo isto, concluímos que do jeito que Eu levei estes três para o monte, Eu posso levar para este mesmo monte do verdadeiro e vivo conhecimento de Deus qualquer um que em sua Trindade observar Minha Ordem. Neste monte então ele poderá exclamar: “Senhor aqui está bom de se ficar, deixa que eu habite este lugar eternamente, nestas três cabanas que são as cabanas do Amor, da Sabedoria e do Poder.” Mas para permanecer no lugar ainda não seria possível enquanto as três cabanas — Eu, Moisés e Elias — não nos tornássemos unos no homem, ou enquanto as três cabanas — Amor, Sabedoria e Poder — não se transformassem em uma única; por isto ecoa de uma nuvem, que é uma figura do mais elevado conhecimento celestial: “Este é o Meu único e amado Filho. Somente a Ele deveis dar ouvidos.” Isto significa: Este somente é o Deus Único; não nos três, mas só Nele é que deveis adorar, se desejais obter a vida eterna!
Só após esta intervenção poderosa de Deus em todo Seu poder, é que os três despertam, mas devido ao brilho da claridade não vêem nem Moisés nem Elias e não ouvem nenhum outro, a não ser a Mim e a Minha Palavra. Desta Palavra cada um deles recebe a proibição de falar sobre o acontecido antes que tudo se tenha consumado. Explicando melhor num sentido mais restrito, até que Eu, após grandes provações e vicissitudes de sua alma, tenha ressuscitado em cada coração humano, em toda Minha Força, Minha Sabedoria, Meu Poder e Amor. No sentido mais amplo, até que o mundo seja crucificado e morto para as criaturas, até que o espírito no homem tenha ressuscitado, e assim o homem se tornado um novo ser que vive em Minha Ordem, como é demonstrado por Pedro, Jacó e João. Só então ele poderá subir ao monte Tabor, que é o monte do mais profundo conhecimento de Deus e da vida eterna.
Este é o segredo de Minha, até agora considerada misteriosa, transfiguração no monte Tabor. Entretanto ainda existe uma bem mais eterna, na qual são apontadas três épocas de evolução da humanidade, por Moises, por Elias e por Mim, na Voz que vem da Nuvem. Mas estes conhecimentos não provém a vida eterna à ninguém, como também não o fazem as concepções ínfimas de tempo, espaço, eternidade, luz, espírito e vida.
O mais importante é que procureis a Mim, Meu Reino e Minha Justiça, que são o Amor; e tudo além vos será dado por acréscimo (Mateus 6.33). Mas se vós procurardes a Sabedoria e sua força, então vos sucederá o mesmo que aconteceu àquele que enterrou o seu talento: dele foi tirado o que possuía e seu prêmio foram as trevas. Observai isto com grande profundidade, se desejardes fazer parte da transfiguração. Amém.
Perguntas sobre alguns textos dos quatro evangelhos que parecem ser contraditórios
(seguindo a exortação dada pelo Senhor no texto acima)
Recebido por Jacob Lorber, em 17 de março de 1864
1) Evangelho de Mateus cap. 1, ver. 25 – “E sem que ele a tivesse conhecido, ela deu a luz ao seu filho, que recebeu o nome de Jesus.”
Lucas - cap. 2, ver. 7; Mateus - cap. 13, ver. 55 – “Ele não é o filho de um carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria? E seus irmãos Jacó, José, Simão e Judá?”
Lucas cap. 4, ver. 22; Mateus cap. 13, ver. 56 – “E suas irmãs, não estão todas aqui conosco? De onde ele adquiriu tudo isto?”
2) Evangelho de Mateus cap. 12, ver. 42 – “No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará e condenará esta raça, ... ”
Mateus cap. 13, ver. 49 – “Assim será o fim do mundo: os anjos virão, ...”
Mateus cap. 16, ver. 27 – “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, ...”
Mateus cap. 16, ver. 28 – “Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós que o haveis seguido estareis sentados em doze tronos e julgareis as doze tribos de Israel”.
Mateus cap. 25, ver. 30, 31, 32, 33 e 34.
3) Evangelho de Mateus cap. 4, ver. 1 – “Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo demônio.”
Marcos cap. 1, ver. 1 ao 13 e Lucas cap. 4, ver. 2 ao 13.
4) Evangelho de Mateus cap. 5, ver. 39 – “ Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te feriu a face direita, oferece-lhe também a outra.”
Mateus cap. 5, ver. 40 e Lucas cap. 6, ver. 29 – “Se alguém te citar em justiça, para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa.”
Mateus cap. 10, ver. 34 – “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim não trazer a paz, mas a espada.”
Mateus cap. 10, ver. 35 – “Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra.”
Mateus cap. 10, ver. 36 – “E os inimigos do homem serão as pessoas de sua casa.”
Mateus cap. 10, ver. 16 – “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas.”
Mateus cap. 10, ver. 17 – “Cuidai-vos dos homens, eles vos levarão aos tribunais e açoitar-vos-ão com varas em suas sinagogas.”
Lucas cap. 12, ver. 51, 52 e 35.
5) Evangelho de Mateus cap. 12, ver. 5 – “Do mesmo modo que Jonas ficou três dias e três noites no ventre do peixe, assim ficará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da Terra.”
Mateus cap. 17, ver. 23 – “E no terceiro dia ele ressuscitará, ...”
Mateus cap. 20, ver. 19; Lucas cap. 13, ver. 32; Mateus cap. 26, ver. 61 – “Eu ressuscitarei após três dias, ...”
Mateus cap. 28, ver. 1 – Depois do Sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo.”
Marcos cap. 16; Lucas cap. 24 / João cap. 20 – “Ele não se encontra aqui, ...”
Marcos cap. 10 e 12 – “... e no terceiro dia ele ressuscitara...”
Marcos cap. 16 – “Ele ressuscitou e não está aqui.”
Lucas cap. 23, ver. 44,45 e 46; Mateus cap. 12, ver. 40, e João cap. 19, ver. 31.
6) Evangelho de Mateus cap. 22, ver. 11 e 12 – “O rei entrou para vê-los e viu ali um homem que não trazia a veste nupcial,...”
Marcos cap. 14, ver. 51 – “Seguia-o um jovem coberto somente por um pano de linho, e prenderam-no ...”
Marcos cap. 14, ver. 52 – “... mas lançando ele de si o pano de linho, escapou-lhes despido.”
· Quem é este jovem? E porque somente Marcos o menciona?
Explicações dadas pelo Senhor
1) Quanto à família de Jesus e aos evangelhos de Mateus e Lucas
Recebido por Jacob Lorber, em 18 Março de 1864
Com respeito à primeira pergunta, já tivemos uma pequena explicação no Grande Evangelho de João. Para tornar o assunto um pouco mais claro, deveis saber que o evangelista Mateus foi por Mim convocado somente quando Eu o encontrei como aduaneiro a serviço dos romanos, na Minha viagem de Carpernaum a Kis. Isto motivou muitas críticas, pois diziam que Eu andava com aduaneiros (cobradores de impostos) e pecadores.
Mas já que este Mateus era bom na escrita e não desejava mais separar-se de Mim, Eu o convoquei para ser Meu escrivão, mas somente dos fatos, enquanto que Meu João devia anotar a Palavra, quer dizer, tudo o que Eu ensinava. Mateus muitas vezes não anotava assuntos espirituais e Minhas prédicas, mas sempre aceitava as correções feitas por João. Mateus tinha uma ótima memória para os fatos, mas ela lhe falhava quanto aos ensinamentos. De minha família ele quase não sabia nada e o que ele sabia lhe foi contado por Jacó, Simão e João, o que ele não anotou de imediato, mas somente após Minha ressurreição, quando foi eleito Meu apóstolo em lugar de Judas Iscariotes e iniciou seu Evangelho.
Este apóstolo Mateus, o evangelista tinha elaborado um evangelho com muito capricho e bem organizado e com ele viajou para o sudoeste da Ásia.
Em Jerusalém, na Samaria (na Galiléia), em Tiro e em Sidom, apareceram mais cinco “Mateus” e cada um escreveu um “Evangelho segundo Mateus”, entre os quais o que apareceu em Sidom foi um dos menos errados. Os outros quatro foram considerados apócrifos no Concílio de Nicéia e o de Sidom, o verdadeiro. Mas mesmo assim este evangelho tem muita coisa apócrifa, por mais que este chamado “Mateus” se esforçasse para apresentar a verdade. Ele mesmo escreveu quatorze evangelhos de acordo com as narrativas que lhe vinha ao conhecimento por meio de pseudotestemunhos oculares dos acontecimentos.
Além destes quatorze ele escreveu um décimo quinto, o qual, de acordo com vários entendidos, foi declarado como o mais importante e verdadeiro. Este pseudo Mateus que de fato se chamava l’Rabbas foi o criador do Evangelho segundo Mateus que conhecemos na atualidade.
O verdadeiro evangelho de Mateus se encontra numa biblioteca, numa cidade nas montanhas da Índia. Esta biblioteca é a que melhor e a que mais escritos verídicos possui, desde o incêndio que queimou a biblioteca de Alexandria. Está composta de vários milhões de livros e escritos, mas infelizmente só monges de Brahma muito importantes têm acesso aos mesmos. Os birmaneses possuem um evangelho verdadeiro, mas bem reduzido.
Vós no mínimo desejais saber o fim do apóstolo Mateus nestes países da Índia? Ele esteve muito bem protegido, mas só podia ensinar aos monges e a ninguém mais. Mas com a ajuda de Meu Espírito ele conseguiu fugir, levar ao povo birmanês Minha Palavra e lhe escrever o já mencionado evangelho reduzido. Em alguns locais tradicionais ele e seus seguidores são chamados “os apóstolos da Índia”.
Já podeis dar-vos conta do que significa este Evangelho segundo Mateus por vós conhecido, como também do capítulo 13 desta obra, onde consta: “Ele não é o filho de um carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria? E seus irmãos Jacó, José, Simão e Judá? E suas irmãs, não estão todas aqui conosco? De onde ele adquiriu tudo isto?”
Para entender isto, devemos saber que o já foi mencionado no Grande Evangelho de João: Eu fui para Nazaré, estudei na sinagoga local e lá dei alguns sinais. E quando Meus apóstolos e seguidores se assombraram com isto, eu lhes expliquei: “O profeta vale menos no seu país”; por isto abandonei Nazaré e não mais lá retornei.
Com respeito a Meus irmãos e irmãs, são do primeiro casamento de José e também adotados. Não são de Maria, pois sou seu primeiro e único filho. As irmãs não eram filhas de José, pois eram parentes pobres que eram chamadas “irmãs”, já que elas viviam de acordo com os ensinamentos e diretrizes de José e Maria. Três de Meus irmãos partiram comigo: Jacó, Simão e João. Dois permaneceram em casa, para continuar o trabalho de José e cuidar de Maria, até que Eu a entreguei aos cuidados de João, Meu discípulo favorito.
Muitas contradições aparentes encontrareis no Evangelho segundo Lucas, pois este evangelista só escreveu o mesmo cinqüenta anos após Minha ressurreição. Como conseqüência, é mais uma coletânea de narrativas dos apóstolos. Seu evangelho é uma compilação de tudo o que ele conseguiu sobre Mim e os apóstolos. Tudo o que ele escreveu ele enviou para seu amigo Teófilos, em Atenas, o qual escreveu um evangelho baseado no que Lucas lhe mandava, enriquecido por idéias próprias. Mas Teófilos também interpretava erroneamente alguns ensinamentos, e assim obteve-se uma série de contradições, especialmente no Meu “tirânico juízo final”, o qual não tem nada a ver com a realidade que se encontra tanto no Pequeno, como no Grande Evangelho de João.
Mas não por isto o evangelho deve ser considerado sem valor. Muitos ensinamentos espirituais bons lá se encontram, e sobre isto e mais assuntos falaremos nas palestras que se seguirão.
2) O Juízo Final
Recebido por Jacob Lorber, em 19 de março de 1864
Ontem já mencionei que sobre o "juízo final" há bastante referência nos evangelhos de Mateus (que na verdade é de l’Rabbas) e de Lucas, onde se faz uma longa explanação sobre este assunto, o que tem causado problemas entre as pessoas que o lêem, devido ao grande número de culpas e pecados. Muitas pessoas se afastam destes ensinamentos, pois ficam apavoradas e não querem saber de ouvir nada mais sobre este "dia de horror", pois elas se perguntam, e com toda razão: "Como pôde agir assim um eterno e infinitamente sábio Deus, do qual se originaram criaturas grandes e pequenas, e que estão repletas de Amor, Amor este pelo qual foram criados todos os seres, especialmente os humanos, os quais certamente não foram criados unicamente para serem jogados após sua morte material no julgamento eterno, sendo castigados e torturados por ações que realizaram neste curto espaço de tempo que é sua vida material?”
Eu vos digo que isto não será possível nem ao maior e mais maldoso tirano na Terra. Tenho certeza que entre vós existem alguns que não desconhecem que muitos destes chamados ultratiranos começaram a ter medo de si mesmos e que muitos até se autodestroem tentando escapar de si mesmos. É só olhar os livros que contam a história do mundo. A respeito deles, vou contar-vos (para explicação do aparecimento destas aberrações) que os mesmos, após um certo tempo de seu domínio tirânico, são apossados por cada vez mais demônios. Tais demônios, para exercer vingança sobre o povo por eles odiado, usam os tiranos, atiçando-os contra o mesmo. Se nós condenarmos estes tiranos que praticaram horrores sobre horrores contra a população ao eterno inferno, nós seríamos piores que eles, pois seríamos seus juizes. Como é que Eu se Eu fosse um juiz tão severo poderia ter pedido ao Pai com todo o Meu Amor pelos que Me crucificaram? Como poderia ter pedido que os perdoasse, pois não sabiam o que estavam fazendo?!! Pois os fariseus atiçados por Kaifas, e os carrascos que pregaram Meu Corpo na cruz, estes não sabiam de maneira alguma com Quem eles estavam tratando; pois os fariseus Me consideravam em primeiro lugar apesar de todos Meus ensinamentos, Minhas ações e Meu exemplo de vida um Mágico de primeira grandeza, oriundo da escola dos essênios (esta idéia ainda existe hoje em dia). Estes mágicos essênios eram extremamente odiados pelos fariseus. Também me consideravam um traidor judeu, pois pensavam que Eu os estava levando a uma revolta, para que os romanos lhes tirassem toda a pouca liberdade que ainda tinham, mesmo a religiosa. Por isto quanto maiores os sinais Eu dava, tanto maior se tornava o número de Meus inimigos. Em relação aos carrascos, eles eram em sua maioria mercenários das várias nações que compunham o império romano e quanto mais brutais fossem, tanto mais agradáveis se tornavam aos romanos, pois assim eram mais úteis nas batalhas e nas execuções. Um soldado romano genuíno era sentimental demais e não seria de grande valor para executar os anseios do poder romano. Disto podemos concluir que os carrascos romanos sabiam muito menos o que estavam fazendo, do que os Meus inimigos de fato, que tão bem conheceis. E novamente podemos perguntar: Seria correto condenar estes pobres infelizes a sofrer eternas torturas, dores e martírios no inferno onde Minha maldição os teria jogado? Por acaso Eu amaldiçoei aquele bandido que zombou de Mim, quando Eu estava na cruz? Mas àquele outro bandido que se indignou com a zombaria e repreendeu o primeiro por isto, a este Eu prometi que estaria ainda no mesmo dia no paraíso, apesar dele ter sido crucificado por assaltos e homicídios (paraíso aqui significando um estado de paz, mas não o céu).
Então pergunto: Onde então fica o tal horroroso dia do juízo final, de acordo com o qual somente algumas milhões de pessoas conseguem chegar ao céu, e todos os outros, porém, são condenados ao eterno inferno? Como seria possível assim agir Aquele que escreveu na areia o perdão da adúltera no templo e que na presença de muitos pecadores anunciou: “ Vinde todos a Mim, que estais oprimidos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei” ?
Como já disse uma vez a um letrado que tinha um pouquinho de fé e Me indagou: “Mestre, eu reconheço que Tu ensinas corretamente e com muita certeza, e não podemos contradizer nem argumentar contra o que tu ensinas; mas Tu dizes nos Teus ensinamentos que quem crer em Ti e viver de acordo com Tua Palavra, este terá a Vida Eterna, mesmo que morra cem vezes (se assim fosse possível) no mundo material! Bem, observa os povos e as nações desta Terra, em especial aqueles que certamente nem dentro de dois mil anos tomarão conhecimento dos Teus ensinamentos, como é que poderão crer em Ti e viver de acordo com Tua Palavra? Será que todos estes seres humanos deverão sofrer a morte eterna, pois não crêem em Ti e não seguem Teus ensinamentos? ”
Já a este letrado que Me fez esta pergunta durante a noite, Eu apontei para o firmamento coberto de estrelas e disse: “Vê, ali é a casa de Meu Pai. E nesta infinitamente grande casa existem muitas moradas. Aquele que não pode Me conhecer e ouvir Minha Palavra Viva nesta Terra, este certamente encontrará um lugar nesta enorme casa. Não te preocupes com aqueles que não podem nem poderão Me conhecer e seguir Meus ensinamentos neste mundo, pois “Meu Pai” os conhece e também não criou um deles para a eterna queda, mas sim para a eterna ressurreição pelo Seu Amor e Sabedoria. E tu fizeste uma pergunta que pensavas ser muito sábia, mas que de fato é arrogante.”
Por acaso Eu condenei o “mordomo ruim” por ter tão erradamente administrado os bens de seu Senhor? Ele enganara o seu Senhor, mas pagara aos credores em nome Dele (do Senhor), pois sabia que seria demitido. Vós todos sois Meus mordomos que administram os Meus bens na Terra. E Eu não vos digo: não sejais como foi este mordomo; mas sim: segui o seu exemplo, pois se fizerdes o bem em Meu nome, estes beneficiados serão vossos amigos e vos abrigarão em suas casas, quando fizerdes a passagem para a vida espiritual.
Onde estará aquele tão horroroso “juízo final”, do qual tanto falam aqueles dois evangelistas vingativos: l’Rabbas (e não Mateus) e Teofilos (e não Lucas), estes dois que pecaram tanto contra Meu Amor e Sabedoria?
Mas o mais pavoroso mesmo foi apresentado pelos gregos ortodoxos, bem como pelos romanos-católicos durante e após o Concílio de Nicéia, pois eles se esforçaram ao máximo em transformar e dar cores vivas ao inferno, ao purgatório e ao dia do juízo final, tanto que empalideceriam o Tártaro pagão e o Schcol judaico. Tornaram-Me a unificação de Ecos, Minos e Radamantos (bestas da mitologia que julgam as almas dos que faleceram). E Eu deveria julgar e amaldiçoar a todos e a tudo para as eternas profundezas do inferno, a todos que não se submetessem aos ditames do assim chamado “Santo Pai em Roma”.
Eu creio que já vos disse o bastante, para que entendais que nem Eu nem nenhum de Meus evangelistas verdadeiros inventamos estas coisas, nem são elas nossos ensinamentos. Eu não posso afirmar hoje que sou a encarnação do mais puro e verdadeiro Amor e Misericórdia e amanhã que sou o mais intransigente vingador, totalmente despido de qualquer misericórdia, cheio de desejo de castigar e torturar Meus filhos, mesmo sabendo que eles não são responsáveis de nem um décimo de suas culpas. Pois Eu não vim para tornar o perdido mais perdido ainda, mas sim para procurá-lo com todo o Amor e conduzi-lo carinhosamente para a Luz, para que não seja um filho perdido. Como Salvador Eu vim por causa dos doentes e não pelos sadios. Deveria Eu tornar mais doentes os que já estavam? Isto se adaptaria bem aos pensamentos e ensinamentos dos fariseus e especialmente dos assim chamados “Santos Padres” dos romanos, mas jamais seria este o Meu pensamento; Eu, que quando estive na Terra jamais permiti que alguém me chamasse “bom Mestre”, pois Eu sempre perguntava aos que assim Me tratavam: “Por que Me chamais de bom? Bom somente é Deus, nosso Pai. Não deveis chamar ninguém de “Pai”, a não ser vosso Pai no Céu; e ninguém é santo, a não ser Deus”. O que podemos esperar de uma pessoa que deseja ser “o representante de Deus na Terra” e chama a si mesmo “Santo Padre” ou “Sua Santidade”, e de quem se originam os horrores sobre o juízo final, purgatório e inferno? Nada, ou melhor dizendo, tanto quanto sua santidade tem valor, ou tanto quanto o valor de suas eminências, da cadeira de Pedro em Roma (cidade que Pedro jamais viu em sua vida), dos pedaços da cruz na qual Eu fui crucificado aquela cruz da qual, por motivos que já conheceis, na Terra não existe nem um átomo, muito menos do manto que cobria Meu Corpo, manto este tantas vezes mostrado em Trier (Alemanha) ou dos ossos dos três reis magos, expostos em Colônia (Alemanha), ou dos três pregos de ferro em Milão, dos quais existem tantos nas igrejas católicas-romanas e greco-ortodoxas, que poderias construir uma pequena ferrovia com os mesmos.
Do resto podeis tirar vossas próprias conclusões e pouco precisarei dizer. Que já foram encontradas três cabeças verdadeiras de João Batista, já sabeis de sobejo; como também que na suposta gruta em que nasci encontra-se o leite que seria de Minha Mãe Maria em forma de pedras brancas, as quais são vendidos por muito dinheiro aos peregrinos, junto a milhares de outras relíquias chamadas sagradas.
Segui os ensinamentos do Grande Evangelho de João , pois este evangelho, bem como suas revelações, foram escritos por ele mesmo. Quanto aos outros dois evangelhos, de Mateus e de Lucas, Eu já vos esclareci a respeito. Depois de João, Marcos é a obra mais autêntica, pois aquilo que ele escreveu de forma tão reduzida, ele retirou dos ensinamentos do apóstolo Paulo. E agora fim com o pavoroso “dia do juízo final” que é esperado e temido no fim dos tempos. Amém.
3) Para entender a permanência de Jesus no deserto por quarenta dias
Recebido por Jacob Lorber, em 20 de março de 1864
Seguem as explicações sobre aqueles versículos que desde sempre foram um escândalo para os estudiosos da vida de Cristo. A estes versículos, dos quais existem muitos no evangelho de Mateus e Lucas, pertencem também aqueles que narram como Eu fui levado ao deserto pelo Espírito, lá permaneci, jejuei por quarenta dias e quarenta noites e no fim me submeti a ser tentado por três vezes pelo diabo, pois Eu já estava extremamente faminto.
Do ponto de vista da natureza, esta estória é uma completa tolice, pois como homem normal ninguém consegue sobreviver tanto tempo sem bebida e comida. Um quarto deste tempo bastaria para que um ser humano perdesse sua vida física.
Também reconhecereis que num deserto, seria bem difícil que achássemos algo para comer ou beber, mesmo se fosse uma extrema emergência, deveríamos nos satisfazer com esparcos musgos ressequidos e poços de água podre, que acharíamos após horas a caminhar e procurar. Então está provado que este jejum, se for natural, só pode ser enfrentado por animais que hibernam; mas nunca, jamais por um ser humano, que poderá ficar, no máximo oito dias sem comer ou beber.
Claro que os fanáticos contraporão que Eu não era somente humano, mas era também Deus, e a divindade em Mim manteve Minha Vida por quarenta dias e noites, mesmo sem bebida nem alimento algum. Eu, porém, contradigo: se fosse assim, Eu não teria jejuado, pois o alimento natural (e assim dispôs Deus) só conserva vivo e alimenta o corpo físico. Então pergunto: não é então tudo igual e tem o mesmo valor se alguém é alimentado e fortificado pelo poder de Deus, já que a natureza é só um espelho do Poder Divino?
Na Ásia, em algumas grutas das montanhas da Índia, ainda existem algumas criações que vêm do espaço, onde uma pessoa consegue permanecer viva sem comer nem beber por várias semanas. Estas formações são chamadas de “Cavernas da Vida”. Possuem uma emanação tão nutritiva e fortificante, que alimenta ao organismo humano tão bem quanto um alimento magro e uma bebida leve. Estas cavernas e um bom espaço de terra em sua volta, foram e ainda são vistos como locais santos e servem como abrigo para muitas pessoas que para lá vão em peregrinação, muitas vezes por vários meses. Em primeiro lugar elas são nutridas nestas cavernas; os doentes são fortificados e, como conseqüência, curados. Quando as cavernas disponíveis não são suficientes, o que acontece com grande freqüência, cavam-se covas no terreno adjacente e lá são colocados os famintos e doentes, alguns em um tipo de caixão com orifícios para respiração. Em geral são acomodados totalmente nus, só com um pano a cobrir a cabeça e cobertos com um pé (33cm) de espessura de terra, podendo permanecer neste tipo de túmulo por várias semanas. Quando saem dos mesmos, estão curados de suas várias doenças como que por um fluído magnético. Retornam sadios aos seus lares, deixando, no entanto, pequenos óbolos para os monges que cuidam das cavernas. Também são estes peregrinos curados um testemunho vivo destes milagres. Eles narram com cores vivas o que lhes aconteceu, e muitos se dirigem a estas cavernas com seus tesouros, que são então ofertados em busca da saúde perdida.
Então me perguntais: De onde vem este poder nutritivo que estas cavernas e suas adjacências possuem? Isto é fácil de responder: o Tibet possui a cadeia mais elevada de montanhas da Terra, e estas atraem com facilidade o fluído magnético do Polo Norte e também do Polo Sul. É muito fácil, pois nada se interpõe entre os pólos e as altas montanhas. O fluido eletromagnético do polo norte (positivo) se comunica com o fluido magnético negativo do Sul e cria aí uma matéria-vital totalmente única tão poderosa que muitas vezes os galhos cortados de uma árvore e abandonados no chão revivem em pouco tempo, criando uma nova árvore. Este chão tão vitalizante é o motivo por que mesmo à alturas superiores a quatorze mil pés acima do nível do mar, ainda encontramos pomares com árvores frutíferas e vegetais, como em nenhum outro lugar na Terra.
Eu vos apresentei este exemplo, para mostrar-vos que na Indo-Ásia montanhosa, na qual ainda entre cinco a oito mil pés de altura existem plantações de vinha, seria possível jejuar por quarenta dias e quarenta noites. Porém no deserto pedregoso da Arábia ou no Sahara da África posso afirmar-vos que alguém que tentar esta façanha, logo será encontrado como uma mais perfeita múmia. Na região da Galiléia e Canaã não existiam desertos deste tipo no tempo em que Eu Me encontrava na Terra; desertos nos quais se tornasse necessário transformar pedras em pães. E Eu como Homem e Deus jamais teria necessitado destas artimanhas para Me conservar vivo. Tendo Eu comido algum alimento natural que se encontrava no deserto, mesmo escasso, Eu não teria jejuado de fato. E se Eu, com a Divindade em Mim, tivesse me nutrido de forma milagrosa, também não existiria jejum. Eu vos digo que este jejum tão descrito por este pseudo Mateus, tanto este jejum no deserto, como também muitas outras coisas por ele mencionadas, não passam de invencionisses. O mesmo acontece com a tentação do diabo que teria acontecido no final do jejum e que Eu teria (não sei por qual motivo), deixado que Me acontecesse. A utilidade disto Eu desconheço totalmente, apesar de Minha infinita Sabedoria. Pergunto o que é de fato o diabo ou Satã? Ele é matéria morta e os espíritos a ela amarrados, muitas vezes por eternidades. Estes espíritos não são mais condenados, rígidos e teimosos, do que os que habitam um deserto no qual há mais morte do que vida. O que poderiam fazer contra Mim? Se o diabo ou Satã for isto, e Eu o eterno Amor e Sabedoria, porque teria Eu que permitir que este Satã me expusesse a uma tentação totalmente ridícula, que ninguém com um pouco de inteligência pode acreditar possível. Eu teria conseguido pão e vinho para alimentar Meu corpo material sem precisar de seus conselhos, pois muitas vezes, no futuro, fui capaz de alimentar milhares de seguidores com dois pães e meia dúzia de peixes. Eu, que muitas vezes enchi as dispensas vazias com pão, leite, mel, etc. e enchi os odres vazios de muitas adegas (vide o Grande Evangelho de João). E por que Eu deveria deixar que o tentador Me colocasse no cume do templo de Jerusalém? Qualquer montanha teria servido melhor, onde Eu não pudesse ser visto por todas aquelas tantas pessoas que sempre se encontravam no templo e suas proximidades. Se Eu de fato tivesse estado parado no cume do templo, certamente alguém Me teria visto e perguntado como Eu teria conseguido subir até lá, o que Eu lá fazia, ou procurava. E não teriam permitido que Eu simplesmente de lá saísse e voltasse ao deserto. Certamente Jerusalém teria comunicado este acontecimento e haveria notícias oficiais para as autoridades. Por fim (segundo o conhecido evangelho de Mateus), estando Eu supostamente parado no topo de uma montanha cujo nome o evangelista não menciona (certamente porque como nativo de Sidom não conhecia nem a Galiléia, nem a Cananéia), o diabo Me pediu que lhe prestasse honrarias e o adorasse — a Mim, que sou o criador e dono de todo o universo. Só então Eu teria lhe dado o “consilium abeundi”!
Sim, existe de fato algo de verdadeiro no relato deste evangelho tão infeliz e atrapalhado, porém não é nada material, mas sim espiritual. Eu de fato Me afastei da casa de José por quarenta dias e como humano me dirigi para as proximidades donde João (Batista), as vezes aqui, outras vezes lá, sempre às margens do Jordão, predicava o arrependimento dos pescadores. E Eu, na minha condição humana, Me preparei para o que iria iniciar em bem pouco tempo. Subentende-se que Eu Me alimentava com muita parcimônia para os padrões humanos, pois como simples carpinteiro nunca pude desperdiçar nada.
Eu não só penetrei toda a Terra com Meu Espírito naquela ocasião, mas todo o universo material, com a intenção de mais uma vez ver se conseguia um jeito mais fácil e rápido de outorgar a todos os espíritos presos na matéria a total e completa libertação de seus “Eu” e a completa independência de seus seres. Esta é a razão pela qual Eu Me submeti a esta provação, submetendo a ela tanto Meu Corpo, como Meu Espírito. E vede, Me foram apresentadas três possibilidades. A primeira consistia na imediata e total destruição de todo o universo material, dando aos espíritos que nele habitam uma existência de criatura, na qual elas sim Me reconheceriam, mas jamais poderiam alcançar minha semelhança. A Segunda seria deixar os espíritos por um curto espaço na matéria e logo permitir suas ressurreições, mas sem passar pelos vários degraus de evolução, colocando-os logo a seguir em diversos infusórios e lá os deixando para sempre. Mas neste caso, com sua inteligência bem desenvolvida, teriam se comportado de maneira tal, que em pouco tempo seguiriam o exemplo de Lúcifer em sua queda; então Eu deveria aprisioná-los na matéria novamente, recomeçando tudo outra vez. Na terceira possibilidade Me foi apresentada a possibilidade de despertar todos os espíritos de uma só vez e colocar todos no mesmo patamar dos espíritos dos primórdios, mas em locais separados. Porém isto significaria expô-los ao desmando do orgulho original, e em vez de termos um único filho perdido, haveria eões dele. Sua volta à Ordem e ao Amor seria bem mais difícil, sendo esta, portanto, mais uma possibilidade totalmente incapaz de ser por Mim considerada. E assim sobrou uma única saída, que era Eu vencer a matéria por Mim mesmo, que Minha absoluta Divindade se apoderasse, queimasse e dominasse a matéria. Eu, aquele que foi destinado para toda a eternidade, naquele em que a criatura conseguira sua completa liberdade e sua semelhança Comigo.
Vede, isto é o que significa Meu jejum espiritual e o que se tornou a tentação luciférica material na narração dos evangelistas.
Assim este assunto deve ser entendido e é assim que devemos crer nele. Aquele que aceitar só o aspecto material deverá esperar de fato o que significa. E estas pessoas que esperam por explicações existem muitas, mas a maioria é sem culpa alguma. Por isto esta interpretação não lhes será cobrada e isto não evitará suas evoluções normais. Não podemos castigar os cegos, por não reconhecerem as cores.
Podemos concluir daqui duas perguntas. A primeira: Porque Eu, o Todo Poderoso e este Deus que tudo sabe e conhece, permiti que Minha Palavra pura e verdadeira, que passei aos Meus apóstolos e a outras pessoas, fosse assim tão deturpada? Por que muitas vezes se contrapõe ao que diz um dos apóstolos? Por que há controvérsias entre um e outro apóstolo? Por que foi erroneamente transmitida aos seguidores? E por que acontece tão pouco de Minha parte para remediar este problema? Esta pergunta é similar a que poderíeis Me fazer: Por que não deixei crescer somente trigo, cevada e aveia, como também não permiti somente frutos nobres e saudáveis na Terra? Acho que esta pergunta não requer resposta, já que os humanos há muito tempo já pesquisaram e descobriram que nesta terra não existe uma só erva daninha que com um uso diferente e adequado não seja útil. Os farmacêuticos e médicos certamente poderiam dar um testemunho mais apurado sobre isto, como também que nenhum trigo, cevada ou aveia pode curar uma febre, por mais puro e nobre que seja, nem consegue curar uma erupção cutânea ou dor de barriga. Já podeis ver que tudo aqui tem sua utilidade Também os erros e más interpretações da Minha Palavra têm sua utilidade especialmente à grande quantidade de pessoas enganadas e às supersticiosas. Pois se todos que chegassem à Terra fossem tão perfeitos como o arcanjo Rafael, mas ainda presos à seu corpo pesado, nenhum humano se mexeria, nenhum humano procuraria saber a pura Verdade, nenhum ser humano seria de ajuda ou prejudicial ao outro, e na Terra haveria uma letargia horrorosa. Da maneira que estamos, as pessoas mais esclarecidas farão todo o esforço possível no sentido de se opor à escuridão e à ignorância espiritual. E quanto mais a escuridão e a ignorância se difundirem, com mais força será combatida pelos esclarecidos; e então estes têm uma imensa alegria, quando conseguem levar ao caminho da Luz e da Verdade uma boa quantia de cegos e tolos. Para isto também são úteis os evangelhos que parecem diferenciar um do outro. Aos esclarecidos eles sempre mostrarão a Minha Verdade e o Verdadeiro Espírito. Com respeito ao resto da população, isto não lhe será de prejuízo, pois, como já disse, na Casa do Meu Pai há muitas moradas e muitas escolas, onde estas pobres almas serão levadas à Luz. Vede, pois, que é este um dos motivos por que Eu tenho tanta paciência com estas religiões, que mais parecem estados legais do que casa de oração e adoração. Mas lembrai-vos que tudo tem seu devido tempo e duração. O que hoje ainda floresce e existe, amanhã poderá estar seco e morto. Esta é, pois, a resposta para a primeira pergunta.
A segunda pergunta consta: Como foi possível que Eu — o Único e mais evoluído sábio de toda a Eternidade — tenha mantido comigo mesmo um conselho e procurado orientações para dirimir Minhas dúvidas de como as criaturas presas à matéria poderiam ser levadas da maneira mais fácil para sua libertação e independência? Esta pergunta parece ser mais difícil de ser respondida do que a primeira, porém Eu vos pergunto: Será que Eu — a mais elevada Criatura — não terei o direito de Me conceder a diversão de Me aconselhar com Meu Amor — Meu Pai — sobre o que seria melhor fazer e como seria melhor resolver os problemas da enorme Criação Universal? Este aconselhamento é para Mim a maior bênção, como também o é para todos os mais puros e evoluídos espíritos angelicais que se assemelham a Mim em todo o infinito.
Já se sabe que uma meditação profunda causa um prazer inigualável ao homem evoluído e ao sábio. Imaginem que prazer está meditação não causa a Mim — o Ser Supremo, Criador de todo o Universo e de todos os pensamentos e desejos em todos os seres, anjos e arcanjos? Este prazer Eu posso Me doar, nem que seja de vez em quando.
Eu poderia arranjar tudo de maneira de que os frutos já caíssem maduros no solo, feito a chuva, o granizo, a neve, ou como aconteceu aos israelitas no episódio do maná no deserto, ou os frutos deveriam amadurecer nas árvores de um dia para o outro. Mas de acordo com Minhas considerações, a maneira como tudo acontece na atualidade é a melhor de todas. E os humanos têm uma alegria igual com uma árvore florida, bem como com uma cheia de frutos maduros.
Estas perguntas são similares àquela que os sábios de vez em quando apresentam “Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?” Pois sem ovo, não pode ser criada uma galinha; e sem um galo para fertilizar o ovo na galinha, nenhum ovo pode procriar. Eu, no entanto, pergunto: Para o nascimento de um Sol Central ou mesmo de um planeta qualquer, também foi necessário um ovo? Quem pode chamar à vida coisas tão grandes e importantes, creio que facilmente conseguirá criar algo tão insignificante quanto um ovo, um galo, ou uma galinha. O primeiro casal humano também não precisou de um ovo para ser criado. O homem foi colocado completo e perfeito no mundo material, tal qual sua companheira, contendo no seu íntimo a capacidade de reproduzir, coisa bem mais natural do que se Eu tivesse disposto ovos em vários locais da Terra, para que com o calor do Sol deles saíssem todo o tipo de criaturas.
Creio que isto vos responde à segunda pergunta. E assim encerramos tudo sobre Meu jejum de quarenta dias no deserto e na tentação do diabo. Isto por enquanto se basta. Vamos para um outro texto bom no Evangelho. Amém.
Um adendo recebido por Jacob Lorber, em 22 de março de 1864
Com respeito à tentação satânica que é mencionada no deserto, no cume do templo e no topo da montanha, existe sim uma explicação, mas não é material e sim unicamente de caráter espiritual (dada após algumas considerações).
Naqueles quarenta dias antes do início de Minha missão, Eu permiti que almas de pessoas mortas, tanto boas como más, chegassem à Minha presença, para que pudessem Me apresentar seus desejos. Nesta ocasião aproximou-se uma alma de alguém dos primórdios, do tempo dos patriarcas. Esta alma tinha sido de um rei cruel e mau, que falou as palavras conhecidas do evangelho e se baseou nos três pontos. Por isto Eu disse a esta alma que já tinha habitado a Terra o seguinte: “O homem não vive só do pão, mas especialmente de cada palavra que se origina da boca de Deus, na cumeeira do Templo (tudo em espírito). Tu deves servir somente a Deus e não desafiá-lo, como acostumavas fazer quando na Terra”. E no topo da montanha o espírito deste mal prometeu tudo o quanto foi prêmios e reinos que ele tinha possuído no passado, contanto que Eu lhe outorgasse honras divinas, motivo pelo qual Eu o enxotei de Minha presença. Esta alma era muito parecida ao rei Babilônico chamado Neburadnezar (Nabucodonosor), que exigia de seu povo o que seu nome significava: “Além de mim não existe outro Deus! A mim deveis adorar. Como vosso Deus, deveis me ofertar as mais valiosas oferendas”. Que Eu tenha dado a este Neburadnezar um mui esquisito “consilium abeundi” não é de se estranhar, e o encontrais escrito no evangelho. Um ser como este não merece nada melhor do que: “Afasta-te de mim Satanás! E não te atrevas jamais a te apresentar à Minha presença”. Este adendo é a explicação necessária e espiritual dos Meus quarenta dias de provação no deserto. Podeis agora Me apresentar outros textos do evangelho.
4) Para entender o que significa dar a outra face ao ser ferido
Recebido por Jacob Lorber, em 21 de março de 1864
Com relação ao versículo 39 de Mateus (onde se lê: “Não se deve oferecer resistência ao mal, e se alguém te bater numa face, oferece-lhe a outra.”) e ao versículo 40 (onde se lê: “Se alguém quiser julgar, e te exigir o teu casaco, oferece-lhe também o teu capote.”), ambos têm o mesmo significado, conforme exposto a seguir. Se alguém for um mínimo esclarecido, saberá de pronto que estas palavras por Mim ditas não têm em absoluto o sentido material das mesmas, pois Eu as disse numa ocasião em que Me perguntaram se os mandamentos de Moisés tinham sido relevados pelas Minhas prédicas de puro Amor. A estes respondi que Eu não retirava uma vírgula do que havia dito a Moisés e que os realizava, enquanto contivessem o Amor. Disse ainda que era bem verdade que foi dito por Moisés aos antigos: “Olho por olho, dente por dente!” e “Se alguém matar um semelhante, deverá ser castigado pela morte!”, mas que entre Meus discípulos deveria ser diferente. E justamente neste momento Eu dei o exemplo do tapa na face e da briga pela posse do casaco, o que também não foi corretamente repetido e copiado, sendo ainda agravado pelas traduções incorretas do idioma hebraico para o grego, deste para o romano e depois para os outros idiomas, que às vezes não possuíam palavras condizentes aos três idiomas anteriores. Os versículos de fato devem dizer o seguinte: “Se tu tiveres entrado numa contenda de pouca importância com um irmão ou vizinho, e ele te enfrentar com violência, então não te tornes mais violento que ele, porém estende-lhe carinhosamente tua mão e oferece-lhe a paz, para que vossa amizade se restabeleça” (como já líamos na Criação de Deus I cap. 174, V.14 : “Uma agressão para cá, uma agressão para lá... Nunca produzirá qualquer lucro. Mas se tu tiverdes algum sentimento de amor na ocasião, aí sim produzireis lucro”. Como vedes, não existe nada de tapa, pois se assim fosse, Eu teria dado poder ao mais forte de sempre enfrentar seu irmão ou seu vizinho toda vez que lhe desse vontade, não só com um tapa, mas com dois. O mesmo acontece com o casaco e o manto. Para entendermos melhor a história do casaco, devemos conhecer melhor os hábitos dos judeus daquele tempo. Era de hábito que quando alguém precisasse de casaco ou manto em ocasiões que não possuía dinheiro ou nenhum animal doméstico que pudesse vender, este fosse ao alfaiate, lhe explicasse a situação e lhe propusesse um prazo para pagar-lhe pelo trabalho. Se no vencimento do terceiro prazo o devedor não pagasse sua dívida, o credor ia ao juiz e lá se iniciava uma longa contenda. Caso se provasse que o devedor não podia pagar, a comunidade pagava e ficava de olho no devedor, para cobrar o débito tão logo este possuísse algum bem vendável. Isto causava uma longa perturbação, e quando Me perguntaram a respeito, Eu disse: “Deveis ser honestos como mandam as leis de Moisés, mas tanto o devedor quanto o credor devem preferivelmente abrir mão do casaco e do manto, a deixar-se envolver, a si e a comunidade, em uma longa complicada contenda. Bem, quem era sabedor disto não podia Me tirar a razão por Eu ter dado tal conselho, para que a união e a paz permanecesse em seu meio.
O evangelista, que não gostava de escrever muito, tentou passar a mensagem com o mínimo de palavras. É de se considerar que escrever naquela época não era uma tarefa tão fácil como é hoje em dia. Então para ganhar tempo e espaço, o evangelista resumia tudo ao máximo. E o que hoje nos leva vinte a trinta minutos para escrever, l'Rabbas (em Sidom), Lucas (em Jerusalém) e um tal Teófilo (em Atenas, Corinto e Siracusa), levaram no mínimo oito dias, pois ou gravavam as letras numa placa de pedra para isto preparada, ou então usavam um pincel para desenhar em pergaminhos. Este é o motivo por que os evangelistas tentavam ser o mais conciso possível. l'Rabbas, por exemplo, levou vinte e cinco anos para escrever seu último Evangelho (15º). Isto explica por que a maioria só jogava as palavra principais e deixava o resto para a compreensão do leitor.
Pois já vejo que desejais perguntar: “Moisés e outros escritores escreveram longos livros, quanto tempo então Moisés levou para escrever os cinco livros conhecidos, não deixando de lado o sexto e o sétimo apêndice de profecias?”
Eu vos digo que todos os livros de Moisés não eram maiores do que o evangelho de João, pois Moisés escrevia na velha escrita egípcia de hieróglifos, que ele dominava. Unicamente na época dos Juizes é que os escritos foram transcritos para o hebraico, e assim mesmo sua leitura é complicada, pois não se escreviam as vogais, somente as consoantes. Como poucos entendiam, fez-se uma versão mais moderna, com vogais e consoantes, que levou mais de duzentos anos para ser completada e muito foi modificado do original, pois tanto os escribas quanto os fariseus que os transcreviam não eram escolhidos pelo conhecimento dos Livros, mas apenas pelo que entendiam do hebraico antigo. Com isto terei explicado os dois textos.
Agora temos Mateus cap. 10, versículos 34, 35 e 36, onde se lê: "Não julgueis que vim trazer a paz à Terra. Vim trazer não a paz, mas sim a espada, pois Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa."
Quem assumir estes versículos ao pé da letra, estes versículos que também foram bastante mal traduzidos, se encontrará num labirinto, do qual dificilmente conseguirá sair, nem mesmo com a luz de um sol central o conseguirá. Pois toda Minha prédica é de amizade, simpatia, tolerância e paz entre os homens. Mesmo o quarto mandamento de Moisés diz: "Honra , respeita e ama teu pai e tua mãe, para que tenhas uma vida longa e boa na Terra".
Como poderia Eu de repente afrontar todos Meus ensinamentos, mandando que o filho fosse com a espada contra o pai, a filha contra a mãe, a nora contra a sogra, destruindo a paz familiar? Para entendermos estes textos, que na sua forma original se originam em Meus ensinamentos, devemos em primeiro lugar, saber em que ocasião Eu os dei, e também a sua tradução correta. A ocasião foi quando, numa localidade na Galiléia, Eu ensinava as obrigações que cada um tinha com relação a Deus, consigo mesmo e com a comunidade. Eu lhes disse: “Eu vos ensino nada diferente do que o Meu Pai tem ensinado por toda a eternidade, aquele que vós também dizeis ser vosso Pai, aquele que vós jamais reconhecestes ou reconhecereis; pois se vós O conhecêsseis, também Me reconheceríeis, já que este Pai Me enviou para vosso meio." Então eles responderam: "Que estás inventando? Não somos nós filhos de Abraão, e não disse Deus ao mesmo que todos seus descendentes seriam filhos de Deus?” Então Me zanguei e disse: "Vós deveríeis ser filhos de Deus pela vossa condição de descendentes de Abraão, mas não o sois mais há muito tempo; porém vosso pai é Satã, vossa mãe uma legião de diabos, vossa sogra e nora são vossa cegueira, maldade e preguiça, e estes inimigos do homem coabitam em vosso lar. E quem de vós desejar retornar a ser filho de Deus, este que empunhe a espada da Verdade, esta Verdade que Eu vos ensino, e combata esta sua família, até que a tenha vencido.
Então um grupo dos escribas e fariseus Me perguntou como Eu Me atrevia a chamá-los de filhos de Satã e dizer que sua cegueira, preguiça e maldade eram uma legião de diabos, pois Eu estava ciente que eles descendiam do trono de Levi?
Eu então disse: “A carne pode descender, mas pelo espírito não sois nada igual a Levi. Não vens de cima, de onde Eu venho, mas sim das profundezas. Esta é a razão por que não Me reconheceis, porém Me odiais e perseguis."
Com isto espero ter esclarecido a todos que Eu só falei estes três versículos do capítulo 10 de Mateus (ou melhor, l'Rabbas) numa ocasião muito especial. Espero também ter explicado a verdadeira razão e versão de Meu ensinamento, tal como Eu agora vos mostrei. Pois os versículos do Evangelista destruíram todo Meu ensinamento de amor ao próximo e o mandamento de Moisés.
Como é que quem Me ama e tem nem que seja uma faísca de fé por Mim, poderia supor que Eu hoje vos falaria do amor que deveis ter por Deus, o Pai, e por vosso próximo, mas logo em seguida Eu apareceria com a lei: “Odiai-vos e persegui-vos um ao outro com a espada em vossas mãos...” ? Eu creio que um professor como este, vindo do pior reino bárbaro, deveria ser colocado num hospício. Bem, já vos disse a verdade sobre os textos e Eu perdôo os que os deturparam, pois não sabiam o que faziam.
4) Para entender o que significa ser esperto como serpente e meigo como pomba
Recebido por Jacob Lorber, em 22 de março de 1864
Escreve. Com respeito aos versículos 16 e 17 do capítulo 10 do Evangelho de Mateus, já foi por Mim comentado várias vezes no Grande Evangelho do João. Mesmo assim, mais uma vez vou dar-vos esclarecimentos.
Eu disse isto aos Meus apóstolos, quando os mandei Me preceder na evangelização. Isto aconteceu no Meu primeiro ano de prédicas e quase ninguém sabia algo a Meu respeito. Alguns na Galiléia, outros na Samaria, mas na região próxima à Jerusalém ainda pouco Me conheciam, e mesmo aquele que soubesse algo sobre Mim mantinha segredo por medo dos fariseus. Esta é a razão por que Eu disse aos Meus apóstolos: “Vede, Eu vos mando feito ovelhas, junto à alcatéia de lobos; por isto sede espertos feito as serpentes, porém não sejais falsos, sede puros como as pombas. Tende cautela com os poderosos, pois estes são os que tentarão levar-vos para o mau caminho. Se chegardes à primeira cidade, onde encontrareis tal tipo de gente, lá não permaneçais. Afastai-vos o mais depressa possível, e ainda limpai vossos pés de toda poeira que houver da cidade; pois se eles Me perseguem sendo Eu o Senhor, como é de vosso conhecimento, é claro que não vos reconhecerão como anjos de Deus. Quando Eu vos enviar pela segunda vez, tereis que enfrentar todo tipo de perseguição em Meu nome e sereis levados aos tribunais. Nunca vos preocupeis ou vos assusteis, quando fordes presos, quanto àqueles que vos prenderam. Eles poderão matar vosso corpo, mas não conseguirão causar nenhum mal à alma. E quando fordes inquiridos nos tribunais, não temais o que dizer, pois a resposta vos será colocada na boca, contra a qual juiz algum poderá argumentar. Eu, porém, vos digo: Minha palavra por muito não terá alcançado a todos os povos, quando Eu retornar para julgar o povo que sempre se situou como inimigo para vos e Mim. Com isto, em primeiro lugar está confirmada a profecia da destruição de Jerusalém, e para épocas posteriores, tudo que se refere à Prostituta de Babel.”
Um pouco assustados, os apóstolos Me perguntaram se desta vez eles já seriam levados aos tribunais e Eu lhes disse: “Desta vez tereis pouco contato com os inimigos da Luz, mas quando Eu tiver abandonado esta Terra na Minha forma humana, aí sim tereis que argumentar muito com os judeus e sacerdotes em Meu nome. Porém lembrai-vos sempre que Eu jamais vos deixarei sós, que antes de partir vos darei a força e o poder e que em caso de perigo vos defenderei com todas Minhas forças contra os Meus e vossos inimigos, contra os lobos, no meio dos quais vos enviarei, como o faço agora. Nada ou quase nada poderão contra vós, se fordes prudentes feito as serpentes e puros como as pombas. Podereis caminhar sobre serpentes, escorpiões e salamandras e estes não vos poderão prejudicar. E quando fordes obrigados a tomar veneno, este não terá efeito algum. Isto que vos sirva de consolo! Confiai em Mim sempre, e nunca vos abandonarei. Estarei sempre em espírito junto a vos com todo Meu Amor, Sabedoria, Poder e Força, o que será para vós a mais importante e maior ajuda para enfrentardes qualquer inimigo.”
Assim partiram Meus apóstolos, dois a dois, para várias direções. Predicaram em Meu nome e como Reino de Deus estava próximo. Porém na região de Jerusalém eles não chegaram. Foram para Sidom, Tiros, Joppe, Galiléia e um par chegou a avançar até a Síria. Esta missão que realizaram por Mim não teve uma duração longa.
Quando Eu cheguei em Kis nas Minhas andanças, junto a Kisjonah, e subi um monte alto na companhia de Meu hospedeiro e amigos, fiz com que Meus apóstolos todos retornassem de forma milagrosa (contada no Evangelho de João). Então os chamei para junto de Mim e pedi que relatassem suas experiências. Eles Me contaram que tinham tido êxito em todas as regiões e que em um único local tinham encontrado um menino possuído, cujos espíritos malignos não obedeceram a seus comandos. Também eles se queixaram sobre o por vós já conhecido João de Samaria, que predicava em Meu Nome, ensinava Meus ensinamentos, e efetuava milagres em Meu Nome. Eu então lhes perguntei se ele era a Meu favor ou contra Mim, e todos responderam que era a Meu favor; e Eu então disse: “Deixemo-lo trabalhar em paz.”
Este João é o mesmo que mais tarde predicaria com tanta persuasão e força em Damasco, onde conseguiu converter milhares de pessoas em Meu Nome. E Paulo, que ainda se chamava Saulo e servia aos fariseus, achou necessário se dirigir a Damasco com um bando de seguidores, para lá iniciar uma terrível e cruel perseguição aos cristãos convertidos por este João.
Só que Eu Me opus a esta sua ação e já no segundo dia o converti em Meu mais ativo apóstolo. Ele então levou Meus ensinamentos aos pagãos e conseguiu conquistar para Mim mais seguidores que todos os outros doze e muitos de seus discípulos em conjunto. Estes apóstolos e seus discípulos viajaram por muitos países, alguns até famosos (mas no grande país dos judeus pouco conseguiram realizar), onde ao longo de doze anos após Minha partida fundaram muitas comunidades, tais como Laudicéia, Tiros, Esmirna, Sardes e muitas mais. Porém estas comunidades se afastaram dos Meus princípios de tal maneira, que tive que enviar Meu apóstolo do Amor, João (Evangelista), para que restaurasse a ordem e o amor.
Mesmo Pedro, antes de se retirar de Jerusalém, onde gostava de ficar nas casas de Lázaro, Nicodemos ou José de Arimatéia, achou necessário fazer reuniões como nas igrejas, dando regras aos assistentes, os quais deveriam observá-las rigidamente, em parte como judeus e em parte como novos cristãos. Estas reuniões em igrejas foram brevemente mencionadas por Lucas e tiveram poucos frutos. Quando Paulo se encontrou com Pedro, o primeiro fez severas censuras ao último, dizendo que ele era um judeu em suas atitudes quando estava entre os mesmos e que dava muita importância aos regulamentos e cerimônias dos mesmos, o que Eu tinha abolido. Esta sua atitude estava dificultando a vida e a consciência dos judeus cristãos, mas quando se encontrava entre os pagãos, Pedro seguia Minhas verdadeiras instruções e até desprezava os hábitos dos judeus. Este foi o motivo por que Eu chamei Pedro e o enviei para junto do comandante romano Cornélio, pois este último assim o desejava, a fim de ser batizado juntamente com sua família, para que todos pudessem em espírito chegar junto a Mim. Pedro assim se dirigiu à casa de Cornélio, situada no meio de um imenso jardim. Ao chegar lá Pedro sentiu fome e Me pediu que fortificasse seu espírito, como também seu corpo, para que pudesse executar bem sua missão. Eu enviei um anjo visível para Pedro, que lhe trouxe comida envolta num pano branco, mas comida proibida aos judeus. Pedro, ao ver a comida, exclamou: “- Senhor, estes são todos alimentos impuros proibidos para os judeus, como esperas que eu os coma?” Eu porém lhe disse: “- O que Eu purifiquei também é puro para os judeus. Come o que aí está, vai logo e realiza tua tarefa.” Pedro então comeu tudo e logo se dirigiu à casa de Cornélio, onde ficou bastante desapontado Comigo, pois Eu já tinha Me adiantado e batizado a todos da família. Quando Pedro chegou, os encontrou, a todos, plenos do Espírito Santo.
Em relação ao momento (dia e hora) exato de Minha Ressurreição , que o seguinte vos sirva de esclarecimento: várias vezes Eu disse, tanto a Meus apóstolos como aos Meus discípulos, que Eu ressurgiria ao terceiro dia e não após o término do terceiro dia. E que Eu realizaria este ato por Mim mesmo, sem precisar de ninguém, pois Eu também tenho o poder de retirar a vida de Meu corpo por Mim mesmo, para que todas as criaturas consigam a bem-aventurança.
As variações que encontramos entre os evangelistas se originam nas mesmas causas das outras que já vos foram explicadas. Somente o que diz João é o que está correto. Seria possível considerar certas as afirmativas dos outros evangelistas e apóstolos, mas já sabeis o que há de fato com o Evangelho segundo Mateus (este evangelho não existe na Bíblia Moderna). O pseudoevangelista Mateus era de fato um homem muito correto e honrado, que pesquisou mais de vinte anos à procura da verdade e só então começou a escrever seu Evangelho. Naquele tempo não existia um único apóstolo na Judéia, porém havia um sem fim de testemunhas. Mas, como sempre aconteceu, muitas pessoas de diferentes locais que Eu tinha visitado em vida sabiam narrar apenas parte dos fatos ou ensinamentos, especialmente só aquilo que tinham experimentado no local onde moravam. Assim devemos compreender por que cada evangelista às vezes apresentava diferentes tópicos sobre Mim e muito dificilmente conseguia abranger toda a Minha atividade, estar em sintonia com os outros e ter uma visão clara dos Meus ensinamentos.
Perguntareis a Mim: “Por que não iluminaste, Tu mesmo, a estas pessoas, de tal maneira que só tivessem escrito nos pergaminhos a pura verdade? Eu, porém, vos digo que jamais deixei de mostrar a verdade a estas pessoas que honestamente desejavam reproduzir Meus ensinamentos. Mas pelo que aconteceu com as anotações tão corretas, com o passar do tempo, neste mundo que se tornou tão egoísta, Eu não posso ser responsabilizado, pois cada homem tem seu total e completo livre arbítrio. Eu jamais deixei de vos dizer a verdade, e isto podeis ver em todas as reuniões honestas que procuravam Minha Palavra. Nunca deixei suas interrogações sem resposta e todas estas reuniões que se faziam em Meu Espírito, tinham a missão de separar a verdade da mentira e afastar a mesma da comunidade. Enviei João para as comunidades com a missão de acabar com a mentira e separá-la do que é verdade, na presença da comunidade. Porém a erva daninha já estava muito espalhada entre o trigo e ele não conseguiu destruí-la por completo; o que acontece também nestes tempos, como vemos aqui e também em outros locais. Grandes lutas se travam contra o Inimigo da Verdade e pouco a pouco conseguiremos derrotá-lo. Nada mais conseguirá prejudicar a Verdade.
"Eu construo enormes barragens para conter a torrente da mentira e coloco de pé a verdadeira rocha de Pedro, a qual os portais do inferno, não conseguirão ultrapassar."
Tenho certeza que ainda haverá uma grande quantidade de lutas entre os humanos desta Terra. Com estas brigas e lutas, a mentira será derrotada. No fim todos recusarão esta erva daninha e se alegrarão com a clara e pura luz da Verdade.
Darei mais explicações e mais esclarecimentos sobre Minha ressurreição e como ela aconteceu. Também darei explicações sobre como cada homem deve entender a trilogia. Com respeito à ressurreição de Lázaro, darei explicações no Grande Evangelho de João. Há uma tendência entre os letrados da atualidade em afirmar que João não escreveu ele próprio o Evangelho. Certamente enquanto ele Me seguia, quando Eu predicava nesta Terra, ele somente anotava o que achava de mais importante. Porém no seu suposto exílio na ilha de Patmos (que só aconteceu, porque um poderoso amigo romano não viu outra saída para protegê-lo contra a perseguição dos judeus) ele conseguiu, com auxílio do grego Cado, que tinha morado em Jericó, organizar seu evangelho e com ele dar os ensinamentos necessários para a evolução de toda a humanidade. E João disse no seu fim: "Eu aprendi e ensinei muito mais, que não consta neste livro, mas se alguém escrevesse isto, o mundo ainda não estaria pronto para entender". E com este comentário justo João encerrou seu evangelho, bem próximo à época em que Jerusalém foi destruída pelos romanos. Após isto João ainda viveu por curto tempo, mas ainda conseguiu escrever (em pergaminho) suas "Revelações de João". Nesta ocasião, como João já era bem idoso, houve alguém que o ajudava a escrever. Este amigo também se chamava João, mas ele adotou este nome somente ao ser batizado, para honrar João Evangelista. Seu nome verdadeiro era grego, mas isto não vem ao caso. Sabe-se que ele pertencia aos serviçais de Cado. Quem possuir tempo e dinheiro, ainda hoje poderá procurar e encontrar vestígios da presença de João naquela península asiática (na costa sudoeste da Grécia). Esta península, de acordo com a maré, é muitas vezes uma ilha, pois a une ao continente um estreito e montanhoso braço de terra.
Vemos assim, como é a verdade sobre João. Ele é, foi e sempre será Meu preferido, e quem viver segundo seu evangelho, assim será considerado por Mim.
Se por acaso encontrardes contradições em seu evangelho, dirigi-vos a Mim em pensamento e coração, e Eu tudo vos explicarei, como tenho feito com tanto amor e boa vontade. Porém creio que pouco encontrareis e hoje posso vos esclarecer mais coisas que aos letrados e cientistas.
- "Nesta época em que revelarei o Evangelho de João, Eu permitirei que cientistas bem estranhos me insultem. Eu chamo vossa atenção a isto, para que não vos escandalizeis com suas escritas, quando chegarem ao vosso conhecimento. Eu permitirei isto, para dar um fim ao sacerdócio pagão. Pois quando o seu “salvator mundi” for destruído, o que serão eles na sua roupagem eclesiástica? Nada mais que coveiros pagos. Eu porém digo: Deixai os mortos enterrar os mortos, vós vivos, porém, segui-Me.” Amém.
5) A baleia do profeta Jonas
Recebido por Jacob Lorber, em 1 de abril de 1864
Com respeito à "baleia" este assunto é verdadeiro, tanto histórica como espiritualmente, pois é necessário que a versão material seja verdadeira, pois sem a mesma o espiritual não possuiria embasamento.
Para entendermos o assunto do ponto de vista material, devemos saber que naquele tempo havia no Mediterrâneo peixes gigantescos que eram chamados "liviatam" pelos egípcios e de "phalos" pelos gregos antigos, como nos informa o escritor Herótodo. Também temos notícias deste tipo de peixes no livro de Jó, mas eles desapareceram quando se abriu a conexão do Mediterrâneo com o Atlântico, no estreito de Gibraltar. Alguns foram arrastados para o Atlântico Sul, onde acabaram sucumbindo ao frio. Em primeiro lugar possuíam uma enorme embocadura, que estava ligada por uma enorme traquéia ao seu também enorme estômago. Não tinham dentes, mas como as atuais baleias nórdicas, um sem fim de aletas que as vezes chegavam ao tamanho de duas a três toesas e que faziam mesmo o papel para os peixes, como o faz a tromba do elefante na atualidade. Com estas aletas eles pegavam suas presas e as empurravam, sem feri-las, para o estômago. Este não continha líquidos, mas suas paredes suavam uma espécie de suco que começava carcomer o alimento ainda vivo, para digeri-lo por completo após alguns dias. Estes enormes peixes eram mamíferos, procriavam filhotes prontos para a vida selvagem e tinham que chegar à superfície de tempos em tempos, para respirar. Eram perseguidos pelos tubarões que os mordiam, arrancando-lhes as tetas, as aletas e muitas vezes os animais que conseguiam escapar vivos de seu estômago. Este foi o motivo por que a espécie acabou no Mediterrâneo. Estes “leviathanis” escondiam seus filhotes em águas rasas, para protegê-los dos tubarões. Para lá levavam suas presas vivas no estômago, a fim de ensinar os filhotes a caçar. Os peixes tentavam fugir para o mar, mas eram pegos pelos filhotes ou seus pais. Jonas nadou para o raso, em direção a terra firma, e não pôde ser perseguido. Na época de Jonas só existiam lá uma dezena destes animais. Eu permiti que um deles o engolisse e que ele permanecesse vivo no interior do estômago. Logo enviei os predadores a perseguir este enorme phalos, que se abrigou nos mares rasos da costa asiática. Lá os phalos geralmente ocultavam suas crias, as quais visitavam e alimentavam, ou com seu leite, ou vomitando o conteúdo vivo de seu estômago, para que eles comessem. Assim aconteceu com Jonas. Quando ele foi cuspido do interior do estômago, fugiu para a terra firme, para onde nem o phalos, nem seus quatro filhotes conseguiram persegui-lo. Assim, pois aconteceu a história de Jonas em seu aspecto natural.
Nos antigos museus, especialmente no da Alexandria, ainda existiam esqueletos ou parte de esqueletos destes gigantescos peixes, mas foram destruídos, como também a maioria dos livros, pelos sarracenos. Existem alguns pedaços de esqueletos em Londres e em Paris e muitas vezes são confundidos com esqueletos de animais terrestres pré-diluvianos. Estes esqueletos chegavam entre cinco a sete toesas de comprimento e pesavam de vinte a trinta toneladas.
Não devemos confundir estes animais com os polvos gigantescos que aparecem no Atlântico, no espaço entre a África e o Brasil. Estes não são phalos (ou leviatã), mas sim pólipos que muito podem prejudicar as pequenas embarcações. Este pólipo permanece no fundo do mar e só chega à superfície por erupções vulcânicas, sendo muitas vezes confundido com uma ilhota flutuante (vede em Terra e Lua).
Bem, com isto terminamos as explicações sobre a tão incrível baleia gigante da Bíblia que habitava o Mediterrâneo. Tudo o mais sobre este profeta pode ser encontrado na Bíblia.
6) Sobre o homem sem vestes festivas no banquete por Mim organizado e sobre a fuga dos discípulos por ocasião de Minha prisão no Monte das Oliveiras
Recebido por Jacob Lorber, em 1 de abril de 1864
Vamos então ao homem que foi ao banquete de casamento sem a roupa festiva adequada.
O hospedeiro sou Eu, os alimentos desta refeição são Meus ensinamentos e as pessoas das ruelas e dos muros são aqueles que aceitaram Meus ensinamentos e vivem de acordo com os mesmos; como conseqüência disto, estão espiritualmente vestidos com a roupa festiva.
Quanto aos que foram ao banquete de casamento sem a roupa adequada, Me referi aos judeus e fariseus que fingiam seguir Meus ensinamentos, mas de fato cada um não estava preocupado com sua evolução pessoal; mas eles iam lá para Me espionar, para conseguir subsídios para logo vingar-se de Mim e Me apresentar perante Deus e os dirigentes feito um bandido.
Eu, como dono da casa, reconheci de imediato estes espiões. Eu consegui ver o interior maligno deste bando de fariseus de imediato, e no momento em que tentavam se imiscuir entre os convidados para comer Meu alimento, Eu os apanhei e os enxotei para o ponto mais escuro de seus corações venenosos.
A figura mais importante desta parábola é o simbolismo da expulsão dos judeus de Jerusalém e da Palestina para todos os cantos do planeta, onde permanecerão, sem pátria, constantemente perseguidos até o fim dos tempos. Estes judeus são representados pelo homem que veio ao Meu banquete sem roupa festiva; este mesmo ser que foi enxotado para a mais distante escuridão, onde até hoje se encontra e às vezes até finge ser cristão, para poder chegar aos cristãos e obter vantagens materiais dos mesmos.
Já que agora sabemos, como devemos nos apresentar e comportar para o Meu banquete nupcial, vamos prestar atenção ao Meu discípulo que fugiu do jardim de Getsêmane por ocasião de Minha prisão.
Este acontecimento é mencionado de uma forma bem curta no evangelho de Marcos, mas poderia ter sido omitido sem prejudicar em nada seu evangelho, pois não possui quase nenhum valor moral.
Para entendermos este acontecimento, devemos saber que naquela época havia um grupo de jovens que conseguiam imitar os “milagres” dos fariseus com perfeição e com isto os ridicularizavam, o que era de agrado tanto dos romanos como dos gregos, que também detestavam aos fariseus e suas artimanhas.
A um destes grupos pertencia um de Meus discípulos, que tinha observado Meus milagres com toda seriedade e aprovado. Ele falava de Mim aos seus companheiros, que nada queriam ouvir e também tentavam imitar Meus milagres, sem conseguir. Este discípulo lhes recriminava quanto a esta atitude e lhes mostrava que Minhas atitudes e Meus ensinamentos vinham de um espírito completamente diferente daquele dos fariseus cegos e tolos. Seus colegas, porém, riam dele e várias vezes lhe disseram: “Se este teu milagroso não procurar e obter a proteção dos romanos, não escapará da vingança dos templários, como não escaparíamos se não tivéssemos os romanos e gregos como nossos poderosos protetores”. E estes jovens ficavam à Minha espera e cuidavam muito de prever o que Me aconteceria se Eu fosse a Jerusalém, pois todos conheciam os juramentos de vingança que os fariseus Me faziam. Quando fui a Jerusalém na ocasião por vós bem conhecida, e quando permiti que os judeus Me prendessem e julgassem, este grupo de jovens que tudo observava resolveu buscar aquele de seu grupo que Me seguia, para mostrar-lhe que suas previsões com respeito à vingança dos fariseus tinham acontecido. Ele já tinha ido dormir e só vestiu um lençol de linho para acompanhá-los. Pensando que eles o entregariam aos fariseus e templários, jogou o pano para longe e fugiu apavorado, escondendo-se na escuridão da noite, pois temia que o perseguissem, no que estava totalmente enganado. Portanto tendes a explicação bem clara e simples deste acontecimento. O discípulo fugiu não só de medo de seus colegas, mas muito mais por medo da vingança dos templários. Após Minha ressurreição ele voltou, mas não permaneceu em Jerusalém. Juntou-se aos essênios e lhes contou o que havia acontecido Comigo. Eles então enviaram emissários para Jerusalém, onde foi confirmado tudo o que o jovem contou. Estes então imediatamente notificaram Cirênios, em Tiros. Nesta missão tomou parte o discípulo fujão. Cirênios recebeu a comissão com muito amor e ficou com o jovem em sua casa, que lhe contou muito sobre Mim ao idoso amigo. Isto encheu Cirênios e seu irmão Cornélio de amargura, pensamentos e desejos de vingança contra o sacerdócio israelita. Ambos juraram tudo fazer, para castigar todos os arqui-judeus pelo mal que Me tinham causado.
Pilatos, o representante romano em Jerusalém, logo recebeu seu “consilium abeundi”, mas não lhe foi permitido nem voltar a Roma. Ele teve que permanecer num local perto de Nápoles e Pompéia. Em um monte até foi encontrado um nicho com a inscrição “Residência de Poncios Pilatos”, onde havia vários escritos a Meu respeito. Estes se encontram numa biblioteca em Nápoles, porém têm pouco uso, pois então semicarbonizados.
Esta foi a primeira vingança de Cirênios. A segunda foi contra Caifás, quando este teve que deixar sua posição de sumo-sacertote (só podia exercer esta função por três anos). A este Caifás foram confiscados todos os bens na vizinhança de Jerusalém e vendidos a romanos. Ele teve que se refugiar no deserto arábico, onde veio a morrer miseravelmente.
Quanto ao resto dos fariseus, foram postos em estrita observação pelo novo plenipotenciário representante romano, o que ele realizou com muito afinco. E este realizou tal tarefa com prazer, pois pertencia a família de Agrícola, vosso conhecido do Grande Evangelho de João. Este plenipotenciário tinha poder sobre um comandante Pelágios, que comandava toda a região das montanhas de Auram, bem como sobre várias cidades de Cornélios, que governava a Régia, consistindo da Galiléia e boa parte da Síria, até Damasco.
Os dois irmãos, Cirênio e Cornélio, ansiavam por mais vingança e a teriam executado, se Eu não os tivesse visitado após Minha ressurreição e dito que o que eles desejavam fazer aconteceria quarenta anos mais tarde, também sob o governo romano.
Ao jovem fujão que se encontrava na casa de Cirênios, Eu abençoei e provi do Espírito Santo, tornando-o assim Meu apóstolo. Ele retornou ao norte da África, onde pregou Meus ensinamentos. O curioso é que ele nunca usou um nome próprio. Ele se denominava de “O Mais Indigno dos Servos do Todo Poderoso e Divino Mestre”; também às vezes se chamava “Servo dos Servos”, título que usaram os antigos eclesiásticos que foram de Cartago para Roma e onde alguns papas o adotaram, mas nunca respeitaram. Marcos sabia de tudo isto, mas não achou importante mencionar nada mais do que a fuga do jovem de Getsêmane, o que ele mais contava oralmente. Assim, várias versões foram apresentadas a respeito deste Meu seguidor e até tentou-se fazer dele o apóstolo João. Agora sabeis o correto sobre este discípulo, e espero que vos baste em Meu Nome. Amém.
Relativo ao evangelista Lucas, do qual já fiz alguns comentários em outras ocasiões
Recebido por Jacob Lorber em 7 de Abril, 1864
Com respeito ao seu evangelho, é uma compilação de fatos e ensinamentos por Mim realizados que ele conseguiu coletar em Jerusalém e vizinhança. Estes fatos e ensinamentos ele coletou de várias pessoas, algumas das quais tinham realmente testemunhado Meu trabalho, outras diziam que tinham testemunhado e outras transmitam o que haviam ouvido de Meus seguidores. Por isto este evangelho muitas vezes discorda nos capítulos e versículos dos outros, pois Lucas não deu muita importância à ordem cronológica, mas sim se preocupou em anotar o que ouvia.
Pessoalmente Lucas era um exímio desenhista e calígrafo. Ele desenhava modelos para pintar ou bordar panos, cortinas e tapetes. Como calígrafo dominava o grego, latim e hebraico, como também os muitos ditados usados na Judéia. Também era um curioso e gostava de saber de tudo, especialmente sobre os acontecimentos de Minha época. Gostava de passar adiante tudo o que havia ouvido e não era muito exato; ele só queria contar o quanto mais possível a todos. Nos primeiros tempos, muito do que contou tem erros, especialmente no que concerne às datas.
Só após as prédicas do apóstolo Paulo, na Grécia, Teófilos, um amigo de Lucas, o exortou a compilar o máximo sobre Mim, anotar tudo e lhe enviar; pois ele, Teófilos, tinha escutado muito sobre um certo Nazareno, tanto por parte dos gregos como dos judeus. E como tudo estava confuso, ele pediu a Lucas que conseguisse esclarecimento sobre que tipo de pessoa este Nazareno era. Teófilos se perguntava se o mesmo era um ser divino, ou somente um sábio que tinha estudado muito.
Somente após receber este pedido é que Lucas começou a averiguar seriamente sobre Minha Pessoa e Meus ensinamentos. Como já disse, poucos de Meus seguidores diretos permaneciam em Jerusalém. Assim sendo, as informações obtidas já eram de outros. Lucas começou estas averiguações após trinta e cinco anos do término de Minha permanência material na Terra, quer dizer, no ano 68DC. Só então enviou suas anotações para seu amigo Teófilos, na Grécia, o qual então comparou as mesmas com as suas. Neste ato o evangelho de Lucas recebeu várias modificações por parte de Teófilos, e foram contadas coisas das quais Meus discípulos e apóstolos nada conheciam, pois os mesmos poucos permaneciam em Jerusalém.
Ao lerem isto, vós podereis dar-vos conta que o tal terremoto e eclipse solar que teria acontecido no ato de Minha morte, a abertura das sepulturas no vale de Josafá e Minha subida ao céu sobre duas montanhas, como também o envio do Espírito Santo, não passa na maioria de uma fantasia de parte de Meus seguidores e adoradores daquela época. Isto posso provar, pois o Meu mais confiável evangelista — João — nada sabe ou menciona sobre estes acontecimentos... e João a tudo presenciou, do começo ao fim. Lucas também não diz se ele estava presente no derrame do Espírito Santo. Seu evangelho e seu apostolado foi quase considerado apócrifo no concilio de Nicéia, mas os bispos do ocidente se opuseram contra isto, e assim tudo escrito por Lucas foi considerado autêntico e este Evangelho é muito respeitado até hoje, muito mais do que o de João.
Tudo que for errado no evangelho de Lucas o tempo corrigirá, e se isto não acontecer, será muito difícil chegar à época da qual João fala que haverá só um Pastor para um único rebanho.
Como já disse, nestas narrativas há algo de bom e verdadeiro, mas nas aparições naturais não são nada melhor do que as figuras dos cantos de Salomão, no qual a filha de Sião, possui uma figura à qual nenhum humano tem qualquer prazer em olhar, mas na qual espiritualmente há muito a se aprender e observar.
Qual seria a razão de Eu escurecer por três horas o Sol por ocasião de Minha morte material? E se Eu tivesse feito isto, a escuridão deveria ter sido observada na Índia, China, Japão, América, etc., mas nenhum escritor destas regiões menciona algo sobre isto. Até mesmo os historiadores romanos não mencionam nada sobre um eclipse solar e terremotos naquela época. A única explicação plausível então seria que Eu tivesse cegado toda a população presente em Jerusalém por três horas, e somente João teria ficado com a visão, pois ele nada fala sobre a Minha suposta subida ao céu. E onde fica este céu, para o qual Eu subi? Ou para onde deve o Onipresente ir, para indicar ao povo onde é Sua casa? Como conseqüência de Minha Onipresença, Eu estou em casa em todo o universo infinito pois Eu sou o Princípio da Vida e da Sobrevivência em cada um e em qualquer lugar . Então o céu está em todo lugar onde existe Meu Amor e Minha Sabedoria, e a matéria consiste no Meu julgamento e na morte aparente, originados de Minha Vontade. Também dizem que o céu é Meu trono e a Terra, representante de toda a matéria, é a banqueta sobre a qual coloco Meus pés. Acho que ninguém poderia imaginar que o céu espacial nada mais seria que Meu trono, no qual Eu estaria sentado e para que Eu não Me canse de estar sentado, fiz da Terra a banqueta para colocar Meus pés!
De fato existe no reino dos espíritos puros um sol espiritual (é Régulus, na constelação do Grande Leão, chamado de Sol da Misericórdia), no qual Eu moro com os Meus. Este sol porém encontra-se em todo o universo, visível a todos os anjos e espíritos que Me possuem pelo Amor em seus corações. Para os outros ele não é visível, nem eles o conseguem encontrar, mesmo que o procurem em todo o espaço infinito. Naqueles em que o coração estiver cego, sua visão espiritual também está cega, e eles vêm do Sol espiritual muito menos que um cego total enxerga do sol natural na Terra.
Eu estou presente em absolutamente todos os lugares do universo e neste sol espiritual. Tenho poder de aparecer e atuar pessoalmente onde e quando Eu assim o desejar e não preciso consultar ninguém, nem no mundo dos espíritos, muito menos no mundo da matéria. Porém todos os anjos e espíritos Me consultam antes de realizar algo em Meu Nome.
Eles sempre encontram Meus conselhos e Minhas ordens em seus lares celestiais, sobre os quais já falamos em o “Sol Espiritual” (Nota: Mais tarde Max Seltmann descreveu estes lares no livrete “De Volta ao Lar”. Esta observação faço, pois o livro “Sol Espiritual” não foi traduzido para o português).
Lucas foi e permanece um ardoroso defensor de Minhas provas de Amor e Misericórdia de sua época e para os tempos atuais, pois ele conhecia as escrituras muito melhor do que muitos assim chamados “sábios escribas” do templo e assim conseguia crer nas Minhas ações e passá-las com convicção para quem lhe perguntasse.
Não vos zangueis, pois, com este homem, quando encontrardes coisas não verdadeiras em suas anotações, pois não foi ele que errou, mas sim seus futuros “revisores”, dos quais Eu poderia mencionar mais de uma dúzia. Ele estava cheio de boa vontade em transmitir a verdade e em idade avançada tentou corrigir seus erros. Mas os representantes das comunidades, cheios de cobiça, plantaram ervas daninhas no trigo, o qual eles usavam para seu proveito, enquanto que ao povo jogavam a erva daninha que modificavam ao seu prazer e de acordo com sua conveniência; e isto acontece ainda na atualidade. Este povo que se satisfaz com os espinhos não é Meu rebanho, mas Eu os deixo assim, pois um dia este alimento ruim o enjoará; então estará pronto para se alimentar com Meu trigo e será acolhido com todo Amor e Misericórdia em Meu rebanho, para que exista um só verdadeiro e amoroso pastor com um feliz e puro alimento: o Amor.
Agora tivestes as explicações que Me pedistes sobre Lucas e seu evangelho. Mais tarde tereis outras revelações a respeito. Amém.
Contradições nos evangelhos
Recebido por Jacob Lorber, em 21 de Abril de 1864
Meu querido servo, em sonhos conseguiste ver mais uma contradição nos evangelhos, à qual jamais chegaste, apesar de os teres lido várias vezes. É muito bom que o tenhas visto agora, é muito bom para ti, como para os outros. Com isto desejo que reconheçais novamente Minha presença, mas em espírito, nesta Terra, pois quero chamar à Minha vinha os últimos obreiros. E estes obreiros são de fato os sábios e filósofos do mundo, que fazem de tudo para Me destruir e Me negar do jeito que sou apresentado pelos assim chamados evangélicos e integrantes de outras seitas. Também junto a Mim querem destruir aqueles evangelistas que vieram à luz duzentos a trezentos anos após Minha estada na Terra, e que são o resultado da mais pura maquinação dos pagãos e judeus.
A maioria dos homens, cegos que nada examinam, ainda crê nestes tão infantis ensinamentos colocados em Minha boca.
Não vou julgar nem Lucas, nem Mateus, nem Marcos, pois eles pelo menos se esforçaram ao máximo em só usar o mais puro e verdadeiro, de tantas informações que lhe foram apresentadas como Meus ensinamentos. Mas assim mesmos eles às vezes inventavam ou acreditavam nas inverdades que muitos diziam, especialmente quando os informantes alegavam terem sido testemunhas vivas de Meus ensinamentos. Muitas vezes, ao compararem seus escritos com os dos profetas, eles achavam que coincidiam e eles mesmos acreditavam no que escreviam. Se só houvesse acontecido isto com os evangelhos, teria sido muito melhor do que é o apresentado hoje, pois naqueles evangelhos quase nada existia do pavoroso, assustador e traumático, adicionado a posteriori para dominar a humanidade. Especialmente tiveram grande aceitação os adendos que falavam dos horrores do julgamento e dos castigos que seriam aplicados. E Eu, que só desejo felicidade para Meus filhos, que só desejo possuir o coração da humanidade que tanto amo, que só falo em Amor e Verdade, fui apresentado como juiz, carrasco, etc.
Eu nunca Me opus à verdadeira sabedoria dos homens e muito lhes ensinei sobre coisas das quais nada sabiam (vede “O Grande Evangelho de João”, “A Criação de Deus”, etc). Esta foi uma das causas do ódio por parte dos fariseus, pois Eu ensinava a verdade ao povo, e eles perdiam assim seu poder de barganha sobre o mesmo. Eu desmisticava fatos naturais que eles apresentavam como milagres, para poder extorquir oferendas cada vez maiores do povo apavorado. Este povo que sempre se encontrava na maior cegueira da superstição, hoje em dia continua assim. Podeis contar-lhe os mais absurdos contos fantásticos, e ele os aceitará e passará ao seu vizinho, acrescentando cada vez mais fantasias; porém nada conseguireis, se quiserdes apresentar-lhe a pura verdade.
Esta foi uma das razões por que Eu tinha tanta dificuldade em fazer com que os judeus aceitassem Meus Ensinamentos. Sempre devia acontecer um milagre, algo fantástico, para que fossem despertados do sono em que se encontravam, para que começassem a pensar e meditar sobre o que Eu lhes tinha dito.
Na época em que Eu estava fisicamente na Terra, já tinha dito aos Meus apóstolos que não enfatizassem os milagres por Mim praticados ao disseminar Meus Ensinamentos, mas sim que ensinassem a verdade e o cerne de Minha Mensagem. O único que seguia este Meu conselho era João, os outros adoravam falar dos atos milagrosos. Primeiro falavam e praticavam atos milagrosos e só então falavam da Minha Verdadeira Mensagem, quando os ouvintes já estavam envolvidos pelos milagres antes feitos. Esta necessidade de contar ações fantásticas aumentava tanto, que no fim ninguém mais entendia os tais evangelhos. Lucas e o pseudo-evangelista Mateus (l”Rabbas) iniciaram seus evangelhos pouco tempo após Minha partida física da Terra, mas em seu entusiasmo eles aumentaram e às vezes inventavam tanto, que mesmo seus evangelhos apresentam contradições muito grandes. Examinar algo escrito por outrem não acontecia naquele tempo. Cada evangelista tinha seus ouvintes e seus leitores e não se preocupava com o que diziam os outros evangelistas. Eles só acreditavam no que eles mesmos tinham escrito. Assim l’Rabbas (Mateus) pouco se importava na circuncisão do menino Jesus no Templo, no Seu oitavo dia de nascido, nem nada queria saber dos três reis magos do ocidente e a fuga para o Egito, para escapar do infanticídio de Herodes, em Belém. L’Rabbas obteve estas informações em Tiros e Sidom e as anotou à sua maneira. Mas como ele era muito mais pagão do que judeu, pouca importância deu à circuncisão; e aqui encontramos uma das maiores contradições dos dois evangelhos (pseudo Mateus e Lucas), enquanto que em outras ocasiões eles combinam tanto nos fatos como nas datas.
No evangelho segundo Lucas, encontramos o menino Jesus circuncisado, nascido numa estrebaria em Belém, onde foi adorado por pastores (nada de reis magos), que logo retornou a Nazaré, onde comodamente esperou completar doze anos e ser apresentado ao templo. Nada de perseguição, nada de infanticídio, nada de fuga para o Egito.
Mateus apresenta o nascimento de Jesus numa casa, onde não foi adorado pelo pastores, mas sim pelos três reis magos. Como Mateus (l’Rabbas) era pagão, seu evangelho não diz nada da circuncisão. E assim temos no evangelho de Lucas um Cristo judeu, circuncisado, e no de Mateus um Cristo pagão, não circuncisado. Só após a idade de doze anos do menino Jesus é que os dois evangelistas começam a concordar novamente.
Pergunta então cada um de vós: “ Qual dos dois evangelistas expressou a verdade?” E a resposta será: No todo nenhum, pois cada um só reproduziu e disseminou o que ele próprio tinha escutado. Em Jerusalém ninguém se atrevia a falar da enorme crueldade de Herodes, pois temiam sua vingança; em Sidom e Tiros, porém, odiava-se Herodes do fundo do coração, muito se falava de sua crueldade e também não se ocultava o motivo que o levara a praticá-la.
Se continuardes a comparar os dois evangelhos, encontrareis muitas contradições, mas estas se aplanam com mais facilidade do que esta com respeito ao Jesus circuncisado e não circuncisado. Por isto hoje devemos destruir totalmente tudo dos evangelhos, tanto dos antigos como dos modernos mesmo. Eu tenho que ser retirado dos mesmos, para que o único e verdadeiro evangelho, o de João, seja o único a nos iluminar.
Vós todos entendereis que Eu não poderei Me manter como verdadeiro, pois cada um dos evangelistas, como também as cartas de Paulo e dos outros apóstolos, Me apresentam contradizendo uns aos outros, do mesmo modo que as seitas evangélicas atuais possuem um Cristo próprio e se dão o direito de amaldiçoar o Cristo dos outros. Quem não acreditar nisto, leia os regulamentos que um protestante deve seguir, se desejar entrar na igreja católica. Ele deve amaldiçoar para as profundezas do inferno aos seus pais e irmãos protestantes, como também a todos seus amigos. Só então será aceito na igreja católica. Assim acontece entre todas as outras seitas e Eu Me pergunto quando e como haverá um só pastor para um só rebanho? Quando, se os cristãos se comportam entre si pior que os animais mais selvagens? ( Nota da tradutora: Lembre-se que esta mensagem foi recebida em 1864. Graças a Deus muito disto já foi eliminado.)
Entendeis pois que tudo deve ser afastado, e que para isto Eu já convoquei os obreiros de Minha vinha, que trabalham todos com afinco. Em pouco tempo virão muitos mais, que trabalharão com muito mais ardor, para que Eu possa vir aos Meus em Verdade, como o verdadeiro Cristo e Deus da eternidade, e não um como o sou na atualidade, diferente de uma seita para outra, onde nada mais tenho a fazer, a não ser julgar e amaldiçoar cristãos de acordo com o desejo e prazer de cada seita; e só poderei dar a felicidade de entrar no paraíso àqueles que os dignitários e representantes das seitas Me indicarem como dignos disto!
Aquele que se encontra no beneplácito destes dignitários, geralmente à custa de grandes oferendas materiais, devem achar-se na Minha Misericórdia de acordo com seus ensinamentos. Como isto é uma grande tolice, permito que os cientistas reinem e que atuem como uma vassoura, para livrar a humanidade de tal lixo, pois tudo não passa de uma enorme tolice pagã, pior do que era na Antigüidade.Meditai sobre isto que vos foi dado e mostrado e permiti que sejais iluminados, pois isto foi dado por Mim, o único e verdadeiro Cristo, não por um pseudo-Cristo, a quem a verdade é um horror. Amém.
Visão histórica do nascimento do atual Novo Testamento
Recebido por Jacob Lorber, em 25 de Abril de 1864
Eu ontem já chamei vossa atenção sobre uma grande quantidade de contradições que iríeis encontrar não só nos evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos, mas em muito mais escritos, bem como nas escrituras dos pagãos e judeus divulgadores de Meus ensinamentos. Estes divulgadores também foram chamados de evangelistas e tinham se apossado das diversas comunidades cristãs de tal maneira, que já eclodiam verdadeiras guerras e outras violências apenas trinta anos após Minha partida física, como podeis ver na época de Nero, em Roma, entre os seguidores dos escritos judaicos e os palíneos. Isto motivou Nero a resolver destruir estes judeus cristãos e todos os romanos que se atreviam a demostrar seu cristianismo. Mas não foi de grande efeito, pois os descendentes daquele rei, influenciados pelos cristãos, transformaram Roma numa segunda Jerusalém, como era a Constantinópolis, dos gregos.
Com o passar dos anos esta Jerusalém romana se tornou cada vez mais poderosa e copiando muitos hábitos dos templários de Jerusalém e dos antigos romanos, criou seus próprios rituais do Papado. Eles possuíam todos os evangelhos e então nomearam os assim chamados sábios da igreja, para que estes estabelecessem os dogmas da nova igreja e adaptassem os evangelhos aos mesmos. Isto afrontava muitas vezes aos cristãos-gregos, e trezentos anos após Minha estada física na Terra havia tanta confusão, que os gregos reanimavam suas crenças pagãs, para oferecer sacrifícios aos deuses Minerva, Apolo, Júpiter e Ceres.
O imperador Constantino, que era cristão, resolveu dar um fim a toda esta confusão. Chamou todos os poderosos de todos os ramos do Cristianismo para a cidade de Nicéia, os quais deveriam acabar com as diferenças de todos os diversos “cristianismos”. Constantino em pessoa presidiu o concílio e conclamou os presentes a cessarem suas lutas, pois delas só resultara o mal e o retorno ao paganismo: “... devemos revisar os muitos evangelhos existentes e usar somente um único, que deve ser o de João, para que os cristãos se unam num só credo e não se persigam entre si por diferenças de credo, como animais selvagens”. Se no Cristianismo houve um provedor, este só pode ter sido um único, o qual ensinou aos povos um único ensinamento, o qual deve ter um único sentido e um único espírito. Mas já existe uma grande quantidade de evangelhos, especialmente transmitidos de boca para boca, cada um falando de um cristo totalmente próprio e diferente dos outros de tal modo, que os vários cristos são completamente estranhos entre si”. Assim, todos os evangelhos deveriam ser eliminados, ficando um único só, que seria o mais antigo; e se isto não fosse aprovado pelo bispado romano, Constantino se retiraria totalmente do Cristianismo e reativaria o paganismo em seu reino, pois apesar de seus muitos deuses, era mais uniforme que o Cristianismo dividido e escabroso”. Então os bispos gregos argumentaram a Constantino que os nomes Mateus, Marcos e Lucas também se referiam ao Cristianismo do princípio e que eram bastante mencionados como evangelistas. O imperador concordou em mantê-los, contanto que as epístolas de Paulo também fossem mantidas e que com eles fossem limpos todos os outros evangelhos. Os bispos gregos chamaram a atenção do imperador sobre os contrastes existentes entre as epístolas, pois Paulo escrevia de uma maneira aos judeus e de outra bem diferente aos romanos e pagãos, e estas não se assemelhavam nem no sentido, nem em espírito. Constantino então disse que isto não importava, pois Paulo demonstrou muito bem, tanto com palavras, como com atitudes, que ele não predicava um falso Cristo, mas somente Aquele cujo espírito o chamou para o apostolado às portas de Damasco.
Após mais de trinta anos de discussões (no início do Cristianismo), abandonou-se finalmente tudo, até os quatro evangelhos, as histórias dos apóstolos de Lucas, as epístolas de Paulo e mais algumas epístolas de apóstolos menos antigos. Com as revelações de João tudo foi escrito ordenadamente num livro chamado por Paulo em sua epístola aos hebreus de “O Novo Testamento”. Este testamento foi adotado por todos os bispos, mas nem cem anos passados, foi novamente remoldado. O evangelho de João foi colocado no fundo, por último, como que sem importância, dando-se destaque aos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, fazendo-se modificações nos capítulos e versículos. E foram predeterminados os dias festivos em que um ou outro evangelho deveria ser apresentado e lido para o povo (isto era a chama ordem de Pericorpen, ainda seguida pelos gregos na atualidade) e por outras seitas.
Roma, porém, fabricou para si uma ordenação própria e também fez evangelhos curtos, usados aos domingos e feriados, na presença do povo. O evangelho completo e o livro dos antigos judeus eram severamente proibidos ao povo, e os que se atreviam a ler os mesmos, desobedecendo tal proibição, eram castigados com a morte.
Desta maneira foi que o “Novo Testamento” foi criado e adotado por todos os cristãos por aproximadamente mil e trezentos anos. Este testamento, porém, continha muitas modificações e as famosas “interpretações” dos bispos romanos, que afrontavam a todo ou qualquer cristão com uma mente um pouco esclarecida. Tais bispos também introduziram o ensinamento que dizia que todas as almas dos mortos esperariam dormindo até o dia do juízo final. Este ensinamento chamava-se em grego Psydopanechia (sono das almas) e só durou até que um Papa introduziu na cerimônia da missa o “sacrifício da missa”, na qual declarou aos cristãos romanos, em uma cerimônia cheia de pompa, que: “... com o sacrifício sem sangue se obtém o mesmo poder e força do sacrifício sangrento do Cristo na cruz.” E desta maneira o Cristo se apresentava de forma milagrosa a todos os cristãos católicos da igreja romana, enquanto que Seu Pai, que se encontrava definitivamente no céu, aceitava que um cristão correto, aquele que fazia oferendas para poder estar presente à leitura de cerimônia tão importante (o sacrifício da missa), conseguia, logo a seguir à morte do corpo, ser acordado para a eterna bem-aventurança, sem longos “sonos de almas”. Mas se este cristão não fosse adequadamente correto, ele conseguiria este favor fazendo várias leituras do “sacrifício missal”, claro que com as devidas oferendas. Desta maneira a alma se livraria da eterna maldição do inferno, do purgatório, ou só lá permaneceria por um curto espaço e teria logo em seguida a bem-aventurança do paraíso junto a Deus”.
Assim o dogma do “sono das almas” lentamente foi ele mesmo dormir, juntamente com o “sacrifício missal”, onde encontramos o ensinamento totalmente ridículo que Deus, o Pai Amoroso, só daria a bem-aventurança da eternidade paradisíaca a uns poucos, condenando a maioria de Seus filhos ao eterno inferno. Aliás, Ele teria criado esta maioria para ser amaldiçoada no eterno inferno, o que gerou o “dogma da predestinação”, ainda aceita pelos seguidores de Calvino.
Estes dogmas com o tempo perderam força na igreja católica romana, mas foram substituídos pelos cinco mandamentos da igreja e outros sacramentos que são por todos conhecidos.
Apesar da instrução do imperador Constantino de sacrificar ao máximo as cerimônias religiosas, com o tempo foram introduzidas modificações nas mesmas, o que motivava rompimento de segmentos que com elas discordavam. Logo começaram a existir vários “cristos”, que se degladiam até os tempos atuais. Esta é a razão por que deve acontecer a “grande revisão” e a máquina que executa esta revisão se chama: “ciência”. Os cristos inimigos entre si devem acabar junto com tudo e todos que deles dependem e se originam. Só pode ficar aquele Cristo anunciado e adorado por João, o qual deverá habitar entre os homens. Isto é claro que vai trazer acirradas lutas, das quais os verdadeiros seguidores de Cristo nada devem temer, pois eles serão constantemente fortificados com tudo que acontecerá, o que iluminará os corações dos cristãos não tão convictos, e esta luz ninguém mais conseguirá apagar.
E Eu, o Senhor, que já vos disse tudo isto pela boca de João, assolarei toda a Terra com grandes calamidades e julgamentos, tal como guerras, fome, pestes, doenças (tanto nos humanos, como nos animais da natureza), inundações, tormentas e incêndios ( Nota da tradutora: Veja mais sobre isto no livro “O Retorno do Senhor”) . Porém aos Meus Eu protegerei com o grande Amor, e não sofrerão falta de nada. Aquele que tentar Me perseguir nesta Minha segunda vinda (como a mais pura Verdade), este Eu saberei enxotar da Terra.
Com respeito às outras contradições dos quatro evangelhos, eles se diluirão normalmente com os ensinamentos do “Grande Evangelho de João” e as outras obras da Nova Revelação. Eu também adicionarei ao Grande Evangelho de João um apêndice, onde tudo que não for certo e verdadeiro será reconhecido por todos. E agora ficai satisfeitos com tudo isto que Eu vos dei. Estudai com afinco a obra viva de João, pois nela ainda obtereis um enorme acréscimo de Luz. Se, porém, alguém ainda tiver alguma dúvida, perguntai, que Eu darei a explicação pedida. Amém.
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