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* O uso do tradutor automático poderá ocasionar leves deturpações do idioma original. Em caso de dúvida, entre em contato conosco.

A MOSCA


A MOSCA

Recebido pela Voz Interna por Jacob Lorber

Traduzido por Yolanda Linau

Direitos de tradução reservados

CopyrightbyYolanda Linau

UNIÃO NEOTEOSÓFICA

www.neoteosofia.org.br

Edição 2021

ÍNDICE

PRÓLOGO DO SENHOR 9

  1. O SURGIR DA MOSCA 10

  2. OS PÉS DA MOSCA 12

  3. A MOSCA, EQUILÍBRIO DA ELETRICIDADE DO AR 14

  4. A MOSCA, SALVADORA DAS CRIATURAS 16

  5. A MOSCA COMO CONSERVADORA DA PUREZA ATMOSFÉRICA 18

  6. A MOSCA COMO QUÍMICA DE ALIMENTOS E DISTRIBUIDORA DE ELETRICIDADE 20

  7. A MOSCA COMO PONTO DE CONVERGÊNCIA DA VIDA DE DEUS 23

  8. A MOSCA E A FORMAÇÃO DOS COMETAS 26

  9. CAUSA E NATUREZA DA LUZ 29

  10. A NATUREZA DO ÉTER E DA LUZ SOLAR 32

  11. A MOSCA, ACUMULADORA DE LUZ E VIDA 34

  12. A MOSCA, SÍMBOLO DA HUMILDADE 39

S

eria ilógico admitirmos que a Bíblia fosse a cristalização de todas as Revelações. Só os que se apegam à letra e desconhecem as Suas Promessas alimentam tal compreensão. Não é Ele

sempre o Mesmo? “E a Palavra do Senhor veio a mim”, dizia o profeta. Hoje, o Senhor diz: “Quem quiser falar Comigo, que venha a Mim, e Eu lhe darei, no seu coração, a resposta.”

Qual traço luminoso, projeta-se o conhecimento da Voz Interna, e a revelação mais importante foi transmitida no idioma alemão durante os anos de 1840 a 1864 a um homem simples chamado Jacob Lorber. A Obra Principal, a coroação de todas as demais, é “O Grande Evangelho de João” em 11 volumes. São narrativas profundas de todas as Palavras de Jesus, os segredos de Sua Pessoa e sua Doutrina de Amor e de Fé! A Criação surge diante dos nossos olhos como um acontecimento relevante e metas de Evolução. Perguntas com relação à vida são esclarecidas neste Verbo Divino, de maneira clara e compreensível. Ao ladodaBíbliaomundojamaisconheceuObraSemelhante, sendo na Alemanha considerada “Obra Cultural”.

ObrasdaNova Revelação

O Grande Evangelho de João – 11 volumes A Criação de Deus – 3 volumes

A Infância de Jesus

O Menino Jesus no Templo

O Decálogo (Os Dez Mandamentos de Deus) Bispo Martim

Roberto Blum – 2 volumes A Terra e a Lua

A Mosca

Sexta-Feira da Paixão e A Caminho de Emaús Os Sete Sacramentos e Prédicas de Advertência Correspondência entre Jesus e Abgarus Explicações de Textos da Escritura Sagrada Palavras do Verbo

(incluindo: A Redenção e Epístola de Paulo à Comunidade em Laodiceia)

Mensagens do Pai

As Sete Palavras de Jesus na Cruz (incluindo: O Ressurrecto e Judas Iscariotes) Prédicas do Senhor

Cenas Admiráveis da Vida de Jesus – 2 volumes

A MOSCA

Prólogo do Senhor

É aconselhável a criatura dirigir frequentemente seu olhar sensitivo a determinadas coisas para perceber o Meu Amor e Sa- bedoria, ainda que o objeto seja insignificante, pois tudo oculta algo infinito, ou seja, um átomo no qual reside um ser eterno.

Se permito que uma mosca despercebida venha a zunir uma pequena canção, é preciso considerar que também ela não deixa de ter seu lugar contado entre o número de Minhas criaturas. Se os átomos da luz e as mônades do éter Me são conhecidos nume- ricamente por todas as eternidades, quanto mais isto não ocorre com uma mosca, para cuja formação são necessários um bilhão de átomos. Deixemos que ela venha a zunir.

A alegre mosquinha zune uma cançãozinha para honrar Seu poderoso Criador. Ela conta do amor e gira neste mar por mero instinto e pronuncia palavras bem audíveis da Graça e vos demonstra as simples trilhas que vos esperam.

Observai o bichinho, como gira alegre e obediente, seguin- do com gratidão a Orientação dada por Mim! Jamais há de teimar pelo fruto proibido. Não é em vão sua presença junto de vós, pois ainda que tão pequenina, foi escolhida por Mim!

Dei-lhe um par de asas tão leves como o éter para poder levantar levemente seu voo nos ares, girando nos raios do Sol e sugando a luz com os olhinhos da coroa dourada a fim de trans- portá-la para a vida das formações mortas, testemunhando Mi- nha Meiguice vivificadora à sua dureza cruel.

Facultei-lhe sabiamente seis leves perninhas e uma tromba para saborear a doçura da vida para seu alimento.

O que acabo de vos dizer deve ser aceito como chave para meditação sobre a mosca, e assim finalizo: A mosca, a mosca vos transmite seu canto de vitória!

Eis vossa pequena tarefa que deve ser realizada por dedica- ção a Mim. Ventilei esse pequeno e insignificante tema para que vossa humildade encontre bom alimento. Mais tarde1, aliás, esse bichinho vos apresentará de Mim um testemunho profundo da natureza. Eis Meu presente, que conheço todas as coisas. Amém.

  1. O surgir da mosca

A mosca, apesar de pequena e muitas vezes incômoda às criaturas e animais, principalmente na época em que os raios so- lares atingem o solo terráqueo mais fortemente, não é tão insigni- ficante e inútil na ordem das coisas como parece. A fim de enten- dê-lo perfeitamente, faremos uma pequena análise preparatória a respeito de sua natureza.

Seria supérfluo relatar sua forma; todavia, não podemos fugir às estranhas minúcias e à maneira como surge. É do conhe-

  1. Este prólogo foi dado pelo Senhor em setembro de 1840, mas só em mar- ço de 1842 Lorber recebeu a obra sobre a mosca.

cimento comum que a mosca põe uma espécie de ovos tão pe- quenos que mal podem ser vistos pelo olho humano, e seu peso é tão diminuto que facilmente podem se manter no ar como uma poeira solar.

Onde a mosca deposita seus milhões de ovos e como e onde são chocados? Certamente nunca vistes uma mosca jovem, pois os mosquitos não podem ser tomados como tais.

A mosca deposita os ovos onde quer que esteja e não se preocupa com eles. Milhões são levados pelo vento a todas as re- giões do mundo; milhões caem na água e é impossível imaginar algo na Terra protegido contra os ovos da mosca. Assim como ela nada respeita a fim de cheirar alguma coisa, apenas um carvão in- candescente e uma chama viva estão livres de seu ataque. Todos os ovinhos deitados em paredes úmidas, principalmente estábulos, madeira apodrecida etc., conseguem sobreviver. Poucos chegam a nascer quando levados pelo vento e as águas, muito embora nada se perca em sua sábia finalidade, pois existem os que são ingeridos aos milhões com uma simples respiração de homens e animais.

Quando o Sol começa a esquentar o solo, os ovinhos cres- cem a ponto de poderem ser vistos como pólen cinzento. Então os ovinhos estouram, forçados pelos elementos despertados em sua preexistência. Esses elementos se juntam para uma existência na forma quase invisível de um verme. Tal verme se alimenta duran- te alguns dias da umidade encontrada, mais ou menos nutritiva.

Até aí a fecundação ocorreu normalmente e o próprio mila- gre se prende ao súbito surgir; ei-lo perfeitamente formado, sem que ninguém saiba da sua origem. Talvez já ouvistes falar que as moscas se criam do pó e em parte das partículas de moscas mor- tas. Assim parece, mas não é. Quando o vermezinho se tornou

perfeito, do tamanho de um traço de união numa escrita normal, ele estoura apresentando seu interior. A antiga película do verme se estende para o corpo da mosca, dotado com todos os órgãos internos. A parte interna produz as partículas visíveis da mosca. Uma vez feita essa troca e tocada pelo ar, em cinco a sete segun- dos a mosca atinge sua perfeição. Eis o estranho nascimento desse bichinho, que não deixa de ser milagroso.

  1. Os pés da mosca

Certamente já percebestes que a mosca pode caminhar com seus seis pequenos pés numa base polida, horizontal ou vertical. Como é isto possível, considerando que cada pezinho é extrema- mente liso, embora termine com duas garras pequenas e pontia- gudas? Eis algo milagroso quando se sabe que a pena mais leve não gruda numa madeira polida, sem recurso colante.

Os naturalistas descobriram, por meio de aparelhos óticos, que todas as espécies de moscas possuem entre as duas garras uma espécie de sinos elásticos usados para diluir o ar. Quando a mosca coloca os pés numa vidraça vertical, ela sugaria o ar contido no sininho, que assim pressionado pelo ar externo, prender-se-ia à superfície. Mas para tal empreendimento cada mosca necessitaria suas próprias bombas de ar. Com que velocidade um mecânico teria que agir a fim de corresponder totalmente às exigências dos pezinhos dela! Simplesmente, isto não é possível. Vejamos então de que maneira a mosca pode se manter em superfícies verticais. Se observardes atentamente esse bichinho, notareis que está coberto de pelinhos e outros pontinhos, e as próprias asas nas suas bordas mais extremas são dotadas de inúmeras peninhas

pontiagudas que terminam em forma de raios. Tais pelos e ponti- nhos nada mais são que aparelhos de sucção de eletricidade, sen- do que a parte negativa, de atração e contração, passa sem cessar pelos pezinhos aos referidos sinos que assim se tornam ávidos pela eletricidade positiva. Esta acumulando-se de preferência em partes polidas, compreende-se que a mosca tenha que ficar presa, porquanto duas polaridades opostas se atraem.

Talvez afirmareis: Isto é natural; onde está o milagre? — Respondo: Quanto mais natural algo vos parece, tanto mais mila- groso é, pois não é algo passageiro e inútil, mas constante e para todos os tempos um milagre para quem o considera em Meu Nome. Basta refletirdes um pouco qual é o milagre mais impor- tante: a passagem dos Israelitas pelo Mar Vermelho, ou o cons- tante produto de uma árvore que apresenta ainda hoje os mesmos frutos da época de Adão, ou a nossa mosca igualzinha àquela há bilhões de anos antes dela.

Se a mosca segundo seu surgir, seu permanecer e as várias utilidades que apresenta, devido sobretudo aos seus duplos pre- dicados utilitários ainda completamente desconhecidos, merece ser classificada de milagrosa, ela o é em grau muito maior que a queda das muralhas de Jericó através das trombetas ordenadas por Josué. Um fato ocorre diariamente diante de vossos olhos, en- quanto o outro não apresenta o menor vestígio além da Escritura. Quem quiser obter proveito da queda das muralhas de Jericó terá que acreditar cegamente neste fato, enquanto num dia ensolara- do são-lhe apontados milhares de outros milagres que lhe dizem: “Criatura orgulhosa, vê quão abundantemente o Grande e Santo Criador te cercou de milagres vivos, pelos quais perceberás a Pre- sença do Senhor da Vida!”

Julgai vós mesmos qual é o milagre maior e mais importan- te! Julgo que uma mosca que passa por cima de vossas orelhas, um grilo, um pardal e uma humilde violeta da primavera não cantam com menos gratidão para um coração compreensivo do que Salo- mão com toda a sua sabedoria e pompa! A sabedoria dele só tem valor para quem é sábio; mas, na canção da natureza, seja ela viva ou muda, repousam coisas mais profundas que toda a sabedoria do filho de Davi. Assim sendo, uma mosca relata no seu voo ve- loz a respeito da Força Santa que movimenta suas asas e ainda acrescenta: “Se o Santo Pai produz milagres tão infinitos em mim, mosquinha, o que Ele fará em prol de Seus filhos?!” — Por acaso isto não é mais que sabedoria e milagre?

  1. A mosca, equilíbrio da eletricidade do ar

Vamos agora à finalidade da mosca. Em toda a Criação exis- tem somente duas polaridades: a positiva e a negativa. Do mesmo modo, também só existe algo superior e inferior, pois o que se en- contra no meio é apenas ligação entre ambos. Incluímos igualmente o externo e o interno, a matéria e o espírito, o bem e o mal, a verdade e o erro. Tratando-se da finalidade de um ser, só pode estender-se em uma das polaridades. Vejamos o polo externo. Deveis ter nota- do que no inverno raras vezes se encontra esse bichinho, enquanto no verão os ambientes estão abarrotados por tais voadores.

Agora haveis de compreender por que são cobertos de pelos e qual a razão de suas asas. Através da sucção da eletricidade, a mosca se torna tão leve a ponto de não poder manifestar o menor peso contra a atração da Terra, sendo levada em todas as direções pelas asas. Os bilhões de moscas têm a incumbência de absorver

o excesso do fogo elétrico derramado pelo Sol, atenuando-o as- sim, para evitar que se dê sua combustão e a do próprio mundo. Esse fluido elétrico é um fogo poderoso em sua esfera positiva. Enquanto a eletricidade negativa de um planeta se encontra em equilíbrio com a positiva, projetada pelo Sol, não existe liberação da eletricidade positiva. Basta que esta ultrapasse a negativa por uma milionésima parte, e a liberação é inevitável. Como pode tal desastre ser evitado?

Observai agora as mosquinhas voando num voo veloz em todas as direções, sugando o excesso da eletricidade positiva e — após converter a sua polaridade — expelindo a parte negativa, assim como o homem expira o nitrogênio do ar aspirado após o pulmão ter absorvido o oxigênio necessário para a nutrição do sangue. Uma simples mosca consegue num dia de verão trans- formar tamanha quantidade de eletricidade positiva que, se fosse guardada num recipiente, com facilidade faria reduzir a pó uma montanha dez vezes maior que o Schlossberg2. Do mesmo modo, a quantidade de ar aspirado e expelido pelo homem durante o dia, caso se incendiasse, destruiria a Europa toda, a ponto de nin- guém poder transmitir sua antiga situação. A fim de que isto não soe tão fantasticamente, farei a comparação natural de um gran- de terremoto que seria sentido na metade do orbe. Foi apenas a explosão de mil pés cúbicos de ar comprimido incendiado por pressões externas.

Calculai que o homem absorve em quatro respirações um pé cúbico de ar e faz sua troca; imaginai quantas vezes ele repete diariamente este processo e ficareis admirados do volume de ar

  1. Morro na cidade de Graz

por ele respirado e expelido. Por esta explicação compreendereis o que disse a respeito da mosca, e se uma consegue tanto, o que não farão bilhões! Porventura não é milagre Eu proteger um pla- neta de sua súbita destruição por operários tão ínfimos?

  1. A mosca, salvadora das criaturas

A explicação acima não se limita ao único motivo da exis- tência da mosca, pois existem vários, assim como um sábio pro- prietário não ordena apenas uma tarefa aos trabalhadores, dan- do-lhes também ocupações pequenas e úteis. Por certo já sentistes o desagrado durante o verão quando muitas moscas se tornam importunas. Ninguém deveria ralhar com elas por isto, pois pre- cisamente em tais dias executam uma pequena tarefa importante aos homens e aos animais caseiros.

Em dias de grande calor, quando o barômetro está muito baixo, são gerados bilhões de átomos do éter baixo, a ponto de verdes o ar tão azulado a impossibilitar a visão de regiões mais próximas. Ao respirardes, trilhões são absorvidos, e mesmo sen- do tão pequeninos que não são vistos, vários decilhões bastariam para matar a pessoa subitamente. A consistência de tais elemen- tos atômicos é semelhante ao ácido cianídrico. A parte absorvida pelo homem não é propriamente a mais perigosa à sua saúde, por ser nesta época avidamente aceita pelo sangue pobre em oxigê- nio. Outra coisa ocorre com a parte que se prende à pele quando os poros se acham abertos. Quando os elementos penetram, ma- nifestam um caráter positivo contra os aceitos pelo sangue. En- quanto o polo externo não sobrepuja o interno, não existe perigo, o que ocorreria numa temperatura mediana. Se o polo externo

ultrapassa de repente o oponente por uma milionésima parte, a vida corre grande perigo, pois poderia se dar a inversão dos polos, semelhante à picada de uma agulha molhada em ácido cianídrico. Se o polo externo e positivo ultrapassasse uma centésima parte o interno negativo, dar-se-ia uma explosão elétrica cujo efeito des- truiria a pessoa, sobrando uma mão cheia de cinza de mau cheiro. No primeiro caso, basta considerarmos as moléstias pestilentas (viroses) como consequências do acima mencionado. Quanto ao segundo, de combustão espontânea, é mais raro, mas não desco- nhecido, mormente em países tropicais.

Observemos agora a ação da mosca. Possui ela um par de olhos, tão grandes que perfazem quase a sétima parte de seu ser. Cada olho consiste de mais de mil olhinhos tão perfeitamente enfileirados como as celas de uma colmeia. Todos os olhinhos apontados cuneiformemente convergem num ponto visual co- mum, servindo qual microscópio de ampliação tão forte que a mosca pode visualizar cada elemento atômico. Além disto, recebe por eles seu alimento principal. Se, portanto, uma mosca percebe um montão de tais elementos na pele do homem, ela não sossega antes de tê-lo ingerido totalmente.

Além dos olhos, ela possui um par de pequenas antenas que lhe servem de nariz. Podendo usar os olhos apenas para cur- tas distâncias, as antenas lhe são tão úteis que podem sentir um alimento saboroso a várias horas de distância. — Por acaso não é este um serviço útil? Digo mais: Se num lugar, especialmente no verão, tal bichinho se perder subitamente, é prova de que não estou longe com Meu açoite! Se fôssemos pesquisar todos os ser- viços prestados por ela, teria que ditar-vos durante vários anos. Tudo que existe tem, como a mosca, milhares de boas finalidades.

  1. A mosca como conservadora da pureza atmosférica

Já deveis ter feito a experiência de que em tardes abafa- das as pessoas são acometidas de forte sono. Os jovens podem vencer tal fato através de exercícios, enquanto os idosos, cujos membros já se cansaram pela luta da vida, não conseguem ven- cer o sono se em tal dia carecem de elementos vitais do ar. A fim de perceberdes o prejuízo de tal sono, analisaremos primeiro o sono natural.

Por que a criatura sente sono à noite e não de dia? Quan- do a luz do Sol, parte positiva da vida natural, não irradia mais seus raios sobre uma ou outra parte da Terra, essa muda cons- tantemente sua polarização, apresentando-se a parte do planeta sem Sol negativamente. O polo negativo da vida corresponde per- feitamente ao da Terra. Mas como esse, em regra geral, reage à atividade natural da vida, assim o faz o correspondente polo no homem, absorvendo a eletricidade positiva e fazendo com que o homem perca cada vez mais a atividade externa. As pálpebras sentem primeiro essa carência e aos poucos também o corpo pas- sa para um estado enfraquecido, dando-se o sono natural. Quan- do se aproxima a aurora, o polo positivo cresce, diminuindo o estado sonolento até o total despertar pela diminuição da pola- ridade negativa. Resta apenas sabermos a relação entre as duas modalidades de sono.

O sono diurno é oposto ao noturno, pois não se origina da diminuição da eletricidade positiva, mas da saturação, porquanto um corpo menos ativo não pode consumir ou trocar as polari- dades normalmente. Quando o positivo começa a prevalecer, o negativo diminui na mesma proporção. Qual é a consequência?

Observai a luta entre duas pessoas de forças diversas. À medida que o fraco enfraquece, o forte aumenta o seu potencial. Uma vez o fraco totalmente vencido, termina a força do oponente, porque nada mais existe em que pousasse suas forças superiores. Qual- quer força deixa de existir desde que não possua ponto de apoio. O mesmo ocorre com o sono diurno quando o homem é venci- do pelo cansaço, isto é, num dia de verão carregado de eletrici- dade. Eis que se apresenta uma grande finalidade secundária da mosca, que começa a sobrevoar tal dorminhoco, sugando com seus pezinhos e pelos o excesso da polaridade positiva para evitar que venha dominar totalmente a negativa e assim se conservar a vida humana.

Se assim não fosse, quer dizer, que tais reguladores desper- cebidos do elemento vital não conservassem o máximo equilíbrio, terminaria a existência tão logo a eletricidade positiva vencesse a negativa. O dorminhoco enxota esses incômodos despertadores enquanto pode, em seu benefício, pois ainda consegue afastá-los. Uma vez dominado pelo sono, eles tem livre ação e evitam que algo perigoso lhe suceda. Se no decorrer do tempo — às vezes exclusivamente com a ajuda das moscas — a polaridade recíproca estiver equilibrada, o homem desperta e enxota os perturbadores e todo o perigo estará afastado.

Como vos agrada tal tarefa secundária deste bichinho? Ha- veis de confirmar Minha Organização sábia e bondosa, e acres- cento: Se futuramente puderdes vislumbrar toda a finalidade do mesmo, confessareis: “Pai, quão Grande e Bom és Tu ao deposita- res finalidades tão sábias em seres aparentemente insignificantes! Quem Te poderia louvar condignamente por uma simples mosca? Onde encontraremos pensamentos, sentimentos e palavras para

louvar e reconhecer com gratidão merecida Tua Majestade, infi- nito Amor e Sabedoria?!”

De fato, um Sol contém algo superior à mosca. Mas quem quiser conhecer-Me terá que frequentar primeiro o curso peque- no para iniciar sua tarefa.

Passando por esta prova, facilmente passará por maiores e muito se alegrará ao perceber que é o Mesmo Pai a conduzir a pequena mosca e seu âmbito diminuto, bem como dirige os Sóis nos seus trâmites infinitos e prescreve aos espíritos mais elevados, poderosos e perfeitos as Leis do Amor Eterno.

  1. A mosca como química de alimentos e distribuidora de eletricidade

Já deveis ter notado que as moscas preferem se tornar hóspe- des indesejáveis numa refeição, mormente quando o dia é quente e o refeitório abafado. Muitos então perguntarão: Por acaso deve- mos elogiar esses parasitas que sujam os alimentos, tornando-se insuportáveis a cada bocado levado à boca? — Respondo: Assim só pergunta, julga e se aborrece um ignorante. Se visse e enten- desse o grande benefício feito por uma mosca que pousa por dois momentos no alimento ou na colher que leva à boca, não agiria mal se mandasse dourá-la!

Todos os alimentos, com poucas exceções, têm a particula- ridade de atrair o azoto do ar deteriorado num dia muito abafado, em virtude da sacarina neles contida. Basta o alimento ficar por pouco tempo exposto e este ar pestilento é notado pela acidifica- ção ou então se apresenta uma camada de mofo, a transformação

do colorido, principalmente nas beiras, que tomam aspecto azu- lado. Eis os efeitos do ar deteriorado.

Como sabemos, é a mosca um pequeno condensador elé- trico à cata de tudo que lhe condiz. O ar pestilento é negativo, desprendendo toda a eletricidade positiva em tão algo grau que não raro, em tais recintos com alimentos acima, não se encon- tra nem uma centelha de eletricidade positiva. — Agora, todos poderiam pensar: Se em tal refeitório não se apresentassem os portadores da eletricidade, que aspecto teria a saúde humana? Mas isto seria ainda o de menos, pois enquanto o ar contaminado se acha espalhado, ele tem bastante elasticidade para permitir ao pulmão se dilatar com a respiração. Mas assim que a elasticidade termina, o ar recai nos alimentos afins qual orvalho sujo. Se o alimento já se encontra muito contaminado, as moscas se apre- sentam, expelindo o supérfluo de sua eletricidade positiva sobre o mesmo. O resultado disto é que o ar pesado se torna outra vez leve e vivificador. Desprende-se do alimento que assim se torna, de novo, bom para comer, ao passo que no caso contrário, na ausên- cia desses pequenos químicos, raras vezes uma criatura consegui- ria sobreviver. Não é isto outro milagre que hoje em dia continua tão eficaz como nos primórdios da vida humana? Talvez afirmeis: Isto é mais que extraordinário! Uma mosca com tamanho âmbito de ação?! — Não somente este, pois pode atingir o infinito para vossa compreensão. Não vos admireis excessivamente sobre estes simples tópicos. Quem quiser seguir o caminho certo, considere que algo partindo de Mim, por mais ínfimo que seja, tem valor inestimável! Tais pensamentos são benéficos para todos, pois os mantêm numa constante humildade e também mostram a situa-

ção de um homem justo, por certo mais importante que trilhões de moscas.

Voltemos ao nosso assunto. Sabemos que as moscas assim saturadas costumam voar sobre objetos reluzentes e os sujam se- riamente. Talvez penseis: Seria isto também algo útil? — Por certo, e até muito, pois sem isto a tarefa química anterior seria apenas útil pela metade, caso o segundo ato aparentemente ínfimo não ocor- resse. Concluímos que a mosca, por comer antes de tudo alimentos de eletricidade negativa, é um verdadeiro sugador de venenos do ar e dos alimentos do homem. Por isso é seu excremento não pro- priamente venenoso, mas de eletricidade negativa. Sabemos tam- bém que a eletricidade positiva é atraída a objetos polidos. A fim de que num quarto carente de eletricidade positiva, a que está pre- sa aos objetos, possa ser distribuída, as moscas os cobrem e assim eles perdem cada vez mais a força de atrair a eletricidade positiva. Como prova dessa verdade, colocai objetos dourados em tal quarto, e podeis estar certos que dentro em pouco nada vereis do metal reluzente. Elas têm verdadeira paixão pelo ouro, que justa- mente atrai a eletricidade positiva. Então ouço o protesto: Mas as moscas também sujam as vidraças e o vidro não atrai a eletricida- de. — Pergunto: Por que se usam vidros ou cilindros a fim de evi- denciar a eletricidade por meio de pequena fricção? Precisamen- te porque a eletricidade se acumula nos vidros que, recebendo pequena fricção, é prontamente visível. Deixemos portanto que os pequenos químicos continuem seu trabalho, tornando deste modo os vidros cada vez menos capazes de capturar a eletricida- de, forçando-a a se mesclar com o ar do ambiente. Nem mesmo o excremento insignificante de uma mosca é colocado sem a Minha Sabedoria e Previdência onde deve exercer sua função. Se cuido

que o mais ínfimo tenha uma finalidade sumamente útil, prescre- vendo à mosca todas as suas tarefas, quanto mais não cuidarei do homem que não é apenas uma criatura, mas um filho verdadeiro de Meu Amor, ou ao menos deveria chegar a sê-lo, para reconhe- cer que sou Seu Pai e não apenas Criador de pedras!

Todo coração filial e devoto deve convir que cuido pater- nalmente da erva no campo, pois dou alimento e bebida a tudo que existe. Vale a pena observar Meu Zelo nas pequeninas coisas, provando que sou Pai para todas os filhos, Pai de índole gene- rosa, Que sabe inclusive aproveitar o excremento de uma mosca em benefício deles. Existem coisas muito mais insignificantes que não deixo perecer. Como não sou um Deus devorador, quão ce- gos devem ser Meus filhos que pretendem duvidar de Meu Zelo Paternal! — Dia e noite Me preocupo com o crescimento de cada cabelo em vosso corpo, que dentro em breve será entregue à de- composição. Quanto mais não zelarei pela vossa alma imortal e o espírito eterno provindo de Mim!

  1. A mosca como ponto de convergência da Vida de Deus

Depois de termos conhecido a parte de polaridade negativa da mosca, ou seja, a material, estudaremos a positiva para obser- var o milagre principal. Numa simples análise ninguém pode ne- gar na mosca a vitalidade e até mesmo uma vida mais perfeita do que em muitos animais mais evoluídos. Talvez haja quem afirme: Se pudesse conservar minhas capacidades restantes, seria o pri- meiro a querer trocar minha existência com a da mosca. — Sabe- mos que ela vive; mas como e por que, eis outra questão! A fim de compreendê-lo, lançaremos um olhar à própria vida.

A vida propriamente livre existe somente em Mim e é tão perfeita que jamais poderá ser entendida em Sua Natureza por um ser criado. Por ser uma Vida Santa, ela é eterna e infinita. Imaginai o Universo ou um ambiente onde se encontra um ponto central do qual se projetam raios infinitos em todas as direções, cujo início é o ponto central, mas cujo fim jamais poderá ser en- contrado. Toda a força vital do Universo se concentra neste ponto e emana dele de novo para todo o Infinito. A fim de que tal Força Vital não se disperse no Universo, enfraquecendo-se em segui- da, ela criou no Espaço eterno e infinito incontáveis pontos de convergência de vida onde ela se concentra para voltar ao eterno Ponto Central.

Acabo de vos transmitir um segredo sumamente extraordi- nário e que só muito vagamente foi ventilado desde que existem criaturas na Terra. Certamente indagareis: Mas, por quê? Poderia Deus se tornar mais fraco em Sua Vida? Respondo: Certamen- te isto é impossível enquanto a Divindade quer permanecer Só, não criando outros seres em Si e de Si. Se Ela, segundo as neces- sidades de Seu infinito Amor, criou desde eternidades os mais variados seres, do mais perfeito espírito ao mais ínfimo verme atômico, dando a cada um a vida segundo sua espécie — com que vida o Criador teria vivificado esses inúmeros seres e o fará para sempre? Porventura Ele possui uma vida particular pela qual os alimenta sem vivificá-los da Sua própria Vida? Essa ideia sendo absurda, conclui-se ter Ele os vivificado Dele Mesmo. Se todos eles se movimentassem constantemente partindo do Centro, a Força original teria que enfraquecer, muito embora a Vida jamais se perderia por ser infinita. Todavia se debilitaria pela infinita di- visão. Para entenderdes melhor, chamo a atenção à divisibilidade

infinita do átomo. Torna-se ele mais forte ou mais fraco com isto? Conquanto seja impossível anular o átomo por uma constante divisão, compreende-se que não tenha sua força original. Talvez penseis: Neste caso teria sido melhor se o Criador nada tivesse criado. — A esta objeção, pergunto: 1) Por que ficam mais fortes as pessoas que desde sua mocidade executaram serviços pesados?

2) Por que se dependuram gradativamente objetos mais pesados num magneto de ferradura? 3) Por que meios uma pessoa se tor- na artista ou virtuose qualquer? 4) Por que um metal se apresenta mais resistente depois de bastante martelado? 5) Por que a ma- deira de uma árvore fica mais dura e indestrutível à medida que é exposta às intempéries?

A fim de que a Vida infinita se exercite e aumente em for- ças, existem no Universo inúmeros pontos de convergência vital com que a Vida projetada do Centro volta para ele sempre mais perfeita e intensiva. Isto entendido, não é mais difícil responder como e por que vive a mosca. Vive como um ponto de convergên- cia da irradiação projetada do Centro Vital, concentrando em si a vida de inúmeros seres precedentes. Partindo daí, subentende-se o motivo de sua existência: para que a soma de sua vida consiga progredir e voltar a uma mais perfeita e intensiva, subindo até a alma humana, que igualmente é capacitada à aceitação de Minha Vida intensíssima, podendo reunir-se de novo Comigo — pelo amor — numa só força. Meditai a respeito para poderdes penetrar mais profundamente na natureza da mosca e compreender o que se seguirá.

  1. A mosca e a formação dos cometas

Para entenderdes a fundo o assunto ventilado, é preci- so fazerdes um pequeno retrospecto à parte positiva da mosca, como ponto de convergência da Vida. Lançai um olhar para o Sol! Quem poderia medir até que ponto chegam seus últimos raios? Se calculardes a idade dele em mais de cem mil decilhões de anos desde que projeta seus raios constantemente, quer dizer, os primeiros raios ainda se achando a caminho pelo Espaço, mas também inúmeros raios tendo já voltado dos pontos onde foram captados, compreendereis mais facilmente essa explicação, pois o próprio Sol diz:

“Há tanto tempo projeto os meus raios ao Infinito, no entan- to minha luz não enfraqueceu desde tempos imemoriais!” Talvez indagueis como este fenômeno se torna possível, pois os primi- tivos raios continuam na sua projeção. — Isto não importa, pois ainda que eles se afastem indefinidamente, chegará o momento em que encontrarão um ponto a lhes barrar o trajeto, forçando-os à volta. Conjecturais: De que maneira se recompõe a luz solar, considerando sua diminuição devido à longa viagem e aos escas- sos pontos de referência? — Respondo: Pelo fato de o próprio Sol ser um ponto de convergência, aceitando os raios de mais de um bilhão de sóis, deixando que se aglomerem para projetá-los nova- mente. Levando isto em consideração, deduzireis de que maneira se constitui a organização da luz e que nem um átomo flutua sem utilidade pelo Universo afora. Torna-se difícil, para um espírito desabituado a pensar em tamanhas grandiosidades, imaginar tal fenômeno. Um exemplo criativo vos fornecerá bom serviço para compreenderdes a volta e a permuta econômica dos raios solares.

Sempre que os raios de dois sóis se encontram, tornam-se paulatinamente pontos de assimilação recíproca, sabendo-se que dentro de Espaço e Tempo são eles algo material, ainda que muito sutil. Tais raios são da mesma polaridade, que, como sabeis, não podem se atrair, mas se repelem, forçando-se mutuamente para o caminho de volta. Quando ocorre que os raios de vários sóis se cruzam, dá-se neles o atrito pelo fato de a polaridade neutra- lizada impedir o retrocesso dos raios contrários. Forma-se então um conglomerado de raios ou de luz de certa consistência que se torna mais pesado. Para o destino desta bola luminosa trata-se de saber que sol passará perto dela, pois também os sóis giram em torno de outros. O resultado é a atração e a absorção do bólide. Eis o processo do surgimento de um cometa.

Agora ouço a seguinte pergunta: Como podem subsistir tais cometas e não ser totalmente absorvidos pelo Sol? O motivo se baseia na neutralização dos raios acima explicada. Por ela, os raios concentrados tomam um carácter negativo e formam, frente ao Sol, um foco de polaridade oposta, que segundo Minha Ordem, é continuamente capaz de atrair os raios solares positivos e, após ter neutralizado a polaridade deles, aproveitá-los para seu alimento. Isto está provado pelo raio de vapor que envolve o cometa até grande distância e que do lado oposto do Sol se apresenta como cauda. Tal cauda nada mais é que uma retenção dos raios solares que — em virtude tanto do impedimento pela polaridade nega- tiva como da inversão do seu caminho rumo ao corpo de atra- ção — tornam-se visíveis como uma emanação finíssima. Deste modo, o Sol recebeu mais um pensionista que absorverá muitos raios até chegar a uma densidade planetária. Mas após tê-la con- seguido, devolve-lhe os raios num sem-número, forçado pelo seu

próprio peso central, mas sem prejuízo da sua substância. Ele não somente absorve os raios do Sol em cuja região se encontra, mas também suga os de incontáveis outros que o circundam e os con- duz de certo modo à sua genitora.

Para entendermos a função da mosca neste processo, vamos antes analisar os raios solares em seu potencial. Tais átomos de luz projetados são igualmente o primeiro degrau e a base do reino animal, pois os acúmulos de tais átomos de luz de um posterior conglomerado planetário são também concentrações de vida ani- mal. Ela se manifesta duplamente, ou seja, no início de maneira negativa, na flora. Uma vez bastante alimentada e não podendo assimilar toda a vibração polar, cria-se naturalmente uma vida de polaridade positiva, que na supersaturação da vida negativa encontra abundante alimento. Esta primeira vida de polaridade positiva se manifesta da seguinte forma: Observai por um mi- croscópio uma gota d’água deteriorada por uma folha, ou mesmo o sumo de plantas, e descobrireis verdadeiros exércitos de seres, facilitando o entendimento da maneira pela qual o polo de vida negativa se transforma em positiva. Se deste modo se inicia a vida animal, ela não pode sofrer uma estagnação, mas ingressa ago- ra, aos poucos, no caminho de volta ao Centro primário de toda Vida! Se em virtude da Ordem Eterna em toda parte é observado um grau evolutivo, ou seja, uma concentração crescente e maior da própria Vida, é natural que ela não possa retornar neste estado de dispersão, mas que se concentre em formas cada vez mais com- pactas para o seu retorno. Qual seria o próximo degrau em que tal vida positiva se consolida?

Apresentemos agora a nossa mosquinha, que é o primeiro habitante de um novo planeta com a origem descrita; pois sabeis

que o alimento que ela ingere, ou seja, a vida de trilhões de seres, transforma-se nela numa só vida. Agora entendereis por que a mosca se torna ponto de convergência da vida.

Nesta consideração, uma única mosca conta mais do que o anterior conglomerado planetário, e podereis agora bem com- preender quanto já uma primeira pequena centelha de Vida é su- perior à matéria exterior e quanto mais ainda a vida do homem é excelsa sobre todos os sóis e planetas de um invólucro globular universal. Entendereis também por que Eu, Vida Original de toda a Vida, vim à Terra como Pai e Salvador, e fiz do Homem Meu Filho para lhe preparar um caminho para o Meu Coração. — Mas embora a mosca já vos cante da vitória, esta ainda não foi total- mente alcançada.

  1. Causa e natureza da luz

No capítulo anterior observamos que a mosca zune em tor- no de um planeta como primeiro bichinho criado. Esta afirma- ção naturalmente é simbólica, pois ninguém pode chegar à ideia de que um grande enxame de moscas persegue tal planeta como cauda. Devemos entendê-lo no sentido temporal em que de um período preparatório segue-se um mais perfeito.

Talvez digais que não descobris nada vantajoso com esta re- velação. A vossa contestação é certa, pois serve de base para uma nova ideia construtiva. A introdução necessária será o esclareci- mento sobre a natureza da luz. Havendo as maiores controvérsias e hipóteses nas quais não é permitido ao intelecto bastante fraco do homem vislumbrar a esfera clara da realidade, empregam-se as mais variadas teorias, onde a última sempre sobrepuja as pri-

meiras. Justamente sobre a luz existem tantas teorias como sábios. Levantemos a primeira questão:

O que é a luz e como ela se propaga? Se quiserdes enten- dê-la a fundo conforme se apresenta dentro de tempo e espaço, é preciso considerá-la não inteiramente material, nem espiritual, mas unir ambas as polaridades em que a positiva é espiritual e a negativa a parte material. Esta polarização deve ser compreendida como algo interno e externo, sendo o interno espiritual e o exter- no material. Mas como chegam as duas polaridades a aparecer como luz? Tal polarização ocorre da seguinte maneira: Se passais um pedaço de ferro temperado por cima de uma pedra esmeril, vereis surgirem faíscas em grande quantidade. De onde obtive- ram sua luz? Da pedra ou do ferro, ou de ambos? É desnecessário afirmar que as faíscas surgiram do ferro, do qual partículas míni- mas se desprenderam em virtude do atrito com a pedra dura e se inflamaram porque as moléculas do ar presas nos poros do ferro não podiam desviar-se da pressão da pedra, acendendo-se assim e provocando nas partículas de ferro desprendidas um estado de incandescência.

Vamos agora à análise da maneira pela qual o ar se incen- deia. O ar é metade um corpo material de espíritos em evolução. Os físicos prefeririam a denominação de forças livres à de espíri- tos. Pretendendo ser concisos, chamaremos a coisa como ela é — espíritos — pois lidamos com eles mesmos. Sendo o espírito uma força de polaridade positiva, ele zela pela máxima liberdade; mas, quando preso, só se mantém calmo enquanto não for pressionado pelo polo negativo que o circunda como invólucro. Basta ser este submetido a uma pressão externa, e o espírito é despertado na sua esfera de pressão, manifestando-se pelas faíscas.

Agora, o que é o brilho em si, podereis compreender pelo seguinte exemplo: O que se nota numa pessoa cujo coração está cheio de orgulho quando recebe uma humilhação? Não cairá numa vibração de ira e os olhos não tomam um brilho como se fossem feitos de carvão incandescente? Encontrando-se num am- biente homogêneo, não será também este contagiado na propor- ção do grau de amizade que o liga àquela pessoa? Tal ocorrência dispensa explicação; basta observardes um exército tomado pela irradiação do ódio, caindo num ataque feroz.

Transponhamos agora esta comparação para o espírito de polaridade positiva cercado pela polaridade negativa. Este, ao re- ceber um golpe e percebendo a sua prisão, torna-se encolerizado e ávido de expandir-se ou de libertar-se. Mas a polaridade externa negativa que o circunda não pode estender-se além de um certo grau e é ilacerável. Não podendo romper sua prisão, o espírito positivo se retrai rapidamente e procura em nova tentativa com força redobrada rasgar seu invólucro, coisa que repete milhares de vezes em um segundo. Este ato é chamado de ira e acompa- nhado do crescente ódio. Qual é o efeito do mesmo? Os espíri- tos vizinhos ainda calmos percebem tal irradiação e se inflamam também, o que ocorre muito rapidamente, por se encontrarem os invólucros negativos dos espíritos — dos quais consiste o próprio ar — muito próximos entre si.

Esse estado febril é perceptível pelo homem e pelo animal e se chama “brilho”. O olho é de tal forma constituído que pode notar as mais suaves vibrações, porquanto ele é meio espiritual e meio material e possui idêntica polaridade com o que se chama “luz”, portanto registra e sente tudo que tenha a mesma polarida- de. Sempre que se dá qualquer choque polar ocorre o ato lumi-

noso. E a iluminação nada mais é que o contágio das polaridades espirituais que se encontram junto de uma polaridade espiritual encolerizada. A propagação deste estado processa-se segundo o tamanho e a violência de uma polaridade inflamada, se bem que a intensidade desta febre diminua com o afastamento das polari- dades contaminadas do foco da polaridade central.

Quanto à visão dos objetos, trata-se da retenção da referi- da propagação pela forma sólida de um objeto material; ou ainda do retorno redobrado oriundo do choque do reflexo que rece- bera de um objeto. No que diz respeito à luz do Sol, seu brilho é idêntico ao de uma faísca. A diferença se prende apenas na cor: a luz branca do Sol traduz aproximadamente a vibração do amor, como a vermelha a da ira. Analisaremos agora em que consiste a diferença.

  1. A natureza do éter e da luz solar

Já deveis estar cientes de que quanto mais baixa a região terrestre, tanto mais densa sua atmosfera. O mesmo sucede com todas as coisas que se tornam mais compactas quando se apro- ximam de um ponto central. Tão logo se afastam, sua posição é mais solta. Repito, para maior elucidação, que o ar, como toda matéria, nada mais é que um atrito espiritual e material, e quanto mais baixas se encontram tais potências, tanto piores: à medida que sobem acima do planeta, tanto mais pacíficas, formosas e constantes. Assim concluímos: A totalidade do planeta com seu ar atmosférico é apenas uma graduação dos espíritos a fim de ini- ciar seu retorno. — Então indagais: O que preenche o espaço en- tre um planeta e um sol? Os naturalistas falam de um éter muito

leve e maleável. Mas seria absurdo exigir de um físico a demons- tração visível do que é o éter, pois este não pode ser observado pelo microscópio, porquanto já o ar mais denso não o pode. Qui- micamente os cientistas poderiam analisá-lo, caso conseguissem colocá-lo num tubo de ensaio. Mas como a região do éter começa a várias milhas de altitude, tal empreendimento se torna difícil para a geração atual de naturalistas.

Nossa pesquisa será mais fácil porque agiremos pela fé, a confiança e o caminho do verdadeiro amor. Assim afirmamos: O éter também é um ser espiritual com polaridade positiva para to- dos os planetas e negativa para os Sóis. Ele é formado por espíritos sumamente puros, pacíficos e pacientes. Se assim não fosse, quão difíceis seriam as trajetórias dos corpos cósmicos em torno do Sol, pois têm que se movimentar com velocidade extraordinária. Sendo a natureza de tais espíritos tão pacífica, eles não formam empecilho para nada ainda que o elemento obrigado a se movi- mentar seja muito simples e insignificante. Assim orientados, não mais se torna difícil descobrir o brilho de um Sol e sua propaga- ção. Antes, porém, dedicaremos alguns instantes ao próprio Sol. Do contrário, indagaríeis: Como se explica um efeito quando se oculta a causa? Por que o Sol é tão fortemente luminoso? Qual sua superfície e seu ponto central?

Já é fato concreto o seu tamanho extraordinário, pois às ve- zes um Sol é vários milhões de vezes maior que um ou outro dos seus planetas. O Sol é em si um planeta em estado perfeito e todos os planetas são apenas seus satélites. A sua luz extraordinária pro- vém da alegria amorosa dos espíritos que o circundam. Seriam tais espíritos já perfeitos? Tal pergunta tem que ser subdividida em sete questões enfileiradas, que correspondem a sete categorias

de elementos existentes no Sol, que em conjunto condicionam sua grande luz. Querendo conhecer melhor a natureza intrínseca destes elementos, basta considerar os sete mandamentos do amor ao próximo e os três que lhes servem de base, relação esta que traduz a posição da criatura para com Deus. Também as cores do arco-íris vos revelam esta ordem. Vemos, portanto, ser o Sol em sua esfera interna um ponto de concentração de sete categorias de elementos. Entre eles há os que serão colocados pelo Sol nos planetas para teste, e outros que já concluíram sua tarefa, voltan- do perfeitos. A primeira categoria perfaz o conteúdo interno do corpo solar; a segunda, já perfeita, o invólucro luminoso do Sol. São eles justamente que criam o brilho solar através de sua vibra- ção de amor e êxtase. Quanto à propagação desta luz, aponto ape- nas os elementos ainda imperfeitos, obrigados a se afastarem do Sol. Eis também a explicação da natureza dos elementos atômicos procedentes do Sol que foram mencionados várias vezes; por eles, as vibrações dos espíritos perfeitos são acrescidas aos imperfeitos na viagem de seu aperfeiçoamento.

  1. A mosca, acumuladora de luz e vida

Eis agora vossa seguinte pergunta: O que impele os elemen- tos imperfeitos a se projetarem nos espaços infinitos? — Respon- do: Nada mais que Minha Ordem, segundo a qual eles têm uma saturação positiva, mas em sua natureza são apenas negativos. Que acontece quando dois polos idênticos se aproximam? Ape- nas se repelem até que o de natureza negativa, mas de saturação positiva, se tenha desfeito desta última. Deste modo, os seres atô- micos são basicamente negativos, podendo permanecer no Sol

enquanto mantiverem tal tendência. Se absorverem, porém, ávi- dos demais, uma saturação de luz da região de polaridade positi- va dos espíritos solares, de sorte a quase não se destacarem mais daqueles, já perfeitos, são eles imediatamente expulsos com uma velocidade fantástica. Na realidade, são estes elementos expelidos que constituem a luz emanada do Sol, a qual, ao cair num planeta, comunica-se com a parte positiva deste, como prova da constante vibração da alegria do amor dos espíritos perfeitos. Na sua par- te negativa, porém, os seres atômicos expelidos, ao aproximar-se de um planeta, são logo libertos da sua carga positiva e voltam em seguida ao Sol como seres antipolares, tratando-se no caso da reverberação da luz solar após o seu impacto ao atingir aquele planeta. Como se movimentam sempre em linha reta, devido à sua grande velocidade, compreende-se a visibilidade intensa dos objetos tocados pela luz solar, mormente estando a atmosfera tranquila.

O fato de tais formas iluminadas poderem ser perfeitamen- te vistas em todas as suas partes baseia-se no atrito de potências espirituais de que se forma toda a matéria. Quando esses velozes portadores de luz solar esbarram em uma forma, ela assimila as partes que lhe condizem, deixando as restantes se afastarem em todas as direções. Deste modo o olho é apenas um órgão assi- milador das diferenciações variadas da luz, principal ou repelida. Igualmente, estas diferenciações criam nos olhos sensíveis a elas as mais diversas formas.

Por esta explicação torna-se evidente que tudo que se vos apresenta como material, no fundo não o é; é somente espiritual. Apenas não conseguis percebê-lo porque não estais ainda na po- laridade do espírito. Quando isto acontecer, dar-se-á o fenômeno

contrário, segundo o qual vereis apenas o espiritual. Todavia, te- reis de acrescentar mentalmente tudo que é material, assim como agora acontece com o espiritual frente à matéria. Por isto, não vos admireis se durante essa mensagem encontrardes alguns pontos incompreendidos. Se todos eles fossem claros ao entendimento, teríeis que passar da matéria ao puro espírito, o que por ora é impossível. Mas o quanto já vos é possível compreender vos foi suficientemente mostrado, e conseguistes admitir o espírito den- tro da matéria e quão arenoso é o caminho encetado pelos que co- gitam somente dela, e os incompreensíveis saltos feitos pelos que em toda parte ultrapassam a matéria. Percebo uma pergunta em vosso íntimo: Que tarefa compete à mosca entre sóis e planetas, e entre os elementos criadores e portadores de luz? — Respondo: A mosca deve se tornar uma mediadora, um espírito colhedor de luz! Porventura seria possível afirmardes: Compreendemos esse bichinho! — no entanto desconhecendo sua situação; em que se baseia, pois, vossa afirmativa? — Haveria pouca diferença entre a vossavisão de uma mosca ou outra coisa qualquer, e a visão que tiver dela um outro animal, exceto de poderdes vós denominá-la e classificá-la dentro do reino dos insetos. O ponto de enquadra- mento de uma coisa é, pois, a base fundamental da qual ela deve ser contemplada para aparecer em sua plena verdade. Mas, o que vem a ser a verdade de um objeto? Respondo: O espírito de um objeto é a verdade. Enquanto não se chega a essa conclusão, tudo é qual casca de noz.

Voltemos à mosca. É ela apenas espiritual ou apenas ma- terial? Ela se enquadra em ambos; encontra-se, como inúmeros outros seres, entre as duas polaridades principais: a polaridade da vida positiva do Sol e a negativa do planeta em frente ao Sol. Quer

dizer: ela é neutra, nem totalmente positiva, nem negativa. Nem criadora nem portadora de luz, mas apenas colhedora. Mas o que é a luz? Sabemos que ela se representa pela mobilidade da vida; então luz e vida são idênticas, e a luz é apenas uma manifestação da vida. Então, a mosca que é colhedora da luz, não é antes colhe- dora da vida? Como se apresenta tal vida na mosca? Porventura numa luz potente? Seria cegueira, ou vossa visão seria fantástica afirmando que vistes voar uma mosca qual vaga-lume. Ele con- serva a vida em si; não deixa irradiá-la e — humildemente — pôs uma veste escura para fazer crescer a sua vida interior.

Sabeis de suas múltiplas utilidades; mas a luz do mundo não as reconhece. Assim, a mosca — por assídua e útil que seja em cada um dos seus movimentos — é exposta a todo desprezo. Por quê? Por ser ela uma colhedora da vida, preferindo aumentá-la a brilhar destruidoramente. Percebeis agora o ponto de base funda- mental do qual se projetam os raios em todas as direções para que possais ver a vitória que ela corajosamente pretende conquistar? De que maneira se apresenta tal vitória? Como se consegue resol- ver o mais difícil dos problemas, ou seja: prender a vida livre e — antes — colhê-la, visto que livremente se estende por toda parte? Durante a formação do planeta ouvimos ser a mosca a pri- meira criatura a habitá-lo. Vimos como ela concentra em si a vida dispersa; agora, após termos lido a explicação da luz, vemo-la de novo como colhedora da vida entre Sol e planetas. Qual é a dife- rença de hoje para os primórdios, quando a mosca era o único habitante de um planeta? De um lado, nenhuma, pois ainda cor- responde à sua natureza e ordem. De outro lado, porém, uma infi- nita diferença, pois se encontra agora no mais baixo degrau polar, não só como colhedora da vida, mas também no seu retorno, para

potências cada vez maiores e mais intrínsecas até a máxima po- tência da Vida Original.

Naquele tempo havia um abismo intransponível entre ela e a Potência Infinita. Agora ele está preenchido pela natureza hu- mana, bem como pela fileira infinda dos seres que precederam o homem. Foi mostrado o que era esse bichinho: hoje o vedes tam- bém na sua vitória. Qual é a diferença? A própria vitória. O que é a vitória? A vida recebida.

Como ela conservou a vida? Através de sua grande ativida- de, pois a vida tem que ser exercitada. Além disto, ela a conservou por sua grande humildade, a mais cega submissão à Minha Von- tade determinante. Pois toda a vida terá que ser exercitada, já que lhe compete encontrar-se um dia a si mesma e — consciente de si

— reconhecer-se. Considerando esses tópicos e as leis dadas por Mim para a eterna conservação da vida, e lembrando o que vem a ser a Vitória, compreendereis o que Eu disse na Canção da mosca: “A mosca, a mosca vos transmite seu canto de Vitória!”

Passemos agora a avistar e a bem observar esta Vitória junto a nós a fim de que nos tornemos cada vez mais capazes de apro- ximarmo-nos uns dos outros e provar assim em nós finalmente a máxima vitória, que é a reunificação de cada vida individual com a Minha Vida Original e Eterna.

Como isto será possível sem prejuízo da individualidade de cada um, ser-vos-á explicado no próximo e último capítulo desta Obra.

  1. A mosca, símbolo da humildade

Por esta e outras mensagens estais suficientemente orienta- dos de que o homem pode perfeitamente encontrar-se em posição independente perante o seu Criador, ainda que seu coração esteja intimamente unido a Ele. Mas, não obstante, para a escassa inteli- gência humana continua sendo um mistério, para a fé um campo árduo, e para a alma uma revelação de difícil aceitação, como o homem possa ter no espírito uma vida livre e independente, que todavia esteja tão ligada ao Criador a ponto de formar uma só Vida com Ele. Realmente se torna difícil entendê-lo na limitação terrestre, e digo mais: Quem não o aprender com a mosca, com a verdadeira humildade, pelo caminho da Cruz — de Mim, o Pai, que sou a máxima Humildade — jamais entenderá como Pai e filhos podem ser perfeitamente unos.

Para terdes uma ideia bem fundada, olhemos duas gran- des coisas: um Homem enorme que se chama “Mundo”, e um ou- tro que se chama “Céu”. Em relação ao primeiro, materialmente falando, invólucros globulares inteiros com seus sóis e mundo mal podem ser considerados verruguinhas de nervos do seu ser; e mesmo que este Homem se apresente como umser, por aca- so ele consiste de apenas umavida? Para compreendê-lo, basta olharmos um enxame de moscas, que mesmo sendo os primeiros animais, pelo seu zunir já se manifestam como vidas separadas. Quanto mais o homem deve admiti-lo de si mesmo, e mais ainda um planeta cheio de povos e outros seres vivos, e ainda mais um Sol com seus seres perfeitos, um Sol Central com seus perfeitís- simos e poderosíssimos espíritos, e finalmente um Invólucro glo- bular de mundos contendo uma infinidade de inúmeros corpos

celestes e — muito mais ainda — de seres que vivem neles. No entanto, eles todos são apenas partes físicas do grande “homem cósmico”, que possui uma existência separada como qualquer ho- mem terrestre. Esta foi a consideração da parte material.

Olhemos agora o “HOMEM CELESTE”, comparado com o Qual o tamanho do grande “homem cósmico” é como a quinqui- lhonésima parte de um átomo em frente a este “homem cósmico”.

Mas, não obstante, todo este “HOMEM CELESTE” pensa como simples homem isolado apesar de inúmeros bilhões e bi- lhões de perfeitíssimos anjos e espíritos — ainda que parte Dele

No “HOMEM CELESTE” existem ainda outras condições nas quais seres de pensamentos e sentimentos homogêneos for- mam uma “sociedade”. Do mesmo modo que um corpo celeste, ou parte dele, forma um conjunto de vida separado, assim também tal sociedade, tomada por si só, representa perfeitamente um ho- mem que pode pensar e sentir como se fosse uma pessoa isolada. E digo mais: no Meu Universo existem vários céus seme- lhantes, sendo cada um deles um Homem perfeito, e todos os céus

em conjunto perfazem um Homem que não pode ser pensado e sentido senão por Mim. Propriamente dito, é Ele o Meu Corpo ou o Deus no Seu Infinito, que pensa e sente o Seu Eu isolado da maneira mais clara e distinta — e, todavia, que diversidade de Vida há Nele!

Comparando espiritualmente esses dois quadros, é evidente que numa Vida Eterna e Infinita se movimentam inúmeras vidas, gozando as mais elevadas bem-aventuranças, muito embora se- jam apenas partes da Vida Fundamental em Deus. Eis o cântico da mosca em sua humildade, e a humildade é a mosca principal do próprio homem. Assim como a mosca inicia no planeta a sua vitória sobre a vida, da mesma maneira começa a humildade no homem a receber e conservar em si a Vida libérrima de Deus, desenvolvendo e fortalecendo em seguida, com perseverança e coragem, este santuário eterno que é o Cristo Vivo em cada ho- mem verdadeiro. Quando esta vida tiver ingressado em todas as partes da alma, e por esta, no corpo, isto representa uma vitória, a máxima alcançada por um homem. Através desta vitória ele apri- sionou em si a Vida mais elevada de Deus e, apropriando-se Dela pelo amor, tornou-se UM com o Deus Eterno, Pai de todo Amor. Não é isto a vitória da qual canta a mosca? Se quereis compreen- dê-lo, perguntai à vossa própria mosca, a humildade perfeita, que vos dará a resposta certa. E assim como o Amor é fruto da humil- dade, a Verdade eterna ou a Luz de toda Luz é um fruto do Amor. E quando o Amor nasce da humildade, e a Verdade do Amor, este crescimento é uma verdadeira Árvore da Vida, e de todo conheci- mento sagrado da Vida, temporal e eternamente.

Quem quiser pesquisar os segredos da Vida por meio do in- telecto mundano dificilmente o conseguirá; ao contrário, perderá

ainda o pouco de vida tão dificilmente alcançada em sua infância. Quem não crê na voz interna recebida no coração ou pela boca de um inspirado com sensibilidade infantil, tornando-se apenas ouvinte e não praticante, não entrará no Reino do Céu. Ouvis- tes antes que a Vida só pode retornar à sua origem depois de ser dirigida, e no próprio Evangelho consta: “Não sou Eu Quem vos julgará, mas a Palavra pronunciada por Mim o fará!” Deste modo é ela um juiz para a Vida Eterna para quem a segue, e para a mor- te para quem não agir como deve. Ninguém alcançará a certeza do Verbo senão pelo caminho ativo da Cruz, que recomenda a humildade e o amor. Quem não o praticar também não poderá unir-se à sua força positiva e viva, permanecendo assim na pola- ridade negativa da morte, de onde dificilmente se desenvolverá novamente uma vida de polaridade positiva.

Quais são, para quem não segue o Verbo, os primeiros si- nais de uma condenação à morte? São as dúvidas na veracidade de qualquer ponto da Revelação Divina. Uma dúvida nada mais é que a debilidade da vida interior, razão pela qual o espírito se retrai. Na alma haverá apenas uma penumbra comum, provindo uma parte de luz da projeção cada vez mais e mais enfraquecida do espírito, e outra parte, enganadora, da luz mundana ofuscando todos os sentidos.

Se o espírito não for em breve despertado por uma ação enérgica segundo o Verbo, não há necessidade de maior explica- ção para onde conduzem tais debilidades espirituais. Quem não ingressar na verdadeira polaridade positiva da Vida eterna pro- nunciará sua própria condenação para a polaridade negativa, da qual jamais conseguirá ressurgir. A proporção entre essas pola- ridades é a mesma que entre o espiritual e o material, ou a entre

o vivo fruto interno e sua casca externa, morta. Quem passar a ser fruto passará para a vida, e quem passar a ser casca passará para a morte.

Já sabeis que em todas as coisas — tanto mais em Deus — se encontram duas polaridades; o Ser Divino sendo eterno, Suas Polaridades também o são. Quem é julgado pela Palavra, ou antes quem se julga a si mesmo por Ela, assimila a Vida e corresponde à Polaridade Divina positiva, ou seja, à existência libérrima e ili- mitada. Mas quem não praticar a Palavra, deixando que apenas passe pelo intelecto negativo, será por ela condenado à polaridade negativa, princípio fundamental de toda matéria, toda morte e toda limitação. Daí se conclui que o mundo material não terá fim assim como o espiritual e livre. Vós mesmos podeis decidir qual é a sorte mais feliz para toda a eternidade: ser incorporado na polaridade negativa ou na positiva de Deus, isto é, como espírito de anjo sumamente livre e feliz, ou como demônio banido dentro de uma pedra morta.

Com efeito, para quem estiver vivo, há Verdade em toda parte; mas para o morto não há luz por toda a eternidade. Eis o círculo eterno da Vida no qual deveis penetrar, e que gira somente pela ação séria e não para a distração intelectual, fazendo surgir a Verdade como Luz da Vida Verdadeira e bafejando-a constante- mente. Com este entendimento explica-se que a Luz é qual Vida,

o prêmio segundo o trabalho, ou o conhecimento ou a consciên- cia da Vida Eterna é em si como a ação segundo a Palavra. A Vida manifesta sua polaridade, o coração traduz sua voz, e a humildade no coração a palavra viva no sentimento.

Por esse estudo deduzistes o que é a Verdade e a Luz na Luz, uma Luz para o julgamento para a Vida ou a morte. Podeis

servir a dois senhores? Quem quer conquistar sóis ou a perfeição viva, como pode ainda dirigir-se ao mundo material para suas vantagens? Com outras palavras: Como pode o homem assimilar Verdades divinas para atingir a Vida eterna, se não quer praticar o Verbo? Ele macularia pelo ócio o solo físico com a luz roubada, em vez de ganhar a vida pelo seu trabalho. Os próprios físicos já sabem que duas polaridades nunca se atraem, mas sempre se repelem. Sendo a Terra por si mesma inerte e preguiçosa, como poderia ser ativada pela ociosidade?! Assim, quem tem o poder de conquistar até sóis não deve profanar a Terra com a luz que lhe é dada, mas ao contrário deve abençoá-la pela sua atividade a fim de que também a Terra se transforme em Sol.

Conclamo, pois, com plena razão ao triste cético, para que fuja quando apresento os sóis. Mas, para onde poderá fugir? Po- derá consultar a mosca, que lhe dirá qual é o trajeto da Vida e como esta deve voltar dotada de grandes lucros; e ela lhe explicará também para onde será forçado a fugir, se não pretender retornar pela Palavra aplicada à Vida Eterna de toda Vida.

Quem estiver de olhos abertos não necessitará procurar muito a fim de descobrir o Infinito cheio de corças a apostarem corrida para a meta final, para onde a Vida já se encaminhou na nossa mosca; pois corças e vida tornando-se cada vez mais livres, representam uma só coisa. Assim orientados, sabeis também quem e como pode levantar a corrente infinita dos seres a subir à Fonte de toda Luz e Vida. Surge aqui a pergunta dirigida ao ra- cionalista indolente se também ele é capaz de elevar tal corrente; e finalmente a última pergunta: Se não conseguis descobrir a trilha da Verdade pela ação, quem vos libertará da noite da morte eter- na? Já sabeis a resposta, e quem quiser ser verdadeiro praticante

do Verbo terá que usar de muito rigor, podendo então exclamar com Davi: “Deus é meu justo rigor; quero cantar e versificar, eis minha honra. Vamos, saltérios e harpas! Quero levantar cedo e agradecer-Te, Senhor, entre os povos, e louvar-Te entre as gentes! Pois Tua Graça atinge os Céus e Tua Verdade chega às nuvens! Levanta-Te, Deus, acima dos Céus e Tua Honra sobre toda a Ter- ra. A fim de que Teus caros amigos sejam salvos, ajuda em Tua Destra e atende-me!” (Salmo 108)

Fim

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