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CORRESPONDÊNCIA

ENTREJESUSE ABGARUS

CORRESPONDÊNCIA ENTRE JESUS E ABGARUS

Recebido pela Voz Interna por Jacob Lorber

Traduzido por Yolanda Linau

Revisado por Paulo G. Juergensen

Direitos de tradução reservados

CopyrightbyYolanda Linau

UNIÃO NEOTEOSÓFICA

www.neoteosofia.org.br

Edição 2021

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I 11

CAPÍTULO II 15

CAPÍTULO III 19

CAPÍTULO IV 23

CAPÍTULO V 27

CAPÍTULO VI 31

CAPÍTULO VII 35

S

eria ilógico admitirmos que a Bíblia fosse a cristalização de todas as Revelações. Só os que se apegam à letra e desconhecem as Suas Promessas

alimentam tal compreensão. Não é Ele sempre o Mesmo? “E a Palavra do Senhor veio a mim”, dizia o profeta. Hoje, o Senhor diz: “Quem quiser falar Comigo, que venha a Mim, e Eu lhe darei, no seu coração, a resposta.”

Qual traço luminoso, projeta-se o conhecimento da Voz Interna, e a revelação mais importante foi transmitida no idioma alemão durante os anos de 1840 a 1864 a um homem simples chamado Jacob Lorber. A Obra Principal, a coroação de todas as demais, é “O Grande Evangelho de João” em 11 volumes. São narrativas profundas de todas as Palavras de Jesus, os segredos de Sua Pessoa e sua Doutrina de Amor e de Fé! A Criação surge diante dos nossos olhos como um acontecimento relevante e metas de Evolução. Perguntas com relação à vida são esclarecidas neste Verbo Divino, de maneira clara e compreensível. Aolado daBíbliaomundojamaisconheceuObraSemelhante,sendo na Alemanha considerada “Obra Cultural”.

ObrasdaNova Revelação

O Grande Evangelho de João – 11 volumes A Criação de Deus – 3 volumes

A Infância de Jesus

O Menino Jesus no Templo

O Decálogo (Os Dez Mandamentos de Deus) Bispo Martim

Roberto Blum – 2 volumes A Terra e a Lua

A Mosca

Sexta-Feira da Paixão e A Caminho de Emaús Os Sete Sacramentos e Prédicas de Advertência Correspondência entre Jesus e Abgarus Explicações de Textos da Escritura Sagrada Palavras do Verbo

(incluindo: A Redenção e Epístola de Paulo à Comunidade em Laodiceia)

Mensagens do Pai

As Sete Palavras de Jesus na Cruz (incluindo: O Ressurrecto e Judas Iscariotes) Prédicas do Senhor

Cenas Admiráveis da Vida de Jesus – 2 volumes

INTRODUÇÃO

O primeiro relato idôneo sobre esta correspondência encontra-se na grande obra principal do pai da História da Igreja, Euzebius, que viveu no início do século IV como Bispo de Cesareia, na Palestina, morto em 340 d.C.

Ele relata ter encontrado, pessoalmente, na compila- ção de documentos reais de Edessa (Mesopotâmia), uma correspondência entre Abgarus Ukkama e Jesus, e inicia sua obra histórica com a primeira carta, inclusive a respos- ta do Senhor. Este rei pagão foi acometido de lepra durante uma viagem pacificadora na Pérsia, moléstia que lhe pro- vocou a paralisia de ambas as pernas.

Nos séculos posteriores, esta correspondência foi de- clarada apócrifa por parte dos patriarcas de Alexandria e Roma, não obstante o testemunho indubitável do grande e conceituado Euzebius. O testemunho dele é confirmado por um pesquisador da história da Igreja, que dizia: Ele sobrepu- jou, na sua pesquisa e dedicação, todos os professores da Igre- ja, de sorte que devemos a ele grande quantidade de trechos de valor inestimável de escritos perdidos da era pagã e cristã.

Como prova especial de uma ligação entre Edessa e Jesus, pode-se mencionar o fato de que naquele pequeno principado na Mesopotâmia o Cristianismo encontrou a primeira legalização governamental, pois lá, desde o ano

de 170, um príncipe cristão chamado Abgar Bar Manu mandou cunhar o sinal da cruz em suas moedas.

A correspondência entre Jesus e Abgarus Ukkama é bem conhecida até o dia de hoje nas igreja cristãs da Me- sopotâmia e nos países vizinhos da Armênia. Esses trechos foram levados como documentos santos para o Ocidente. Segundo relato de religiosos ingleses, seguidamente foram expostos pela classe mais simples em suas habitações, jun- tamente com um quadro do Senhor, pois também lá se ve- nerava estas cartas como Palavras de Deus, conforme se faz com a Bíblia.

SETESÚPLICASESETE RESPOSTAS

CAPÍTULO I

CARTADEABGARUSDIRIGIDA AO SENHOR JESUS

Abgarus, Príncipe em Edessa, a Jesus, ao Bom Salva- dor, que surgiu na Terra nos arredores de Jerusalém:

Recebi notícias de Ti e de Tuas curas, que praticas sem remédios ou ervas. Corre o boato que devolves aos cegos a luz, que curas os coxos, que purificas os leprosos, que expulsas os espíritos impuros e curas aqueles que lu- tam contra moléstias de longa duração, e finalmente até mesmo ressuscitas os mortos.

Após ter ouvido todas essas coisas de Ti, concluí que uma coisa deve ser certa: ou és Deus que veio dos Céus, ou então és no mínimo um filho do grande Deus. Por isto Te peço, através desta carta, Te encaminhares para aqui a fim de curar a minha moléstia.

Ouvi também que os judeus reclamam contra Ti e desejam prejudicar-Te. Minha cidade é pequena, porém bem organizada, e seria suficiente para nós. Vem, meu grande amigo Jesus, e fica na minha cidade e no meu país. Serás carregado na palma das mãos e nos corações. Aguar-

do-Te com a maior saudade do meu coração!

(Esta carta é enviada pelo meu servo fiel Brachus)

RESPOSTADOSENHOR JESUS

Abgarus:

Feliz és tu porque não Me viste, no entanto tens fé. Consta que aqueles que Me virem não acreditarão em Mim, a fim de que os que não Me virem creiam e vivam para todo o sempre.

Quanto ao teu convite e que Eu estou sendo perse- guido na Judeia, te digo: é preciso que tudo se cumpra nes- te local, pela razão que Me trouxe ao mundo, e para que Eu, depois de tudo se cumprir em Mim, possa subir para junto Daquele do qual parti, desde eternidades. Sê pacien- te com tua leve moléstia. Tão logo Eu subir, enviarei um discípulo para te curar e dar a ti e a todos que te rodeiam a verdadeira Saúde.

(Escrita por Jacó, um discípulo do Senhor Jesus Cris- to, da zona de Genezareth e entregue a Brachus, mensagei- ro do rei)

Pouco tempo após Abgarus ter recebido de Jesus esta resposta sublime, sucedeu que o filho mais velho des- te rei e seu herdeiro foi tomado de uma febre perniciosa,

que segundo a opinião de todos os médicos em Edessa, era incurável. Este fato levou o pobre Abgarus ao verdadeiro desespero, e de novo escreveu ao Bom Salvador.

CAPÍTULO II

CARTADEABGARUSDIRIGIDA AO SENHOR JESUS

Oh Jesus e Bom Salvador!

Meu filho mais velho e meu herdeiro, que muito se alegrou na expectativa de Tua presença em minha cidade, adoeceu mortalmente. A febre apossou-se dele e ameaça matá-lo a cada instante. Sei, porém, conforme me foi afian- çado pelo mensageiro, que curas tais doentes sem recursos, apenas pela Palavra e a Vontade emitida à distância.

Oh Jesus, Bom Salvador, Verdadeiro Filho do Altís- simo, permite que também meu filho, que tanto Te ama, a ponto de querer morrer por Ti, volte a ter saúde através de Tua Palavra pronunciada! Peço apenas que não me reco- mendes desta vez a espera de Tua anunciada Ascensão, e sim ajuda-me imediatamente, ajuda ao meu filho!

(Escrita em minha cidade Edessa e enviada por Brachus)

RESPOSTADOSENHOR JESUS

Abgarus:

Grande é tua fé e por isto teu filho poderia melhorar.

Mas, como descobri amor contigo superior ao de Israel, fa- rei mais do que se apenas tivesse crido. Eu, Senhor de toda Eternidade, atualmente Doutrinador dos homens e Liber- tador da morte eterna, darei ao teu filho a vida eterna antes da Minha Ascensão, por ter ele Me amado sem Me ter visto e conhecido, antes de Meus sofrimentos futuros por toda a Humanidade. Deste modo, hás de perder teu filho nesta vida, mas o reconquistarás mil vezes em espírito, no Meu Reino Eterno. Não deves supor que teu filho, morrendo, em verdade tenha morrido. Não! Quando ele morrer, há de despertar do sono mortal deste mundo para a verdadeira Vida Eterna no Meu Reino, que é espiritual e não material. Não permitas que tua alma se entristeça. Ouve e silencia: Eu somente sou o Senhor e não há outro além de Mim. Por isto, faço livremente o que faço e não há quem Me diga: faze isto ou não faças aquilo!

O que atualmente faço e permito ser perseguido como homem fraco foi previsto por Mim antes que a Terra fosse criada e antes que Sol, Lua e estrelas iluminassem dos céus. Foi por este motivo que parti do Meu Pai que está em Mim, como Eu Nele. O Pai é o Altíssimo. Ele é Meu Amor, Minha Vontade. O espírito, porém, que parte de Mim e do Pai, agindo de eternidades em eternidades, é o mais Santo, e tudo isto sou Eu que ora te revelo. Não te entristeças, por saberes Quem te revela isto. Silencia até o momento em que Eu for elevado na cruz por parte dos judeus, do que terás notícias tão logo ocorra. Se falares antes do tempo, a

Terra sucumbirá prematuramente.

Nos próximos dias aparecerá um pobre discípulo em tua cidade. Acolhei-o, que alegrarás Meu Coração. Fazei-

-lhe o bem, pelo fato de Eu proporcionar ao teu filho uma Graça tão grande, permitindo, em virtude de seu amor, que Me anteceda para lá onde Eu irei após a elevação na Cruz. Amém.

(Esta carta foi escrita em Caná, na Galileia, pelo dis- cípulo João e enviada pelo mensageiro do rei)

CAPÍTULO III

CARTADEABGARUSDIRIGIDA AO SENHOR JESUS

Deduzo de Tua carta, cheia de Graças maravilhosas, enviada para mim e meu filho, como consolo máximo, que em Ti habita o mais elevado Amor. Do contrário, seria in- teiramente impossível que Tu, Senhor Único de todos os Céus como desta Terra, pudesses enviar-me consolo, que sou apenas um verme, bem como meu filho amado. Nada poderei fazer, senão prosternar-me diante de Teu Santíssi- mo Nome, no pó de minha nulidade, e ofertar-Te minha gratidão e de meu filho.

O amor de meu filho adoentado para contigo des- pertou a minha saudade de Ti. Senhor, perdoa-me se no- vamente expresso este desejo. Bem sei que nossos pen- samentos são-Te conhecidos antes que eu e meu filho os tivéssemos elaborado. Ainda assim eu escrevo, como se escreve a um homem comum, e se assim faço, sigo a reco- mendação daquele jovem pobre que já se encontra comigo dizendo-me que todos deverão se aproximar de Ti deste modo, caso pretendam alcançar algo.

Alega ele ter visto a Tua Pessoa. Sua capacidade de relato é simples, mas segundo me parece, mui justa e acer- tada. Assim, descreveu-nos Tua Figura de uma maneira

tão natural, que eu e meu filho — que ainda vive, porém se acha muito fraco — julgávamos ver-Te realmente.

Acontece que na minha cidade vive um grande artis- ta da pintura. Imediatamente ele tentou pintar o Teu Busto, segundo a descrição do jovem. Ambos ficamos muito feli- zes quando ele nos afiançou que realmente correspondia à Tua Imagem.

Por isto, aproveito esta oportunidade para enviar-Te este quadro e assim poderás me orientar se ele realmente corresponde ao Original. Oh Jesus, não Te aborreças co- nosco. Não foi uma simples curiosidade, e sim o grande amor que nos levou a isto, a fim de que pudéssemos ter uma ideia de Ti, porquanto preenches o nosso coração até o mais profundo âmago e Te tornaste o nosso maior Tesou- ro, o máximo Consolo e a mais sublime bem-aventurança na vida e na morte.

RESPOSTADOSENHORJESUSAPÓSDEZ DIAS

Minha Bênção, Meu Amor e Minha Graça a ti, Meu querido filho Abgarus.

Costumo repetir na Judeia àqueles que Eu ajudei e curei de males físicos: Tua fé te ajudou! A nenhum deles até hoje perguntei: Tu Me amas? E nenhum deles excla-

mou, do fundo do seu coração: Senhor, eu Te amo!

Muito antes de Me teres visto, acreditaste ser Eu o Todo Poderoso. E agora Me amas como quem já renasceu desde há muito do fogo do seu espírito. Oh Abgarus, se pu- desses assimilar o quanto Eu te amo por isto e quão grande é a alegria que proporcionaste ao Meu Coração Paternal, a imensa bem-aventurança te sufocaria!

Sê firme com tudo que ouvirás dentro em pouco por parte dos judeus, que Me entregarão às Mãos dos carras- cos. Se não te aborreceres com isto, serás espiritualmente o primeiro, após teu filho, a ter participação viva na Minha Ressurreição. Em verdade te digo: Os que acreditarem que Minha Doutrina surgiu de Deus serão despertos no dia do Juízo Final, onde cada um encontrará seu justo julgamento. Mas os que Me amam como tu jamais saborearão a morte. Assim como o pensamento mais veloz não encontra barrei- ras, também eles serão rapidamente transfigurados na vida eterna mais luminosa, tomando habitação Comigo, seu Pai desde eternidades. Guarda-o contigo até Eu ressuscitar.

Isto feito, um discípulo te procurará, como já te fiz saber na primeira carta, curando a ti e todos os teus, física e espiritualmente, com exceção de teu filho, que ingressará no Meu Reino, sem dor e antes de Mim.

Quanto à semelhança de Minha Figura e o quadro enviado por teu mensageiro, ele próprio, que já Me viu por

três vezes, te dará testemunho. Quem desejar um quadro de Mim com tua intenção não terá pecado, pois o amor suporta tudo. Mas ai daqueles que Me transformarem num ídolo! Guarda também este quadro para ti.

CAPÍTULO IV

CARTADEABGARUSDIRIGIDAAOSENHOR SETE SEMANAS DEPOIS DA TERCEIRA

Meu querido Salvador Jesus!

Acaba de acontecer com o meu querido filho o que Tu, Senhor, predisseste na segunda carta. Ele faleceu há poucos dias e me pediu, em seu leito de morte, que eu expressasse sua imensa gratidão pelo fato de Tu o deixa- res partir sem dores e sem pavor da morte. Por mil vezes comprimiu o Teu quadro contra o peito e suas últimas pa- lavras foram: “Meu Bom Pai Jesus, Amor Eterno, que és a Vida Verdadeira desde eternidades, Tu que atualmente caminhas como Filho do homem entre aqueles que Tua Onipotência fez surgir, dando-lhes forma e vida, somente Tu és Meu Amor em eternidades! Eu vivo — por Ti e em Ti — eternamente!” Com estas palavras, meu filho partiu. Por certo sabes, Senhor, que este foi o fim terreno do meu filho e que eu e todos nós muito choramos por ele.

Ainda assim eu Te escrevo, como um homem escre- ve a outro, porque tal foi o desejo dele. Perdoa-me se Te importuno com esta quarta carta e talvez provoque uma interrupção em Teus afazeres espirituais. Finalmente, me atrevo a acrescentar um pedido: Não me prives do Teu Consolo! Sinto uma imensa tristeza pelo meu filho, da

qual não consigo me libertar. Se for de Tua Vontade, Bom Salvador, Pai de Eternidades, liberta-me desta imensa dor!

RESPOSTADOSENHOR,EMGREGO,ENQUANTO AS OUTRAS FORAMESCRITASEMLINGUAGEM JUDAICA

Meu querido filho e irmão Abgarus!

Sei de tudo que se relaciona a teu filho e Me alegra muito o final sublime para este mundo, que, todavia, teve seu início ainda mais belo no Meu Reino. Fazes bem em sofreres uma certa tristeza por ele, pois são poucos os bons neste mundo que merecem um conceito como o teu filho. Também Eu verti uma lágrima preciosa por ele. Foi deste modo que surgiu o mundo todo, de uma lágrima Minha. Assim também será criado um novo Céu. Asseguro-te que as boas lágrimas têm um valor imenso no Céu, pois ele é ornamentado com estas joias preciosas, enquanto que o inferno é fortificado com as lágrimas de ódio, inveja e ira. Seja, portanto, o maior consolo para ti que estás chorando por um bom. Mantém esta tristeza por pouco tempo, até que venhas a chorar por Mim. Então serás libertado por um dos Meus discípulos. Sê misericordioso, que encontra- rás grande misericórdia. E não esqueças dos pobres, que são sempre Meus irmãos. O que fizeres a eles terás feito a Mim, e Eu te recompensarei mil vezes.

Procura o que é grande — o Meu Reino — que rece- berás também as coisas pequenas deste mundo. Se, porém, procurares o que é pequeno, possivelmente não terás mé- rito de receber o que é grande.

Conservas na prisão um criminoso que, segundo tuas sábias leis, merece a morte. Todavia, te afirmo que amor e misericórdia estão acima da sabedoria e justiça. Age com ele com amor e misericórdia, que serás uno Co- migo e com Aquele que está em Mim e do Qual Eu surgi como Homem.

(Escrita por Mim pessoalmente, em Capernaum, e enviada através do teu mensageiro)

CAPÍTULO V

CARTA DE ABGARUS DIRIGIDA AO SENHOR TRÊSSEMANASAPÓSARESPOSTADE JESUS

Abgarus, um pequeno rei em Edessa, escreve a Jesus, o Bom Salvador, que apareceu na Judeia nos arredores de Jerusalém, como Luz e Força Originais, que reorganizam todos os Céus, mundos e seres. Entretanto, não é Ele reco- nhecido pelos primeiros que foram chamados, e sim pelos que padeciam há milhares de anos nas trevas. Todo louvor seja-lhe tributado por nós, filhos da treva.

Oh Senhor! Onde estaria o mortal capaz de conce- ber a grandiosidade do Teu Amor para nós humanos, Tuas criaturas — daquele Amor do qual pretendes fazer tudo de novo, porquanto Tu mesmo segues um caminho que, segundo minha compreensão humana, é quase que impos- sível e incompreensível para Deus?

Ainda que estejas Presente como simples Homem en- tre os homens nesta Terra, que poderias pulverizar com um simples Hálito, continuas regendo e conservando o Univer- so total, partindo de Tua Natureza Divina. Cada átomo da Terra, toda gota do mar, o Sol, a Lua, as incontáveis estrelas ouvem a Voz Poderosa do Teu Coração, que é o Ponto Cen- tral e Eterno de todas as coisas e seres no infinito.

Quão felizes devem ser Teus apóstolos por Te reco- nhecerem no dia mais claro de seu espírito, como ora suce- de comigo, pobre pecador em minha treva! Quem me dera não fosse eu paralítico. De há muito estaria Contigo. Assim sendo, meus pés entrevados se tornam um empecilho para minha maior bem-aventurança. Tudo isto, porém, eu su- porto porque Tu, Senhor, me achaste com mérito de falar comigo por meio destas cartas e ensinar-me tantas coisas maravilhosas, que jamais um homem poderia transmitir.

Que sabia eu anteriormente de uma vida após a morte? Nem todos os sábios do mundo seriam capazes de desvendar este mistério. Nosso politeísmo mantém uma imortalidade poética que se assemelha tão pouco à reali- dade quanto um sonho vão, no qual se caminha por cima do mar ou se navega sobre a terra.

Tu, Senhor, demonstraste pela Palavra e Ação como se inicia uma vida perfeita, verdadeira e livre, após a morte deste nosso corpo tão frágil. Este é o motivo pelo qual to- mei a decisão de expressar minha imensa gratidão por Tua Graça, muito embora minha gratidão seja uma nulidade diante Dela.

Senhor, que poderia eu oferecer-Te que Tu não me tivesses dado? Creio que a expressão justa de reconheci- mento de um coração ainda é o mais adequado, porquanto a ingratidão é posse total do coração humano. Asseguro-

-Te, sinceramente, que estou pronto para organizar no meu

pequeno Estado tudo aquilo que pretendas determinar. Se- gundo Teu desejo, não somente libertei o grande crimino- so de Estado, mas fiz com que participasse de minha escola e minha mesa. Sou incapaz de julgar se agi bem ou talvez me excedi. Por isto, também neste sentido Te peço uma orientação certa.

Todo meu amor, minha gratidão e minha obediência filial são dirigidos a Ti, Senhor!

RESPOSTADO SENHOR

Ouve, Meu querido filho e irmão Abgarus!

Conto atualmente com 72 discípulos, entre os quais doze apóstolos; todavia, todos eles não possuem a tua vi- são, que és pagão e jamais viste a Mim e os milhares de milagres desde Minha Encarnação e Nascimento. A maior das esperanças esteja em teu coração, pois acontecerá, e já aconteceu, que tirarei a luz dos filhos para passá-la em plenitude aos pagãos. Há bem pouco encontrei, entre os gregos e romanos aqui radicados, fé tamanha como jamais será encontrada em toda Israel. Amor e Humildade se tor- naram capacidades completamente estranhas ao coração humano entre os judeus, enquanto não raramente as en- contro entre vós em plenitude. Por isto, tirarei dos filhos e darei a vós todo o Meu Reino Temporal e Eterno. Os filhos hão de se alimentar dos detritos do mundo.

Pretendes transformar Minha Vontade como lei em teu Estado? Por ora tal não será possível, pois para tudo é preciso uma certa maturação. Minha Lei nada mais é que Amor. Se pretendes organizar algo em teu governo, inclui esta Lei, que terás trabalho fácil com Minha Vontade, pois Minha Vontade e Minha Lei são totalmente unas, assim como Eu e o Pai somos inteiramente Um.

De fato, existe algo em Minha Vontade que ainda não podes conceber. Meu discípulo que te visitará em bre- ve há de explicar-te tudo, e quando fores por ele batizado em Meu Nome, o Espírito de Deus virá sobre ti para te orientar em todas as coisas.

Agiste perfeitamente bem com o criminoso, pois Eu faço o mesmo com vós pagãos. Tua ação seja um bom es- pelho daquilo que faço desde já e ainda farei em plenitude posteriormente. Isto te digo para tua paz e bênção.

CAPÍTULO VI

CARTA DE ABGARUS DIRIGIDA AO SENHORDEZSEMANASMAIS TARDE

Senhor, perdoa meu grande atrevimento e minha ver- dadeira petulância para Contigo. Sabes, porém, que bons médicos sempre receberam grandes considerações por parte dos homens, possuindo eles também conhecimentos mais certos das coisas da natureza, e em tais ocasiões todos os procuram a fim de receber uma orientação, se bem que mui fraca. Quão infinitamente mais elevado Te encontras Tu, não sendo somente um médico em todas as moléstias, mas também o Criador e Senhor da própria natureza desde eternidades. Somente a Ti posso apresentar minha atual es- tranha desgraça no governo e Te suplicar do fundo do meu coração que desvies a mesma. Como deves saber, deu-se aqui há dez dias atrás um pequeno terremoto, que passou sem grandes vestígios, graças a Ti. Poucos dias depois, po- rém, todas as águas ficaram turvas e quem a tomasse era acometido de dores de cabeça, tornando-se louco.

Imediatamente determinei uma lei rigorosa que nin- guém dela fizesse uso até segunda ordem. Entrementes, todos os cidadãos deviam vir para Edessa, onde recebe- riam água e vinho que mandei buscar em grandes navios de lugares distantes.

Acredito não ter cometido uma ação prejudicial, porque fui movido puramente pelo amor para com meu povo e a verdadeira misericórdia.

Por este motivo, Te peço com humildade e contrição que ajudes a mim e meu povo neste desespero.

A água não se modifica e sua ação insana é sempre a mesma. Sei, Senhor, que todos os poderes, bons e maus, são-Te submissos e obrigados a se afastar a um aceno Teu. Tem piedade de mim e de meu pobre povo, e liberta-nos desta praga.

— Ao ler esta carta, o Senhor Se alterou no Seu ín- timo e disse em Voz tonitruante: “Oh Satanás, por quanto tempo pretendes tentar Deus, teu Senhor? Que te fez este pobre povo para martirizá-lo tão horrivelmente, serpen- te maldosa? A fim de que saibas e sintas que sou Teu Se- nhor, neste momento terminará tua maldade naquele país! Amém!

Por acaso não pediste, há tempos, a experiência de castigar apenas a carne humana, o que te concedi com re- lação a Jó? Que fazes agora com Minha Terra? Se tiveres coragem, ataca-Me! Deixa em paz Minha Terra e Minhas criaturas, que Me têm em seu coração, até o tempo que Eu te concederei para final prova de libertação!”

Após esta exclamação, foi levada a seguinte resposta de Jesus para Abgarus, através de um discípulo:

Meu caro filho e irmão Abgarus!

Este golpe maldoso não foi engendrado pelo teu ini- migo, mas pelo Meu. Tu ainda não o conheces, enquanto Eu o conheço de há muito!

É ele o antigo príncipe invisível deste mundo e até então teve grande poder, não somente neste planeta, que é sua habitação, mas também nas estrelas. Seu poder, porém, será de curta duração e dentro em breve o príncipe deste mundo será extinto.

Jamais o temas, pois Eu o exterminei para ti e Teu povo. Podes continuar a usar tranquilamente as águas do teu país, pois a partir deste instante são puras e salutares.

Em virtude do teu amor para Comigo, algo de mau te sucedeu, mas teu amor se tornando mais forte no mo- mento da aflição, ele venceu sobre todas as forças do in- ferno e estás livre de todas as manifestações infernais. Por isto, acontecerá que a fé será exposta a grandes tentações, necessitando passar pelo fogo e pela água. Mas o fogo do amor abafará o fogo da prova de fé, fazendo evaporar a água com todo o seu poder. O que ocorreu com teu país, de modo natural, se repetirá futuramente com muitos por causa de Minha Doutrina. Tornar-se-ão loucos os que be- berem os poços dos falsos profetas.

Envio-te todo Meu Amor, Minha Bênção e Minha Graça.

CAPÍTULO VII

CARTA DE ABGARUS AO SENHOR, NOVE SEMANAS APÓS O RECEBIMENTO DA SEXTA RESPOSTA E CINCO DIAS ANTES DA ENTRADA TRIUNFAL EM JERUSALÉM

Abgarus, um pequeno príncipe em Edessa, escreve a Jesus, ao Bom Salvador, que apareceu nos arredores de Jerusalém, Salvação para todos os povos, um Senhor e Rei ungido desde eternidades, Deus de todas as criaturas, ho- mens e deuses, bons e maus.

Senhor, Único Realizador do meu coração e Con- cepção total de todos os meus pensamentos!

Concluí de Tua primeira carta dirigida a mim que há de acontecer tudo que os judeus e hierosolimitanos preten- dem Contigo. Tenho a vaga impressão que tal deve acontecer.

Certamente compreenderás, Senhor, que humana- mente falando, meu coração amoroso se revolta contra tal fato. Que eu tenha motivos para relatar-Te isto, deduzirás do seguinte:

Como vassalo romano e parente próximo de Tibério, Imperador de Roma, possuo também em Jerusalém meus observadores incumbidos de fiscalizar o sacerdócio suma-

mente orgulhoso. Eles me relataram fielmente os planos dos sacerdotes e fariseus.

Não querem apedrejar-Te ou queimar-Te. Não, isto é muito pouco! Pretendem dar um exemplo da cruelda- de mais desumana. Essas feras em forma humana querem pregar-Te à cruz, até que venhas a morrer lentamente com dores incríveis! Esta obra de mestre da maldade humana será executada na própria Páscoa.

Senhor, seja como for, isto me revoltou até o âmago! Sei positivamente que essas feras sensuais e orgulhosas não pretendem matar-Te porque Te dizes o Messias Prometi- do. Isto pouco preocupa essa raça de hienas, pois sei muito bem que não acreditam em Deus, muito menos em Ti, e pouco ligam para um sacrilégio contra Deus. Seu plano é totalmente outro. Têm conhecimento de serem fiscaliza- dos por parte de Roma em virtude de suas traficâncias. O próprio Pilatos, muito arguto, já descobriu no ano passado tal tentativa de rebelião sacerdotal e, como sabes, mandou prender cerca de 500 pobres e abastados, na maioria, in- felizmente, galileus, ocorrência esta que lhe proporcionou a inimizade de Herodes, pois que atingia justamente seus súditos. Este exemplo teve uma repercussão muito forte no íntimo dos templários. A fim de saírem deste dilema, escolheram a Ti e pretendem apontar-Te como rebelde do governo e também apontar-Te como chefe daquele levante. Assim esperam reabilitar-se perante a corte romana, des-

viando sua atenção, para mais facilmente poder engendrar seus planos traiçoeiros, o que de modo algum conseguirão. Deste relato deduzes com facilidade que Roma os conhece a fundo.

Se Tu, Senhor, precisares de um serviço meu, Teu amigo e adorador mais achegado, imediatamente expedi- rei mensageiros para Roma e para Pontius Pilatos. Garan- to que essas feras cairão na cova que preparam para Ti. Conhecendo a Ti, Senhor, bem sei que não necessitas de conselho humano, portanto saberás melhor o que fazer. Como simples homem, considero um de meus deveres mais importantes transmitir-Te esta trama, ligando a este relato minha gratidão por Tua Graça concedida a mim e meu povo.

Senhor, avisa-me o que posso fazer por Ti. Tua Von- tade Se faça!

ÚLTIMARESPOSTADO SENHOR

Meu caro filho e irmão Abgarus:

Tudo ocorre conforme Me anunciaste. Ainda assim, tudo há de acontecer Comigo, porque, do contrário, não haveria criatura que atingisse a vida eterna, o que por ora ainda não compreendes, mas dentro em breve hás de assi- milar este grande mistério.

Por ora, desiste dos passos oferecidos para Minha justificativa. Haveria pouco êxito onde age o Eterno Poder do Pai, Que está em Mim e do Qual Eu parti como Homem.

Que não te assuste a cruz na qual Eu serei pregado. Justamente esta cruz deve se tornar para todos os tempos a pedra fundamental para o Reino de Deus e igualmente a porta para o mesmo.

Estarei morto durante três dias. No terceiro ressusci- tarei, como Eterno Vencedor da morte e do inferno, e Meu Julgamento Poderoso há de atingir todos os malfeitores.

Os que estão no Meu Coração hão de encontrar as portas do Céu abertas de par em par.

Se dentro de alguns dias perceberes o sol obscurecer-

-se, lembra-te que Eu, Teu maior Amigo e Irmão, acabei de expirar na cruz. Não te assustes por isto. Tudo isto tem que acontecer e aos Meus nem um fio de cabelo será tocado.

Hás de receber uma prova no momento em que Eu ressuscitar.

Meu Amor, Minha Graça e Bênção estejam contigo, Meu querido irmão Abgarus. Amém.

Fim

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