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OS SETE SACRAMENTOS E PRÉDICAS DE ADVERTÊNCIA

PREFÁCIO (da primeira edição)

Essa Revelação, recebida pela Princesa Mary Karadja, em Locarno (Suíça), traz à humanidade um ensinamento inédito, despretensioso, porém de profundo saber. O livreto chegou às nossas mãos através da Fundadora das Obras da Nova Revelação em Bietigheim, Alemanha, em 1950, sem a menor referência quanto à princesa, totalmente desconhecida e segundo nos parece, publicou seu trabalho excepcional por conta própria. A análise feita a cada Sacramento dispensa qualquer comentário, pois não deixa a menor dúvida quanto à sua Origem Divina. O Senhor — em Sua Infinita Misericórdia — houve por bem esclarecer o mundo num problema até hoje incompreendido e deturpado. Sua divulgação e aceitação pelos dirigentes políticos, sociais e religiosos redundaria numa transformação a última hora, pois o prenúncio de um cataclisma no Final dos Tempos só não atingirá os que crerem na Vida Eterna e na Salvação verdadeira pelo Cristo renascido em nós!

Rio de Janeiro, agosto de 1975.

Yolanda Henriqueta Linau

OS SETE SACRAMENTOS (Sete Mistérios na Luz)

Pela Princesa Mary Karadja, de Locarno (Suíça)

De acordo com a explicação ortodoxa, os Sacramentos são "Meios de Graça prescritos", indispensáveis à bem-aventurança; são instrumentos cia Vida Eterna que transmitem aos fiéis dons, internos e espirituais, através de sinais externos e visíveis.

Como, pois, é possível que esses Recursos Divinos, destinados a unir os membros da Igreja, puderam provocar dissensões?

A resposta é simples. Os Sacramentos perderam o seu significado original, desvirtuando-se em meras cerimônias rituais, impossibilitados, portanto, de transmitirem as imensas bênçãos, motivo de sua primordial instituição. Destarte, esses visíveis fracassos dão base a dúvidas sérias quanto ao seu sentido e sua finalidade.

Durante a Reforma implantada por Lutero, cinco dos Sacramentos foram simplesmente renegados como "inúteis" para a Bem-aventurança da alma; se Lutero tivesse tido uma verdadeira compreensão do real significado dos Sacramentos, não se teria apressado na mutilação.

Uma coisa é certa: jamais teria sido possível efetuar-se uma Reforma, tampouco ela teria sido necessária, se a Igreja Romana tivesse ficado de posse da Gnosis (sublime Doutrina mística). O conhecimento do significado interior dos mistérios se denominava na antiguidade de "potestas clavium" (o poder das chaves). Este poder de há muito deixou de ser herança da Igreja Romana.

Durante os primeiros séculos da era cristã, tal conhecimento ficou cm mãos de diversas sociedades ocultas, motivo por que foram muito persegui-das pelos sacerdotes. Hoje em dia, a igreja perdeu em várias regiões o poder de impor castigos físicos àqueles que não compartilham de sua opinião. O ódio teológico, porém, continua, tanto que se incentivam os cristãos a odiarem, condenarem e perseguirem certas opiniões livres como heresias, ou até como crimes políticos.

Lutero denomina todos os que duvidam cio efeito do Batismo aplicado em menores, de "demônios obsedados por outros, piores!" Tal linguagem impetuosa não influi na mentalidade atual! O espírito de intolerância desaparece pouco a pouco — e é de se esperar que em dias vindouros sejam as criaturas julgadas de acordo com suas obras e não mais pela sua crença rigorosa em certas formas da fé.

É de grande importância o fato de que quase todos os sectários, perseguidos em virtude de sua opinião divergente, eram pessoas de profunda convicção religiosa. Eis porque não se deve classificar de ateísmo o menosprezo para com rituais externos. São Irineu nos ensinou que os gnósticos declaravam como inúteis todos os sacramentos externos e materiais. Sua meta principal era a iluminação da alma! Era tudo que almejavam! Seria justo considerar tal modo de pensar como prova de especial "ateísmo"? Não! Pois os gnósticos não desprezavam a Graça Divina, em absoluto. Seria estranho que pessoas evidentemente esforçadas na conquista da Vida Eterna manifestassem desdém quanto aos meios de graça instituídos! Que motivo levou então o clero ortodoxo a perseguir os gnósticos, como aconteceu a muitos deles? A verdadeira causa é que eles, tanto quanto os místicos, recusavam alimentar-se de cascas. Só não desprezavam a casca enquanto encobria a semente viva, sem a qual a casca é sem valor (casca é tudo que se refere à cerimônia empregada como serviço cultual). O cristão entendido de hoje também já compreendeu que os símbolos externos se justificam enquanto transmitem a prometida Graça interna; não o fazendo, são eles apenas superstições, indignas de um raciocínio culto.

Isto não representa menosprezo pelos Sacramentos. Pelo contrário, o respeito profundo pelos meios designados impõe um veto contra sua aplicação indistinta a pessoas indignas. Isto, aliás, confirma a opinião dos apóstolos da Igreja original. É expressamente esclarecido que os símbolos externos transmitem a Graça interna apenas aos fiéis, isto é, sendo conferidos a não-crentes, os Sacramentos nada mais são que sinais externos, destituídos de qualquer vestígio de Graça espiritual. Eis o ponto que deu início à apostasia geral da Igreja Católica.

Ela, a Igreja de Roma, fixou o axioma de que os Sacramentos, de acordo com sua natureza, são mediadores da Graça que por sua simples administração fazem a alma participar de Cristo.

O Concílio de Trento excomungava todos os que negavam serem os Sacramentos em si Graças por sua própria força (ex opere operato). A cerimônia solene é considerada feitiço ou fórmula de conjuração, tendo como efeito resultados mágicos. O atual estado das comunidades cristãs prova claramente ser a Doutrina estéril e um engano lastimoso, apropriada a despertar sentimentos de suposta segurança nos corações da humanidade.

Todas as Igrejas reformadas afirmam não depender a Graça, de modo indispensável, do recebimento dos Sacramentos. Naturalmente! A carência de resultados e promessas obtidas obrigam-nas a tal confissão.

Mas essa afirmação não deixa de ser perigosa, uma vez que provoca a inevitável indagação: Se os Sacramentos são incapazes de transmitir Graças, qual sua finalidade no emprego eclesiástico? De que servem os doutos tão bem pagos se não podem realmente ajudar aos fiéis? A compreensão da Igreja católica em relação aos Sete Sacramentos é teoricamente certa; no entanto, também não demonstra mais vislumbre do Espírito Santo Vivificador. Se fossem dados como deveriam — em Espírito e Verdade — incontestavelmente efetuariam unia transformação nos homens! O "ex opere operato", o efeito mágico„ é) se torna real quando o doador, compenetrado do Espírito Santo, transmite a semente viva àquele que é pleno de fé no Cristo. Pois, certamente será o efeito diferente quando se distribuírem cascas como se fossem sementes.

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O número exato dos Sacramentos já foi repetido motivo para discussões. A Igreja Romana positiva o número "sete", embora de há muito deixasse de saber o porquê. De acordo com o Verbo Divino, são eles:

1° - O Batismo

2° - A Crisma

3° A Comunhão

4° - A Confissão

5° - A Extrema-unção

6° - A Ordenação

7° - O Matrimônio

Sempre foram designados nesta sequência. Este fato notável prova que já os patriarcas — tendo fixado esta ordem — eram "Iniciados" e conhecedores da razão pela qual os Sacramentos deviam seguir nesta e não em outra ordem. Considerada do ponto de vista humano, tal ordem se apresenta estranha. Por isto, Goethe sugeriu que o matrimónio deveria ser o primeiro Sacramento, porquanto o nascimento do filho normalmente seria a sua consequência.

A Igreja Anglicana não desprezou inteiramente os "cinco Sacramentos inferiores"; classificou, porém, a Extrema-unção como o último. Isto parece lógico, pois se os Sacramentos fossem apenas cerimônias externas, sem significado interior, não haveria motivo para colocar a Ordenação e o Matrimônio no final da sequência. Entretanto, a lógica humana e a Sabedoria Divina muitas vezos estão em desacordo. Existem motivos concludentes para que a Extrema-unção seja o quinto e o Matrimônio, o último Sacramento. Tais motivos serão posteriormente ventilados.

Antes, porém, é preciso demonstrar que a Igreja Romana — embora possua o grande mérito de ter mantido a ordens dos Sacramentos — cortou-lhes o elo de ligação. Conforme ela, uma só pessoa não pode receber todos os Sacramentos, pois quem receber o sexto — a Ordenação — é, "ipso facto", excluído para sempre do sétimo — o Matrimônio! Eis o que consegue a arbitrariedade humana!

Os Sete Sacramentos são degraus do uma escada invisível, unindo Céu e Torra; cada degrau é necessário, não se podendo omitir um sequer sem se arcar com as consequências. Se se tirasse mim anel de uma corrente ela não mais completaria sua finalidade. A Igreja Romana guardou cuidadosamente os sete degraus ou elos da corrente; aias no estado em que estão, não podem dispensar bênçãos. O simples fato da manutenção fiel dos Sacramentos não deixa de constituir uma honra para a Igreja Católica. Os reformadores se desfizeram de todos os mistérios, porquanto nada podiam entender, provocando grave ruína no conhecimento da evolução espiritual.

Com referência aos Sacramentos, o arcebispo Cramer errou ao afirmar não ter havido motivo básico para declarar o número sete como exato.

O conhecimento sistemático dos estados evolutivos progressivos era o grande segredo em todos os antigos mistérios. Os Sete Sacramentos são degraus da escada mística, vista cm sonho pelo patriarca Jakob.

Tal escada era bem conhecida pelos Iniciados do Egito, México, Índia, Pérsia e Grécia. Para os egípcios, o Salvador — Horus — nascido da virgem, era conhecido sob o título: Tep-F-Xet, isto é, Senhor da escada. Encontramos esse símbolo, a escada, tanto na Gruta de Mitra (deus ariano da luz, combatente das trevas), quanto na Fonte da Vida, na Grande Pirâmide, sempre sendo sete o número dos degraus.

(O reverendo J. Oliver, Washington, explica que a escada com os sete degraus é designada nos mistérios índios como a aproximação da alma à perfeição. Humboldt diz em seu livro "Pesquisas na América" o seguinte: A subida ao cume da Montanha paradisíaca de Deus, por meio de uma pirâmide de sete degraus, era um hábito antigo nos "selvagens" incas, muito antes que Jakob recebesse aquela visão.)

Como nenhum dos reformadores possuísse uma compreensão exata do sentido intrínseco das pirâmides, nem dos Sacramentos, arbitrariamente mantiveram apenas dois, rejeitando o resto. No catecismo luterano esses últimos nem são mencionados. A Igreja Anglicana, não agindo tão radicalmente, acentua a importância do Batismo e da Santa Comunhão, declarando serem os restantes "sacramentos de menor importância".

Basta imaginar-se uma escada, na qual apenas estejam intactos o primeiro e o terceiro degraus. É algo quase trágico imaginar-se uma escada mutilada desta maneira, pois como se poderia estabelecer uma ponte sobre o abismo entre Céu e Terra? Na escada da Igreja Romana todos os degraus estão felizmente incólumes; a escada, porém, acha-se ao rés do chão e, enquanto assim permanecer, não poderá servir à subida. Possa o Espírito da Verdade iluminar finalmente os guias, despertando em seus corações a boa vontade, para fazerem com que a escada seja em breve de novo erguida para o Céu.

Após este preâmbulo, vamos analisar o sentido original dos Sacramentos.

A palavra "Sacramentun" é a tradução latina do grego "Mystérion" e significa: Segredo. Este segredo era o conhecimento da Grande Verdade Central oculta nos antigos mistérios — Verdade essencial como base de todas as religiões, mesmo as distantes de merecer tal denominação.

RENASCIMENTO é a preciosa semente oculta nas cascas das cerimônias públicas. Renascimento é uma palavra familiar a todos os cristãos; no entanto, muito poucos compreendem seu sentido, pois tornou-se expressão corriqueira no vocabulário religioso que carece de verdadeiro sentido. Nos primórdios, todo o drama da salvação era numa única palavra: Renascimento.

Analisemos, pois, seu significado. O homem é qual solo em que é depositada uma semente viva pelo Verbo de Deus. Renascimento é o processo oculto do germe na terra e seu crescimento para uma realidade sublime. O homem é — tal como Deus, uma trindade constituída de pensar, sentir e querer (espírito, alma e corpo).

Quando os pensamentos trevosos do não renascido se juntam a sentimentos impuros, geram uma vontade que contém, desde o início, o germe do mal e da morte. A redenção só poderá advir pela destruição da vontade maldosa, através da compenetração com a força do bem.

Cada vez que o Cristo interior no coração do homem renasce, o coro invisível entoa: "Paz na Torra àquelas do boa vontade!” Pela porta do humilde do reconhecimento de sermos pecadores chegamos ao caminho das Palavras e da Doutrina do Salvador e recebemos o auxílio das forças do Bem pela nossa boa vontade, libertamo-nos assim das algemas e paixões, alcançando a paz. Através da criação da boa vontade no homem revela-se o Emanuel. Tal nome significa: Deus está conosco!

No estado atual da humanidade, o cérebro não é capaz de produzir algo imortal; no entanto, o coração purificado tom sempre capacidade de dar A luz o que é Divino, preciso, porém, que o coração pouco a pouco se torne de novo virgem, só então podo — fecundado por um Pensamento Divino —fazer surgir um rebento Imaculado. O cérebro humano só pode — como José — ser pai de criação, E sua tarefa proteger o criar o filho celestialmente concebido. As faculdades racionais do homem não conseguem produzir uma vontade absolutamente boa, o que também não lhes cabe; o que devem, é não impedir a Vontade do Senhor dentro do homem, quando despertada pela Graça do Espírito Santo.

Eis em poucas palavras o sentido intrínseco dos grandes mistérios do Renascimento e da Imaculada Concepção, que deram motivo a polêmicas intermináveis, enquanto se atribuía sua origem apenas a fatos históricos.

A encarnação do "ego" Divino no homem é o primeiro degrau da escada celeste; a reunião com Deus, o último.

O BATISMO - pelo Espírito Santo corresponde ao nascimento do Cristo dentro da alma.

A CRISMA - corresponde ao encher-se a alma de entendimento.

A COMUNHÃO - corresponde à revivificação das forças Divinas por alimento espiritual.

A CONFISSÃO - corresponde à luta do novo espírito bom no homem com o velho Adão.

A EXTREMA-UNÇÃO - corresponde à final vitória sobre a matéria.

A ORDENAÇÃO - é a convocação pela Voz Divina.

O MATRIMÔNIO - ou "união mística", é a união indissolúvel do Espírito Divino com a alma humana.

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Vamos agora analisar, um por um, os degraus da escada que conduz no Céu.

O 1° Sacramento é o BATISMO, e nenhum dos verdadeiros místicos teria a ideia de negar que é indispensável. Queremos, porém, positivar que o valor do mesmo baseia-se, unicamente, na fé elucidada de quem o recebe. O SENHOR incumbiu os discípulos de ligarem o Batismo ao Ensinamento; no entanto, restringiu o Sacramento apenas àqueles que já estavam informados. Os apóstolos batizavam somente os que acreditavam em Jesus. Se o Batismo não for ligado a uma transformação moral e espiritual, torna-se apenas uma cerimônia insignificante .

Infelizmente, é um fato real que a maioria dos batizados nunca passa pela importante transformação, ou seja, pelo renascimento, pois continuam a ser, em verdade, não-renascidos. Milhões de crianças se tornam adultos sem terem tido o menor proveito do Batismo, Alega a Igreja que por essa cerimônia se transmite um estigma especial à alma, o que diferencia os cristãos dos demais. Será possível provar esta afirmação? Parece-nos que, não obstante o Batismo, os hábitos em certos países são extremamente pagãos, pois não impedem que certos indivíduos se tornem criminosos. Tal seria impossível se tivesse ocorrido o renascimento, ou a alma tivesse recebido um cunho especial de santificação. Como se poderá afirmar que as crianças que receberam o Batismo cristão se distinguem das pagãs? Teria uma formalidade oca o poder de transformar crianças em filhos adotivos de Deus? É-se obrigado a acreditar em tal contrassenso.

A cerimônia do Batismo é classificada como a época da semeadura do progresso espiritual. Seria interessante saber se o Criador Se torna padrasto de todos aqueles povos que ignoram o Batismo com água, em crianças inconscientes. Seria Deus realmente tão injusto em abster-Se da distribuição da semente santificada no coração dos pagãos A procura da Verdade, somente porque amam e honram a Divindade sob outro nome? Por certo o Espírito Santo conduz a evolução de cada alma sedenta e faminta pela Justiça Celeste, sejam as circunstâncias do nascimento quais forem.

Religião não é questão de geografia. Um cristão imoral está mais afastado do Coração de Deus do que um virtuoso maometano, hindu ou parse. Não existe aliança especial que assegure ao cristão prerrogativas imerecidas.

O Batismo foi instituído para nossa libertação do pecado; como, porém, seria possível tal resultado extraordinário sem a colaboração consciente do batizado? A renovação completa da natureza moral não pode ser conseguida na criança, e sim, no adulto dotado de livre arbítrio. Não se consegue constatar a menor modificação das tendências após o Batismo. Como, portanto, todas os bons efeitos não se apresentam, tornando-se evidente que a Igreja divulga coisas vãs, é cia obrigada a declarar que todos os batizados, embora não sejam pessoalmente santificados, possuem uma santidade relativa (!!) por se terem tornado membros da Igreja que é "santa".

A Igreja Invisível — O Reino de Deus do Amor — é realmente Santa; acontece, porém, que os homens não-renascidos não fazem parte desta Igreja. Vides secas provam nitidamente não estarem numa ligação viva com a boa videira. O Batismo, aplicado a crianças inconscientes, outorga-lhes o privilégio duvidoso de pertencerem a uma das chamadas “Igrejas” que perfazem a cristandade oficial e se malquistam umas às outras.

É difícil de se encontrar um criminoso na Europa que não seja batizado — com exceção dos judeus — e toda escória é admitida, como cristãos nominais na Igreja, para receber os santos Sacramentos, o que deve significar o acolhimento na Comunidade de Cristo,

Uma coisa está comprovada: a Igreja original sempre ligou o Batismo ao Renascimento; e por tal Sacramento a Graça não só foi prometida, mas realmente transmitida. A atual superestimação da casca torna-se desastrosa à Vida do Espírito.

Há anos, contou-se uma anedota que demonstra a que enganos a ignorância e o fanatismo levam as pessoas, mesmo as bem intencionadas. Um certo missionário católico, na China, alegrava os corações de seus superiores com relatos calorosos a respeito de êxitos brilhantes, que coroaram seus esforços para levar ao Batismo milhares de chineses. Para este fim era necessário o envio de capitais de certa monta que não demoraram a chegar, e prontamente registravam-se novas conversões. Em breve julgou-se ser preciso mandar um segundo missionário para ajudar nos cuidados com o numeroso rebanho. Ao chegar, este pediu fosse apresentado à comunidade cristã. Com certo embaraço, o colega declarou estarem todos mortos. Todos? Por quê? Havia irrompido uma epidemia? Ou um massacre? Oh, não! A coisa era mais simples, embora surpreendente: Na China geralmente se matavam as crianças do sexo feminino! O bom padre, horrorizado com a ideia de que esses pequenos pagãos deveriam ir para o inferno, procurou o direito de batizá-los, mediante pagamento de alguns centavos por cabeça. Antes de fazê-los afogar, numa cerimônia solene, os pobrezinhos eram aceitos na Santa Igreja Católica, assegurando-se assim a sua bem-aventurança eterna. A salvação de almas por este preço era, por certo, um bom emprego de capital.

Que conceito estranho deveriam ter tais fanáticos de Deus, cujos atributos são Justiça e Graça! Como se pode conceber que um homem de bom senso possa acreditar que o gasto de uma ninharia tenha o poder de influenciar, eternamente, o destino da alma humana?!

Santo Agostinho defendia o parecer de que todas as crianças não batizadas eram entregues à eterna condenação. Na Escritura Sagrada lê-se: "Seremos salvos pelo banho do Renascimento!" (Tito 3,5). Estas palavras, porém, não significam serem condenadas as miríades que não forem salvas por este meio.

O destino do qual deveríamos ser salvos nele Renascimento Espiritual, é uma reencarnação forçada na matéria, Os métodos de educação do Pai Celeste são cheios de Sabedoria e Benignidade, e aqueles que deixarem de aprender sua lição sobre o sentido e a finalidade da vida em geral, não serão condenados e nem castigados eternamente.

Terão apenas o dever de enfrentar de novo esta tarefa, porém, em circunstâncias cada vez mais penosas, até interpretarem o sentido de "liberdade", como obrigação de fazerem o bem, em voz do mal, a seu próximo.

A primeira lição a ser aprendida na '/terra consiste na sujeição total à Vontade Divina. Cada alma que afirmar nas horas mais sombrias: "Tua Vontade Se faça!", unindo sempre a ação às palavras, já é renascida. A parte mais difícil de sua educação espiritual está concluída: galgou o primeiro degrau da escada evolutiva — o OS mãos solicitas dos protetores invisíveis estarão sempre prontas a favorecer-lhe a ascensão ulterior, até que alcance a perfeição e a maturidade para a imortalidade. É então que se dará o ato maravilhoso do Batismo Espiritual, que confere ao homem o selo da Filiação Divina. Isto nada tem a ver com cerimônias; no entanto, aquele que passar pelo Batismo Espiritual poderá testificá-lo! Os padrinhos não hão de ser de natureza humana, mas seres de ordem superior. Quando o "Filho de Deus" renascido no coração tenciona seguir seu caminho sem dificuldades, necessita proteção e auxílio de seres mais fortes. Terá dois anjos de guarda ou "guias" que o vigiarão, representando as testemunhas do Batismo. A alma renascida jamais é entregue a si mesma; é constantemente vigiada e protegida por "guias" invisíveis até ter alcançado a medida completa da "Idade do Cristo". (Eph. 4,13) Só então, os padrinhos são desobrigados do seu zelo, pois a alma que inicia a comunhão pessoal com o Salvador dispensa guias.

Essa Instituição maravilhosa desvirtuou-se na prática humana em mera farsa: os padrinhos devem assumir o compromisso de que a criança batizada cumprirá fielmente o contrato firmado, sem que previamente seja consultada. Prometem cuidar da educação cristã de seu afilhado; por acaso cumprem tal obrigação?

Raramente podem facultar ensino religioso ao afilhado e, mesmo que o quisessem, os pais haveriam de obstar toda e qualquer tentativa nesse sentido, como intromissão indesejável na educação do filho. Exige-se deles apenas um bonito presente! Qual a função que cabe a Jesus neste ato?

A Igreja Protestante que reprovou - numa ignorância sem par - a doutrina re-encarnacionista, acha-se num grande dilema, pois só tem dois caminhos abertos: salvação ou condenação!

É óbvio: quem não for salvo (só pela fé sem as obras de caridade) terá que aguardar o inferno e nele a condenação eterna! Observai, porém, a astúcia sacerdotal: como não foi possível conseguir dos escribas o Batismo Espiritual, foi engendrado outro meio para escapar à condenação eterna: o ato batismal, ou seja, a cerimônia externa do Batismo!

Como o número das pessoas verdadeiramente renascidas é reduzido, isto é, não são numerosos os que vivem de acordo com a Ordem Divina, guardando de todo coração, de toda alma e de todas as suas forças o Mandamento do Salvador: "Amarás teu próximo como a ti mesmo!" — os demais que ainda não conseguiram esta Ordem, deveriam, a fim de salvar suas almas, envidar esforços para comprarem o Céu a preço módico, pelo simples batismo externo, Sacramento aplicado indistintamente a todos.

Basta se imaginar uma escola, na qual os infelizes alunos tivessem a possibilidade de escolher entre duas coisas impossíveis: enfrentar, sem preparo suficiente, um exame rigoroso que ultrapassaria suas faculdades morais e espirituais, ou então, marchar para a reprovação, isto é, a condenação eterna, ficando excluídos, portanto, da Graça do Salvador.

As confissões ortodoxas não dão outra escolha a seus fiéis. Uma Igreja que ensina terem as cerimônias vãs o poder de proporcionar bênçãos celestiais, é semelhante a um impostor que, persuade os alunos de uma possível aprovação por engenhoso embuste. Tais métodos educativos não deixam de apresentar resultados insatisfatórios, porquanto não só incentivam o hábito da mentira, como também o desleixo pela ação mais importante na vida: o desenvolvimento do germe Divino no homem. Tal desenvolvimento, porém, só se efetua quando o aflito desfruta do auxílio de Deus, praticando o amor ao próximo até com a oferta do último pedaço de pão, certo de que o Pai a ninguém abandona, pois Ele é a própria Vida! Por isto é indispensável o Renascimento para o Amor, enquanto o uso de água e fórmulas vãs não tem nenhum valor!

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O 2° Sacramento é a CRISMA (a Confirmação) — é o início da ação independente do ser batizado, após certa época de ensino ministrado por dois anjos. Ela traduz o momento em que o jovem "Cristo", o novo filho de Deus, tem que se consolidar, provando não mais abusar da liberdade dos Filhos de Deus, pois se firmou na fé e no poder da fé que aplicará quando necessário. Terá que testemunhar também seu zelo pelos pobres e necessitados, de livre vontade, pois não mais vive para si, mas para o serviço de Deus. Terá que demonstrar agora se realmente se tornou, e quer tornar-se cada vez mais, uma testemunha íntegra de Deus, e um "mancebo" de solícitas maneiras, dignas de um filho de rei, porquanto a Crisma dota o homem de todo armamento necessário a um combatente no serviço de Deus.

A Igreja declara que Batismo e Crisma só podem ser recebidos uma vez na vida, pois imprimem na alma uni cunho indelével. Esse pormenor é insofismável cm se tratando do Batismo Espiritual e da Crisma Celestial no seu conceito verdadeiro. Chegando a conhecer as verdadeiras Testemunhas de Jeová, percebemos que os dons do Espírito Santo sempre estavam com eles, pois os frutos que os caracterizavam eram idênticos aos dos primeiros apóstolos e mártires da jovem Cristandade.

Os Dons do Espírito Santo, descritos no 12.o Capítulo, na Primeira Carta aos Coríntios, cm absoluto são "milagrosos"; apenas provam o natural desabrochar e florescer do rebento nobre escondido. Capacidades espirituais, ocultas ainda no homem material, se manifestam em sua plenitude em quem recebeu este Sacramento da Crisma, Isto tão pouco é milagroso como o fato da glande do carvalho surgir da terra para se desenvolver em árvore frondosa, embora permaneça oculta no solo até o momento em que os efeitos da umidade e do calor, em conjunto, forçam a semente a se desenvolver e crescer para seu destino.

Umidade e calor, indispensáveis à vida vegetal, são o equivalente físico da água e do espírito — ou psique e pneuma — os grandes mediadores do Renascimento, conforme foi dito por Jesus a Nicodemos: "Em verdade te digo: ninguém poderá entrar no Reino do Céu, a do ser que renasça pela água e pelo Espírito". (João 3,5)

A água simbólica do Batismo incita a Semento Divina no cometi° do homem a germinar. O misterioso apor das mãos, usado durante o Batismo, tem o efeito dos raios solares; uma certa atração magnética, correspondente ao calor.

Enquanto a semente, no solo, não for obrigada ao desenvolvimento pelo calor e a "água viva", ser-lhe-á impossível romper sua escura prisão; mas, pelo efeito do ato correspondente ao Batismo, a jovem planta surge ao encontro com o éter.

A evolução e ascensão do homem, da Terra ao Céu, dá-se de modo idêntico. O germinar da humanidade divina se passa invisível aos olhos — no fundo do coração. Dia, porém, chegará, no qual o Cristo interior, a Grande Luz oculta sob o alqueire da matéria, romperá a casca rija que O algemara, para a consciência radiosa de suas faculdades nas esferas mais elevadas da vida. Um mundo novo lhe descortina sua Glória! A criatura renascida vê, ouve e sente com sentidos inteiramente novos. Sua percepção é sobremaneira apurada, e nitidamente registra elementos que antes não percebia.

As dádivas do Espírito Santo de forma alguma são "sobrenaturais", a não ser que se classifique de espiritual tudo que se eleva sobre a Natureza. Elas fazem parte da herança dos filhos de Deus e são reservadas àquele super-homem, consciente das Palavras de Jesus: "Sem Mim nada podeis fazer". Isto provoca a humildade profunda dos que "possuem com Deus todo o poder". Eles sabem que também neles, isto é, na sua carne, não há nada de bom; eis porque não seguem mais as tendências da carne, mas passam a ignorá-las, atendendo conscientemente às insuflações do Espírito Santo no seu interior.

O homem não-renascido acha-se nas trevas, pois tema consciência aprisionada à matéria; os cinco sentido são seus únicos postigos abertos. Infelizmente, eles transmitem apenas impressões do mundo material. Um leve pressentimento, no entanto, às vezes até um pré-conhecimento de certas coisas, despertam até o mais arraigado materialista para o sexto sentido oculto no subconsciente e dotado do poder de sentir e perceber espiritualmente.

Poderíamos denominá-lo "consciência universal", porquanto por ele tudo se torna perceptível, quando se aprende a lhe prestar atenção.

Houve consideráveis pesquisas em meio às Igrejas quanto às "Dádivas do Espírito Santo", mencionadas na Primeira Carta aos Coríntios 13, 1-11. Presume a Igreja que esses Dons tenham sido distribuídos só durante os primeiros séculos da era Cristã, como se Deus fosse limitado ao tempo. Em particular, considera-se desaparecido o dom de falar em línguas, isto por não se entender o sentido da expressão. Geralmente, é julgado ser uma externação involuntária de sons sem nexo. Tal interpretação errada levava seguidamente ao delírio religioso, que expressava cadencias de sons inexpressivos. Não era, portanto, de se estranhar que a Igreja considerasse o falar em línguas como algo de inferior; a não ser que o dom da interpretação o acompanhasse, o que competia geralmente a outrem. Nunca levo o Espírito Santo a incumbência de fazer entender baboseiras. Proferir sons sem sentido, como muito está em voga, nunca teve valor algum.

É de lastimar a total ignorância de povos modernos a respeito das Dádivas de Espírito Santo; pior, no entanto, é a apreciação errada de pessoas inteligentes, que tomam os berros loucos e os discursos insensatos de mentirosos pela maravilhosa capacidade do "falar em mistérios". Por certo o Espírito Santo que representa a máxima consciência e concentração dos Sete Espíritos de Deus, conterá algo de mais sábio do que é aceitável a um homem medíocre. O falar em línguas autêntico é sem dúvida de valor imenso, pois revela a verdade oculta das parábolas e explica Verdades eternas através do transparente véu da comparação poética.

Este "falar em línguas", desde tempos remotos é encontrado nos povos. Sempre eram apenas alguns poucos que possuíam este dom. Mas também neste campo muitos se julgavam chamados, mas poucos apenas são os eleitos.

O fato dos apóstolos possuírem a faculdade de falar um idioma qualquer, após o espargir do Espírito Santo, é inegável. Isto somente se dava, se houvesse no local pessoas que só falassem aquela língua, ou que devessem receber, em testemunho, o Evangelho do Senhor e Salvador em sua língua materna. (Atos, 2, 6-12).

É realmente maravilhoso que a mesma fonte tenha originado tanto o enigma quanto sua solução, sendo a divisão do trabalho um admirável método de complemento recíproco pelo Espírito.

O significado literal das alegorias é geralmente de uma simplicidade ingênua, compreensível ao intelecto mais fraco, entretanto, sumamente sábio por tal motivo; pois, sob a superfície despretensiosa jazem ocultos valores e belezas infinitas. Muitas vezes ficam elas nesse estado por longo tempo até a hora determinada por Deus. Só então levanta-se O véu, e O dom da interpretação é conferido a alguns servos ou profetas, o que torna o segredo, oculto por séculos, posse comum; assim, a comunidade ganha consistência (1. Cor. 14,5).

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O outorgar de dons espirituais acompanha invariavelmente o verdadeiro recebimento do Segundo Sacramento. Os mistérios e milagres da era apostólica não foram de pouca importância, mas verdadeiramente necessários à instituída Igreja de Deus, a qual conserva esse cunho até hoje, porquanto se classifica como renascido o homem que realmente sentiu e passou pelo Batismo do Espírito.

Aqueles cristãos que não apresentam Dons do Espírito Santo, ainda não são crismados.

Que diria alguém que, ao procurar um jardineiro para comprar pequenos carvalhos, recebesse um punhado de bolotas? Não arregalaria os olhos para o jardineiro, dizendo: "Mas quero pequenas árvores!" Sua admiração aumentaria ainda ao receber a resposta: "Mas isto são carvalhos, apenas num estado tornado durável".

Não menos estranho acharíamos se alguém nos dissesse que só nos tempos dos primeiros cristãos as bolotas tinham a extraordinária e admirável faculdade de transformar-se em carvalhos. Da mesma maneira, os Dons do Espírito Santo hoje não se desenvolveriam mais! Ficar parado num estado não desenvolvido, no entanto, é totalmente incompatível com a vida sadia da planta. Enfim, há de germinar, senão, a vida acabaria por fugir dela totalmente.

Se as bolotas tivessem recebido tratamento adequado, o grande milagre do crescimento poderia se produzir como nas "bolotas" de 2000 anos atrás.

Grande será o embaraço dos sacerdotes cristãos que julgam ter recebido por Deus o Santo Sacramento da Ordenação, se no Dia do Juízo apresentarem sua comunidade de milhões de chamados cristãos, crentes de terem sido aceitos na verdadeira Igreja do Cristo, porque se espargiu água e palavras ocas por sobre suas cabeças. Quando reconhecerem este engano colossal, haverá "clamor e ranger de dentes" e o Espírito da Verdade dirá com rigor: "Afastai-vos, pois não vos conheço."

Apenas é cristão aquele que se esforça por imitar a Vida de Cristo, através da abnegação e da prática do amor a seus irmãos menosprezados. Em verdade, milhares e milhares chamados "pagãos" são membros da Igreja Invisível. Possivelmente nunca ouviram o Nome do Senhor Jesus em vida, mas a Semente Divina do Bem e da Caridade se desenvolveu neles em um fruto maravilhoso. Mãos angelicais os batizaram com as lágrimas vertidas em silêncio, por misericórdia e compaixão; padrinhos invisíveis dirigiram sua evolução espiritual de volta ao Pai, tanto que tais pagãos desprezados conseguiram se tornar Filhos e Filhas de Deus, É inominável presunção o fato de os cristãos aparentes afirmarem que somente a opinião defendida por eles confira aos homens o direito de entrada nos Céus. Nenhuma Igreja ou Seita possui o monopólio da bem-aventurança! E a verdadeira Igreja de Cristo ainda nem existe! Ou haverá alguém que afirme possuirmos o Reino Milenar da Paz sobre a Terra, se disse Jesus: "Meu Reino não é deste mundo!"?

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0 3° Sacramento é a COMUNHÃO. A Igreja afirma ter sido a SANTA COMUNHÃO instituída por Jesus Cristo. Fato indiscutível, no entanto, e comprovado pelas descobertas da Arqueologia é que o Mistério da Santa Comunhão haja sido usado vários mil anos antes de Cristo. Encontram-se vestígios deste Sacramento no México, na Índia, na Grécia e no Egito, pois que, ritos acompanhados de pão e vinho desempenham um papel importante em todos os antigos mistérios. A ideia de um alimento celeste pelo qual os homens fossem divinizados é de origem primitiva. O sentido deste símbolo é evidente: os sacerdotes da Cabala bem conheciam o "Maná Espiritual" e o "Espírito da Vida".

Nos Hinos vedantas, os adoradores exclamam: "Sorvemos o SOMA, tornamo-nos imortais, penetrando na. Luz e reconhecendo o Divino".

E no "Livro dos Mortos" do Egito, usado durante as grandes iniciações, fala-se do "alimento dos deuses por detrás da aparência".

O neófito diz: "Meu pão é alvo, minha bebida vermelha; sorvo-a debaixo das duas árvores que conheço, com lindos ramos". As duas árvores mencionadas são a videira e a figueira, símbolos de Nosso Senhor. O ritual fala ainda do alimento divino que confere força. O neófito diz: "Recebo a força pelo pão dos deuses; estou comendo debaixo da folhagem da árvore de minha senhora", e ainda: "Glória, alegria e paz no coração me são dadas pelo pão e o vinho". Numa das antigas Sagradas Escrituras da antiga Igreja oriental, no "Livro de Adão e Eva", traduzido do etiópio pelo Rev. S.C. Malan, encontramos a seguinte passagem surpreendente: "Adão e Eva sacrificaram uma oferenda de pão sobre o altar. E Deus disse: 'Esta oferenda que Me trouxestes deverá representar Minha Carne. E o Espírito Santo desceu sobre a oferenda".

Mais adiante fala-se que Sem, filho de Noé, preparara pão e vinho, dizendo: "Cultuai esta ceia em segredo!"

E ainda se comunica que Melquisedeque, Rei de Salém, tomou doze pedras, nelas depositando uma oferenda de pão e vinho; e também que deu a Santa Ceia a Abraão: um cálice de vinho e um pedaço de pão, dizendo-lhe: "Toma doze pedras e faze um altar com elas, ofertando sobre ele Pão e Vinho"

À vista de tal conhecimento, não é viável que a Igreja declare ter sido a Santa Comunhão instituída por Jesus. Está provado que este símbolo não foi criado pelo Cristo histórico, mas pelo Cristo pré-existente, isto é, pelo Deus Vivo do qual Jesus Cristo foi apenas uma encarnação temporária.

De acordo com as Igrejas, a grandiosa meta que deve ser procurada é a Salvação. — Mas o que vem a ser salvação senão a imortalização da alma? Mas ficando desta forma restrito a si mesmo, seria veneração de si mesmo e a raiz de todo mal. Egoísmo é o grande empecilho da união com Deus — e não poderá ser exterminado pelo esforço contínuo — e se fosse pela vida inteira — de conquistar vantagens espirituais, em seu próprio benefício. De modo idêntico, a renúncia de prazeres efêmeros a fim de colher um prêmio Celeste, tem o cunho mundano de negociatas especulativas. Tais negócios não levam ao Céu! Tampouco o conseguirá o leviano que desperdiça seus dons espirituais com "dissipação e luxúria", perdendo assim o seu direito de primogênito.

Mas o chamado "beato", que ostenta religião e ascese com o fito de angariar dons espirituais, age qual avarento espiritual e só obtém resultados negativos, porquanto seu esforço não se baseia no altruísmo, querendo servir aos irmãos, mas no egoísmo e na ambição. Aos olhos do Altíssimo, estes dois tipos de pessoas encontram-se no mesmo baixo grau de moral.

O cristão que espera vantagens pessoais, como prêmio de suas virtudes, não está ainda devidamente evoluído para que mereça participar da Comunhão.

Este Sacramento se baseia no sagrado princípio da igualdade e união, e só pode dele compartilhar, merecendo-o em Espírito e Verdade, aquele que se sente humildemente unido à humanidade inteira. As palavras "Deus não quer a morte do pecador, mas sim que se converta e viva", servem para todos, e não apenas para os que se julgam escolhidos por Sua Benevolência. Ele deseja a salvação da humanidade inteira, e quem colabora solidariamente com os mais pequenos desta Terra, será solidário com os que mais se aproximaram de Deus pela humildade e amor.

Eis o maravilhoso privilégio do renascimento, de contribuir com Deus no aperfeiçoamento desta grande Obra de Amor! Quando tivermos galgado pacientemente a escada que conduz às Portas do Céu, teremos de suprimir o desejo de ali penetrar, retrocedendo às esferas inferiores da vida, na tentativa de conquistar filhos e filhas para o nosso Pai Celeste, socorrendo aqueles afastados da Pátria Divina com palavras de consolo, coragem e fé, e suportando e amparando os fracos.

A expressão mística "repousar debaixo do altar" (Apocalipse 6,9), enigmática para muitos cristãos, refere-se ao grande fato espiritual de que os primeiros que se consagraram à Vinha do Senhor continuam trabalhando até que toda a colheita seja guardada, repousando assim até lá debaixo do altar. Quem achou a Paz em Deus, repousa Nele! Deste modo, os operários repousam no Pai, trabalhando, ao mesmo tempo, no mundo. Ninguém que houvesse conseguido ingresso no altar das Alegrias Celestes poderia ficar inerte ante o quadro do sofrimento de muitos milhões de seus irmãos o irmãs porque se acham espiritualmente nas trevas, ignorando a razão de sua vida e o caminho para a Filiação Divina. Eis porque os primeiros serão os últimos a entrar!

Aquelas almas, admitidas na Comunhão com Deus, ofertam com alegria seus privilégios espirituais a fim de colaborarem no Plano Divino da Salvação. "Repousam ainda por pouco tempo até que também se complete o número dos seus conservos e irmãos!"

Na escada mística, vista por Jakob numa visão, os anjos desciam e subiam, não ficando no Alto, pois sua incumbência era servir às almas menos evoluídas. Todas as almas que se elevaram à Presença Divina, descem de livre vontade como anunciadores e testemunhas. Como, porém, boa vontade e paz marcham lado a lado, os que trabalham em benefício de outrem já repousam em Deus.

Quem repousa debaixo do altar recebe por alimento Celeste a Ceia Divina, sempre facultada aos que realizam a Vontade do Pai (João, 4, 34). Por Sua Vontade ninguém deve perecer. Eis porque não se deve amarrar a boca do boi que debulha, e porque o camponês é o primeiro que come de seus frutos; assim também o trabalhador da Vinha do Senhor não necessita se preocupar com seu sustento; Deus o proverá.

O Reino do Céu e da Paz não poderá vir antes de termos recolhido as ovelhas perdidas, motivo por que devemos nos apressar.

No Sacramento do altar encontramos a parábola da árvore que produz a Semente Divina em seu fruto; assim também todo homem renascido gera a semente e o fruto do Bem.

Pão e Vinho são alimentos conservadores da vida terrena; O SANGUE DE CRISTO é o fluido vital do Espírito Santo, facultando alimento a todos os membros da Igreja Invisível, pois "Vivemos e agimos Nele!"

O Pão e o Vinho derivam do reino efêmero da matéria. A Carne e o Sangue místicos do Cristo pertencem ao Reino do Eterno. Através da Comunhão, a alma renascida alcança a capacidade do assimilar o alimento diretamente das esferas celestes. O escasso alimento espiritual contido nos Credos, nos dogmas e na fatuidade teológica é transformado por uma bebida imperecível da fonte da Verdade e por um alimento do Verbo Divino, o Maná Celeste.

A plenitude da graça conferida pelo Sacramento do altar desperta um deprimente sentimento de indignidade na alma: torna-a consciente da necessidade do Sacramento da CONFISSÃO.

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O 4° Sacramento é a CONFISSÃO. Um mendigo convidado à mesa de um rei, poderá esquecer, no início, pela alegria e agitação, seu estado indigente; mas inevitavelmente virá o momento em que terá vergonha de seus farrapos. Durante a caminhada, seu estado miserável não o perturbava. Mas a honra recebida sem mérito, desperta nele o forte desejo de ter uma veste limpa.

Quem verdadeiramente se compenetra da Santa Comunhão torna-se cônscio de seus pecados, pois, a beleza imaculada do ideal humano força a alma a meditar sobre suas fraquezas.

Todos os pensamentos, palavras e ações da vida passada são contidos em nossa aura, — e o momento em que enfrentamos esses registros espirituais é horrendo, mesmo para aqueles que, mundanamente falando, tenham levado vida pura. Esta é a prova de fogo que na linguagem mística se chama "Vale das sombras da morte".

Todos nós teremos de enfrentar este quadro após a morte física. Aqueles, porém, admitidos na grande Iniciação, passam por esta prova de fogo enquanto ainda vivos. Num sono semelhante à morte, veem na inclemente Luz da Verdade Eterna todo o seu passado, clamando intimamente constrangidos: "Montanhas, caí sobre nós!" e "Morros, cobri-nos!". Durante a prova de fogo a alma enfrenta, face a face, o acusador, aquele ser tremendo, várias vezes mencionado na Bíblia. Num quadro da antiguidade egípcia, representando o julgamento de Osíris, o acusador tem a forma de uma esfinge com cabeça de crocodilo. Preside ele a cerimônia na qual o coração humano é levado à balança da Lei Divina. Nenhum de nós poderia fazer pendor o prato da balança que representa a Justiça, se não pudéssemos contar com a Graça, equilibrando as falhas. Ninguém poderá passar vitoriosamente pela prova de fogo, enquanto não se tiver unido ao Salvador. Todos sucumbiríamos, se o Sacramento da Santa Ceia não precedesse ao da Confissão, pois "O Sangue de Cristo apaga todos os pecados!", como reza o ditado verídico.

A consciência viva de suas falhas torna o homem seu próprio e mais severo juiz ("Porque com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também!"). O culpado sente que existem fatos em sua vida pelos quais jamais se perdoará, embora seja possível o perdão de Deus e do próximo. O castigo para o pecado é a morte... Na dor da contrição, a alma arrependida pede para ser exterminada das fileiras dos vivos, e neste grau de evolução recebe ela a Extrema-unção.

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0 5° Sacramento é a EXTREMA-UNÇÃO. A Igreja Romana não confere este Sacramento antes de se extinguirem todas as esperanças de cura. No último momento, "in extremis", é ele concedido a todos os fiéis que são, de nome, membros da Igreja — homens, mulheres e crianças — muitas vezes após terem perdido a consciência. Naturalmente, um ato solene efetuado em um corpo insensível não pode influenciar beneficamente na alma, desprendida do corpo. Esta cerimônia, porém, impressiona os familiares entristecidos, transmitindo-lhes certa tranquilidade. Parecem acreditar que a unção tenha um poder mágico, de grande ajuda à alma no purgatório. Mesmo os que a têm como simples crendice não haveriam de querer tirar-lhes esta ilusão! — Mas mesmo assim: não é nada mais do que uma ilusão!

Preces caridosas poderão socorrer a alma na hora da morte, enquanto que práticas rituais efetuadas por estranhos dentro de seus deveres profissionais e em troca de pagamento... de nada servem ao moribundo.

O Óleo ou Crisma, com que o enformo é tingido conforme consta no Evangelho, é símbolo da Paz, da qual porém a boa vontade é inseparável, pois se não for desenvolvida durante a existência terrestre, não poderá haver paz no Além.

A alma sofrerá e terá de sofrer – não como exigência vingativa de um Deus rancoroso, mas pela razão do ser o sofrimento o grande poder purificador. Teremos de ser lavados pela dor e o arrependimento. A alma não sofrerá nem mais nem menos — tanto aqui quanto no Além, na continuação do desenvolvimento dos espíritos — do que é imprescindivelmente necessário para sua purificação. Quem tenta fugir à dor assemelha-se a crianças malcriadas que se esquivam do banho. Não á aconselhável que se deseje encurtar as penas do "purgatório", pois as escórias devem ser destruídas pelas chamas, caso o metal nobre deva ser puro. No momento em que se manifesta algo de obstinado no homem, seu amor é impedido de se externar, o que produz escórias. Sendo estas solidificadas, será mister um intenso fogo de dores para dissolvê-las. Geralmente este processo doloroso de purificação se dá após a morte; as almas abençoadas, porém, as que forem chamadas, sentem-no já em vida. Peçamos a Deus que não espere nos purificar até que nossa enfermidade psíquica já se tenha positivado num câncer físico, mas sim que nos envie as dores tão logo nossa vontade se manifeste maldosa. É privilégio das almas esforçadas galgarem a escada de ascensão ao Céu, podendo penetrar na fornalha do sofrimento enquanto ainda na Terra. E, vede: quando elas estiverem realmente compenetradas do Amor Divino — ao invés do amor-próprio — o fogo e o calor não lhes poderão prejudicar, mesmo estando a fornalha aquecida por sete vezes.

A descida voluntária ao HADES — inferno da mitologia grega — foi o ponto central dos antigos mistérios! Cada iniciado tinha de atravessar a câmara da prova de fogo. E os três dias nas trevas correspondem à descida de Jesus ao Vale das sombras da morte. Eis porque o Sacramento da Extrema-unção não pode ser concedido a naufragados levados, embora involuntariamente, à margem das trevas, mas sim às almas verdadeiramente fortes, àqueles que voluntariamente renunciaram aos prazeres culinários do Egito e foram para o deserto para desafiar o "último inimigo", que tem que ser vencido para a vitória ser completa. Mas não temiam a morte, pois caminhavam de mãos dadas com Deus.

Glória e Aleluia àquelas almas fortes, capazes do renunciar a tudo o que lhes é afim e de se dirigirem ao deserto e ao mar perigoso do "Nada". Salve a ti, vencedor que te atreves a caminhar para o deserto, contrariando costumes e tradição. Só quando tiveres vencido fome e sede, frio e pavor, incredulidade e fraqueza, poderás tomar pousada qual príncipe do espíritos, como Filho de Deus, embora sendo homem simples de vestes despretensiosas, desconhecido e humilde no caminho, mas deixando um rastro de bênçãos.

A alma que galgou os cinco degraus da escada celeste, não olha nunca para trás com pesar, pois não tem o menor desejo de permanecer nas esferas inferiores da vida, aceitando com a mesma submissão decidida —vida ou morte.

Então, por que razão nos agarramos tão desesperadamente à posse do corpo físico, quando podemos conquistar um corpo glorioso? O "Tosão de ouro" somente é dado àqueles que abandonaram alegremente suas vestes de pele; porque estas lhes foram dadas para esconder seu pecado. Só poderão se desfazer delas totalmente quando não houver mais nada em sua natureza que deva ser encoberto ou escondido. Os três dias e meio passados no "Pastos", ou sepulcro voluntário, constituem a preparação indispensável para o sexto Sacramento.

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O 6° Sacramento é a ORDENAÇÃO — Antes que começasse a pregar, Jonas permaneceu três dias no ventre do monstro marinho. De modo idêntico, a alma tem de morrer para as coisas terrenas, antes que possa receber o Sacramento da Ordenação.

A Igreja Romana afirma não haver oficio tão elevado sobre a Terra como o do sacerdote, e, de acordo com São Crisóstomo, a dignidade sacerdotal é mais sublime do que a de imperadores e reis. São Bernardo até assegura: O poder sacerdotal é maior do que o dos anjos.

Tais afirmações, soberbas, são justificadas quando aplicadas à entidade semidivina, a qual, após ter galgado a escada evolutiva, foi por fim ungida pelo grande guia da Igreja Invisível. A pessoa que recebe em verdade o Sacramento da ordenação, reúne o ofício do rei, do sacerdote e do profeta (Parsival).

É impossível alcançar posição mais elevada, Mas a afirmação presunçosa de superioridade absoluta por parte dos dignitários eclesiásticos é um tanto ridícula, quando aplicada ao grande número de senhores que escolheram a profissão clerical por motivos práticos, O clero - conforme é instituído pelas Igrejas oficiais no mundo inteiro - nada tem a ver com o Sexto Sacramento. É apenas uni maquinismo inteligentemente engendrado por potências oponentes.

Constitui dever profissional do sacerdote explicar o Verbo Divino às massas. Como, porém, poderá ser realmente cumprido este dever por pessoas que somente conhecem e compreendem o sentido literal, mas que desconhecem totalmente seu significado secreto? Existem todavia poucos sacerdotes que realmente passaram pelo Batismo Espiritual, tornando-se, destarte, mediadores verdadeiros da Graça; a maioria, porém, pratica o "Magnum Opus" (a Obra Magna) inversamente, isto é, transforma pão em pedra. A verdadeira religião é por eles deturpada numa teologia indigesta e na construção de templos de pedra, com imagens modeladas por mãos humanas.

Além disto, o privilégio exclusivo deste Sacramento para o sexo masculino constitui uma ofensa imerecida às mulheres, pois, devemo-nos desenvolver para um povo de sacerdotes e sacerdotisas. A sublime tarefa da polaridade psíquica, tanto no macrocosmo quanto no microcosmo, jamais poderá ser preenchida por homens. Entretanto, a mulher apenas visa masculinizar sua tarefa, ao invés de interiorizá-la. Louvor àquela mulher que se tornou realmente uma sagrada sacerdotisa do amor ao próximo, sem afetação social.

Agora que se começa a reconhecer a grande verdade de que Deus não só é nosso Pai, mas também nossa Mãe, a diversidade de sexo não poderá continuar a ser empecilho irremovível, excluindo metade da humanidade do Sexto Sacramento.

A missão do sacerdote é oferecer sacrifícios - e a única oferenda agradável a Deus é a doação de si mesmo. Como o sacerdote ou a sacerdotisa se acham constantemente em "adoração", isto é, na ação invariável diante do Trono de Deus, a renúncia de si próprio necessariamente também é contínua. Esta atitude não pode deixar de existir no momento em que uma pessoa de natureza contrária à Ordem Divina provoque escândalos, pois o sacerdote age pelo poder de sua força suave e irradiação espiritual, Todos os que se prontificam a dar tudo o que são ou possuem, por amor ao Salvador, poderão se tornar sacerdotes ou sacerdotisas no Reino do Messias. O sacerdote é um rei, porquanto tem domínio legítimo sobre o grande número de almas menos evoluídas, o que o faz responsável pelo seu bem espiritual. Deve delas cuidar como um pai, zelando pela ordem doméstica. Incentivará o zelo dos de boa vontade, encaminhando-os para a justa ação, e fortalecerá os fracos e ineptos pelos que são já mais desenvolvidos. A prosperidade de seu reino exige sua divulgação e seu fortalecimento. Por isto, o rei enviará missionários que disseminarão o livre curso do progresso espiritual. As tarefas do sacerdote real (o faraó do Antigo Egito) são de multiplicidade singular e exigem inteligência apurada e muita energia, além de sabedoria e verdadeira humildade (Um exemplo real do verdadeiro sacerdócio foi-nos dado por Deus Mesmo quando doutrinou como Melquisedeque, Rei de Salem. E é segundo a Ordem Deste que os sacerdotes ungidos devem executar sua missão).

O sacerdote-rei também é profeta, porquanto é destinado a entregar ou tesouros do Céu, dos quais livremente dispõe, aos que se acham na escada abaixo dele. Assim, uma de suas mãos está levantada para receber do Pai Onipotente; a outra, estendida para baixo, a fim de distribuir as dádivas, posição mística que tão frequentemente se vê em quadros e monumentos de reis.

"Solve ac coagula", a célebre fórmula secreta, corresponde ao poder de desligar e de ligar, transmitido por Jesus aos apóstolos quando lhes conferiu o Sexto Sacramento.

Tal poder só é dado às almas que, vitoriosas, galgaram todos os de'- graus evolutivos e, portanto, afiançaram não abusar dele. O verdadeiro sacerdote tem a tarefa maravilhosa de libertar seus companheiros. As algemas insuportáveis, forjadas pela ignorância e o fanatismo, partem-se pelo toque mágico da espada da Verdade que brilha na sua mão qual metal derretido. Esta arma onipotente é o VERBO DIVINO.

Um Verbo não escondido debaixo do alqueire da antiguidade, e que aparece nas páginas da veneranda Bíblia, mas que surge vivo de um coração pleno do Espírito Santo.

O verdadeiro sacerdote é mediador entre Deus e o homem, pois somente ele tem acesso ao Santíssimo. Em horas raras c solenes de profunda meditação, o véu que lhe cobre a alma extática é levantado para que vislumbre o Céu. Então não mais enxerga como por um vidro escuro, mas face a face. Esses momentos sublimes de indescritível solenidade são o preâmbulo de alegrias inauditas, reservadas às almas perfeitas no último degrau da escada celeste. No entanto, o sacerdote ainda não está autorizado a permanecer constantemente no Santuário; terá que concluir uma série de deveres. Os seis dias de labor estão prestes a findar, e a época da máxima atividade precede a vinda do grande sábado! Muito há que fazer ainda para que tudo esteja preparado para a chegada do SENHOR!

Todos os verdadeiros sacerdotes cuidam que "as virgens possuam óleo em suas lâmpadas", pois o amor deve ser intenso, tornando-se sempre mais forte pela ação caridosa. Não há mais tempo para verificar se a nossa identificação com a Luz se torna patente, pois a atividade é constante. Por toda parte se acendem novas chamas de Amor para o Noivo Celeste, levantando-se as bandeiras da liberdade espiritual! De todos os lados se apresentam imensas falanges de libertos com palmas nas mãos, a fim de melhor aprenderem a nova Canção do Amor. E aqueles que recebem a coroa da vitória transbordam de água viva!

No sexto degrau evolutivo, a alma tornou-se noiva do Noivo Celeste; mas ainda não se uniu a Ele!

Teve apenas um pequeno vislumbre do Amado, sem no entanto conquistar o direito de Sua constante companhia. Somente quando recebe o Sétimo Sacramento, a alma usufrui a felicidade indescritível da eterna união com Deus e penetra na paz que ultrapassa toda a humana compreensão. Não mais necessita da encarnação, pois todo o filho perdido voltou à Casa do Pai. Deixou para sempre o país longínquo onde devia alimentar-se do bagaço. Eis que no momento em que se levantou para voltar ao Pai, Este desceu rápido da escada a fim de encontrá-lo já no terceiro degrau, dando-lhe a Ceia Celeste. E quando o perdido disse: "Pai, sou pecador", recebeu de novo a vestimenta alva da pureza e da filiação... e, finalmente, o anel, símbolo do Sétimo Sacramento, o Matrimônio.

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O 7° Sacramento é o MATRIMÔNIO — União Indissolúvel do Salvador com o remido.

Não vamos falar sobre a "União Mística", o Matrimônio Celeste, por ser um fato sagrado demais para ser publicamente tratado sem profanação. Qual seria a noiva que relataria a estranhos o arrebatamento do primeiro amplexo? A alma que recebeu o Beijo da "Sophia Celeste", a Sabedoria Divina (para falar com Jakob Böhme), não deseja revelar o que se relaciona com o Sacramento do Matrimônio. Só uma coisa é certa: Não foi ele instituído para justificar a união física entre homem e mulher, indispensável, nas circunstâncias atuais, para a procriação do gênero humano. É de suma importância, para o bem do filho, que o vínculo que une os pais seja bem sólido. Mas este vínculo, conforme sua própria natureza, não é indissolúvel, porquanto não se lhe pode aplicar o grande argumento: "O que Deus uniu, o homem não deve dissolver", em vista das inúmeras ligações infelizes que defrontamos diariamente. Deus não une casais antagônicos, e o simples fato de um membro da Igreja ter celebrado a cerimônia, não quer dizer que fosse feita com o consentimento Divino. Por certo carecerá sempre desta confirmação, quando o móvel da união não tenha sido o amor desinteressado!

Desinteressado significa isenção de desejos próprios. O matrimônio é um contrato importante que impõe sérias e mútuas responsabilidades, as quais são seguidas rigorosa e honestamente por pessoas de caráter. Mas quando a continuação do matrimônio se torna impossível, devido a interesses e ações divergentes, não existe necessidade de mantê-lo, em prejuízo de ambos. O laço que une os casais é de natureza humano-legal — e não Divina. Portanto, o Sétimo Sacramento não implica o direito do sacerdote em realizar uniões indissolúveis, algemando para sempre duas criaturas imperfeitas no plano físico. O "Grande Mistério" mencionado por Paulo na Carta aos Efésios (5, 32) refere-se à união de Deus com o homem e nunca a assuntos matrimoniais terrestres. Possam todos os que consideram o Matrimônio como Sacramento meditar sobre qual será a deturpação pior: aplicá-lo a pessoas Indignas, ou dissolver uniões não abençoadas que só se relacionam à natureza animal?

Os partidários das práticas rituais alegarão talvez serem estas opiniões de ordem pessoal, desprovidas de valor objetivo. Todos, porém, poderão facilmente se certificar serem tais pontos de vista conformes com os da primeira era Cristã, quando os Padres da Igreja ainda estavam de posse da Verdadeira Gnose.

São Clemente de Alexandria, o grande contemporâneo de Tertuliano, forma em seu "Paedagogium" a seguinte sentença: ''Por sermos batizados, somos iluminados: como tais, somos filhos de Deus; como tais, somos aperfeiçoados e, por sermos aperfeiçoados, tornamo-nos imortais." Estas palavras designam com máxima clareza a ascensão na escada mística, degrau por degrau. Não haveria confirmação mais convincente do que essa declaração que parte de um membro canonizado da Igreja Romana.

São Cirilo de Jerusalém entoa o louvor dos Sacramentos com as seguintes palavras: " Liberdade aos presos, perdão dos pecados, renascimento da alma, vestimenta de luz, aplicação do selo sagrado e indissolúvel, veículo para o Céu, alegrias celestes!"

Ter-lhe-ia sido possível usar estas palavras flamejantes referindo-se às cerimônias frias, conforme são usadas por inúmeros milhões de pessoas não-renascidas?

Quão elevada São Clemente descreve a magnífica evolução da alma humana, comparando-se estas palavras com os pobres resultados obtidos pela aplicação indiscriminada dos Sacramentos à multidão espiritualmente ignorante! Ainda que a igreja seja forrada com chapinhas de mármore contendo ações de graça pela ajuda de "santos", isto não engana acerca da falta de amor e altruísmo da humanidade devido aparentemente à ausência cio espírito vivo.

Os meios de Graça Divinos são de tal forma deturpados que deixaram de ser instrumentos da Vida Eterna!

O BATISMO, o Sacramento do arrependimento e do Renascimento, é administrado a crianças inconscientes.

A CRISMA, o Sacramento da Iluminação Interna, aplica-se a adolescentes imaturos.

A SAGRADA COMUNHÃO, o Sacramento da União Divina, é dada universalmente a mulheres e homens, mesmo a criminosos.

A CONFISSÃO, a terrível prova de fogo do julgamento interior, é transformada em palavreado fútil.

A EXTREMA-UNÇÃO, a completa rendição da vontade humana, o Sacramento que exige o maior esforço pessoal, é aplicado a moribundos.

A ORDENAÇÃO, o Sacramento que confere a mais elevada dignidade aos homens — privilégio que somente Deus pode conceder — é efetuada em todos os que escolhem a carreira eclesiástica.

O MATRIMÔNIO, o mais sublime Sacramento, diz-se instituído para justificar uniões mundanas.

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O que é isto tudo senão "Doutrina deturpada", água impura ou fraude cometida contra Deus e homens?

O triste fato de carecerem do Espírito Santo, tanto os Sacramentos quanto outrora a Arca da Aliança, é provado diariamente pela falta completa dos prometidos resultados benéficos.

Se finalmente a Verdade for de novo reconhecida, as consequências serão de grande amplitude. A continuidade de todas as Igrejas depende da seguinte pergunta: São os Sacramentos devidamente administrados? Sim ou não?

Como infelizmente a resposta é negativa, conclui-se que atualmente do existe na Terra uma Verdadeira Igreja Cristã. Assim sendo, a Comunhão dos Santos e as Santas Comunidades ainda hão de ficar escondidas. Não resta dúvida que milhões de homens e mulheres já fazem parte da Igreja invisível; mas a maquinação tremenda, forjada há 1.600 anos por ordem do depravado Imperador Constantino — NADA TEM A VER COM A RELIGIÃO PURA, ENSINADA POR JESUS.

Seria o Cristianismo um insucesso? (A tendência é de sempre se culpar a Deus e à Doutrina, não a si próprio e à humanidade) Essa pergunta - dificilmente a contestar - não mais nos apavora, porquanto uma Doutrina não pode ser declarada como fracasso antes de ter sido bem aplicada.

O CRISTIANISMO AINDA NÃO FOI INICIADO!

O REINO DOS MIL ANOS AINDA NÃO CHEGOU!

AINDA FALTA A PAZ SOBRE A TERRA; PORÉM, EM BREVE VIRÁ O SENHOR! ALELUIA!

E ELE REGERÁ ESSE ORBE, POIS O REINO É SEU PARA TODA ETERNIDADE! ALELUIA!

ESTEJAI PREPARADOS PARA ENFRENTÁ-LO, PARA VER A SUA GLÓRIA; POIS O QUE ELE PROMETE HÁ DE SE CUMPRIR EM NÓS! ALELUIA!

PRÉDICA DE ADVERTÊNCIA DO SENHOR NOSSO DEUS, CRIADOR E PAI, PARA SEUS FILHOS

"Nessa exposição profunda das causas efetivas das grandes calamidades e misérias em nossa Terra, o Senhor — em Seu inefável Amor — Se dirige a nós, à nossa geração, como Pai Admoestador; quem sabe se não é pela última vez? Suas Palavras são de grave importância para o nosso futuro, na Terra e no Além, como resposta à pergunta, se a era atômica vai trazer o fim, ou um novo começo para nossa Terra. Julgamos, portanto ser nosso dever levar essa "Prédica de Advertência" ao conhecimento de nossos amigos de fé."

(Editora Lorber)

PRÉDICA DE ADVERTÊNCIA D0 SENHOR NOSSO DEUS, CRIADOR E PAI, PARA SEUS FILHOS

Ouvi, ó povos! Ouvi a Palavra do Senhor! Abri vossos corações e ouvidos, para escutardes o que o Senhor tem para vos dizer através do Seu profeta!

Por que esbravejais e furiosamente reclamais, e em vossos corações Me responsabilizais das vicissitudes que irromperam sobre o globo terrestre? Fostes vós a romper Minha União convosco, não querendo mais Me conhecer, nem manter Meus fáceis Mandamentos. Saístes totalmente de Minha Santa Ordem, a fim de poderdes pecar mais facilmente, em vez de elevar Mandamentos e Ordem vitais em vós mesmos, como sendo uma lei voluntariamente aceita como futura norma de vida por amor a Mim, e deste modo vos tornando portadores desta mesma lei. Em vez disso, vos acomodais e imitais os mexeriqueiros que dizem: "Deus não existe; o Deus do homem é ele mesmo, portanto é o mais elevado ser!" — e outras tolices. Ele se julga, por tal concepção, um deus mortal e consegue degradar-se abaixo do Reino de Minha Natureza. Os próprios animais da floresta e do campo Me prezam através de seus cantos de júbilo. A própria flora se pronuncia dizendo: "Deus Onipotente, foi de Teu agrado agraciar-nos com uma fagulha do Teu Espírito Total, auferindo-nos ao mesmo tempo uma existência eternamente indestrutível que se multiplica ao Infinito, a fim de deitá-la no invólucro germinal de Tua semente. E quando esta se deteriora na terra, sua vida interior se liberta, podendo organizar o crescimento vegetal. Então, grandes falanges de anjos acompanham a exclamação de gratidão e júbilo da Natureza, apresentando-Me louvor, honra e glória, de eternidades em eternidades, para a alegria deles, o que para o gênero humano corrompido é uma desonra e vergonha.

Se em virtude de vossa ação contrária à Ordem vital irrompe uma catástrofe de efeitos tais como a mais recente, com todos os seus pavores, tristezas e destruições que Meus filhos ajudaram a originar, intimamente ainda algemados e indômitos em seu próprio aprisionamento, em virtude de sua vontade maldosa, e permitem uma nova manifestação pela influência dos atuais soberanos do mundo, sem qualquer interferência rigorosa contra o ultraje intencional — eles torcem a situação, responsabilizando por tal desgrava a Mesma Divindade que anteriormente haviam negado. Elevam-se eles mesmos para tal Deus, em virtude de sua altivez oriunda da sua preguiça espiritual e fraqueza psíquica. Em sua cegueira, acreditavam numa vida segundo suas próprias leis e ordens necessitando constante renovação, e desconsideravam a voz de advertência de sua consciência, abafando-a dentro deles e praticando uma fratricídio! No entanto, tal voz SERÁ SEU PRÓPRIO JUIZ!

Outros degenerados afirmam: "O Senhor mandando tantas punições, apostatámo-Lo!" Então, Eu Me manifesto dizendo: "As referidas punições de Deus nada mais são do que efeitos de causas anteriores criadas por vós mesmos, e repito: Não pratiqueis maldades, e nenhum mal vos sucederá; evitai a injustiça, e não vos atingirá qualquer desgraça". — A fim de evitar coisas piores, o gênero humano sempre foi livre. E ainda o é, para retornar ao bem e modificar seu destino através de uma conduta justa, segundo Minha Doutrina, podendo criar as condições para uma vida ordenada, Quem se sentir ainda fraco em sua alma, que Me peça em seu coração pela corroboração de sua fé, confiança e vontade.

Além disso, posso realizar o impossível em virtude de Minha Onipotência Eterna. Deste modo, depende de cada um, individualmente, tanto quanto de todos juntos, modificarem seu destino. Se vós, criaturas humanas, considerais que acolheis uma fagulha de Meu Espírito Total e Eterno, que Se vivifica à medida que viveis dentro de Minha Ordem, e sempre será Admoestador contra desvios, e além disso, recebestes um guia espiritual responsável que vos protege desde o berço até o túmulo, com a incumbência de inclinar vossa mente para o bem, devendo apenas respeitar vosso livre arbítrio — não é ultrajante discutirdes Comigo quando ocorrem situações desagradáveis e contrárias ao bem-estar e ao ócio inato de criaturas maldosas e de corações endurecidos? Cospem, como cães, todos os conhecimentos até então adquiridos, procurando caminhos novos, humanos e mais agradáveis, que não existem e não podem existir. Se todas as ocorrências e aparições no mundo, no íntimo do homem, bem como no Universo, se acham em relações correspondentes entre si, um gênero totalmente pervertido só pode fazer jus a dirigentes e chefes que se coadunam à sua natureza maldosa. O externo corresponde ao interno. A vida íntima do homem se manifestará cedo ou tarde, tanto isoladamente como nas massas. Por isto, afirmo: "Povos egoístas e contrários à Minha Ordem têm que ser pressionados e afligidos por meio de chefes tirânicos e orgulhosos, a fim de não se corromperem totalmente, mas chegarem à consciência e recolhimento interno".

Se Eu agisse contrário à Minha Ordem Original, dando ao gênero humano glutões gozadores para regentes e chefes, cheios de fraquezas e desejos inconfessáveis, e incapazes de dirigir um governo, e além disso, abençoasse os campos terrestres a ponto de nunca ocorrer uma penúria popular, as consequências seriam catastróficas para a vida psíquica. Tal gênero humano, que jamais almejasse a sábia conduta de um Criador, haveria de se degenerar de tal forma a perder totalmente sua Semelhança Divina, privando-se de todas as capacidades espirituais e forças criadoras de Deus. Chegaria no Mundo Espiritual com almas dilaceradas até às formas primitivas, e milhões de falanges de anjos teriam que trabalhar durante milênios, como samaritanos, a fim de compensar de alguma maneira tais prejuízos psíquicos.

Quais não seriam as reprimendas amargas que tal gênero faria a Mim, quando se inteirasse dos efeitos de sua ação satânica! Haveriam de Me classificar de Criador totalmente incapaz de educar Seus filhos terrestres, pois teria que prever tudo isto.

Daí se deduz não haver outra possibilidade de reconduzir os homens à Minha Ordem e à consciência de sua conduta errada, sem vilipendiar o seu livre arbítrio. Se Eu encontrasse no Meu Plano Criador a mínima imperfeição que tornasse duvidosa a futura perfeição e plena Semelhança Divina dos que caminham segundo Minha Ordem, seria facílimo Eu dissolver Minha Criação e todos os seres, num átimo, através de Minha Onipotência. Seriam reconduzidos aos Meus Pensamentos Originais de onde surgiu toda a matéria — e continuará surgindo eternamente — para transformá-los numa Criação totalmente nova.

Quem Me poderia chamar à responsabilidade por isso? Mas como Minha Criação é sumamente perfeita, e como Me importa mantê-la, a Ordem Original tem que ser respeitada.

Ainda não tranquei a porta para o Meu Coração Paternal. Mas quem quiser retornar, que o faça depressa! Do contrário seria obrigado a enviar tribulações tais que fariam empalidecer as passadas e as ainda existentes, para finalmente levar o gênero humano à sua verdadeira finalidade.

Aos renitentes, O Meu Amor Paternal há de se ocultar, e Minha Divindade fará justiça em Sua Inclemência. De Minha parte, hei de tapar então os Ouvidos a fim de não ouvir os gritos de dor e desespero. Lembrai-vos disto!

Meu Tempo já chegou para transformar a Terra num paraíso, a fim de que nela venha a existir paz e harmonia, e Eu possa habitar entre Meus verdadeiros filhos.

Como foi possível que a cidade antigamente piedosa — vosso coração agora tão maldoso — chegasse a se tornar prostituta espiritual? Foi a consequência de pensamentos impudicos, vícios c adultérios, paixões e desejos de toda espécie, ódio, inveja e discórdia, difamação, mentira e perseguição. Pelo vosso orgulho desmedido, amor-próprio, teimosia, obstinação, tendência de domínio, ambição, gozo e toda sorte de maldades contra o próximo, por pensamentos, palavras e ações.

Ai do povo pecaminoso, cujo coração endurecido e cheio de delitos, onde o amor esfriou totalmente e apenas imagina coisas maldosas, ignora e não quer reconhecer que com isto provoca seu próprio julgamento! Quanto tempo ainda terei que vos suportar? Não quereis ouvir Minha Palavra! Não estais dispostos a ter para regentes e chefes sábios iluminados como anteriormente, preferindo intelectuais de vosso meio, infames e vergonhosos, de sorte que não chegarão a um acordo final! Reconhecei portanto as verdadeiras causas da decadência dos povos nos seis mil anos passados, isto é, o completo afastamento dos Ensinamentos c Ordens vitais de seu Deus e Criador!

Os patriarcas — desde Adão e Noé — que habitavam as montanhas de Hanoch, sagradas por Mim, onde as criaturas satânicas não podiam pisar caso não quisessem ser destroçadas pelas feras que Eu determinara para vigias, foram repetidamente por Mim Mesmo ensinados em todas as coisas da vida material e espiritual, e este ensino se conservou verbalmente e mais tarde foi anotado segundo Minha Vontade. Todos viveram fielmente como verdadeiros filhos da Luz até a morte de Adão e Eva, durante 960 anos. —Descendentes dos patriarcas, cujo coração se desprendeu aos poucos de Minha Doutrina, dirigiram-se para Hanoch e se uniram às filhas de lá... Mas o pervertido rei Lamech, que recebera dos Meus sábios e de Mim Mesmo o necessário ensinamento, transformou-se de tal forma, com os conselheiros e chefes, a ponto de se tornar um exemplo luminoso de seu povo que o prezava e Me agradecia de joelhos. Rei e povo caminharam durante séculos até a morte dele — em Minha Santa Ordem, elevando-se de seu estado de simples criaturas para verdadeiros filhos de seu Deus e Criador, vivendo felizes, em paz e serenidade, sem jamais sentirem qualquer necessidade. — Os reis posteriores e as consequentes gerações — incluindo o sacerdócio pervertido, cujas atitudes satânicas contribuíram para a ruína desse reino gigantesco — Me abandonaram cada vez mais. Criaram suas próprias organizações de vida e leis, travando guerras sangrentas com povos vizinhos, usando cargas explosivas de efeito terrível, arrebentando os grandes veios de água subterrânea, fazendo irromper finalmente as enxurradas das profundezas das montanhas, que inundaram a terça parte da Ásia numa altura de 4000 metros e afogaram os hanoquitas e os habitantes das alturas. Somente Noé, sua família e os animais mencionados na Escritura, se recolheram na arca construída por ele e seus ajudantes. Todas as Minhas Advertências e Ensinos que fiz levar aos hanoquitas, pelos Meus mensageiros, de nada valeram. O mar Cáspio e o lago Aral são testemunhas silenciosas daquela catástrofe aquática. Provas da antiga grandiosidade desse reinado gigantesco podem ser encontradas ainda hoje cm suas profundezas, pelos incrédulos.

Os japoneses, cujos patriarcas viveram durante 1900 anos fielmente dentro de Minha Doutrina que Eu havia transmitido a Meduhed, seu patriarca original, e que fora anotada por ele e seus sábios professores e ajudantes, podiam orgulhosamente se chamar de "filhos do Céu" e "filhas da Terra". Eram a seu tempo o povo mais rico, mais feliz e satisfeito da Terra, cujas ilhas nenhum estrangeiro ganancioso podia pisar. No entanto, este povo também se desviou de Minha Ordem e — como advertências seculares de nada adiantaram — permiti que caísse sob o domínio dos mongóis que Eu conduzi por caminhos secretos, a fim de proteger da ruína as almas que se tornaram maldosas. Os apóstatas tiveram que pagar-lhes tributos pesados e construir-lhes cidades, acabando com a felicidade e a paz dos japoneses. Ainda assim, tinham a liberdade de voltar seu coração para Mim, diante do domínio estrangeiro, com que Eu teria tornado seu destino mais suave.

De modo semelhante, se bem que não tão grave, foi o destino do povo chinês, pois também se afastou de Minha Doutrina pura, que seu patriarca primitivo — Sihin — havia recebido de Mim, e se entregou aos poucos à idolatria de seus antepassados, em vez de erigir templos para o Deus Vivo.

Os primitivos egípcios — que tinham sido regidos por reis-pastores muitos sábios e cujas inscrições em rochas até hoje nenhum que não fosse inspirado conseguiu decifrar — ficaram fiéis a Mim durante 700 anos. No entanto, também caíram na idolatria e outros vícios, considerando os símbolos de Minhas Virtudes e Forças Divinas — ensinados pelos sábios instrutores — como as próprias forças que até então honravam, divinizando assim e adorando as formas materiais nos templos e, além disso, se deturpavam horrivelmente. Todos os ensinos e advertências não surtindo efeito, fiz com que faraós estrangeiros encontrassem o caminho para seu país, e em breve estes se ergueram para reis e soberanos que subjugaram o povo egípcio. Posteriormente, o povo foi dominado pelos romanos e, mais tarde ainda, pelos ingleses.

O povo israelita — por Mim designado para guia de outros — também saiu repetidamente fora de Minha Ordem precisamente quando Moisés o conduzia através do deserto. Tratava-se de um povo teimoso, de coração endurecido e materialista, onde não existia amor e nenhuma vibração de vida espiritual que pudesse levar o campo dos sentimentos a verdejar, para Me proporcionar frutos amadurecidos de vida.

Por isso, também o deserto não pôde verdejar — em virtude de Minha Ordem Original — muito embora tivesse sido facílimo para Mim transformá-lo num campo frutífero através de Minha Onipotência, sem cooperação humana. Orgulhosamente, este povo exigiu de Mim mais tarde um rei, pois necessitava de um soberano de pompa externa, não lhe agradando mais Meu Regime. Em seu orgulho, nascido do ócio, apegou-se cada vez mais às rígidas leis de Moisés em vez de se prender ao sentido espiritual das mesmas, que Eu de modo algum sustei, mas as firmei e espiritualizei pela Doutrina de Amor. Quando pretendi educar tal povo — Pessoalmente — para um verdadeiro povo de Deus, ele Me perseguiu em sua cegueira, crucificando Minha Forma como Filho, com Minha permissão.

Ainda assim, conquistei dentre este povo almas fortes que Me serviram com todo amor e divulgaram Minha Doutrina em muitos pulsos, cidades e lugarejos. Não podia e não devia tirar o livre arbítrio aos renitentes sem julgá-los. Todas as advertências e punições no exílio não apresentando efeito algum, consenti que caísse sobre eles o último julgamento que os dispersou em todas as direções.

Sem nacionalidade, são obrigados a comer o amargo pão em terra alheia e a suportar todo vexame e perseguição de povos de outra religião, devido à sua falta de amor, teimosia e incredulidade. Todavia, têm a opção, como todos os demais apóstatas, de voltarem para junto de Mim e Minha Casa, extirpando a tendência doentia pelos bens materiais, para aceitarem Meus leves Mandamentos e agirem segundo eles.

O povo indiano cujo país deveria ser especialmente santificado, pois era bafejado pelo Espírito de Deus — mutilou e humanizou os ensinos de seu reformador pelo total desprezo ao mundo. Deveria viver nele segundo Minha Vontade e praticar verdadeiras obras de amor ao próximo, fortificando sua alma na luta da vida, amadurecendo para uma existência mais elevada no Meu Espírito, em vez de levar uma vida tola de expiação pela autopunição, inútil para todos, porque atrofia a alma.

A fim de sacudir este povo de sua ociosidade, falta de vontade e moleza, e liberá-lo de seu enraizado fatalismo, pelos quais caiu na morte espiritual, permiti que fosse dominado e subjugado pelos ingleses que também o puniram, provocando a perda de sua liberdade e independência por longo tempo. Seu coração se tornara obtuso e sem ação, ignorando o Espírito Vivo de Deus.

Onde ficou o antigo brilho, poder e grandiosidade dos persas, babilônios, macedônios, romanos e gregos'? Tratava-se de povos que em justo tempo receberam de Mim os Ensinamentos de salvação e vida adequados ao amadurecimento e caráter de cada um, através de doutrinadores inspirados por Mim. Tudo se desvaneceu devido ao mundanismo total de seus chefes que se haviam esquecido de Mim, erigindo templos e altares para seus ídolos, em vez de consagrar para Mim seus corações como templos vivos. Seus países se tornaram joguetes de poderes estrangeiros e ainda o são hoje em dia.

Que destino finalmente levou Minha Doutrina de Amor que, como Salvador, doei ao mundo? Foi somente ensinada e vivida nas comunidades cristãs originais até que pessoas orgulhosas, dominadoras e com tino comercial, criaram uma prática pagã por motivos gananciosos. Chamavam a isto de religião, e até hoje mantêm suas ovelhas de fé cega sob seu domínio, atirando-as à pior superstição que leva à ruína psíquica, de onde jamais poderiam ser libertas sem julgamento!

Todavia, o tempo se aproxima em que exigirei Minhas ovelhas das mãos dos pastores infiéis, que serão desmascarados diante de todo o mundo.

Nesta explicação são reveladas as causas verdadeiras da queda espiritual e moral de grandes povos e suas culturas, não provocada por um destino que atuasse cegamente; foram somente os próprios homens que abandonaram cedo ou tarde Minhas Determinações. Queriam formular suas próprias organizações e leis, prejudicando seriamente suas almas e entregando-se à escravidão de sua vontade maldosa, através do enfraquecimento da resistência das forças espirituais, devendo agora sem demora libertar-se da servidão pela plena vida ativa de Minha Doutrina.

Em vosso íntimo indagais: "Senhor, se é assim, por que permitiste tais erros de Teus filhos, se Tua Vontade Onipotente bem poderia tê-los evitado?"

Respondo: Teria sido fácil, caso quisesse agir contra a Minha Ordem Original! Num instante poderia eliminar vossa vontade arbitrária e fazer valer Minha Vontade Onipotente, preparando vosso coração de tal modo que Me prestaríeis obediência cega em tudo.

Em tal caso, seríeis transformados em simples homens-máquinas. Mas a semente do mal continuaria convosco e jamais seríeis capazes de atingir vosso destino elevado. Vossa situação seria idêntica à dos animais que seguem o seu instinto, que Minha Onipotência neles deitou e conservou, de sorte que só podem agir e se mover conforme o exijo. Deste modo também não podem chegar a uma perfeição maior. — Por isso, a vontade do homem tem que ficar livre para toda a eternidade. Encontra-se ela sob a lei do dever; apenas o corpo está sujeito à lei do imperativo categórico, pois tem que morrer.

Ainda assim, sempre sei efetuar das más ações dos homens, sua própria salvação. Mas até nas piores situações da vida, jamais será tocado um fio de cabelo do justo que sempre age com Meu Amor, não obstante sofrimentos e tribulações aos quais devo também expô-lo, porque somente pelo sofrimento a alma humana se torna forte, resistente e apta para grandes tare-fas em Meu Reino. Portanto, Meus sofredores corajosos: Tende paz no Senhor, o Grande e Onipotente Mestre de Construção, vosso Pai na Luz! Ele há de vos fortalecer na dor e ajudar a carregar vosso fardo. Pois Eu sou e serei eternamente o antigo Deus que governa e conduz sabiamente todos os seres. E serei Pai Verdadeiro para os que Me dedicam todo o amor; hão de participar da plenitude de felicidades e bem-aventuranças de que gozam bilhões de Meus filhos em Meu Mundo Espiritual — um mundo que servos de Satanás afirmam não existir, muito embora eles mesmos passem; com sua alma e espírito, a terça parte de sua existência num estado sonolento e sonhador. Eles também sonham, se bem que nem sempre se recordem dos sonhos devido à sua imaturidade psíquica.

Agora, ouvi e assimilai na profundeza de vosso coração o que tenho para vos dizer, usando a razão como analisador. Em Minha Sabedoria, depositei no homem as capacidades, atributos e forças correspondentes às Minhas, como dons incompletos. Deve ele próprio se tornar o criador de seu aperfeiçoamento interior, um ser autodeterminador, que descobre e livremente age com aperfeiçoamento crescente, assemelhando-se assim cada vez mais ao seu Criador e Senhor. A fim de alcançar tal estado, o homem deve aceitar o Meu Verbo — no Qual Eu lhe revelo Minha Vontade — de coração feliz e grato, e naturalmente praticá-Lo. Se Eu, desde o início, tivesse criado a alma humana totalmente perfeita, teria tirado do homem todo estímulo para exercitar suas forças naturais e espirituais. Ele se deleitaria em seu mundo de pensamentos e ideias sem querer realizá-lo, e sua atividade seria apenas dirigida à satisfação da fome e da vestimenta. Esta observação deve servir para os cientistas resmungões que se pronunciaram de modo mal intencionado a respeito da criação do homem.

Todo o mundo visível e invisível aos vossos olhos físicos, todos os espaços no Cosmos com todas as incontáveis estrelas habitadas, Eu os criei por causa dos homens, que deverão participar futuramente, como filhos perfeitos, das maravilhas e alegrias de seu Pai e Criador. Construí toda a Minha Criação em absoluta perfeição, desde sua origem, através de Minha Sabedoria, de sorte que dispensa modificações e melhoramentos para todo o sempre — mesmo que pela maldade de Minhas criaturas muitas vezes a sólida Ordem original seja perturbada, dando-se consequências que para elas mesmas são dolorosas e produzem um estado caótico no Universo. Todavia, na Ordem de Minha Criação tinham de ser incluídos também Ensinamentos e Mandamentos para o aperfeiçoamento e a consciência espiritual de Meus filhos, por cuja aceitação o caminho à Minha Casa paterna se torna curto.

Se porém os homens, em virtude do livre arbítrio auferido por Mim, desconsideram a voz interna — embora cientes do bem e do mal — afastando-se de Minha Ordem e agindo contrário aos Meus Mandamentos, então eles mesmos tornam mais longo o caminho para junto de Mim. A vida em Minha Criação se baseando na perfeita harmonia entre Criador e criatura, e não havendo consistência numa vida egoísta e teimosa fora de Mim.— pelo contrário, se consumiria por si mesma — conclui-se que todos os habitantes desta Terra — bem como dos bilhões de sóis, planetas e seus satélites — que se opõem aos Ensinamentos e Organizações transmitidos em toda parte por meio de Meus inúmeros sábios e doutrinadores, são finalmente obrigados a retornar à Minha Ordem por desvios dolorosos e prolongados, porquanto —surgindo de Meu Espírito — são de Origem Divina.

No entanto, pode ocorrer que almas maldosas se aprazam por muito tempo em seu estado autocriado, afundando cada vez mais em seu mundo interior e igualmente no inundo exterior sem realidade nem consistência duradoura. Tanto mais poderoso e insistente se levanta seu espírito, obrigado a acompanhar a alma ao abismo, e sua voz acusadora e admoestadora aflige e martiriza constantemente a alma. Sua maldade representa o verme roedor que não morre, e a ira é o fogo que não se apaga até que a alma, na mais profunda base de seu próprio inferno, finalmente se disponha ao retorno. Basta um grito de socorro para que Meus anjos servidores dela se aproximem para uma saída salvadora, antes que seja tarde.

Não dando a alma este grito de socorro, preferindo em seu total endurecimento psíquico todos os martírios infernais que a atormentam — o que pode acontecer em casos raríssimos — o espírito abandona a alma para sempre. Suas partículas se dissolvem, são atraídas por outros elementos de vida psíquica da Natureza, de onde elas surgiram, o que representa a perda da personalidade, ou a segunda morte, isto é, a própria morte da alma. Mas as potências divididas se desenvolvem, através de milhares de desintegrações, de suas formas para outras superiores, até que -- guiadas sempre por espíritos sábios e dirigentes — atingem novamente a mais alta das formas de vida, a do homem na qual são integradas. Todo elemento psíquico na matéria tende à espiritualização, e não existe uma poeirinha solar, nem um verme, cuja finalidade não seja fixada por Mim. Aprendei desta concepção compreensível!

Nenhum anjo, por mais sublime, muito menos um simples mortal dessa Terra, poderá penetrar em Minhas Profundezas de Sabedoria, imensuráveis e insondáveis, tampouco assimilá-Las, porque não podem ser ilustradas em quadros correspondentes, nem ser transmitidas por meio de símbolos.

Daí se conclui que o homem não pode viver sem Deus, mesmo que procure se convencer de que isto seja possível. Só por certo tempo pode tomar uma posição contrária a Deus, devido à sua maldade, porque em todo o Universo nada existe senão Deus e tudo se encontra Nele! Então o homem reconhecerá ser impossível compreender algo espiritual e divino através de seu intelecto, por mais aguçado que seja, mas apenas com o coração, tão logo estiver purificado.de todo o detrito do mundo.

Em Meus Mundos espirituais existem escolas especialmente organizadas, onde Meus filhos rebeldes são levados a uma justa maturidade, podendo se tornar valiosos socorristas e instrumentos salvacionistas em planos distantes, para gerações futuras. Pois para a eternidade não conta o tempo que -sendo aparência — devora e faz desvanecer tudo no seu âmbito, enquanto tela tudo conserva; e bilhões de anos terrestres são como um simples instante fugaz diante de Minha Eterna Presença.

Se assim é, não é tolo quem continua a reagir contra Mim em seu orgulho, amor-próprio e teimosia, querendo seguir seus próprios caminhos? Filhos tolos, se pudésseis contar as inúmeras lágrimas e ouvir as amargas autoacusações dos que partem da Terra, após terem levado uma existência à sua vontade, esquecendo-se totalmente de Mim! Se vos fosse possível saborear uma pequena prova de Minhas Maravilhas, apenas por um segundo, preparadas para Meus filhos verdadeiros, imediatamente e cheios de remorso voltaríeis à Minha Santa Ordem da Vida!

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AOS INTELECTUAIS PESQUISADORES DA VERDADE E SEUS AFINS , digo:

Eu sou o Criador e Pai de todos os homens, surgidos de Mim, e dos que ainda nascerão do seio do Meu Amor. Não transfiro a Minha Glória a outrem. Segundo Meu Espírito, sou Eterno e Infinito. Tudo surge e se mantém por Mim; tudo está em Mim; tudo nasceu da eterna e infinita Plenitude de Meus Pensamentos e Ideias, desde o mais ínfimo ao máximo. Em síntese, sou tudo que comporta o Infinito. Sou um Deus Pessoal, Real e — para Meus verdadeiros filhos — também visível, com o Qual se podem abrir como a um irmão. Somente Eu Sou o Espírito Básico Mais puro de todos os seres espirituais, portanto também o Princípio Elementar de todos os elementos originais. Minha Divindade nasce de Meu Amor, e o Infinito é Meu Ser, criado e mantido através do Poder de Minha Vontade. Se portanto sou Infinito em Minha Natureza, nada pode existir fora de Mim. Embora Minhas criaturas, no estado permitido de independência, estejam como fora de Mim, na realidade não deixam de estar dentro de Mim. O que o homem chama de Espaço Infinito, é o Espírito de Minha Vontade que constituiu este Espaço sem fim desde eternidades, enchendo-o por toda parte com seres de toda espécie. Este Espírito é puro Amor, portanto, Vida, Luz, Sabedoria e a mais clara Consciência Própria; é um exato sentir, uma exata percepção, visão e ação. —Através de Minha Poderosa Projeção de Éter Vital que está em íntima ligação com o ponto central de Meu Espírito, e que tudo penetra, abarca, vê, ouve, sente, pensa; quer e age em toda parte, sou Deus Onisciente! Eu sou e sempre serei o Exemplo Original e Básico de todos os homens — sou o Mesmo Deus, Senhor, Criador e Pai que filhos orgulhosos, dominadores e à procura de glória — se bem que fortes pensadores, mas espiritualmente fracos e preguiçosos — julgam ter destronado, a fim deles mesmos se endeusarem!

AOS PODEROSOS REGENTES E SEUS CHEFES MILITARES , advirto:

Guardai vossa espada da morte na bainha! Pois, quem toma da espada, há de perecer por ela! Mas lutai com as armas do amor e da verdade, contra os vossos próprios inimigos hereditários, quais sejam: ódio, inveja, raiva, discussão, vingança, ganância, orgulho, amor-próprio, tendência ao domínio e glória, e toda sorte de maldades que geram dentro de vós a discórdia, projetando-a e preenchendo o mundo com ela. Somente esta luta se justifica diante de Mim e garante a vitória. Então, como verdadeiros heróis espirituais haveis de receber de Mim o prêmio justo do vencedor!

Sabeis que jamais uma guerra foi desencadeada com Minha Vontade, tampouco pode ser motivada como necessário, pois sempre foi causada pelo orgulho, domínio e vaidade dos homens, incluindo sua insaciável cobiça. —Para povos que perecessem totalmente no materialismo, Eu teria outros meios e caminhos de sobra para reorganizá-los e conduzi-los à Minha Ordem. A queda total da maior parte da humanidade no materialismo, e o subsequente alheamento de Deus, é, foi e sempre será a raiz de todas as guerras. Quanto mais profunda é a ruína de tais povos, dentro da noite da morte espiritual, negando o Espírito da Vida de Deus, tanto mais cruéis serão as guerras, como vos ensina a História!

Nada no mundo é portanto mau, senão o próprio homem, quando se afasta no seu coração de Deus, seu Criador e Pai, considerando-se — e também ao semelhante — como efêmeras, dando-lhes o valor e o tratamento correspondentes! Então desaparecem a felicidade e a paz do mundo, e a discórdia com seus efeitos destruidores será soberana, tudo atraindo a seu âmbito. — Pessoas de corações puros, vivendo e agindo sempre dentro de Minha Ordem e de Meus Mandamentos de Amor, formando um povo feliz, nunca tiveram conhecimento de guerras e hão de ser sempre poupadas das fúrias guerreiras que se desencadeiam sobre povos esquecidos de Deus. Também neste ponto, a História vos fornece vários exemplos. Vosso Senhor e Criador, sem cuja Vontade nenhum pardal cai do telhado, jamais permitiria tais incursões premeditadas contra Seus filhos verdadeiros.

Assim, não se pode imaginar um só caso em vosso planeta — como também cm todos os planetas de outros Sóis do passado, presente e futuro, em todas as esferas do Universo — em que um povo, tomado pelo espírito satânico que o induz à guerra, tivesse atacado um povo que vive em Minha Ordem justa, portanto em união com Meu Espírito, a fim de cometer saque, roubo e domínio sob qualquer forma. Deste modo, é uma usurpação incrível e um ultraje contra Deus, quando criaturas totalmente ateístas e dominadas pelo espírito satânico declaram a necessidade de guerras em virtude da superpopulação e consequente carência de alimentos, isto é, ameaça de fome. Eles ignoram que a Terra é por Mim de tal modo organizada a poder alimentar um gênero humano que vivesse dentro de Minha Ordem, ainda que seu número ultrapassasse, por muitas vezes, o da época de hoje. É facílimo para. Mim, em virtude de Minha Onipotência e Ordem, multiplicar, acelerar, retardar, diminuir ou impedir totalmente o crescimento no reino da Natureza, não obstante a precedente melhor semeadura no melhor solo e considerando todas as previsões possíveis. Ai da geração se Eu tirar a Bênção de Minha Mão de seus campos! Todo ser vivo desta Terra seria entregue à morte pela fome. Mas sempre saberei proteger os Meus filhos contra qualquer miséria e conservá-los a Meu modo. Repito que farei cair sobre este gênero humano tribulações jamais assistidas pela Terra, caso não desista de sua vida criminosa. Prefiro ver sucumbir os seus corpos a entregar a vida neles — suas almas — à ruína total. Tomai nota disto!

A TODOS OS "CALVAGA DORES DE LETRAS" E ESMERILHADORES , advirto:

Devem aprender a descobrir e compreender o Espírito vivo em cada Palavra da Escritura, necessitando para tal também da ciência de correspondência que era comum nos antigos. Daí, eles a reconheceram como tal e entenderam a linguagem figurada da Escritura, ensinando-a nas escolas, numa época em que ainda viviam segundo Meus Mandamentos e dirigiam seus corações para Mim. Somente mais tarde, no tempo dos reis, quando o povo começou a se perverter, essa ciência não foi mais praticada e o povo começou a se prender rigorosamente à letra morta, como ocorre também agora. —Eis a razão pela qual os inimigos de tudo que é Divino consideram a Bíblia um livro de contos e assassínios.

Todavia, chegou agora o fim de todo o obscurecimento e dos conceitos intelectuais; o Espírito do Amor e da Verdade há de ressuscitar como Soberano nos corações de Meus filhos verdadeiros.

AO JARDINEIRO E LAVRADOR , digo.

Eu unicamente crio as condições atmosféricas, muito embora, às vozes, dê a impressão de não existir uma Mão organizadora nas ocorrências da Natureza!

Percebeis os fatos e aparições externas, desconhecendo sua natureza interna, a vida e a manifestação das forças ativas que devem obedecer ao mais leve aceno de Minha Onipotência. O tempo e toda prosperidade dentro da Natureza sempre se formam segundo a atitude interna da humanidade para com seu Criador. Se vive e age dentro da Minha Ordem, cumprindo sempre Meus Mandamentos, cuidarei que tenha uma rica colheita. Assim, o trabalho do lavrador será abençoado e os celeiros se encherão de frutos e cereais. Caso os homens se esqueçam totalmente de Mim — pois também não Me satisfaço com uma fé fraca de almas mornas — o efeito será o pior possível em todos os fenômenos da Natureza, conforme já presenciastes seguidamente.

Se Eu fosse cumular o trabalho do lavrador com Minha Bênção, não obstante a total perversão de Meus filhos, exporia igualmente suas almas à perdição completa, c jamais acreditariam na Mão Dirigente de Deus. Portanto, reconhecei sempre, nos fenômenos aparentemente cegos da natureza, Minha Mão organizadora e reguladora, mas também julgadora, e nunca penseis que filhos verdadeiros de seu Criador e Pai sejam abandonados às forças brutas e cegas da Natureza. Ao lado de chuva, sol e ventos benéficos, também é necessário que passem sobre a Terra tempestades e trovoadas para sua manutenção. No entanto, Meus verdadeiros filhos jamais serão atingidos diretamente por enxurradas, saraiva e toda sorte de prejuízos nos campos, porque aparecem apenas como consequência da perversão humana e devem martirizar e preocupar essa geração.

Se ainda assim permito às vezes em alguns continentes fartas colheitas, totalmente desmerecidas, só Eu sei a finalidade e o motivo dessa permissão. Que ninguém se escandalize com tais contradições aparentes, pois no final pedirei contas a todos!

AO RICO E ABASTADO, DISPOSTO DAQUI EM DIANTE A CAMINHAR DENTRO DE MINHA ORDEM , digo:

Sou a causa de vossa riqueza e aplainei os caminhos para tanto, porque tal foi a Minha Vontade! Sede sempre administradores sábios de bens adquiridos com justiça, e não desconsidereis os irmãos mais pobres com desprezo e orgulho, pois desconheceis qual o espírito que habita neles, e para que finalidade enviei tais almas para a Terra. Assim, dai sempre de corações alegres do vosso supérfluo e jamais afasteis um pedinte de vossa porta! Praticai deste modo a misericórdia, como espírito máximo que depositei em vós como tendência latente e que deveis desenvolver à máxima maturação. Então sereis justificados perante vosso Criador e Pai, que dirá: "É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico de coração endurecido entrar no Meu Reino do Céu!"

AO POBRE E NECESSITADO , digo:

Sou a causa de vossa pobreza, que assim teve que entrar em evidência a fim de praticardes a justa humildade e paciência em Minha Conduta Sábia. Saberei sempre conduzir o sentir dos ricos, isentos de coração endurecido, de tal forma a vos beneficiar. Através de vossa vida justa diante de Mim, haveis de despertar em vós forças inesperadas, capacitando-vos a grandes tarefas em Meu Reino. Por isso, não vos deixeis dominar jamais por pensamentos nocivos, desejos inferiores e paixões de toda espécie, para vos tornardes fortes em vossa alma, assimilando a plenitude da Vida em Mim, e podendo Eu tomar morada em vosso coração como Meu Templo Vivo. Mas, enquanto esse gênero humano não tiver atingido o renascimento espiritual, haverá por Mim pobres e ricos, a fim de aplainar o que não é plano e provocar um justo equilíbrio de todos os contrastes nas coisas e acontecimentos da vida, pela prática zelosa e pelo desenvolvimento das forças psíquicas, caminhando no Meu Amor e vivendo em Meu Espírito, que é o Amor em Mim Mesmo!

MAS TU, MEU PEQUENO REBANHO , que sempre Me conservaste a fidelidade em todas as situações da vida, não desanimes, mas aguarda-Me com paciência! Hei de proteger-te o guiar-te por caminhos conhecidos exclusivamente por Mim! Hás de ver o Meu Semblante, podendo palestrar Comigo como um teu irmão! Felizes todos os que ouvem o Meu Verbo, O aceitam de coração grato e caminham em Meu Amor. Não haverão de saborear a morte corporal, pois a transformação se fará num instante, de uma maneira muito suave. Como seres espirituais eternamente livres, ingressarão da morte deste mundo mau numa vida livre e cheia de Luz, onde não haverá mais noite, nem morte, nem preocupação e tribulação; mas onde Paz e Bem-aventuranças sem fim serão o seu prêmio!

A todos eles dedico o Meu Amor e Sua Força, Minha Graça e Minha Bênção!

Amém!

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