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O EVANGELHO DAS MONTANHAS

(Der Grossglockner)

Grossglockner - monte mais elevado (3.798metros) dos Alpes alemães, na fronteira do Tirol com Kartnen. Esta montanha tem dois picos: o grande, com 3.798 metros de altura, e o pequeno, com 3.764 metros. Nela existe uma enorme região glacial coberta por neve o ano inteiro. Fica situada na estrada entre Salzburg e Kartnen, na Áustria.

Esta revelação foi recebida pela voz interna de Jacob Lorber. Ele começou a recebê-la em 1841, continuando até maio de 1842.


Prólogo

Ouve, então olha e aprende

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de maio de 1842

Meus queridos filhos, no momento em que começardes a Me seguir, então fazei-o totalmente, não desejando caminhar em vales, gargantas e abismos, tais como ódio, brigas e todo tipo de roubalheira, rancor, maldição desejada por um ao outro e desavenças entre vizinhos; mas sim, ide com prazer e alegria às alturas dos morros e montanhas. Lá sempre vos será revelada uma prédica da montanha, ou então um depoimento iluminado, ou sereis satisfeitos com o Pão Divino, ou então passareis por uma purificação, ou conseguireis uma vitória sobre as tentações mais fortes, um renascer da morte, e muito, mas muito mais, de coisas que agora não sois capazes de imaginar. Sim, levai vossas crianças às montanhas e logo reconhecereis as bênçãos das montanhas que elas receberam.

Quem estiver com o corpo enfraquecido, não deve adiar em absoluto uma visita às montanhas abençoadas, pois seus cumes estão envoltos do sono fortificante dos espíritos da vida. De fato, nas alturas circulam filas e filas destes espíritos que enfeitam os cumes com as flores douradas do eterno amor. Observai os briguentos habitantes dos vales, das aldeias e das cidades. Lá a benquerença cristã é posta de lado e a convivência pacifica não se encontra; mas deveis procurá-las nas montanhas, pois lá é seu lar, lá é seu habitat, entre as plantas, entre os animais e muitas vezes até entre os homens.

Permiti que dois inimigos subam ao cume de uma montanha. Vereis, então, bons amigos. O lobo, este animal sedento de sangue, não raramente procura nas montanhas a erva que o curará e então não atacará o rebanho de ovelhas temerosas que estão a balir.

Olhai os vossos primeiros Pais, os pais de todos os pais aqui na Terra: eles habitavam as montanhas. No Sinai Eu dei a Moisés as santas Tábuas, nas quais, com letras douradas da vida eterna, gravei os mandamentos para os homens das imundas planícies, lugar onde se encontravam enterrados na lama das profundezas.

Nada mais preciso vos dizer das muitas montanhas santas, nem da escola dos visionários e divulgadores de Minha Palavra eterna. Ide com maior freqüência às montanhas. Lá permanecei alegremente por todo o tempo possível e sentireis com certeza as bênçãos e a satisfação do amor eterno do Santo Pai. Ao “Kulm” (uma montanha perto de Graz que aqui representa todas as montanhas – o editor) deveis tornar. E Eu vos digo: “deveis”, não “tendes de”. Sim, só deve seguir Meu conselho aquele que quer e que pode, aquele que vê em Mim o Mestre e Pai. Este em breve saberá o porquê de Meu Sermão. Quando isto deve se dar vos deixo escolher, mas quanto antes melhor. Observai bem isto. Amém.

Isto digo Eu, o Pai, cheio de Amor. Ouvi com atenção. Amém. Amém. Amém.


Capítulo 1

O “Grossglockmer” como Pai da cordilheira e do país

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de maio de 1842

É bastante surpreendente, ao vermos a fotografia desta montanha, como ela eleva sua cabeça altaneiramente por sobre todas as outras que a rodeiam e que são filhas suas. Porém mais vos surpreenderá a caminhada que fareis, por Mim guiados, desde o filhote mais ínfimo até a montanha-mãe ( em alemão montanha é substantivo masculino, por isto é aqui considerada “pai” - a tradutora ), seguindo a ordem correta que Eu dei à natureza. Todas as montanhas e pequenos morros que existem em vossa região, não importa de que lado do rio Drau, são descendentes desta montanha-mor.

Vede, pois, se fordes escalar o vosso “Schlossberg”, ou então o chamado “Rosenberg”, ou então os mais afastados montes ao sul da cordilheira, Eu vos afirmo que todos estes são de fato os membros inferiores do “Grossglockner”.

Se isto é difícil de ser acreditado, tomai um viajante que começa sua jornada aqui no Bauchkogel (perto de Graz). Se ele andar sempre por sobre os cumes - todos de diferentes altitudes, mas sempre bem destacados dos vales que os circundam - com um ou dois dias de caminhada (às vezes bastante difícil) chegará à fronteira entre Steiermark e Kartnerlande. Daí terá somente que continuar a dura jornada pelos Alpes e dentro de aproximadamente dez dias alcançará o Grossglockner, sem ter precisado, nem uma única vez, andar por qualquer vale.

Esta jornada certamente o convencerá que todas estas montanhas estão interligadas e conectadas à montanha-mãe. Mas quem não puder fazer esta jornada tão difícil, que olhe um mapa acurado e faça esta viagem com seus dedos. Tenho certeza que ficará convencido da exatidão de Minha afirmativa.

Direis certamente : “Isto pode ser verdade, pois até o Pólo Norte está conectado ao Pólo Sul, da mesma maneira que a montanha aqui de casa pode estar ligada à montanha-mãe. Mas o que esperar desta ligação? Onde encontraremos o evangelho nisto?

Eu vos afirmo: Só um bocadinho de paciência! Pois entre estas duas montanhas existe espaço suficiente para podermos plantar uma semente de mostarda, que germinará e crescerá dando galhos e raízes. Estes, por sua vez, se estenderão, tal como faz a montanha-mãe com seus braços e filhotes. Aqui podemos colocar a seguinte pergunta: “ Qual a importância ou o motivo pelo qual o “Grossglockner” eleva sua cabeça por sobre todas as outras montanhas, mas num outro país haverá outra de maior altitude, e num terceiro uma montanha que se eleva acima das anteriores”?

A isto Eu respondo somente o indispensável: Isto acontece de acordo com Minha Ordem, e todas as variações são necessárias, não somente à região onde se situam, mas sim para dar o equilíbrio certo a toda a Europa (onde se encontram as montanhas aqui mencionadas), como também existe este tipo de acidente geográfico na Ásia, África e Américas. Desta resposta se nos apresenta de imediato uma nova pergunta: Por que isto? Como isto é possível?

Eu novamente vos darei uma resposta bem curta: Da mesma maneira como a vida do corpo depende da cabeça, pois se cortamos a cabeça de um corpo ou se ela for bastante danificada, certamente a vida do resto do corpo acaba. Esta resposta vos deve bastar por enquanto, pois esta é exatamente a situação destas montanhas em relação ao resto da região: como a da cabeça está para o resto do corpo. A vida não se origina realmente na cabeça, mas esta é o órgão principal do acolhimento da vida natural; a partir deste órgão, a vida se expande para todo o corpo. Assim sendo, a cabeça não pode ser eliminada sem ocasionar a perda da vida.

Vede, é exatamente isto que acontece com nossas montanhas mais elevadas. Podereis aplainar totalmente um morro secundário sem causar grandes prejuízos ao local, mas se alguém pudesse acabar com uma das montanhas-mãe, então este ato não passaria sem conseqüências, e elas seriam gravíssimas; poderiam ocasionar a morte total, ou causar um eterno inverno, ou então uma grande região se transformaria num lago. ( Aqui no Brasil, especialmente no interior, muitos dos habitantes antigos às vezes comentam: O morro tal contém um braço do mar. Se o aplainarmos e perfurarmos, a região será inundada! - a tradutora ).

Aqui novamente perguntaríeis: Mas como? Como isto é possível?

Bem, aqui vai um exemplo: Sabeis que todo o sangue do corpo vai para a cabeça. Mas quando a mesma é separada do corpo, o que acontece com o sangue? Vede, agora temos algo bem concreto e vós mesmos sois capazes de explicar: “ O sangue então se esvairá das veias, derramará por cima do corpo, as veias e o corpo murcharão, e o corpo com certeza morrerá ”. É isto acontece com as montanhas que são um recipiente das mais poderosas fontes de água da Terra. Tais montanhas, com seu peso descomunal, mantêm sob controle as fontes e só permitem que saia de seus poros a quantia suficiente para satisfazer as necessidades dos campos que lhe são subordinados. O excesso deste “suor” que ela expele pelos seus poros ela suga do ar para o seu interior. E para que esta água na atmosfera não se afaste demais, a montanha a transforma em gelo ou neve, e é esta a razão por que estas montanhas quase sempre estão envoltas em névoa ou nuvens.

Tudo isto que ela faz todos os seus filhos e filhotes também devem fazer, claro que em muito menor intensidade.

Por que a expressão “filhos e filhotes”? Porque quando a terra firme se formou, as montanhas principais foram as primeiras a serem criadas e só depois elas “deram cria”, conforme já foi explicado anteriormente (Dádivas do Céu). Mas não deveis pensar, por exemplo, que hoje o Grossglockner foi criado, amanhã seus filhos e depois de amanhã seus filhotes; mas sim, entre uma criação e outra passaram períodos de milhões de anos terrestres em alguns casos, e assim podemos afirmar que não existe uma montanha com a mesma idade que a outra. Que o Grossglockner pertence às montanhas primárias podeis concluir, primeiro por ela ser por Mim chamado de “Mãe da Cordilheira”, segundo porque ela é a cabeça de vários paises, e terceiro porque o testemunho de suas rochas mostra que ela difere totalmente dos suas filhas e filhotes. Quanto mais antigas forem as montanhas, tanto mais gelo e neve cobrem seus cumes altaneiros. Deveis considerar bem esta frase, pois logo vereis como ela é importante. Então não divaguemos com assuntos secundários e entremos logo no assunto principal, em primeiro lugar com respeito ao natural, em segundo ao espiritual e finalmente ao religioso.

Muitas pessoas que dizem: Eu gosto muito mais de um morro suave que tenha plantações, campos, pomares e pastagens, do que centenas de altas montanhas cobertas de gelo e neve.

Por um lado estas pessoas estão certas, pois no gelo e na neve não podemos construir uma vinha, nem mesmo a planta mais inferior como o líquen, por exemplo, que lá não cresce.

Eu, porém, vos digo: Será que devemos avaliar uma montanha somente pela sua capacidade de produzir vegetal? Se considerarmos a produtividade, então toda ou qualquer montanha é descartável. Pois na planície podemos trabalhar bem melhor do que num morro ou numa montanha, e pela vossa própria experiência sabeis que nas planícies tudo se desenvolve melhor. Por isto é realmente uma tolice avaliar uma montanha pela sua produtividade, pois esta não é a razão da sua existência: a verdadeira razão é completamente diferente. É bem possível que aqueles que declararam preferir um morro à montanha com geleira improdutiva, terão que se retratar logo, logo. Eles devem aceitar sem protesto, quando Eu afirmar: Um metro quadrado da geleira do Grossglockner Me é muito, mas muito mais valioso, do que um quilômetro quadrado de colinas cheias de plantações.

Novamente perguntareis: Como isto é possível?

Eu, porém, digo: Considerai obter um centavo apenas somente com vossos olhos e logo vereis que precisais utilizar vossos pés e mãos. Mas por acaso os olhos são mais valiosos que os pés e as mãos, os quais de pouco valor vos seriam, se não tivésseis a luz dos olhos? No entanto a pupila dos vossos olhos é minúscula em comparação com o tamanho dos vossos pés e mãos. Não tendes de agarrar tudo o que desejardes com os olhos, antes de conseguir fazê-lo com vossas mãos? E não deveis também andar primeiro com os olhos, para depois locomover vosso pés?

Se considerardes esta explicação, vereis com clareza por que Eu considero de mais valor um metro quadrado da geleira da montanha a um quilometro quadrado das mais produtivas colinas, pois da mesma maneira que vós pouco poderíeis produzir com vossos pés e vossas mãos sem os olhos, as colinas nada conseguiriam produzir sem a geleira e as neves eternas. Aconselho a todo agricultor a ir até o Grossglockner e lá, em Meu Nome, beijar cheio de agradecimento seu gelo, pois dele depende toda a produtividade de suas terras. Novamente desejais questionar isto, mas Eu vos peco um pouco de paciência, pois a explicação já vem.

Sabeis pelos provérbios dos antigos que os semelhantes gostam de estar juntos e de conviver no mesmo lugar. Se por acaso tiverdes um tijolo úmido em vossa parede, este não secará facilmente, porém atrairá a si toda a umidade que existe e com o excesso umedecerá os seus vizinhos, e assim teremos um enorme pedaço molhado na parede.

Eis o que acontece também com a nossa montanha! Ela é uma enorme pedra úmida para diversas regiões de um continente e atrai para o seu seio toda a umidade excedente que existe na atmosfera. Se esta umidade em forma de gotas se colocasse em suas rochas externas, então elas logo começariam a se desprender em forma de enxurradas e devastariam tudo em volta. Para que isto não aconteça, e considerando sua altitude e sua formação rochosa característica, a montanha faz com que esta umidade que atraiu a si se transforme em neve, gelo e granizo.

Mas agora perguntareis: “ Mas se é de fato assim, então o Grossglockner deverá abranger toda a Europa com o passar do tempo ?”

Sim, de fato este seria o caso, se ele não tivesse filhos e filhotes. Seus filhos aliviam o seu fardo da seguinte maneira: Quando a massa de neve e gelo cresce na parte superior externa, então as partes inferiores e internas são cada vez mais pressionadas e esmagadas. Estas massas de água e ar, devido à pressão que sofrem, se inflamam em partes pequeníssimas e assim se diluem em névoa e escapam da sua prisão. E como estas geleiras só possuem o poder de atração em suas partes superiores, estas névoas que escaparam de suas partes mais baixas e inferiores se transformam em líquido e descem para as planícies como torrentes, destruindo tudo no seu caminho. Se assim não fosse, elas se grudariam ao gelo e à neve nas partes superiores e cresceriam constantemente; daí certamente, após longo período (talvez milênios), extensas partes do continente estariam soterradas. Mas para que nada disto aconteça, filhos, muitos filhos, foram colocados junto a esta montanha-mor, os quais avidamente se apoderam do fardo da montanha principal (seu pai/mãe). Tudo que for excessivo para eles será absorvido pelos filhotes que os circundam, e o que for demais para estes será então a bênção que eles deixam espalhar sobre todas as planícies.

E se tiverdes compreendido isto, podereis entender por que cada uma destas montanhas-mãe está sempre acompanhada por extensas cadeias de montanhas menores que se estendem em todas as direções, quase que linearmente.

E não penseis que é brincadeira, quando Eu vos digo que a água do poço de vossa casa vem do Grossglockner, e o mesmo acontece com as águas de todas as nascentes que existem em vosso país.

Bem, direis: “Mas então, o que é a água da chuva?”

Eu vos afirmo que em vosso país raramente existirá uma gotícula de chuva que não se tenha originado no gelo e na neve do Grossglockner e de seus filhos, e não estareis errados se dissésseis: “ O Grossglockner chove nosso país”. Por que isto? Ele possui três braços bem estendidos, mas bem diferentes um do outro. Um deles se estende por metade de seus filhos e filhotes, em todas as direções; o segundo se encontra em todas as fontes, nascentes, rios, torrentes, riachos e lagos, às vezes indo mais longe do que os filhos e filhotes; o terceiro é o mais extenso e mais amplo, e constitui as nuvens e suas formações, as quais têm no Grossglockner o ponto central para vários países. Os filhos e filhotes são guardiões atentos que fazem com que estas nuvens, que às vezes se diluem demais, se unifiquem de novo em massas cada vez mais densas. E se estas massas se concentram demais sobre vosso “Choralalpe”, por exemplo, então esta montanha dos Alpes tem filhos também, os quais alegremente aliviam o fardo de seu pai. Neste caso, este terceiro braço poderoso do Grossglockner se apresenta como uma chuva abençoada que se coloca sob os fracos braços dos vegetais e animais, para fortaleceê-los e lhes apresentar um alimento revigorante.

Mas esta é unicamente a razão natural da existência das montanhas, seu posicionamento, seu tamanho, sua altitude.

Existem ainda mais duas razões ocultas, as quais são muito mais importantes e que conhecereis na continuação desta mensagem. E quando tiverdes entendido estas duas outras razões, então sim sabereis a verdadeira razão da existência desta enorme montanha que parece estar morta. Em verdade Eu vos afirmo: No mundo, tudo é ao contrário! Onde virdes muita vida na Terra, existe muita morte, onde achardes que tudo está submerso na morte eterna, lá quase sempre há uma vida ativa e poderosa em todos os sentidos.

Esta é a razão por que quase todos os profetas e visionários se sentiam “em casa” nas montanhas; e Eu, quando habitei na Terra como homem, gostava de permanecer nelas. Na montanha Eu expulsei o tentador pela eternidade, na montanha alimentei os famintos, na montanha Eu revelei Minha Palavra ao universo, na montanha Me apresentei transfigurado aos vossos três conhecidos - Pedro, Jacó e João –, na montanha Eu orei e na montanha fui crucificado.

Por isto, respeitai as montanhas. Em verdade, quanto mais alto elevam seus cumes por cima do egoísmo humano, tanto mais santificadas elas são e tanto mais abençoadas todas as regiões que elas coroam e cuidam. Como isto acontece, já vimos em parte, mas somente o que vem a seguir vos iluminará totalmente a esse respeito. Mas deixemos isto para a próxima reunião.


Capítulo 2

A importância e a origem do ferro

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de maio de 1842

Para saberdes quão importantes são os metais - principalmente o ferro - em vossos lares, não é necessário que tenhais um grande conhecimento científico.

O que poderíeis realizar, se o ferro não existisse? Sim, com certeza podereis aceitar: sem o ferro jamais seria impressa uma única letra; sem ele teríeis uma enorme dificuldade em construir vossas casas e mais difícil ainda a vestimenta; sem o ferro não haveria hoje navios no mar e nenhum carro na terra. Não possuiríeis uma única ferramenta para arar a terra e semear as sementes para vossa alimentação. Pode-se dizer sem medo de errar: Sem o ferro, seríeis as criaturas mais pobres da superfície da Terra, tanto no elemento espiritual como na natureza, e todos os animais vos seriam superiores. Mas, graças a este metal abençoado, podeis fazer tudo, pois do ferro podemos fazer todo tipo de utensílios úteis. Nem mesmo um sepulcro simples poderíeis dar ao corpo de um irmão falecido sem o ferro, e então teríeis de jogar o corpo nos rios, ou então cobri-lo com o gelo ou a neve eterna, a fim de não estardes constantemente expostos à peste e outras epidemias. Em poucas palavras, a utilidade do ferro é tão grande, que jamais deve ser desconsiderada.

Uma pessoa de visão curta poderia comentar: Tudo bem, mas quando houver escassez de ferro e de todos os outros metais que têm o ferro como componente, devemos nos contentar com instrumentos de madeira.

Isto estaria correto, mas como cortaríamos e podaríamos a árvore, para dela recortar os utensílios desejados? Vede, aqui demonstramos que na esfera natural o ferro é um elemento primordial para a vida humana. Sem o ferro até o pão não mais poderia ser assado e o alimento dos homens se reduziria às frutas naturais. Já vimos, pois, como este metal é indispensável. Vamos ver como ele se origina.

Já sabeis - pela leitura de “Criação de Deus” - da movimentação dos mares e que, enquanto estiver coberto pela água do mar, este metal se aglomera no interior da Terra ou também em veios e corredores especialmente criados para isto, devido à influência do sal contido na água e pela influência dos astros.

Isto é verdadeiro. Sim, esta unificação é bem calculada, de forma tal que 14.000 anos futuros não serão capazes de esgotar este metal tão útil. Mas aqui ainda existe uma pergunta muito importante: Este ferro criado pela água do mar e pelos astros já é bastante para que dele fabriquemos todos os utensílios de que precisamos? De jeito nenhum! Eu vos digo: ele neste estado é ainda um fruto verde que possui dentro de si a capacidade de se tornar maduro e saboroso, mas enquanto verde não serve para nada.

Então, já que sabemos isto, sei que a pergunta será: “ Como é que o ferro amadurece?” A resposta – que vos pode ser dada por qualquer mineiro, ou botânico ou agricultor - é a seguinte: “ Com chuva e calor do sol tudo amadurece e fica bom”. E assim é...

A chuva é uma condição principal para qualquer tipo de cultivo, e o mesmo ocorre com o cultivo do ferro. Mas se a chuva fosse contínua, se durasse muito tempo, ela logo afogaria os frutos, tanto os vegetais como também o ferro, que seria consumido pela água e pelas rochas. Para que tudo evolua como deve, é necessário existir a Ordem certa.

Mas, quem foi por Mim designado a manter esta Ordem em todo e qualquer corpo do universo? E quem faz que a mesma seja sempre cumprida?

Agora podemos voltar a visitar nossa montanha principal. Vede como ela se eleva altaneira por sobre tudo, nos ares mais elevados, nas regiões das nuvens. Vede como ela é sitiada por milhares e milhares de pontas e agulhas de rochas!

Notai que esta rainha das montanhas tem um vastíssimo campo de ação para absorver a eletricidade e os fluidos magnéticos, muitíssimo maior que o dos pára-raios nos telhados de vossas casas.

A montanha é uma despensa onde se guarda a eletricidade e a matéria magnética. Mas quando ela começa a apresentar atividade, ela influencia tudo ao seu redor por meio das três formas de água (nuvens ou névoas, neve ou gelo e água líquida). Então ela dá a todos a sua correspondente quantidade de eletricidade e fluidos magnéticos.

Estas duas polaridades são, no mundo natural, a condição principal para o desenvolvimento correto de todos os vegetais, animais e também dos minerais.

Mas como nossa montanha-mãe é uma poderosa coletora de tais polaridades, aqui podemos mostrar com poucas palavras todos os minérios de todas as outras montanhas - suas subalternas – a ela devem seu valor, sua pureza, etc. E também estes minérios devem às geleiras o amadurecimento que necessitam, pois são as geleiras que regulam as temperaturas tanto nas montanhas (e seus interiores) como de todas as terras que lhe são subordinadas. Chamo novamente vossa atenção ao fato de que todos os benefícios e todas as bênçãos que vêm da montanha-mãe e de todas as cadeias montanhosas onde existe gelo e neve são eqüitativamente distribuídas a todas as regiões, por meio de seus filhos e filhotes. É assim que ela distribui também esta matéria eletromagnética.

Mas o que ainda existe atrás desta matéria eletromagnética e com que velocidade é distribuída em todas as direções, nós só conheceremos quando estudarmos o reino espiritual que esta montanha contém.

Por enquanto vamos nos contentar com o que recebemos até aqui. Ainda daremos um rápido complemento, no qual veremos que as mais abençoadas e as maiores e mais eficazes atividades de utilidade geral foram criadas nos campos eletromagnéticos das montanhas e lá sempre se encontram e encontrarão; mas lá a humanidade cega não está à procura e nem acha necessário procurar. E assim, partindo da montanha-mãe, uma atividade abençoada se estende sobre todos os povos e países, muito maior e eficaz do que as que vêm das cidades, onde dentre poucos resultados bons, muitos resultados ruins se nos apresentam.

È por isto que a montanha-mãe tem muito mais valor do que toda a indústria que existe na Terra.

Como terminamos a nossa lição - compreensível para o coração mas muito discutível para os matemáticos - na próxima revelação veremos a terceira utilidade do Grossglockner, que aqui representa todas as montanhas-mãe. Esta será a ultima, mas é a mais importante. Minha Bênção por hoje. Amém.


Capítulo 3

As montanhas como reguladoras das correntes de ar

Recebido por Jacob Lorber 06 de maio de 1842

Após terdes aprendido bastante sobre a utilidade do Grossglockner e quase considerardes esgotadas todas as atividades que ele nos apresenta, certamente que perguntareis: “ Que utilidade ainda podemos encontrar nesta montanha? E mais, que utilidade natural ela ainda pode nos dar?”

Eis uma boa pergunta, pois ela expressa que ainda esperais algo mais da montanha. Como Comigo jamais deixastes de vos satisfazer ante alguma dúvida ou questionamento, então este também vos será elucidado. Bem, prestai atenção: É de vosso conhecimento que a Terra roda sobre seu eixo, levando para isto 24 horas e um pouco mais. Também conheceis sua circunferência (além de 5.000 milhas) e a dividis em 24 partes iguais, que correspondem às horas e estas aos minutos. Então compreendeis que cada minuto é composto de muitas milhas. Agora imaginai ser a Terra uma bola lisa, sem montanhas e sem vales, e que está envolta em uma atmosfera pesada que na sua parte menor tem 10 milhas de altura.

Para que tenhais uma melhor visão, tomai uma bola de vidro e a colocai num recipiente com água, ou então sob raios solares que estão cheios de poeira, e girai esta bola sobre o seu eixo. Vereis que esta bola não atrairá nem uma gotícula de água nem uma partícula de poeira para sua superfície, a não ser que estes sejam atraídos pela eletricidade da bola e nela fiquem grudados, forçados a se movimentar na mesma velocidade que ela gira. Ao observardes esta experiência, vereis que tudo fica grudado na superfície só se houver a eletricidade. Vamos olhar, pois, nossa bola terráquea.

Respondei à seguinte pergunta: Que se daria se o invólucro atmosférico seguisse a rotação da Terra, por esta ser totalmente lisa? E se ele não acompanhasse este movimento, a que correntes de ar estariam expostos todos os seres vivos do planeta?

Se os pesquisadores da natureza já conhecem a velocidade das correntes de ar e constataram que, por exemplo, ela chega às vezes a uma velocidade de 26 metros por segundo, causando uma destruição quase total, o que aconteceria se estivéssemos expostos a uma velocidade de 5.000m por segundo? Quais seriam as conseqüências desta violência? Creio não ser necessário nenhuma resposta a isto. Já podeis imaginar o estrago; nem mesmo o musgo das rochas seria poupado, muito menos então qualquer outra criatura. E o que aconteceria com o mar sob tal corrente de ar? Podeis ter uma vaga idéia, se já observastes o mar sob uma forte tormenta. Montanhas de água se elevariam e logo cairiam... Então entendereis o Meu cuidado e Minha preocupação em colocar sobre a Terra as montanhas em uma ordem tal, que por elas o ar é obrigado a girar junto com o planeta Terra. Podeis perguntar por que então as montanhas não são todas da mesma altura e não estão situadas como meridianos, de um pólo ao outro?

Há três respostas corretas:

. Em primeiro lugar, as montanhas são assim porque Eu não desejo que elas tenham uma única e constante utilidade. Esta é a razão por que algumas são altíssimas, outras menos e outras quase que não se destacam da planície.

. Em segundo lugar, se todas as montanhas tivessem a mesma altura e se elas se estendessem em linha reta de pólo a pólo, então se criaria uma calmaria eterna, e logo as camadas inferiores apodreceriam, como acontece nas catacumbas subterrâneas. Podeis adivinhar o que aconteceria com a vida na natureza. Vede, esta é a razão por que aparentemente as montanhas estão espalhadas na Terra numa irregularidade total

Mas Eu vos afirmo que seu posicionamento se origina na aplicação exata de Minha Sabedoria. E assim, o ar tem sempre um espaço vago para estar em constante movimento; e estando sempre a se misturar e a se chocar, ele forma sobre toda a superfície terrestre a já mencionada eletricidade, ou melhor, o fluido vital. Este fluido sempre se renova e se conserva vivo, sem podridão.

Se considerardes isto tudo, então o posicionamento das montanhas sobre a Terra não mais vos parecerá desordenado e mal posicionado, mas sim conseqüência da maior sabedoria.


Capítulo 4

Razão de ser das luzes glaciais

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de maio de 1842

E qual a terceira razão por que as montanhas são tão diferentes em altitude? Eis a resposta que falta responder.

Esta terceira razão, porém, contém três justificativas, que são:

- Em primeiro lugar, os picos das montanhas altas têm que forçar as camadas altas do ar a se movimentarem junto com a Terra. Se existissem demais montanhas altas, então com o passar do tempo elas causariam calmarias nas partes inferiores, pois teriam movimentado demais o ar nas camadas superiores. Mas como só existem poucas montanhas altas, então a camada mais elevada da atmosfera é levada a mover-se somente em certos pontos, que assim acompanham a rotação da Terra. Mas as regiões atmosféricas que se encontram afastadas destas montanhas elevadas são levadas a mover-se em um movimento único, em todas as direções, como o que acontece quando puxamos um pedaço de pau n’água. Quando as águas que estão à sua frente, são arrastadas com ele, e nos lados se formam círculos e ondinhas em grande quantidade, que seguem o pedaço de pau bem mais devagar, mas estes círculos e ondinhas posteriores também movimentam estas águas arrastadas pelo pau. Os círculos geram verdadeiros redemoinhos que agitam as águas das profundezas, e as ondinhas agitam a superfície da água. Podemos dizer que este pedaço de pau, com o passar do tempo, agitou totalmente as águas de um lago de bom tamanho. Vede, este é o motivo mais importante por que só existem tão poucas montanhas elevadas.

- Quanto à segunda justificativa desta terceira razão, tenho certeza que já ouvistes falar das famosas luzes glaciais. O que tudo tem a ver com isto? Alguns cientistas consideram que esta luz se origina dos raios solares que vêm do amplo horizonte do Norte, mas isto é completamente falso e sem fundamento. Esta luz é puro efeito eletromagnético e se origina no atrito entre estes picos de montanhas elevadas e a atmosfera que os envolve. Então direis: “ Pode ser a causa, mas não vemos nisto qualquer utilidade. Se houver alguma, questionamos a pouca freqüência com que acontecem. Que proveito tem o habitante das planícies afastadas com estas luzes glaciais?” Se a utilidade estivesse somente na luz, teríeis razão em vosso questionamento, mas este não é o caso com esta luz glacial tão escassa. A luz aqui somente é uma aparição, a representação de uma enorme utilidade. Vamos explicar. Bem sabeis que para que a vida na natureza exista e se desenvolva corretamente, é necessária uma correta divisão do fluido eletromagnético. Se houvesse muitos picos elevados numa só região, estes absorveriam totalmente este fluido, e não sobraria nem um átomo do dele para chegar às planícies. Mas se estes picos não existissem, ninguém na planície estaria a salvo, pois estaria sempre em perigo de ser eletrocutado por um raio que apareceria do nada no ar. Vede, esta é a utilidade que possuem as luzes glaciais, mas elas são somente o fenômeno aparente da mesma. Perguntais o que de fato ganham as amplas planícies de regiões afastadas com os cuidados eletromagnéticos das montanhas elevadas... Todas os geleiras estão tão minuciosamente bem localizadas nos seus pontos, que se uma delas conseguisse se afastar dos mesmos por alguns instantes, a geleira se tornaria uma montanha de rochas nuas, como tantas que existem no mundo.

Que ela continua a ser uma geleira é motivado por se encontrar no exato ponto em que as correntes eletromagnéticas do pólo Norte se estendem até o pólo Sul (aqui estamos falando do “Grossglockner”). Esta corrente eletromagnética passa por todas as geleiras do Tirol dos Alpes Suíços, e só um braço secundário se estende ao Grossglockner; mas desta corrente vital ele absorve o suficiente para, com auxilio de outras geleiras subordinadas, vivificar não somente toda a Europa mas também boa parte da África.

Como as planícies não possuem a sua geleira própria, então por elas não passa uma corrente magnética de grande importância, mas para estas correntes de pouca importância existem montanhas menores em número e ordem justa, capazes de regular estas correntes menores.

Perguntais por que não há uma corrente eletromagnética uniforme que vá do pólo Norte ao pólo Sul. Então também tereis que perguntar por que o relâmpago não cai em linha reta e também por que ele não faz uma trajetória para destruir tudo num só golpe.

Então devolvo a questão: Por que só lá ou cá corre um riacho, um rio ou uma torrente? E por que não corre em linha reta e não se espalha em toda a planície que precisa tanto de sua água como as terras que se encontram a sua margem?

E novamente teríeis que perguntar “Por que existem tantos e tão importantes lagos em algumas regiões da Terra, enquanto que em outras não se encontra nenhum?” Haveria ainda milhares de perguntas sobre este assunto, mas estas três bastam para dar-vos conta do quanto mais sábio Eu sou do que todos os humanos e que também sei o porquê de tudo. Eu sei melhor por que Eu distribuí as correntes eletromagnéticas assim em unidades independentes e lhes impus um caminho definido, no qual nossas geleiras são as diretrizes do exato caminho e a exata distância a seguir. Bem, com isto teríamos explicado a segunda justificativa da terceira razão principal das geleiras, e ainda temos uma terceira justificativa a explorar.

- Eu vos afirmo que esta terceira justificativa é a mais importante e a mais funcional. Ainda acrescento que vos está bem próxima e a deveis encontrar quando tornardes vossos olhos naturais menos videntes e aumentardes a visão de vossos olhos espirituais. Mas cuidado em não vos fixardes nas longínquas estrelas, desconsiderando os cílios que protegem vossa visão.

Perguntais o que é então esta terceira justificativa, mas Eu vos peço que vós mesmos a tomeis em vossas mãos. Prestai, pois, atenção! Alguma vez já questionastes por que tendes somente dois braços e em cada mão só cinco dedos? E por que estes braços não são mais compridos e não possuem muito mais dedos? Ou jamais vos questionastes por que possuís dois olhos e dois ouvidos, quando mais pratico seria ter um olho na frente e outro na parte posterior da cabeça, além do que um ouvido na mão seria extremamente útil. Já pensantes por que nas árvores comumente só um galho sobe às alturas, enquanto que os outros ficam mais a nos indicar o caminho para descobrir a terceira justificativa? Para que existem olhos? Esta pergunta uma criança pode responder: Para com eles ver; ou melhor, para vermos as formas iluminadas dos objetos externos. Com esta resposta nós entendemos que, para esta função, dois olhos nos bastam. Agora a segunda pergunta: Para que nos servem os ouvidos? Outra pergunta fácil: Para que consigamos ouvir; ou melhor, para que consigamos detectar os movimentos e o lugar dos objetos que se encontram em nosso exterior como também em nosso interior. Com esta nova experiência, aprendemos que também para esta função bastam dois ouvidos, e até podemos dizer que muitos têm até demais com seus dois olhos e dois ouvidos. Bem, agora chegamos às mãos. Para que servem as mãos? A esta pergunta não é necessário dar resposta alguma. Que as duas mãos são necessárias para qualquer atividade física, isto já foi provado desde a época de Adão, especialmente ao vermos o que os homens fizeram e aprontaram com elas. Ainda não descobristes a terceira justificativa

Ouvi, pois! Da mesma maneira que uma pessoa, um animal, uma árvore, um arbusto e até uma planta precisa de extremidades (órgãos de contato) para se colocar em correspondência com o mundo exterior, a Terra também precisa disto. Pois é, nossas geleiras são os olhos, os ouvidos e as mãos da Terra, com os quais ela - na sua longa viagem em volta do Sol e por meio deste - entra em contacto com o sistema solar e toda a galáxia. Com relação à necessidade destas extremidades de contato, em primeiro lugar há a importância da visão, pois deveis saber que os planetas não viajam em seus planos sem nada ver. Eles não são cegos. Em segundo lugar, a Terra tem que se corresponder com o Universo, para acolher os frutos harmônicos dos grandes movimentos dos outros corpos celestes, do movimento do éter e da luz, bem como de todo tipo de correntes que nela se originam e fluem. Em terceiro lugar, a Terra precisa regularizar os seus movimentos com os dos corpos celestes e também realizar todas as atividades úteis antes mencionadas. Vede, esta é a terceira justificativa. E se estiverdes prestando bem atenção, vereis ser muito importante a razão da existência das geleiras, especialmente devido à quantidade bem pequena delas na Terra (comparadas com o grande número de montanhas menores e sem neve ou gelo). Bem, com isto podemos considerar terminada (para o vosso entendimento) a explicação da natureza e da utilidade das montanhas. Porém, não considereis isto um círculo completo e fechado, pois cada ponto aqui elucidado ainda tem muitas utilidades. Isto nos dá uma idéia da variedade de utilidades de cada uma destas montanhas-mães. Em verdade, um anjo com toda sua verbosidade poderia discorrer eternamente sobre este assunto e não conseguiria esgotá-lo.

Acho que não preciso dizer mais nada.... Mas mesmo com tantas atividades úteis e em comum que cada montanha realiza, todas elas são especiais. Estas atividades espirituais úteis vos serão explicadas mais adiante. Tudo vos será esclarecido de forma mais simples e clara. Vamos parar e meditar muito.


Capítulo 5

O espiritual e o material

Recebido por Jacob Lorber, em 11 de maio de 1842

Com todas estas revelações, tenho dito que a matéria que existe nada mais é do que um pensamento que se originou em Mim, e isto também se aplica às montanhas mais elevadas que aqui estamos estudando.

Qual é então a diferença entre o realmente espiritual e o seu oponente, a matéria, pois ambos se originam na mesma fonte: a Minha Vontade? Quanto à produtividade, não existe nenhuma diferença, mas quanto ao ser, ao existir, aí é que está a grande diferença. Isto certamente vos causará estranheza, mas observai um artista! Qual é a fonte de todas as suas produções? A única resposta seria: “ Exclusivamente a sua vontade; o que com outras palavras podemos dizer: Tudo o que ele realiza tem que ser desejado por ele antes, pois sem esta fonte muito dificilmente ele produzirá algo ”. Mas será que uma vontade única e exclusiva terá que produzir somente um produto único ou exclusivo? Não, pois o amor desenha as modificações dos produtos e a vontade só diz “Que assim seja.”; então se faz o que o amor antes tinha desenhado.

Eis o que acontece Comigo. Meu Amor Infinito cria as formas, e a força do Amor, que se chama Vontade, faz com que elas se realizem. A uma parte desta força, seguindo o desejo do Amor, é outorgada uma liberdade cada vez maior e cada vez mais viva. A matéria corresponde ao Amor segundo Minha Vontade, porque ela é a última base, só que condensada, de tudo o que é espiritual e é, em comparação ao Amor, aquilo que é chamado: “Minha Compaixão”. O espiritual, no entanto, corresponde à liberdade viva de Meu Amor e é aquilo que se chama “Bênção ou “Ter a Consciência Própria de Si Mesmo”. É a essência de todo ser livre, que se origina da vida livre de Meu Amor e que espiritualmente é igual a Mim. Desta preleção podereis então concluir que em todo lugar onde houver qualquer tipo de matéria, definitivamente lá também deverá existir o espiritual correspondente; pois se a matéria é uma compaixão, esta não pode existir por si só como um meio de resgate, mas sim deve existir para uma potência maior para a qual esta misericórdia se direciona. Ou por acaso vós vos compadecestes da compaixão por si só? Mas se vós vos compadecestes por algum outro, então certamente “Minha Compaixão” existirá para alguém mais e não só para si mesma.

Com isto apresentamos a necessidade da matéria para que exista uma potência mais elevada. Mas onde é que esta “potência mais elevada” deve se localizar? Esta é uma pergunta bem importante. Se por acaso existir uma pessoa necessitada e ela se encontra em um local a Oeste, e vós - com vossa compaixão - desejais ajudá-la. Para onde iríeis, para Leste ou ao local onde a pessoa necessitada se encontra? E ao localizá-la, não permaneceríeis junto dela com vossa misericórdia? Ao observardes bem esta questão, concluireis com acerto que um asilo de pobres sempre está ocupado de pobres. E é isto que acontece com a matéria e as potências espirituais, pois elas se abraçam e uma possui a outra.

Mas como a Terra é de fato um asilo de pobres bem grande, sabereis com certeza que um asilo bem grande consegue abrigar muito mais pobres que asilos pequenos. Isto também acontece com a grande e exuberante montanha. Mas como ela é tão grandiosa, ela certamente será uma instituição grandiosa; ou melhor, ela é um enorme pedaço de Minha Compaixão. Vede como ela se estende altaneira e soberba em varias direções, coroando com seu cume todas as montanhas que dela se originam. Ela é de fato uma rainha entre as rainhas. Nós já observamos o aspecto natural desta montanha e a grandeza de sua utilidade. Mas, seriam todas estas suas atividades e todas suas ações possíveis, se não existissem junto à sua natureza potências espirituais que libertassem todas as estações? Ou haveria de fato um resultado sem a assistência do poder e das forças espirituais? Vede, estas forças são as potências espirituais que tornam possível tudo isto se realizar.

Vede a seguinte pergunta: Será que estas aparições naturais de tanta utilidade e que se originam na montanha são o motivo mais importante das potências espirituais que habitam ou são vizinhas da mesma, ou será que elas são somente um objetivo secundário pelo qual são atraídas as potências espirituais, para que estas então realizem um objetivo diverso? Com este exemplo, respondo a questão: Qual é o objetivo que se procura na queda das sementes no solo? É a semeadura em si, ou será que existe um outro objetivo mais elevado na semeadura? De fato, com a deterioração das sementes o solo é adubado e assim ela se torna cada vez mais produtiva; mas com certeza direis: “Semeamos o trigo na terra para que dele se origine a planta que formará o cereal do qual obteremos o pão. E assim descobriremos o motivo principal da semeadura: a reprodução do alimento.” E é isto também que as montanhas nos apresentam. Sob um ato secundário, devemos descobrir o que de fato é o objetivo principal do mesmo. Não é só toda a sua atuação na natureza, pois já disse que um único átomo espiritual está muito, mas muito acima de sua completa utilidade na natureza. Bem, considerai tudo isto como um prefácio ao que vos direi a seguir. Sem este prefacio, não entenderíeis o que está à nossa espera.


Capítulo 6

Luta dos espíritos na natureza

Recebido por Jacob Lorber, em 12 de maio de 1842

Se olhardes para as mensagens que Eu já vos dei com respeito ao mundo natural, especialmente no que se refere à vida animal - vede em “A Terra e a Lua” - podereis compreender por que nossa montanha foi chamada de um enorme e excepcional asilo de pobres.

Também deveis saber que muitas almas e espíritos com grande tendência mundana ainda permanecem neste planeta onde antes habitavam encarnados. Estes espíritos estão cheios de ódio, raiva e maldade, pois tiveram que abandonar a vida material da qual tanto gostavam e agora querem se vingar de qualquer maneira. Apesar de não conseguirem ver a Terra ( como qualquer espírito, não conseguem ver nada que está fora deles, mas sim somente aquilo que está dentro deles ), devido à sua intuição interna eles sabem muito bem onde ou em que regiões da Terra eles se encontram. E como eles, por serem espíritos, se encontram em dissonância com as potências naturais, eles se retraem e se unem às mesmas, para prejudicar de qualquer maneira aqueles que os forçaram a abandonar a vida mundana, em sua opinião, cedo demais. Como espíritos, sabem muito bem que as montanhas altas são seus vizinhos, e assim adoram permanecer nas suas proximidades.

Imaginai o quadro, já que não podeis realmente ver esta nossa montanha... Então vislumbrareis que em volta das massas de rochas que se elevam a boa altura, em seus contrafortes, curvas e gargantas, não raramente aparecem nuvens escuras como chumbo que se elevam. Quando estas nuvens alcançam o pico mais elevado e conseguem ver nossa montanha maior, imediatamente se recolhem e não saem deste esconderijo, mesmo com um vento bem forte. Vede, isto já é um sinal bem evidente da presença destes espíritos malignos e rancorosos, e que já se encontram mancomunados com as potências naturais. Mas, se elevardes vossos olhos para os brancos campos próximos aos picos, podeis lá ver, quase sempre, névoa e nuvens brancas, de uma brancura ofuscante. Esta névoa e nuvens também são espíritos, mas espíritos bons. Acima deles estão os evoluídos anjos de proteção que flutuam lá nas alturas, enquanto que um pouco mais abaixo encontra-se um tipo de nuvem de forma linear, esta também de espíritos do bem, mas que não estão totalmente maduros para as alturas e ainda precisam conquistar o seu lugar lá, tomando conta com fidelidade, guardando bem seus postos e, às vezes, entrando em lutas descomunais contra os espíritos malignos.

Se estivésseis numa região tal e pudésseis observar por vários dias esta brincadeira nebulosa, jamais poderíeis imaginar que estes elementos tão vaporosos são capazes de lutar ferozmente entre si. Mas, se tiverdes tempo para aguardar até a chegada de uma verdadeira luta entre estas potências tão leves, podeis estar certos que durante a luta morrereis de pavor ante tal violência.

Como é que se chega a uma luta? Qual é o motivo mais comum que causa a luta? Se conhecermos a causa, então o motivo da mesma logo se apresentará aos nossos olhos.

Vede, os espíritos maus que já foram mencionados anteriormente se ocupam com pensamentos de vingança e buscam se apoderar deste trono caridoso (o cume da montanha) que cuida das terras sobre as quais reina. Então, das suas alturas, planejam disseminar muita desgraça em todas as direções. Por esta razão, eles se amotinam nas profundezas de seus esconderijos e fazem pequenas incursões de reconhecimento, para verem como está a guarda e a ocupação do trono. Se eles vêm que ele está um pouco descoberto, a mensagem voa para todos os lados. E em qualquer lugar onde houver um pico rochoso, lá imediatamente grandes massas de nuvens escuras começarão a sair e elevar-se. E onde até o momento o céu estava totalmente limpo, muitas vezes, em poucos instantes, ele estará coberto destas nuvens escuras que se movimentam em todas as direções e que visam se apoderar do trono, tentando enganar os guardiões do mesmo com seu movimento.

Nestas ocasiões, nossa montanha principal estará totalmente livre de nuvens ou névoa por alguns instantes, pois logo que os guardiões vêem estas artimanhas, eles se escondem. Quando os lideres destes espíritos malignos vêem que o trono está vazio, eles mandam que suas tropas se elevem o mais alto possível e então se atirem sobre o trono desprotegido, a fim de esmagar ou aprisionar tudo o que encontrarem pela frente.

Elas então se atiram contra o cume da geleira com tal velocidade e avidez, que mesmo em pleno dia os habitantes das planícies vizinhas precisam acender as luzes. Então tudo fica extremamente quieto, pois os espíritos acham que desta vez venceram. Mas esta calmaria dura 77 (setenta e sete) minutos no máximo. Então observareis massas de nuvens brancas a se juntarem dos abismos de neve e gelo. Estas se estendem por baixo das nuvens escuras e quando alcançam uma espessura e uma superfície bem expressiva sobre as costas, forçam passagem cada vez mais para o alto.

Quando a turba negra descobre este movimento, ela se separa em alguns lugares, para que as nuvens brancas as ultrapassem. Isto é do conhecimento dos espíritos brancos, e eles sabem o que os maus pensam: “Podeis ir, quando estiverdes totalmente fora, então veremos quem será o dono do trono ”. Quando então as nuvens brancas ultrapassaram quase que totalmente as negras, elas, numa rapidez incalculável, se estendem e aprisionam cada um destes espíritos malignos em suas malhas.

Mas quando os espíritos maus, que já pensavam ser os donos do trono, recebem a notícia que foram praticamente todos aprisionados ou então estão sitiados pelos espíritos bons, eles se irritam ao extremo e começam a concentrar ao seu redor todas suas tropas, para à força romper o cerco. É neste momento que começa de fato a luta.

No principio observareis um tremendo clamor e rugir entre as massas de nuvens negras. Este clamor e rugir se origina na aglomeração das tropas e no constante aumento de sua raiva. Mas, quanto mais elas se esforçam em abrir uma saída, tanto mais elas são oprimidas pelos guardiões. Então, na sua ira, as camadas de nuvens negras começam a se inflamar, e daí assistiremos a uma cena incendiária, onde muitas vezes milhares de descargas elétricas acontecem num único segundo. Estes relâmpagos vão a todas as direções, com trovões ensurdecedores, para tentar mandar a massa de nuvens brancas para as alturas e para baixo em direção ao solo, na tentativa de destruir os lideres e acabar com o trono dos guardiões.

Vede, este é o primeiro movimento. Mas quando os espíritos bons se dão conta que os espíritos maus estão quase sem munição, eles se jogam contra a massa escura, os aprisionam e os oprimem até ficarem feito pedras. Então os jogam lentamente ao solo da Terra e, claro, que contra a grande parede gelada do trono também. Mas também acontece para distâncias maiores, onde as pedras são bem menores e há queda de enormes blocos de gelo, às vezes com tal freqüência que um bloco segue o outro coladinho.

Quando desta maneira a turba negra se encontra vencida e no chão, então acontece uma chuva que é composta por espíritos pacificadores que se derramam sobre estes vencidos. Finalmente um vento frio e cortante é liberado e amarra desta maneira os vencidos ao gelo do trono. Com isto eles são levados a uma calmaria na qual, com o passar do tempo, começam a querer melhorar. Neste momento as amarras geladas se soltam e se transformam em água, e é assim que é dada novamente a liberdade a estes espíritos já humilhados. Se melhoram, então lhes é permitido permanecer nas fileiras mais baixas dos espíritos pacificadores. Se não melhoram e praticam novamente um ataque, o que acontece com bastante freqüência, são novamente aprisionados, mas o aprisionamento fica mais longo a reincidência. Vede, esta é a primeira cena espiritual que se apresenta, mas ela só acontece onde existe um trono, ou onde se supõe existir um. Mas este não é o único fenômeno natural dos acontecimentos. Os outros são mais intrínsecos e se manifestam mais nos sentimentos daqueles que podem escalar uma montanha, ou ao menos subir suas camadas inferiores.

Mas, para não alongarmos demais nossa lição sobre esta montanha, vamos observar somente mais duas situações e logo iremos para a parte evangélica, que para vós é a mais importante. Vamos, pois, descansar por hoje.


Capítulo 7

Meios para a humilhação e educação

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de maio de 1842

Da mensagem que ontem recebestes foi vos dito que os espíritos maus seriam aprisionados e que este encarceramento seria para lhes dar um tempo de calma e de meditação. Se eles, após um determinado tempo, melhorassem, então haveria duas alternativas a seguir: 1 – eles seriam utilizados nas camadas mais inferiores, como espíritos pacificadores; 2 – a eles seria dado um outro período de liberdade, onde estariam sendo testados. Mas temos que ver para onde são mandados estes espíritos , quando deixados em liberdade.

Vede, quando as potências espirituais da natureza se diluírem em água corrente, então estes espíritos libertos serão ligados a esta água de uma maneira quase espontânea, quase que sem imposição; mas eles deverão acompanhar a corrente de água até o mar. Certamente perguntareis: “ Por que isto?”

É o mesmo que acontece quando alguém na Terra causa um dano. Então as autoridades o prendem, fazem-no repor o prejuízo causado e ainda lhe impõem um castigo para que melhore sua índole. Além disto, o responsável ainda deve pagar um penhor para indicar seu arrependimento.

O mesmo acontece com os espíritos em estado de liberdade no mundo espiritual, onde tudo é muito mais exato e carece de mais escrúpulos, do que no mundo material. Devem pagar qualquer tipo de dano que causaram, ou que tinham a intenção de causar, até o último centavo. Além disso, ainda devem fazer penitência para compensar sua vontade maligna. Só então, após terem passado por cada uma destas etapas completamente, é que poderão ser aceitos no primeiro degrau da evolução espiritual.

Novamente perguntais: “ Mas como estes espíritos podem remediar no mar o que fizeram ou tencionavam fazer na Terra, numa região bem afastada dos oceanos?”

Na natureza certamente será muito difícil conseguir isto, especialmente se considerarmos o mar material; mas, em espírito, onde só quem for bom consegue remediar algo, esta visão atesta que os espíritos neste estado devem se humilhar totalmente, para só então poderem realizar algo bom pelo dano causado. E como o mar e seu fundo são os locais mais baixos da Terra, então estes ‘heróis” devem fazer esta jornada de penitência. Com o passar do tempo, baseados nesta sua nova humildade, começam a subir a escada dos espíritos renascidos e a entrar nas regiões onde possam cumprir sua missão.

Perguntais: “ Tais espíritos realmente melhoram após esta viagem de penitência?”

Pois bem, existem vários degraus de melhora: Alguns melhoram já na jornada e podem abandonar esta estrada molhada e retornar, quando então serão examinados. E se não houver nada de mau neles, serão aceitos. Isto podeis observar nas manhãs, quando uma névoa branca se eleva dos riachos, rios, lagos, etc. Serão elevados pelo Sol e pelas potências naturais para as regiões altas, mas eles logo abandonam estas potências da natureza e se tornam invisíveis aos olhos materiais.

Outro grupo de espíritos é aquele que à noite foge da corrente líquida que o levará ao mar e em forma de névoa cinza se oculta nos abismos, barrancos e gargantas das montanhas, aguardando realizar um novo ataque. Um terceiro tipo de espíritos é aquele que de fato faz a jornada até o mar, mas ao lá chegar ele se aglomera em grupos (com seus iguais em maldade) e se solta sobre os mares qual fúria. E ai do navegante que cair em suas mãos, já que terá dificuldade para conseguir escapar com vida (vida material) durante tal tormenta. Mas quando estes maus espíritos se dispõem a fazer tal maldade, eles enviam uma ou duas nuvenzinhas, estas que o navegador experiente conhece bem, para observar se algum espírito pacificador se encontra nas cercanias. Se alguns destes espíritos pacificadores são avistados, então estas nuvenzinhas desaparecem imediatamente, e a tormenta não acontecerá ou será bem suave.

Mas se estes espiões malignos não vêem nenhuma tropa inimiga, então as nuvens se elevam bastante e em poucos minutos o céu sobre o mar estará coberto delas, especialmente das negras, das quais fortes rajadas de vento agitam o mar e milhares de relâmpagos e raios são jogados sobre os espíritos que iniciaram seu caminho para a redenção. Mas como sempre, este ato de rebeldia acabará mal para os espíritos maus. Em velocidade incrível, exércitos de espíritos pacificadores são enviados contra eles, os aprisionam, os jogam ao mar em forma de granizo ou chuva forte e aproveitam a intervenção para libertar do cárcere voluntário todos os espíritos que já se redimiram. Os malvados que só eram subordinados serão enviados para o pólo Norte, enquanto que os comandantes, que se achavam os maiorais, deverão permanecer por longo tempo no gelo inclemente do pólo Sul.

Vede, assim acaba a apresentação destes espíritos. Os maus serão colocados em seus devidos lugares, mas os redimidos serão aceitos e utilizados em ações positivas. Quais são estas ações?

Como primeira tarefa, estes espíritos serão enviados às pastagens, tanto nas montanhas como na região onde elas terminam para dar lugar às rochas. Lá eles devem cuidar para que a natureza continue sempre a mesma, e devem preservar as plantas e rochas. Por isto devem umedecer tudo de uma forma igual, para que a umidade dos poros sempre se mantenha e do interior da montanha sempre flua água, para evitar que as rochas se deteriorem e possam sempre manter a firmeza necessária; além disso, o fluxo deve levar as pedras soltas às profundezas, para que lá, lentamente, consigam sua redenção.

Se eles deixarem passar qualquer uma destas preocupações, pode acontecer que os espíritos malignos traiçoeiramente lhes preparem uma rasteira: soltam um enorme bloco de rocha e o jogam para o vale, mas isto só acontece quando há um levante de importância. Quando acontece tal descuido, os espíritos redimidos devem rapidamente tomar o bloco de rocha e levá-lo a um local onde não possa fazer mal, ou então têm que levá-lo a um riacho, rio ou lago, para que os espíritos que se encontram no bloco e ainda não estão prontos não consigam uma liberdade prematura, pois se isto acontecesse significaria o fim de todo o planeta Terra. Encontrareis, pois, este tipo de rochas no leito de rios, num fosso, numa fonte, ou então enterrado até a metade e encoberto de musgo.

Esta é a razão por que centenas de rochas totalmente diferentes das rochas locais são encontradas no leito de rios e lagos, onde não existe nenhuma montanha ou serra rochosa a quilômetros de distância.

Os pesquisadores aqui dirão: “ Que coisa mais tola! Isto é obra da água que faz isto pelo seu peso que aumenta quanto mais rápida e alta é a queda !”

No mundo material, eles têm toda razão, do mesmo modo que aquele que diz que duas vezes dois é igual a quatro; mas será que o matemático sabe o que de fato se encontra neste produto? Ele certamente conhece o número de coisas idênticas que se lhe apresentam à vista e ao entendimento, mas será que ele conhece o intrínseco das coisas que ele contou para chegar ao produto? Será que ele consegue calcular a infinita pluralidade e a diversidade das partes e das forcas necessárias para a criação de algo?

De fato, se ele conseguisse isto, se daria conta de como era superficial o seu cálculo, quando conseguia o quatro como produto de partes idênticas.

Pois bem, nosso pesquisador é bem pior do que nosso matemático, ao afirmar suas teorias. Pois aquele certamente vê a água correr, mas não o que é necessário de peso e condicionantes para alcançar e dar a ela o grau correto de velocidade em cada ponto. Vede, isto será um pouco invisível demais para o nosso pesquisador minimista. Que a água se movimenta segundo a inclinação natural de seu leito, isto até um leigo sabe. Mas como se leva água às alturas dos morros e montanhas, como ela é coletada e reunida, para depois fluir morro abaixo? Esta já é uma outra pergunta. Aqui também tentarão explicar com a teoria da pressão interior e da atração variável; mas quando Eu então perguntar: Quem aplica tal pressão interna e de quem se origina a atração das várias matérias? Tenho certeza que não haverá uma resposta plausível. Eu vos apresento este assunto para que a primeira tarefa dos espíritos já anteriormente mencionados não vos pareça tão estranha. Podeis ter absoluta certeza que na Terra nada, mas nada mesmo acontece sem intervenção dos espíritos, tanto bons como maus.

Se fordes de vez em quando a uma pradaria nas montanhas (coisa que vos seria de grande utilidade) encontrareis lugares que parecem totalmente destruídos e vos sentireis muito incomodados. Achareis que tudo ali está enterrado e morto; mas é justamente o contrario, precisamente lá é que tudo está mais vivo, lá é que os espíritos mencionados têm o maior trabalho, têm as maiores preocupações e têm que estar totalmente em guarda, para que, com o passar do tempo, tudo volte ao equilíbrio e à ordem. Mas nos locais onde vos sentirdes bem à vontade, cheios de amor, um lugar, por exemplo, cheio de flores e plantas verdejantes, lá já habitam espíritos mais desenvolvidos, mais pacíficos, cuja tarefa é bem mais calma, mas ao mesmo tempo espiritualmente bem mais maravilhosa do que a anteriormente mencionada. Mas se conseguirdes chegar a elevações tais onde já se encontra a neve e o gelo eterno, quando o ar fresco é extremamente puro e tudo material se vos torna insuportável com o correr das horas, lá começa a primeira camada de atuação dos espíritos perfeitos, ou, como costumais dizer, lá o Céu e a Terra se dão as mãos de forma bem visível, pois o frio terrestre significa a total ausência do amor próprio. Assim sendo, o grau mais elevado de sensibilidade é tomado naturalmente, quero dizer, do espiritual indo ao material.

Aquele que já teve a sorte de subir a um lugar como este, viu com seu corpo o umbral inferior do Céu. Perguntais : Como? Como devemos entender isto?

Eu vos respondo: Quem entender isto, este logo terá o seu “como” bem esclarecido. O local da Terra que mais se aproxima do Céu é lá onde a cobiça humana não mais existe, onde o amor próprio é desconhecido, onde não mais existem cercas demarcando propriedades, onde ninguém processa o outro pelo “meu” e “teu”. Podeis experimentar pedir como propriedade mil hectares de uma geleira, podeis de fato vos estabelecer em um enorme campo de neve sem pedir permissão a autoridade alguma, e Eu tenho certeza que ninguém vos questionará pela apropriação daquele lugar. Com este esclarecimento facilmente compreendereis o vosso “como”, pois caso o Céu tocasse a Terra materialmente, então a vida no planeta acabaria no mesmo instante e também o planeta em si. Mas será que o Céu pode tocar a Terra de alguma maneira, quando esta está tão profanada pela gula e cobiça? Pois é este o motivo por que os pontos de encontro entre Terra e Céu só podem se dar em locais onde não existe um só átomo da alma humana. Eis a razão por que esta nossa montanha é um destes pontos de encontro. E mesmo que alguém desejasse construir algo no seu cume, onde a cobiça de um único homem se manifestasse, os espíritos guardiões imediatamente tomariam providências para que estas habitações desaparecessem no nada. E é desta maneira que um lugar assim puro será purificado pelos espíritos puros.

Contatos entre Terra e Céu seriam aqui um tipo de percepção espiritual que ultrapassa o campo normal dos espíritos primitivos, mas que lhes permite visões materiais de vez em quando. Então só nos resta um único tipo de percepção, qualidade de pouquíssimas pessoas. Este fenômeno nós veremos na próxima vez e logo em seguida passaremos ao aspecto religioso.


Capítulo 8

Meios para a evolução dos espíritos primitivos

Recebido por Jacob Lorber, em 19 de maio de 1842

Com relação à terceira categoria de espíritos, esta também se subdivide em três tipos diferentes: um tipo inferior, um médio e um superior.

Ao grupo inferior pertencem todos aqueles espíritos que habitam o interior das montanhas e que lá cuidam da ordem das fontes de água, dos metais, como também das rochas. Estes espíritos do tipo inferior são novamente divididos em três espécies: os espíritos do fogo, da água e da terra. Estes espíritos não são nem maus nem bons, eles são um simples meio de equilíbrio entre o bem e o mal. Esta é a razão pela qual são utilizados: os espíritos do fogo, para ferver os metais; os da água, para reprimir aos espíritos do fogo; os da terra e das rochas, para manter os outros dois nos seus devidos limites.

Quem desejar se certificar da existência destes espíritos, que converse com os mineiros pobres e simples. Entre cem homens, noventa afirmarão ter encontrado duas ou três vezes em sua vida tais espíritos, que são chamados de duendes das montanhas. Estes espíritos aparecem mui raramente na superfície, pois seu habitat interior é cheio de atividade e lhes é muitíssimo mais atraente que o “exterior sem substância”, como eles denominam a superfície da Terra. Mas não deveis pensar que a matéria lhes é um entrave para sua movimentação; não, isto nada é para eles. Para qualquer lugar que um destes indivíduos quiser ir, ele atravessa água, fogo ou rochas com muito mais facilidade do que vós atravessais o ar. Pois lá onde enxergais a matéria, este espírito só vê a substância (o espiritual) da mesma. Só isto é algo para ele. A matéria grosseira nada é para ele e nem existe.

Da sua utilidade podeis vos convencer pela tarefa que executam. Porém não devem ser jamais desafiados a executar alguma tarefa milagrosa ou extraordinária, nem pelos incrédulos nem pelos que neles acreditam. Se isto acontecer em algum lugar, ai das pessoas que o fizeram, pois eles estão sempre dispostos a se vingar.

Ai daquele que cair em suas mãos. Aos crédulos eles castigam com todos os meios ao seu alcance; mas aos incrédulos não raramente enchem-nos de medo e pavor, ou então lhes causam doenças quase sempre incuráveis. Mas quem neles crer e for uma pessoa mansa e humilde, nada tem a temer, muito ao contrario. Caso se perca em alguma caverna subterrânea ou em algum túnel nas montanhas, quase sempre eles indicam o caminho certo para a saída. Tudo isto vos será confirmado por mineiros ou outros habitantes das montanhas. Por mais distantes que forem as regiões em que questionardes os montanheses, a resposta será sempre coincidente. Este é, pois, o tipo ou grupo inferior dos espíritos da terceira categoria.

Sob que aspectos todos estes espíritos se apresentam no verdadeiro mundo espiritual só vos será esclarecido quando chegarmos à parte evangélica desta mensagem. Vamos, pois, olhar o segundo tipo de espíritos da terceira categoria. Este tipo de espíritos trabalha em geral na superfície da Terra e existem inúmeros deles. Uma parte deles tem a responsabilidade sobre todo o reino vegetal e espíritos ainda não libertos que estão nas plantas. A outra parte destes espíritos toma conta do mundo animal e tem a mesma tarefa com este, como os primeiros espíritos aqui mencionados têm com o mundo vegetal. Tudo devem observar nos reinos animal e vegetal: seus formatos, suas tarefas e suas naturezas. Cada um destes espíritos tem muitíssimo pouco tempo para se preocupar em se tornar visível inutilmente. Sua contínua atividade não lhe permite este desperdício de tempo e energia.

Apesar disto, dentre os pastores humildes das montanhas, muitos já viram estes espíritos, e até com alguma freqüência. Estas pessoas vos poderão contar algumas pequenas historias: como estes espíritos tornaram uma pastagem opulenta da noite para o dia, como protegeram seus rebanhos de desgraças em noites tormentosas e como as protegeram de quedas fatais.

Alguém com menos fé não os consegue ver, mas sente sua presença quando está caminhando em amplas regiões montanhosas, especialmente nas florestas nativas, nas pradarias e também quando estiver atravessando por rebanhos de cavalos, vacas, cabras e ovelhas. Esta presença se manifesta por um sentimento sinistro, geralmente seguido por calafrio. Se alguém já experimentou isto, pode ter certeza que se encontrou no meio destes espíritos e que eles se apresentaram a ele daquela forma. Recebereis mais informações sobre a qualidade e competência destes espíritos na parte evangélica desta revelação.

O terceiro tipo da terceira categoria de espíritos quase que não se apresenta. Ele não aparece nem pela sua atuação e muito menos pela sua essência. Qual é o âmbito dos espíritos deste tipo? Eles estão encarregados de orientar, direcionar os ventos e o ar, por isto são comumente chamados de “espíritos do ar”. Se observardes a direção dos ventos, especialmente aqueles que vêm do Noroeste, sobretudo por volta da meia-noite ou às vezes uma ou duas horas após o pôr do Sol, podereis observar dois tipos de influência: uma se apresenta na forma de um tremor e a outra é aquele que inquieta os animais domésticos, especialmente cães, gatos, galinhas e cavalos. Eles são de fato espíritos servidores, ou, como costumais dizer, espíritos serviçais.

Mas se elevardes vossos olhos para as maravilhosas formas das nuvens, podeis ter certeza que estas se modelam pela influência destes espíritos. A nuvem não é composta por estes espíritos, mas quanto à sua forma, esta sim é resultado da atividade que estes espíritos (os do ar) lhe impõem. Geralmente os espíritos das nuvens são de má índole e de uma categoria inferior. Eles só conseguem apresentar a forma que os espíritos do ar lhes permitem. Aqui, pois, só vamos ver o efeito da atuação, mas não os espíritos que estão atuando (já no éter).

Outro grupo bem mais elevado de espíritos é visível no que conhecemos por “fata-morgana”, uma aparição extremamente rara e etérea. A aparição acontece da seguinte maneira: Quando os espíritos do éter conseguem levar à parte superior da atmosfera a mais absoluta calma, então a superfície pode refletir figuras ou formas, como se fosse a superfície de um lago límpido e calmo, como um espelho. Mas se a atmosfera estiver em constante movimentação, como um lago encapelado quando a superfície for agitada pelo vento ou pelas marés, então podemos esquecer a “fata-morgana”. A este respeito já tivestes explicações em revelações anteriores (Dádivas do Céu). Porém, isto não significa uma repetição de ensinamentos, mas sim um intróito, para que entendais o fenômeno do ponto de vista espiritual. A razão espiritual já foi dita aqui. Vamos entender por que acontece: é para que os espíritos pacificadores que se encontram nas partes elevadas do éter consigam observar, identificar as atividades e descobrir as intenções ocultas dos espíritos maus que se encontram nos precipícios, cavidades e rachaduras das montanhas, ou se estes espíritos já se elevaram na forma de nuvens que já conhecemos. Não deveis pensar que estes espíritos já tão evoluídos não conseguem ver tudo o que acontece nas nuvens (que são matéria) com seus olhos espirituais e identificar as artimanhas dos espíritos maus, mas sim deveis reconhecer que esta calmaria na superfície atmosférica é conseqüência da vigilância atenta a que os espíritos pacificadores submetem os maus. Existem pessoas que já conseguiram ver exércitos se digladiando na atmosfera. Eis também um tipo de “fata-morgana,” mas de extrema raridade. Isto acontece da seguinte maneira: quando conseguirdes vislumbrar bem no alto da atmosfera as nuvens que chamamos de “ovelhinhas” e entre elas também virdes as já conhecidas nuvens escuras, então o retrato destas nuvens escuras se espelha nas “ovelhinhas”. Este é o começo da visão. Se esta visão durar por alguns minutos, então um observador atento poderá ver nela uma variedade de figuras ou seres bem definidos, às vezes como animais enormes e incríveis ou em forma de guerreiros indo para a luta, numa luta, ou então se exercitando para lutar. Então perguntareis como estas figuras refletidas se formam na superfície aérea em calmaria.

Eis como isto acontece: Quando os espíritos das regiões mais baixas detectam tal calmaria sobre si e não recebem nenhuma perturbação, eles tomam a parte material das nuvens substanciais e formam corpos para si, na ilusão de ficarem mais fortes e resistentes. Mas eles se ocultam dos olhares das pessoas, para que estas não tenham tempo de se abrigar em Meu Nome ante a visão destes espíritos maus. Eis por que eles assim se comportam somente na parte superior das nuvens e deixam que a face voltada para a Terra fique inalterada.

Quando a grande calmaria se faz sobre eles, então suas atividades malignas se tornam visíveis, pois eles realmente criaram um corpo para si das nuvens e da atmosfera que os envolve. Mas esta traquinagem de nada lhes vale, pois quanto mais tentam se fortificar com seus corpos, tanto mais são descobertos e examinados pelos espíritos pacificadores. Em curto espaço de tempo, são agarrados e jogados para a Terra ( o vosso irmão que escreve estas mensagens teve uma destas visões na segunda-feira passada ).

Vede, este é outro tipo de espíritos, que junto a outros espíritos pacificadores pode permanecer nas alturas da atmosfera, às vezes nas partes altas das geleiras e, se necessário for, se estendem sobre todas as partes da Terra, na rapidez do pensamento. Não deveis achar que as figuras que vedes na parte superior das nuvens são espíritos primários, nem são os pacificadores, mas sim são aqueles espíritos etéreos que causam a calmaria na atmosfera e que são raramente vistos pelos olhos do homem. Informações sobre a tarefa e a utilidade deste tipo de espíritos etéreos vos serão dadas na parte evangélica desta revelação. Existem sim espíritos mais evoluídos e elevados: são os que dirigem o andar dos mundos e dos sóis, e finalmente os outros espíritos ainda mais evoluídos que são orientados para ficar com os humanos. Mas eles são uma categoria totalmente diferente com relação à ordem do mundo e por isto não podem ser apresentados aqui.

Com isto acabamos a parte espiritual desta nossa montanha (Grossglockner), como também de todas as outras geleiras e montanhas cobertas de neve eterna. Na próxima vez entraremos diretamente na parte religiosa. Então basta por hoje!


Capítulo 9

A influência de uma escalada de montanha no despertar do espírito

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de maio de 1842

Para que possamos nos habituar com a parte religiosa desta mensagem, deveis ficar mais familiarizados com o formato das montanhas. Para isto, seria de bom alvitre que vós mesmos escalásseis estas montanhas, ou então que estudásseis com muita atenção algumas fotografias das mesmas, pois na diversidade de suas alturas, no formato de seus cumes e derivados, nos seus abismos, cavernas e vales é que o sentimento interno será despertado e o espírito procurará, na visão da montanha, abrir sua própria visão e meditar.

Que isto é verdade testemunha a ansiedade que se sente ao escalar uma montanha, de conseguir alcançar o cume o mais rapidamente possível, ou então o desejo que se apossa da pessoa em escalar a montanha ao vê-la.

Perguntai a vós mesmos o porquê desta ansiedade! Pensais que é devido ao desejo de usufruir a vista de lá, ou de alcançar algum benefício material? Ou então a ânsia de respirar ar puro? Quem isto afirma está quase que totalmente enganado. Com respeito à vista, ela é bem agradável aos olhos materiais, mas para usufruí-la não é preciso escalar o pico mais alto, pois uma pequena elevação já basta e às vezes apresenta uma vista bem mais exuberante do que o cume mais elevado, o qual muitas vezes é rodeado por montanhas mais altas ou geralmente está envolto em nuvens e nevoeiro, só permitindo ver alguns cumes vizinhos, mas não a ampla visão dos vales, planícies e morros que existem na região.

Com respeito ao ar puro, basta subir um monte de uma altura razoável (200 a 300 metros). Mesmo ao observar estes dois motivos com muito carinho, é de se entender facilmente que eles não podem ser o único motivo para querer-se escalar uma montanha e por que tantas pessoas são atraídas pelos altos cumes, especialmente os cobertos de neve. Às vezes os alpinistas nem se importam em colocar suas vidas em perigo, só para chegar ao cume.

Ao observarmos tudo isto, como também a maneira pela qual as pessoas desejam chegar ao cume de uma montanha logo que a vêem pela primeira vez (ou repetir a experiência, mesmo que já tenham ido lá várias vezes), podemos então entender que há algo mais em tudo isto.

O motivo já foi dito e consiste no despertar do espírito, o que sempre acontece nestas ocasiões. Como diz o vosso provérbio: “ Os iguais gostam de ficar juntos”; aqui também é o caso. Perguntais: “Como?”. Pois escutai: O espírito atrai o espírito, como a matéria atrai a matéria e a carne atrai a carne. Se uma pessoa decide colocar seus pés no cume de uma montanha, então parte dela fixa seu propósito e envia uma mensagem (em oração ou pensamento) de sua vontade até o cume da montanha, às esferas espirituais que lá se encontram. E elas então ficam cientes da vontade desta pessoa. Se ela realmente quiser se aproximar de suas esferas, então estas retornam uma mensagem dirigida a este espírito forte que ainda está incorporado e que se encontra adormecido no corpo. O efeito é de um magnetismo que torna um ser fraco e indeciso em um forte e decidido, por certo período de tempo. Em poucas palavras, também o espírito que no homem ainda é fraco e dorme é magneticamente despertado pelos espíritos das alturas. Claro que isto não é definitivo, pois ocorre sempre por um tempo limitado, menor ou maior.

Quando o espírito é desperto desta maneira, ele anseia encontrar-se no local de onde foi despertado. Deseja muito ficar junto a seus iguais e assim, por meio da alma, incita o corpo de forma bem aguda, puxando-o ou carregando-o para cima, para alturas inimagináveis.

Quando alguém consegue chegar a tais alturas, então seu espírito fica extrema-mente feliz, pois ele se encontra em companhia de seus semelhantes. Mas como os espíritos puros e evoluídos sabem que para este espírito ainda não chegou o tempo de com eles permanecer (como também o corpo não resistiria a isto por muito tempo), então eles desconectam o intercâmbio que entre eles existia. O espírito incorporado volta a adormecer, e no homem corpóreo tudo se torna desconfortável. Este logo sente uma enorme vontade de voltar à planície, onde está seu habitat. Vede, esta é a real razão por que uma pessoa (que não seja completamente materialista) se sente tão atraída pelas alturas das montanhas.

Para pessoas materialistas e primitivas este despertar não acontece, pois elas podem possuir um espírito tão fraco e doente, que não têm o mínimo desejo, a mínima atração ou sentimento por algo mais elevado, ou então são empurradas por desejos mundanos (lucros, notoriedade, etc). Elas de certa maneira profanariam a montanha e seriam logo logo castigadas pelos espíritos pacificadores. Estes poderiam até permitir que elas chegassem às alturas extremas, mas lá chegando seriam atacadas por tonturas e medo mortal. Então elas seriam deixadas lá, até que - após muita oração - um espírito se apiedasse delas e as levasse para baixo por caminhos extremamente difíceis, onde a morte costuma espreitar cada passo. Eventualmente eles permitem que uma daquelas pessoas alcance um cume bem fácil de subir. Quando ela, vitoriosa, se pavoneia no cume, eles enviam uma tempestade que lhe tira todo o sentimento de orgulho e a faz jurar nunca mais pôr um pé em alguma montanha, contanto que escape dali com vida.

Pois bem, aquele que subir uma destas montanhas por galhofa ou então por motivo de uma aposta, este que espere um tratamento bem rude de parte dos espíritos pacificadores, e Eu o aconselho a redigir o testamento antes de iniciar a empreitada, pois certamente não colocará mais seus pés na planície, sendo que muitas vezes os corpos destes alpinistas ficam retidos eternamente nas montanhas que tentavam profanar. Sim, de fato os espíritos têm uma grande variedade de meios para castigar tais pecadores. Mas isto não acontece àqueles que escalam uma montanha seguindo um chamado que vem das alturas. Eles não terão que enfrentar qualquer tipo de perigo, mas sim retornarão abençoados e fortalecidos. Em muitos casos, após uma escalada, o espírito de um deles passa a permanecer desperto para sempre, e a pessoa se torna um visionário ou profeta. Esta é a razão por que Eu sempre vos aconselho a freqüentar montanhas, pois cada vez que o espírito for desperto, mesmo que por instantes, ele é fortalecido permanentemente. É como quando uma pessoa fraca é magnetizada, ficando sempre algo mais fortalecida e, com o acréscimo de outros medicamentos, readquirindo a saúde.

Se uma pessoa humilde escalar as montanhas com freqüência e assim for magnetizada várias vezes e com a ajuda do remédio Amor, ela então conseguirá alcançar a meta com mais facilidade: o renascimento espiritual. Ide, pois, alegremente escalar as montanhas de certa altura e praticai a caridade, e assim o fraco amor que tendes por Mim vivificará de pronto. Ainda há outras vantagens sobre as quais ouvireis na próxima vez.


Capítulo 10

As montanhas como profetas da sabedoria e pregadoras do amor

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de maio de 1842

Com respeito às outras vantagens, devemos ressaltar que cada montanha por si só ou em combinação com outras tem uma vantagem especifica para doar, mas especialmente a que tem geleira - como acontece com o Grossglockner, exemplo nesta revelação - continuamente produz um pregador do amor ou um profeta da sabedoria. Vós direis: “ Tudo bem, isto pode ser verdade, mas como poderemos ouvir uma montanha pregar amor e sabedoria ?”. Esta pergunta é completamente diferente, peculiar e estranha, e Eu vos digo: Não há no mundo nada mais fácil, do que escutar esta voz tão peculiar das montanhas. Mas como conseguir isto será um segredo que aqui desvendarei com alguns exemplos.

Tomai duas pessoas que se desprezam constantemente. Nada consegue aproximá-las, nem conselhos nem ações, nada; elas sempre serão o que de fato se consideram: inimigas. Levai, porém, estes dois inimigos para escalarem uma montanha e logo vereis o que o grande pregador do amor e da sabedoria consegue realizar: basta meio dia para estes dois briguentos se tornarem os amigos mais íntimos. Perguntareis “ Por quê? Como isto é possível?”

A esta pergunta a montanha em si já dá a resposta: ela é a moradia dos espíritos pacificadores que tudo fazem para acabar com brigas, tão logo vislumbram uma. Assim que as pessoas dão o primeiro passo na montanha, eles começam a trabalhar seus sentimentos com uma tensão que à medida que se sobe, provocam o amor mais e mais. E quando estas pessoas alcançam as alturas, o sentimento de amizade em cada um já está tão desenvolvido e fortificado, que elas não mais conseguirão se enfrentar como inimigas, por mais esforço que façam.

Se os sentimentos forem muito endurecidos, os espíritos lhes preparam uma desgraça bem grande, de tal forma que os dois achem que estão em perigo mortal. Eis um remédio universal para transformar inimigos em amigos, para juntos procurarem uma salvação. Eis outro exemplo que vos confirmará o anterior. Quando acontecem desastres elementares na natureza - como por exemplo, terremotos, inundações, etc. - podeis observar que feras selvagens - tais como leões, tigres, cobras, etc. - vão para junto dos animais domésticos e ali ficam mansos quais pombinhas, procurando proteção junto aos homens. Existem muitos relatos sobre isto. Pois se ante um perigo mortal até as feras conseguem ter sentimentos amistosos, quanto mais isto deve acontecer entre humanos e no alto de uma montanha de primeira grandeza, morada e palco de ação dos espíritos pacificadores.

Vede, é assim que as montanhas falam. Claro que não para o ouvido material, mas sim muito mais para o ouvido do espírito. O que mais falam as montanhas e sobre o quê? Na planície pode morar um ser com os sentidos bem diminutos, como que inexistentes, que só se preocupa em entulhar seu estomago com todo tipo de comida e bebida e logo a seguir encontrar um lugar bem macio para “embalar sua digestão”. Estas pessoas conhecem de Meu poder, Minha força, Meu Amor e Minha existência quase tanto quanto uma criancinha no ventre materno, e já será grande vitória se alguma vez conseguirem dizer o Meu Nome.

Quando uma pessoa este tipo é levada por um amigo caridoso para uma montanha, será este o primeiro momento em toda sua vida que despertará, quando realmente verá Deus, Aquele que ele chamava meio adormecido e que na realidade se mostra um pouquinho maior e mais forte do que tal pessoa imaginava e apresentava aos outros. Que isto é uma realidade vos prova a mansidão e a humildade que vos revelam todos os montanheses sérios. Os que antes eram preguiçosos e calados de repente se tornam ativos e cheios de historias e experiências para contar, especialmente o que lhes aconteceu numa escalada.

Vede, é assim que as montanhas falam! Elas são ótimas professoras, especialmente tornam loquazes e comunicativas mesmo aquelas pessoas às quais é difícil até falar o seu próprio nome. A causa aqui também está no despertar do espírito, que tem por conseqüência a vivificação e a maior disposição em atuar da alma e do corpo. Mas o que mais falam as montanhas?

Vede, quando uma pessoa prepotente chega às alturas da montanha e não encontra nada além de rochas frias e muitas vezes neve, então as montanhas lhe dizem: “ Vê tu - pessoa ávida de fama que faz sempre tudo para se elevar cheia de orgulho a fim de reinar por cima de teus irmãos - como são magnânimos os picos das alturas. Da mesma maneira que aqui nos encontras frios, vazios e sem qualquer sentimento, assim és tu na tua vã ansiedade de mandar”.

Nossas rochas peladas, nossa neve e nosso gelo têm uma influência abençoada sobre os vales, pois estamos em contínuo contato com nossas planícies, pois elas são bem maiores do que nossas alturas. Mas o que aconteceria se fizéssemos igual a ti e puxássemos todas as planícies para cima de nossas cabeças? Logo não teríamos que sofrer a queda mais horrível e pavorosa?

Então aprende de nós e torna-te um homem verdadeiro! Sê vazio e estéril com tua razão e faze com que ela seja sempre humilde; assim teu amor crescerá e tua vida aumentará de acordo, pois tu, como nós, foste convocado pelo Criador a te tornares igual à nevoa da humildade, para seres como as gotas líquidas abençoadas, as quais, como faz nosso riacho, correrá e fluirá para as planícies de teu amor, abençoando-o e vivificando-o, tal como faz nosso riacho com as planícies que banha e amadurece os frutos. É assim que as montanhas também falam. E o que mais dizem?

Eis agora um agiota rico, a quem nada mais interessa do que ouro e prata. O que dizem as montanhas a este homem, se algum dia ele se digna a desperdiçar parte de seu precioso tempo para lhes fazer uma visita?

A este homem elas dão uma lição bem dada e lhe dizem: “ Tu, homem tolo, a que profundidade caíste! Vê, tudo o que tanto amas não passa de nosso lixo! O que diria teu irmão, se nele só amasses seu lixo e seus dejetos mal cheirosos? Ele então te diria:- Querido irmão, a que estágio de loucura estás, pois achas que teu irmão vale somente por seu lixo e dejetos, e nada mais te é santo nele. Será que não seria assim que teu irmão falaria?

Vê, homem tolo, o mesmo que teu irmão diria, nós te dizemos com muito mais razão. Vê quão lindas as plantas crescem em nossas encostas e alimentam os animais que servem os moradores. Quantos milhares de árvores maravilhosas aqui existem e te dão a lenha tão necessária à tua vida. Conta as fontes cristalinas que oferecemos em milhares de pontos, para que abençoem com sua água as planícies da Terra. Quantas vezes consegues ver tormentas violentas a castigar nossos cumes? Pois nós as chamamos para proteger destas violências as planícies e os vales abençoados de nossa região. A cada ano vês nosso cume enterrado na neve eterna e no gelo. É assim que atraímos a nós as muitas geadas que destruiriam toda a vida nas planícies e assim lhe permitimos usufruir do calor vital! Dize-nos tu, homem tolo, que mal nós te fizemos, pois desprezas todas estas nossas boas obras e fazes conosco o mesmo que o “verme-broca” faz nos animais? Furas nossas entranhas e lá te esforças a caçar o único bem que te interessa (mas que não te trará nenhuma bênção). E nos desprezas, a nós, que a mando de nosso Criador sempre te abençoamos com tantas boas ações e bênçãos. Larga tua tolice e deixa de escavar nossas entranhas. Escala nossas encostas, que uma planta, uma gota de nossas fontes e um olhar de nossas alturas por sobre os vales te serão muito mais abençoado do que todo o ouro e a prata que queres arrancar de nosso interior.”

Vede, com uma prédica tão boa já aconteceu muitas vezes que uma pessoa assim voltasse à vida e, após algumas visitas à montanha,se transformasse em alguém generoso e bondoso. É isto, pois, o que as montanhas pregam, mas elas ainda ensinam muito mais. Vamos ver isto em seguida.


Capítulo 11

A alma e a visão interna são fortificadas nas montanhas

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de maio de 1842

O que mais ensinam e pregam as montanhas? O que elas pregam e ensinam qualquer montanhista com um pouco de intuição entende no primeiro instante em que se encontra numa delas. Elas dizem: “ Vê, verme empoeirado que te arrastas na crosta da Terra, vê como somos livres, vê como podemos olhar em todas as direções, livres e altaneiras, e ver toda a criação de Deus. Uma brisa livre toca as nossas frontes e um raio de Sol suave e gostoso se deita sobre nossos ombros elevados. Nenhuma cerca diz ao andarilho:“até aqui e nem um passo a mais”, mas sim sempre que um andarilho pousa os seus pés em nós, ele está pisando o seu próprio solo. Pois no solo onde vives tens marcos de delimitação, e para nossos cumes ninguém precisa pagar impostos. Por isto, querido andarilho, aqui em nossas alturas estás em casa ”. Que estas palavras são verdadeiras é fácil de provar, o que se verifica ao chegar às altas encostas das montanhas. No momento em que teus olhos abrangem uma vista bem ampla, os teus sentimentos também se ampliam e teus pensamentos se unificam com teus sentimentos. E aquele que talvez ainda não tivesse pensado com o coração, sente pela primeira vez como são doces, carinhosos e livres os pensamentos que vêm de lá. Ele sente o doce sabor e também sente a grandeza destes pensamentos que se estendem muito além do horizonte dos pensamentos comuns.

Será que isto não tornará esta pobre cabecinha bem mais feliz, quando sente em sua fronte a brisa mais liberta que vem direto dos espíritos mais evoluídos? Não será bem mais aconchegante e agradável encontrar-se lá onde os raios agressivos da razão são suavemente quebrados e se reúnem no coração após este procedimento, cheios de carinho e amor? Onde será possível encontrar um posto aduaneiro aqui nestas alturas e onde existe um coletor de impostos nesta região, onde o único dono que existe é o espírito livre e imortal? Onde se encontra a cerca que uma alma sensível não poderá ultranpassar? Aqui o andarilho de coração puro aprende a entender o que significa ser livre nas alturas de seus pensamentos e na profundidade de seus sentimentos. E como é gostoso quando estes dois podem se dar as mãos sem nenhum embaraço! E como é maravilhoso o pensamento de Deus, se o andarilho consegue reconhecê-Lo de coração livre e consegue amá-Lo no grande templo infinito (Isto será possível se este andarilho não estiver com os ouvidos tapados e os olhos cobertos)!

Dize-Me quem não se sentirá abençoado e feliz, se tiver um pouquinho de sentimento e se puder amanhecer numa destas elevações tão sagradas? O homem também pode se ocupar com assuntos grandes e sagrados nas planícies, mas aí acontece o mesmo que ao faminto, quando vê num livro a descrição de uma rica refeição. A refeição verdadeira, por mais simples que fosse, lhe seria milhares de vezes mais agradável, pois da maravilhosa (do livro) ele nada pode comer.

Bem, então, nestas alturas o sentimento interior é bem mais poderoso e forte, bem mais ativo do que aquele que se consegue sentir nas planícies, tal como uma refeição de verdade é mais forte e poderosa do que o retrato de um livro. Quem é mais feliz: aquele que tem sua noiva em seus braços ou aquele que dela possui um maravilhoso retrato? Com certeza é o primeiro, pois ela está ali, viva e presente.

Eis o que aqui acontece! Nas alturas o andarilho encontra, sem grande esforço, tudo aquilo que na planície encontrará com extrema dificuldade. É, pois, aconselhável não permitir que o receio do esforço para subir a montanha (por menor que seja) te afaste do ganho espiritual que lá encontrarás, pois este é lá duplicado e muito mais rico. Lá, em primeiro lugar, todos os espíritos primários vitais serão fortalecidos (este é o mais ínfimo ganho), mas considera ainda que uma ida à montanha é melhor que dez idas à farmácia ou aos médicos, por mais competentes que sejam. Mas muito maior é o lucro que o espírito consegue, pois lá, onde é a sua pátria, ele obtém uma inigualável força.

Vê, aquilo que teu interior te diz (mesmo ainda um pouco escuro) é a mais pura verdade, pois aqui estás em casa (de verdade) na presença de teus antepassados, os que aqui já se encontram muito felizes há bastante tempo. Vê, tudo isto as montanhas ensinam! Mas o que mais elas ensinam e pregam? Ouve, elas ainda têm muito a contar. Para que o que vem a seguir te seja um pouco mais compreensível, Eu vou te contar uma pequena estória.

Havia uma vez um homem muito religioso que já era bem idoso. Tinha passado e ainda passava por muitas provações, e a mais difícil foi quando perdeu todos seus filhos e sua mulher. Só tinha ficado a filha mais nova, de aproximadamente vinte anos. Então um só tinha ao outro. Moravam no sopé de uma montanha bem alta, na qual existiam tantos sítios, que o que lhes pertencia mal dava para a alimentação deles e de um servo bem idoso.

Este homem rezava com grande freqüência para Mim e tinha muita saudade dos seus familiares. Ele chorava muito e desejava voltar a unir-se a eles. Uma vez ao rezarem até além da meia noite e chorarem, suspirando por seus familiares, ambos adormeceram. A filha então sonhou que ela e o pai se encontravam no ponto mais elevado da montanha onde viviam. Ao observar alegremente a visão que se lhe deparava, ela viu várias nuvenzinhas brancas se aproximarem e logo descobriu que cada nuvenzinha era um ser humano. No começo estavam como que cobertos por um véu, mas logo ela descobriu que eles eram sua mãe e seus irmãos. A mulher se dirigiu ao seu marido e o abraçou cheia de amor e felicidade. Depois se dirigiu à filha, a beijou e disse:

Hoje tu e teu pai aqui se encontram em sonho. Amanhã à tarde devereis estar aqui pessoalmente e então tereis mais visões e revelações do que tendes agora. Mas não deixeis de realizar todas as tarefas que a ordem correta das coisas vos impõem.”

Após estas palavras, a jovem acordou e o pai também. Como o dia estava clareando, levantaram-se, vestiram-se e foram chamar o serviçal. Depois foram ao quarto, para iniciar as orações matinais. Após beijar e abençoar a filha, ele se ajoelhou e iniciou o cerimonial matutino. Ao acabar, a jovem abraçou o pai com tanta felicidade, que ele estranhou e lhe perguntou a razão de tal alegria. Então ela lhe perguntou se tinha sonhado algo. Ele disse que sim, mas que não conseguia lembrar o quê, ao que a filha lhe contou o seu sonho. O pai então disse que iriam fazer aquilo à tarde.

Resolveram ir à igreja próxima (era domingo) para o culto matinal e logo após almoçar, em companhia do idoso servo, subir a montanha. O pai disse que, se partissem um pouco antes do meio dia, estariam no cume por volta das três horas da tarde e que assim também poderiam ver o que seus pastores estavam a fazer nos pastos de verão. Assim foi feito e às três horas a pequena família já se encontrava no cume. Como no sonho, a jovem viu aproximarem-se as pequenas nuvenzinhas brancas, e ao chegarem bem perto elas se revelaram como as mesmas pessoas que tinham aparecido no sonho. Quando o ancião viu as figuras das nuvens e nelas reconheceu sua família que o abraçava cheia de amor e carinho, então ele chorou de alegria e Me agradeceu pela graça que lhe permitia “reviver ainda em vida”, ou seja, ficar tão feliz e abençoado.

Após esta oração de agradecimento, seu espírito foi agraciado com a visão interior. Assim ele pode ver um céu completamente exposto e as maravilhosas casas onde moravam os seus familiares. E de uma delas saiu um homem seguido por uma multidão. Ele dirigiu-se de imediato ao nosso ancião e disse: “- Vê, meu querido filho, lá onde na Terra tudo parece colorido e cheio de vida, para o espírito é vazio e morto; mas onde na Terra parece que a morte ceifou tudo e todos, lá existe vida para o espírito.

Aqui nas alturas há pouca pastagem e não há plantações de vinha, não há arvores frutíferas, como também não há minas de ouro, mas existe sim os muitos espíritos que consegues ver com tua visão interior, por uma graça especial do Senhor. O que aqui existe só é encontrado em espírito. Tu ainda terás que permanecer na Terra por um curto período. Aproveita o mesmo para crescer no amor ao Pai! Vê, lá ao lado de minha casa há um palácio maravilhoso que já foi reservado para ti quando iniciares tua vida eterna e livre.”

Ao ouvir estas palavras, o velhinho reconheceu o homem que lhe falava: aquele tinha sido seu pai na Terra. Logo a seguir esta visão desapareceu, porém nosso amigo ficou com um sentimento de profunda felicidade e novamente Me agradeceu pela graça recebida. E assim, ele e sua filha retornaram para sua casa, cheios de alegria e fé. Este homem, que antes era tão triste, viveu os anos que lhe restaram com alegria, felicidade e com muita gratidão a Mim. E se alguém se aproximava dele com de tristeza e melancolia, ele não se cansava em falar da graça e misericórdia divina e muitas vezes subia a montanha cheio de fé e amor. Assim ele começou a trabalhar sua alma, que logo se uniu, plena de amor, ao espírito.

Bem, Meus amigos, se vós em alguma escalada sentirdes algo diferente e bem lá no intimo estiverdes totalmente felizes e descansados, podeis dizer: “ É verdade, aqui eu me sinto verdadeiramente em casa. Que maravilha deve ser para quem já se encontra aqui, sem o peso da matéria!”. Esta sensação não é só para os espíritos que aqui habitam, mas sim para todos aqueles que já partiram e que estão a construir um lar para todos vós. Mas não penseis que só esta ou aquela montanha possui habitações espirituais; não, estas casas se encontram em todas as montanhas onde as demarcações humanas se achem bem distantes. Talvez tivestes sensações semelhantes ao subirdes um morro ou uma pequena elevação, mas elas só se tornarão bem vivas lá onde o machado do madeireiro nada mais tiver para cortar.

Vede, isto pregam, falam e ensinam as montanhas, mas deixaremos mais para a próxima vez.


Capítulo 12

As montanhas: local das revelações divinas

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de maio de 1842

Bem, o que mais as montanhas pregam e ensinam? Vamos aprender isto como na primeira vez, ou seja, com uma simples estória: Um homem cheio de fé há muito desejava receber a bênção de Me ver, nem que fosse por um só instante, enquanto ainda vivesse no mundo material. E ele também pensava em tudo que faria para obter tal graça. Durante muito tempo ele discutia tais pensamentos, mas não conseguia vislumbrar por onde iniciar sua busca, coisa que era muito difícil ante a floresta que encobria o caminho. Nosso amigo bem que sabia que esta graça era dificílima de alcançar nesta vida terrena, pois o homem era indigno de tal, mas sua ânsia e seu desejo eram tão fortes, que ele não conseguia ouvir estes argumentos. Por isto ele, após uma longa discussão consigo mesmo, decidiu procurar um lugar para ficar em uma montanha bem alta. Ele tencionava ir até lá sempre que suas outras atividades lhe permitissem, e lá ficar em meditação e oração.

Para que pudesse encontrar o lugar mais facilmente, ele fez uma cruz com galhos de árvores e a colocou lá. Ao acabar esta tarefa, ele Me prometeu que não pararia de suspirar e de orar, antes que Eu o escutasse. Sim, ele até disse que iria morrer ali, ou então Me ver. Ele não se afastaria do lugar, antes que Eu Me mostrasse a ele.

Durante três longos anos, nosso homem, toda vez que suas atividades lhe permitiam, se deslocava para o seu lugar na montanha e orava, às vezes por horas a fio, para que Eu ouvisse seu pedido. Cada vez que ele se dedicava a este ato, ele sempre se encontrava rodeado de milhares de espíritos evoluídos, mas estes lhe eram invisíveis. Eles o fortificavam, tanto que dentro de um ano e meio ele já usufruía da conversa com espíritos conhecidos, podendo especialmente falar de seu desejo tão premente.

Estes espíritos lhe informavam que este seu desejo era considerado bem tolo e desnecessário. Diziam que Eu já lhe tinha outorgado uma grande graça ao abrir-lhe a visão espiritual interna, permitindo que ele conseguisse contatar sempre seus espíritos afins, seus irmãos, podendo assim conversar com eles e elucidar muitos assuntos interessantes e tudo que ainda aconteceria nesta Terra. Mas tudo isto era em vão e ele sempre retrucava: “- Meus queridos irmãos e puros amigos do meu e vosso Senhor, eu não posso vos dizer nada mais do que aquilo que continuamente estou a vos dizer: Se eu conseguir vê-Lo, nem que seja de relance, então todo o resto do universo para mim não valerá nem um tostão furado. Por mais que faleis, por mais que tenteis me convencer do contrario, eu não me afasto um milímetro de meu desejo: eu quero e eu preciso vê-Lo. A Ele, a quem eu amo acima de tudo. Ele é tudo para mim e nada além Dele tem algum valor .”

Toda vez que os espíritos escutavam estas palavras do amigo, eles elogiavam seu amor por Mim, o que tornava suas tarefas nulas; mas quando disto se deram conta, se afastaram dele e só o observavam de longe. Ele não mais conseguia ver ou ouvir ninguém do mundo espiritual, só enxergava o que seus olhos conseguiam ver.

Ele começou a achar que seu desejo era pecaminoso, pois os espíritos o tinham abandonado. Pôs-se a meditar o que ele deveria fazer... Será que deveria seguir os ensinamentos dos espíritos, ou insistir em seu desejo que tanto permeava seus pensamentos.

Por fim, porém, as palavras dos espíritos em parte o venceram, e ele disse: “Que seja feito como deve ser! Ante Deus sou um pecador, pois eu certamente não possuiria este testemunho da morte. Eu sou um pecador, enquanto carregar este corpo. Mas que culpa tem o pecador, se no seu corpo o espírito se incendeia no desejo de ver seu Criador, seu Deus mais forte que tudo? Ficarei, pois, com meu propósito de vê-lo, mas meu amor por Ele não diminuirá nem um milímetro, antes prefiro morrer de amor.”

Seguindo sua proposta, nosso amigo retornava esporadicamente ao seu local de oração e lá rezava mais uma vez, com todo seu coração. Após passarem mais ou menos três anos nestas orações, apareceu um outro lá. Este era bem apessoado, mas parecia bem pobre. Então eles começaram a conversar.

O homem perguntou ao nosso amigo: - Caro senhor o que fazes aqui nestas alturas?

E este respondeu: - Amigo, bem vês, estou a rezar.

Falou o outro: - Não sabes, pois, que somente podemos agradar ao Senhor com nossas orações nas casas de orações? Tu, porém, parece que as evitas e somente rezas aqui nas alturas da montanha...

Responde o outro - Caro amigo, isto sim é verdade, mas eu vou a uma casa de oração sempre que o clima não permite que venha aqui. Tenho que te confessar que ainda não consegui orar com tanto fervor numa casa de oração, mas aqui em cima isto me é muito fácil, pois eu aqui me sinto santificado. Eu tenho que conhecer - quando olho a minha volta e vejo estas pastagens tão lindas - os porquês tão adoráveis que adornam o sopé desta montanha e, acima de mim, o céu tão amplo e livre. Então minha voz interna diz: “ Vê, estes enfeites neste enorme templo divino são muito mais de seu agrado, do que as talhas que adornam a casa de orações totalmente fechada .” Após ter estes pensamentos, aqui eu me sinto completamente em meu elemento, em harmonia, e consigo orar com o mais sincero e humilde coração.

Ao escutar isto, o homem disse: - Caro amigo, eu concordo contigo quanto a isto, mas gostaria de saber: Por que escolheste este lugar aqui?

Nosso homem ficou um pouco desconfiado ante a pergunta, mas logo respondeu ao estranho: - Vê, caro amigo, algumas pessoas pedem pela sua saúde, algumas por isto e outras por aquilo; mas eu não peço por nada disto, pois a mim somente interessa uma única coisa: o Senhor meu Deus! Eu só gostaria de vê-Lo uma única vez nesta vida. Eu sei que esta vida não é adequada para vê-Lo seguidamente, mas quiçá uma só vez... Se eu conseguir isto, terei conseguido muito mais do que toda a Terra e o Céu podem me dar. É por isto que eu prefiro morrer aqui, do que me afastar um milímetro de meu propósito. Se eu conseguir isto, eu aqui permanecerei por toda minha vida, para louvar e agradecer Deus.”

Após estas palavras o estranho perguntou novamente: - Como achas que Deus é? É bem possível que Ele venha para junto de ti, Se sente ao teu lado e converse contigo numa figura bem diferente do que imaginas. Se não O reconheceres, então tuas rezas serão totalmente inúteis, mesmo que Deus, teu Senhor, as tivesse escutado.

A estas palavras nosso amigo ficou ainda mais desconfiado e disse: - Bom amigo, acabas de me dizer algo bem importante, pois imagina: eu nunca me preocupei com este detalhe e tenho que confessar que nunca imaginei como Ele seria. O que eu penso sobre o ser de Deus é tão nebuloso, que até este momento eu ainda não sei se existe um Deus na forma de uma pessoa bem grande, ou se ele é o conjunto de três pessoas que, não obstante isto, deveriam se comportar como se tivessem um corpo comum compartilhado. Ou será que Deus é uma luz infinita, na qual estas três pessoas divinas flutuam e atuam? Em poucas palavras, caro amigo, eu não posso te dar nenhum esclarecimento sobre tua questão. Vê, esta incerteza foi a razão principal por que eu escolhi este local nesta altitude, pois eu prefiro nada ser, do que ser assim e não conseguir reconhecer a figura Daquele a quem tanto amo.

Ao que o homem respondeu: - Por acaso jamais ouviste o que Cristo disse aos apóstolos sobre Si mesmo, quando estes lhe pediram que lhes mostrasse o Pai? Ele disse: Eu e Meu Pai somos unos. Quem Me vê também vê ao Pai, pois o Pai está em Mim e Eu no Pai .”

A estas palavras o nosso amigo era só desconfiança. Daí se lembrou dos discípulos a caminho de Emaús e então perguntou intrigado: - Caro amigo, dize-me se tu não és um eremita, ou alguém que conhece as Escrituras muito bem, pois tais palavras não são habituais a uma pessoa comum!

A isto o estranho não mais deu resposta, mas sim lhe pegou a mão, o elevou do solo e o conduziu às maiores alturas da montanha. Só lá ele falou novamente: - Irmão, aquilo pelo que oraste por três anos, agora está a tua frente. Eu sou o único Deus dos Céus e da Terra! Além de Mim não existe outro! Permanece fiel a Mim em teu coração, mesmo que nesta tua vida material não mais Me vires. Mas Minha Voz carinhosa que estás a ouvir neste momento, Eu te prometo, tu a ouvirás sempre, aqui nas alturas da montanha e em todo lugar onde te encontrares em Meu Nome. Encontraste a Vida, e esta ninguém jamais conseguirá te tirar. Eu prometo: tua alma não mais sentirá a morte, por toda a eternidade. Amém!

Ante estas palavras, Ele desapareceu. E nosso amigo chorou, orou, louvou ao Senhor por toda a noite e depois visitou este lugar com muito mais afinco.

Vede, são estas estórias verdadeiras que as montanhas vos contam, por isto ide às montanhas sempre que puderdes, se não fisicamente, mas em espírito. Elas são um lugar purificado e sagrado onde podereis Me encontrar, tal qual aconteceu ao nosso amigo. Novas lições das montanhas ficarão para a próxima revelação.


Capítulo 13

As montanhas: espelho de nosso interior

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1842

Que mais nos ensinam e pregam as montanhas?

Elas nos dizem palavras tais, que uma pessoa minimamente desperta consegue entender delas como está o seu interior. Isto nos confirma que as montanhas são um verdadeiro espelho do interior daqueles que as visitam e que desejam se olhar neste espelho.

Como acontece isto?

Certamente já ouvistes falar que cada manifestação da natureza tem uma explicação ou um significado especial para qualquer pessoa que seja só um pouquinho desperta. Isto acontece nas ocasiões em que os mistérios das montanhas vos são revelados. Uma pessoa um pouco esclarecida pode, ao olhar uma montanha, descobrir se ela é iluminada, se é totalmente limpa ou se está mais ou menos envolta por névoas azuladas, quais partes desta névoa estão na parte de cima, no meio ou no sopé, ou se há nuvens em cima de seu cume e que tipo de nuvens elas são!

Também não pode ficar desconhecido deste homem os sentimentos que se apoderaram dele, ao avistar a montanha; se ela o colocou num estado emocional agradável ou se, ao contrário, depressivo; se ele sentiu um irresistível anseio em escalar esta montanha imediatamente, ou se foi ao contrario. O que estaria em concordância com seu ímpeto ou com o sentimento de impossibilidade que o acompanha constantemente? Também se (isto só em pessoas bem mais esclarecidas), ao olhar a montanha, sentiu um sentimento alegre de despertar; ou se foi um mais lânguido, de meio-dia; ou então um sonolento, de anoitecer; ou finalmente ou um sentimento vazio, desolador, da meia-noite. Por quanto tempo tal sentimento se manifestou em seu coração?

Todos estes detalhes devem ser bem considerados, pois todas estas visões e estes sentimentos que se manifestam correspondem exatamente ao estado interior da pessoa. Mas aqui devemos considerar que os sentimentos e as visões devem se corresponder, pois só a visão e o sentimento se complementam harmonicamente; então sim, a montanha estará dando um testemunho exato do interior da pessoa. Por exemplo, se alguém saísse de manhã e visse uma montanha totalmente limpa, mas se esta visão só lhe causasse um sentimento de temor, então a visão e o sentimento não estariam em harmonia, mas mesmo assim a montanha continuaria a ser um fiel espelho do interior de quem a observa. Como acontece isto?

No momento em que a visão da pureza da montanha repele o sentimento de quem a observa, esta lhe diz: “ Com que sentimentos impuros tu me olhas! Por isto purifica-te, para que evoluas no teu interior, acima de teus sentimentos e desejos mundanos, como eu me elevo acima da lama dos pântanos e das profundezas, onde só habitam vermes, sapos, rãs e cobras !”

Neste caso o observador vê no espelho da montanha como seu interior deveria ser, mas não é. Um outro caso de desarmonia seria o caso da pessoa que, ao sair em alguma hora do dia, visse a montanha totalmente envolta por nuvens e nevoeiro, mas assim mesmo tivesse sentido um desejo, cheio de alegria, de escalá-la. O que é que esta pessoa poderia obter desta montanha enevoada? Vamos dar a palavra à montanha: “Olha-me, alegre andarilho, no feliz despertar de teus sentimentos! Antes tu eras como me enxergas neste momento: triste e acabrunhado. Uma noite escura tentava te engolir, e tal como acontece comigo, nuvens escuras e tenebrosas envolviam teu ser. Tu não conseguias saber o que elas tencionavam fazer contigo. Tormentas violentas estavam a se aproximar de ti, e uma boa quantidade de raios te fustigavam. Mas tu não te desesperaste. Tu me tinhas como exemplo em tua alma e permaneceste de pé, justo como eu: uma rocha firme e altaneira que não cai, apesar das tentações. Vê, as tormentas que tentavam te destruir, logo se transformaram em anjos salvadores e te libertaram da maior escuridão e peso de tua noite. Assim, meu pequeno amigo do vale, tu que me olhas com tanta alegria e boa vontade, eu que estou imerso nas trevas da noite e que tormentas se abatem sobre minha fronte como se quisessem me destruir, observa bem o retrato que tens a tua frente, pois só assim continuarás a ter este teu sentimento de felicidade. Olha este retrato com bastante freqüência, mesmo que só com teus olhos internos, para que vejas como eras no passado, quando te parecias ao meu estado atual.” Vede que lição maravilhosa veio desta montanha envolta em nuvens. Esta lição, transmitida pela montanha a um ser de sentimentos puros, leva este a se humilhar e ser capaz de dizer: “Montanha querida, quantas vezes estiveste toda coberta de nuvens escuras e quantas vezes estavas novamente pura... Não permitas que eu esqueça jamais que alguém de sentimentos puros pode em pouco tempo estar novamente envolto por nuvens negras. É só estar em pé, altaneiro como tu aqui te encontras, para que isto possa acontecer. Mas para que isto não aconteça comigo, que tua visão toda coberta por escuras nuvens não deixe jamais meu ser, e que tu sempre mostre como estas nuvens são pesadas em nossos ombros, como elas estão prenhas de inúmeros raios prontos a cair sobre nossas cabeças, raios estes que não questionam onde caem ou a quem ferem, somente sentindo prazer na destruição que causam.” Viste, estes foram dois temas culminantes que nos mostram a desarmonia entre visão e sentimento. Mas há uma variável grande de graus de desarmonia entre estes termos, entendidos como estes dois exemplos. O mais difícil é diagnosticar a visão total, mas esta já está explicada. Com respeito às aparições harmônicas, não há nada a explicar, pois onde um coração feliz encontrar uma montanha também feliz, então ele ficará muito mais feliz ainda e só tem um desejo: subir as alturas purificadas e iluminadas. Mas quando um coração tenebroso se encontra com uma montanha também cheia de trevas, então ele se torna mais tenebroso e lá no fundo de seu espírito ele exclama: “ Montanha, joga-te sobre mim e encobre totalmente minha noite trevosa” . Uma pessoa assim com certeza não tem nenhum desejo em subir a montanha.

Mas se uma pessoa animada e feliz encontra uma montanha trevosa e esta consegue entristecer e acabrunhar o seu coração, isto só acontece para revelar o verdadeiro estado deste coração. Ele ocultava a verdade sob um manto falso de alegria e felicidade, e lhe foi mostrado onde ainda existia trabalho a fazer. Estes são os elementos universais dos estados harmônicos que nos servem como parâmetros para reconhecer qualquer estado diferenciado. Que as montanhas mais elevadas - especialmente as que possuem neve e geleiras, como é o caso do Glossglockner - permitem percepções mais acuradas na sua observação é natural de se entender. Estas montanhas assim destacadas na natureza têm uma missão bem mais elevada do que as menores. Quanto maior a montanha mais especifica e importante é sua tarefa.

E, além disso, quanto mais puras são suas encostas, tanto mais importantes elas são, pois daí tem-se o grau evolutivo de seus espíritos, e é por isto que elas influenciam mais ou menos os corações dos homens. Olhai com atenção os desenhos de Meu servo. Deles podereis descobrir em que lugares as montanhas começam a ser ativas e mais influentes . (Eu não possuo estes desenhos, infelizmente. Mas por outro lado é bom que não os tenhamos, pois nossa curiosidade poderia nos levar a criar novos locais de romaria e adoração.− a tradutora).

Com isto nós não só estudamos o Grossglockner em si, mas esta revelação apresentou a ordem correta para todas as montanhas, das mais altas às menos importantes, e cada uma tem sua missão a cumprir. Todas as montanhas têm que corresponder aos corações que as visitam, sem distinção. Cada uma precisa cumprir sua tarefa em relação ao coração que a procura ou evoca.

Prestai atenção às mensagens que as montanhas vos dão e tratai de seguir os seus mandamentos. Assim vossos corações serão abençoados, da mesma maneira que as terras que estão sob o cuidado das montanhas são abençoadas por elas, e isto é verídico e infalível. Da mesma maneira que Eu gostava de estar nas montanhas, lá alimentei os famintos com poucos pães, numa montanha Me transfigurei e ascendi ao Meu Reino. Eu testemunho isto sobre as montanhas, abrindo assim (para todos vós) um imenso portal para a vida eterna. Considerai que Eu, o Criador de todas as montanhas, tinha um enorme prazer em nelas estar e não foi em vão que orei pela ultima vez num monte. Segui, pois, Meu exemplo e assim dificilmente deixareis de encontrar vossa meta: Eu.

Isto vos fala Aquele que distribuiu os céus desde uma montanha. Este Evangelho da Montanha também é um pedaço do Céu. Tomai-o como uma grande bênção que veio de Mim, e tornai-vos espiritualmente vivos por toda a eternidade. Amém.

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